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Empreendedorismo

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Professora conteudista: Lérida Malagueta

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SumárioEmpreendedorismoUnidade I

1 CONCEITUANDO O EMPREENDEDORISMO ..............................................................................................11.1 O que o levou a criar sua empresa? .................................................................................................31.2 O processo empreendedor ...................................................................................................................7

2 DADOS HISTÓRICOS DO EMPREENDEDORISMO ...................................................................................92.1 A revolução do empreendedorismo ...............................................................................................112.2 O movimento empreendedor no Brasil ....................................................................................... 14

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................................ 16

Unidade II

4 COMO O EMPREENDEDOR TRATA UMA OPORTUNIDADE .............................................................. 245 PLANO DE NEGÓCIO ...................................................................................................................................... 286 COLOCANDO O PLANO DE NEGÓCIO EM PRÁTICA – RECOMENDAÇÕES ................................. 38

Unidade III

7 INTRAEMPREENDEDORISMO ...................................................................................................................... 418 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................................ 46

8.1 Aspecto intraempreendedor mais forte: os canais de comunicação .............................. 478.2 Empreendedorismo e tecnologia ................................................................................................... 52

Unidade IV

9 INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE ........................................................................................................................ 589.1 Tipos de inovação ................................................................................................................................. 609.2 O desafio da mudança ....................................................................................................................... 619.3 Identificando e aproveitando as oportunidades ..................................................................... 629.4 Risco e segurança ................................................................................................................................. 63

10 INVENÇÃO E INOVAÇÃO ............................................................................................................................ 6410.1 Fatores que possibilitam a inovação .......................................................................................... 6510.2 Bloqueadores da inovação ............................................................................................................. 67

11 ESTUDO DE CASO .......................................................................................................................................... 6812 CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE CASOS ...................................................................................... 80

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1 CONCEITUANDO O EMPREENDEDORISMO

O processo empreendedor tem sido largamente desenvolvido no país nas últimas duas décadas, expandindo-se vigorosamente a partir dos anos 90. Muitos fatores podem justificar esse movimento em um sistema capitalista. No que se refere ao Brasil, a preocupação com a criação de pequenas e médias empresas que desfrutem de longevidade produtiva, sem sombra de dúvida, é o maior fator motivador para apoiar-se no conceito empreendedor, resultando assim em sua popularidade.

O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e tem uma visão de futuro da organização.

(José Dornelas, 2008)

Por meio do envolvimento de pessoas e processos, cria-se uma leitura sistêmica do ambiente, gerando oportunidades. O correto aproveitamento por meio da implantação de ações sobre essas oportunidades culmina em negócios de sucesso.

Segundo Joseph Schumpeter (1949): “O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços e pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e matérias”. Ou seja, é conhecido como aquele que cria novos negócios, porém, não inéditos, mas, sim, aplicando inovações em empresas ou processos já anteriormente constituídos, visando à diminuição da mortalidade empresarial. Outra forma de vê-lo é por meio

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da capitalização da oportunidade detectada, assumindo riscos calculados, criando equilíbrio em um ambiente turbulento.

De acordo com Dornelas (2008): Em qualquer definição sobre o empreendedor, encontram-se pelo menos as características abaixo:

1. tem iniciativa para criar um negócio e paixão pelo que faz;

2. utiliza recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente onde vive;

3. aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

Em alguns casos o processo empreendedor pode ser considerado revolucionário, como o ocorrido com Bill Gates, o criador da Microsoft, mudando a forma de interação com os softwares através do Windows. Contudo, é natural que a maioria dos empreendedores expresse suas inovações em mercados já existentes.

Outro ponto que tem sido bastante debatido é se o empreendedorismo pode ser ensinado. Até pouco tempo atrás se acreditava que o empreendedorismo era inato e pessoas que aparentemente não estavam predestinadas aos negócios eram desencorajadas a fazê-lo. Hoje, isso mudou. O empreendedorismo passa a ser um aprendizado, ajudando na formação de melhores empresários, melhores empresas e na construção de maiores riquezas. Obviamente, os empreendedores inatos continuarão existindo. Os treinamentos não garantem o aparecimento de mitos da administração como Antonio Ermírio de Moraes, Sílvio Santos e Olavo Setúbal. Não obstante, o ensino do empreendedorismo preza por melhores empresários, que sejam aptos a criarem economias mais ricas.

