Jesus, o Cristo Cósmico – Visão Transcendental
M.’. M.’. Alfredo Roberto Netto
“Que a amostra baste para os que têm
ouvidos. Pois não se requer desvelar o
mistério, mas apenas indicar o que é
suficiente”.
São Clemente de Alexandria
“Quem tiver ouvidos, que ouça”.
Mateus
De longa data existe um anseio em escrever sobre Jesus...
Um homem que, com Sua história e
doutrina, a mais de dois mil anos é
referência e alvo de múltiplos estudos,
debates e polêmicas. Líder espiritual de
inúmeras linhas de pensamentos é
aspiração de devotos e referência de
comportamentos.
Ainda que nutra profundo respeito
pela Sua pessoa, história e representação,
esta postura não me coloca entre aqueles
que se emocionam as lágrimas à Sua
referência. Isto permite uma isenção
emocional confortável, tornando o
presente estudo neutro e não tendencioso.
Cabe-nos destacar, entretanto, que não há pretensão de defesa a
posições religiosas, tampouco direcionar idolatrias, mas, sim, encontrar a
verdadeira representação deste Espírito/Homem na história e evolução da
Humanidade.
Durante a análise dos textos de diferentes linhas de pensamento,
encontramos duas diferentes posições à pessoa de Jesus, uma delas como a
materialização do próprio Espírito do Cristo, e outra como o discípulo
escolhido para receber a mensagem evangélica em papel semelhante à de um
médium.
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Emmanuel, o grande coordenador da tarefa mediúnica de Francisco
Candido Xavier, apresenta-nos Jesus como o próprio Cristo encarnado a
assumir sua missão de redenção da Humanidade.
Os teosofistas e outras linhagens esotéricas, por outro lado,
apresentam-nos Jesus como o discípulo escolhido para, uma vez encarnado e
devidamente preparado durante sua vida física, ser o veículo e/ou
interprete, da mensagem do Cristo Espírito a partir da terceira década de
sua vida física.
De qualquer forma, seja qual for a realidade, Jesus é uma figura
mítica e mística de expressão, cuja missão O qualifica para o papel de
grande Mestre, cuja mensagem ensina e conduz ao caminho para a Redenção
e Libertação da humanidade.
Responsabilidade Planetária
Segundo os textos ocultos, desde a origem do Universo em sua
expressão material, todos os momentos da Criação, assim como os vividos
por todos os seres em suas diferentes encarnações, ficam registrados no
éter, no grande arquivo do “Registro Akáshico”.
(...) “Não apenas pode revisar à sua vontade toda a
história com que estamos familiarizados, corrigindo à medida
que a examina os muitos erros e mal-entendidos que têm-se
imiscuído nos relatos deixados para nós; ele pode também
percorrer como queira toda a história do mundo desde seus
primórdios, observando o lento desenvolvimento do intelecto no
homem, a descida dos Senhores da Chama, e o crescimento
das poderosas civilizações que eles fundaram”.
“Tampouco seu estudo está confinado ao progresso da
humanidade exclusivamente; ele tem à sua frente, como num
museu, todas as estranhas formas animais e vegetais que
ocuparam a cena nos dias em que o mundo era jovem; ele pode
acompanhar todas as maravilhosas mudanças geológicas que
têm ocorrido, e observar o curso dos grandes cataclismas que
têm alterado repetidamente toda a face da Terra”. 1 (...)
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É um infinito arquivo que guarda em si toda a história da Criação.
Quando se adquire evolução, e merecimento para tal, seja com a finalidade
de aprendizado ou da preparação de trabalhos em encarnações futuras,
pode-se “acessá-lo”, conhecendo-se fatos e acontecimentos pretéritos,
necessários para planejamentos e conquista de objetivos pré-estabelecidos.
É por esse processo que histórias de vidas passadas são reproduzidas
em livros ou fatos históricos são revelados a pesquisadores espirituais para
as instruções que julguem necessárias para momentos evolutivos de pessoas
e/ou coletividades.
Consta que foi nesse registro que o
Espírito de Emmanuel alcançou as informações do
Cristo que ora transcrevemos.
Segundo seu relato2, a “Comunidade de
Seres Puros e Perfeitos”, também conhecida
como a “Hierarquia Solar” em outras linhas de
pensamento, reuniu-se nas proximidades da
Terra em duas oportunidades.
A primeira, quando o orbe terrestre se
desprendia da nebulosa solar, a fim de que se
lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do seu sistema cosmogênico,
assim como os pródromos da vida na matéria em ignição do planeta.
A segunda, quando se decidia sobre a vinda de Jesus à face da Terra,
com o objetivo de trazer à família humana a lição imortal de Seu Evangelho
de amor e redenção.
O ilustre orientador espiritual disserta com clareza sobre Sua figura,
demonstrando a envergadura de um Espírito Puro com a tarefa de comandar
uma legião de auxiliares na edificação de nosso planeta e toda sua
organização ecossistêmica, em todos os seus detalhes e minúcias, trabalho
este que aprendemos a designar por “Natureza”.
Obviamente o tempo é o que menos importa definir, visto este
processo exigir eons para sua consecução, necessários a conferir ao sistema
que era edificado o conjunto de leis matemáticas, dentro das quais se iam
manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos a ele
pertencentes.
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Que força sobre-humana, ou espiritual, pôde manter o
equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada do núcleo central
solar pela Hierarquia de Espíritos Puros, levando-a a se
estabilizar a 149.600.000 Km de distância, e deslocando-se
com a velocidade de 2.500.000 quilômetros/dia em torno do
astro rei? 2
Sob a orientação de Jesus, segundo o orientador, deliberou-se,
também, a formação do satélite terrestre, necessário para o equilíbrio
planetário em seus movimentos de translação em torno da sede do sistema,
além de contribuir com seu suave magnetismo no drama infinito da criação e
da reprodução de todas as espécies, nos variados reinos da natureza.
Sob Sua orientação serena e caprichosa determinação, a Terra
operou todos os momentos geológicos já conhecidos pela ciência humana, até
alcançar a condição ideal para receber em seu seio as formas de vida
necessárias para a evolução espiritual de milhares de seres.
“Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias
desencadeadas; com as Suas legiões de trabalhadores divinos,
lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria
informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as Suas
mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica,
talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o Seu coração
haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça”.
“Com Seus exércitos de trabalhadores devotados,
estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra,
organizando-lhe o equilíbrio futuro na base dos corpos simples
de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios
terrenos puderam identificar por toda a parte do universo
galáxico”
“Fez a pressão atmosférica adequada ao homem,
antecipando-se ao seu nascimento ao mundo, no curso dos
milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera
e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos
da existência planetária, e edificou as usinas de ozônio a 40 e
60 quilômetros de altitude, para que filtrassem
convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a
composição precisa à manutenção da vida organizada do orbe”.
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“Definiu todas as linhagens de progresso da humanidade
futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que
presidem ao ciclo das atividades planetárias.” 2
Vencida a etapa física, quando serenaram os elementos do mundo
nascente, Jesus reúne-se com Seus auxiliares e, com seu auxílio, derrama
sobre o globo uma nuvem de forças cósmicas que, ao envolver o imenso
laboratório planetário em repouso, permitiu o aparecimento do elemento
básico primitivo de vida física, o germe sagrado dos primeiros homens – o
Protoplasma.
“Sob a orientação misericordiosa e
sábia do Cristo, laboravam na Terra
numerosas assembléias de operários
espirituais. Como a engenharia moderna,
que constrói um edifício prevendo os
menores requisitos de sua finalidade, os
artistas da espiritualidade edificavam o
mundo das células iniciando, nos dias
primevos, a construção das formas
organizadas e inteligentes dos séculos
porvindouros”. (...)
(...) “As formas de todos os reinos da natureza
terrestre foram estudadas e previstas. Os fluídos da vida
foram manipulados de modo a se adaptarem às condições físicas
do planeta, encenando-se as construções celulares segundo as
possibilidades do ambiente terrestre, tudo obedecendo a um
plano preestabelecido pela misericordiosa sabedoria do Cristo,
consideradas as leis do princípio e do desenvolvimento geral”. 2
Milhares de anos foram necessários nos serviços da elaboração
paciente das formas. Paulatina e progressivamente os seres primitivos
foram aperfeiçoados até alcançarem os organismos superiores nos
diferentes reinos.
Todas as arestas foram eliminadas e aplainaram-se as dificuldades,
permitindo novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada no limite do
possível, em face das leis físicas do globo, até alcançar os antepassados
primitivos do homem.
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O reino animal experimenta as mais estranhas transições no período
terciário, sob as influências do meio e em face dos imperativos da lei de
seleção.
“Onde está Adão com sua queda do paraíso? Debalde
nossos olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com
o propósito de localizá-las no Espaço e Tempo. Compreendemos,
afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança de Espíritos
degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel
são dois símbolos para a personalidade das criaturas”. 2
As forças espirituais que trabalham com os fenômenos terrestres,
sob a orientação crística, estabeleceram, na época da grande maleabilidade
dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para todas as espécies,
dentro das quais o princípio espiritual encontraria o processo de seu
acrisolamento, em marcha para a racionalidade.
Desta forma, o “Princípio Espiritual” conquistava, na Terra, seu campo
de evolução nos diferentes reinos, evoluindo do mineral ao vegetal, deste
para o animal e, finalmente, para o Homem.
“Os séculos correram o seu velário de experiências
penosas sobre a fronte dessas criaturas de braços alongados e
de pelos densos, até que um dia as hostes do invisível operaram
uma definitiva transição no corpo perispiritual preexistente, dos
homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos
de suas reencarnações”.
“Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada,
tendendo à elegância dos tempos do porvir”.
“Uma transformação visceral verifica-se
na estrutura dos antepassados das raças
humanas”. 2
Finalmente, alcança-se a estrutura física
humana, perfeitamente capaz de receber e responder
às necessidades de futuras almas em evolução
materializada. Estava pronto o grande laboratório
terrestre.
Por este relato, é possível estimar a evolução espiritual do Cristo,
com perfeição tal que Lhe permitiu a missão de edificar um planeta com
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toda sua organização e sincronismo, perfeitamente adequado à harmonia de
um sistema estrelar, suficientes para tornar-se o palco de experiências
para milhares de irmãos menores, onde haveriam de encenar seus dramas e
conquistas, na senda eterna da busca pela Luz.
Torna-se compreensível, agora, a razão pela qual, algumas linhas de
pensamento O denominam o “Grande Administrador” ou “Governador” do
Planeta Terra.
Jesus – O Cristo Homem
Há muitas questões intelectuais relacionadas com o Jesus, e é
impossível escapar destas questões no mundo das discussões históricas,
seja como o “Construtor” da Terra, ou como o “Mensageiro” do Cristo.
Como Homem, discussões sobre a data em que viveu e sobre a
autenticidade dos registros de Sua vida, controvérsias dogmáticas sobre
Sua natureza, seja Ele Deus e Homem, Deus ou Homem, ou somente Homem
e, ainda, se Seu lugar de direito é o de um grande Instrutor ou apenas de
um Mito. Conhecer como viveu e morreu, e todas as questões que surgem em
torno de Seu nome, questões estas que nossa razão, ou intelecto, solicita
explicações.
Objetiva-se, portanto, alcançar um pool de informações de diferentes
fontes espiritualistas idôneas, buscando estabelecer, em bases racionais,
um melhor entendimento de muitos “porquês” e polêmicas sobre a pessoa de
Jesus Cristo.
Buscaremos entendê-Lo pelo intelecto, mas também preservar e
tornar intocável aquele Cristo do coração humano, a Quem o Espírito se alça
em seus momentos de maior percepção, muito longe de todos os ventos da
controvérsia, de todas as tempestades da discussão, naquele ar puro e sem
nuvens do próprio céu, onde a intuição vê e a razão silencia, onde o Espírito
fala e as vozes menores emudecem.
”Se assim porventura pudermos estudar alguns dos muitos
aspectos poderemos ser capazes de manter incólume a
inspiração do ideal, e poderemos caminhar calmamente,
inteligentemente, em estudo cuidadoso e acurado, por entre
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todas as dificuldades intelectuais que têm cercado o assunto no
passado, e que inevitavelmente ainda o cercam hoje. E deixem-
me dizer, antes que iniciemos esta parte intelectual de nosso
estudo, que se houver algum assunto mais do que qualquer outro
passível de unir e não de dividir, é o do pensamento sobre o
Senhor do Amor, sobre Aquele que será o Buda do Amor, assim
como o Senhor Gautama foi o Buda da Sabedoria”. 3 (Annie
Besant)
Representando a linhagem teosófica, Annie Besan4 nos traz relatos de
um jovem Hebreu, nascido cerca de um século antes de nossa era Cristã,
treinado em parte no Egito, em parte nos mosteiros dos Essênios, chegando
aos trinta anos como um instrutor entre seu povo, reconhecido por eles
como aquele que conheceram em sua juventude. Outros autores de nosso
século também descrevem Jesus como um iniciado essênio.
”A criança cujo nome foi traduzido como Jesus nasceu na
Palestina em 105 aC, durante o consulado de Publius Rutilius
Rufus e Gnaeus Mallius Maximus. Seus pais eram de boa
linhagem, mas pobres, e ele foi educado no conhecimento das
escrituras Hebraicas. Sua fervorosa devoção e uma gravidade
precoce levaram seus pais a dedicá-lo à vida religiosa e
ascética, e logo após uma visita a Jerusalém, na qual a
extraordinária inteligência e avidez por conhecimento do jovem
foram demonstradas em sua busca pelos doutores do Templo,
ele foi enviado para ser treinado em uma comunidade Essênia
no sul do deserto da Judéia”.
“Chegando aos dezenove anos, foi para o mosteiro
Essênio perto do Monte Serbal, um mosteiro que era muito
visitado pelos eruditos que viajavam da Pérsia e Índia para o
Egito, e onde havia sido reunida uma magnífica biblioteca de
obras ocultas – muitas delas indianas da região Trans-
himalaica. Desta sede de conhecimento místico ele passou mais
tarde para o Egito. Ele foi completamente instruído nos
ensinamentos secretos que eram a verdadeira fonte da vida
entre os Essênios, e foi iniciado no Egito como um discípulo
daquela Loja sublime de onde saíram todos os Fundadores de
todas as grandes religiões. Pois o Egito havia permanecido como
um dos centros mundiais dos verdadeiros Mistérios, dos quais
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todos os Mistérios semi-públicos são o pálido e distante
reflexo”.
“Os Mistérios mencionados na história como Egípcios eram
as sombras das verdadeiras coisas “no Monte”, e lá o jovem
hebreu recebeu a consagração solene que o preparou para o
Real Sacerdócio que mais tarde ele obteria. Tão sobre -
humanamente puro e tão pleno de devoção era ele, que em sua
graciosa maturidade pairava conspicuamente acima dos severos
e algo fanáticos ascetas entre os quais havia sido treinado,
espalhando nos austeros Judeus ao seu redor a fragrância de
uma sabedoria gentil e terna, como uma rosa estranhamente
plantada em um deserto espalharia seu aroma na aridez à
volta. A bela e majestosa graça de sua branca pureza
permanecia em seu redor como um halo feito de radioso luar, e
suas palavras, embora escassas, eram sempre doces e amáveis,
trazendo mesmo o mais rude para uma temporária gentileza, e
o mais rígido para uma efêmera suavidade. Assim ele viveu por
vinte e nove anos de vida mortal, crescendo de graça em
graça”.
“Esta pureza e devoção sobre-humanas aprontaram o
homem Jesus, o discípulo, para tornar-se o templo de um poder
superior, de uma poderosa Presença interna. O tempo havia
chegado para uma daquelas manifestações divinas que de era
em era ocorrem para o auxílio da humanidade, quando um novo
impulso é necessário para estimular a evolução espiritual da
humanidade, quando uma nova civilização está prestes a
despontar. O mundo do Ocidente estava então no seio do
tempo, pronto para nascer, e a sub-raça Teutônica devia
receber o cetro do império das mãos fraquejantes de Roma.
Antes que ela iniciasse sua jornada deveria aparecer um
Salvador do Mundo, para permanecer abençoando ao lado do
berço do Hércules infante”.
“Estava para encarnar sobre a Terra um poderoso “Filho
de Deus”, um Instrutor supremo, “cheio de graça e verdade” (João, I,
14), um Ser em quem a Sabedoria Divina residia em plena
medida, que era verdadeiramente “o Verbo” encarnado, Luz e
Vida em abundante riqueza, uma verdadeira Fonte das Águas
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da Vida. Senhor de Compaixão e Sabedoria – tal era Seu nome
– e de Sua morada nos Lugares Secretos veio Ele para o mundo
dos homens”.
“Para Ele era necessário um tabernáculo terreno, uma
forma humana, o corpo de um homem, e quem mais pronto para
emprestar seu corpo em alegre e anelante serviço Àquele
diante de quem os Anjos e homens se curvam na mais humilde
reverência, como este Hebreu dos hebreus, este o mais puro e
mais nobre dentre os “Perfeitos”, cujo corpo imaculado e mente
impecável era o melhor que a humanidade poderia oferecer. O
homem Jesus entregou-se em um sacrifício voluntário,
“ofereceu-se sem mácula” ao Senhor do Amor, que tomou
aquela forma pura como tabernáculo, e lá residiu por três anos
de vida mortal”.
No entanto, Emmanuel1 é contundente em sua afirmação:
“Muitos séculos depois de sua exemplificação
incompreendida, há quem O veja entre os essênios, aprendendo as Suas doutrinas (o grifo é nosso), antes de Seu messianismo
de amor e redenção. As próprias esferas mais próximas da
Terra, que pela força das circunstâncias se acercavam mais
das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos
espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as
opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador
de todas as criaturas”.
“O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das
escolas essênias, não necessitou de sua contribuição (o grifo é
nosso). Desde os Seus primeiros dias na terra, mostrou-Se tal
qual era, com a superioridade que o planeta Lhe conheceu
desde os tempos longínquos do princípio”. 2
Alice Bailey5 por sua vez, ainda que um ramo teosófico blavatskiano,
oferece nova informação que corrobora com a afirmação de Emmanuel, da
ausência da educação essênia e/ou egípcia na vida de Jesus:
(...) “Neste caso, e depois da iniciação do Nascimento,
nos é dito que, durante um período de trinta anos atuou como
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homem, na vida cotidiana, em uma oficina de carpintaria e no
lugar onde moravam Seus pais. Esta vida em família constitui a
prova a que foi submetido e sua importância não pode ser
subestimada”. (...)
(...) “Cristo viveu, silenciosamente, em Seu lar, com Seus
pais, realizando a dificílima experiência de viver em família,
com sua monotonia, seus costumes sem variações, sua
necessária subordinação à vontade e às necessidades do grupo,
com suas lições de sacrifício, de compreensão e de serviço.
