FONÉTICA DA LÍNGUA INGLESA E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TICs): UM ESTUDO DAS UNIDADES MÍNIMAS QUE
GARANTEM O APRENDIZADO DA PRONÚNCIA DAS PALAVRAS
Ana Claudia Carvalho de Jesus Claudia da Silva Guedes Rabelo
Dayane Macedo Cabral
Rosilene de Oliveira Furtado RESUMO
O presente artigo teve por objetivo reconhecer a relevância da fonética no ensino da língua inglesa, usando as tecnologias de comunicação e informação (TICs) como instrumento metodológico para o ensino da língua inglesa na sala de aula, mais especificamente com alunos do ensino médio. Os embasamentos teóricos foram de obras de estudiosos nas áreas de TICs, Fonética, Abordagens metodológicas e Ensino da Língua Inglesa nas escolas públicas. Como métodos de averiguação foram usados questionários e intervenções com oficinas de fonética, com tecnologias facilitadoras para dinamizar o aprendizado. Com a contribuição dos documentos que regulamentam e orientam a guisa de ensinar democraticamente, a pesquisa discutiu o ensino da língua Inglesa (LI) no ensino médio com ênfase na fonética de uma forma contemporânea em termos didáticos e metodológicos, na busca da compreensão do funcionamento do aparelho fonador, produção dos sons, conhecimento do alfabeto fonético e o empoderamento destes novos conhecimentos a respeito da língua Inglesa. Deste modo, oportuniza ao indivíduo o crescimento intelectual, profissional e cultural proporcionado o contato direto com a LI. A análise de dados permitiu a confirmação da hipótese de que o conhecimento das unidades mínimas das palavras, através dos símbolos fonéticos, aliado ao o uso das TICs, garante o aprendizado e contribui significativamente para a fluência e o bilinguismo. O principal aspecto para o resultado positivo foi a excelente aceitação da proposta pelos atores pesquisados, o interesse e interação durante as sequências didáticas. PALAVRAS CHAVE: Língua Inglesa. Fonética. Tecnologias educacionais. Ensino.
Metodologia.
INTRODUÇÃO
O ensino da língua inglesa vem se tornando essencial para solidificar relações
dentro da sociedade, sejam elas de cunho profissional, educacional ou cultural. O
fato é que toda esta necessidade do bilinguismo, em especial a língua franca como
segunda língua, tem contribuído para que os estudos acerca do ensino seja cada
Acadêmicas concluintes do Curso de Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Inglesa e suas respectivas Literaturas, do Instituto de Ensino Superior do Amapá/AP. E-mails:
[email protected]; [email protected]; [email protected]. Graduada e professora Especialista em Língua Inglesa do Instituto de Ensino Superior do Amapá- IESAP. Email: [email protected]
2
vez mais intensificado, no sentido de saciar os anseios dos indivíduos com relação
ao conhecimento e ainda garantir uma performance adequada a comunicação, no
uso da língua inglesa. No intuito de entender como a fonética pode ser estudada
através das tecnologias da informação e comunicação para garantir o aprendizado
das palavras da Língua Inglesa, é que essa pesquisa se justifica.
Este estudo que traz como tema: “Fonética da Língua Inglesa e as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs): um estudo das unidades
mínimas que garantem o aprendizado da pronúncia das palavras” teve início a partir
das observações feitas pelas acadêmicas nas aulas de Fonética da língua Inglesa,
onde se atentou para a grande importância do uso dos símbolos fonéticos para
compreender a pronúncia de cada som, inclusive os que não existem na língua
vernácula portuguesa brasileira.
Nesta construção de conhecimentos, se buscou meios para entender melhor
o universo das unidades mínimas, e nessa busca se encontrou suporte nas
tecnologias, que oferecem bastantes ferramentas de complementação metodológica
para que qualquer aluno faça uso da fonética como uma ciência que auxilia no
aprendizado do idioma.
Desta forma, se pensou em aliar as Tecnologias da Comunicação e
Informação à Fonética, num projeto que teve como foco a pronúncia das palavras da
Língua Inglesa. As metodologias para trabalhar as quatro habilidades comunicativas
(Reading, Speaking, Listening e Writing), se dão a partir da prática de exercícios
orais repetitivos onde se espera como consequência natural o “ler e escrever”.
A proposta levada para as salas de aula deu ênfase ao ensino da pronúncia
com o uso da fonética, trabalhando as habilidades de forma mais lúdica e com
instrumentos tecnológicos usados como ferramentas didáticas com o aluno,
eliminando a repetição e instigando o aluno a buscar a pronúncia correta através da
tradução fonética. A sugestão do estudo de fonética com as TICs se deu devido ao
contexto social em contínuo desenvolvimento, com a evolução tecnológica e
capitalismo acelerado, onde o monolinguismo é considerado quase como
analfabetismo, já que o mundo se tornou globalizado e a necessidade da fluência de
mais de um idioma chega a ser modo de sobrevivência num mundo onde todos os
âmbitos tendem a usar tecnologia e língua franca para se comunicar.
Na pesquisa bibliográfica, se observou que o ensino da fonética da língua
inglesa não é repassado para os alunos do ensino médio como um instrumento
3
facilitador do aprendizado da pronúncia, dando-se mais ênfase ao ensino da
gramática sem enfatizar as habilidades que estimulam a oralidade.
Este artigo está dividido em quatro seções que detalham o sentido da
pesquisa e a importância da fonética e das TICs no ensino escolar. Na primeira
seção trataremos dos tipos te abordagens e métodos ao longo da história e o realce
para a projeção que nos garantiu propor o ensino da fonética usando uma
metodologia didática diferenciada dentro da sala de aula. A segunda trata do
conceito de fonética esmiuçando os aspectos que a tornam de tão grande
importância dentro do ensino da língua inglesa. E na terceira falaremos do ensino
usando as tecnologias da comunicação e informação em sala de aula e como esse
uso pode facilitar a compreensão da pronúncia, além de instigar a investigação e
novas produções de conhecimento e torno da pronúncia do inglês.
Para finalizar temos a quarta seção onde é apresentado o resultado da
pesquisa qualitativa, quantitativa e exploratória onde fazemos uma abordagem
desde a observação na escola campo até a aplicação do instrumento final que
permitiu confirmar as hipóteses levantadas e evidenciar aspectos relevantes para a
investigação.
