1
Estudo Técnico de Criação de Unidade de
Conservação Estadual na região da Serra da
Maria Comprida, Petrópolis-RJ
Rio de Janeiro, Julho de 2021
2
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Claudio Bomfim de Castro e Silva
Governador
Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade
Thiago Pampolha
Secretário de Estado
Instituto Estadual do Ambiente
Philipe Campello Costa Brondi da Silva
Presidente
João Eustáquio Nacif Xavier
Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas e Ecossistemas - DIRBAPE
Andrei Veiga dos Santos
Gerente de Unidades de Conservação – GERUC
Coordenação INEA
Clarice Costa Gomes Pinto - Bióloga - GERUC
Débora Rocha Aguiar Veras - Bióloga - GERUC
Eduardo Pinheiro Antunes - Geógrafo - GERUC
Equipe Executiva INEA
Andréa Franco de Oliveira - Bióloga - DIRBAPE
Ana Carolina Marques de Oliveira - Bióloga - GERUC
Bruno Cid Crespo Guimarães - Biólogo - GERUC
Eduardo Ildefonso Lardosa - Biólogo - GERUC
Gabriel Freitas de Aguiar Lardosa - Gestor Ambiental - GERGET
João Rafael Gomes de Almeida e Marins - Biólogo - GERUC
Márcio de Azevedo Beranger - Engenheiro Civil e Sanitarista - GERVINS
Paulo Vinicius Rufino Fevrier - Geógrafo - GERGET
Taís Cabral Maia - Bióloga - GERUC
Vanessa Conceição Coelho Teixeira - Bióloga - DIRBAPE
3
Colaboração
Adriana Charnaux - Voluntária - INEA/RVS Estadual da Serra da Estrela
Alba Simon - Bióloga - ALERJ/Gabinete do Deputado Carlos Minc
Aline Schneider - INEA/DIRBAPE
Anderson Rabello Pereira - Observador de aves
Arthur Prizo - INEA/DIRBAPE
Bernardo Luiz Eckhardt da Silva - Analista Ambiental – ICMBio
Daniele Izidoro - Agente de Defesa Ambiental - RVS Estadual da Serra da Estrela
Érica Melo - Gestora de UC - INEA/Reserva Biológica Estadual de Araras
Felipe Tubarão - Agente de Defesa Ambiental - INEA/Reserva Biológica de Araras
Hugo de Castro Pereira - Presidente - Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso
Igor Camacho - Canindé Birdwatching
Isabella Chamberlain - Geógrafa - INEA/DIRBAPE
Júlia Magalhães Horta - Bióloga - Prefeitura Municipal de Petrópolis
Julian Kronenberger - Guia de Montanha - Centro Excursionista Petropolitano
Leonardo Holderbaum - Agente de Defesa Ambiental - INEA/RVS Estadual da Serra da Estrela
Luana Cunha Motta - Voluntária - INEA/RVS Estadual da Serra da Estrela
Márcio Ferreira - Adjunto I - INEA/Reserva Biológica Estadual de Araras
Maria Cristina Monteiro - INEA/DIRBAPE
Paulo Bidegain - Biólogo - ALERJ/Gabinete do Deputado Carlos Minc
Raphael Logato de Oliveira - Biólogo - INEA/GERUC
Raquel Mattos - Voluntária - INEA/RVS Estadual da Serra da Estrela
Rodrigo Mayworm da Silva - Laboratórios Servier do Brasil
4
1. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................................................... 8
2. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS A UC .......................................................................................................... 9
2.1. LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 9
2.2. ACESSOS À ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................... 11
3. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS DA CRIAÇÃO DA UC .............................................................................. 12
4. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO NOME DA UC .................................................................................. 17
5. METODOLOGIA ............................................................................................................................... 17
5.1 LEVANTAMENTO DE DADOS E INFORMAÇÕES ............................................................................................... 17
5.2. CRITÉRIOS PARA DELIMITAÇÃO DOS LIMITES DA UC ...................................................................................... 20
6. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ............................................................................................................. 22
6.1. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ........................................................................................................... 22
6.1.1. CLIMA ........................................................................................................................................................ 22
6.1.2. GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA, RELEVO E SOLOS ................................................................................................. 23
6.1.3. HIDROLOGIA ............................................................................................................................................... 34
6.2. CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES BIÓTICOS .................................................................................................. 35
6.2.1. FLORA ........................................................................................................................................................ 36
6.2.2. FAUNA ....................................................................................................................................................... 40
6.3. USO E COBERTURA DO SOLO ................................................................................................................... 53
6.4 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA ........................................................................................................ 56
6.4.1. PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL ................................................................................................................ 61
6.4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AÇÕES ANTRÓPICAS NA ÁREA........................................................................................... 64
6.4.3. CARACTERIZAÇÃO FUNDIÁRIA ......................................................................................................................... 67
6.4.4. POTENCIAL PARA USO PÚBLICO ....................................................................................................................... 69
6.5. IDENTIFICAÇÃO DAS RESTRIÇÕES LEGAIS JÁ ESTABELECIDAS PARA A ÁREA DO ESTUDO ............................................ 72
6.6. IDENTIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS ................................................................................................ 75
6.7. EVENTOS CRÍTICOS E AMEAÇAS ................................................................................................................ 76
7. ANÁLISE INTEGRADA DO DIAGNÓSTICO ........................................................................................... 81
7.1. ANÁLISE KERNEL PARA DEFINIÇÃO DO LIMITE DO MONA DA SERRA DA MARIA COMPRIDA ................................... 81
7.2. CRITÉRIOS PARA INCLUSÃO ..................................................................................................................... 81
7.3. CRITÉRIOS PARA NÃO INCLUSÃO. ............................................................................................................. 83
7.4. ANÁLISE DO RESULTADO........................................................................................................................ 83
5
8. IDENTIFICAÇÃO DAS VANTAGENS PARA O MUNICÍPIO ABRANGIDO E POPULAÇÃO LOCAL ................ 85
9. IDENTIFICAÇÃO DAS OPORTUNIDADES PARA O SUCESSO DA IMPLEMENTAÇÃO DA UC ..................... 87
10. DEFINIÇÃO DA CATEGORIA DA UC .................................................................................................. 90
11. PROPOSTA DE LIMITE PARA A UC ................................................................................................... 94
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 95
13. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 96
6
Siglas e abreviaturas
ABAV Associação Brasileira das Agências de Viagem AGI Águas do Imperador
AGP Associação de Guias de Turismo de Petrópolis ANAMMA ANAMA – Associação Nacional de Secretarias Municipais de Meio Ambiente
ANP Agência Nacional de Mineração ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APA Área de Proteção Ambiental APEDEMA Assembleia Permanente das Entidades em Defesa do Meio Ambiente
APP Área de Preservação Permanente BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CBH PIABANHA Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piabanha e Sub-Bacias Hidrográficas dos Rios Paquequer e Preto - Comitê Piabanha
CBMERJ Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro CCA Câmara de Compensação Ambiental
CERHI Conselho Estadual de Recursos Hídricos CI-BRASIL Conservação Internacional
CICCA Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais CNRBMA Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
CONABIO Comissão Nacional de Biodiversidade CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CONEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente
CPAM Comando de Polícia Ambiental CPRM Serviço Geológico do Brasil CREA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
CRT Concessionária Rio-Teresópolis DER/RJ Fundação Departamento Estadual de Estadas de Rodagem
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
DRM Departamento de Recursos Minerais EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAPERJ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro FECAM Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano FEEMA Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente FIPERJ Fundação Instituto Estadual da Pesca FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente – MMA FUNASA Fundação Nacional de Saúde FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
FUNDRHI Fundo Estadual de Recursos Hídricos GAM/PMERJ Grupamento Aeromóvel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
GEF Fundo Global para o Meio Ambiente GEF Global Environmental Fund
GT Grupo de Trabalho IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IEF Fundação Instituto Estadual de Florestas
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INEA Instituto Estadual do Ambiente
INEPAC Instituto Estadual do Patrimônio Cultural IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
7
ITERJ Instituto de Terras do Estado do Rio de Janeiro IUCN União Internacional para Conservação da Natureza JBRJ Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro KfW Banco Alemão de Desenvolvimento (Kreditanstalt Für Wiederaufbau) MCF Mosaico Central Fluminense MMA Ministério do Meio Ambiente
MNRJ Museu Nacional do Rio de Janeiro MONA Monumento Natural
MONA/SMC Monumento Natural Estadual da Serra da Maria Comprida MONAPE Monumento Natural da Pedra do Elefante
MPE Ministério Público Estadual MPF Ministério Público Federal ONG Organização Não Governamental
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Pacto Pacto para Restauração da Mata Atlântica
PARNASO Parque Nacional da Serra dos Órgãos PCVB Petrópolis Convention e Visitors Bureau
PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A.
PF Polícia Federal PL Projeto de lei PM Polícia Militar
PNMMT Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis PNMP Parque Natural Municipal de Petrópolis RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica REBIO Reserva Biológica
REDE TRILHAS Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAF Sistema agroflorestal SEA Secretaria de Estado do Ambiente
SEBRAE Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa SERLA Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas
SESC Serviço Social do Comércio SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SOSMA Fundação SOS Mata Atlântica SUPPIB Superintendência Regional Piabanha – INEA / SR V
TCA Termo de Compromisso Ambiental TIBÁ Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura
TURISRIO Empresa de Turismo do Estado do Rio de Janeiro. UC Unidade de Conservação
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFF Universidade Federal Fluminense
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura Unifeso Centro Universitário Serra dos Órgãos UNIRIO Universidade do Rio de Janeiro
UPAM Unidade de Polícia Ambiental WWF World Wildlife Fund
8
1. Contextualização
Em 11 de março de 2021, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) e o
Instituto Estadual do Ambiente foram instados a se pronunciar sobre o Projeto de Lei (PL) nº
3.209/2020 (Anexo I). O PL dispõe “sobre a criação do Monumento Natural Estadual da Serra da
Maria Comprida”, no município de Petrópolis, bioma da Mata Atlântica, região Serrana fluminense e
interior da Região Hidrográfica do rio Piabanha.
Na data de 04 de abril de 2021, ficou acordado entre a instituição e o gabinete do autor do PL,
deputado Carlos Minc, que seria criado um grupo de trabalho (GT) para avaliar o documento que
avaliza a formulação do PL. Por conta da prerrogativa da instituição enquanto responsável pela
gestão de UC estaduais, coube também ao GT a elaboração do estudo técnico para criação da
unidade e a realização de consulta pública. Representantes do ICMBio (NGI Teresópolis) e da
Prefeitura Municipal de Petrópolis (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) acompanharam a
elaboração dos estudos, participando das reuniões e disponibilizando informações.
Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, em 18 de maio de 2021, a Portaria
Inea/Pres nº 1041 de 14 de maio de 2021, que cria o GT e indica um prazo de 90 dias para a
realização das atividades citadas anteriormente (Anexo II). Foi também aberto um processo
administrativo no Sistema Eletrônico de Informações - SEI/RJ nº SEI-070002/004377/2021.
Cabe destacar que o PL em questão tem apoio da população local representada por, ao menos,
vinte organizações e atores como, a Prefeitura Municipal de Petrópolis, o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, o Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, a
Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de
Montanhismo e Escalada, entre outros.
O estudo técnico é um componente obrigatório do processo de criação de uma UC, previsto no §2o
do art. 22 da Lei Federal nº 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza - SNUC). Assim, tem o objetivo de apresentar a caracterização e os aspectos técnicos
relevantes sobre a área proposta, considerando os dados disponíveis para a região de interesse.
Utilizou-se como pilar principal o documento anexo ao PL, intitulado "Subsídios para o Estudo
Técnico de Criação do Monumento Natural da Serra da Maria Comprida - MONA/SMC” (ALERJ,
2020) (Anexo III). As informações do documento foram utilizadas no estudo, acrescidas de novas
informações levantadas pelo GT, conforme descrito no item de metodologia.
Para efeito deste estudo, a área definida no PL nº 3.209/2020 é denominada de “área núcleo”,
tendo sido ainda definido um “buffer” de 3 km no seu entorno, o que resultou em uma área
aproximada 33.560 hectares, referenciada como “área de estudo” (Figura 01). A metodologia
adotada está detalhada no item 5.
O documento deverá ser publicizado no site do Inea, como etapa anterior à realização de consulta
pública, também prevista pelo SNUC. A consulta será realizada de forma virtual, em virtude das
restrições oriundas da pandemia da Covid-19.
9
Figura 01: Área de Estudo da UC proposta
2. Localização e acessos a UC
2.1. Localização
A área de estudo está localizada na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, na sua quase
totalidade, inserida no município de Petrópolis, entre os Distritos de Itaipava e Pedro do Rio, na
Região Turística da Serra Verde Imperial. Em relação aos aspectos fisiográficos, está situada no
Planalto e Escarpas da Serra dos Órgãos, conforme os Domínios Morfoestruturais do ERJ e integra
o Bioma Mata Atlântica, Região Fitogeográfica da Floresta Ombrófila Densa, e a Região
Hidrográfica do Rio Piabanha. Ela é cortada pela BR-040, RJ-123 e RJ-117.
10
O limite da UC proposto no projeto de lei (área núcleo) está parcialmente inserido na APA
Petrópolis, administrada pelo ICMBio, e parcialmente sobreposto à zona de amortecimento da
REBIO Araras, UC estadual administrada pelo Inea.
Nas adjacências da área de estudo existem diversas unidades de conservação de diferentes
esferas de governo (Figura 02 e Anexo IV).
Figura 02: Área de Estudo e UCs próximas
11
2.2. Acessos à Área de Estudo
De acordo com informações do documento apresentado pela ALERJ (Subsídios para estudo
técnico - 2020), a área proposta para a implantação da UC situa-se no município de Petrópolis,
distante 25 km do centro desta cidade, e 87 km da cidade do Rio de Janeiro, tomando a localidade
de Itaipava como ponto de referência. A principal via de acesso é a BR-040. Esta área é
circundada e/ou atravessada por estradas pavimentadas e em leito de terra (Figura 03).
Pode-se destacar:
● Ao leste: A BR-040 (Rodovia Washington Luís, entre Rio e Petrópolis, mais a frente
conhecida como Juscelino Kubitschek, entre Petrópolis e Brasília), que liga o Rio de Janeiro
a Brasília e no trecho corre por 13,3 km pelo vale do Rio Paraibuna, passando pelas
localidades de Araras, Bonsucesso, Itaipava e Pedro do Rio.
● Ao oeste: Em leito de terra, a estrada municipal, que se desenvolve no sentido sul por 14
km, em grande parte no vale do rio Fagundes, entre o entroncamento com a RJ-123,
próximo ao Sítio Humaitá e a localidade de Vale das Videiras.
● Ao sul: A RJ-117, que se prolonga por 23 km no vale do rio das Araras, conhecida
localmente como estrada Almirante Paulo Meira entre as localidades de Vale das Videiras e
Araras, e como estrada Bernardo Coutinho entre Araras e a BR-040.
Figura 03: Principais vias de acesso à área proposta para criação da unidade de conservação.
12
3. Justificativa e objetivos da criação da UC
A Mata Atlântica, originalmente, possuía 1,5 milhões de km² e estendia-se de forma contínua ao
longo da costa brasileira, penetrando até o leste do Paraguai e nordeste da Argentina em sua
porção sul (SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2016). Hoje, está dividida em fragmentos,
apresentando apenas 12,5% do tamanho original - considerando-se aqueles com mais de 3 ha -
(SOS MATA ATLÂNTICA, 2016).
O estado do Rio de Janeiro possui uma posição estratégica em termos de preservação da Floresta
Atlântica, já que apresenta um conjunto de importantes remanescentes florestais com diferentes
fitofisionomias, com um elevado grau na riqueza e endemismo de espécies de diferentes grupos de
organismos (BERGALLO et al., 2000; ROCHA et al., 2003). Essa elevada biodiversidade no estado
pode ser explicada pelas características do seu relevo acidentado e de particularidades edáficas
que promovem a ocorrência de diferentes hábitats (BERGALLO et al., 2000).
No território fluminense, cerca de 1.456.366 hectares estão inseridos em alguma forma de UC.
Entretanto, esses números ainda não são suficientes para a garantia de proteção de muitas
espécies presentes na Mata Atlântica (BERGALLO et al., 2009). Nesse contexto, o ERJ exerce
papel fundamental na conservação e restauração do bioma, devendo adotar medidas estratégicas
nas suas diferentes regiões. Dentre essas medidas, considera-se uma das mais efetivas a criação
de Unidades de Conservação, no âmbito do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (SNUC - Lei nº 9.985/2000).
Essa estratégia de proteção é a que está sendo proposta para a área objeto deste estudo, sendo
compreendida como uma oportunidade de salvaguardar as espécies presentes nos ambientes
montano, altimontano e de campos de altitude da região. Há ocorrência de espécies da flora e
fauna endêmicas, raras e ameaçadas de extinção, cabendo destaque na flora ao rabo-de-galo ou
flor-da-imperatriz (Worsleya procera), espécie endêmica dos campos de altitude locais, uma
“relíquia viva”. Mais informações sobre os atributos bióticos são apresentadas no item 6.2.
Na região foram mapeadas diversas áreas consideradas como de alta prioridade para conservação
da flora endêmica do estado do Rio de Janeiro (LOYOLA et al., 2018), conforme Figura 04. Além
disso, a área de estudo é composta por áreas prioritárias para restauração com vistas à proteção e
recuperação de mananciais (SEA/INEA, 2018), vide Figura 05.
13
Figura 04: Áreas prioritárias para conservação de flora endémica no ERJ.
14
Figura 05: Áreas prioritárias para restauração com vistas à proteção e recuperação de
mananciais.
A relevância dos ecossistemas de montanha é tão significativa que foi reconhecida pela Lei
Estadual n° 8.280, de 09 de janeiro de 2019, que “declara de relevante interesse ambiental a
conservação e a proteção dos Ecossistemas de Montanha, no território do Estado do Rio de
Janeiro, e dá outras providências”.
Ademais, a região da Serra da Maria Comprida destaca-se como um complexo de geossítios,
importante no contexto do Mosaico da Mata Atlântica Central Fluminense (LINO et al., 2007).
Caracterizada como uma cadeia montanhosa com ao menos 22 montanhas, com altitudes
superiores aos mil metros (ALERJ, 2020), conota à área de estudo um geossistema de grande
beleza cênica e de destaque para o ERJ.
O município de Petrópolis tem como uma das principais atividades econômicas o turismo, em
especial o turismo de natureza, beneficiado pelo uso direto dos recursos naturais, ou pelo simples
uso do cenário natural da região. Na área núcleo, em estudo, encontra-se o bairro de Araras e a
região do Vale das Videiras, onde se concentram os grandes atrativos, de beleza cênica pujante,
que encantam os frequentadores. Entre os atrativos naturais estão a Cachoeira das Sete Quedas e
a Cachoeira da Ponte Funda, além do amplo conjunto de montanhas e afloramentos rochosos
(Pedra Montanha da Maria Comprida, Serra das Antas, Serra das Antas cume Oeste, Pedra Morro
da Cuca, Pedra Comprida de Araras, Pedra de Itaipava, Pedra Roxa, Pedra do Capim Roxo, Morro
da Covanca, Morro da Mensagem, dentre outras). Como suporte à visitação nessas localidades,
15
existem diversos restaurantes, meios de hospedagens e estabelecimentos comerciais. No entorno
da área núcleo encontra-se o bairro de Secretário, também com vários atrativos naturais e uma
exuberante beleza cênica, além de diversos restaurantes, produtores rurais, hospedagens e
estabelecimentos comerciais beneficiários do turismo de natureza.
Nesse contexto, a região é muito procurada por turistas e praticantes de esportes e atividades ao
ar livre, em especial por montanhistas, ciclistas e por aqueles que buscam as cachoeiras. Deste
modo, a criação de uma nova unidade de conservação poderia contribuir ainda mais com o
fortalecimento da atividade do turismo (ecológico, gastronômico, cultural), potencializando negócios
e a geração de emprego e renda, além de elevar a arrecadação de impostos, dentro de uma
perspectiva sustentável.
Outro aspecto relevante a ser considerado é que parte da área em estudo apresenta grau
preocupante de suscetibilidade a deslizamentos, movimentação de massa e enxurradas,
despertando um alerta para a necessidade do controle de intervenções e ocupações nos trechos
mais sensíveis. Portanto, a criação desta UC poderá contribuir com a diminuição da ocupação e do
desmatamento das partes médias e superiores das montanhas e encostas, evitando deslizamentos
de terra e rochas que ameaçam vidas, acarretam prejuízos econômicos e materiais e assoreiam os
rios. Assim, podem ser reduzidos os riscos a bairros do entorno, sendo a UC compreendida como
um instrumento de defesa e segurança civil, caso devidamente implementada.
A área em estudo, em grande parte, já é abrangida por uma unidade de conservação federal, a
Área de Proteção Ambiental da Região Serrana de Petrópolis (APA Petrópolis), administrada pelo
ICMBio. Essa unidade foi criada pelo Decreto nº 87.561, de 13/09/1982, por meio do qual algumas
áreas da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul foram declaradas como “APAs”. A delimitação da
APA Petrópolis foi definida pelo Decreto nº 527, de 20/05/1992, o qual também criou as “Zonas de
Vida Silvestre (ZVS)”. O estabelecimento dessa tipologia de zona por decreto já teve o objetivo de
proporcionar maior proteção aos campos de altitude da APA, sendo “destinada à preservação do
habitat de espécies endêmicas, raras, em perigo ou ameaçadas de extinção”.
Na APA os incêndios florestais são recorrentes, tendo o ICMBIO (2016) ressaltado que “a criação
de mais uma UC na região poderia ajudar de forma considerável no combate e prevenção aos
incêndios, principalmente nas áreas não protegidas por UC. Tal medida seria fundamental para a
conservação de espécies ameaçadas e endêmicas localizadas nessa parte do território”.
Nesse sentido, apesar da existência da UC federal, considerando as peculiaridades e
potencialidades da região, a comunidade local ainda manifestava a preocupação em intensificar
sua proteção. Assim, a ideia de conferir uma proteção de caráter “integral” surgiu como estratégia
de garantir meios adicionais ao poder público para coibir atividades degradadoras na área, e como
meio de atender ao anseio de ser deixado um legado para as gerações futuras de “uma das mais
lindas porções da Serra do Mar”.
Dessa forma, entidades ambientalistas, grupos relacionados ao ecoturismo e esportes de
montanha, e outros atores se mobilizaram em busca de viabilizar, junto ao poder executivo e
legislativo, a criação de uma UC estadual de proteção integral, culminando na proposta do PL nº
3.209/2020.
16
Cabe ressaltar que a instituição de nova área protegida não tem, necessariamente, a intenção de
aumentar as restrições ou gerar impedimentos ao território. A área objeto da proposta já possui
restrições de uso por outras legislações e regulamentações, tais com a Lei da Mata Atlântica (Lei nº
11.428/2006), que dispões sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica; e a Lei nº 12.651/2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, estabelecendo
Reservas Legais (art. 12), Áreas de Preservação Permanente - APPs (art. 4º) e Áreas de Uso
Restrito (art.10).
Diante dos motivos expostos, a criação de uma unidade de conservação na região teria como
objetivos:
● Preservar remanescentes de Mata Atlântica, campos de altitude, vegetação associada a
afloramentos rochosos e populações de espécies da flora e fauna nativas, algumas
classificadas como raras, endêmicas e ameaçadas de extinção;
● Valorizar a beleza cênica e a geodiversidade da região e proteger os afloramentos rochosos
que formam as montanhas, picos e cumes, em especial a montanha Maria Comprida, de
destaque na Serra do Mar e uma dos mais notáveis de Petrópolis;
● Buscar maior reconhecimento pela sociedade dos serviços ecossistêmicos proporcionados
pela natureza local, assegurando sua continuidade;
● Assegurar a manutenção e qualidade de nascentes, cachoeiras, cursos e corpos hídricos,
garantindo a perpetuidade do serviço ecossistêmico de provisão de água;
● Oferecer oportunidades de visitação, recreação, interpretação e educação ambiental, bem
como de pesquisa científica, conciliadas à conservação do território;
● Reconhecer e valorizar aspectos histórico-culturais e arqueológicos da região,
principalmente os caminhos que tiveram papel protagonista na história colonial do Brasil,
tais como o Caminho Novo da Estrada Real, e a antiga Variante do Caminho Novo,
conhecido localmente como Atalho do Proença;
● Incentivar o desenvolvimento do ecoturismo, turismo rural e cultural em bases sustentáveis,
potencializando a economia local e a geração de emprego e renda;
● Incentivar a prática dos esportes de montanha, de forma consciente e sustentável;
● Fortalecer os serviços de gestão territorial, a prevenção e combate a incêndios florestais, e
a coerção de crimes ambientais na região;
● Incentivar a recuperação de áreas degradadas, com vistas a estabelecer um contínuo
florestal com outras UCs e ampliar a área de refúgio das espécies nativas;
● Incorporar mais uma UC de proteção integral ao Mosaico da Mata Atlântica Central
Fluminense, fortalecendo o Corredor Ecológico Central da Mata Atlântica no Estado do Rio
de Janeiro e a composição de áreas protegidas sob a égide da Reserva da Biosfera;
17
● Garantir a estabilidade de encostas e de áreas suscetíveis a deslizamentos, reduzindo os
riscos de assoreamentos de rios, enchentes e outros prejuízos socioambientais;
● Assegurar o aproveitamento racional e adequado do solo na unidade de conservação,
estimulando ações voltadas à adequação ambiental das propriedades inseridas nos seus
limites e no seu entorno, a adoção de práticas conservacionistas e a utilização de
tecnologias limpas no exercício das atividades agrícolas de baixo impacto.
4. Justificativa da escolha do nome da UC
O artigo 3º do Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamenta a Lei do
SNUC, estabelece que a denominação de uma unidade de conservação deve basear-se,
preferencialmente, na “sua característica natural mais significativa, ou na sua denominação mais
antiga, dando-se prioridade, neste último caso, às designações indígenas ancestrais”. A
designação indicada para o objeto de estudo atende o supramencionado requisito legal, pois utiliza
a toponímia local de “Serra da Maria Comprida”.
Esta serra guarda também relação com patrimônio histórico-cultural, pois era utilizada como
referência geográfica para o deslocamento de tropeiros que partiam do fundo da Baía de
Guanabara em direção ao interior de Minas Gerais em busca de ouro e pedras preciosas durante o
século XVIII.
