13
ENSINANDO CIÊNCIAS NATURAIS A PARTIR DO COTIDIANO DOS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL MARCILIO DIAS, SALVADOR - BA Manoela de Jesus Sousa Argolo - [email protected] Bolsista do PIBID de Ciências Naturais - Faculdade de Educação - UFBA Salvador-BA Marcia M. Souza Gonçalves - [email protected] Ayecha Santos Palagani - [email protected] Izaura Santiago da Cruz - [email protected] Coordenadora do PIBID de Ciências Naturais - UFBA Resumo: Este artigo tem como objetivo destacar a importância da contribuição do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) para o ensino em ciências naturais integrando os estudantes de licenciatura no meio profissional com o proposito de colaborar na formação de docente. O presente trabalho relata de início, algumas dificuldades enfrentadas pelos alunos moradores da Ilha de Maré, destacando o esforço exercido por estes estudantes ao vir para Salvador em busca da continuidade de seus estudos. A partir do conhecimento desta realidade, o PIBID de Ciências Naturais da Universidade Federal da Bahia, propôs aos seus bolsistas o desenvolvimento de sequências didáticas adaptadas para estes educandos em um trabalho conjunto com a professora regente de ciências. Para tanto, foi incluído na sequência didática discutida no presente trabalho, o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação. Assim foi desenvolvida e aplicada uma sequencia didática diferenciada da realidade escolar desses estudantes com o propósito de construir uma aula participativa na qual os mesmos pudessem compartilhar seus conhecimentos locais. Palavras-chave: Ensino de ciências, Formação docente, Sequências didáticas. 1 INTRODUÇÃO O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) de Ciências Naturais da Universidade Federal da Bahia tem como objetivo contribuir para um

Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

ENSINANDO CIÊNCIAS NATURAIS A PARTIR DO COTIDIANO

DOS ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL MARCILIO DIAS,

SALVADOR - BA

Manoela de Jesus Sousa Argolo - [email protected]

Bolsista do PIBID de Ciências Naturais - Faculdade de Educação - UFBA

Salvador-BA

Marcia M. Souza Gonçalves - [email protected]

Ayecha Santos Palagani - [email protected]

Izaura Santiago da Cruz - [email protected]

Coordenadora do PIBID de Ciências Naturais - UFBA

Resumo: Este artigo tem como objetivo destacar a importância da contribuição do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) para o ensino em

ciências naturais integrando os estudantes de licenciatura no meio profissional com o

proposito de colaborar na formação de docente. O presente trabalho relata de início,

algumas dificuldades enfrentadas pelos alunos moradores da Ilha de Maré, destacando

o esforço exercido por estes estudantes ao vir para Salvador em busca da continuidade

de seus estudos. A partir do conhecimento desta realidade, o PIBID de Ciências

Naturais da Universidade Federal da Bahia, propôs aos seus bolsistas o

desenvolvimento de sequências didáticas adaptadas para estes educandos em um

trabalho conjunto com a professora regente de ciências. Para tanto, foi incluído na

sequência didática discutida no presente trabalho, o uso de Tecnologias de Informação

e Comunicação. Assim foi desenvolvida e aplicada uma sequencia didática diferenciada

da realidade escolar desses estudantes com o propósito de construir uma aula

participativa na qual os mesmos pudessem compartilhar seus conhecimentos locais.

Palavras-chave: Ensino de ciências, Formação docente, Sequências didáticas.

1 INTRODUÇÃO

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) de Ciências

Naturais da Universidade Federal da Bahia tem como objetivo contribuir para um

Page 2: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

estreitamento das relações acadêmicas com a educação básica, através da inserção dos

estudantes de licenciatura no cotidiano das escolas. Este Programa é desenvolvido no

Colégio Estadual Marcílio Dias, que atende a estudantes que residem na Ilha de Maré.

