ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CAEPE 2015
MONOGRAFIA (CAEPE)
Poluição Marítima:
Política Ambiental e Estratégias Fundamentais
Código do Tema: 114
Eng Tec Mil Luis Alberto Guedes Goulart
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
LUIS ALBERTO GUEDES GOULART
POLUIÇÃO MARÍTIMA:
Política Ambiental e Estratégias Fundamentais
Rio de Janeiro 2015
LUIS ALBERTO GUEDES GOULART
POLUIÇÃO MARÍTIMA:
Política Ambiental e Estratégias Fundamentais
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientadora: Professora Maria Leonor da Silva
Teixeira.
Rio de Janeiro 2015
C2015 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.
_________________________________
Engenho Luis Alberto G. Goulart
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Goulart, Luis Alberto Guedes.
Poluição Marítima: Política Ambiental e Estratégias Fundamentais / Engenheiro Luis Alberto Guedes Goulart - Rio de Janeiro: ESG, 2015.
59 f.: il.
Orientadora: Professora Maria Leonor da Silva Teixeira Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2015.
1. Poluição Marítima. 2. Causas e Efeitos da Poluição Marítima. 3. Autoridade Marítima. 4. Lixo Urbano. 5. Responsabilidade Socioambiental. I. Poluição Marítima.
À meus filhos que me motivaram na realização deste curso,
compartilhando de todos os momentos, bons e maus,
que se sucederam durante a execução
dessa empreitada,
ao meu lado ou em meus pensamentos,
a vocês minha eterna e sempre carinhosa
dedicação.
AGRADECIMENTO
A Deus, minha eterna gratidão pelas infinitas graças alcançadas, pelas horas
de meditação, pelo amor ao próximo, pelo sentimento do dever cumprido, pelo dom
da vida.
A minha companheira de todas as horas, que com sua compreensão,
carinho e incentivos me proporcionou os ingredientes para atingir meus objetivos.
Ao Coronel Pestana e Professora Leonor, amigos e orientadores, pela
condução na busca do conhecimento. Agradeço a amizade, o carinho e o empenho
na orientação para a laboração deste trabalho.
Aos integrantes da Escola Superior de Guerra pela excelência na seleção do
corpo discente, pela qualidade do ensino prestado, pela consideração dispensada
em todos os momentos, pelo apoio aos Estagiários na árdua jornada acadêmica
empreendida.
À Força Aérea Brasileira, representada pelos amigos: Major Brigadeiro
Engenheiro Francisco Carlos de Melo Pantoja e Brigadeiro Engenheiro Luiz Sérgio
Heinzelman, por esta inesquecível e inestimável oportunidade proporcionada,
possibilitando-me realizar esse valioso e inesquecível curso.
Aos colegas do CAEPE 2015 – Turma Destinos do Brasil, pela qualidade de
conteúdo e pela convivência durante o curso. Agradeço pela honra de poder estar
ao lado de cada um e poder desfrutar de suas experiências, companheirismo e
amizade.
E a todos que, de alguma maneira, contribuíram para a concretização deste
trabalho, que acredito que servirá de estudo para aqueles, que como eu, amo o meio
ambiente e em especial a nossa querida pátria.
“Cesse de lamentar tudo aquilo que você não pode resolver, pelo contrário, estude como resolver aquilo que agora você lamenta”.
(William Shakespeare)
RESUMO
Este trabalho trata das questões relacionadas à preservação do meio ambiente
aquático e marinho em águas brasileiras, com enfoque direcionado à participação da
Autoridade Marítima Brasileira. Tem como objetivo principal expor os problemas
relacionados com a poluição que afeta os mares e rios e, ao final, promover um
maior entrosamento entre Meio Ambiente versus Comunidade de modo a tornar
viável para a Educação Ambiental a ampliação da consciência da sociedade no
cuidado com as águas. São apresentados, inicialmente alguns fatos históricos
relacionados à Autoridade Marítima. Em seguida uma explanação sobre as formas
de poluição do meio ambiente aquático e marinho, suas causas e consequências
para o planeta. Reporta, também, o Tratamento Legal e as Responsabilidades
Administrativas, assim como a legislação que inseriu a Autoridade Marítima no
contexto da fiscalização; descreve a importância da IMO (Organização Marítima
Internacional); ressalta os problemas da poluição da Baia de Guanabara juntamente
com seu Programa de Despoluição, aliado às medidas e estratégias utilizadas
nestes vinte anos de existência; demonstra o tempo de decomposição dos diversos
materiais encontrados no lixo urbano, dando ênfase ao processo de reciclagem. A
metodologia utilizada foi baseada em pesquisas decorrentes de explanação teórica
de diversos autores, onde são apresentadas as causas e efeitos deste grande
desastre ecológico, assim como as possíveis soluções para a melhoria da qualidade
de vida dos diversos ecossistemas existentes. Por fim chegar-se-á a conclusão de
que a poluição marítima constitui um dos maiores problemas ambientais em
evidência em constante aumento nas grandes metrópoles, destruindo a qualidade de
vida e alterando de forma significativa no desequilíbrio dos ecossistemas, mostrando
que a estratégia mais importante para a redução desta poluição parte de um
processo educacional, sendo necessário cuidar do lixo, tratando-o de forma
consciente e refletir sobre seu aproveitamento através da reciclagem.
Palavras Chave: Poluição Marítima. Causas e Efeitos da Poluição Marítima.
Autoridade Marítima. Lixo Urbano. Responsabilidade Socioambiental
ABSTRACT
This work deals with issues related to the preservation of the aquatic and marine
environment in Brazilian waters, focus on the participation of the Brazilian Maritime
Authority. Its main objective is to explain the problems related to pollution affecting
the seas and rivers and at the end, to promote greater understanding between
Environment versus community in order to enable for Environmental Education to
expand the company's awareness about the care of the water. This paper begins
with some historical facts related to the Maritime Authority. It continues with an
explanation of forms of pollution of the aquatic and marine environment, its causes
and consequences for the planet; reports also the treatment Legal & Administrative
Responsibilities, and the legislation which entered the Maritime Authority in the
context of supervision; describes the importance of the IMO (International Maritime
Organization); highlights problems of pollution of Guanabara Bay with its clean-up
program, combined with measures and strategies used in these twenty years of
existence; demonstrates the decomposition time of the various materials found in
municipal waste, focusing on the recycling process. The methodology used was
based on research arising from theoretical explanation of several authors, where the
causes and effects of this major ecological disaster, as well as possible solutions to
improve the quality of life of many existing ecosystems are presented. Finally, it will
get to the conclusion that marine pollution is a major environmental problems
highlighted constantly increasing in big cities, destroying the quality of life and
significantly altering the balance of ecosystems, showing that the most important
strategy to reduce this pollution comes from an educational process, and it is
necessary to take care of the garbage, treating it consciously and to reflect on use
through recycling.
Keywords: Marine Pollution. Causes and Effects of Marine Pollution. Maritime
Authority. Urban Waste. Environmental Responsibility
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO _____________________________________________ 7
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA __________________________________ 8
1.2 JUSTIFICATIVA ____________________________________________ 12
1.3 OBJETIVOS ______________________________________________ 13
1.3.1 Objetivo Geral _____________________________________________ 13
1.3.2 Objetivos Específicos ______________________________________ 13
1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA _________________________________ 13
2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS ____________________________________ 16
2.1 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS DOCES ______________________________ 16
2.2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS MARINHAS ___________________________ 17
2.3 TRATAMENTO LEGAL DE PROTEÇÃO DAS ÁGUAS ______________ 20
2.3.1 Responsabilidade Administrativa _____________________________ 22
2.3.2 Responsabilidade Internacional ______________________________ 24
3 AUTORIDADE MARÍTIMA ____________________________________ 26
3.1 FATOS HISTÓRICOS LIGADOS À LEGISLAÇÃO E A AUTORIDADE
MARÍTIMA ________________________________________________ 26
3.2 ATRIBUIÇÕES DA AUTORIDADE MARÍTIMA ____________________ 30
3.3 COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE MARÍTIMA ___________________ 32
3.4 A DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS _________________________ 34
3.5 ORGANIZAÇÃO MARÍTIMA INTERNACIONAL (IMO) ______________ 35
4 O LIXO URBANO __________________________________________ 38
4.1 A PROBLEMÁTICA NA CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS ____________ 38
4.2 A DECOMPOSIÇÃO DO LIXO _________________________________ 39
4.3 A RECICLAGEM ___________________________________________ 40
4.4 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL _________________ 40
4.4.1 Aspectos Gerais __________________________________________ 41
4.4.2 1º Seminário Ambiental do Comando da Aeronáutica ____________ 47
5 CONCLUSÃO _____________________________________________ 49
REFERÊNCIAS ____________________________________________ 53
BIBLIOGRAFIA ____________________________________________ 53
WEBGRAFIA ______________________________________________ 54
ANEXO – FOTOS __________________________________________ 55
7
1 INTRODUÇÃO
O Planeta Terra vive um momento de extrema preocupação entre aqueles
que almejam sua conservação. Diversos problemas vem afetando a natureza,
contrariando as verdadeiras formas de utilização dos recursos naturais, causando
poluição e degradação das mais diversas formas de vida. Entre os diversos tipos de
poluição destaca-se a Poluição Ambiental, definida como a ação de contaminar as
águas, solos e ar. Esta poluição pode ocorrer com a liberação no meio ambiente de
resíduos nocivos, tais como, lixo orgânico, industrial, gases poluentes, objetos
materiais, elementos químicos etc. A introdução de substâncias nocivas ao meio
ambiente geralmente é feita pelo próprio ser humano, direta ou indiretamente,
provocando um efeito negativo em seu equilíbrio, causando assim danos na saúde
humana, nos seres vivos e no ecossistema ali presente. Os agentes de poluição,
normalmente designados por poluentes, podem ser de natureza química, genética,
ou sob a forma de energia, como nos casos de luz, calor ou radiação. Devido à
poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistas apontam que o aquecimento
global do planeta, a médio e longo prazo pode ter caráter irreversível e, por isso,
desde já devem ser adotadas estratégias direcionadas a um trabalho educacional
para diminuir a emissão dos gases que provocam esse aquecimento.
Outro problema que afeta a humanidade decorre da difusão do som em
grande quantidade, através do meio ambiente, muito acima do tolerável pelos
organismos vivos, denominado poluição sonora. Dependendo de sua intensidade
pode causar danos irreversíveis aos seres vivos.
Existem ainda outros tipos de poluição, tais como: poluição das águas,
poluição dos solos, poluição visual etc.
Neste trabalho serão tratados os problemas relacionados à poluição das
águas, em especial, a Poluição Marítima, e, ao final serão propostas política e
estratégias para minimizar o processo de poluição, na tentativa de se trabalhar em
direção à sustentabilidade tão almejada e necessária ao Meio Ambiente. Constitui-se
de uma abordagem teórica, fundamentada em pesquisa bibliográfica, envolvendo
não apenas livros, mas também sites da Internet, artigos acadêmicos, coletânea de
conceitos e experiências ligadas à despoluição de águas marinhas em diversos
locais.
8
A delimitação da pesquisa será restrita à poluição causada nas águas
marinhas brasileiras, sendo desenvolvido um estudo junto à bibliografia pertinente,
dirigida ao problema da Poluição Marítima a partir do referencial teórico existente, a
fim de se ter um conhecimento prévio do estágio em que se encontra o assunto,
tendo como objetivo o levantamento das contribuições acadêmicas e culturais
existentes sobre o estudo dos efeitos desta poluição.
Na abordagem será dada ênfase à participação da Autoridade Marítima
Brasileira, apresentando-se fatos históricos, formas de poluição do meio ambiente
aquático, suas causas e consequências para o planeta, ao tratamento legal e as
responsabilidades administrativas, bem como a legislação que inseriu a Autoridade
Marítima no contexto da fiscalização. Serão ressaltados os problemas da poluição
marítima aliado às políticas e estratégias utilizadas para sua despoluição, ao tempo
de decomposição dos diversos materiais encontrados no lixo urbano, passando-se
ao processo de reciclagem e conscientização dentro do trabalho da Educação
Ambiental.
Não serão abordados os aspectos relacionados com os diversos tipos de
organismos marinhos e seus ecossistemas, assim como aos fatores ligados aos
agentes contaminantes e à toxidade das águas e sim às questões relacionadas à
preservação do meio ambiente aquático e marinho.
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA
Ao longo do tempo a tecnologia vem alcançando um acentuado avanço
através de valiosas descobertas científicas. Nos últimos cinquenta anos esse avanço
foi maior do que aquele que ocorreu em toda a história da humanidade. Esse
desenvolvimento serviu para proporcionar o aumento do comércio internacional, que
embora tenha causado um enorme benefício, trouxe também, aliado a sua estrutura,
sérios problemas em face do crescimento da poluição ambiental.
Dentre esses transtornos destacam-se os resíduos oleosos das
embarcações, acidentes em petroleiros e água de lastro dos navios, além de outras
fontes que embora não estejam diretamente ligadas às embarcações vem poluindo
em grande escala o meio ambiente ao longo dos tempos. Outras fontes poluidoras
também vêm afetando as águas, tais como: fontes terrestres de poluição marinha,
9
exploração excessiva dos recursos biológicos do mar e alteração / destruição física
do habitat marinho.
Segundo Gabriela Cabral (2009)1, os mares compõem aproximadamente
71% da superfície do planeta, abrigando uma vasta quantidade de espécies em seus
diferentes habitats. A falta e conscientização do homem através da despreocupação
com as vidas marinhas têm causado estragos ambientais incalculáveis. Entre estes
estragos tem-se a poluição marítima proveniente do derramamento de esgotos não
tratados, óleo depositado nas águas por embarcações e lixo depositado nos rios
pela própria população, os quais atingem as águas marinhas, provocando poluição.
Só para se ter uma ideia, encontra-se no Oceano Pacífico a chamada “Grande
mancha de lixo” entre o Havaí e a Califórnia, onde é encontrado um grande depósito
de plásticos, roupas, garrafas, restos de materiais de pesca, produtos tóxicos etc.