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Os cursos de empreendedorismo devem manter o foco na identificação e no entendimento das habilidades do empreendedor. Essas habilidades podem ser categorizadas em três áreas:

1. Técnicas: engloba know-how específico da área, ser um bom interlocutor, ou seja, saber ouvir e falar e trabalhar em equipe;

2. Gerenciais: envolve o processo de criação, abertura e desenvolvimento de uma nova empresa ou projeto. O conhecimento e a aplicação estrutural da administração geral são necessários, como marketing, finanças e controladoria, produção, negociação e tomadas de decisão;

3. Perfil: além do que já foi comentado, requer ser disciplinado, estar disposto a correr riscos, ser criativo e inovador, lidar bem com as mudanças sem perder o foco no objetivo central.

1.1 O que o levou a criar sua empresa?

Entre ser empregado ou empregador há uma única diferença: a decisão de qual processo estrutural fazer parte. Não se surpreenda ao conversar com um empresário e proferir-lhe a pergunta: ”O que levou você a criar sua empresa?” e ele responder: “Não sei, foi por acaso”. A verdade é que para essa tomada de decisão é necessário avaliar uma série de circunstâncias ambientais, somadas ao perfil pessoal e à oportunidade, podendo, assim, resultar em sucesso. Contudo, vamos observar que sendo empregado ou empregador é possível empreender. “Ser empreendedor”. A própria afirmativa se autoexplica. Trata-se de atitude. A postura que o indivíduo assume revela o talento empreendedor por meio da percepção, direção, dedicação e muito trabalho para fazer acontecer. Onde houver esse tipo de talento, haverá a chance de novos negócios, diversificação e enriquecimento.

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Para o bom desenvolvimento econômico de uma organização, são fatores críticos o talento, a tecnologia, o capital, o sistema de informação e o know-how.

EMPRESADE

SUCESSO

Talento

TecnologiaSistema de informação

Capital Know-how

Fonte: MALAGUETA, L. Empreendedorismo. São Paulo, 2010.

Talento

Os fatores pessoais supracitados, como a habilidade de ser visionário, correr risos e trabalhar perseverantemente são fundamentais, entretanto, precisam ser combinados aos fatores sociais. Será resultante da prática desse comportamento o networking (rede de contatos: advogados, bancos, competidores, fornecedores, investidores, políticos, amigos, clientes etc.), e a formação de uma equipe eficaz e eficiente.

Tecnologia

Uma ideia não trabalhada é como uma semente sem água, não frutificará, não passará de uma ilusão. A diferença entre ilusão e sonho é que o sonho é factível de acontecer, portanto, ideias viáveis são exaustivamente trabalhadas. A adição da ideia ao talento empreendedor ativo inicia o processo empreendedor.

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O efeito dessa soma pode ser a inovação tecnológica, que possui quatro características básicas para sua existência: investimento de capital de risco, infraestrutura tecnológica, invenções ou inovações e cultura empreendedora com foco no futuro.

Capital

O capital é o combustível essencial para que o negócio possa sair do papel. A determinação dos recursos necessários é a consequência do que foi idealizado, por meio de várias consultas em fontes distintas. O empreendedor deverá usar seu networking para angariar os recursos necessários para a realização do projeto. Até alguns anos atrás, as possibilidades de financiamento eram bem limitadas. Atualmente, o Brasil tem sido visto como um celeiro de oportunidades e os capitalistas passam a maior parte de seu tempo caçando esse tipo de oportunidade para fazer seus investimentos.

Os projetos empreendedores concorrem diretamente com os investimentos no mercado financeiro, que muitas vezes são imbatíveis em suas vantagens. Cada vez mais tem aparecido o “capitalista de risco”, assim chamado por sua preferência em investir em planos de negócios que se tornarão processos produtivos, em vez da pura especulação financeira. Outra figura que tem se manifestado com frequência nesse cenário é o Angel (anjo), pessoa física que prefere investir em negócios inovadores a deixar todo seu capital aplicado em bancos.

Sistema de informação

O empreendedor carece de uma visão integrada para o bom gerenciamento de seu negócio. A gestão do sistema de informação envolve o uso de ferramentas tecnológicas voltadas à administração e ao desenvolvimento de comercialização de produtos e serviços. Atualmente, é senso comum que com os efeitos da globalização a informação passou a ter valor de capital, comparando-se com bens de produção, materiais e financeiros.

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Essa premissa coloca a informação no status de recurso-chave para obter vantagem competitiva, proporcionando diferencial de mercado. O aproveitamento correto de recurso está diretamente relacionado com o sucesso desejado. Além do mais, a informação é considerada um fator estrutural na gestão organizacional. Portanto, o empreendedor requer a percepção objetiva e precisa dos sistemas de informação.

