Transcript
Page 1: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 1/441

 

CURSO DE REGIMENTO INTERNO

André Corrêa de Sá CarneiroLuiz Claudio Alves dos Santos

Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto

2011

Page 2: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 2/441

Curso d Rgimento Intero 

 André Corrêa de Sá Carneiro

Luiz Claudio Alves dos Santos

Miguel Gerônimo da Nóbrega NettoBrasília | 2011

Câmara dosDeputados

Page 3: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 3/441

 André Corrêa de Sá Carneiroé mestre em Ciência Política(Iuperj/Ucam) e especialista em

Processo Legislativo (Ceor/CD).Na Câmara dos Deputados, éanalista legislativo e atua comochee de gabinete de liderança.

Luiz Claudio Alves dos Santosé mestre em Ciência Política(Iuperj/Ucam) e especialista emProcesso Legislativo (Ceor/CD).

Na Câmara dos Deputados, éanalista legislativo e atua comosecretário de comissão.

Os autores são proessores doCentro de Formação, Treinamen-to e Apereiçoamento (Ceor)da Câmara dos Deputados. Sãotambém palestrantes e escrevem

artigos para a coluna ProcessoLegislativo da Revista da Casa,da Câmara dos Deputados, epara o Jornal Conversa Pessoal , doSenado Federal.

Elaborado por trêsservidores que acumularamuma grande experiência nalida diária com os procedi-

mentos e rotinas daCâmara dos Deputados,esta publicação é umaimportante erramentapara parlamentares,servidores da Câmara dosDeputados e do Senado

Federal, pessoas que traba-lham ou pretendem atuar naárea de processo legislativo,pesquisadores e estudantes.O conteúdo do livro é aces-sível também a todo cidadão

interessado em saber comose azem as leis do país ecomo são fscalizados osrecursos públicos pelo PoderLegislativo.

Organizado em ormatode curso, com linguagemclara e objetiva, o livro traz comentários atualizadossobre todos os dispositivosdo Regimento Interno daCâmara dos Deputados –

com remissões à Constitui-ção Federal, ao RegimentoComum do CongressoNacional e ao RegimentoInterno do Senado Federal–, sempre balizados pelosensinamentos da doutrina e

l d i õ d t ib i

Page 4: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 4/441

pelas decisões de tribunais

Page 5: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 5/441

M Câ Du 54ª Legislatura – 1ª Sessão Legislativa2011-2015 

P Marco Maia1ª V-P rose de Freitas

2º V-P eduardo da Fonte1º sá eduardo GoMes

2º sá JorGe tadeu Mudalen

3º sá inocêncio oliVeira 4º sá Júlio delGado

Suplentes de Secretário

1º sp Geraldo resende2º sp Manato

3º sp carlos eduardo cadoca 4º sp sérGio Moraes

d-G roGério Ventura teixeirasá-G M sérGio saMPaio contreiras de alMeida

Page 6: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 6/441

Câmara dos Deputados

Cu Rgn In 

 André Corrêa de Sá CarneiroLuiz Claudio Alves dos Santos

Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto

Centro de Informação e DocumentaçãoEdiçes CmaraBrasília | 2011

Page 7: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 7/441

CÂMARA DOS DEPUTADOS

DIRETORIA LEGISLATIVAd Afrísio Vieira Lima Filho

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃOd Adolfo C. A. R. Furtado

COORDENAÇÃO EDIÇõES CâMARAd Maria Clara Bicudo Cesar

DEPARTAMENTO DE COMISSõESd Luiz Antonio Souza da Eira

Cmara dos DeputadosCentro de Documentação e Informação – CediCoordenação Ediçes Cmara – Coedi

 Anexo II – Praça dos Três PoderesBrasília (DF) – 70160-900Telefone: (61) 3216-5802; fax: (61) 3216-5810

[email protected] gáf Paula Scherrecp gmçã Paula Scherrervã Seção de Revisão e IndexaçãoF p Luiz Alves/Sefot

SÉRIEConhecendo o Legislativo

n. 7

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.

Carneiro, André Corrêa de Sá.Curso de regimento interno / André Corrêa de Sá Carneiro, Luiz Claudio

 Alves dos Santos, Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto. – Brasília : Cmara dosDeputados, Ediçes Cmara, 2011.

446 p. – (Série conhecendo o legislativo ; n. 7)

ISBN 978-85-736-5918-4

1. Brasil. Congresso Nacional. Cmara dos Deputados, regimento. 2. Cmara

dos deputados, regimento, Brasil. 3. Processo legislativo, Brasil. I. Santos, Clau-dio Alves dos. II. Nóbrega Netto, Miguel Gerônimo. III. Título.

CDU 342.532(81)

ISBN 978-85-736-5917-7 (brochura) ISBN 978-85-736-5918-4 (e-book)

Page 8: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 8/441

Sou grato a Deus, por sua graça e eterna bondade. Ide-lísia Dourado, amada esposa, e Ana Luiza, cativante

lha, alegro-me em sermos uma amília eliz. Minhagratidão também a meus pais, Regino e Irita, vence-dores em suas batalhas. Familiares e amigos, cujos la-ços de aeto me ortalecem, e colegas da Câmara dosDeputados, pela convivência diária de aprendizado,meus sinceros agradecimentos!

Luiz Claudio

Agradeço primeiramente a Deus, provedor de todas asminhas necessidades; à Maria Geralda (in memoriam),mãe querida e eternamente amada; ao meu pai, quetem me apoiado sentimental e moralmente em meusprojetos pessoais e prossionais e que, juntamente comminha amília, tem me ensinado a viver com amor edignidade; aos meus colegas da Câmara dos Deputados,os quais sempre me incentivaram a desenvolver conhe-cimentos sobre o processo legislativo; e a todos os que

acreditam no Legislativo, poder essencial para o alcanceda democracia.

 Miguel Gerônimo

Agradeço primeiramente a Deus, Criador de toda vida,por todas as bênçãos; aos meus pais, por me iniciaremna busca do conhecimento, bem como pelo exemplo de

 vida; aos meus amiliares, amigos e colegas da Câmara

dos Deputados, pelo apoio dispensado. Agradeço, porm, a Cristina, minha noiva, por todo carinho, incenti- vo e compreensão.

 André Carneiro

Page 9: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 9/441

Sgár 

 ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade

 AGU Advocacia-Geral da UniãoCC Conito de Competência

CCJC Comissão de Constituição e ustiça e de CidadaniaCCJR  Comissão de Constituição e ustiça e de Redação

CD Câmara dos DeputadosCDU Comissão de Desenvolvimento Urbano

CEDP Código de Ética e Decoro ParlamentarCESP Comissão Especial

CF Constituição FederalCFFC Comissão de Fiscalização Financeira e Controle

CFT Comissão de Finanças e TributaçãoCLP Comissão de Legislação Participativa

CN Congresso Nacional

CNMP Conselho Nacional de Moradia PopularCoEDP Conselho de Ética e Decoro ParlamentarCPI Comissão Parlamentar de Inquérito

CPMI Comissão Parlamentar Mista de InquéritoDCD Diário da Câmara dos DeputadosDCN Diário do Congresso Nacional 

DO Diário Ofcial DOU Diário Ofcial da UniãoDVS Dispositivo Destacado para Votação em Separado

EC Emenda ConstitucionalFNMP Fundo Nacional de Moradia PopularGTCL Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisLC Lei Complementar

LDO Lei de Diretrizes OrçamentáriasLIDB Lei de Introdução às Normas do Direito BrasileiroLOA Lei Orçamentária Anual

MP Medida ProvisóriaOD Ordem do Dia

PC Presidente de ComissãoPCD Presidente da Câmara dos DeputadosPEC Proposta de Emenda à Constituição

PL Projeto de Lei

Page 10: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 10/441

8

Curso de Regimento Interno

PLS Projeto de Lei do SenadoPPP Princípio da Proporcionalidade PartidáriaPPA Plano Plurianual

RCCN Regimento Comum do Congresso NacionalRICD Regimento Interno da Câmara dos DeputadosRISF Regimento Interno do Senado Federal

SF Senado FederalSGM Secretaria-Geral da Mesa

SLE Sessão Legislativa ExtraordináriaSLO Sessão Legislativa OrdináriaSTF Supremo Tribunal Federal

 TCU  Tribunal de Contas da União TSE  Tribunal Superior Eleitoral

Page 11: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 11/441

Suár 

Preácio ..........................................................................................................................17

Apresentação .................................................................................................................19

Capítulo I – Noções Elementares ..................................................................................21AULA 1 – Estado Brasileiro e Entes Federativos ......................................................21AULA 2 – Poder Público e Funções Estatais ............................................................23

AULA 3 – Poder Legislativo .....................................................................................25AULA 4 – Congresso Nacional .................................................................................26AULA 5 – Dierenças entre Câmara dos Deputados e Senado Federal .....................28AULA 6 – Legislatura ...............................................................................................31AULA 7 – Sessão Legislativa Ordinária ....................................................................32AULA 8 – Sessão Legislativa Extraordinária ............................................................33AULA 9 – Sessões Legislativas e Sessões Plenárias ...................................................34AULA 10 – Sessão Conjunta do Congresso Nacional ...............................................36

AULA 11 – Sessão X Reunião...................................................................................37AULA 12 – Conceitos Básicos do Direito .................................................................38AULA 13 – Partidos Políticos e Funcionamento Parlamentar ..................................41AULA 14 – Princípio da Proporcionalidade Partidária .............................................44

Capítulo II – Noções Fundamentais do Processo Legislativo ........................................49AULA 1 – Processo Legislativo .................................................................................49AULA 2 – Paradigma do Processo Legislativo Bicameral .........................................54AULA 3 – Quórum ...................................................................................................56AULA 4 – Quórum de Maioria.................................................................................57AULA 5 – Votação na Câmara ..................................................................................58AULA 6 – Maioria Simples (ou Relativa) .................................................................59AULA 7 – Maioria Absoluta .....................................................................................62AULA 8 – Maioria de 2/3 .........................................................................................64AULA 9 – Maioria de 3/5 .........................................................................................65AULA 10 – Poder Conclusivo ...................................................................................67

Capítulo III – Introdução ao RICD ..............................................................................69AULA 1 – Status Normativo do RICD .....................................................................69

AULA 2 – Adaptações de Redação no Texto Regimental .........................................72AULA 3 – Conteúdo e Organização do RICD .........................................................74

Page 12: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 12/441

Curso de Regimento Interno

Capítulo IV – Disposições Preliminares do RICD ........................................................81AULA 1 – Da Sede da Câmara .................................................................................81AULA 2 – Das Sessões Legislativas ..........................................................................84

AULA 3 – Da Posse dos Deputados .........................................................................86AULA 4 – Antes da Sessão Preparatória de Posse .....................................................89AULA 5 – No Dia da Sessão Preparatória de Posse ..................................................91AULA 6 – No Dia Seguinte à Sessão Preparatória de Posse .....................................93AULA 7 – Posse Posterior à Sessão Preparatória de Posse ........................................94AULA 8 – Compromisso de Posse X Mandato .........................................................96AULA 9 – Sessão Preparatória – Eleição da Mesa ....................................................98AULA 10 – Sessão Preparatória – Eleição da Mesa paracada Biênio da Legislatura .........................................................................................98

AULA 11 – Sessão Preparatória – Eleição da Mesa – Direção dos Trabalhos .........100AULA 12 – Sessão Preparatória – Eleição da Mesa – Quórum de Deliberação ......101AULA 13 – Eleição da Mesa – Recondução a Cargo da Mesa ................................102AULA 14 – Eleição da Mesa – Critérios para Composição da Mesa (Parte I) ........103AULA 15 – Eleição da Mesa – Critérios para Composição da Mesa (Parte II) ......105AULA 16 – Eleição da Mesa – Critérios para Composição da Mesa (Parte III) .....106AULA 17 – Eleição da Mesa – Candidatura Ocial X Candidatura Avulsa ...........107AULA 18 – Mesa – Perda de Lugar e Vaga .............................................................108

AULA 19 – Processo Eleitoral da Mesa (Parte I) ....................................................110AULA 20 – Processo Eleitoral da Mesa (Parte II) ..................................................114AULA 21 – Da Liderança .......................................................................................116AULA 22 – Mandato dos Líderes ...........................................................................117AULA 23 – Impedimentos da Liderança ................................................................118AULA 24 – Das Prerrogativas dos Líderes (Parte I) ...............................................119AULA 25 – Das Prerrogativas dos Líderes (Parte II) ..............................................122AULA 26 – Dos Partidos sem Liderança ................................................................123AULA 27 – Dos Blocos Parlamentares ....................................................................124

AULA 28 – Da Comunicação da Formação de Bloco Parlamentar .........................125AULA 29 – Da Liderança dos Blocos Parlamentares ..............................................126AULA 30 – Da Dissolução de Bloco Parlamentar ...................................................127AULA 31 – Da Maioria e da Minoria .....................................................................128

Capítulo V – Dos Órgãos da Câmara ..........................................................................131AULA 1 – Da Mesa da Câmara ..............................................................................131AULA 2 – Da Competência da Mesa ......................................................................133AULA 3 – Da Presidência da Mesa .........................................................................136

AULA 4 – Das Atribuições do Presidente ...............................................................138AULA 5 – Da Secretaria da Mesa ...........................................................................142AULA 6 – Do Colégio de Líderes ...........................................................................144AULA 7 – Da Procuradoria Especial da Mulher .....................................................146

Page 13: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 13/441

Sumário

AULA 8 – Da Procuradoria Parlamentar ................................................................148AULA 9 – Da Ouvidoria Parlamentar .....................................................................149AULA 10 – Do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ......................................151

AULA 11 – Do Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis ...............................159AULA 12 – Corregedoria ou Corregedores?............................................................160AULA 13 – Órgãos da Câmara – Considerações Finais ..........................................161

Capítulo VI – Das Comissões .....................................................................................163AULA 1 – Permanentes e Temporárias – Denição ................................................163AULA 2 – Da Representação Proporcional das Bancadas .......................................164AULA 3 – Das Competências .................................................................................165AULA 4 – Das Comissões Permanentes – Do Número de Membros .....................168AULA 5 – Das Comissões Permanentes – Da Distribuição das Vagas ....................170AULA 6 – Das Comissões Permanentes – Da Representação Numérica ...............171AULA 7 – Das Comissões Permanentes – Da Indicação eDesignação dos Membros ........................................................................................174AULA 8 – Das Subcomissões e Turmas ..................................................................175AULA 9 – Das Matérias ou Atividades de Competência das Comissões ................176AULA 10 – Das Comissões Temporárias ................................................................186AULA 11 – Das Comissões Especiais .....................................................................187AULA 12 – Das Comissões Parlamentares de Inquérito .........................................189

AULA 13 – Das Comissões Externas ......................................................................194AULA 14 – Da Presidência das Comissões, dos Impedimentos e das Vagas ...........195AULA 15 – Das Reuniões .......................................................................................199

Capítulo VII – Dos Trabalhos das Comissões .............................................................203AULA 1 – Dos Trabalhos das Comissões ................................................................203AULA 2 – Dos Prazos .............................................................................................205AULA 3 – Da Admissibilidade e da Apreciação das Matérias pelas Comissões .....207AULA 4 – Das Normas Aplicáveis aos Trabalhos das Comissões ...........................210

AULA 5 – Dos Procedimentos a Serem Adotados após o Encerramento daApreciação da Matéria pelas Comissões ...................................................................213AULA 6 – Da Fiscalização e Controle, da Secretaria e da Ata, e doAssessoramento ........................................................................................................214

Capítulo VIII – Das Sessões da Câmara .....................................................................219AULA 1 – Das Sessões da Câmara ..........................................................................219AULA 2 – Das Sessões Públicas ..............................................................................226AULA 3 – Da Ordem do Dia ..................................................................................228AULA 4 – Do Grande Expediente ..........................................................................230

AULA 5 – Das Comunicações de Lideranças e das Comunicações Parlamentares .231AULA 6 – Da Comissão Geral ................................................................................233AULA 7 – Das Sessões Secretas ..............................................................................234 

Page 14: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 14/441

Curso de Regimento Interno

AULA 8 – Da Interpretação e Observância do Regimento(Questão de Ordem e Reclamação) .........................................................................236AULA 9 – Da Ata ...................................................................................................241

Capítulo IX – Das Proposições ...................................................................................245AULA 1 – Do Conceito, das Espécies e da Forma ..................................................245AULA 2 – Da Apresentação ....................................................................................246AULA 3 – Da Retirada, do Arquivamento ao Término da Legislaturae da Publicação .........................................................................................................248AULA 4 – Dos Projetos...........................................................................................251AULA 5 – Das Indicações .......................................................................................254AULA 6 – Dos Requerimentos ...............................................................................256AULA 7 – Dos Pareceres .........................................................................................260

Capítulo X – Das Emendas .........................................................................................263AULA 1 – Denição e Espécies ..............................................................................263AULA 2 – Do Substitutivo, da Emenda de Redação e das Subemendas .................266AULA 3 – Da Iniciativa das Emendas.....................................................................268AULA 4 – Da Apresentação de Emendas em Comissão .........................................269AULA 5 – Da Apresentação de Emendas em Plenário ...........................................272AULA 6 – Das Emendas a Matéria Urgente ...........................................................274AULA 7 – Das Emendas Aglutinativas ...................................................................275

AULA 8 – Das Emendas à Redação Final...............................................................277AULA 9 – Da Distribuição de Emendas às Comissões ...........................................279AULA 10 – Das Vedações ao Emendamento ..........................................................281

Capítulo XI – Da Apreciação das Proposições ............................................................283AULA 1 – Do Curso da Proposição e da Competência para Decidirsobre as Proposições .................................................................................................283AULA 2 – Da Maniestação das Comissões e do Recurso contra ApreciaçãoConclusiva das Comissões ........................................................................................284

AULA 3 – Do Arquivamento da Proposição com Pareceres Contrários..................285AULA 4 – Das Providências após Apreciação em Comissões e daApreciação em Plenário ...........................................................................................286AULA 5 – Do Recebimento de Proposições, das Providências e dosCasos de Devolução .................................................................................................287AULA 6 – Da Numeração das Proposições em Geral .............................................288AULA 7 – Da Numeração de Emendas e Subemendas ...........................................289AULA 8 – Dos Procedimentos Adicionais para Identicação das Proposições .......289AULA 9 – Da Distribuição das Proposições às Comissões (Parte I) .......................290

AULA 10 – Da Distribuição das Proposições às Comissões (Parte II) ....................291AULA 11 – Da Distribuição das Proposições às Comissões (Parte III) ..................293

Page 15: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 15/441

Sumário

AULA 12 – Do Requerimento de Maniestação de Comissão,da Declaração de Incompetência e do Conito de Competência .............................294AULA 13 – Da Tramitação Conjunta .....................................................................295

AULA 14 – Das Regras de Tramitação Conjunta ou por Dependência ..................296AULA 15 – Da Apreciação Preliminar (Parte I) ......................................................297AULA 16 – Da Apreciação Preliminar (Parte II) ....................................................298AULA 17 – Dos Turnos a que Estão Sujeitas as Proposições ..................................299AULA 18 – Do Interstício .......................................................................................300AULA 19 – Do Regime de Tramitação – Casos de Urgência ..................................301AULA 20 – Do Regime de Tramitação – Casos de Prioridade e de

 Tramitação Ordinária ...............................................................................................303AULA 21 – Da Urgência – Disposições Gerais .......................................................304

AULA 22 – Da Urgência por Requerimento ...........................................................305AULA 23 – Da Apreciação do Requerimento de Urgência .....................................305AULA 24 – Da “Urgência Urgentíssima” e Outras Considerações ..........................307AULA 25 – Da Urgência – Da Apreciação de Matéria Urgente .............................308AULA 26 – Da Prioridade.......................................................................................309AULA 27 – Da Preerência (Parte I) .......................................................................310AULA 28 – Da Preerência (Parte II) ......................................................................316AULA 29 – Do Destaque (Parte I) ..........................................................................317

AULA 30 – Do Destaque (Parte II) ........................................................................318AULA 31 – Da Prejudicialidade (Parte I) ................................................................321AULA 32 – Da Prejudicialidade (Parte II) ..............................................................322

Capítulo XII – Da Discussão ......................................................................................325AULA 1 – Disposições Gerais (Parte I) ..................................................................325AULA 2 – Disposições Gerais (Parte II) .................................................................326AULA 3 – Disposições Gerais (Parte III) ...............................................................327AULA 4 – Da Inscrição de Debatedores (Parte I) ...................................................328AULA 5 – Da Inscrição de Debatedores (Parte II) .................................................329AULA 6 – Do Uso da Palavra .................................................................................330AULA 7 – Do Aparte ..............................................................................................332AULA 8 – Do Adiamento da Discussão ..................................................................333AULA 9 – Do Encerramento da Discussão .............................................................334AULA 10 – Da Proposição Emendada durante a Discussão ...................................335

Capítulo XIII – Da Votação ........................................................................................337AULA 1 – Disposições Gerais (Parte I) ..................................................................337AULA 2 – Disposições Gerais (Parte II) .................................................................341

AULA 3 – Das Modalidades e Processos de Votação (Parte I) ................................343AULA 4 – Das Modalidades e Processos de Votação (Parte II) ..............................345

Page 16: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 16/441

Curso de Regimento Interno

AULA 5 – Das Modalidades e Processos de Votação (Parte III) .............................347AULA 6 – Do Processamento da Votação (Parte I) .................................................351AULA 7 – Do Processamento da Votação (Parte II) ...............................................353

AULA 8 – Do Encaminhamento da Votação ..........................................................357AULA 9 – Do Adiamento da Votação .....................................................................359

Capítulo XIV – Da Redação do Vencido, da Redação Final e dos Autógraos ............361AULA 1 – Da Redação do Vencido, da Redação Final ............................................361AULA 2 – Prazos e Competência para Elaboração da Redação do Vencido e daRedação Final ..........................................................................................................364AULA 3 – Da Votação da Redação Final ...............................................................365AULA 4 – Correção do Texto após Aprovação da Redação Final ..........................366AULA 5 – Dos Autógraos .....................................................................................366

Capítulo XV – Das Matérias Sujeitas a Disposições Especiais....................................369AULA 1 – Da Proposta de Emenda à Constituição ................................................369AULA 2 – Dos Projetos de Iniciativa do Presidente da República comSolicitação de Urgência ............................................................................................374AULA 3 – Dos Projetos de Código .........................................................................377AULA 4 – Dos Projetos de Consolidação ...............................................................380AULA 5 – Das Matérias de Natureza Periódica ......................................................383AULA 6 – Do Regimento Interno ..........................................................................387

AULA 7 – Dos Processos contra o Presidente da República ...................................389AULA 8 – Do Comparecimento de Ministro de Estado .........................................393AULA 9 – Da Participação na Comissão Representativa doCongresso Nacional e no Conselho da República ....................................................396

Capítulo XVI – Dos Deputados ..................................................................................399AULA 1 – Do Exercício do Mandato (Parte I) .......................................................399AULA 2 – Do Exercício do Mandato (Parte II) .....................................................401AULA 3 – Do Exercício do Mandato (Parte III) ...................................................403

AULA 4 – Do Exercício do Mandato (Parte IV ) ....................................................406AULA 5 – Da Licença do Deputado .......................................................................407AULA 6 – Da Vacância ...........................................................................................410AULA 7 – Da Convocação do Suplente ..................................................................413AULA 8 – Do Decoro Parlamentar .........................................................................415AULA 9 – Da Licença para Instauração de Processo Criminalcontra Deputado ......................................................................................................416

Capítulo XVII – Da Participação da Sociedade Civil..................................................419

AULA 1 – Da Iniciativa Popular .............................................................................419AULA 2 – Das Petições e Representações ...............................................................424AULA 3 – Da Audiência Pública ............................................................................425AULA 4 – Do Credenciamento de Entidades e da Imprensa ..................................427

Page 17: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 17/441

Sumário

Capítulo XVIII – Da Administração, da Economia Interna edas Disposições Finais .................................................................................................429

AULA 1 – Dos Serviços Administrativos ................................................................429

AULA 2 – Da Administração e Fiscalização Contábil, OrçamentáriaFinanceira, Operacional e Patrimonial .....................................................................432AULA 3 – Da Polícia da Câmara ............................................................................433AULA 4 – Do Sistema de Consultoria e Assessoramento .......................................436AULA 5 – Das Disposições Finais ..........................................................................440

Reerências ..................................................................................................................443

Page 18: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 18/441

17

Pfc 

O convite para preaciar este livro, de autoria dos competentes e respeitados colegasAndré Corrêa de Sá Carneiro, Luiz Claudio Alves dos Santos e Miguel Gerônimo daNóbrega Netto, soou para mim como um presente, seja pela paixão que me desperta otema, seja pela admiração que nutro pelos autores da presente obra.

Ao longo dos doze anos em que trabalhei na Comissão de Constituição e ustiça e de

Redação da Câmara dos Deputados, atual Comissão de Constituição e ustiça e de Ci-dadania, oito dos quais na condição de secretário, tive a oportunidade de conviver com oprocesso legislativo e com o Regimento Interno da Casa. Foi nesta época que me envolviproundamente com o tema, uma vez que essa comissão é passagem obrigatória de todasas proposições apresentadas no âmbito da Câmara dos Deputados, com vistas à análise deconstitucionalidade, juridicidade, regimentalidade e técnica legislativa, além de uncionarcomo órgão consultivo, incumbido de dirimir possíveis dúvidas quanto à correta interpre-tação da Constituição Federal e do Regimento Interno da CD.

Para mim, as inúmeras incongruências, antinomias e mesmo lacunas das normas que

orientam o rito de elaboração das leis, longe de serem atores de desestímulo, servirampara que eu reetisse mais sobre o tema. Incontáveis oram as discussões travadas sobrea melhor orma de interpretar determinado artigo do Regimento Interno ou mesmo decomo proceder diante da ausência da norma.

É bom que se diga que a mera leitura do Regimento Interno da Câmara dos Deputadosnunca auxiliou muito àqueles que buscam compreendê-lo. Assim sendo, durante muitotempo, sua vivência e prática eram meio quase que exclusivo para desvendá-lo, tornando-orestrito a alguns poucos parlamentares e uncionários da Casa.

Esse quadro era agravado pela escassez de estudos e publicações consistentes sobre otema, até que, recentemente, esse cenário começou a mudar. Surgiram, então, as primeiraspublicações dignas de louvor sobre o estudo do processo legislativo, uma delas, convémressaltar, também escrita por Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto, inegavelmente um dosmaiores estudiosos do assunto na atualidade, em coautoria com o brilhante consultor daCâmara dos Deputados Gardel Amaral. Rero-me ao livro, lançado em 2001, O processolegislativo na Câmara dos Deputados. Este, a meu ver, um marco na pesquisa e ensino daatividade de legieração.

Vemos que aos poucos o assunto começa a atrair a atenção de muitos e, conse-quentemente, aumenta o número de estudos apresentados. Hoje, o processo legislativodesperta o interesse do mundo acadêmico, a ponto de já gurar como disciplina emalguns cursos jurídicos e de ciência política, e também dos mais diversos segmentos em

Page 19: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 19/441

18

Curso de Regimento Interno

nossa sociedade, todos interessados em interagir com o Parlamento e, assim, inuir nosdestinos de nossa nação.

Não nos esqueçamos dos próprios parlamentares e assessores, que necessitam conhecer

bem o Regimento Interno e, assim, convertê-lo em sua erramenta de trabalho. É ácilperceber sua importância no dia a dia, como orma de azer prevalecer pontos de vista einteresses no duro jogo da disputa política. Não é rara a situação em que pequenas agre-miações partidárias conseguem sobrepor-se a outras maiores, valendo-se, para tanto, domaior conhecimento deste estatuto.

Nesse contexto, em que a sociedade parece perceber mais claramente a importância dese conhecer as regras de uncionamento do Congresso, é que a Edições Câmara publicaeste importante trabalho, ruto da vivência dos autores em suas áreas de atuação pros-

sional e da rica experiência extraída das salas de aula durante anos ministrando cursos voltados ao aprendizado do processo legislativo.

A presente obra tem o mérito de abordar com extrema clareza temas muitas vezes dií-ceis, tornando-os simples de serem compreendidos. A organização dos assuntos em ormade aulas constitui-se em interessante recurso didático para a apresentação dos diversosinstitutos, concatenadamente, permitindo ao nal a compreensão de todo o processo.

 Trata-se de um trabalho para ser degustado em pílulas (aulas), que levarão o leitor acompreender o processo de elaboração legislativa. O livro começa por expor a organizaçãodo Estado brasileiro; em seguida, dedica-se à estrutura e competência do Poder Legislati-

 vo, para, então, ocar-se no Regimento Interno da CD.

Aos que tiverem o prazer da leitura deste livro, açam-na com a certeza de estaremdiante de uma obra de qualidade, ruto de um trabalho cuidadoso de pessoas sérias ecompetentes.

Boa leitura a todos.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida

Secretário-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados

Page 20: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 20/441

19

Ançã 

Após a edição de outras obras relacionadas ao processo legislativo em editora de cunhocomercial, é com enorme prazer que publicamos este livro pela Edições Câmara, não só porser este o órgão editorial da Câmara dos Deputados, importante instituição pública da qualsomos servidores eetivos e nos dedicamos diuturnamente em atividades voltadas para ostrabalhos legislativos, mas também pela qualidade e seriedade das obras por ela publicadas.

Fruto de um trabalho de grande dedicação e esorço, apresentamos ao leitor, com lin-guagem simples e clara, uma obra organizada e sistematizada sobre as normas que regemo processo de ormação das leis no âmbito da Câmara dos Deputados e sobre a scaliza-ção dos recursos públicos por esta instituição política. Nosso ideal oi o de desmisticaro entendimento errôneo de que a complexidade do assunto somente pode ser exauridano âmbito dos prossionais especializados que labutam com o tema em seu dia a dia.Assim, independentemente da amiliaridade do leitor com o tema, buscamos conduzi-lo, de orma progressiva e por assunto, a uma simplicação do conhecimento inerente àsatribuições do Poder Legislativo ederal.

Acreditamos que, com a publicação deste curso, colocamos à disposição dos parla-mentares, dos servidores da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e de todos oscidadãos que se interessem pelo tema, de orma didática, o acesso ao conhecimento rela-tivo ao processo legislativo na Câmara dos Deputados. Esse ato nos deixa muito elizes,mormente por poder democratizar tema considerado tão hermético e inacessível para

 vários segmentos da sociedade, quer pela aparente aridez do assunto, quer pela escassez de manuais e obras que analisem minuciosamente tão importante conhecimento sobre oprocesso de ormação das leis de nosso país.

Fruto da experiência advinda de nossa labuta tanto na prática dos trabalhos legislativoscomo na atividade docente, apresentamos comentários atualizados sobre todos os dispo-sitivos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados – com remissões à ConstituiçãoFederal, ao Regimento Comum do Congresso Nacional e ao Regimento Interno do Se-nado Federal –, abalizados pela doutrina e pelas decisões dos tribunais.

Como orma de auxiliar o leitor na apreensão dos conhecimentos dispostos no Regi-mento Interno da Câmara dos Deputados, apresentamos os assuntos de orma que nãose comprometa a ordem sequencial dos dispositivos nele constantes, sem, não obstante,deixar de sistematizar o estudo dos temas mais importantes sobre o processo legislativo.

Page 21: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 21/441

20

Curso de Regimento Interno

Destarte, desejamos que os objetivos de nossos leitores sejam plenamente satiseitos, visto que nossa principal aspiração com esta publicação é apresentar ao maior númeropossível de pessoas as minúcias do ato de legislar, a organização e estrutura interna da

Câmara, além do importante papel de scalização do Poder Legislativo, que é essencial àmanutenção e ao aprimoramento da democracia brasileira.

Brasília, dezembro de 2011.

Os autores

Page 22: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 22/441

21

Cpítu I 

Nçõ En 

AULA 1 – EstAdo BrAsiLEiro E EntEs FEdErAtivos

A República Federativa do Brasil é ormada pela união indissolúvel dos estados, dos mu-nicípios e do Distrito Federal, constituindo um Estado Democrático de Direito, consoante oprevisto no art. 1º da Constituição Federal. A orma do Estado brasileiro é ederativa, sendocomposta por uma ordem jurídica central soberana e diversas subdivisões internas dotadasde autonomia.

Nossa ederação decorre de um movimento de segregação, em que o poder centralabdica de parte de seu controle e de suas competências, descentralizando-as política eadministrativamente às entidades ederativas que o compõem.

O Estado Federal – a República Federativa do Brasil – possui personalidade jurídi-

ca de direito público internacional, sendo representado exclusivamente pela União nasrelações com os demais Estados estrangeiros. Sua organização político-administrativacompreende a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, todos dotados deautonomia, conorme o previsto no art. 18 da Constituição Federal.

A União é entidade ederal, dotada de autonomia e de personalidade jurídica de di-reito público interno. Como já mencionado, compete exclusivamente à União representaro Estado Federal no plano internacional, mantendo relações com os Estados estrangei-ros e participando de organizações internacionais, nos termos do art. 21 da ConstituiçãoFederal. Sob o prisma do direito interno, sua organização política está delineada pelopostulado da separação dos poderes, segundo o qual os poderes Legislativo, Executivo e

 udiciário compõem o poder político da União, sendo harmônicos e independentes entresi, consoante o disposto no art. 2º da Constituição.

Celso Ribeiro Bastos, em seu Curso de Teoria do Estado e Ciência Política (2004, p. 237),reere-se à União nos seguintes termos:

ENTES FEDERATIVOS

• União• Estados• Distrito Federal• Municípios

Page 23: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 23/441

22

Curso de Regimento Interno

“É pessoa jurídica de direito público com capacidade política, dotada no cam-po interno de autonomia e no campo externo de soberania. Entende-se porsoberania o atributo que se conere ao poder do Estado em virtude de ser ele

 juridicamente ilimitado. á por autonomia compreende-se a área de compe-tência circunscrita pelo direito.”

Os estados são entidades ederativas de direito público interno, tendo sido asseguradasua autonomia pela Constituição Federal, consubstanciada na capacidade de auto-organi-zação, autogoverno, autoadministração e autolegislação (CF, arts. 18 e 25 a 28).

A observância aos princípios da orma republicana de governo, do sistema represen-tativo e do regime democrático é obrigatória aos estados-membros, estando suscetíveisà intervenção ederal caso não sejam assegurados os princípios constitucionais sensíveis

(CF, art. 34, VII, a a e ).Com o advento da Constituição de 1988, os municípios passaram a integrar o pacto

ederativo brasileiro, sendo dotados de autonomia política, administrativa e nanceira,conorme o estatuído nos arts. 18 e 29 a 31 da CF. Também possuem personalidade ju-rídica de direito público interno. Como os estados, não podem se relacionar no planointernacional em nome da Federação.

A organização do município é regulamentada pela lei orgânica, cuja aprovação dependedo voto de dois terços dos membros da Câmara Municipal, nos termos do art. 29 da CF.

 Também integra o sistema ederativo o Distrito Federal, onde se localiza Brasília, queé a Capital Federal (CF, art. 18, § 1º). Como os demais entes ederados autônomos, detémcapacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação. FerreiraFilho (1989, p. 59) reconhece uma aproximação do status do Distrito Federal ao do estado.Nesse sentido, de maneira geral, o DF equipara-se a um estado-membro, porém, quanto àorganização interna dessas unidades da Federação, cabe inormar que, enquanto os estados-membros abarcam diversos municípios, o Distrito Federal se organiza internamente porregiões administrativas; ou seja, inexiste município no DF. Cabe destacar ainda que, ao Dis-trito Federal, são atribuídas as competências legislativa e tributária dos estados e dos muni-cípios, conorme se depreende dos arts. 32, § 1º; 147, in fne ; 155 e 156 da CF.

Os territórios não são entidades ederativas. Uma vez criados, a despeito de se-rem considerados autarquias integrantes da organização administrativa da União, nostermos do art. 18, § 2º, da CF, cada território será administrado por um governadornomeado pelo presidente da República após sabatina no Senado Federal (compete aoSF aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de algumasautoridades como, por exemplo, governador de território). Outra consideração quantoà organização de território tange ao ato de que, naqueles que possuírem mais de cem

mil habitantes, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instâncias, membrosdo Ministério Público e deensores públicos ederais, além de eleições para a Câmara

 Territorial (CF, arts. 33; 52, III, c ; e 84, XIV).

Podem-se denir, então, três eseras de governo: ederal, estadual e municipal.

Page 24: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 24/441

Capítulo I

23

AULA 2 – PodEr PúBLico E FUnçõEs EstAtAis

O poder do Estado é uno e indivisível, portanto cabe entender que o art. 2º da Cons-tituição Federal apresenta uma separação de unções estatais ao prever que os poderes daUnião são: o Legislativo, o Executivo e o udiciário.

Os estados, o Distrito Federal e os municípios devem aplicar em sua organização osprincípios previstos na CF/1988. Nesse sentido, as unções estatais dos estados são igual-

mente distribuídas em três poderes. Porém, os municípios possuem apenas os poderesExecutivo e Legislativo, inexistindo Poder udiciário próprio nessa esera estatal. Na liçãode osé Aonso da Silva (2006b, p. 644), “os municípios não têm e continuarão a não terórgão jurisdicional próprio. O Poder udiciário que atua nos municípios (constituídos emcomarcas) é o estadual”.

Quanto ao Distrito Federal, é pertinente registrar o teor do caput do art. 53 da Lei Or-gânica do Distrito Federal: “São poderes do Distrito Federal, independentes e harmônicosentre si, o Executivo e o Legislativo”.

O que dizer então sobre o Tribunal de ustiça do Distrito Federal e dos Territórios,que, conorme o art. 1º de seu regimento interno, encontra-se sediado na capital ederal eexerce sua jurisdição no Distrito Federal e nos territórios ederais?

Primeiramente, observamos que, nos termos do inciso XVII do art. 22 da CF, competeà União legislar sobre organização judiciária, do Ministério Público e da Deensoria Pú-blica do Distrito Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes.

Em seguida, recorremos ao comentário de Dezen unior (2006, p. 556) quanto à juris-prudência sobre esse assunto:

“udiciário do Distrito Federal e inserção – O Superior Tribunal de ustiçadecidiu, em 1993, que a ustiça do Distrito Federal pertence ao Poder udi-ciário da União. Em 1995, contudo, mudou sua orientação, para armar queo Poder udiciário do Distrito Federal, assim como seu Ministério Público, asua Deensoria Pública e o seu sistema de segurança pública, embora organi-zados e mantidos pela União, não têm natureza jurídica de órgãos desta, poiscompõem a estrutura orgânica do Distrito Federal, entidade politicamenteequiparada a estados-membros. No mesmo ano, contudo, voltou a armarque a ustiça do Distrito Federal é um ramo do udiciário ederal. Esta últimaorientação se consolidou, sendo repetida em diversos acórdãos desde então.Em conclusão, portanto, o udiciário do Distrito Federal é um ramo do udi-ciário ederal (CC 14396, de 24/6/1996).”

• Federal• Estadual• Municipal

ESFERAS DE GOVERNO

Page 25: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 25/441

24

Curso de Regimento Interno

A matriz a seguir sintetiza as eseras de governo e os órgãos de poder pátrios.

Poder Público Executivo Legislativo Judiciário

FederalPresidente da

República(CF, art. 76)

Congresso NacionalCD + SF 

(CF, art. 44)

ConselhoNacional de

 ustiça Tribunais e uízes

(CF, art. 92)

Estadual eDistrital*

GovernadorAssembleia Legislativa

Câmara Legislativa (DF) Tribunais e uízes

Municipal Preeito Câmara de Vereadores –

* O Distrito Federal não possui Poder udiciário próprio.

As unções de cada poder da União são estabelecidas na Constituição Federal com vistas à atuação independente e harmônica entre os poderes.

Conorme ensina Alexandre de Moraes (2006, p. 379), as unções de cada poder po-dem ser classicadas em típicas e atípicas. Típicas são as unções que um determinadopoder exerce de modo precípuo. Assim, cabe ao Poder Executivo administrar. Entretanto,todo poder exerce as demais unções em caráter atípico. Dessa orma, cumpre ao Poder

 udiciário, por exemplo, administrar seus servidores e legislar normas internas.

Uma vez que este livro analisa o uncionamento da Câmara dos Deputados e o pro-cesso legislativo ederal a partir de análise do regimento interno dessa Casa do CongressoNacional, trataremos um pouco mais apenas do que concerne ao Poder Legislativo.

Ministério Público

Alexandre de Moraes (2006, p. 377) preleciona, ainda, que a CF/1988 atribuiu as un-ções estatais de soberania aos três tradicionais poderes de Estado – Legislativo, Executivoe udiciário – e à instituição do Ministério Público, que apresenta, entre suas importantesunções, a de zelar pelo equilíbrio entre os poderes, scalizando-os, e a de zelar pelo res-peito aos direitos undamentais.

E acrescenta que:

“Esta opção do legislador constituinte em elevar o Ministério Público a deensordos direitos undamentais e scal dos poderes públicos, alterando substancial-mente a estrutura da própria instituição e da clássica teoria da tripartição depoderes, não pode ser ignorada pelo intérprete, pois se trata de um dos princí-

pios sustentadores da teoria dos reios e contrapesos de nossa atual ConstituiçãoFederal.” (MORAES, 2006, p. 377) (grio nosso)

Page 26: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 26/441

Capítulo I

25

Entretanto, osé Aonso da Silva (2006b, p. 598) não considera aceitável essa tese de ver a instituição do Ministério Público como um quarto poder do Estado, uma vez quesuas atribuições, mesmo ampliadas pela CF/1988,

“são ontologicamente de natureza executiva, sendo, pois, uma instituição vincula-da ao Poder Executivo, uncionalmente independente, cujos membros integrama categoria dos agentes políticos, e, como tal, hão de atuar ‘com plena liberdadeuncional, desempenhando suas atribuições com prerrogativas e responsabilida-des próprias, estabelecidas na Constituição e em leis especiais. Não são uncioná-rios públicos em sentido estrito, nem se sujeitam ao regime estatutário comum.

 Têm normas especícas para sua escolha, investidura, conduta e processo porcrimes uncionais e de responsabilidade, que lhes são privativos’.” (c. Hely Lopes

Meirelles, Direito administrativo brasileiro, p. 72 – nota original do autor)

AULA 3 – PodEr LEgisLAtivo

O Poder Legislativo ederal brasileiro é exercido pelo Congresso Nacional, que secompõe de duas casas (câmaras) legislativas, constituindo, então, um sistema bicameral.A Câmara dos Deputados reúne representantes do povo enquanto que o Senado Federalé integrado por representantes da ederação (estados e Distrito Federal). Alerte-se que osmunicípios (entes ederativos) não elegem nem deputados nem senadores.

O Poder Legislativo nas demais eseras estatais é unicameral, ou seja, existe um úni-co órgão legislativo, isto é, uma única câmara (casa legislativa) em cada estado, DistritoFederal e município. O órgão legislativo estadual é denominado Assembleia Legislativa(Estadual), o distrital intitula-se Câmara Legislativa (Distrital) e o municipal é conhecidocomo Câmara Municipal (Câmara de Vereadores).

São unções típicas do Poder Legislativo legislar e scalizar. A unção legierante en- volve a elaboração de leis e atos normativos, e a unção scalizadora pode se eetivar pormeio de propostas de scalização e controle, do controle externo exercido com o auxílio do

 Tribunal de Contas da União (TCU) e das comissões parlamentares de inquérito (CPIs),por exemplo.

Ao Congresso Nacional compete legislar sobre diversas matérias, com ou sem asanção presidencial, conorme preceituam, respectivamente, os arts. 48 e 49 da CartaMagna de 1988. Os arts. 51 e 52 da Lei Maior dispõem sobre as competências privativas(exclusivas, na verdade, pois são matérias indelegáveis) da Câmara e do Senado, respec-tivamente. Os arts. 22 e 24 da Constituição são, também, importantes na identicaçãode competências da União.

De igual modo, compete ao Congresso Nacional, mediante controle externo, a s-

calização contábil, nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial das entidades daadministração direta e indireta (CF, art. 70).

Page 27: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 27/441

26

Curso de Regimento Interno

Legislar e scalizar não são as únicas unções do Poder Legislativo. Como comentadona aula 2 deste capítulo, cada poder exerce unções típicas (próprias) e atípicas (impróprias).

