1
O conceito de capacidade não é exclusivamente técnico (máximo de produção possível dado um certo equipamento) mas também económico (nível de produção que minimiza os custos unitários ou conduz ao máximo de lucro atendendo ao mercado)
Normalmente o problema da dimensão (ou capacidade) da instalação é abordado do seguinte modo:
1º -Toma-se a dimensão global do mercado (definida pela análise de mercado) como limite máximo para a capacidade
2º - Recolhem-se informações sobre o mínimo economicamente rentável de unidades semelhantes
- Se mínimo > que o mercado total previsto – o projecto deve ser rejeitado
- Se mínimo < “ “ “ “ “ - o projecto pode prosseguir
Estudos sobre a dimensão (capacidade) da instalação
Deve-se analisar relação capacidade - quota de mercado
2
3º - Estabelecem-se os custos de produção (fixos e variáveis) e determina-se o ponto crítico de capacidade (break-even-point)
Se P.C. se situa acima
Compara-se o ponto crítico com o valor da capacidade previsto pelo estudo mercado
O projecto deve ser rejeitado
Se P.C. se situa abaixo
O projecto deve prosseguir
Critério simples de determinação do limiar de rentabilidade em termos de capacidade ou nível de produção
3
PONTO CRÍTICO – “Break - even -point”
Corresponde ao nível mínimo de capacidade, ou volume de produção, que permitirá a cobertura, pelas receitas, dos custos de produção, ou seja, o ponto de capacidade a partir do qual o projecto se torna lucrativo
A determinação do ponto crítico ( em termos de volume de produção, ou em percentagem de capacidade é simples se se considerar que:
- os custos variáveis são todos proporcionais- a qualquer nível de produção não há alteração do preço unitário de venda
Custos de produção classificados em variáveis e fixos (os que não variam com o nível de actividade quando o equipamento e a organização permanecem constantes, i.e. quando a capacidade total da instalação não é alterada
4
Considerando:
Q = quantidade a produzirP= preço unitário de vendaCF = custo fixo total da produção*CVQ= Custo variável total da produção (Q)
* - inclui a parcela relativa à Administração
V= CVQ/ Q = custo unitário variável
CTQ = CF+ CVQ = custo total de produção Q
RTQ= P.Q.= receita total de venda da produção Q
O Ponto crítico é definido em quantidade de produção Q por:
P.Q = CF+CVQ=CF+V.Q
CF=P.Q-V.Q = Q(P-V) Q=CF/(P-V)
5
Graficamente o ponto crítico corresponde á intersecção da recta do custo total com o da receita total (hipótese de proporcionalidade)
Quantidade produzida ou % da capacidade
Cus
tos
ou re
ceita
s to
tais
RTQ
Qc
CF
CVQ
CTQ
Para níveis de produção abaixo de Qc o projecto não será justificável; para níveis acima de Qc será em príncipio justificável
Um projecto com um Qc baixo assegura maior segurança perante a incerteza de mercado
6
ANÁLISE DE RENTABILIDADE
Rentabilidade do ponto de vista empresarial:
O termo rentabilidade é em geral entendido como a aptidão de uma certa combinação de factores para produzir lucros
No âmbito da análise (previsional) de investimentos, o termo rentabilidade é entendido como aptidão, calculada à priori, de um empreendimento para:
- Assegurar a completa recuperação (reintegração) dos capitais investidos na exploração
- Criar um rendimento financeiro adicional suficiente para cobrir os juros do capital (próprio ou alheio)
- Remunerar a actividade de direcção do empresário e o seu risco
Do ponto de vista da análise de que nos ocupamos, a rentabilidade é o resultado da contraposição da grandeza monetária de um investimento à grandeza monetária dos benefícios da sua exploração durante o período de vida útil do mesmo
7
Elementos de base da análise de projectos
Contas de exploração previsionais
Cash flow de exploração
Orçamento de tesouraria
Financiamento a curto prazo
Plano de financiamento a médio e longo prazo
Balanço previsional
8
Sistema de estudo de rentabilidade previsional de um investimento
Informações primáriasTécnico económicas
1ª fase 2º faseInformações secundáriasTécnico económicas
3º faseContabilidade previsional de exploração
4ª faseElementos de cálculoda rentabilidade
Estudos preliminaresde mercado
PeriodoRecup Capital
Conta expl.previsional
Cash flow expl.
Orçam tesouraria
Financ. curto prazoPlano financ. Médio
e longo prazo
Balanço previsional
Estudos preliminaresde processo
Estudos preliminaresde enquadramentojurídico-financeiro
Estudos delocalização
Estudos dedimensão
Quadros especificaçãodos investimentos
Estudos definanciamento
Previsão das vendas de mercado
Previsão de custosde exploração
Previsão de amortizaçõesencargos financeirose impostos
TR
VLA
TIR
9
Conta de exploração previsional
Constitui uma sistematização dos proveitos e custos anuais para cálculo de resultados potenciais e determinação da rentabilidade
Ano 1 Ano 2 Ano3 Ano n (a) Receitas brutas de vendas de produtos da exploração
(b) Despesas de venda, descontos, devoluções
(c) Receitas líquidas de venda (a-b)
(d) Despesas variáveis de exploração
(e) Margem bruta [(c)-(d)]
(f) Despesas fixas de exploração
(g) Resultado bruto (e)-(f)
(h) Amortizações técnicas de explor.
