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LIMITES, VALORIZAÇÃO PESSOAL E GRUPAL E FORTALECIMENTO DO
CONVÍVIO SOCIAL NA ADOLESCÊNCIA
Francisca Daiane da Silva Santos1
Rosangela de Souza Ramos2
Mirian Gabriella Gomes da Silva3
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo o estudo e a aplicação de práticas que fomentem a
discussão de temas diariamente vivenciados em ambientes escolares como o bullying, o trato
para com os professores e ainda quanto a motivação para o estudar. Este trabalho visa apresentar
tais contribuições a partir do levantamento de pesquisas bibliográficas. Os conceitos analisados
expressam forte grau de relação com a área de psicologia visto as implicações psíquicas no
manejo e enfrentamento de tais proposições, oportunizando um trabalho efetivo frente ao espaço
educacional por profissionais psicólogos em conjunto com gestores e educadores ressaltando
ainda a participação da família como meio facilitador do desenvolvimento dos adolescentes.
Tais considerações acerca dos temas e contextos trabalhados favorecem para que os
pensamentos acerca do processo de adolescência, incluindo os aspectos escolares, sejam vistos
em sua realidade e suscite novos olhares para discussões e intervenções cabíveis.
Palavras-chave: Adolescência. Escola. Bullying.
1. INTRODUÇÃO
Dentre as várias etapas de vida do ser humano, uma que torna-se de grande
evidência para o próprio indivíduo é a adolescência, visto sua forte carga de mudanças e
transformações, algo característico desta fase, porém por vezes desafiador. Diante disso,
e pelo reconhecimento de sua importância é que emerge a necessidade de atividades que
reforcem práticas positivas para a boa conduta social e consequente crescimento sadio
para o adolescente.
Com a intenção de entender os aspectos do processo de adolescência neste âmbito
escolar, sobretudo focalizado nos limites, na valorização do eu e no convívio social
1 Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Panamericana de Ji-paraná. 2Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Panamericana de Ji-Paraná. 3 Especialista em Serviço Social pelo Santo André/SP (2013) e em Gestão da Clínica pelo Instituto de
Ensino e Pesquisa Sírio Libanês. Bacharel em Psicologia por Faculdades Integradas de Cacoal-
UNESC/RO (2012). Docente do curso de Psicologia da Faculdade Panamericana de Ji-Paraná/RO. E-
mail: [email protected].
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surge este trabalho que busca propor o desenvolvimento de práticas que fomentem tais
temas focalizando a vivência social em sala de aula ao que compete ao trato com o
outro, buscando a criação de um possível ambiente harmônico o que visa ainda à
melhoria do aprendizado acadêmico as salas escolhidas, a saber, duas salas de 8º anos.
Diante destas necessidades é que surge a proposta de atividades que se efetivará
como de grande importância para as acadêmicas envolvidas, visto tratar-se de uma
demanda compatível ao que se aplica ao manejo profissional de um psicólogo. Visa-se o
aprendizado e a consequente partilha de vivências para com outros acadêmicos
interessados, almejando repercussão positiva das práticas interventivas assim como a
possibilidade de suscitar novos olhares para discussões e intervenções cabíveis.
2. METODOLOGIA
Visando atender o objetivo deste trabalho foi feito um estudo que está
fundamentado em uma revisão bibliográfica de artigos científicos, revistas eletrônicas.
Em conjunto ao estudo foram desenvolvidas práticas institucionais em conjunto com
profissionais que estão frente a atuações de demandas sociais.
3. DESENVOLVIMENTO
A adolescência se caracteriza como uma fase do desenvolvimento humano na
qual compreende crescimento, desenvolvimento e transformações do mesmo. O
adolescente em sua plena fase de descoberta não é ainda um adulto, ao passo que
também já não é mais uma criança, e isto constitui-se como uma fase de relevante
importância visto a necessidade de um desprendimento de um mundo infantil instituído
até o momento, passando agora por uma série de modificações, sendo elas físicas,
biológicas e psicológicas (ABERASTURY; KNOBOL,1981).