Esta é sempre a primeira lição que todo discípulo deve
aprender. Se a divindade não se expressar no lar, entre os que
nos conhecem bem e são nossos amigos familiares, não se pode
esperar que se manifeste em outras partes. Devemos viver
como filhos de Deus, no lugar – insípido e tedioso, às vezes,
sórdido – em que o destino nos colocou. Em nenhuma outra
parte pode ser possível esta etapa. O lugar em que nos
encontramos, é onde iniciamos nossa viagem e não o lugar de
onde escapamos”.3
Existem textos atribuídos a outros Apóstolos, diferentes dos quatro
que compõem o Novo Testamento (Mateus, João, Marcos e Lucas),
considerados apócrifos por não terem recebido a chancela da Igreja
Romana que, durante muitos séculos, avocou a si a representação única da
verdadeira história do Cristo, habilitando-se, inclusive, na seleção dos
textos que julgava adequados à população em geral.
Foram encontrados em uma pequena localidade no Alto Egito em 1945
pelo camponês Muhamad Ali as-Salmman, acondicionados em um grande pote
vermelho de cerâmica, contendo treze livros de papiro encadernados em
couro, em um total de cinqüenta e dois textos.
Estes manuscritos, hoje conhecidos como Evangelhos Gnósticos, ou
Apócrifos (Apocryphom – literalmente, “livro secreto”), revelam
ensinamentos em perspectivas bastante diversas daquelas dos Evangelhos
Oficiais da Igreja Romana.
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Além dos Evangelhos contendo ensinamentos atribuídos a Jesus Cristo
através de seus apóstolos, outros textos compõem “o legado de Nag
Hammadi”, de cunho teológico e filosófico.
Segundo Celso Vicente Mitchell6, os papiros encontrados em Nag
Hammadi tinham cerca de 1.500 anos, e eram traduções em cópias de
manuscritos ainda mais antigos feitos em grego e na língua do Novo
Testamento, como se constatou, ao verificar que parte deles tinha sido
encontrada em outros locais, como alguns fragmentos do chamado
“Evangelho de Tomé”. As datas dos textos originais estão estimadas entre
os anos 50 e 180.
Acredita-se que os manuscritos foram enterrados por volta do século
IV, quando, na época da conversão do imperador Constantino, os bispos
cristãos passaram ao poder e desencadearam uma campanha contra as
heresias. Então, algum monge do mosteiro de São Pacômio, nas cercanias de
Nag Hammadi, tomou os livros proibidos e os escondeu no pote de barro,
onde permaneceram enterrados por 1.600 anos.
São textos que devem ser colocados sob análise e cautela, até a
comprovação de sua veracidade. Possuem, no entanto, informações
interessantes que permitem ao bom senso atribuir-lhes alguma relação com
a intricada história da vida de Jesus Cristo.
Entre eles encontramos o Evangelho escrito por Pedro6, considerado o
quinto deles, escrito, segundo consta, de acordo com relatos feitos por
Maria, mãe de Jesus, diretamente ao apóstolo. Publicado pela primeira vez
em 1677, conta com versões e, grego, latim, armênio e árabe.
Em sua narrativa, há maiores detalhes sobre o encontro de Jesus com
os sábios, no templo de Jerusalém, além de suas brincadeiras com as outras
crianças e seu trabalho na companhia de José, somado a fatos que
envolveram Seu nascimento, reforçando Sua vida humana, sem
adestramentos esotéricos de qualquer ordem. Apresenta-nos trechos da
Infância onde algumas passagens extras esclarecem momentos importantes
da vida de Jesus e completam lacunas dos relatos considerados oficiais.
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Ele nos mostra o que foi a infância Jesus que, desde a mais tenra
idade, quando já manifestava Sua origem divina. É um texto que encanta
pelas situações que retratam, onde o Cristo surge como a criança que foi,
muito embora Sua divindade O levasse a gestos inusitados, mas marcados
pela sabedoria precoce e pela coerência de Seus atos.
Destacamos alguns trechos para melhor ilustrar nosso trabalho:
“O Evangelho de Pedro - (...) Com o auxílio e a ajuda do
Deus todo poderoso, começamos a escrever o livro dos
milagres de nosso Salvador, Mestre e Senhor Jesus Cristo,
que se intitula o Evangelho da Infância, conforme narrado
por Maria, Sua mãe, na paz do Nosso Senhor e Salvador. Que
assim seja.” (...)
“II - Viagem a Belém - (...) No ano de 309 da era de
Alexandre, Augusto ordenara que todos fossem recenseados
em sua cidade natal. José partiu, então, conduzindo Maria,
sua esposa. Vieram a Jerusalém, de onde se dirigiram a Belém
para inscreverem-se no local onde ele havia nascido. Quando
estavam próximos a uma caverna (o grifo é nosso)*, Maria
disse a José que sua hora havia chegado e que não poderia ir
até a cidade.” (...)
“III - A Parteira de Jerusalém - (...) Entremos nesta
caverna - disse ela.”
“O sol estava começando a se pôr. José apressou-se em
procurar uma mulher que assistisse Maria no parto e
encontrou uma anciã que vinha de Jerusalém.”
“Saudando-a, disse-lhe: Entra na caverna onde
encontrarás uma mulher em trabalho de parto.”
“Após o pôr-do-sol, José chegou com a anciã à caverna e
eles entraram. Eis que a caverna estava resplandecendo com
uma claridade que superava a de uma infinidade de labaredas
e brilhava mais do que o sol do meio-dia. A criança, enrolada
em fraldas e deitada numa manjedoura, mamava no seio da
mãe. Ambos ficaram surpresos com o aspecto daquela
claridade e a anciã disse a Maria: És tu a mãe desta criança?”
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“Ao responder afirmativamente Maria, disse-lhe: Não és
semelhante às filhas de Eva.” (...)
“(...) - Senhora e ama, vim para receber uma
recompensa que perdurará para todo o sempre.”
“Maria lhe disse, então: Põe tuas mãos sobre a criança.”
“Quando a anciã o fez, foi purificada. Ao sair, ela disse:
A partir deste momento, eu serei a serva desta criança e quero
consagrar-me a seu serviço, por todos os dias da minha vida.”
(...)
“IV - A Adoração dos Pastores – (...) Em seguida, quando
os pastores chegaram e acenderam o fogo, entregando-se à
alegria, as cortes celestes apareceram, louvando e celebrando
o Senhor, a caverna parecia-se com um templo augusto, onde
reis celestiais e terrestres celebravam a glória e os louvores de
Deus por causa da natividade do Senhor Jesus Cristo. E esta
anciã hebréia, vendo estes milagres resplandecentes, rendia
graças a Deus, dizendo: Eu te rendo graças, ó Deus, Deus de
Israel, porque os meus olhos viram a natividade do Salvador
do mundo.”
“VII - A Adoração dos Magos – (...) Aconteceu que,
enquanto o Senhor vinha ao mundo em Belém, cidade da
Judéia, Magos vieram de países do Oriente a Jerusalém, tal
como havia predito Zoroastro, e traziam com eles presentes:
ouro, incenso e mirra. Adoraram a criança e renderam-lhe
homenagem com seus presentes. Então Maria pegou uma das
faixas, nas quais a criança estava envolvida, e deu-a aos
magos que a receberam como uma dádiva de valor
inestimável. Nesta mesma hora, apareceu-lhes um anjo sob a
forma de uma estrela que já lhes havia servido de guia, e eles
partiram, seguindo sua luz, até que estivesse de volta a sua
pátria.” (...)
“(...) Os reis e os príncipes apressaram-se em se reunir
em torno dos magos, perguntando-lhes o que haviam visto e o
que havia feito, como haviam ido o como haviam voltado e
que companheiros eles haviam tido então durante a viagem.
Os magos mostraram-lhes a faixa que Maria lhes havia dado.
Em seguida, celebraram uma festa, acenderam o fogo segundo
seus costumes, adoraram a faixa e a jogaram nas chamas. As
chamas envolveram-na.”
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“Ao apagar-se o fogo, eles retiraram o pano e viram que
as chamas não haviam deixado nele nenhum vestígio. Eles se
puseram então a beijá-lo e a colocá-lo sobre suas cabeças e
sobre seus olhos, dizendo: Eis certamente a verdade! Qual é,
pois, o preço deste objeto que o fogo não pode nem consumir
nem danificar?”
“E pegando-o, depositaram-no com grande veneração
entre seus tesouros.” (...)
“XI - A Cura do Menino Endemoninhado – (...) O filho do
sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue
insultando José e Maria, já que os outros hóspedes haviam
fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus
e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou
uma das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente
os demônios fugiram, saindo pela boca, e foram vistos sob a
forma de corvos e serpentes. O menino foi curado
instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar
o Senhor que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de
graça.”
“Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde,
exclamou admirado: Meu filho, mas o que te aconteceu e
como foste tu curado?”
“O filho respondeu: No momento em que me
atormentavam, eu entrei na hospedaria e lá encontrei uma
mulher de grande beleza, que estava com uma criança. Ela
estendia sobre umas madeiras as fraldas que acabara de
lavar. Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e
os demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.”
“O pai, cheio de alegria, exclamou: Meu filho, é possível
que essa criança seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a
terra e, assim que passou por nós, o ídolo partiu-se, os
simulacros de todos os nossos deuses caíram e uma força
superior à deles destruiu-os.” (...)
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“XXXVI - As
Estatuazinhas de Barro – (...)
Quando o Senhor Jesus havia
completado o Seu sétimo ano,
Ele brincava um dia com
outras crianças de Sua idade.