Temos como principal objetivo atuar na formação inicial de professores e

consequentemente contribuir para a qualidade do ensino fundamental nas Escolas

Públicas, buscando meios de superar as dificuldades enfrentadas pelos/as estudantes e

melhorar o seu desempenho escolar. Além disso, é objetivo do Programa proporcionar

aos futuros professores/as a participação em experiências metodológicas e práticas

docentes.

O Colégio Estadual Marcílio Dias vive uma realidade bem diferente das outras escolas

de Salvador, recebendo a maioria dos seus estudantes do turno da manhã, alunos

residentes na Ilha de Maré. O deslocamento destes estudantes até a unidade escolar é

feito através de barcos de moradores da própria localidade, sendo estes financiados pela

prefeitura de Salvador. Isto ocorre devido ao fato de que Ilha não dispõe de escolas que

atendam as séries finais do Ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e nem mesmo o ensino

médio. Os alunos percorrem cerca de 50 km de distancia da Ilha até o bairro de São

Tomé de Paripe, onde está localizado o Colégio Estadual Marcílio Dias, em busca de

avançarem em seus conhecimentos.

Outra peculiaridade vivida por esses estudantes é que em períodos chuvosos ou com

ventos muito intensos os estudantes não podem comparecer à escola, em virtude dos

riscos para a sua segurança. Além disso, os moradores da ilha possuem calendário

festivo distinto do calendário da escola. Por esse motivo a execução das sequencias

didáticas por vezes, é comprometida, impossibilitando o desenvolvimento das

atividades no tempo planejado pelos docentes de acordo com o calendário escolar.

Uma característica relevante para a análise dos processos de ensino e aprendizagem

neste grupo de estudantes é que a maioria dos alunos e suas famílias desempenham

atividades laborativas como o artesanato, a coleta de mariscos, pesca marítima e de

coleta em regiões de manguezais, com a finalidade de comercialização para seu

sustento. Por conta dessa situação foi percebido que quando o professor propõe alguma

atividade para ser desenvolvida pelos alunos durante o final de semana, a mesma nãe é

cumprida tendo como justificativa o fato de trabalharem com a venda de tais produtos

na praia. Em consequência disso os estudantes sempre iniciam a semana com uma

aparência cansada e apática o que é interpretado, pelos docentes da escola, como

dispersão e falta de interesse pelas aulas.

Figura 1. Imagem aérea da Ilha de Maré.

2 ALGUNS ASPECTOS DO SISTEMA EDUCACIONAL NA ILHA DE

MARÉ

Page 3: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

Ao darmos início ao nosso projeto, buscando conhecer o contexto sociocultural desses

estudantes, fizemos uma visita à Ilha de Maré passando por varias localidades, como

Botelho, onde fomos bem recepcionadas pela diretora da Escola Municipal de Botelho,

que mencionou as dificuldades dos estudantes nas áreas de leitura e escrita. É

importante destacar que este fato também é observado pelos/as docentes do Colégio

Marcílio Dias. Esta escola, apesar de ser pequena, apresenta uma boa estrutura física e

um corpo docente bastante comprometidos com o desenvolvimento de seus alunos.

Na localidade de Praia Grande, fomos recepcionados/as pela diretora que é diretora da

escola que com grande esforço, está sempre empenhada a garantir benefícios para a

comunidade. Dentre esses benefícios, essa diretora conseguiu que a Associação de

Moradores cedesse seu espaço para o funcionamento da escola Nossa Senhora das

Candeias, onde funciona há doze anos. Entretanto, este espaço não é adaptado para o

aprendizado dos alunos, pois as salas são pequenas, com pouca ou nenhuma ventilação

e a escola não possui um espaço adequado para a recreação.

3 CONHECENDO O COTIDIANO DE ESTUDANTES E PROFESSORES NO

COLÉGIO ESTADUAL MARCÍLIO DIAS

Depois de conhecer de perto o contexto escolar anterior desses estudantes fomos

observar as vivencias de seu cotidiano atual no Colégio Estadual Marcílio Dias. Nestas

visitas observamos a estrutura, o perfil dos professores e os projetos existentes na

escola. Quanto ao seu espaço físico tivemos um impacto logo no portão de acesso ao

ver a identificação da escola numa placa de madeira com letras minúsculas tornando

difícil a sua visualização.