Papalia (2010, p. 397) em seus escritos menciona que “a adolescência é uma
construção social” isso visto que as sociedades abrangem o assunto de forma
diferenciada atribuindo aspectos de caracterização singulares e que definem os encaixes
para cada faixa etária, o que pode ser percebido como inclusão de idades, formas de se
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relacionar socialmente e ver o mundo, desenvolvimentos físico, psicológico e cognitivo,
dentre outros elementos definidores. É válido salientar que, por vezes, ao limitar tanto
estas características de acordo com cada sociedade, o adolescente pode se ver em um
processo de desencontros e conflitos.
Em referência ao comportamento dos adolescentes, o processo cultural de cada
sociedade tem muito a dizer sobre como surte e se percebe tais manifestações, isso visto
que estes estão em uma etapa de frequentes modificações. É característico modos de
expressão carregados de arrogância, presença marcante de introversões ou mesmo forte
destemor, demonstrações de desinteresse constantes, crises de identidade, enfim,
diversos aspectos que tornam este viver, por vezes, desafiador (ABERASTURY;
KNOBOL, 1981).
O ambiente escolar, propício para vivências marcantes, é um dos meios de
convivência do adolescente, indivíduo este que alterna suas atitudes constantemente e
embora isto aparente um descontrole tem toda uma carga de necessidade visto que se
este se apresenta sempre sobre uma forma rígida de comportamentos, ou seja, sempre
apresenta comportamentos idealizados e a risca, pode evidenciar a presença de
patologias, visto que a própria fase de vida se constitui como de grandes alterações
comportamentais, especialmente ligados aos processos de identidade, cabendo olhares
atentos e dinâmicos sobre este esta etapa tão peculiar (ABERASTURY; KNOBOL
1981).
3.1 Bullying e suas implicações no desenvolvimento do adolescente
É comum segundo Comin (2010) durante o período de adolescência o
surgimento de situações que evidenciem comportamentos negativos ou ainda
desajustados para com as realidades morais e legais por parte do adolescente. Tais
comportamentos podem ser vistos de forma agravada conforme sua repetição e
intensidade, denunciando desta forma a necessidade de um olhar mais atento,
considerando suas realidades pessoais e os contextos de vida deste indivíduo.
Algo que pode vir com forte manifestação no meio escolar, especialmente por
adolescentes é o que chama-se de bullying, prática que tem se tornado cada dia mais
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frequente. Esta é marcada por características de agressão, seja ela física ou psicológica,
apresentando-se sob um perfil repetitivo desta mesma ação. Geralmente são efetuadas
para com indivíduos que apresentem menor potencial para defesa e isto embasa o
prosseguimento de tais atitudes (OLWEUS, 1993 apud BANDEIRA; HUTZ, 2010).
Vemos em Silva (2010 apud Gonçalves e Souza, 2014) que diversas podem ser
as formas de ocorrência do bullying, a saber, a verbal que caracteriza-se sob a forma de
xingamentos e apelidos desagradáveis e depreciativos. Um segundo tipo diz respeito ao
físico e material, que torna-se o de maior identificação uma vez que pode deixar marcas
no corpo da vítima isso através de chutes, empurrões, tapas, enfim. Há ainda uma
terceira categoria que menciona acerca do bulling psicológico e moral, caracterizando-
se sobretudo por atos de humilhação, exclusão ou ainda isolamento.
Silva (2010 apud Gonçalves e Souza, 2014) ao falar sobre tais tipos de bullying
menciona ainda o bullying sexual, que está vinculado a práticas de assédio podendo
culminar em abusos. Um outro tipo diz respeito ao virtual, hoje conhecido como
cyberbullying, e que se fundamenta em exposições mal intencionadas de outras pessoas
nas mídias sociais, seja para difamação, para propagação de preconceito, invasão de
privacidade, enfim, formas que depreciem o caráter de suas vítimas. A principal
preocupação quanto a este tipo de bullying está vinculado ao rápido acesso pelos
internautas assim como a continuidade destas visualizações mesmo após retirada das
mídias sociais, causando alto grau de constrangimento as vítimas.
Em se tratando destes aspectos que caracterizam o bullying vemos em Fante
(2005 apud Souza e Almeida, 2011) que alguns papéis podem ser definidos quando de
uma análise frente a situações de bullying, a saber, vítima típica, que é o indivíduo que
sofrerá as ações, está geralmente caracteriza-se como inferior as demais, no qual torna-
se facilitada a persistência das práticas. Um segundo perfil envolvido é a vítima
agressora, responsável por emitir ações que denunciam suas condições de vida já
experenciadas, ou seja, esta refaz situações de maus tratos. Alinhado, por vezes, a este
pensamento surge o agressor, que define-se como aquele que dispensa quaisquer
sentimentos empáticos para com o outro, vendo sempre a possibilidade de domínio
sobre estes.
