Vigilância de roedores silvestres – ecologia, fatores de risco ambiental, anti-ratização e
desratização, definição LPI e medidas preventivas. Goiania/Novembro 2010
Bióloga Gisélia Burigo Guimarães Rubio
Secretaria Estadual de Saúde do ParanáSuperintendência de Vigilância em Saúde
Seminário de Hantavirose e Leptospirose
• Os roedores silvestres são os principais reservatórios naturais dos hantavírus. Nestes, a infecção pelo hantavírus, não é letal e o vírus pode ser isolado em fragmentos de pulmões, coração e rins e eliminados em grande quantidade, na saliva, urina e fezes, durante longo período.
• Cada vírus está associado a uma espécie específica de roedor hospedeiro, e provavelmente, os hantavírus co-evoluíram com os respectivos roedores reservatórios, o que determina essa especificidade.
Roedores Silvestres
http://www.fiocruz.br/ioc/media/livro%20roedores.pdf
“A compreensão da dinâmica da ocorrência e expansão de zoonoses está em geral vinculada ao conhecimento da biologia das espécies de roedores reservatórios envolvidas, particularmente dos fatores que determinam sua reprodução e eventuais explosões populacionais, seus hábitos e, ainda, sua distribuição no espaço geográfico.
Entretanto, na base da compreensão desses fatores, está a correta identificação das espécies, uma tarefa mais difícil nessa situação, dada a grande diversidade de espécies de roedores e considerando-se as lacunas no conhecimento taxonômico ainda persistentes.”
Mauro da Rosa Elkhoury
Roedores Silvestres
http://www.fiocruz.br/ioc/media/livro%20roedores.pdf Dr. Albino José Belotto
“A detecção de “novas doenças” em um ritmo muito próximo de uma “doença nova” a cada ano, muitas das quais com roedores silvestres envolvidos em sua transmissão –como hantavírus e arenavírus - exige que pesquisas e trabalhos de campo com esses animais sejam realizados cada vez mais e com um número sempre crescente de investigações.
Essas atividades, por sua vez, necessitam de um guia que permita, ainda no campo, uma identificação preliminar ou inicial desses animais, que aperfeiçoará os trabalhos e seus respectivos resultados”.
Roedores Silvestres
Akodon montensis.
Calomys expulsus. Cerradomys subflavus.
Oligoryzomys nigripes
Foto: Cibele R. Bonviicino
Roedores Silvestres
•Definição: Doença viral emergente, denominada de Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH),
•Sintomas:
•Fase febril/prodrômica
•febre, cefaléia, mialgia, tosse seca, falta de ar, vômitos e diarréia
•Fase cardio pulmonar
•insuficiência respiratória aguda grave, choque circulatório
•Letalidade: alta, > 40%
•Reservatório
• roedores silvestres
Descrição da Hantavirose
Roedores silvestres contaminados
Pessoa exposta aos aerossóis contaminados
Infecção cárdio pulmonar
Transmissão da Hantavirose• Inalação de aerossóis (fezes / urina)• Ingestão de alimentos contaminados• Mordedura de roedores silvestres
Brasil
•1993: 1º casos em Juquitiba/SP
• Até outubro de 2010 :
• 1354 casos
• 530 óbitos
Paraná
•1992: Primeiros casos no Paraná
• 201 casos até outubro de 2010
•Critério diagnóstico:
•186 laboratorial
•15 clínico epidemiológico
• nº de óbitos: 71
HANTAVIROSE
HISTÓRICO DA HANTAVIROSE NO PARANÁ
• SESA promove Seminário de Doenças Emergentes e Reemergentes em outubro/1998;
• O tema é discutido em cada Regional de Saúde as quais repassam aos seus municípios de abrangência;
• A equipe de saúde da 6ª RS – União da Vitória (em especial a Enf. Dione Schreiner Correa ) divulga as orientações recebidas e orienta a investigação de todos os óbitos sem assistência;
• Chega ao conhecimento da equipe, o óbito ocorrido há algumas semanas de um casal de trabalhadores do corte de pinus, e cujo histórico clínico écompatível à hantavirose (casos confirmados por critério clínico epidemiológico, após investigação);
•Agosto/1999 – primeiro caso de hantavirose do Paraná é confirmado laboratorialmente em Cruz Machado/6ª RS (7h após a morte da paciente, foi realizada coleta intra cardíaca).