O resto de materiais lançados nas águas marinhas leva muito tempo para
se decompor, conforme será analisado no Capítulo 4, prejudicando a vida marinha e
os seres vivos integrantes de sua malha ambiental. Os habitantes que lá se
encontram necessitam de água limpa e biodiversidade para garantir sua
sobrevivência. Muitas vezes, restos de detritos e lixos, depositados nas águas, são
engolidos pelos seres vivos marinhos sendo paralisados nas brânquias, causando,
por vezes, sua própria morte.
Conforme comenta Cabral (2009) o petróleo é um dos poluentes que
causa maior preocupação aos ambientalistas. Devido a formar uma camada sobre
as águas, impede que a luz solar penetre, resultando na morte de diversas espécies
nativas, e causando graves danos ambientais. Sua consistência viscosa faz com que
aves e animais marinhos sejam encobertos, intoxicando-os, causando o
desequilíbrio ecológico.
O Brasil, com sua dimensão continental, possui a maior costa Atlântica
do mundo, contando também, com extensas reservas de água potável e um litoral
com cerca de 7400 km, cruzando em sua área marítima importantes rotas de
navegação, de extrema relevância para sua economia, incluindo as reservas do pré-
sal com alto significado econômico, político e estratégico. Também se destaca na
1 (CABRAL, Gabriela. Poluição. [S.I.]: Mundo Educação, 2009. Disponível em:
<HTTP://mundoeducação.uol.com.br/biologia/poluição-mainha.htm>. Acesso em: 19 abr. 2015).
10
soberania nacional a malha hidroviária brasileira, a qual constitui fator determinante
para a integração nacional.
Apesar das novas tecnologias terem proporcionado a diminuição dos custos
de transportes e das comunicações e, consequentemente, o aumento da circulação
de pessoas e mercadorias entre as nações, o transporte marítimo, segundo
Granziera (1993), continua sendo a maior via pela qual se transportam as
mercadorias entre os vários países, aproximando, também, pessoas e culturas dos
mais diversos cantos do mundo. Não é por acaso que o filósofo Sêneca citava que
“A hegemonia do mundo é a hegemonia do mar”.
Com a hegemonia do transporte marítimo nasceu à necessidade de se
adotar normas e procedimentos eficazes no sentido de proporcionar segurança ao
transporte e proteção ao meio ambiente marinho no âmbito internacional. Para isso
foi criado pela ONU, no ano de 1958, um organismo internacional denominado
“Organização Marítima Internacional (IMO)”. No Brasil, as autoridades marítimas
seguem as normas internacionais.
As normas e procedimentos serão vistos com maiores detalhes no
Capítulo 3, onde será apresentada a legislação e a atuação das autoridades
marítimas na segurança da navegação e na proteção do meio ambiente e, também,
a demonstração dos diversos procedimentos poluidores, urbanos e humanos, que
tem levado a destruição de diversos ecossistemas, causado o desequilíbrio
ambiental do planeta. Esse desequilíbrio tem afetado intimamente a vida humana,
prejudicando a estabilidade dos ecossistemas, provocando, muitas vezes, a morte
de diversas espécies, tanto na fauna quanto na flora.
Sabe-se que a saúde do homem depende muito dos recursos hídricos, do
ar e do solo para manter a qualidade de vida e sua própria existência. Ao interferir
nos habitatis, a poluição pode levar a consequências que provocam a diminuição ou
extinção dos elementos de uma espécie, causando uma perda da biodiversidade, tal
como a variação de temperatura das águas, que dificultam a adaptação de certas
espécies de peixes e, igualmente, a invasão de águas salinas em ambientes
tradicionalmente de água doce, causando assim uma pressão adicional nesses
ecossistemas, potenciando a diminuição ou extinção das espécies até então ali
presentes.
11
A poluição das águas é causada principalmente pelo descuido dos
petroleiros e pelos despejos desordenados de esgoto sanitário e químico, lançado
indevidamente nas margens dos rios, aumentada pela contribuição da população
desinformada e, muitas vezes, negligente, principalmente as de menor poder
aquisitivo, que insistem em jogar lixos nas encostas dos morros, os quais são
levados pelas enxurradas, desaguando posteriormente nas águas do Mar.
A perda da biodiversidade, os dejetos lançados em rios e mares, entre
outros materiais, nem sempre são observados, medidos ou mesmo sentidos pela
população. Tal fato também ocorre dentro dos diversos problemas ligados à poluição
global, que muitas vezes não são considerados e tratados com a atenção
necessária.
A atuação do Brasil na área ambiental é guiada pelo “Princípio 2” da
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada na RIO-92, o
qual “reafirma o direito soberano de cada nação de explorar seus recursos naturais
segundo suas próprias políticas ambientais e de desenvolvimento”, reconhecendo,
conforme citado no Capítulo 2 do Livro Branco de Defesa Nacional, “a importância
da cooperação internacional para a conservação do meio ambiente e para a
promoção do uso sustentável dos recursos naturais”, preservando assim a
conservação da biodiversidade e de seu uso sustentável. (LBDN, 2012, p.50-51).
Segundo o Centro de Informações da Baía de Guanabara – CIBG/RJ 2, a
explicação para toda essa dificuldade reside principalmente por se tratar de uma
poluição cumulativa, cujos efeitos só são sentidos a longo prazo, depois do prejuízo
concretizado. Apesar disso, esses problemas têm merecido atenção especial no
mundo inteiro, por estar se multiplicando rapidamente e com a percepção a olhos
vistos de todos os seres vivos. Desta forma, o Governo Estadual do Rio de Janeiro
em união com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e a participação
do Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC), resolveram implantar, em
1994, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, o qual estipulava um
prazo inicial de cinco anos para promover os trabalhos voltados a despoluição,
porém, após vinte e um anos verifica-se que ainda não foi atingido o
2 (ESTADAO, Rodrigues Mattos. Projeto de despoluição da Baia de Guanabara. [S.I.]:
Perfuradores.com, 2003. Disponível em: < Http://www.perfuradores.com.br/index.php?CAT=pocosa- gua&SPG = noticias&TEMA=Saiba%20Mais&NID=0000000567>.Acesso em: 17 abr. 2014).
12
resultado esperado, embora tenham sido desenvolvidos diversos projetos, que
apesar de muitas vezes serem superfaturados, estão garantindo a diminuição
gradativa das causas desta poluição.
Apesar das notícias negativas, o homem tem procurado soluções para os
problemas. Segundo informações da Fundação Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente (2014) a tecnologia tem avançado no sentido de gerar máquinas e
instrumentos capazes de minimizar os efeitos da poluição, porém resta ser
desenvolvido um trabalho intenso e constante de educação ambiental de modo a
proporcionar subsídios à preservação das espécies e da própria natureza humana.
1.2 JUSTIFICATIVA
O problema a ser estudado vem aumentando consideravelmente com o
passar dos anos através do acelerado desenvolvimento industrial e urbano
causando sérios danos ao Meio Ambiente, destruindo os diversos ecossistemas
existentes, afetando de forma assustadora o equilíbrio marinho. É um tema de
extrema importância que requer estratégias urgentes para minimizar as ações
causadoras, necessitando atitudes voltadas ao alcance de sustentabilidade e
estabilização da poluição.
Em grande parte, pela falta de informações, os ecossistemas são
destruídos, sem ser considerada a necessidade de atender a manutenção dos
recursos naturais com a preocupação de sua preservação às futuras gerações.
Este trabalho procurará dar ênfase à conscientização ecológica, levando
o ser humano a se enxergar como parte integrante e indispensável do Meio
Ambiente, assumindo uma nova mentalidade, baseada no respeito mútuo para com
todos que dele fazem parte.
Esta conscientização só será atingida mediante uma política voltada à
Educação Ambiental, onde, através da disseminação do conhecimento sobre o Meio
Ambiente, com um trabalho voltado à redução dos desequilíbrios biossociais e uma
postura de preservação dos recursos naturais, atingir-se-á a sustentabilidade,
galgando-se um ambiente saudável e ecologicamente adaptado às necessidades
dos seres que nela habitam.
13
1.3 OBJETIVOS
O trabalho a ser desenvolvido dará ênfase ao problema de como à
poluição marítima vem afetando os ecossistemas e de que maneira uma política
voltada à Educação Ambiental pode contribuir para o processo de conscientização e
ajuda na obtenção de uma melhor qualidade de vida.
A motivação principal de trabalhar no desenvolvimento deste tema se
fortaleceu em observar que grande parte da sociedade é a principal fonte causadora
da poluição marítima, ocasionada principalmente pela falta de informações. As
populações são levadas a acelerar a “destruição” dos próprios ecossistemas,
esquecendo-se da necessidade de mantê-las e preservá-las para às futuras
gerações, muitas vezes sem terem a real consciência do que estão fazendo.
1.3.1 Objetivo Geral
Expor os problemas relacionados com a poluição que afeta os mares e
rios, dando ênfase às estratégias de despoluição.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Analisar as interferências externas dos dispositivos causadores das
poluições marítimas, bem como a observação dos efeitos destas poluições;
b) Dar ciência das prerrogativas de prevenção e dos mecanismos de
correção de modo a assegurar a sustentabilidade das espécies;
c) Apresentar as políticas e estratégias que estão sendo aplicadas e as
que deverão ser consideradas para a promoção da despoluição necessária;
d) Promover um maior entrosamento entre Meio Ambiente versus
Comunidade de modo a atingir-se um ambiente mais solidário, com melhor
qualidade de vida, dentro do processo da sustentabilidade.
1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA
O Tema Central do projeto será desenvolvido dando ênfase ao problema
de como a poluição marítima vem afetando os ecossistemas e de que maneira a
Educação Ambiental pode contribuir para o processo estratégico de conscientização
e ajuda na obtenção de uma melhor qualidade de vida. Serão destacados os
estudos travados por Agripino de Castro Jr., os trabalhos feitos por Andrade Santos
14
em sua abordagem sobre Poluição Marinha, e a literatura consciente de Granziera,
dando ênfase aos problemas da poluição das águas aliado às medidas e estratégias
utilizadas para sua despoluição, ao tempo de decomposição dos diversos materiais
encontrados no lixo urbano, passando-se ao processo de reciclagem e
conscientização dentro do trabalho da Educação Ambiental.
Serão destacados as causas e efeitos provenientes da poluição, sendo
este subdividido em três subsecções, dando-se ênfase a regulamentos, leis e
responsabilidades sobre a proteção, segurança e preservação ambiental.
Far-se-á uma explanação histórica sobre a legislação, comentando as
autoridades e competências sobre sua fiscalização e preservação, destacando-se a
Diretoria de Portos e Costas e a Organização Marítima Internacional – IMO.
Em seguida, será feita uma descrição sobre a problemática da
contaminação das águas ocasionada pelo despejo incontrolado de lixo em diversas
partes do planeta, os quais chegam ás águas causando poluição e desequilíbrio
ambiental, retratando-se, também, o tempo de decomposição destes materiais, a
necessidade da reciclagem e a contribuição da Educação Ambiental no processo de
conscientização da humanidade com a proteção, preservação e manutenção dos
recursos naturais para as próximas gerações, enaltecendo o exemplo de atitudes
voltadas à preocupação com um ambiente saudável, através da realização do 1º
Seminário Ambiental do Comando da Aeronáutica.
Finalmente, será apresentada a Conclusão, onde ao ser fechada a
pesquisa serão apresentados comentários conclusivos sobre o tema tratado.
Procurar-se-á, também, fazer uma tomada de consciência a todos os cidadãos, em
especial aos habitantes de nosso País, pela necessidade de se atentar para o
problema causado pela própria humanidade, sendo repassado, para todos aqueles
que tenham a curiosidade e que queiram se situar melhor dentro deste universo de
conceitos e considerações onde é permitido compreender os problemas que afetam
o meio em que vivemos, ativando a imprescindível necessidade de zelar pela
sobrevivência através do processo da sustentabilidade.
Após a Conclusão, serão apresentadas as referências utilizadas para a
concretização do projeto, com a citação dos livros, revistas, artigos etc., utilizados
para a construção da monografia, seguida de um Anexo composto por fotos
autoexplicativas.
15
Figura 1: Mancha de óleo nas águas, causada por acidente em navio petroleiro. Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imguri=http://mundoeducacao.uol.com.br/
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2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS
Nesta secção serão destacadas as causas e efeitos da poluição marítima,
onde o ser humano se mostra o principal responsável. Serão, também,
apresentadas as leis, responsabilidades, autoridades e competências envolvidas no
controle e combate desta poluição.
2.1 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS DOCES
A água sempre foi tratada como um bem inesgotável da natureza, sendo
comum o desperdício pela humanidade. Atualmente, em algumas regiões, começa-
se a sentir o problema da escassez, o que provoca uma enorme preocupação por
parte da população e das autoridades mundiais.
A utilização da água não se limita apenas ao consumo do homem, que
ingere diariamente cerca de 2,5 litros de água (entre líquidos e sólidos), mas a
diversos fins, tais como: geração de energia elétrica, industrialização ou agricultura
(ANDRADE, 1996).
Com o problema da superpopulação do planeta tem-se preocupado mais
com a preservação das águas para a manutenção da própria vida.
Conforme relata Green (1988), a escassez de água costuma ser maior
nos países de menor desenvolvimento, devido à falta de estrutura e de
conscientização da população, apesar de encontrar-se nos países mais
desenvolvidos esse desperdício, em menor escala, também afeta a estabilidade
ambiental. No Brasil, devido a existência de muitas bacias hidrográficas e de uma
costa marítima gigantesca, ainda não se pode apurar a relevância deste tema,
apesar dos diversos estudos em andamento os quais apresentam dificuldades das
grandes capitais em se abastecerem, tendo-se o custo da captação de águas e o
tratamento cada vez mais caro.
