ENSINANDO CIÊNCIAS NATURAIS A PARTIR DO COTIDIANO
DOS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL MARCILIO DIAS,
SALVADOR - BA
Manoela de Jesus Sousa Argolo - [email protected]
Bolsista do PIBID de Ciências Naturais - Faculdade de Educação - UFBA
Salvador-BA
Marcia M. Souza Gonçalves - [email protected]
Ayecha Santos Palagani - [email protected]
Izaura Santiago da Cruz - [email protected]
Coordenadora do PIBID de Ciências Naturais - UFBA
Resumo: Este artigo tem como objetivo destacar a importância da contribuição do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) para o ensino em
ciências naturais integrando os estudantes de licenciatura no meio profissional com o
proposito de colaborar na formação de docente. O presente trabalho relata de início,
algumas dificuldades enfrentadas pelos alunos moradores da Ilha de Maré, destacando
o esforço exercido por estes estudantes ao vir para Salvador em busca da continuidade
de seus estudos. A partir do conhecimento desta realidade, o PIBID de Ciências
Naturais da Universidade Federal da Bahia, propôs aos seus bolsistas o
desenvolvimento de sequências didáticas adaptadas para estes educandos em um
trabalho conjunto com a professora regente de ciências. Para tanto, foi incluído na
sequência didática discutida no presente trabalho, o uso de Tecnologias de Informação
e Comunicação. Assim foi desenvolvida e aplicada uma sequencia didática diferenciada
da realidade escolar desses estudantes com o propósito de construir uma aula
participativa na qual os mesmos pudessem compartilhar seus conhecimentos locais.
Palavras-chave: Ensino de ciências, Formação docente, Sequências didáticas.
1 INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) de Ciências
Naturais da Universidade Federal da Bahia tem como objetivo contribuir para um
estreitamento das relações acadêmicas com a educação básica, através da inserção dos
estudantes de licenciatura no cotidiano das escolas. Este Programa é desenvolvido no
Colégio Estadual Marcílio Dias, que atende a estudantes que residem na Ilha de Maré.
Temos como principal objetivo atuar na formação inicial de professores e
consequentemente contribuir para a qualidade do ensino fundamental nas Escolas
Públicas, buscando meios de superar as dificuldades enfrentadas pelos/as estudantes e
melhorar o seu desempenho escolar. Além disso, é objetivo do Programa proporcionar
aos futuros professores/as a participação em experiências metodológicas e práticas
docentes.
O Colégio Estadual Marcílio Dias vive uma realidade bem diferente das outras escolas
de Salvador, recebendo a maioria dos seus estudantes do turno da manhã, alunos
residentes na Ilha de Maré. O deslocamento destes estudantes até a unidade escolar é
feito através de barcos de moradores da própria localidade, sendo estes financiados pela
prefeitura de Salvador. Isto ocorre devido ao fato de que Ilha não dispõe de escolas que
atendam as séries finais do Ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e nem mesmo o ensino
médio. Os alunos percorrem cerca de 50 km de distancia da Ilha até o bairro de São
Tomé de Paripe, onde está localizado o Colégio Estadual Marcílio Dias, em busca de
avançarem em seus conhecimentos.
Outra peculiaridade vivida por esses estudantes é que em períodos chuvosos ou com
ventos muito intensos os estudantes não podem comparecer à escola, em virtude dos
riscos para a sua segurança. Além disso, os moradores da ilha possuem calendário
festivo distinto do calendário da escola. Por esse motivo a execução das sequencias
didáticas por vezes, é comprometida, impossibilitando o desenvolvimento das
atividades no tempo planejado pelos docentes de acordo com o calendário escolar.
Uma característica relevante para a análise dos processos de ensino e aprendizagem
neste grupo de estudantes é que a maioria dos alunos e suas famílias desempenham
atividades laborativas como o artesanato, a coleta de mariscos, pesca marítima e de
coleta em regiões de manguezais, com a finalidade de comercialização para seu
sustento. Por conta dessa situação foi percebido que quando o professor propõe alguma
atividade para ser desenvolvida pelos alunos durante o final de semana, a mesma nãe é
cumprida tendo como justificativa o fato de trabalharem com a venda de tais produtos
na praia. Em consequência disso os estudantes sempre iniciam a semana com uma
aparência cansada e apática o que é interpretado, pelos docentes da escola, como
dispersão e falta de interesse pelas aulas.
