IBECC - INSTITUTO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO, CULTURA E CIÊNCIAS
FICHAMENTO DO LIVRO: POR QUE FOUCAULT?NOVAS DIRETRIZES PARA A PESQUISA EDUCACIONAL
ANA CRISTINA BALTHAZAR VASCONCELOS MELLO
São João de Meriti2013
ANA CRISTINA BALTHAZAR VASCONCELOS MELLO
FICHAMENTO DO LIVRO: POR QUE FOUCAULT?NOVAS DIRETRIZES PARA A PESQUISA EDUCACIONAL
Trabalho apresentada ao Instituto Brasileiro de Educação, Cultura e Ciências (IBECC), como requisito parcial para a aprovação do Curso de Mestrado em Educação.
São João de Meriti2013
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................08
INTRODUÇÃO
.
CAPÍTULO 1 – POR QUE LER FOUCAULT HOJE?
A recepção de Foucault é muito diferente em distintos contextos nacionais e
culturais.
A questão da recepção de Foucault precisa ser escrita para determinados países,
locais e disciplinas. Talvez hoje sejamos mais sensíveis as valências ideológicas como
”verdades”.
Foucault é como se fosse um “Senhor Elástico”, o pensador original. Não é de
surpreender que Foucault possa inspirar uma teoria construtivista da interpretação a qual
enfatiza os contextos políticos de uso. Foucault é como ele mesmo diz de Nietzsche,
Freud e Marx,uma figura da discursividade (Foucault, 1998 a).
Quem ou o que é Foucault? “As possibilidades parecem infinitas : estruturalista,
idealista, neoconservador, pós-estruturalismo , anti-humanista , irracionalista,
radicalmente relativista, teórico do poder, missionário da transgressão , esteta, homem a
beira da morte, santo, ou , se nada servir, pós-moderno”.
Foucault era bastante impaciente e cáustico. Observou m passagem que viria a
ficar famosa, que “ O vir a ser do autor constitui o momento privilegiado da
individualização da história das idéias, do conhecimento , da literatura, da filosofia e das
ciências (Foucault, 1998, p.205). Estava bastante ciente do tropo nietzschiano de uma
“estética da existência” e dos modos pelos quais podemos ou devemos refazer-nos a nós
mesmos . Constantemente remodela sua posição, e seu pensamento muda e evolui.
A história da subjetividade envolve a “maneira pela qual o sujeito experiencia a si
mesmo em um jogo de verdade que se relaciona a ele.
Confessou a Paul Rabinow e Hubert Dreyfus que sua real busca não era uma
investigação do poder, mas a história das maneiras pelas quais os seres humanos se
constituem como sujeitos, um processo que envolvia as relações de poder como aspecto
integral da produção de discursos voltados as verdades. Três modos de objetificação que
transformam os seres humanos em sujeito. O primeiro, os modos de questionamento; a
objetivização do sujeito; a maneira pela qual o ser humano transforma a si mesmo, em um
sujeito.
A obra de Nietzche, em particular , propiciou a Foucault novas maneiras de
reteorizar e conceber de maneira nova a operação de poder e desejo. A analisar os
modos pelos quais os seres humanos se tornam sujeitos sem conferir prioridade
conceitual ao poder ou ao desejo .Oferece compreensão dos sujeitos educacionais – o
aluno -, estudante , o professor etc; permitiu aos teóricos da educação entender os
efeitos da educação e das pedagogias tanto como disciplinas quanto práticas.
2-MICHEL FOUCAULT : a pesquisa educacional como problematização
Michel Foucault argumentava que não defendia teorias ou
metodologias que devessem ser adotadas ou seguidas. Vê a relação entre conhecimento
e e o eu como algo que passou por imensas mudanças, isso pode ser exemplificado pela
observação de mudanças relação a verdade. “Para aceder a verdade , é suficiente que eu
seja qualquer sujeito que possa ver o que é evidente”. A relação com o eu não precisa ser
ascética para se relacionar a verdade.
Essa ruptura entre o eu e o conhecimento é “atacada” por vários filósofos franceses
anteriores a Foucault. Embora atacasse o cartesianismo em várias frentes , defendia a
noção do eu corporificado e da possibilidade de múltiplos eus. Buscava a resolução dos
problemas teóricos da filosofia do sujeito , pois acreditava que essa filosofia tinha
falhado. Foucault vem de disciplina, um idealista, um marxista, um niilista.