No que tange às unções atípicas, o Poder Legislativo exerce as unções de administrar

e julgar. Servem como exemplos, na unção administrativa, a organização dos serviçosinternos e, na unção judicial, os julgamentos de crime de responsabilidade do presidenteda República.

Cabe mencionar outra unção primária do Poder Legislativo: a de representar o povo,a nação. Nesse sentido, a atuação do Legislativo vai além das competências de legislar e descalizar a aplicação de recursos públicos. Cabe a ele, por exemplo, debater temas impor-tantes, o que, muitas vezes, não necessariamente resulta na inserção de uma nova normano ordenamento jurídico ou em uma scalização de determinada entidade ou agente pú-blico, o que denota atuação inerente ao exercício da atividade parlamentar.

Em nosso modelo de ordenamento jurídico, essa representação é distinta, já que aCâmara dos Deputados representa o povo brasileiro, e o Senado Federal representa os es-tados e o Distrito Federal. Nem por isso essa característica é mutuamente excludente, uma

 vez que assuntos de competência de uma Casa podem ser comentados ou debatidos pelaoutra, ainda que a decisão nal caiba apenas àquela que a Constituição Federal reservouem suas competências privativas.

Com esse entendimento, osé Aonso da Silva (2006a, p. 58) ressalta ser essa caracte-rística ou unção a mola propulsora do Parlamento: “A ideia de representação oi, pois, omóvel que causou não só o surgimento, mas também a estrutura do Poder Legislativo”.

AULA 4 – congrEsso nAcionAL

O Congresso Nacional é composto por duas casas legislativas: Câmara dos Deputadose Senado Federal. Esse ormato bicameral do Parlamento ederal brasileiro apresenta al-gumas peculiaridades relativas às suas competências, regulação dos trabalhos, quadro deservidores e composição das Mesas, apresentadas a seguir.

Há competências próprias do Congresso Nacional que deverão ser exercidas pelas duascasas congressuais, conjunta ou separadamente. O art. 49 da Constituição relaciona as maté-rias de competência exclusiva do Congresso Nacional, que deverão ser exercidas sem a san-ção presidencial. Tais matérias são objeto de decreto legislativo promulgado pelo presidentedo Senado Federal, na qualidade de presidente da Mesa do Congresso Nacional (RCCN,

• Legislar• Fiscalizar

FUNÇÕES DOPODER LEGISLATIVO

•  Típicas

• Atípicas • Administrar•

 ulgar

Page 28: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 28/441

Capítulo I

27

art. 52). O art. 57, § 3º, da CF e o art. 1º do RCCN elencam casos em que o Congresso Na-cional reunir-se-á em sessão conjunta, assunto que comentaremos na aula 10 deste capítulo.

Dessa orma, a m de regular os trabalhos do Congresso Nacional e de suas Casas, ne-

cessária se ez a edição de três regimentos: o Regimento Comum do Congresso Nacional(RCCN), o Regimento Interno do Senado Federal (RISF) e o Regimento Interno daCâmara dos Deputados (RICD). A este último nos dedicaremos nos capítulos seguintesdeste livro, ressalvando que, para a compreensão apurada do processo legislativo ederal, oleitor deve dedicar-se a conhecer, além das normas constitucionais, os regimentos citados,que, em conjunto com outros atos normativos (resoluções e atos da Mesa, por exemplo),ormam a legislação interna dos órgãos legislativos ederais.

Cada casa legislativa (Câmara dos Deputados e Senado Federal) possui quadro pró-

prio de servidores. Não existe, portanto, quadro de pessoal do Congresso Nacional. Osservidores que prestam serviços comuns às duas Casas durante atividades nas comissõesmistas (RCCN, art. 10, § 2º) ou nas sessões conjuntas do Congresso Nacional, por exem-plo, compõem os quadros de pessoal da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,sendo remunerados pela Casa a que pertencem (RCCN, art. 150).

Por m, o Poder Legislativo apresenta três Mesas (Diretoras), órgãos compostos porpresidente, dois vice-presidentes e quatro secretários, com atribuições constitucionais e re-gimentais. Observe o esquema a seguir, que explicita a ormação da Mesa do CongressoNacional a partir da composição das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

3º Secretário

1º Vice-Pres. CD

Presidente SF 

1º Secretário CD

2º Vice-Pres. SF 

3º Secretário CD

2º Secretário SF 

4º Secretário SF 

Presidente

1º Vice-Pres.

2º Vice-Pres.

1º Secretário

2º Secretário

3º Secretário

4º Secretário

Mesa do Congresso Nacional

Mesa SF Mesa CN Mesa CD

Presidente

1º Vice-Pres.

2º Vice-Pres.

1º Secretário

2º Secretário

4º Secretário

Page 29: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 29/441

28

Curso de Regimento Interno

Quadro sinóptico

Órgão Competência Regimento Pessoal Mesa Diretora

CongressoNacional

CF, art. 49CF, art. 57,

§ 3º, II– CF, art. 57, § 5º

Câmara dosDeputados

CF, art. 51 CF, art. 51, III CF, art. 51, IV CF, art. 57, § 4º

SenadoFederal

CF, art. 52 CF, art. 52, XII CF, art. 52, XIII CF, art. 57, § 4º

AULA 5 – diFErEnçAs EntrE câmArA dos dEPUtAdos E sEnAdo FEdErAL

Esta aula objetiva ressaltar dierenças essenciais entre Câmara e Senado.

I) Composição e representaçãoa. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo eleitos pelo

sistema proporcional. O Distrito Federal ou qualquer dos 26 estados brasi-leiros poderão eleger, no mínimo, oito e, no máximo, setenta deputados, con-orme o tamanho da população desses entes ederativos e de acordo com os

ajustes necessários procedidos no ano anterior às eleições (CF, art. 45, § 1º).Cada território (quando houver) elegerá apenas quatro deputados, númeroxo em conormidade com o disposto na Constituição Federal (CF, art. 45,§ 2º). Atualmente, a Câmara é integrada por 513 deputados (número deni-do pela Lei Complementar nº 78, de 1993).

b. O Senado Federal é composto por representantes da ederação, eleitos se-gundo o princípio majoritário nos estados e no Distrito Federal. O númerode senadores por cada estado e Distrito Federal será de três, totalizando 81senadores (26 estados + Distrito Federal = 27 x 3 = 81).

II) Sistemas eleitorais: majoritário x proporcionala. Sistema eleitoral – “conjunto de técnicas utilizadas na realização de elei-

ções destinadas a organizar a representação da vontade popular.” (PINHO,2003, p. 58) Os sistemas eleitorais aplicados no Brasil são o majoritário e oproporcional.

b. O princípio majoritário pressupõe um único candidato por partido relativo acada vaga e garante a vitória ao(s) candidato(s) mais votado(s). Logo, o elei-tor sabe, de ato, quem está elegendo, ainda que o voto seja também para o

partido. Entre as vantagens do sistema majoritário apontadas por Bonavides(2006, p. 266), consta a de que o eleitor vota mais na pessoa do candidato,“em suas qualidades políticas (a personalidade ou a capacidade de bem re-presentar o eleitorado), do que no partido ou na ideologia”. Ainda segundo

Page 30: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 30/441

Capítulo I

29

esse autor, esse sistema pode assumir duas variantes principais. A primeirareere-se ao sistema majoritário de maioria simples, pelo qual o candidatomais votado em um único turno (ainda que com quantidade de votos inerior

à metade dos votos válidos) é considerado eleito para a vaga. A segunda diz respeito ao sistema majoritário de dois turnos, caso em que a eleição de umcandidato só se torna eetiva se este obtiver a maioria absoluta dos votos emprimeiro turno ou a maioria simples em segundo turno.

c. No sistema proporcional, os partidos registram vários candidatos para con-correrem a cargo similar. Nesse caso, os votos oerecidos a cada candidato sãodirecionados para o partido, que necessita atingir determinada quantidade mí-nima de votos para garantir a eleição de pelo menos um de seus candidatos.Conorme ensina Alexandre de Moraes, esse tipo de eleição, no Brasil, consiste

“na divisão do número total de votos válidos em candidatos pelo númerode cargos em disputa. O resultado dessa operação aritmética denomina-se quociente eleitoral. A partir disso, divide-se o total de votos obtidospor cada uma das legendas pelo quociente, chegando-se, consequente-mente, ao número de cadeiras obtidas por cada legenda.” (2006, p. 383)

Dessa orma, um candidato que não conseguiu votos equivalentes ao quocien-te eleitoral poderá ser eleito deputado, situação corriqueira em que o partidopelo qual concorreu consegue o quociente que viabiliza essa situação; por outrolado, o candidato mais votado dentre todos os participantes do pleito eleitoralpoderá não ser eleito, evento mais diícil de ocorrer, que se dá caso o somatóriode votos do partido pelo qual concorreu seja inerior ao quociente eleitoral.

d. No Brasil, elegemos pelo sistema majoritário de dois turnos (maioria absolutaem primeiro turno ou maioria simples em segundo turno) os chees do PoderExecutivo (presidente da República, governador e, nos municípios com maisde duzentos mil eleitores, preeito), com seus respectivos vices (vice-presidente,

 vice-governador, vice-preeito) (CF, arts. 28, caput ; 29, II; 32, § 2º; e 77). Os

preeitos de municípios com menos de duzentos mil eleitores e os senadoresda República são eleitos pelo sistema majoritário de turno único, pelo qual seconsidera eleito o candidato que obtiver a maioria simples dos votos. Em re-lação ao Senado Federal (em que a representação de cada estado e do DistritoFederal é renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e doisterços), cumpre observar que, nas eleições por um terço (1/3), considera-se elei-to o candidato mais votado, porém, nos pleitos eleitorais para preenchimentode dois terços (2/3) das cadeiras nessa casa legislativa, cada eleitor vota em doiscandidatos e estarão eleitos os dois mais votados (ainda que do mesmo parti-do). O sistema proporcional é utilizado nas eleições para deputados ederais,deputados estaduais, deputados distritais e vereadores.

Page 31: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 31/441

30

Curso de Regimento Interno

III) Legislatura e mandatoa. A legislatura pode ser compreendida como o espaço de tempo destinado a

que o Congresso Nacional exerça o Poder Legislativo – por meio de repre-

sentantes eleitos pelo povo para o exercício do mandato parlamentar – semque ocorra a renovação do poder mediante a eleição de novos representantesou por meio da reeleição de seus mandatários. No Brasil, cada legislaturadura quatro anos (CF, art. 44, parágrao único).

b. O mandato de deputado é de quatro anos e equivale a uma legislatura.c. O mandato de senador perdura por oito anos, ou seja, por duas legislaturas.

IV) Renovação dos mandatosa. A renovação na Câmara dos Deputados é total e ocorre a cada quatro anos com

a mudança de legislatura. Note-se que a renovação total se reere aos manda-tos, e não necessariamente aos mandatários. O povo poderá escolher novosdeputados ou reeleger os que se encontram no exercício do mandato e conerir-lhes novos mandatos.

b. A renovação no Senado Federal é parcial a cada legislatura e proporcional por1/3 e 2/3; isto é, se em uma eleição cada estado e o Distrito Federal elege-rem um senador, na eleição seguinte, que ocorre quatro anos depois, deverãoeleger dois senadores. E, após outros quatro anos, tornarão a eleger apenasum representante, e assim sucessivamente, de modo que cada uma dessas

unidades da ederação seja representada por três senadores.  V) Suplência

a. Na eleição para deputados ederais podem ser diplomados vários suplentes.b. Os suplentes de senadores são limitados a dois, por orça da norma inscrita

no art. 46, § 3º, da CF.

Órgão Representação Bancadas Quantidade SistemaEleitoral Mandato Composição

Câmara do povoEstados eDF 

8 a 70 deputados

(proporcional àpopulação) Proporcional 4 anos

513 deputadosRenovação totale quadrienal(de 4 em 4anos) Territórios 4 deputados (xo

na CF)

Senado da ederação Estados eDF 

3 senadores(xo na CF)

Majoritário(mais votado)

8 anos

81 senadoresRenovaçãoparcial por 1/3e 2/3 alterna-damente a cada4 anos

Page 32: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 32/441

Capítulo I

31

AULA 6 – LEgisLAtUrA

Os trabalhos do Congresso Nacional são racionados em intervalos de tempo quepermitem uma melhor organização das atividades do Poder Legislativo.

O espaço temporal de maior duração em que o Congresso Nacional exerce suas ati- vidades denomina-se  legislatura, que dura quatro anos e coincide com o mandato dedeputado ederal.

A história do Parlamento brasileiro inicia-se no ano de 1826. A primeira legislaturaocorreu de 1826 a 1829 e, de acordo com o art. 279 do RICD, a  legislatura iniciada noano de 1826 será tomada por base na designação da legislatura pelo respectivo númerode ordem, a m de que seja mantida a continuidade histórica da instituição parlamentardo Brasil. A 52ª Legislatura ocorreu a partir de 2003. Em 2007, iniciou-se a 53ª Legis-

latura. Em 2011, inaugurar-se-á a 54ª Legislatura, conorme demonstra a tabela a seguir.

Calendário legislativo

52ª Legislatura(4 anos legislativos)

53ª Legislatura(4 anos legislativos)

54ªLegislatura

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 1º ano

de1º/2/2003

a31/1/2004

de1º/2/2004

a31/1/2005

de1º/2/2005

a31/1/2006

de1º/2/2006

a31/1/2007

de1º/2/2007

a31/1/2008

de1º/2/2008

a31/1/2009

de1º/2/2009

a31/1/2010

de1º/2/2010

a31/1/2011

de1º/2/2011

a31/1/2012

Obs.: as datas em negrito no calendário legislativo destacam o início e o término de legislatura.

Em cada ano de uma legislatura podem ocorrer sessões legislativas (ordinárias e ex-traordinárias) e recessos parlamentares. No primeiro e terceiro anos, haverá, ainda, sessõespreparatórias. As sessões legislativas reerem-se ao período de uncionamento do CongressoNacional, sendo a sessão legislativa ordinária composta de dois períodos legislativos: o pri-meiro, de 2/2 a 17/7, e o segundo, de 1º/8 a 22/12. Alerte-se que o período de reunião anualdo Congresso Nacional oi alterado pela Emenda Constitucional (EC) nº 50, promulgadaem 14 de evereiro de 2006 (a previsão anterior era que o CN uncionasse anualmente de15/2 a 30/6 e de 1º/8 a 15/12).

Legislatura

1º anolegislativo

2º anolegislativo

3º anolegislativo

4º anolegislativo

Page 33: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 33/441

32

Curso de Regimento Interno

A previsão constitucional de sessões preparatórias permite o uncionamento de cadaCasa separadamente a partir de 1º de evereiro do primeiro ano da legislatura. De certomodo, é também um período de uncionamento do Congresso Nacional. Note-se que, antes

da promulgação da EC nº 50, de 2006, uma das Casas poderia necessitar de maior númerode dias para realizar sessões preparatórias. Nesse sentido, havia a possibilidade de uma dasCasas estar reunida preparando-se para a sessão legislativa e a outra encontrar-se em recesso,por já haver concluído os preparativos necessários para o início dos trabalhos legislativos.

Considerando-se o ordenamento jurídico vigente à época da inauguração da 52ª Legis-latura (1º de evereiro de 2003), no ano de abertura dos trabalhos do Congresso Nacional,por exemplo, a Câmara poderia realizar sessões preparatórias apenas nos dias 1º e 2 deevereiro para posse e eleição da Mesa, respectivamente (RICD, arts. 4º e 5º). O Senado,porém, denominou tais eventos de reuniões preparatórias e estaria obrigado regimentalmen-te a realizar três dessas reuniões no início da legislatura: uma para posse, outra para eleiçãodo presidente, e uma terceira para eleição dos demais membros da Mesa (RISF, art. 3º, V).Saliente-se que, em razão da entrada em vigor da EC nº 50, de 2006, ainda que os regimen-tos da casas congressuais permaneçam inalterados, a prática legislativa pautar-se-á de acordocom a nova previsão constitucional, em razão da supremacia da Constituição.

Curioso notar, ainda, que a sessão preparatória da Câmara é considerada espécie desessão plenária (art. 65, I).

Resumindo:

O uncionamento do Congresso Nacional é racionado em intervalos de tempo. ALEGISLATURA dura quatro anos. Cada ANO LEGISLATIVO compreende umaSESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA (dividida em dois PERÍODOS LE-GISLATIVOS). Incluem-se ainda no ano legislativo tanto os RECESSOS PAR-LAMENTARES como as SESSÕES LEGISLATIVAS EXTRAORDINÁRIAS,conorme ocorram. No primeiro e terceiro anos, realizam-se sessões preparatórias.

AULA 7 – sEssão LEgisLAtivA ordináriA

O Congresso Nacional reúne-se anualmente na capital ederal (Brasília) de 2 de eve-reiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro (EC nº 50/2006). Este intervalotemporal é denominado sessão legislativa ordinária (RICD, art. 2º, I). Logo, pode-se ar-mar que a legislatura engloba quatro sessões legislativas ordinárias.

Discorremos na aula anterior que no primeiro e no terceiro ano da legislatura ocorrem

sessões preparatórias, isso porque a primeira e a terceira sessão legislativa ordinária de cadalegislatura são precedidas de sessões preparatórias, que não azem parte nem de sessãolegislativa ordinária nem de sessão legislativa extraordinária.

Page 34: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 34/441

Capítulo I

33

A sessão legislativa ordinária divide-se em dois períodos legislativos. Assim, o tempoexistente entre 2 de evereiro e 17 de julho é denominado primeiro período legislativo, eo intervalo entre 1º de agosto e 22 de dezembro, segundo período legislativo, conorme

institui a Resolução nº 3 de 1990 do Congresso Nacional c/c art. 57 da CF, nos termos daredação oerecida pela EC nº 50, de 2006.

Se qualquer dessas datas (2/2, 17/7, 1º/8 e 22/12) recair em sábado, domingo ou e-riado e houver reunião marcada, o evento será transerido para o primeiro dia útil subse-quente (RICD, art. 2º, § 1º, c/c CF, art. 57, § 1º).

Um outro ponto a destacar diz respeito ao ato de que, em não sendo aprovado oprojeto de lei de diretrizes orçamentárias (LDO) até o dia 17 de julho (e não mais 30 de

 junho), a sessão legislativa ordinária não será interrompida (CF, art. 57, § 2º, c/c RICD,

art. 2º, § 3º).

AULA 8 – sEssão LEgisLAtivA E xtrAordináriA

Denomina-se sessão legislativa extraordinária o período de uncionamento doCongresso Nacional quando convocado a se reunir em períodos destinados ao recessoparlamentar.

A convocação extraordinária poderá ser provocada (CF, art. 57, § 6º):

I) em caso de decretação de estado de deesa ou de intervenção ederal, de pedidode autorização para decretação de estado de sítio e para o compromisso e a possedo presidente e do vice-presidente da República:a. pelo presidente do Senado Federal.

II) em caso de urgência OU interesse público relevante:a. pelo presidente da República (sozinho);b. pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (conjunta-

mente);c. a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas (257 deputados

+ 41 senadores, no mínimo).

Aprovação da convocação extraordinária do Congresso Nacional

A EC nº 50, de 2006, inseriu, no inciso II do § 6º do art. 57 da Carta Magna, aexigência de que a convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de ur-gência ou interesse público relevante, seja aprovada pela maioria absoluta da Câmarados Deputados e do Senado Federal, independentemente de quem exerceu a iniciati-

 va de convocar. Nesse sentido, todas as vezes que o presidente da República tencionarconvocar o Congresso Nacional, deverá lembrar-se de que necessitará da anuência damaioria absoluta tanto dos deputados como dos senadores para que haja sessão legislativaextraordinária. A mesma regra se aplica quando a convocação or por iniciativa conjuntados presidentes da Câmara e do Senado. Ademais, se a maioria absoluta dos membros de

Page 35: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 35/441

34

Curso de Regimento Interno

ambas as Casas entender necessário convocar o Congresso Nacional, deverá apresentarrequerimento com esse objetivo, bem como aprová-lo.

Cuide-se que a convocação do Congresso Nacional eita exclusivamente pelo presi-

dente do Senado Federal – nos casos contemplados no inciso I do § 6º do art. 57 – inde-pende de aprovação de deputados e senadores.

Matérias objeto de deliberação na SLE

Na convocação extraordinária, o Congresso Nacional (Câmara e Senado) deliberaráapenas sobre a matéria para a qual oi convocado, bem como sobre as medidas provi-sórias em vigor na data da convocação, que serão automaticamente incluídas na pauta(CF, art. 57, §§ 7º e 8º).

 Vedação ao pagamento de parcela indenizatória

Em relação ao pagamento de parcela indenizatória em razão de convocação extraor-dinária do Congresso Nacional, cabe esclarecer que o constituinte, na redação original doart. 57 da CF/1988, o admitiu sem restrições. A EC nº 19, de 1998, manteve a possibi-lidade de tal pagamento, desde que o valor da parcela não osse superior ao do subsídiomensal. Em 2006, a EC nº 50 aniquilou integralmente tal hipótese de ressarcimento ao

 vedar o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.

Numeração ordinal da SLEs

A contagem das sessões legislativas extraordinárias segue sequência própria dentro decada legislatura. Desse modo, enquanto só ocorrem quatro sessões legislativas ordináriaspor legislatura, pode ocorrer mais de uma sessão legislativa extraordinária em cada ano dalegislatura e, por conseguinte, várias SLEs em cada legislatura. Por exemplo, caso ocorra umaSLE entre 18 e 31 de julho e outra entre 23 e 29 de dezembro do primeiro ano da legislatura,essas sessões legislativas serão numeradas como primeira e segunda SLE, respectivamente.

Na eventualidade de o Congresso Nacional ser convocado extraordinariamente três vezes noano seguinte, nos períodos de 15 a 31 de janeiro, 20 a 28 de julho e 23 e 24 de dezembro, ascasas legislativas uncionarão, respectivamente, na terceira, quarta e quinta sessões legislati-

 vas extraordinárias da legislatura. Assim, no quarto ano da legislatura realiza-se a quarta ses-são legislativa ordinária, e pode ocorrer, por exemplo, a 11ª sessão legislativa extraordinária.

AULA 9 – sEssõEs LEgisLAtivAs E sEssõEs PLEnáriAs

Ao principiar o estudo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, muitas pes-soas tendem a conundir sessão legislativa ordinária com sessão ordinária e sessão legislativaextraordinária com sessão extraordinária ou, ainda, com períodos de sessão extraordinária.

Page 36: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 36/441

Capítulo I

35

Como comentado na aula 6 deste capítulo, sessão legislativa (ordinária ou extraordiná-ria) diz respeito ao período de uncionamento do Congresso Nacional, ou seja, tempo emque as duas casas legislativas podem realizar seus trabalhos (inclusive em sessões plenárias).

As sessões plenárias da Câmara estão previstas no art. 65 do RICD e reerem-se tãosomente aos trabalhos realizados pelo Plenário da Câmara dos Deputados, ressalvada a ob-servação quanto às sessões preparatórias, apresentada na citada aula 6. Assim, as sessões (ple-nárias) da Câmara são: I – preparatórias; II – ordinárias; III – extraordinárias; e IV – solenes.

Desse modo, durante a sessão legislativa ordinária ou extraordinária, a Câmara poderárealizar sessão ordinária, sessão extraordinária e sessão solene. As sessões preparatórias,conquanto sejam sessões plenárias da Câmara, também equivalem a um período de un-cionamento das casas legislativas e ocorrem em data distinta das reservadas a qualquer

sessão legislativa (ordinária ou extraordinária).Claricando as dierenças:

A sessão legislativa reere-se a um período possível de ser contado em dias (ou meses,no caso de SLO), enquanto que a sessão (plenária) equivale a período de horas.

A sessão legislativa ordinária (SLO) ocorre de 2/2 a 17/7 e de 1º/8 a 22/12 de cada ano(cada período legislativo corresponde a aproximadamente cinco meses). A sessão ordinária(plenária) dura cinco horas, prorrogáveis por mais uma, e realiza-se apenas nos dias úteisde segunda a sexta-eira, em qualquer sessão legislativa. Assim, podemos ter uma sessão

ordinária da Câmara realizada durante uma sessão legislativa extraordinária, por exemplo(RICD, arts. 65, II; 66, caput ; e 72, caput ).

A sessão legislativa extraordinária diere da sessão extraordinária ou dos períodos desessão extraordinária. A primeira ocorre quando o Congresso Nacional é convocado a se reu-nir extraordinariamente por um período determinado (em regra, por alguns dias). A sessãoextraordinária (plenária) tem a duração de quatro horas, prorrogáveis, e ocorre em dias ouhorários diversos dos da sessão ordinária (RICD, arts. 65, III; 67, caput ; e 72, caput ).

Logo, durante uma sessão legislativa – ordinária ou extraordinária – a Câmara realiza-rá normalmente sessões ordinárias em dias úteis, iniciando-se às 14h de segunda a quinta-eira e às 9h às sextas-eiras, e poderá, ainda, realizar sessões extraordinárias em dias ouhorários diversos dos das sessões ordinárias.

Assim, numa semana qualquer da sessão legislativa ordinária, a Câmara poderá realizaruma sessão extraordinária às 8h da manhã de uma quarta-eira e uma sessão ordinária às14h do mesmo dia. Do mesmo modo, durante a convocação extraordinária, ou seja, notranscorrer da sessão legislativa extraordinária, a Câmara poderá agendar sessão ordináriapara as 14h de uma terça-eira e sessão extraordinária para as 20h do mesmo dia.

Os períodos de sessões extraordinárias são períodos que podem ocorrer tanto em SLO

como em SLE e destinam-se exclusivamente à discussão e votação de matérias constantesdo ato de convocação. Nesses períodos, a Câmara não realizará sessões ordinárias e ascomissões permanentes da Casa não uncionarão (RICD, art. 66, §§ 4º e 5º).

Page 37: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 37/441

36

Curso de Regimento Interno

Esquema

AULA 10 – sEssão conjUntA do congrEsso nAcionAL

Em regra, Câmara e Senado trabalham separadamente, mas há casos em que a ativi-dade legislativa ocorrerá em sessão conjunta.

Institui o art. 57, § 3º, da Constituição Federal, in verbis:

“  Art. 57.........................................................................................................................................................................................................................................§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dosDeputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:I – inaugurar a sessão legislativa;

II – elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns àsduas Casas;III – receber o compromisso do presidente e do vice-presidente da República;IV – conhecer do veto e sobre ele deliberar.”

A Constituição Federal, no dispositivo citado, arrola quatro eventos que devem ser ob- jeto de sessão conjunta do Congresso Nacional, quais sejam: 1) inaugurar a sessão legisla-tiva; 2) elaborar o regimento comum e regular a criação dos serviços comuns às duas Casas;3) receber o compromisso do presidente e do vice-presidente da República; 4) conhecer do

 veto e sobre ele deliberar. Inclui ainda o citado dispositivo a expressão “além de outros ca-sos previstos na Constituição”, alertando o leitor da possibilidade de haver casos esparsosno texto constitucional que ensejem sessão conjunta do Congresso Nacional. Sobre isso,

 osé Aonso da Silva (2006b, p. 519) arma: “Não os encontramos”. Mas seriam apenasos casos expressos na CF/1988 que poderiam ser objeto de sessão conjunta do CongressoNacional? A interpretação legislativa indica que não, pois o Regimento Comum do Con-gresso Nacional, em seu art. 1º, prevê, além dos quatro casos constitucionais expressos no§ 3º do art. 57 da CF, outras situações que implicam sessão conjunta, são elas: promulgaremendas à Constituição; discutir e votar o Orçamento; delegar ao presidente da Re-

pública poderes para legislar (essas situações são previstas na Constituição, porém háquem deenda não haver exigência constitucional expressa de que sejam objeto de sessãoconjunta) e, ainda, atender aos demais casos previstos na Constituição e no RegimentoComum. Nesse sentido, um dos casos regimentais não previstos na Constituição é o de-

SESSÃO

• Legislativa

(RICD, art. 2º)

• Plenária(RICD, art. 65)

• Preparatória• Ordinária• Extraordinária• Solene

Previsão constitucional

(CF, art. 57) reere-se a CD e SF 

• Ordinária•

Extraordinária

Page 38: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 38/441

Capítulo I

37

corrente da norma inscrita no art. 68 do RCCN, que prevê sessão conjunta para recepçãode chee de Estado estrangeiro. Assim, na prática congressual, ocorrem sessões conjuntasdo Congresso Nacional que não decorrem de expressa exigência constitucional.

Em regra, o Congresso Nacional realiza suas sessões no Plenário da Câmara dosDeputados, mas poderá escolher previamente outro local (RCCN, art. 3º).

Nas deliberações ocorridas em sessões conjuntas, computam-se separadamente os  votos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Em regra, votam primeiro osdeputados e posteriormente os senadores, salvo no caso de apreciação de veto presidenciala projeto de lei de iniciativa de senador, caso em que a votação será iniciada pelo Senado.Se prevalecer em qualquer das Casas o voto contrário, a matéria cará rejeitada, ainda queaprovada pela totalidade da Casa que primeiro se maniestou (RCCN, art. 43).

Por m, esclareça-se ter ocorrido sessão unicameral do Congresso Nacional na revi-são constitucional prevista para cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988(ADCT, art. 3º). Essa atuação congressual resultou na promulgação das emendas de re-

 visão de nos 1 a 6, de 1994. Dierença essencial, nesse caso, é que o Congresso Nacionalreuniu-se como uma única Câmara (sessão unicameral), situação em que não houve dis-tinção entre os votos de deputados e senadores. Por conseguinte, preponderou o poder dedecisão da Câmara, visto ser exigido o quórum de maioria absoluta para aprovar-se emen-da constitucional de revisão. Por exemplo, bastaria que 298 deputados decidissem a avorde uma matéria para tê-la como aprovada. Esta oi a única previsão de sessão unicameral

do CN na vigência da atual Constituição.

AULA 11 – sEssão x rEUnião

A consulta ao dicionário conduzirá o leitor ao entendimento de que os vocábulos“sessão” e “reunião” mantêm relação semântica. O Dicionário Michaelis (1998, p. 1839e 1930), por exemplo, registra ambos os termos e, entre as concepções ali apresentadas,inorma:

a) sessão – reunião, assembleia de uma corporação ou período de cada ano duranteo qual uma corporação deliberativa realiza regularmente as suas reuniões: sessãolegislativa;

b) reunião – sessão de uma agremiação ou coletividade;

c) reunir – ter sessão: o Congresso não reúne hoje;

d) sessionar – reunir-se em sessão deliberativa (uma corporação ou órgão colegiado).

A Constituição Federal utiliza tais vocábulos ao tratar do uncionamento do Congres-so Nacional no art. 57: a) caput – O congresso Nacional reunir-se-á [...]; b) § 1º – As reu-nies marcadas [...]; c) § 3º – [...] reunir-se-ão em sessão conjunta [...]; d) § 4º – Cadauma das Casas reunir-se-á em sesses preparatórias [...]. Ademais, a Carta da Repúblicaprescreve no art. 58, § 4º, – [...] na última sessão ordinária do período legislativo [...].

Page 39: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 39/441

38

Curso de Regimento Interno

Portanto, a anidade dos termos reunião e sessão evidencia-se no texto constitucio-nal. No entanto, curioso é observar que, em relação às sessões preparatórias previstas naLei Maior, os regimentos das casas legislativas adotaram posturas dierentes. Enquanto a

Câmara reproduziu a expressão constitucional de “sessões preparatórias” (RICD, art. 2º,§ 2º), o Senado, apesar de preservar a semântica, denominou-as de “reuniões preparató-rias” (RISF, art. 3º).

Outro ponto interessante quanto ao signicado dos vocábulos diz respeito à denomi-nação dos trabalhos no Plenário e nas comissões. Saliente-se que as Casas harmonizamo entendimento ao utilizarem, em regra, a denominação sessão para o ajuntamento dosparlamentares em Plenário e reunião para encontros das comissões, salvo no que tangeàs atividades preparatórias mencionadas anteriormente (RICD, arts. 46 e 65; e RISF, arts.107 e 154). Nesse sentido, o art. 226 do RICD, ao abordar o exercício do mandato, impõeque o deputado deve “participar das sesses do Plenário e das reunies de comissão deque seja membro”. Texto similar encontra-se no RISF, art. 8º, caput .

Logo, conclui-se: no dicionário, reunião pode ser sinônimo de sessão, mas no RICD não. No Regimento Interno da Câmara dos Deputados, reunião diere de sessão. NaCâmara, as comissões realizam reuniões, o Plenário, sessões. Outros órgãos da Câmaratambém realizam reuniões, como é o caso do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.Sobre reuniões de comissão, conra a aula 15 do capítulo VI. O estudo das sessões daCâmara consta do capítulo VIII.

AULA 12 – concEitos Básicos do dirEito

Nesta aula abordaremos, de orma resumida e simplicada, alguns conceitos básicosdo direito com a nalidade de permitir uma maior compreensão do processo legislativo,bem como do teor da Constituição Federal, do Regimento Interno e dos comentáriosconstantes desta publicação.

Em primeiro lugar, cumpre apresentar a denição do que vem a ser direito. O direitopode ser entendido como “a norma das ações humanas na vida social, estabelecida por umaorganização soberana e imposta coativamente à observância de todos”. (RODRIGUESapud FARIAS, 2005, p. 3)

Dessa orma, o direito tem por objetivo pacicar e disciplinar a vida em socieda-de, bem como espelhar suas necessidades. Como os valores do direito não são criadosabstratamente, mas, ao contrário, representam a expressão da vontade social, são passíveisde mutação para acompanharem a evolução da sociedade (FARIAS, 2005, p. 2-3).

Outro conceito importante é o de norma jurídica. As normas ou regras jurídicas sãocertos esquemas ou modelos de organização e de conduta que disciplinam a experiência

social, as quais são objeto da ciência do direito (REALE, 1991, p. 93).

As normas jurídicas podem ser classicadas segundo os seguintes critérios (POLETTI,1991, p. 192-194):

Page 40: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 40/441

Capítulo I

39

a) do sistema a que pertencem: nacionais (normas de um determinado país), es-trangeiras (pertencentes a outros países), de direito uniorme (normas de direitointernacional);

b) da onte : legislativa (emanadas do processo legislativo), consuetudinária (oriundasdos costumes da sociedade), jurisprudencial (provenientes das sentenças judiciaise dos repositórios jurisprudenciais) e contratual (ruto do ajuste de vontades de-correntes de contrato);

c) da validade espacial : ederais, estaduais, municipais;

d) da temporalidade : vigência determinada e vigência indeterminada (ou seja, tempode vida das normas);

e) da materialidade : de direito público (direito constitucional, administrativo, penal,processuais, internacional público, tributário), de direito privado (direito civil, co-mercial, internacional privado);

) de hierarquia: constitucionais, complementares, ordinárias, regulamentares, indi- vidualizadas privadas e públicas;

g) de sua qualidade : positivas ou permissivas, proibitivas ou negativas.

 á a lei é “a regra primordial e undamental que rege as relações sociais no interior do

Estado e de um modo geral e permanente” (SILVA, 2006a, p. 25). Assim, a lei é um atonormativo de caráter geral, abstrato e obrigatório, que tem por objetivo ordenar a vidacoletiva, trazendo certeza, precisão e garantia às relações jurídicas.

São leis em sentido amplo (lato sensu): as emendas à Constituição, as leis complemen-tares, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos eas resoluções (CF, art. 59).

Em sentido estrito (stricto sensu), são consideradas leis apenas as leis ordinárias, leiscomplementares e leis delegadas.

Dessa orma, cumpre tratarmos de alguns conceitos existentes na Lei de Introdução àsNormas do Direito Brasileiro – LIDB (essas são as novas nomenclatura e sigla da normaque conhecíamos como Lei de Introdução ao Código Civil) – Decreto-Lei nº 4.657/1942,com a ementa oerecida pela Lei nº 12.376, de 2010 –, verdadeira lei de introdução àsleis, espécie de manual sobre como devem ser elaboradas as leis que se aplicam a todos osramos da ciência jurídica. Com eeito, o legislador procedeu bem ao alterar a ementa doreerido decreto, sem alterar-lhe o conteúdo, e, assim, evidenciar que esta Lei de Introdu-ção se reere às normas do direito brasileiro em geral, e não apenas ao Código Civil.

O art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispõe que são ontesormais do direito a lei, a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A lei éonte ormal principal do direito, enquanto que as demais são ontes ormais acessóriasou secundárias.

Page 41: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 41/441

40

Curso de Regimento Interno

Existem ainda as ontes não ormais do direito, que compreendem a doutrina e a jurisprudência.

A doutrina pode ser entendida como a inuência da orientação acadêmica oriunda

dos estudiosos do direito, enquanto que  jurisprudência é a posição dos tribunais, con-substanciada por reiteradas decisões.

A entrada em vigor de uma lei é tratada no art. 1º da LIDB. Dessa orma, caso a leinão disponha sobre a data de início de sua vigência, ela entrará em vigor 45 dias depois deocialmente publicada em todo o país e, nos estados estrangeiros, após três meses, quandoadmitida. Caso a lei preveja um interstício para o início de sua ecácia (vacatio legis), alei só entrará em vigor após o decurso desse intervalo. Um exemplo recente oi o do atualCódigo Civil, Lei nº 10.406, publicado em 10 de janeiro de 2002, com vigência após um

ano, ou seja, a partir de 11 de janeiro de 2003.A lei, em regra, terá vigência até que outra a modique ou a revogue. Essa revogaçãose dá quando a lei posterior expressamente a declara (LC n° 95/1998, art. 9°), quando sejacom ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior(LIDB, art. 2°).

Entretanto, pode ocorrer no mundo jurídico uma antinomia jurídica, que é a situaçãoque se verica entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento

 jurídico e com o mesmo âmbito de validade.

Essa situação é aastada pelo princípio da coerência do ordenamento jurídico, susten-tado pelo positivismo jurídico, ao armar que não pode haver normas incompatíveis, ouseja, antinômicas. Assim, havendo antinomia, uma delas não pode ser válida.

A doutrina criou três critérios para a resolução das antinomias (BOBBIO, 1996, p. 204):

a) critério cronológico;

b) critério hierárquico;

c) critério de especialidade.

Dessa orma, dadas duas normas incompatíveis, de acordo com o critério cronológico,a lei posterior prevalece sobre a lei precedente; segundo o critério hierárquico, a normade grau superior prevalece sobre a de grau inerior (ex.: a emenda à Constituição preva-lece em relação à lei ordinária); e de acordo com o critério de especialidade, a lei especialprevalece sobre a lei geral.

Para entendermos melhor a dierença de lei geral para   lei especial (ou específca),recorremos à lição de Maria Helena Diniz (1996, p. 72):

“Uma norma é especial se possuir em sua denição legal todos os elementostípicos da norma geral e mais alguns de natureza objetiva ou subjetiva, denomi-nados especializantes. A norma é especial quando acresce um elemento próprioà descrição legal do tipo previsto na norma geral, tendo prevalência sobre esta,

Page 42: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 42/441

Capítulo I

41

aastando assim o bis in idem, pois o comportamento só se enquadrará na nor-ma especial, embora também esteja previsto na geral. O tipo geral está contidono tipo especial.”

Assim, de acordo com o brocardo jurídico lex specialis derogat generali (a lei especial der-roga a geral), a lei de natureza geral, por abranger ou compreender um todo, é aplicadatão somente quando uma norma de caráter mais especíco sobre determinada matéria nãoexistir no ordenamento jurídico. Em suma, a lei de caráter especíco sempre será aplicadaem prejuízo daquela que oi editada para reger situações de ordem geral (LIDB, art. 2°, § 2°).

AULA 13 – PArtidos PoLíticos E FUncionAmEnto PArLAmEntAr

Podemos denir partidos políticos como “grupos sociais, geralmente regulados pelodireito público, vinculando pessoas que, tendo a mesma concepção sobre a orma desejávelda sociedade do Estado, se congregam para a conquista do poder político, para realizarum determinado programa” (PINTO FERREIRA apud MICHELS, 2006, p. 155). oséAonso da Silva (2006b, p. 395) leciona que o partido político “é uma orma de agremia-ção de um grupo social que se propõe organizar, coordenar e instrumentalizar a vontadepopular com o m de assumir o poder para realizar seu programa de governo”.

O partido político é dotado de personalidade jurídica de direito privado e tem comoobjetivos assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema repre-

sentativo e deender os direitos undamentais denidos na Lei Maior, conorme o previstono art. 1° da Lei n° 9.096, de 1995, que dispõe sobre os partidos políticos.

O art. 13 do aludido diploma legal traz importante inormação acerca do unciona-mento parlamentar dos partidos nas casas legislativas, a chamada cláusula de barreira:

“ Art. 13. Tem direito a uncionamento parlamentar, em todas as casas legis-lativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleiçãopara a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por centodos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos em,pelo menos, um terço dos estados, com um mínimo de dois por cento do totalde cada um deles.” (grio nosso)

Sobre a cláusula de barreira mencionada e as restrições por ela impostas aos partidospolíticos, cumpre inormar que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, em 7 de de-zembro de 2006, pela unanimidade dos ministros presentes (dez deles, um estava ausente),a inconstitucionalidade da cláusula de barreira, regra que punia e restringia o unciona-mento dos partidos políticos.

A decisão unânime do tribunal acompanhou o voto proerido pelo ministro MarcoAurélio de Mello, relator das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 1.351 e1.354, ajuizadas, respectivamente, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e peloPartido Social Cristão (PSC). As ações contaram também com o apoio do PSB, PV,

Page 43: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 43/441

42

Curso de Regimento Interno

PSOL, PRB, PPS, PL, Prona e PTdoB. Todos esses partidos elegeram deputados emoutubro de 2006, mas não superaram a cláusula de barreira, que vigoraria a partir de 2007.

“A cláusula de barreira ou de desempenho era uma exigência da Lei dos Par-tidos Políticos (9.096/1995) que estabelecia para os partidos a necessidade deobtenção de 5% dos votos válidos para deputado ederal em todo o país, dis-tribuídos em pelo menos nove estados, com um mínimo de 2% do total decada um deles. Os partidos que não superassem a cláusula cariam privados dopleno uncionamento parlamentar.Em regra, uncionamento parlamentar signica ter direito a ormar bancada,com direito a escolher livremente um líder, ter acesso ao undo partidário, à pro-paganda gratuita no rádio e na televisão e a participar dos órgãos das casas legis-

lativas, como a Mesa Diretora e as comissões permanentes, tomando como baseo princípio constitucional da proporcionalidade partidária. Entretanto, nem a Leinº 9.096, de 1995, nem os regimentos das casas legislativas do Congresso Na-cional estabelecem expressamente o que vem a ser ‘uncionamento parlamentar’.”

Aprovada em 1995, a cláusula de barreira seria aplicada pela primeira vez nas eleiçõesocorridas em 2006. Pelo resultado das urnas, e caso vigorasse o art. 13 da reerida lei,somente 7 dos 21 partidos que elegeram deputados atingiram os percentuais previstosna cláusula de desempenho. Superaram a reerida cláusula: PMDB, PT, PSDB, PFL, PP,

PSB e PDT.Para evidenciar os argumentos sobre a inconstitucionalidade da cláusula de barreira,

transcrevemos, a seguir, o voto do ministro Eros Grau, que conclui pela procedência dareerida ADI:

“  AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1.351-3 DISTRI- TO FEDERAL

RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

REQUERENTE: PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL – PC DO B EOUTROS

ADVOGADO: PAULO MACHADO GUIMARAES E OUTROS

REQUERENTE: PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA – PDT

ADVOGADO: RONALDO ORGE ARAUO VIEIRA UNIOR E OUTRO

REQUERIDO: PRESIDENTE DA REPÚBLICA

REQUERIDO: CONGRESSO NACIONAL

INTERESSADO(A/S): PARTIDO POPULAR SOCIALISTA

ADVOGADO(A/S): CESAR SILVESTRI FILHO E OUTRO

Page 44: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 44/441

Capítulo I

43

 VOTO

O SENHOR MINISTRO Eros Grau: Da cláusula de barreira diz MARCELLOCERQUEIRA, em exposição proerida em congresso de direito constitucional rea-

lizado no mês de novembro que passou:‘Essa cláusula (barreira, exclusão, desempenho), abolida com a redemocratização,em 1985, agora retorna (aparentemente agravada) na Lei 9.096/1995 (...) Intro-duz-se, no direito constitucional, norma de exceção em ace da qual está previa-mente censurada a liberdade partidária, a possibilidade de expressão de correntese pensamentos políticos que não se enquadrem na propalada regra iníqua queimplica negar seu apereiçoamento em uma sociedade complexa e dierenciada.É como um jardineiro que impede que ores novas desabrochem e se poupe de

apenas regar antigas ervas, que podem ser daninhas.’02. Essa cláusula, designa-a o eminente proessor como ‘corredor da morte dasminorias políticas’.