Com relação às instalações da escola, notamos a falta de laboratório de ciências, e

outros materiais didáticos que poderiam contribuir para um melhor desenvolvimento

das atividades pedagógicas. Notamos também a ausência de mesas na cantina para os

alunos tomarem seu lanche. O espaço que é destinado para o funcionamento da sala de

informática é dividido com vários outros equipamentos impossibilitando o acesso dos

estudantes. Devido a falta de outro espaço disponível na escola, a biblioteca é utilizada

para as atividades do projeto Mais Educação, o que dificulta o acesso dos estudantes aos

livros e o incentivo à leitura. A partir dessas observações pudemos perceber algumas

dificuldades enfrentadas pela escola.

Dando o primeiro passo para estreitar os laços com os alunos passamos a acompanhar

as aulas de ciências nas quais pudemos perceber vários aspectos da relação entre os

alunos e professores, dentre os quais observamos que frequentemente os alunos são

classificados pelos professores como pessoas preguiçosas, desinteressadas, e sem

objetivos entre outros. Percebemos assim, muitas dificuldades na relação entre

professores e estudantes.

4 SEQUENCIAS DIDÁTICAS

Durante os encontros formativos entre bolsistas, supervisores e coordenação do PIBID,

foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor

Antoni Zabala, que apresenta quatro modelos de sequencias didáticas. Foi feito um

estudo do texto, buscando subsídios para construção das sequências a serem aplicadas

nas turmas do Colégio Marcílio Dias.

Page 4: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

De acordo com Zabala (1998), sequências didáticas são definidas como “[...] conjunto

de atividades ordenadas, estruturadas, e articuladas para a realização de certos objetivos

educacionais que tem, um principio e um fim conhecidos tanto pelos professores como

pelos alunos.” (p.18).

No quadro abaixo, extraído de Zabala (1998, p.60), podemos observar quatro modelos

de sequências didáticas.

Tabela 1 – Modelos de sequências didáticas.

Unidade 1

1. Comunicação lição C

2. Estudo individual C P

3. Repetição do conteúdo aprendido C P

4. Prova ou exame C

5. Avaliação

Unidade 2

1. Apresentação situação problemática C

2. Busca de soluções C P A

3. Exposição do conceito e algoritmo C P

4. Generalização C P

5. Aplicação C P

6. Exercitação P C

7. Prova ou exame C P

8. Avaliação C P

Unidade 3

1. Apresentação situação problemática C

2. Diálogo professores/alunos C P A

3. Comparação pontos de vista C P A

4. Conclusões C

5. Generalizações C

6. Exercícios de memorização C P

7. Prova ou exame C

8. Avaliação C

Unidade 4

1. Apresentação situação problemática C

2. Problemas ou questões C P A

3. Repostas intuitivas ou suposições C P A

4. Fontes de informação C P A

5. Busca de informação P C A

6. Elaboração de conclusões P C A

7. Generalizações C

8. Exercícios de memorização P C

9. Prova ou exame C

Page 5: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

10. Avaliação C P A

No quadro acima a letra A corresponde a avaliação, a P à prática e a C refere-se ao

conceito.

Ainda de acordo com Zabala (1998) as sequências típicas se apresentam com as

características descritas abaixo.

Na Unidade 1 é apresentado um modelo sequencia didática em que o trabalho é

direcionado de forma tradicional. O conteúdo é exposto com o uso de lousa e as provas

são utilizadas como único método avaliativo, no qual, ao final da unidade são aplicadas

sequencias de questões referentes aos conteúdos trabalhados. Os estudantes tem certo

limite de tempo para responder o instrumento e a partir disso seu desempenho será

qualificado através de uma nota.

Na Unidade 2 é acrescentada uma problemática fazendo com que os alunos através das

suas investigações e exercitando para que busquem formas para solucionarem o

problema, porem seu conteúdo ainda é exposto no modelo tradicional do ensino.