Para divertirem-se, eles
faziam com terra molhada
diversas imagens de animais,
de lobos, de asnos, de
pássaros, cada um elogiando
seu próprio trabalho e
esforçando-se para que fosse melhor que o de seus
companheiros. Então o Senhor Jesus disse para as crianças:
Ordenarei às figuras que Eu fiz que andem, e elas andarão.”
“As crianças perguntaram-Lhe se Ele era o filho do
Criador e o Senhor Jesus ordenou às imagens que andassem e
elas imediatamente andaram. Quando Ele mandava voltar,
elas voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam,
quando Ele ordenava que voassem, e que paravam, quando
Ele dizia para parar. Quando Ele lhes dava bebida e comida,
eles comiam e bebiam.”
“Quando as crianças foram embora e contaram aos seus
pais o que haviam visto, eles disseram: Fugi, daqui em diante,
de Sua companhia, pois Ele é um feiticeiro! Deixai de brincar
com Ele!” (...)
“XXXVIII - Jesus na Carpintaria – (...) José ia por toda a
cidade, levando com ele o Senhor Jesus. Chamavam-no para
que fizesse portas, arcas e catres e o Senhor Jesus estava
sempre com ele. E sempre que a obra de José precisava ser
mais comprida ou mais curta, mais larga ou mais estreita, o
Senhor Jesus estendia a mão e ela ficava exatamente do jeito
que queria José, de forma que ele não precisava retocar nada
com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no ofício de
marceneiro.”
“L - Jesus, o Mestre – (...) Quando contava doze anos de
idade, levaram Jesus a Jerusalém por ocasião da festa e,
quando ela terminou, eles voltaram, mas o Senhor Jesus
permaneceu no templo, em meio aos doutores, aos velhos e aos
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mais sábios dos filhos de Israel, que Ele interrogava sobre
diferentes pontos da ciência, mas também respondia-lhes as
perguntas.”
“Jesus perguntou-lhes: De quem é filho o Messias?”
“Eles responderam: Este é o filho de Davi.”
“Jesus respondeu: Por que então Davi, movido pelo
Espírito Santo, chama-o Senhor, quando diz que o Senhor
disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita para que
coloque teus inimigos aos teus pés?”
“Um importante rabino interrogou-o, dizendo: - Leste
os livros sagrados?”
“O Senhor Jesus respondeu: - Eu li os livros e o que eles
contêm.”
“Dito isso, explicou-lhes as Escrituras, a lei, os preceitos,
os estatutos, os mistérios que estão contidos nos livros das
profecias e que a inteligência de nenhuma criatura pode
compreender. E o principal entre os doutores disse: Eu jamais
vi ou ouvi tamanha instrução. Quem credes que seja essa
criança?” (...)
“LI - Jesus e o Astrônomo - (...) Havia lá um filósofo,
astrônomo sábio, que perguntou ao Senhor Jesus se Ele havia
estudado a ciência dos astros. Jesus, respondendo-lhe, expôs o
número de esferas e de corpos celestes, sua natureza e sua
oposição, seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua
progressão e seu movimento de leste para oeste, o cômputo e o
prognóstico e outras coisas que a razão de nenhum homem
escrutou.” (...)
/“LII - Jesus e o Médico – (...) Havia entre eles um filósofo
muito sábio em medicina e ciências naturais e quando ele
perguntou ao Senhor Jesus se Ele havia estudado a medicina,
Este lhe expôs a física, a metafísica, a hiperfísica e a
hipofísica, as virtudes do corpo, os humores e seus efeitos, o
número de membros e de ossos, de secreções, de artérias e de
nervos, as temperaturas, calor e seco, frio e úmido e quais as
suas influências, quais as atuações da alma no corpo, suas
sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da raiva, do
desejo, sua composição e dissolução e outras coisas que a
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inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o
filósofo ergueu-se e adorou o Senhor Jesus, dizendo: Senhor,
daqui em diante serei Teu discípulo e Teu servo.” (...)
“LIII - Jesus é Encontrado – (...) Enquanto Jesus assim
falava, Maria apareceu, junto com José, pois fazia três dias
que procuravam por Jesus. Vendo-O sentado entre os
doutores, interrogando-os e respondendo-lhe alternadamente,
ela lhe disse: Meu filho, por que agiste assim conosco? Teu pai
e eu Te procuramos e Tua ausência causou-nos muita
aflição.”
“Ele respondeu: - Por que Me procuráveis? Não sabíeis
que convinha que Eu permanecesse na casa de meu Pai? Eles
não entendiam as palavras que Ele lhes dirigia. Então os
doutores perguntaram a Maria se Ele era seu filho e tendo ela
respondido que sim, eles exclamaram: Oh feliz Maria, que
deste à luz tal criança.”
“Ele voltou com os pais para Nazaré e Ele lhes era
submisso em tudo. Sua mãe conservava todas as Suas
palavras em seu coração e o Senhor Jesus crescia em
tamanho, em sabedoria e em graça diante de Deus e diante
dos homens.”
“LIV - Via Oculta – (...) Ele começou desde esse dia a
esconder os Seus segredos e Seus mistérios, até que completou
trinta anos, quando Seu Pai, revelando publicamente Sua
missão às margens do Jordão, fez soar, do alto do céu, essas
palavras: É meu filho bem-amado no qual coloquei toda
minha complacência.”
“Foi quando o Espírito Santo apareceu sob a forma de
uma pomba branca.” (...)
“LV - Doxologia – (...) É a Ele que humildemente
adoramos, pois Ele nos deu a existência e a vida. Ele nos fez
sair das entranhas de nossas mães, tomou, por nós, o corpo de
homem e nos redimiu, cobrindo-nos com Sua misericórdia
eterna e concedendo-nos a graça do Seu amor e de Sua
bondade.”
“A Ele, portanto, glória, poder, louvores e domínio por
todos os séculos.”
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Relatos semelhantes sobre a infância de Jesus são encontrados no
Evangelho apócrifo de Tomé.
A que se destacar, no entanto, independentemente da posição em que
se coloque de Jesus, seja como o Cristo encarnado, seja como o “Discípulo
escolhido” do Cristo, todos são unânimes em reconhecer Sua missão de
redenção da Humanidade.
Vejamos então o lado dogmático, em torno do qual tanta controvérsia
ocorre e ainda pode ocorrer. Vejamos o Jesus Cristo que aparece como o
Ideal da alma, e se eleva acima de todas as controvérsias da história e da
doutrina naquela forma poderosa e que a tudo atrai, tanto quanto analisar
seu Evangelho buscando, dentro de uma visão transcendental, seu lado
esotérico.
Jesus, o Grande Iniciado
Alice Bailey, em seu livro “De Belém ao Calvário”4 nos oferece
interessante interpretação de Jesus como um grande Iniciado, de cuja obra
buscaremos uma síntese, visto corresponder a uma abordagem incomum à
figura deste Grande Mestre.
“A Sabedoria que expressa relação com Deus; as
indicações do roteiro que guiam nossos errantes passos de
retorno ao lar do Pai e os ensinamentos que trazem a
revelação, têm sido sempre os mesmos, através das idades e
idênticos aos que o Cristo transmitiu. Este corpo de verdades
internas e esta riqueza de conhecimentos divinos sempre
existiram, desde tempos imemoriais. Tal é a verdade que o
Cristo revelou, porém Ele fez mais; Ele revelou em Si mesmo, e
através da história de Sua vida, o que estes acontecimentos
poderiam fazer pelo homem. Demonstrou, ademais, a total
expressão de divindade em Si próprio e depois instou Seus
discípulos a fazerem o mesmo”.4 (Item 5)
O Budismo, ainda que anterior à vinda do Cristo, expressa as mesmas
verdades básicas trazidas pelo Mestre Nazareno. Pode-se pensar que seus
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dois sistemas são interdependentes, e doutrina budica preparou o mundo
para receber a missão e a mensagem do Cristo
A tarefa realizada pelo Buda e a mensagem que transmitiu,
estimularam a inteligência para alcançar a Sabedoria, sendo este um
princípio cósmico e uma potência divina.
Todavia, o Amor chegou ao mundo por intermédio do Cristo que, com
Seu trabalho, transmutou a emoção em Amor. Como “Deus é Amor”, a
compreensão de que o Cristo revelou o Amor de Deus torna clara a
magnitude da tarefa que empreendeu – missão que transcende os poderes
de qualquer instrutor ou mensageiro que o precederam.
Cristo valoriza a individualidade, dando ênfase à sua ação em sua
dualidade: Corpo e Espírito.
“A conscientização desta dualidade é uma etapa
imprescindível no desenvolvimento do homem, e o propósito do
cristianismo tem sido revelar esta característica; assim como
assinalar a luta do homem inferior e o superior; entre o homem
carnal e o espiritual, unidos em uma só pessoa, afirmando a
necessidade de que o homem inferior seja salvo pelo homem
superior”. 4 (item 18)
É característica de Sua doutrina, também, conduzir o homem à
compreensão e vivência da verdadeira “Fraternidade”, a grande mensagem
da união e comunhão de pensamentos, de relacionamento como irmãos, uma
vez que somos todos filhos de um mesmo Pai.
Determinados acontecimentos são considerados como “Grandes
Iniciações” na vida de Jesus, iniciações pelas quais, segundo os escritos,
todos os homens deverão passar um dia.
Mas, é importante entender que a “Iniciação” é um processo ativo
através do qual todos os que se disciplinam e cumprem voluntariamente
determinados preceitos podem passar, seguindo determinadas regras ou
princípios transcendentais que independem de nossa limitada compreensão.
É a expansão da consciência conseqüente a uma “Reforma Íntima”, ou
“Renovação Interior”, ou mesmo “Vitriol”, seja qual for à denominação que
desejemos dar a este processo íntimo e pessoal.