03. A Constituição do Brasil arma como um dos undamentos da RepúblicaFederativa do Brasil o pluralismo político [art. 1º, V]. Por outro lado, os parti-dos políticos com representação no Congresso Nacional são titulares de legi-timidade ativa para impetrar mandado de segurança coletivo e ação direta deinconstitucionalidade [arts. 5º, LXX, e 103, VIII]. Todos os partidos políticos,todos eles, sem distinção de nenhuma ordem, desde que estejam representadosno Congresso Nacional.

04. Essa lei na ADI impugnada az, porém, distinções entre os partidos, tratando-osde modo dierenciado. Isso de modo a entrar em testilhas com o disposto no artigo17 e §§ da Constituição. De sorte a agravar mesmo o direito de associação, objeto degarantias estipuladas nos incisos XVII, XVIII e XIX do artigo 5º da Constituição.

05. A lei, de modo oblíquo, reduz a representatividade dos deputados eleitos pordeterminados partidos, como que cassando não apenas parcela de seus deveres derepresentação, mas ainda – o que é mais grave – parcela dos direitos políticos dos

cidadãos e das cidadãs que os elegeram. Para ela, o voto direto a que respeita oartigo 14 da Constituição do Brasil não tem valor igual para todos. Uma lei comsabor de totalitarismo; bem ao gosto dos que apoiaram a cassação de mandatose de registro de partido político; bem ao gosto dos que, ao tempo da ditadura,contra ela não assumiram nenhum gesto senão o de apontar com o dedo. Nãoapenas silenciaram, delataram...

06. Uma lei tão adversa à totalidade que a Constituição é, tão adversa a esta tota-lidade, que o mesmo partido político pelo qual poderá ter sido eleito o chee do

Poder Executivo será, sob a incidência de suas regras, menos representativo doque os demais partidos no âmbito interno do Parlamento.

07. Múltipla e desabridamente inconstitucional, essa lei aronta o princípio daigualdade de chances ou oportunidades, corolário do princípio da igualdade. Pois

Page 45: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 45/441

44

Curso de Regimento Interno

é evidente que seria inútil assegurar-se a igualdade de condições na disputa elei-toral se não se assegurasse a igualdade de condições no exercício de seus manda-tos pelos eleitos.

08. Discorrendo sobre as maiorias e o despotismo da maioria, sobre o absur-do de uma maioria xada meramente por via matemática e estatística, CARLSCHMITT1 arma a necessidade de pressupor-se, sempre, um princípio de

 justiça material, se não quisermos ver desmoronar de uma só eita todo o siste-ma da legalidade. Esse princípio é o da igualdade de ‘chance’ para alcançar aquelamaioria, aberta a todas as opiniões, a todas as tendências e a todos os movimen-tos concebíveis. Sem esse princípio, a matemática das maiorias seria um jogogrotesco, um insolente escárnio. Quem obtivesse a primeira maioria a deteriapara sempre – seu poder seria permanente.

09. Quase à mesma época, HERMAN HELLER 2 armava, signicativamente,que o parlamentarismo descansa de modo muito especial em um conteúdo co-mum de vontade que integra todas as oposições. Pois essa unidade política deverealizar-se, como sua essência requer, em condições da maior liberdade e igualda-de de possibilidades de atuação política para todos os grupos.

10. Anoto ainda aqui, parenteticamente, que há vinte anos, sobre esse mesmoprincípio, escreveu o ministro Gilmar Mendes, em artigo publicado na RDP nú-mero 82, então discorrendo sobre a jurisprudência constitucional alemã.

11. A igualdade de chance , em verdade, não acresce sentido inovador à igualdade.Antes, pelo contrário, desdobra-se da sua própria raiz. Igualdade signicandoisonomia não apenas entre partidos, porém, sobretudo, entre eleitores. Isonomiacom a qual a Lei nº 9.096/1995 é de todo incompatível.

 ulgo procedente a ADI.”

Finalmente, é importante também ressaltar o que dispõe o art. 26, § 3°, do RICD, queassegura a todo deputado, salvo se membro da Mesa, o direito de integrar, como titular,

pelo menos uma comissão permanente.

AULA 14 – PrincíPio dA ProPorcionALidAdE PArtidáriA

A Constituição Federal, no § 1º do art. 58, assegura a representação proporcional,tanto quanto possível, dos partidos ou blocos parlamentares que participam da respectivaCasa na constituição das Mesas e de cada comissão.

Conorme registra Luiz Claudio Alves dos Santos (2006, p. 57),

1 lg y gm , trad. Jose Diaz Garcia, Aguilar, Madrid, 1971, p. 43-44.

2 ep y fm, trad. de Francisco J. Conde, Editorial España, Madrid, 1931, p. 14.

Page 46: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 46/441

Capítulo I

45

“Entende-se por princípio da proporcionalidade partidária (art. 25, § 1º) ouprincípio da representação proporcional (art. 29, § 2º) a representação pro-porcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da casa

legislativa, tanto quanto possível (CF, art. 58, § 1º). A expressão constitucional‘tanto quanto possível’, reerente à distribuição proporcional das vagas na Mesae nas comissões das casas legislativas que compõem o Congresso Nacional,poderia ser compreendida como o dever de se adotar critérios matemáticos atéo limite do possível. Porém, é pertinente esclarecer que o legislador regimentalparece não ter interpretado a reerida expressão constitucional no sentido deque osse absolutamente necessária a adoção rigorosa de critérios puramentematemáticos, pois coneriu à Minoria o direito de ocupar vaga na Mesa e nascomissões independentemente da proporcionalidade partidária, bem como es-

tabeleceu o rodízio entre as bancadas minoritárias não contempladas (no PPP)para compor as comissões temporárias (arts. 23, caput , e 33, § 2º). O art. 23 dis-põe que, na constituição das comissões, assegurar-se-á, tanto quanto possível,a representação proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que par-ticipem da Casa, incluindo-se sempre um membro da Minoria, ainda que pelaproporcionalidade não lhe caiba lugar. No que se reere a bloco parlamentar,tais representações poderão ser constituídas com, no mínimo, três centésimosdos membros da Câmara. Sua representação nas comissões só será garantida

naquelas em que obtiver vaga em razão da representação proporcional ou doscritérios excepcionais retromencionados.”

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados, reproduzindo o mandamento cons-titucional, assegura, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos oublocos parlamentares que participem da Câmara na composição da Mesa (RICD, art. 8º,caput ). De igual modo, determina a reprodução, quando possível, da proporcionalidade darepresentação dos partidos ou blocos parlamentares na Casa na composição da ComissãoRepresentativa do Congresso Nacional (RICD, art. 224, parágrao único).

 Tal princípio é também aplicado na composição de outros órgãos políticos da Câmara,como, por exemplo, a Procuradoria Parlamentar (RICD, art. 21, § 1º).

Tanto quanto possível

A expressão “tanto quanto possível” reere-se simplesmente à tentativa de viabilizar oprincípio da proporcionalidade partidária nos órgãos colegiados das casas legislativas. Issoporque nem sempre é possível espelhar nas comissões e nas Mesas das Casas, por exemplo,a proporção exata que os partidos ou blocos parlamentares ocupam na composição desses

órgãos legislativos.

Page 47: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 47/441

46

Curso de Regimento Interno

Exemplo:

Considere a seguinte situação hipotética:

1) a Casa Legislativa X é composta por cem membros, na orma demonstrada natabela a seguir:

Casa Legislativa X

Partido Quantidade de Membros Vagas na Casa (Percentual)

A 30 30%B 30 30%C 20 20%D 10 10%

E 5 5%F 3 3%G 1 1%H 1 1%

 TOTAL 100 100%

2) a Comissão A da Casa Legislativa X deve ser constituída por dez membros.

Dessa orma, ao tentarmos aplicar a exata proporcionalidade partidária na reerida co-

missão – em que há dez vagas –, não lograremos êxito, como demonstra a tabela a seguir:

Comissão A (10 vagas)

Partido Quantidade de Membros Vagas na Comissão (Percentual)

A 3 30%B 3 30%C 2 20%D 1 10%

E – –F – –G – –H – –

 TOTAL 9 90%

Pode-se observar que sobrou apenas 1 vaga para todos os demais partidos. O que azer?

Nesse caso, apenas um parlamentar de um desses partidos: E, F, G e H completaráa composição da comissão. Suponhamos que seja um membro do Partido E, e que, por

critérios regimentais, ocupe a vaga, cando a seguinte composição:

Page 48: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 48/441

Capítulo I

47

Comissão A (10 vagas)

Partido Quantidade de Membros Vagas na Comissão (Percentual)A 3 30%B 3 30%C 2 20%D 1 10%E 1 10%F – 0%G – 0%H – 0%

 TOTAL 10 100%

Os partidos F, G e H, portanto, caram sem vagas nesse colegiado.

Partido F: 0 vaga (equivale a 0% das vagas da comissão); Partido G: 0 vaga (equivalea 0% das vagas da comissão); Partido H: 0 vaga (equivale a 0% das vagas da comissão).

Dessa eita, os partidos F, G e H, que representam, respectivamente, 3%, 1% e 1% daCasa, na comissão caram sem nenhum membro (0%). á o Partido E, que representa 5%da composição do Plenário da Casa, cou com 10% das vagas da comissão (1 vaga). Ospartidos de A a D, por sua vez, conseguiram manter na Comissão A a exata proporção

que apresentam na Casa Legislativa X. Esses dados são apresentados na tabela a seguir:

Casa Legislativa X Comissão A

PartidoQuantidade de

membrosVagas na Casa(percentual)

Quantidade demembros

Vagas na Comissão(percentual)

A 30 30% 3 30%

B 30 30% 3 30%

C 20 20% 2 20%

D 10 10% 1 10%

E 5 5% 1 10%

F 3 3% – 0%

G 1 1% – 0%

H 1 1% – 0%

 TOTAL 100 100% 10 100%

Portanto, podemos perceber que, embora tenhamos procurado reetir a composiçãopartidária da casa legislativa na comissão, isso não oi possível, uma vez que, enquanto oPartido E cou sobrerrepresentado, os partidos F, G e H não puderam se azer represen-tar nesse órgão técnico. Daí a expressão “tanto quanto possível”, porque nem sempre é

Page 49: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 49/441

Curso de Regimento Interno

48

possível cumprir à risca a exata proporção da composição partidária das casas legislativasnos seus colegiados internos.

Logo, a expressão “tanto quanto possível” tende a conduzir o intérprete da lei a envidar

esorços para esgotar os critérios matemáticos na distribuição proporcional das vagas nosórgãos internos da Casa, conorme a proporção que cada bancada de partido ou blocoparlamentar representa na casa legislativa.

Porém, cumpre ressaltar que o legislador interno da Câmara dos Deputados, ao regula-mentar o disposto no § 1º do art. 58 da CF, não se ateve apenas a critérios matemáticos nainterpretação do dever de assegurar, “tanto quanto possível”, a representação proporcionaldos partidos ou blocos parlamentares na composição da Mesa da Câmara e de suas co-missões. Constam no RICD critérios não matemáticos para distribuição das vagas como,

por exemplo, garantia de uma vaga para membro da Minoria tanto na Mesa como nascomissões, bem como a existência de rodízio entre as bancadas não contempladas peloprincípio da proporcionalidade partidária para ocupar vaga nas comissões temporárias(RICD, arts. 23 e 33, § 2º).

Page 50: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 50/441

49

Cpítu II 

Nçõ Fun  Pc Lgtv 

AULA 1 – ProcEsso LEgisLAtivo

O processo legislativo pode ser conceituado sob dois aspectos: o geral e o especíco.Sob a ótica ampla, o processo tem relação com as unções típicas do Poder Legislativo,quais sejam: a legislativa, a scalizadora e a de representar o povo brasileiro. Nesse sentido,o processo legislativo compreenderia todas as atividades e procedimentos utilizados para

 viabilizar as competências do Congresso Nacional.

 á no aspecto restrito, o processo legislativo é o conjunto de atos sucessivos realizadospara a produção de lei (norma jurídica), conorme regras próprias aplicáveis à elaboração

de cada espécie normativa. Nesse aspecto, o processo legislativo tem relação tão somentecom a unção legislativa do Poder Legislativo. Para isso, o art. 59 da Constituição Federalenumera as espécies normativas a seguir: emendas à Constituição, leis complementares,leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Quanto à sequência de procedimentos, o processo legislativo pode ser classicado emordinário, sumário e especial. O modelo de processo legislativo bicameral é o reerente àelaboração de leis ordinárias, que engloba três ases distintas:

1) introdutória (ou de iniciativa);

2) constitutiva (discussão e aprovação, sanção e/ou veto);

3) complementar (promulgação e publicação).

A seguir, discorremos resumidamente sobre essas ases.

Fase introdutória

O art. 61 da Constituição Federal dispõe sobre a iniciativa dos projetos de lei com-

plementar e ordinária. Nesse sentido, a apresentação dessas espécies de proposição cabe aqualquer deputado ou senador, ou comissão da Câmara, do Senado ou do Congresso Na-cional, ao presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos tribunais superiores,ao procurador-geral da República e aos cidadãos.

Page 51: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 51/441

50

Curso de Regimento Interno

A seguir, apresentamos os dispositivos constitucionais reerentes à iniciativa das leispelos agentes públicos, órgãos públicos e cidadãos:

• Deputado(s): art. 61, caput ;

• Senador(es): art. 61, caput ;

• Comissão da Câmara dos Deputados: art. 61, caput ;

• Comissão do Senado Federal: art. 61, caput ;

• Comissão do Congresso Nacional: art. 61, caput ;

• Presidente da República: arts. 61, caput , e 84, III (disposições gerais); art. 61,§ 1º (competência privativa); arts. 62 e 84, XXVI (medidas provisórias);

art. 165 (leis orçamentárias);• Supremo Tribunal Federal: art. 93, caput , I e II (lei complementar); art. 96, II, a e b;

• Tribunais superiores: art. 96, II, a e b;

• Tribunal de Contas da União: art. 73, caput , in fne ; art. 96, II, a e b;

• Procurador-geral da República: arts. 127, § 2º, e 128, § 5º;

• Cidadãos: art. 61, § 2º.

Por pertinente, cumpre ressaltar que tanto a Câmara dos Deputados quanto o SenadoFederal detêm competência privativa para iniciativa de lei para xação da remuneraçãodos cargos, empregos e unções de seus serviços, observados os parâmetros estabelecidosna lei de diretrizes orçamentárias (CF, arts. 51, IV, e 52, XIII). Na Câmara dos Deputados,essa iniciativa é exercida pela Mesa Diretora (RICD, art. 15, XVII). No Senado Federal,cabe à Comissão Diretora apresentar projeto de lei com essa nalidade (RISF, art. 98, III).

Fase constitutiva

Quanto aos procedimentos da ase constitutiva do processo legislativo, além da discus-são e votação do projeto de lei nas duas Casas do Congresso Nacional – assunto tratadopormenorizadamente, no que tange à Câmara dos Deputados, nos capítulos XII e XIIIdeste livro –, cumpre explanarmos sobre a sanção e o veto.

•  DiscussãoConsulte o capítulo XII deste livro.

•   Votação

Consulte o capítulo XIII deste livro.•  SançãoA sanção é a concordância do presidente da República com o projeto de lei aprovado

pelo Congresso Nacional. Ela incide sobre o projeto, podendo ser expressa ou tácita. Para

Page 52: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 52/441

Capítulo II

51

isso, o chee do Poder Executivo dispõe de quinze dias úteis para se maniestar (sançãoexpressa). Superado esse período sem o posicionamento do presidente, a matéria é consi-derada tacitamente sancionada.

•   VetoO veto, na concepção atual, teve origem no pensamento de Montesquieu – assinalado

em sua amosa obra O espírito das leis –, que o inscreveu como uma prerrogativa atribuídaao Poder Executivo como participante da elaboração da legislação (SILVA, 2006a, p. 216).Para Alexandre de Moraes (2006, p. 594), o veto é a maniestação de discordância do pre-sidente da República com o projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. osé EduardoSantana (1997, p. 124) considera o veto o oposto da sanção, interpretando-o como umasanção negativa. Michel Temer (2006, p. 141) entende que vetar, na denotação consti-

tucional, signica discordar dos termos de um projeto de lei. Em sua obra sobre direitoconstitucional, Pedro Lenza (2006, p. 283) arma que, em caso de discordância, pode ochee do Executivo vetar o projeto de lei, desde que observe algumas regras dispostas notexto da Lei Maior.

Alexandre de Moraes (2006, p. 594) compreende que a natureza jurídica do veto éponto de discordância entre os doutrinadores, já que há juristas que entendem tratar-sede um direito, outros, de um poder, havendo ainda a tese intermediária que o prescrevecomo um poder-dever do presidente da República. Para osé Aonso da Silva (2006a,p. 217), juridicamente o veto é um poder que se conere ao chee do Executivo de devolverao Legislativo o projeto de lei que julgar inconstitucional ou inconveniente aos interessesnacionais, para eeito de nova consideração.

Antes de apresentarmos a classicação e as características do veto, vejamos o enten-dimento de osé Aonso da Silva (2006a, p. 217) sobre o interesse do Poder Executivo ao

 vetar um projeto de lei:

“Basicamente o veto é um instrumento de controle da legislação não apenas doponto de vista da constitucionalidade, como também dos interesses, conteúdo

do projeto de lei.[...] serve ele para selecionar a matéria e interesses a serem tutelados em ace doprograma de governo adotado pelo Executivo. Há, aqui, a possibilidade de har-monizar o exercício do poder de veto com o exercício do poder de iniciativa legis-lativa governamental. Este, como vimos, constitui um instrumento de atuação deum programa político, programa de governo. Acontece que, através da iniciativaparlamentar e do poder de emendar, são adotados projetos de leis, no Parlamento,inadequados ou incompatíveis com o programa governamental, os quais, conver-tidos em lei, importam desvio ou elemento perturbador do plano de governo. O

 veto, nesse caso, atua como um ator corretivo, segundo a ideologia do governo,numa tentativa de impedir que tais leis venham desarticular sua programação.”

Page 53: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 53/441

52

Curso de Regimento Interno

Ao pesquisar sobre a matéria, observamos a inexistência de posicionamento unânimeentre renomados doutrinadores quanto à classicação e às características do veto. osé Aon-so da Silva (2006a, p. 218) o classica em total ou parcial, legislativo e relativo ou suspensivo.

Para Rodrigo César Rebello Pinho (2002, p. 84), quanto à motivação, o veto pode ser jurídico ou político e, quanto à amplitude, classica-se como parcial ou total. Para esseautor (PINHO, 2002, p. 83), todo veto deve ser caracterizado como: a) undamentado; b)relativo; c) suspensivo; d) irretratável.

 á para Alexandre de Moraes (2006, p. 594-595), o veto deve ser: a) expresso; b) moti- vado ou ormalizado; c) total ou parcial; d) supressivo; e) superável ou relativo.

É relativo, pois pode ser derrubado pelo Congresso Nacional, e considerado suspensi- vo, uma vez que impede a entrada em vigor da parte vetada. Além disso, é irretratável, não

podendo o chee do Poder Executivo voltar atrás em sua decisão.O veto jurídico ocorre quando o chee do Executivo considera a matéria inconstitu-

cional. á o político se caracteriza quando o Executivo entende que o conteúdo do projetoé contrário ao interesse público. Será jurídico e político quando considerado tanto incons-titucional como contrário ao interesse público.

Será total se o veto recair sobre a integralidade do projeto, e parcial quando incidirsobre texto integral de artigo, parágrao, inciso ou alínea. Ressalte-se que não é permitidoo veto sobre itens, expressões ou palavras. Nos termos do art. 10 da Lei Complementar

nº 95, de 1998, alterada pela Lei Complementar nº 107, de 2001, a alínea pode se sub-dividir em item, que também é considerado um dispositivo da lei, porém o art. 66, § 2º,da CF não o incluiu entre as partes da lei que, isoladamente, são passíveis de veto parcial.

Uma vez vetado determinado projeto de lei pelo presidente da República, cabe aoCongresso Nacional apreciar o veto, dentro de trinta dias corridos a contar do seu recebi-mento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores,em escrutínio secreto. Esgotado esse prazo sem deliberação, o veto será incluído na Or-dem do Dia da sessão imediata do Congresso Nacional, sobrestadas as demais proposi-ções, até que se ultime sua votação nal. Se o veto or derrubado, ou seja, não or mantido,

será o projeto encaminhado ao presidente da República para promulgação. Nesse caso, sea lei não or promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo presidente da República, opresidente do Senado Federal a promulgará, e, se este não o zer em igual prazo, caberá ao

 vice-presidente do Senado azê-lo. (CF, art. 66, §§ 4° a 7º).

É importante ressaltar o caput e o § 1º do art. 104 do Regimento Comum do Congres-so Nacional (Resolução nº 1, de 1970 – CN), que trata sobre a matéria, in verbis:

“ Art. 104. Comunicado o veto ao presidente do Senado, este convocarásessão conjunta, a realizar-se dentro de 72 (setenta e duas) horas para darconhecimento da matéria ao Congresso Nacional, designação de comissãomista que deverá relatá-la e estabelecimento de calendário de tramitação.

Page 54: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 54/441

Capítulo II

53

§ 1º O prazo de que trata o § 4º do art. 66 da Constituição será contado apartir da sessão convocada para conhecimento da matéria.” (grio nosso)

Note-se a dissonância entre o prazo assinalado no reerido regimento e o § 4º daConstituição Federal, já que este prescreve:

“  Art. 66........................................................................................................................................................................................................................................§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta dentro de trinta dias a contar doseu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dosdeputados e senadores, em escrutínio secreto.” (grio nosso)

Sobre essa divergência entre os prazos citados, osé Aonso da Silva destaca em relação

aos mencionados dispositivos (2006a, p. 219):

“Essa é uma norma interpretativa do disposto no § 4º do art. 66 da CF, que, noentanto, lhe dá outro sentido, porque o texto interpretado diz que o veto seráapreciado ‘dentro de trinta dias a contar de seu recebimento’, ao passo que a dis-posição regimental diz que o prazo ‘será contado a partir da sessão convocadapara conhecimento da matéria’. É inconstitucionalidade ormal sem nenhumasignicação. Quando a não apreciação do veto no prazo previsto signicava suamanutenção (CF/1969, art. 59, § 4º), uma tal discrepância era relevante. Hoje

não, porque o veto terá que ser apreciado. Se não or no prazo, entra na Ordemdo Dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votaçãonal (CF, art. 66, § 6º).”

Fase complementar

A ase complementar do processo legislativo compreende a promulgação e a publica-ção. Aquela corresponde ao ato que atesta a existência de uma lei, ou seja, é a ordenaçãopara a publicação da lei, traduzindo a ase de integração da ecácia do ato normativo,

sendo imprescindível para a sua ecácia. Vale lembrar que a promulgação incide sobre aprópria lei, dierentemente da sanção e do veto, que incidem sobre o projeto. A publica-ção corresponde ao ato de divulgação de que há uma nova lei no ordenamento jurídiconacional, mediante a inclusão no Diário Ofcial da União. Em virtude de divergência entredoutrinadores, cumpre esclarecer que, pelo ato de a promulgação e a publicação incidiremsobre a lei (e não sobre o projeto de lei), alguns doutrinadores ressalvam que, a rigor, taisprocedimentos não integram o processo legislativo.

Cumpre recordar que a entrada em vigor é tratada no art. 1º do Decreto-Leinº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Assim, caso a leinão disponha sobre a data do início de sua vigência, ela entrará em vigor em 45 dias nopaís a partir de sua publicação e, nos Estados estrangeiros, após três meses, quando admi-tida. Se a norma prevê um interstício (intervalo) para o início de sua ecácia, termo latino

Page 55: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 55/441

54

Curso de Regimento Interno

conhecido como vacatio legis, a lei só entrará em vigor a partir da data mencionada, comooi o caso do atual Código Civil, Lei nº 10.406, publicado em 10 de janeiro de 2002, com

 vigência após um ano, ou seja, em 11 de janeiro de 2003.

Processo legislativo bicameral

Processo que implica a maniestação de vontade de duas Câmaras Legislativas para aedição de lei (espécie normativa). No direito brasileiro, só existe na esera ederal. O Po-der Legislativo ederal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas casaslegislativas: Câmara dos Deputados e Senado Federal. Há quem intitule a Câmara dosDeputados de Câmara Baixa e o Senado Federal de Câmara Alta.

Nos demais entes ederativos, o processo legislativo é unicameral, pois cada um dos

entes ederados (exceto a União) possui uma única casa legislativa:Estados – Assembleia Legislativa (Assembleia Estadual);

Distrito Federal – Câmara Legislativa (Câmara Distrital);

Municípios – Câmara Municipal (Câmara de Vereadores).

O processo legislativo bicameral implica a apreciação da matéria pelas duas Casascongressuais separada ou conjuntamente. Em regra, Câmara e Senado trabalham separa-damente. Os casos de sessão conjunta encontram-se especicados na aula 10 do capítulo I.

Na atuação isolada das Casas que compõem o Congresso Nacional para o exercício decompetências privativas (CF, arts. 51 e 52), o processo legislativo reerente à elaboraçãode resolução da Câmara ou do Senado, conorme o caso, é unicameral, pois é sucientea maniestação avorável de uma única casa legislativa para se consumar a elaboração daespécie normativa mencionada no inciso VII do art. 59 da Constituição Federal.

AULA 2 – PArAdigmA do ProcEsso LEgisLAtivo BicAmErAL

O processo legislativo MODELO é o reerente à elaboração de lei ordinária, que resu-

midamente consiste na apreciação de um projeto por uma das Câmaras (Casa iniciadora)e sua revisão pela outra Câmara (Casa revisora).

A Casa iniciadora (Câmara ou Senado, conorme o caso) examinará a matéria cons-tante do projeto e poderá:

a) rejeitá-lo, caso em que irá ao arquivo;

b) aprová-lo integralmente ou com emendas, caso em que irá à Casa revisora.

À Casa revisora compete:

a) rejeitar o projeto e encaminhá-lo ao arquivo;

b) aprovar o projeto com emendas e devolvê-lo à Casa iniciadora para apreciaçãoapenas das emendas sugeridas;

Page 56: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 56/441

Capítulo II

55

c) aprovar integralmente o projeto e enviá-lo ao presidente da República para san-ção ou veto.

O uxograma a seguir mostra resumidamente o modelo de processo legislativo bicameral.

Fluxograma constitucional da tramitação legislativa

O processo legislativo ederal(CF, arts. 65 e 66)

Iniciativa Casa iniciadora Casa revisora Presidente da República

Arquivo

Emendas Veto

Arquivo Sansão Promulgação Publicação

I

Entradaem vigor

PublicaçãoPromulgação

Congresso Nacional

Presidente da República(48 horas)

Presidente do Senado Federal(48 horas)

Vice-Presidente do SF 

Rejeita o veto:

• em 30 dias

• por maioria absoluta

• em votação secreta

Mantém o veto Arquivo

I

Page 57: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 57/441

56

Curso de Regimento Interno

AULA 3 – QUórUm

É a exigência de um número mínimo para validar um ato ou reunião. Logo, a inexis-tência de quórum inviabiliza a consumação de um ato ou a instalação de uma reunião.

Na Câmara dos Deputados, existe quórum especíco em diversas situações, seja paraabertura da sessão ordinária ou início de reunião deliberativa de comissão, seja para vo-tação ou aprovação, seja, ainda, para apresentação de proposições. Nesse sentido, a partirda classicação de quórum apresentada por Valle (2006) com ns didáticos, podemosconsiderar as quatro espécies de quórum a seguir:

a) apresentação/apoiamento – relaciona-se com o consentimento para iniciar umato. Por exemplo, a apresentação de requerimento para criação de comissão parla-mentar de inquérito (1/3 dos membros) ou de recurso para que não seja dispen-sada a competência do Plenário para apreciar projeto de lei sujeito, nos termosregimentais, a apreciação apenas das comissões (1/10 dos deputados);

b) reunião (presença) – diz respeito ao número de membros presentes para iniciarou manter reunião ou sessão. Exemplos: 1) sessão ordinária da Câmara só podeser iniciada com a presença de 1/10 dos deputados na Casa, desprezada a ra-ção (RICD, art. 79, § 2º); 2) o início de reunião de comissão requer a presençade metade dos membros do colegiado sempre que se pretender apreciar pro-posições (RICD, art. 50, caput ). As sessões conjuntas do Congresso Nacionalsomente serão abertas com a presença mínima de 1/6 da composição de cadaCasa (RCCN, art. 28);

c) deliberação (presença e decisão) – tange à legitimação de processo decisório deum colegiado e undamenta-se no art. 47 da Constituição. Requer-se um númeromínimo de presenças para proceder-se ao processo decisório. Assim, conquanto sejanecessário apenas 51 deputados (1/10 dos membros da CD, desprezada a ração)para iniciar uma sessão deliberativa da Câmara, o processo decisório só poderá terinício com a presença da maioria absoluta dos membros da Casa (257 deputados);

d) aprovação – reere-se à legitimação da decisão avorável de um colegiado. Nostermos constitucionais, maioria dos votos, presente a maioria absoluta dosmembros do colegiado (CF, art. 47), ou, por exemplo, maioria absoluta no casode projeto de lei complementar (CF, art. 69) ou 3/5 dos votos para aprovaçãode proposta de emenda à Constituição (CF, art. 60, § 2º).

A principal regra quanto ao quórum está prevista no art. 47 da Constituição Federal,com reprodução nos arts. 56, § 2º, e 183 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

CF, art. 47 – “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cadaCasa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absolutade seus membros.”

Page 58: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 58/441

Capítulo II

57

RICD, art. 183 – “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações daCâmara serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.”

RICD, art. 56, § 2º – “Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações

das comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seusmembros, prevalecendo, em caso de empate, o voto do relator.”

Como disposição constitucional em contrário à regra prevista no art. 47, pode-se men-cionar a exigência de maioria absoluta para aprovação de projeto de lei complementar (CF,art. 69), bem como a exigência de 3/5 dos votos dos membros da Casa, em dois turnosde tramitação, para aprovação de proposta de emenda à Constituição (CF, art. 60, § 2°).

O art. 223, § 2º, da Constituição Federal prevê o quórum de 2/5 como exigência paraa não renovação da concessão, permissão ou autorização para o serviço de radiodiusão so-

nora e de sons e imagens, competência essa exclusiva do Congresso Nacional (CF, art. 49, XII). Vale citar que a deliberação ocorre em votação nominal.

AULA 4 – QUórUm dE mAioriA

Existem duas espécies de maioria: a simples ou relativa e a qualicada. Esta últimadivide-se em maioria absoluta, maioria de 2/3 e maioria de 3/5.

Alerte-se que votação que exija maioria de 2/3 para aprovação da matéria dependeráde um número maior de votos avoráveis do que votação que exija 3/5 de votos. Por exem-

plo, a aprovação de proposta de emenda à Constituição na Câmara depende de 308 votosavoráveis (3/5 dos votos), enquanto a autorização para instauração de processo contra opresidente da República exige a maniestação avorável de 342 deputados (2/3 dos mem-bros da Câmara).

Os quóruns de maioria simples e maioria absoluta são requisitados, conorme o caso,tanto em Plenário como em comissões, além de outros órgãos deliberativos da Câmaracomo, por exemplo, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e o Conselho de AltosEstudos e Avaliação Tecnológica.

Cumpre lembrar que, em Plenário, a maioria absoluta corresponde a 257 deputados,porém, nas comissões, a maioria absoluta dependerá do número de membros de cada umdesses colegiados. Assim, se a composição nominal das comissões A, B e C orem 50, 31 e18 membros, por exemplo, a maioria absoluta será 26, 16 e 10, respectivamente.

MAIORIA • Simples (ou relativa)

• Qualicada• Absoluta• 3/5• 2/3

Page 59: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 59/441

58

Curso de Regimento Interno

Em qualquer caso, a maioria simples ou relativa dependerá da quantidade de presentes.Cumpre ressaltar que, para validade das deliberações, sempre será necessária a presençada maioria absoluta.

Os casos em que se exigem os quóruns qualicados de 2/3 e 3/5 no RICD dizemrespeito apenas a eventos de Plenário, seja apresentação de requerimento de urgência ou

 votação de matérias.

OBSERVAÇÃO

O RICD utiliza, ainda, o vocábulo maioria para reerir-se à Maioria parlamentar,ou seja, o partido ou bloco parlamentar integrado pela maioria absoluta dos mem-bros da Casa. Por não se relacionar a quórum, essa maioria será mais bem explanada

quando do estudo das lideranças partidárias. Conra a aula 31 do capítulo IV.

AULA 5 – votAção nA câmArA

Antes de prosseguirmos no estudo de quórum e analisarmos individualmente cada es-pécie e subespécie de maioria, conheçamos as possibilidades de maniestação parlamentarno que tange ao processo decisório propriamente dito.

Diante de votação na Câmara dos Deputados, o deputado poderá:1) se escusar (abster) de tomar parte na votação, declarando simplesmente “absten-

ção”, contada para eeito de quórum;

2) dar-se por impedido de votar – comunicado à Mesa o impedimento, considerar-se-á haver o deputado votado em branco, para eeito de quórum;

3) votar:I. avorável (SIM) à matéria;II. contrário (NÃO) à matéria;III. em branco;IV. nulo (anular o voto por rasura, por exemplo).

A esse respeito, consulte os dispositivos regimentais a seguir:

• art. 180, §§ 2º e 6º;

• art. 182;

• art. 183, § 2º; e

• art. 57, XIV.

É pertinente esclarecer que, no caso de deliberação sobre aplicação de sanção dis-ciplinar por conduta atentatória ou incompatível com o decoro parlamentar, é vedado

Page 60: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 60/441

Capítulo II

59

o acolhimento do voto do deputado representado (art. 180, § 8º). O tema votação seráestudado com mais detalhes no capítulo XIII deste curso.

AULA 6 – mAioriA simPLEs (oU rELAtivA)A maioria simples corresponde à maioria de votos, desde que presente a maioria abso-

luta dos membros de um determinado colegiado.

É o quórum exigido constitucional e regimentalmente para as deliberações em geralde cada Casa do Congresso Nacional e de suas comissões. Assim, seja em Plenário ou nascomissões da Câmara, exigir-se-á sempre a presença da maioria absoluta do colegiado res-pectivo para a realização válida das votações (CF, art. 47; e RICD, arts. 56, § 2º, e 183, caput ).

Dessa orma, há dois requisitos indispensáveis para que se proceda à votação por maio-ria simples:

1) presença da maioria absoluta do colegiado;

2) maioria dos votos.

No que tange ao cálculo da maioria simples, convém conhecer três correntes de pen-samento apresentadas no Parecer nº 1.010, de 2004, da Comissão de Constituição, ustiçae Cidadania do Senado Federal3:

Primeira corrente: As abstenções não devem ser consideradas na apuração do sentidoda votação, mas exclusivamente para aerir-se o quórum de presença da maioria absolutados membros do colegiado a quem competir a deliberação, qual seja, o Plenário de cadauma das Casas do Congresso ou de suas comissões. Dessa orma, presente um númerode membros igual ou superior à maioria absoluta e superando os votos “sim” o número de

 votos “não”, considerar-se-ia aprovada por maioria simples a matéria em votação, indepen-dentemente do número de abstenções.

Mediante essa hermenêutica, bastaria apenas um voto avorável para que a matéria

osse considerada aprovada, desde que não houvesse voto contrário e os demais membrospresentes se maniestassem pela abstenção. A correlação entre a preponderância de votosteria por base os votos “sim” e os “não”.

O parecer relaciona como deensores desse entendimento Manoel Gonçalves FerreiraFilho, osé Cretella únior e oaquim Castro Aguiar.

3 Parecer nO 1.010, de 2004, da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, sobre a consulta do pre-

sidente do Senado Federal, formulada por intermédio do OF. SF/1055/2002, a respeito do resultado da

votação do segundo parecer desta comissão, proferido em 24 de abril de 2002, sobre a Emenda nO 1, de

2002, de Plenário, apresentada, em turno suplementar, ao Projeto de Lei da Câmara nO 26, de 1999. Relator

da consulta: senador Jefferson Peres. Publicado no DSF de 23/3/2005, p. 5642 a 5647.

Page 61: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 61/441

60

Curso de Regimento Interno

Ponto raco: o inconveniente de carem as decisões vulneráveis a questionamentosquanto à legitimidade do procedimento, em ace de se ter como aprovada uma determi-nada matéria, em tese, pela lógica absurda da “maioria” de apenas um único voto “sim”.

Segunda corrente: as abstenções são consideradas tanto na aerição do quórum depresença como na correlação entre a preponderância de votos. Dessa orma, a aprovaçãode uma matéria só seria possível se o número de votos “sim” osse superior ao somatóriodos votos “não”, acrescido das abstenções. Nesse sentido, a aprovação dependerá de votosavoráveis equivalentes ao primeiro número inteiro superior à metade dos presentes, desdeque presente a maioria absoluta do colegiado. Constam do citado parecer como adeptosdessa corrente Celso Ribeiro Bastos, Ives Gandra Martins, Alexandre de Moraes, PintoFerreira, Roberto Barcellos de Magalhães e osé Wilson Ferreira Sobrinho.

Ponto raco: a despeito de não ser mencionado no parecer em comento, um dos pro-blemas de se adotar essa corrente de pensamento na Câmara dos Deputados reside noato de, na prática, suprimir-se o direito de o parlamentar “escusar-se de tomar parte na

 votação, registrando simplesmente ‘abstenção’” (RICD, art. 180, § 2º). Perceba-se que oparlamentar que optar por exercer a prerrogativa regimental de abstenção poderá estarna verdade intererindo no resultado da deliberação, pois sua abstenção será computada

 juntamente com a soma dos votos “não” e resultará na rejeição da matéria, sempre que talmontante seja superior ao de votos “sim”.

 Terceira corrente: incluiu-se nesta corrente a parte do pensamento de osé Cretella  unior sobre maioria relativa, qual seja, “a que traduz o maior resultado aritmético da votação, entre os presentes que participaram do escrutínio, quando ocorra abstenção, oudispersão de votos, em vários sentidos (6 votos num sentido contra 5, 4, 3, 2 e 1, dados emoutros sentidos)”.

O exemplo apresentado na deesa do parecer oi o seguinte:

“Num universo de treze votantes, a aprovação de uma matéria não dependeria

que os votos ‘sim’ superassem a soma dos votos ‘não’ mais as abstenções, atingindoo número inteiro imediatamente subsequente à metade dos presentes, que seriade sete votos. Tampouco considerar-se-ia aprovada uma matéria que obtivesse o

 voto avorável de apenas três votantes, contra um único voto ‘não’ e nove absten-ções, como no caso em análise, pois os votos ‘sim’ deixariam de ser a maior porção,em ace da existência do número de abstenções, que, no total de nove, superariaaritmeticamente o número de ‘sim’, igual a três.”

Ponto raco: haveria casos em que o número de abstenções alcançaria a maior pro-

porção que os votos “sim” e também maior proporção que os votos “não”, isoladamenteconsiderados, podendo ocasionar a necessidade de nova votação, com possibilidade deimpasse. Em outro aspecto, não se poderia dizer que a maioria, propriamente dita, teriasido atingida.

Page 62: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 62/441

Capítulo II

61

De acordo com o parecer em alusão, seria possível a adoção de qualquer uma das regrascomo critério de apuração da maioria simples nas deliberações do Congresso Nacional.Porém, ressalvou-se que uma única regra deveria ser convencionada para utilização nos

trabalhos legislativos.A conclusão do parecer da aludida comissão oi nos seguintes termos:

“Consideramos a segunda corrente a que melhor solução apresenta como regrapara a xação do critério da apuração da maioria simples, pois, exigindo-se umnúmero de votos avoráveis superior à soma dos votos ‘não’ e das abstenções,caria o seu resultado inatacável em relação a sua legitimidade. Em outro as-pecto, se o número de votos avoráveis não atingisse essa grandeza matemáticarequerida para a sua aprovação, ter-se-ia que ela oi rejeitada. Dessa orma,

evitar-se-ia a possibilidade do impasse da repetição indenida de escrutínios.”

Lembre-se de que o ponto raco dessa corrente não consta expressamente no parecer.

Alegou-se ainda, no parecer, a existência de paradigmas constitucionais e regimentaisno sentido de que “não atingido o patamar estabelecido como critério para a sua aprova-ção, a proposição legislativa é tida como rejeitada”, citando-se como exemplos votações deproposta de emenda à Constituição e projeto de lei complementar. Ressalve-se, porém,que: 1) os dois casos citados como paradigmas exigem quórum de maioria qualicada, trêsquintos e maioria absoluta, respectivamente; 2) tais quóruns são requeridos para aprovação

da matéria, e não simplesmente para deliberação.Veja-se que, no caso da maioria simples, o quórum é requerido para deliberação – apro-

 vação ou rejeição –, e não apenas para aprovação, como ocorre com as propostas de emendaà Constituição e com os projetos de lei complementar. Logo, se por um lado não se podeter como aprovada uma matéria que não obteve número de votos “sim” igual ou superior aoprimeiro número inteiro acima da metade dos presentes (exigência da segunda corrente), poroutro lado também não se deve cogitar sobre a rejeição de matéria que não obteve sucientes

 votos “não” em sua deliberação. Nesse sentido, na ausência de votos tanto “sim” como “não”

em números sucientes, a deliberação não preencheria os requisitos constitucionais e, porconseguinte, uma nova deliberação seria necessária para uma decisão do colegiado.

A corrente adotada na Câmara dos Deputados

O art. 182 do RICD dispõe que “terminada a apuração, o presidente proclamará o resul-tado da votação, especicando os votos avoráveis, contrários, em branco e nulos”. O § 2º doart. 183 do RICD prevê que “os votos em branco que ocorrerem nas votações por meio decédulas e as abstenções vericadas pelo sistema eletrônico só serão computados para eeito

de quórum”. Nesse sentido, o resultado das deliberações da Câmara dos Deputados temsido proclamado com base apenas nos votos “sim” e nos votos “não”, independentemente donúmero de abstenções – conorme pensamento da primeira corrente apresentada.

Page 63: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 63/441

62

Curso de Regimento Interno

Como ilustração:

1) a matéria seria aprovada por maioria simples se obtivesse:

 125 votos avoráveis; 102 votos contrários;

 30 abstenções;

 257 presentes no total.

2) a matéria ainda seria aprovada por maioria simples se obtivesse:

 97 votos avoráveis;

 96 votos contrários;

 98 abstenções; 291 presentes no total.

AULA 7 – mAioriA ABsoLUtA

A maioria absoluta de qualquer colegiado é calculada com base na totalidade dosmembros que o compõem. Para obtê-la, basta dividir o número total de integrantes docolegiado por dois e assinalar o primeiro número inteiro acima da metade. Exemplo: aCâmara dos Deputados (órgão colegiado) é composta por 513 deputados (total de mem-

bros). Ao dividir 513 por 2, obtém-se o quociente 256,5 (metade de 513). O primeironúmero inteiro acima dessa metade (256,5) é 257. Pronto, já se sabe que 257 deputadoscorrespondem à maioria absoluta da Câmara dos Deputados.

Esse quórum é requerido por exigência constitucional e/ou regimental. A Constitui-ção o exige como quórum mínimo de presença para quaisquer deliberações das casas le-gislativas e de suas comissões (CF, art. 47). Quanto à aprovação de matérias, por exemplo,o constituinte exigiu que os projetos de lei complementar sejam aprovados pela maioriaabsoluta (CF, art. 69). Ao longo do RICD há em torno de vinte dispositivos que contêm

a expressão “maioria absoluta”, seja pela urgência ou importância da matéria, seja pelarelevância ou excepcionalidade da situação.