DISTRIBUIÇÃO DE CASOS DE HANTAVIROSE POR MUNICÍPIO DE OCORRÊNCIA
PARANÁ –1992, 1998 a 2010*
Curitiba
• 201 casos entre 1992 – 2010*
• 186 por critério laboratorial
• 15 por critério clínico-epidemiológico
• 44 / 399 municípios
• 10 / 22 Regionais de saúde
Caso Suspeito na Unidade de Saúde
notificação ao Serviço de Saúde, coleta
de amostra do paciente com registro no G.A L.
SMS
Investigação VE + VISA ( Sinan )
Regional de Saúde
envio ao Lacen de amostra do paciente
notificação telefônica à SESA
participação na investigação do caso
SESA
comunicação à RS e MS do caso positivo
participação na investigação do caso
digitação em banco estadual envio da ficha ao MS
Lacen: comunica àDivisão de
Zoonoses, os casos suspeitos
e positivos
Fluxograma da Vigilância da Hantavirose
AMOSTRAS SUSPEITAS DE HANTAVIROSE ANALISADAS PELO LACEN/PR
2008 2009 2010 até outubroSuspeitos Conf. Suspeitos Conf. Suspeitos Conf.
118 10 156 10 133 06
REGIÃO:_______SUL LACEN/PR OUTUBROEstado de origemPR Ano: ________ 2010LAB. DE REFERENCIA IAL KIT: IgM 19HANM10A
IgG : 16HANG10A
NOME DO PACIENTE R.S. Procedencia
Data da Coleta do Material
Data do Envio de amostras do LACEN para IAL
Tipo de Amostra SORO
SANGUE
Suspeito Comunicante
Resultado LACEN
IGM IGG
Resultado IAL IGM IGG OBS
Nair Viapiana 6ª Bituruna 5/out soro Suspeito NR NR
Paulo Roberto Tarachuck 6ª Bituruna 29/set soro Suspeito NR NRKarine Graciele Klein 9ª Foz 1/out soro Suspeito NR NRLizabete do Nascimento 9ª Foz 6/out soro Suspeito NR IAL Argeu Poncio do Nascimento 5ª Laranjeiras 14/out soro Suspeito R RReinaldo Ferrer lopes 17ª Londrina 1/out Suspeito NR NROnofre Padilha Martins 2ª Curitiba 14/out soro Suspeito NR NR Eliseu Barbosa de Paula 2ª
Tunas do Paraná 14/out soro Suspeito R R
Geovany Boiko 2ª Curitiba 16/out soro Suspeito NR NREduardo Antunes da Silva 9ª Foz 19/out soro Suspeito NR NR
segunda amostra
Nelson Jose Lanssoni 15ª Maringa 13/out soro Suspeito NR NR
Lepto Reagente
Paulo Roberto Piolla 17ª Londrina 31/ago soro Suspeito NR NRClaris Domingos Barbieri 2ª Curitiba 22/out soro Suspeito NR NRLuiz Nunes Ferreira 2ª Curitiba 19/out soro Suspeito NR NR
RELATÓRIO MENSAL DE HANTAVÍRUS
DEFINIÇÃO DE LOCAL
PROVÁVEL DE INFECÇÃO
INVESTIGAÇÃO SEGURA DE PROVÁVEL FONTE DE INFECÇÃO – 6ª RS
ROTEIRO PARA INVESTIGAÇÃO DE CASO SUSPEITO DE HANTAVIROSE
Fonte: SESA/SVS/DV Zoonoses e Intoxicações
1
1
1
3
2
4
5
7
7
11
37
44
62
0 10 20 30 40 50 60 70
TRAFICANTE
ODONTÓLOGO
PROFESSOR ED.FÍSICA
EMPRESÁRIO
ARQUEÓLOGO
REL. CARVÃO
ESTUDANTE
CORTADOR DE LENHA
DO LAR
REL. ERVA MATE
OUTROS
AGRICULTOR
REL. PINUS
HANTAVIROSE, OCUPAÇÃO, PARANÁ, 1992, 1998 a 2010
No período crítico da Hantavirose no Paraná,
52% das infecções ocorriam no corte do
pinus.