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A iniciação é, pois, uma conquista, o fruto de muito trabalho e
dedicação alcançada pelo esforço individual de cada ser; uma realidade, e
não uma “visão extra-física” de fácil conquista como apregoam determinadas
linhas de pensamento.
A Iniciação não pode ser oferecida por sociedades, escolas
esotéricas ou organizações, a não ser simbolicamente. Torna-se, então,
apenas um título, mas não uma realidade. Ela transcende as palavras e exige
realizações.
O que as estruturas humanas podem fazer apenas, é indicar o
“caminho” ou ensinar determinadas “regras fundamentais” esotéricas que já
são de domínio público, mas cabe ao candidato ao inicialato buscá-las, na
medida de seu interesse e grau de desenvolvimento, por esforço e iniciativa
próprios.
“A Iniciação é, portanto, uma série gradual e realizada
de expansões de consciência; uma crescente e constante
percepção da divindade e de todas as suas implicações. Muitos
dos pseudo-iniciados dos dias de hoje crêem haver alcançado
este estado porque algum guia esotérico ou vidente psíquico
assim lho disse; no entanto, em seu foro íntimo, eles nada
sabem do processo mediante o qual poderão passar (como
ensinou a maçonaria) por esta porta misteriosa, entre dois
grandes pilares, em sua busca da Luz; eles não têm um
conhecimento consciente daquele programa auto-iniciado que
deve ser seguido, em plena vigília, o qual deve ser
simultaneamente conscientizado pela Alma divina imanente, pela
mente e pelo cérebro do homem, na vida física. Estas
expansões de consciência revelam ao homem, progressivamente,
a qualidade de sua natureza superior e inferior; esta
conscientização é assinalada pelo apóstolo Paulo, tendo sido ele
um dos primeiros iniciados que preencheram esta condição, sob
a dispensação cristã”: 4 (Item 27)
“E eu sei que em mim, (isto é, em minha carne) não
mora bem algum, pois o querer está em mim; mas não consigo
realizar o bem”.
“Porque, não faço o bem que quero, mas o mal que não
quero, esse eu faço”.
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“Porque, segundo o homem interior, eu me deleito na
Lei de Deus”;
“Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha
contra a Lei do meu conhecimento e que me prende debaixo
da lei do pecado, que está nos meus membros”.
“Miserável de mim! Quem me livrará do corpo desta
morte?”
“Graças dou a Deus por Jesus Cristo, Senhor nosso”.
(Paulo - Romanos, 7: 18, 25)
É uma afirmativa de vários e diferentes textos esotéricos que, se
nos tempos antigos a Iniciação era conquistada por alguns poucos, hoje a
grau de desenvolvimento alcançado pela humanidade a permite fazê-lo de
uma forma maciça.
Isto porque todo descobrimento moderno, o mecanicismo que permite
a educação alcançar um grande contingente de pessoas, todo o estudo e
conhecimento psicológico, avanços tecnológicos e científicos, assim como o
conhecimento esotérico agora veiculado de forma mais ampla, são de
natureza espiritual e servem de ajuda para a expansão da consciência que
converterá o gênero humano em “um grande iniciado”.
Esta afirmativa nos permite uma compreensão maior da importância
da Educação na evolução espiritual de nossa sociedade, uma atividade muitas
vezes conduzida sem o necessário cuidado, qualidade e abrangência.
São consideradas as Iniciações de Jesus: a) O Nascimento em Belém;
b) O Batismo no Jordão; c) A Transfiguração; d) A Crucificação; e) A
Ressurreição e Ascensão.
1. Nascimento em Belém:
“Estamos, agora, à beira do nascimento do Cristo racial
e, das trevas do útero da matéria, o Cristo-Menino pode
entrar na luz do reino de Deus. Espera-nos outra crise, e o
Cristo já preparou a raça para isso porque, quando nasceu em
Belém, não ocorreu, simplesmente, o nascimento de outro
Instrutor e Mensageiro divino, mas o aparecimento de uma
individualidade Que, não somente sintetizou em Si mesma as
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realizações passadas do gênero humano, senão que foi,
também, o precursor do futuro, encarnando em Si próprio tudo
que era possível à humanidade realizar. O aparecimento do
Cristo, na caverna de Belém, marcou a inauguração da
possibilidade de um novo ciclo de desenvolvimento espiritual,
tanto para a espécie humana como para o indivíduo”. 4 (Item
36)
Há um interessante simbolismo místico envolvendo o nascimento de
Jesus. Por exemplo, na Sua época, a maioria dos estábulos era instalada em
escavações e, muito provavelmente, o estábulo onde Nasceu também o era.
Esta referência de Alice Bailey sobre cavernas utilizadas como
estábulos na época do nascimento de Jesus é coincidente com as citações do
Evangelho Apócrifo de Pedro.
A “caverna” simboliza o local de todas as Iniciações. O estábulo,
reduto final de longa e penosa viagem, foi para Maria um local de dor e
desconforto, de trevas e esgotamento. De sua dor, brilharia a Luz que
haveria de iluminar o mundo.
A todos os candidatos das diferentes correntes, é determinado
empreender diferentes e difíceis viagens místicas, para conquistar o
merecimento da Iniciação, alcançada nas trevas de uma caverna. As viagens
da iniciação maçônica provavelmente encontram aqui a gênese de sua
existência.
Na “caverna”, também, estão simbolizados os quatro reinos da
natureza: sua estrutura rochosa representando o Reino Mineral, a forragem
e o feno o Reino Vegetal, o boi e o asno o Reino Animal. Em Maria e José
representa-se o Reino Humano e, na sua união, a dualidade, essencial para a
existência material, enquanto que, no recém-nascido, a expressão divina
encarnada. Na expressão de todos estes elementos, temos a representação
do Cosmo.
Quando viram brilhar uma estrela, três Reis empreenderam uma
viagem e, carregados de presentes, foram para Belém. Eles simbolizam os
aspirantes ao inicialato da primeira Iniciação, a de transmutar seu
conhecimento em sabedoria, e oferecer tudo que possuem ao Cristo interno.
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Os Reis ofereceram ao Infante ouro, incenso e mirra. O ouro é o
símbolo da natureza material (Terra) que deve ser oferecido ao serviço
divino e humano; o incenso simboliza a natureza emocional (Água), com suas
aspirações e desejos que devem elevar-se como o incenso ao plano divino; a
mirra, ou a amargura, relaciona-se com a mente (Ar), através da qual
sofremos para a devida adequação às Leis de Deus. A dor sempre
acompanha o “nascimento” para o divino, o Cristo Cósmico (Fogo).
A primeira Iniciação é a Alma manifestando-se em toda sua plenitude
na vida física, dominando a natureza e a Personalidade, representada por
todos os corpos que compõem o homem. É a vida espiritual nascendo na vida
material.
2. O Batismo no Jordão:
“A primeira Iniciação se realizou. Cristo nasceu em
Belém. A Alma alcançou sua expressão externa e, agora, esta
Alma – o Cristo (como o representante histórico de tudo que
uma Alma pode ser), o iniciado individual – caminha para a
grandeza. A missão do Salvador se inicia, definidamente, nesse
momento, mas, em benefício dos que virão depois. Ele deve
emitir a nota da purificação e adaptar-se aos requisitos do
ritual, bem como à tendência geral do pensamento de Sua
época. O iniciado que tiver dado o primeiro passo deve por
ênfase na purificação da natureza inferior, essencial para o
preâmbulo da segunda Iniciação. O batismo de João foi o
símbolo desta purificação. Cristo submeteu-Se ao batismo,
fazendo caso omisso aos protestos de Batista, dizendo-lhe:
„Deixa, por agora, porque assim nos convém cumprir toda a Justiça‟”
(Mateus, 3:15) 4 (Item 87)
Reza a tradição que Jesus tinha trinta anos quando foi batizado e
iniciou Sua magistral vida pública. O número trinta é significativo, porque
expressa o aperfeiçoamento dos três aspectos da Personalidade – o Corpo
Físico, a Natureza Emocional (Corpo Astral) e a Mente (Corpo Mental).
Estes aspectos constituem a forma pela qual ocorre a manifestação física
do homem, mas que ocultam a Alma, restringindo-a.
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Simbolicamente, pode-se dizer que foi necessário ao Cristo completar
trinta anos para começar Sua tarefa. Dez é o número da perfeição, e trinta
a perfeição nas três partes do equipamento da Alma.
É importante lembrar que são estes três aspectos da composição
humana materializada, que permitem seu contato com o universo existente,
portanto, com Deus imanente na natureza. O Corpo Físico nos permite
estabelecer contato com mundo tangível; o Corpo Emocional permite o
ensaio das emoções que, amadurecidas, transformam-se em Amor ao
alcançar o coração, permitindo maior aproximação ao Amor Universal; e
através da Mente, definitivamente dirigida e perfeitamente orientada,
conseguimos a harmonia com a Mente Universal. Somente através da mente
iluminada do homem, a Mente Divina é revelada.
Não podemos nos esquecer que o Homem unifica em si as chamadas
“Manifestações Inferiores da Divindade”, pois, os aspectos dos três reinos
subumanos – o mineral, o vegetal e o animal – nele se encontram, somados a
outro fator: o “Intelecto Divino”.
Ele encarna a percepção do mineral – a consciência individualizada -
com sua capacidade de descriminação subjetiva; do vegetal – a sensibilidade
- e seu mecanismo de resposta aos estímulos externos; e do animal – o
instinto – os rudimentos da afetividade e de um raciocínio não cognitivo.