O RICD reere-se à maioria absoluta de maneiras dierentes, conorme exemplos aseguir:

a) maioria absoluta (art. 20, § 2º);

b) maioria absoluta de votos (arts. 7º, caput , e 240, § 1º);

c) maioria absoluta dos deputados (art. 1º, parágrao único, e art. 7º, caput );

d) maioria absoluta da respectiva composição plenária (art. 52, § 5º);

e) maioria absoluta de seus membros (art. 183, caput );

) maioria absoluta dos membros da Casa (art. 13);

Page 64: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 64/441

Capítulo II

63

g) maioria absoluta dos membros da Câmara (art. 110);

h) maioria absoluta dos integrantes da representação (art. 9º, § 2º);

i) maioria absoluta da composição da Câmara (art. 155); j) maioria absoluta dos votos dos membros da Câmara (art. 183, § 1º);

k) maioria absoluta dos votos dos seus membros (art. 237, § 1º).

Em princípio, deve-se considerar que tais expressões possuem a mesma semântica.Nesse sentido, dever-se-ia aplicar em todos os casos a mesma interpretação. Contudo, emum caso ou outro, a terminologia utilizada poderá propiciar dúvida quanto à interpretaçãodo dispositivo. Assim, são legítimas as questões de ordem que busquem claricar a inter-pretação de dispositivos que mencionam a expressão “maioria absoluta”.

Questão de ordem é um instrumento regimental utilizado nas comissões (RICD,art. 57, XXI) ou em Plenário (RICD, art. 95) em caso de dúvida quanto à interpretaçãoregimental, na sua prática exclusiva ou relacionada com a Constituição Federal, conormecomentários à aula 8 do capítulo VIII.

Nesse sentido, objeto de reiteradas questões de ordem na Câmara dos Deputados éa regra reerente à eleição da Mesa (RICD, art. 7º). O entendimento das últimas presi-dências é no sentido de que maioria absoluta de votos para eleição em primeiro escrutí-nio reere-se à maioria dos votos dos presentes, e não do colegiado previsto em lei (513

deputados). Tal interpretação é questionável, razão por que em cada eleição presidencialnaquela Casa são levantadas questões de ordem sobre o assunto.

Destaque-se, ainda, o entendimento a prevalecer na Câmara dos Deputados: ainda quehaja vagas na Câmara, ou seja, nem todas as 513 cadeiras estejam preenchidas, e, assim, onúmero de deputados que eetivamente componha a Casa seja inerior à sua composiçãonominal plena – por exemplo, suponha-se que estejam em exercício apenas 500 deputados–, o cálculo da maioria absoluta basear-se-á na composição legalmente prevista para aCâmara, isto é, 513 mandatários (Lei Complementar nº 78, de 30/12/1993). Outra inter-

pretação possível seria considerar a composição de órgão colegiado de acordo com as vagaseetivamente preenchidas. Na prática legislativa, tal interpretação, no mínimo, causariaenormes transtornos para seu el cumprimento, tendo em vista o uncionamento diáriodo Plenário, bem como as várias votações por sessão.

A mesma interpretação é aplicada quanto às comissões da Câmara. Logo, se umacomissão or criada com quarenta vagas de titulares e apenas 36 estiverem preenchidas, amaioria absoluta de tal comissão será 21 deputados, ou seja, o primeiro número inteiro aci-ma da metade de quarenta (número de vagas nominais – possíveis de serem preenchidas).

Page 65: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 65/441

64

Curso de Regimento Interno

AULA 8 – mAioriA dE 2/3

A maioria de 2/3 é maioria qualicada, para cujo cálculo pode-se aplicar regra de trêssimples da seguinte orma.

Por exemplo:

Como calcular 2/3 dos membros da Câmara?

Em primeiro lugar, deve-se considerar a composição nominal da Câmara, 513deputados. A totalidade de algo é igual ao seu inteiro. Em termos racionários, o inteirocorresponde a uma ração cujo numerador seja igual ao denominador (1/1, 3/3, 5/5,8/8 ... 513/513). Nesse caso, como se pretende calcular 2/3 do órgão Câmara, ter-se-á aseguinte estrutura matemática:

membros da Câmara = 513 = inteiro = 3/32/3 = X 

aplicando-se regra de três simples:

513 3/3

X 2/3

(513 está para 3/3 assim como X está para 2/3).

 X = 513 x 2/3

3/3

Lembre-se de que, nesse caso, a regra matemática permite simplicar a conta, anulan-do-se os denominadores.

 X = 513 x 2

3

 X = 1.0263

 X = 342 votos

O quórum de 2/3 é exigido ora para apresentação de proposições, ora para vo-tação de matérias. São apenas cinco casos em que o RICD exige o quórum de2/3. Três desses casos reerem-se a votação e os outros dois dizem respeito a apresentaçãode requerimento de urgência pela Mesa ou comissão, conorme discriminados a seguir:

Page 66: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 66/441

Capítulo II

65

 Votação

 Artigo Assunto

Art. 217, § 1ºAutorizar processo criminal (crime comum) contra o presidente daRepública (e conexos)

Art. 218, § 9ºAutorizar processo em crime de responsabilidade contra o presidenteda República (e conexos)

Art. 233, caput  Suspender imunidades parlamentares durante estado de sítio

 Apresentação(requerimento de urgência)

 Artigo Assunto

Art. 154, I2/3 membros da Mesa – requerer urgência de matéria de suacompetência

Art. 154, III 2/3 membros de comissão – requerer urgência de matéria sobre aqual seja competente para opinar sobre o mérito

AULA 9 – mAioriA dE 3/5

Eis outra maioria qualicada exigida na Constituição Federal para o processo legis-lativo e, por conseguinte, constante no RICD. O cálculo da maioria de 3/5 poderá serrealizado utilizando-se da mesma regra matemática adotada no cálculo da maioria de 2/3

 visto anteriormente.A memorização da aplicação desse quórum no RICD mostra-se de extrema acilidade,

anal o quórum de 3/5 só é exigido para votação de proposta de emenda à Constituição.Alerte-se que a EC nº 45/2004 introduziu, no art. 5º do texto constitucional, parágraocom a seguinte redação: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanosque orem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trêsquintos de votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucio-nais” (CF, art. 5º, § 3º, e art. 60, § 2º). Assim, independentemente de constar no RICD

tal previsão, o quórum de 3/5 deverá ser utilizado na Câmara para a aprovação de trata-dos e convenções internacionais sobre direitos humanos sempre que haja a pretensão deequipará-los a emendas constitucionais.

Page 67: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 67/441

66

Curso de Regimento Interno

Por oportuno, inorme-se que os tratados e convenções internacionais são aprovados,em regra, por maioria simples (maioria de votos, desde que presente a maioria absolutado colegiado). Essa regra aplica-se inclusive à apreciação de tratados e convenções inter-

nacionais sobre direitos humanos. Assim, pode-se entender a previsão normativa contidano § 3º do art. 5º da Constituição como exceção à regra de aprovação de tratados e con- venções internacionais – nesse caso, aplicável apenas a tratados e convenções internacio-nais sobre direitos humanos sobre os quais haja a intenção de equiparação às emendasconstitucionais. Dessa orma, vigem no Brasil dois quóruns para aprovação de tratadosinternacionais: 1) quórum de maioria simples, para aprovação de tratados e convençõesinternacionais em geral, inclusive aqueles que tratem de direitos humanos; 2) quórumqualicado de 3/5, requerido apenas para a equiparação de tratados internacionais sobredireitos humanos a emendas constitucionais.

Entretanto, cumpre ressaltar que o Supremo Tribunal Federal decidiu, em posição as-sente nos termos do RE nº 466.343, que os tratados internacionais sobre direitos humanosque não orem aprovados nos termos do procedimento disposto no § 3º do art. 5º da Cons-tituição Federal entrarão no ordenamento jurídico como normas supralegais, ou seja, umaposição intermediária entre as normas constitucionais e as leis ordinárias. Assim, em resumo,tratado ou convenção internacional que não trate de direitos humanos deverá ser aprovadopor maioria simples. Tratado ou convenção internacional sobre direitos humanos poderáser aprovado por maioria simples, caso em que constará no ordenamento jurídico brasileiro

como norma supralegal, ou em dois turnos, por maioria qualicada de três quintos, caso emque se equiparará às emendas constitucionais (norma constitucional).

 Tratados e Convençes Internacionais

 Assunto Aprovação Equivalência

Diversos (educação, saúde eoutros)

Maioria simplesNorma ordinária(Lei Ordinária)

Direitos humanos

Maioria simples Norma supralegal

3/5 (dois turnos)Norma constitucional (EmendaConstitucional)*

* O Congresso Nacional aprovou, por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, conorme oprocedimento do § 3º do art. 5º da Constituição, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deciência eseu protocolo acultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.

Page 68: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 68/441

Capítulo II

67

AULA 10 – PodEr concLUsivo

Importante inovação constante da Constituição Federal de 1988 reere-se à instituiçãode competência para que as comissões do Congresso Nacional ou de suas Casas (Câmara

e Senado) discutam e votem projeto de lei que dispense, na orma do regimento, a com-petência do Plenário. Independentemente das disposições regimentais sobre essa ormade apreciação, caberá recurso de um décimo dos membros da Casa para que a matéria sejasubmetida ao Plenário (CF, art. 58, § 2º, I).

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2003, p. 64) inormam tratar-se de delega-ção interna corporis. Porém, nos dizeres de osé Aonso da Silva (2006b, p. 514), “nummomento, chamou-se de delegação interna, mas parece ser mais uma unção própria desubstituição do que uma unção delegada”.

Previsão similar encontra-se nas constituições italiana e espanhola, que conerem àscomissões competência legislativa plena (PACHECO, 2002, p. 49).

Na Câmara, este instituto tornou-se conhecido como apreciação conclusiva ou  poder conclusivo (das comissões), e diz respeito somente a projeto de lei ordinária, pois o RICD ex-cepcionou dessa regra de apreciação os projetos de lei complementar. Foram excetuados daapreciação conclusiva na Câmara dos Deputados os seguintes projetos (RICD, art. 24, II):

a) de lei complementar;

b) de código;c) de iniciativa popular;

d) de comissão (permanente ou temporária);

e) relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação, consoante o§ 1º do art. 68 da Constituição Federal (as matérias exclusivas do Congresso Na-cional e privativas da Câmara e Senado, bem como as reerentes a organização do

 Judiciário e do Ministério Público, são indelegáveis nos termos do art. 68, § 1º, da CF);

) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados pelo Ple-nário de qualquer das Casas (não estão incluídos nessa exceção os projetos apreciados pelo Senado de acordo com a competência plena das comissões, lá intitulada de aprecia- ção terminativa – RISF, art. 91, § 2º);

g) que tenham recebido pareceres divergentes (pareceres antagônicos – avorável xcontrário);

h) em regime de urgência.

É importante destacar que, a despeito de as comissões apreciarem diversas proposi-ções sujeitas à deliberação do Plenário, o Regimento Interno da Câmara dos Deputadosestatui que apenas projeto de lei ordinária poderá ser apreciado conclusivamente pelas

Page 69: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 69/441

Curso de Regimento Interno

68

comissões. Porém, nem todo projeto de lei ordinária será apreciado conclusivamente pe-las comissões em razão das exceções citadas anteriormente.

Há ainda duas situações que poderão ocasionar a perda do poder conclusivo das co-

missões na apreciação de determinado projeto de lei ordinária. Uma delas é a expiraçãodo prazo destinado à comissão (RICD, art. 52, § 6º); a outra diz respeito à apensação deprojeto de lei sujeito ao poder conclusivo a outro que tramite sujeito à deliberação doPlenário. Neste último caso, aplica-se a norma contida no parágrao único do art. 143,entendendo-se como regime especial o que exige que o projeto seja submetido ao Plená-rio, visto que a regra de apreciação de projeto de lei determina sua sujeição ao poder con-clusivo, sendo a apreciação do Plenário sobre tais projetos excepcional e, por conseguinte,de caráter especial.

Por m, ressalte-se que a matéria apreciada conclusivamente pelas comissões poderásujeitar-se à deliberação do Plenário por orça de recurso de um décimo dos membrosda Câmara, apresentado e provido pelo Plenário da Casa, nos termos do art. 132, § 2º,do RICD. Nota-se que a interpretação legislativa constante do RICD quanto ao recursocontra o poder conclusivo considera necessário não apenas existir o recurso, mas tambémser este aprovado pelo Plenário.

Esse assunto será revisto nas seguintes aulas: aula 3 do capítulo VI; aula 5 do capítuloVII; e aula 2 do capítulo XI.

Page 70: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 70/441

69

Cpítu III 

Intdçã RICD 

AULA 1 – StatuS normAtivo do ricd

Inicialmente, cabe inormar que, nas aulas deste capítulo, estudaremos o RegimentoInterno da Câmara dos Deputados (RICD) ao comentarmos o assunto apresentado coma menção dos dispositivos regimentais pertinentes.

O legislador constituinte coneriu à Câmara dos Deputados competência privativa (na verdade, exclusiva, tendo em vista o caráter indelegável das competências elencadas) paraelaborar seu regimento interno (CF, art. 51, III).

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados oi instituído pela Resolução nº 17,de 1989 (publicada no Suplemento ao Diário do Congresso Nacional – I, de 22/9/1989, p. 3),com o objetivo de adaptar o uncionamento e o processo legislativo próprio da Câmara dos

Deputados à Constituição Federal.Nos termos do art. 59 da Constituição, resolução é espécie normativa decorrente de

processo legislativo. Alexandre de Moraes (2006, p. 629) relata que:

“resolução é ato do Congresso Nacional ou de qualquer de suas Casas, tomadopor procedimento dierente do previsto para a elaboração das leis, destinadoa regular matéria de competência do Congresso Nacional ou de competênciaprivativa do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, mas em regra comeeitos internos; excepcionalmente, porém, também prevê a Constituição reso-lução com eeitos externos, como a que dispõe sobre a delegação legislativa.”

Nos termos do próprio RICD, os projetos de resolução destinam-se a regular, comecácia de lei ordinária, matérias da competência privativa da Câmara dos Deputados,de caráter político, processual, legislativo ou administrativo, ou quando deva a Câmarapronunciar-se em casos concretos (RICD, art. 109, III).

Nesse sentido, pode-se armar que o RICD possui status de norma jurídica e, porconsequência, integra o ordenamento jurídico brasileiro. Portanto, as normas contidas

nesse estatuto interno da Câmara dos Deputados “são regras do direito positivo dotadasde previsão constitucional, são normas cogentes, de observação obrigatória por todosseus destinatários” (BARBOSA, 2010, p. 174). A respeito da natureza dos regimentos

Page 71: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 71/441

70

Curso de Regimento Interno

legislativos e da obrigatoriedade de obediência aos seus preceitos, cabe transcrever alição de orge Miranda (2003, p. 486):

“A natureza dos regimentos das assembleias políticas está longe de ser pací-ca. Seja ela qual or, se as próprias assembleias podem modicar as normasregimentais quando lhes aprouver, não poderão dispensar-se de as cumprir en-quanto estiverem em vigor. Quando o Parlamento vota uma lei, ou uma resolu-ção, o objecto da deliberação é o projeto ou a proposta e não o regimento; essadeliberação tem de se azer nos termos que este prescreve e não pode revestiro sentido de modicação tácita ou implícita das suas regras. O princípio queaqui se projecta para além do princípio hierárquico é sempre o de que o órgãoque pode modicar a lei sob que vive deve, pelo menos, azê-lo especíca e

diretamente. Doutro modo, rustar-se-ia a própria ideia de institucionalização jurídica do poder.”

Barbosa (2010, p. 191) acrescenta que:

“As normas regimentais são princípios e regras jurídicas de direito público, cujaobservância por parte das casas legislativas é obrigatória e indisponível. Taisnormas não estão sujeitas a modicações tácitas. A despeito de situarem-se noplano inraconstitucional, as normas regimentais reerentes ao processo legisla-tivo uncionam como parâmetros necessários para a aerição do cumprimentodas disposições constitucionais acerca da produção válida de normas jurídicas.Por essa razão, sua violação pode levar à inconstitucionalidade do provimentolegislativo resultante do processo viciado.”

Ressalte-se, ainda, que o texto do RICD, composto de 282 artigos, encontra-se anexoao texto da Resolução nº 17/1989 e, assim, contém estrutura interna própria e diversa daresolução citada. Ademais, normas não contidas no corpo do Regimento Interno poderãointegrá-lo, como é o caso das normas estabelecidas no Código de Ética e Decoro Parla-mentar, que complementam e integram o Regimento Interno, nos termos do art. 21-Edo RICD e da Resolução nº 25, de 2001, que institui o Código de Ética e Decoro Parla-mentar da Câmara dos Deputados. Cumpre esclarecer que esse Código de Ética teve suaredação integralmente reormulada pela Resolução n° 2, de 2011.

A seguir, o texto integral da Resolução nº 17, de 1989.

Page 72: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 72/441

Capítulo III

71

RESOLUÇÃO Nº 17, DE 1989

Aprova o Regimento Interno daCâmara dos Deputados.

A Câmara dos Deputados, considerando a necessidade de adaptar o seu unciona-mento e processo legislativo próprio à Constituição Federal, resolve:

 Art. 1º O Regimento Interno da Câmara dos Deputados passa a vigorar na con-ormidade do texto anexo.

 Art. 2º Dentro de um ano a contar da promulgação desta resolução, a Mesa ela-

borará e submeterá à aprovação do Plenário o projeto de regulamento interno dascomissões e a alteração dos regulamentos administrativo e de pessoal, para ajustá-los às diretrizes estabelecidas no Regimento.Parágrao único. Ficam mantidas as normas administrativas em vigor, no que nãocontrarie o anexo Regimento, e convalidados os atos praticados pela Mesa no perí-odo de 1º de evereiro de 1987, data da instalação da Assembleia Nacional Consti-tuinte, até o início da vigência desta resolução.

 Art. 3º A Mesa apresentará projeto de resolução sobre o Código de Ética e DecoroParlamentar.

 Art. 4º Ficam mantidas, até o inal da sessão legislativa em curso, com seus atuaispresidente e vice-presidentes, as comissões permanentes criadas e organizadas naorma da Resolução nº 5, de 1989, que terão competência em relação às matériasdas comissões que lhes sejam correspondentes ou com as quais tenham maior ai-nidade, conorme discriminação constante do texto regimental anexo (art. 32).§ 1º Somente serão apreciadas conclusivamente pelas comissões, na conormidadedo art. 24, II, do novo Regimento, as proposições distribuídas a partir do início da

 vigência desta resolução.§ 2º Excetuam-se do prescrito no parágrao anterior os projetos em trâmite naCasa, pertinentes ao cumprimento dos arts. 50 e 59 do Ato das Disposições Cons-titucionais Transitórias, em relação aos quais o presidente da Câmara abrirá o pra-zo de cinco sessões para a apresentação de emendas nas comissões incumbidas deexaminar o mérito das reeridas proposições.

 Art. 5º Ficam mantidas, até o inal da legislatura em curso, as lideranças consti-tuídas, na orma das disposições regimentais anteriores, até a data da promulgaçãodo Regimento Interno.

 Art. 6º Até 15 de março de 1990, constitui a Maioria a legenda ou composiçãopartidária integrada pelo maior número de representantes, considerando-se Mino-ria a representação imediatamente inerior.

Page 73: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 73/441

72

Curso de Regimento Interno

 Art. 7º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

 Art. 8º Revogam-se a Resolução nº 30, de 1972, suas alterações e demais disposi-

ções em contrário.

Brasília, 21 de setembro de 1989.

Paes de Andrade, presidente.

AULA 2 – AdAPtAçõEs dE rEdAção no tExto rEgimEntAL

O Regimento Interno da Câmara originou-se da promulgação da Resoluçãonº 17, de 1989, como visto na aula 1 deste capítulo. Logo, nos termos regimentais, sópoderá ser modicado ou reormado por meio de projeto de resolução, que se sujeitará atramitação especial (art. 216). A alteração do texto regimental só será eetiva após o devidoprocesso legislativo, cuja ase complementar esgota-se com a promulgação de resoluçãopelo presidente da Câmara (art. 200, § 2º).

Na iniciativa e tramitação de alguns projetos de resolução que visavam alterar o es-tatuto interno da Câmara dos Deputados (RICD), descuidou-se o legislador interno em

proceder à mudança do texto em determinadas partes sem modicá-lo em outras que lheossem de algum modo conexas ou correlatas.

Por isso, necessário se ez proceder a adaptações de redação no texto do RICD a mde compatibilizar determinados dispositivos com as alterações promovidas por meio deresolução da Câmara.

É competência da Mesa azer a consolidação e publicação de todas as alterações in-troduzidas no Regimento antes de ndo cada biênio (art. 216, § 8º). Assim, com base nasexta edição do Regimento Interno da Câmara dos Deputados – publicada em 2003 –,

citamos, como exemplo de adaptação de redação, o ato de a alínea   do inciso I do art. 17do RICD ter sua redação alterada na aludida edição do Regimento para adaptar-se aostermos da Resolução nº 25, de 2001, que institui o Código de Ética e Decoro Parlamentarda Câmara dos Deputados. Entendamos o porquê.

A redação da alínea mencionada sem adaptação era: “[...] interromper o orador que sedesviar da questão, alar sobre o vencido ou, em qualquer momento, incorrer nas inra-çes de que trata o § 1º do art. 244, advertindo-o, e, em caso de insistência, retirar-lhe apalavra”. (grio nosso)

O § 1º do art. 244 previa que: “[...] Considera-se atentatório do decoro parlamentarusar, em discurso ou proposição, de expressões que congurem crimes contra a honra oucontenham incitamento à prática de crimes”.

Page 74: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 74/441

Capítulo III

73

A despeito de a Resolução nº 25, de 2001, ter revogado o § 1º do art. 244, ela não pro-pôs nova redação à alínea   do inciso I do art. 17. Logo, a redação da reerida alínea cariasem sentido ao azer remissão a parágrao revogado de artigo regimental.

Assim, publicou-se o texto regimental com a seguinte redação para a alínea em comen-to (sem que houvesse resolução alterando expressamente o texto da alínea em questão):“[...] interromper o orador que se desviar da questão ou alar sobre o vencido, advertindo-o, e, em caso de insistência, retirar-lhe a palavra”.

Note-se que a expressão que griamos na transcrição da redação original da menciona-da alínea oi suprimida na publicação da sexta edição do RICD, em 2003. Em agosto de2006, a Câmara dos Deputados publicou a sétima edição do RICD, que manteve o textoda reerida alínea com idêntica redação à constante na sexta edição.

Alterações posteriores à edição de 2003 e adaptações de redação

Dentre as alterações regimentais promovidas pela Resolução nº 20/2004, o art. 32 doRICD, que relaciona as comissões permanentes da Câmara e seus respectivos campos temá-ticos ou área de atividade, oi modicado e, por conseguinte, a comissão intitulada “Comis-são de Constituição e ustiça e de Redação (CCR)” passou a denominar-se “Comissão deConstituição e ustiça e de Cidadania (CCC)”. Entretanto, a reerida resolução omitiu-seem alterar, ao longo do texto regimental, o nome da comissão constante do texto original nas

 vezes em que é mencionado. Nesse sentido, como ilógico seria utilizar o título anterior, pornão mais existir comissão com tal denominação, no texto atualizado do RICD até a Reso-lução nº 23/2004 (disponível na página eletrônica da Câmara dos Deputados até junho de2006) constava a expressão “Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania” nos locaisonde outrora constou a denominação anterior da reerida comissão.

Cumpre esclarecer ainda que, na primeira ocorrência dessa substituição textual parans de adaptação à alteração regimental promovida pela resolução em alusão (art. 35,§ 2º), constava nota de rodapé inormando: “Denominação alterada para adaptação aostermos da Resolução nº 20, de 2004”.

Situação também curiosa reere-se à alteração da expressão “Diário do Congresso Nacio-nal ” por “Diário da Câmara dos Deputados”, por orça de ato dos presidentes das Mesas dasduas Casas do Congresso Nacional de 2 de outubro de 1995. Como armamos, a alteraçãodo Regimento Interno deve ocorrer por resolução.

Nesse sentido, até a quinta edição impressa do RICD (2000), utilizava-se no texto doRICD a expressão “Diário do Congresso Nacional ” (DCN), com nota de rodapé inorman-do a alteração para “Diário da Câmara dos Deputados” (DCD) toda vez que se mencionavao DCN.

A partir da sexta edição impressa do RICD (2003), substituiu-se a expressão DCNpor DCD no próprio texto regimental e dispensou-se a explicação reerente à mudançaem nota de rodapé ao longo do texto, salvo na primeira ocorrência da expressão, constan-te no art. 4º, § 9º, em que consta nota de rodapé nos seguintes termos: “Denominação

Page 75: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 75/441

74

Curso de Regimento Interno

alterada para adequação aos termos do ato dos presidentes das Mesas das duas Casas doCongresso Nacional de 2 de outubro de 1995”.

Os dispositivos em que consta redação adaptada no texto do RICD consolidado pela

Mesa (sexta edição, 2003) são os seguintes: art. 4º, § 9º; art. 15, XV; art. 17, I,   ; art. 41,VIII; art. 72, caput ; art. 75, I; art. 90, caput ; art. 98, § 6º; art. 101, II, a; art. 117, § 4º;art. 188, I; art. 231, §§ 2º e 3º; art. 262, IV; art. 277, II, b; e art. 278, caput .

No texto disponibilizado no sítio da Câmara (www.camara.gov.br) em 2004 – atu-alizado até a Resolução nº 23, de 2004 –, além dos dispositivos com redação adaptadaconstantes da versão impressa, constava no art. 35, § 3º, a denominação “Comissão deConstituição e ustiça e de Cidadania” em vez de “Comissão de Constituição e ustiça ede Redação”, ou seja, adaptação de redação para compatibilizar o texto regimental com

a alteração promovida pela Resolução nº 20, de 2004. Nesse caso, em todas as vezes quese utilizava no texto a denominação “Comissão de Constituição e ustiça e de Redação”,adaptou-se a redação para “Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania”, comoexplicado anteriormente. Ademais, a adaptação de redação reerente ao art. 101, II, a, con-tida na versão impressa, oi suprimida em razão da alteração promovida pela Resoluçãonº 22, de 2004, que alterou o art. 101.

Em 14/12/2005 a Mesa editou o Ato de nº 71, determinando a reedição do Regimen-to Interno da Câmara dos Deputados e a republicação do texto no Diário da Câmara dosDeputados, na orma de texto anexo ao reerido ato. O texto oi publicado no DCD – Su-

plemento B – de 15/12/2005. O Ato da Mesa nº 80, de 2006, autorizou a divulgação dotexto atualizado com reticações.

Em 2006, ocorreu o lançamento da sétima edição do RICD, com as alterações pro-movidas pela Resolução nº 34, de 2005. Essa resolução oi promulgada em 2005, porémsua vigência oi programada para iniciar-se em 1º/2/2007. Assim, um encarte com osesclarecimentos pertinentes e a transcrição dos dispositivos com vigência até 31/1/2007acompanhou a nova publicação do Regimento.

Em 2011, motivada pelo início da 54ª Legislatura, a Câmara publicou a oitava edição

impressa do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, com o destaque para as notasde rodapé que apresentam inormações importantes sobre as modicações procedidas nanorma. A versão eletrônica é uma versão atualizada do RICD, sem nota de rodapé mascom nota no corpo do texto, e é atualizada sempre que há alguma alteração regimental eindependentemente de ser publicada uma nova edição do RICD.

AULA 3 – contEúdo E orgAnizAção do ricd

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados – estatuto interno dessa casa legis-

lativa – contém disposições normativas reerentes à sua estrutura política, organização euncionamento, bem como regras interna corporis pertinentes ao processo legislativo neladesenvolvido.

Page 76: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 76/441

Capítulo III

75

Por ser espécie normativa, seu texto encontra-se articulado – disposto em artigos, quesão a unidade básica de articulação dos textos legais – e organizado por títulos, capítulos,seções e subseções. A Lei Complementar nº 95, de 19984, com alterações promovidas pela

Lei Complementar nº 107, de 2001, em seção que trata da articulação e da redação dasleis, dispõe em seu art. 10 que:

“ Art. 10. Os textos legais serão articulados com observância dos seguintes prin-cípios:I – a unidade básica de articulação será o artigo, indicado pela abreviatura ‘Art.’,seguida de numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste;II – os artigos desdobrar-se-ão em parágraos ou em incisos; os parágraos emincisos, os incisos em alíneas e as alíneas em itens;

III – os parágraos serão representados pelo sinal gráco ‘§’, seguido de nu-meração ordinal até o nono e cardinal a partir deste, utilizando-se, quandoexistente apenas um, a expressão ‘parágrao único’ por extenso;IV – os incisos serão representados por algarismos romanos, as alíneas por le-tras minúsculas e os itens por algarismos arábicos;V – o agrupamento de artigos poderá constituir subseções; o de subseções, aseção; o de seções, o capítulo; o de capítulos, o título; o de títulos, o livro; e ode livros, a parte;VI – os capítulos, títulos, livros e partes serão graados em letras maiúsculas

e identicados por algarismos romanos, podendo estas últimas desdobrar-seem Parte Geral e Parte Especial ou ser subdivididas em partes expressas emnumeral ordinal, por extenso;VII – as subseções e seções serão identicadas em algarismos romanos, graa-das em letras minúsculas e postas em negrito ou caracteres que as coloquemem realce;VIII – a composição prevista no inciso V poderá também compreender agru-pamentos em disposições preliminares, gerais, nais ou transitórias, conorme

necessário.”

4 Extraído de nm gm câm dp (2003, p. 179-180).

Page 77: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 77/441

76

Curso de Regimento Interno

Estrutura do artigo

Em virtude da redação do parágrao único do art. 12 da Lei Complementar nº 95, de1998, acrescentado pela Lei Complementar nº 107, de 2001, utilizaremos o termo “dispo-sitivo” para nos reerirmos a artigos, parágraos, incisos, alíneas ou itens.

“ Art. 12. ......................................................................................................................................................................................................................................

Parágrao único. O termo ‘dispositivo’ mencionado nesta lei reere-se a artigos,parágraos, incisos, alíneas ou itens.”

Curiosidades

1) Leitura de artigos e parágraosComo se lê o artigo anteriormente transcrito (art. 10): artigo dez ou artigo décimo?

O inciso primeiro do próprio artigo dez da lei citada prescreve como são numerados osartigos: “numeração ordinal até o nono e cardinal a partir deste”. Logo, devemos ler artigo

primeiro, artigo segundo [...], artigo nono, artigo dez, artigo onze, e assim por diante. Porisso, o reerido artigo (art. 10) oi lido como artigo dez, em razão da regra contida emseu inciso I. No mesmo sentido deve-se proceder em relação aos parágraos, por orça danorma inscrita no inciso III do citado artigo.

2) Leitura de incisosE quanto aos incisos? Esses são representados por algarismos romanos, nos termos do

inciso IV do mesmo artigo, porém sua leitura deverá ser procedida com o emprego doscardinais ou dos ordinais? A lei silenciou sobre isso.

Na verdade, a possível problemática reere-se apenas ao inciso X (dez ou décimo?),pois os incisos I a IX serão lidos como ordinais e os incisos XI e seguintes como cardinais.

ARTIGO

• Caput 

• Parágrao

• Inciso

• Alínea

• Item

• “Cabeça” – principal – identica o assunto

• Parágrao único• § 1º, [...] § 9º, § 10, § 11, [...]

I, II, III [...] enumeração do

a, b, c [...] , g, h [...] desdobramento de incisos

1, 2, 3 [...] 9, 10 [...] desdobramento de alíneas

• explicação• exceção• extensão

• caput • parágrao

do caput 

Page 78: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 78/441

Capítulo III

77

Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra (1985, p. 364-365) contribuem com o assuntoao tratar do “emprego dos cardinais pelos ordinais” com as seguintes considerações:

“Em alguns casos o NUMERAL ORDINAL é substituído pelo CARDINALcorrespondente. Assim:1º) Na designação de papas e soberanos, bem como na de séculos e de partes

em que se divide uma obra, usam-se os ORDINAIS até décimo, e daí pordiante o CARDINAL, sempre que o numeral vier depois do substantivo:

Gregório VII (sétimo) oão XXIII (vinte e três)Pedro II (segundo) Luís XIV (quatorze)Século X (décimo) Século XX (vinte)Ato III (terceiro) Capítulo XI (onze)

Canto VI (sexto) Tomo XV (quinze)

Quando o numeral antecede o substantivo, emprega-se, porém, o ORDINAL:

Décimo século Vigésimo século Terceiro ato Décimo primeiro capítuloSexto canto Décimo quinto tomo

2º) Na numeração de artigos de leis, decretos e portarias, usa-se o ORDINALaté nove, e o CARDINAL de dez em diante:

Artigo 1º (primeiro) Artigo 10 (dez)Artigo 9º (nono) Artigo 41 (quarenta e um)”

No dia a dia legislativo, observam-se três espécies de leitores:

a) aqueles que deendem a ideia de que incisos, como partes de artigo de lei, de- vem receber o mesmo tratamento conerido aos artigos e, portanto, deve-se ler“inciso dez”;

b) outros que, possivelmente por entenderem o inciso como parte de uma obra (queé a lei), em sua leitura mencionam “inciso décimo”;

c) alguns, por sua vez, leem qualquer inciso como número cardinal, ou seja, incisoum, dois, três [...] nove, dez, onze [...].

Em aulas de técnica legislativa, orienta-se ler os incisos de I a X como ordinais e apartir do XI como cardinais. Logo, dever-se-ia ler inciso nono, inciso décimo, inciso onze,inciso doze, e assim por diante.

Seja qual or sua preerência (se é que se pode preerir), não encare isso como essencialà leitura dos textos legais, anal nenhuma das três leituras prejudicará o sentido do texto.

Page 79: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 79/441

78

Curso de Regimento Interno

3) Inserção de alíneas após a de letra “z”As alíneas são desdobramentos dos incisos e, nos termos do inciso IV do art. 10 da lei

complementar em comento, são representadas por letras minúsculas.

Em virtude de a quantidade das letras do nosso alabeto ser limitada (de a a z), qualseria a solução no caso de ser necessário incluir cinco novas alíneas ao inciso XVII doart. 32 do RICD, que trata da competência da Comissão de Seguridade Social e Família?

Apenas para reexão, seguem três casos interessantes, sendo os dois primeiros brasilei-ros (um histórico e outro atual), e o último, estrangeiro:

1) A Resolução nº 2, de 1959, do Senado Federal (Regimento Interno) – que à épo-ca oi elaborada com a técnica de desdobrar artigo em alíneas e utilizou as letras

k, w e y ao tratar das competências do presidente – desdobrou o art. 47 em alíneas,cujas sete últimas transcrevemos para ilustração.

“  Art. 47........................................................................................................................................................................................................................................

 w) despachar os requerimentos constantes do art. 211, letras a, b, c , d , e ,   , g , h, i ;a e b do nº 1 do art. 212;

 x) convidar o relator ou o presidente da comissão a explicar as conclusões deparecer por ela proerido, quando necessário para esclarecimento dos trabalhos;

 y) proclamar o resultado das votações, mencionando o número de votos a avorou contra a proposição, quando or o caso;z) declarar prejudicada qualquer proposição que assim deva ser considerada, naconormidade regimental;z-1) azer reiterar pedidos de inormações, desde que o solicitem seus autores,e dar ciência às autoridades superiores de não terem sido atendidos pedidos járeiterados;z-2) azer ao Plenário, em qualquer momento, de sua cadeira, comunicação deinteresse do Senado e do país;

z-3) desempatar as votações nos casos previstos no art. 305.” (grio nosso)2) A Lei nº 6.3745, de 1989, do estado de São Paulo, cujo inciso VIII de seu art. 85

continha originalmente alíneas de a a m, soreu algumas alterações ao longo dosanos. Em 6 de março de 2006, a Lei nº 12.294 promoveu novas alterações naLei nº 6.374, de 1989, entre as quais a inclusão da alínea z-1 no já mencionadoinciso VIII do art. 85.

“  Art. 2º Ficam acrescentados, com a redação que se segue, os dispositivosadiante indicados à Lei n° 6.374, de 1° de março de 1989.

...........................................................................................................................III – ao inciso VIII do artigo 85, a alínea ‘z-1’:

5 Lei nO 6.374, de 1989, publicada no dá of , v. 99, nO 40, 2/3/1989.

Page 80: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 80/441

Capítulo III

79

‘z-1) – utilizar programa aplicativo em desacordo com a legislação, com a ca-pacidade de inibir ou sobrepor-se ao controle do sotware básico de máquinaregistradora, Terminal Ponto de Venda – PDV ou Equipamento Emissor de

Cupom Fiscal – ECF, de orma a poder impedir a concomitância do registroreerente a venda de mercadoria ou de prestação de serviço com a sua visualiza-ção no dispositivo eletrônico próprio e sua impressão no Cupom Fiscal – multano valor de 500 UFESPs por cópia instalada, sem prejuízo da cobrança do im-posto e da aplicação de penalidade por alta de emissão de documento scal;’”

3) A Lei nº 36, de 20046, da Assembleia da República de Portugal, por meio de seuart. 2º, deu nova redação aos arts. 3º e 4º da Lei nº 108, de 1991. Nesse sentido,as últimas alíneas do reerido art. 3º são alíneas x, z, aa e bb.

Em nosso entendimento, nos alinhamos à solução aplicada pelo Legislativo português,uma vez que para a representação de alíneas devem ser utilizadas apenas letras, e não letrascombinadas com números arábicos, estes representativos apenas de itens, conorme dispõeo art. 10, inciso VI, in fne , da Lei Complementar nº 95, de 1998.

6 Lei nO 36, de 2004, da Assembleia da República de Portugal, publicada no dá rpb – 1 Série-A,

nO 190 – 13 de agosto de 2004, p. 5184.

Page 81: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 81/441

81

Cpítu IV 

Dssçõ Pelm  RICD 

AULA 1 – dA sEdE dA câmArA

 Art. 1º A Câmara dos Deputados, com sede na capital ederal, unciona no Paláciodo Congresso Nacional.Parágrao único. Havendo motivo relevante, ou de orça maior, a Câmara poderá,por deliberação da Mesa, ad reerendum da maioria absoluta dos deputados, reunir-se em outro ediício ou em ponto diverso no território nacional.

Comentários

Palácio do Congresso Nacional – o Congresso Nacional tem a prerrogativa cons-titucional de exercer o Poder Legislativo ederal. Compõe-se de duas câmaras ou ca-sas legislativas – a Câmara dos Deputados (Câmara Baixa) e o Senado Federal (CâmaraAlta). Ambas as Casas têm sede na capital ederal – Brasília – e uncionam no Palácio doCongresso Nacional.

 Tanto a Câmara dos Deputados como o Senado Federal possuem complexo arqui-tetônico próprio (o da Câmara compõe-se do Ediício Principal e de quatro ediíciosanexos). Desse conjunto de ediícios, que unidos ormam o complexo arquitetônico doCongresso Nacional, as construções mais conhecidas são o Ediício Principal da Câmara,onde se localiza a cúpula côncava (bacia ou concha com a borda voltada para cima), e odo Senado Federal, identicado exteriormente por uma cúpula convexa (bacia ou conchacom a cavidade emborcada), bem como os Anexos I de cada Casa, que juntos ormam omonumental ediício em orma de “H”, ou seja, dois prédios independentes (ou quase)e ligados, que demonstram tanto a individualidade das Câmaras como a união das casas

legislativas ederais na ormação do Congresso Nacional.Reunir-se em outro ediício ou em ponto diverso no território nacional – ressalte-

se que essa previsão se reere à mudança (temporária) do local de reunião da Câmara dosDeputados, e não de sua sede. O dispositivo regimental arma “reunir-se”, e não “transerir

Page 82: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 82/441

Curso de Regimento Interno

82

sua sede”. A mudança temporária de sede, quando necessária, será do Congresso Nacio-nal – Câmara e Senado conjuntamente –, e não de uma das Casas isoladamente. O art. 1ºtanto do Regimento Interno da Câmara dos Deputados quanto do Regimento Interno do

Senado Federal prevê a existência de sede própria de cada uma dessas casas legislativas quecompõem o Congresso Nacional.

RICD“Art. 1º A Câmara dos Deputados, com sede na capital ederal, uncionano Palácio do Congresso Nacional..........................................................................................................................”RISF“Art. 1º O Senado Federal tem sede no Palácio do Congresso Nacional,

em Brasília..........................................................................................................................”

Em vista dessas previsões regimentais, entendemos pertinente apresentar dois brevescomentários sobre a sede do Congresso Nacional:

1) o Regimento Interno da Assembleia Nacional Constituinte que promulgou aConstituição Federal de 1988 reconhece expressamente em seu art. 1º a existên-cia da sede do Congresso Nacional:

“  Art. 1º A Assembleia Nacional Constituinte realizará os seus trabalhos,salvo motivo de orça maior, na sede do Congresso Nacional, em Brasília.”(grio nosso)

2) a Constituição Federal assegura ao Congresso Nacional a prerrogativa de “mudartemporariamente sua sede” (CF, art. 49, VI). Nesse caso, a matéria deverá ser disci-plinada por decreto legislativo aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional.

“ Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:...........................................................................................................................VI – mudar temporariamente sua sede;.........................................................................................................................”

Dessa orma, espera-se ter evidenciado a impossibilidade de a Câmara mudar, ain-da que temporariamente, sua sede, podendo-se dizer o mesmo em relação ao Senado.Pelo exposto, mostra-se prudente interpretar a previsão regimental como autorizadorade mudança apenas do local de reunião. Nesse sentido, pode-se aclarar o entendimen-to observando que as comissões parlamentares de inquérito (CPIs), por sua natureza,dispõem da prerrogativa regimental de reunir-se ora da sede da Câmara quando suasreuniões se realizarem ora de Brasília. Dessa orma, evidencia-se, no próprio texto re-gimental, a possibilidade de reunir-se ora da sede sem a necessidade de mudá-la deendereço (RICD, art. 46).

Page 83: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 83/441

Capítulo IV

83

Quanto a esse ponto, uma última consideração diz respeito à superioridade do textoconstitucional sobre o do artigo primeiro de ambos os regimentos. A Lei Maior determi-nou que as reuniões do Congresso Nacional serão realizadas na capital ederal e previu a

possibilidade de mudança temporária de sua sede para resguardar o Parlamento de se vercompelido a cessar suas atividades, mesmo que temporariamente, tendo em vista o caráteressencial do Poder Legislativo em nosso Estado Democrático de Direito (CF, arts. 49, VI,e 57, caput ). Logo, ainda que haja motivo plausível que impeça o exercício da atividadeparlamentar no Palácio do Congresso Nacional, não se poderá invocar os dispositivosregimentais em comento para que as Casas decidam – separada e independentemente –reunir-se em locais dierentes e distantes um do outro no território nacional, de modo aobstar a reunião conjunta do Congresso Nacional ou de suas comissões (mistas) e, assim,o pleno exercício do Poder Legislativo.

Motivo relevante ou de orça maior – outro aspecto importante diz respeito ao moti- vo ensejador da alteração do local de reunião da Câmara. Necessário é haver relevância ouorça maior que justique o uncionamento da Casa ora de sua sede. Como esses aspectossão subjetivos, o parágrao único do art. 1º do Regimento Interno do Senado Federal po-derá servir de auxílio na compreensão do assunto.

“ Art. 1º .............................................................................................................Parágrao único. Em caso de guerra, de comoção intestina, de calamidade públi-ca ou de ocorrência que impossibilite o seu uncionamento na sede, o Senadopoderá reunir-se, eventualmente, em qualquer outro local, por determinação daMesa, a requerimento da maioria dos senadores.”

Dessa orma, os casos que justicam a reunião do Senado ora de sua sede e que seenquadram como motivos relevantes ou de orça maior são: a) guerra, b) comoção intes-tina, c) calamidade pública. Por m, atenta-se para o caráter eventual e temporário dessasocorrências.