• Equipes de saúde do Estado e dos Municípios
Medidas Prevenção e Controle
Capacitação em hantavirose• Proprietários e trabalhadores rurais
Medidas Prevenção e Controle
Capacitação em hantavirose
• Instituições
•Órgãos ambientais
• IBAMA
• Instituto Ambiental do Paraná
• Fundação ECOPLAN;
•Órgãos Governamentais•Cia. de Energia Elétrica do Paraná
•EMATER
•Sec. Est. e Mun. Educação
•Sec. Est. e Mun. Meio ambiente
• Sociedade civil organizada
Medidas Prevenção e Controle
Capacitação em hantavirose• População dos Municípios
Medidas Prevenção e Controle
Fonte: SESA/SVS/DV Zoonosese Intoxicações
SEGUNDO SAZONALIDADE, PARANÁ, 1992 , 1998 a 2010HANTAVIROSE
119
711
3 41
14
20
32
59
29
0
10
20
30
40
50
60
70
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Nº d
e ca
sos
Medidas Prevenção e Controle•Recursos utilizados:
• Palestras
• Fitas de vídeo (VE, VISA e assistência)- reproduzidas 500 fitas de cada para os 399 Municípios
• Folder e cartaz
Fonte: SESA/SVS/DV Zoonoses e Intoxicações
HANTAVIROSE - SEGUNDO A ESCOLARIDADE,
PARANÁ, 1992, 1998 a 2010
30%
29%9%
2%
18%
12%
01 a 03 anos04 a 07 anos08 a 11 anos12 e maisignoradonenhuma
89% dos infectados não
tinham condições de entendimento
da leitura
• Fatores de Risco
• Trabalhar no corte de pinus
Fatores de Risco• Morar em barraca
• Ao nível de solo, sem janelas e portas
Fatores de Risco• Morar em barraca
• Armazenamento inadequado de alimentos e ração animal
Fatores de Risco• Lixo orgânico sem destino adequado
• No Artigo 255 do Código de Saúde do Paraná foi criado parágrafo único sobre Hantavirose
Auxilia na Instrumentalização das ações de vigilância ambiental
“Parágrafo único. Os acampamentos de empresas que explorem florestas nativas ou exóticas, deverão atender as resoluções dos órgãos ambientais, de forma a prevenir o surgimento de hantavirose, ou qualquer outra enfermidade provocada por roedores”.