Para Foucault o eu tem de “primeiro operar em si mesmo um certo trabalho que o
faria suscetível devia saber a verdade. A noção de dar um passo atrás é muito importante.
Dar um passo para trás, é , ao mesmo tempo, uma liberdade para Foucault. É a liberdade
de separar-se do que se faz, é o movimento pelo qual alguém se separa do que faz, de
forma a estabelecê-lo como um objeto de pensamento e a refletir sobre ele como um
problema. Um objeto de pensamento como problema não carrega bagagem. Questionar
significados, condições e metas é ao mesmo tempo liberdade em relação ao que se faz. É
tratar o objeto de pensamento como um problema. Esses elementos resultam de
processos sociais, econômicos e políticos.
3- LIBERDADE E DISCIPLINA: transformações na punição pedagógica.
Foucault nos convida a abandonar os modos estabelecidos de pensar e
virar de cabeça para baixo as perspectivas já aceitas. As punições demosntram a falha
das boas intenções pedagógicas. É por isso que os educadores de hoje preferem falar de
gerenciamento de sala de aula, autodirecionamento ou prevenção, em vez de falar em
disciplina e coação. Quanto a pedagogia contemporânea, em vez de punições excessivas
e dolorosas, não as substitui por modos bastante diferentes de punição, que podem ser
mais silenciosos e inconscientes do que seus predecessores, mas certamente não menos
eficazes.
Desde o surgimento da pedagogia do Iluminismo, a punição tem tido de legitimar-
se: a punição pedagógica precisava parecer racional. A irracionalidade está no âmago dos
processos sociais de racionalização.A racionalidade da modernidade revela sua essência
caracterizada pela dominação.
O século XVII estabeleceu a base para formas mais sutis de controle pedagógico,
que ainda são propagadas e usadas hoje. Isso tornou necessário que a escola e o
ensino , um sistema. Pestalozzi tornou possível , subdividir o programa de ensino tanto
em conteúdo quanto em sua organização temporal, apresentando uma exigência de
formulação de planos de ensino estruturados e continuados e de uma melhor e mais
regular sequência do processo de aprendizagem. O processo de aprendizagem é a
absorção a digestão de conhecimento didaticamente processado. A punição disciplinar
objetiva a redução do desvio da norma.A punição disciplinar é apenas um elemento
integrador de um sistema mais amplo de recompensas e sanções , de condicionamento e
negação, que abrange o indivíduo. No ato de punição o educador é apenas um agente de
um poder impessoal. A punição se torna de certa forma, preventiva, com efeito
inconsciente.
Mesmo o modelo da pedagogia reformada foi incapaz de resolver a contradição
entre a liberdade e a disciplina.O foco da pedagogia reformadora abandonou o sistema
escolar de disciplina e voltou-se para a criança. O programa de pedagogia reformadora
enfatiza a proximidade para com o mundo real da vida, para além da escola: ensinar
torna-se “ensinar para a comunidade”, a sala de aula torna-se uma “comunidade viva e
em funcionamento”, a educação torna-se “educação de si”. A escola avança para um
estágio de vida. Todos estão sujeitos aos mesmos arranjos sociais, mas ao mesmo tempo
participam de sua reprodução. O código pedagógico para essa suave disciplina é a
educação” para a comunidade “ por meio da “ vida escolar”.
A pedagogia da reforma e proclamada como uma pedagogia da liberdade, promove
o momento de controle externo de acordo com uma sociedade mobilizada e flexível.
4- PEDAGOGIA E CUIDADO DE SI NAS RELAÇÕES MESTRE-ALUNO NA
ANTIGUIDADE.
Poder e conhecimento. Foucault desenvolveu esse foco a partir de uma
preocupação geral com a habilidade de liderar e controlar a si mesmo e a outras pessoas.
Nos últimos anos de sua vida, Foucault ocupou-se com a pedagogia. Foucault
diferencia pedagogia de passar uma verdade , cuja função consiste em mudar o ser
essencial do sujeito. Seu nome é psicagogia.
Esses processos psicagógicos, enfrentaram mudanças consideráveis entre a
filosofia Greco-romana e o Cristianismo. O sujeito que se ensina agora tem uma
obrigação para com a verdade. Exige-se agora do aluno que admita que seu ser essencial
mudou. O cuidado de si é uma condição pedagógica, ética e ontológica para ser um bom
governador , e impede que a pessoa envolvida abuse de seu poder.