Admitindo que a informação possua valor, é preciso definir parâmetros capazes de quantificá-la. Aqui se propõe a atribuição de juízos de valor, que, apesar de serem indefinidos, são aplicáveis às mudanças contextuais sob as quais o empreendedor está exposto. Esse tipo de mensuração da informação considera que o valor varia de acordo com o tempo e a perspectiva. Segundo esta perspectiva, o valor da informação pode ser classificado nos seguintes tipos (Cronin, 1990):

• valor de uso: baseia-se na utilização final que se fará com a informação;

• valor de troca: é aquele que o usuário está preparado para pagar e variará de acordo com as leis de oferta e demanda, podendo também ser denominado valor de mercado;

• valor de propriedade: reflete o custo substitutivo de um bem;

• valor de restrição: surge no caso de informação secreta ou de interesse comercial, quando o uso fica restrito apenas a algumas pessoas.

Os sistemas de informação têm a função de melhorar o fluxo informacional da organização, filtrando a relevância de conteúdo para o processo decisório e a correta intervenção da realidade. Os sistemas de informação precisam ser estratégicos e contribuir para que o empreendedor possa alcançar seus objetivos e metas. Ele será visto de forma negativa se oferecer excessos e dados

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redundantes ou imprecisos. Para isso, a determinação de sua necessidade, e sua disseminação agregará valor para o processo empreendedor.

Know-how

Finalmente, o componente know-how, ou seja, conhecimento. No caso do empreendedorismo, considera-se know-how a habilidade de fazer convergir, no negócio proposto, o talento, a tecnologia, o capital e os sistemas de informação.

Observe que os fatores críticos de sucesso para a empresa não são apresentados de forma sequencial, já que não caracterizam fases que necessitam ser concluídas de alguma forma para que se inicie a seguinte.

1.2 O processo empreendedor

Feitas as devidas considerações sobre as componentes necessárias para a organização bem-sucedida, abaixo, sugerem-se as etapas para empreender, aqui relatadas em determinada sequência por uma questão de organização mental, entretanto, essa ordenação, não deve em hipótese alguma, ser considerada um pré-requisito de execução.

1) Identificar e avaliar uma oportunidadeObservar a criação e abrangência da oportunidade, seus valores percebidos e reais, além de estabelecer a comparação da mesma em relação aos competidores.

2) Desenvolver o plano de negóciosO plano de negócios não tem um formato rígido. Ele deve se adaptar à natureza do negócio. Talvez seja a fase mais trabalhosa, pois envolve vários conceitos que devem ser formalizados escrituralmente, de forma concisa e que reflita a essência da empresa e a estratégia do negócio a ser empreendido. Deve também

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abranger informações dos concorrentes, o montante do investimento necessário, possibilidades de receita e crescimento. No capítulo 4, serão apresentados aspectos que envolvem a elaboração de um plano de negócios, dicas e alertas para o empreendedor.

3) Captação dos recursos necessáriosPara captar os recursos necessários, o empreendedor, em geral, se apoia no plano de negócios, a fim de compartilhar sua visão e torná-la passível de realização. Pode buscar fontes de financiamentos em bancos, com capitalistas de risco, com angels ou até mesmo com a família e amigos por meio de empréstimos pessoais. O paradigma de investimento no Brasil está passando por mudanças, já que os dividendos têm retornado de forma favorável, caracterizando-se como tendência para os empreendedores que estão surgindo.

4) gerenciamento da empresa ou projetoGerenciar empresas e projetos tem seus desafios e aprendizados. A idealização do plano de negócios não contempla as dificuldades de execução do projeto, quando se coloca as ações em prática as dificuldades começam a aparecer. Por exemplo: surge um concorrente forte ou há escassez de fornecimento de insumos, etc. Neste ponto, deve-se valorizar a gestão empreendedora, que visará minimizar as dificuldades, priorizando os fatores críticos de sucesso para o empreendimento.

Analisando os aspectos do processo empreendedor, pode-se concluir que quaisquer das fases apresentadas podem ocorrer aleatoriamente. Por exemplo, um amigo (angel) que queira fazer um investimento, o empreendedor começa suas buscas pela melhor oportunidade e só então cria o plano de negócios. Outro caso seria uma empresa já existente, portanto, a aplicação do gerenciamento é factual, que observa uma brecha de mercado

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2 DADOS HISTÓRICOS DO EMPREENDEDORISMO

Aquele que assume riscos e começa algo novo dá a significância para a palavra “empreendedor”. No intuito de melhor compreender essa atitude, vamos analisar historicamente a aplicação desse termo (Hisrich, 1986).

O uso do termo empreendedorismo pode ser atribuído a Marco Polo, que se esforçou para estabelecer uma nova rota comercial no Oriente. Ele negociou com pessoas de dinheiro para revender seus produtos. Desse ponto de vista, o investidor assume o que se chama de risco passivo, enquanto Marco Polo, no caso, assumiu um risco ativo, aventurando-se, correndo todos os riscos: físicos, emocionais e monetários.