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Em referência aos papéis desempenhados Berger (2007 apud Bandeira e Hutz,
2012) cita as testemunhas, que são os indivíduos que presenciam as práticas de bullying,
participando como espectadores. As testemunhas se vêem paralisados frente a uma
situação difícil e que, no entanto não sabem como manejar, não desempenhando assim
nenhuma atitude ou defesa para com a vítima, temendo ainda se tornar também uma
próxima vítima destes agressores.
Quanto aos agressores, mais comumente chamados de bullies, estes trazem
características marcantes de um perfil agressor, indisciplinado, pouco aberto para o
diferente, não seguidor de regras e normas ou ainda apresentando uma série de outros
comportamentos negativos. Há casos em que os agressores atuais já foram vítimas de
bullying, o que não concretiza-se como justificação para tais ações, porém alerta para a
necessidade de um olhar aberto sobre todos os envolvidos em tais práticas. (MOURA,
2013).
Neto (2011 apud Gonçalves e Souza, 2014) ao caracterizar o bullying aponta que
alguns aspectos devem ser levados em consideração visto que não são todos os tipos de
agressões que constituem-se como bullying porém o que for de fato pertencente a tal
prática causa relevante sofrimento emocional a vítima, isso independente do nível da
ação. Outro aspecto diz respeito a um olhar atento sobre o que é brincadeira e o que
ultrapassa tais limites, uma vez que o impacto causado por tais inconveniências pode ser
altamente significativo para os envolvidos.
Fante (2005 apud Gonçalves e Souza, 2014) relata que as práticas de bullying
podem ocasionar uma diversidade de transtornos ao vitimado, isso a curto ou mesmo
em longo prazo. Algumas dessas repercussões podem vir sobre o ambiente escolar,
evidenciando-se em apresentações como baixa autoestima, retraimento social, não
exposição de dúvidas e pensamentos e rendimento escolar, o que tende a causar sérias
preocupações, em especial neste último aspecto, visto que o aprendizado pode estar
sendo gravemente comprometido.
Em consonância a estas ideias Silva (2010, apud Gonçalves e Souza, 2014)
destaca que o bullying pode trazer sérias consequências para a vítima, como o
desenvolvimento de transtorno de ansiedade generalizada, fobia social e escolar,
depressão, transtorno obsessivo compulsivo, evidenciando diversificados
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comprometimentos visto o prejuízo nas áreas de saúde física e mental, podendo afetar
ainda sua capacidade de socialização. Tal autora pontua ainda que em casos mais
extremos podem ser vistos quadros de esquizofrenia assim como tentativas de suicídio.
Em se tratando do ambiente escolar e das consequências que podem recair sobre
este espaço de aprendizagem, Fante (2005 apud Souza e Almeida, 2011) enfatiza que
fortes podem ser as consequências para as vítimas, como dificuldade de concentração,
falta de interesse pelas atividades, mudança no rendimento escolar e em alguns casos
pode se chegar em evasões escolares.
Os agressores também tendem a sofrer com as práticas de bullying, visto que
suas ações podem comprometer o desenvolvimento sadio destes. Há grandes
possibilidades de afastamentos escolares, isso ao menos no que se refere ao interesse
pelo aprendizado, visto que há maiores concentrações em si de energias dispensadas
para as atividades violentas que para objetivos de crescimento intelectual. Tais ações
podem ser tornar condutas contínuas, causando grande impacto na área social,
profissional e mesmo psicológica deste indivíduo. (FANTE, 2005 apud Souza e
Almeida, 2011).
As formas de enfrentamento utilizadas para trabalhar o bullying nem sempre faz
surtir os efeitos previamente pensados, conforme pontua Freire e Aires, 2012, pois estes
esclarecem que por vezes a problemática não é encarada de forma correta concentrando-
se muito mais em aspectos punitivos que numa totalidade acerca do mundo e contexto
vivencial dos envolvidos, sobretudo vinculado aos aspectos sociais, psicológicos ou
mesmo financeiros, contribuindo objetivamente para uma resolução ou forma de
prevenção para dados acontecimentos.