O mestre não só cuida de si mesmo mas também se ocupa com algo mais, que
sequer existe. A pessoa imatura não está ciente de sua imaturidade e de que precisa de
ajuda e intervenção de alguém. Quem fala a verdade não é um educador de crianças nem
pedagogo nem professor, mas um filósofo!
O mestre de “dizer a verdade” a seus alunos e viver e agir de acordo .
Estar ocupado consigo mesmo era visto na era Greco-romana como uma trfa do
adulto. Certas formas de relação com a verdade não são dadas ao sujeito
automaticamente – elas têm de ser alcançadas. A falta de habilidade de um menino
refletia apenas o grau de incompletude de seu desenvolvimento. O comportamento do
menino era visto como uma resposta ao desejo em vez de um querer aquele desejo. A
análise de Foucault sobre a relação mestre-aluno da Antiguidade indica, portanto, uma
relação pedagógica baseada mais no poder do que na dominância.
Um dilema ético , raramente é uma meta explicíta da educação. Por isso, parte do
currículo oculto e é algo a respeito de que a maior parte dos professores não recebeu
treinamento ou compreende.
Foucault apresenta noções de disciplinaridade, governamentalidade,liberdade e
ética , e também noções de corporeidade, política e poder e seu contexto histórico-social
para a compreensão do eu. Tanto as tecnologias da dominação quanto as tecnologias do
eu produzem efeitos que constituem o eu. Elas definem o indivíduo e controlam sua
conduta a medida que fazem dele um elemento significativo para o estado por meio do
exercício. Nietzsche inspirou Foucault a analisar os modos pelos quais os seres humanos
tornam-se sujeitos sem privilegiar o poder (como o marxismo) ou o desejo (como Freud).
Foucault usa a tecnologia como uma forma de revelar a verdade e de focalizar as
tecnologias de poder e as tecnologias do eu. O eu pode então, mudar e ser reconstruído
diferentemente. O eu a que Foucault adere não é a versão do Iluminismo que objetiva ser
um coerente , consistente , racional, harmônico , autônomo e unitário. Ao contr4ário,
Foucault favorece as formas descentralizadas, múltiplas, mutantes e mesmo
contraditórias do eu, da identidade e das maneiras de ser.
Os valores sociais são importantes nos regimes disciplinares das escolas e no
modo pelo qual elas buscam os regimes de “verdade” . As escolas modelam o eu do
aluno e sua identidade. O cuidado de si formava uma das principais regras para a conduta
pessoal e social e para a arte da vida nas cidades gregas antigas. Declara que o cuidado
dos outros tornou-se uma ética explícita mais tarde e que não deveria ser posta antes do
cuidado de si. A revolução do eu envolveu a exomologesis ou “reconhecimento de fatos”
com confissão .
A medida que a confissão se tornou secularizada, uma variante de técnicas surgiu
na pedagogia, na medicina, na psiquiatria e na literatura, com o destaque sendo dado a
psicanálise ou a cura pela fala de Freud. A forma secular de confissão pode ser
considerada como algo que foi “cientificizado” por meio de novas técnicas de
normalização e individualização que incluíam as codificações clínicas , exames
pessoais , técnicas de estudo de caso , a documentação geral e a coleta de dados
pessoais , a proliferação de esquemas interpretativos e o desenvolvimento de um
conjunto completo de técnicas terapêuticas para a “normalização”. A confissão contém
elementos de identificação do eu de uma tentativa deliberada e autoconsciente de
explicar e expressar-se a uma audiência na qual o indivíduo existe e busca confirmação. A
confissão envolve um tipo de disciplina.
O pensamento de Foucault tem relações fortes e óbvias para as escolas . Os
principais aspectos da relação do eu consigo mesmo ou sua “”auto-constituição ética”,
apontam para várias maneiras pelas quais a educação de jovens pode ajudá-los a
constituírem-se eticamente a si mesmos: pelo trabalho ético que uma pessoa realiza
consigo mesmo com a meta de se tornar um sujeito ético. Um elemento que poder ser
derivado de Foucault é a importância de “escrever e ler”. Foucault sugere a reinstauração
do cuidado de si, superando a máxima do conhecer-se a si mesmo. Na verdade , as
escolas precisam ter alguma consciência do papel que desempenham na constituição do
eu de seus alunos, independentemente da aprendizagem sobre si mesmo ser ou as
escolas precisam estar cientes das tecnologias de poder (dominação) e do eu que
passam a seus alunos e do efeito que elas têm na constituição do eu.