Por deliberação da Mesa, ad referendum da maioria absoluta dos deputados – des-

taca-se aqui a quem compete decidir sobre tal mudança. Diante de motivo relevante oude orça maior que justique a mudança de local de reunião da Câmara, conorme vistoanteriormente, e pela urgência com que tal decisão deva ser adotada, o Regimento per-mite que, preliminarmente, a Mesa Diretora da Casa delibere pela mudança de local dereunião. Contudo, tal decisão não terá caráter denitivo em razão de estar condicionadaà expressão ad referendum – do latim –, que é utilizada para dizer do ato que dependede aprovação ou raticação da autoridade ou poder competente. Então, posteriormente,essa decisão é submetida ao Plenário – órgão supremo de decisão na Câmara compostopela totalidade dos deputados em exercício do mandato. Portanto, a decisão da Mesa só

permanecerá válida se or confrmada pela maioria absoluta dos deputados.Maioria absoluta – a maioria absoluta de qualquer colegiado é calculada com base

na totalidade dos membros que o compõem. Para obtê-la, basta dividir o número total deintegrantes do colegiado por dois e assinalar o primeiro número inteiro acima da metade

Page 84: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 84/441

84

Curso de Regimento Interno

(a aula 7 do capítulo II é especíca sobre maioria absoluta – veja ainda as aulas de 4 a 9do citado capítulo).

RESUMOA Câmara poderá reunir-se tanto em outro ediício como em ponto diverso noterritório nacional apenas no caso de haver motivo relevante ou de orça maior. AMesa decide e o Plenário ratifca (conrma) por maioria absoluta (257 deputados).É mudança do local de reunião, e não transerência de sede.

AULA 2 – dAs sEssõEs LEgisLAtivAs

 Art. 2º A Câmara dos Deputados reunir-se-á durante as sessões legislativas:I – ordinárias, de 15 de evereiro a 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro;(Vide Emenda Constitucional nº 50, de 2006.)II – extraordinárias, quando, com este caráter, or convocado o Congresso Nacional.§ 1º As reuniões marcadas para as datas a que se reere o inciso I serão transeridaspara o primeiro dia útil subsequente quando recaírem em sábados, domingos oueriados.

§ 2º A primeira e a terceira sessões legislativas ordinárias de cada legislatura serãoprecedidas de sessões preparatórias.§ 3º A sessão legislativa ordinária não será interrompida em 30 de junho enquantonão or aprovada a lei de diretrizes orçamentárias pelo Congresso Nacional.§ 4º Quando convocado extraordinariamente o Congresso Nacional, a Câmarados Deputados somente deliberará sobre a matéria objeto da convocação.

ComentáriosEste assunto oi estudado nas aulas 6 a 9 do capítulo I – Noções Elementares.

Importante notar que a redação do § 3º do art. 2º do RICD menciona “sessão legislativaordinária”, “30 de junho” e “aprovação da lei de diretrizes orçamentárias”. No texto consti-tucional consta “sessão legislativa” e “aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentá-rias”. A data constante do parágrao em comento deve ser lida como 17 de julho, em razãoda alteração promovida pela EC nº 50, de 2006, no calendário de reuniões do CongressoNacional. Anal, por orça da citada emenda constitucional, o primeiro período legislativo

encerrar-se-á em 17 de julho (e não mais em 30 de junho). Diante dos textos constitucionale regimental, o melhor entendimento é o de que a sessão legislativa ordinária não será inter-rompida enquanto não or aprovado o projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

Page 85: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 85/441

Capítulo IV

85

O § 4º do art. 2º do RICD não oi adaptado à mudança promovida pela ECnº 32, de 2001, no texto constitucional. Assim, deve-se considerar o disposto nos§§ 7º e 8º do art. 57 da Constituição Federal, que inormam que o Congresso Nacional

(Câmara e Senado) somente deliberará sobre a matéria para a qual oi convocado, ressal- vada a inclusão automática na pauta de convocação de medidas provisórias em vigor nadata da convocação extraordinária do Congresso Nacional. Por pertinente, cuide-se ser

 vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação (EC nº 50/2006).

Note-se que a pauta de convocação será constituída das matérias objeto da convocaçãoe das medidas provisórias em vigor na data da convocação extraordinária do CongressoNacional.

Sessões preparatóriasEm regra, as sesses preparatórias não integram a sessão legislativa ordinária (SLO)

nem a extraordinária (SLE), isto é, constitucionalmente, devem ocorrer a partir de 1º deevereiro no primeiro ano da legislatura (CF, art. 57, § 4º). Em decorrência da promulga-ção da EC nº 50, em 14 de evereiro de 2006, no dia 2 de evereiro de cada ano iniciam-seos trabalhos ordinários do Congresso Nacional.

Por conseguinte, não obstante a previsão regimental quanto às datas em que as sessõespreparatórias devam ocorrer, isto é, no primeiro ano da legislatura, às quinze horas do dia

1º de evereiro para posse dos deputados (1ª sessão preparatória) e às quinze horas do dia2 de evereiro para eleição da Mesa (2ª sessão preparatória) e, ainda, para o terceiro ano dalegislatura, ocorrência da primeira sessão preparatória na primeira quinzena de evereiro(quanto ao segundo biênio, apenas o RICD – arts. 2º, § 2º; 6º e 65, I – previu a realizaçãode sessões preparatórias na Câmara), as sesses preparatórias não mais poderão ocorrerde 2 a 14 evereiro.

Relembremos alguns aspectos pertinentes a procedimentos preparatórios para inau-guração dos trabalhos do Congresso Nacional no período que antecedeu a vigênciada EC nº 50, de 2006. Uma quinzena era suciente para que o Congresso Nacional

(Câmara e Senado) se preparasse para a inauguração da sessão legislativa ordinária. Po-rém, como a primeira sessão preparatória da terceira SLO nem sempre era marcada parao(s) primeiro(s) dia(s) da quinzena em alusão (por previsão regimental, essa sessão prepa-ratória deveria ser realizada durante a primeira quinzena de evereiro e poderia ser no dia1º, 2, 3 [...] 12, 13 ou 14), excepcionalmente poderia haver procedimentos preparatórios(2º escrutínio da eleição da Mesa, em regra) dentro de uma SLO, conorme art. 6º, caput ,e Questão de Ordem nº 2/2003, dep. osé Carlos Aleluia, autor, e dep. oão Paulo Cunha,presidente – 2º escrutínio para eleição da Mesa previsto para 19 de evereiro de 2003. Em

2005, a primeira sessão preparatória oi marcada para o dia 14 de evereiro (último dia daprimeira quinzena), data em que se processou o primeiro escrutínio da eleição da Mesada Câmara. No entanto, o segundo escrutínio para os cargos de primeiro-vice-presidentee quarto-secretário oi realizado no dia 16 de evereiro em sessão extraordinária, e não

Page 86: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 86/441

86

Curso de Regimento Interno

mais em sessão preparatória. Nesse ínterim, o Congresso Nacional reuniu-se conjunta-mente e inaugurou a terceira sessão legislativa ordinária da 52ª Legislatura no dia 15.

Pelo exposto, ratica-se que, no primeiro ano da legislatura, as sesses preparatórias

ocorrerão a partir do dia 1º de evereiro, e não mais poderão ser realizadas de 2 a 14 deevereiro, como demonstrava a praxe legislativa. Para o terceiro ano, como a previsão desessões preparatórias encontra-se tão somente no texto regimental, o legislador internopoderá, em tese, por meio de resolução que altere o RICD, prever a realização de sessõespreparatórias na última semana de janeiro, por exemplo.

Então, no primeiro ano da legislatura, caso a Câmara realize uma sessão preparatóriapara posse dos deputados e outra para eleição da Mesa, ambos eventos deverão ocorrer nodia 1º de evereiro. Caso seja necessário executar qualquer procedimento preparatório do

dia 2 de evereiro em diante, tais providências serão objeto de sessão da Câmara ocorridadentro da sessão legislativa e, portanto, dessa data em diante não haverá que se alar emsessão preparatória para tais procedimentos.

AULA 3 – dA PossE dos dEPUtAdos 

 Art. 3º O candidato diplomado deputado ederal deverá apresentar à Mesa, pes-soalmente ou por intermédio do seu partido, até o dia 31 de janeiro do ano de ins-

talação de cada legislatura, o diploma expedido pela ustiça Eleitoral, juntamentecom a comunicação de seu nome parlamentar, legenda partidária e unidade daederação de que proceda a representação.§ 1º O nome parlamentar compor-se-á, salvo quando, a juízo do presidente, de-

 vam ser evitadas conusões, apenas de dois elementos: um prenome e o nome; doisnomes; ou dois prenomes.§ 2º Caberá à Secretaria-Geral da Mesa organizar a relação dos deputados diplo-mados, que deverá estar concluída antes da instalação da sessão de posse.§ 3º A relação será eita por estado, Distrito Federal e territórios, de norte a sul, na

ordem geográica das capitais e, em cada unidade ederativa, na sucessão alabéticados nomes parlamentares, com as respectivas legendas partidárias.

 Art. 4º Às quinze horas do dia 1º de evereiro do primeiro ano de cada legislatura,os candidatos diplomados deputados ederais reunir-se-ão em sessão preparatória,na sede da Câmara.§ 1º Assumirá a direção dos trabalhos o último presidente, se reeleito deputado,e, na sua alta, o deputado mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.

Page 87: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 87/441

Capítulo IV

87

§ 2º Aberta a sessão, o presidente convidará quatro deputados, de preerênciade partidos dierentes, para servirem de secretários e proclamará os nomes dos

deputados diplomados, constantes da relação a que se reere o artigo anterior.§ 3º Examinadas e decididas pelo presidente as reclamações atinentes à relaçãonominal dos deputados, será tomado o compromisso solene dos empossados. Depé todos os presentes, o presidente proerirá a seguinte declaração: “Prometo man-ter, deender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral dopovo brasileiro e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. Atocontínuo, eita a chamada, cada deputado, de pé, a ratiicará dizendo: “Assim oprometo”, permanecendo os demais deputados sentados e em silêncio.§ 4º O conteúdo do compromisso e o ritual de sua prestação não poderão ser mo-

diicados; o compromissando não poderá apresentar, no ato, declaração oral ouescrita nem ser empossado através de procurador.§ 5º O deputado empossado posteriormente prestará o compromisso em sessão e

 junto à Mesa, exceto durante período de recesso do Congresso Nacional, quandoo ará perante o presidente.§ 6º Salvo motivo de orça maior ou enermidade devidamente comprovados, aposse dar-se-á no prazo de trinta dias, prorrogável por igual período a requerimen-to do interessado, contado:I – da primeira sessão preparatória para instalação da primeira sessão legislativada legislatura;II – da diplomação, se eleito deputado durante a legislatura;III – da ocorrência do ato que a ensejar, por convocação do presidente.§ 7º Tendo prestado o compromisso uma vez, ica o suplente de deputado dis-pensado de azê-lo em convocações subsequentes, bem como o deputado ao reas-sumir o lugar, sendo a sua volta ao exercício do mandato comunicada à Casa pelopresidente.§ 8º Não se considera investido no mandato de deputado ederal quem deixar de

prestar o compromisso nos estritos termos regimentais.§ 9º O presidente ará publicar, no Diário da Câmara dos Deputados do dia seguinte,a relação dos deputados investidos no mandato, organizada de acordo com os crité-rios ixados no § 3º do art. 3º, a qual, com as modiicações posteriores, servirá parao registro do comparecimento e veriicação do quórum necessário à abertura dasessão, bem como para as votações nominais e por escrutínio secreto. (Denominaçãoalterada para adequação ao Ato dos Presidentes das Mesas das duas Casas do Congresso

 Nacional de 2 de outubro de 1995.)

Page 88: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 88/441

88

Curso de Regimento Interno

Comentários

O § 9º do art. 4º registra uma das adaptações de redação no texto regimental, conor-me comentado na aula 2 do capítulo III. Nesse dispositivo, em substituição à expressão

“Diário do Congresso Nacional ”, consta “Diário da Câmara dos Deputados”, em razão do Atodos Presidentes das Mesas das Duas Casas do Congresso Nacional s/nº, de 2 de outubrode 19957.

P p – eqm

Esta aula visa propiciar ao leitor do RICD um esquema relativo à posse dos deputados.De modo sintético, demonstra não estar a posse restrita à sessão preparatória de posse. Háprocedimentos anteriores que devem ser cumpridos para a posse dos deputados, aconte-

cimentos reservados para o dia “D” da sessão de posse e providências a serem adotadasapós a posse. Sinaliza, ainda, a possibilidade de posse após a sessão especíca para esse m,bem como a relação entre compromisso de posse e mandato parlamentar. Na verdade, oesquema apresenta as aulas seguintes sobre o tema, pois cada ponto apresentado nesta aulaserá detalhado nas próximas cinco aulas deste capítulo.

P p

1. Procedimentos

1.1. Anteriores à sessão de posse

1.1.1. Externos

1.1.2. Internos

1.2. No dia da sessão de posse

1.3. No dia seguinte à sessão de posse

2. Posse posterior

3. Compromisso de posse x mandato

7 Publicado no dá câm dp de 3/10/1995, p. 1, conforme nm gm-

câm dp, 2003, p. 77.

Page 89: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 89/441

Capítulo IV

89

AULA 4 – AntEs dA sEssão PrEPArAtóriA dE PossE

 Art. 3º O candidato diplomado deputado ederal deverá apresentar à Mesa, pes-

soalmente ou por intermédio do seu partido, até o dia 31 de janeiro do ano de ins-talação de cada legislatura, o diploma expedido pela ustiça Eleitoral, juntamentecom a comunicação de seu nome parlamentar, legenda partidária e unidade daederação de que proceda a representação.§ 1º O nome parlamentar compor-se-á, salvo quando, a juízo do presidente, de-

 vam ser evitadas conusões, apenas de dois elementos: um prenome e o nome; doisnomes; ou dois prenomes.§ 2º Caberá à Secretaria-Geral da Mesa organizar a relação dos deputados diplo-

mados, que deverá estar concluída antes da instalação da sessão de posse.§ 3º A relação será eita por estado, Distrito Federal e territórios, de norte a sul, naordem geográ ica das capitais e, em cada unidade ederativa, na sucessão alabéticados nomes parlamentares, com as respectivas legendas partidárias.

Comentários

Quanto aos procedimentos pertinentes à posse de deputados, cumpre inormar haver

procedimentos anteriores à posse tanto internos quanto externos à Câmara dos Deputados.Esses incluem o pleito eleitoral (eleições nos estados e Distrito Federal e, se existir(em)território(s), nesse(s) também) e, em seguida, a diplomação pela ustiça Eleitoral dos can-didatos eleitos ou classicados como suplentes. A esse respeito, transcrevemos o art. 215da Lei nº 4.737, de 1965 (Código Eleitoral):

“ Art. 215. Os candidatos eleitos, assim como os suplentes, receberão diplomaassinado pelo presidente do Tribunal Superior, do Tribunal Regional ou da

 unta Eleitoral, conorme o caso.

Parágrao único. Do diploma deverá constar o nome do candidato, a indicação dalegenda sob a qual concorreu, o cargo para o qual oi eleito ou a sua classicaçãocomo suplente, e, acultativamente, outros dados a critério do juiz ou do tribunal.”

Os procedimentos internos abarcam o dever de o candidato – pessoalmente ou porseu partido – apresentar à Mesa da Câmara, até o dia 31 de janeiro do ano de instalaçãoda legislatura, o diploma expedido pela Justiça Eleitoral e, também, a declaração de

 bens e de suas ontes de renda (art. 229) e, ainda, apresentar à Mesa Diretora a comu-nicação de seu nome parlamentar, legenda partidária e unidade da ederação de onde

proceda a representação (onde o candidato oi eleito – estado ou DF). Por ser o textodo RICD posterior à CF/1988, talvez o legislador interno tenha mencionado a expressão“unidade da ederação” pela inexistência de território na organização do Estado brasileiroà época, ainda que já existente a previsão constitucional para criação dessas autarquias.

Page 90: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 90/441

90

Curso de Regimento Interno

Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988 até a edição deste livro, inexistiuterritório na República Federativa do Brasil.

Note-se que o RICD, conquanto estabeleça prazo para essas providências de respon-

sabilidade do candidato, qual seja, até o dia  31 de janeiro do ano de instalação da le-gislatura, silenciou-se quanto às consequências do não cumprimento de tais obrigaçõesno prazo estabelecido. Importante acrescentar que, nos termos do art. 281 do RICD, osatos ou providências cujos prazos se achem em uência devem ser praticados durante operíodo de expediente normal da Câmara ou das suas sessões ordinárias, conorme o caso.

Findo o prazo de que dispõe o candidato diplomado deputado ederal, a Secretaria-Geral da Mesa – SGM – (unidade administrativa) organizará a relação dos (candidatos)deputados diplomados (consta no RICD relação dos deputados diplomados, porém, en-

quanto o cidadão eleito não or empossado na Câmara, sua condição será apenas de candi-dato diplomado deputado). A aludida relação será organizada por estado, Distrito Federale territórios, de norte a sul, na ordem geográca das capitais. Em cada uma das unidadesda ederação mencionadas ou em cada território, a relação obedecerá à ordem alabéticados nomes parlamentares, com as respectivas legendas partidárias.

Diante do ato de ser Boa Vista a capital brasileira localizada mais ao norte do país, alista será iniciada pelo estado de Roraima, seguido pelo estado do Amapá, por ser Maca-pá a segunda capital mais ao norte do Brasil. Encerrando a relação, constarão os estadosde Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, em razão de suas capitais estarem localiza-

das mais ao sul do país. Considerando a organização do Estado brasileiro nos termos daConstituição vigente, exemplicativamente ter-se-ia a seguinte relação com parlamenta-res e partidos ctícios:

Roraima

Dep. Augusto Alsan – PNIM

Dep. Bartisde Campestre – PPMX 

[...]

Dep. Márcia Ambrósia – PLTEDep. Rildo Silva – PBTZ

 Amapá

Dep. [...]

Demais estados/DF (um a um)

Santa Catarina

Dep. [...]

Rio Grande do Sul

Dep. Conrado Brito – PLTE

[...]

Page 91: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 91/441

Capítulo IV

91

Dep. Plínio Brigadeiro – PBTZ

[...]

Dep. Torres Sanves – PPMX 

AULA 5 – no diA dA sEssão PrEPArAtóriA dE PossE

 Art. 4º Às quinze horas do dia 1º de evereiro do primeiro ano de cada legislatura,os candidatos diplomados deputados ederais reunir-se-ão em sessão preparatória,na sede da Câmara.§ 1º Assumirá a direção dos trabalhos o último presidente, se reeleito deputado,e, na sua alta, o deputado mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.

§ 2º Aberta a sessão, o presidente convidará quatro deputados, de preerênciade partidos dierentes, para servirem de secretários e proclamará os nomes dosdeputados diplomados, constantes da relação a que se reere o artigo anterior.§ 3º Examinadas e decididas pelo presidente as reclamações atinentes à relaçãonominal dos deputados, será tomado o compromisso solene dos empossados. Depé todos os presentes, o presidente proerirá a seguinte declaração: “Prometo man-ter, deender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral dopovo brasileiro e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. Ato

contínuo, eita a chamada, cada deputado, de pé, a ratiicará dizendo: “Assim oprometo”, permanecendo os demais deputados sentados e em silêncio.§ 4º O conteúdo do compromisso e o ritual de sua prestação não poderão ser mo-diicados; o compromissando não poderá apresentar, no ato, declaração oral ouescrita nem ser empossado através de procurador.........................................................................................................................................§ 8º Não se considera investido no mandato de deputado ederal quem deixar deprestar o compromisso nos estritos termos regimentais.........................................................................................................................................

Comentários

No dia da posse, isto é, no dia da primeira sessão preparatória da primeira sessãolegislativa da legislatura – primeiro de evereiro do primeiro ano da legislatura – àsquinze horas, na sede da Câmara, a direção dos trabalhos caberá ao último presidente,se reeleito deputado, ou, na sua alta, ao deputado mais idoso, dentre os de maior nú-mero de legislaturas.

Aberta a sessão, para a qual o RICD não exige quórum (na prática não é aberto o pai-nel de presença), o presidente dos trabalhos (deputado que estiver presidindo a sessão, enão o presidente da Câmara, que será eleito na sessão de posse seguinte) convidará quatro

Page 92: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 92/441

92

Curso de Regimento Interno

deputados para servirem como secretários, os quais, de preerência, deverão ser de partidosdierentes (em tese, poderiam ser todos do mesmo partido, conquanto seja quase inima-ginável uma conjuntura na qual a decisão do presidente nesse sentido osse plausível). A

seguir, o presidente proclama o nome dos deputados diplomados (o melhor seria que oRICD dissesse “o nome dos candidatos diplomados deputados”) de acordo com lista ela-borada pela SGM. Ao proceder-se à leitura dos nomes, poderão ser solicitadas alteraçõesou correções nos nomes parlamentares, caso em que o presidente da sessão examinaráas reclamações reerentes à relação nominal em comento e decidirá sobre elas. A seguir,tomar-se-á o compromisso de posse, ou seja, o compromisso solene dos empossa(n)dos (aexpressão compromisso solene dos empossados consta do art. 4º, § 3º, mas o texto regi-mental deveria mencionar “empossandos”).

Na praxe da Câmara dos Deputados, presenciam a sessão de posse – no recinto do Ple-nário ou nas galerias, conorme o caso – os deputados diplomados (candidatos diplomadosdeputados), uncionários em serviço local, jornalistas credenciados, bem como amiliares,governadores, ministros de Estado, ministros dos tribunais superiores, embaixadores edemais convidados.

No momento da tomada do compromisso solene de posse, todos os presentes devem sepôr em pé para que o presidente declare: “Prometo manter, deender e cumprir a Constituição,observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro e sustentar a união, a integridade e a in-dependência do Brasil ”. Na sequência, todos se assentam para que, ato contínuo à declaração

proerida pelo presidente, seja eita a chamada de cada deputado (candidato diplomadodeputado, ainda), possivelmente por um dos quatro deputados escolhidos no início da ses-são preparatória de posse para servir como secretários dos trabalhos. Então, ao ser chama-do, cada deputado, de pé, conrmará o compromisso dizendo tão só: “Assim o prometo”,oportunidade em que os demais deputados deverão estar sentados e em silêncio. Note-seque nesse momento, de ato, haverá deputados em Plenário, ou seja, os que prestaram ocompromisso de posse nos estritos termos regimentais; porém, ainda haverá candidatosdiplomados deputados à espera de sua chamada para a raticação da declaração de posse.

A despeito de o candidato diplomado deputado poder apresentar o diploma juntoà Mesa por meio de seu partido (procurador), deverá tomar posse pessoalmente, sendoinadmissível a posse por procuração. Observe-se que cada deputado ou suplente só precisaprestar o compromisso uma única vez na legislatura, porém não se considera investido nomandato quem deixar de prestar o compromisso nos estritos termos regimentais. Nessesentido, arma-se não ser possível adicionar ou suprimir palavras ao conteúdo do compro-misso, nem ainda alterar seu ritual. Atente-se que, se se considerar a previsão regimentalde estar de pé no momento de raticar a declaração de posse proerida pelo presidente dasessão como parte do ritual, o cidadão que prestasse o compromisso sentado, por exemplo,

não estaria empossado, por não prestar o compromisso nos estritos termos regimentais.

Page 93: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 93/441

Capítulo IV

93

Curiosidade

Imagine candidato diplomado deputado portador de necessidades especiais impossi-bilitado de car em pé. Poderia ser solução satisatória a aplicação do disposto no art. 73,

III – o presidente alará sentado, e os demais deputados, de pé, a não ser que sicamenteimpossibilitados. Caso em que o deputado deveria requerer permissão para alar sentado(art. 114, II).

AULA 6 – no diA sEgUintE à sEssão PrEPArAtóriA dE PossE

 Art. 4º.............................................................................................................................

........................................................................................................................................§ 9º O presidente ará publicar, no Diário da Câmara dos Deputados do dia seguinte,a relação dos deputados investidos no mandato, organizada de acordo com os crité-rios ixados no § 3º do art. 3º, a qual, com as modiicações posteriores, servirá parao registro do comparecimento e veriicação do quórum necessário à abertura dasessão, bem como para as votações nominais e por escrutínio secreto. (Denominaçãoalterada para adequação ao Ato dos Presidentes das Mesas das duas Casas do Congresso

 Nacional de 2 de outubro de 1995.)

Comentários

No dia posterior ao da sessão de posse, por ordem do presidente, ocorrerá a publicaçãono Diário da Câmara dos Deputados da relação dos deputados investidos no mandato. Essanova relação seguirá os moldes daquela relação elaborada pela SGM entre o encerramentodo prazo para entrega do diploma (31/1) e o início da sessão de posse (15h do dia 1º/2).Essa relação dos deputados empossados (agora sim, empossados) servirá para o registro docomparecimento e vericação do quórum necessário à abertura da sessão, bem como para

as votações nominais e por escrutínio secreto. Alerte-se que, para cumprir essa nalidade,tal relação deverá conter as modicações posteriores que se zerem necessárias em razãode, por exemplo, mudança de nome parlamentar, posse durante a legislatura e licença dotitular com assunção de suplente.

Page 94: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 94/441

94

Curso de Regimento Interno

AULA 7 – PossE PostErior à sEssão PrEPArAtóriA dE PossE

 Art. 4º ............................................................................................................................

........................................................................................................................................§ 5º O deputado empossado posteriormente prestará o compromisso em sessão e

 junto à Mesa, exceto durante período de recesso do Congresso Nacional, quandoo ará perante o presidente.§ 6º Salvo motivo de orça maior ou enermidade devidamente comprovados, aposse dar-se-á no prazo de trinta dias, prorrogável por igual período a requerimen-to do interessado, contado:I – da primeira sessão preparatória para instalação da primeira sessão legislativa

da legislatura;II – da diplomação, se eleito deputado durante a legislatura;III – da ocorrência do ato que a ensejar, por convocação do presidente.§ 7º Tendo prestado o compromisso uma vez, ica o suplente de deputado dis-pensado de azê-lo em convocações subsequentes, bem como o deputado ao reas-sumir o lugar, sendo a sua volta ao exercício do mandato comunicada à Casa pelopresidente.§ 8º Não se considera investido no mandato de deputado ederal quem deixar deprestar o compromisso nos estritos termos regimentais.

........................................................................................................................................

Comentários

A posse no cargo de deputado ederal é relevante marco na vida pública de todo político.Posto que a sessão solene de posse seja única na legislatura e o glamour que lhe é singularpossa ser em demasia desejável pelos representantes do povo, a tendência é que nem todosos que oram eleitos compareçam a tal evento, às vezes tão somente por motivos pessoais.

Nesse sentido, o RICD conere ao candidato diplomado deputado ederal o direito deposse pelo prazo de trinta dias, prorrogável por mais trinta dias, desde que o interessadorequeira essa prorrogação. Além do mais, tal prazo poderá se exceder indenidamente atéo término da legislatura por motivo de orça maior ou enermidade devidamente compro-

 vados; por exemplo, em caso de o candidato diplomado deputado encontrar-se sequestra-do em local desconhecido ou hospitalizado em estado de coma.

O prazo de que o candidato diplomado deputado dispõe para tomar posse será contado:

I. da primeira sessão preparatória para instalação da primeira sessão legislativa (or-dinária) da legislatura;

II. da diplomação, se eleito deputado durante a legislatura;

Page 95: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 95/441

Capítulo IV

95

III. da ocorrência do ato que a ensejar, por convocação do presidente da Câmara.

Saiba-se que um deputado poderá ser eleito durante a legislatura em caso de, porexemplo, eleição em determinado estado ser anulada pela ustiça Eleitoral por comprova-ção de raude ou, como previsto no § 2º do art. 56 da Constituição Federal, ocorrer vagae não haver suplente, quando altarem mais de quinze meses para o término do mandato.

Entre os atos que podem ensejar a posse de suplente de deputado durante a legis-latura, estão previstos no art. 56 da Constituição Federal os seguintes: a) vaga; b) inves-tidura em unções de ministro de Estado, governador de território, secretário de estado,do Distrito Federal, de território, de preeitura de capital ou chee de missão diplomáticatemporária; c) licença superior a 120 dias por sessão legislativa.

De acordo com o art. 238 do RICD, vericar-se-á vaga na Câmara em virtude de

alecimento, renúncia ou perda de mandato. Quanto às licenças, apenas a licença paratratamento de saúde do titular superior a 120 dias ensejará a convocação de suplente, nãose permitindo a soma de períodos de licença para ensejar a convocação. Porém, uma vez convocado o suplente, sua convocação perdurará por todo o período da licença inicial e desuas prorrogações, ou seja, admite-se a soma de períodos de licença para manter o suplenteem exercício, vedando o somatório desses períodos apenas para convocá-lo a assumir omandato em caráter de substituição.

E no que tange à licença para tratar de interesses particulares, tal licença poderá ou não

ensejar a convocação de suplente? Nos termos constitucionais, qualquer licença de 121dias ou mais por sessão legislativa motiva a convocação de suplente de deputado, porémo Regimento Interno da Câmara dos Deputados contém dois dispositivos que obstam aconvocação de suplente em caso de licença para tratamento de interesses particulares dotitular do mandato. O art. 235, que disciplina a concessão de licença a deputado, limita a,no máximo, 120 dias por sessão legislativa a duração da licença para tratar, sem remune-ração, de interesse particular. Por conseguinte, o art. 241, que trata das hipóteses de con-

 vocação de suplente, não inclui a possibilidade de se convocar suplente no caso da licençaem comento, anal a norma constitucional só autoriza a convocação em alusão quando a

licença ultrapassar 120 dias por sessão legislativa.Avancemos no entendimento de como se processa a posse ocorrida ora da sessão

preparatória de posse. Diante do ato de um candidato diplomado deputado ederal ne-cessitar ser empossado posteriormente à sessão especíca para essa nalidade, o RICDoerece as possibilidades a seguir anunciadas: prestar o compromisso em sessão plenária(ordinária, extraordinária ou solene) e junto à Mesa ou, se durante o período de recesso doCongresso Nacional, azê-lo perante o presidente. No silêncio regimental quanto ao localem que o candidato se apresentará perante o presidente, será razoável que, durante o reces-

so, a posse se concretize no gabinete presidencial; contudo, parece não haver impedimentoa que o presidente decida azê-lo no recinto do Plenário. A esse respeito registre-se que,no Senado Federal, a posse perante o presidente durante o recesso se dá em solenidadepública no gabinete presidencial (RISF, art. 4º, § 4º).

Page 96: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 96/441

96

Curso de Regimento Interno

Outra consideração sobre posse de deputado diz respeito à previsão contida no § 1º doart. 239, segundo a qual considerar-se-á haver renunciado tanto o deputado que não prestaro compromisso no prazo regimental como o suplente que, convocado, não se apresentar para

entrar em exercício no prazo previsto no estatuto interno da Câmara, seu Regimento.

AULA 8 – comPromisso dE PossE x mAndAto

 Art. 4º.....................................................................................................................................................................................................................................................................§ 4º O conteúdo do compromisso e o ritual de sua prestação não poderão ser mo-diicados; o compromissando não poderá apresentar, no ato, declaração oral ou

escrita nem ser empossado através de procurador.........................................................................................................................................§ 6º Salvo motivo de orça maior ou enermidade devidamente comprovados, aposse dar-se-á no prazo de trinta dias, prorrogável por igual período a requerimen-to do interessado, contado:I – da primeira sessão preparatória para instalação da primeira sessão legislativada legislatura;II – da diplomação, se eleito deputado durante a legislatura;III – da ocorrência do ato que a ensejar, por convocação do presidente.

........................................................................................................................................§ 8º Não se considera investido no mandato de deputado ederal quem deixar deprestar o compromisso nos estritos termos regimentais.................................................................................................................................................................................................................................................................................

  Art. 239. A declaração de renúncia do deputado ao mandato deve ser dirigidapor escrito à Mesa, e independe de aprovação da Câmara, mas somente se tornaráeetiva e irretratável depois de lida no expediente e publicada no Diário da Câmara

dos Deputados.§ 1º Considera-se também haver renunciado:I – o deputado que não prestar compromisso no prazo estabelecido neste Regimento;II – o suplente que, convocado, não se apresentar para entrar em exercício no prazoregimental.§ 2º A vacância, nos casos de renúncia, será declarada em sessão pelo presidente.

ComentáriosEsta aula tem o escopo de claricar, trazer à luz, a relação entre compromisso de posse

e mandato parlamentar, visto que o RICD disciplina essa relação em dispositivos bem dis-

Page 97: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 97/441

Capítulo IV

97

tantes um do outro no texto regimental, razão pela qual comumente o leitor não a percebee, aqueles que observam alguma relação, costumam ignorar a ligação entre compromissode posse e renúncia ao mandato. Assim, apresentamos três relações a seguir.

1ª) O deputado somente estará investido no mandato se prestar o compromisso deposse nos estritos termos regimentais, ou seja, se mantiver inalterado o conteúdodo compromisso (não acrescentar declaração alguma) e prestá-lo de acordo com oritual estabelecido no estatuto regimental e, ainda, obedecer ao prazo regimentalpara posse.

2ª) Não se considera investido no mandato o deputado (candidato) que deixar deprestar o compromisso de posse nos estritos termos regimentais, porém aindadispuser de tempo hábil para a prestação do compromisso em alusão, de acordo

com a regra estabelecida no § 8º do art. 4º do Regimento. Note-se que, nesse caso,o candidato ainda poderá prestar o compromisso nos estritos termos regimentais.

3ª) A última relação diz respeito à expiração do prazo tanto para a prestação do com-promisso de posse (pelo titular do mandato) ou a não apresentação do suplenteconvocado para entrar em exercício. Nesses dois casos, considerar-se-á haver ocidadão eleito deputado ou suplente renunciado ao mandato, conorme normainscrita no § 1º do art. 239 do RICD.

Em resumo, as três relações apresentadas são:1. investido no mandato:

• prestar o compromisso nos estritos termos e prazo regimentais.

2. não investido no mandato:• deixar de prestar o compromisso nos estritos termos regimentais;• ainda há prazo para posse e, assim, possibilidade de ser investido no mandato.

3. renúncia ao mandato:• se o titular não prestar o compromisso no prazo regimental;• o suplente que, convocado, não se apresentar para entrar em exercício no

prazo regimental.

Em ambos os casos, não há mais prazo para posse nem possibilidade regimental deexercer o mandato.

Page 98: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 98/441

98

Curso de Regimento Interno

AULA 9 – sEssão PrEPArAtóriA – ELEição dA mEsA

 Art. 14. À Mesa, na qualidade de Comissão Diretora, incumbe a direção dos tra-

balhos legislativos e dos serviços administrativos da Câmara.§ 1º A Mesa compõe-se de Presidência e de Secretaria, constituindo-se, a primei-ra, do presidente e de dois vice-presidentes e, a segunda, de quatro secretários.§ 2º A Mesa contará, ainda, com quatro suplentes de secretário para o eeito do§ 1º do art. 19.........................................................................................................................................

ComentáriosA segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada legislatura desti-

na-se à eleição dos membros da Mesa. Logo, é undamental saber que a Mesa da Câmaraé órgão político colegiado composto de Presidência e Secretaria. São sete deputados aintegrar a Mesa – seus membros eetivos –, três na Presidência e quatro na Secretaria. Esseórgão conta, ainda, com quatro suplentes de secretário para ns especícos estabelecidosno Regimento. Ademais, a direção dos trabalhos legislativos e dos serviços administrativosda Câmara compete à Mesa – na qualidade de Comissão Diretora. Estudaremos mais

detidamente a Mesa Diretora em capítulo seguinte reservado aos órgãos da Câmara.Em razão de a Constituição estatuir o mandato de dois anos para a Mesa das Casas do

Congresso Nacional (CF, art. 57, § 4º), haverá em cada legislatura (que dura quatro anos)duas eleições para escolha dos membros que comporão a Mesa no primeiro e segundobiênios, uma eleição em cada biênio, ou seja, no primeiro e terceiro anos da legislatura,respectivamente.

AULA 10 – sEssão PrEPArAtóriA – ELEição dA mEsA PArA cAdA Biênio 

dA LEgisLAtUrA

 Art. 5º Na segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada legis-latura, às quinze horas do dia 2 de evereiro, sempre que possível sob a direção daMesa da sessão anterior, realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membrosda Mesa e dos suplentes dos secretários, para mandato de dois anos, vedada a re-condução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.§ 1º Não se considera recondução a eleição para o mesmo cargo em legislaturas

dierentes, ainda que sucessivas.§ 2º Enquanto não or escolhido o presidente, não se procederá à apuração para osdemais cargos.

Page 99: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 99/441

Capítulo IV

99

 Art. 6º No terceiro ano de cada legislatura, a primeira sessão preparatória para a veriicação do quórum necessário à eleição da Mesa será realizada durante a pri-

meira quinzena do mês de evereiro.§ 1º A convocação para a sessão preparatória a que se reere este artigo ar-se-áantes de encerrada a segunda sessão legislativa ordinária.§ 2º Havendo quórum, realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membrosda Mesa e dos suplentes de secretário.§ 3º Enquanto não or eleito o novo presidente, dirigirá os trabalhos da Câmarados Deputados a Mesa da sessão legislativa anterior.

Comentários

No primeiro ano de cada legislatura, a Câmara dos Deputados realizará eleição nasegunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa ordinária da legislatura. A des-peito de haver previsão regimental para que essa sessão ocorra às quinze horas do dia 2de evereiro, lembre-se de que, em virtude da promulgação da EC nº 50, de 2006, essasessão preparatória só poderá ocorrer no dia 1º de evereiro, conorme comentado na aula2 deste capítulo. Nessa eleição, será escolhida a Mesa que irá dirigir os trabalhos da Casano primeiro biênio da legislatura.

A Constituição oi silente quanto à eleição da Mesa responsável por dirigir os trabalhosdas casas legislativas no terceiro e quarto anos da legislatura, ainda que reconheça a neces-sidade de tal eleição ao estatuir o mandato de dois anos para as Mesas (CF, 57, § 4º). Dessemodo, coube ao legislador interno disciplinar o assunto. Nesse sentido, o RICD estabeleceuque a eleição da Mesa para o segundo biênio da legislatura ocorre em sessão preparatória,cuja primeira destinar-se-á à vericação do quórum necessário à eleição (maioria absoluta).

Para a eleição da Mesa do primeiro biênio da legislatura, a Constituição Federal previusua realização a partir de 1º de evereiro, no primeiro ano da legislatura, e o RICD deter-

minou que osse no dia 2 de evereiro do reerido ano, às quinze horas. Dierentemente,para o terceiro ano, há apenas a exigência constitucional de que ocorra eleição, cando oRegimento livre para denir como e quando. Assim, o RICD determinou que essa eleiçãose processasse em sessão preparatória.

 Tendo em vista as alterações promovidas no art. 57 da Constituição Federal pela ECnº 50, de 2006, o Congresso Nacional reunir-se-á anualmente de 2 de evereiro a 17 de

 julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro; por isso, antes de se encerrar a segunda sessãolegislativa ordinária, o presidente da Câmara deverá convocar a primeira sessão prepara-

tória para eleição da Mesa no terceiro ano da legislatura para o dia 1º de evereiro (e nãomais para qualquer dia da primeira quinzena de evereiro). Arme-se que, nesse caso, nãoé necessário eetuar a convocação na última sessão ordinária da SLO, mas sim antes deencerrar a SLO. Compare, por exemplo, com a exigência de se eleger na última sessão

Page 100: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 100/441

100

Curso de Regimento Interno

ordinária do período legislativo os deputados que irão compor a Comissão Representativado Congresso Nacional (RICD, art. 224).

Sobre o impacto da EC nº 50, de 2006, no calendário legislativo, conra as aulas 6, 7

e 8 do capítulo I, bem como a aula 2 deste capítulo.

AULA 11 – sEssão PrEPArAtóriA – ELEição dA mEsA dirEção dos trABALhos

 Art. 5º Na segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada legis-latura, às quinze horas do dia 2 de evereiro, sempre que possível sob a direção daMesa da sessão anterior, realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membros

da Mesa e dos suplentes dos secretários, para mandato de dois anos, vedada a re-condução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.........................................................................................................................................

 Art. 6º No terceiro ano de cada legislatura, a primeira sessão preparatória para a veriicação do quórum necessário à eleição da Mesa será realizada durante a pri-meira quinzena do mês de evereiro.........................................................................................................................................§ 3º Enquanto não or eleito o novo presidente, dirigirá os trabalhos da Câmara

dos Deputados a Mesa da sessão legislativa anterior.

Comentários

A sessão de eleição da Mesa no primeiro ano da legislatura sucede à sessão preparató-ria em que os deputados são empossados. Assim, os trabalhos de eleição serão dirigidos,sempre que possível, pela Mesa da SESSÃO anterior, ou seja, pelo presidente da sessãopreparatória de posse (o último presidente da Câmara se reeleito deputado ou, na sua

ausência, o deputado mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas, presente àsessão de posse), auxiliado pelos quatro deputados designados como secretários para comele constituírem a Mesa da sessão preparatória de posse.

No terceiro ano da legislatura, o processo eleitoral será conduzido pela Mesa da SES-SÃO LEGISLATIVA anterior (note-se não ser a Mesa da sessão anterior – sessão deposse –, como ocorre no primeiro ano) até a escolha do novo presidente, que assumirá adireção dos trabalhos eleitorais após a conrmação de sua eleição e posse imediata. Issose deve ao ato de ser uma eleição de sucessão dentro da legislatura, caso em que a Mesa

da sessão legislativa anterior (Mesa eleita para o primeiro biênio) permanecerá na direçãodos trabalhos da Câmara dos Deputados enquanto não or eleito o novo presidente (e nãoapenas na direção dos trabalhos de eleição, como ocorre no primeiro ano com a Mesa dostrabalhos das sessões preparatórias de posse e eleição da Mesa).

Page 101: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 101/441

Capítulo IV

101

AULA 12 – sEssão PrEPArAtóriA – ELEição dA mEsA QUórUm dE dELiBErAção

 Art. 5º Na segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada legis-latura, às quinze horas do dia 2 de evereiro, sempre que possível sob a direção daMesa da sessão anterior, realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membrosda Mesa e dos suplentes dos secretários, para mandato de dois anos, vedada a re-condução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.........................................................................................................................................

 Art. 6º No terceiro ano de cada legislatura, a primeira sessão preparatória para a veriicação do quórum necessário à eleição da Mesa será realizada durante a pri-

meira quinzena do mês de evereiro.........................................................................................................................................

 Art. 7º A eleição dos membros da Mesa ar-se-á em votação por escrutínio secretoe pelo sistema eletrônico, exigida maioria absoluta de votos, em primeiro escru-tínio, e maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dosdeputados, observadas as seguintes exigências e ormalidades:........................................................................................................................................

Comentários

O legislador interno parece ter exercido orte crença de que haveria quórum na eleiçãoda Mesa ocorrida no primeiro ano da legislatura, possivelmente por imaginar que, emrazão da sessão preparatória de posse – comumente repleta de candidatos a deputadodesejosos de assumir o mandato –, haveria número suciente no dia seguinte. Veja-se que,se para o primeiro ano da legislatura o legislador é incisivo em armar “realizar-se-á aeleição”, para o terceiro ano diz apenas “para a vericação do quórum necessário à eleição”.

Ora, em qualquer dos casos, só haverá eleição se houver quórum, o qual, diga-se, equivaleà presença da maioria absoluta dos deputados, nesse caso.

Nesse sentido, seja na eleição processada no primeiro ou no terceiro ano da legislatura– havendo quórum –, em um só ato de votação (art. 7º,caput , e parágrao único, I) realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membros da Mesa e dos suplentes de secretário.Em decorrência da promulgação da Resolução nº 45, de 2006, a eleição dos membros daMesa será procedida, em regra, pelo sistema eletrônico.

Como a Mesa é composta de Presidência e Secretaria, os membros da Mesa que

integram a Presidência são o presidente, o primeiro e o segundo-vice-presidente; a Se-cretaria é constituída de primeiro, segundo, terceiro e quarto-secretários. Lembre-se,por oportuno, que a Mesa conta com quatro suplentes de secretário, que não são seusmembros; logo, são eleitos deputados para onze cargos, conquanto sejam apenas sete os

Page 102: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 102/441

102

Curso de Regimento Interno

cargos da Mesa, pois a eleição destina-se à eleição do presidente, dos demais membrosda Mesa e dos suplentes de secretário.

AULA 13 – ELEição dA mEsA – rEcondUção A cArgo dA mEsA

 Art. 5º Na segunda sessão preparatória da primeira sessão legislativa de cada legis-latura, às quinze horas do dia 2 de evereiro, sempre que possível sob a direção daMesa da sessão anterior, realizar-se-á a eleição do presidente, dos demais membrosda Mesa e dos suplentes dos secretários, para mandato de dois anos, vedada a re-condução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.§ 1º Não se considera recondução a eleição para o mesmo cargo em legislaturas

dierentes, ainda que sucessivas.........................................................................................................................................