Andrade (1996) classifica a água doce em duas categorias – superficial e
subterrânea. Superficial quando se apresenta na superfície, tal como os rios, lagos,
riachos; e subterrânea, quando se apresenta abaixo da superfície da terra, tal como
os lençóis freáticos. Sua utilização é essencial à vida humana, alcançando diversas
formas de utilização, dentro da navegação, pesca, irrigação, agricultura etc.
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Quando sua composição é alterada, tornando-a imprópria ao uso,
considera-se poluída, sendo as causas mais comuns desta poluição o despejo de
lixo e substâncias nocivas à vida humana atirada pela própria população e indústrias
que, sem o menor tratamento, jogam nos lagos e rios, produtos químicos, muitas
vezes radioativos, sem o menor controle ambiental. A Resolução nº 20, de
18/6/1986, da CONAMA, estabelece os níveis suportáveis destes poluidores.
Atualmente uma nova forma de poluição vem ameaçando os rios. Trata-
se de tombamento de caminhões com cargas tóxicas. O jornal Folha de S. Paulo, de
24/7/1996, C3, p. 3, noticiou vazamento de 29,9 mil litros de óleo de um caminhão,
sendo que a substância, após descer pela encosta da Serra do Mar, veio a atingir o
rio Pilões, em Cubatão, tendo como resultado imediato a falta de abastecimento de
água a um milhão de pessoas, acentuando-se pelo incalculável dano ambiental ao
solo local. A mesma reportagem deu conta que aquele era o sétimo acidente do ano.
2.2 POLUIÇÃO DAS ÁGUAS MARINHAS
Segundo o professor Eduardo de Freitas (2007), a poluição marinha
ocorre porque diariamente uma infinidade de poluentes, tais como esgotos
industriais, lixos e esgotos domésticos são lançados nos rios e mares, sendo
levados aos oceanos. Estima-se que cerca de 14 bilhões de toneladas de lixo são
acumuladas nos oceanos todos os anos 3. Também contribuí para a poluição
marinha os vazamentos de óleo dos navios petroleiros e dos oleodutos, causando a
contaminação das águas. Da mesma forma, na lavagem dos tanques dos navios,
são depositados nas águas resíduos de petróleo causando enorme prejuízo aos
habitantes marinhos. Esse tipo de poluição é chamada de “maré negra”, produzindo
o aparecimento de organismos que prejudicam o desenvolvimento da vida marinha e
também comprometem o percentual de alimentos.
Devido à interligação entre os oceanos, a poluição marítima que se inicia
em um oceano é estendida aos demais, significando a globalização destas
poluições, o que provoca simultaneamente impacto a todos os continentes.
Segundo Freitas (1992), a poluição do mar, principalmente pelo derrame
3 (FREITAS, Eduardo de. Poluição Marinha. [S.I.]: Brasilescola, 2007. Disponível em:
<http://brasilescola.com/geografia/poluição-mainha.htm>. Acesso em: 26 mar. 2015.)
18
de petróleo, é um dos problemas que mais preocupa a humanidade. O óleo no mar,
nas praias e costões mata algas, peixes, moluscos e crustáceos. Essa poluição,
quando em grandes quantidades, reduz a passagem dos raios solares, reduzindo a
fotossíntese feita pelas algas, devido à insuficiência de luz. (produção de oxigênio a
partir do gás carbônico), provocando enorme prejuízo à fauna e à flora marítima,
prejudicando diretamente a cadeia alimentar.
Diversos acidentes aconteceram ao longo da história, provocando
gravíssimos prejuízos ambientais, os quais ainda não puderam ser totalmente
avaliados. Um dos mais conhecidos, e comentado por Antunes (1996), foi o do
petroleiro Exon Valdez, que liberou trinta e oito mil toneladas de petróleo no Alasca,
em 1989, em um único acidente. Também se pode citar o desastre ocorrido com o
navio Diamont Grace, na baía de Tóquio, que derramou treze mil e quatrocentas
toneladas de petróleo em 3 de julho de 1997.
Recentemente observou-se o caso do México e da China. Segundo
informações contidas na página da Jus Navigandi (s. d.) um volume equivalente ao
de dez piscinas olímpicas (23,8 milhões de litros) cheias de petróleo vazou nas
águas do golfo do México, após a explosão e o afundamento da plataforma de
exploração Deepwater Horizon, pertencente à empresa britânica British Petroleum
(BP). O óleo chegou a um manguezal na Louisiana e entrou em uma corrente
marítima, que levou a poluição para ainda mais longe. Quatro Estados - Louisiana,
Mississipi, Alabama e Flórida - foram afetados de alguma forma pela maré negra. Ao
menos 600 espécies animais estão ameaçadas na região. A indústria pesqueira e o
turismo da costa sul dos EUA perdeu bilhões de dólares. Os custos da BP com a
limpeza do oceano e das praias chegaram em torno de R$ 24,6 bilhões (US$ 14
bilhões), sem contar os processos judiciais 4.
Sória (2004), também relata outro acidente de grandes proporções
ocorrido no dia 23 de julho de 2010, no porto de Xingang em Dalian, na China. O
governo de Pequim informou que ouve uma explosão em um dos oleodutos, de 0,9m
de diâmetro. A explosão foi causada pelo uso inadequado de um catalisador que
acelerava a vazão de petróleo nos oleodutos. Estima-se que a quantidade de
petróleo derramado foi muito maior que 1,5 mil toneladas, informado pelo governo
Chinês. Decorridos sete dias do acidente, apesar do porto de Xingang ter
4 (SÓRIA, Mateus da Fonseca. Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar. Jus.uol,2004.
Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/6021>. Acesso em: 21 mar. 2015.)
19
restabelecido parcialmente a descarga do petróleo, as autoridades continuaram
limpando a “maré negra”, que se alastrou dentro do oceano cerca de quatrocentos e
trinta quilômetros quadrados. A população local acredita que as proporções do
acidente se estenderam às fazendas agrícolas do litoral, pois várias praias foram,
também, interditadas.
No Brasil, em setembro de 1991, ocorreu o vazamento de 100 toneladas
de petróleo do navio Theomana, na bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Em junho
do mesmo ano, outro acidente foi observado, o do petroleiro Penélope, no canal do
porto de São Sebastião, em São Paulo, com um despejo de 300 toneladas de óleo e
outras oriundas da lavagem de tanques de navios, acarretando o despejo no mar de
resíduos tóxicos. O jornal O Estado de S. Paulo, de 3/8/1997, p. A-29, noticiou que o
derramamento de óleo atingiu 30 km de praias do litoral norte do Estado da Bahia. A
suspeita era de que o material seria proveniente da lavagem de tanques de navios 5.
Existe, ainda, a poluição causada pela introdução de espécies marinhas
exóticas por meio da água de lastro, que vem causando problemas em várias
regiões do mundo, sendo apontada como uma grande ameaça ao meio ambiente 6.
Quando um navio está descarregado, seus tanques recebem água para
manter sua estabilidade, balanço e integridade estrutural, quando ele é carregado, a
água é lançada ao mar, podendo causar sérias ameaças ecológicas, econômicas e
à saúde. Nesse sentido é importante à atenção das autoridades de modo a
monitorar as áreas utilizadas pelas embarcações, mapear os locais mais afetados
das nossas baias e enseadas e fiscalizar o cumprimento das normas de utilização
das águas de lastro. Apesar da água de lastro ser essencial para a segurança e
eficiência das operações de navegação modernas, proporcionando equilíbrio e
estabilidade aos navios sem carga, causa um enorme prejuízo às águas marinhas
devido a seu alto fator poluidor, causado pelos despejos indiretos de petróleo e
substâncias tóxicas ao mar.
Outro grande poluidor das águas são os fertilizantes utilizados nas
plantações, fazendo com que os nutrientes extras sejam levados ao solo e rios
5 (FREITAS, Vladimir Passos de. Poluição de águas. Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 3
out. 1997. P. A-29.) 6 (BRASIL. Ministério do Meio ambiente. Projeto Água de Lastro, 2006. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/sqa/projeto/lastro>. Acesso em: 24 mar. 2015.)
20
causando eutrofização, ou seja, um aumento de algas, diminuindo o nível de
oxigênio nas águas, sufocando assim a vida marinha. Machado (1996) comenta que
a eutrofização é responsável por grandes áreas sem vida em diversas partes do
mundo incluindo o Golfo do México e o Mar Báltico.
Pela falta de conscientização da população e, muitas vezes, das
autoridades locais, pela falta de saneamento e coleta preventiva de lixo,
encontramos o lixo sólido, assim chamado, que também prejudica o ambiente
marinho. Diversos materiais tais como bexigas, sapatos, sacolas plásticas,
embalagens, garrafas, são encontrados no fundo das águas dos rios e mares,
causando a destruição de diversos ecossistemas, sendo parte deles levados aos
oceanos, necessitando de um tempo enorme para sua decomposição.
Um dos maiores predadores do habitat marinho, descrito por Freitas
(1992), são os lixos plásticos, pois devido a sua decomposição vagarosa,
frequentemente são confundidos pelos peixes e outros animais como comida,
causando o bloqueio da respiração e passagem para o estômago ao serem
ingeridos por peixes, baleias, golfinhos, aves marinhas, focas e principalmente
tartarugas.
Como principal fonte poluidora, destaca-se o despejo desordenado de
esgoto não tratado nas águas. Só para se ter uma ideia da extensão do problema,
Freitas (1992) comenta que encontramos em muitas partes do mundo o despejo de
esgoto não tratado ou sob tratamento, que de alguma forma, direta ou indiretamente,
vão parar nos oceanos. Um exemplo disso é despejo do esgoto urbano no mar
mediterrâneo sem o menor tratamento que totaliza oitenta por cento de toda a
produção local. Esse despejo pode levar a eutrofização mais rápida além de causar
doenças à população.
2.3 TRATAMENTO LEGAL DE PROTEÇÃO DAS ÁGUAS
Somente a partir da Constituição Federal de 1988 o Brasil definiu o
domínio das águas doces e marítimas. Em seu artigo 20, inciso III, observa-se a
declaração de que “são de propriedade da União os lagos, rios e quaisquer
correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limite com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
21
provenham.” Assim, exemplificando, pode-se afirmar que pertencem à União os rios
Uruguai (limite Brasil/Argentina), Araguaia (que banha mais de um estado) ou o
Amazonas (que provém de outro país - Peru).
Já o inciso VI do artigo 20 inscreve como bem da União o mar territorial,
que atualmente, de acordo com a Lei 8.617, de 4 de janeiro de 1993, atinge o limite
de doze milhas marítimas, a partir da linha de baixa-mar do litoral brasileiro.
O artigo 26, inciso I, da Carta Magna estabelece que se “inclua entre os
bens do estado as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, nesse caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da
União.” O rio Tietê, em São Paulo é um exemplo típico de rio estadual.
No caso dos municípios, as águas superficiais ou subterrâneas, não são
incluídas como bens próprios, estes bens, desde a Constituição de 1946, estão
partilhados entre a União e os Estados, o que não impede que sejam fiscalizadas
eventuais infrações ambientais sobre águas municipais. Afinal, cabe aos municípios
zelar pelo equilíbrio ambiental (CF, art. 225), da mesma forma que eles fazem parte
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 31/8/81, art. 6, inciso V).
Conforme ensina Granziera, cumpre mencionar o Código de Águas,
constante do Decreto Federal n. 24.643, de 10 de julho de 1934, com suas
alterações posteriores:
“O Código de Águas dispõe sobre sua classificação e utilização, dando bastante ênfase ao aproveitamento do potencial hidráulico que, na década de 30, representava uma condicionante do progresso industrial que o Brasil buscava. Contudo, a evolução da legislação ambiental no Brasil veio a demonstrar a necessidade de revisão do Código de Águas” (GRANZIERA, 1993, p.48).
Muitos dispositivos desse antigo código ainda estão em vigor, dando
propriedade à União “as quedas d’água localizadas em águas públicas, mesmo que
o rio seja estadual” (art. 147) e, em relação a poços e nascentes, encontram-se
“proibidas construções capazes de poluir ou inutilizar a água dos mesmos” (art. 98).
Também, qualifica como águas de uso comum às “situadas nas zonas
periodicamente assoladas pelas secas” (art. 5°); em particular as nascentes e águas
localizadas em terrenos particulares salvo classificação especial (art. 8°).
Com o objetivo de se utilizar os recursos hídricos, assegurando sua
disponibilidade às atuais e futuras gerações, foi criada, em 8 de janeiro de 1997, a
Lei nº 9.433, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos, criando o Sistema
22
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, unificando em um único sistema,
órgãos federais, estaduais e municipais. Ademais, reconheceu a água como bem
econômico, determinando a cobrança por seu uso, “devendo as quantias
arrecadadas serem usadas na bacia hidrográfica em que foram geradas” (art. 22).
A promulgação desta lei, também, serviu para regulamentar o art. 21,
inciso XIX, da Constituição Federal. Oportunas às palavras de Paulo de Bessa
Antunes para quem:
“A Constituição Federal de 1988, adotando uma concepção extremamente moderna, trouxe uma profunda alteração em relação às anteriores Constituições. Utilizando-se de aspectos que eram, apenas, insinuados, a Carta atual caracterizou a água como um recurso econômico de forma bastante clara e importante. Além disso, os rios foram compreendidos a partir do conceito de bacia hidrográfica e não como um elemento geográfico isolado” (ANTUNES, 1996, p.267).
Posteriormente, em 31 de agosto de 1981, ainda a proteger águas doces,
foi promulgada a Lei nº 6.938, que dispõe sobre a política nacional do meio ambiente
(art. 2°, inciso II) a qual fortaleceu o princípio a racionalização do uso da água e o
Código Florestal, instituído pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que
manifesta em seu artigo 2º a proteção das florestas e formas de vegetação natural
localizadas ao longo dos lagos, rios, nascentes, cursos d’água, reservatórios e
lagoas.