O modelo de desenvolvimento da infância é agora fundamental para as práticas e
políticas de educadores e de outros profissionais que lidam com as crianças e com seus
cuidadores , tais como profissionais das áreas da saúde e social.
Foucault tem sido tomado como o modelo por excelência do pensamento
antiiluminista. Que consiste no escape do homem da tutela em que o próprio homem
incorrera. Devem analisar o estado de coisas no qual se encontram. Retira do ensaio de
Kant a idéia de que o ponto fundamental do iluminismo é a atitude de desafiar as
hipóteses sobre o que sabemos e sobre como agimos. Para ele, o projeto do Iluminismo
nos leva a uma crítica permanente. A filosofia crítica, produz teorias sobre o que pode ser
conhecido, o que deve ser feito e o que se pode esperar.
Por limites, Foucault refere-se as maneiras tidas como certas de pensar e agir que
formam o fundo de nosso comportamento. Também descreve a crítica permanente como
uma “ontologia crítica” de nós mesmos. Como nos constituímos como sujeitos de nosso
conhecimento ? Como nos constituímos como sujeitos que exercitam as relações de
poder ou a elas se submetem? Como nos constituímos como sujeitos morais de nossas
próprias ações?
A terapia não é nada mais do que um princípio de organização que informa as
maneiras possíveis de ser uma pessoa na vida contemporânea. A capacidade dos
indivíduos serem agentes autônomos se relaciona com o desenvolvimento da capacidade
de pensamento e ação. A rotina de tarefas e a própria organização espacial dos
indivíduos são ajustadas para a normalização e hierarquização. Foucault não concebe o
poder em vários ambientes , tais como família e outras instituições mais do que uma
teoria de poder per se. As ideais de “relações de poder” é uma noção geral , que
descreve as maneiras pelas quais os indivíduos dirigem o comportamento dos outros e
de si mesmo. Variam de dominação unilateral sobre os outros até as relações
consensuais e recíprocas entre os indivíduos. Uma relação de poder não é
necessariamente idêntica a uma relação de dominação.
Os indivíduos em relação de poder que não a de dominação, contudo, têm a
liberdade de coordenar suas ações de maneira particular. Demonstrar certas maneiras
de pensar e agir são historicamente contingentes, contudo, não demonstra que sejam
falsas ou mesmo problemáticas.As afirmações de conhecimento podem estar ligadas a
relações de poder e ser afetadas por elas. A ordem social estabelece estruturas de
credulidade e incredulidade , o que pode excluir informantes potencialmente bons. A
percepção geral da idéia de poder, conhecimento é a de que o conhecimento se reduz ao
poder .Idéia de poder e conhecimento de Foucault , as regras das formações discurssivas
não autorizam valores de verdade específicos para frases específicas, mas abrem um
espaço delimitado no qual algumas frases podem ser expressadas de maneira
significativa. As mudanças necessárias nessas maneiras costumeiras de pensar e agir
serão demonstradas pelas próprias práticas problemáticas porque estas impõem
restrições arbitrárias ou desnecessárias aos indivíduos.
A chave para tornar a pedagogia mais eficaz era entender como a mente da
criança
se desdobrava. O desenvolvimento da mente era visto como algo que separava os seres
humanos do mundo animal. O desenvolvimento mental das crianças tinha interesse
particular , porque se pensava que ela estivesse entre o animal e o humano.
O conhecimento do desenvolvimento das crianças também mudou a maneira pela
qual pensamos sobre as elas e fazemos coisas para elas. Hoje pais , educadores ,
funcionários da saúde e burocratas dão como certo que está na natureza da criança o fato
de elas se desenvolverem. Mas nós enculcamos essa crença nas crianças e em nós
mesmos. Pensemos nos brinquedos e jogos para crianças. Eles são projetados com a
meta de promover habilidades adequadas ao desenvolvimento. Todo currículo é baseado
no estímulo a habilidades , de acordo com o desenvolvimento adequado.
A investigação sobre o modelo de desenvolvimento mostra a idéia de
desenvolvimento mostra a idéia de desenvolvimento não pode ser oferecida com
perfeição em uma situação de dilema do tipo ou isto ou aquilo ; ou você aceita o desen-
volvimento ou o rejeita. Entender o funcionamento dos efeitos normalizadores do
conhecimento sobre o desenvolvimento das crianças sobre os indivíduos, os pais e outros
cuidadores.