Por isso, a proposta deste trabalho foi aliar a fonética ao uso das tecnologias
para propiciar ao alunado o conhecimento dos símbolos fonéticos e as informações
do funcionamento do aparelho fonador, visando a identificação da pronúncia correta
de cada símbolo fonético e seus sons, Desta forma, houve a inserção de alguns
aplicativos e sites para ajudar no desenvolvimento de cada aluno.
1 ABORDAGENS E MÉTODOS DE ENSINO DA LINGUA INGLESA
Desde antes de Cristo, o fato de se aprender outro idioma já era uma
questão de sobrevivência, quando um povo invadia uma nação o seu maior triunfo
vinha de se dominar a escrita e o idioma do dominado , dando assim mais poder e
prestígio para o povo dominador, pois aprendendo o outro idioma eles teriam acesso
à cultura e religião do povo dominado, elevando assim sua posição hierárquica.
Na Idade Média por meio do Latim, que era a língua usada em documentos
oficias e de ensinamentos acadêmicos, se acredita que o Latim tenha sido
sistematizado com o intuito de transpor conhecimentos de uma língua para outra, e
4
é em meados da Idade Média que se data o inicio do uso do método de gramática e
tradução.
Mas antes de explanarmos um pouco mais sobre métodos vamos entender
sobre as Abordagens, que tem um papel fundamental no processo de ensino
aprendizagem, pois, são elas que englobam os pressupostos teóricos. As
Abordagens trazem em si influências das teorias que vem das Ciências Linguísticas
no que diz respeito à visão de linguagem e da Psicologia, no que tange à visão de
ensino/aprendizagem.
A Abordagem em linhas gerais tem a ver com o modo como o professor
percebe a pratica de ensino, é a visão geral sobre o que é ensinar uma língua. Para
Brown (1994), “abordagens são as posições e crenças teóricas sobre a natureza da
língua, de seu aprendizado e sua aplicabilidade em padrões pedagógicos”. As
abordagens que mais apresentaram métodos são as: Estrutural-comportamental e a
Comunicativa. Devemos lembrar que uma abordagem pode desencadear diferentes
métodos e que estes podem ser aplicados com diferentes técnicas.
A ordem dos métodos segue a própria ordem cronológico-histórica que permeia o desenvolvimento, aplicação e aprimoramento destes e que obedecem ao estabelecido pela abordagem estrutural-comportamental e abordagem comunicativa. (...): o Método Gramática-Tradução ou clássico (the Grammar-Translation Method), o Método Direto (the Direct Method), o Método de Leitura (the Reading Method), o Método Audiolingual (the Audiolingual Method), o Método Estrutural-Situacional (the Structural-Situational Method), o Método Cognitivo (the Cognitive Method), o Método Funcional (the Functional Method), e a Abordagem Comunicativa (the Communicative Approach). (SANT’ ANNA, p.7, 2014.).
Mas afinal, o que é um método, quais são as ferramentas que veem
norteando o ensino da língua estrangeira e de que forma eles tem contribuído para o
ensino de um idioma, em nossa pesquisa mais especificamente no ensino da Língua
Inglesa? Alguns autores concordam que o método é um conjunto de etapas,
ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo
de uma ciência ou para um determinado fim, evidentemente esse conceito pode
sofre alterações, pois é amplo e polissêmico, mas vamos nos ater ao sentido
pedagógico e com foco no ensino da língua estrangeira.
O método deve expressar (...) uma compreensão global do processo educativo na sociedade: os fins sociais e pedagógicos do ensino, as exigências e desafios que a realidade social coloca, as expectativas de formação dos alunos para que possam atuar na sociedade de forma critica
5
e criadora, as implicações da origem de classe dos alunos no processo de aprendizagem, a relevância social dos conteúdos de ensino. (LIBÂNEO, 1994, p. 150).
O método é então um conjunto de procedimentos de ensino que guia a prática
dentro da sala de aula, é ele que responde as exigências do processo educacional,
e é através dele que se espera alcançar as expectativas em volta da formação do
aluno. O método não vem só, é acompanhado por um currículo e direcionando por
uma abordagem. Após estes entendimentos, vamos demonstrar pela visão de
Mizukami apud (SANT’ ANNA, Magali Rosa de; et all 2004) como fica a união entre
métodos e abordagens:
Abordagem Tradicional engloba o Método Gramatica e o de Leitura. Abordagem Comportamentalista ou Behaviorista o Método Audiolingual e suas variantes. Abordagem Humanista que agrega um conjunto de métodos (...) de ensino e aprendizagem de línguas. Esta abordagem caracteriza-se pela pedagogia centrada no aprendiz, pelas atividades em grupo e pelo interesse pela unidade linguística, portanto não a encontramos um único método. Abordagem Cognitivista expõe o Método Cognitivo.
Muitos foram os métodos que guiaram o processo de ensino da língua
estrangeira até os dias de hoje, o que ocasionou essa constante mudança neles, é
que de certa forma todos apresentaram uma lacuna a ser preenchida, por exemplo:
métodos que se importavam apenas em transmitir conhecimento da língua
estrangeira sem se importar com a comunicação, outros não tiveram êxito por causa
da falta de estrutura nas escolas públicas, alguns davam mais ênfase em uma ou
duas habilidades, em detrimento de outra.
Quando se era verificado as deficiências no método ou necessidade de se
trabalhar outra habilidade um novo método era implantando na esperança de ser o
melhor e mais perfeito a fim de solucionar os problemas no processo de ensino
aprendizagem de línguas.
Como podemos perceber não é deste século que os estudiosos buscam um
método de ensino da língua estrangeira que viesse a suprir de forma ampla e
completa as necessidades de todos os alunos, que conseguisse ser eficaz e
eficiente em todos os contextos de ensino de língua estrangeira. A ideia é que a
cada mudança de método de ensino tinha se conseguido chegar a um método
perfeito e que o último estava cheio de erros a ser corrigidos por este novo.