Comentários

A Constituição veda a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamentesubsequente, porém, de acordo com o § 1º do art. 5º do RICD, a eleição para o mesmocargo em legislaturas dierentes, ainda que sucessivas, não é considerada recondução. Nes-se sentido, só há a vedação de recondução ao mesmo cargo entre o primeiro e o segundobiênio da mesma legislatura. Logo, o deputado eleito para qualquer cargo na Mesa no ter-ceiro ano da legislatura poderá concorrer ao mesmo cargo na eleição seguinte, se reeleitodeputado, pois nesse caso a eleição seguinte ocorrerá em outra legislatura, para a qual seexige a renovação do mandato parlamentar.

Atente-se que a vedação diz respeito apenas ao mesmo cargo para a eleição imediatana mesma legislatura, ou seja, o membro da Mesa eleito para o cargo de segundo-secretário no primeiro ano da legislatura só poderá se eleger membro da Mesa na eleição

realizada no terceiro ano da mesma legislatura para outro cargo como, por exemplo,primeiro-vice-presidente.

Por essas razões é que se justica a permanência de deputado Fulano ou Beltrano naMesa Diretora ano após ano, biênio após biênio, legislatura após legislatura.

Page 103: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 103/441

Capítulo IV

103

AULA 14 – ELEição dA mEsA – critérios PArA comPosição dA mEsA (PArtE i)

 Art. 8º Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participem daCâmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordocom o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsasoriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:I – a escolha será eita na orma prevista no estatuto de cada partido, ou conorme oestabelecer a própria bancada e, ainda, segundo dispuser o ato de criação do blocoparlamentar;

II – em caso de omissão, ou se a representação não izer a indicação, caberá aorespectivo líder azê-la;III – o resultado da eleição ou a escolha constará de ata ou documento hábil, a serenviado de imediato ao presidente da Câmara, para publicação;IV – independentemente do disposto nos incisos anteriores, qualquer deputadopoderá concorrer aos cargos da Mesa que couberem à sua representação, mediantecomunicação por escrito ao presidente da Câmara, sendo-lhe assegurado o trata-mento conerido aos demais candidatos.§ 1º Salvo composição diversa resultante de acordo entre as bancadas, a distribuição

dos cargos da Mesa ar-se-á por escolha das lideranças, da maior para a de menorrepresentação, conorme o número de cargos que corresponda a cada uma delas.§ 2º Se até 30 de novembro do segundo ano de mandato veriicar-se qualquer vagana Mesa, será ela preenchida mediante eleição, dentro de cinco sessões, observadasas disposições do artigo precedente. Ocorrida a vacância depois dessa data, a Mesadesignará um dos membros titulares para responder pelo cargo.§ 3º É assegurada a participação de um membro da Minoria, ainda que pela pro-porcionalidade não lhe caiba lugar.§ 4º As vagas de cada partido ou bloco parlamentar na composição da Mesa serãodeinidas com base no número de candidatos eleitos pela respectiva agremiação,na conormidade do resultado inal das eleições proclamado pela ustiça Eleitoral,desconsideradas as mudanças de iliação partidária posteriores a esse ato. (Parágra-

 o acrescido pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 5º Em caso de mudança de legenda partidária, o membro da Mesa perderá au-tomaticamente o cargo que ocupa, aplicando-se para o preenchimento da vaga odisposto no § 2º deste artigo. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 34, de 2005, emvigor desde 1º/2/2007.)

Page 104: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 104/441

104

Curso de Regimento Interno

Comentários

c p mpçã M

Na composição da Mesa, assegura-se a aplicação do princípio da proporcionalidadepartidária; ou seja, os partidos ou blocos parlamentares que participem da Câmara devemser representados proporcionalmente, tanto quanto possível.

Até 31 de janeiro de 2007, oram aplicadas as regras anteriores à vigência da Resoluçãonº 34, de 2005. Por oportuno, destaque-se que não havia previsão regimental quanto aomomento de aerição do tamanho das bancadas para ns de aplicação do princípio da pro-porcionalidade partidária na composição da Mesa. Por exemplo, a Mesa utilizou a data de15 de dezembro de 2004 para aerir o tamanho das bancadas para a composição da Mesa

do biênio 2005/2006, ou seja, para eleição da Mesa no terceiro ano da legislatura. Nessesentido, até o último minuto do prazo estabelecido para aerir o tamanho das bancadas,havia deputados mudando de partido.

Em 1º de evereiro de 2007 entrou em vigor a Resolução nº 34, de 2005. A partirdessa data, de acordo com o § 4º acrescido ao art. 8º pela citada resolução, as vagas de cadapartido ou bloco parlamentar na composição da Mesa são denidas com base no númerode candidatos eleitos pela respectiva agremiação, na conormidade do resultado naldas eleições proclamado pela ustiça Eleitoral, desconsideradas as mudanças de liação

partidária posteriores a esse ato.Nesse sentido, se o Partido PXYZ contava com vinte integrantes eleitos para a Câmara

dos Deputados, de acordo com o resultado nal das eleições proclamado pela ustiça Elei-toral, o cálculo da proporcionalidade partidária reerente ao Partido PXYZ basear-se-ános vinte deputados eleitos como representantes do citado partido – tanto para o primei-ro biênio como no terceiro ano da legislatura. Assim, não interessará saber se o PartidoPXYZ ganhou mais dez adesões parlamentares ou teve sua representação na Câmaradiminuída à metade pela saída de integrantes da bancada. Para a denição do número decargos a que o partido terá direito na Mesa, valerá em qualquer das eleições o número dedeputados eleitos pelo partido, conorme resultado nal apresentado pela ustiça Eleitoral.

Page 105: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 105/441

Capítulo IV

105

AULA 15 – ELEição dA mEsA – critérios PArA comPosição dA mEsA (PArtE ii)

 Art. 8º Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participem daCâmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordocom o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsasoriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:........................................................................................................................................§ 3º É assegurada a participação de um membro da Minoria, ainda que pela pro-porcionalidade não lhe caiba lugar.

........................................................................................................................................ Art. 27. A representação numérica das bancadas em cada comissão será estabeleci-da com a divisão do número de membros do partido ou bloco parlamentar, aeridona orma do § 4º do art. 8º deste Regimento, pelo quociente resultante da divisãodo número de membros da Câmara pelo número de membros da comissão; o in-teiro do quociente assim obtido, denominado quociente partidário, representaráo número de lugares a que o partido ou bloco parlamentar poderá concorrer nacomissão. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)........................................................................................................................................

Comentários

Na aula anterior, inormamos qual a base para denição do número de vagas a que cadapartido ou bloco parlamentar terá direito na composição da Mesa. Com eeito, desde 1º deevereiro de 2007, na aerição do tamanho da bancada, considera-se o número de candidatos

eleitos pela agremiação, de acordo com o resultado ocial nal das eleições gerais.Agora, explanaremos como se processa o cálculo. Em primeiro lugar, vale lembrar que

a Mesa atua na qualidade de Comissão Diretora na direção dos trabalhos legislativos e dosserviços administrativos da Câmara (art. 14). Tal ato legitima utilizar a regra do caput doart. 27 para o cálculo das vagas partidárias na Mesa. Assim, divide-se o número de mem-bros do partido ou bloco parlamentar (que era aerido conorme critérios denidos pelaMesa e, desde 1º de evereiro de 2007, passou a ser na orma do § 4º do art. 8º do RICD)pelo quociente resultante da divisão do número de membros da Câmara pelo númerode membros da comissão. O inteiro do quociente assim obtido é denominado quocientepartidário, o qual representa o número de lugares a que o partido ou bloco parlamentarpoderá concorrer na Mesa – Comissão Diretora.

Page 106: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 106/441

106

Curso de Regimento Interno

Na adaptação dessa regra de comissões no cálculo de vagas na Mesa, deve-se consi-derar que o ato único de eleição será para onze cargos, ou seja, os sete membros da Mesae os quatro suplentes de secretário. Nesse caso, deve-se dividir o número de membros da

Câmara pelo número de cargos a preencher – onze cargos –, e não apenas pelo número demembros da Mesa – sete.

Para mais esclarecimentos quanto ao que seja quociente partidário, consulte a aula 6do capítulo VI.

Importante observar que, independentemente do cálculo da proporcionalidade parti-dária, a Minoria tem uma vaga garantida na Mesa da Câmara.

AULA 16 – ELEição dA mEsA – critérios PArA comPosição dA mEsA 

(PArtE iii)

 Art. 8º Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participem daCâmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordocom o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsasoriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:........................................................................................................................................

§ 1º Salvo composição diversa resultante de acordo entre as bancadas, a distribuiçãodos cargos da Mesa ar-se-á por escolha das lideranças, da maior para a de menorrepresentação, conorme o número de cargos que corresponda a cada uma delas.........................................................................................................................................

Comentários

Denido o número de vagas que caberá a cada agremiação, há duas alternativas para se

conhecer qual representação ocupará cada cargo.A escolha dos cargos pode ser eita pelas lideranças, da maior para a de menor repre-

sentação, conorme o número de cargos que corresponda a cada uma delas, bem comopode haver acordo entre as bancadas para a distribuição dos cargos por outros critérios.

Conclui-se então este assunto esclarecendo que a divisão do número de cargos respeitao princípio da proporcionalidade partidária, por dever de obediência à norma inscrita no§ 1º do art. 58 da Constituição Federal. á a distribuição dos cargos, ou seja, que cargo per-tence a qual representação (partido ou bloco parlamentar), poderá será eita pelo critério

proporcional ou por acordo de lideranças (RICD, art. 8º, § 1º).

Page 107: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 107/441

Capítulo IV

107

AULA 17 – ELEição dA mEsA cAndidAtUrA oFiciAL x cAndidAtUrA A vULsA

 Art. 8º Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participem daCâmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordocom o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsasoriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:I – a escolha será eita na orma prevista no estatuto de cada partido, ou conorme oestabelecer a própria bancada e, ainda, segundo dispuser o ato de criação do blocoparlamentar;

II – em caso de omissão, ou se a representação não izer a indicação, caberá aorespectivo líder azê-la;III – o resultado da eleição ou a escolha constará de ata ou documento hábil, a serenviado de imediato ao presidente da Câmara, para publicação;IV – independentemente do disposto nos incisos anteriores, qualquer deputadopoderá concorrer aos cargos da Mesa que couberem à sua representação, mediantecomunicação por escrito ao presidente da Câmara, sendo-lhe assegurado o trata-mento conerido aos demais candidatos.........................................................................................................................................

  Art. 10. O líder, além de outras atribuições regimentais, tem as seguintesprerrogativas:........................................................................................................................................V – registrar os candidatos do partido ou bloco parlamentar para concorrer aoscargos da Mesa, e atender ao que dispõe o inciso III do art. 8º;........................................................................................................................................

Comentários

Cientes tanto do número de vagas que lhes couber na Mesa, em razão da aplicação doprincípio da proporcionalidade partidária, como também quais cargos lhes oram reserva-dos, cada partido ou bloco parlamentar escolhem o(s) candidato(s) ao(s) cargo(s) que lhescaiba prover, conorme regras especícas constantes do art. 8º. A escolha de um candidatopelo partido representa a “candidatura ofcial do partido”, contudo não obsta as chama-das “candidaturas avulsas” originadas da mesma bancada.

Note-se que o líder tem a competência de registrar o(s) candidato(s) ocial(is) dopartido ou bloco parlamentar, conorme o número de vagas de que dispõe a representa-ção. A escolha de quem será o candidato partidário, porém, dependerá de cada partidoou bloco parlamentar, nos termos do inciso I do art. 8º. Assim, o registro do candidato

Page 108: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 108/441

108

Curso de Regimento Interno

compete ao líder, que ará, também, a indicação, se houver omissão ou, ainda, se a ban-cada não o zer (art. 8º, II).

Candidatura avulsa é a candidatura de deputado registrada por conta própria do par-

lamentar. O RICD só admite candidatura avulsa de deputado que integre o partido oubloco parlamentar a que pertencer a vaga. A tolerância da Mesa da Câmara em acolher,para o cargo de presidente, candidaturas avulsas oriundas de bancadas dierentes daquelaque, pela proporcionalidade partidária (ou acordo), az jus a esse cargo na Mesa não contacom amparo regimental. Tal prática tenta justicar-se por ocorrências históricas.

De ato, a história registrou, inclusive, a eleição de candidato avulso para presidenteda Câmara na disputa a cargos da Mesa ocorrida em 2005. O maior partido na época,que tinha direito a duas vagas na Mesa Diretora, havia cedido uma de suas vagas a outro

partido, conante de que ganharia a eleição presidencial. A atalidade implicou a ausênciade representantes do partido da Maioria na composição da Mesa, ato inédito.

Por m, saliente-se que a candidatura avulsa deve ser comunicada por escrito ao pre-sidente da Câmara e garante a igualdade de tratamento conerido aos demais candidatos,inclusive ao colega de partido que concorrer como candidato ocial.

Saiba mais sobre registro de candidaturas na aula 19 deste capítulo.

AULA 18 – mEsA – PErdA dE LUgAr E vAgA

 Art. 8º Na composição da Mesa será assegurada, tanto quanto possível, a repre-sentação proporcional dos partidos ou blocos parlamentares que participem daCâmara, os quais escolherão os respectivos candidatos aos cargos que, de acordocom o mesmo princípio, lhes caiba prover, sem prejuízo de candidaturas avulsasoriundas das mesmas bancadas, observadas as seguintes regras:........................................................................................................................................§ 2º Se até 30 de novembro do segundo ano de mandato veriicar-se qualquer vagana Mesa, será ela preenchida mediante eleição, dentro de cinco sessões, observadasas disposições do artigo precedente. Ocorrida a vacância depois dessa data, a Mesadesignará um dos membros titulares para responder pelo cargo.........................................................................................................................................§ 5º Em caso de mudança de legenda partidária, o membro da Mesa perderá au-tomaticamente o cargo que ocupa, aplicando-se para o preenchimento da vaga odisposto no § 2º deste artigo. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 34, de 2005, emvigor desde 1º/2/2007.)........................................................................................................................................

 Art. 14. ................................................................................................................................................................................................................................................................

Page 109: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 109/441

Capítulo IV

109

§ 3º A Mesa reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por quinzena, em dia e horapreixados, e, extraordinariamente, sempre que convocada pelo presidente ou por

quatro de seus membros eetivos.§ 4º Perderá o lugar o membro da Mesa que deixar de comparecer a cinco reuniõesordinárias consecutivas, sem causa justiicada.................................................................................................................................................................................................................................................................................

 Art. 232. O deputado que se desvincular de sua bancada perde, para eeitos regi-mentais, o direito a cargos ou unções que ocupar em razão dela. ( Artigo com redaçãodada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

........................................................................................................................................ Art. 238. As vagas, na Câmara, veri icar-se-ão em virtude de:I – alecimento;II – renúncia;III – perda de mandato.

Comentários

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados prevê duas regras aplicáveis em casode vaga na Mesa: 1) realizar nova eleição dentro de cinco sessões, se a vaga ocorrer até 30de novembro do segundo ano de mandato; 2) designar um dos membros titulares pararesponder pelo cargo, sempre que a vaga ocorrer a partir de 1º de dezembro do último anodo mandato bienal.

São as seguintes hipóteses de ocorrência de vaga na Mesa:

a) no caso de ausência a cinco reuniões ordinárias consecutivas, sem causa justicada;

b) em caso de mudança de legenda partidária;

c) nos casos que ensejam vaga na Câmara, desde que ocorridos com membro da Mesa.

Nos termos do art. 238, a vaga na Câmara vericar-se-á em virtude de alecimento,renúncia ou perda do mandato.

Page 110: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 110/441

110

Curso de Regimento Interno

AULA 19 – ProcEsso ELEitorAL dA mEsA (PArtE i)

 Art. 7º A eleição dos membros da Mesa ar-se-á em votação por escrutínio secreto

e pelo sistema eletrônico, exigida maioria absoluta de votos, em primeiro escru-tínio, e maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dosdeputados, observadas as seguintes exigências e ormalidades:I – registro, perante a Mesa, individualmente ou por chapa, de candidatos previa-mente escolhidos pelas bancadas dos partidos ou blocos parlamentares aos cargosque, de acordo com o princípio da representação proporcional, tenham sido distri-buídos a esses partidos ou blocos parlamentares;II – chamada dos deputados para a votação;

III – realização de segundo escrutínio, com os 2 (dois) mais votados para cadacargo, quando, no primeiro, não se alcançar maioria absoluta;IV – eleição do candidato mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas,em caso de empate;V – proclamação pelo presidente do resultado inal e posse imediata dos eleitos.

Comentários

O processo eleitoral para escolha dos membros da Mesa da Câmara oi alterado pelaResolução nº 45, de 2006. No que se reere às alterações promovidas pela citada resoluçãono art. 7º do RICD, é pertinente esclarecer que o legislador interno objetivou estabelecerque a eleição da Mesa Diretora, realizada em votação secreta, será procedida, em regra,pelo sistema eletrônico e, em caráter excepcional, por meio de cédulas.

Dessa orma, para incluir como regra a votação pelo sistema eletrônico e manter noartigo em comento as disposições reerentes à votação secreta por meio de cédulas (proce-dimento anteriormente previsto como regra, que passou a constar em caráter de exceção),

o legislador reorganizou o art. 7º. Nesse sentido, transcrevemos trecho do parecer da Co-missão de Constituição e ustiça e de Cidadania ao Projeto de Resolução nº 117, de 2003,que deu origem à Resolução nº 45/2006: “Optamos por estabelecer no caput do art. 7º aregra de votação pelo sistema eletrônico e acrescentar parágrao único, ao mesmo artigo,com as ormalidades da votação por cédulas, no caso de avaria ou qualquer outra impossi-bilidade de uso do sistema eletrônico”. (DCD, 3/7/2005, p. 23295)

Quanto ao processo eleitoral da Mesa, as candidaturas devem ser registradas, junto àMesa, individualmente ou por chapa. Se or candidatura ocial, o líder do partido ou dobloco parlamentar registrará o candidato previamente escolhido pela bancada respectiva

para concorrer ao cargo que couber à sua representação, obedecido o critério da proporcio-nalidade partidária. As candidaturas avulsas são comunicadas por escrito ao presidente daCâmara pelo próprio deputado candidato (arts. 7º, caput , I; 8º, IV; e 10, V).

Page 111: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 111/441

Capítulo IV

111

O processo eleitoral para escolha dos membros da Mesa poderá ser realizado em doisescrutínios: primeiro e segundo. Como dito na aula 12 deste capítulo, exige-se semprea presença da maioria absoluta dos deputados para a eetiva realização do processo de

eleição da Mesa. Assim, presentes, no mínimo, 257 deputados, estes são chamados a votar.Dessa orma, ter-se-á:

1) em primeiro escrutínio, a eleição do candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos para o cargo a que concorrer;

2) em segundo escrutínio, a disputa entre os dois candidatos mais votados para cadacargo no primeiro escrutínio, considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos

 votos (maioria simples);

3) havendo empate em segundo escrutínio, a proclamação da eleição do candidatomais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.

Quanto à apuração propriamente dita, note-se serem apurados primeiramente os vo-tos para presidente. Em razão do disposto no art. 5º, § 2º, a apuração para os demaiscargos só será procedida após a eleição do presidente. Nesse sentido, se o presidente nãoor escolhido em primeiro escrutínio, como costuma ocorrer quando nenhum candidatoconta com o apoio da maioria, realiza-se a votação em segundo escrutínio para o cargode presidente, deixando-se a apuração para os demais cargos para momento posterior à

denição do nome do novo presidente da Câmara.O presidente da sessão proclama o resultado da eleição do presidente da Câmara e

o empossa imediatamente. A partir de então, o novo presidente assume a direção dostrabalhos da sessão e determina a apuração para os demais cargos. Concluída essa etapa,proclama o resultado e, no momento imediato, procede à posse dos eleitos (arts. 6º, § 3º;e 7º, caput , V).

A Resolução nº 45, de 2006, não se preocupou em detalhar o processo de eleição dosmembros da Mesa pelo sistema eletrônico. Nesse sentido, a previsão de utilização de urnaseletrônicas não consta no texto regimental.

Exemplo:

Para um melhor entendimento dos procedimentos da eleição da Mesa Diretora daCâmara dos Deputados, apresentamos, a seguir, um exemplo:

Cargo a ser disputado: presidente da Mesa Diretora

Quantidade de candidatos: 5 (cinco)8

8 Na prática, há um acordo para que a disputa de presidente da Câmara, e somente para este cargo, pos-

sa ocorrer entre parlamentares de representações partidárias diferentes. Existe, todavia, a possibilidade

regimental de candidaturas avulsas provenientes da bancada do partido que, pelo princípio da proporcio-

nalidade partidária, adquiriu o direito de concorrer ao cargo de presidente da Mesa. Assim, podem-se ter

dois, três ou mais candidatos do mesmo partido concorrendo ao cargo.

Page 112: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 112/441

112

Curso de Regimento Interno

Quantidade de deputados presentes à eleição: 510 (quinhentos e dez), o que con-templa a exigência constitucional de presença em Plenário de pelo menos a maioria abso-luta dos deputados, ou seja, 257 presentes (CF, art. 47).

Eleição em 1o escrutínio

Candidato Votos obtidos

A 207

B 117

C 124

D 53E 2

Votos brancos 3

Votos nulos 4

 Totalização 510

Cálculo da maioria absoluta de votos: (primeiro número inteiro acima da metade dototal de votos, subtraídos os nulos)

total de votos, subtraídos os nulos: (510 – 4) = 506metade: 506 ÷ 2 = 253

primeiro número inteiro acima da metade: 254

O resultado 254 representa a maioria absoluta de votos. Como nenhum candidatoalcançou esse número, ocorrerá eleição em 2º escrutínio com os dois candidatos mais

 votados (candidatos A e C). Vejamos essa eleição, considerando a presença em Plenáriodos mesmos 510 deputados.

Eleição em 2o escrutínio

Candidato Votos obtidos Vencedor

A 195

C 210 VENCEDOR  

Votos brancos 101

Votos nulos 4

 Totalização 510

Page 113: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 113/441

Capítulo IV

113

Assim, de acordo com o resultado da eleição em 2° escrutínio, o candidato C é oescolhido para ocupar o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, já que obteve amaioria simples em segundo escrutínio.

Para esclarecer quanto ao número de votos necessários para a eleição dos membros daMesa em primeiro escrutínio, com exclusão apenas dos votos nulos, decidiu o presidenteda Câmara dos Deputados, em Questão de Ordem nº 10.266, de 1997, regra esta conr-mada na Questão de Ordem nº 545, de 2006, e atualmente em vigor:

QO nº 10.266, de 1997

“Decide questões de ordem suscitadas pelos deputados Inocêncio Oliveira, nasessão de 3 de evereiro, e osé Genoíno, na presente sessão, acerca da interpre-

tação do dispositivo regimental que trata do quórum de eleição dos membrosda Mesa Diretora, nos seguintes termos: será eleito, em primeiro escrutínio, ocandidato que obtiver a maioria absoluta dos votos computados, somando-se osem branco e excluindo-se os nulos.” (grio nosso)

QO nº 545, de 2006

“Posto isso, recebo a presente questão de ordem, nos termos do artigo 95 doRegimento Interno, para, no mérito, deeri-la, e rmar o seguinte entendimento:

a) a eleição dos membros da Mesa da Câmara ar-se-á nos termos do art. 7ºdo Estatuto Doméstico, observando-se o escrutínio secreto e a presença damaioria absoluta dos deputados, considerando-se eleito, em primeiro escru-tínio, o deputado que obtiver a maioria absoluta de votos dentre o total de

 votantes e, em segundo escrutínio, o deputado que obtiver a maioria simples,incluídos os votos em branco e descontando-se os nulos;

b) a eleição nas comissões deverá observar os requisitos previstos no art. 7º, pelaaplicação subsidiária do art. 39, § 3º, devendo processar-se igualmente em

escrutínio secreto, presente a maioria absoluta dos membros da comissão,considerando-se eleito, em primeiro escrutínio, o candidato que obtiver amaioria absoluta de votos dentre o total de votantes e, em segundo escrutínio,o deputado que obtiver a maioria simples, incluídos os votos em branco edescontando-se os nulos.” (grio nosso)

Page 114: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 114/441

114

Curso de Regimento Interno

AULA 20 – ProcEsso ELEitorAL dA mEsA (PArtE ii)

 Art. 7º A eleição dos membros da Mesa ar-se-á em votação por escrutínio secreto

e pelo sistema eletrônico, exigida maioria absoluta de votos, em primeiro escru-tínio, e maioria simples, em segundo escrutínio, presente a maioria absoluta dosdeputados, observadas as seguintes exigências e ormalidades:........................................................................................................................................Parágrao único. No caso de avaria do sistema eletrônico de votação, ar-se-á a elei-ção por cédulas, observados os incisos II a V do caput deste artigo e as seguintesexigências:I – cédulas impressas ou datilograadas, contendo cada uma somente o nome do

 votado e o cargo a que concorre, embora seja um só o ato de votação para todos oscargos, ou chapa completa, desde que decorrente de acordo partidário;II – colocação, em cabina indevassável, das cédulas em sobrecartas que resguardemo sigilo do voto;III – colocação das sobrecartas em 4 (quatro) urnas, à vista do Plenário, 2 (duas)destinadas à eleição do presidente e as outras 2 (duas) à eleição dos demais mem-bros da Mesa;IV – acompanhamento dos trabalhos de apuração, na Mesa, por 2 (dois) ou maisdeputados indicados à Presidência por partidos ou blocos parlamentares dierentes

e por candidatos avulsos;V – o secretário designado pelo presidente retirará as sobrecartas das urnas, emprimeiro lugar as destinadas à eleição do presidente; contá-las-á e, veriicada acoincidência do seu número com o dos votantes, do que será cientiicado o Plená-rio, abri-las-á e separará as cédulas pelos cargos a preencher;VI – leitura pelo presidente dos nomes dos votados;VII – proclamação dos votos, em voz alta, por um secretário e sua anotação por 2(dois) outros, à medida que apurados;VIII – invalidação da cédula que não atenda ao disposto no inciso I deste parágrao;IX – redação pelo secretário e leitura pelo presidente do resultado de cada eleição,na ordem decrescente dos votados.

Comentários

A Resolução nº 45, de 2006, reestruturou o art. 7º do RICD, conorme comentamosna aula 19 deste capítulo. Atente-se que a votação no processo eleitoral da Mesa (no da

presidência das comissões e, provavelmente, no do Conselho de Ética) deve ocorrer pelosistema eletrônico. Porém, em caráter excepcional, no caso de avaria ou quando o siste-ma eletrônico não estiver uncionando, a eleição será procedida secretamente em cabinaindevassável e por meio de cédulas impressas ou datilograadas postas em sobrecartas

Page 115: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 115/441

Capítulo IV

115

(envelopes) que resguardem o sigilo do voto. As (duas) sobrecartas serão depositadas emquatro urnas à vista do Plenário.

A sobrecarta com a cédula para o cargo de presidente deverá ser depositada em uma

das duas urnas destinadas à eleição do presidente. A outra, em cujo interior se encontramas cédulas para os demais cargos da Mesa e também as cédulas reerentes à eleição dossuplentes de secretário, será depositada em uma das outras duas urnas.

Quanto à cabina indevassável, registramos denições dos vocábulos devassar e in-devassável extraídas do Dicionário Michaelis (1998, p. 711 e 1146) para auxiliar a boacompreensão do texto.

“De.vas.sar. vtd  1 Invadir ou observar (aquilo que é deeso ou vedado): De- vassar a casa do vizinho. vtd  2 Ter vista para dentro de: Nossa janela devassa os

outros apartamentos. 3 [...]In.de.vas.sá.vel adj (in + devassar + vel) Que não pode ser devassado.”

A lisura é desejável em qualquer processo eleitoral. Com o objetivo de que as eleiçõespara a Mesa da Câmara sejam pautadas pela transparência, o RICD prevê o direito deque tanto os partidos ou blocos parlamentares como os candidatos avulsos indiquem àPresidência deputados para acompanharem os trabalhos de apuração junto à Mesa. Assim,haverá dois ou mais deputados indicados à Presidência para garantir a lisura do processo.

A despeito de o inciso I do parágrao único do art. 7º armar que “seja um só o ato de votação para todos os cargos”, ressalte-se que o secretário designado pelo presidente reti-rará, em primeiro lugar, as sobrecartas destinadas à eleição do presidente, as quais oramdepositadas em duas urnas exclusivas para esse cargo. Depois, são retiradas as sobrecartasque contenham as cédulas reerentes aos demais cargos da Mesa e aos suplentes de secre-tário (uma única sobrecarta contém as cédulas dos dez cargos).

A seguir, são contadas as sobrecartas a m de se vericar se o número de envelopescoincide com o dos votantes (deputados que assinaram a lista de votação). Havendo coin-cidência, o Plenário será cienticado.

Logo após, as sobrecartas são abertas e eetua-se a separação das cédulas pelos cargos apreencher (as cédulas dos dez cargos encontravam-se em uma única sobrecarta).

No que se reere à apuração e à proclamação do resultado, conra a aula 19 destecapítulo.

Page 116: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 116/441

116

Curso de Regimento Interno

AULA 21 – dA LidErAnçA

 Art. 9º Os deputados são agrupados por representações partidárias ou de blocos

parlamentares, cabendo-lhes escolher o líder quando a representação or igual ousuperior a um centésimo da composição da Câmara.§ 1º Cada líder poderá indicar vice-líderes, na proporção de um por quatro deputados,ou ração, que constituam sua representação, acultada a designação de um comoprimeiro-vice-líder. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 78, de 1995.)........................................................................................................................................§ 6º O quantitativo mínimo de vice-líderes previsto no § 1º será calculado combase no resultado inal das eleições para a Câmara dos Deputados proclamado pelo

 Tribunal Superior Eleitoral. (Parágrao acrescido pela Resolução n° 1, de 2011.)........................................................................................................................................

 Art. 11. O presidente da República poderá indicar deputados para exercerem a lide-rança do governo, composta de líder e de 10 (dez) vice-líderes, com as prerrogativasconstantes dos incisos I, III e IV do art. 10. ( Artigo com redação dada pela Resoluçãonº 1, de 2011.)

ComentáriosA liderança de representação partidária na Câmara (de partido ou bloco parlamentar)

é constituída de líder e vice-líderes. Só ará jus a constituir liderança a representação queor igual ou superior a um centésimo dos membros da Câmara (1/100 da CD). Neste caso,o regimento não autoriza desprezar a ração do resultado obtido. Em regra, apenas repre-sentações com seis ou mais deputados teriam direito à liderança. Há registros na Câmarade lideranças constituídas em representações com cinco deputados, situação que deve serconsiderada excepcionalidade.

O líder é escolhido pela bancada respectiva e possui a prerrogativa de indicar um vice-líder para cada quatro deputados ou ração de sua representação. Assim, se o partidopossuir 13 deputados, incluindo o líder, este poderá indicar quatro vice-líderes (13:4 =3,25. Ou seja, 4+4+4+1). Indicados os vice-líderes, o líder poderá ou não designar um delescomo primeiro-vice-líder (é uma aculdade do líder, e não um dever).

A Resolução n° 1, de 2011, incluiu a restrição de que o quantitativo de vice-líderesprevisto no § 1º será determinado com undamento no resultado nal das eleições para aCâmara dos Deputados proclamado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados coneriu ao presidente da Repúblicaa prerrogativa de indicar deputados para exercerem a liderança do governo. Nesse caso,o chee do Poder Executivo indicará onze deputados para comporem sua liderança naCâmara: um líder e dez vice-líderes.

Page 117: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 117/441

Capítulo IV

117

A tabela a seguir evidencia as dierenças entre liderança de representações partidáriasou de blocos parlamentares e a liderança do governo.

Liderança de Partido ou Bloco Parlamentar Liderança do Governo

O líder é escolhido pela representação composta por, nomínimo, 1/100 da CD

O líder é indicado pelopresidente da República

O líder escolhe os vice-líderes na proporção de um paracada quatro deputados ou ração, com base no resultadonal das eleições para a CD proclamado pelo TSE

O presidente da Repúblicaindica dez vice-líderes

O número de deputados que integram a liderança depende

do tamanho da bancada

Apenas onze deputados

integram a liderança dogoverno

AULA 22 – mAndAto dos LídErEs

 Art. 9º ...................................................................................................................................................................................................................................................................§ 2º A escolha do líder será comunicada à Mesa, no início de cada legislatura, ouapós a criação de bloco parlamentar, em documento subscrito pela maioria absolutados integrantes da representação.§ 3º Os líderes permanecerão no exercício de suas unções até que nova indicação

 venha a ser eita pela respectiva representação.................................................................................................................................................................................................................................................................................

 Art. 11. O presidente da República poderá indicar deputados para exercerem a lide-rança do governo, composta de líder e de 10 (dez) vice-líderes, com as prerrogativas

constantes dos incisos I, III e IV do art. 10. ( Artigo com redação dada pela Resoluçãonº 1, de 2011.)

Comentários

Momentos em que se deve comunicar à Mesa a escolha do líder:

1) no início de cada legislatura;

2) após a criação de bloco parlamentar;

Page 118: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 118/441

118

Curso de Regimento Interno

3) sempre que houver mudança de líder (esse caso não está expresso no RICD,porém tal comunicação é necessária para que o novo líder possa exercer suas atri-buições e prerrogativas).

Mandato do líder (art. 9º, §§ 2º e 3º):

a) no mínimo, o tempo necessário para que a bancada (ou o presidente da Repúbli-ca) indique outro líder (pode ser apenas algumas horas até a ormalização da novaindicação, como ocorreu, por exemplo, na mudança de líder do PMDB em 2005,por conta de acirrada disputa interna no partido);

b) no máximo, uma legislatura.

Entretanto, o RICD não impede que o líder cujo mandato se encerrou ao término dalegislatura seja outra vez indicado pela representação de seu partido ou bloco parlamentarpara exercer novamente essa unção de liderança na legislatura que se inicia.

AULA 23 – imPEdimEntos dA LidErAnçA

 Art. 9º ...................................................................................................................................................................................................................................................................§ 5º Os líderes e vice-líderes não poderão integrar a Mesa.........................................................................................................................................

 Art. 14 ...................................................................................................................................................................................................................................................................§ 5º Os membros eetivos da Mesa não poderão azer parte de liderança nem decomissão permanente, especial ou de inquérito.........................................................................................................................................

Comentários

Os líderes e vice-líderes não poderão integrar a Mesa. Esse impedimento alcança a li-derança de partidos e blocos parlamentares e, também, a liderança do governo na Câmara.

Essa restrição é raticada ao tratar-se dos impedimentos dos membros da Mesa noart. 14, § 5º, que determina: “Os membros da Mesa não poderão azer parte de liderançanem de comissão permanente, especial ou de inquérito”. (grio nosso)

Nesse sentido, cabe indagar se líderes e vice-líderes podem integrar as comissões. A

resposta é simples: dierentemente do que ocorre com os membros da Mesa, o RICDnão contém nenhuma vedação nesse sentido. Logo, tanto líder como vice-líder podemintegrar comissões permanentes ou temporárias e, inclusive, presidi-las. Por exemplo, um

Page 119: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 119/441

Capítulo IV

119

líder presidiu a comissão especial destinada a apreciar a PEC da reeleição e vários líderesintegraram essa comissão.

AULA 24 – dAs PrErrogAtivAs dos LídErEs (PArtE i)

  Art. 10. O líder, além de outras atribuições regimentais, tem as seguintesprerrogativas:I – azer uso da palavra, nos termos do art. 66, §§ 1º e 3º, combinado com o art. 89;( Inciso adaptado aos termos da Resolução nº 3, de 1991.)II – inscrever membros da bancada para o horário destinado às comunicaçõesparlamentares;

III – participar, pessoalmente ou por intermédio dos seus vice-líderes, dos traba-lhos de qualquer comissão de que não seja membro, sem direito a voto, mas poden-do encaminhar a votação ou requerer veriicação desta;IV – encaminhar a votação de qualquer proposição sujeita à deliberação do Plená-rio, para orientar sua bancada, por tempo não superior a um minuto;V – registrar os candidatos do partido ou bloco parlamentar para concorrer aoscargos da Mesa, e atender ao que dispõe o inciso III do art. 8º;VI – indicar à Mesa os membros da bancada para compor as comissões, e, a qual-quer tempo, substituí-los.

 Art. 11. O presidente da República poderá indicar deputados para exercerem a lide-rança do governo, composta de líder e de 10 (dez) vice-líderes, com as prerrogativasconstantes dos incisos I, III e IV do art. 10. ( Artigo com redação dada pela Resoluçãonº 1, de 2011.)

Comentários

O art. 10 do RICD lista seis prerrogativas de líderes, sem prejuízo de outras atribui-ções regimentais que lhes couber.

Vejamos uma a uma as prerrogativas de líder constantes do art. 10.

1) Fazer uso da palavra, nos termos do art. 66, §§ 1º e 3º, combinado com o art. 89.Essa prerrogativa diz respeito às chamadas “Comunicações de Liderança”. As Comu-

nicações de Liderança são as comunicações destinadas ao debate em torno de assuntos derelevância nacional eitas pessoalmente pelos líderes nas sessões deliberativas ou por meiode delegação nas sessões de debates. Sessões de debates são as sessões ordinárias para as

quais o presidente não designa Ordem do Dia, que é a parte da sessão destinada à apre-ciação de matérias (proposições).

Page 120: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 120/441

120

Curso de Regimento Interno

 2) Inscrever membros da bancada para o horário destinado às Comunicações Parlamentares.“Comunicações Parlamentares” é a quarta e última parte constitutiva da sessão ordi-

nária da Câmara. Ainda que devam ser previstas na organização das sessões ordinárias, as

Comunicações Parlamentares só ocorrerão se houver tempo, ou seja, se a Ordem do Diaencerrar-se antes do tempo previsto para o término da sessão. Assim, os líderes inscrevemdeputados da respectiva bancada para atuarem como oradores nessa parte da sessão poraté dez minutos (arts. 66, IV, e 90).

3) Participar, pessoalmente ou por intermédio dos seus vice-líderes, dos trabalhos de qual-quer comissão de que não seja membro, sem direito a voto, mas podendo encaminhar avotação ou requerer verifcação desta.A qualquer deputado é garantido o direito de participar dos trabalhos de todas as

comissões, ainda que não as integre. Assim, o cerne dessa prerrogativa do líder de partici-par dos trabalhos de qualquer comissão de que não seja membro reside no ato de poderencaminhar a votação ou requerer vericação desta, seja pessoalmente ou mediante os

 vice-líderes da bancada.

4) Encaminhar a votação de qualquer proposição sujeita à deliberação do Plenário, paraorientar sua bancada, por tempo não superior a um minuto.Essa prerrogativa, na verdade, reere-se à orientação de bancada, e não ao encaminha-

mento de votação propriamente dito. Observa-se que o art. 192 dispõe que “anunciada

uma votação, é lícito o uso da palavra para encaminhá-la, salvo disposição regimental emcontrário, pelo prazo de cinco minutos, ainda que se trate de matéria não sujeita a discus-são, ou que esteja em regime de urgência [em urgência, metade do prazo – art. 157, § 3º]”.E segue em seu § 1º inormando que “só poderão usar da palavra quatro oradores, doisa avor e dois contrários, assegurada a preerência, em cada grupo, a autor de proposiçãoprincipal ou acessória e de requerimento a ela pertinente, e a relator”. A prerrogativa delíder contida no inciso IV do art. 10 está relacionada com o § 2º do art. 192, que inor-ma: “Ressalvado o disposto no parágrao anterior (§ 1º do art. 192), cada líder poderámaniestar-se para orientar sua bancada, ou indicar deputado para azê-lo em nome da

 liderança, pelo tempo não excedente a um minuto”. (grio nosso)

5) Registrar os candidatos do partido ou bloco parlamentar para concorrer aos cargos da Mesa, e atender ao que dispõe o inciso III do art. 8º.Conorme comentado no estudo sobre eleição da Mesa, cada partido ou bloco par-

lamentar elege ou escolhe o candidato da bancada que irá concorrer ao cargo da Mesaque couber à respectiva representação. O líder tem a responsabilidade de azer com queo nome do candidato ocial da bancada seja comunicado ao presidente da Câmara, bemcomo deverá ocializar a candidatura registrando junto à Mesa tal candidato (arts. 7º, I;8º, III; e 10, V).

Page 121: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 121/441

Capítulo IV

121

6) Indicar à Mesa os membros da bancada para compor as comissões, e, a qualquer tempo,substituí-los.

 Todo deputado, exceto se membro da Mesa, tem o direito de integrar como membro

titular uma comissão permanente. Contudo, para o exercício desse direito, dependerá deindicação do líder (salvo quando se tratar de deputado sem partido). Em regra, os líderesdispõem do prazo de cinco sessões para indicar os membros das bancadas respectivas queirão compor as comissões permanentes e, quando se tratar de comissão temporária, esseprazo será de até 48 horas após a sua constituição. Importante salientar que – a qualquertempo – o líder poderá substituir membro da bancada que integra comissão por outrodeputado da representação, não podendo, é claro, erir o direito individual do deputado deintegrar como titular uma comissão permanente e, tampouco, rustrar o direito do mem-bro da bancada de continuar no exercício de mandato de presidente ou vice-presidente

de comissão. Ao apreciar o recurso nº 216/2005, em 23/8/2005, entendeu a CCC que odeputado que exercer mandato na Mesa, em comissão (presidência ou vice-presidência)ou no Conselho de Ética (todos os membros) não pode ser substituído pelo líder. O en-tendimento da CCC quanto ao ato de deputado não perder o cargo em virtude de seudesligamento do partido cou superado depois da Resolução nº 34, de 2005, segundo aqual o deputado que se desvincular da bancada perderá o cargo que ocupar em razão dela(regra aplicada desde 1°/2/2007).

 Todas essas prerrogativas podem ser exercidas por líderes de partido ou bloco parla-

mentar. Ao líder do governo, no entanto, só lhe oram reservadas três dessas seis prerroga-tivas, conorme demonstra a tabela a seguir.

Page 122: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 122/441

122

Curso de Regimento Interno

Prerrogativas de Líder

Líder de Partido ou Bloco Parlamentar Líder do GovernoFazer uso da palavra, nos termos do art. 66,§§ 1º e 3º, combinado com o art. 89; (Comu-nicação de Liderança)

Fazer uso da palavra, nos termos doart. 66, §§ 1º e 3º, combinado com oart. 89; (Comunicação de Liderança)

Inscrever membros da bancada para o horáriodestinado às Comunicações Parlamentares

Participar, pessoalmente ou por intermédiodos seus vice-líderes, dos trabalhos de qual-quer comissão de que não seja membro, semdireito a voto, mas podendo encaminhar a

 votação ou requerer vericação desta

Participar, pessoalmente ou por inter-médio dos seus vice-líderes, dos traba-

lhos de qualquer comissão de que nãoseja membro, sem direito a voto, maspodendo encaminhar a votação ourequerer vericação desta

Encaminhar a votação de qualquer propo-sição sujeita à deliberação do Plenário, paraorientar sua bancada, por tempo não superiora um minuto

Encaminhar a votação de qualquerproposição sujeita à deliberação doPlenário, para orientar sua bancada,por tempo não superior a um minuto

Registrar os candidatos do partido ou blocoparlamentar para concorrer aos cargos da Mesa,e atender ao que dispõe o inciso III do art. 8º

Indicar à Mesa os membros da bancada paracompor as comissões, e, a qualquer tempo,substituí-los

AULA 25 – dAs PrErrogAtivAs dos LídErEs (PArtE ii)Além das prerrogativas coneridas ao líder no art. 10 do RICD, há outras atribuições

de líder esparsas ao longo do texto regimental. Por exemplo, compete apenas ao líder re-querer a dispensa de discussão de proposição com todos os pareceres avoráveis (art. 167).Outro caso interessante reere-se ao requerimento para apreciação preliminar em Plenáriode proposta de emenda à Constituição (PEC) inadmitida na Comissão de Constituição e

 ustiça e de Cidadania (CCC), caso em que o requerimento do autor da PEC deverá serapoiado por líderes que representem, no mínimo, um terço dos deputados (art. 202, § 2º).