Agir é sugerir que aumentar a capacidade de autonomia dos indivíduos é possível
sem o aumento concomitante nos efeitos do poder disciplinar sobre eles.
7- ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO “GOVERNO: UMA PERSPECTIVA ANALÍTICA DO
PODER
Para aqueles que são controlados, o poder está investido neles, é transmitido por
eles e por meio deles; exerce pressão sobre eles, da mesma forma que eles próprios , em
sua luta contra o poder, resistem ao domínio que ele tem sobre eles.
A confusão presente na recepção da obra de Foucault, é gerada principalmente
pelas mudanças de perspectiva que ele adotou ao longo de sua obra. A óbvia
incapacidade de classificar a obra de Foucault oferece a base tanto para a fascinação
quanto para o desdém que suas idéias parecem ter encetado. Caracteriza-se pela busca
dos instrumentos analíticos em relação a cada investigação particular em que está
trabalhando.
Foucault apresenta a educação , as assistências públicas e o trabalho ,
assistência social, juntamente com a medicina e a psicologia, como sendo os pilares dos
mecanismos de normalização, O sujeito aprende a decidir o que fazer consigo mesmo, a
formular suas próprias perspectivas e obedecer a elas.
A tarefa de reunir sistemas sociopedagógicos é tornar possível ver a lógica da
estruturação subjacente as ações sociopedagógicas que permanentemente a
reproduzem. As interpretações dominantes apresentam um certo preenchimento ético de
lacunas universais. O desafio sociopedagógico requer que se perceba um conteúdo
particular inevitável e sua conexão para com uma universalidade igualmente inevitável e
intangível.
8- O “INTRA- EMPREENDEDOR “ E A “MÃE”; ESTRATÉGIAS DE “FOMENTO “ E
DESENVOLVIMENTO “ DO EMPREENDEDOR DE SI NO DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL E NA AÇÃO AFIRMATIVA.
As organizações lidam de maneiras específicas com este conhecimento, e elas
podem ser integradas nas tipologias de “mercado”, “clã” e burocracia.
Nos conceitos de desenvolvimento organizacional e de realização, a racionalidade
empreendedora pode ser analisada de um modo educacional visando aperfeiçoamento. O
conhecimento educacional tem a tarefa de otimizar a eficiência dos recursos dos recursos
humanos . A aprendizagem duradoura do “empreendedor de si mesmo” em estratégias
de um desenvolvimento organizacional. O conhecimento educacional pode ser descrito
como conhecimento normalizador no âmbito de um dispositivo de poder. Os novo modelo
organizacional do dispositivo de rede representa um novo tipo de poder. O direito de punir
, a única maneira de impedir que outras instituições com metas iguais e com os mesmos
efeitos tomem seu lugar.
O poder operativo é uma análise de operações estratégicas . Ela examina de que
maneira o conhecimento interage com novos conceitos de mudança e como é capaz de
reatualizar seu significado.
As soluções do passado são os problemas de hoje. O risco tem de ser calculado ,
tornou-se uma sociedade de risco. A categoria de risco refere-se a vida dos sujeitos , e
sua identidade , a mudança , as estratégias do estado nação, bem como ao
desenvolvimento global. Toda estratégia de ação transforma-se em um projeto arriscado
que sustenta poderes criativos . Os problemas se expandem , transformam-se em riscos
que ameaçam a existência. O risco está sendo identificado tanto nas organizações quanto
nas famílias. As estratégias parciais e redutoras não oferecem soluções , mas apenas
criam novos problemas.
A falha de controle, é um modelo de percepção que concerne ao desenvolvimento
global tanto quanto a ação organizacional. Esse problema produz categorias de perda de
controle em diferentes níveis de ação.
As pessoas têm de ser empreendedoras . A flexibilidade pertence a um sistema de
poder. O sujeito é visto como sujeito pedagógico. Através do apelo , o sucesso está dentro
de você. No conhecimento pedagógico de apoio e desenvolvimento , a velha prática de
confissão tanto em seu sentido religioso quanto secular entra em cena.Aprender e
trabalhar não mais se separam e nem são fases seqüenciais. Os sujeitos, assim como as
organizações , precisam se tornar os elaboradores de suas vidas, de suas identidades e
imagens. A aprendizagem facilita a forma e a otimização dos processos.