Acresce-se a estes três a misteriosa faculdade humana denominada “mente
racional”, cuja síntese encontra-se na palavra “Autoconsciência” ou
“Intelecto Divino”.
Entretanto, na experiência do ser humano inteligente, há um lento,
mas contínuo, reconhecimento de que existe algo maior e de mais valor, fora
de si mesmo, e um novo tipo de “Consciência” começa a se manifestar, algo
além de sua realidade material e com qualidades não humanas. Quando
ocorre o simbólico “Nascimento em Belém”, a Alma se manifesta e é
reconhecida.
“Esta cidadania superior envolve a expressão da
consciência crística, que é a consciência grupal, da relação da
parte com o todo (algo acentuado, continuamente, pelo Cristo),
e do humano com o divino. O resultado desta conscientização
deve ser, seguramente, de acordo com o esquema evolutivo, o
aparecimento de outro reino da natureza. Esta é a grande
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tarefa do Cristo. Pelo poder de Sua divindade realizada, constitui-se no homem, que reuniu, em Si mesmo, o melhor de
tudo o que havia sido e revelou, também, o que poderia ser.
Ele enfeixou, em uma unidade funcional, o superior e o
inferior, fazendo disso o „homem novo‟. Fundou o Reino de Deus
na terra e realizou uma síntese de todos os reinos da natureza,
provocando assim, o aparecimento de um quinto reino”. 4 (Item
95)
Após a exemplificação do “Homem Perfeito” em Si mesmo, em
benefício da humanidade, Jesus se apresenta a João batista e passa pela
Segunda Iniciação, a da “Purificação” nas águas do Jordão.
“Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do
Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe,
dizendo: Eu careço ser batizado por Ti, e vens Tu a mim?”
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por
agora, porque assim convém cumprir toda a Justiça. Então,
ele o permitiu.”
“E sendo Jesus batizado, saiu logo da água e eis que se
lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como
pomba, e vindo sobre Ele”.
“E eis que uma voz dos céus dizia: „Este é meu filho
amado, em quem me comprazo‟.” (Mateus, 3: 13-17)
Este ato simboliza a purificação
da consciência no homem na sua
natureza inferior, um chamado ao
reconhecimento de valores superiores
e de verdades mais profundas. É a
purificação da natureza emocional que
deve, no tempo, preceder a purificação
da natureza mental. O batismo que o
Cristo dá aos Seus seguidores
concerne à purificação da mente pelo
fogo. O fogo é o símbolo universal da
natureza mental. O batismo do mental pelo fogo é aqui representado pelo do
Espírito Santo, a pomba.
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Vimos, portanto, que a primeira Iniciação simboliza a consagração do
corpo, assim como a vida do plano físico, pela Alma; a segunda, o domínio do
Corpo Emocional, da “vida de desejos”, consagrando-a a uma existência de
elevados preceitos morais e espirituais.
Se considerarmos Jesus Cristo como uma única pessoa, este momento
representa o instante que a “Alma - Cristo” assumiu total controle de Sua
“Personalidade - Jesus”, e iniciou Sua Divina missão pela humanidade. Por
outro lado, em se considerarmos Jesus como o Discípulo Escolhido, o
momento representa a chegada do Mestre Divino, assumindo Seu corpo e
missão redentora para a humanidade, estabelecendo o “Reino de Deus” na
terra.
É o momento em que cabe a pergunta: Independente da alternativa
verdadeira faz isto alguma diferença?
Evidentemente que não...
Se Jesus foi o Discípulo/Médium que ofereceu Sua vestimenta física
para o Cristo cumprir a missão estabelecida, que dimensão e pureza
espiritual não Lhe foi necessária para se tornar o veículo de um Espírito de
abrangência cósmica e suportar tão maravilhosa tarefa a princípio, porém
difícil e penosa até a crucificação?
Por outro lado, se Jesus foi o próprio Cristo encarnado, que palavras
podem ser suficientes para representá-Lo em tão augusta tarefa e
demonstração de Humildade e Amor a todos nós?
Optamos pela silenciosa oração de agradecimento e admiração...
Importante, sim, é conscientizarmo-nos que o “Reino de Deus” é um
estado de Alma, que provém do Espírito e se reflete no corpo, e isto Ele
personificou de forma magistral.
***
Algumas passagens evangélicas informam que, após o batismo, Jesus
procurou o deserto por quarenta dias, permanecendo em jejum e oração,
período em sofreu as “Tentações do Diabo”.
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“Toda a existência do homem, como homem, transcorre
oscilando entre os pares opostos, até que, com o tempo, ele
alcance o equilíbrio e, desde então, marche para o que é
divino. Poderia ser proveitoso para todos nós se, às vezes,
refletíssemos extensa e profundamente sobre esses dois
extremos da existência humana, o bem e o mal, a luz e as
trevas, a vida e a forma, o espírito e a matéria, o “eu” e o
“não-eu”, o real e o irreal, a verdade e a falsidade, o certo e
o errado, o prazer e a dor, o anelo e a inércia, a alma e a
personalidade, o Cristo e o diabo. Nos dois últimos resumem-se
o problema das três tentações”. 4 (Item 113)
“E tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites,
depois teve fome; e chegando-se a Ele o tentador, disse: Se Tu
és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem pão.
Ele, porém, respondendo disse: Está escrito: Nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de
Deus”. (Mateus, 4: 2-4)
“Então o diabo O levou à santa cidade e O pôs sobre o
pináculo do templo, e Lhe disse: Se és Filho de Deus lança-Te
abaixo, porque está escrito: A Seus anjos mandará por Ti, e
em suas mãos Te sustentarão para que não tropeces com Teu
pé na pedra. Jesus lhe disse, está escrito também: Não
tentarás o Senhor teu Deus”. (Mateus, 4: 5-7)
“Novamente O transportou o diabo a um ponto muito
alto: e Lhe mostrou todos os reinos do mundo e a glória deles.
E disse-Lhe: Tudo isto Te darei se prostrado, me adorares.
Então, disse-lhe Jesus:Vai-te satanás porque está escrito: Ao
Senhor teu Deus adorarás e só a Ele serviras”. (Mateus: 4: 8-
10)
Nos textos evangélicos existem algumas diferenças, pois se Mateus
disserta sobre as “tentações” sofridas por Jesus, como acima o
transcrevemos, seu relato difere do evangelho de Lucas; o evangelho de
Marcos apenas menciona que o Cristo foi tentado, enquanto que o de João
não faz qualquer referência a elas.
Qual seria o critério da valorização dos atos de Jesus no que se
refere este assunto? Sabemos que os quatro evangelhos descritivos da vida
do Messias foram escritos várias décadas após a Sua morte e, pode-se
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supor, que determinados enfoques estavam sujeitos à interpretação de cada
apóstolo.
De qualquer forma as três tentações, esotericamente, foram provas
simbólicas dos três aspectos da natureza humana inferior: a prova do físico,
a do emocional (ou dos desejos) e a do mental.
“Portanto, como homem íntegro e, entretanto, totalmente
divino, Cristo empreendeu a batalha final com o diabo. Como
ser humano, em que o espírito divino se expressava plenamente,
enfrentou o diabo em Sua própria humanidade (separadamente
de Deus) e o venceu. Não tratemos de separar a ambos – Deus
e o homem – quando pensamos em Cristo. Alguns pensadores
dão ênfase à Sua humanidade e ignoram Sua divindade”. 4
(Item 115)
Importantes considerações nos permitem estas passagens referentes
às tentações sofridas por Jesus Cristo, e Seu comportamento diante das
mesmas, pois, uma vez mais, traz-nos o exemplo de que, na carne, as Leis
Eternas são soberanas e a ninguém privilegiam.
O Mestre Nazareno foi tentado a utilizar Seus poderes divinos com
fins egoístas, pela sutil reiteração de Sua divindade, a qual se funda na
universalidade da “Palavra”. A ilusão da natureza física não O podia prender.
Este é o verdadeiro caminho de todo Iniciado, a eterna luta entre a
Matéria e o Espírito. E isto Ele nos ensinou.
3. A Transfiguração.
“Outro período de serviço terminou. O Cristo enfrentou
outra crise interior e, desta vez, de acordo com a história,
uma crise que compartilhou com Seus três discípulos favoritos,
com as três pessoas que Lhe eram mais chegadas. Seu
autocontrole – e, por conseguinte, Sua imunidade à tentação,
tal como podemos compreender – demonstrado, fora seguido por
um período de intensa atividade. Ele havia também lançado o
fundamento do reino de Deus, que tinha por missão
estabelecer, e cuja estrutura interior fora erigida sobre os
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doze apóstolos, os setenta discípulos que Ele selecionara e
preparara, e os grupos de homens e mulheres de toda a parte
que responderam à Sua mensagem. Até aqui Ele fora bem
sucedido. Agora Ele enfrentava nova Iniciação e uma expansão
mais ampla de consciência. Estas Iniciações, às quais Ele se
submetera em nosso benefício, e às quais todos nós poderemos
aspirar no devido tempo, constituem, em si próprias, uma
síntese viva da revelação que nos poderá ser proveitosa
estudar, antes de considerarmos o detalhe da estupenda
revelação que foi concedida aos três apóstolos no topo da
montanha”.4 (Item 135)
Pode-se considerar que a verdadeira Iniciação é trazida, em todas
suas etapas, pelo Mestre da Galiléia, numa demonstração única de que a
todos é permitido o acesso, desde que se cumpram as leis que a regem. O
“Nascimento em Belém”, a subseqüente “Purificação”, para que a correta
manifestação do Espírito possa ocorrer na matéria em seus três planos,
através de uma matéria “Transfigurada”, atingindo o objetivo maior – a Vida
Eterna – descentralizada e liberta das limitações impostas pela carne.