Para análise do bullying, deve ser observada uma série de aspectos, isso com
vistas a traçar pontuações fidedignas e que, sobretudo, compreendam um olhar amplo
sobre o conceito e suas implicações, permitindo a visualização de que as formas de
comportamento, em suas abrangências, partem de interações entre relações e ambientes,
ou seja, é algo que resulta de processos sociais, não evidenciando o pesar único sobre o
aluno agressor (FREIRE E AIRES, 2012).
Para resultados satisfatórios quanto as propostas de intervenções cabe a atuação
do psicólogo escolar, que sobretudo, deve estar vinculado a práticas que fomentem a
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prevenção e colaborem no manuseio das situações impostas. (Marinho-Araujo&
Almeida, 2008 apud Freire e Aires, 2012). Está à disposição deste profissional o uso de
meios que contemple avaliações dos indivíduos envolvidos assim como seus processos
sociais, não objetivando práticas particulares ou que oprimam visões de um todo (DEL
PRETTE & DEL PRETTE, 1996 apud FREIRE E AIRES, 2012).
3.2 Trato para com os professores e motivação para o estudar
A escola não representa apenas um papel de cunho profissional, mas reflete um
espaço de aprendizado social e afetivo, uma vez que as relações sociais estão a todo
tempo emergindo nos contatos estabelecidos cotidianamente em tal ambiente
(CANTINI, 2004 apud BANDEIRA E HUTZ, 2012).
Neste pensamento de espaço diversificado, a escola que ora reflete os conceitos
educacionais, ora serve de base ética, por este viés de integração do todo a psicóloga
Lidia Aratangy (2011 apud Souza e Almeida, 2011) afirma o poder evidente que há nos
responsáveis pela escola. Segundo a autora estes responsáveis precisam sempre se
encontrar a par de tudo que lhes compete enquanto educador e formador de cidadãos,
pois um espaço que abarca vivências e contextos sociais nos seus mais variados níveis
tende a apresentar situações cotidianamente que exijam soluções bem pensadas e que
vise o bem estar de todos assim como o desenvolvimento sadio.
Conforme Jesus (2004 apud Martins, 2016) a motivação pode ser compreendida
como um processo que possibilita ao indivíduo estímulos na tentativa de consolidar
objetivos ao passo que a desmotivação pode surgir devido a falhas educacionais em
diversos contextos do âmbito escolar, permitindo por sua vez o aumento de situações
que não contribuirão para reforçar a aprendizagem e criar um ambiente propício para o
desenvolvimento satisfatório destes alunos.
De acordo com Martins, 2016, alguns aspectos podem ter relação direta quando
se pensado em motivação e desmotivação em sala de aula, a saber, a relação entre
professor e aluno, a forma de ensino, e ainda como se dá o decorrer das aulas
ministradas. Uma sugestão que este autor aponta está em uma observância acerca das
necessidades desses alunos, isto levando em consideração tantos os aspectos
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pedagógicos quanto de comunicação, socialização, interesses individuais, enfim, formas
diversificadas de despertar o interesse destes alunos e torná-los motivados para um
aprendizado eficiente.
Para Rogers (1969 apud Zimring, 2010) alguns princípios tornam-se essenciais
para que a aprendizagem do aluno possa ser melhor desenvolvida, a saber, o aluno
necessita entender determinado conteúdo como algo de relevante importância para seu
desenvolvimento pessoal para que de fato haja o que chama-se de aprendizagem
autêntica. Outro ponto diz respeito a quando o assunto tocado faça alusão a algo que não
lhe soe positivo ou necessite de novas organizações pessoais, pois isso tende a ocasionar
uma resistência a aceitação de tais fatos e consequente aprendizado.
A família emite grande influência na vida escolar dos filhos. A aprendizagem,
por vezes não funciona por completo por não existir uma rede capaz de abarcar e trazer
a tona todos os possíveis caminhos de crescimento para os alunos, o que ocasiona uma
série de prejuízos neste desenvolvimento intelectual e consequentemente profissional
(MARTINS, 2016).