6
Pensando assim chegamos a Abordagem Comunicativa, que surgiu no Brasil
em 1978, depois de ter sido introduzida na Inglaterra nos anos 70 por semanticistas
e sociolinguistas que defendia tirar o foco da frase em si, e focar no texto nas
circunstâncias a envolver o aluno, se baseia mais na semântica e tem uma visão de
uso da língua como comunicação. Essa abordagem vem de estudos nas áreas de
Psicolinguística, Sociolinguística, Filosofia da Linguagem e Teoria da Informação
que busca saber mais sobre a aquisição e desenvolvimento de uma língua
estrangeira nos processos de ensino/aprendizagem.
É importante ressaltar que a Abordagem Comunicativa não nega as outras ou
dispensa seus Métodos, antes ela agrega conhecimentos de seus antecessores, e
todos os processos desenvolvidos até aqui, tem ao seu modo dado direção para
professores guiarem suas práticas em sala de aula.
Diante do que foi exposto, vemos que hoje as metodologias de ensino de
língua Inglesa buscam levar o aluno a mais que conhecer superficialmente o idioma,
a mais do que só conhecer uma cultura diferente da sua, mas para um ponto onde o
aluno consiga se expressar e interagir de forma tão infinita quanto às ideias em sua
mente.
Por esse leque que a Abordagem Comunicativa nos abre é que se torna
possível buscar meios para uma prática educativa dinâmica e inovadora, que
acompanhe as mudanças nos cenários sociais e escolares, uma pratica que traga
novas ciências, novos métodos, que sai do tradicional e dê a oportunidade para que
o aluno possa de fato se comunicar em outro idioma.
2 FONÉTICA DA LÍNGUA INGLESA
Segundo Silva (2003) “a fonética é a ciência que apresenta os métodos para
a descrição, classificação e transcrição dos sons da fala, principalmente aqueles
sons utilizados na linguagem humana”. A comunicação se dá através da pronúncia,
por isso a relevância de dar suporte as habilidades de ouvir e falar em processo
contínuo de aprendizado. Não menosprezando as habilidades de ler e escrever, pois
estas calçam o ensino levando o aluno a conhecer os códigos e decifrá-los
corretamente.
Os estudos dando ênfase a pronúncia tiveram início recentemente com a
abertura metodológica dada pela abordagem comunicativa. Antes disso as
7
abordagens eram voltadas para outros processos metodológicos e sempre
priorizando os exercícios repetitivos como forma de alcançar a fluência na LI. Para
SOUZA (2009) “A pronúncia começou a ser estudada sistematicamente apenas no
início do século XX, sendo por isso um campo pouco conhecido entre os professores
de língua do que a gramática e o vocabulário”.
A busca pela pronúncia perfeita, parecida com a nativa, sempre foi o objetivo
dos estudiosos ao longo da história, sempre trabalhando as habilidades sem
priorizar a pronúncia e os aspectos inerentes a ela que fazem com que o falante
alcance a pronúncia correta. Esse fator gera insegurança nos falantes pelo fato de
não conhecer alguns sons que não existem na língua materna e nem como alcançar
essa pronúncia, pelo simples fato de não saberem como se constitui o alfabeto
fonético e a origem dos sons que eles precisam pronunciar. Deste modo, o falante é
levado a pronunciar de maneira errada por tentar emitir sons da língua materna, ao
invés de sons oriundos da LI, e que são únicos desta língua. Souza (2009) diz que
no Brasil, os alunos se queixam da qualidade de sua pronúncia e compreensão oral
ao aprender a língua inglesa, e que os professores mostram-se inseguros quanto à
pronúncia do idioma que ministram.
A insegurança dos professores com relação ao ensino tem a ver com os livros
didáticos, que são estruturados de forma a privilegiar as habilidades da leitura e
escrita e a formação que receberam que reflete diretamente na sua forma de
ensinar. Bollela (apud Souza 2009) aponta que este fato se dá porque o processo de
ensino-aprendizagem da LI ocorre, na maior parte das vezes, através da escrita e
não por meio de imersão.
A fonética como ciência estuda as unidades mínimas das palavras, o som,
auxilia na compreensão das palavras da LI, o que é necessário para o aprendente é
compreender a estrutura fonética da língua, através do alfabeto fonético e
compreender a estrutura para emissão dos sons da língua. Cagliari (1978), diz que
“é fundamental que antes de aprender a escrever, o aluno passe por exercícios
fonéticos de produção (performance) e reconhecimento (ear-training) dos sons da
língua a ser estudada”. Neste caso, o adendo é apresentar essa ciência como meio
de estimular o aluno a aprender a ler, escutar e pronunciar as palavras da maneira
correta, buscando a correção na tradução fonética nas ferramentas educacionais
que oferecem uma miscelânea de recursos que assessoram no aprendizado dos
sons.
8
Outro aspecto importante a ser observado quando se trata do estudo dos
sons, é a Fonologia como ciência que estuda os sistemas sonoros das línguas.
Portanto, caminha sempre junto à fonética dando significado a estrutura sonora da
Língua Inglesa, de acordo com seu léxico, na compreensão de palavras, frases e
textos.
Segundo Bollela (2002), “ao se aprender uma língua estrangeira, o aluno
entra em contato com um novo domínio sintático, semântico, lexical e fonológico,
que envolve as quatro habilidades linguísticas”: a audição, a fala, a leitura e a
escrita. Neste sentido, não há como desconsiderar a importância do estudo da
pronúncia para melhoria do aprendizado, já que existem sons próprios da LI que
dependem de uma articulação diferenciada por parte do aparelho fonador (sistema
articulatório, fonatório e respiratório).
2.1 Aparelho fonador
Para compreender o que é a fonética, o professor precisa levar esse
conhecimento ao aluno de forma clara, não basta levar o entendimento da existência
do alfabeto fonético da LI e a transcrição fonética para representar os sons, mas
precisa evidenciar o funcionamento do aparelho fonador pra que haja compreensão
do seu funcionamento. Para Matzenauer (2005, p. 11):
A fonética visa o estudo dos sons da fala do ponto de vista articulatório, verificando como os sons são articulados ou produzidos pelo aparelho fonador, ou do ponto de vista acústico, analisando as propriedades físicas da produção e propagação dos sons, ou ainda do ponto de vista auditivo, parte que cuida da recepção dos sons.