Após a experiência na “Caverna” e a “Iniciação das Águas”, cada uma
delas operou seu trabalho revelando, progressivamente, a divindade do
Homem Jesus Cristo.
A “Transfiguração” é a representação tácita da unificação do homem
inferior com o superior, do “dois em um”, com um “novo homem”, agora
espiritualizado, permitindo que sua divindade de origem se manifeste. Isto
Jesus sintetizou em Si próprio.
Aqui jaz o grande enigma da vida e, ao mesmo tempo, a chave de sua
solução: a expressão da divindade essencial de cada um. O ser superior
existe, e é o caminho natural da evolução seu domínio sobre o inferior. Esta
é a nova fase da evolução da humanidade, dentro de sua evolução cósmica.
A integração que o Cristo tão plenamente exemplificou, assim
resolvendo as dualidades do superior e do inferior em Si mesmo, fazendo
dos dois “um novo homem”, “novo homem” esse que resplandeceu na
Transfiguração, ante o olhar atônito dos três apóstolos.
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Importante, também, destacar, que Jesus unificou em Si mesmo, o
passado e o futuro, na medida em que isto diga respeito à humanidade,
significativamente ilustrado pela presença de Elias e Moisés, os
representantes dos Profetas e da Lei.
Elias simboliza o passado do homem, com a adição da Lei de Moisés,
estabelecendo os limites além dos quais o homem não deve passar, definindo
os limites de sua natureza inferior (a natureza-desejo ou emocional).
Elias, cujo nome significa “a Força do
Senhor”, representava a todas as escolas dos
Profetas que, durante séculos, previram a vinda
d’Aquele Que simbolizaria a perfeita Retidão e
que, em Sua própria pessoa encarnaria a
conquista e os objetivos futuros da humanidade.
Cristo é, na verdade, o Profeta Eterno, de Quem
Elias e os demais profetas deram testemunho.
Moisés, cujo nome significa “salvo das
águas”, lembrando que a “água” é o símbolo da natureza emocional ou do
desejo do homem, foi o responsável por trazer a Lei que restringiu e educou
o “corpo emocional” de um povo, cuja técnica de controle seria substituída
pela mensagem de vida do Cristo, a se expressar pela consciência do homem
na fantástica síntese: “Amai-vos uns aos outros”.
Por esta razão a presença simbólica de ambos no monte ao lado de
Jesus, representando que o passado e o futuro da humanidade n’Êle se
encontrava.
“Por trás da manifestação de Jesus Cristo jazem eons de
experiência. Deus Se expressara através de processos
naturais, através da humanidade como um todo e através de
indivíduos específicos, à medida que as épocas se tornaram
oportunas. Então veio o Cristo e, no curso do tempo, como um
definido cumprimento do passado e como uma garantia do
futuro, sintetizou em Si Próprio, em uma transcendente
Personalidade, tudo que tinha sido conquistado em tudo que
fora imediato na experiência humana. Ele foi uma
Personalidade, assim como uma individualidade divina. Sua vida,
com Sua qualidade e Seu objetivo, estabeleceu Seu selo sobre
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nossa civilização, e Sua demonstrada
síntese é a inspiração do presente. Esta
consumada Personalidade, sintetizando em
Si Própria tudo que precedeu na evolução
humana, e expressando tudo que é
possível imediatamente ser, é a grande
dádiva de Deus ao homem”. 4 (Item 140)
Cristo como personalidade que curou a
divisão na natureza humana, e Cristo como a
síntese dos aspectos superior e inferior da
divindade espiritual de todos nós, é a
maravilhosa herança da humanidade de hoje. E é
isto está representado na “Transfiguração”.
“Seis dias após, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e a
João, seu irmão, e os conduziu em particular até um alto
monte e se transfigurou diante deles; e o seu rosto
resplandeceu como o Sol, e suas vestes se tornaram tão
brancas como a luz”.
“E eis apareceram Moisés e Elias, falando com ele”.
“E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, é
bom estarmos aqui; se queres, façamos aqui três
tabernáculos, um para Ti, um para Moisés e um para Elias”.
“E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem
luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este
é o meu amado Filho, em quem me comprazo: Ouvi-O”.
“E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre seus
joelhos, curvaram seus rostos e tiveram grande medo”.
“E aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-
vos; e não tenhais medo”.
“E, erguendo eles os olhos, ninguém viram, senão
unicamente Jesus”. (Mateus, 17: 1-8)
Um detalhe que se destaca é que Três Reis, ou Magos, assistiram de
joelhos à “Iniciação do Nascimento” e, agora três discípulos prostrados
sobre o solo, assistem a “Iniciação da Transfiguração”.
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Este momento é o primeiro no qual se revela o Esplendor e a Luz do
Messias, predicados estes que O capacitam a dizer, com legítimo direito
“Eu Sou a Luz do Mundo”.
Contam os versículos do Velho Testamento que Moisés ao descer do
Monte Sinai, trazia sua face resplandecente e, com brilho tal, que os
homens de seu povo não podiam fitá-lo. Isto o obrigou a usar um véu por
determinado tempo, objetivando ocultar o esplendor dos demais.
Este detalhe é interessante, pois, se Moisés trazia a face
resplandecente, Jesus Cristo resplandecia por completo, em Sua
totalidade física, demonstrando Sua superioridade espiritual absoluta.
Aqueles que estão despertando para as realidades espirituais da
Verdadeira Vida, conscientizam-se da divindade inerente no homem,
buscando através das ações altruístas, da bondade, do espírito pesquisador
e da alegria e compreensão das dificuldades básicas a que é submetido,
principalmente quando se defronta com a bondade transcendente que o
Cristo revelou.
O radiante corpo de luz interior está presente em todos nós, em toda
a humanidade, invisível e não revelado, mas lentamente emergente. Para
tanto, necessita-se do Amor combinado com a Razão, mais o poder do
Saber, predicado inerente à Alma, que reconhece intuitivamente aquilo que
é sagrado, universal e real, e que é, contudo, específico e verdadeiro,
sempre, para todos os seres.
A divindade humana não pode ser negada: o Homem é um ser divino.
Se não o for, a Paternidade de Deus não passa de uma forma vazia de
palavras e, Jesus e seus seguidores estariam em erro ao terem reconhecido
a verdade de nossa filiação.
A vida do Cristo interno produz a transformação do corpo físico e, de
uma forma mais profunda, opera sobre a natureza sensorial-emocional que,
através do processo de transmutação, converte desejos e sentimentos,
dores e prazeres, em suas correspondências superiores.
A Transmutação, segundo Alice Bailey, em “Um Tratado sobre o Fogo
Cósmico”, foi definido como “a passagem de um estado de existência para
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outro, por intermédio do fogo”. E “fogo” é o símbolo da ação do Corpo
Mental.
Este é o aspecto do Cristo-Interno, ou ação do Cristo em todos os
homens, a esplendorosa realidade interna, à qual os místicos de todos os
tempos dão testemunho. Uma vez transcendido o mundo dos sentidos e
ativadas as correspondências superiores, revela-se o mundo interior de
beleza e verdade, um mundo subjetivo cujas características são Luz, Beleza
e de indescritível Paz.
Há que se destacar outros detalhes que, habitualmente, passam
despercebidos pelos estudiosos, e que demonstra a presença de um “Poder
Espiritual Maior” ocupando-se de tutelar a missão do Nazareno.
1. Em Seu nascimento, o “Poder Maior” de Quem Jesus è o símbolo,
não se manifesta, mas anjos se incumbem de anunciar aos pastores o
nascimento do Messias;
2. Em Seu batismo, esse “Poder Maior” se manifesta diretamente pela
Sua identificação: “Este é meu filho amado, em Quem Me comprazo”;
3. Na Transfiguração, novamente a identificação do Mestre, porém
agora acrescido de um comando expresso: “Ouvi-O”.
Esta é, sem dúvidas, o reconhecimento da tarefa messiânica a que o
Cristo executava e o endosso de um “Poder Maior” que administra a evolução
da humanidade, em reconhecimento às Suas palavras e ensinos.
4. A Crucificação
“É certamente evidente que – se abordarmos o assunto
de maneira inteligente – o Cristo não morreu para que você ou
eu pudéssemos ir para o céu. Ele morreu como resultado da
natureza do serviço que prestou, da nota que emitiu e porque
Ele inaugurou uma nova era e disse aos homens como viver como
filhos de Deus”.
“Considerando o relato de Jesus na Cruz, é essencial,
portanto, que o vejamos em termos mais amplos e gerais do que
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habitualmente ocorre. Os tratados e escritos sobre o assunto
são, em sua maioria, controversos e polêmicos, via de regra
defendendo ou atacando a evidência ou a teologia associada ao
tema. Ou podem ser de natureza puramente mística ou
sentimental, em tom e objeto, ocupando-se com a relação do
indivíduo com a verdade ou com a salvação pessoal no Cristo”.4
(Item 177)
A crucificação de Jesus foi um
acontecimento cósmico, cujas
implicações e resultados dizem
respeito à massa humana, e não
especificamente a um indivíduo.
O Cristo deve ser
compreendido, antes de tudo, em seu
sentido cósmico.
“A Crucificação e a Cruz do Cristo são tão velhas quanto
à própria humanidade”.