Figura 1. Imagem aérea da Ilha de Maré.
2 ALGUNS ASPECTOS DO SISTEMA EDUCACIONAL NA ILHA DE
MARÉ
Ao darmos início ao nosso projeto, buscando conhecer o contexto sociocultural desses
estudantes, fizemos uma visita à Ilha de Maré passando por varias localidades, como
Botelho, onde fomos bem recepcionadas pela diretora da Escola Municipal de Botelho,
que mencionou as dificuldades dos estudantes nas áreas de leitura e escrita. É
importante destacar que este fato também é observado pelos/as docentes do Colégio
Marcílio Dias. Esta escola, apesar de ser pequena, apresenta uma boa estrutura física e
um corpo docente bastante comprometidos com o desenvolvimento de seus alunos.
Na localidade de Praia Grande, fomos recepcionados/as pela diretora que é diretora da
escola que com grande esforço, está sempre empenhada a garantir benefícios para a
comunidade. Dentre esses benefícios, essa diretora conseguiu que a Associação de
Moradores cedesse seu espaço para o funcionamento da escola Nossa Senhora das
Candeias, onde funciona há doze anos. Entretanto, este espaço não é adaptado para o
aprendizado dos alunos, pois as salas são pequenas, com pouca ou nenhuma ventilação
e a escola não possui um espaço adequado para a recreação.
3 CONHECENDO O COTIDIANO DE ESTUDANTES E PROFESSORES NO
COLÉGIO ESTADUAL MARCÍLIO DIAS
Depois de conhecer de perto o contexto escolar anterior desses estudantes fomos
observar as vivencias de seu cotidiano atual no Colégio Estadual Marcílio Dias. Nestas
visitas observamos a estrutura, o perfil dos professores e os projetos existentes na
escola. Quanto ao seu espaço físico tivemos um impacto logo no portão de acesso ao
ver a identificação da escola numa placa de madeira com letras minúsculas tornando
difícil a sua visualização.
Com relação às instalações da escola, notamos a falta de laboratório de ciências, e
outros materiais didáticos que poderiam contribuir para um melhor desenvolvimento
das atividades pedagógicas. Notamos também a ausência de mesas na cantina para os
alunos tomarem seu lanche. O espaço que é destinado para o funcionamento da sala de
informática é dividido com vários outros equipamentos impossibilitando o acesso dos
estudantes. Devido a falta de outro espaço disponível na escola, a biblioteca é utilizada
para as atividades do projeto Mais Educação, o que dificulta o acesso dos estudantes aos
livros e o incentivo à leitura. A partir dessas observações pudemos perceber algumas
dificuldades enfrentadas pela escola.
Dando o primeiro passo para estreitar os laços com os alunos passamos a acompanhar
as aulas de ciências nas quais pudemos perceber vários aspectos da relação entre os
alunos e professores, dentre os quais observamos que frequentemente os alunos são
classificados pelos professores como pessoas preguiçosas, desinteressadas, e sem
objetivos entre outros. Percebemos assim, muitas dificuldades na relação entre
professores e estudantes.
4 SEQUENCIAS DIDÁTICAS
Durante os encontros formativos entre bolsistas, supervisores e coordenação do PIBID,
foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor
Antoni Zabala, que apresenta quatro modelos de sequencias didáticas. Foi feito um
estudo do texto, buscando subsídios para construção das sequências a serem aplicadas
nas turmas do Colégio Marcílio Dias.
De acordo com Zabala (1998), sequências didáticas são definidas como “[...] conjunto
de atividades ordenadas, estruturadas, e articuladas para a realização de certos objetivos
educacionais que tem, um principio e um fim conhecidos tanto pelos professores como
pelos alunos.” (p.18).
No quadro abaixo, extraído de Zabala (1998, p.60), podemos observar quatro modelos
de sequências didáticas.
Tabela 1 – Modelos de sequências didáticas.