5. Metodologia
5.1 Levantamento de dados e informações
O início do trabalho se deu pelo levantamento de dados secundários por meio de buscas no
Google Acadêmico. Foram pesquisados estudos de todas as naturezas realizados em locais dentro
dos limites propostos ou adjacentes. As palavras-chave utilizadas foram: “Pedra Maria Comprida”,
“Pedra João Grande”, “Morro da Mensagem”, “Serra das Antas”, “Serra das Antas Oeste”, “Pedra
Azul ou Morro do Careca”, “Morro do Palmares”, “Monte de Milho”, “Poço do Brás”, “Poço da
Rocinha”, “Travessia Araras Secretário”, “Morro Cep 70”, “Pedra da Cuca”, “Travessia Cuca
Palmares”, “Pedra Roxa”, “Estrada da Rocinha”, “Trilha do Álvaro Maluco”, “Cachoeira da Rocinha”,
“Poço da Rocinha”, “Rebio Araras”, “APA Petrópolis” e “Parnaso”. Além disso, foram feitos
levantamentos de dados secundários no acervo interno do Inea referente às pesquisas realizadas
na Reserva Biológica Estadual de Araras - RBA, constante no banco de dados do Núcleo de
Pesquisa - Nupes do Inea.
Os dados obtidos de fauna foram divididos em três grandes grupos: mastofauna (mamíferos),
avifauna (aves) e herpetofauna (anfíbios e répteis). As listas de espécies foram geradas a partir
das listas de ocorrências confirmadas nos Planos de Manejo das UCs mais próximas (APA
Petrópolis, REBIO Araras e PARNASO) e na compilação dos principais artigos científicos
publicados para essas unidades. Adicionalmente, foram feitas buscas em repositórios on-line, tais
como o GBIF (https://www.gbif.org) e Species Link (http://www.splink.org.br), adotando-se como
filtro as palavras-chave: “Petrópolis” e “Chordata”.
18
Para levantamento dos dados de mamíferos foram selecionados alguns estudos de cunho técnico-
científico de abrangência regional, para serem utilizados como base para subsidiar a lista de
espécies da área proposta para a UC. Como os estudos para a área são incipientes, a lista foi
elaborada utilizando os trabalhos dispostos na Tabela 01.
Tabela 01: Estudos de cunho técnico-científico utilizados como fonte de dados secundários para o
levantamento de dados de mamíferos na área de estudo.
Localidade Referência Riqueza (spp)
REBIO Araras Inea, 2010 apud Alves e Andriolo
(2005). 32
REBIO Araras Alves e Andriolo (2005). 9
PARNA Serra dos Órgãos Cunha (2004) 23
----- Esberad & Bergallo (2005) 1
----- Bueno & Almeida (2010) 17
PARNA Serra dos Órgãos Olifiers et al. (2007) 10
Por fim, especificamente para o grupo das aves, foram utilizadas as listas geradas em cada edição
do Programa Vem Passarinhar-RJ na REBIO Araras, bem como as listas cadastradas em
plataformas de ciência colaborativa como, por exemplo, eBird (ebird.org), Táxeus
(www.taxeus.com.br), Xeno-canto (www.xeno-canto.org), WikiAves (www.wikiaves.com.br),
Avibase (avi.base.bsc-eoe.org), desde que confirmadas como locais de observação. Na Tabela 02
são relacionamos as fontes das informações levantadas, com o número de espécies e localização.
Tabela 02: Fontes pesquisadas sobre lista de aves com possíveis registros para a área em estudo da Serra
da Maria Comprida, Petrópolis, RJ.
Referência Localidade Período Riqueza
(spp)
1. Camacho, I. (2021) Fazenda Canto do Riacho* 2019-2021 32
2. Ebird Rocio ---- 9
3. Cunha (2004) Reserva Biológica Estadual
de Araras 2013-2019 23
4. Wikiaves Reserva Biológica Estadual
de Araras ---- 1
* Fazenda localizada no interior da área de estudo
19
Para o levantamento de dados de herpetofauna foram usados, exclusivamente, os dados
referentes aos anuros registrados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos conduzidos por
CARVALHO-E-SILVA et al. (2020) e para os répteis foi utilizado GONÇALVES et al. (2007).
Para flora, foram realizadas buscas no portal do Jardim Botânico-RJ
(http://jabot.jbrj.gov.br/v3/consulta.php), utilizando como palavras-chave: “Serra da Maria
Comprida”, “Pedra Maria Comprida”, “Pedra João Grande”, “Morro da Mensagem” e “Serra das
Antas”. Também foram consultadas as publicações do CNC Flora: Áreas Prioritárias para
Conservação da Flora Endêmica do estado do Rio de Janeiro (LOYOLA et al., 2018), Lista da Flora
das Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro (MAURENZA et al., 2018) e Livro
Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro (MARTINELLI et al., 2018). Foram
também compilados dados de ocorrência de espécies ameaçadas, fornecidos pela equipe da APA
Petrópolis. Destaca-se que todos os dados levantados passaram por processo de vetorização em
ambiente de SIG e, com isso, foi possível uma melhor aferição das ocorrências das espécies de
flora, em relação aos limites definidos para a área de estudo. Obteve-se, assim, uma listagem geral
das espécies e sua classificação como endêmica do estado do Rio de Janeiro, bem como em
relação aos graus de ameaça.
Para caracterização dos aspectos físicos e socioeconômicos, além das pesquisas gerais no
Google, foram acessados portais de instituições conhecidas como CPRM, ICMBio, Inea (Plano de
Manejo Rebio Araras e GEOInea), IBGE (Cidades@) e Prefeitura Municipal de Petrópolis. As
palavras-chave utilizadas foram: “Geologia do ERJ”, “Geomorfologia do ERJ”, “Geomorfologia do
município de Petrópolis”, “Carta Geomorfológica do Município de Petrópolis”, “Suscetibilidade
movimento de massa Petrópolis”, “Socioeconomia de Petrópolis”, ONGs de Petrópolis”.
Em relação ao mapeamento de cobertura vegetal e uso da terra, foram definidas as seguintes
classes a serem mapeadas: vegetação secundária em estágio avançado e médio (VGAM),
vegetação secundária em estágio inicial (VGSI), vegetação rupícola, campos de altitude,
silvicultura, afloramento rochoso, água, pastagem, área antrópica, urbano (área urbana de média e
baixa densidade). As classes de mapeamento adotadas relativas à floresta – VGSI e VGAM têm
como referência a lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428 de 22/12/2006). A escala de produção do
mapeamento definida foi 1:10.000, a de saída do produto 1:25.000, e a área mapeada
correspondeu à área de estudo adotada no presente documento. Este mapeamento foi realizado
na plataforma Google Earth Engine, usando classificação direcionada ao objeto e metodologia
multiresolução, utilizando-se imagens WorldView 2 e 3 do ano 2019, com bandas do visível e com
resolução degradada para 2.5 m, e imagens sentinel 2021 com imagens do visível e infravermelho.
Para otimização do processo foi utilizado o mapeamento das classes do CAR como máscaras de
classe genéricas com a finalidade de detalhá-las a posteriori com as imagens supracitadas. O
método de mapeamento utilizado no Google Earth Engine foi o de classificação Suport Vector
Machine (SVM). Para a classificação dos campos de altitude, foram selecionadas áreas acima de
1.800 metros no SRTM 30 metros, disponível na plataforma utilizada, e foram cruzadas com as
classes de mapeamento rupícola, VGSI, afloramento e pastagem, reclassificando-as, assim, como
campos de altitude.
Os dados referentes aos processos de licenciamento estadual foram retirados do Sistema de
Consulta Unificada de Processos (http://200.20.53.7/SCUP/ ), disponíveis na extranet e site do
Inea, que disponibiliza a listagem de processos físicos e digitais da instituição. Para obter os
20
processos para a área proposta para a UC, foi realizada consulta por filtragem do campo
"município" para a opção Petrópolis, e foi obtida listagem de todos os processos cadastrados
naquele município (1.914). Desta tabela bruta, foram extraídos os dados para os processos de
instrumentos vigentes e processos com requerimentos abertos. Os processos com instrumentos
emitidos (vencidos) não foram computados. Para obtenção dos pontos espacializados das licenças
vigentes, foi necessário efetuar consulta em cada processo e seus respectivos documentos
(relatório de vistoria, parecer técnico, entre outros), a fim de localizar as coordenadas de
referência/endereço de cada empreendimento. Cumpre ressaltar que os processos de Certidão de
Inexistência de Dívidas (DIPOS) e Certificado de Credenciamento de Laboratórios (DISEQ) não
foram considerados.
No que se refere a dados relacionados ao uso público e demais atividades de visitação e turismo,
foram feitas buscas nos sites da Prefeitura de Petrópolis (https://www.petropolis.rj.gov.br), da
TurisPetro (https://www.petropolis.rj.gov.br/turispetro/), do Petrópolis Convention & Visitors Bureau
(http://www.visitepetropolis.com/), da empresa de jornalismo e mídia digital independente SOU
Petrópolis (https://soupetropolis.com/), do Polo Gastronômico e Turístico de Secretário
(http://visitesecretario.com.br/), da Revista Brasileira de Ecoturismo
(https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo), da EMBRATUR (https://embratur.com.br), da
ABETA (http://abeta.tur.br), do Guia de Escalada de Petrópolis
(https://guiadepetropolis.wordpress.com), da FEMERJ (http://www.femerj.org) e do Centro
Excursionista Petropolitano (http://www.petropolitano.org.br/), além de contatos com representante
do ICMBio / APA Petrópolis, Bernardo Luiz Eckhardt da Silva, e com guias locais e montanistas
como Julian Kronemberger (Centro Excursionista Petropolitano), Hugo de Castro (Rede Brasileira
de Trilhas de Longo Curso) e Leonardo Holderbaum (guia local e agente ambiental do Refúgio de
Vida Silvestre Estadual da Serra da Estrela).
5.2. Critérios para delimitação dos limites da UC
Os limites das Unidades de Conservação são definidos, basicamente, por meio da análise de dois
conjuntos de dados. O primeiro conjunto reúne as camadas da base cartográfica de fé pública, com
o melhor nível de detalhamento disponível para a região. São elas: hipsometria, cursos d’água,
divisor de águas, talvegues, arruamentos, trechos rodoviários, entre outros. O segundo grupo
contempla os dados temáticos reunidos a partir de diversas fontes, tais como projetos já realizados
na região, bancos de dados espaciais existentes em outras instituições de administração pública
(prefeitura), dados alfanuméricos cadastrados em banco de informações etc.
Após amplo levantamento de dados e análises geoespaciais, o limite da UC objeto do estudo foi
proposto com base nos critérios da Tabela 03 a seguir:
Tabela 03: Critérios utilizados na análise para definição do limite da unidade de conservação
Critérios para inclusão
Dados Camadas
APPS
Declividade (maior que 45°)
Topo de Morro
Áreas acima de 1800 metros
21
Nascente (50m)
Restrição Uso Restrito (Lei 12.651/2012)
Suscetibilidade
Enxurrada
Corrida de Massa
Movimento de Massa
UCs ZVS APA Petrópolis
ZPP3 e ZPC3 APA Petrópolis
Uso Público Atrativos
Flora
Espécies Ameaçadas
Espécies Endêmicas
Áreas Prioritárias Ottobacias (Prioridades)
Uso e Cobertura
Vegetação em Estágio Médio Avançado
(Médio e Clímax), Afloramento rochoso,
Rupícola e Campos de Altitude.
Critérios para exclusão
Dados Camadas
UCs RPPN (municipais, estaduais e federais)
Licenciamento Licenças Municipais (SEMA Petrópolis)
Licenças Estaduais
ITERJ Assentamentos
Comunidades Quilombolas
Uso e Cobertura Silvicultura e áreas Urbanas.
Ocupação urbana Áreas edificadas identificadas nas imagens
de satélite
Critérios para ajustes nos limites
Dados Camadas
Instrumentos do
Licenciamento ambiental
estadual
Outorgas (Superficiais e Subterrâneas)
Uso Público Trilhas e Travessias
CAR Reserva Legal e Áreas Consolidadas
Proposta de
Macrozoneamento -
Prefeitura de Petrópolis
Áreas Urbanas
UCs Demais Zonas da APA Petrópolis
Flora Dados de Flora em geral
22
6. Caracterização da área
6.1. Caracterização do meio físico
6.1.1. Clima
O Clima no município de Petrópolis é classificado como tropical de altitude, com verões úmidos e
quentes e invernos secos e relativamente frios. Apresentam médias de temperatura entre 22ºC e
24ºC e, em anos mais frios, de 19ºC caindo para menos de 10ºC. As precipitações totais anuais
são da ordem de 2.000 mm (INEA, 2010). Segundo PMP (2014), o Instituto Nacional de
Meteorologia indica que a menor temperatura historicamente registrada foi 0,7°C, no dia 2 de
agosto de 1955, e a maior temperatura registrada foi 36,6°C, no dia 6 de novembro de 2009. Na
figura abaixo (Figura 06) está representada a média de temperatura e chuvas calculada com base
na série histórica de 30 anos de observação, conforme disponibilizado no site do Climatempo.
Figura 06: Climatologia de Petrópolis. Fonte: https://www.climatempo.com.br/climatologia/317/petropolis-rj
Por conta da barreira orográfica das Serras dos Órgãos e Araras que se interpõe diretamente entre
a localidade de Araras e a Baixada Fluminense, ficam presentes as características de
estacionalidade pertinente ao clima tropical de altitude. Já a barreira composta pela Serra da Maria
Comprida, localizada ao norte do município, cumpre a função de isolar a região de Araras da
continentalidade imposta pelo Vale do Paraíba e Minas Gerais, que poderia aquecer mais a área
em questão (INEA, 2010). O resultado desta situação especial gera um mesoclima bem
característico e isolado para a região.
De uma forma geral, o município de Petrópolis permanece a maior parte do ano sob o domínio da
Massa Tropical Atlântica, originada da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Essa massa possui
23
como características temperatura e umidade elevadas. O regime de chuvas presente na região
obedece aos sistemas de correntes perturbadas de sul (frente fria) e de correntes perturbadas de
oeste. A elevada pluviosidade anual de Petrópolis, de cerca de 2500 mm a 3000 mm, é compatível
com a pluviosidade anual da Amazônia. O período chuvoso estende-se de novembro a março e o
mês mais seco é julho. A umidade relativa é estável, de um modo geral, mantendo-se próxima aos
80% (INEA, 2010 e PETRÓPOLIS, 2021).
Ocorre retenção de nevoeiros no inverno, e neblina no verão e no inverno, que também
caracterizam a climatologia no município de Petrópolis. Por ocasião da chegada de frentes frias,
costumam ocorrer as chamadas virações, quando as massas frias e úmidas de ar se chocam com
a serra e formam grossas nuvens que atravessam as montanhas e provocam bruscas quedas de
temperatura e intensas sensações térmicas de frio. Geadas, no entanto, não são noticiadas, salvo
nos redutos situados acima dos 1.200 m (INEA, 2010).
6.1.2. Geologia, geomorfologia, relevo e solos
O Estado do Rio de Janeiro (ERJ) caracteriza-se por uma grande geodiversidade, constituindo uma
profusão de tipos de paisagens e formas diferenciadas de relevo (ALERJ, 2020). Geologicamente,
a parte sul da Região Sudeste apresenta-se dominada pelo imenso escudo pré-cambriano, onde
ocorrem rochas das mais antigas da Terra e que, possivelmente, nunca estiveram submersas. Tal
escudo, classificado como Domínio da Serra do Mar, falhado e fraturado, apresenta uma borda
meridional escarpada que ressalta na Serra dos Órgãos, separada da linha do litoral atual por
planícies e por isoladas elevações remanescentes de intensa e longa ação do intemperismo
(SILVA, 2001 e INEA, 2010).
A geologia local tem estrutura rochosa do Proterozóico (560 milhões de anos) do grupo
denominado Suíte Serra dos Órgãos, com as Unidades Serra dos Órgãos e Santo Aleixo (SILVA,
2001). A primeira unidade é configurada por rochas Hornblenda-biotita granitóide de granulação
grossa e composição expandida de tonalítica a granítica, composição cálcio-alcalina (SILVA, 2001
e ALERJ, 2020). Texturas e estruturas magmáticas preservadas com foliação tangencial em estado
sólido superimposta. Localmente, podem ser observados enclaves e paleodiques anfibolíticos. Já a
Unidade Santo Aleixo compreende fácies marginal do Batólito Serra dos Órgãos constituída por
granada-hornblenda-biotita granodiorito, rico em xenólitos de paragnaisse parcialmente fundido e
assimilado (migmatito de injeção). Intrusões tardias de leucogranito tipo-S são comuns. Ocorre
ainda uma pequena exposição de granadas da Suíte Serra das Araras (IBAMA, 2009 e ALERJ,
2020).
As barreiras orográficas da Serra dos Órgãos e das Araras, citadas anteriormente, se erguem a
altitudes de mais de 2.000 m entre Petrópolis, Teresópolis e Miguel Pereira e são parte de um
antiquíssimo afloramento de gnaisse e granito que, ainda hoje, é caracterizado por uma
heterogeneidade topográfica marcante. As circunvoluções das curvas de nível são indescritíveis e
os afloramentos rochosos íngremes são comuns em toda a região (INEA, 2010 e SILVA, 2001).
De acordo com PETRÓPOLIS (2021), as rochas pertencentes ao complexo granítico – gnáissico -
migmatítico são predominantemente encontradas na região e nelas são encontradas,
frequentemente, fraturas e falhas de extensão regional, com fortes consequências na topografia.
24
Por conta disso, as características gerais do relevo do município são determinadas por um mesmo
padrão de fraturamento e posição em relação à escarpa principal (limite meridional do domínio
serrano). Dessas características resultaram solos objetos de sucessivas fases erosionais, com
intensa remobilização de blocos graníticos, agravadas pela presença de vales alongados,
segmentos de drenagem retilíneos, maciços graníticos circundados por camadas de solo,
relativamente pouco espessas (PMP, 2014). Por conta do descrito, as encostas de toda a região
são afeitas a movimentos de massa, especialmente escorregamentos, o que recomenda especial
atenção aos processos de ocupação antrópica, desmatamento e localização de culturas agrárias.
Importante destacar que essas estruturas geológicas regionais desempenham um importante papel
na organização da rede de drenagem e na formação do relevo municipal. Dessas características
resultaram solos objetos de sucessivas fases erosionais, com intensa remobilização de blocos
graníticos, agravadas pela presença de vales alongados, segmentos de drenagem retilíneos,
maciços graníticos circundados por camadas de solo, relativamente pouco espessas. Por conta do
descrito, as encostas de toda a região são afeitas a movimentos de massa, especialmente
escorregamentos, o que recomenda especial atenção aos processos de ocupação antrópica,
desmatamento e localização de culturas agrárias (DANTAS et al, 2000 e DANTAS, 2003).
De acordo DANTAS et al. (2000) a notável diversificação do cenário geomorfológico do estado
deve ser compreendida através de uma singular interação entre aspectos tectônicos e climáticos,
que delinearam sua atual morfologia. O estado do Rio de Janeiro, na escala 1:250.000, pode ser
compartimentado em duas unidades morfoestruturais: o Cinturão Orogênico do Atlântico e as
Bacias Sedimentares Cenozóicas. Petrópolis está inserido no primeiro compartimento. Este se
subdivide em 07 (sete) unidades morfoesculturais: Maciços Costeiros e Interiores; Maciços
Alcalinos Intrusivos; Superfícies Aplainadas nas Baixadas Litorâneas; Escarpas Serranas;
Planaltos Residuais; Depressões Interplanálticas; Depressões Interplanálticas com Alinhamentos
Serranos Escalonados (DANTAS et al., 2000) (Figura 07), estando o município de Petrópolis
inseridos na 4ª, 5ª e 6ª unidade (Figura 08). A Figura 09 representa o perfil topográfico
esquemático do município de Petrópolis de acordo com a compartimentação
morfoestrutural/morfoescultural em, onde se pode notar que a área de estudo encontra-se, em sua
maior parte, no compartimento Planaltos residuais.
25
Figura 07: Unidades Morfoesculturais do ERJ. Fonte: SHINZATO et al., 2017
Figura 08: Unidades Morfoesculturais presentes em Petrópolis. Fonte: SHINZATO et al., 2017
26
Figura 09: Perfil topográfico esquemático do Município de Petrópolis. Fonte: SHINZATO et al., 2017
A Unidade Morfoescultural Escarpas Serranas, presente no município de Petrópolis, compreende
um conjunto de escarpas montanhosas fortemente alinhadas sob direção WSW-ENE, compostas
pelas serras do Mar e da Mantiqueira. A escarpa da serra do Mar atravessa praticamente todo o
território do estado do Rio de Janeiro numa direção WSW-ENE, acompanhando o “trend” estrutural
do substrato geológico. No reverso da escarpa serrana, observa-se algumas zonas planálticas, de
relevo montanhoso, tais como o planalto, o planalto reverso da Região Serrana e a própria Serra
do Desengano, também englobados nessa subunidade. Os escarpamentos serranos apresentam
sérias limitações frente à ocupação humana. Devido a este fato, boa parte desses escarpamentos
apresentam ainda extensas áreas de Mata Atlântica preservadas, sendo algumas protegidas por
lei, como é o caso dos Parques Nacionais do Itatiaia, da Serra da Bocaina, da Serra dos Órgãos e
do Desengano.
As escarpas serranas apresentam, em geral, solos pouco espessos (Cambissolos) e bastante
lixiviados (Latossolos Vermelho-Amarelos álicos), devido a um clima bastante úmido proporcionado
pela barreira física imposta ao avanço dos sistemas frontais (efeito orográfico), conforme descrito
anteriormente. As zonas mais elevadas dessas escarpas e das zonas montanhosas, constituídas
por solos rasos ou paredões subverticais rochosos, evidentemente, devem ser mantidas
preservadas (DANTAS et al., 2000 e INEA, 2010). Esta unidade apresenta, de acordo com INEA
(2010) as seguintes limitações: terrenos escarpados de alta declividade. Ocorrência de depósitos
de tálus com baixa capacidade de carga, e afloramentos de rocha. Alta suscetibilidade a processos
de erosão e movimentos de massa. Solos, em geral, pouco espessos e de baixa fertilidade.
Inadequado para urbanização, agricultura e pecuária. Potencial hidrogeológico baixo a nulo e
mineral para água mineral e rocha ornamental. Sua área apresenta grande beleza cênica,
indicadas para turismo de baixa densidade e possui áreas de mananciais.
Outra unidade morfoestrutural presente na maior área do município são os Planaltos residuais que
representam os terrenos montanhosos e amorreados, de amplitude de relevo elevada, localizados,
em geral, no reverso das escarpas serranas. De acordo com DANTAS et al. (2000) ocorrem,
subordinadamente, compartimentos colinosos no interior da zona planáltica. Trata-se de superfícies
residuais, soerguidas por tectônica, e que resistiram aos processos erosivos e de aplainamento
atuantes durante o Cenozóico Superior, configurando-se, portanto, nos terrenos mais elevados no
estado. Esses planaltos residuais associam-se a superfícies de erosão mais antigas que as que
modelaram as depressões interplanálticas ou as superfícies aplainadas junto às baixadas
27
litorâneas. As zonas planálticas apresentam características morfológicas muito diferenciadas,
sendo definidas, predominantemente, pelos sistemas de relevo Domínio Colinoso, Domínio de
Morros Elevados ou Domínio Montanhoso. Caracterizam-se por relevos colinosos de baixa
amplitude de relevo, alternados com tipos de relevos mais movimentados com morros mais
elevados, degraus estruturais ou zonas montanhosas que se sobressaem em relação à superfície
colinosa regional. Apresentam vertentes de gradientes suaves a médios, ou elevados, nas áreas de
relevo acidentado, frequentemente recobertas por colúvios. Possuem densidade de drenagem alta
e padrão dendrítico a treliça.
O município de Petrópolis, em sua maior parte, está inserido na unidade geomorfológica de
Planalto Reverso da Região Serrana (Serra dos Órgãos). Numa direção N-S, do núcleo urbano de
Petrópolis até a localidade de Posse, toda a região pertencente a esta unidade está englobada por
relevos acidentados e de elevada amplitude de relevo do Domínio Montanhoso. Esse fato pode
estar relacionado à presença de marcantes estruturas de direção SSW-NNE, que controlam os
principais canais da região, tais como os rios Fagundes, Pequeno, da Maria Comprida e Piabanha,
todos tributários do rio Paraíba do Sul. Essas estruturas parecem se comportar como patamares
estruturais que elevam e alargam progressivamente a zona montanhosa até o vale encaixado do
rio Piabanha.
Dessa forma, segundo DANTAS et al. (2000), os alinhamentos das serras de Miguel Pereira e do
Facão, de direção WSW-ENE, localizados a oeste do vale do rio Fagundes, apresentam cristas
com cotas entre 1.000 e 1.200m, enquanto os alinhamentos das serras das Araras e do Taquaril,
de mesma direção, localizados a leste do vale do rio Fagundes, apresentam cristas com cotas
superiores a 1.400m e picos que atingem quase 2.000m (Pico da Maria Comprida – 1.926m; Pico
da Maria Antônia – 1.869m). Estruturas de direção W-E e WSW-ENE também são relevantes nesse
trecho do planalto, controlando os rios das Araras e da Cidade, respectivamente. Destacam-se,
nesse setor do planalto, os núcleos urbanos de Petrópolis, Itaipava, Pedro do Rio e Posse, todos
no vale do rio Piabanha.
A última unidade morfoescultural encontrada no município de Petrópolis é a Depressão
Interplanáltica que representa os terrenos colinosos de baixa a média amplitude de relevo,
embutidos entre zonas planálticas ou alinhamentos serranos ao longo do estado do Rio de Janeiro.
DANTAS et al. (2000) indica que esta unidade, de acordo com estudos renomados, os seus
terrenos constituintes, foram originados, em termos gerais, por influência de rebaixamento
tectônico a partir da abertura do oceano Atlântico e do soerguimento das cadeias montanhosas das
serras do Mar e da Mantiqueira durante o final do Cretáceo e o Terciário. Trata-se de um extensa
unidade caracterizada por colinas, morrotes e morros baixos com vertentes convexo-côncavas de
gradiente suave a médio e topos arredondados ou alongados e nivelados. Esse relevo foi
caracterizado por AB’SABER (1966) no médio vale do rio Paraíba do Sul como a área-tipo do
domínio morfoclimático dos mares de morros, conforme indicado em DANTAS et al. (2000).
As unidades descritas a seguir são definidas, predominantemente, pelos sistemas de relevo
Domínio Suave Colinoso e Domínio Colinoso, constituídas por um relevo uniforme de colinas e
morros baixos, frequentemente recobertos por colúvios. A unidade morfoescultural em tela
apresenta, de acordo com DANTAS et al. (2000), uma média densidade de drenagem com padrão
dendrítico a treliça. Os domínios supracitados apresentam, em geral, um médio potencial de
28
vulnerabilidade a eventos de erosão e movimentos de massa, devido às amplitudes de relevo,
geralmente baixas, e aos gradientes suaves a médios do relevo colinoso dominante. Não há
evidências de ravinamentos ou voçorocamentos nas vertentes colinosas, exceto no médio vale do
rio Paraíba do Sul. Essas áreas caracterizam-se por uma extensa zona de pecuária extensiva, com
esparsos remanescentes de cobertura florestal.