Em se tratando da Unidade 3 é fácil a percepção da fuga do modelo tradicional de

exposição do tema a ser trabalhado na sequencia didática, quando o educador começa

interagir com os educandos sobre o tema proposto, havendo assim uma produção e

comparação entre diferentes pontos de vista, chegando ao seu objetivo alvo que é um

trabalho de memorização, tornando-se satisfatório seu desempenho final.

No que se refere a Unidade 4 é notável uma dedicação maior na construção da

sequencia a ser trabalhada na qual as atividades são desenvolvidas possibilitando a

abordagem de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. As aulas

desenvolvidas desta forma exigem maior envolvimento do aluno na busca e

aperfeiçoamento de seus conhecimentos. Neste modelo de sequência, o tema proposto

deve sempre estar relacionado com aspectos sociais que envolvam o cotidiano dos

estudantes e a temática desenvolvida, de modo a produzir reflexões e mobiliza-los na

solução dos problemas propostos.

Na unidade 4 vemos que em praticamente todas as atividades

que formam a sequência aparecem conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais, Neste caso os alunos controlam o

ritmo da sequência, atuando constantemente e utilizando uma

serie de técnicas e habilidades: diálogos, debates, trabalhos em

pequenos grupos, pesquisas bibliográficas, trabalhos de campo,

elaboração de questionários, entrevistas, etc. (ZABALA, 1998, p

61).

Pensando no perfil dos estudantes do Marcilio Dias, que apresentam um histórico de

agitação e dificuldades de concentração, de acordo com o relato de seus atuais

professores, pensamos que a sequencia didática da Unidade 4, que exige um

envolvimento maior dos estudantes, seria a mais adequada. Na escolha da sequência,

consideramos também, que neste modelo é de fundamental importância a utilização dos

conhecimentos prévios trazidos pelos estudantes, o que possibilita a valorização da sua

cultura. Neste sentido, buscamos atender também os PCN (do terceiro e quarto ciclo do

ensino fundamental de Ciências Naturais), que têm como objetivos:

valorizar a disseminação de informações socialmente relevantes

aos membros da sua comunidade; elaborar, individualmente e

Page 6: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

em grupo, relatos orais e outras formas de registros acerca do

tema em estudo, considerando informações obtidas por meio de

observação, experimentação, textos ou outras fontes; elaborar

perguntas e hipóteses, selecionando e organizando dados e

ideias para resolver problemas. (BRASIL, 1998, pp.60-61).

As orientações dos PCN concordam com as ideias de Paulo Freire sobre a utilização dos

conhecimentos prévios e do cotidiano dos estudantes, como sugerido no trecho abaixo:

Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver

em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir,

por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos

níveis de bem estar das populações, os lixões e os riscos que

oferecem a saúde das gentes. (FREIRE, 2006, p. 33).

Nesse trecho Freire enfatiza o uso do cotidiano dos alunos para trabalhar os conteúdos

de forma mais próxima ao seu cotidiano, tornando mais fácil a compreensão do assunto.

Baseado nas ideias de Freire, dos PCN e no modelo de Unidade 4 de Zabala

construímos a sequência didática desenvolvida no Colégio Estadual Marcílio Dias.

5 SEQUÊNCIA DIDÁTICA REALIZADA NO COLÉGIO ESTADUAL

MARCILIO DIAS

Assim montamos uma sequencia didática baseada no modelo de sequencia da Unidade

4 de Zabala (1998). A sequência didática denominada “Todos contra a dengue” foi

desenvolvida em todas as turmas do Ensino Fundamental II, do Colégio Estadual

Marcilio Dias na disciplina de Ciências. As atividades foram desenvolvidas com a

duração média de doze aulas, totalizando um período de quatro semanas.