Unidade 1
1. Comunicação lição C
2. Estudo individual C P
3. Repetição do conteúdo aprendido C P
4. Prova ou exame C
5. Avaliação
Unidade 2
1. Apresentação situação problemática C
2. Busca de soluções C P A
3. Exposição do conceito e algoritmo C P
4. Generalização C P
5. Aplicação C P
6. Exercitação P C
7. Prova ou exame C P
8. Avaliação C P
Unidade 3
1. Apresentação situação problemática C
2. Diálogo professores/alunos C P A
3. Comparação pontos de vista C P A
4. Conclusões C
5. Generalizações C
6. Exercícios de memorização C P
7. Prova ou exame C
8. Avaliação C
Unidade 4
1. Apresentação situação problemática C
2. Problemas ou questões C P A
3. Repostas intuitivas ou suposições C P A
4. Fontes de informação C P A
5. Busca de informação P C A
6. Elaboração de conclusões P C A
7. Generalizações C
8. Exercícios de memorização P C
9. Prova ou exame C
10. Avaliação C P A
No quadro acima a letra A corresponde a avaliação, a P à prática e a C refere-se ao
conceito.
Ainda de acordo com Zabala (1998) as sequências típicas se apresentam com as
características descritas abaixo.
Na Unidade 1 é apresentado um modelo sequencia didática em que o trabalho é
direcionado de forma tradicional. O conteúdo é exposto com o uso de lousa e as provas
são utilizadas como único método avaliativo, no qual, ao final da unidade são aplicadas
sequencias de questões referentes aos conteúdos trabalhados. Os estudantes tem certo
limite de tempo para responder o instrumento e a partir disso seu desempenho será
qualificado através de uma nota.
Na Unidade 2 é acrescentada uma problemática fazendo com que os alunos através das
suas investigações e exercitando para que busquem formas para solucionarem o
problema, porem seu conteúdo ainda é exposto no modelo tradicional do ensino.
Em se tratando da Unidade 3 é fácil a percepção da fuga do modelo tradicional de
exposição do tema a ser trabalhado na sequencia didática, quando o educador começa
interagir com os educandos sobre o tema proposto, havendo assim uma produção e
comparação entre diferentes pontos de vista, chegando ao seu objetivo alvo que é um
trabalho de memorização, tornando-se satisfatório seu desempenho final.
No que se refere a Unidade 4 é notável uma dedicação maior na construção da
sequencia a ser trabalhada na qual as atividades são desenvolvidas possibilitando a
abordagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. As aulas
desenvolvidas desta forma exigem maior envolvimento do aluno na busca e
aperfeiçoamento de seus conhecimentos. Neste modelo de sequência, o tema proposto
deve sempre estar relacionado com aspectos sociais que envolvam o cotidiano dos
estudantes e a temática desenvolvida, de modo a produzir reflexões e mobiliza-los na
solução dos problemas propostos.
Na unidade 4 vemos que em praticamente todas as atividades
que formam a sequência aparecem conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais, Neste caso os alunos controlam o
ritmo da sequência, atuando constantemente e utilizando uma
serie de técnicas e habilidades: diálogos, debates, trabalhos em
pequenos grupos, pesquisas bibliográficas, trabalhos de campo,
elaboração de questionários, entrevistas, etc. (ZABALA, 1998, p
61).
Pensando no perfil dos estudantes do Marcilio Dias, que apresentam um histórico de
agitação e dificuldades de concentração, de acordo com o relato de seus atuais
professores, pensamos que a sequencia didática da Unidade 4, que exige um
envolvimento maior dos estudantes, seria a mais adequada. Na escolha da sequência,
consideramos também, que neste modelo é de fundamental importância a utilização dos
conhecimentos prévios trazidos pelos estudantes, o que possibilita a valorização da sua
cultura. Neste sentido, buscamos atender também os PCN (do terceiro e quarto ciclo do
ensino fundamental de Ciências Naturais), que têm como objetivos:
valorizar a disseminação de informações socialmente relevantes
aos membros da sua comunidade; elaborar, individualmente e
em grupo, relatos orais e outras formas de registros acerca do
tema em estudo, considerando informações obtidas por meio de
observação, experimentação, textos ou outras fontes; elaborar
perguntas e hipóteses, selecionando e organizando dados e
ideias para resolver problemas. (BRASIL, 1998, pp.60-61).
As orientações dos PCN concordam com as ideias de Paulo Freire sobre a utilização dos
conhecimentos prévios e do cotidiano dos estudantes, como sugerido no trecho abaixo:
Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver
em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir,
por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos
níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos que
oferecem a saúde das gentes. (FREIRE, 2006, p. 33).