Compreender o significado dos sons credencia o aluno para o maior
entendimento da pronúncia da segunda língua e o funcionamento do aparelho
fonador é o responsável por essa produção e emissão. Desenvolver novas
habilidades depende de um bom ensino com metodologias adequadas para a
aquisição de novos conhecimentos, porém , quando se trata da segunda língua, o
indivíduo terá contato com sons que não são comuns a língua falada por ele, neste
caso é necessário educar o falar, através do aparelho fonador, para obter a
pronúncia correta das unidades mínimas da palavra. Vejamos abaixo:
9
Figura 1- Aparelho Fonador
Fonte:<https://journalismecitoyenmz.wordpress.com/docente-de-fonetica-e-fonologia-do-portugues>
O aparelho fonador é constituído pelo sistema articulatório (faringe, língua,
dente, lábios e dentes), sistema fonatório (laringe: glote e cordas vocais), sistema
respiratório (traqueia, diafragma, brônquios, e pulmões). A partir do aparelho fonador
é possível descrever como os sons são transmitidos e ainda aprender os novos
sons. Neste sentido há um entendimento de como articular e respirar para emitir um
determinado som oriundo de uma língua estrangeira.
2.2 Alfabeto fonético
Com o movimento de reforma das línguas, os foneticistas deram uma grande
contribuição para a linguística ao criarem o Alfabeto Internacional de Fonética (IPA –
International Phonetic Alphabet), em 1886. Eles defendiam que a forma falada da
língua deveria ser ensinada primeiramente através da fonética, visando a
compreensão do som, que é diferente da estrutura escrita da palavra. O linguista
francês Paul Passy liderou um grupo de ingleses e franceses em busca de criar os
símbolos fonéticos para facilitar a comunicação, mesmo que o indivíduo não tivesse
tanta intimidade com o idioma, de forma que esse conhecimento facilitaria a
10
aprendizagem. Este processo de representar a sonoridade das palavras através dos
símbolos chama-se transcrição fonética e é possível em todos os idiomas que usam
o alfabeto de letras.
O conhecimento do Alfabeto Fonético da Língua Inglesa é o primeiro passo
para o aprendizado dos sons da língua inglesa. O alfabeto fonético internacional
possui cerca de 100 símbolos para representar os sons das línguas. No caso da
língua Inglesa são usados 44 símbolos e alguns desses sons não existem na Língua
Portuguesa e a maneira como são pronunciados é bem diferente devido a
articulação do aparelho fonador. Abaixo, o alfabeto fonético da Língua Inglesa:
Figura 2 – Alfabeto Fonético
Fonte: <http://inglesparaleigos.com/alfabeto-fonetico-internacional/>
O principal objetivo da criação do alfabeto fonético foi facilitar o entendimento
da pronúncia para que qualquer pessoa possa pronunciar da forma correta. É
preciso deixar claro que nenhuma pronúncia de um falante estrangeiro se compara a
pronúncia de um nativo, mesmo porque a estrutura da língua materna, variação
linguística, sotaque e outros elementos, fazem com que um estrangeiro seja
diferente linguisticamente. Porém, quando não se conhece o alfabeto fonético o
falante acaba tentando pronunciar da maneira como se pronuncia a língua
portuguesa e com isso produz vícios de linguagem que certamente influenciarão no
processo de comunicação com um nativo.
11
Para Schütz (2016), “A interferência fonológica da língua materna na língua
estrangeira que se aprende, na maioria dos casos permanece para sempre, mesmo
com pessoas que já adquiriram pleno domínio sobre o vocabulário e a gramática da
língua estrangeira”. O objetivo do alfabeto fonético e oportunizar e formar falantes
que consigam se comunicar da melhor maneira. Conhecer o IPA garante a
autonomia no aprendizado fonético e fonológico, não só na compreensão da
representação e interpretação do som, como também no aprendizado da tonicidade
e ritmo das palavras.
2.3 Padrão acentual
Na Língua Inglesa o padrão de acentuação não exige sinalização ortográfica,
desta forma, a identificação tônica das palavras ocorre de acordo com alguns
sufixos, letras ou sílabas, e o posicionamento nas palavras, isto é o que distingue se
ela é oxítona, paroxítona ou proparoxítona. A tradução fonética traz sinais que
mostram a tonicidade da palavra para que o falante consiga pronunciar da maneira
correta. A LI é tem diferenciação silábica do Português do Brasil, isso significa que
no inglês a identificação tônica é feita foneticamente através da pronúncia e a sua
ortografia é constituída por poucas vogais e grande quantidade de consoantes. A
esse respeito Schütz (2016), esclarece:
Enquanto que o português é uma língua syllable-timed, onde cada sílaba é pronunciada com certa clareza, o inglês é stress-timed, resultando numa compactação de sílabas, produzindo contrações e exibindo um fenômeno de redução de vogais como consequência.
Odlin (1989, p. 117) afirma que “o padrão acentual é crucial para a pronúncia,
uma vez que eles afetam as sílabas e os segmentos que as constituem”. Na Língua
Inglesa além de existirem sons diferentes, como o schwa (som de vogal mais
comum da língua inglesa), existem também entonações que exigem o conhecimento
das sílabas tônicas (stress), já que no inglês a separação não é silábica e sim
discernida através dos sons (ritmos). Estes aspectos são relevantes no ensino da
língua, já que o cérebro de quem tem como língua materna a Língua Portuguesa
Brasileira está acostumado a comandos diferentes e isso acaba levando os alunos a
estudar inglês pensando nas regras de pronúncia do português.
12
A transcrição fonética auxilia no entendimento das palavras que se ouve e na
produção correta do som que se fala. Como enfatiza Odlin (1989, p. 117) “essa
interação tem implicações importantes não apenas para a produção da fala como
também para a compreensão.” O fato é que a necessidade do uso da fonética no
ensino da língua inglesa é de grande valia para o aprendizado e merece atenção
especial por parte dos estudiosos do ensino da Língua Inglesa.
Para o ensino da fonética e tudo o que a engloba para a fluência de um novo
idioma, temos como ferramentas educacionais o aparato tecnológico que fornece
meios para que o professor leve para sala de aula estratégias de ensino
diferenciados, mais que isso, que sejam usados esses meios como produtores de
conhecimentos diversos. As ferramentas para reforçar a melhor assimilação de
novos conhecimentos são infindas. Sites, canais de TV, aplicativos para o aparelho
móvel e outros. Nessas ferramentas o uso de músicas, jogos diversos que envolvem
as quatro habilidades, introduz a pronúncia do idioma dando importância aos sons e
símbolos fonéticos na intenção de provocar a maturidade e autonomia no idioma,
por parte de quem aprende.