Nas turmas do Ensino Fundamental II em que foram aplicadas as sequencias existe uma

diferença de faixa etária de acordo com cada série. No 6º ano encontramos crianças de

10 anos, e no 9º ano encontramos adolescentes de 16 anos, com essa diferença de

formas de interpretação, de conhecimentos e até mesmo de linguagem. Por esses

motivos mesmo trabalhamos o mesmo tema em todas as series foi necessário fazer

algumas adaptações de linguagem e também na forma de confecção das atividades

finais para conseguirmos termos um bom desempenho e resultados em todas as turmas.

5.1 Primeiro momento

Apresentação aos alunos, identificação dos moradores da Ilha de Maré e de São Tomé,

apresentação do tema da sequência, que será sobre a Dengue. Inicialmente foi feito um

levantamento junto aos estudantes, com questões orais, tentando identificar se existem

casos da doença no local onde eles vivem, se há presença de agentes de combate a

endemias, se eles sabem identificar o mosquito transmissor da doença, e como eles

poderiam contribuir para que essa situação não se agrave em sua comunidade. Essa

discussão inicial foi feita para identificar o nível de conhecimentos da turma sobre o

assunto. Desta forma, foi feita a apresentação da situação problema e o levantamento

dos conhecimentos prévios.

Neste primeiro contato, para a apresentação do tema, trabalhamos com a exibição de um

vídeo, “Todos contra a Dengue” apresentado pelo médico Dráuzio Varela, nas turmas

de 8º e 9º anos, já nas turmas de 6º e 7º ano foi exibido o filme “Turma da Mônica

Page 7: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

contra a Dengue”, essa foi uma das adaptações feitas pelas bolsistas para adequar a

atividade à faixa etária dos alunos. A partir desta metodologia, que envolve

problematização, estabelece relação com as vivências cotidianas dos estudantes e utiliza

recurso didático e tecnológico, portanto, foge das aulas tradicionais (utilizando somente

quadro, giz e livro didático) presenciadas por eles, percebemos uma maior concentração

e interesse por parte dos mesmos.

5.2 Segundo momento

Iniciamos com um questionamento feito aos estudantes sobre o nome científico do

mosquito transmissor da dengue. A problematização foi feita a partir das seguintes

questões: “Se não houvesse um nome científico como poderíamos classificar os mesmos

seres vivos em lugares diferentes, com linguagens e culturas diferentes?” A partir daí os

alunos apresentaram suas explicações, que foram debatidas em conjunto pelas bolsistas

(docentes em formação).

Em seguida, apresentamos uma breve explicação do nome científico do mosquito

Aedes aegypti, esclarecendo o porquê de haver um nome científico, (relacionando

também com outros animais e doenças), assim destacando as dúvidas apresentadas

pelos alunos, e estimulando a realização de pesquisas mais aprofundadas sobre este

tema.

5.3 Terceiro momento

Tratando-se dos sintomas da dengue no corpo humano, inicialmente foram feitas

perguntas gerais sobre os sintomas da dengue no corpo humano buscando capturar as

informações referentes aos conhecimentos prévios dos estudantes. Em seguida,

esclarecendo e ponderando sobre o que foi dito por eles, e destacando os pontos citados

no vídeo exibido, apresentamos uma cartilha informativa do Ministério da Saúde sobre

o tema. Finalizamos a atividade com uma sistematização dos sintomas gerais da dengue,

destacando as diferenças entre a dengue clássica e a dengue hemorrágica. Durante a

atividade percebemos que os estudantes conheciam apenas superficialmente alguns

sintomas, porém tinham dificuldades em diferenciar os sintomas da dengue clássica e da

hemorrágica. Consideramos, portanto, que a sistematização no final da atividade foi de

fundamental importância a compreensão mais aprofundada destes sintomas e das fases

da doença.

5.4 Quarto momento

Após cumprir as três primeiras etapas da sequência didática “Todos contra Dengue”,

sendo que todos os tópicos foram seguidos com a presença e participação dos alunos do

6º ao 9º ano começamos a etapa de construção dos cartazes. Para esta atividade os/as

estudantes foram organizados em equipes. Cada equipe enfatizou um dos pontos já

trabalhado nos outros momentos da sequência. Foram confeccionados cartazes e

folhetos informativos para serem distribuídos na escola (ANEXO III). Esta etapa da

distribuição do material produzido na escola foi importante para que a sequência

trabalhada por eles em sala tivesse repercussão e reconhecimento por todos da escola.