Amparo Legal para as ações de Vigilância
• Fiscalizações periódicas pela VISA nos acampamentos de exploração do corte de madeira:
• 1ª visita: Auto de Infração
• 2ª visita: Imposição de Penalidade
• 3ª visita: Multa e/ou suspensão das atividades
Amparo Legal para as ações de Vigilância
Elevar a construção das barracas (pelo menos 1m)
• Instalação de rateiras, portas e janelas e escadas móveis
Medidas de prevenção e controle adotadas
• Comparação das barracas certa e errada
•Armazenagem adequada da ração
Medidas de prevenção e controle adotadas
• Fatores de Risco
HANTAVIROSE - EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES,PARANÁ - 1992 a 2004*
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1992 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
AGRICULTORRELACIONADO AO PINUS
• Capacitação de técnicos das vigilâncias e assistência, tanto municipais quanto regionais
• Implantação da vigilância epidemiológica e ambiental da hantavirose nas 22 Regionais de Saúde
• Instituição de fluxograma de investigação
• Construção de banco de dados estadual (Epiinfo)
• Divulgação na mídia
• Investigação prospectiva de 100% dos casos notificados
MUDOU O PERFIL DA HANTAVIROSE NO ESTADO:
APÓS AS SEGUINTES MEDIDAS ADOTADAS:
LOCAIS DE INFECÇÃO: PAIOL DE MILHO E ARROZ
Guarapuava
Guaraqueçaba
Local de Infecção –
Colheitadeira parada por muito tempo e
com resíduos
Campina da Lagoa
Local provável infecção – Limpeza com jato de ar em
galpão de armazenagem
Palotina
Local de Infecção –Caixa onde era
armazenado grãos para alimentação de animais
Paranaguá
Local provável de infecção – Paciente
deitou para descansar em capim
braquearia após pesca em represa
Campina Grande do Sul
Local provável de Infecção – local
onde menor brincava com
espigas de milho e cana secos
Curitiba
PESQUISAS ECO-EPIDEMIOLÓGICAS PARA CAPTURA DE ROEDORES SILVESTRES NO ESTADO DO PARANÁ:
• Em municípios com casos humanos positivos (7 capturas)
•Em municípios que nunca registraram casos humanos positivos (4 capturas)
• Estudo longitudinal do ciclo de transmissão dos hantavirus entre roedores silvestres, no município de General Carneiro
(Fiocruz RJ, dois anos)
Pesquisas eco-epidemiológicas realizadas no Paraná, 2000 a 2010
Roedor silvestrenº animais
processados infectadosAkodon spp. 808 29Brucepattersonius sp 1 0Calomys tener 12 0Euryoryzomys russatus 12 0Nectomys squamipes 8 0Oligoryzomys nigripes 215 32Oryzomys sp 1 0Oryzomys capito 6 0Oxymycterus quaestor 2 0Oxymycterus judex 74 1Oxymycterus sp. 37 0Sooretamys angouya 5 0Thaptomys nigrita 47 2T O T A L 1228 64
Animais infectados
Fonte: Instituto Adolfo Lutz/SP e Fiocruz/RJ e PR
Pesquisa Eco-epidemiológica de
roedores silvestres em Campina Grande do
Sul_Região Metropolitana de Curitiba (2003)
Pesquisa Eco-epidemiológica de
roedores silvestres em Jaguariaíva_Parque Estadual do Cerrado
(2009)
•Estudo longitudinal do ciclo de transmissão dos hantavirus entre roedores silvestres, no
município de General Carneiro (Fiocruz RJ, 4 coletas por ano
em dois anos)
Anti ratização e desratização
A cesso
A brigo
A limento
A gua
EFEITOS DA RATADA
Lobo Guará, atropelado em
Imbituva. Encontrados 27 roedores dentro
do estômago.
• Implantar a Vigilância da hantavirose no Estado
• Integrar efetivamente as ações de Vigilância em Saúde e Atenção Básica
• Intensificar treinamentos, palestras e ações que visem a prevenção, diagnóstico e tratamento da Hantavirose
• Fortalecer a integração da Vigilância em Saúde com o Lacen
• Buscar parcerias com Instituições que possam colaborar no tema como, Agricultura, Meio Ambiente, Educação,Turismo, Cooperativas, Sindicatos, Mídia, etc
• Identificar o perfil epidemiológico e os fatores de risco da hantavirose no Estado
• Realizar pesquisa eco-epidemiológica dos roedores silvestres nas áreas de risco
• Alertar a população sobre os riscos de medidas equivocadas de desratização como o uso de raticidas (clandestinos)
Recomendações
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁSuperintendência de Vigilância em Saúde
Departamento de Saúde Ambiental
Divisão de Vigilância das Zoonoses e Intoxicações
Rua Piquiri, 170 - Curitiba/Paraná – 80.230-140
(41) 3330-4470
www.saude.pr.gov.br
Contatos