Na Idade Média, esse termo foi utilizado para aqueles que gerenciavam grandes projetos de produção. O indivíduo não assumia grandes riscos, seu trabalho se limitava a alocar os recursos disponibilizados pelo governo.

No século XVII, aparecem os primeiros indícios da relação entre o empreendedorismo e o fato de assumir riscos. Nessa época, o empreendedor contraía um acordo contratual com o governo para fornecedor produtos e realizar serviços. Nesse tempo, os preços eram prefixados, incorrendo no lucro ou prejuízo apenas por parte do empreendedor.

Já no século XVIII, o capitalista (aquele que fornecia o capital) e o empreendedor mereceram maior destaque por conta do início da industrialização que ocorria ao redor do mundo. Um dos exemplos mais famosos da época foram os investimentos feitos nas pesquisas do cientista e empresário Thomas Alva Edison: o financiamento de suas experiências resultaram na criação da lâmpada elétrica e em

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outras 1000 patentes registradas, como a lâmpada incandescente, o cinescópio, o gramofone, o microfone, entre outras.

No final do século XIX e XX, os gerentes e administradores foram frequentemente confundidos com os empreendedores, uma situação que ainda ocorre nos dias atuais, pois são vistos como aqueles que administram os interesses dos capitalistas. Há diferenças entre administradores e empreendedores que devem ser frisadas. Todo empreendedor, sem exceção, deve ser um bom administrador, contudo, o empreendedor deve apresentar características e atitudes que demonstrem as diferenças nas decisões de uma gestão tradicionalista. Veja o quadro abaixo para melhor visualização dessas diferenças:

Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores (Hirisch, 1986).

Temas Gerentes tradicionais Empreendedores

Motivação principal

Promoção e outras recompensas tradicionais da corporação, como secretária, status, poder etc.

Independência, oportunidade para criar algo novo, ganhar dinheiro.

Referência do tempo

Curto prazo, gerenciamento de orçamentos semanais, mensais etc. Horizonte no planejamento anual.

Sobreviver e atingir de cinco a dez anos de crescimento no negócio.

Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente.

Status Preocupa-se com o status e como é visto na empresa.

Não se preocupa com o status.

Como vê o risco Com cautela. Assume riscos calculados.

Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas. Aprende com erros e falhas.

Decisões Geralmente concorda com seus superiores.

Segue seus sonhos para tomar decisões.

A quem serve Aos outros (superiores). A si próprio e seus clientes.

Histórico familiarMembros da família trabalham para grandes empresas

Membros da família possuem pequenas empresas e já criaram algum negócio.

Relacionamento com outras pessoas

A hierarquia é a base do relacionamento.

As transações e acordos são a base do relacionamento.

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É interessante esclarecer mitos que giram em torno da figura do empreendedor, como segue:

Mito 1: os empreendedores são “natos” e nascem para o sucesso. Enquanto alguns empreendedores nascem com essa habilidade espontânea, outros se aprimoram ao longo dos anos, acumulando experiências e habilidades relevantes. Portanto, empreendedorismo é um comportamento que pode ser aprendido.

Mito 2: empreendedores são “jogadores” e correm riscos altíssimos. Na realidade, empreendedores correm riscos calculados, evitam riscos desnecessários e, se possível, compartilham riscos com outras pessoas.

Mito 3: os empreendedores são “lobos solitários” e não conseguem trabalhar em grupo. A verdade é que os empreendedores são excelentes líderes, capazes de criar times e equipes, e desenvolvem ótimos relacionamentos com colegas, parceiros, clientes, fornecedores etc.

2.1 A revolução do empreendedorismo

“O empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX.”

(Jeffrey Timmons, 1994)

A maior parte das invenções que revolucionaram o mundo aconteceu no século XX. No geral, essas invenções foram resultados de inovações, ou seja, de uma nova forma de ver aquilo que já era anteriormente utilizado. Por meio de cada invenção há pessoas, equipes, investimentos, riscos e pessoas dispostas a empreender. Veja abaixo as principais invenções e conquistas:

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1903: avião motorizado;1915: teoria geral da relatividade;1923: aparelho televisor;1928: penicilina;1937: náilon;1943: computador;1945: bomba atômica;1947: descoberta da estrutura do DNA e início da engenharia genética;1957: satélite Sputnik;1958: laser;1961: o homem vai ao espaço;1967: transplante de coração;1969: o homem chega à Lua, o início da internet e o Boeing 747;1970: microprocessador;1989: World Wide Web (rede de alcance mundial – WWW);1993: clonagem dos embriões humanos;1997: primeiro animal clonado (Ovelha Dolly);2000: sequenciamento do genoma humano.