Desta forma buscamos atender a um dos objetivos do ensino de ciências segundo o

documento dos PCN que é “valorizar a disseminação de informações socialmente

relevantes aos membros da sua comunidade” (BRASIL, 1998 p.60).

Page 8: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

5.5 Quinto momento

Como avaliação do conteúdo, foi realizada uma atividade de produção de texto sobre a

temática estudada. Sugerimos aos alunos que desenvolvessem um texto, expondo seus

conhecimentos sobre o tema. Foi elaborada pelas bolsistas uma avaliação contendo um

breve texto falando sobre o tema, para orientar os alunos no desenvolvimento do seu

texto (ANEXO I).

6 RESULTADOS

Como a imagem que se tinha desses estudantes era a de alunos difíceis de trabalhar

devido a sua falta de interesse e sua agitação, pensamos em realizar uma atividade de

produção de texto com o tema que foi trabalhado nesta sequencia didática. O propósito

deste texto foi o de resgatar questões que foram discutidas, expostas em vídeo e a partir

dos cartazes elaborados por esses educando. Então, a partir do texto redigido pelos

estudantes pudemos avaliar o seu entendimento sobre os temas trabalhados. Além disso,

avaliamos o envolvimento e participação nas atividades propostas.

Ao colocarmos em prática essa proposta de avaliação, e ficamos apreensivas e curiosas,

diante de tantos relatos anteriores (dos professores regentes) sobre o mau rendimento

desses estudantes em suas atividades. Entretanto ao recolher estes escritos elaborados

pelos alunos ficamos agradavelmente surpresas com forma da escrita e da interpretação

apresentada por esses educandos. Tudo o que foi discutido no decorrer da sequencia

didática, a característica do mosquito, seus sintomas, a medicação a ser utilizada tudo

isso e mais coisas estava explícito naquelas folhas de oficio.

Ao analisarmos estes resultados refletimos sobre importância de utilizar materiais

didáticos diversificados, incluindo recursos tecnológicos, para despertar o interesse e

capturar a atenção dos estudantes. Além de utilizar esses materiais fizemos a relação

com o cotidiano desses alunos, através desses pontos conseguimos assim nosso

objetivo.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grupo como um todo após a análise dos resultados obtidos através da avaliação

percebeu que o rendimento e participação dos alunos foi expressivo durante todo o

decorrer das atividades desenvolvidas. Logo, concluímos que a didática escolhida foi

adequada e parece ter possibilitado uma melhor compreensão dos conteúdos e com isso

um melhor desempenho dos alunos.

Nossa percepção quanto ao rendimento dos alunos foi de que o mesmo melhorou em

relação ao apontado pelos professores regentes. Ao levarmos uma metodologia

diferenciada que incluiu exibição de um vídeo com um assunto de grande incidência em

seu cotidiano e na sociedade, conseguimos aguçar a curiosidade e o interesse de

aprendizado dos estudantes, usando também seus conhecimentos prévios e tornando de

fundamental importância sua participação na construção do processo de aprendizagem.

Por fim percebemos que o trabalho realizado através de sequências didáticas

envolvendo materiais didáticos diferentes daqueles usados pelos alunos em seu

cotidiano e estimulando a produção de matérias pelos próprios estudantes despertou nos

mesmos uma maior participação na aula. Pensamos que esta maior participação

decorreu do fato deles se perceberem como agentes principais do seu processo de

Page 9: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

construção conhecimento. Neste sentido, a aula se tornou mais agradável e a sala de

aula se tornou um local de construção, não um local onde se ouve a aula, grava, faz a

prova e esquece o assunto, como a maioria dos alunos vê. Notamos que aproximação

com o seu cotidiano também contribuiu para uma maior motivação e participação.