Apesar de falar-se muito sobre poluição de águas doces, não se pode
deixar de reconhecer os prejuízos causados pela poluição de águas marinhas,
muitas vezes decorrentes dos despejos de águas doces oriundas dos rios. Nesse
caso, um dos maiores problemas está ligado ao derrame de petróleo, de forma
intencional ou culposa. A matéria é tratada na Lei nº 5.357, de 17 de novembro de
1967, que prevê apenas a responsabilidade administrativa, a qual veremos na
subsecção 2.3.1.
Finalmente, a Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986, que
estabelece a destinação de cada espécie, as substâncias prejudiciais, teores
máximos e balneabilidade, classificando as águas em doces, salobras e salinas.
2.3.1 Responsabilidade Administrativa
A responsabilidade administrativa está vinculada diretamente ao princípio
da legalidade previsto no artigo 5°, inciso II, da Constituição Federal, o que significa
23
que “não existe infração administrativa ao meio ambiente sem lei prévia que defina a
conduta”. Excepcionalmente, devido à previsão da própria Constituição Federal,
admite-se que a lei delegada ou medida provisória (artigo 59, incisos IV e V) tenham
força de lei, porém, resoluções, portarias, provimentos, regulamentos autônomos
não poderão servir de base ao auto de infração.
Devido à inexistência no Brasil de um Código Ambiental, encontra-se uma
enorme dificuldade em se julgar as infrações administrativas, as quais se acham
dispersas em vários textos legais. O Projeto de Lei nº 5.367/2009, do deputado
federal Valdir Colatto, que tratava do Código Ambiental Brasileiro, apesar de
protocolado em 03 de junho de 2009, na mesa diretora da Câmara dos Deputados,
até hoje não foi concretizado, tendo sido encaminhado para arquivamento, pela
Coordenação de Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados, no dia 29 de
novembro de 2011, através do Memorando nº 249/11-COPER, de 28 de junho de
2011, embora contasse com o apoio de diversos parlamentares. Na Colômbia, por
exemplo, há o Código Nacional dos Recursos Naturais Renováveis e Proteção ao
Meio Ambiente, Lei Delegada nº 23, de 1973 e Decreto nº 2.811, de 1974, os quais,
evidentemente facilitam o conhecimento e a aplicação da lei ambiental.
Atualmente, no Brasil, é necessário verificar qual lei que se enquadra para
a lavratura de auto de infração. O art. 14 da Lei nº 6.938, de 1981, estabelece as
punições àqueles que não respeitarem as medidas de preservação ou correção dos
danos causados pela destruição da qualidade ambiental, sem prejuízo das
penalidades fixadas em leis. Estas sanções podem ser multa, perda ou suspensão
de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito,
perda ou restrição de incentivos fiscais, ou suspensão de sua atividade.
A forma de defesa varia conforme a estância julgadora. União, Estados e
Municípios possuem regras próprias de procedimento administrativo. O mais
importante é que o acusado tenha amplo direito à defesa, garantindo o previsto na
Constituição Federal.
No âmbito federal o procedimento administrativo, em termos gerais, é
orientado pelo Decreto nº 70.235/72, valendo-se, mais especificamente, da Portaria
Normativa nº 42/92 e da Portaria nº 60/95, do IBAMA. Já no âmbito estadual e
municipal cada unidade federativa fixa regras próprias para o exercício da imposição
de penalidades.
24
O importante é que não se imponha pena sem observância do processo
legal, conforme estabelece o inciso LIV, do artigo 5°, da Constituição Federal,
valendo lembrar a advertência de Paulo Fernando Silveira, para quem:
“No campo cível, a maior aplicação da cláusula do devido processo legal tem sido no que diz respeito ao direito à ampla defesa e ao contraditório, na maioria das vezes relegados ao limbo pelas autoridades administrativas” (SILVEIRA, 1996, p.93).
Segundo seus ensinamentos, conclui-se que não se pode esquecer da
Lei nº 5.357, de 17 de novembro de 1967, que estipula que “as embarcações ou
terminais marítimos ou fluviais de qualquer natureza, estrangeiros ou nacionais, que
lançarem detritos ou óleos nas águas em que se encontrem dentro de uma faixa de
seis milhas marítimas do litoral brasileiro, ficarão sujeitos à multa”. Ficando a cargo
da Diretoria de Portos e Costas do Ministério da Marinha – DPC, a fiscalização
correspondente.
2.3.2 Responsabilidade Internacional
Relativa à poluição do mar as primeiras normas datam dos anos 50,
destacando-se a convenção de Londres, de 12 de maio de 1954, para a prevenção
da poluição do mar por hidrocarbonetos. Na realidade as décadas de 60 e 70 foram
palco dos maiores vazamentos de óleo do século, fazendo com que ocorressem
avanços importantes na regulamentação internacional.
Naquela época ocorreu um acidente historicamente relevante, visto ser
considerado a maior maré negra do século. Granziera (1993) relata que no dia 13 de
maio de 1967, o petroleiro Torrey Canyon encalhou no Canal da Mancha, lançando
cem mil toneladas de óleo cru na água, poluído as costas francesa, belga e
britânica, numa extensão de dezenas de quilômetros. Em função disso, inúmeras
convenções surgiram (1968) em resposta às catástrofes ecológicas. Destacam-se as
convenções de Bruxelas, de 29 de novembro de 1969, sendo uma sobre a
intervenção no mar alto contra navios estrangeiros, em caso de acidente de poluição
pelos hidrocarbonetos, e a outra sobre a responsabilidade civil pelos prejuízos
devidos à poluição por hidrocarbonetos.
Nos últimos 40 anos surgiu progressivamente uma normativa ambiental
cada vez mais ampla que se consagrou no Direito Internacional. Dentre elas
25
podemos destacar a Convenção de Montego Bay, de 10 de dezembro de 1982,
sobre o direito do mar.
Conforme comenta Eliane M. Octaviano Martins (2009), a Convenção de
Montego Bay criou regras gerais comuns à poluição marinha, estabelecendo aos
estados às seguintes obrigações:
“proteger e preservar o ambiente marinho (art. 192); não transferir direta ou indiretamente os danos ou riscos de uma zona para outra ou não transformar um tipo de poluição em outro (art. 195); tomar medidas necessárias para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, qualquer que seja a sua fonte, utilizando, para tal fim, os meios mais viáveis disponíveis e conformes com suas possibilidades, devendo esforçar-se por harmonizar suas políticas a esse respeito (art. 194, I e II e 196); as medidas de prevenção, redução e controle da poluição do meio marinho deve referir-se a todas as fontes de poluição desse meio e incluir, inter alia, as destinadas a reduzi-la tanto quanto possível (art. 194, 3); ao tomar medidas para prevenir, reduzir ou controlar a poluição do meio marinho, os estados devem abster-se de qualquer ingerência injustificável nas atividades realizadas por outros Estados no exercício de direitos e no cumprimento de deveres (art. 194, 4); notificar danos iminentes ou reais (art. 198); haver cooperação internacional em caso de situação crítica causada por poluição (art. 199); e manter sob vigilância permanente os riscos de poluição e efeitos potenciais de quaisquer atividades por eles autorizadas ou que se dediquem, a fim de determinarem se as referidas atividades são suscetíveis de poluir o meio marinho, devendo observar, medir, avaliar e analisar, com o uso de métodos científicos reconhecidos, os riscos ou efeitos da poluição do meio marinho (art. 204)” 7.
A preocupação com a proteção do meio ambiente tem feito parte das
premissas internacionais, que influencia cada vez mais as relações econômicas,
destacando desta forma a importância das normas internacionais.
7 (MARTINS, Eliane M. Octaviano Martins. Evolução histórica da legislação ambiental. [S.I.]:
Âmbito Jurídico, 2009. Disponível em: < http: // www.ambito-juridico.com.br/site/index.php? n _
link=revista _artigos_leitura&artigo_id=6849>. Acesso em: 26 mar. 2015.)
26
3 AUTORIDADE MARÍTIMA
A definição de Autoridade Marítima foi dada pela Lei n° 9.966, de 28 de
abril de 2000, na qual dispõe, no art. 2°, XXII:
“Autoridade marítima: autoridade exercida diretamente pelo Comandante da Marinha, responsável pela salvaguarda da vida humana e segurança da navegação no mar aberto e hidrovias interiores, bem como pela preservação da poluição ambiental causada por navios, plataformas e suas instalações de apoio, além de outros cometimentos a ela conferidos por esta Lei”.
A Autoridade Marítima, fiscaliza o cumprimento de todas as leis e
regulamentos no mar e nas águas interiores, atuando algumas vezes em conjunto
com outros órgãos, como por exemplo, com o IBAMA, nas fiscalizações referentes à
pesca. Sua maior atuação é no exercício de suas competências específicas,
fiscalizando as embarcações que trafegam nas águas jurisdicionais brasileiras, por
intermédio das Organizações Militares que compõem o Sistema de Segurança do
Tráfego Aquaviário, representadas pelas Capitanias dos Portos, Delegacias e
Agências, capitaneadas pela Diretoria de Portos e Costas. Esses Órgãos têm
competência, delegada pelo Comandante da Marinha para fiscalizar o cumprimento
das leis que tratam da navegação, assim como das Convenções e Acordos
Internacionais firmados, baixando normas necessárias a sua fiel execução8.
A legislação confere, também, no artigo 4°, da Lei n° 9.537/97, as
atribuições que a Autoridade Marítima deve realizar como a relativa à elaboração de
normas sobre as matérias de sua competência.
3.1 FATOS HISTÓRICOS LIGADOS À LEGISLAÇÃO E À
AUTORIDADE MARÍTIMA
Conforme já comentado, na história da humanidade sempre reinou a
navegação marítima. As grandes conquistas das antigas civilizações eram feitas
através do mar, em grandes aventuras, baseadas na prática, nos costumes e,
principalmente, na intuição dos grandes povos, dentre os quais se destacavam os
fenícios, gregos, egípcios e vikings. Muitos obstáculos se aliavam a essa prática,
8(COMANDO DA MARINHA DO BRASIL, Institucional . História. Disponível em:
<http//mar.mil.br/brmar.htm>. Acesso em 01 abr. 2015.)
27
devido à baixa tecnologia da época, o que causava um enorme perigo precedido
muitas vezes de morte.
Granziera (1993) relata que com o passar do tempo diversos mecanismos
e regras surgiram com o objetivo de regularizar o direito marítimo, surgindo o Código
de Hamurabi, na Babilônia (século XXIII a.C), onde eram estabelecidas normas
sobre o fretamento de navios a remo e a vela, sobre as responsabilidades do
fretador, sobre a construção naval e sobre o abalroamento e indenização pelos
danos causados. Posteriormente, no século XIII a.C, surgiu o Código de Manu, dos
hindus, contendo regras sobre o câmbio marítimo.
Embora os romanos tenham se destacado dentro do comércio marítimo,
existe pouca referência ao regramento deste povo, o que se faz deduzir que seu
conhecimento ou uso das regras marítimas usadas pelos orientais era ignorado. Já
os gregos fizeram uso do costume da Ilha de Rhodes, situada no Mediterrâneo
Oriental, bem como do “nauticum foenus”, contrato de dinheiro a risco ou de câmbio
marítimo, o qual regia que “aquele que emprestava dinheiro só seria restituído no
caso de sucesso da expedição marítima”, nascendo assim o esboço da ideia de
seguro.
Destacam-se na Antiguidade, as Leis de Rhodes, conhecida no texto
narrado no Digesto (D.14-2-29), onde Eudemon de Nicomédia, havendo naufragado,
queixava-se ao Imperador Antonino de que fora saqueado pelos habitantes das Ilhas
Cícladas, sendo orientado a recorrer às Leis de Rhodes, onde o mar estava
diretamente ligado com a devida autonomia de julgar os negócios pertinentes ao
comércio marítimo, exceto se fossem contrários às leis romanas. Como as ilhas
Cícladas faziam parte da Província Insularum, que tinha Rhodes como capital, o
problema apresentado por Eudemon deveria ser julgado segundo a lei do lugar e
não de outra região. Mais tarde, sob o Império Bizantino, houve um livro chamado
Basiliques, consagrado exclusivamente ao comércio marítimo e muito difundido no
Oriente.
Granziera (1993) relata que após a Queda de Constantinopla, em 1453,
os transportes de longa distância foram monopolizados pelos muçulmanos, o que
permitiu a colonização do Novo Mundo através das travessias oceânicas. Na
tentativa de melhorar a vida de seu povo, Dom Manuel, rei de Portugal, utilizou a
Escola de Sagres, para gerar grande contribuição à navegação marítima e as
28
descobertas. Na tentativa de encontrar uma saída marítima para as Índias
contornando a África, chega ao “Brasil” em 1500, ao empregar a genialidade dos
seus conhecimentos náuticos, colaborando para mudar o curso da história mundial.
Decorridos alguns anos, conforme descreve Agripino de Castro Jr. (2004),
surgem na Idade Média os elementos do direito marítimo moderno, destacando-se
as regras de Rolos de Oléron e o Consulado do Mar, que passam a exercer grande
influência na Europa. O primeiro com a confirmação da jurisprudência marítima em
vigor nos tribunais franceses, estendendo sua autoridade aos países do Norte e ao
Mar Báltico, sendo os Julgamentos de Damme em Flandres, as Leis de Westcapelle,
na Zelândia, e as Leis de Wisby, da Ilha de Gotland, traduções ou adaptações do
citado código. Já o segundo, o Consulado do Mar, foi entendido como uma
compilação dos usos antigamente seguidos no Mediterrâneo Ocidental, sendo um
código bem completo, embora redigido sem ordem, em face das suas sucessivas
alterações, tendo sido traduzido para todas as línguas. Os autores antigos
acreditavam que os Rolos e Consulado do Mar eram ordenações dos soberanos, o
que era equivocado, pois eram compilações dos usos e costumes. Já nos séculos X
e XI, as cidades tinham seu estatuto municipal, traçando regras sobre a navegação,
sobre o povo do mar, sobre o porto, sobre os navios, sendo os estatutos das cidades
italianas de Trani, no século XI e as Tábuas de Amalfi, no século XII, os mais
conhecidos. Amalfi foi a primeira cidade na Idade Média a realizar um extenso
comércio marítimo, fazendo com que suas regras, previstas na “Tábua de
Amalphitana”, tivessem validade em toda a Itália e fossem respeitadas nas nações
cujos barcos navegavam no Mediterrâneo.