9- PENSANDO A GOVERNAMENTALIDADE “ A PARTIR DE BAIXO”: O TRABALHO SOCIAL E OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO ATORES (COLETIVOS) EM ORDENS MOVÍVEIS, MÓVEIS.
Refere-se a processos de transformação radical que afetam a noção de
sociedade. Michel Foucault fala sobre aspectos traiçoeiros do poder que são recepções
que atraem e ao mesmo tempo não atraem tanto quanto energias de luta e forças opostas
em direção a formas, modos de governo. Nenhuma estratégia política pode ser somente
subversiva, precisa ser atendida como que algo que deriva de constelações históricas e
socioculturais.
10- SOMENTE PO AMOR PELA VERDADE PODE NOS SALVAR: FALAR A VERDADE NA UNIVERSIDADE (MUNDIAL)?
Estar obcecado como a qualidade e com a excelência é a única maneira de
garantir nossa sobrevivência. A universidade moderna é concebida como a instituição
para a ciência. Essa pesquisa científica é uma atividade que encarna a busca pela
unidade da verdade. A pesquisa científica atua como uma prática para moldar a força dos
seres humanos. A educação científica na universidade é edificar-se por meio da
participação na pesquisa. Essa participação permite que os alunos se submetam a lei
da sabedoria e que se eduquem por meio da orientação voltada ao universal. Como
intelectuais , os acadêmicos entram no domínio em nome da verdade e seu discurso
depende da submissão ao tribunal científico. A posição do intelectual universal ou como
intelectual que se orienta para o universal relaciona-se a figura do jurista. O público são
aqueles que não se submeteram as leis do reino da verdade. O intelectual está
desempenhando o papel mediador de intérprete em uma sociedade diferenciada que
busca uma orientação geral e se dirige ao entendimento mútuo.Em nossa sociedade do
conhecimento , a universidade precisa aparentemente orientar-se. Espera-se que as
universidades na sociedade do conhecimento organizem pólos de excelência. O mundo
acadêmico atual e moderno como reino da verdade não pode estar desconectado de uma
atividade de controle sobre o acesso.
11- FOUCAULT: A ÉTICA DA AUTOCRIAÇÃO E O FUTURO DA EDUCAÇÃOA última fase da obra de Foucault, é descrita como ética. A sociedade, segundo
Foucault, provocou um coro de objeções por parte de uma variedade de
críticos.Considerar também sem sentido a palavra educação, percepção de Foucault.
Subjetivar é impor normas; categorizar o indivíduo, marcá-lo por sua individualidade.
Impor uma ética a alguém, uma relação que se tem consigo mesmo que corresponde a
uma moralidade convencional. A subjetivação não precisa significar ão precisa significar o
cancelamento da liberdade ou a perda total do poder. Não há poder sem liberdade, um é
condição do outro. Nas sociedades liberais, tanto a aculturação quanto o doutrinamento
distinguem-se da educação. O trabalho da educação para Foucault, é como recusar o que
somos, a fim de promover novas formas de subjetividade. A ética é complexa e
multidimensional.
12- Pesquisa educacional: os jogos da verdade e a ética da subjetvidade.
A influência de Foucault sobre a pesquisa educacional é inesgotável . O impacto de
sobra a pesquisa educacional está ainda no processo de desenvolvimento e avaliação,
mas está claro que sua influência, cerca de 20 anos depois de sua morte, é extensa e sua
abordagem oferece aos pesquisadores na área de educação uma perspectiva crítica
baseada em uma teoria original de poder que nada deve ao pensamento liberal o99u
marxista. Foucault também oferece um conjunto de metodologias históricas e um
refinamento das ferramentas de análise que capacitam as epistemologias social e
espacial dos regimes discursivo e institucional. Foucault na educação oferece ferramentas
para análise que acabaram por inspirar abordagens históricas, sociológicas e filosóficas
que cobrem uma gama desconcertante de tópicos; estudos filosóficos dos conceitos
educacionais que cresceram com o humanismo europeu. Depois de Foucault é como se
devêssemos revisitar a maior parte das questões importantes relacionadas a poder,
conhecimento , subjetividade e liberdade na educação.
A história do sujeito humano para Foucault estava intimamente atrelada ao
desenvolvimento das ciências humanas em relação ao conhecimento e a verdade. A
verdade deve ser entendida como um sistema de procedimentos ordenados para a
produção, regulação, distribuição, circulação e operação de frases.A linguagem na
concepção de Foucault nunca engana ou revela.