Devido ao contexto sociopolítico, cultural, desenvolvimento tecnológico e consolidação do capitalismo do início do século XX, existiu a predominância dos conceitos administrativos fundamentalistas. No momento, não há nenhuma predominância, mas há a crença de que o papel do empreendedorismo seja determinante para o desenvolvimento social.

O que mudou para o século XXI? A economia e os meios de produção e serviços estão mais sofisticados e elaborados, portanto, a ênfase no empreendedorismo se dá pela necessidade de adaptação às mudanças rápidas e drásticas que a tecnologia de ponta tem oferecido. Logo, não se trata apenas de modismo, a concorrência requer empresários inovadores que adotem paradigmas diferenciados para encontrar soluções eficazes e eficientes, que eliminem barreiras culturais e comerciais.

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A chamada nova economia, a era da Internet e o empreendedorismo têm sido o centro das políticas públicas na maioria dos países. Na década de 1990, o movimento empreendedor acelerou-se por meio de programas de incubação de empresas, investimentos e parques tecnológicos e o desenvolvimento de recursos humanos estratégicos que estimularam o empreendedorismo em todos os níveis. Outras ações importantes seguem seu curso, como subsídios governamentais para a criação e o desenvolvimento de novas empresas, criação de agências de suporte a empreendedores, programas de desburocratização para o acesso ao crédito a pequenas e médias empresas, além do esforço para o reconhecimento e valorização do capital intelectual.

O interesse pelo empreendedorismo é mundial. Este interesse está baseado na convicção de que a evolução econômica saudável dos países depende da ampliação do empresariado e da competitividade de seus empreendimentos. Essa conjuntura levou pesquisadores a organizar em 1997 o projeto GEM (Global Entrepreneurship Monitor), uma iniciativa conjunta do Babson College, nos Estados Unidos e da London Business School, na Inglaterra, com objetivo de analisar a atividade empreendedora e sua relação direta com o crescimento econômico.

Esse projeto de pesquisa pode ser considerado pioneiro em informações atualizadas sobre o empreendedorismo mundial. Hoje, mais de 30 países participam do GEM. Uma das mensurações realizadas por essa equipe de pesquisadores é o nível da atividade empreendedora por país, denominada atividade empreendedora total (TEA). Veja como os participantes são representados no gráfico abaixo.

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Fonte: GEM 2007 – Executive Report (Disponível em: <http://www.gemconsortium.org/download/1275786943076/GEM_2007_Executive_

Report.pdf>. Acesso em 05/06/2010, 22:04).

Nota: o eixo das ordenadas representa o percentual da população adulta (18 a 64 anos) envolvida em novos negócios; o intervalo de confiança dessa informação é de 95%.

Caso você se interesse por dados mais recentes ou queira aprofundar sua pesquisa sobre o GEM, consulte o site: <http://www.gemconsortium.org>.

2.2 O movimento empreendedor no Brasil

O movimento empreendedor brasileiro começou a consolidar-se em 1990, quando instituições como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – www.sebrae.com.br) e a Softex (Sociedade Brasileira para Exportação e Software – www.softex.br) foram criadas. Anteriormente a

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esse fato, o ambiente político econômico não era favorável para a livre-iniciativa.

O Sebrae é o órgão mais conhecido pelo microempresário brasileiro. Estabeleceu-se uma parceria, onde esse empresário busca o apoio e o suporte que precisa para iniciar sua empresa ou projeto. Lá ele encontra consultoria e treinamentos que possibilitam a solução de obstáculos pontuais de seu empreendimento.

Já a Softex iniciou suas operações com a intenção de levar empresas de software para o mercado externo, por meio da capacitação em gestão e tecnologia. Uma parceria criada entre a Softex, incubadoras de empresas e a universidade (cursos de Ciências da computação e informática) desencadeou o interesse pelo tema empreendedorismo no país. Até então, jargões muito utilizados organizacionalmente eram desconhecidos, como, por exemplo, business plan (plano de negócios).

Percorridas duas décadas, pode-se dizer que o Brasil tem o potencial de desenvolver um dos maiores planos de ensino de empreendedorismo de todo o mundo. Hoje são mais de 2000 escolas atuantes. Seria ousadia afirmar isso se não houvesse ações históricas apontando esse sucesso, tais como:

1. Os programas Softex e Genesis (geração de novas empresas de software, informação e serviços), criados em 1990, para estimular as universidades a ensinar a disciplina para a geração de novas empresas de software (start-ups).