3 O USO DA TECNOLOGIA EM SALA DE AULA
As transformações provenientes da nova configuração de mundo advinda
com as novas tecnologias de informações e comunicações (TICs) estão cada vez
mais presentes no cenário diário e, constantemente, usa-se com o intuito de
favorecer possibilidades de interação com os outros e com o próprio mundo em sua
volta e principalmente na resolução de problemas.
Essas transformações que vem ocorrendo na sociedade invadem todos os
setores socioculturais que o indivíduo faz parte, inclusive a escola. Isto é, cada vez
mais se nota que os alunos, estão sendo introduzidos na era digital e passam,
querendo ou não, tornam-se usuários da tecnologia e os seus variados recursos,
pois, esses recursos fazem parte do cotidiano do aluno.
Muitas tecnologias, hoje, encontram-se tão incorporadas na vida cotidiana que passam despercebidas. Algumas delas, no entanto, que costumam ser classificadas como “Nova Tecnologia”, quando surgem são vistas com receio, como se uma tecnologia, por si só, pudesse ser boa ou ruim. O homem cria, sua inventividade é despertada por sua interação com o mundo, na construção de novos conhecimentos, na ação transformadora. (KAMPFF, 2012a, p.11)
13
Desta forma as tecnologias na escola, são atrativas, investigam e motivam o
aluno levando-o a se interessar pela aula e ser um participante ativo no processo de
produção do conhecimento saindo da mera posição de reprodutor de informação
para uma posição de fabricante de conhecimento. Além de ser um processo de
informação que desenvolve e facilita o desenvolvimento, autonomia, colaboração,
criatividade neste aluno. Mas para que isso se torne realidade:
Cabe à escola incorporar em seu trabalho, apoiando na oralidade e escrita, outras formas de aprender (apoiando na visão, na audição, na simulação, na criação) possíveis com uma tecnologia cada vez mais avançada. Mais do que resistir, é preciso desvendá-la, conscientemente, fazer uso dela. (KAMPFF, 2012b, p.15)
Vale ressaltar que neste ambiente, as tecnologias passam a ter um foco de
interatividade que é uma das maiores contribuições advindas com elas, em especial
com o uso de aplicativos, que promove um ambiente educativo com um alto padrão
colaborativo e estimulador, pois, faz o indivíduo ser mais participativo nas aulas e ao
mesmo tempo gera uma interação maior com o ambiente e com outros,
estabelecendo um aprender convivendo. E os dispositivos móveis, vêm ser
instrumentos de apoio importante na escola, tornando as aulas mais atrativas.
Nessas condições, as interações que acontecem no ambiente, se modifica e
se transforma em um espaço de múltiplas interações que obrigam os sujeitos do
ensino e da aprendizagem a criarem interações superiores aquelas já estabelecidas,
e isso, consequentemente, se traduz em interatividade. E essa, é uma proposição
trazida junto com a utilização de aplicativos educacionais como uma proposta
pedagógica para o uso diário na sala de aula.
Mas com o uso das mesmas, nota-se a aprendizagem de diversas maneiras
que contribuem de formas articuladas em prol da formação do aluno. Dessa forma, a
tecnologia é considerada como um instrumento para educação que atende as mais
diversas formas de ensinar e aprender elevando em consideração todos os atores
envolvidos nesse processo.
Verificando que as tecnologias estão cada vez mais presentes dentro da
escola e que os indivíduos, alunos e professores, ainda estão à margem dessa
inclusão, ainda assim, os mesmos se interessam em fazer parte dessa nova
configuração de mundo.
14
Assim, a inserção de ferramentas tecnológicas no ambiente educativo
depende de vários atores envolvidos na escola, incluindo termos de atualização de
suas políticas educacionais, da gestão pedagógica por meio de planejamentos e
treinamentos dos professores quando estes se renovam pedagogicamente em
busca de novas formas de ensinar, dos alunos, que precisam sair de sua zona de
conforto e se colocam como atores desse novo modo de vida e da comunidade em
geral que atualmente participa pouco da vida escolar e por consequência não
contribui para melhoria do ensino.
Portanto, a utilização de aplicativos educacionais em sala de aula, contribui
de forma significativa na aprendizagem do aluno, pois, torna-o mais colaborativo,
criativo, motivado e estimulado na produção de conhecimento, isto é, o uso de
aplicativos como ferramenta auxiliar para o aprendizado, oferece vantagens tanto
para o educador, quanto para o educando.
4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Este estudo foi realizado na Escola Estadual Augusto dos Anjos, localizada,
no bairro do Laguinho, em que abrangeu alunos de uma turma do 1º ano e 2º ano do
Ensino Médio, entre as faixas etárias de 15 a 17 anos de idade.
As fases da pesquisa foram organizadas entre a observação e a intervenção.
Durante esse processo foi utilizado como instrumento de verificação a aplicação de
questionários. Os registros coletados na pesquisa de campo foram analisados e
transformados em informações para que a partir daí pudéssemos reconhecer a
relevância do ensino da fonética no ensino da língua inglesa, usando as tecnologias
de comunicação e informação (TICs) como um instrumento metodológico para o
ensino.
4.1 Primeira fase da pesquisa na escola campo
Após contato com os alunos durante uma semana de observação na escola
campo, o questionário inicial foi aplicado através de entrevista com os alunos, no
intuito de perceber suas impressões a respeito do ensino da língua inglesa no
15
ensino médio, seus gostos por tecnologias, como avaliam sua evolução no
aprendizado da segunda língua. Vejamos a análise com os gráficos:
Figura 3- Gráfico da pergunta 1
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
A primeira pergunta buscou informações sobre qual o primeiro contato que os
alunos tiveram com a língua inglesa. Comparando as respostas das duas turmas,
percebemos que no primeiro ano, essa proximidade ocorreu: 33% com o uso da
internet e 26% nas aulas da escola. Já no segundo ano, esta convivência inicial
ocorreu: 50% na escola. Neste contexto, inferimos que o primeiro contato com a
segunda língua, para a maioria dos pesquisados, se deu na escola pública, porém
com forte influência das tecnologias de comunicação e informação, Por meio da
internet, amigos, família e outros meios. Para (KAMPFF,2012) As tecnologias
encontram-se incorporadas ao nosso cotidiano, de uma tal forma que as vezes nem
16
percebemos a importância do seu uso para construção de novos conhecimentos.