Segundo Agripino de Castro (2004), o primeiro instrumento de Direito
Marítimo provem de Luís XIV, tendo Colbert feito o Rei nomear uma comissão que
elaborou a Ordenança da Marinha de agosto de 1681 (Ordennance touchant la
marine), a qual compreendia o direito marítimo privado e o direito público,
alcançando grande importância na Europa e imitada por vários países. Na França, o
Código Comercial de 1808 (Código de Napoleão), estabeleceu grande influência
sobre o direito marítimo brasileiro. Este continha um livro sobre o Comércio Marítimo
que foi em parte copiado da Ordenança de 1681, suprimindo tudo o que parecia
referir-se ao direito público. Esse código se tornou defasado ao longo do tempo, pois
foi redigido em bases de uma navegação que se destinava a dois séculos anteriores
29
e as condições de exploração haviam mudado. Porém esse código deixou várias leis
em vigor, tal como o Ato de 1793, sobre a nacionalidade dos navios, que vigorou
ainda por muito tempo.
No Brasil o controle da navegação marítima iniciou-se com a abertura dos
portos em 1808, por decreto de D. João VI, conforme descrito por Agripino de Castro
Jr. (2004). Após, a navegação brasileira foi, por muito tempo regida pelas
ordenações do Reino de Portugal (Ordenações Afonsinas, Manoelinas e Filipinas).
Com a independência, em 07 de setembro de 1822, enquanto as leis nacionais eram
formuladas, continuava prevalecendo o citado código até a outorgação da
Constituição Imperial de 1824, Códigos Criminal e de Processo, de 1830 e 1832, e
Comercial de 1850. Vale destacar que o Código Comercial, promulgado pela Lei nº
556, de 25 de junho de 1850, passou a regulamentar na sua parte segunda o
comércio marítimo, sendo mantido pelo Código Civil de 2002, apesar da existência
de diversas leis regrando o direito marítimo brasileiro.
Após esse período e com a Proclamação da República aconteceram
diversas alterações na estrutura da Marinha, porém, nada foi criado no sentido de
preservar o meio ambiente.
Comenta Agripino de Castro Jr (2004) que no ano de 1931, através do
Decreto nº 20.829, de 21 de dezembro de 1931, o chefe do Governo Provisório da
República criou a Diretoria de Marinha Mercante, em substituição à Diretoria de
Portos e Costas criada anteriormente. Em 1952 a Diretoria de Marinha Mercante
voltou a se chamar Diretoria de Portos e Costas, permanecendo até hoje, tendo
como finalidade, no interesse da defesa nacional, contribuir para o controle e
orientação da Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que interessa à
defesa nacional, para segurança do tráfego aquaviário, para prevenção da poluição
hídrica causada por embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio, e para
formação e execução das políticas nacionais relacionadas às atividades marítimas.
Conforme informações contidas na página do Comando da Marinha (s.d.)9
o envolvimento do antigo Ministério da Marinha com implantação da modernização
dos portos, o desenvolvimento da pesca, a ordenação da navegação nacional, a
revitalização da construção naval no País, a implantação de princípios, através de
9 (COMANDO DA MARINHA DO BRASIL, Institucional . História. Disponível em:
<http//mar.mil.br/brmar.htm>. Acesso em 01 abr. 2015.)
30
lei, sobre a segurança do tráfego aquaviário, a condução do gerenciamento costeiro,
o apoio à ação fiscalizadora do trabalho marítimo, o apoio à Polícia Federal,
participando da Comissão de Segurança Pública dos Portos, Terminais e Vias
Navegáveis, a proteção ambiental marinha, quer em parceria ou não com o Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, tudo em
conformidade com a antiga Lei Complementar nº. 69/91, representavam um amplo
aspecto da atuação no campo marítimo e fluvial das Autoridades Marítimas
Brasileira.
3.2 ATRIBUIÇÕES DA AUTORIDADE MARÍTIMA
De acordo com as informações constantes na Revista Marítima Brasileira
(1997), a elaboração de Normas (NORMAM – Normas da Autoridade Marítima) deve
ser baixada por meio de Decreto Regulamentar ou por intermédio de Portarias
Normativas proferidas pelo órgão delegado da Autoridade Marítima, especialmente
pela Diretoria de Portos e Costas ligadas às seguintes atividades:
“- Habilitação e Controle dos Aquaviários: O ensino profissional marítimo cabe por lei à Diretoria de Portos e Costas do Ministério da Marinha, que recebe verba orçamentária específica para esse fim. A formação profissional é ministrada, atualmente, pelo Centro de Instrução Almirante Brás de Aguiar (CIABA), Localizado em Belém, e pelo Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), no Rio de Janeiro, que são considerados ilha de excelência pela IMO, na formação profissional de aquaviários;
-Tráfego e Permanência em Águas Jurisdicionais Nacional: A Autoridade Marítima é responsável por baixar normas sobre o tráfego e permanência de embarcações em águas sob jurisdição nacional, bem como sua entrada e saída de portos, atracadouros, fundeadouros e marinas;
- Inspeções e Vistorias: Esta atribuição da Autoridade Marítima esta relacionada com a realização de inspeções navais e vistorias que decorrem, não apenas das normas existentes no ordenamento jurídico pátrio, como também dos tratados e convenções internacionais ligados à navegação e ao comércio marítimo internacional;
- Port State Control: É um Acordo Latino-Americano sobre Controle de Navios pelo Estado do Porto. As Autoridades Marítimas, no cumprimento de suas obrigações, deverão fazer inspeções consistentes em visitas a bordo dos navios para conferir os certificados e documentos pertinentes com as finalidades do Acordo, que se utiliza, para tanto, das normas contidas nas Convenções Internacionais, tais como SOLAS 74/78, MARPOL 73/78, STCW-78, dentre outras;
- Obras Sob e Sobre as Margens das Águas: Obras sobre ou sob águas devem ter normas que assegurem a segurança
31
da navegação. Apenas como exemplo, construir uma ponte sem estudo técnico, avaliado por parte da Autoridade Marítima pode trazer sério impacto à segurança da navegação;
- Marinas e Clubes Náuticos: A Autoridade Marítima baixa normas sobre cadastro e funcionamento de marinas e clubes náuticos, para que possam agir como parceiros no que toca à salva-guarda da vida humana nas águas, bem como a segurança da navegação e preservação a poluição hídrica ao meio ambiente, podendo exercer efetiva fiscalização sob tais entidades;
- Cadastro das Sociedades Classificadoras e Empresas de Navegação: Sociedades Classificadoras e Empresas de navegação constituem a parte civil do poder marítimo, sendo importante saber quem são, quantos são e onde se localizam, para eventuais casos de mobilização e para a defesa nacional ou mesmo com o objetivo de serem acionadas nos momentos em que a Autoridade Marítima entender;
- Serviço de Praticagem: A Autoridade Marítima baixa normas para o serviço de praticagem, visto que essa atividade é essencial e está diretamente relacionada com a segurança da navegação;
- Limites à Navegação: A Autoridade Marítima limita a navegação interior ou em mar aberto através de normas, com o propósito legal de garantir a segurança da navegação aquaviária, bem como demarcar áreas marítimas e interiores que constituem proteção nas quais as embarcações tenham condições de fundear ou varar;
- Condições de Segurança e Habitabilidade das Embarcações: A Autoridade Marítima executa vistorias, por seus agentes ou por sociedades classificadoras. Esta poderá exigir o cumprimento de normas previstas em atos internacionais, acordos regionais e as contidas na vertente Lei, seja por seus inspetores ou vistoriadores, seja por entidades classificadoras;
- Proibição da Entrada ou Saída do Porto por Embarcação Estrangeira: As embarcações estrangeiras submetidas à inspeção naval e que estejam fora de classe, isto é, fora dos padrões operacionais ditados por atos internacionais ratificados pelo Brasil, devem ser proibidas de entrar e sair de portos ou águas sob jurisdição nacional por meio de ações efetivas da Autoridade Marítima, até que os responsáveis pelas embarcações sanem as irregularidades;
- Delegação de Competência: A Autoridade Marítima delega competência aos municípios para fiscalizar o tráfego de embarcações, causadores de risco à integridade física das pessoas nas áreas adjacentes às praias, indistintamente das marítimas, fluviais ou lacustres; e
- Pessoal Embarcado: A Autoridade Marítima poderá, baseada na Lei, criar, fundir ou extinguir os grupos e categorias de aquáviarios, adaptando-os aos novos tempos de alta tecnologia náutica, com modernos e precisos instrumentos de navegação, assim como, também, levar em consideração a evolução diária dos meios de comunicação de terra para bordo e vice-versa, sempre respaldado em atos internacionais ratificados pelo Brasil.” (REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA, V.121, N.1/3,2006)
32
3.3 COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE MARÍTIMA
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, realizada em
1982, conceitua poluição marinha, como sendo a “introdução pelo homem, direta ou
indiretamente, de substâncias ou energia no meio marinho”, quando esta provoca ou
mesmo possa vir a provocar efeitos nocivos ao meio ambiente e à vida marinha,
risco à saúde, através de atividades marinhas, incluindo a pesca e outras utilizações
do mar, alterando a qualidade da água, no que se refere a sua utilização ou
deterioração dos locais de recreio.
A poluição do meio ambiente marinho por óleo é oriunda dos incidentes
ocorridos com o seu transporte pelos navios petroleiros e na lavagem dos tanques
dos navios feita nas águas da Costa Brasileira. Além da poluição por óleo podemos
mencionar a poluição devido às águas de lastro, já mencionada anteriormente.10
Em 28 de abril de 2000, foi publicada a Lei nº 9.966, apelidada de “Lei do
Óleo”. Essa Lei trata da questão da responsabilidade por dano ambiental,
especificando os agentes responsáveis, além de atribuir a responsabilidade dos
agentes públicos que, por ação ou omissão, contribuem de alguma forma com o
dano. Esse novo instrumento legal trouxe vários aspectos importantes que merecem
destaque: - amplia o universo de proteção ao meio ambiente marinho contra a
poluição, ao disciplinar a prevenção, o controle e a fiscalização quanto ao poluente
óleo e seus derivados e toda e qualquer substância considerada nociva ou perigosa;
- caracteriza-se por ser uma lei especificamente voltada à poluição do meio
ambiente marinho, águas interiores e hidrovias; - aplica-se a navios, portos,
terminais e plataformas com suas instalações de apoio; - amplia para as águas
jurisdicionais brasileiras a área de proteção marinha, em relação à área de 6 milhas
da costa anteriormente abrangida pela Lei n° 5.357/67; - consolida a internação dos
princípios da Convenção Internacional para Prevenção da Poluição Causada por
Navios (Marpol 73/78) e da Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e
Cooperação em caso de Poluição por Óleo (OPRC-90 ); - define níveis de
competência Federal Estadual e Municipal; - mantém a Marinha como a instituição
competente para aplicar multas aos responsáveis pela descarga de óleo e
substâncias nocivas e perigosas nas águas jurisdicionais brasileiras por navios,
plataformas e suas instalações de apoio, sem prejuízo da aplicação de outras multas 10
(BRASIL. Ministério do Meio ambiente. Projeto Água de Lastro, 2006. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/sqa/projeto/lastro>. Acesso em: 24 mar. 2015.)
33
na esfera de competência dos órgãos ambientais e do órgão regulador da indústria
do petróleo (Agência Nacional do Petróleo); - é aplicável a todas as categorias de
poluentes e não apenas hidrocarbonetos; - obriga a elaboração de planos de
contingência e a implementação de instalações para recepção, tratamento de
resíduos ou o seu envio para tratamento; e – estabelece a responsabilidade dos
diversos agentes, nos casos de danos ao meio ambiente e a terceiros, decorrentes
da contaminação marinha produzida.
Tendo em vista a irreparabilidade e a irreversibilidade de certos danos
ambientais, ou de sua maioria, pode-se seguramente afirmar que a concretização do
principio do poluidor pagador dar-se-á não só pela obrigação do poluidor e de
reparar o dano, mas, sobretudo pela sua obrigação de evitar o acontecimento de
novos danos oriundos daquela atividade potencialmente poluidora. Dessa forma,
conclui-se que a indenização global imputada não se vincula estritamente a imediata
reparação do dano, mas a uma atuação preventiva para completa defesa do meio
ambiente.
A lei nº 5.357, de 17 de novembro de 1967, foi a primeira a tratar do tema,
estabelecendo penalidades para as embarcações e terminais marítimos ou fluviais
que lançassem detritos ou óleos em águas brasileiras. As penalidades, entretanto,
restringiram-se ao âmbito administrativo. Já as penalidades para os terminais
marítimos ou fluviais podem alcançar duzentas vezes o maior salário mínimo vigente
no Brasil. Ela foi reafirmada pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, nas
citações sobre o derramamento ou lançamento de detritos de óleo em águas
brasileiras por embarcações, terminais marítimos ou fluviais. Recentemente a
mesma foi revogada pela Lei nº 9.966/2000, que estabeleceu punições
administrativas específicas, contendo maiores detalhes e agravantes, reativos ao
despejo de substâncias no ambiente marinho.
Em matéria ambiental, são inaplicáveis as causas da exclusão da
responsabilidade civil, havendo mais de um causador, todos serão responsáveis
solidariamente. Conforme diz Agripino de Castro Jr. (2004): “A licitude de conduta do
causador do dano não o isenta de repará-lo, e embora esse aspecto nunca tivesse
sido positivado no Direito Brasileiro, a Lei 9.966 trouxe essa previsão em seu artigo
21”.