Dois grandes modelos para o entendimento da pesquisa educacional. Podemos
criar a hipótese de que a pesquisa educacional é um conjunto de práticas que são
fortemente influenciadas por formações culturais epistêmicas mais gerais e códigos que
modelam as condições de possibilidade para o conhecimento educacional e determinam
as regras de formação para as racionalidades discursivas que operam além do nível da
consciência subjetiva do pesquisador.
13- UMA POLÍTICA EDUCACIONAL CRITICAMENTE FORMATIVA: FOUCAULT, DISCURSO E GOVERNAMENTALIDADE
A análise da política é um campo diverso e interdisciplinar que envolve
pesquisadores e especialistas, em vários ambientes institucionais. Uma característica da
política da educação na modernidade tardia é a sua predisposição incansável para ajustar
os limites e horizontes dos projetos nacionais de educação em todos os níveis.
A política educacional é tomada como uma expressão da racionalidade política e,
como um elemento constituinte da preparação. A possibilidade de marcar uma abordagem
analítica distintiva e penetrante com a qual se pode realizar a tarefa de ler criticamente a
política educacional.
Discurso, corpo de idéias, conceitos e crenças que se estabeleceram como
conhecimento, ou, como uma maneira aceitável de olhar o mundo.
Central para a compreensão de Foucault um compromisso para com a concepção
materialista da linguagem. Isso vai além da atenção aos sinais e significado da
linguagem , passando a envolver suas influências no mundo social. Os discursos não são
simplesmente textos, são uma forma de poder . As relações de poder não podem ser
estabelecidas, mantidas, ampliadas, resistidas ou mobilizadas , ou receberem forma
material, sem a mediação do discurso. O que é dito pode ser moldado em formações têm
uma influência tangível e concreta na estruturação de práticas, relações de poder e
subjetividade. Os discursos não são simplesmente textos, o que é dito pode ser moldado
em formações discursivas de acordo com conjuntos de regras.
A família, o local de trabalho, a profissão, a população, são apenas alguns dos
muitos locais nos quais a operação de governar se encontra. A política está ligada ao
exercício do poder político. Na formação da conduta , o poder é exercido por meio da
construção ativa de representações dos sistemas econômicos e sociais e por meio da
edição de conjuntos complementares de instruções , exigências e orientação sobre como
os sujeitos deveriam comportar-se e responder. O conhecimento que faz uma arte do
governo moderno possível está amplamente distribuída em uma elite política e
administrativa.
14- INVOCANDO A DEMOCRACIA: A CONCEPÇÃO DE FOUCAULT (COM INSIGHTS
RETIRADOS DE HOBBES)
As concepções de Foucault sobre liberdade e ética podem ser vistas como
pressupostos de um contexto democrático. Cultivar o eu é base do trabalho ético. O
trabalho ético é o trabalho que se executa na tentativa de transformar-se a si mesmo em
um sujeito ético de seu próprio comportamento, os meios pelos quais mudamos a nós
mesmos a fim de nos tornarmos sujeitos éticos.
A ética é parte da moralidade , mas enfoca exclusivamente códigos de
comportamento moral
O cuidado de si implica um sujeito politicamente ativo atuando em uma
comunidade de sujeitos, envolvendo práticas do eu que requerem o governar tanto quanto
como algo que implica relações complexas com os outros e com o eu. A ação ética não é
um evento individual, mas pressupõe uma certa estrutura política e social com respeito a
liberdade. Quando se pratica a liberdade, estamos envolvidos em uma conduta moral. O
cuidado de si implica a liberdade e a ética , o que presume uma certa forma de estrutura
social: um certo grau de liberação.
“A guerra é uma ruptura do direito”. A democracia deliberativa reconhece que os
pontos de vista e as preferências entrarão em conflito e , permite um contexto não
coercivo ou aberto. No sentido , a deliberação reconhece e tolera diferenças em um
sentido muito maior do que o que está na compreensão. Agir de acordo com os princípios
torna-se algo obrigatório se por meio disso os atos de terrorismo forem minimizados e as
possibilidades de sobrevivência forem ampliadas. A sobrevivência não pode satisfazer
relato completo dos fins e objetivos da vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
Peters, Michel A., Por que Foucault?: novas diretrizes para a pesquisa
educacional.tradução Vinícius Figueira Duarte- Porto Alegre: Artemed, 2008.