Nesse trecho Freire enfatiza o uso do cotidiano dos alunos para trabalhar os conteúdos
de forma mais próxima ao seu cotidiano, tornando mais fácil a compreensão do assunto.
Baseado nas ideias de Freire, dos PCN e no modelo de Unidade 4 de Zabala
construímos a sequência didática desenvolvida no Colégio Estadual Marcílio Dias.
5 SEQUÊNCIA DIDÁTICA REALIZADA NO COLÉGIO ESTADUAL
MARCILIO DIAS
Assim montamos uma sequencia didática baseada no modelo de sequencia da Unidade
4 de Zabala (1998). A sequência didática denominada “Todos contra a dengue” foi
desenvolvida em todas as turmas do Ensino Fundamental II, do Colégio Estadual
Marcilio Dias na disciplina de Ciências. As atividades foram desenvolvidas com a
duração média de doze aulas, totalizando um período de quatro semanas.
Nas turmas do Ensino Fundamental II em que foram aplicadas as sequencias existe uma
diferença de faixa etária de acordo com cada série. No 6º ano encontramos crianças de
10 anos, e no 9º ano encontramos adolescentes de 16 anos, com essa diferença de
formas de interpretação, de conhecimentos e até mesmo de linguagem. Por esses
motivos mesmo trabalhamos o mesmo tema em todas as series foi necessário fazer
algumas adaptações de linguagem e também na forma de confecção das atividades
finais para conseguirmos termos um bom desempenho e resultados em todas as turmas.
5.1 Primeiro momento
Apresentação aos alunos, identificação dos moradores da Ilha de Maré e de São Tomé,
apresentação do tema da sequência, que será sobre a Dengue. Inicialmente foi feito um
levantamento junto aos estudantes, com questões orais, tentando identificar se existem
casos da doença no local onde eles vivem, se há presença de agentes de combate a
endemias, se eles sabem identificar o mosquito transmissor da doença, e como eles
poderiam contribuir para que essa situação não se agrave em sua comunidade. Essa
discussão inicial foi feita para identificar o nível de conhecimentos da turma sobre o
assunto. Desta forma, foi feita a apresentação da situação problema e o levantamento
dos conhecimentos prévios.
Neste primeiro contato, para a apresentação do tema, trabalhamos com a exibição de um
vídeo, “Todos contra a Dengue” apresentado pelo médico Dráuzio Varela, nas turmas
de 8º e 9º anos, já nas turmas de 6º e 7º ano foi exibido o filme “Turma da Mônica
contra a Dengue”, essa foi uma das adaptações feitas pelas bolsistas para adequar a
atividade à faixa etária dos alunos. A partir desta metodologia, que envolve
problematização, estabelece relação com as vivências cotidianas dos estudantes e utiliza
recurso didático e tecnológico, portanto, foge das aulas tradicionais (utilizando somente
quadro, giz e livro didático) presenciadas por eles, percebemos uma maior concentração
e interesse por parte dos mesmos.
5.2 Segundo momento
Iniciamos com um questionamento feito aos estudantes sobre o nome científico do
mosquito transmissor da dengue. A problematização foi feita a partir das seguintes
questões: “Se não houvesse um nome científico como poderíamos classificar os mesmos
seres vivos em lugares diferentes, com linguagens e culturas diferentes?” A partir daí os
alunos apresentaram suas explicações, que foram debatidas em conjunto pelas bolsistas
(docentes em formação).
Em seguida, apresentamos uma breve explicação do nome científico do mosquito
Aedes aegypti, esclarecendo o porquê de haver um nome científico, (relacionando
também com outros animais e doenças), assim destacando as dúvidas apresentadas
pelos alunos, e estimulando a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre este
tema.
5.3 Terceiro momento
Tratando-se dos sintomas da dengue no corpo humano, inicialmente foram feitas
perguntas gerais sobre os sintomas da dengue no corpo humano buscando capturar as
informações referentes aos conhecimentos prévios dos estudantes. Em seguida,
esclarecendo e ponderando sobre o que foi dito por eles, e destacando os pontos citados
no vídeo exibido, apresentamos uma cartilha informativa do Ministério da Saúde sobre
o tema. Finalizamos a atividade com uma sistematização dos sintomas gerais da dengue,
destacando as diferenças entre a dengue clássica e a dengue hemorrágica. Durante a
atividade percebemos que os estudantes conheciam apenas superficialmente alguns
sintomas, porém tinham dificuldades em diferenciar os sintomas da dengue clássica e da
hemorrágica. Consideramos, portanto, que a sistematização no final da atividade foi de
fundamental importância a compreensão mais aprofundada destes sintomas e das fases
da doença.