“O Cristo cósmico existiu desde toda a eternidade. Este
Cristo cósmico é a divindade, ou Espírito, crucificado no
espaço. Ele personifica a imolação ou sacrifício do Espírito na
cruz da Matéria, forma, ou substância, para que todas as
formas divinas, inclusive a humana, possam viver. Isto sempre
foi reconhecido pelas crenças, assim chamadas, pagãs. Se o
simbolismo da cruz for rastreado até o passado distante,
verificar-se-á que ele precede o Cristianismo em milhares de
anos e que, finalmente, os quatro braços da cruz serão vistos desaparecendo, deixando apenas a figura do Homem Celestial vivo com Seus braços estendidos no espaço. O norte, o sul, o
leste e o Oeste representam o Cristo cósmico no que é
chamada a “cruz fixa dos céus”. Sobre esta cruz, Deus é
eternamente crucificado”.4 (Item 181)
Misticamente pode-se considerar o espaço como o Templo e local da
eterna manifestação de Deus. Seu altar é o Sol, cujos quatro braços, ou
raios, representam os quatro cantos, ou a Cruz Cardeal do universo, que se
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tornaram os quatro signos fixos do Zodíaco, que são considerados tanto
cósmicos como espirituais.
Conhecidos como Touro, Leão, Escorpião e Aquário, eles representam
os elementos fundamentais básicos da vida: Fogo, Terra, Ar e Água, e
constituem a Cruz da Alma, a cruz sobre a qual a segunda Pessoa da Divina
Trindade é crucificada.
Foram estes quatro aspectos o que Jesus personificou em Sua missão
e, como Cristo Cósmico, exemplificou em Sua pessoa as qualidades que cada
signo representava.
A crucificação de Jesus, quando alcançamos a compreensão de Sua
tarefa Cósmica, foi um acontecimento de amplitude muito maior do que se
pode imaginar a princípio. Muito mais do que salvar individualidades,
beneficiou milhões de seres, pois assinalou o fechamento de um grande ciclo
cósmico e o início de um novo, onde se abrem permanentemente os portais
celestes para todos que absorvessem Sua mensagem, e não mais
eventualmente e tão somente para aqueles que triunfassem sobre a matéria.
“Permitam-me afirmar aqui, breve e sucintamente, o que
deveria realmente ter transpirado quando Cristo morreu na
Cruz. Ele abandonou o aspecto forma e identificou-Se como
Homem, com o aspecto vida da Deidade. Ele libertou-nos,
assim, do lado forma da vida, de religião e da matéria, e
demonstrou para nós a possibilidade de estar no mundo e,
entretanto, não ser do mundo, vivendo como Almas, libertos
das tramas e limitações da carne, enquanto caminhando pela
terra”.4 (Item 187)
A grande lição se expressa no simbolismo de que a natureza carnal
inferior deve morrer, para que a natureza divina superior possa exibir-se
em toda sua beleza; o ser inferior deve morrer para que o ser superior
possa se manifestar na terra. O Cristo tinha que morrer para que, de uma
vez por todas, a humanidade aprendesse a lição de que, pelo sacrifício da
natureza humana, o aspecto divino poderia ser “salvo”.
Muito mais do que libertar-nos do “pecado” natural, herdado de Adão,
esta é a grande tarefa realizada por Jesus: a libertação pelo Amor e a
crença em um Deus de misericórdia, e não tirano e vingativo.
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Aliás, esotericamente, considera-se a idéia do “pecado” como um
reflexo natural e intuitivo do ser ao vislumbrar sua origem divina,
contrapondo-se aos seus excessos materiais de toda ordem. É uma
conseqüência da consciência da dualidade. É a compreensão de que, em
última análise, o pecado significa uma inadequação às leis universais e na sua
relação com os demais seres humanos.
Cada um de nós deve trilhar o caminho da cruz e entrar no reino
celeste pelo direito da conquista. Diariamente tomamos nossa cruz e
prosseguimos nosso caminho, seja por provas menores ou maiores. O serviço
da dor, as dificuldades de toda ordem, seja com nossos familiares, seja com
os próximos que o destino nos traz nos caminhos da vida, é a cruz que
devemos carregar, e são as recompensas de quem coloca a humanidade em
primeiro e sua pessoa em segundo lugar.
Assim procedendo, percebe que os portais dos planos maiores estão
abertos para si, permitindo-lhe a entrada. Mas primeiro deve servir e
sofrer... Este é o Caminho.
Fizemos da Crucificação uma tragédia, enquanto a verdadeira
tragédia foi nosso fracasso em reconhecer seu significado real.
5. A Ressurreição e Ascensão.
Poucas são as informações sobre as duas metades que compõe a
quinta Iniciação, visto não terem sido objeto de relatos pelos evangelistas
com elementos suficientes para uma análise mais aprimorada.
”A iniciação crucial, de importância para que a
humanidade atual a compreenda, é a quarta. Somente quando
tivermos dominado o significado do serviço e do sacrifício,
poderão fato da imortalidade e seu verdadeiro sentido ser
revelado para nós. Como o Cristo se elevou, quais os processos
desenvolvidos, em que corpo exatamente apareceu, não podemos
dizer. Os apóstolos nos asseguram que parecia o corpo do qual
se tinha previamente utilizado, mas se era o mesmo corpo,
milagrosamente ressurreto; se era Seu corpo espiritual, que
parecia ser o mesmo aos olhos físicos daqueles que O amavam,
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ou se Ele construíra um corpo inteiramente novo, nas mesmas
linhas gerais que o anterior, não nos é possível dizer; nem nos
é possível afirmar que a visão dos discípulos não fosse supra-
normal ou que, através da intensificação de Sua divindade
expressa, o Cristo tivesse estimulado de tal maneira sua visão
interna que eles vissem de maneira clarividente, ou em outra
dimensão. O fato importante foi que Ele de fato se ergueu,
novamente, que foi visto por muitos, e que o fato de Sua
ressurreição foi creditado na mentes de Seus amigos e pelos
dois ou três séculos após Sua partida”.4 (Item 231)
A ressurreição é a chave para a superação da morte e para a
compreensão da eternidade e da continuidade da vida, e somente poderá ser
revelada quando o Amor tiver dominado a consciência humana e o
egocentrismo houver sido abolido das personalidades.
Somente através do Amor, e do serviço ao próximo como sua
expressão, pode a verdadeira mensagem da Ressurreição ser compreendida
pelo homem. O Amor nos torna mais humildes e, ao mesmo tempo, mais
sábios. Ele penetra no coração, abrindo-o para a realidade, e tem a
faculdade de revelar a Alma oculta pelo Corpo.
“Contudo, a verdade é que o Cristo morreu e levantou-se
novamente, porque Ele era a divindade imanente em um corpo
humano. Através dos processos de evolução e da iniciação, Ele
demonstrou-nos o significado e o propósito da vida divina
presente n‟Ele e em todos nós”.4 (Item 235)
Segundo os textos ocultos, os episódios relatados nos Evangelhos
não são acontecimentos isolados na vida de Jesus de Nazaré, mas eles
tinham ocorridos repetidamente nos lugares secretos dos “Templos dos
Mistérios”, desde a aurora dos tempos. Nestas antigas Iniciações, este
sepultamento e ressurreição após três dias, era ocorrência comum e
familiar.
Mas coube a Jesus revelar esta verdade, rompendo o oculto e
apresentando-a a Humanidade. A condição impar do trabalho do Cristo
está no fato de que Ele foi o primeiro a representar os ritos cerimoniais e
rituais inteiros secretos, que eram apresentados apenas àqueles
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considerados aptos a atravessar as cinco grandes experiências do
Nascimento à Ressurreição, publicamente e diante de todos.
“A principal necessidade da Cristandade de hoje é dar
ênfase ao Cristo vivo, levantado. Já discutimos demais sobre a
morte do Cristo, procurando impôs um Cristo estreito e
sectário ao mundo. Alimentamos os fogos da separatividade com
nossas divisões cristãs, igrejas, seitas e “ismos”. “Seu nome é
Legião” e a maioria delas é fundada com base em alguma
apresentação sectária do Cristo morto e dos aspectos
primitivos de Sua história. Unamo-nos agora com base no
Cristo elevado – o Cristo vivo hoje, Cristo fonte de inspiração e
fundador do reino de Deus; Cristo, o Cristo cósmico,
eternamente sobre a Cruz, entretanto, eternamente vivo;
Cristo, o Salvador histórico, o fundador do Cristianismo,
vigiando Sua igreja; Cristo, o místico, o Cristo mítico,
representando nos quadros dos Evangelhos os episódios do
desenvolvimento [humano], de modo que todos os vivos possam
aprendê-Lo e segui-Lo; e Cristo, vivo hoje em cada coração
humano, a garantia e a aspiração pela divindade, que a
humanidade tão constantemente exibe. Ele inevitavelmente,
ocupará cada vez mais, a atenção do homem, até que seja
demonstrado e comprovado, que algo persiste após a morte
física”.4 (Item 239)
Na Terra Paz e Boa Vontade entre os homens.
********************
Bibliografia:
1. O Plano Devachânico ou O Mundo Celeste - Suas Características e
Habitantes - C. W. Leadbeater - Segunda Edição - Revista e Ampliada - The
Theosophical Publishing Society - Londres – Benares.
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2. A Caminho da Luz - Emmanuel – Psicografia de Francisco Candido
Xavier – Edição FEB (Federação Espírita Brasileira).
3. Aspectos do Cristo - Annie Besant - The Theosophist Office
Adyar, Chennai, India.
4. Os Mistérios Menores - Annie Besant - 3ª Impressão - The
Theosophical Publishing House Adyar, Chennai, India.
5. De Belém ao Calvário - As Iniciações de Jesus – Alice A. Bailey –
Fundação Cultural Avatar.
6. O Evangelho de Pedro – Apócrifos - WWW.AUTORESESPIRITASCLASSICOS.COM