A seguir, especicamos prerrogativas a serem exercidas em comissão exclusivamentepelos membros do colegiado. Observe que o líder só poderá exercer esses direitos nascomissões em que or membro:

Page 123: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 123/441

Capítulo IV

123

1) pedir vista de processo (art. 57, XVI);

2) levantar questão de ordem no âmbito da comissão (art. 57, XXI);

3) azer reclamação quanto a ação ou omissão da comissão (art. 96, § 2º);4) votar e ser votado na comissão (art. 226, I). O membro suplente só vota em subs-

tituição ao titular ausente ou impedido.

AULA 26 – dos PArtidos sEm LidErAnçA

 Art. 9º ...................................................................................................................................................................................................................................................................

§ 4º O partido com bancada inerior a um centésimo dos membros da Casa nãoterá liderança, mas poderá indicar um de seus integrantes para expressar a posiçãodo partido quando da votação de proposições, ou para azer uso da palavra, uma

 vez por semana, por cinco minutos, durante o período destinado às Comunicaçõesde Liderança.........................................................................................................................................

ComentáriosOs partidos com representação inerior a um centésimo da composição da Câmara

não terão liderança.

Nesse caso, haverá um representante do partido para:

a) expressar a posição da bancada quando da votação de proposições;

b) azer uso da palavra durante o período destinado às Comunicações de Lideranças:i. uma vez por semana;

ii. por cinco minutos.

As Comunicações de Liderança são as comunicações destinadas ao debate em tornode assuntos de relevância nacional eitas pessoalmente pelos líderes nas sessões deliberati-

 vas ou por meio de delegação nas sessões de debates (arts. 66, § 1º, e 89).

Enquanto os líderes podem utilizar da palavra para Comunicações de Liderança emqualquer sessão e por tempo proporcional ao tamanho da bancada (no mínimo três e nomáximo dez minutos), o representante de partido só poderá azê-lo uma única vez porsemana e por cinco minutos apenas.

Page 124: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 124/441

124

Curso de Regimento Interno

AULA 27 – dos BLocos PArLAmEntArEs

 Art. 12. As representações de dois ou mais partidos, por deliberação das respecti-

 vas bancadas, poderão constituir bloco parlamentar, sob liderança comum.§ 1º O bloco parlamentar terá, no que couber, o tratamento dispensado por esteRegimento às organizações partidárias com representação na Casa.........................................................................................................................................§ 3º Não será admitida a ormação de bloco parlamentar composto de menos detrês centésimos dos membros da Câmara.§ 4º Se o desligamento de uma bancada implicar a perda do quórum ixado noparágrao anterior, extingue-se o bloco parlamentar.

§ 5º O bloco parlamentar tem existência circunscrita à legislatura, devendo o atode sua criação e as alterações posteriores ser apresentados à Mesa para registro epublicação.........................................................................................................................................

Comentários

Na Câmara dos Deputados, de acordo com o disposto no art. 12 do RICD, bloco par-

lamentar é a união das representações de dois ou mais partidos políticos representados naCasa que, juntos, reúnam, no mínimo, três centésimos dos membros da Câmara.

A decisão de constituir bloco parlamentar é das representações dos partidos, e não deseus líderes. Dessa orma, para que o Partido ABC e o Partido XYZ constituam o blocoparlamentar ABC/XYZ, não basta que os líderes de cada partido assim o desejem; seránecessário que, nos termos estatutários de cada partido, haja concordância da representa-ção do Partido ABC, bem como da representação do Partido XYZ.

O quórum de três centésimos (3/100) é essencial tanto para a criação do bloco parla-

mentar como para a manutenção de sua existência na Casa. Por exemplo, dois partidos comseis deputados cada um não reúnem deputados sucientes para constituir bloco parlamentar,mas, se um terceiro partido com quatro deputados (partido esse sem liderança, pois suarepresentação é inerior a 1/100 da CD) se unir aos outros dois partidos, os três juntos al-cançarão o quórum mínimo de 3/100 (15,39 16) e poderão constituir bloco parlamentar.Porém, se ao longo da legislatura a composição de cada partido permanecer inalterada equalquer desses partidos se desligar do bloco, ocorrerá a perda do quórum mínimo de 3/100dos membros da Câmara e, por conseguinte, o reerido bloco parlamentar será extinto.

Uma vez constituído o bloco parlamentar, sua existência poderá estender-se até o térmi-no da legislatura, ou seja, nda a legislatura extingue-se o bloco parlamentar. Na legislaturaseguinte, se os partidos que compunham determinado bloco parlamentar na legislatura an-terior desejarem renovar sua aliança na Câmara, deverão novamente constituir o bloco par-lamentar. Para ns de registro e publicação, deve-se apresentar à Mesa (órgão político) tanto

Page 125: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 125/441

Capítulo IV

125

o ato de criação do bloco parlamentar quanto as alterações posteriores, como, por exemplo,a desvinculação de um partido. O bloco parlamentar receberá, no que couber, o tratamentodispensado pelo RICD às organizações partidárias com representação na Câmara.

Politicamente, pode ser muito interessante, para dois ou mais partidos, a ormação deum bloco parlamentar. O objetivo das agremiações que assim se unem internamente nascasas legislativas é ormar uma orça partidária mais representativa nos órgãos colegia-dos – principalmente na Mesa Diretora e nas comissões – para azer rente aos desaospolíticos a serem enrentados pelas representações partidárias. Separadamente, os partidosmuitas vezes não conseguem espaço político para se azerem representar com mais expres-sividade. Ao contrário, ao unir orças com outro(s), ampliam suas possibilidades de ocuparcargos estratégicos muito disputados entre as diversas bancadas partidárias.

AULA 28 – dA comUnicAção dA FormAção dE BLoco PArLAmEntAr

 Art. 12. ..................................................................................................................................................................................................................................................................§ 5º O bloco parlamentar tem existência circunscrita à legislatura, devendo o atode sua criação e as alterações posteriores ser apresentados à Mesa para registro epublicação.........................................................................................................................................§ 10. Para eeito do que dispõe o § 4º do art. 8º e o art. 26 deste Regimento, a or-mação do bloco parlamentar deverá ser comunicada à Mesa até o dia 1º de evereirodo primeiro ano da legislatura, com relação às comissões e ao primeiro biênio demandato da Mesa, e até o dia 1º de evereiro do terceiro ano da legislatura, comrelação ao segundo biênio de mandato da Mesa. (Parágrao acrescido pela Resoluçãonº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

Comentários

A ormação de bloco parlamentar deverá ser comunicada à Mesa:

1) no momento em que ocorrer – para eeitos em geral;

2) até o dia 1º/2 do primeiro ano da legislatura – para eeito da distribuição de vagasde cada partido ou bloco parlamentar na composição:a) das comissões;b) da Mesa para o 1º biênio.

3) até o dia 1º/2 do terceiro ano da legislatura – para eeito da distribuição de vagasde cada partido ou bloco parlamentar na composição da Mesa para o 2º biênio.

Page 126: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 126/441

126

Curso de Regimento Interno

AULA 29 – dA LidErAnçA dos BLocos PArLAmEntArEs

 Art. 12. As representações de dois ou mais partidos, por deliberação das respecti-

 vas bancadas, poderão constituir bloco parlamentar, sob liderança comum.........................................................................................................................................§ 2º As lideranças dos partidos que se coligarem em bloco parlamentar perdemsuas atribuições e prerrogativas regimentais.........................................................................................................................................

Comentários

O bloco parlamentar atuará sob liderança comum. Assim, mantêm-se as lideranças(líder e vice-líderes) de cada partido e escolhe-se o líder comum, o qual indicará os vice-líderes do bloco parlamentar constituído na proporção de um para cada quatro deputadosou ração. Nesse sentido, as lideranças dos partidos que se coligarem em bloco parlamen-tar perdem suas atribuições e prerrogativas regimentais, pela simples razão de serem elasexercidas pelo líder comum. Atente-se que o líder de partido coligado em bloco parla-mentar permanece líder, pois o RICD, no § 1º do art. 20, reconhece a sua participação noColégio de Líderes.

Recorde-se de que, nos termos da previsão contida no art. 9º do RICD, após a criaçãode bloco parlamentar, a escolha do líder deve ser comunicada à Mesa em documentosubscrito pela maioria absoluta dos integrantes da representação.

A título de exemplo, se o Partido ABC, representado na Câmara por 120 deputados, seunir ao Partido XYZ, que conta com apenas 30 deputados, o documento que comunica àMesa a escolha do líder comum deverá ser subscrito por, no mínimo, 76 deputados do blo-co parlamentar, que equivalem à maioria absoluta do total de 150 (120 + 30) deputados.Alerte-se não ser necessária a assinatura da maioria absoluta de cada partido (61 + 16 =

77), pois, em caso extremo, se 76 deputados do Partido ABC subscrevessem documentoem que constasse o nome do deputado escolhido como líder comum do bloco parlamen-tar, a Mesa deveria receber esse documento e reconhecer válida a indicação, ainda que nãohouvesse uma só assinatura de deputados do Partido XYZ.

Page 127: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 127/441

Capítulo IV

127

AULA 30 – dA dissoLUção dE BLoco PArLAmEntAr

 Art. 12. ..........................................................................................................................

........................................................................................................................................§ 6º (Revogado pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 7º (Revogado em decorrência da aprovação da Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 8º A agremiação que integrava bloco parlamentar dissolvido, ou a que dele sedesvincular, não poderá constituir ou integrar outro na mesma sessão legislativa.§ 9º A agremiação integrante de bloco parlamentar não poderá azer parte de outroconcomitantemente.

........................................................................................................................................

Comentários

A Resolução nº 34, de 2005, que entrou em vigor em 1º de evereiro de 2007, revogouo § 6º do art. 12 do RICD, segundo o qual “dissolvido o bloco parlamentar, ou modicadoo quantitativo da representação que o integrava em virtude da desvinculação de partido,será revista a composição das comissões, mediante provocação de partido ou bloco parla-

mentar, para o m de redistribuir os lugares e cargos, consoante o princípio da proporcio-nalidade partidária, observado o disposto no § 4º do art. 26”. A despeito de esse disposi-tivo ter permanecido válido até 31/1/2007, já não tinha aplicabilidade alguma quanto àscomissões permanentes, pois a composição dessas comissões (denida no início da quartasessão legislativa da 52ª Legislatura – 2006) não poderia ser alterada até a nova deniçãoprevista para o início da 53ª Legislatura, de acordo com as regras insculpidas nos arts. 25 e26, § 4º, que vigoraram até 31/1/2007 (a resolução aludida alterou também esses artigos).Destaque-se, por pertinente, que em relação às comissões temporárias as possibilidades deaplicar-se a norma contida no § 6º do art. 12, com eeitos práticos, também se esgotaramao iniciar-se a quarta sessão legislativa da 52ª Legislatura, em 15 de evereiro de 2006.

As representações de partidos são livres para decidirem se unir em bloco parlamen-tar sempre que, juntas, alcancem o quórum igual ou superior a 3/100 da composição daCâmara. Porém, uma vez que integre determinado bloco parlamentar, a representaçãopartidária não poderá participar de outro na mesma sessão legislativa.

Nesse sentido:

1) a representação de partido não pode participar simultaneamente de mais de um

bloco parlamentar;2) em caso de desvincular-se do bloco parlamentar a que estava ligada, só poderá

integrar outro na próxima sessão legislativa;

Page 128: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 128/441

128

Curso de Regimento Interno

3) na hipótese de dissolução do bloco parlamentar, só lhe é permitido constituirnovo bloco parlamentar na sessão legislativa seguinte.

AULA 31 – dA mAioriA E dA minoriA

 Art. 11-A. A liderança da Minoria será composta de líder e de 6 (seis) vice-líderes,com as prerrogativas constantes dos incisos I, III e IV do art. 10. ( Artigo acrescido

 pela Resolução nº 1, de 2011.)§ 1º O líder de que trata este artigo será indicado pela representação consideradaMinoria, nos termos do art. 13.§ 2º Os 6 (seis) vice-líderes serão indicados pelo líder da Minoria a que se reere o

§ 1º, dentre os partidos que, em relação ao governo, expressem posição contráriaà da Maioria.§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo sem prejuízo das prerrogativas do líder e vice-líderes do partido ou do bloco parlamentar considerado Minoria conorme o art. 13.........................................................................................................................................

 Art. 13. Constitui a Maioria o partido ou bloco parlamentar integrado pela maioriaabsoluta dos membros da Casa, considerando-se Minoria a representação imedia-tamente inerior que, em relação ao governo, expresse posição diversa da Maioria.Parágrao único. Se nenhuma representação atingir a maioria absoluta, assume asunções regimentais e constitucionais da Maioria o partido ou bloco parlamentarque tiver o maior número de representantes.

Comentários

M

A Maioria será a bancada que possuir a maioria absoluta (257) dos membros da Câmara.Não alcançada tal condição por nenhuma representação, assumirá as unções de Maioria opartido ou bloco parlamentar que tiver o maior número de representantes na Câmara.

Prerrogativas da Maioria: 1) tem a primazia na escolha de cargo da Mesa (art. 8º, § 1º);2) dispõe de maior tempo para Comunicações de Liderança (art. 89, caput ); 3) integrao Conselho da República, órgão superior de consulta do presidente da República (CF,art. 89, IV).

M

Ao contrário da ideia comum de minoria, a Minoria na Câmara é, na prática, o maiorpartido ou bloco parlamentar que, em relação ao governo, posiciona-se dierentemente do

Page 129: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 129/441

Capítulo IV

129

maior partido ou bloco parlamentar da Câmara – cuidado para não conundir Minoriacom o menor partido na Câmara. Para identicar a Minoria, devem-se considerar cumu-lativamente duas condições (independentemente da ordem):

1ª condição: em relação ao governo, posição diversa da Maioria;

2ª condição: representação imediatamente inerior à Maioria.

De acordo com o art. 11-A, incluído pela Resolução n° 1, de 2011, a liderança da Mi-noria é ormada por líder e seis vice-líderes, com as prerrogativas constantes dos incisos I,III e IV do art. 10.

O líder é indicado pela representação considerada Minoria, nos termos do art. 13, e osseis vice-líderes são indicados, por sua vez, pelo líder da Minoria, dentre os parlamentares in-

tegrantes de partidos que, em relação ao governo, expressem posição contrária à da Maioria.A existência da liderança da Minoria se dá sem prejuízo das prerrogativas do líder e

 vice-líderes do partido ou do bloco parlamentar considerado Minoria em conormidadecom o art. 13.

Outras prerrogativas da Minoria são a de possuir cargo garantido na Mesa e nas co-missões (arts. 8º, § 3º, e 23), bem como a de integrar o Conselho da República, órgãosuperior de consulta do presidente da República (CF, art. 89, IV).

Exemplo: suponha-se que nas hipóteses 1 e 2 a seguir os partidos que compõem a base

do governo são: A, B, E.

HIPÓTESE 1

A – 85 deputados – Maioria – avorável ao governo (compõe a base aliada do governo)

B – 80 deputados

C – 78 deputados – Minoria – contrária ao governo (não integra a base governista)

D – 76 deputados

E – 75 deputados

F – 4 deputados

HIPÓTESE 2

D – 108 deputados – Maioria – contrária ao governo (não integra a base governista)

C – 101 deputados

B – 97 deputados – Minoria – avorável ao governo (compõe a base aliada do governo)

E – 84 deputados

A – 70 deputadosF – 10 deputados

Page 130: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 130/441

131

Cpítu V 

D Ógã Câ 

AULA 1 – dA mEsA dA câmArA

 Art. 14. À Mesa, na qualidade de Comissão Diretora, incumbe a direção dos tra-balhos legislativos e dos serviços administrativos da Câmara.§ 1º A Mesa compõe-se de Presidência e de Secretaria, constituindo-se, a primei-ra, do presidente e de dois vice-presidentes e, a segunda, de quatro secretários.§ 2º A Mesa contará, ainda, com quatro suplentes de secretário para o eeito do§ 1º do art. 19.§ 3º A Mesa reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por quinzena, em dia e horapreixados, e, extraordinariamente, sempre que convocada pelo presidente ou por

quatro de seus membros eetivos.§ 4º Perderá o lugar o membro da Mesa que deixar de comparecer a cinco reuniõesordinárias consecutivas, sem causa justiicada.§ 5º Os membros eetivos da Mesa não poderão azer parte de liderança nem decomissão permanente, especial ou de inquérito.§ 6º A Mesa, em ato que deverá ser publicado dentro de trinta sessões após a suaconstituição, ixará a competência de cada um dos seus membros, prevalecendo ada sessão legislativa anterior enquanto não modiicada.

Comentários

A Mesa da Câmara dos Deputados atua na qualidade de Comissão Diretora. Cabe àMesa dirigir os trabalhos legislativos e os serviços administrativos da Casa. Nota-se quea direção dos serviços administrativos é competência da Mesa, e não do diretor-geral daCâmara dos Deputados.

A Mesa é composta por Presidência e Secretaria. São apenas sete os membros da

Mesa: na Presidência – presidente, primeiro e segundo-vice-presidentes; na Secretaria –primeiro, segundo, terceiro e quarto-secretários, conorme esquema a seguir:

Page 131: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 131/441

132

Curso de Regimento Interno

A Mesa conta ainda com quatro suplentes de secretário, que não são consideradosmembros da Mesa nem suplentes da Mesa, mas sim suplentes apenas de secretário.

As reuniões da Mesa podem ser ordinárias ou extraordinárias. Em caráter ordinário, a

Mesa deve se reunir uma vez a cada quinze dias, e a ausência injusticada a cinco reuniõesordinárias consecutivas implica perda do lugar na Mesa. Extraordinariamente, a Mesapoderá se reunir a qualquer tempo por convocação do seu presidente ou de quatro de seusmembros (art. 14, §§ 3º e 5º).

Em regra, os membros da Mesa estão impedidos de integrar liderança (ser líder ou vice-líder), comissão permanente, comissão especial e comissão parlamentar de inquérito(art. 14, § 5º). No caso de comissão especial para modicação ou reorma do RICD, serápermitido que um membro da Mesa integre esse colegiado (art. 216, caput ). Vale destacar,ainda, não haver qualquer impedimento de que membro da Mesa integre um dos tipos decomissão temporária: comissão externa (art. 38).

Não obstante o art. 14, § 6º, prescrever que a competência dos membros da Mesa serádenida em ato da Mesa a ser editado em trinta sessões (ordinárias) após sua constituição,observa-se que o legislador regimental se deu ao trabalho de imprimir no próprio textodo RICD algumas atribuições do presidente (art. 17) e do primeiro-secretário (art. 19),bem como uma única competência do segundo-secretário (azer a leitura da ata da sessãoanterior, nos termos do art. 80, caput ).

Ainda que cada nova Mesa possa rever as atribuições de seus membros, vige ainda hoje

o Ato da Mesa nº 66/1993, aditado pelo Ato da Mesa nº 84/2001, em razão da previsãode prevalecer para cada membro a competência da sessão legislativa anterior enquantonão modicada.

MESA

• Presidência

• Secretaria

• Presidente• 1º Vice-presidente• 2º Vice-presidente

• 1º Secretário• 2º Secretário• 3º Secretário• 4º Secretário

Page 132: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 132/441

Capítulo V

133

AULA 2 – dA comPEtênciA dA mEsA

  Art. 15. À Mesa compete, dentre outras atribuições estabelecidas em lei, neste

Regimento ou por resolução da Câmara, ou delas implicitamente resultantes:I – dirigir todos os serviços da Casa durante as sessões legislativas e nos seus inter-regnos e tomar as providências necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos,ressalvada a competência da Comissão Representativa do Congresso Nacional;II – constituir, excluído o seu presidente, alternadamente com a Mesa do Senado,a Mesa do Congresso Nacional, nos termos do § 5º do art. 57 da ConstituiçãoFederal;III – promulgar, juntamente com a Mesa do Senado Federal, emendas à

Constituição;IV – propor ação de inconstitucionalidade, por iniciativa própria ou a requerimen-to de deputado ou comissão;V – dar parecer sobre a elaboração do Regimento Interno da Câmara e suasmodiicações;VI – conerir aos seus membros atribuições ou encargos reerentes aos serviçoslegislativos e administrativos da Casa;VII – ixar diretrizes para a divulgação das atividades da Câmara;VIII – adotar medidas adequadas para promover e valorizar o Poder Legislativo e

resguardar o seu conceito perante a nação;IX – adotar as providências cabíveis, por solicitação do interessado, para a deesa

 judicial e extrajudicial de deputado contra a ameaça ou a prática de ato atentatóriodo livre exercício e das prerrogativas constitucionais do mandato parlamentar;

 X – ixar, no início da primeira e terceira sessões legislativas da legislatura, ouvidoo Colégio de Líderes, o número de deputados por partido ou bloco parlamentar emcada comissão permanente;

 XI – elaborar, ouvido o Colégio de Líderes e os presidentes de comissões perma-nentes, projeto de regulamento interno das comissões, que, aprovado pelo Plená-rio, será parte integrante deste Regimento;

 XII – promover ou adotar, em virtude de decisão judicial, as providências neces-sárias, de sua alçada ou que se insiram na competência legislativa da Câmara dosDeputados, relativas aos arts. 102, I, q , e 103, § 2º, da Constituição Federal;

 XIII – apreciar e encaminhar pedidos escritos de inormação a ministros de Esta-do, nos termos do art. 50, § 2º, da Constituição Federal;

 XIV – declarar a perda do mandato de deputado, nos casos previstos nos incisos III,IV e V do art. 55 da Constituição Federal, observado o disposto no § 3º do mesmo

artigo;

Page 133: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 133/441

134

Curso de Regimento Interno

 XV* – aplicar a penalidade de censura escrita a deputado; ( Inciso com redação adap-tada aos termos da Resolução nº 25, de 2001, que instituiu o Código de Ética e Decoro

Parlamentar da Câmara dos Deputados.) XVI – decidir conclusivamente, em grau de recurso, as matérias reerentes ao orde-namento jurídico de pessoal e aos serviços administrativos da Câmara;

 XVII – propor, privativamente, à Câmara projeto de resolução dispondo sobre suaorganização, uncionamento, polícia, regime jurídico do pessoal, criação, transor-mação ou extinção de cargos, empregos e unções e ixação da respectiva remune-ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

  XVIII – prover os cargos, empregos e unções dos serviços administrativos daCâmara, bem como conceder licença, aposentadoria e vantagens devidas aos servi-

dores, ou colocá-los em disponibilidade; XIX – requisitar servidores da administração pública direta, indireta ou undacio-nal para quaisquer de seus serviços;

  XX – aprovar a proposta orçamentária da Câmara e encaminhá-la ao PoderExecutivo;

 XXI – encaminhar ao Poder Executivo as solicitações de créditos adicionais neces-sários ao uncionamento da Câmara e dos seus serviços;

 XXII – estabelecer os limites de competência para as autorizações de despesa; XXIII – autorizar a assinatura de convênios e de contratos de prestação de serviços; XXIV – aprovar o orçamento analítico da Câmara; XXV – autorizar licitações, homologar seus resultados e aprovar o calendário decompras;

 XXVI – exercer iscalização inanceira sobre as entidades subvencionadas, totalou parcialmente, pela Câmara, nos limites das verbas que lhes orem destinadas;

 XXVII – encaminhar ao Tribunal de Contas da União a prestação de contas daCâmara em cada exercício inanceiro;

 XXVIII – requisitar reorço policial, nos termos do parágrao único do art. 270;

 XXIX – apresentar à Câmara, na sessão de encerramento do ano legislativo, resenhados trabalhos realizados, precedida de sucinto relatório sobre o seu desempenho.Parágrao único. Em caso de matéria inadiável, poderá o presidente, ou quem o estiversubstituindo, decidir, ad reerendum da Mesa, sobre assunto de competência desta.

* Redação original do inciso: “XV – aplicar a penalidade de censura escrita a deputado ou a de perda temporária

do exercício do mandato de deputado, consoante o § 2º do art. 245 e o § 2º do art. 246, respectivamente;”

ComentáriosA Mesa atua durante as sessões legislativas (ordinárias e extraordinárias), bem como

durante o recesso parlamentar, sem prejuízo da competência da Comissão Representativado Congresso Nacional (essa comissão será estudada na aula 9 do capítulo XV ). Em regra,

Page 134: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 134/441

Capítulo V

135

é a instância máxima de decisão administrativa ao decidir conclusivamente, em grau derecurso, as matérias reerentes ao ordenamento jurídico de pessoal e aos serviços admi-nistrativos da Câmara (art. 15, XVI). Poder-se-ia considerar como exceção a reclamação

em Plenário não atendida pela Mesa em 72 horas, nos termos do art. 264, caso em que opleito será levado ao Plenário.

O presidente da Câmara é quem comanda o processo legislativo. Nesse caso, havendorecurso contra decisão do presidente da CD, caberá ao Plenário resolver, e não à Mesa.

O art. 15 apresenta 29 competências da Mesa. Para acilitar o estudo das atribuições ecompetências desse órgão, é recomendável separá-las em três grupos: 1) constitucionais;2) legislativas; e 3) administrativas.

Cumpre observar que suas competências são basicamente administrativas, embora

caiba à Mesa manter a regularidade dos trabalhos legislativos. Assim, listar-se-ão apenasas competências constitucionais e legislativas.

As competências constitucionais são aquelas previstas expressamente no próprio textoda Carta Política de 1988, como atribuição da Mesa das casas legislativas, e reproduzidasnos incisos II, III, IV, XIII e XIV do art. 15 do RICD como competência da Mesa daCâmara. Assim, as cinco competências constitucionais dizem respeito a:

1) composição da Mesa do Congresso Nacional (CF, art. 57, § 5º);

2) promulgação de emenda à Constituição (CF, art. 60, § 3º);

3) apresentação de ação de inconstitucionalidade (CF, art. 103, III);

4) encaminhamento de pedido escrito de inormação a ministro de Estado (CF,art. 50, § 2º, c/c RICD, arts. 115 e 116);

5) declaração de perda de mandato de deputado nos casos de ausência a 1/3 dassessões ordinárias da sessão legislativa, perda ou suspensão dos direitos políticos edecretação pela ustiça Eleitoral (CF, art. 55, § 3º, c/c RICD, art. 240, § 2º).

Podemos considerar competências legislativas as previstas nos incisos V, XI, XII e XVII do art. 15 do RICD, quais sejam:

1) dar parecer sobre a elaboração do RICD e suas modicações (art. 15, V, c/cart. 216, § 2º, III);

2) dar parecer sobre proposição que modique os serviços administrativos daCâmara (art. 263);

3) elaborar projeto de regulamento interno das comissões (art. 15, XI);

4) apresentar proposição necessária para atender decisão judicial – mandado de in- junção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão – (art. 15, XII);

5) propor, privativamente, à Câmara projeto de resolução dispondo sobre sua/seu(da CD) (art. 15, XVII, c/c CF, art. 51, IV):

Page 135: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 135/441

136

Curso de Regimento Interno

i. organização;ii. uncionamento;iii. polícia;

iv. regime jurídico de pessoal;  v. criação, transormação e extinção de:1. cargo;2. emprego;3. unção;

6) propor, privativamente, projeto de lei para xação da remuneração de cargo, em-prego ou unção da Câmara (art. 15, XVII, c/c CF, art. 51, IV).

Ressalte-se que algumas das atribuições da Mesa listadas como legislativas são atribui-

ções privativas da Câmara previstas no art. 51 da CF, as quais não oram reservadas peloconstituinte à Mesa da Câmara, por isso constam nesse estudo no rol de competênciaslegislativas, e não no das competências constitucionais.

Por m, registre-se que o presidente, ou seu substituto, poderá decidir sobre ma-téria inadiável de competência da Mesa, devendo a decisão ser raticada pela Mesaoportunamente.

AULA 3 – dA PrEsidênciA dA mEsA

 Art. 16. O presidente é o representante da Câmara quando ela se pronuncia co-letivamente e o supervisor dos seus trabalhos e da sua ordem, nos termos desteRegimento.Parágrao único. O cargo de presidente é privativo de brasileiro nato.........................................................................................................................................

 Art. 18. Aos vice-presidentes, segundo sua numeração ordinal, incumbe substituiro presidente em suas ausências ou impedimentos.§ 1º Sempre que tiver de se ausentar da capital ederal por mais de quarenta e oitohoras, o presidente passará o exercício da Presidência ao primeiro-vice-presidenteou, na ausência deste, ao segundo-vice-presidente.§ 2º À hora do início dos trabalhos da sessão, não se achando o presidente norecinto, será ele substituído, sucessivamente e na série ordinal, pelos vice-presi-dentes, secretários e suplentes, ou, inalmente, pelo deputado mais idoso, dentreos de maior número de legislaturas, procedendo-se da mesma orma quando tivernecessidade de deixar a sua cadeira.

Page 136: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 136/441

Capítulo V

137

Comentários

Como estudado na aula 1 deste capítulo, a Mesa é constituída de Presidência e Secre-taria. A Presidência é composta de presidente, primeiro e segundo-vice-presidentes.

O cargo de presidente é privativo de brasileiro nato por mandamento constitucional(CF, art. 12, § 3º, II). Uma orte razão para essa exigência é o ato de o presidente daCâmara ser o segundo homem público a ser chamado a exercer a Presidência da Repú-blica no caso de impedimento do presidente da nação ou vacância do cargo; ou seja, nocaso de impedimento do presidente e vice-presidente da República ou estando vagos osrespectivos cargos, o presidente da Câmara tem a prerrogativa constitucional de exercer aPresidência do país (CF, art. 80).

Os vice-presidentes da Câmara, assim como os demais deputados ederais, podem ser

brasileiros natos ou naturalizados (CF, art. 14, § 3º, I; compare com o art. 12, § 3º, da CF).Nos pronunciamentos coletivos, a Câmara é representada por seu presidente, a quem

compete supervisionar os trabalhos e a ordem da Casa. Cuide-se distinguir a unção daMesa e a do presidente. Este supervisiona os trabalhos da Câmara, aquela dirige os traba-lhos legislativos e os serviços administrativos da Casa. Conorme veremos na aula 5 destecapítulo, o RICD conere ao primeiro-secretário a atribuição de superintender os serviçosadministrativos da Câmara.

O art. 18 apresenta dois tipos de substituição do presidente:

1) substituição do presidente no órgão Câmara dos Deputados – essa substituiçãoocorrerá quando o presidente precisar se ausentar da capital ederal (Brasília) pormais de quarenta e oito (48) horas. Nesse caso, apenas os vice-presidentes são legi-timados a substituí-lo e a assumir as competências do presidente listadas no art. 17;

2) substituição do presidente em sessão – sempre que o presidente estiver ausenteà sessão do Plenário ou necessitar deixar a cadeira de presidente, ainda que per-maneça presente no recinto, será substituído na direção dos trabalhos da sessão.Nesse caso, poderão substituí-lo quaisquer dos membros da Mesa, os suplentes ou o

deputado mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas, na seguinte ordem:primeiro-vice-presidente; segundo-vice-presidente; primeiro-secretário; segundo-secretário; terceiro-secretário; quarto-secretário; primeiro-suplente de secretário;segundo-suplente de secretário; terceiro-suplente de secretário; quarto-suplente desecretário; e, por m, deputado mais idoso, dentre os de maior número de legisla-turas. Por tratar-se de substituição apenas para a direção dos trabalhos da sessão, osubstituto, nesse caso, poderá exercer apenas as atribuições previstas no inciso I doart. 17 – competências do presidente quanto às sessões da Câmara.

Page 137: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 137/441

138

Curso de Regimento Interno

AULA 4 – dAs AtriBUiçõEs do PrEsidEntE

 Art. 17. São atribuições do presidente, além das que estão expressas neste Regi-

mento ou decorram da natureza de suas unções e prerrogativas:I – quanto às sessões da Câmara:

a) presidi-las;b) manter a ordem;c) conceder a palavra aos deputados;d) advertir o orador ou o aparteante quanto ao tempo de que dispõe, não

permitindo que ultrapasse o tempo regimental;e) convidar o orador a declarar, quando or o caso, se irá alar a avor da

proposição ou contra ela;) interromper o orador que se desviar da questão ou alar do vencido, ad- vertindo-o, e, em caso de insistência, retirar-lhe a palavra; ( Alínea comredação adaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001.)

g) autorizar o deputado a alar da bancada;h) determinar o não apanhamento de discurso, ou aparte, pela taquigra ia;i) convidar o deputado a retirar-se do recinto do Plenário, quando perturbar

a ordem;j) suspender ou levantar a sessão quando necessário;

l) autorizar a publicação de inormações ou documentos em inteiro teor, emresumo ou apenas mediante reerência na ata;

m) nomear comissão especial, ouvido o Colégio de Líderes;n) decidir as questões de ordem e as reclamações;o) anunciar a Ordem do Dia e o número de deputados presentes em Plenário;p) anunciar o projeto de lei apreciado conclusivamente pelas comissões e a

luência do prazo para interposição do recurso a que se reere o inciso I do§ 2º do art. 58 da Constituição Federal;

q) submeter a discussão e votação a matéria a isso destinada, bem como es-tabelecer o ponto da questão que será objeto da votação;

r) anunciar o resultado da votação e declarar a prejudicialidade;s) organizar, ouvido o Colégio de Líderes, a agenda com a previsão das pro-

posições a serem apreciadas no mês subsequente, para distribuição aosdeputados;

t) designar a Ordem do Dia das sessões, na conormidade da agenda men-sal, ressalvadas as alterações permitidas por este Regimento;

u) convocar as sessões da Câmara;

v) desempatar as votações, quando ostensivas, e votar em escrutínio secreto,contando-se a sua presença, em qualquer caso, para eeito de quórum;

x) aplicar censura verbal a deputado;

Page 138: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 138/441

Capítulo V

139

II – quanto às proposições:a) proceder à distribuição de matéria às comissões permanentes ou especiais;

b) deerir a retirada de proposição da Ordem do Dia;c) despachar requerimentos;d) determinar o seu arquivamento ou desarquivamento, nos termos

regimentais;e) devolver ao autor a proposição que incorra no disposto no § 1º do art. 137;

III – quanto às comissões:a) designar seus membros titulares e suplentes mediante comunicação dos

líderes, ou independentemente desta, se expirado o prazo ixado, conso-ante o art. 28, caput e § 1º;

b) declarar a perda de lugar, por motivo de alta;c) assegurar os meios e condições necessários ao seu pleno uncionamento;d) convidar o relator, ou outro membro da comissão, para esclarecimento de

parecer;e) convocar as comissões permanentes para a eleição dos respectivos presi-

dentes e vice-presidentes, nos termos do art. 39 e seus parágraos;) julgar recurso contra decisão de presidente de comissão em questão de

ordem;IV – quanto à Mesa:

a) presidir suas reuniões;b) tomar parte nas discussões e deliberações, com direito a voto;c) distribuir a matéria que dependa de parecer;d) executar as suas decisões, quando tal incumbência não seja atribuída a

outro membro;V – quanto às publicações e à divulgação:

a) determinar a publicação, no Diário da Câmara dos Deputados, de matériareerente à Câmara;

b) não permitir a publicação de pronunciamento ou expressões atentatóriasdo decoro parlamentar;

c) tomar conhecimento das matérias pertinentes à Câmara a serem divulga-das pelo programa Voz do Brasil ;

d) divulgar as decisões do Plenário, das reuniões da Mesa, do Colégio deLíderes, das comissões e dos presidentes das comissões, encaminhandocópia ao órgão de inormação da Câmara;

VI – quanto à sua competência geral, dentre outras:a) substituir, nos termos do art. 80 da Constituição Federal, o presidente da

República;

Page 139: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 139/441

140

Curso de Regimento Interno

b) integrar o Conselho da República e o Conselho de Deesa Nacional;c) decidir, juntamente com o presidente do Senado Federal, sobre a con-

 vocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de urgência ouinteresse público relevante;d) dar posse aos deputados, na conormidade do art. 4º;e) conceder licença a deputado, exceto na hipótese do inciso I do art. 235;) declarar a vacância do mandato nos casos de alecimento ou renúncia de

deputado;g) zelar pelo prestígio e decoro da Câmara, bem como pela dignidade e res-

peito às prerrogativas constitucionais de seus membros, em todo o terri-tório nacional;

h) dirigir, com suprema autoridade, a polícia da Câmara;i) convocar e reunir, periodicamente, sob sua presidência, os líderes e os pre-

sidentes das comissões permanentes para avaliação dos trabalhos da Casa,exame das matérias em trâmite e adoção das providências julgadas neces-sárias ao bom andamento das atividades legislativas e administrativas;

j) encaminhar aos órgãos ou entidades reeridos no art. 37 as conclusões decomissão parlamentar de inquérito;

l) autorizar, por si ou mediante delegação, a realização de conerências,exposições, palestras ou seminários no ediício da Câmara, e ixar-lhesdata, local e horário, ressalvada a competência das comissões;

m) promulgar as resoluções da Câmara e assinar os atos da Mesa;n) assinar a correspondência destinada ao presidente da República; ao vice-

presidente da República; ao presidente do Senado Federal; ao presidentedo Supremo Tribunal Federal; aos presidentes dos tribunais superiores,entre estes incluído o Tribunal de Contas da União; ao procurador-geralda República; aos governadores dos estados, do Distrito Federal e dosterritórios; aos chees de governo estrangeiros e seus representantes no

Brasil; às assembleias estrangeiras; às autoridades judiciárias, nestecaso em resposta a pedidos de inormação sobre assuntos pertinentes àCâmara, no curso de eitos judiciais;

o) deliberar, ad reerendum da Mesa, nos termos do parágrao único doart. 15;

p) cumprir e azer cumprir o Regimento.§ 1º O presidente não poderá, senão na qualidade de membro da Mesa, oerecerproposição, nem votar, em Plenário, exceto no caso de escrutínio secreto ou paradesempatar o resultado de votação ostensiva.

§ 2º Para tomar parte em qualquer discussão, o presidente transmitirá a Presi-dência ao seu substituto, e não a reassumirá enquanto se debater a matéria que sepropôs discutir.

Page 140: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 140/441

Capítulo V

141

§ 3º O presidente poderá, em qualquer momento, da sua cadeira, azer ao Plenáriocomunicação de interesse da Câmara ou do país.

§ 4º O presidente poderá delegar aos vice-presidentes competência que lhe sejaprópria.

Comentários

Ainda que a Mesa tenha a prerrogativa para xar as competências de cada um dos seusmembros, o Regimento Interno registra diversas atribuições do presidente da Mesa, quetambém é o presidente da Câmara. O art. 17, que trata especicamente de atribuições do

presidente, relaciona mais de cinquenta delas e ressalva a existência de outras expressas noRICD. O aprendizado dessas atribuições ocorrerá pouco a pouco, à medida que o estudio-so do assunto or se amiliarizando com a norma regimental. De início, deve-se observara divisão das atribuições presidenciais em seis grupos:

a. quanto às sessões da Câmara;

b. quanto às proposições;

c. quanto às comissões;

d. quanto à Mesa;

e. quanto à publicação e à divulgação;

. quanto à sua competência geral, dentre outras.

Destaque-se, por oportuno, que o presidente poderá delegar quaisquer de suas atribui-ções próprias aos vice-presidentes. Em comparação, observa-se que o presidente de comis-são só poderá delegar aos vice-presidentes do colegiado uma única atribuição: distribuiçãodas proposições (art. 41, XIX).

No que tange à atuação parlamentar do presidente, registramos as peculiaridades aseguir.

1) Quanto à autoria de proposiçãoO presidente só poderá apresentar projetos, requerimentos e outras proposições na

qualidade de membro da Mesa, ou seja, apenas a iniciativa colegiada lhe é cabível. Logo, opresidente não poderá individualmente ser autor de proposição.

2) Quanto à apreciação de matérias em Plenário

Discussão – o presidente poderá discutir em sessão plenária, desde que ora da Presi-dência até o encerramento do debate.

Page 141: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 141/441

142

Curso de Regimento Interno

Votação – se a votação or ostensiva, o presidente poderá votar apenas para desempatara votação. Em escrutínio secreto, o presidente tem a liberdade de votar com seus pares(art. 17, I, v, c/c art. 180, §§ 3º e 5º).

Vale alertar que, em reunião da Mesa, o presidente da Câmara discute e vota em igual-dade de condições com os demais membros.

A título de comparação, inorme-se que, em caso de empate em votação em comissão,prevalece o voto do relator, pois o presidente de comissão pode votar tanto nas votaçõesostensivas como nas secretas (art. 56, § 2º).

AULA 5 – dA sEcrEtAriA dA mEsA

 Art. 19. Os secretários terão as designações de primeiro, segundo, terceiro e quar-

to, cabendo ao primeiro superintender os serviços administrativos da Câmara e,além das atribuições que decorrem desta competência:I – receber convites, representações, petições e memoriais dirigidos à Câmara;II – receber e azer a correspondência oicial da Casa, exceto a das comissões;III – decidir, em primeira instância, recursos contra atos do diretor-geral da Câmara;IV – interpretar e azer observar o ordenamento jurídico de pessoal e dos serviçosadministrativos da Câmara;V – dar posse ao diretor-geral da Câmara e ao secretário-geral da Mesa.§ 1º Em sessão, os secretários e os seus suplentes substituir-se-ão conorme suanumeração ordinal, e assim substituirão o presidente, na alta dos vice-presidentes;na ausência dos suplentes, o presidente convidará quaisquer deputados para subs-tituírem os secretários.§ 2º Os suplentes terão as designações de primeiro, segundo, terceiro e quarto, deacordo com a ordem decrescente da votação obtida.§ 3º Os secretários só poderão usar da palavra, ao integrarem a Mesa durante asessão, para chamada dos deputados, contagem dos votos ou leitura de documentosordenada pelo presidente.

  Art. 19-A. São as seguintes as atribuições dos suplentes de secretário, além deoutras decorrentes da natureza de suas unções:

PRESIDENTEDA CÂMARA

• Autoria deProposição

• Discussão

• Votação

• Apenas como membro da Mesa(autoria colegiada)

• Deixa a Presidência para debater

• Ostensiva (vota para desempatar)• Secreta (vota normalmente)

Page 142: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 142/441

Capítulo V

143

I – tomar parte nas reuniões da Mesa e substituir os secretários, em suas altas;II – substituir temporariamente os secretários, quando licenciados nos termos pre-

 vistos no art. 235;III – uncionar como relatores e relatores substitutos nos assuntos que envolvammatérias não reservadas especi icamente a outros membros da Mesa;IV – propor à Mesa medidas destinadas à preservação e à promoção da imagem daCâmara dos Deputados e do Poder Legislativo;V – representar a Mesa, quando a esta or conveniente, nas suas relações externasà Casa;VI – representar a Câmara dos Deputados, quando se veriicar a impossibilidadede os secretários o azerem, em solenidades e eventos que oereçam subsídios para

aprimoramento do processo legislativo, mediante designação da Presidência;VII – integrar, sempre que possível, a juízo do presidente, as comissões externas,criadas na orma do art. 38, e as comissões especiais, nomeadas na orma do art. 17,inciso I, alínea m;VIII – integrar grupos de trabalho designados pela Presidência para desempenharatividades de apereiçoamento do processo legislativo e administrativo.Parágrao único. Os suplentes sempre substituirão os secretários e substituir-se-ão deacordo com sua numeração ordinal. ( Artigo acrescido pela Resolução nº 28, de 2002.)

Comentários

 Tanto os secretários da Mesa como os suplentes de secretário são designados ordina-riamente como primeiro, segundo, terceiro e quarto. Dierença importante quanto a essadesignação diz respeito à eleição. Quando se deseja concorrer a secretário da Mesa, osdeputados devem se candidatar a cargo especíco de secretário – por exemplo, segundo-secretário. Para suplente, porém, o candidato concorrerá a qualquer das suplências; ou seja,

o deputado só saberá qual cargo ocupará, se eleito, após a proclamação do resultado daeleição, pois, conorme o número de votos obtidos, poderá ser primeiro, segundo, terceiroou quarto-suplente de secretário.

Quanto à substituição dos secretários e suplentes, obedece-se à numeração ordinal,porém inorme-se que os secretários substituem os secretários e os suplentes substituemos suplentes. Ainda que os suplentes possam substituir os secretários, não há hipótese desecretário substituir suplente.