Em sua porção leste, a unidade geomorfológica presente no município é a Depressão
Interplanáltica do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul. Ela consiste numa depressão embutida entre
alinhamentos serranos escalonados do médio vale do rio Paraíba do Sul e o reverso montanhoso
do planalto da Região Serrana, no reverso da escarpa das serras de Paracambi e Miguel Pereira.
Esse trecho da depressão é menos extenso e alinhado na direção estrutural WSW-ENE.
Caracteriza-se também por um domínio colinoso no eixo da depressão, por onde segue o rio
Paraíba do Sul, e por um relevo de morrotes e morros baixos, em direção aos terrenos elevados
circundantes. A área também é drenada por tributários da margem direita do rio Paraíba do Sul,
como os rios Alegre, Ubá e Matozinhos. Os baixos cursos dos rios Fagundes e Piabanha também
atravessam a região. Próximo a Três Rios, os canais principais não seguem mais a direção
preferencial WSW-ENE e passam a seguir direções controladas por estruturas SSW-NNE ou SE-
NW, como demonstram os vales estruturais dos rios Fagundes e Piabanha (DANTAS et al., 2000).
A Carta Geomorfológica de Petrópolis foi elaborada no âmbito do Programa Cartas Municipais de
Suscetibilidade a Movimentos de Massa, Enxurradas e Inundações (escala 1:25.000) pelo Serviço
Geológico do Brasil (CPRM) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) (SHINZATO et al.,
2017), cujas ações estão inseridas no Plano Nacional de Gestão de Risco e Respostas a
Desastres Nacionais. O Plano é estabelecido pela Lei nº 12.608/2012, que gere a Política Nacional
de Defesa Civil. De acordo com a Carta, a área de estudo está inserida em 08 padrões de relevo
(Figura 10), que são: Planícies de Inundação (Várzea) (R1a), Terraços Fluviais (R1b1), Rampa
Alúvio-Colúvio (R1c1), Rampas Colúvio/ Depósito de Tálus (R1c2), Morros Baixos (R4a2), Morros
Altos (R4b1), Domínio Serrano (R4c1) e Domínio Alto Serrano (R4c2). Desses padrões os que
predominam na área de estudo são o Domínio Alto Serrano (12,64%), Morros Altos (29,75%),
Domínios Serranos (37,79%), conforme indicado na Tabela 04. Cerca de 7,21% da área de estudo
não tem informação sobre padrão de relevo, pois o estudo só foi realizado para Petrópolis, já que a
área núcleo está integralmente inserida neste município.
29
Figura 10: Padrões de Relevo - Município de Petrópolis
30
Tabela 04: Percentual de classes de padrão de relevo na área de estudo e área núcleo (proposta pela ALERJ)
CÓDIGO PADRÃO DE RELEVO PERCENTUAL NA
ÁREA ESTUDO (33559,72 ha) (%)
PERCENTUAL NA ÁREA NÚCLEO
(10032,92 ha) (%)
R4c2 Domínio Alto Serrano 12,64 37,2
R4c1 Domínio Serrano 37,79 48,95
R4b1 Morros Altos 29,75 9,95
R4a2 Morros Baixos 1,49 0,008
R1a Planícies de Inundação
(Várzea) 2,53 0,007
R1c1 Rampas Alúvio-Colúvio 3,03 0,37
R1c2 Rampas Colúvio/ Depósitos
tálus 5,54 3,515
R1b1 Terraços Fluviais 0,02 -
Área sem classificação 7,21 -
A seguir apresentaremos a descrição dos padrões mais representativos encontrados na área de
estudo, conforme indicado em SHINZATO et al., 2017.
● R1c2 - Rampas de Colúvio/ Depósitos de Tálus – Superfícies deposicionais fortemente
inclinadas constituídas por depósitos de encosta, de matriz areno-argilosa a argilo-arenosa,
rica em blocos, muito mal selecionados, em interdigitação com depósitos suavemente
inclinados das rampas de alúvio-colúvio. Ocorrem, de forma disseminada, nos sopés das
vertentes íngremes das serras e escarpas. Altitude Variável, Declividade 5-10o 9-18%;
● R4c1 - Domínio Serrano – Relevo de aspecto montanhoso, muito acidentado, apresentando
vertentes retilíneas a côncavas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente
arredondados, com sedimentação de colúvios e tálus. Alta densidade de drenagem.
Predominam vertentes de gradientes elevados com ocorrência esporádica de paredões
rochosos subverticais e pães-de-açúcar. Altitude >300m, 20-45º e 36-100%;
● R4c2 - Domínio Alto Serrano – Relevo de aspecto montanhoso, muito acidentado,
apresentando vertentes retilíneas a côncavas e topos de cristas alinhadas ou aguçadas,
com sedimentação generalizada de colúvios e tálus. Alta densidade de drenagem.
Predominam grandes despenhadeiros, gradientes elevados com ocorrência esporádica de
31
paredões rochosos subverticais e pães-de-açúcar. Altitude >700m, com picos acima de
1.500 metros. 30-45o e 58-100%;
● R4b1 - Morros Alto – Relevo de morros de geometria convexo-côncava, fracamente
dissecados. Caracteriza-se por um relevo movimentado com vertentes de gradientes
médios a elevados e topos arredondados a aguçados. Densidade de drenagem moderada a
alta com padrão subdendrítico a treliça. Altitude de 80 a 250 m, 10-35o 18-70%.
A carta de suscetibilidade a movimento de massa (SHINZATO et al., 2017) indica que existe
predomínio significativo de deslizamentos nas classes alta e média (Figura 11), perfazendo juntos
83,51% da área referente ao município presente na área de estudo. Os 7,21% da área de estudo,
referentes a outros municípios, não foram mapeados. Já a área classificada como de alta
suscetibilidade a inundação representa 70,47% (826,62 ha) da área mapeada, como ilustrado na
Figura 12, concentrada nos rios Piabanha, Maria Comprida e Fagundes. Esses dados são
indicativos de que a região é sensível ao uso antrópico, sendo indicada a manutenção da cobertura
vegetal de forma a não prejudicar núcleos urbanos inseridos na área de estudo e a montante.
Figura 11: Suscetibilidade a movimento de massa na área de estudo
32
Figura 12: Suscetibilidade a inundação na área de estudo
De uma forma bem sucinta, pode-se afirmar que o relevo básico de quase toda a área do município
de Petrópolis é fortemente ondulado. Sucedem-se as encostas que, mesmo cobertas por solos
desenvolvidos, são altamente declivosas e instáveis. Há muitas áreas intemperizadas pelo clima
tropical e essas encostas exibem com frequência encontro entre camadas laminares de gnaisse
abaixo, e camadas de matacões de granito acima. Os resultados na paisagem são encostas
heterogêneas onde os referidos pedregulhos se debruçam temerariamente sobre altíssimos
paredões monolíticos. Essa disposição característica costuma proporcionar dois resultados a
saber: se ainda em curso, essa disposição de materiais acarreta grandes riscos geotécnicos, já em
fase final, encontram-se numerosos matacões rolados nas bases dos morros, enriquecendo a
paisagem e contendo características de comunidades de plantas rupícolas sobre suas cristas
(INEA, 2010).
No que se refere a montanhas e picos, os subsídios para criação da UC apresentados pela ALERJ
(2020) indicam que a área de estudo apresenta mais de 22 picos acima dos 1.000m de altitude,
dos quais 15 acima de 1.500m, conforme a Tabela 05. Maria Comprida é uma montanha de
destaque (1.926m), exibindo amplos paredões rochosos quase verticais que superam os 1.200
metros de altitude, enquanto o Morro do Cuca está a 1.860 metros acima do nível do mar (Figura
33
13). As vertentes sul e oeste de seu cume redondo terminam abruptas em paredões de rochas
nuas com declividade de até 80 graus (ALERJ, 2020).
Figura 13: Montanhas e Morros presentes na área de estudo. Fonte: Fotografia de Hugo de Castro Pereira
(ALERJ, 2020)
34
Tabela 05: Picos acima dos 1.000m de altitude
Fonte: ALERJ (2020)
6.1.3. Hidrologia
O município de Petrópolis está situado parcialmente na Região Hidrográfica (RH) IV - Bacia do
Piabanha, cuja sede fica no município de Petrópolis e parcialmente na RH V – Baía da Guanabara.
A cidade é banhada pelos rios Piabanha, Quitandinha e Palatino. A rede hídrica que banha
Petrópolis corre encaixada nos fundos dos vales e é estruturada pelo Rio Piabanha, que nasce na
Serra da Estrela, na fralda ocidental do penhasco do Retiro (PMP, 2014).
A área de estudo situa-se na bacia do rio Piabanha, afluente da margem direita do rio Paraíba do
Sul. A bacia do rio Piabanha tem uma área de drenagem de 2.065 km², abrangendo quatro
municípios fluminenses – Areal, Petrópolis, Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto, onde
vivem cerca de 400 mil pessoas. O rio Piabanha, com 80 km de extensão, passa a leste da área de
estudo, correndo no sentido norte em curso meandrante, sempre ao lado da estrada BR-040,
implantada em seu estreito vale. O principal afluente do Piabanha é o rio Paquequer, de 75 km de
curso, que banha Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto. Esta é uma das bacias entre as
grandes sub-bacias formadoras do rio Paraíba do Sul que apresenta a maior cobertura florestal,
estimada em mais de 20% de suas terras, onde estão os mais expressivos remanescentes da Mata
Atlântica (INEA, 2010 e ALERJ, 2020).
Na área de estudo os principais cursos d’água descem, segundo ALERJ (2020), em três direções:
35
● Norte - rio Maria Comprida nasce no flanco norte da Montanha da Maria Comprida e
desagua no rio Fagundes, assim como seus afluentes, os córregos do Barro Preto e do
Capim-Roxo, o Ribeirão Retiro das Pedras, contribuinte do rio da Prata, que deságua no rio
Piabanha, na localidade de Pedro do Rio, e o rio Pequeno, que nasce no sopé oeste da
Serra da Maria Comprida, que deságua no rio Fagundes;
● Leste - riachos que deságuam diretamente na margem esquerda do rio Piabanha, como o
córrego Manga Larga;
● Sul - pequenos afluentes da margem esquerda do rio das Araras, que flui na direção oeste-
leste e deságua na margem esquerda do Rio Piabanha, na localidade de Araras.
No interior da área núcleo, de acordo com ALERJ (2020), quase todos os rios têm leitos rochosos
típicos de montanha e águas com boa qualidade ambiental. Destaque para o pequeno canyon de
2,3 km do alto rio Pequeno, que corre em uma falha geológica no sentido norte-sul, entre a Pedra
da Imperatriz e a Serra das Antas.
De acordo com a base cartográfica 1:25.000, existem 618 nascentes potenciais na área de estudo,
818,28 km de cursos d’água e, das cachoeiras existentes, quatro são as mais visitadas: Cachoeira
da Ponte Funda, Cachoeira do rio Maria Comprida, Cachoeira/Poço da Rocinha e Cachoeira Sete
Quedas.
6.2. Caracterização dos fatores bióticos
A Mata Atlântica é um dos biomas mais importantes do mundo para a conservação, por sua alta
riqueza e endemismo de espécies animais e vegetais e também pelo alto grau de devastação.
Estima-se que a Mata Atlântica abriga de 1-8% de todas as espécies do planeta (SILVA et al.,
2003). Essa diversidade de espécies ocorre, principalmente, graças a um ambiente heterogêneo
resultado do relevo, regimes de vento e correntes oceânicas (DEAN, 1996), característicos deste
bioma, sendo conhecido como o Domínio de Mares de Morros (AB’SÁBER, 1966; AB’SÁBER,
2003).
Sendo assim, em um contexto geral, pode-se destacar as seguintes características da área de
estudo:
● Fica integralmente inserida no domínio do bioma Mata Atlântica;
● A vegetação é predominantemente ocupada por florestas, com algumas áreas compostas
por campos de altitude;
● As florestas são dos tipos Montana e Alto-Montana, apresentando vegetação rupícola em
escarpas íngremes e afloramentos rochosos e vegetação típica de Campos de Altitude nas
partes mais elevadas;
● A região é considerada prioritária para conservação por apresentar um alto número de
espécies vegetais, sendo muitas endêmicas do estado do Rio de Janeiro;
● A área se apresenta como um importante componente na preservação da já bastante
reduzida fauna histórica da Mata Atlântica;
36
● Está em uma das regiões mais ricas do mundo em espécies de aves e anuros;
● Apresenta potencial de abrigar populações ainda viáveis de médios e grandes mamíferos
da Mata Atlântica.
6.2.1. Flora
O Estado do Rio de Janeiro encontra-se totalmente inserido no bioma Mata Atlântica, sendo
representado por uma área com elevada diversidade biológica, bem como, de paisagens
vegetacionais e habitats únicos, abrigando uma flora riquíssima com elevado grau de endemismo
(NADRUZ COELHO et al., 2017). Ao longo de seu histórico intenso de uso e ocupação, o Rio de
Janeiro sofreu profunda modificação de sua paisagem, composta atualmente por um mosaico de
“áreas naturais e seminaturais cercadas por zonas urbanizadas” (SILVEIRA FILHO & RAMBALDI,
2018).
Atualmente, a Mata Atlântica fluminense abriga “8.203 espécies, subespécies e variedades de
plantas vasculares e briófitas” (NADRUZ COELHO et al., 2017), sendo 884 espécies endêmicas
(MARTINELLI, et al., 2018). Neste cenário, Petrópolis, figura dentre os municípios mais
representativos em número de espécies, ocupando o terceiro lugar geral do estado com 2.532
registros. Além disso, o referido município se destaca por ser um dos cinco mais ricos apenas em
espécies de Angiospermas (2.259 spp.) (NADRUZ COELHO et al., 2017).
Já para área de estudo, a partir de levantamentos de dados secundários, foram identificadas
aproximadamente 640 espécies (Anexo V) com destaque para as famílias com maior
representatividade na área, sendo elas: Fabaceae, Asteraceae, Orchidaceae, Bromeliaceae,
Myrtaceae, Rubiaceae e Melastomataceae (Gráfico 01).
Em relação às espécies da flora ameaçadas, segundo o IBGE (2020), em 2018, existiam no Brasil
um total de 3.215 espécies ameaçadas em ambientes terrestres. Neste contexto, o Rio de Janeiro
é um dos estados com maior número de espécies com risco de extinção. Uma vez que, segundo
NADRUZ COELHO et al. (2017), “786 espécies são indicadas com algum grau de ameaça e 17
espécies apontadas como extintas na flora fluminense”.
Os levantamentos apontam que, para a área de estudo, ocorrem, ao menos, 101 espécies com
algum grau de ameaça, com base na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçada de
Extinção (MMA, 2014). Para mais, segundo o Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio
de Janeiro (MARTINELLI et al., 2018), existem 193 espécies ameaçadas de extinção, dentre as
239 espécies endêmicas levantadas para área de estudo.
Importante destacar a espécie Worsleya procera (Figuras 14 e 15), conhecida como rabo-de-galo
ou imperatriz, e, classificada como criticamente ameaçada pela IUCN. Já houve registro de sua
ocorrência dentro da área de estudo em publicação de 1984 (MARTINELLI, 1984). A espécie sofre
ameaça de espécies exóticas invasoras, bem como de coletas irregulares para fins comerciais e
uso ilegal do fogo.
Podemos citar outras importantes espécies da região, como Tillandsia reclinata (Figura 16) que,
segundo MARTINELLI et al. (2018) é endêmica do estado do Rio de Janeiro e restrita a uma região
37
específica da área de estudo. Já a espécie Prepusa connata (Figura 17), também ocorrente da
região, é uma espécie rara e somente conhecida em duas subpopulações. A espécie Behuria
organensis (Figura 18) tem ocorrência restrita à região da Serra dos Órgãos.
Assim como Worsleya procera, Tillandsia reclinata, Prepusa connata, Behuria organensis, Fuchsia
alpestris (Figura 19), Barbacenia brevifolia (Figura 20) e Dasyphyllum cryptocephalum (Figura 21),
também sofrem com a ameaça de queimadas frequentes (MARTINELLI et al., 2018).
A diversidade paisagística da área de estudo, associada à elevada riqueza de espécies florísticas,
muitas delas endêmicas e ameaçadas de extinção, potencializam ações de conservação da
biodiversidade da região da Serra da Maria Comprida, fato este que justifica a alta prioridade para
conservação e uso sustentável da flora endêmica do estado do Rio de Janeiro (LOYOLA et al.,
2018).
Gráfico 01: Representatividade das famílias botânicas para a área de estudo.
Fonte: LOYOLA et al, 2018; MARTINELLI, et al., 2018; MMA, 2014; JBRJ, 2021; CRIA, 2021.
38
Figura 14: Worsleya procera (rabo-de-galo). Foto: Felipe Tubarão.
Figura 15: Worsleya procera (rabo-de-galo). Foto:
Bernardo Eckhardt.
Figura 16: Tillandsia reclinata. Foto: Felipe Tubarão
39
Figura 17: Prepusa connata. Foto: Felipe Tubarão
Figura 18: Behuria organensis. Foto: Felipe Tubarão
Figura 19: Fuchsia alpestris (brinco-de-princesa).
Foto: Bernardo Eckhardt.
Figura 20: Barbacenia brevifolia. Foto: Felipe
Tubarão
40
Figura 21: Dasyphyllum cryptocephalum. Foto: Felipe Tubarão
6.2.2. Fauna
6.2.2.1. Mastofauna (mamíferos)
Dentre os mamíferos descritos atualmente, 762 espécies ocorrem em território brasileiro (ABREU
et al. 2021). Dessa forma, o Brasil apresenta a maior riqueza de mamíferos de toda a Região
Neotropical. Dessas espécies, 110 (cerca de 15%) estão ameaçadas (MMA, 2018). Na Mata
Atlântica ocorrem cerca de 250 espécies de mamíferos, sendo cerca de 22% endêmicas deste
bioma (REIS et al., 2006).
Mamíferos em geral podem ser considerados bons bioindicadores de conservação, pois possuem
grande diversidade de tamanhos e hábitos, podendo ser especialistas ou generalistas, isto é, se
adaptam a diferentes graus de distúrbios (PARDINI et al., 2009). Algumas poucas espécies são
capazes de estabelecer populações em habitats com um grau alto de antropização (HARRIS &
YALDEN, 2004). Em áreas perturbadas, a diversidade de espécies tende a ser mais baixa, onde
espécies generalistas e de menor tamanho são mais abundantes (NAUGHTON-TREVES et al.,
2003, DAILY et al., 2003; CHIARELLO,1999). Por outro lado, ambientes mais estáveis e com maior
cobertura vegetal nativa tendem a suportar mais espécies especialistas e de maior tamanho
(PAINE et al., 2007).
De acordo com os estudos levantados INEA (2010) apud ALVES & ANDRIOLO, 2005; ALVES &
ANDRIOLO, 2005; CUNHA, 2004; ESBERAD & BERGALLO, 2005; BUENO & ALMEIDA, 2010;
OLIFIERS et al., 2007, um total de 45 espécies foram apontadas como de potencial ocorrência
para a área proposta para a criação da unidade de conservação. Esse número corresponde a
cerca de 6,5% das espécies de mamíferos com ocorrência para o território brasileiro e 18% das
espécies com ocorrência para a Mata Atlântica. O número de espécies desta lista pode aumentar,
na medida em que outros estudos sobre a mastofauna sejam realizados, principalmente os
41
pequenos mamíferos e os chiropteros (morcegos). A listagem final das espécies encontra-se
apresentada no Anexo VI a.
Considerando as espécies ameaçadas, a área proposta para a UC abriga 10 espécies classificadas
na Lista Vermelha nacional (MMA, 2018) e internacional (IUCN, 2018), o que equivale a 10% das
espécies de mamíferos ameaçados do Brasil (MMA, 2018). Dentre essas espécies, há uma que
merece atenção, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) (Figura 22), sagui nativo que ocorre
nesta região. Segundo relatos de frequentadores das matas (Anderson Rabelo, comunicação
pessoal), a espécie é avistada em áreas onde há a presença do taquaruçu (Chusquea sp.).
Paralelo a isso, também foi relatada a presença do sagui-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata)
(Figura 23), espécie considerada exótica e invasora, que também é avistada na região, inclusive
com relatos de hibridação com o C. aurita, o que se torna uma grande ameaça à espécie nativa
(Figura 24).
Além dos saguis, outras espécies de primatas têm registros regionais: o macaco-prego (Sapajus
nigritus) (Figura 25), o guigó (Callicebus nigrifrons) e o bugio (Alouatta guariba clamitans), este
último categorizado como Vulnerável (VU) na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção
(MMA, 2018). Apesar de ter relatos e registro de muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) na
região (no PARNA e na REBIO Araras), não foi localizado registro da sua presença na área de
estudo.
Das quatro espécies de tatus que poderiam ocorrer na região, foi relatada pelos moradores
somente a ocorrência de tatu-galinha (Dasypus novemcinctus) e tatu-mirim (Dasypus
septemcinctus). O tatu-peba ou tatu-testa-de-ferro (Euphractes sexcinctus) e tatu-de-rabão-mole
(Cabassous unicinctus), que têm potencial ocorrência para a região, ainda necessitam de
confirmação. Para a ordem Pilosa, foram registrados o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) e
a preguiça-comum (Bradypus variegatus).
Entre os roedores de grande porte há registros de paca (Cuniculus paca) (Figura 26), capivara
(Hydrochaerus hydrochaeris) (Figura 27), cutia (Dasyprocta leporina) e o ouriço-cacheiro (Coendou
insidiosus). Regionalmente, apesar de não ter sido relatado nos estudos, há a possibilidade de ter
a ocorrência do rato-do-bambu (Kannabateomys amblyonyx), espécie com deficiência de dados
científicos, mas associado à taquaruçu (Guadua sp.).
Entre os marsupiais, poderiam ser encontrados o gambá (Didelphis aurita), cuica-quatro-olhos-
cinza (Philander quica), cuíca-quatro-olhos-marrom (Metachirus myosurus), cuíca-lanosa
(Caluromys philander), cuíca-comum (Marmosops incanus), cuíca-pequena (Gracilinanus
microtarsus) e a cuíca-lanhosa-cinza (Marmosa paraguaiana).
Dentre os felinos, é possível que ocorram todos aqueles com registro para o estado do Rio de
Janeiro, com exceção da onça-pintada (Panthera onca), que conta apenas com registros histórico
para o território fluminense, sendo considerada como provavelmente extinta. A maior das espécies,
a suçuarana (Puma concolor) (Figura 28) é frequentemente registrada na região, nas diferentes
UCs estaduais e na APA Petrópolis, e possivelmente será registrada na área de abrangência desta
futura UC. Além desta, há outros felinos silvestres de menor porte, tais como o jaguarundi (Puma
yagouaroundi) e os pintados: o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), o gato-maracajá
(Leopardus wiedii) e a jaguatirica (Leorpadus pardalis).
42
Outros mamíferos da ordem Carnivora também são de potencial ocorrência, pois têm registro
regional. Da família Mustelidae - irara (Eira barbara), o furão (Galictis cuja), a lontra (Lontra
longicaudis), todos têm registros na RBA e APA Petrópolis. Da família Canidae - cachorro-do-mato
(Cerdocyon thous) (Figura 29) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) (Figura 30), este ameaçado
de extinção. Essa espécie é tipicamente do Bioma Cerrado, porém, com a alteração da paisagem
natural dos demais Biomas pela ação humana, vem expandindo a sua distribuição geográfica,
incluindo para o estado do Rio de Janeiro. A espécie já possui registros para a região do estudo
(Bernardo Eckhardt, comunicação pessoal). Para a família Procyonidae, o quati (Nasua nasua) e o
mão-pelada (Procyon cancrivorus) são citados nos estudos, mas ainda não há registros do jupará
(Potos flavus), que é uma espécie de Procyonidae com hábitos noturnos e arborícola.
Algumas dessas espécies de mamíferos são visadas por caçadores, tais como os tatus (2
espécies: galinha (Dasypus novemcinctus) e o mirim (Dasypus septemcinctus), as pacas
(Cuniculus paca), a capivara (Hydrochaerus hydrochaeris), a cutia (Dasyprocta leporina), o quati
(Nasua nasua) e o catetos ou porco-do-mato (Pecari tajacu). Após o ato de criação da UC, torna-se
necessária a criação de estratégias para coibir tal prática, visando a proteção dessas espécies,
para que não sejam extintas localmente.
Figura 22: Sagui-da-serra-escuro Callithrix aurita.
Foto: Rodrigo Bramili
Figura 23: Sagui-de-tufos-pretos Callithrix
penicillata. *espécie exótica Foto: João Rafael Marins
Figura 24: Sagui-híbrido Callitrix sp. (aurita x penicillata). Foto: Rodrigo Salles de Carvalho
Figura 25: Macaco-prego Sapajus nigritus.
43
Foto: João Rafael Marins
Figura 26: Paca Cuniculus paca.
Foto: João Rafael Marins
Figura 27: Capivara Hydrochoerus hydrochaeris.
Foto: João Rafael Marins
Figura 28: Suçuarana Puma concolor.
Foto: João Rafael Marins
44
Figura 29: Cachorro-do-mato Cerdocyon thous.
Foto: João Rafael Marins
Figura 30: Lobo-guará Chrysocyon brachyurus.
Foto: Bernardo Eckhardt.
6.2.2.2. Avifauna (aves)
Há cerca de 10.000 espécies de aves no mundo (DEL HOYO, 2019), e a América do Sul abriga a
maior diversidade deste grupo, com 3.487 espécies (AVIBASE, 2018). Estima-se que no Brasil
existam 1.919 espécies de aves (CBRO, 2014), sendo assim, considerado o 3° país com maior
biodiversidade de aves, ficando atrás apenas da Colômbia e Peru. Isto equivale a
aproximadamente 57% das espécies de aves registradas em toda América do Sul, em que pouco
mais de 10% dessas espécies são endêmicas do país. Dessa forma, o Brasil é considerado um dos
mais importantes países para investimentos em conservação (SICK, 1993), afinal, apresenta um
dos maiores níveis de endemismo do mundo, sendo 20% das espécies endêmicas pertencentes à
Amazônia (MITTERMEIER et al., 2004), e 18% à Mata Atlântica. Adicionalmente, 92% das
espécies de aves residentes do país encontram-se distribuídas por estes dois biomas.
Na Mata Atlântica, existem cerca de 1.023 espécies de aves residentes, destas, 213 são
endêmicas deste Bioma (MOREIRA-LIMA, 2013). Os maiores níveis de endemismo são
encontrados na Serra do Mar (173 espécies, cerca de 84% de espécies endêmicas de todo o
bioma (CORDEIRO, 2003), onde o complexo montanhoso, o regime de ventos e extensão
latitudinal exerceram forte influência na composição e evolução das espécies (SILVA et al,. 2004).
Das 193 espécies de aves presentes na lista brasileira (MACHADO et al., 2008) e mundial (IUCN,
2018) de espécies ameaçadas, 112 ocorrem na Mata Atlântica (MARINI & GARCIA, 2005; OLMOS,
2005). No âmbito do estado do Rio de Janeiro, a riqueza de aves está representada por mais de
800 espécies (GAGLIARDI, 2019), ou seja, cerca de 77% da avifauna presente em toda a Mata
Atlântica.