2. O programa Brasil Empreendedor do governo federal, realizado de 1999 a 2002, dirigido à capacitação de 6.000.000 empreendedores brasileiros.

3. Os programas Empretec e Jovem Empreendedor do Sebrae. Esses cursos mantêm liderança de demanda por parte do público empreendedor.

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4. Diversos cursos oferecidos em universidades brasileiras, como o caso do Estado de Santa Catarina, que oferece o programa Engenheiro Empreendedor.

5. Outro evento pontual que contribuiu para a disseminação do empreendedorismo foi a explosão de aberturas de empresas “pontocom” nos anos de 1999 e 2000, movimentando vários empreendimentos na Internet.

6. Segundo dados da Anprotec (Associação nacional de entidades promotoras de empreendimentos e tecnologias avançadas, em 2008, mais de 400 incubadoras de empresas estavam ativas no país.

7. Existem ainda programas específicos de educação continuada sendo oferecidos em empreendedorismo como: MBA (Master Business Administration) e EaD (Ensino a Distância).

8. E, finalmente, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising, em 2007 havia 1200 redes de franquia constituídas no país, com cerca de 65.000 unidades franqueadas, ou seja, um setor em plena expansão vislumbrado por empreendedores.

Portanto, é necessária a quebra do paradigma cultural de não valorização de pessoas de sucesso que têm gerado riquezas para o país, mas dificilmente são reconhecidas por seus esforços. Elas são geralmente vistas como pessoas de sorte ou que venceram por meios alheios e não devido à sua competência. Essa mudança deverá levar mais algum tempo, mas esse processo de amadurecimento já começou.

3 ESTUDO DE CASO

Neste livro-texto, serão apresentados três estudos de casos ao longo dos capítulos, onde se destacarão os

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papéis dos empreendedores e intraempreendedores e seus comportamentos no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. Invariavelmente, você encontrará: visão, percepção de oportunidade, avaliação de recursos, criação de equipes, motivação dos parceiros, liberdade com responsabilidade e respeito ao grupo.

Ao descrever as ações empresariais, você perceberá a atitude participativa e os programas de incentivo institucionais com foco no cliente. Chamo atenção para que, nos estudos de casos a seguir, você revise todas as considerações detalhadas nos primeiros capítulos do livro-texto e procure aplicar esses conceitos tanto nas experiências descritas, como no seu cotidiano.

História de um empreendedor de sucesso

Júlio Worcman é um empreendedor de sucesso. Sua história mostra como o verdadeiro empreendedor busca aproveitar as oportunidades na hora certa, mas muitas ideias e tentativas não dão certo, rendendo apenas algum aprendizado. Ele é o CEO (chief executive officer – Presidente) da Synapse-Brazil (http://synapse-brazil.com), uma empresa situada no Rio de Janeiro, especializada na distribuição das produções audiovisuais independentes brasileiras para o mercado internacional, e na distribuição das produções independentes estrangeiras para o mercado nacional de televisão e vídeo. Atuando no mercado desde 1991, é considerada a principal empresa brasileira no segmento de documentários e programação infantil com perfil didático.

Júlio estudou agronomia até a metade do curso, não chegando a concluí-lo. Nesse período, criou processos de laboratório para pesquisa e identificação de substâncias naturais que fossem antibióticos específicos para pragas que assolam certas lavouras brasileiras. Realizou pesquisas sobre o uso de energias alternativas, como a solar, a eólica e a reciclagem de orgânicos gerando gás

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metano, porém ainda sem o despertar do empreendedorismo, característica que seria marcante em sua vida.

Tudo começou com um acontecimento que para muitos pode ser considerado ocasional, mas para ele foi o início de uma mudança radical em sua vida:

“Troquei o mundo da pesquisa em fitopatologia/química e sobre novas fontes de energia (por perceber que o meu perfil não se adaptava à vida em laboratórios) em virtude da primeira greve em serviços públicos que testemunhei na vida, a dos motoristas de ônibus no Rio de Janeiro, em 1979, movimento que me impressionou e que, por isso, documentei com uma câmera Super-8 e um gravador portátil a tiracolo.”

Júlio fez vestibular para Jornalismo, passou e jamais retornou à Universidade Rural. Seu primeiro estágio foi no departamento de documentação e pesquisa (para o jornalismo) da TV Globo, período em que conseguiu fazer um curso de cinegrafista interno da emissora.

“Paralelamente, a história política do Brasil me fascinava e, durante seis meses, escrevi seis horas por dia, com um amigo, Vinicius Vianna, um roteiro cinematográfico sobre o personagem Cabo Anselmo. Talvez por sermos muito jovens, não conseguimos recursos para realização do projeto.