(i) Resultados líquidos [(g)-(h)]
(j) Encargos financeiros da exploração
(K) Resultado final antes de impostos [(i)-(j)]
(l) Imposto sobre lucros
(m) Resultado final depois de impostos [(k)-(l)]
10
CASH FLOW de exploração
Cash flow de exploração de um projecto é, simplesmente, a diferença entre as receitas e as despesas a ele associadas
De acordo com o modelo sintético da conta de exploração apresentada, o cashflow de exploração corresponde ao:
Resultado bruto menos impostos
Resultado líquido + encargos financeiros + amortizações Ou
Não são deduzidas nem as amortizações nem os encargos financeiros no cálculo do cash flow, pelo que este representa o montante de resultados brutos, que acumulados ao longo da vida útil do projecto, se destina a recuperar o investimento (através das amortizações não deduzidas) e a remunerar pelo menos, o capital alheio utilizado para o investimento (através dos encargos financeiros não deduzidos) e o capital próprio (através do res. líquido)
11
Orçamento de tesouraria
O orçamento de tesouraria destina-se a evidenciar as necessidades de liquidez a curto prazo da exploração do projecto
Os recebimentos e pagamentos são estimados a partir das previsões de
vendas e compras (conjugadas com os respectivos prazos de crédito), custos
de transformação, gastos gerais e comerciais, dividendos, juros e impostos...
É frequente estes orçamentos serem elaborados numa base mensal
O saldo do orçamento de tesouraria (cash flow total) permite detectar carências prevísiveis de liquidez, evidenciando em consequência, as necessidades de novos financiamentos de forma a estabelecer-se um plano de financiamento adequado quanto a montantes, prazos, esquemas de reembolso do empréstimos, políticas futuras de distribuição de resultados e constituição de reservas
12
Modelo de orçamentode tesouraria
Trimest Nº Ordem
Discriminação …… …… ……
1 Saldo acumulado do trimestre antecedente
2
RECEBIMENTOS DO TRIMESTRE - de vendas de produtos e mercadorias -de serviços e trabalhos prestados -de subsídios, indemnizações, bónus -de rendimentos financeiros - de empréstimos contraídos - de realização ou aumento de capital -de suprimentos - Outros recebimentos TOTAL DE RECEBIMENTOS DO TRIMESTRE
3
PAGAMENTOS DO TRIMESTRE - Compras de matérias primas, subs. E mat de consumo
- gastos com subcontratos e fornecimento e serviços de terceiros
- gastos com pessoal e encargos sociais - impostos, taxas, licenças - gastos de investimento reembolso de empréstimo (juros e capital)
-reembolso de suprimentos (juros e capital)
- reduções de capital - pagamento de dividendos - Outras despesas e encargos TOTAL DE PAGAMENTOS DO TRIMESTRE
4
SALDO ACUMULADO QUE PASSA = (1+2-3)
13
Avaliação da rentabilidade na perspectiva empresarial
Uma vez definidos os elementos do cálculo da rentabilidade, na óptica da análise de investimentos do ponto de vista empresarial, passa-se aos critérios de cálculo agrupados em duas categorias:
Critérios de rentabilidade utilizados na análise previsional de investimentos (considerando o factor tempo)
Critérios de rentabilidade utilizados na análise contabilística de gestão (não considerando o factor tempo)
14
Critérios de rentabilidade utilizados na análise previsional de investimentos
Apoiam-se essencialmente no cash-flow de exploração
Cash-flow traduz-se efectivamente pelos montantes que a exploração permite
libertar para reposição do investimento (via amortização) e remuneração do mesmo
(ou seja quer do capital alheio (via encargos financeiro) quer do capital próprio
(através do resultado líquido final))
No fim da vida útil de um projecto de investimento as amortizações e os juros acumulados devem, pelo menos, igualar o investimento
Isto significa que, nesse caso, o capital físico através das amortizações foi recuperado e o capital financeiro através dos juros foi remunerado à taxa prevista
15
A actualização dos cash-flows anuais a uma certa taxa de juro e a sua comparação com o montante investido é o procedimento natural para se saber se é garantida a recuperação do investimento e a remuneração dos capitais (que o financiaram a uma dada taxa)
Quando as despesas e as receitas do projecto foram estimadas a preços constantes a taxa a aplicar i é dada pela expressão
111
−++
=d
niii
i = taxa de actualização a aplicar na actualização dos cash-flows
in = taxa de juro a aplicar pelo banco
id = taxa estimada para a inflacção
16
A actualização dos cash flow anuais para o início da vida útil do projecto
(definido como ano 0) faz-se através do factor de desconto (1+i)-n
i = taxa de actualizaçãon= inteiro correspondente ao ano a que corresponde o cash flow
O valor actualizado do cash flow de um certo ano k é dado por:
CFk = CF0 x (1+i)-k
Os critérios de rentabilidade que consideram o factor tempo são os seguintes:
Valor Líquido Actual (VLA)
Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)
Período de recuperação de capital (PR)
17
Critério do Valor Líquido Actual (VLA)
Este critério traduz-se no cálculo do somatório dos cash flow anuais actualizados
à taxa escolhida, e deduzidos do montante, actualizado à mesma taxa, dos
investimentos. O resultado denomina-se por benefício total actualizado ou “cash-
flow” actualizado ou (discounted cash-flow DCF)
É um critério particularmente aconselhado em caso de escolha entre vários projectos de níveis de investimento semelhante, conhecida a taxa de financiamento
Se:CF0, CF1, CF3....CFk - cash-flow anuais
I0 I1, I2....Ik - investimentos anuais em capital ∑= +
−=n
k kkk
iICFVLA
0 )1(
18
Se ao fim de n anos de vida útil do projecto se prevê terem os bens investidos um valor residual Vr, o Valor Líquido Actual (VLA ) será:
nrn
k kkk
iV
iICFVLA
)1()1(0 ++
+
−= ∑
=
A decisão de investir é favorável se o VLA for positivo
No caso de alternativa entre vários projectos de investimento será de preferir o que tiver maior VLA
No entanto perante projectos de níveis de investimento e prazos de vida útil acentuadamente diferentes o critério do VLA em absoluto pouco adianta.