Considerando os grupos zoológicos comumente utilizados na análise dos efeitos da fragmentação
ambiental, as aves figuram como um dos melhores grupos de estudo uma vez que observações
diretas ou indiretas (por vocalizações) podem fornecer resultados acurados na identificação das
espécies. Dessa forma, representam importantes indicadores ecológicos de alterações ambientais
(MORRISON, 1986), uma vez que ocupam nichos diversos e desempenham diferentes funções nas
comunidades.
45
As aves são o grupo de vertebrados com o maior número de espécies, consequência de um
elevado grau de especialização, de tamanhos e hábitos, fazendo com que grande parte das
espécies deste grupo possuam alta sensibilidade a alterações ambientais, como a perda de
hábitats específicos por exemplo, de modo que o número de espécies ameaçadas seja
proporcionalmente elevado.
Segundo os dados oriundos dos artigos levantados (CAMACHO, 2021; CUNHA, 2004) e sites
consultados (Ebird e Wikiaves), das cerca de 800 espécies de aves conhecidas para o estado do
Rio de Janeiro (GAGLIARDI, 2019), 242 ocorrem na região, destas, 77 são endêmicas do domínio
natural da Mata Atlântica (sensu MOREIRA-LIMA, 2013) e 16 espécies estão em alguma categoria
de ameaça em nível global (IUCN, 2018) e nacional (MMA, 2018), conforme a Anexo VI b.
As espécies Não-Passeriformes somaram 84 espécies distribuídas em 21 famílias, enquanto as
Passeriformes apresentaram as outras 158 espécies distribuídas em 31 famílias. A maioria das
espécies pertence às famílias Thraupidae (28 espécies) e Tyrannidae (28 espécies). Entre as
espécies endêmicas da Mata Atlântica, 19 são Não-Passeriformes, destacando-se a saracura-do-
mato (Aramides saracura) (Figura 31) e o jacuguaçu (Penelope obscura) (Figura 32), visualmente
reconhecíveis e facilmente avistadas na região. Já entre os Passeriformes, são 58 espécies
endêmicas da Mata Atlântica, destacando-se os inconfundíveis tangará (Chiroxiphia caudata)
(Figura 33) e tangarazinho (Ilicura militaris) (Figura 34), que chamam a atenção não apenas pelas
cores chamativas, mas também pelo comportamento de corte singular, onde os machos fazem
arenas de danças para impressionar as fêmeas.
O município de Petrópolis possui uma grande diversidade de aves, levando em consideração os
dados publicados no Wikiaves, entre os anos de 1999-2021. São 426 registradas para esse
período, o que eleva o município ao sétimo colocado em biodiversidade de aves no RJ. Na escala
nacional, ocupa a 36ª posição entre os municípios com o maior número de espécies registradas.
Comparando esses dados com o conjunto de dados secundários, referentes ao recorte deste
estudo, a área proposta para a criação da UC poderia abarcar em torno (ou mais) de 57% desse
total de 426 espécies.
Além disso, a região tem potencial para abrigar uma das cinco espécies endêmicas do estado do
Rio de Janeiro, a saudade-de-asa-cinza (Lipaugus conditus) (Figura 35), uma das aves mais
ameaçadas de extinção do Brasil. A espécie é restrita a florestas nebulares, geralmente entre
1800-2000 metros de altitude, em montanhas de difícil acesso. Segundo informações de
observadores de aves que visitam a região da Serra da Maria Comprida, a espécie ainda não foi
avistada, porém, há áreas potenciais para buscas futuras, como a Pedra da Anta. Sendo esta uma
espécie muito vocal, consequentemente de fácil detecção, tornam-se necessários esforços na
tentativa de encontrar possíveis populações presentes nesta região.
Além da saudade-de-asa-cinza, a região tem potencial para abrigar algumas espécies restritas a
ambientes montanos e/ou campos de altitude, que não foram apontadas na lista de dados
secundários, mas que possuem registro para o município de Petrópolis (Wikiaves), tais como a
garrincha-chorona (Asthene moreirae) e choquinha-da-serra (Drymophila genei). Entretanto,
algumas espécies relacionadas ao ambiente montano foram apontadas nos diferentes estudos, tais
como o sanhaço-de-fogo (Piranga flava), o sanhaço-frade (Stephanophorus diadematus), o peito-
pinhão (Poospiza thoracica), a maria-preta-de-bico-azulado (Knipolegus cyanirostris), a maria-
46
preta-de-garganta-vermelha (Knipolegus nigerrimus), o tucão (Elaenia obscura), o piolhinho-
serrano (Phyllomyias griseocapilla), o estalinho (Phylloscartes difficilis), a borboletinha-do-mato
(Phylloscartes ventralis), a saudade (Lipaugus ater), o corocoxó (Carpornis cucullata), a tovaca-de-
rabo-vermelho (Chamaeza ruficauda), o tapaculo-preto (Scytalopus speluncae), o chupa-dente
(Conopophaga lineata), o trovoada-de-bertoni (Drymophila rubricollis), a choca-de-chapéu-
vermelho (Thamnophilus ruficapillus), a tesoura-cinzenta (Muscipripa vetula) (Figura 36), o
verdinho-coroado (Hylophilus poicilotis) o beija-flor-de-topete-verde (Stephanoxis lalandi) (Figura
37), o beija-flor-de-garganta-rajada (Phaetornis eurynome), o bacurau-tesourão (Macropsalis
forcipata), o cuiú-cuiú (Pionopsitta pileata), entre outros mais.
Dado tamanha diversidade de espécies no município, a região é um dos principais destinos
turísticos para o público de observação de aves. Segundo as informações constantes no Wikiaves,
são 166 observadores de aves do município cadastrados no site. Algumas iniciativas de receptivo
ao público de observação de aves estão sendo feitas na região do estudo, como na Fazenda Canto
do Riacho.
Algumas espécies de potencial ocorrência para a região são alvos de gaioleiros. Um dos principais
alvos, o pixoxó ou pichanchão (Sporophila frontalis) (Figura 38) é espécie endêmica da Mata
Atlântica e ameaçada de extinção. Essa espécie faz movimentos migratórios acompanhando a
frutificação das taquaras nativas. Segundo relatos, quando há esses períodos de frutificação na
região da Serra dos Órgãos, dezenas de indivíduos da espécie são capturados e vendidos
ilegalmente.
Figura 31: Saracura-do-mato Aramides saracura.
Foto: João Rafael Marins
Figura 32: Jacuguaçu Penelope obscura. Foto: João Rafael Marins
47
Figura 33: Tangará Chiroxiphia caudata.
Foto: João Rafael Marins
Figura 34: Tangarazinho Ilicura militaris.
Foto: João Rafael Marins
Figura 35: Saudade-de-asa-cinza Lipaugus conditus. Foto: Aisse Gaertner
48
Figura 36: Tesoura-cinzenta Muscipipra vetula.
Foto: João Rafael Marins
Figura 37: Beija-flor-de-topete-verde
Stephanoxis lalandi. Foto: João Rafael Marins
Figura 38: Pixoxó Sporophila frontalis.
Foto: João Rafael Marins
6.2.2.3. Herpetofauna (anfíbios e répteis)
Os anfíbios e répteis formam um grupo proeminente em quase todas as comunidades terrestres.
Atualmente, são conhecidas 7.607 espécies de anfíbios (FROST, 2013) e 10.450 espécies de
répteis (UETZ & HOSEK, 2017), sendo que mais de 80% da diversidade dos dois grupos ocorrem
em regiões tropicais, cujas paisagens naturais estão sendo rapidamente destruídas pela ocupação
humana (RAMBALDI et al., 2003). A América do Sul contém, não só a maior riqueza, mas também
a maior densidade de espécies do mundo (DUELLMAN, 1999).
O Brasil apresenta uma das mais altas diversidades de espécies de anfíbios e répteis do mundo
(AMPHIBIAWEB, 2006), com cerca de 1080 espécies de anfíbios (22% das espécies do mundo) e
795 de répteis conhecidas (SBH, 2018). Na Mata Atlântica são conhecidas mais de 400 espécies
de anuros (DUELLMAN, 1999) e 200 de répteis (MMA, 2014), e muitas espécies ainda são
descritas a cada ano neste bioma (FEIO & FERREIRA, 2005). Essa grande riqueza da Mata
Atlântica se dá, em parte, à grande heterogeneidade de habitats que favorece a evolução de
49
modos reprodutivos especializados (HADDAD & PRADO, 2005), sendo um grande número de
espécies, conhecidas apenas na sua localidade-tipo. Para o estado do Rio de Janeiro é
reconhecida a ocorrência de 201 espécies de anuros (DORIGO et al., 2018) e 148 de répteis (SBH,
2018), sendo 56 espécies de anuros (DORIGO et al., 2018) e 5 de répteis consideradas endêmicas
do estado (ROCHA et al., 2004).
Segundo o estudo de CARVALHO-E-SILVA et al. (2020), foram registradas 83 espécies com a
ocorrência para o Parque Nacional da Serra dos Órgão, portanto, considerada a região com a
maior biodiversidade de anuros de todo o Bioma Mata Atlântica (CARVALHO-E-SILVA et al., 2020).
A lista de espécies encontra-se no Anexo VI c. Segundo o estudo, dessas 83 espécies, 10 são
consideradas endêmicas do PARNASO, 18 têm a UC como localidade tipo e outras cinco da sua
zona de amortecimento.
As espécies que são consideradas endêmicas do PARNASO são: Ischnocnema erythromera,
Ischnocnema parnaso, Dendrophryniscus organensis, Cycloramphus organensis, Cycloramphus
stejnegeri, Fritziana izecksohni, Aplastodiscus flumineus, Aplastodiscus musicus, Ololygon melloi,
Hylodes pipilans. Já as que têm o PARNASO ou sua ZA como localidade tipo são: Ischnocnema
venancioi, Euparkerella cochranae, Fritziana goeldii, Gastrotheca albolineata, Aplastodiscus
arildae, Aplastodiscus leucopygius, Bokermannohyla carvalhoi, Bokermannohyla claresignata,
Ololygon albicans, Ololygon v-signata, Crossodactylus aeneus, Hylodes asper, Hylodes
charadranaetes. Portanto, cabem esforços na área de estudo a fim de tentar localizar essas
espécies, visto que se encontram na mesma região geográfica do PARNASO (Serra dos Órgãos).
Cabe ressaltar que o PARNASO abrange áreas não apenas no município de Petrópolis, mas
também em Guapimirim, Magé e Teresópolis, ou seja, onde há presente outras fitofisionomias de
Mata Atlântica além de ambientes montanos. Portanto, possivelmente, parte dessas 83 espécies
não são esperadas para a área de estudo, visto que ocorrem em ambientes de cotas altimétricas
mais baixas.
Dentre as espécies com registros para a região, destaca-se a Thoropa petropolitana (Figura 39). A
espécie é conhecida historicamente por ocorrer na região da Serra dos Órgãos em altitudes
superiores a 800m. Entretanto, não há registros da espécie na natureza desde a década de 80,
mesmo esforços empenhados em pesquisa, para a sua procura. Em consequência disso, a espécie
é categorizada como Em Perigo de Extinção (EN) na lista nacional de espécies ameaçadas de
extinção. Um dos locais com registros históricos é a APA Petrópolis, cujos limites se sobrepõem em
grande parte à UC proposta neste estudo.
Já para os répteis, segundo o estudo conduzido por GONÇALVES et al. (2007), no PARNASO,
foram identificadas 66 espécies, sendo 2 cágados, 20 lagartos, 43 serpentes e 1 anfisbena. Deste
total, o artigo aponta a ocorrência de 26 espécies para o município de Petrópolis. A lista de répteis
encontra-se no Anexo VI d.
Abaixo, nas Figuras 39 a 56 encontram-se algumas espécies de herpetofauna constantes no
Anexo VI c e no Anexo VI d com potencial ocorrência para a área de estudo:
50
Figura 39: Rã-das-pedras Thoropa petropolitana.
*espécie ameaçada de extinção Foto: Eugênio Izechsohn
Figura 40: Rã-da-pedras Thoropa miliaris. Foto:
João Rafael Marins
Figura 41: Sapo-de-chifres Proceratophrys boiei.
Foto: João Rafael Marins
Figura 42: Sapo-cururuzinho Rhinella ornata.
Foto: João Rafael Marins
Figura 43: Rãzinha-piadeira
Adenomera marmorata Foto: João Rafael Marins
Figura 44: Rãzinha-do-folhiço Physalaemus signifer.
Foto: João Rafael Marins
51
Figura 45: Perereca-de-pijama Boana polytaenia.
Foto: João Rafael Marins
Figura 46: Sapo-martelo Boana faber.
Foto: João Rafael Marins
Figura 47: Perereca-de-folhagem Phyllomedusa burmeisteri.
Foto: João Rafael Marins
52
Figura 48: Cobra-d’agua Erythrolamprus miliaris.
Foto: João Rafael Marins
Figura 49: Cobra-da-cabeça-preta Elapomorphus quinquelineatus.
Foto: João Rafael Marins
Figura 50: Jararacuçu Bothrops jararacussu
Foto: João Rafael marins
Figura 51: Jararaca Bothrops jararaca.
Foto: João Rafael Marins
Figura 52: Suaçubóia Corallus hortulanus.
*espécie ameaçada de extinção Foto: Letícia Lütke Riski
Figura 53: Papa-lesmas Dipsas neuwiedii.
Foto: João Rafael Marins
53
Figura 54: Calango Tropidurus torquatus.
Foto: João Rafael Marins
Figura 55: Cágado-pescoço-de-cobra-da-serra
Hydromedusa maximiliani. Foto: João Rafael Marins
Figura 56: Cobra-cipó-marrom Chironius fuscus.
Foto: João Rafael Marins
6.3. Uso e cobertura do solo
Foi realizado um mapeamento da cobertura vegetal e uso da terra que abrange toda a área de
estudo, gerado na escala cartográfica de 1:10.000 e 1:25.000 (indicadas para a saída do dado). As
classes correspondentes à vegetação de Mata Atlântica seguiram a indicação da Lei nº 11.428 de
22/12/2006, considerando os seus estágios sucessionais. As classes mapeadas foram: vegetação
secundária estágio médio e avançado (VGMA), vegetação secundária estágio inicial (VGSI),
vegetação rupícola, campos de altitude, silvicultura, afloramento rochoso, água, pastagem, área
54
antrópica e urbano (área urbana de média e baixa densidade) (Figura 57). As áreas ocupadas
pelas classes mapeadas estão dispostas na tabela a seguir (Tabela 06), considerando a área de
estudo como um todo e também a área núcleo (proposta da ALERJ, 2020).
Figura 57: Uso do solo e cobertura vegetal da área de estudo.
Tabela 06: Áreas ocupadas pelas classes de cobertura vegetal e uso da terra
Classe mapeada
Área de
estudo
(ha)
Percentual da
classe na área de
estudo (área total
33.558,44 ha) (%)
Área núcleo
(ha)
Percentual da
classe na área
núcleo (área total
10.032,92 ha) (%)
VGSI 3320,48 9,89 721,87 7,19
VGMA 17980,18 53,57 6272,04 62,52
Vegetação rupícola 186,705 0,57 91,07 0,91
Campo de altitude 44,682 0,13 44,68 0,45
55
Silvicultura 310,90 0,93 94,20 0,93
Afloramento
rochoso 3117,395 9,29 2166,72 21,60
Área Antrópica 456,977 1,36 1,13 0,01
Pastagem 6204,46 18,49 636,69 6,35
Urbano 1859,09 5,54 2,51 0,03
Água 78,055 0,23 0,45 0,01
De acordo com IBGE (2012), a fitofisionomia encontrada na área de estudo é a floresta ombrófila
densa montana e algumas partes alto-montana. A área ocupada por esta fitofisionomia representa
a soma das áreas classificadas com VGMA e VGSI totalizando 21.300,66 ha para área de estudo e
6.025,12 ha para área núcleo. A característica mais marcante de uma floresta alto-montana é o
dossel com aproximadamente 20 metros de altura, que se localiza nas proximidades e nos cumes
das montanhas com solos pedregosos, podendo apresentar acumulações turfosas nas depressões.
É integrada por árvores e arbustos com troncos e galhos finos, folhas miúdas, coriáceas e casca
grossa com fissuras (IBGE, 2012 e ALERJ, 2020).
Em relação à vegetação natural, encontramos também na área de estudo Campos de altitude e
vegetação rupícola. O IBGE (2012) considera toda e qualquer vegetação diferenciada nos aspectos
florístico e fisionômico-ecológico da flora dominante como um “refúgio ecológico” e este, muitas
vezes, constitui uma “vegetação relíquia”. Nestas áreas ocorrem espécies endêmicas, que
persistem em situações especialíssimas, como é o caso de comunidades localizadas em altitudes
acima de 1.600 metros, como encontramos na área núcleo e que no mapeamento foi classificado
como campos de altitude. Os refúgios ecológicos, condicionados por parâmetros ambientais muito
específicos, apresentam, via de regra, alta sensibilidade a qualquer tipo de intervenção (IBGE,
2012).
De acordo com ALERJ (2020), os Campos de altitude são típicos de cumes mais elevados de
montanhas que se soergueram principalmente durante o Terciário (Serras do Mar e da
Mantiqueira), estando geralmente situados acima de 1.500 m de altitude e associados a rochas
ígneas ou metamórficas, como, por exemplo, granito e gnaisse. Os campos de altitude da área em
tela exibem três tipos de comunidades vegetais, a das ilhas de vegetação nas encostas de rochas
alcantiladas, as dos solos rasos de planaltos reduzidos e as dos solos infrequentes mais profundos.
Neles o solo é escuro, turfoso e, às vezes, coberto com uma fina camada de areia esbranquiçada
de quartzo (ALERJ, 2020). A flora é diversificada. Nos campos de altitude acima de 1.600 metros,
em uma porção específica da área de estudo, foram encontradas, de acordo com MARTINELLI
(1989), 227 espécies de plantas, dentre as quais seis endêmicas: rabo de galo ou flor-da-imperatriz
56
(Worsleya procera), cravina-do-campo (Prepusa coronata), o bambu (Glaziophyton mirable), as
mini-bromélias (Tillandsia grazielae e Tillandsia reclinata) e a bromélia (Pitcarnia glaziovii). ALERJ
(2020) indica que os botânicos A.G. Burman e A.G. e T.R Soderstrom consideraram Glaziophyton
mirabile como o bambu mais estranho do planeta devido as suas características singulares e
exclusivas, parecendo um junco.
Segundo IBGE, os afloramentos rochosos são aquelas áreas que não apresentam nenhum tipo de
vegetação, somente a rocha e quando ocorre alguma vegetação esta se encontra nas fendas ou
em outras situações, sendo identificada também como Refúgio Ecológico. Assim, a vegetação
classificada como vegetação rupícola no mapeamento é considerada como refúgio pelo IBGE
(2012).
A vegetação rupícola é formada pelas plantas que vivem nos paredões rochosos abaixo dos
campos de altitude. Os afloramentos rochosos do ERJ são reconhecidos por abrigar uma flora com
elevado número de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. Nestes paredões, de acordo
com ALERJ (2020), nota-se ausência ou mínima profundidade do solo, baixa disponibilidade
hídrica, escassez de nutrientes, incidência de ventos, inclinação acentuada em alguns trechos,
exposição à insolação, e o calor de mais de 60°C, representando condições restritivas e limitantes
para o estabelecimento de espécies vegetais sobre rocha. Esta característica influencia a
composição florística, a forma de organização e as características adaptativas das plantas. As
plantas pioneiras herbáceas, isoladas ou em grupo com outras, formando tapetes sobre a rocha,
desempenham importante função ecológica, pois alteram o microclima e fornecem substrato para
germinação. Assim, esse conjunto de plantas facilita o estabelecimento de outras espécies
sucessoras menos tolerantes. Algumas dessas espécies menos tolerantes apresentam crescimento
lento e gradual, sendo conhecidos casos de espécies que levam 150 anos para crescer cinquenta
centímetros (ALERJ, 2020). Na Montanha da Pedra Comprida de Araras, conforme consta no
relatório realizado pela ALERJ (ALERJ, 2020) esta vegetação tem aparência singular, distribuindo-
se em faixas entre os sulcos na rocha nua, à semelhança de um campo lavrado.
6.4 Caracterização Socioeconômica
O município de Petrópolis, localizado na região serrana, é constituído de cinco (05) distritos:
Petrópolis, Cascatinha, Itaipava, Pedro do Rio e Posse. De acordo com o Censo 2010, o município
possui uma população de 295.917 habitantes e apresenta uma densidade demográfica de 371,85
hab/km² (IBGE, 2021). Petrópolis tem a posição demográfica mais destacada que os demais,
quando comparado aos municípios da região serrana, em função de sua base econômica mais
dinâmica e diversificada.
De acordo com PMP (2013), o crescimento populacional do município manteve-se bastante regular
e constante no período entre os Censos de 1940 e 2000, a partir do qual se estabeleceu uma
inflexão decrescente, acompanhando o mesmo movimento desse indicador relativo à Região
Metropolitana do Rio de Janeiro. Já a distribuição populacional destaca a predominância absoluta
do distrito Sede, atingindo montante maior do que o da soma dos demais distritos (Figura 58).
Cascatinha, o maior em superfície, assume o segundo lugar em população, por razões territoriais e
de proximidade com o distrito Sede.
57
Figura 58: Crescimento populacional nos distritos de Petrópolis. Fonte: Prefeitura Municipal de Petrópolis (PMP)
(2013)
A população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2020 seria de
306.678 habitantes, apresentando um crescimento populacional de 3,6 % (10.761 habitantes) em
relação à população estimada de 2010 (IBGE, 2021). No Censo de 2010, Petrópolis ficou como o 9
º município de maior população do estado do Rio de Janeiro, mantendo a posição em 2020. De
acordo com INEA (2010) e PMP (2014), a população do município de Petrópolis é,
predominantemente, urbana na sede distrital e no distrito Cascatinha, enquanto os distritos com
maior população rural são Itaipava e Pedro do Rio (Tabela 07). Petrópolis é especialmente dotado
das condições locacionais, tecnológicas e técnicas para desempenhar um papel fundamental
nesse processo de produção rural, principalmente na área de orgânicos, e na qualificação de
produtores e produtos. Outro ponto forte do negócio rural no município é a reconhecida atuação na
criação e treinamento de equinos para corrida e salto (PMP, 2013). Petrópolis possui uma
participação feminina superior à masculina e a maioria da população encontra-se na faixa etária
entre 30 e 34 anos (IBGE, 2021).
58
Tabela 07: Evolução Populacional (Petrópolis – Município, Sede e Distritos).
Fonte: Prefeitura Municipal de Petrópolis (2013)
De acordo com o IBGE (2021), o PIB per capita referente a 2018 foi de R$ 41.456,25 e o Índice de
Desenvolvimento Municipal (IEHM), referente a 2010, foi 0,745. O Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do município, de acordo com o PNUD 2010 é de 0,745, considerado um valor alto, e
ocupa a 11º posição no ERJ (PMP, 2013). O Índice de Desenvolvimento Humano considera, além
da variável econômica (renda), tradicionalmente utilizada nas comparações do grau de
desenvolvimento entre países, variáveis que visam captar outros aspectos das condições de vida
da população, aos quais se atribuem pesos iguais àquele atribuído à renda, são elas: longevidade
(esperança de vida ao nascer), educação (número médio de anos de estudo e taxa de
analfabetismo) e renda (renda familiar per capita média ajustada). O IDH varia entre 0 e 1.
A Secretaria Estadual do Trabalho e Renda (SETRAB) realizou, no âmbito do Observatório
Econômico, o estudo denominado Panorama Municipal dos Indicadores Socioeconômicos e do
Mercado de Trabalho. Esse estudo considerou um período de análise de 2010 a 2018 e, para o
município de Petrópolis, indicou que o setor da indústria sofreu variações em relação ao ano
anterior. Assim, 2013, 2015, 2017 e 2018 representaram anos de queda, enquanto 2011, 2012,
2014 e 2016 foram anos de ascensão. O setor da Indústria em Petrópolis ficou em 5º colocado
entre os 22 municípios da Região Metropolitana (Figura 59), de acordo com análise do PIB de 2018
(SETRAB, 2014). O município de Petrópolis é grande exportador de serviços tecnológicos e de
mecânica leve, bebidas (cerveja – Bohemia e Itaipava, e água mineral - Nestlé), movelaria e têxtil
(fábricas de tecido e pólo de moda da rua Tereza e Bingen) (PMP, 2014).
No período analisado, o setor agropecuário teve aumentos anuais, com exceção dos anos de 2015,
2016 e 2017 (Figura 59). Mesmo com as quedas, o setor cresceu em 89,1% (25.565) durante a
59
série com o menor absoluto em 2010 (28.705) e o maior em 2014 (69.390). Em 2018, o setor da
Agropecuária em Petrópolis ficou em 3º colocado entre os 22 municípios da Região Metropolitana
do ERJ (Figura 60).
Figura 59: Análise do PIB 2018 para Petrópolis. Fonte: SETRAB (2021)
Figura 60: Análise PIB 2018 para os Municípios da Região Metropolitana. Fonte: SETRAB (2021)
60
Conforme disposto em SDE (2012), as transferências correntes da União para o município
cresceram 32% no período de 2011 a 2016, com aumento de 46% no repasse do Fundo de
Participação dos Municípios e de Outras referências. Já a evolução das transferências correntes do
ERJ foi de 18% neste período, sendo os responsáveis pelo crescimento o repasse do ICMS e o
aumento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEB).
Em relação ao repasse do ICMS Ecológico, Petrópolis ficou no 17º lugar e recebeu R$
4.728.482,64. O município melhor posicionado no ranking do ICMS Ecológico ganhou R$
11.346.5553,33. Os valores componentes do ICMS Ecológico, por categoria, repassados para
Petrópolis em 2020 foram: mananciais 0, tratamento de esgoto R$ 1.485.715,29, destinação de
resíduos 0, remediação de vazadouro 0, áreas protegidas R$ 3.205.528,80 e áreas protegidas
municipais R$ 37.238,55. As áreas protegidas somadas representam 68,68% do valor total
repassado para o município.
A taxa de escolarização, conforme o censo do IBGE de 2010, para a faixa entre os 6 e os 14 anos
de idade foi de 97,4%. Atendem ao município 204 estabelecimentos de ensino (ano referência
2018), sendo 163 de ensino fundamental e 41 de ensino médio.