34
Agripino de Castro Jr, (2004) relata que, objetivando o atendimento à
necessidade de prevenir o ambiente marinho, foi estabelecido o Controle de Navios
pelo Estado do Porto, através do qual os Inspetores de Navios, regulados por
diretrizes específicas e orientações normativas da Autoridade Marítima, fiscalizam
navios, plataformas e suas instalações de apoio e as cargas embarcadas de
natureza nociva ou perigosa, atuando os infratores na esfera de sua competência:
levanta dados e informações e apura responsabilidades sobre os incidentes com
navios, plataformas e suas instalações de apoio que tenham provocado danos
ambientais; encaminha os dados, informações e resultados de apuração de
responsabilidade ao órgão federal de meio ambiente, para avaliação dos danos
ambientais e início das medidas judiciais cabíveis; comunica ao órgão regulador da
indústria do petróleo irregularidades encontradas durante a fiscalização de navios,
plataformas e suas instalações de apoio, quando atinentes à indústria do petróleo.
Figura 4: Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro–Ilha Fiscal-Baía de Guanabara/Rio de Janeiro/RJ. Fonte: Foto tirada em 17/06/2014
3.4 A DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS
A Diretoria de Portos e Costas – DPC, órgão da Administração Pública
Federal Direta, também conhecida como Autoridade Marítima Brasileira, é uma das
mais relevantes entidades governamentais que atuam na atividade marítima.
35
Dirigida por um Vice-Almirante, a DPC é uma divisão administrativa do Comando da
Marinha, subordinada à Diretoria Geral de Navegação que, por sua vez, subordina-
se ao Comandante da Marinha, que faz parte do Ministério da Defesa11.
Entre as diversas atividades, a DPC tem como objetivos principais:
“I - Contribuir para a orientação e o controle da Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que interessa a Defesa Nacional; II - Contribuir para a segurança do tráfego aquaviário; III - Contribuir para a prevenção da poluição por parte de embarcações, plataformas e suas estações de apoio; IV - Contribuir para a formulação e execução das políticas nacionais que digam respeito ao mar; V - Contribuir para implementar e fiscalizar o cumprimento de Leis e Regulamentos, no mar e águas interiores; e VI - Contribuir para habilitar e qualificar pessoal para a Marinha Mercante e atividades correlatas. Além disso, possui outras relevantes atribuições, inclusive em situação de conflito, crise, estado de sítio, estado de defesa, intervenção federal e em regimes especiais.” 12
Sua missão principal se concentra na elaboração de normas dentro da
sua competência como representante da Autoridade Marítima Brasileira, bem como
administrar o Sistema do Ensino Profissional Marítimo (SEPM) e suas atividades
correlatas na realização de atividades técnicas normativas e de supervisão ligadas à
gestão ambiental, contribuindo para a prevenção da poluição hídrica e a salvaguarda
da vida humana no mar e segurança do tráfego aquaviário.
Sua sede encontra-se na cidade do Rio de Janeiro, sendo atualmente
subordinada, juntamente com a Diretoria de Hidrografia e Navegação, à Diretoria
Geral de Navegação.
3.5 ORGANIZAÇÃO MARÍTIMA INTERNACIONAL (IMO)
Após a II Guerra Mundial, conforme comenta Agripino de Castro Jr.
(2004), houve um aumento significativo do tráfego marítimo, acentuando
paralelamente os problemas a ele relacionados, como “colisões, abalroamentos e
acidentes ambientais, bem como pressão da opinião pública internacional, fonte
secundária de Direito Internacional Público, juntos aos governos dos Estados”.
Desta forma diversos países manifestaram a necessidade de se criar um corpo
internacional permanente, de modo a promover maior segurança na navegação,
11 (MARINHA DO BRASIL. Diretoria de Portos e Costas. Missão / Histórico. Disponível em:
<htpp//www.dpc.mar.mil.br>. Acesso em: 17 mar. 2015.) 12
Idem
36
porém, somente com a criação da ONU essa conquista se realizou. Em 1948, na
Conferência Internacional de Genebra, foi criada a IMCO (Inter-Governamental
Maritime Consultative Organization), cujo nome foi mudado para IMO (International
Maritime Organization) em 1982.
A Organização Marítima Internacional (IMO) é considerada a mais
importante organização marítima internacional que, do ponto de vista da Teoria das
Relações Internacionais, revistada por De Oliveira, pode ser denominada como de
fins técnicos e científicos, com vocação universal, motivada pela cooperação entre
os atores estatais e não estatais e setor de transportes marítimos, com autonomia
jurídica para implementar as suas funções.13
Agripino de Castro Jr (2004) relata que no campo das relações
internacionais, o século XX foi o século das grandes transformações. Após a
descoberta da máquina a vapor pelo escocês James Watt, no século XIX,
consolidando a indústria da navegação o navio a vapor e após a Revolução
Industrial, ocorreram novas e grandes descobertas, fazendo com que a disciplina
das Relações Internacionais assumisse maior importância e autonomia,
especialmente em face do aumento da complexidade entre os atores internacionais.
“Foi neste século XX que a Convenção da IMO (IMCO) entrou em vigor, em 1958,
tendo a nova entidade reunido-se pela primeira vez no ano seguinte.” Em 1963 o
Brasil passou a fazer parte da IMO (IMCO) e, desde então, são inúmeras as
convenções ratificadas com grande impacto no transporte marítimo e na segurança
da navegação.
Os objetivos da IMO estão expostos no Art. 1º de sua Convenção, e são:
"articular esforços para proporcionar a cooperação entre governos no campo da regulação internacional e de práticas relacionadas aos problemas técnicos de todos os tipos que afetem a segurança no comércio internacional; estimular e facilitar a adoção geral dos mais altos padrões referentes à segurança marítima, eficiência da navegação e prevenção e controle da poluição marítima das embarcações, além de lidar com questões administrativas e jurídicas para implementar os seus objetivos.” 14
13 (ORGANIZAÇÃO MARÍTIMA INTERNACIONAL. About IMO. IMO.Org, 2012. Disponível em: <http://www.imo.org.br>. Acesso em: 21 mar. 2015.) 14
Idem.
37
Com sede em Londres e 300 funcionários, a IMO contou com um
orçamento de 39.531.100 libras esterlinas, para o biênio 2002-2003, dados obtidos
por Agripino de Castro Jr. (2004) que também comentou ser este valor pequeno
comparado à relevância da sua atuação e prevenção de riscos na atividade marítima
mundial, evitando enormes prejuízos à comunidade internacional, especialmente os
de natureza ambiental. Atualmente depende das contribuições dos seus 163 países
membros, calculadas com base na tonelagem da frota mercante de cada um.
Figura 2: Despejo de água de lastro nas águas da Baía de Guanabara, causando poluição. Fonte: http://www.translate.googleusercontent.com/translate_c?hl=pt-BR&langpair=enlpt&u
Figura 3: Pintura do casco de navios junto as margens da Baía de Guanabara (Ilha do Governador), provocando graves danos ao Meio Ambiente (Poluição das Águas Marinhas). Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imguri=http://mundoeducacao.uol.com.br/
38
4 O LIXO URBANO
A saúde da humanidade vem sendo afetada a cada dia com a poluição
constante das águas dos mares, dos rios, do solo e do ar, causando, também, sérios
riscos à estabilidade ambiental. Na natureza todas as plantas e animais mortos
apodrecem e se decompõe, sendo destruídos por larvas minhocas, bactérias e
fungos, fazendo com que os elementos químicos que eles contêm voltem a terra. É
um processo natural de reutilização de matérias. É um interminável ciclo de morte,
decomposição, nova vida e crescimento. Assim também deve se processar no dia a
dia, através de tecnologias modernas, muitos dos materiais utilizados, devendo ser
reaproveitados. O plástico, vidro, papel e metais podem ser reciclados e
transformados em produtos novos, sendo repassados com um custo bem mais baixo
ao consumidor.
4.1 A PROBLEMÁTICA NA CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS
A Ambiental Brasil (2011)15 afirma que a natureza se mostra altamente
eficiente no tratamento do “lixo”, do que “sobra”, do que “morre”; nela nada é
perdido, tudo é transformado e usado novamente, enquanto no mundo moderno os
homens teimam em produzir produtos que não são transformados em algo útil, seus
restos são considerados lixo e caminham para a produção de matérias tóxicas e
prejudiciais à vida ambiental.
O lixo pode contaminar os lençóis freáticos, assim como causar várias
doenças, constituindo um sério problema sanitário quando não lhe é dado à atenção
necessária a seu tratamento, contribuindo, ainda, para a proliferação de baratas,
ratos e insetos nocivos, abrigando urubus que, em seu vôo contínuo atrás de
carniça, podem causar sérios riscos às aeronaves.
Ribeiro (2010) comenta que no Brasil 76% da produção diária de lixo é
depositada a céu aberto em lixões, 13% é depositada em aterros controlados, 10% é
depositada em aterros sanitários, 0,9% é comportado em usinas e 0,1% é
incinerado, o que totaliza uma produção diária de 241.614 toneladas de lixo. É
importante salientar que aproximadamente 53% deste total é composto por restos de
comida desperdiçada.
15
(RIBEIRO, Marcelo. Educação Ambiental. [S.I.]: Ambiente Educação, 2010. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/educacao/educacao_ambiental>. Acesso em: 26 mar. 2015.)
39
4.2 A DECOMPOSIÇÃO DO LIXO
O ciclo natural de decomposição e reciclagem da matéria tem o poder de
reaproveitar o lixo humano, porém uma grande parte deste lixo sobrecarrega esta
reciclagem impedindo que o ciclo se realize. O problema se agrava porque muitos
dos produtos manufaturados pelo homem não se decompõe com facilidade, não são
biodegradáveis, levando um tempo maior do que o apresentado com os produtos
naturais. Como exemplos têm-se os vidros, latas e alguns plásticos que por não
serem biodegradáveis levam muitos anos para se decomporem. Esses componentes
podem provocar a poluição, prejudicando significativamente os ecossistemas
naturais, levando-os, muitas vezes, ao extermínio.16
A tabela abaixo, retirada da página Vestibular (2003)17, apresenta o tempo
que cada material leva para se decompor, Nesta decomposição, porém, existem
variações em função das condições do solo ou ambiente em que os materiais foram
descartados.
LIXO
TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO
Cascas de frutas
De 1 mês a 3 meses Papel
De 2 meses a 6 meses Pano
De 6 meses a 1 ano
Chiclete
5 anos
Filtro de cigarro
De 5 anos a 10 anos
Tampa de garrafa
15 anos
Madeira pintada
15 anos
Nylon
Mais de 30 anos
Sacos de plástico
De 30 anos a 40 anos
Lata de conserva
100 anos
Latas de alumínio
200 anos
Plásticos
450 anos
Frauda descartável
600 anos
Garrafas de vidro
Indeterminado
Pneu
Indeterminado
Garrafas de plástico (pet)
Indeterminado
Borracha
Indeterminado
Vidro
1 milhão de anos
Quadro A: Decomposição do Lixo Fonte: www.vestibular1.com.br, 2003
16
(RIBEIRO, Marcelo. Educação Ambiental. [S.I.]: Ambiente Educação, 2010. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/educacao/educacao_ambiental>. Acesso em: 26 mar. 2015.) 17
(VESTIBULAR 1. Decomposição do lixo. Vestibular1, 2003. Disponível em:
<www.vestibular1.com.br>. Acesso em: 21 mar. 2015.)
40
De qualquer maneira, o fato do lixo continuar existindo depois que o
jogamos fora em função de seu tempo de decomposição é incontestável,
significando um sério problema ecológico. Assim devem ser verificadas todas as
possibilidades de reintroduzi-lo na cadeia produtiva da reciclagem ou de aumentar
seu ciclo de vida, de modo a proporcionar maior estabilidade na cadeia alimentar.
4.3 A RECICLAGEM
Segundo a Ambiente Brasil (2011)18 a reciclagem passa a assumir um
importante papel na preservação do meio ambiente, pois, além de diminuir a
extração de recursos naturais, garantindo, desta forma, a preservação para as
futuras gerações, também diminui o acúmulo de resíduos nas áreas urbanas,
proporcionando menor poder de poluição nas águas e na própria natureza.
Embora não seja possível aproveitar todas as embalagens, a tendência é
que tal possibilidade se concretize no futuro, onde, através da reciclagem se possa
reaproveitar o maior número de matéria prima, diminuindo o desperdício e,
consequentemente, a produção do lixo nos centros urbanos.
Outro importante aspecto que muitas vezes é desprezado e visto com
descaso pela população local, são os catadores de lixo que, na maioria das cidades,
são marginalizados e na verdade dão uma enorme contribuição à natureza,
ajudando significativamente a reduzir o desperdício nos grandes lixões, catando
produtos que possam ser reaproveitados, trazendo-os às fontes de reciclagem, de
modo a torná-los materiais úteis onde, através do processo de tecnologia avançada,
passam a ser as ferramentas ecologicamente preparadas para a preservação das
matérias primas naturais, garantindo a sustentabilidade à humanidade.
4.4 A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Entendendo-se a Educação Ambiental como um instrumento de
conscientização ecológica que visa levar o ser humano a se enxergar como parte
integrante e indispensável do Meio Ambiente, levando-o a assumir uma nova
mentalidade, baseada no respeito mútuo para com o ambiente e os que dele fazem
18
(RIBEIRO, Marcelo. Educação Ambiental. [S.I.]: Ambiente Educação, 2010. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/educacao/educacao_ambiental>. Acesso em: 26 mar. 2015.)
41
parte, trabalhando com os desequilíbrios biossociais, onde se enquadram tanto os
problemas relacionados à poluição como também as questões referentes à fome, ao
desemprego e à doença. Desta forma, conforme comenta Crespo (1996), a
Superintendência de Educação Ambiental, ligada a Secretaria de Estado do
Ambiente tem movido esforços no sentido de promover a conscientização da
população carioca através de um processo educativo, tanto no âmbito formal, com
execução de trabalhos escolares sobre temas relacionados com a poluição, dentro
das diversas instituições públicas, como no âmbito informal, através de palestras
educativas sobre as causas e consequências decorrentes da poluição das águas,
assim como os males que estão afetando os ecossistemas existentes, através dos
despejos desordenados de lixo em locais impróprios a este fim.