Assim como a velocidade tecnológica, a Língua Inglesa, como língua franca, no
mundo globalizado, está em tudo o que nos cerca. Natural que, para a maioria dos
jovens que responderam a questão, essa primeira relação com a LI venha na sala
de aula, aliado aos meios tecnológicos como jogos de sua preferência, nas músicas,
em canais na internet e outros meios de TICs do cotidiano.
O segundo questionamento veio casar com o primeiro, no sentido de saber
se, para os alunos, é importante o estudo da Língua Inglesa no ensino médio, uma
vez que a maioria acabou de se aproximar deste novo universo. Segundo Bollela
(2002), “ao se aprender uma língua estrangeira, o aluno entra em contato com um
novo domínio sintático, semântico, lexical e fonológico, que envolve as quatro
habilidades”, linguísticas diferentes da nossa vernácula Língua Portuguesa em toda
a sua estrutura linguística. Vejamos abaixo:
Figura 4- Gráfico da pergunta 2
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
Os gráficos mostram uma aceitação quase majoritária dos alunos das duas
turmas pesquisadas com relação ao estudo da LI no Ensino Médio. Consideram
como importante o ensino da Língua Inglesa na escola e demonstram interesse em
aprender a segunda língua para expandir seus conhecimentos numa perspectiva
futura de galgar sucesso profissional e pessoal.
17
Embora considerarem importante e se mostrarem dispostos a aprender a
segunda língua na escola, os alunos apontaram descontentamento com a baixa
carga horária destinada a disciplina no Ensino Médio. Observe:
Figura 5- Gráfico da pergunta 3
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
Mais de 50% dos alunos apontaram a insuficiência do ensino do Inglês na
escola. Segundo relatos do alunado, essa insuficiência é gerada por vários fatores.
O principal é a carga horária baixa para esta disciplina e esse fator, segundo os
pesquisados, influencia diretamente na aquisição do conhecimento das quatro
habilidades necessárias para o domínio da língua inglesa principalmente no que
tange a pronúncia da LI. Souza (2009) diz que “no Brasil, os alunos se queixam da
qualidade de sua pronúncia e compreensão oral ao aprender a língua inglesa, e que
os professores mostram-se inseguros quanto à pronúncia do idioma que ministram”.
18
Percebemos que além da carga horária baixa, principal angústia apontada pelos
alunos, temos vários fatores que contribuem para essa insuficiência no ensino da LI
na escola pública.
De acordo com a pesquisa, os alunos estão insatisfeitos com o ensino por
não conseguirem dominar as habilidades e se sentem desorientados quando se trata
da busca por novos conhecimentos relacionados a segunda língua. A habilidade
apontada como maior dificuldade é fala, configura-se a importância do ensino com
destaque para aquisição desta habilidade. Observe no gráfico abaixo:
Figura 6- Gráfico da pergunta 4
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
A inclusão digital no ensino das línguas estrangeiras como forma de
aprendizado e acesso ao mundo globalizado vem somar como reforço metodológico
para suprir a deficiência do ensino da língua estrangeira. Nesta pesquisa, quando
perguntados sobre os meios tecnológico usados para aprimorar o aprendizado da
Língua Inglesa, predominou o uso do celular como o mais utilizado pelos educandos,
19
aliado a uso de muitos outros subsídios tecnológicos que eles têm acesso no
cotidiano.
As buscas por conhecimentos e aquisição das habilidades acontecem
paralelamente ao ensino em sala de aula, não só pela velocidade do
desenvolvimento tecnológico, que facilita o acesso a novas ferramentas que auxiliam
no aprendizado, mas por necessidade de aprimoramento do ensino na escola
pública. Observe no gráfico da pergunta 5
Figura 7 – Gráfico da pergunta 5
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
Para finalizar a primeira fase de questionamentos procuramos saber quais as
atividades que eles mais praticam para melhorar o inglês, considerando que o
contato que eles têm com as tecnologias são constantes.
20
Como era de se esperar, não houve uma resposta preponderante, já que eles
usam as tecnologias para atividades de acordo com seus gostos. As atividades
estão entre séries televisivas no idioma inglês, músicas, jogos, filmes e aplicativos
no celular. Vale ressaltar que estes aplicativos para celulares trazem a facilidade de
atividades múltiplas e todas essas atividades são importantes aliadas do professor
de língua estrangeira, no sentido de transformá-las em instrumentos metodológicos
e dinamizar o ensino. Cagliari (1978), nos fala da importância de antes de aprender
a escrever, o aluno passe por exercícios fonéticos de produção e reconhecimento
dos sons da língua a ser estudada. Nesta perspectiva, os sujeitos pesquisados
procuram estas atividades para se familiarizar com a língua na tentativa de alcançar
o conhecimento da pronúncia empiricamente através da audição e repetição da fala.
Figura 8- Gráfico da pergunta 6
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
21
4.2 Segunda fase da pesquisa na escola campo
A partir da coleta dos dados através da aplicação do primeiro questionário,
para as turmas de primeiro e segundo anos do Ensino Médio, foram aplicadas
oficinas de fonética da Língua Inglesa. Nessas intervenções levamos os assuntos:
alfabeto fonético, funcionamento do aparelho fonador, sons que não existem na
língua portuguesa, tonicidade, ritmo, funcionabilidade de aplicativos e tecnologias
que podem auxiliar na pronuncia, com uma linguagem acessível e exemplos do
cotidiano para facilitar a assimilação do conteúdo.
O questionário de sondagem foi essencial para o formato das oficinas, pelo
fato de ter fornecido dados que nos permitiu visualizar o interesse da turma,
comportamento, gostos por tecnologias e dificuldades apresentadas no aprendizado
das habilidades. Desta forma, usamos data show com slides de fácil entendimento e
demos como sugestão o uso das tecnologias usadas cotidianamente, como
celulares, computadores e vídeo games, para subsidiá-los na compreensão da
pronúncia, além de indicar aplicativos de tradução fonética com jogos, música e
texto. Como complemento da intervenção foi passado uma atividade para que os
alunos pudessem praticar usando os símbolos fonéticos, identificassem as
traduções fonéticas das palavras e os sons diferentes da Língua Inglesa.