No ensino de jovens e adultos, Petrópolis teve um total de 7.089 alunos matriculados em 2016,
sendo 56% na rede estadual e 36% na municipal. Na educação profissional são contabilizados 14
estabelecimentos. Existem duas universidades públicas, a Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ), e a Universidade Federal Fluminense (UFF), ambas com nível de excelência
reconhecido nacionalmente. Há também na cidade uma unidade do Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET‐RJ) e a Faculdade de Educação Tecnológica do
Estado do Rio de Janeiro (FATERJ), além das faculdades e universidades presentes no município,
dentre as quais destacam-se a Universidade Católica de Petrópolis a (UCP), Faculdade de
Medicina de Petrópolis (FMP), a Faculdade Arthur Sá Earp Neto e a Universidade Estácio de Sá. O
Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) oferece cursos de mestrado e doutorado,
gratuitos, nas áreas de Computação, Matemática, Biologia, Física e Engenharia (SDE, 2012). O
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) para os anos iniciais da rede pública é de
5,6 e para os anos finais 4,3 (ano referência 2017) (IBGE, 2021).
A rede de distribuição de água do município possui extensão total de 793 km, com volume de água
tratada por dia 38.534 m² e consumo diário de 27.989 m³ (IBGE, 2021). De forma independente, o
abastecimento é realizado com ligações diretas em córregos ou poços regionais. A empresa Águas
do Imperador é a responsável pelo tratamento e distribuição da água no município. Esta empresa
possui sete estações de tratamento de água (ETA), que são: Mosela, Bonfim, Montevideo,
Itaipava, Pedro do Rio, Secretário e Taquaril. Essas ETAs produzem 61,8 milhões litros por dia,
que garantem o abastecimento de 95% da população do município (ÁGUAS DO IMPERADOR,
2021).
Segundo o IBGE (INEA, 2010), 74,3% utilizam água proveniente de poços ou nascentes no próprio
terreno. No ano 2000, apenas 13% dos moradores tinham instalações sanitárias ligadas à rede
geral de esgoto. No município, são distribuídos 3.677 m³ de água diariamente. A quantidade de
esgoto coletado por dia é de 3.750 m3. Sobre o esgotamento sanitário, 82,1% dos domicílios
apresentam esgotamento sanitário adequado, considerando do tipo rede geral e fossa séptica. A
61
rede coletora de esgoto é de 280 km e o volume tratado por dia 27.994 m³ (IBGE, 2021). De acordo
com a empresa Águas do Imperador, Petrópolis tem cinco estações de tratamento de esgoto (ETE)
que são ETE Palatino, ETE Quitandinha, ETE Piabanha, ETE Posse e ETE Corrêas, além de
outras 12 ETEs menores espalhadas por 12 bairros, 10 biodigestores e um biosistemas. Todas
essas estruturas juntas tratam 85% dos esgotos urbanos.
O melhor índice, no que tange ao saneamento do município, fica por conta da coleta de lixo, com
88,9% dos moradores com coleta por serviço de limpeza ou caçambas. Cerca de 12,5 toneladas de
lixo são coletadas diariamente. A coleta de lixo formal é realizada pela COMDEP – Companhia
Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis. O lixo é coletado semanalmente na maioria dos
povoados, e em Videiras é mantido um posto de coleta de material reciclado numa parceria com a
AMAVALE – Associação de Moradores e Amigos do Vale das Videiras (INEA, 2010 e PMP, 2014).
Segundo PMP (2014) o lixo coletado era disposto no aterro controlado de Pedro do Rio, que possui
capacidade para 300 ton/dia, sendo que o município recolhe diariamente 210 toneladas/dia. O
aterro sanitário intermunicipal, em Três Rios, previsto na formação do Consórcio Serrana II, que
permitiria a desativação do aterro de Pedro do Rio, já está em funcionamento.
Petrópolis é um dos destinos turísticos mais importantes da Região Serrana Fluminense e do ERJ.
O público é atraído pelo turismo histórico, gastronômico e de moda/têxtil. Por conta dos atrativos,
beleza cênica e condições ambientais do município, existem muitas casas de segunda
residência/veraneio, o que, indiretamente, gera emprego aos moradores da região. A soma de
todos esses recursos faz com que o município receba 1,6 milhões de visitantes por ano, gerando
emprego para cerca de 8.500 pessoas, fortalecendo o turismo ecológico e de aventura, cuja prática
vem se expandindo através da consolidação dos circuitos rurais (SDE, 2012). O município reúne
trilhas ecológicas e de aventura, com montanhismo, banhos de cachoeira, ciclismo, cavalgadas,
arvorismo, rapel e outros, podendo o turista visitar o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Pedra
do Açu, Cachoeira Véu da Noiva, Cachoeira Véu das Andorinhas, Pedra Comprida, Gruta do
Presidente e outras com vistas encantadoras.
O município de Petrópolis possui também uma agenda de eventos anuais com 11 comemorações
fixas que atraem turistas e visitantes, com uma população flutuante de 1.200.000 a 600.000 turistas
por ano, com frequência média de 34.615 pessoas por semana. O receptivo do município está
concentrado em 4.290 leitos distribuídos em 104 hotéis, pousadas, motéis e albergues (SDE,
2012).
De acordo com o site OngsBrasil (http://www.ongsbrasil.com.br/), as principais Ongs ambientais do
município são: Amigos da Mata (localidade de Secretário), Instituto Nacional e Tecnologia e Uso
Sustentável (centro de Petrópolis), Projeto Água (localidade de Itaipava), Secretaria Livre do Meio
Ambiente, e projeto Araras (localidade de Araras).
6.4.1. Patrimônio histórico-cultural
A Serra da Maria Comprida, além do seu extraordinário valor ambiental, que a qualifica para a
criação da uma unidade de conservação, possui excepcional relevância cultural do ponto de vista
histórico, paisagístico, natural, ecológico e científico, configurando-se como Patrimônio Cultural
Brasileiro, de acordo com a Constituição Federal de 1988 – CF 88 (artigo 216, inciso V).
62
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
(...)
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Por ter sido alcançada pelo tombamento do Sistema Orográfico da Serra do Mar / Mata Atlântica
(Processo n.º E-18/000.172/1991), a Serra da Maria Comprida integra um bem natural, reconhecido
como Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro. Seu valor, do ponto de vista histórico,
cultural e paisagístico, foi também reconhecido no tombamento estadual dos Caminhos de Minas
(Processo n.º E-03/31486/1983), uma vez que o Caminho do Proença, que passa pela Serra da
Maria Comprida, faz parte desse tombamento, e será abordado a seguir.
Certamente, existem muitos sítios arqueológicos pré-históricos e históricos ao longo da Serra do
Mar, podendo ocorrer, inclusive, na Serra da Maria Comprida. Porém, até o momento, não há
registro de quaisquer desses sítios na área da referida serra, embora a região tenha sido habitada,
durante séculos pelos índios Coroados (pelo menos até as primeiras décadas do século XVIII).
Por volta do século XVIII, a montanha da Maria Comprida era conhecida como “sentinela de
pedra”, sendo uma referência geográfica aos tropeiros que partiam do fundo da Baía da Guanabara
para se aventurar no interior de Minas Gerais a procura de ouro e pedras preciosas (ALERJ, 2020).
6.4.1.1. Valor paisagístico, científico e ecológico
A área onde está sendo proposta a criação da unidade de conservação da Serra da Maria
Comprida, integrada a inúmeras unidades de conservação, é caracterizada por uma paisagem de
extraordinária beleza cênica, interagindo com as paisagens circundantes, de igual beleza1.
O tombamento da Serra do Mar / Mata Atlântica, referido acima, atribuiu valor aos atributos
culturais e naturais da região fluminense coberta pelo Bioma da Mata Atlântica. Cabe ressaltar que
com esse tombamento, que abrangeu a Serra da Maria Comprida, objetivou-se proteger o Bioma
da Mata Atlântica, seus elementos de grande importância ecológica e científica, também seus
monumentos e sítios naturais notáveis por sua excepcional beleza.
6.4.1.2. Patrimônio geológico
A Serra da Maria Comprida tem ainda significativa importância do ponto de vista da geologia e da
geomorfologia, que muito contribuem para o valor paisagístico do sítio.
O Pico da Maria Comprida é provavelmente o mais belo e impressionante monumento geológico de
Petrópolis. Embora não seja a montanha mais alta, seus 1.926 metros de altitude chamam a
atenção na paisagem local.
1Caminhos da Serra do Mar, travessia mãe do Brasil. Pedro da Cunha e Menezes e Leandro Goulart. Disponível em:<
https://www.oeco.org.br/colunas/pedro-da-cunha-e-menezes/caminhos-da-serra-do-mar-travessia-mae-do-brasil/>. Acesso em 21 jun 2021.
63
As montanhas do complexo em que se insere o Pico Maria Comprida são verdadeiros monumentos
geológicos, devido a sua imponência e ao grande volume de rochas graníticas expostas em suas
íngremes escarpas, que abrigam nascentes de importantes bacias hidrográficas. Por causa do
grande desnível das escarpas, da qualidade e volume de rocha exposta, e das enormes fendas
que cortam os maciços, o conjunto de montanhas da região tornou-se uma referência da escalada
em grandes paredes do Brasil, sendo também reconhecidas internacionalmente por sua
importância geomorfológica, ígnea e tectono-estrutural. O Pico e o conjunto montanhoso têm
elevada importância para proposição à UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade ou
como Geoparque, também pela UNESCO.
6.4.1.3. Valor histórico - Caminho do Proença
O Caminho do Proença, também conhecido como Variante do Caminho Novo, Caminho de
Inhomirim e Atalho do Proença, foi aberto no século XVII na vizinhança leste da área de estudo. O
caminho foi incluído no tombamento estadual dos Caminhos de Minas (INEPAC), o que levou ao
reconhecimento de seu valor histórico como patrimônio cultural estadual.
Ele foi inventariado no Projeto Inventários de Bens Culturais Imóveis – Desenvolvimento Territorial
dos Caminhos Singulares do Estado do Rio de Janeiro, no qual foram registrados os vestígios
materiais – paisagísticos e arquitetônicos – remanescentes dos antigos Caminho do Ouro,
Caminho do Café, Caminho do Açúcar e Caminho do Sal, que contribuíram para a ocupação do
território fluminense. Nesse importantíssimo trabalho, o Caminho do Proença integrou o inventário
do Caminho do Ouro.
Aberto por Bernardo Soares de Proença, entre 1722 e 1723 como alternativa ao Caminho Novo,
razão pela qual foi denominado como Variante do Caminho Novo, o Caminho do Proença partia do
antigo Porto da Estrela, no fundo da Baía de Guanabara, de onde subia a Serra da Estrela em
direção a Minas Gerais.
Acrescente-se que o Caminho do Proença, o Caminho Novo e o Caminho Velho formavam a
Estrada Real, aberta pela Coroa Portuguesa no Século XVIII para conduzir as riquezas de Minas
Gerais (ouro e diamante) até os portos do Rio de Janeiro, razão pela qual ficaram conhecidos
como caminhos reais.
Inicialmente, a Estrada Real ligava a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, no Rio
de Janeiro. Esse trajeto, utilizado a partir de 1694, foi depois chamado de Caminho Velho. Em
1701, foi aberto o Caminho Novo, como opção mais rápida e fácil que o Caminho Velho. Porém,
anos mais tarde, o Caminho do Proença tornou-se a opção preferida por tropeiros e viajantes no
Século XVIII, percorrendo a subida da Serra da Estrela em terreno menos íngreme e, assim,
encurtando o trajeto e o tempo de viagem.
6.4.1.4. Valor como itinerário histórico-cultural e turístico
A região da Serra da Maria Comprida insere-se, ainda, em dois importantes roteiros de interesse
histórico-cultural. Com a finalidade de valorizar o rico patrimônio remanescente ao longo das
estradas reais, entre elas, o Caminho do Proença, foi criado em 2001 o Projeto “Estrada Real”,
tornando-se um dos principais roteiros turístico-culturais do país. A região integra ainda a rota dos
“Caminhos da Serra do Mar”, uma travessia de longa duração, com inúmeras trilhas, cachoeiras,
64
belas paisagens, com abundantes e diversificadas espécies da fauna e da flora e locais históricos
de grande interesse para o turismo cultural. Esse itinerário procura integrar diversas unidades de
conservação do mosaico da Mata Atlântica como meio de assegurar uma estratégia de
conservação por meio do uso público dos espaços.
A escalada do Pico da Maria Comprida é uma grande atração para os interessados em ecoturismo.
Já foi considerada impossível até ser alcançada pelo montanhista Emérico Hungar, o mesmo que,
pioneiramente, atingiu o do cume do Garrafão, na Serra dos Órgãos.
Em 1922, no Pico da Maria Comprida, foi criada a primeira via de escalada no Brasil a sobrepujar
os mil metros de altura pelos alpinistas Alex Ribeiro, Rafael Wojcik e Jorge Fernandes, com 1.040
metros de altura. Uma trilha dura, íngreme e com vinte e dois trechos que exigem o uso de corda.
Dentre esses trechos, a passagem dos Camelos é mais bonita e desafiadora, por atravessar uma
estreita passarela entre dois abismos com vários obstáculos (Figuras 61 e 62).
Figuras 61: Trilha da escalada
Fonte: http://www.gentedemontanha.com /escalada/maria-comprida-1040-metros-de-escalada/)
Figura 62: Passagem dos Camelos
(Fonte:http://www.cariocadventure.com.br/mariacomprida.asp).
6.4.2. Caracterização das ações antrópicas na área
O diagnóstico de ações antrópicas proposto teve como base os processos de licenciamento
ambientais estaduais e municipais em Petrópolis. O levantamento de processos estaduais
abrangeu processos abertos entre 1994 e 2021, tendo sido identificadas 78 licenças vigentes e 397
licenças em aberto (em análise). Somente as licenças vigentes foram passíveis de espacialização.
Essas licenças foram classificadas com base em temas principais, conforme a Tabela 08 abaixo.
65
Tabela 08: Classificação das licenças estaduais vigentes na área do município de Petrópolis por tipologia de atividade
Atividade licenciada/autorizada %
Projeto de remediação de área degradada 11,54
Perfuração ou tamponamento de poços tubulares 12,82
Captação de água 16,67
Tipologias diversas 58,97
Dos 397 requerimentos “em aberto”, apenas 340 tinham informação sobre a atividade licenciada
e/ou tipo de licenciamento. A partir de classificação das licenças com informação sobre atividade
ou o tipo de licença podemos chegar aos percentuais apresentados na Tabela 09.
Tabela 09: Classificação dos processos de licenciamento estaduais em aberto, na área do município de Petrópolis, por tipologia de atividade
Atividade licenciada/autorizada %
Abastecimento de combustíveis líquidos em postos com tanques subterrâneos
1,51
Certidões Ambientais 1,51
Implantação de loteamento residencial, comercial e misto
1,76
Outorga de direito de uso de recursos hídricos 1,76
Faixa marginal de proteção 2,01
Abastecimento de combustíveis líquidos em postos com tanques subterrâneos e de GNV
2,52
Captação de água de poço, exceto água mineral 2,52
Outros serviços executados em prédios e domicílios, não especificados ou não classificados
2,77
Construções novas e acréscimos de edificações 6,04
Atividade não informada 20,32
Tipologias diversas 57,28
66
No que tange aos licenciamentos municipais, existem 58 licenças, de acordo com planilha cedida
pela PMP. Os principais tipos de empreendimentos licenciados estão na Tabela 10.
Tabela 10: Classificação das licenças municipais de Petrópolis por tipologia de atividade
Atividade licenciada/autorizada %
Implantação de rede de distribuição de rede de energia elétrica
8,62
Implantação de grupamento residencial (uni ou multifamiliar)
10,34
Comércio varejista de combustíveis (posto de gasolina)
12,01
Tipologias diversas 69,03
Das 78 licenças estaduais vigentes, 35 estão localizadas na área de estudo e nenhuma na área
núcleo (proposta ALERJ), conforme disposto na Figura 63. Das licenças municipais informadas,
sete (7) estão localizadas na área de estudo, correspondendo às seguintes atividades: implantação
de rede de abastecimento de água; implantação de grupamento residencial multifamiliar;
preparação de concreto, argamassa e reboco; reforma e construção de galpão industrial e
comércio varejista de combustíveis (posto de gasolina).
Na área núcleo, foram identificadas apenas licenças para implantação de rede de distribuição de
rede de energia elétrica e implantação de adutora (Figura 63). Ou seja, para a área inicialmente
proposta para a UC (núcleo), não foram identificados licenciamentos que inviabilizam sua criação.
Mesmo tendo sido identificadas intervenções pontuais de rede de energia e adutora, é importante
esclarecer que o fornecimento de serviços públicos, como água e energia, é considerado de
utilidade pública, nos termos do art. 3º, inciso VIII da Lei nº 12.651/2012. Portanto, não haveria
impedimento quanto a essas atividades, inclusive por serem também pretéritos à criação da UC.
Além do mais, o SNUC prevê a necessidade de prévia autorização do órgão gestor quando a
“instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura urbana em geral”
ocorre em UCs ou zonas de amortecimento (Art. 46 da Lei nº 9.985/2000).
Cabe, ainda, comentar que na área de estudo e na área núcleo foram identificados alguns
processos de outorgas de direito de uso de recursos hídricos (dados Inea). No mesmo contexto
explicado acima, a criação de um Monumento Natural em si não seria empecilho para emissão
desses instrumentos, tanto pelo fato de se tratarem de atividades prévias à criação da unidade,
quanto pelo fato da categoria prever a permanência de propriedades particulares, como abordado
no item 10 deste estudo.
O SNUC também dispõe sobre uso de recursos hídricos em UC, determinando que:
67
“órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica” (Art. 47 da Lei nº 9.985/2000).
Figura 63: Cartograma de localização de processos de licenciamento do Inea (processos vigentes) e da
Prefeitura de Petrópolis presentes na área de interesse.
6.4.3. Caracterização fundiária
Para a caracterização fundiária preliminar da área de estudo, foi utilizada a base de dados do
Cadastro Ambiental Rural, disponível em https://www.car.gov.br/#/ .
O critério estabelecido para a classificação dos imóveis foi o número de módulos fiscais de cada
um deles. Essa classificação é definida pela Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993(2) e leva em
conta o módulo fiscal, que varia de acordo com cada município, e contempla as seguintes
classes:
Minifúndio: imóvel rural com área inferior a 1 módulo fiscal;
2 Fontes:
https://www.gov.br/incra/pt-br/assuntos/governanca-fundiaria/modulo-fiscal
68
Pequena Propriedade: imóvel com área entre 1 e 4 módulos fiscais;
Média Propriedade: imóvel rural de área superior a 4 e de até 15 módulos fiscais;
Grande Propriedade: imóvel rural de área superior a 15 módulos fiscais.
O valor do módulo fiscal no Brasil varia de 5 a 110 hectares. Já o valor do módulo fiscal no
município de Petrópolis é 10 hectares. A Figura 64 apresenta as classes de módulos fiscais para
a área de estudo.
Figura 64: Classificação dos imóveis na área de estudo com base na Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de
1993.
A partir do uso de ferramentas de análise espacial foi possível concluir:
1. A área de estudo tem aproximadamente 33.560 hectares e a área dos imóveis já inscritos
no CAR que se encontram dentro dessa área de estudos é de aproximadamente 11.300 ha,
o que equivale a cerca de 33,7% da área de estudo. Estes imóveis se encontram
distribuídos pelas classes encontradas na Tabela 11, abaixo:
69
Tabela 11: Classificação dos imóveis inseridos na área de estudo de acordo com o número de
módulos fiscais.
Classe Área (ha) %
Minifúndio 457,84 4,04
Pequena propriedade 978,5 8,64
Média propriedade 3913,75 34,5
Grande propriedade 5971,0 52,74
TOTAL 11.321,09 100
2. Os limites da UC inicialmente propostos no PL tem área aproximada de 10.000 ha, e os
imóveis já inscritos no CAR nele inseridos perfazem aproximadamente 5.000 ha, o que
equivale a cerca de 50% desse limite preliminar, e se encontram distribuídos pelas classes
encontradas na Tabela 12, abaixo:
Tabela 12: Classificação dos imóveis inseridos na área núcleo de acordo com o número de módulos fiscais.
Classe Área (ha) %
Minifúndio 69,3 1,37
Pequena propriedade 249,8 4,94
Média propriedade 1104,32 21,83
Grande propriedade 3634,63 71,86
TOTAL 5.058,05 100
Essas informações irão proporcionar uma melhor interlocução do Inea com os proprietários, e
deverão ser objeto de análise e detalhamento futuros, durante o processo de planejamento da
gestão da UC proposta.
6.4.4. Potencial para uso público
Petrópolis integra a Região Turística da Serra Verde Imperial, constituindo um importante destino
turístico do estado, devido aos seus atrativos culturais e naturais e a proximidade com a capital
(ALERJ, 2020). Juntamente com Angra dos Reis e a capital Rio de Janeiro, foi um dos três
municípios do estado a integrar uma lista nacional de 21 municípios brasileiros considerados
destinos tendência para 2021. A lista dos municípios mais buscados para o ano foi divulgada
70
recentemente pelo Ministério do Turismo, com base nos principais sites de pesquisa do setor, além
de publicações e dos destinos que se alinham à demanda do turista pós-covid, que tende a
valorizar o turismo doméstico. A gestão municipal do turismo é realizada pela Secretaria Municipal
de Turismo (https://www.petropolis.rj.gov.br/turispetro/).
Petrópolis oferece variadas experiências culturais, atividades ao ar livre e espaços para compras,
contando também com dezenas de atrações naturais. A infraestrutura de hospedagem abrange
dezenas de estabelecimentos, contemplando hotéis, apart-hotéis, pousadas, hostels e campings.
Há centenas de restaurantes de comida brasileira e internacional, além de cervejarias, vinícolas,
churrascarias, pizzarias, lanchonetes, creperias, lojas de tortas e doces, cafeterias e lojas de
produtos artesanais (ALERJ, 2020). No endereço eletrônico da Secretaria Municipal de Turismo é
possível encontrar a relação de estabelecimentos e indicações de “onde dormir” e “onde comer” no
município.
Vale destacar, também, a existência de diversas lojas de artigos esportivos direcionados aos
adeptos das atividades ao ar livre, como o montanhismo e o ciclismo. A cidade é palco das
principais provas de trail run (circuitos de corrida de rua) do Brasil, como a XC RUN, a APTR Ultra
Videiras e a World Trail Run, além de provas de ciclismo, sendo, inclusive, o possível palco da
Copa do Mundo de Mountain Bike (MTB) em 2022. O ciclista petropolitano Henrique Avancini,
terminou o ano de 2020 como o número 1 do ranking mundial de Mountain Bike, é o atual campeão
brasileiro da modalidade, além de ser atleta olímpico. Por esse motivo é considerado Embaixador
do Ecoturismo da cidade.
O estudo apresentado pela ALERJ (2020) destaca como atrações em seu interior e entorno
próximo:
● Montanhas com trilhas e picos que proporcionam vistas panorâmicas magníficas;
● Paredões rochosos propícios para escaladas e rapel;
● Campos de altitude e remanescentes Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro;
● Fauna nativa;
● Rios, córregos e cachoeiras com águas límpidas;
● Pequeno canyon do Rio Pequeno;
● Estradas propícias para cicloturismo e cavalgadas;
● Pousadas e Hotéis fazendas;
Dentre o rol de atividades que podem ser praticadas pelos visitantes estão: apreciação de
paisagens e vistas panorâmicas, observações astronômicas, avistamento de fauna, banho de rios e
cachoeiras, caminhadas, escaladas, ciclismo (frequente nas estradas do entorno). Vale destacar o
potencial da região para o desenvolvimento do Geoturismo, considerado por alguns como um
segmento do Ecoturismo, que vem despontando como uma nova tendência mundial em termos de
turismo alternativo, representando uma oportunidade para a ampliação da oferta turística e,
71
principalmente, para a ampliação do potencial da UC na sensibilização do visitante para a proteção
do patrimônio natural.
As áreas mais visitadas são as das cachoeiras e poços, com destaque para a Cachoeira e Poço da
Rocinha, Cachoeira da Ponte Funda, Cachoeira das Sete Quedas e as cachoeiras do Rio Maria
Comprida. As trilhas de montanhas e os mirantes também são muito visitados, com destaque para
as da Pedra do Maria Comprida, Pedra da Cuca, Pedra de Itaipava, Pedra do Por do Sol, Morro do
Palmares e Morro da Mensagem, entre outras.
São inúmeras trilhas de diferentes níveis de esforço, desde aquelas com poucas centenas de
metros de extensão, que dão acesso a mirantes, poços e cachoeiras, até às que ascendem nas
íngremes encostas das montanhas ou que possuem dezenas de quilômetros de extensão, como as
travessias Araras x Secretário, Araras x Videiras, Maria Comprida x Monte de Milho, entre outras.
Devido aos gigantescos afloramentos rochosos verticais, as paredes de pedras são muito
procuradas para a prática da escalada. A face sul da Pedra da Maria Comprida foi palco da
primeira via de escalada no Brasil, que ultrapassou os mil metros de extensão, a Maria Nebulosa,
conquistada no ano de 2002. Outro ponto muito procurado pelos escaladores é o “Totem” que é
uma gigantesca protuberância rochosa na encosta da Pedra Roxa.
A Tabela 13 apresenta uma relação dos principais atrativos, trilhas e travessias existentes na área
núcleo e no seu entorno imediato.
Tabela 13 - Relação dos principais atrativos, trilhas e travessias
Cachoeiras/Poços Outros Atrativos Trilhas e travessias
Cachoeira das Sete Quedas Cachoeira da Ponte Funda Cachoeira e Poço da Rocinha Cachoeiras do Rio Maria Comprida Cachoeira e Poço do Brás Cachoeira e Poço Verde Cachoeira e Poço São Pedro
Pedra Maria Comprida
Pedra João Grande
Morro da Covanca
Pedra Joãozinho
Morro da Mensagem
Pedra de Itaipava
Morro do Palmares
Pedra da Cuca
Serra das Antas
Pedra Roxa (Totem)
Monte de Milho
Pedra Azul ou Morro do Careca
Morro Kronenochsberger (Pirâmide)
Pedra do Capim Roxo
Mirante da Cuca
Pedra Pedro Pequeno
Pedra do Por do Sol
Pedra Comprida de Araras (CEP 70)
Pedra do Vilarejo
Trilha da Pedra Maria Comprida - via Araras Trilha Maria Nebulosa (escalada Maria Comprida) Trilha da Pedra João Grande Trilha do Morro da Covanca Trilha da Pedra Joãozinho Trilha da Pedra de Itaipava Trilha do Morro do Palmares Trilha da Pedra da Cuca Trilha do Poço do Brás Trilha do Monte de Milho Trilha da Pedra Azul ou Morro do Careca Trilha do Kronenochsberger (Pirâmide) Trilha de acesso Deuses Trilha da Pedra do Vilarejo Trilha do Morro do Deck Trilha das cachoeiras do Rio Maria Comprida Trilha do Morro do Por do Sol Trilha da Antena Trilha Serra das Antas Via
72
Pedra da Imperatriz Morro do Deck
Monte de Milho Trilha Serra das Antas via Palmares Trilha Serra das Antas x Maria Comprida Travessia Jussara Travessia da Pedra da Imperatriz Travessia Araras x Secretário Travessia Araras x Videiras + Palmares Travessia Pedra de Itaipava x Pedra do Pôr do Sol Travessia João Grande x Joãozinho Travessia Morro da Mensagem x Pedra de Itaipava Giga travessia de Petrópolis
Volta do Mona da Serra da Maria Comprida via Poço da Rocinha
6.5. Identificação das restrições legais já estabelecidas para a área do estudo
A Serra da Maria Comprida já apresenta uma série de restrições legais ao seu uso, protegendo a
biodiversidade local, e limitando a plena utilização direta de seus recursos pelos proprietários de
terras. Os principais instrumentos que já estabelecem alguma restrição são o Plano de Manejo da
APA Petrópolis, a Lei Municipal de Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo, a Lei de Proteção da
Vegetação Nativa (antigo Código Florestal) e a Lei da Mata Atlântica. Outros documentos, embora
não estabeleçam restrições diretas, indicam a importância da área para conservação, como a
presença do Mosaico Central Fluminense e o mapeamento de áreas prioritárias para conservação
da SEA/INEA (2010).