4.4.1 Aspectos Gerais
Como disseminação do conhecimento sobre o Meio Ambiente, a
Educação Ambiental desenvolve um papel primordial junto ao processo de
despoluição dos mares, assim como dos rios que deságuam em suas margens,
levando a população a reflexões sobre a preservação ambiental e ao próprio meio
em que vivemos, a fim de ajudar à sua preservação e utilização sustentável de seus
recursos.
Crespo (1996) comenta que nos diversos âmbitos da Educação
Ambiental: Formal ou Institucional (geralmente conduzido na Instituição Escolar,
abrangendo o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, a Graduação e a Pós
graduação), Não Formal (onde são envolvidas as comunidades, que fora do espaço
curricular, desenvolvem uma série de atividades, tais como promoção de
campanhas, encontros, palestras, reuniões, baseados em temas ligados ao Meio
Ambiente, preservação, sustentabilidade etc.) e Informal (onde a Educação
Ambiental se processa através de meios informais de comunicação, tais como:
jornais, panfletos, cartazes, filmes, cartas, propagandas de rádio e televisão etc.) a
Educação Ambiental tem demonstrado uma atuação eficaz de conscientização da
população, estimulando os conceitos de conservação, manutenção e preservação.
Todos os seres humanos têm o dever de exercitar a consciência
ambiental e a conservação da natureza, fazendo a parte que lhe compete, sem
querer que a sociedade se encarregue de exercitá-la sozinha. Cada um fazendo a
42
sua parte, em casa e no trabalho, mobilizando e ajudando no despertar das pessoas
que estão próximas, age colaborando para uma política ambiental mais saudável.
Com a preocupação da sustentabilidade e dos problemas associados à
poluição das águas, com o respeito a seus habitantes em todos os níveis, tendo-se a
preocupação em deixar, para as gerações futuras, uma situação sócio-ambiental
melhor do que nos encontramos e não uma situação ainda mais grave do que a
atual, a Educação Ambiental manifesta o compromisso de uma educação para a
cidadania, com o propósito de ser uma educação que discuta as questões que
envolvem toda a humanidade, contextualizada em nível global e que discuta
possibilidades de ações sem fronteiras, favorecendo nas pessoas a compreensão
das múltiplas dimensões do mundo atual e futuro, que se associa com a
comunicação, tecnologia e transações econômicas, suscitando uma educação para
a paz, direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e
compreensão internacional.
A introdução do Meio Ambiente como um dos Temas Transversais dentro
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ocorrido pela aplicação da LDB 9394/96,
coloca o Meio Ambiente como uma questão social considerada relevante, como um
problema social atual e urgente, considerado de abrangência Nacional e até mesmo
de caráter universal, por serem os PCNs definidos como referências de qualidade
para a educação no ensino fundamental em todo o Brasil. Para Crespo (1996) essa
inclusão do Meio Ambiente demonstrou a necessidade da Educação Ambiental
como referência comum para toda a Nação, porque afirmou e fortaleceu a unidade
nacional e a responsabilidade do Governo Federal dela para com a sociedade,
despertando vários debates na área da Ecologia e fazendo com que a percepção do
mesmo mudasse radicalmente, tornando difícil a promoção da Educação Ambiental
através de uma disciplina isolada. Conquista, também, importância na forma de
trabalhar a Educação Ambiental nas escolas, tendendo a forçar a elaboração e
revisão de propostas ligadas ao Meio Ambiente, através do dialogo e troca de
experiências, incentivando a discussão pedagógica interna às escolas e a
elaboração de projetos educativos ligados à preservação da natureza e da
sustentabilidade do próprio Planeta, servindo de material de reflexão para a prática
de professores e de parâmetro para a formação de uma consciência ecológica, tanto
para os educadores como para os educandos.
43
Desta forma, obtém-se um mecanismo capaz de contribuir eficazmente no
trabalho de conscientização das comunidades, direcionado para o alcance de
soluções básicas ao serem promovidos os questionamentos necessários à
implantação de estudos e projetos para auxiliarem nos trabalhos da despoluição das
águas dos mares, rios, lagos e lagoas, incentivando posturas de reciclagem,
acondicionamento e aproveitamento do lixo.
Destaca-se, também, a relevância da criação de uma política própria para
a Educação Ambiental com diretrizes galgadas no Programa Estadual de Educação
Ambiental, contribuindo para as comunidades construírem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes, interesses ativos e competência voltados à
preservação do Meio Ambiente, vendo-o como um bem de uso comum e essencial à
vida, estabelecendo uma estratégia ligada à luta pela sustentabilidade. Nesse
enfoque inclui-se a preservação das águas de nosso País, sua condição salutar e
cuidados com o meio.
Em um trabalho de Educação Ambiental voltado à poluição das águas,
devem ser valorizados vários fatores, sendo intimamente relacionados à
competência político executiva dos órgãos competentes na esfera estadual e
municipal; a diversidade sócio cultural das diferentes regiões do país e a autonomia
de professores e equipes pedagógicas envolvidas no trabalho. Também se deve ter
a preocupação de observar os aspectos sócio ambientais e sócio culturais da
comunidade, de modo a dar-se início a sua implantação, os quais estão intimamente
relacionados à topografia, linguagem, identidade social, religião, educação,
costumes, tradições etc., que interferem diretamente na constituição da identidade
dos participantes.
Conforme comenta Crespo (1996), a crescente e desordenada
urbanização e suas consequências sobre as comunidades naturais, sempre fizeram
parte dos assuntos que nortearam os diferentes encontros internacionais sobre meio
ambiente e sustentabilidade. As cidades, através de seu crescimento desordenado
e intenso, consomem a cada dia mais recursos, contribuindo para uma contínua
perda da qualidade ambiental, especialmente relacionada aos recursos hídricos.
Dentro desse panorama, a educação e conscientização das gerações presente e
futura possuem um valor indiscutível no processo de mudança de atitude, criando
novas alternativas aos problemas trazidos pelo nosso estilo de vida.
44
A Educação Ambiental Urbana nos diversos estados brasileiros pode ser
entendida como uma resposta plausível ao desafio de reestruturação urbana,
necessário à produção de um ambiente mais solidário, através da reversão do atual
quadro de ruptura e desvinculação entre os citadinos e destes com seu entorno
urbano, exigindo a implantação de programas e projetos que deem prioridade ao
favorecimento e a reconstrução de vínculos sociais através de um estilo de vida
mais harmônico e solidário em termos socioambientais, buscando a construção de
uma sociedade preparada, com um possível rumo a uma sustentabilidade
socioambiental.
Desta forma, a Educação Ambiental Urbana, assume como meta central a
promoção de ampla conscientização ecológica dos citadinos, geradora de uma nova
mentalidade pautada na ideia de que a Terra é nossa casa e que, portanto, os que
nela habitam fazem parte de um mesmo ecossistema, onde o que afeta a um, afeta,
direta ou indiretamente, a todos os que nela fazem parte.
Ela, também, assume um caráter de grande valia ao se colocar atenta à
promoção da valorização da preservação da memória urbana, celebrando a
diversidade do patrimônio socioambiental urbano, através do incentivo de ações que
visem despertar a população para a importância histórico cultural dos aparatos
urbanos à sua volta, não se podendo desconsiderar o valor incontestável das praias
que cercam a orla marítima de nosso País, onde muitas delas, como por exemplo as
da Baía de Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro, hoje se apresentam impróprias
para o banho e com indícios visíveis de poluição em suas superfícies.
Também, é preciso enfatizar que a Educação Ambiental Urbana deve
combater o desperdício e aproveitar-se de campanhas que incentivem, não apenas
uma redução do impero consumista, mas a importância de se valorizar mais o que
temos na tentativa de se evitar desperdícios. Para Crespo (1996), tais desperdícios
provocam o grande problema quanto à enorme produção de lixo domiciliar
depositados em lixões a céu aberto e, muitas vezes, de materiais plásticos e
resíduos químicos, perceptíveis em ruas, parques e rios, causando grandes
poluições nos centros urbanos. A Educação Ambiental Urbana pretende transformar
citadinos desconhecedores e espectadores desses problemas em protagonistas e
produtores de ações que visem à reversão deste quadro.
45
Conforme citado anteriormente, a introdução do Meio Ambiente como um
dos Temas Transversais dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais foi um marco
primordial na Educação Brasileira e uma conquista para a promoção da Educação
Ambiental em todas as esferas do ensino fundamental, favorecendo
acentuadamente a educação nas escolas, dando ênfase à qualidade do ensino e
conscientização das pessoas envolvidas para atingir-se a uma melhor qualidade e
vida.
Essa conquista, na forma de se trabalhar a Educação Ambiental vai à
busca de uma sustentabilidade comunitária ampla e irrestrita, voltada às diversas
regiões do Brasil, em direção a uma elevação da qualidade de vida das populações
que delas fazem parte, no sentido de um desenvolvimento comunitário, onde haja
harmonia entre o ser humano e o meio ambiente.
A Educação Ambiental, dentro do conceito de Crespo (1996), passa a se
inserir no contexto de “uma educação para a vida”, rompendo barreiras antes
inacessíveis aos educadores.
Ao se analisar esse entrosamento entre Meio Ambiente x Comunidade,
Crespo (1996) demonstra a viabilidade para a Educação Ambiental, enquanto um
processo contínuo de aprendizagem, de contribuir pouco a pouco para a ampliação
da consciência dos membros das comunidades sobre os potenciais e os limites que
esta apresenta, promovendo em conjunto, através do envolvimento de todos, a
conquista de espaços nunca antes alcançados, voltados a se chegar a um meio
ambiente mais saudável e sustentável, a uma melhor qualidade de vida, a um
caminho de reais e saudáveis possibilidades.
Por último não se pode deixar de reconhecer a importância da ética
dentro de todo o processo de despoluição. Por força da Ética as instituições e
indústrias buscam se fortalecer perante a sociedade, de modo a perenizar a
necessidade de sua existência e o valor de sua atuação. Todavia, há muita confusão
no que tange à definição do que é ético, seu reflexo sob a moral, a honestidade e a
disciplina, o que cria uma certa descrença em torno de sua real aplicação.
Na própria Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 37, observa-se
essa preocupação e mais intimamente ligado à política da Educação Ambiental em
seu artigo 225, assim como na Lei 9.795/99 referente à Política Nacional da
Educação Ambiental.
46
O mundo contemporâneo coloca, mais do que nunca, a necessidade de
que a educação trabalhe a formação ética dos cidadãos, cabendo aos educadores
assumirem, enquanto instância de discussão, referenciais éticos na construção dos
parâmetros para a formação de qualquer ação de cidadania.
Tais conceitos do mundo moderno vão de encontro à relevância de
discussões sobre a dignidade do ser humano, sobre a igualdade de direitos, a
recusa categórica de formas de discriminação, a importância da solidariedade e da
observância às leis, o respeito à natureza e a todas as formas de vida do Meio
Ambiente, à preservação dos recursos naturais, assim como a importância da
sustentabilidade.
No contexto atual, a inserção no mundo do trabalho e do consumo, o
cuidado com o próprio corpo e com a saúde, passando pela educação sexual e a
preservação do meio ambiente, são temas que ganham um novo estatuto, levando à
discussão destas formas e sua utilização crítica na perspectiva da participação
social e política, não se podendo mais assumir o papel da Educação Ambiental sem
um instrumento de conduta ética para seus educadores.
A consciência ecológica ainda não faz totalmente parte da mentalidade
brasileira, porém sua disponibilidade em colaborar para a melhoria ambiental é
eficaz e aberta. Crespo (1998) comprovou esse fato quando realizou uma pesquisa
sobre meio ambiente, na qual entrevistou 2.000 pessoas e 90 líderes de vários
setores, em 1992 e 1997. A população citou como principais problemas ambientais,
o desmatamento e as queimadas (45%) e a contaminação dos rios, mares e
oceanos (26%). Já os líderes em questões ambientais no país apontaram o
saneamento e o lixo, seguidos de contaminação dos recursos hídricos. Eles também
se mostraram dispostos a ajudar em campanhas de separação e reciclagem de lixo
(72%), contra o desperdício de água (52%) e energia (41%) e no reflorestamento
(27%). Mais da metade (59%) consideram a natureza sagrada e têm noção de que
os danos ambientais causados pelo homem são irreversíveis.
Passa-se atualmente por uma fase de falta de cidadania e patriotismo.
Faz-se necessário mudar o comportamento humano para que possa-se viver num
País onde o respeito à natureza seja um compromisso voluntário de cada cidadão e
a sustentabilidade do Planeta esteja presente em cada consciência humana.
47
4.4.2 1º Seminário Ambiental do Comando da Aeronáutica
Os assuntos ligados às questões ambientais atingem basicamente as
classes mais privilegiadas da sociedade, sendo pouco conhecidas no Brasil. Embora
a Educação Ambiental já seja garantida por lei, poucos têm conhecimento de sua
existência. A Lei 9.795 de 27/04/1999 que institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, regra que todos os níveis de ensino e a própria comunidade em geral têm
direito à educação ambiental, devendo contar com os meios de comunicação para
sua disseminação. Conforme comenta Crespo (1996), através desta lei a Educação
Ambiental obteve um enorme benefício, pela imposição de ser colocado em prática,
oficialmente, o Programa Estadual de Educação Ambiental, em todos os níveis de
ensino, passando a ser implementada através de um grupo interdisciplinar de
Educação Ambiental, formado por autoridades e profissionais de distintas áreas,
reafirmando o imperativo de que a Educação Ambiental deva ser trabalhada de
forma interdisciplinar e integrada nos diferentes níveis e modalidades de ensino, bem
como o entendimento desta como um direito coletivo e sua prática viabilizada
através do estímulo à participação coletiva e individual de todo cidadão.