A inviabilidade do projeto abriu um vazio que se abateu sobre mim. Não havia nada que me cativasse no horizonte profissional daquela época. Surgia o vídeo portátil como revolução tecnológica para o barateamento dos cursos de produção de jornalismo e, teoricamente, um modo acessível de dar aos cidadãos não corporativos a possibilidade de expressarem-se pela televisão com baixo custo.

Negociei com a família poder viajar para Nova York, com o objetivo de estudar vídeo. Viajei e, 15 dias após chegar ao destino,

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consegui um estágio como cinegrafista numa ONG que operava a programação em um canal de acesso público nos sistemas de TV a cabo. A ONG chamava-se Channel L e aplicava os preceitos da Pedagogia da Libertação, de Paulo Freire, à TV a cabo, dando às organizações sem fins lucrativos os meios necessários para produzirem os próprios programas de televisão, com direito a documentários sobre o assunto em pauta, além de debates em estúdio, com participação ao vivo de telespectadores.”

Nesse período nos Estados Unidos, Júlio teve contato com tecnologias e teorias ligadas ao direito à informação e à democratização das comunicações. De volta ao Brasil em 1981, estagiando na redação do Jornal do Brasil, continuou acompanhando de perto o movimento da produção de documentários independentes e se antecipando ao futuro que estava por vir em função das tecnologias que apontavam para a democratização das comunicações.

Inquieto, Júlio elaborou um projeto de pesquisa sobre a Democratização das Comunicações e a Democratização da Sociedade (que incluía um trabalho de consultoria a organismos da sociedade como Farej e Farej), e conseguiu, por dois anos, bolsa de iniciação científica do CNPq, orientada por Muniz Sodré, da UFRJ: “Esse trabalho foi interessantíssimo e gerou inúmeros resultados...”, disse Júlio.

No jornalismo, logo percebeu o interesse emergente da sociedade pelo mundo dos computadores e vídeo. Propôs ao editor do jornal, na época Paulo Henrique Amorim, uma coluna no caderno de classificados sobre vídeo, video game, microcomputação e afins. A coluna durou mais de cinco anos. Devido à intensa produção de pautas, começou a produzir matérias também para suplementos de outros jornais e revistas especializadas, e tornou-se praticamente uma agência (de um redator apenas) de reportagens sobre o assunto e sobre o futuro da tecnologia de informação. Conseguiu um bom rendimento, para um rapaz daquela idade, com este trabalho que era, porém, muito cansativo.

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Uma curiosidade no meio do caminho, que Júlio considera um desvio de rota: “Cansado, tomando banho na casa de minha namorada, tive a ideia de um objeto plástico com largo potencial para uso doméstico feminino: um gancho-pregador com o qual as moças poderiam pendurar suas calcinhas para secar no alto, no cano do chuveiro, e não na torneira, como era tradicional – mas onde sempre molhava novamente, com o banho de outras pessoas. A ideia ganhou dimensão comercial a partir de um projeto de campanha publicitária cômica na televisão, uma piada. Requeri registro de patente (excelente aprendizado!), mas o projeto não deu certo porque o circuito de camelôs e pirataria de objetos de plástico injetado com certeza extraviaria rapidamente o mercado criado pela campanha de televisão elaborada...

Três fatos ocorridos no final da década de 1980 levaram Júlio a criar uma empresa para distribuição internacional da produção audiovisual independente brasileira na Europa: o aparelho a preço acessível (quando custava US$1.000), o formato VHS ter-se tornado um padrão mundial e o processo de privatização das televisões europeias, que começavam a estruturar departamentos de compras para cada modalidade de programação.

Esta exportadora de programas brasileiros funcionou. O negócio, porém, não prometia muito, devido ao pequeno número de bons títulos produzidos anualmente à época no Brasil. Mas a participação em festivais no exterior (levando programas do Brasil), onde conheceu bastante da produção estrangeira de documentários, deu-lhe a luz que faltava: importar para o Brasil programas que gostaria de ver exibidos nas emissoras brasileiras.”

Para se ter uma ideia, a cada ano a empresa analisa cerca de mil títulos, indexa setecentos em banco de dados (em que é possível fazer pesquisas por palavras-chave, produtores, diretores, país de origem etc.), licencia os direitos de televisão

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e vídeo para o Brasil e produz as versões brasileiras de cerca de duzentas horas de programação. De 1995 a 2007, a empresa cresceu em média 10% ao ano, superando os R$4,5 milhões/ano de receita.