Dessa forma, como já comentado no início deste estudo, a criação de uma nova unidade de
conservação, mesmo de proteção integral, não tem o propósito de criar mais impedimentos ao
território, mas sim de fortalecer as regras já existentes e de somar esforços para a conservação da
área. A seguir, é apresentado um breve resumo de limitações do uso da terra já em vigor:
● Lei da Mata Atlântica (Lei Federal nº 11.428 de 22/12/2006): Em seus artigos 20 a 23 veda
o corte e a supressão da vegetação nativa primária e secundária em seus estágios
avançado e médio de regeneração, exceto em caráter excepcional;
● Lei de Proteção da Vegetação (antigo Código Florestal - Lei Federal nº 12.651 de
25/05/2012): Estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de
Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal. Estabelece restrições para
ocupação das áreas de preservação permanente, como as faixas marginais de proteção,
entornos de nascentes, declives de 45º ou mais e topos de morro, além de áreas acima de
1800m; estabelece um percentual de 20% das propriedades rurais que devem ser
preservadas como reserva legal em territórios de Mata Atlântica; determina restrição para
73
uso e ocupação de novas áreas que tenham inclinação entre 25º e 45º (áreas de uso
restrito).
Convém destacar análise realizada à luz da Lei nº 12.651/2012, tendo sido verificado que cerca de
4.000 ha (aproximadamente 40% da área núcleo) são compostos por áreas de preservação
permanente - APP de 5 diferentes tipologias (Figura 65). Ademais, por volta de 5.800 ha são
compreendidos por áreas de uso restrito (AUR) e de reservas legais (RL), representando cerca de
60% da área núcleo (Figura 66). Aglutinando as áreas de APP, RL e AUR e retirando possíveis
sobreposições, chegamos ao resultado de quase 80% da área núcleo (7.803 hectares), que são
compostos por áreas com alguma restrição ambiental.
● Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Região Serrana de Petrópolis (2009):
Define diferentes restrições de uso no seu território, de acordo com o zoneamento
estabelecido, sendo as mais restritivas as Zonas de Preservação e Zonas de Conservação
da Vida Silvestre (Figura 67);
● Lei Municipal de Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo (Lei Municipal nº 5.393, de
25/05/1998): Apresenta zonas de maior restrição, como a Zona de Preservação Especial -
ZPE, onde não são permitidas edificações.
Figura 65: Áreas de Preservação Permanente (APP) da área núcleo.
74
Figura 66: Áreas de uso restrito (AUR) e de reservas legais (RL) da área núcleo.
75
Figura 67: Sobreposição das zonas restritivas da APA Petrópolis e a área de estudo
6.6. Identificação dos serviços ambientais
A criação de uma unidade de conservação, inclusive da categoria Monumento Natural proposta no
PL, também visa a garantir a perpetuidade de importantes serviços ambientais. A manutenção da
floresta “em pé” e do bom funcionamento dos ecossistemas, por exemplo, garante a integridade e
renovação constante do solo, reduzindo os riscos de deslizamento de encostas, a taxa de
assoreamento de rios e córregos e os riscos de enchentes. Assim, contribui-se com a qualidade
dos cursos de água, permitindo recarga dos aquíferos subterrâneos, ajudando a manter as 618
potenciais nascentes e os mais de 800 Km de rios identificados dentro da área de estudo (Figura
68).
Uma área natural protegida também contribui para a pureza do ar, regulagem do clima local,
incluindo umidade e conforto térmico, fatores importantes para a qualidade de vida dos habitantes
do entorno. Já a proteção da biodiversidade, ao garantir a sobrevivência e interação das diferentes
espécies da fauna e flora, auxilia a manter um ecossistema equilibrado e funcional, atuando no
controle de pestes agrícolas e de vetores de doenças. A beleza cênica e os atrativos naturais são
serviços que não somente beneficiam moradores e visitantes, mas estimulam a pesquisa científica
e o turismo consciente.
Dessa forma, os serviços prestados pela natureza também possuem estreita interface com as
atividades econômicas importantes em Petrópolis, sendo a qualidade do ambiente fundamental
76
para os cultivos agrícolas, em especial dos orgânicos, ou mesmo para o turismo, gerando renda
para guias e condutores e aquecendo o comércio local. Não se pode deixar de destacar a
relevância da indústria cervejeira na região, que depende diretamente de água de qualidade, sendo
a natureza a única provedora dessa matéria prima.
Figura 68: Recursos hídricos da área núcleo.
6.7. Eventos críticos e ameaças
Ao se propor a criação de uma área protegida, e até mesmo para embasar as ações futuras de
gestão, é imprescindível reconhecer os principais eventos críticos e ameaças que ocorrem no
território. Para compreensão deste item é importante que trabalhemos considerando conceitos
comuns.
De acordo com CASTRO (2021):
● Evento crítico: Evento que dá início à cadeia de incidentes, resultando no desastre, a menos
que o sistema de segurança interfira para evitá-lo ou minimizá-lo;
77
● Desastre: Corresponde ao resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo
homem, sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou
ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais;
● Erosão: Desagregação e remoção do solo ou de rochas, pela ação da água, vento, gelo
e/ou organismos (plantas e animais) ou ação antrópica;
● Ameaça: Risco imediato de desastre, prenúncio ou indício de um evento desastroso, evento
adverso provocador de desastre, quando ainda potencial, ou estimativa da ocorrência e
magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de
concretização do evento (ou acidente) e da provável magnitude de sua manifestação;
● Risco ambiental: Possibilidade de dano, enfermidade ou morte resultante da exposição de
seres humanos, animais ou vegetais a agentes ou condições ambientais potencialmente
perigosas, causadas ou não pelo homem.
Considerando a área em estudo, destacam-se os seguintes eventos críticos ou ameaças:
● Incêndios florestais;
● Coleta de plantas ornamentais para comercialização;
● Erosões em estradas e trilhas, podendo desencadear movimentos de terra;
● Alastramento de espécies vegetais invasoras;
● Pastoreio e pisoteio de bovinos e equinos, que são criados soltos em áreas de campos de
altitude, onde ocorrem espécies endêmicas/ameaçadas (Figuras 69 e 70);
● Uso público desordenado, decorrendo em pisoteio da vegetação, erosão de trilhas, descarte
inadequado de resíduos sólidos, entre outros, reduzindo a qualidade ambiental de atrativos
(como o poço da Rocinha, por exemplo);
● Poluição por diversas fontes, impactando principalmente a qualidade da água;
● Caça;
● Pressão aos ambientes naturais por conta do processo de expansão urbana, com o avanço de
construções e possível aumento de áreas com supressão de vegetação.
78
Figura 69: Pastoreio de equinos sobre espécies
da flora ameaçada na área de estudo. Foto: Felipe Tubarão.
Figura 70: Rastros de equinos sob indivíduos de
Prepusa connata. Foto: Felipe Tubarão.
Alguns desses temas merecem destaque, como os incêndios florestais. Segundo CAMARGO
(2019), a área de estudo está inserida em uma zona de alta suscetibilidade a incêndios. O mapa de
susceptibilidade produzido por este autor baseou-se na integração de condicionantes a partir da
aplicação de um modelo de ponderação adaptado, o qual indica os níveis de influência de cada
condicionante na ocorrência de incêndios florestais. As condicionantes adotadas foram: uso da
terra; temperatura; precipitação; declividade; altimetria e orientação das encostas. Segundo o
autor, os distritos de Pedro do Rio e Posse representaram a maior porção do território susceptível a
este tipo de evento, de acordo com a Figura 71. O mapeamento de risco apresentou convergência
entre os focos de calor registrados pelo INPE e as ações da defesa civil municipal, confirmando os
distritos de Pedro do Rio e Posse como os mais vulneráveis aos eventos de incêndio, devido à
proporção de sua área classificada com alta susceptibilidade e concentração de focos de calor em
seus territórios.
79
Figura 71: Mapa de Suscetibilidade a Incêndios Florestais no município de Petrópolis. Quadrangular destacando aproximadamente a área de estudo. Fonte: CAMARGO (2019) adaptado pelos autores.
Neste cenário, um estudo apresentado pelo ICMBio (2016) corrobora com CAMARGO et al. (2019),
uma vez que, entre os anos de 2007 e 2016, identificou um total de 229 focos de calor no município
de Petrópolis. Deste total de focos, ao menos 120 estariam localizados na porção do território
petropolitano que foi selecionada no presente documento como área de estudo. Dessa forma,
segundo o ICMBio (2016), aproximadamente 52% dos focos de calor registrados para Petrópolis
encontram-se inseridos na região proposta para a implantação da UC da Serra da Maria Comprida.
Convém registrar também que, nos últimos anos, ocorreram alguns incêndios florestais de grandes
proporções nas regiões de Secretário, distrito de Pedro do Rio, e Araras, no distrito de Itaipava
(Tabela 14).
80
Tabela 14: Incêndios florestais que ocorreram nas localidades de Secretário e Araras, município de Petrópolis.
Data Local Área afetada/nº
ocorrência Causa
indicada Fonte
6 a 11 de setembro de 2020
Regiões de Itamarati, Boa Vista, Itaipava, Vale das Videiras, Correas,
Dr. Thouzest, Pedro do Rio, Caxambu,
Secretário e Posse.
81 ha. 15 ocorrências.
Ação antrópica
(fogueiras) + clima seco com baixa umidade
https://www.diariodepetropolis.com.br/integra/fogo-
destruiu-area-correspondente-a-81-
campos-de-futebol-em-secretario-185567
2020 Regiões de Itaipava
e Bonfim
673 ha Rebio Araras e 447 ha no
Parnaso. Dados UCs
14 de outubro de
2014
Distritos de Petrópolis,
Secretário e Itaipava - mais afetados.
18 ocorrências
http://g1.globo.com/rj/regiao-
serrana/noticia/2014/10/fogo-chega-bem-perto-de-
casas-na-regiao-de-secretario-em-petropolis.html
Durante o período de 7 a 10 de setembro de 2020, os bombeiros apagaram mais quatro incêndios
florestais de menores proporções em uma área de mata às margens da Estrada União e Indústria,
na altura do número 12.470, no distrito de Itaipava; na Estrada Retiro das Pedras, próximo ao
número 541, e na Estrada Eldorado, próximo ao cemitério de Secretário, ambos em Pedro do Rio;
e no fim da tarde do dia 10, um foco de fogo em vegetação na Rua Bartolomeu Sodré, no
Caxambu, no primeiro distrito do município de Petrópolis (Fonte:
https://www.diariodepetropolis.com.br/integra/fogo-destruiu-area-correspondente-a-81-campos-de-
futebol-em-secretario-185567).
Outro tema dentre os eventos críticos e ameaças que deve ser ressaltado consiste na expansão
urbana desordenada. De acordo com PMP (2014), o assunto não é recente, mas desde o século
XIX já havia preocupações envolvendo aspectos ambientais de Petrópolis e a ocupação humana
(Decreto Imperial nº 155, de 16/03/1843). Com o passar dos séculos, a dinâmica de crescimento
das áreas urbanas foi seguindo uma diretriz em que primeiro o território era desmatado,
posteriormente entrava a agricultura e em seguida a cidade se estabelecia. Com isso, as áreas
mais apropriadas para edificações foram desaparecendo e a expansão imobiliária subiu os morros
(PMP, 2014).
Por falta de alternativas, as classes menos favorecidas também contribuíram para as alterações da
paisagem no município, ocupando encostas e margens de rios, aumentando os riscos naturais
oriundos das cheias recorrentes e de deslizamentos. Nas encostas os padrões construtivos variam,
81
mas os riscos resultantes da instabilidade do solo são constantes, especialmente nas declividades
mais acentuadas como, por exemplo, nos talvegues (PMP, 2014).
Assim, a instalação de casas populares e condomínios em áreas inadequadas tem provocado o
desencadeamento de uma série de problemas ambientais, agravados pela inexistência de uma
legislação urbanística em sintonia com as limitações físicas, ou quando, apesar de sua existência,
ela não consegue ser colocada em prática de forma eficaz, como é o caso da área urbana,
estabelecida no 1º e 2º distritos de Petrópolis (PMP, 2014 e GUERRA et al., 2007).
Por características naturais do relevo, a expansão urbana avançou sistematicamente para porções
próximas a rios e em encostas cada vez mais íngremes. Assim, avanço do processo de
urbanização implicou em mais supressão de vegetação nativa para estabelecimento de residências
e, na área rural, de fazendas, sítios e chácaras, que ao longo do tempo viraram condomínios de
primeira e segunda residência.
Com este panorama delineado e em evolução mais acentuada desde os anos 80, temos um
município com características físicas propícias (geomorfologia e clima) a movimentos de massa e
inundações. Esse fator, somado ao avanço da expansão urbana, à conversão de áreas rurais e a
eventos extremos, causados direta ou indiretamente pelas mudanças climáticas, temos um
resultado de risco significativo para população, vide as chuvas de 2011.
7. Análise integrada do diagnóstico
7.1. Análise Kernel para definição do Limite do MONA da Serra da Maria Comprida
A elaboração do limite de uma unidade de conservação é realizada de acordo com critérios
técnicos. Estes critérios orientam as áreas que serão incluídas ou não incluídas na proposta para
criação da UC, ou seja, analisam a relevância das informações presentes na área em avaliação.
O estudo levou em consideração a relevância ecológica dos fenômenos, os objetivos ali presentes,
e o risco inerente ao ambiente e à população, considerando o mapeamento dos campos de
altitude, afloramento rochoso e áreas suscetíveis a escorregamentos e enxurradas.
Para definir a relevância de cada dado espacial, executou-se uma Análise Kernel, a qual atribui
pesos de 1 a 10 para cada camada a partir das análises feitas por uma equipe de
técnicos especialistas nos temas.
7.2. Critérios para inclusão
Foram utilizadas 19 camadas divididas em 9 grupos de acordo com a Tabela 15 abaixo:
82
Tabela 15: Camadas e pesos considerados na Análise Kernel
Grupo Camada Peso
atribuído
Áreas de Preservação Permanente
Declividade >45° 10
Topo de Morro 9
Altitude > 1800 9
Nascentes 50m 9
Restrição Áreas de Uso Restrito 25° a 45° 8
Cartas de Suscetibilidade a
Movimento de Massa e Inundação
Corrida de Massa 8
Movimento de Massa 10
Enxurrada 10
UCs
ZVS - APA Petrópolis 8
ZPP 3 e ZPC 3 8
RPPNs 2
Licenciamento Licenças Municipais 1
Licenças Estaduais 1
Uso Público Atrativos 7
Dados de Flora Espécies Ameaçadas 10
Espécies Endêmicas 10
CAR Áreas Consolidadas 5
Uso e Cobertura
Vegetação em Estágio Médio Avançado, Rupícola e Campos de
Altitude. 7
VGSI 6
Pastagem 5
Silvicultura 1
Urbano 1
Áreas Antrópicas Não Agropastoris 1
83
Dentro da análise, as camadas de relevante interesse para inclusão receberam pesos de 6 a 10.
Analisando com base nos pesos atribuídos, destacam-se três dados que tiveram atribuição máxima
no valor (peso 10): Espécies Endêmicas, Espécies ameaçadas e Áreas de Preservação
Permanente por declividade, esta última por se tratar de uma região com histórico de
deslizamentos.
Já as camadas com peso correspondente a 9, tem-se as Áreas de Preservação Permanente de
topo de morro e de nascente, e as Áreas de Uso Restrito (Lei Federal nº 12.651/2012 - Capítulo III).
Com peso igual a 8, tem-se os dados referentes às cartas de suscetibilidade a movimentos
gravitacionais e inundação que são representadas em três camadas: Corrida de Massa, Movimento
de Massa e Enxurrada. Também estão com este valor de peso as zonas mais restritivas do Plano
de Manejo da APA Petrópolis: Zona de Vida Silvestre, Zona de Proteção do Patrimônio Natural -
Preservação e Zona de Proteção do Patrimônio Natural - Conservação.
As classes do Uso e Cobertura mais relevantes como Vegetação em Estágio Médio Avançado (Lei
da Mata Atlântica), Afloramento Rochoso, Rupícolas e Campos de Altitude ficaram com valor 7,
assim como os atrativos naturais para visitação.
À classe de Vegetação em Estágio Secundário Inicial atribuiu-se peso 6, pois são áreas em
regeneração natural, possibilitando um incremento na vegetação. Mesmo não apresentando
desenvolvimento ecológico pleno, têm importância ecológica, pois abriga espécies de fauna e flora,
servindo como corredor, trampolim ecológico e proteção do solo.
7.3. Critérios para não inclusão.
Estes Critérios contemplaram as camadas com peso entre 1 e 5.
A pastagem teve seu peso igual a 5, pois se trata de uma classe do uso que precisou ser analisada
de duas formas para verificar a pertinência de não inclusão: inicialmente, as pastagens em si não
têm relevância ecológica considerável, porém, caso sejam corredores em meio a fragmentos
florestais, é interessante que estejam inseridos na unidade, para mitigar eventuais impactos sobre
a fauna e a flora local, favorecendo a regeneração florestal e possibilitando a conectividade entre
os fragmentos.
As classes de silvicultura, urbanas de diferentes densidades e as áreas antrópicas não
agropastoris (áreas de mineração, solo exposto, construções esparsas etc.) obtiveram peso
equivalente a 1, por serem áreas prioritárias no quesito não inclusão na área proposta para UC.
7.4. Análise do Resultado
O resultado foi obtido por meio da metodologia do mapeamento de calor, que demonstrou a
concentração de critérios de acordo com a atribuição dos pesos, conforme ilustrado na Figura 72 a
seguir. O resultado foi apresentado nas seguintes classes: muito alta, alta, média e baixa
prioridade.
84
Figura 72: Análise Kernel
Para a área em estudo foi indicado nível alto e muito alto de relevância ecológica com 97,3% e 2%,
respectivamente. Tal fato se justifica por grande parte da cobertura do solo se enquadrar às
classes com grande peso para inclusão como VGMA (Vegetação Estágio Médio /Avançado),
62,52%, e afloramento rochoso (21,6%), classes de cobertura natural que se caracterizam por
estarem próximas ou em ápice de desenvolvimento ecológico, podendo abrigar refúgios
vegetacionais com espécies relíquias ou endêmicas (VELOSO et al., 1991) que foi identificado na
área núcleo por LOYOLLA et al., 2018.
Outra classe importante para inclusão na unidade é o VGSI (Vegetação Estágio Inicial), típica de
bordas de fragmentos. São áreas em regeneração ou com algum nível de degradação. Apesar de
não estarem em seu nível de desenvolvimento ecológico pleno, segundo (PRIMACK &
RODRIGUES, 2001) pode servir de abrigo para espécies da flora e fauna, como corredores e
trampolins ecológicos para outros fragmentos.
Analisando APPs, observou-se que elas ocupam 40% da área núcleo, correspondendo a 4.022 ha.
Este percentual corresponde às classes de VGMA e afloramento, o que justifica que áreas a que
essas classes estejam sobrepostas têm prioridade muito alta e alta para inclusão.
O uso restrito também entrou como um fator de alta priorização com algo em torno do peso 8. Essa
classe não permite conversão de áreas de naturais para uso antrópico, apesar de permitir uso
85
agrossilvipastoril em áreas que já sejam antrópicas. Correspondeu a 1,03% em Rupícola, 0,28%
em Campo de Altitude, 24,48% em Afloramento Rochoso e 59,57% em VGMA.
Em uma análise mais detalhada, pode-se observar áreas de média e baixa prioridade de inclusão
nas bordas da área núcleo, correspondendo a 5%. Essas áreas, em sua maioria, correspondem a
pastagens, contudo, sua inserção se justifica pela presença de risco de movimento de massa e
enxurradas principalmente nos quadrantes C, D e F.
No caso das áreas de baixa prioridade no quadrante B, elas se justificam principalmente no
estabelecimento de conectividade com outros fragmentos que não estão inseridos na proposta,
algo importante para promover a diversidade ecológica da área núcleo e dos fragmentos do
entorno segundo LAUSCH et al 2015.
Em relação às áreas de muito alta prioridade, onde se destacam os quadrantes D e E
principalmente, estão as classes de VGMA, afloramento, espécies endêmicas e ameaçadas.
Com o resultado final da análise, conclui-se que a região possui uma relevante importância devido
à coalescência tanto de fatores ecológicos como a presença significativa de vegetação em estágio
médio avançado, e também de fatores de risco. Tais aspectos demandam forte controle da gestão
ambiental e planejamento territorial. Dessa forma, faz-se necessário o uso de mecanismos de
proteção e limitação, tendo a criação e implementação de UC papel fundamental neste propósito.
8. Identificação das vantagens para o município abrangido e população local
A criação de uma unidade de conservação traz diversas vantagens para o município, não apenas
no contexto ambiental, mas também no econômico. Além do incremento no repasse de ICMS
ecológico, destaca-se o potencial fortalecimento da cadeia produtiva local e principalmente do
turismo. De um modo geral, uma nova área protegida pode atuar como atrativo, aumentando o
número de visitantes/turistas, e ampliando a oferta de produtos turísticos com valores agregados.
O turismo de natureza tem um papel muito importante em Petrópolis. A cidade possui cinco
circuitos constituídos, chamados de eco rurais, dentre eles o Circuito Secretário e o Circuito Araras-
Videiras. Ambos são integrados à área de estudo, oferecendo diversos serviços como passeios de
Jeep, passeios de triciclo, aluguel de quadriciclo, aluguel de bicicletas, guiamento e condução de
visitantes em trilhas e atrativos naturais, entre outros. No endereço eletrônico da Secretaria
Municipal de Turismo é possível encontrar a indicação de alguns passeios em veículos e de
bicicleta, assim como a relação de agências de viagens e guias de turismo, com indicação
daqueles que já atuam com o ecoturismo ou turismo de natureza
(https://www.petropolis.rj.gov.br/turispetro/passeios).
A criação da unidade de conservação proposta representará uma oportunidade de consolidação
dessa modalidade de turismo na região, assim como de sua ampliação dentro de uma perspectiva
sustentável. Será incentivado o encontro equilibrado e seguro do homem com a natureza, seja para
os que curtem a contemplação e admiração, como também para os que fazem desse encontro uma
86
filosofia de vida, dentro das suas mais variadas vertentes (lazer, turismo ou esporte). Vale destacar
o potencial da região para o desenvolvimento do Geoturismo, como já falado anteriormente, e a
relação existente entre o ambiente natural da região e as demais modalidades de turismo, como o
turismo gastronômico e cultural, o que leva a ampliar ainda mais a importância da criação da
unidade de conservação para a economia local.
O crescimento do turismo na área em estudo, e os conflitos já identificados decorrentes desse
crescimento, indicam a necessidade do desenvolvimento de ações articuladas entre os diferentes
atores envolvidos, incluindo o poder público.
A implantação do Programa Estadual de Guias e Condutores em Unidades de Conservação,
instituído pela Resolução INEA n° 61, de 04 de outubro de 20123, é um exemplo de ação a ser
implantada com a criação da UC, representando uma oportunidade para solução de conflitos,
associado à geração de renda e à qualificação dos serviços prestados, tendo como consequência a
melhoria na experiência de visitação, assim como na vida dos moradores do local.
A criação e implementação da UC pode viabilizar a captação de recursos e facilitar sua utilização
para fins de interesse público e coletivo, como a sinalização, por exemplo. É o caso das
autorizações para uso de imagens e realização de eventos, que geram contrapartidas (bens ou
serviços) utilizadas na gestão de unidades de conservação estaduais (Decreto Estadual nº 36.930
de 14 de fevereiro de 2005).
No que tange ao ICMS Ecológico, é apresentada, a seguir, uma simulação do impacto na
arrecadação do imposto, a partir da criação de uma UC da categoria Monumento Natural na região,
categoria proposta no PL nº 3.209/2020. Com a criação do Monumento Natural Serra da Maria
Comprida (Figura 73), e utilizando-se um limite preliminar de 9.011,20 hectares, o município de
Petrópolis passará a ter 20 Unidades de Conservação, totalizando aproximadamente 46.692,98
hectares. A APA da Região Serrana de Petrópolis, para fins de cálculo de ICMS Ecológico, terá
sua dimensão redefinida de 30.038.41 hectares para 23.007,0 hectares, porém estes 7.031
hectares de sobreposição com a nova UC, irão proporcionar um incremento no repasse de
recursos ao município, por se tratar de categoria de unidade de conservação mais protetiva.
Com relação aos valores estimados de repasse do ICMS Ecológico em função da criação do
MONA Serra da Maria Comprida, e tomando como base os dados do ano fiscal 2021, o município
de Petrópolis teria um incremento anual de aproximadamente R$ 197.000,00. Cabe ressaltar que,
num primeiro momento, essa nova UC apresenta um Grau de Conservação (GC) com pontuação
máxima de 4 pontos, e seu Grau de Implementação (GI) iniciando com a pontuação mínima de 1
ponto, ou seja, ao longo dos anos existe a possibilidade de aumento na arrecadação de ICMS
Ecológico com a melhoria dos indicadores que compõem o Grau de Implementação da unidade.
3 Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwff/mda2/~edisp/inea_006668.pdf
87
Figura 73: Lista de unidades de conservação do município de Petrópolis com a inserção do Monumento
Natural da Serra da Maria Comprida (Fonte: SEAS/SUBCLIM/SUPCON, 2021)
9. Identificação das oportunidades para o sucesso da implementação da UC
Desde o início da década de 2000 o extinto IEF/RJ que, juntamente com as extintas FEEMA e
SERLA deram origem ao INEA em 2007, já começava a incorporar ao seu planejamento novas
estratégias para a implementação das unidades de conservação sob sua gestão, e a
sustentabilidade dessas.
Dentre as principais estratégias, destaca-se a estruturação e o ordenamento da visitação, a
formulação de parcerias com atores locais, a execução dos primeiros projetos com recursos de
compensação ambiental previstos na Lei nº 9.985/2000 e, a partir de 2009, a implementação do
Fundo da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro (FMA-RJ). Instituído pela Lei Estadual nº
6.572/2013, e aprimorado pela Lei Estadual nº 7.061/2015, o FMA não é um Fundo, na acepção
jurídica do termo, mas um mecanismo operacional e financeiro de conservação da biodiversidade
(SEAS, 2013).