Muitos trabalhos têm sido promovidos em defesa do Meio Ambiente e em
favor da sustentabilidade e das formas de conscientização dos cidadãos da
necessidade de preservação e cuidado com o Planeta Terra. Diversos congressos,
seminários, simpósios, palestras e reuniões têm sido ministrados em defesa da
natureza, dos seres vivos e da preservação ambiental.
Como exemplo destas práticas, destaca-se o empenho do Comando da
Aeronáutica que, através do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente e
Sustentabilidade da Aeronáutica, da Diretoria de Engenharia da Aeronáutica
(DIRENG), realizou, entre os dias 22 a 26 de setembro de 2014, o “1º Seminário
Ambiental do Comando da Aeronáutica”.
O evento foi realizado no Rio de Janeiro, no Auditório do 10º andar do
Prédio do Comando da Aeronáutica do Rio de janeiro - PREDCOMAER-RJ,
contando com a participação de diversas instituições e palestrantes, tais como:
Ministério do Meio Ambiente, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro, Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, Furnas Centrais
Elétricas S/A, CBPAK Tecnologia S/A, Organização Brasileira para o
48
Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Controle do Espaço Aéreo, Federação
das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Parque de Material Eletrônico da
Aeronáutica do Rio de Janeiro, Jornalista Ambiental André Trigueiro, Companhia
Estadual de Águas e Esgotos e da Orquestra de Cordas da Grota.
Entre os temas abordados foram enfatizados assuntos ligados,
principalmente à conscientização e a necessidade de trabalharmos em função das
premissas da sustentabilidade, procurando usar de forma racional e equilibrada,
tanto os recursos naturais, tais como água e energia elétrica, bem como os recursos
utilizados no dia a dia nas tarefas operacionais, tais como, copos descartáveis,
papel, lápis, canetas e todos os utensílios derivados da manufatura dos produtos
naturais.
Neste seminário foi incentivado o uso de canecas de louça em
substituição aos copos descartáveis utilizados em todos os prédios, Organizações
Militares, Diretorias, Divisões e Seções do Comando da Aeronáutica, sendo
distribuídas canecas para os participantes, reforçando a necessidade de ser
fortalecida a conscientização com o cuidado à natureza e à preservação do Meio
Ambiente na utilização de seus recursos naturais e na diminuição dos resíduos
urbanos, por nós produzidos diariamente.
Figura 5: Lixo desaguado nas areias das praias, proveniente de despejos vindos das enchentes dos rios, causando poluição. Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imguri=http://mundoeducacao.uol.com.br/
49
7 CONCLUSÃO
Os seres humanos sempre viram os recursos naturais como um bem
inesgotável e a água com o poder de se recuperar e suprir as necessidades
eternamente. O desperdício sempre foi enorme e hoje sabe-se que os recursos são
finitos. Em algumas regiões do mundo, o problema da escassez é alarmante.
Conforme descrito anteriormente viu-se que o Planeta Terra apresenta
uma imensidão azul que o cobre, onde cerca de 97,3% correspondem às águas
salinas e apenas 2,7% às águas doces, das quais, 2,07% estão localizadas nas
geleiras e calotas polares, restando apenas 0,63% de água doce não totalmente
aproveitável.
O Brasil é um país rico em recursos hídricos. Todavia, essa condição
privilegiada não admite descuido no trato da proteção das águas. Já começam a
surgir problemas relacionados com o abastecimento das cidades e com a fauna
ictiológica, em prejuízo principalmente das pessoas economicamente mais carentes.
Cumpre a todos o dever de envidar esforços para que seja dada efetividade as
normas de proteção ambiental das águas.
Logo, aponta-se a importância da efetiva aplicação não só da legislação
que dispõe sobre os deveres gerados e as penalidades aplicadas àqueles que
causam danos ao ambiente marinho, mas principalmente dos textos legais que
estabelecem normas de caráter preventivo, onde prevaleçam políticas
governamentais voltadas a um trabalho educativo de preservação e uso equilibrado
das reservas naturais e da forma de utilizá-las e proteger a natureza.
Observou-se, também, à importância que o navegante deve trazer em sua
consciência da responsabilidade com a segurança. A lei nº 9537 de 11 de dezembro
de 1997, que dispõe sobre a segurança do tráfego marítimo, no seu artigo 4º define:
“Comandante-Tripulante responsável pela operação e manutenção da embarcação,
em condições de segurança, extensivas à carga, aos tripulantes e às demais
pessoas a bordo”. Nas embarcações de esporte e recreio, o proprietário será o
Comandante desde que esteja a bordo e habilitado para a área que estiver
navegando, ou outra pessoa habilitada designada pelo proprietário. A essa pessoa,
designada “Comandante”, cabe cumprir e fazer cumprir a legislação, normas,
regulamentos, atos e resoluções internacionais ratificadas pelo Brasil, bem como
procedimentos estabelecidos para a salvaguarda da vida humana, para a
50
preservação do meio ambiente e para a segurança da navegação, da própria
embarcação e da carga. Desta forma a Capitania dos Portos, por meio da fiscalização
do tráfego marítimo e de vistorias periódicas, busca verificar e conscientizar o
navegante em geral, da necessidade de atender aos requisitos necessários para que
procedam a uma navegação com segurança. Enfim, ressalta-se que a navegação da
embarcação é responsabilidade de seu comandante, a quem compete conhecer e
avaliar se envolve risco.
A grande extensão que a devastação ambiental atingiu nos últimos anos,
aliada aos problemas ambientais causados pela ação humana, vem provocando
uma conscientização planetária no sentido de se preservar o meio ambiente.
Finalmente, percebe-se que o ser humano se deu conta de que é parte integrante do
meio ambiente e que depende deste para viver. A Lei 9.605/98 tornou-se uma
aliada no combate aos crimes ambientais, dando efetividade ao ideário
constitucional, prevendo para tanto sanções mais severas e, incentivando os
Estados a formularem leis direcionadas à efetiva responsabilidade por danos ao
ambiente e para a compensação às vítimas da poluição.
Como descrito, a poluição marítima constitui-se um dos maiores
problemas ambientais em evidência em constante aumento nas grandes metrópoles,
destruindo a qualidade de vida e alterando de forma significativa no desequilíbrio
dos ecossistemas.
A grande inovação da Lei de Crimes Ambientais no que diz respeito à
poluição marítima, está na pena prevista para os agentes poluidores (pessoa física
ou jurídica), reclusão, de um a quatro anos, e multa. Assim, a sociedade deve
utilizar-se deste novo instrumento em seu favor buscando melhorar a qualidade de
vida das presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal Brasileira, já preocupada desde 1988 como o meio
ambiente, utilizou um capítulo do para sua preservação. O artigo 225, § 4º menciona
a Zona Costeira como “patrimônio nacional”, devendo por isso ser utilizada
observando a preservação do meio ambiente. É importante salientar ainda que
através do Decreto nº 2.508, de 04.03.98, o Brasil promulgou a Convenção
Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, concluída em
Londres, em 2 de novembro de 1973, com seu Protocolo e Anexos, dando força
executória e cumprimento de seu teor, mostrando a preocupação com a poluição
51
marinha assim como com a sua proteção. Existe, implantada em nosso país, a
Arbitragem Marítima, cujas regras foram elaboradas recentemente pela Associação
Brasileira de Direito Marítimo (ABDM) e que resolverá inclusive problemas
relacionados com os dispositivos da referida Convenção que também prevê este tipo
de solução de litígios no seu Protocolo II.
Muitas vezes, é difícil de regulamentar a poluição marinha devido à
poluição que se processa sobre barreiras internacionais, tornando-se difícil a criação
de regulamentos, bem como sua aplicação.
Acredita-se que a estratégia mais importante para a redução da poluição
marinha seja a educação. A maioria das pessoas não tem conhecimento das fontes
e dos efeitos nocivos da poluição marinha, e, portanto, pouco é feito para resolver a
situação. Para tal o Governo Brasileiro deverá estabelecer uma política voltada para
o controle e combate desta poluição através dos seguintes procedimentos
estratégicos:
- efetuar um sistemático trabalho de informação à população de todos os fatos e
dados esclarecedores sobre as causas e efeitos da poluição, tornando-se público
tudo que se referir aos prejuízos causados;
- aplicar seminários, palestras e propagandas voltadas à conservação e cuidado
com o meio ambiente, na tentativa de criar mecanismos capazes de fortalecer a
conscientização dos cidadãos brasileiros no alcance da sustentabilidade;
- criar nas escolas, desde as primeiras classes disciplinas voltadas à Educação
Ambiental e preservação da qualidade do meio marinho e terrestre;
- aumentar o controle do descarte do lixo nas encostas dos morros e em todas as
áreas de coleta, impedindo que estes cheguem às margens dos rios e mares; e
- efetuar maior controle e aplicação da legislação existente, no controle e combate
da poluição e no despejo desordenado de esgotos nas águas dos rios e mares
brasileiros.
O mundo contemporâneo coloca, mais do que nunca, a necessidade de
que a Educação Ambiental assuma o papel de destaque em todos os setores
ligados ao Meio Ambiente, trabalhando na formação ética dos cidadãos, cabendo
aos educadores assumirem referenciais éticos na construção dos parâmetros para a
formação de qualquer ação de cidadania. Não se pode mais deixar que os
problemas ambientais sejam tratados sem a participação de todos e o
52
comprometimento efetivo das autoridades Federais, Estaduais e Municipais. Só
assim obter-se-á sucesso na execução dos projetos ambientais, onde prevaleça à
ética e o bem comum nas decisões e o respeito à vida e a natureza em todos os
seguimentos construtivos.
É necessário que todos tenham mais consciência e saibam o que fazer
com o próprio lixo, como tratá-lo, como reaproveitá-lo. Jogando lixo tóxico em locais
adequados, reciclando tudo aquilo que for permitido, utilizando sempre alternativas
para evitar a poluição, tentando reduzir a quantidade diária destes resíduos, bem
como banir ou diminuir o uso de sacolas plásticas. Cada um fazendo sua parte
poderá ajudar a salvar o planeta.
A união de todos os povos é fator prioritário para que os danos ambientais
não atinjam maiores proporções neste novo século. A educação ambiental será,
desta forma, a diretriz estratégica para conscientizar a sociedade e, com isso, obter
a participação mais ativa da mesma no processo de preservação e sustentabilidade
das águas marinhas. A adoção de uma política ambiental mais eficiente com leis
mais rigorosas, monitoramento ambiental adequado e permanente, fiscalização,
maiores investimentos em pesquisas de solução ecologicamente sustentável para os
problemas ambientais e incentivos fiscais a empresas, será a única alternativa viável
para conter os danos ao meio ambiente. A conscientização deverá aparecer
naturalmente, num processo de educação, aprendizagem e amor ao Meio Ambiente.
Só assim a sociedade brasileira terá orgulho e prazer de viver em harmonia com as
diversas espécies e recursos naturais que a vida concedeu.
53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
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54
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55
ANEXO – FOTOS
Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imguri=http://mundoeducacao.uol.com.br/
Foto 6: Acidente com petroleiro, Foto 7: Peixes mortos em consequência derramamento de óleo nas águas da da poluição das águas da Baía de
Baía de Guanabara, causando poluição. Guanabara – RJ.
Foto 8: Lixo sobre as águas da Foto 9: Lixo trazido pelas águas do Baía de Guanabara – RJ, mar, em consequência das proveniente de descuido da inundações ocorridas pelas chuvas população carioca. e falta de cuidado da população carioca.
56
Foto 10: Incêndio em petroleiro em Foto 11: Tentativa de retenção da pleno Oceano, causando propagação de óleo de modo a evitar-se poluição nas águas marinhas. maiores problemas aos ecossistemas.
Foto 12: Derrame de esgoto químico, sem Foto 13: Detritos e lixo depositados nos tratamento, nas águas marinhas, rios cariocas (oriundos dos morros – causando poluição. trazidos pelas águas das chuvas).
Foto 14: Ave atingida pelo derrame de Foto 15: Ave atingida pelo derrame de óleo dos petroleiros, sem condições óleo dos petroleiros, sem condições de sobrevivência. de sobrevivência.
57
Foto 16: Rio atingido pelo derramamento Foto 17: Ave totalmente coberta por de produtos químicos, promovendo a petróleo derramado no mar, sem mortandade dos habitantes (peixes, etc.) condições de sobrevivência.
Foto 18: Mancha de espuma nas águas Foto 19: Derramamento de óleo, da Baía de Guanabara, causada por visivelmente observado nas águas, derramamento irregular de esgoto. Provocando poluição.
Foto 20: Lixo urbano jogado nas águas Foto 21: Lixo a céu aberto junto às da Baía de Guanabara (televisor) praias da Baía de Guanabara poluindo as águas. provocando poluição.
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Foto 22: Marreco sobre o lixo depositado Foto 23: Pescador tentando atravessar nas areias das praias poluídas pela o rio totalmente encoberto por lixo. falta de conscientização.
Foto 24: Esquema de poluição da Baía Foto 25: Praia totalmente poluída de Guanabara (despejos simultâneos por óleo – devido a imprudência de: lixo urbano, esgoto sanitário, dos navios. esgoto químico etc.)
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Fonte: Fotos tiradas na Baía de Guanabara em 18/06/2015
Foto 26: Plataforma de extração de Foto 27: Ilha do Sol – praia poluída petróleo na Baía de Guanabara. para o banho. (Baía de Guanabara – RJ)
Foto 28: Lancha Rio/Paquetá, Foto 29: Escuna – Ilha Grande – RJ suas águas de lastro contribuem para muitos turistas jogam lixo no mar a poluição marítima. poluindo as águas.
Foto 30: Petroleiros ancorados Foto 31: Residência oficial de veraneio nas águas da Baía de Guanabara do governo do estado do RJ – I. Brocoió são uns dos responsáveis quase não é visitada devido a poluição pela poluição. das águas a seu redor.