Em confirmação a este pensamento vemos em Comin (2010) que questões
ligadas a afeto e emoção surgem como influenciadores na aprendizagem real do aluno,
pois pensa-se que as omissões afetivas tendem a trazer forte peso quando da investidura
em outros mecanismos a serem alcançados pelo adolescente, isso de fontes externas
como a família, de forma que o adolescente não integra os saberes necessários devido a
uma resistência que por vezes nem ele mesmo se deu conta destas ocorrências. Isto
evidencia o valor entre educadores e alunos para que o processo de ensino seja
promissor e assim o adolescente tenha relevantes ganhos intelectuais.
Em se tratando deste professor, detentor de todo um conhecimento transpassado
durante sua vida acadêmica, este tem em suas mãos não apenas o poder de
desenvolvimento de habilidades, mas agora lhe é intitulado também o poder de
transformação, ou seja, de ser um indivíduo capaz de fornecer orientação e tornar-se
modelo perante seus alunos, no qual tais ações podem vir de maneira natural quando da
existência de uma relação saudável entre os indivíduos que dividem este mesmo espaço
escolar (COELHO, 2012 apud VASCONCELOS, 2015).
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Para que as relações entre professor e aluno sejam ditas como satisfatórias
vemos em Gomes (2010 apud Vasconcelos, 2015) que o profissional tem de se sentir e
ser de fato valorizado, isso tanto pela sociedade em si quanto pelos seus próprios alunos
que fazem uso de todo um conhecimento dispensado por este profissional em sala de
aula. Esta motivação ao ser sentida exteriormente repercute em como ele se doa em seu
trabalho possibilitando melhores caminhos e saberes construídos para estes adolescentes
e a ele profissionalmente.
Torna-se interessante enfatizar que segundo Matos e Viana (2012), há uma
prática que vem tomando espaço nos ambientes escolares, a saber, a violência contra
professores, sejam elas de forma verbal, física ou ainda psicológica. É válido pensar que
a ocorrência de tais ações pode recair sobre o nível de envolvimento e dedicação laboral
assim como prejudicar no fator interação com outros alunos da rede escolar.
Ainda conforme Matos e Viana (2012) as formas pelas quais as agressões mais
comuns se expressam no ambiente escolar se dão por circunstâncias cotidianas na
relação entre professores e alunos, como podem ser citadas situações relacionadas ao
cumprimento ou não de regras instituídas por este profissional. É possível ver que tais
comportamentos de desobediência são em sua maioria reflexos de outros ambientes
como a família.
Em referência a família, a esta não é exposta apenas o dever de
acompanhamento das práticas escolares dos filhos, mas também a emissão desde cedo
de valores morais assim como regras e limites isso a fim de que os professores, por
vezes alvos de agressões, tenham as condições mínimas de exercer suas funções
profissionais assim como tenha a possibilidade de relações saudáveis neste ambiente de
trabalho (MATOS E VIANA, 2012).
Para Haigh (2010 apud Vasconcelos, 2015) quando do acompanhamento escolar
e destes adolescentes por parte da família assim como de uma visão em conjunto entre
professor e aluno do quanto estes constituem papéis de relações em um mesmo contexto
e o quanto ambos se beneficiam destas relações é que se poderão alcançar estados
promissores para desenvolvimentos pessoais, cognitivos e sociais, tornando então de
fato o ambiente escolar como um espaço de vivência harmônica e positiva.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A referida prática possibilitou um maior contato e entendimento acerca das
possíveis atuações cabíveis ao profissional psicólogo ao passo que esta inserção no
ambiente escolar, pode ser vista também como um referencial das intrigantes realidades
sociais e o quanto de espaço de trabalho existe como responsabilidade de um
profissional comprometido com seu objeto de estudo, a saber, o indivíduo e seus
comportamentos nos mais diferentes ambientes.
Diante de tais realidades foi possível visualizar que os períodos de formação de vida
do indivíduo tende a dizer muito sobre suas formas de reação e comportamentos, assim
como o espaço no qual se está inserido tende a firmar-se como propiciador de uma
construção pautada no que lhes é colocado como alternativas. Pensar de tais formas abre
espaço para um olhar sobre o indivíduo em sua totalidade assim como amplia a visão
acerca destes e seus comportamentos, sejam eles individuais ou em sociedade.
Logo, torna-se válido quando das percepções das realidades sociais, intervenções
veiculadas ao interesse de promover crescimentos sustentáveis para determinadas
populações fazendo-se uso da psicologia enquanto ciência aplicando-se as demandas
emergentes das relações sociais.
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