Passamos ao questionário final, onde foi possível detectar se houve
compreensão do que é fonética e a sua importância para a pronúncia das palavras
inglesas.
Nas oficinas de fonética conceituamos que essa ciência estuda as unidades
mínimas das palavras, portanto o som. Silva (2003) nos diz que fonética é a ciência
que apresenta os métodos para a descrição, classificação e transcrição dos sons da
fala. Para averiguar qual a compreensão dos alunos sobre o conteúdo, perguntamos
diretamente, o que é Fonética pra você? As duas turmas compreenderam que a
fonética é o som e ajuda a melhorar a pronúncia se conhecermos essas unidades
mínimas através do alfabeto fonético e tradução fonética disponíveis nos dicionários
e em outras ferramentas tecnológicas. Observe no gráfico abaixo:
22
Figura 9 - Gráfico da pergunta 1
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
O entendimento sobre a fonética foi satisfatório, segundo os dados coletados.
Neste caso, o alfabeto fonético foi assimilado como a ferramenta principal para a
transcrição dos sons. A segunda pergunta foi positivamente respondida com a
confirmação de que conhecer o alfabeto fonético torna mais eficaz a compreensão
da pronúncia. Sobre a importância de estimular a pronúncia como forma específica
da comunicação, muito mais que a escrita no ensino da língua estrangeira, Souza
(2009) sinaliza que os estudos relacionados a pronúncia são recentes e por isso um
campo pouco conhecido entre os professores, menos que a gramática, e por isso,
importância de ser trabalhada foneticamente para auxiliar na aquisição das
habilidades.
Considera-se ainda, no aspecto da pronúncia, a compreensão do
funcionamento do aparelho fonador e a relevância de aprender a pronunciar o som
23
da maneira correta, buscando acostumar o órgão a novas maneiras de articular para
alcançar sons da língua inglesa que não existem no nosso idioma. Para Matzenauer
(2005), a fonética visa o estudo dos sons do ponto de vista articulatório, verificando
como os sons são articulados para a pronúncia correta da língua. A criação do
alfabeto fonético veio para facilitar a transcrição fonética e corroborar com a
articulação. Por isso o questionamento para o alunado buscou saber se houve
compreensão do alfabeto fonético e se esta ferramenta auxiliará na sua pronúncia.
Observe:
Figura 10 – Gráfico da pergunta 2
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
A intenção da pesquisa não é desmistificar tudo o que se tem com relação ao
acompanhamento metodológico dentro da sala de aula, e sim acrescentar
instrumentos relacionados à pronúncia que possam garantir um ensino mais a
contento para a clientela do Ensino Médio. Kampff (2012) nos diz que cabe a escola
incorporar em seu trabalho outras formas de aprender, com foco na oralidade e
fazendo uso das tecnologias. Deste modo queríamos saber sobre como os alunos
gostariam das aulas de inglês e as duas turmas acham que as aulas ficam mais
24
atrativas e dinâmicas com o foco na pronúncia da língua inglesa. Na turma do 1º ano
majoritariamente e na de 2º ano apenas 11% discordaram sobre este aspecto.
Observem o gráfico:
Figura 11 – Gráfico da pergunta 3
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
Corroborando com a resposta positiva sobre o ensino da Língua Inglesa com
foco na pronúncia, majoritariamente as duas turmas responderam que gostariam
que aulas relacionadas a pronúncia fizessem parte da rotina metodológica na sala
de aula. Para Schütz (2016), “Estudar pronúncia, portanto, é olhar para aquilo que
não se enxerga, mas que é a essência da língua.” A habilidade relacionada a fala
tem carência de desenvolvimento nas aulas de Língua Inglesa e esta lacuna refletiu
diretamente nos resultados desta pesquisa.
25
Figura 12 – Gráfico da pergunta 4
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
As ferramentas tecnológica levadas para sala de aula e dadas como
sugestões para serem usadas como auxílio no aprendizado da pronúncia foram
investigadas como possíveis aliadas na metodologia do ensino. Nas duas turmas,
mais de 80% acham que o uso de novas metodologias, aliado ao uso das
tecnologias, contribuem para o melhoramento do aprendizado.
Em um mundo globalizado em que as informações e as tecnologias ficam
obsoletas em curto período de tempo, é cada vez mais fácil o acesso ao uso dessas
ferramentas por parte dos jovens, independente da situação econômica. Apesar das
turmas pesquisadas apresentarem variedade no aspecto econômico, todos os
alunos tinham acesso de alguma forma ao uso de computadores e celulares.
26
Figura 13- Gráfico da pergunta 5
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
Nas intervenções realizadas nas salas de aula, foram aplicadas as noções
gerais de fonética e fornecido ferramentas tecnológicas que ajudam foneticamente
no desenvolvimento da fluência na segunda língua. Por isso a pertinente pergunta
para finalizar o questionário: “Você utilizou algum dos aplicativos ou dicionário,
indicados na oficina de fonética para auxiliar na resolução da atividade passada
pelas acadêmicas?”
Nesta pergunta tivemos uma disparidade nos resultados. Na turma de 1º ano,
apenas 63% da turma usou auxílio tecnológico para a resolução da atividade prática.
E na turma do 2º ano, 80% dos alunos usaram meios tecnológicos e didáticos
sugeridos pelas acadêmicas nas intervenções. Esse fato é explicado pelo tempo
dado a turma do 1º ano para resolução das atividades propostas, que foi muito
menor para que não interferisse no planejamento do professor titular da turma e por
isso muitos resolveram apenas com o conhecimento assimilado na oficina e
27
justificaram nos questionários não ter tido tempo de fazer o download dos
aplicativos, mas tinham interesse em usá-los posteriormente, observe:
Figura 14 – Gráfico da pergunta 6
Gráfico produzido pelas autoras. Pesquisa de Campo em 2016.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo sobre as unidades mínimas
das palavras da Língua Inglesa, como proposta metodológica, usando ferramentas
tecnológicas como recursos que auxiliam na dinâmica do processo de ensino em
sala de aula. A Fonética como facilitadora na compreensão das palavras na segunda
língua, aliada a tecnologias que reforcem o aprendizado do alunado do Ensino
Médio.