No que tange à esfera municipal, quanto ao possível suporte financeiro à UC, é relevante citar a Lei
Municipal n° 8.130, de 20 de abril de 2021, regulamentando o Fundo Municipal de Conservação
Ambiental de Petrópolis. Dentre a prioridade para a aplicação dos recursos do FMCA, estão as
ações de criação, manutenção e gerenciamento de unidades de conservação. Além disso, o art. 6°
da lei prevê a destinação para o FMCA de, pelo menos, 10% do repasse do ICMS Ecológico. Tal
fato representa importante oportunidade para as UCs, considerando que as mesmas contribuem
diretamente nos valores arrecadados pelo imposto.
No âmbito da gestão estadual, é importante destacar a publicação do Decreto nº 42.483 de 27, em
maio de 2010, que estabelece diretrizes para o uso público nos parques estaduais; a publicação da
Resolução INEA n° 61, em 04 de outubro de 2012, que implementou o Programa Estadual de
88
Guias e Condutores em Unidades de Conservação (citada no item 8); e a criação da Gerência de
Visitação, Negócios e Sustentabilidade do INEA (GERVINS), em 2015.
Uma das linhas de ação da referida gerência, está voltada à estruturação da visitação e
sustentabilidade econômica das UCs administradas pelo INEA, podendo-se destacar o Projeto de
“Consolidação da Gestão do Uso Público nas Unidades de Conservação Estaduais do Estado do
Rio de Janeiro" com período de execução entre 2015 e 2017”, que teve por objetivo Incrementar a
gestão da visitação, para a melhoria da qualidade do uso público e desenvolvimento da
sustentabilidade econômica nas unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro, assim
como os seguintes objetivos específicos:
● Ordenar a visitação e as atividades de uso público nas unidades de conservação estaduais
do Rio de Janeiro;
● Consolidar a rede de guias e condutores de visitantes credenciados das unidades de
conservação estaduais do Rio de Janeiro;
● Consolidar o Programa Voluntariado Ambiental;
● Planejar concessões de serviços e espaços que ofereçam uma melhoria da qualidade da
visitação e contribuam para sustentabilidade econômica da área protegida;
● Desenvolver projetos e programas integrados com instituições públicas e privadas e
organizações da sociedade civil, objetivando a sustentabilidade das Áreas Protegidas;
● Fortalecer a gestão do conhecimento da visitação nas áreas protegidas Estaduais do Rio de
Janeiro;
● Prover as Unidades de Conservação de material promocional para divulgação e marketing.
Por meio do projeto, foi implementada a rede de eco-contadores do estado, que monitora a
visitação nas unidades de conservação estaduais através de contadores automáticos, subsidiando
a elaboração de políticas e a melhoria da gestão das UCs. Vale destacar, também, a construção do
site http://parquesestaduais.inea.rj.gov.br, direcionado à divulgação dos parques do Estado do Rio
de Janeiro, a institucionalização dos programas Vem Passarinhar (observação de aves) e Vem
Pedalar (cicloturismo) e do Programa de Voluntário Ambiental do INEA, a produção de mapas
turísticos e folders de observação de aves de 12 (doze) UCs/RJ, a produção de guias de trilhas de
03 (três) UCs/RJ, dentre outras ações.
Uma segunda linha de ação que vem sendo trabalhada e, que poderá futuramente auxiliar na
implementação da UC, está relacionada à regulamentação dos serviços ambientais prestados
pelas áreas protegidas, em especial as temáticas previstas nos arts. 46, 47 e 48, da Lei n°
9.985/2000, visando o aporte de recursos para a sustentabilidade econômica das UCs.
Art. 46. A instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infraestrutura urbana em geral, em unidades de conservação onde estes equipamentos são admitidos depende de prévia aprovação do órgão responsável por sua administração, sem prejuízo da necessidade de elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais.
Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das unidades do Grupo de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade privada inseridas nos limites dessas unidades e ainda não indenizadas.
89
Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.
Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição de energia elétrica, beneficiário da proteção proporcionada por uma unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica” (BRASIL, 2000).
Uma terceira linha de ação está associada à consolidação de parcerias com os diversos atores que
atuam na região. Um exemplo claro, e relacionado à categoria Monumento Natural, diz respeito à
possibilidade de concretização de acordos com os proprietários de terras inseridas total ou
parcialmente na UC, e que encontra sustentação nos arts. 25 a 29 do Decreto n° 4.340/2002.
Como exemplo, tem-se as explorações comerciais de serviços ligados à visitação, recreação e ao
turismo.
Além das potencialidades de auxílio na implantação da UC supracitadas, existem outras
possibilidades concretas de:
● Formalizar parceria do INEA com a Prefeitura de Petrópolis e com o ICMBIo por convênio
administrativo e/ou termo de cooperação, visando o apoio mútuo para gestão, uma vez que
a área proposta para a nova UC estadual está parcialmente sobreposta à APA Petrópolis e
totalmente inserida no município de Petrópolis. Ademais, destaca-se que a gestão
integrada, com base na premissa dos mosaicos de áreas protegidas, pode favorecer a
unidade proposta, ao considerarmos que grande parte do entorno da área núcleo, encontra-
se sob proteção da APA Petrópolis e, nos demais trechos não inseridos na UC federal,
existe proposta de criação da Área de Proteção Ambiental Municipal do Vale das Videiras.
Assim, considerando a localização de tais UCs, em relação à área núcleo, ambas as
unidades de uso sustentável poderão sobrepor o futuro território da zona de amortecimento
da UC estadual, garantindo regramentos específicos e maior potencial de conservação.
● Estabelecer parcerias do INEA com proprietários rurais por meio de termo de compromisso
mútuo, como forma de materializar as disposições da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio
de 2012 e a Lei Federal nº 9.985/2000. Para mais, considerando as características da área
de estudo, associadas às premissas legais da tipologia de UC - Monumento Natural, a
gestão da futura unidade pode inovar com a proposição de um selo de qualidade ambiental,
dedicado aos produtos das atividades rurais, previstas legalmente, que sejam oriundas de
propriedades ambientalmente adequadas e que tenham sido objeto dos referidos termos de
compromisso mútuo.
● Oficializar parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC) para o
levantamento, mapeamento e desenvolvimento de pesquisas e produções sobre o
patrimônio cultural protegido pela futura UC, em especial os bens tombados e os caminhos
históricos.
90
● Formar parcerias com instituições científicas e de educação para ampliação do
conhecimento sobre a biodiversidade, a geodiversidade e a sociodiversidade da UC. Além
disso, é possível o aproveitamento de parcerias formais entre o INEA e instituições de
ensino, como por exemplo, a Universidade Estácio de Sá, para dotar a unidade com
estagiários/pesquisadores.
● Promover o programa de voluntariado ambiental como oportunidade para o envolvimento
dos cidadãos na gestão do meio ambiente e de contribuição para mudanças positivas na
relação da sociedade com a natureza, bem como, ampliar o rol e gama de atividades
promovidas pela UC.
● Efetivar parceria com a Federação de Montanhismo, com as associações de esportes de
aventura e com os Clubes de Montanhismo, para o planejamento, ordenamento e fomento
às atividades de uso público, em especial no tocante ao manejo e estruturação dos
atrativos. Em Petrópolis, considerando a experiência em outras unidades de conservação
administradas pelo INEA, podemos citar como potenciais parceiros o Centro Excursionista
Petropolitano e a Associação dos Ciclistas de Petrópolis.
● Estimular a sociedade, como sugerido pela ALERJ (2020), a criar uma “associação de
amigos do monumento natural, principalmente para mobilizar voluntários para diversas
atividades como patrulhamento, limpeza e recuperação de trilhas, remoção tecnicamente
guiada de espécies exóticas vegetais e captar recursos de empresas para desenvolver
projetos, como em muitos países”;
● Estabelecer parcerias locais com as associações comunitárias, os coletivos e institutos
existentes em Petrópolis, principalmente os atuantes na área de estudo, como, por
exemplo, a Associação de Moradores do Vale das Videiras, o Instituto Caminho da Roça, o
Projeto Água e o Projeto Araras.
Para mais, em um primeiro momento, logo após a criação da futura UC, de modo a se adequar às
restrições financeiras e operacionais, a estrutura administrativa e a equipe específica da unidade
de conservação poderão utilizar, conjuntamente, as sedes do REVIS Serra da Estrela e/ou da
Reserva Biológica de Araras. Inclusive, a DIRBAPE e GERUC adotam diretrizes de gestão das
UCs por regionais, incentivando que haja colaboração e apoio mútuo entre as unidades de uma
determinada região (no caso em tela, região Serrana).
Contudo, recomenda-se que sejam envidados esforços do Inea e das instituições parceiras
(ICMBio e município de Petrópolis), a fim de garantir sede, infraestrutura e equipe próprias para a
unidade, componentes imprescindíveis diante das peculiaridades do território e da categoria.
10. Definição da categoria da UC
O Projeto de Lei n° 3.209/2020, com base no estudo "Subsídios para o Estudo Técnico de Criação
do Monumento Natural da Serra da Maria Comprida - MONA/SMC” (ALERJ, 2020) (Anexo III),
propõem o Monumento Natural como categoria de manejo da unidade de conservação (UC) a ser
91
criada.
Os Monumentos Naturais (MONA) são unidades de conservação de proteção integral, cujo objetivo
básico é preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica.
Segundo DUDLEY et al. (2008), todas as unidades de conservação, incluindo os MONA, devem ter
alguns objetivos balizadores, tais como:
● Preservar a composição, estrutura, função e o potencial evolutivo da biodiversidade;
● Contribuir para estratégias regionais de conservação;
● Manter a diversidade de paisagens ou habitats, e de espécies e ecossistemas associados;
● Ser de tamanho suficiente para garantir a integridade e manutenção a longo prazo de
objetivos de conservação especificados ou expansíveis para atingir tal objetivo;
● Preservar características significativas da paisagem, como a geomorfologia e geologia;
● Fornecer serviços ambientais, incluindo mitigação dos impactos da mudança do clima;
● Fornecer benefícios recreativos e facilitar atividades de pesquisa científica.
Internacionalmente, a discussão sobre os MONA teve início na década de 1940. No Brasil, as
primeiras propostas de regulamentação desta categoria de unidade de conservação remontam ao
final da década de 1960 (PUREZA et al.,2015).
Ainda no contexto internacional, o MONA enquadra-se na Categoria III do Sistema de Áreas
Protegidas proposto pela IUCN (ALERJ, 2020), e tem como objetivo e característica principal:
“proteger um monumento natural específico, que pode ser uma formação de terra, uma montanha subaquática, um caverna subaquática, uma característica geológica, como uma caverna, ou mesmo um item vivo como uma floresta antiga. Geralmente são áreas protegidas bem pequenas e muitas vezes são de grande valor para os visitantes” (DUDLEY et al., 2008).
Apesar da sugestão internacional de que os MONA protejam pequenas áreas, fato que comumente
gera certas dúvidas, a legislação brasileira que versa sobre as unidades de conservação4, não
prevê tal fato. Inclusive, em uma breve análise no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação
(MMA, 2019) é possível encontrar, ao menos, 07 Monumentos Naturais, sob gestão federal,
estadual e municipal, com mais de 5.000 hectares de área, sendo o maior deles o MONA das
Árvores Fossilizadas do Estado do Tocantins, com aproximadamente 32.000 hectares.
Com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), promulgado pela Lei nº
9.985/2000, a tipologia Monumento Natural passa a ser regulamentada com o objetivo básico de
“preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica” (BRASIL, 2000).
Apesar de enquadrar o MONA no grupo de proteção integral5, o SNUC, seguindo os princípios
previstos pela União Internacional para a Conservação da Natureza6, prevê a possibilidade da
existência de algumas atividades humanas na UC (Tabela 16) e, consequentemente, a
manutenção de propriedades particulares em seu interior. A condição é que seja possível
4 Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 e Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002.
5 “O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos
seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei” (BRASIL, 2000). 6 “El término “natural” que aquí se emplea puede referirse tanto a rasgos completamente naturales (el uso más frecuente)
pero a veces también a rasgos que se han visto influenciados por los seres humanos” (DUDLEY, et al., 2008).
92
compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais pelos
proprietários.
Assim, segundo o art. 12 da Lei nº 9.985/2000 - SNUC:
“§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei” (BRASIL, 2000).
Neste sentido, o PL prevê a celebração “com os proprietários de áreas nos limites do Monumento
Natural Serra da Maria Comprida, um termo de compromisso contendo direitos e deveres de ambas
as partes, com o objetivo de compatibilizar as atividades desenvolvidas por estes com os objetivos
da Unidade de Conservação (Art 6° do PL 3209/2020)”.
Tabela 16: Atividades permitidas nos Monumentos Naturais
Categoria Criação
de Animais
Agricultura Extrativismo
não- madeireiro
Extração de
Madeira Turismo Visitação Pesquisa
Monumento Natural
Sim* Sim* Não Não Sim Sim Sim
Fonte: PALMIERI et al. (2008). *Vide art. 31° da Lei 9.985/2000.
Salienta-se que, tanto DUDLEY et al. (2008), quanto PUREZA et al. (2015), citam que existe
grande similaridade entre os MONA e os Parques, sendo a necessidade de desapropriação a
principal diferença entre eles. Recentemente, frente à dificuldade estatal de desapropriação das
propriedades inseridas nas unidades de conservação de domínio público, a criação de UC das
categorias como os MONA e os Refúgios de Vida Silvestre (RVS) tem sido adotada pelo Poder
Público como estratégia para dirimir possíveis conflitos fundiários e tensões socioambientais. Tal
fato pode ser evidenciado nos últimos anos no território fluminense, com a criação, em 2016 e
2017, de cinco RVS e quatro MONA, enquanto, no mesmo período, foram criados apenas três
Parques (MMA, 2019).
Assim como nos Parques, as atividades de visitação, pesquisa e educação ambiental também são
previstas para os MONA. Contudo, considerando a previsibilidade legal da manutenção de
propriedades particulares no interior da UC, caberá “ao proprietário estabelecer as condições de
pesquisa e visitação pública dentro de sua propriedade, observadas as restrições legais”
(PALMIERI et al., 2005), devendo estar de acordo com o plano de manejo da área protegida.
O § 3º do art. 12 da Lei nº 9.985/2000 determina que:
“A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas previstas em regulamento” (BRASIL, 2000).
93
No Brasil, a criação de Monumentos Naturais está associada ao conceito de patrimônio, ligado, ao
mesmo tempo, a componentes naturais de relevância, como a biodiversidade e a geodiversidade,
também elementos culturais que se relacionam com a paisagem e aos atributos naturais (COUTO
& FIGUEIREDO, 2019; ALERJ, 2020). Entretanto, ainda segundo COUTO & FIGUEIREDO (2019),
no tocante à criação de UC no país, existe a predominância dos critérios ligados à biodiversidade
em relação à geodiversidade7, sendo a categoria de MONA a mais usada pelo Poder Público para
proteção do Patrimônio geológico-geomorfológico. Tal fato pode ser evidenciado na pesquisa de
COUTO & FIGUEIREDO (2019) que identificou que a geodiversidade representa 76% dos atributos
principais que subsidiaram a criação dos MONA brasileiros.
Considerando as premissas culturais no cerne da categoria MONA, destacamos que a Serra da
Maria Comprida é qualificada como patrimônio cultural em conformidade com a Constituição
Brasileira de 1988, uma vez que a área estudada integra importantes tombamentos realizados pelo
Estado do Rio de Janeiro.
Em relação às atividades humanas presentes na porção estudada, destaca-se a presença de
algumas pastagens, localizadas principalmente nas bordas da área núcleo, bem como, a existência
de diversas cachoeiras, poços, picos, trilhas e travessias e outros atrativos turísticos na região da
Serra da Maria Comprida. Atividades estas, que são previstas na categoria de Monumento Natural.
Comparando os principais atributos utilizados para a criação de MONA no país, apresentados por
COUTO & FIGUEIREDO (2019) e utilizando como base a metodologia proposta pelos autores
supra referenciados, a Tabela 17 apresenta os principais atributos que validam a proposta.
. Tabela 17: Atributos para definição da categoria MONA para a UC proposta
Geodiversidade Biodiversidade Aspectos Culturais
Maciço Espécies Endêmicas Patrimônio Cultural
Montanhas Espécies Raras Fatos Históricos
Canyon Espécies Ameaçadas Bens Tombados
Cachoeiras
Afloramentos Rochosos
Poços
Rios
Fonte: os autores, adaptado de Couto & Figueiredo (2019).
Assim, entende-se que a categoria Monumento Natural constitui uma excelente oportunidade para
ampliar a área protegida do país, sem criar conflitos, ou depender da alocação de recursos
7Segundo JORGE & GUERRA (2016, p. 154) geodiversidade pode ser conceituado como “o estudo da natureza abiótica
constituída por uma variedade de ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos e outros depósitos
superficiais, que propiciam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o
econômico, o científico, o educativo e o turístico”
94
financeiros para a regularização de suas terras, desde que haja interesse convergente do órgão
gestor e do proprietário, na conservação do patrimônio ambiental ali existente e no uso racional do
território.
11. Proposta de limite para a UC
Considerando os critérios apontados no item 5.2 (Metodologia), apresenta-se a seguir o limite
proposto para a UC (Figura 74). Este limite foi refinado, adotando os referenciais cartográficos
especificados na metodologia, resultando em uma área de 8.905,86 hectares, abrangendo os
distritos de Itaipava, Pedro do Rio e Cascatinha. Percebe-se também que as áreas urbanas
encontram-se fora da UC.
Figura 74: Limite final da proposta para o Monumento Natural da Serra da Maria Comprida
95
12. Considerações finais
Diante das informações apresentadas, considerando a beleza cênica ímpar da Serra da Maria
Comprida, todos os atributos ambientais e histórico-culturais da região, somados ao potencial de
desenvolvimento socioeconômico, com ênfase no turismo, conclui-se pela viabilidade de criação de
uma unidade de conservação estadual. Pelos diversos aspectos abordados ao longo do estudo, é
indicada como categoria o Monumento Natural, corroborando com o Projeto de Lei n° 3.209/2020.
Propõe-se a manutenção da denominação “Monumento Natural Estadual da Serra da Maria
Comprida”, também indicada no PL e no documento de subsídios elaborado pela ALERJ (2020).
96
13. Bibliografia
AB’SÁBER, A. O Domínio dos Mares de Morros no Brasil. Geomorfologia, 2, pp.1–65. 1966.
AB’SÁBER, A. Os Domínios de Natureza no Brasil - potencialidades paisagísticas. 2003.
ABREU, E.F., CASALI, D.M., GARBINO, G.S.T., LIBARDI, G.S., LORETTO, D., LOSS, A.C.,
MARMONTEL, M., NASCIMENTO, M.C., OLIVEIRA, M.L., PAVAN, S.E., TIRELLI, F.P. 2021. Lista
de Mamíferos do Brasil, versão 2021-1 (Abril). Comitê de Taxonomia da Sociedade Brasileira de
Mastozoologia (CT-SBMz). Disponível em: https://www.sbmz.org/mamiferos-do-brasil/. Acessado
em: 20 de junho de 2021
ÁGUAS DO IMPERADOR. Águas do Imperador - Grupo Águas de Imperador. Disponível em:
https://www.grupoaguasdobrasil.com.br/aguas-imperador/agua-e-esgoto/estacao-tratamento-agua/
. Acesso em: 30 de maio de 2021.
ALERJ. Subsídios para o Estudo Técnico de Criação do Monumento Natural da Serra da Maria
Comprida - MONAE/SMC. Rio de Janeiro, Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro,
Gabinete do Deputado Carlos Minc, 2020.
ALVES, L. C. P. S. & ANDRIOLO, A. Camera traps used on the mastofaunal survey of Araras
Biological Reserve, IEF-RJ. Rev. Bras. Zoociências, 7, 231-246, 2005.
ALMEIDA, C, V. Estudo Histórico Geográfico da Evolução Administrativa do Município de Petrópolis
e sua Toponímia. Paraty, Anais do I Simpósio Brasileiro de Cartografia Histórica, 2011. Disponível
em: https://www.ufmg.br/rededemuseus/crch/simposio/apresentacao.htm .
AMPHIBIAWEB. AmphibiaWeb: information on amphibian biology and conservation. AmphibiaWeb.
2006. Disponível em: https://amphibiaweb.org. Acesso em: 14 abr. 2019.
AVIBASE- THE WORLD BIRD DATABASE, 2018. Número de Registros. Disponível em:
https://avibase.bsc-eoc.org/avibase.jsp?lang=EN. Acesso em: 20 junho 2021.
AXIMOFF, I. O que Perdemos com a Passagem do Fogo pelos Campos de Altitude do Estado do
Rio de Janeiro? Biodiversidade Brasileira, 1(2), 180–200, 2011.
AXIMOFF, I. A., BOVINI, M. G. & FRAGA, C. N. Vegetação em Afloramentos Rochosos Litorâneos
Perturbados por Incêndios na Região Metropolitana Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
Biodiversidade Brasileira, 6(2): 149-172, 2016. (Número temático: Manejo do fogo em áreas
protegidas).
BERGALLO, H.G., FIDALGO, E.C.C., ROCHA, C.F.D., UZÊDA, M.C., COSTA, M.B., ALVES, M.A.,
VAN SLUYS, M., SANTOS, M.A., COSTA, T.C.C. & COZZOLINO, A.C.R. Estratégias e ações para
a conservação da biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro. Instituto Biomas, Rio de Janeiro,
344p. 2009.
97
BERGALLO, H.G.; ROCHA, C.F.D.; ALVES, M.A.S; VAN SLUYS, M. (orgs.) A fauna ameaçada de
extinção do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Editora da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro, p. 113-124. 2000.
BOINA DA MONTANHA. Maria Comprida/ Serra das Araras, 12 de janeiro de 2019
Blog Boina da Montanha. Disponível em:
https://boinadamontanha2018.blogspot.com/2019/01/maria-comprida-serra-das-araras.html?m=1
BRASIL, Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos
constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição
Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8629.htm
BRASIL, Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da
vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/L11428.htm
BRASIL, Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis nºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de
22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de
abril de 1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/lei/L12651.htm
BRASIL, Decreto nº 87.561, de 13 de setembro de 1982. Dispõe sobre as medidas de recuperação
e proteção ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Atos/decretos/1982/D87561.html
BRASIL, Decreto n° 527, de 20 de maio de 1992. Delimita a Área de Proteção Ambiental da Região
Serrana de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, criada pelo art. 6° do Decreto n° 87.561, de 13
de setembro de 1982, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0527.htm
BRASIL, Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm. Acessado em: jun. 2021.
BRASIL, Decreto n° 4.340, de 22 de agosto de 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4340.htm. Acessado em: jun. 2021.
BUENO, C., & DE ALMEIDA, P. J. A. Sazonalidade de atropelamentos e os padrões de
movimentos em mamíferos na BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora). Revista Brasileira de
Zoociências, 12(3). 2010
BURMAN, A.G. & SODERSTROM. T.R. In search of the world’s oddest bamboo, Glaziophyton
mirabile. Botanical Gardens Conservation News 1: 27-31, 1990.
98
CAMACHO, I. Canto do Riacho Canindé Birdwatching. Táxeus - Listas de espécies. 2021.
Disponível em: https://www.taxeus.com.br/lista/12995. Acesso em: 20 de junho de 2021.
CAMARGO, L. S., SILVA, R. W. da; AMARAL S. S. do; SILVA, A. P. da; FERRELI, T.; SILVA, M. P. D. da. Mapeamento de áreas susceptíveis a incêndios florestais do município de Petrópolis – RJ. Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ. 12 p. 2019. Disponível em: http://www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/anigeo/article/view/13164. Acesso em: junho de 2021.
CARVALHO-E-SILVA, S. P., et al. "Parque Nacional da Serra dos Órgãos: a maior diversidade de
anfíbios em uma área de proteção da Mata Atlântica." Biota Neotropica 20.3. 2020.
CASTRO, A. L. C. de (Coord.). Glossário de defesa civil estudos de riscos e medicina de desastres.
Brasília: Ministério da Integração Nacional Secretaria Nacional De Defesa Civil, 5ª Edição. 191 p.
Disponível em: https://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/uploads/2012/06/16-Glosssario-de-
Defesa-Civil-Estudo-de-Risco-e-Medicina-de-Desastres.pdf. Acesso em junho de 2021.
CBRO (COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS). Listas das aves do Brasil.
11.ed. 2014. Disponível em: http://www.cbro.org.br.
CEIVAP-AGEVAP. Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul &
Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Plano de
Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul – Resumo. Caderno de Ações Bacia do Rio
Piabanha. Elaboração: Fundação COPPETEC - Laboratório de Hidrologia e Estudos de Meio
Ambiente. 2006.
CHIARELLO, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in south-
eastern Brazil. Biological Conservation, v. 89, p. 71–82, 1999.
CORDEIRO, P. H. C. Análise dos padrões de distribuição geográfica das aves endêmicas da Mata
Atlântica e a importância do Corredor da Serra do Mar e do Corredor Central para conservação da
biodiversidade brasileira. Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia, n. July, p.
1–20, 2003.
COSTA, H. C.; BÉRNILS, R. S. Répteis do Brasil e suas Unidades Federativas: Lista de espécies.
Herpetologia brasileira, v. 7, n. 1, p. 11-57, 2018.
COUTO, M & FIGUEIREDO, C. A. Geoconservação em Monumentos Naturais no Brasil. Revista
Ibero-Afro-Americana de Geografia Física e Ambiente Physis Terrae, Vol. 1, nº 2, 231-248, 2019.
CRIA (Centro de Referência e Informação Ambiental). 2021. Specieslink - simple search. Herbário
Alexandre Leal Costa (ALCB), Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE), Herbário do
Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC), Herbário da Reserva Natural Vale (CVRD), Herbário
Prisco Bezerra (EAC), Herbário da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESA), Herbário
Rioclarense (HRCB), Herbário Sérgio Tavares (HST), Herbario da Universidade Estadual de Feira
de Santana (HUEFS), Herbário do Recôncavo da Bahia (HURB), Herbário - IPA Dárdano de
Andrade Lima (IPA), Herbário Lauro Pires Xavier (JPB), Herbário do Instituto do Meio Ambiente do
Estado de Alagoas (MAC), Herbário do Museu Botânico Municipal (MBM), Missouri Botanical
99
Garden (MO), The New York Botanical Garden - South America records (NY), Herbário Professor
Vasconcelos Sobrinho (PEUFR), Herbário do Museu Nacional (R), Herbário São Mateus / Espírito
Santo (SAMES), Herbário do Estado "Maria Eneyda P. Kaufmann Fidalgo" - Coleção de
Fanerógamas (SP), Herbário da Universidade de São Paulo (SPF), Herbário da Universidade
Estadual de Campinas (UEC), Herbário Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Herbário
UFP - Geraldo Mariz (UFP), Herbário Central da Universidade Federal do Espírito Santo VIES
(VIES) disponível no INCT - Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (http://inct.splink.org.br) em 23
de maio de 2021 às 12:16.