5.4 Quarto momento
Após cumprir as três primeiras etapas da sequência didática “Todos contra Dengue”,
sendo que todos os tópicos foram seguidos com a presença e participação dos alunos do
6º ao 9º ano começamos a etapa de construção dos cartazes. Para esta atividade os/as
estudantes foram organizados em equipes. Cada equipe enfatizou um dos pontos já
trabalhado nos outros momentos da sequência. Foram confeccionados cartazes e
folhetos informativos para serem distribuídos na escola (ANEXO III). Esta etapa da
distribuição do material produzido na escola foi importante para que a sequência
trabalhada por eles em sala tivesse repercussão e reconhecimento por todos da escola.
Desta forma buscamos atender a um dos objetivos do ensino de ciências segundo o
documento dos PCN que é “valorizar a disseminação de informações socialmente
relevantes aos membros da sua comunidade” (BRASIL, 1998 p.60).
5.5 Quinto momento
Como avaliação do conteúdo, foi realizada uma atividade de produção de texto sobre a
temática estudada. Sugerimos aos alunos que desenvolvessem um texto, expondo seus
conhecimentos sobre o tema. Foi elaborada pelas bolsistas uma avaliação contendo um
breve texto falando sobre o tema, para orientar os alunos no desenvolvimento do seu
texto (ANEXO I).
6 RESULTADOS
Como a imagem que se tinha desses estudantes era a de alunos difíceis de trabalhar
devido a sua falta de interesse e sua agitação, pensamos em realizar uma atividade de
produção de texto com o tema que foi trabalhado nesta sequencia didática. O propósito
deste texto foi o de resgatar questões que foram discutidas, expostas em vídeo e a partir
dos cartazes elaborados por esses educando. Então, a partir do texto redigido pelos
estudantes pudemos avaliar o seu entendimento sobre os temas trabalhados. Além disso,
avaliamos o envolvimento e participação nas atividades propostas.
Ao colocarmos em prática essa proposta de avaliação, e ficamos apreensivas e curiosas,
diante de tantos relatos anteriores (dos professores regentes) sobre o mau rendimento
desses estudantes em suas atividades. Entretanto ao recolher estes escritos elaborados
pelos alunos ficamos agradavelmente surpresas com forma da escrita e da interpretação
apresentada por esses educandos. Tudo o que foi discutido no decorrer da sequencia
didática, a característica do mosquito, seus sintomas, a medicação a ser utilizada tudo
isso e mais coisas estava explícito naquelas folhas de oficio.
Ao analisarmos estes resultados refletimos sobre importância de utilizar materiais
didáticos diversificados, incluindo recursos tecnológicos, para despertar o interesse e
capturar a atenção dos estudantes. Além de utilizar esses materiais fizemos a relação
com o cotidiano desses alunos, através desses pontos conseguimos assim nosso
objetivo.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grupo como um todo após a análise dos resultados obtidos através da avaliação
percebeu que o rendimento e participação dos alunos foi expressivo durante todo o
decorrer das atividades desenvolvidas. Logo, concluímos que a didática escolhida foi
adequada e parece ter possibilitado uma melhor compreensão dos conteúdos e com isso
um melhor desempenho dos alunos.
Nossa percepção quanto ao rendimento dos alunos foi de que o mesmo melhorou em
relação ao apontado pelos professores regentes. Ao levarmos uma metodologia
diferenciada que incluiu exibição de um vídeo com um assunto de grande incidência em
seu cotidiano e na sociedade, conseguimos aguçar a curiosidade e o interesse de
aprendizado dos estudantes, usando também seus conhecimentos prévios e tornando de
fundamental importância sua participação na construção do processo de aprendizagem.