O primeiro passo foi de sondagem a respeito de como os alunos tiveram um
primeiro contato com a Língua Inglesa e suas ponderações com relação ao ensino e
aprendizagem na escola pública onde estudam. No segundo passo partimos para a
intervenção onde buscamos levar o conhecimento do assunto Fonética, elucidando
questões sobre como funciona o aparelho fonador para pronunciar o som, como
usamos o alfabeto fonético na leitura dos sons, como as palavras são traduzidas
28
foneticamente garantindo a autonomia do aprendente e como as tecnologias podem
ser úteis em todo o processo de aprendizagem. Para reforçar, a atividade prática
levou os alunos a sanarem dúvidas e instigou-os a pesquisa sobre a pronúncia das
palavras e suas traduções fonéticas.
Inferimos que a fonética pode ser estudada aliada ao uso das tecnologias da
comunicação e informação e garante o aprendizado das palavras da língua inglesa.
Confirmou-se a hipótese de que as metodologias e o conhecimento dos símbolos
fonéticos e suas unidades mínimas contribuem significativamente para a fluência na
pronúncia das palavras da Língua Inglesa. Através do trabalho dinâmico de oficinas
de fonética alcançamos nosso objetivo no que tange a compreender como os
mecanismos tecnológicos podem ser trabalhados concomitantemente no ensino do
funcionamento do aparelho fonador dando ênfase a pronúncia sonora correta dos
sons não originários da língua portuguesa.
Após apresentação dos símbolos fonéticos e seus respectivos sons, os
alunos compreenderam o funcionamento do aparelho fonador reconhecendo os sons
inexistentes na língua materna, e o estímulo para esses conhecimentos veio com a
curiosidade através de pesquisa e prática da escuta e pronúncia para identificação
da tonicidade das palavras e garantia de autonomia nas habilidades “leitura e
pronúncia”.
Por fim, de acordo com os estudos realizados com o 1º ano e 2º ano do
Ensino Médio, percebemos a aceitação a novas práticas metodológicas e assuntos
que contribuam para o aprendizado mais significativo da língua inglesa, neste
sentido, a fonética pode ser inserida como assunto no ensino médio e fortalecer o
aprendizado da pronúncia e se aliado as tecnologias, torna a aula mais dinâmica,
interativa e significativa para o alunado.
29
PHONETICS OF ENGLISH AND INFORMATION TECHNOLOGY AND
COMMUNICATION (TIC): A STUDY OF UNITS MINIMUM ENSURING LEARNING
THE PRONUNCIATION OF WORDS
ABSTRACT
The aim of this article was to recognize the relevance of phonetics in English language teaching, using information and communication technologies (TICs) as a methodological tool for teaching English in the classroom, specifically with high school students. The theoretical underpinnings were works by scholars in the areas of TICs, Phonetics, Methodological Approaches and Teaching English Language in public schools. As inquiry methods, questionnaires and interventions with phonetic workshops were used, with enabling technologies to stimulate learning. With the contribution of the documents that regulate and guide in order to teach democratically, the research discussed the teaching of the English language (LI) in high school with an emphasis on phonetics in a contemporary way in didactic and methodological terms, in the search for an understanding of the functioning of the Phonation apparatus, production of sounds, knowledge of the phonetic alphabet and the empowerment of this new knowledge about the English language. In this way, it gives the individual the intellectual, professional and cultural growth provided the direct contact with LI. The analysis of data allowed the confirmation of the hypothesis that the knowledge of the minimum units of words, through phonetic symbols, combined with the use of ICTs, guarantees learning and contributes significantly to fluency and bilingualism. The main aspect for the positive result was the excellent acceptance of the proposal by the actors surveyed, the interest and interaction during the didactic sequences.
KEYWORDS: English Language. Phonetics. Educational technologies. Teaching. Methodology.
REFERÊNCIAS
BOLLELA, Maria Flávia Pererira. Uma proposta de ensino da pronúncia da língua inglesa com ênfase nos processos rítmicos de redução vocálica. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Araraquara, 2002. BROWN, H. D. English Language Teaching in the “Post-Method” Era: Towards Better Diagnosis, Treatment, and Assessment IN: RICHARDS, J. C. & RENANDYA, W. A. Methodology in Language Teaching: an Anthology of Current Practice. New York: Cambridge, 2002. CAGLIARI, Luiz Carlos. A fonética e o ensino de língua estrangeira. Campinas, UNICAMP, 1978.
30
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise fonológica – Introdução à teoria e à prática com especial destaque para o modelo fonêmico. Campinas: Mercado de Letras, 2002. KAMPFF, Adriana Justin Cerveira. Tecnologia da Informação e Comunicação na Educação. Editora: IESDE Brasil. Curitiba-PR, 2012. LIBÂNEO, José Carlos, 1994, p.150. apud SANT’ ANNA, Magali Rosa de; SPAZIANI, Lídia; GÓES, Maria Cláudia de. As Principais Metodologias de Ensino de Língua Inglesa no Brasil. Ed.-ebook-Jundiaí: SP Paco Editorial, 2004. MATZENAUER, Carmem Lúcia. Introdução à teoria fonológica. In: BISOL, Leda (org). Introdução aos estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre: EDIPUCRS, 4 ed., 2005. ODLIN, Terence. Language transfer: cross-linguistic influence in language learning. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. (The Cambridge Applied Linguistics Series). SANT’ ANNA, Magali Rosa de; SPAZIANI, Lídia; GÓES, Maria Cláudia de.Apud As Principais Metodologias de Ensino de Língua Inglesa no Brasil. Ed.-ebook- Jundiaí: SP Paco Editorial, 2004. SOUZA, Marcela Ortiz Pagoto de. A fonética como importante componente Comunicativo para o ensino de língua Estrangeira. Revista prolíngua – I S S N
1983-9979, página 33. Volume 2 Número 1 – Jan./Jun de 2009 SILVA, Taís Cristófaro. Fonética e Fonologia do português: roteiro de estudos e
guia de exercícios. 7. ed. – São Paulo: Contexto, 2003. SCHÜTZ, Ricardo Edmundo. A importância da pronúncia. Disponível em:
<http://www.sk.com.br/sk-pron.html> Acesso em: 25 de novembro de 2016