“Nos idos de 1993, apesar do bom funcionamento da distribuidora, senti-me desatualizado com relação às novas tecnologias multimídias que surgiam, como, por exemplo, os CD-ROMs, cujo funcionamento e potencialidade não conseguia compreender substancialmente. Reuni amigos em torno de um grupo de estudos sobre o assunto. O grupo de estudos levou-me a compreender os mecanismos da Internet comercial em 1995. Nesse ano, formulei e produzi, com ajuda de um casal de amigos que moravam em Washington, no Banco Mundial, meu primeiro piloto de website, o Museu do Fonograma Brasileiro, um sistema com base em banco de dados e que serviria como instrumento de pesquisa e divulgação da música brasileira. Apresentamos o projeto às grandes gravadoras de discos que atuaram no Brasil. Todas mostraram grande interesse e chegamos a ter certeza de que demandava uma ação coletiva...” (Mais uma ideia não realizada na bagagem de projetos de empreendimentos prazerosos.)

O principal projeto ao qual Júlio tem-se dedicado nos últimos anos, como ele mesmo diz, “com foco e sinergias óbvias (finalmente!)”, é o de alavancar a exploração do conteúdo multimídia da distribuidora Synapse-Brazil – mais de duas mil horas em programas curtos nos gêneros edutainment e infotainment, já em versão brasileira -, por meio de licenciamentos para vários mercados da Internet: redes de escolas, websites de conteúdo segmentado, operadoras de broadband etc. E ele tem conseguido colocar suas ideias em prática.

Em 2002, lançou o “portacurtas.com.br”, segundo Júlio, “o precursor do You Tube”: portacurtas.com.br/estatisticas1.asp e portacurtas.com.br/relatórios/índex.htm. Em 2003, sua empresa publicou o projeto Tamanduá Cultural, que veio a dar, em 2005, na criação do Instituto Tamanduá (institutotamandua.org.br).

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Ainda em 2005 foram dados os primeiros passos que levaram à inauguração, em 2007, de modo independente, do portal (curtanaescola.org.br), que promove o professor brasileiro à condição de professor-autor.

Fora o andamento diário e todas as circunstâncias que sempre se desenvolvem (nos planos tecnológico, regulatório e político, inclusive coproduções incentivadas de filmes brasileiros) em torno da Synapse-Brazil Prod. & Dist. Ltda. e da Synapse Produções Ltda., recentemente Júlio criou ainda a nova Aviva (avivanet.com.br). Mas segundo Júlio, “e persiste a sensação que (quase) nada aconteceu, ainda... tudo está por vir!)”.

Como Júlio é empreendedor, não deixa de estar atento a novos mercados, novas ideias, e não se cansa de trabalhar, pois sempre estava envolvido em novos projetos, já que: “O tempo é exíguo, não dá pra levar a cabo tudo que desejamos...” No entanto, ele também não se cansa de dizer: “Ser empresário é saber aproveitar oportunidades que se apresentam e, sobretudo, conseguir aprender com os esforços que não resultaram em sucesso”.

Histórico da Synapse-Brazil

A Synapse está entre as principais distribuidoras independentes de conteúdo audiovisual brasileiro para o mercado internacional de televisão, IPTV, DVD e Internet. Em operação desde 1991, a empresa possui marca reconhecida no exterior, tendo licenciado mais de 200 títulos brasileiros para canais como: Canal + (França), Planéte (França), Channel 4 (Inglaterra), Arte (França/Alemanha), CBC (Canadá), SBS (Austrália), Discovery Channel (Estados Unidos), RTP (Portugal), Fox (América Latina).

A Synapse distribui programação selecionada de diversos gêneros e formatos, desde documentários, curtas-metragens, séries e musicais até filmes de longa-metragem. Alguns títulos

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que estão ou já estiveram sob distribuição exclusiva da empresa são: Chico Buarque – Cidades; A vida como ela é; Eletrodoméstica; Pierre Verger – Mensageiro entre dois mundos; Além Mar; Nós que aqui estamos, por vós esperamos; Caetano Veloso – Prenda minha; Extremosul; Dia de festa; Dona Helena; Meninas.

Para alcançar seus objetivos de vendas, a empresa participa anualmente dos principais mercados internacionais de televisão como MIPTV e MIPCOM em Cannes, França. Além disso, possui e mantém um banco de dados com mais de 800 compradores internacionais e disponibiliza seu catálogo na Internet, o que possibilita ações de marketing dirigidas e eficientes.

Outras atividades da empresa: importação e venda de conteúdo audiovisual para emissoras no Brasil (www.synapsedigital.com.br), coproduções nacionais e internacionais, administração e manutenção do portal Porta Curtas Petrobras e distribuição de DVDs.

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