Através da analise que fizemos, notamos que para os alunos foi uma experiência inédita.

Eles nunca haviam participado desse processo de agente construtor de soluções para

determinados problemas a eles apresentados, percebemos isso através do entusiasmo e

participação. Os alunos algumas vezes ficavam com receio de se expressar, com medo

de errar, mas no decorrer do trabalho, a valorização de suas experiências pelas bolsistas

fez com que os mesmos perdessem os medos e se expressassem mais livremente.

O objetivo principal do PIBID é esse, trazer a experiência do cotidiano em sala de aula

para o futuro professor. Desta forma, entendemos que a experiência vivenciada através

da sequência didática trabalhada foi de fundamental relevância, para nossa formação

acadêmica e profissional. Esse contato direto com a escola e com a sala de aula é

fundamental para que tenhamos uma visão mais abrangente do trabalho docente,

considerando outros aspectos além da transmissão de conteúdos, e cumprimento de

obrigações do professor como profissional, como por exemplo, o uso de diferentes

ferramentas de ensino de ciências e também a importância da interação entre

professores e estudantes para o sucesso das atividades pedagógicas.

De acordo com a nossa avaliação, a grande contribuição do PIBID é fazer com que

essas experiências venham a colaborar de forma constante com nosso processo de

formação fazendo com que percebamos os nossos erros e acertos, sendo assim possível

um aperfeiçoamento do trabalho docente. E toda essa experiência que o PIBID nos

proporcionou a vivencia de um trabalho de muita dedicação e confiança no trabalho

descrito acima, torna-se uma fundamental ferramenta para a nossa formação como

futuras docentes nos direcionando para área de licenciatura com um trabalho

humanizado, respeitando as limitações e a cultura dos sujeitos envolvidos.

Desta forma criando uma confiança entre aluno e professor fazendo com que esse

momento ocorra uma troca reciproca de conhecimentos onde serão bem trabalhados e

conduzidos de forma profissional que não ridicularize seus conhecimentos nativos.

Como bolsistas do PIBID, também tivemos a possibilidade de trabalhar com uma forma

diferente de avaliação, na qual eles tiveram a possibilidade de descrever seus

entendimentos sobre o assunto trabalhado em questão, assim demos um tempo para o

método mais como utilizado como nota, a prova, que por sua vez vem a causar uma

tortura antecipada nos alunos e, consequentemente, não mostrando se o educando tem

domínio do assunto ou não.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:

Ciências Naturais /Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC /SEF, 1998.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.

São Paulo: Paz e terra, 2006.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 6ª. Ed, São Paulo:

Cortez. 1997.

ZABALA, Antoni. . Prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Page 10: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

TEACHING NATURAL SCIENCES TO EVERYDAY PATRIR STATE

SCHOOL STUDENTS

This article aims to highlight the important contribution of the Institutional Scholarship

Program for New Teachers (PIBID) for teaching in natural sciences integrating

undergraduate students in the professional with the purpose of collaborating in the

training of teachers. This paper reports the beginning, some difficulties faced by

students living in the Ilha de Maré, Salvador-BA, highlighting the effort exerted by these

students to come to Salvador in search of continuing their studies. From the knowledge

of this reality, the PIBID of Natural Sciences, Federal University of Bahia, proposed to

his fellows to develop teaching sequences adapted for these students in a joint work

with the science teacher conductor. Therefore, it was included in the teaching sequence

discussed in this paper, the use of Information and Communication Technologies. Thus

was developed and applied a different sequence for teaching the reality of school

students for the purpose of building a participatory class in which they could share

their local knowledge.

Key-words: Science teaching, Teacher training, Teaching sequences

Page 11: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

ANEXOS:

ANEXO I: Textos produzidos pelos estudantes.

Page 12: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta

ANEXO II: Produção de cartazes pelos estudantes.

Page 13: Ensinando Ciências Naturais a patrir do cotidiano dos ... prof/10.pdf · foi discutido o capitulo três do livro: A Prática educativa: como ensinar do autor Antoni Zabala, que apresenta