19
Critério da Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)
É normalmente usado quando se desconhecem as condições específicas de financiamento (quanto a juro) e quando entre alternativas de projectos de investimento estes apresentam níveis e vidas úteis diferentes
Visa-se determinar a taxa de juro de actualização que permite igualar o somatório dos cash-flows de exploração, ao somatório dos investimentos, ou seja, o valor i que torna o Valor Líquido Actual (VLA) nulo
∑= +
−=n
k kkk
iICFVLA
0 )1(= 0 TIR= i
Taxa de actualizaçãoVA
L
TIR
20
A TIR poderá ser comparada :
Com a taxa de juro de financiamento do próprio projecto de modo a saber-se se este é suficientemente rentável para cobrir os capitais (próprios e alheios) envolvidos no projecto e respectivas remunerações
Com a taxa de juro do mercado financeiro de modo a saber se não será preferível em lugar de realizar o investimento aplicar o capital correspondente nesse mercado
A TIR e o VLA são critérios complementares
Um projecto terá tanto maior VLA quanto mais baixa for a taxa de juro do capital, e será tanto mais justificável quanto maior for a sua TIR
21
- Quanto mais alta for a taxa de juro de financiamento em vigor no mercado,
mais reduzida será a faixa dos projectos rentáveis do ponto de vista empresarial
A TIR, como medida absoluta, revela-se pouco operacional perante alternativas
de projectos, pelo que na prática se usa conjugada com o VLA.
22
Critério do Período de Recuperação
É um critério em que prevalece o factor tempo.
Procura-se medir o tempo que demora entre a realização do investimento e a sua recuperação através do cash flow de exploração acumulado.
P. R. pode ser calculado por resolução da seguinte equação em ordem a t (tempo)
∑∑== +
=+
t
k k
kt
k kk
iCF
iI
00 )1()1(
O critério do PR evidenciando o aspecto tempo, despreza o aspecto rentabilidade
23
Critério de Rentabilidade utilizados na análise contabilística de gestão
Critérios apoiados sobretudo nos valores da conta de exploração e balanço previsional, mas desprezando o factor tempo
As decisões de investimento são tomadas a partir da manipulação de ratios de
rentabilidade de fácil obtenção, traduzindo genericamente a relação lucros/
capital
Tais ratios apresentam o inconveniente de um certa ambiguidade quando a
definição dos resultados não é clara (resultados antes ou após amortizações,
resultados antes ou depois de impostos...)
Estes métodos são especialmente úteis na pré-selecção de projectos de investimento
24
Os critério mais utilizados são os seguintes:
Resultado líquido Capital próprio
Resultado líquidoInvestimento
Resultado líquido
Valor das vendas
Valor das vendas
Capital próprio
(valores a retirar da conta previsional de exploração, os quais se devem referir a um ano médio de exploração do projecto e serem ajustados no caso de haver grandes variações de resultados ao longo da vida útil do projecto)
Rentabilidade do capital próprio (RCP)
Rentabilidade do Investimento (ROI)
Rentabilidade das vendas (RV)
Rotação do capital próprio (ER)
25
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
A avaliação económica tem incertezas associadas(estimativas e pressupostos relativos a desenvolvimentos económicos futuros)
- Estimativa do investimento
- Preços das matérias primas e produtos
- Procura futura de produtos
- Desenvolvimentos tecnológicos futuros
-......
Para avaliar a consistência do projecto há que fazer a um estudo da influência de algumas variáveis nos parâmetros que determinam a rentabilidade, ou não, do projecto
Variáveis, na maioria, exteriores ao projecto, pelo que não podem ser controladas.