CUNHA, A. A. Conservação de mamíferos na Serra dos Órgãos: passado, presente e futuro. In IV
Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação. Anais do... Unidades de Conservação. FBPN e
Rede PróUC pp. 213-224. 2004
DAILY, G. C.; CEBALLOS, G.; PACHECO, J.; SUZÁN, G.; SÁNCHEZ-AZOFEIFA, A. Countryside
Biogeography of Neotropical Mammals: Conservation Opportunities in Agricultural Landscapes of
Costa Rica. Conservation Biology, v. 17, n. 6, p. 1814–1826, 2003.
DANTAS, M. E. et al. Estudo Geoambiental do Estado do Rio de Janeiro: Geomorfologia do Estado
do Rio de Janeiro. Brasília: CPRM, 2000. Disponível em:
https://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/17229 . Acesso em: 04 de junho de 2021.
DANTAS, M. E. et al. Diagnóstico Geoambiental do Estado do Rio de Janeiro. Brasília: CPRM,
2003. Disponível em:
http://rigeo.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/17229/14/rel_proj_rj_geoambiental.pdf .
DEL HOYO, J. Book review: All the Birds of the World. 2019
DORIGO, T. A.; VRCIBRADIC, D.; ROCHA, C. F. D. The amphibians of the state of Rio de Janeiro,
Brazil: an updated and commented list. Papéis Avulsos De Zoologia, 58. 2018.
DUDLEY, N. et al.. Directrices para la aplicación de las categorías de gestión de áreas protegidas.
Gland, Suiza: UICN. 2008
DUELLMAN, W. Patterns of distribution of amphibians : a global perspective. [s.l.] Johns Hopkins
University Press, 1999
ESBÉRARD, C. E., & BERGALLO, H. G. Nota sobre a biologia de Cinomops abrasus
(Temminck)(Mammalia, Chiroptera, Molossidae) no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de
Zoologia, 22, 514-516. 2005.
FEIO, R. N. & FERREIRA, P. L. Anfíbios de dois fragmentos de Mata Atlântica no município de Rio
Novo, Minas Gerais. Revista Brasileira de Zoociências, v. 7, n. 1, p. 121–128, 2005.
FERNANDEZ, E. P, MORAES, M. A.; MARTINELLI, G. New records and geographic distribution of
Glaziophyton mirabile (Poaceae: Bambusoideae). Check List 8(6): 1296–1298, 2012
100
FROST, D. R. Amphibian Species of the World. 2013. Disponível em:
http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/. Acesso em: 20 de junho 2021.
GAGLIARDI, R. L. Avifauna completa do estado do Rio de Janeiro. 2019
GONÇALVES, M. A. P. L. et al. Levantamento preliminar da fauna de répteis do Parque Nacional
Serra dos Órgãos. Ciência e Conservação na Serra dos órgãos (C. Cronemberger & EB Viveiros de
Castro, eds.). Ibama, Brasília, DF, p. 1-17, 2007.
GRAEFF, O. Visita ao Altiplano da Serra da Maria Comprida, Petrópolis, Rio De Janeiro, Junho de
2018. Blog Expedições Fitogeográficas - Brasil e América do Sul. Disponível em:
https://expedicaofitogeografica2012.blogspot.com/2018/09/visita-ao-altiplano-da-serra-da-
maria.html?m=1
GUERRA, A. J. T., GONÇALVES, L. F. H. LOPES, P. B. M.. Evolução histórico-geográfica da
ocupação desordenada e movimentos de massa no município de Petrópolis nas últimas décadas -
RJ. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.8, n.1, p.35-43, 2007.
HADDAD, C. F. B.; PRADO, C. P. A. Reproductive Modes in Frogs and Their Unexpected Diversity
in the Atlantic Forest of Brazil. BioScience, v. 55, n. 3, p. 207–217, 2005.
HARRIS, S. & YALDEN, D. W. An integrated monitoring programme for terrestrial mammals in
Britain. Mammal Review, v. 34, n. 1–2, p. 157–167, 2004.
HEILBRON, M., C. M. VALERIANO, C. S. VALLADARES, & N. MACHADO. A orogênese brasiliana
no segmento central da Faixa Ribeira, Brasil. Rev. bras. Geoc. São Paulo. 25(4): 249-66, 1995.
Disponível em: http://bjg.siteoficial.ws/1995/n.4/3.pdf
IBAMA. Plano de Manejo Área de Proteção Ambiental da Região Serrana de Petrópolis. Brasília,
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 489 pp. 2009.
Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-
coservacao/apa_petropolis.pdf
IBAMA. Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Brasília, Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 362. pp. 2008. Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/parnaserradosorgaos/o-que-fazemos/gestao-e-manejo.html
IBAMA. Plano de Manejo da Reserva Biológica do Tinguá. Brasília, Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 951. pp. 2006. Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/rebio_tingua.pdf
IBGE. Cidades@ - Petrópolis. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro: IBGE.
Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rj/petropolis/ . Acesso em: 29 de maio de 2021.
IBGE. Contas de ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil: 2014. Coordenação de
Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Coordenação de Contas Nacionais. - Rio de Janeiro:
IBGE, 132 p.2020.
101
IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). nª 1, Série Manuais Técnicos em Geociências, 2012. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf. Acesso em: 30 de junho de 2021.
ICMBIO. Análise dos focos de calor na região Serrana de Petrópolis no período de 2007 a 2016 e
proposta de criação de UC de Proteção Integral na Serra da Maria Comprida. Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2016.
INEA. Plano de Manejo Reserva Biológica de Araras. Rio de Janeiro: Instituto Estadual do
Ambiente, 2010. Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2019/02/RBA-PM.pdf
. Acesso em: 02 de junho de 2021.
INEA. Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto
Estadual do Ambiente / Fundação COPPETEC, 2014. Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/ar-
agua-e-solo/plano-estadual-de-recursos-hidricos/
INEA. Portaria INEA/PRES n° 1041, de 18 de maio de 2021. Cria Grupo De Trabalho (GT) para
realizar a análise da proposta de criação do Monumento Natural Estadual Da Serra Da Maria
Comprida, assim como, proceder à elaboração de estudo técnico e à organização de consulta
pública. Disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2021/05/PORTARIA-INEA-
PRES-N%C2%BA-1041.pdf
IUCN. The IUCN Red List of Threatened Species. 2018. Disponível em: https://www.iucnredlist.org.
JBRJ. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jabot - Banco de Dados da Flora
Brasileira. Disponível em: http://jabot.jbrj.gov.br/. Acesso em 21 de maio de 2021.
JORGE, M.C.O & GUERRA, A. J. T. Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação: Conceitos,
Teorias e Método. Espaço Aberto (UFRJ), v. 6, p. 151-174, 2016.
LAUSCH, A., BLASCHKE, T., HAASE, D., HERZOG, F., SYRBE R.-U., TISCHENDORF, L., WALZ
U. Understanding and quantifying landscap estructure – A review on relevant process
characteristics, data models and landscape metrics. ELSEVIER Ecological Modelling 295. 31–p 41,
2015.
LINO, F. C., ALBUQUERQUE, J. L., DIAS, H. Mosaicos de unidades de conservação no corredor
da Serra do Mar. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. São Paulo, 2007.
LOYOLA, R., MACHADO, N., RIBEIRO, B. R., MARTINS, E., MARTINELLI, G. Áreas prioritárias
para a conservação da flora endêmica do estado do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro: Graffici Programação Visual. 60 p. 2018.
MACHADO, A. B. M., DRUMMOND, G. M. e PAGLIA, A.P. Livro vermelho da fauna brasileira
ameaçada de extinção. Volume II. Brasília / Belo Horizonte: MMA / Fundação Biodiversitas. 908 p.
2008.
102
MARQUES, M. C. M. et al. Mata Atlântica: o desafio de transformar um passado de devastação em
um futuro de conhecimento e conservação. In: PEIXOTO, A. L.; LUZ, J. R. P.; BRITO, M. A.
Conhecendo a Biodiversidade. Brasília: PPBIO: CNPq, p. 51-67. 2016.
MARINI, M. Â. & GARCIA, F. I. Conservação de Aves no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. n.1, p.
95–102, 2005.
MARTINELLI, G. Mountain biodiversity in Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30: 587-597. 2007.
MARTINELLI, G. Morro do Cuca. in____. Campos de Altitude, Rio de Janeiro, Editora Index, 69-
90p. 1989.
MARTINELLI, G. Nota sobre Worsleya rayneri (J.D. Hooker) Traub & Moldenke, espécie ameaçada
de extinção. Rodriguésia, Rio de Janeiro, 36(58):65-72, jan/mar. 1984.
MARTINELLI, G., MARTINS, E., MORAES, M., LOYOLA, R., AMARO, R. (Orgs.). Livro Vermelho
da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro: Andrea Jakobsson, Rio de Janeiro. 456 p. 2018.
MAURENZA, D., BOCAYUVA, M., POUGY, N., MARTINS, E., MARTINELLI, G.. Lista da Flora das
Unidades de Conservação Estaduais do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson, Rio de Janeiro. 420 p. 2018.
MCF. Planejamento Estratégico do Mosaico Central Fluminense. Rio de Janeiro, Mosaico Central
Fluminense, 2010. Disponível em:
https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/mosaicos/planejamento-central-fluminense.pdf
MITTERMEIER, R. A.; GIL, P. G.; HOFFMAN, M.; PILGRIM, J.; BROOKS, T. M.; MITTERMEIER,
C. G.; LAMOREUX, J.; DA FONSECA, G. A. B. Hotspots Revisited: Earth’s Biologically Richest and
Most Endangered Terrestrial Ecoregions. [s.l.] Cemex, 2004.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação - CNUC.
2019. Disponível em:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYjBiYzFiMWMtZTNkMS00ODk0LWI1OGItMDQ0NmUzNTQ
4NzE4IiwidCI6IjM5NTdhMzY3LTZkMzgtNGMxZi1hNGJhLTMzZThmM2M1NTBlNyJ9. Acesso em:
29 de junho de 2021.
MMA. Ministério do Meio Ambiente. Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
[s.l.] MMA, Ministério do Meio Ambiente, 2018.
MMA. Portaria MMA nº 443, de 17 de dezembro de 2014. Reconhece a "Lista Nacional Oficial de
Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção"
http://www.cncflora.jbrj.gov.br/portal/static/pdf/portaria_mma_443_2014.pdf
103
MOREIRA-LIMA, L. Aves da Mata Atlântica: riqueza, composição, status, endemismos e
conservação. 2013. I Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, 2013.
MORRISON, M. L. Bird Populations as Indicators of Environmental Change. In: Current Ornithology.
Boston, MA: Springer US, p. 429–451. 1986.
NADRUZ COELHO, M. A.; BAUMGRATZ, J. F. A. ; LOBÃO, A. Q.; SYLVESTRE, L. S. ; TROVÓ,
M.; SILVA, L. A. E. Flora do estado do Rio de Janeiro: avanços no conhecimento da diversidade.
Rodriguesia, v. 68, p. 1-11, 2017.
NAUGHTON-TREVES, L.; MENA J. L.; A. TREVES, ALVAREZ, N.; & RADELOFF, J. L. Wildlife
Survival Beyond Park Boundaries: the Impact of Slash-and-Burn Agriculture and Hunting on
Mammals in Tambopata, Peru. Conservation Biology 17:1106–1117. 2003.
OLIFIERS, N., CUNHA, A. A., GRELLE, C. E. V., BONVICINO, C. R., GEISE, L., PEREIRA, L. G.,
... & CERQUEIRA, R. Lista de espécies de pequenos mamíferos não-voadores do Parque Nacional
da Serra dos Órgãos Species list of non-volant small mammals of Serra. 2007.
OLMOS, F. Aves ameaçadas , prioridades e políticas de conservação no Brasil. Natureza &
Conservação, v. 3, p. 21–42, 2005.
ONGS BRASIL. Maiores Ongs de Petrópolis. Petrópolis: OngsBrasil. Disponível em:
http://www.ongsbrasil.com.br/default.asp?Pag=44&Estado=RJ&Cidade=Petropolis&Origem=Maiore
s-ONGs-de-Petropolis-RJ . Acesso em: 05 de junho de 2021.
PAINE, R. T., T. A. Naturalist, and N. J. Food Web Complexity and Species Diversity 100:65–75.
Feb. 2007.
PALMIERI, R. H.; VERISSIMO, A.; FERRAZ, M. Guia de Consultas públicas para unidades de
conservação. 1. ed. Piracicaba: Imaflora, v. 1. 88p. 2005.
PARDINI, R., D. FARIA, G. M. ACCACIO, R. R. LAPS, E. MARIANO-NETO, M. L. B. PACIENCIA,
M. DIXO, & J. BAUMGARTEN. The challenge of maintaining Atlantic forest biodiversity: A multi-taxa
conservation assessment of specialist and generalist species in an agro-forestry mosaic in southern
Bahia. Biological Conservation 142:1178–1190. 2009.
PAULA, R. Vídeo 14 Bis Voando pela História". Inter TV/Globoplay. 2020
PETRÓPOLIS. Lei municipal nº 5.393, de 28/05/1998. Estabelece normas para as atividades de
uso, parcelamento e ocupação do solo do município de Petrópolis. Disponível em:
https://petropolis.cespro.com.br/visualizarDiploma.php?cdMunicipio=6830&cdDiploma=19985393&
NroLei=5.393&Word=&Word2=
PETRÓPOLIS. Lei municipal nº 8.130, de 20 de abril de 2021. Regulamenta o Fundo Municipal de
Conservação Ambiental - FMCA e dá outras providências. Disponível em:
https://petropolis.cespro.com.br/visualizarDiploma.php?cdMunicipio=6830&cdDiploma=20218130&
NroLei=8.130.
104
PLHIS. Plano Local de Habitação de Interesse Social. Petrópolis, RJ. Prefeitura Municipal de
Petrópolis, 2012. Disponível em: http://sig.petropolis.rj.gov.br/cpge/plhis.pd
PMP. Plano Diretor de Petrópolis. 89 p. 2013. Disponível em:
https://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/phocadownload/Planejamento/comcidade/diagnostico/diagnost
ico_05_04.pdf
PMP. SIG Petrópolis. Prefeitura Municipal de Petrópolis. Disponível em:
http://sig.petropolis.rj.gov.br/cpge/geo.html#home. Acesso em 05 de maio de 2021.
PMP/SMADS. Parque Natural Municipal de Petrópolis: Plano de Manejo. Petrópolis, Prefeitura
Municipal de Petrópolis / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
100pp. 2010. Disponível em:
https://www.petropolis.rj.gov.br/sma/phocadownload/Documentos/Protecao_Conservacao/plano_de
_manejo.pdf
PMP/SMADS. Monumento Natural da Pedra do Elefante - MONAPE. Petrópolis, Prefeitura
Municipal de Petrópolis / Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
59 pp. 2017. Disponível em:
https://www.petropolis.rj.gov.br/sma/phocadownload/Documentos/Protecao_Conservacao/Plano%2
0de%20Manejo%20Monumental%20Natural%20Pedra%20do%20Elefante%20-MONA.pdf
PMP. Plano Municipal de Saneamento Básico de Petrópolis. Petrópolis, Prefeitura Municipal de
Petrópolis, 781 pp. 2014. Disponível em:
https://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/phocadownload/Planejamento/comcidade/diagnostico/
diagnostico_05_04.pdf . Acesso em: 30 de maio de 2021.
POMPEU, T. C. Curso: Direito de Águas no Brasil. Brasília, Agência Nacional de Águas – ANA,
Universidade de Brasília – UnB, Secretaria de Recursos Hídricos – SRH/MMA e Fundo Setorial de
Recursos Hídricos – CTHIDRO, 2002.
PRADO, W. O. História social da Baixada fluminense: das sesmarias a foros de cidade. Rio de
Janeiro: Ecomuseu fluminense, 2000.
PRIMACK, R.B. & RODRIGUES, E. Biologia da conservação. Editor Efraim Rodrigues, 2001.
PRIMO, P. B. S. & R. PELLENS. A situação atual das unidades de conservação do Estado do Rio
de Janeiro. In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação 2, Campo Grande. Trabalhos
Técnicos. Campo Grande, pp. 628-637, 2000.
PUREZA, F., PELLIN, A, PADUA, C.B.V.. Unidades de Conservação: fatos e personagens que
fizeram a história das categorias de manejo. 1. ed. São Paulo: Matrix, 240p. 2015.
RADAMBRASIL. Folhas SF. 23/24 Rio de Janeiro/ Vitória; geologia, geomorfologia, pedologia,
vegetação e uso potencial da terra. Rio de Janeiro Projeto RADAMBRASIL, 1983.
105
RAMBALDI, M., A. MAGNANI, A. ILHA, E. LARDOSA, P. FIGUEIREDO & R. F. OLIVEIRA. A
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Conselho
Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2003.
REIS, A. BECHARA, F. C.; ESPÍNDOLA, M. B.; VIEIRA, N. K.; LOPES, L. Restauração de áreas
degradadas: a nucleação como base para os processos sucessionais. Natureza e Conservação, 1:
28-36. 2003.
REIS, N.R.; PERACCHI, A.L; PEDRO, W.A.; LIMA, I.P. Mamíferos do Brasil. Londrina. 437p. 2006.
RESERVA DA BIOSFERA DA MATA ATLÂNTICA - RBMA. Revisão e atualização dos limites e
zoneamento da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em base cartográfica digitalizada. Fase VI.
UNESCO. 2008.
RIO DE JANEIRO. Projeto de lei nº 3209/2020. Ementa: Dispõe sobre a criação Do Monumento
Natural Estadual da Serra da Maria Comprida, no Município de Petrópolis e dá outras providencias.
Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/scpro1923.nsf/0c5bf5cde95601f903256caa0023131b/267f0041b0dea93
c03258600005bc043?OpenDocument&Highlight=0,1041
RIO DE JANEIRO. Decreto n° 36.930 de 14 de fevereiro de 2005. Institui regulamentação para uso
da imagem das unidades de conservação da natureza do Estado do Rio de Janeiro subordinadas a
Fundação Instituto Estadual de Florestas - IEF/RJ. Disponível em:
http://www.pesquisaatosdoexecutivo.rj.gov.br/Home/Detalhe/22452
RIO DE JANEIRO. Decreto 42.483, de 27 de maio de 2010. Estabelece diretrizes para o uso
público nos parques estaduais administrados pelo Instituto Estadual do Ambiente - INEA e dá
outras providências. Disponível em:
http://www.pesquisaatosdoexecutivo.rj.gov.br/Home/Detalhe/82919.
RIO DE JANEIRO. Lei nº 6.572, de 31 de outubro de 2013. Dispõe sobre a compensação devida
pelo empreendedor responsável por atividade de significativo impacto ambiental no Estado do Rio
de Janeiro, institui a Contribuição por Serviços Ecossistêmicos nos termos da Lei Federal 9.985/00
e dá outras providências. Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/8de374a0e01bad2
583257c1a0060b529?OpenDocument&ExpandSection=-
3#:~:text=DISP%C3%95E%20SOBRE%20A%20COMPENSA%C3%87%C3%83O%20DEVIDA,00
%20E%20D%C3%81%20OUTRAS%20PROVID%C3%8ANCIAS.
RIO DE JANEIRO. Lei n° 7.061, de 25 de setembro de 2015. Altera as Leis nº 6.572, de 31 de
outubro de 2013 e nº 6.371/2012, de 27 de dezembro de 2012 e dá outras providências. Disponível
em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/0d689f7cbd71a52
083257ecf00616fb8?OpenDocument.
106
RIO DE JANEIRO. Lei nº 8.280, de 09 de janeiro de 2019. Declara de relevante interesse ambiental
a conservação e a proteção dos ecossistemas de montanha, no território do Estado do Rio de
Janeiro, e dá outras providências. Disponível em:
http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/contlei.nsf/c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/77761866f2c59f2c8325
837f005c4cb6?OpenDocument&Highlight=0,8280
RIO DE JANEIRO. Resolução INEA nº 61, de 04 de outubro de 2012. Estabelecer as normas e
procedimentos para o censo, credenciamento e prestação de serviços de guias de turismo e
condutores de visitantes nos parques estaduais administrados pelo INEA. Disponível em:
http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2012/10/RESOLU%C3%87%C3%83O-INEA-
N%C2%BA-61-Guias-de-Turismo-e-Condutores.pdf.
ROCHA, C.F.D.; BERGALLO, H.G.; ALVES, M.A.S.; VAN SLUYS, M. A biodiversidade nos grandes
remanescentes florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica. São
Carlos: RiMa Editora, 160p. 2003.
RODRIGUES, R. R.; SANTIN BRANCALION, P. H.; ISERNHAGEN, I. (Org.). Pacto pela
restauração da Mata Atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração florestal. São
Paulo: LERF/ESALQ: Instituto BioAtlântica, 256 p. 2009.
SEA. Plano de Ação Nacional para a Conservação da Flora Endêmica Ameaçada de Extinção do
Estado do Rio de Janeiro. 1. ed. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do Ambiente, 80 p. 2018.
Disponível em: https://ckan.jbrj.gov.br/dataset/05d694e9-b430-4d47-beaf-
8379f508926d/resource/82728359-8070-41cf-b8dc-29d0cbf22123/download/panflora-endemica-
ameacada-rj.pdf
SEAS. Fundo Mata Atlântica-RJ. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do Ambiente e
Sustentabilidade, 2013. Disponível em: http://www.fmarj.org/
SEA/INEA. Proposta de criação dos Monumentos Naturais Estaduais da Serra da Beleza e Serra
dos Mascates. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente,
60 p. 2016. Disponível em: https://docplayer.com.br/56325234-Proposta-de-criacao-dos-
monumentos-naturais-estaduais-serra-da-beleza-e-serra-dos-mascates.html
SEA/INEA. Atlas dos Mananciais de Abastecimento Público do Estado do Rio de Janeiro.
Subsídios ao Planejamento e Ordenamento Territorial. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do
Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente, 446 pp. 2018. Disponível em:
http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2019/01/Livro_Atlas-dos-Mananciais-de-
Abastecimento-do-Estado-do-Rio-de-Janeiro.pdf
SEA/INEA. Elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro. R2-F
- Caracterização Ambiental. Versão Final. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do Ambiente,
Instituto Estadual do Ambiente, Fundação COPPETEC, Laboratório de Hidrologia e Estudos de
Meio Ambiente, 106 p. 2014. Disponível em: http://www.agevap.org.br/downloads/Diagnostico-
Caracterizacao-Ambiental.pdf
107
SEA/INEA. Estudo Técnico para Criação do Parque Estadual da Costa do Sol. Rio de Janeiro
Secretaria de Rio de Janeiro, Secretaria de Estado do Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente,
2009.
SEA/INEA. O Estado do Ambiente . Indicadores Ambientais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
Secretaria de Estado do Ambiente, Instituto Estadual do Ambiente, 160p. 2010. Disponível em:
http://www.inea.rj.gov.br/wp-content/uploads/2019/01/Livro_O-Estado-do-Ambiente.pdf
SETRAB. Panorama Socioeconômico Municipal do ERJ/Indicadores Municipais. 2014 Disponível
em: http:/rj.gpv.br/Uploads/Noticia s/1208003-2021%20-
%20Panorama%20Municipal%20de%20Indicadores%20Socioecon%C3%B4micos%20e%20do%2
0Mercado%20de%20Trabalho%20-Petr%C3%B3polis.pdf
SETRAB. Observatório Econômico: Panorama Municipal dos Indicadores Socioeconômicos e do
Mercado de Trabalho. Secretaria Estadual do Trabalho e Renda, 2021. Disponível em:
http://www.rj.gov.br/Uploads/Noticias/1208003-2021%20-
%20Panorama%20Municipal%20de%20Indicadores%20Socioecon%C3%B4micos%20e%20do%2
0Mercado%20de%20Trabalho%20-Petr%C3%B3polis.pdf. Acesso em: 02 de junho de 2021.
SDE. Modelo de análise de potencialidades econômicas do município de Petrópolis. 2012.
Disponível em:
https://www.petropolis.rj.gov.br/pmp/phocadownload/Planejamento/potencialidades_economicas/m
odelo_de_analise_potencialidades_economicas.pdf
SHINZATO, E.; DANTAS, M. E., RENK, J. F. C.; GARCIA, M. L. T.; COSTA, L.. Carta
geomorfológica: município de Petrópolis, RJ. Brasília: CPRM, 2017. Disponível em:
https://rigeo.cprm.gov.br/jspui/handle/doc/18182. Acesso em: 02 de junho de 2021.
SICK, H. Birds in Brazil. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1993.
SILVA, J.M.C. DA; SOUSA, M.C. DE; CASTELLETTI, C.H.M. Areas of endemism for passerine
birds in the Atlantic Forest, South America. Global Ecology and Biogeography, 13, pp.85–92. 2004
SILVA, L. C. Geologia do Estado do Rio de Janeiro: texto explicativo do mapa geológico do Estado
do Rio de Janeiro / organizado por Luiz Carlos da Silva {e} Hélio Canejo da Silva Cunha. – Brasília:
CPRM. 2ª edição revista em 2001. Disponível em:
https://rigeo.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/17229/4/rel_proj_rj_geologia.pdf .Acesso em: 06 de
junho de 2021.
SILVA, J. M. C. da; SOUSA, M. C. de; CASTELLETTI, C. H. M. Areas of endemism for passerine
birds in the Atlantic Forest, South America. Global Ecology and Biogeography, v. 13, p. 85–92,
2004.
SILVEIRA FILHO, T., B. & RAMBALDI, D. M. A contribuição do Estado do Rio de Janeiro para a
conservação de plantas no Brasil. In: Gustavo Martinelli; Eline Martins; Marta Moraes; Rafael
Loyola; Rodrigo Amaro. (Org.). Livro Vermelho da Flora Endêmica do Estado do Rio de Janeiro.
108
1a.ed.Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio & Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 456 p.
2018.
SOS MATA ATLANTICA & INPE, I.N. de P.E. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica,
Sao Paulo, SP. 2016.
SPU. Legislação Imobiliária da União: Anotações e comentários às leis básicas. Brasília, Secretaria
do Patrimônio da União, 2002.
UETZ, P & HOŠEK, J. The Reptile Database. Disponível em: http://www.reptile-database.org/.
Acesso em: 15 de abril 2019.
VASCONCELOS, M. F. O que são campos rupestres e campos de altitude nos topos de montanha
do Leste do Brasil? Revista Brasil. Bot., 34 (2):.241-246, 2011.
VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira,
adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 123 p. 1991.
VENTURI, N.L. & ANTUNES, A.F.B. Determinação de Locais Ótimos para Implantação de Torres
de Vigilância para Detecção de Incêndios Florestais por Meio de Sistema de Informações
Geográficas, PR – Brasil. Revista Floresta, 37(2): 159-173, 2007.