Por fim percebemos que o trabalho realizado através de sequências didáticas
envolvendo materiais didáticos diferentes daqueles usados pelos alunos em seu
cotidiano e estimulando a produção de matérias pelos próprios estudantes despertou nos
mesmos uma maior participação na aula. Pensamos que esta maior participação
decorreu do fato deles se perceberem como agentes principais do seu processo de
construção conhecimento. Neste sentido, a aula se tornou mais agradável e a sala de
aula se tornou um local de construção, não um local onde se ouve a aula, grava, faz a
prova e esquece o assunto, como a maioria dos alunos vê. Notamos que aproximação
com o seu cotidiano também contribuiu para uma maior motivação e participação.
Através da analise que fizemos, notamos que para os alunos foi uma experiência inédita.
Eles nunca haviam participado desse processo de agente construtor de soluções para
determinados problemas a eles apresentados, percebemos isso através do entusiasmo e
participação. Os alunos algumas vezes ficavam com receio de se expressar, com medo
de errar, mas no decorrer do trabalho, a valorização de suas experiências pelas bolsistas
fez com que os mesmos perdessem os medos e se expressassem mais livremente.
O objetivo principal do PIBID é esse, trazer a experiência do cotidiano em sala de aula
para o futuro professor. Desta forma, entendemos que a experiência vivenciada através
da sequência didática trabalhada foi de fundamental relevância, para nossa formação
acadêmica e profissional. Esse contato direto com a escola e com a sala de aula é
fundamental para que tenhamos uma visão mais abrangente do trabalho docente,
considerando outros aspectos além da transmissão de conteúdos, e cumprimento de
obrigações do professor como profissional, como por exemplo, o uso de diferentes
ferramentas de ensino de ciências e também a importância da interação entre
professores e estudantes para o sucesso das atividades pedagógicas.
De acordo com a nossa avaliação, a grande contribuição do PIBID é fazer com que
essas experiências venham a colaborar de forma constante com nosso processo de
formação fazendo com que percebamos os nossos erros e acertos, sendo assim possível
um aperfeiçoamento do trabalho docente. E toda essa experiência que o PIBID nos
proporcionou a vivencia de um trabalho de muita dedicação e confiança no trabalho
descrito acima, torna-se uma fundamental ferramenta para a nossa formação como
futuras docentes nos direcionando para área de licenciatura com um trabalho
humanizado, respeitando as limitações e a cultura dos sujeitos envolvidos.
Desta forma criando uma confiança entre aluno e professor fazendo com que esse
momento ocorra uma troca reciproca de conhecimentos onde serão bem trabalhados e
conduzidos de forma profissional que não ridicularize seus conhecimentos nativos.
Como bolsistas do PIBID, também tivemos a possibilidade de trabalhar com uma forma
diferente de avaliação, na qual eles tiveram a possibilidade de descrever seus
entendimentos sobre o assunto trabalhado em questão, assim demos um tempo para o
método mais como utilizado como nota, a prova, que por sua vez vem a causar uma
tortura antecipada nos alunos e, consequentemente, não mostrando se o educando tem
domínio do assunto ou não.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
Ciências Naturais /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC /SEF, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Paz e terra, 2006.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 6ª. Ed, São Paulo:
Cortez. 1997.
ZABALA, Antoni. . Prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
TEACHING NATURAL SCIENCES TO EVERYDAY PATRIR STATE
SCHOOL STUDENTS
This article aims to highlight the important contribution of the Institutional Scholarship
Program for New Teachers (PIBID) for teaching in natural sciences integrating
undergraduate students in the professional with the purpose of collaborating in the
training of teachers. This paper reports the beginning, some difficulties faced by
students living in the Ilha de Maré, Salvador-BA, highlighting the effort exerted by these
students to come to Salvador in search of continuing their studies. From the knowledge
of this reality, the PIBID of Natural Sciences, Federal University of Bahia, proposed to
his fellows to develop teaching sequences adapted for these students in a joint work
with the science teacher conductor. Therefore, it was included in the teaching sequence
discussed in this paper, the use of Information and Communication Technologies. Thus
was developed and applied a different sequence for teaching the reality of school
students for the purpose of building a participatory class in which they could share
their local knowledge.
Key-words: Science teaching, Teacher training, Teaching sequences
ANEXOS:
ANEXO I: Textos produzidos pelos estudantes.
ANEXO II: Produção de cartazes pelos estudantes.