Fundamental esclarecer que, em sessão, na ausência do presidente e dos vice-presi-

dentes, como visto na substituição do presidente (aula 3 deste capítulo), a sequência desubstituição obedecerá à numeração ordinal dos secretários, depois a dos suplentes e, -nalmente, será chamado o deputado mais idoso, dentre os de maior número de legisla-turas. Entretanto, na substituição dos secretários, chama-se a substituí-los os suplentes

Page 143: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 143/441

144

Curso de Regimento Interno

e, na ausência destes, o presidente convidará quaisquer deputados para substituírem ossecretários. Pode-se convidar qualquer deputado, e não o mais idoso, dentre os de maiornúmero de legislaturas.

Lembre-se de que algumas atribuições do primeiro-secretário (arts. 19 e 116, caput ) euma única do segundo-secretário (art. 80) estão expressas no RICD. As demais atribui-ções desses secretários e dos demais membros da Mesa devem constar em ato da Mesaespecíco (art. 14, § 6º). Sobre esse assunto, vige o Ato da Mesa nº 66/1993 c/c Ato daMesa nº 84/2001.

De acordo com o estudado na aula 2 deste capítulo, à Mesa compete a direção dostrabalhos legislativos e dos serviços administrativos da Câmara; ao presidente cabe a su-pervisão dos trabalhos e da ordem da Câmara; e ao primeiro-secretário incumbe a supe-

rintendência dos serviços administrativos (arts. 14, caput ; 16, caput ; e 19, caput ).Das atribuições regimentais do primeiro-secretário, merecem ser destacadas as seguin-tes: a) decidir, em primeira instância, recursos contra atos do diretor-geral da Câmara (àMesa cabe decidir conclusivamente – recurso de segunda e última instância – art. 15,

 XVI); b) dar posse ao diretor-geral e ao secretário-geral da Mesa, ambos servidores doquadro eetivo da Câmara dos Deputados.

A Resolução nº 28, de 2002, inseriu no texto regimental o art. 19-A, com o objetivo dedenir as atribuições dos suplentes de secretário. Assim, os suplentes passaram a ter outrasatribuições além da de substituir os secretários em sessão (art. 19, § 1º). Dentre as novasprerrogativas, merecem realce as previstas nos incisos I e II do art. 19-A. Nesse sentido, ossuplentes poderão tomar parte nas reuniões da Mesa (sem direito a voto) e substituir ossecretários, em suas altas. O secretário que altar à reunião da Mesa será substituído, naocasião, por suplente, que terá direito a voto, no caso. O secretário licenciado nos termosdo art. 235 será substituído temporariamente por suplente, que desempenhará interina-mente as competências do cargo.

AULA 6 – do coLégio dE LídErEs

 Art. 20. Os líderes da Maioria, da Minoria, dos partidos, dos blocos parlamentarese do governo constituem o Colégio de Líderes.§ 1º Os líderes de partidos que participem de bloco parlamentar e o líder do gover-no terão direito a voz, no Colégio de Líderes, mas não a voto.§ 2º Sempre que possível, as deliberações do Colégio de Líderes serão tomadasmediante consenso entre seus integrantes; quando isso não or possível, prevale-cerá o critério da maioria absoluta, ponderados os votos dos líderes em unção da

expressão numérica de cada bancada.

Page 144: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 144/441

Capítulo V

145

Comentários

O Colégio de Líderes é órgão deliberativo e opinativo de caráter eminentemente polí-tico. Sua composição abarca os líderes de partidos e blocos parlamentares da Câmara cuja

liderança esteja constituída na orma regimental e legal (Lei nº 9.096/1995), bem comoos líderes da Maioria, da Minoria e do governo.

Conquanto haja deliberações no Colégio de Líderes, deve-se considerar, ainda, que asdecisões desse colegiado – que podem ser tomadas por consenso ou por votação – servempara orientar os liderados e a Presidência da Câmara quanto aos anseios e/ou interessespolítico-partidários das bancadas representadas na Casa. Em tese, não decidem matériasnem a ordem dos trabalhos legislativos. São decisões com o cunho de apenas emitir opi-nião (orientar), de expressar interesse em determinado sentido.

Entretanto, ressalte-se que a convocação de sessão extraordinária da Câmara pelo Co-légio de Líderes (art. 67, § 1º) implica decisão – e não apenas opinião – e, por conseguinte,obriga a todos os deputados a participarem da sessão (art. 226).

Por isso, raticamos, nesse estudo, ser o Colégio de Líderes órgão deliberativo e opi-nativo de caráter marcadamente político.

As atribuições do Colégio de Líderes estão distribuídas ao longo do texto regimental:

a) opinar junto à Mesa quando da xação do número de deputados por partidoou bloco parlamentar em cada uma das comissões permanentes (art. 15, X, c/cart. 25);

b) opinar (e auxiliar) na elaboração do projeto de regulamento interno das comissões(art. 15, XI);

c) auxiliar o presidente na organização da agenda mensal de matérias para aprecia-ção da Câmara no mês subsequente (art. 17, I, s);

d) examinar e assentar providências relativas à eciência do trabalho legislativo, jun-tamente com os presidentes de comissões permanentes (art. 42);

e) propor ao presidente convocação de períodos de sessões extraordinárias (art. 66,§ 4º);

) convocar sessões extraordinárias (art. 67, § 1º);

g) prorrogar o prazo das sessões da Câmara (arts. 72, caput , e 84);

h) convocar sessões secretas (art. 92, I);

i) solicitar preerência para a apreciação de proposições (art. 160, § 4º).

Em regra, suas decisões são tomadas por consenso. Excepcionalmente, apenas na altade acordo entre os líderes, o Colégio de Líderes decidirá pela maioria absoluta. Nesse caso,o voto de cada líder será ponderado de acordo com o número de membros da respectivabancada.

Page 145: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 145/441

146

Curso de Regimento Interno

AULA 7 – dA ProcUrAdoriA EsPEciAL dA mULhEr

(Capítulo do RICD acrescido pela Resolução nº 10, de 2009)

 Art. 20-A. A Procuradoria Especial da Mulher será constituída de 1 (uma) pro-curadora especial da Mulher e de 3 (três) procuradoras adjuntas, designadas pelopresidente da Câmara, a cada 2 (dois) anos, no início da sessão legislativa.Parágrao único. As procuradoras adjuntas terão a designação de primeira, segundae terceira, e nessa ordem substituirão a procuradora especial da Mulher em seusimpedimentos e colaborarão no cumprimento das atribuições da procuradoria.

 Art. 20-B. Compete à Procuradoria Especial da Mulher zelar pela participaçãomais eetiva das deputadas nos órgãos e nas atividades da Câmara, e ainda:

I – receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes denúncias de violênciae discriminação contra a mulher;II – iscalizar e acompanhar a execução de programas do governo ederal que vi-sem à promoção da igualdade de gênero, assim como a implementação de campa-nhas educativas e antidiscriminatórias de âmbito nacional;III – cooperar com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados,

 voltados à implementação de políticas para as mulheres;IV – promover pesquisas e estudos sobre violência e discriminação contra a mu-

lher, bem como acerca de seu déice de representação na política, inclusive para insde divulgação pública e ornecimento de subsídio às comissões da Câmara.

 Art. 20-C. Toda iniciativa provocada ou implementada pela Procuradoria Espe-cial da Mulher terá ampla divulgação pelo órgão de comunicação da Câmara.

Comentários

A história do Brasil registra o ano de 2011 como um marco na participação das mu-lheres na vida pública no país. Nesse ano, uma mulher assumiu a Presidência da Repúblicapela primeira vez após conquistar nas urnas a aprovação popular. Mulheres conquistarama primeira-vice-presidência tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federale assumiram os postos de chee da Casa Civil, ministra das Relações Institucionais e doPlanejamento, assim como outros relevantes cargos na esera pública ederal. Na mais altacorte do udiciário brasileiro, as mulheres permaneceram atuantes por meio de duas minis-tras, sendo que uma delas oi a primeira mulher a integrar o seleto grupo de magistradosdo Supremo Tribunal Federal (2000) e a única mulher a presidir essa corte (2006-2008).

Nesse contexto, a Câmara dos Deputados tem contribuído com essas conquistas namedida em que permite o debate, a reexão e a implementação de políticas especícas

 visando combater a violência e a discriminação contra as mulheres, promover a igualdadede gênero e ampliar a participação das mulheres na vida política.

Page 146: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 146/441

Capítulo V

147

Com eeito, já em maio de 2009, um pouco antes da evolução desse alvissareiro cenáriode participação eminina nos altos cargos da administração pública ederal no âmbito dostrês poderes, oi criada a Procuradoria Especial da Mulher na estrutura interna da Casa,

por meio da Resolução n° 10, de 2009, que incluiu capítulo no Regimento Interno daCâmara dos Deputados disciplinando a estrutura e as atribuições desse novo órgão.

O Regimento Interno dispõe que a Procuradoria Especial da Mulher é responsável porpromover maior participação das deputadas nas decisões do Legislativo, além de receber,examinar e encaminhar denúncias de discriminação ou violência contra a mulher; scali-zar e acompanhar a execução de programas do governo ederal que objetivem a promoçãoda igualdade de gênero; scalizar e acompanhar a execução de campanhas educativas eantidiscriminatórias de âmbito nacional; cooperar com entidades nacionais e internacio-nais, públicas e privadas, que tenham por objetivo a criação de políticas para as mulheres;e omentar pesquisas e estudos sobre a violência e discriminação contra a mulher e sobreo seu déce de representação na política, divulgando os resultados dos trabalhos para opúblico externo e interno, incluindo as comissões temáticas da Câmara.

A tabela a seguir apresenta, de orma esquematizada, as atribuições da ProcuradoriaEspecial da Mulher:

 Atribuiçes da Procuradoria Especial da Mulher

Zelar pela participação mais eetiva das deputadas nos órgãose nas atividades da Câmara

Receber, examinar e encaminharaos órgãos competentes

denúncias de violência e discriminação contra amulher

Fiscalizar e acompanhar

a execução de programas do Executivo ederal queobjetivem a promoção da igualdade de gênero

a implementação de campanhas nacionais educati- vas e antidiscriminatórias

Cooperar com entidades voltadas para a execução de políti-cas para as mulheres

Promover pesquisas e estudos,divulgando seus resultados, sobre

 violência e discriminação contra a mulher

o déce das mulheres na representação política

Para a boa execução de suas competências, a Procuradoria Especial da Mulher é com-posta de uma procuradora especial da Mulher e de três procuradoras adjuntas, designadas

pelo presidente da Câmara, a cada dois anos, no começo da sessão legislativa. Na prática,os presidentes da Casa têm deixado a cargo da bancada eminina escolher, por meio deeleição, as deputadas que irão compor a procuradoria, como orma de prestigiar a partici-pação das parlamentares.

Page 147: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 147/441

148

Curso de Regimento Interno

As procuradoras adjuntas recebem a designação de primeira, segunda e terceira e subs-tituem, nessa ordem, a procuradora especial da Mulher em seus impedimentos e ausências.

 Também têm por unção colaborar com a procuradora especial no cumprimento das atri-

buições desse órgão da Casa.Por orça regimental, toda iniciativa provocada ou executada pela Procuradoria Espe-

cial da Mulher terá ampla divulgação pela Secretaria de Comunicação Social da Casa, pormeio de seus órgãos Rádio, TV, ornal e Agência Câmara.

AULA 8 – dA ProcUrAdoriA PArLAmEntAr

 Art. 21. A Procuradoria Parlamentar terá por inalidade promover, em colabora-

ção com a Mesa, a deesa da Câmara, de seus órgãos e membros quando atingidosem sua honra ou imagem perante a sociedade, em razão do exercício do mandatoou das suas unções institucionais.§ 1º A Procuradoria Parlamentar será constituída por onze membros designadospelo presidente da Câmara, a cada dois anos, no início da sessão legislativa, comobservância, tanto quanto possível, do princípio da proporcionalidade partidária.§ 2º A Procuradoria Parlamentar providenciará ampla publicidade reparadora,além da divulgação a que estiver sujeito, por orça de lei ou de decisão judicial, doórgão de comunicação ou de imprensa que veicular a matéria oensiva à Casa ou aseus membros.§ 3º A Procuradoria Parlamentar promoverá, por intermédio do Ministério Pú-blico, da Advocacia-Geral da União ou de mandatários advocatícios, as medidas

 judiciais e extrajudiciais cabíveis para obter ampla reparação, inclusive aquela a quese reere o inciso X do art. 5º da Constituição Federal.

Comentários

A Procuradoria Parlamentar é o órgão da Câmara incumbido de promover, em cola-boração com a Mesa, a deesa da Casa, de seus órgãos e membros quando atingidos emsua honra ou imagem perante a sociedade, em razão do exercício do mandato ou das suasunções institucionais.

A cada dois anos, no início da sessão legislativa, o presidente da Câmara designa onzedeputados para integrarem como membros a Procuradoria Parlamentar (não são desig-nados deputados para atuarem como suplentes dos procuradores), observando-se, tantoquanto possível, o princípio da proporcionalidade partidária. Cumpre esclarecer que osuplente de deputado, quando convocado em caráter de substituição, ou seja, o parlamen-tar em exercício provisório do mandato em substituição ao titular licenciado, não poderáintegrar a Procuradoria Parlamentar (art. 243).

Page 148: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 148/441

Capítulo V

149

Veiculada na mídia matéria oensiva à Câmara ou a seus membros, caberá à Procura-doria Parlamentar adotar providências para que haja ampla publicidade reparadora. Talpublicidade somar-se-á à divulgação (reparadora) a que o órgão de comunicação ou de

imprensa estiver sujeito, por orça de lei ou de decisão judicial.Por ser a Câmara dos Deputados órgão do Poder Legislativo ederal, vale lembrar

que a representação judicial da União compete à Advocacia-Geral da União – AGU (CF,art. 131).

Ademais, o RICD autoriza a Procuradoria Parlamentar a promover as medidas judi-ciais e extrajudiciais cabíveis para obter ampla reparação, inclusive a reerente à violaçãoda intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (CF, art. 5º, X). Toda-

 via, a promoção dessas medidas dependerá de intermediação do Ministério Público, da

Advocacia-Geral da União ou de mandatários advocatícios.Os advogados serão contratados para representar membro (deputado), e não a Câmara.Nesse último caso, caberá à AGU a representação.

AULA 9 – dA oUvidoriA PArLAmEntAr

(Capítulo do RICD acrescido pela Resolução nº 19, de 2001)

 Art. 21-A. Compete à Ouvidoria Parlamentar:

I – receber, examinar e encaminhar aos órgãos competentes as reclamações ourepresentações de pessoas ísicas ou jurídicas sobre:

a) violação ou qualquer orma de discriminação atentatória dos direitos eliberdades undamentais;

b) ilegalidades ou abuso de poder;c) mau uncionamento dos serviços legislativos e administrativos da Casa;d) assuntos recebidos pelo sistema 0800 de atendimento à população;

II – propor medidas para sanar as v iolações, as ilegalidades e os abusos constatados;III – propor medidas necessárias à regularidade dos trabalhos legislativos e adminis-trativos, bem como ao apereiçoamento da organização da Câmara dos Deputados;IV – propor, quando cabível, a abertura de sindicância ou inquérito destinado aapurar irregularidades de que tenha conhecimento;V – encaminhar ao Tribunal de Contas da União, à Polícia Federal, ao MinistérioPúblico ou a outro órgão competente as denúncias recebidas que necessitem maio-res esclarecimentos;VI – responder aos cidadãos e às entidades quanto às providências tomadas pelaCâmara sobre os procedimentos legislativos e administrativos de seu interesse;

VII – realizar audiências públicas com segmentos da sociedade civil. ( Artigo acres-cido pela Resolução nº 19, de 2001.)

Page 149: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 149/441

150

Curso de Regimento Interno

 Art. 21-B. A Ouvidoria Parlamentar é composta de um ouvidor-geral e dois ou-  vidores substitutos designados dentre os membros da Casa pelo presidente da

Câmara, a cada dois anos, no início da sessão legislativa, vedada a recondução noperíodo subsequente. ( Artigo acrescido pela Resolução nº 19, de 2001.)

 Art. 21-C. O ouvidor-geral, no exercício de suas unções, poderá:I – solicitar inormações ou cópia de documentos a qualquer órgão ou servidor daCâmara dos Deputados;II – ter vista no recinto da Casa de proposições legislativas, atos e contratos admi-nistrativos e quaisquer outros que se açam necessários;III – requerer ou promover diligências e investigações, quando cabíveis.Parágrao único. A demora injustiicada na resposta às solicitações eitas ou na ado-ção das providências requeridas pelo ouvidor-geral poderá ensejar a responsabili-zação da autoridade ou do servidor. ( Artigo acrescido pela Resolução nº 19, de 2001.)

 Art. 21-D. Toda iniciativa provocada ou implementada pela Ouvidoria Parlamen-tar terá ampla divulgação pelo órgão de comunicação ou de imprensa da Casa.( Artigo acrescido pela Resolução nº 19, de 2001.)

ComentáriosAs três mudanças regimentais promovidas em 2001 implicaram criação de órgãos na

Câmara, sendo que duas delas tiveram o escopo de ampliar os canais de comunicação eparticipação da sociedade junto ao Parlamento. As Resoluções nos 19 e 21, de 2001, cria-ram, respectivamente, a Ouvidoria Parlamentar e a Comissão de Legislação Participativa.Esta será estudada quando da abordagem sobre as comissões permanentes. Aquela seráapresentada a seguir.

A Ouvidoria Parlamentar é composta por um ouvidor-geral e dois ouvidores substitu-

tos designados pelo presidente da Câmara dentre os membros da Casa. Talvez pelo núme-ro reduzido de integrantes, o RICD não ez reerência ao princípio da proporcionalidadepartidária na sua composição, mas salientou que a designação é realizada a cada dois anose vedou a recondução para o período subsequente.

A sua competência abrange o recebimento, exame e encaminhamento aos órgãos com-petentes das reclamações ou representações de pessoas ísicas ou jurídicas sobre assuntosdiversos, inclusive os recebidos pelo sistema 0800 de atendimento à população, dentre eles:

 violação ou discriminação atentatória dos direitos e garantias undamentais; ilegalidade eabuso de poder; mau uncionamento dos serviços legislativos e administrativos da Casa.

Por conseguinte, a Ouvidoria Parlamentar poderá propor medidas para sanar as viola-ções, ilegalidades e abusos constatados, bem como aquelas necessárias tanto à regularidade

Page 150: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 150/441

Capítulo V

151

dos trabalhos legislativos e administrativos como ao apereiçoamento da organização daCâmara.

O órgão, ciente de irregularidades, poderá propor a abertura de sindicância ou inqué-

rito, quando cabível, para a devida apuração.Se as denúncias recebidas necessitarem de mais esclarecimentos, a ouvidoria poderá

encaminhá-las ao órgão competente (Tribunal de Contas da União, Polícia Federal, Mi-nistério Público ou outro).

A Ouvidoria Parlamentar deverá inormar os cidadãos e as entidades sobre as provi-dências adotadas pela Câmara quanto aos procedimentos legislativos e administrativos deseu interesse.

Por m, destaque-se que, conquanto o Título VIII do RICD, “da participação da so-

ciedade civil”, rera-se no capítulo III, “da audiência pública”, ao poder de comissão derealizá-la com entidade da sociedade civil, tal competência também está incluída no rol deatribuições da Ouvidoria Parlamentar. Assim, o disposto nos artigos 255 a 258 do RICDaplica-se, no que couber, às audiências públicas realizadas pela ouvidoria, por orça doprevisto no art. 21-A, VII.

Inorme-se, ainda, que o RICD conere poderes ao ouvidor-geral para o exercício desuas unções e alerta para a responsabilização da autoridade ou servidor que demorar aresponder às solicitações injusticadamente.

Os órgãos de comunicação e imprensa da Casa deverão dar ampla divulgação a qual-quer iniciativa decorrente da atuação da Ouvidoria Parlamentar.

AULA 10 – do consELho dE éticA E dEcoro PArLAmEntAr

(Capítulo do RICD acrescido pela Resolução nº 2, de 2011)

 Art. 21-E. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, composto de 21 (vintee um) membros titulares e igual número de suplentes, é o órgão da Câmara dos

Deputados competente para examinar as condutas puníveis e propor as penalida-des aplicáveis aos deputados submetidos ao processo disciplinar previsto no Códi-go de Ética e Decoro Parlamentar, que integra este Regimento.§ 1° Os membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dosDeputados serão designados para um mandato de 2 (dois) anos, na orma dos arts.26 e 28 deste Regimento Interno, os quais elegerão, dentre os titulares, 1 (um)presidente e 2 (dois) vice-presidentes, observados os procedimentos estabelecidosno art. 7° deste Regimento, no que couber.

§ 2° As disposições constantes do parágrao único do art. 23, do § 2° do art. 40 edo art. 232 deste Regimento Interno não se aplicam aos membros do Conselho deÉtica e Decoro Parlamentar. ( Artigo acrescido pela Resolução nº 2, de 2011.)........................................................................................................................................

Page 151: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 151/441

152

Curso de Regimento Interno

 Art. 180. ................................................................................................................................................................................................................................................................

§ 8° No caso de deliberação sobre aplicação de sanção disciplinar por condutaatentatória ou incompatível com o decoro parlamentar, é vedado o acolhimento do voto do deputado representado. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 2, de 2011.)

J

Código de Ética e Decoro Parlamentar (aprovado pela Resolução nº 25, de 2001, e alterado pela Resolução n° 2, de 2011)

........................................................................................................................................ Art. 6º Compete ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dosDeputados:I – zelar pela observância dos preceitos deste Código, atuando no sentido da pre-servação da dignidade do mandato parlamentar na Câmara dos Deputados;II – processar os acusados nos casos e termos previstos no art. 13;III – instaurar o processo disciplinar e proceder a todos os atos necessários à suainstrução, nos casos e termos do art. 14;

IV – responder às consultas ormuladas pela Mesa, comissões, partidos políticos oudeputados sobre matérias relacionadas ao processo político-disciplinar.

 Art. 7º O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar compõe-se de 21 (vinte e um)membros titulares e igual número de suplentes, todos com mandato de 2 (dois)anos, com exercício até a posse dos novos integrantes, salvo na última sessão legis-lativa da legislatura, cujo encerramento ará cessar os mandatos no conselho.§ 1° Durante o exercício do mandato de membro do Conselho de Ética e DecoroParlamentar, o deputado não poderá ser aastado de sua vaga no colegiado, salvo

por término do mandato, renúncia, alecimento ou perda de mandato no colegiado,não se aplicando aos membros do colegiado as disposições constantes do parágraoúnico do art. 23, do § 2° do art. 40 e do art. 232 do Regimento Interno da Câmarados Deputados.§ 2º Não poderá ser membro do conselho o deputado:I – submetido a processo disciplinar em curso, por ato atentatório ou incompatívelcom o decoro parlamentar;II – que tenha recebido, na legislatura, penalidade disciplinar de suspensão deprerrogativas regimentais ou de suspensão do exercício do mandato, da qual se

tenha o competente registro nos anais ou arquivos da Casa;

Page 152: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 152/441

Capítulo V

153

III – que esteja no exercício do mandato na condição de suplente convocado emsubstituição ao titular;

IV – condenado em processo criminal por decisão de órgão jurisdicional colegiado,ainda que a sentença condenatória não tenha transitado em julgado.§ 3º A representação numérica de cada partido e bloco parlamentar atenderá aoprincípio da proporcionalidade partidária, assegurada a representação, sempreque possível, de todos os partidos políticos em uncionamento na Câmara dosDeputados, na conormidade do disposto no caput do art. 9º do Regimento Inter-no da Câmara dos Deputados.§ 4º No início de cada sessão legislativa, observado o que dispõe o caput do art. 26do Regimento Interno da Câmara dos Deputados e as vedações a que se reere o

§ 2º deste artigo, os líderes comunicarão ao presidente da Câmara dos Deputados,na orma do art. 28 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, os deputadosque integrarão o conselho representando cada partido ou bloco parlamentar.§ 5º O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar terá 1 (um) presidente e 2 (dois)

 vice-presidentes, eleitos por seus pares dentre os membros titulares, vedada a ree-leição para o mesmo cargo na eleição subsequente.§ 6º A vaga no conselho veriicar-se-á em virtude de término do mandato, renún-cia, alecimento ou perda do mandato no colegiado, neste último caso quando omembro titular deixar de comparecer a 5 (cinco) reuniões consecutivas ou, interca-ladamente, a 1/3 (um terço) das reuniões durante a sessão legislativa, salvo motivode orça maior justiicado por escrito ao presidente do conselho, a quem caberádeclarar a perda do mandato.§ 7º A instauração de processo disciplinar no âmbito do Conselho de Ética e De-coro Parlamentar em ace de um de seus membros, com prova inequívoca da acu-sação, constitui causa para o seu imediato aastamento da unção, a ser aplicado deoício pelo presidente do conselho, devendo perdurar até decisão inal sobre o caso.

 Art. 8º A Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania aprovará regulamen-

to especíico para disciplinar o uncionamento e a organização dos trabalhos doConselho de Ética e Decoro Parlamentar.§ 1° O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar poderá oerecer à apreciação daComissão de Constituição e ustiça e de Cidadania proposta de reormulação doregulamento mencionado no caput e de eventuais alterações posteriores que se i-zerem necessárias ao exercício de sua competência.§ 2° A Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania e o Conselho de Ética eDecoro Parlamentar poderão deliberar no período de recesso parlamentar, desde que

matéria de sua competência tenha sido incluída na pauta de convocação extraordiná-ria do Congresso Nacional, nos termos do § 7° do art. 57 da Constituição Federal.

Page 153: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 153/441

154

Curso de Regimento Interno

§ 3° Os prazos do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contar-se-ão em diasúteis, inclusive em se tratando de recurso ou pedido de vista, icando suspensos no

recesso, salvo na hipótese de inclusão de matéria de sua competência na pauta deconvocação extraordinária, nos termos do § 2°.........................................................................................................................................

 Art. 9º ...................................................................................................................................................................................................................................................................§ 4° O corregedor da Câmara dos Deputados poderá participar de todas as asesdo processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, inclusive das discussões,sem direito a voto.

........................................................................................................................................

Comentários

A Resolução nº 25, de 2001, instituiu o Código de Ética e Decoro Parlamentar(CEDP) da Câmara dos Deputados, em cumprimento ao disposto no art. 244 do RICD,que prevê sua existência. No texto do próprio código já se registrava um novo órgão daCâmara: o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o qual, por orça da promulgação

da Resolução nº 2, de 2011, passou a constar expressamente no Regimento Interno daCâmara dos Deputados como órgão dessa Casa. Essa resolução alterou tanto o RICDquanto o Código de Ética e Decoro Parlamentar. No primeiro caso, acrescentou o Capí-tulo III-B ao Título II do RICD para listar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentardentre os órgãos da Câmara dos Deputados, bem como alterou o art. 180 do RICD paraestabelecer que, no caso de deliberação sobre aplicação de sanção disciplinar por condutaatentatória ou incompatível com o decoro parlamentar, é vedado o acolhimento do votodo deputado representado. No segundo caso, promoveu signicativas modicações no

Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, aprovado pela Reso-lução nº 25, de 2001 – algumas dessas alterações serão analisadas a seguir.

Em relação aos artigos anteriormente transcritos nesta aula, cabe salientar que, en-quanto os artigos 21-E e 180 constam do texto do Regimento Interno da Câmara dosDeputados, os artigos 6º a 9º reerentes ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sãodispositivos do Código de Ética e Decoro Parlamentar (composto por 19 artigos), e nãodo Regimento Interno da Câmara dos Deputados, ainda que as normas do reerido códigointegrem e açam parte desse Regimento, nos termos do art. 1º da Resolução nº 25, de2001, e do caput do art. 21-E do próprio RICD.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar é composto por 21 membros titulares eigual quantidade de suplentes. Cabe aos líderes indicarem os membros da bancada queirão compor o conselho, de acordo com o critério da proporcionalidade partidária. A de-

Page 154: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 154/441

Capítulo V

155

signação dos membros é de competência do presidente da Câmara, que a ará após aindicação eita pelos líderes ou, independentemente desta, se decorrido o prazo de cincosessões sem a indicação. Uma vez designados, os membros do Conselho de Ética e Decoro

Parlamentar elegerão, dentre os titulares, um presidente e dois vice-presidentes, vedada areeleição para o mesmo cargo na eleição subsequente.

Os membros do Conselho de Ética detêm mandato de dois anos, razão pela qual nãopodem ser substituídos pelo líder a qualquer tempo. Caso se desvinculem de sua bancada,os membros desse conselho não perderão automaticamente o direito à vaga que ocupavaem razão dela nem o cargo de presidente ou vice-presidente do conselho para o qual tenhasido eleito. Dessa orma, a vaga no conselho vericar-se-á em virtude de término do man-dato, renúncia, alecimento ou perda do mandato no colegiado, neste último caso quandoo membro titular deixar de comparecer a cinco reuniões consecutivas ou, intercaladamen-te, a um terço das reuniões durante a sessão legislativa, salvo motivo de orça maior justi-cado por escrito ao presidente do conselho, a quem caberá declarar a perda do mandato.

Ainda no que se reere à composição desse órgão da Câmara dos Deputados, cabeesclarecer que, a partir da promulgação da Resolução nº 2, de 2011, o corregedor da Casa(segundo-vice-presidente da Câmara, nos termos do Ato da Mesa nº 66/1993) não maispossui vaga garantida como membro titular do conselho, sendo-lhe assegurado todavia odireito de participar de todas as ases do processo nesse órgão, inclusive das discussões,porém sem direito a voto. No que tange a impedimento de participar do conselho, nos

termos do art. 7º, § 3º, do Código de Ética e Decoro Parlamentar, cumpre alertar não serqualquer processo disciplinar em curso que veda a participação de deputado no conselho,mas apenas aqueles em curso por ato atentatório ou incompatível com o decoro parla-mentar. O impedimento que diz respeito a recebimento de penalidade disciplinar só seráaplicável no caso de deputado apenado disciplinarmente, na legislatura, com suspensãode prerrogativas regimentais ou suspensão do exercício do mandato, desde que haja ocompetente registro nos anais ou arquivos da Casa. Nesse sentido, deputado punido emoutras legislaturas pode integrar o Conselho de Ética, bem como deputado sobre o qualnão exista o devido registro, ainda que apenado na legislatura com as sanções citadas. AResolução nº 2, de 2011, acrescentou os incisos III e IV ao § 3º do art. 7º para inserir maisdois impedimentos à participação de deputado nesse conselho. Portanto, está tambémimpedido de integrar esse órgão o deputado que esteja no exercício do mandato na condi-ção de suplente convocado em substituição ao titular, bem como aquele que tenha soridocondenação em processo criminal por decisão de órgão jurisdicional colegiado, ainda quea sentença condenatória não tenha transitado em julgado. Cumpre acrescentar que a ins-tauração de processo disciplinar no âmbito do Conselho de Ética e Decoro Parlamentarem ace de um de seus membros, com prova inequívoca da acusação, constitui causa para o

seu imediato aastamento da unção, a ser aplicado de oício pelo presidente do conselho,devendo perdurar até decisão nal sobre o caso.

Page 155: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 155/441

156

Curso de Regimento Interno

São competências do conselho:

1) zelar pela observância dos preceitos do Código de Ética e Decoro Parlamentarpara preservar a dignidade do mandato de deputado;

2) processar os acusados nos casos e termos previstos no art. 13 do CEDP (suspen-são de prerrogativas regimentais);

3) instaurar o processo disciplinar e proceder a todos os atos necessários a sua ins-trução, nos casos previstos no art. 14 do CEDP (suspensão temporária do exercí-cio do mandato e perda do mandato);

4) responder às consultas ormuladas pela Mesa, comissões, partidos políticos oudeputados sobre matérias relacionadas ao processo político-disciplinar.

As representações relacionadas com o decoro parlamentar deverão ser eitas diretamenteà Mesa da Câmara dos Deputados, sendo qualquer cidadão parte legítima para requerer àMesa representação em ace de deputado que tenha incorrido em conduta incompatível ouatentatória ao decoro parlamentar, especicando os atos e as respectivas provas.

Nesse caso, recebido o requerimento de representação, a Mesa instaurará procedimentodestinado a apreciá-lo, na orma e no prazo previstos em regulamento próprio. Terminadoo procedimento, se concluir pela existência de indícios sucientes e pela inocorrência deinépcia, a Mesa procederá da seguinte orma: 1) encaminhará a representação ao Conse-

lho de Ética e Decoro Parlamentar no prazo de três sessões ordinárias, quando se tratar deconduta puní vel com as sanções de: a) suspensão de prerrogativas regimentais por até seismeses; b) suspensão do exercício do mandato por até seis meses; e c) perda de mandato; ou2) adotará o procedimento para aplicação de censura, verbal ou escrita, tipos de penalidadea ser aplicada pelo presidente da Câmara dos Deputados, pelo presidente de comissão oupela Mesa, conorme o caso.

Ao presidente da Câmara dos Deputados, em sessão, e ao presidente de comissão,durante suas reuniões, compete aplicar censura verbal ao deputado que perturbar a ordem

das sessões da Câmara dos Deputados ou das reuniões de comissão ou praticar atos queinrinjam as regras de boa conduta nas dependências da Casa.

À Mesa compete aplicar censura escrita, por provocação do oendido, ao deputadoque praticar oensas ísicas ou morais nas dependências da Câmara dos Deputados oudesacatar, por atos e palavras, outro parlamentar, a Mesa ou comissão ou os respectivospresidentes, bem como por solicitação do presidente da Câmara dos Deputados ou de co-missão, nos casos de reincidência nas condutas acima descritas em que cabe censura verbal.

Em qualquer dos casos, o deputado poderá recorrer no prazo de dois dias úteis ao

Plenário da Câmara ou da comissão, conorme o caso. No caso de censura escrita, antes daaplicação da sanção, a Mesa assegurará ao deputado o exercício do direito de deesa peloprazo de cinco dias úteis.

Page 156: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 156/441

Capítulo V

157

Em se tratando de representação subscrita por partido político representado no Con-gresso Nacional, nos termos do § 2° do art. 55 da Constituição Federal, esta será encami-nhada diretamente pela Mesa da Câmara dos Deputados ao Conselho de Ética e Decoro

Parlamentar no prazo de três sessões ordinárias.A aplicação das penalidades de suspensão do exercício do mandato por no máximo seis

meses e de perda do mandato é de competência do Plenário da Câmara dos Deputados,que deliberará em votação secreta e por maioria absoluta de seus membros, em virtude deprovocação da Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, após aconclusão de processo disciplinar instaurado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamen-tar, na orma do art. 14 do Código de Ética e Decoro Parlamentar.

Quanto à relatoria no âmbito do Conselho de Ética, instaurado o processo, o presi-

dente do conselho designará relator, a ser escolhido dentre os integrantes de uma listacomposta por três de seus membros, ormada mediante sorteio, o qual:

1) não poderá pertencer ao mesmo partido ou bloco parlamentar do deputado re-presentado;

2) não poderá pertencer ao mesmo estado do deputado representado;

3) em caso de representação de iniciativa de partido político, não poderá pertencer àagremiação autora da representação.

A discussão do parecer será aberta e sua votação, nominal. Caso o parecer originaria-mente apresentado seja rejeitado, deverá ser designado novo relator, preerencialmentedentre aqueles que, durante a discussão da matéria, tenham se maniestado contrariamen-te à posição do primeiro.

Concluído o processo disciplinar, o representado poderá recorrer, no prazo de cinco diasúteis, à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, com eeito suspensivo, contraquaisquer atos do conselho ou de seus membros que tenham contrariado norma constitucio-nal, regimental ou do Código de Ética e Decoro Parlamentar, hipótese na qual a comissão

se pronunciará exclusivamente sobre os vícios apontados, observando, para tanto, prazo decinco dias úteis. Concluída a tramitação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ou naComissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, na hipótese de interposição do recurso aque se reere o inciso VII, o processo será encaminhado à Mesa e, uma vez lido no expedien-te, publicado e distribuído em avulsos, será incluído na Ordem do Dia.

A partir da instauração de processo ético-disciplinar que proponha suspensão de prer-rogativas regimentais, suspensão do exercício do mandato por no máximo seis meses ouperda do mandato, nos termos dos arts. 13 e 14 do Código de Ética, não poderá ser reti-rada a representação oerecida pela parte legítima. Em todas as ases desse processo, inclu-

sive no Plenário da Câmara dos Deputados, o deputado poderá constituir advogado parasua deesa ou azê-la pessoalmente ou por intermédio do parlamentar que indicar, desdeque não integrante do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O Código de Ética e De-coro Parlamentar assegura ao representado o direito de recorrer, nos termos que especica.

Page 157: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 157/441

158

Curso de Regimento Interno

O Código de Ética xa prazos para deliberação de processo ético-disciplinar – sessen-ta ou noventa dias úteis, conorme o caso –, bem como prazo para sua inclusão na Ordemdo dia do Plenário, além de outros. Ademais, estabelece sanções aplicáveis aos colegiados

e ao relator em caso de descumprimento de prazos, os quais serão contados em dias úteis,inclusive em se tratando de recurso ou pedido de vista, cando suspensos no recesso, salvona hipótese de inclusão de matéria de sua competência na pauta de convocação extraordi-nária, nos termos constitucionais.

Por m, cabe registrar que a Resolução nº 2, de 2011, coneriu competência à Comis-são de Constituição e ustiça para aprovar regulamento especíco para disciplinar o un-cionamento e a organização dos trabalhos do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.Esse regulamento poderá ser alterado ou reormulado a partir de solicitação do próprioConselho de Ética à CCC e, enquanto não or editado, legitima a aplicação do regula-mento em vigor à época da promulgação da reerida resolução, qual seja: o regulamentoelaborado pelo próprio Conselho de Ética, com undamento na redação original da Re-solução nº 25, de 2001.

Em 8 de julho de 2011, constava na página eletrônica do Conselho de Ética na inter-net nota explicativa, a qual transcrevemos a seguir, sobre o “Novo Código de Ética – o quepassa a entrar em vigor com as novas regras do conselho”.

“Desde sua criação, em 2001, o Código de Ética da Câmara dos Deputados

nunca havia sorido nenhuma alteração ao longo desses anos que pudesse au-mentar o poder de atuação do conselho. Até então, as representações que che-gavam ao colegiado pediam a pena máxima (perda de mandato) quando nemsempre o ato cometido estaria sujeito a esta aplicação.Na última quinta-eira, 26 de maio de 2011, o Projeto de Resolução nº 137/2004,aprovado na Câmara dos Deputados, e que originou a promulgação da Reso-lução nº 2/2011, conseguiu reunir uma série de medidas que visam melhorar aecácia e atuação do Conselho de Ética. Dentre elas vale destacar:1) Aumento do número de conselheiros. O colegiado passa a contar com 21

membros permanentes, em vez de 15. A medida contemplará que outrospartidos açam parte do grupo;

2) Estabelece que os prazos processuais no conselho sejam contados por diasúteis, e não mais por sessões ordinárias da Casa, dando mais celeridade àsrepresentações instaladas;

3) Autoriza o conselho a concluir pela procedência total ou parcial da represen-tação que apreciar, ou de sua improcedência, admitindo, nos dois primeiroscasos, a aplicação da pena originalmente indicada na representação ou a co-minação de pena mais grave ou mais leve, conorme a natureza e gravidadeda conduta, com base nos atos eetivamente apurados no processo;

Page 158: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 158/441

Capítulo V

159

4) Amplia a pena de suspensão temporária do exercício do mandato, hojeprevista em até 30 dias, para até seis meses, com suspensão de todas asprerrogativas;

5) Acrescenta a previsão de ressarcimento ao erário das vantagens indevidasobtidas com recursos públicos, sem prejuízo da aplicação das penas previs-tas no Código.”

AULA 11 – do grUPo dE trABALho dE consoLidAção dAs LEis

Em conormidade com os arts. 212 e 213 do Regimento Interno da Câmara dosDeputados, o Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis (GTCL) é órgão político daCâmara dos Deputados – de caráter permanente. Esse Grupo de Trabalho é constituído por

ato da Presidência da Câmara dos Deputados, a quem compete também indicar o seu coor-denador. Apesar de não haver previsão regimental expressa sobre a constituição desse Grupode Trabalho e o mandato do seu coordenador, ao início de cada legislatura é essencial que aPresidência da Câmara promulgue ato constituindo esse Grupo de Trabalho e indicando-lhe o coordenador. Ao nal da 53ª Legislatura, o Grupo de Trabalho de Consolidação dasLeis era composto exclusivamente por parlamentares, sendo 21 deputados na condição detitulares e igual quantidade de suplentes. Na 54ª Legislatura, ato da Presidência de 13 de

 julho de 2011 reconstituiu o Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis, que passou acontar com dezessete membros titulares e igual quantidade de suplentes, indicados pelos

respectivos líderes dos partidos e blocos parlamentares, e reconduziu à coordenação do gru-po o parlamentar que havia coordenado os trabalhos de consolidação na legislatura anterior.

Ao GTCL compete apreciar os projetos de lei de consolidação apresentados à Câmarados Deputados, assim como as sugestões encaminhadas pela sociedade nos trinta dias que seseguirem à publicação do projeto no Diário Ofcial da União (DOU) e no Diário da Câmarados Deputados (DCD). Na verdade, desde 2009, a Câmara dos Deputados, considerando oselevados custos nanceiros de publicação integral dos projetos de lei de consolidação noDiário Ofcial da União, optou por publicar a íntegra desses projetos no DCD e no portal da

Câmara dos Deputados na internet, sendo publicado no DOU apenas um aviso inormandoa publicação do projeto e a abertura do prazo para apresentação de sugestões pela sociedade.

Depreende-se, da leitura de oício do Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis(O. GTCL. 073/2007) encaminhado pelo seu coordenador ao presidente da Câmara dosDeputados em 21 de novembro de 2007 que: a) esse Grupo de Trabalho é um colegiadoparlamentar da Casa de caráter permanente (RICD, arts. 212 e 213); b) a consolidação dasleis é assunto de interesse público relevante previsto na Constituição Federal; c) a parci-mônia do legislador interno ao disciplinar a tramitação dos projetos de lei de consolidaçãoimpele esse Grupo de Trabalho, na apreciação de tais projetos, a aplicar, subsidiariamente,no que couber, as disposições regimentais aplicáveis às comissões.

Page 159: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 159/441

160

Curso de Regimento Interno

Segundo a Presidência da Casa (O. n° 2.033/SGM/P/07), o GTCL equipara-se àscomissões e, nessa condição, pode realizar, inclusive, reuniões de audiência pública, nostermos regimentais.

Saiba mais sobre a consolidação das leis na aula 4 do capítulo XV deste curso.

AULA 12 – corrEgEdoriA oU corrEgEdorEs?

 Art. 267. A Mesa ará manter a ordem e a disciplina nos ediícios da Câmara esuas adjacências.Parágrao único. A Mesa designará, logo depois de eleita, quatro de seus membroseetivos para, como corregedor e corregedores substitutos, se responsabilizarem

pela manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito da Casa.

Comentários

Ao tratarmos sobre os órgãos da Câmara, é pertinente esclarecer que a Câmara dosDeputados não possui o órgão Corregedoria. O que ocorre é que a Mesa designa quatrode seus membros para exercer a unção de correição – corregedor (um) e corregedoressubstitutos (três). Assim, esses membros da Mesa se responsabilizam pela manutenção dodecoro, da ordem e da disciplina no âmbito da Casa.

Recorre-se ao Regimento Interno da Câmara Legislativa do Distrito Federal para evi-denciar a distinção de tratamento quanto a esse assunto entre a Câmara dos Deputados e aCâmara Legislativa. Enquanto no RICD mencionam-se apenas as unções de corregedore corregedores substitutos, no estatuto interno da casa legislativa distrital consta expressa-mente o órgão Corregedoria, conorme transcrição a seguir do art. 50 daquele Regimento.

“ Art. 50. A Corregedoria da Câmara Legislativa será exercida pelo deputado

distrital eleito para o cargo de corregedor na mesma eleição das presidências dascomissões permanentes, com mandato de um ano, permitida uma reeleição namesma legislatura. (‘Caput’ com redação oerecida pela Resolução nº 205, de 2004 .).........................................................................................................................”

Por m, transcreve-se comentário de Luiz Claudio Alves dos Santos constante dolivro Câmara dos Deputados: o regimento em exercícios (2006, p. 47):

“Apesar de se ouvirem no dia a dia legislativo menções à ‘Corregedoria’ daCâmara, o RICD não prevê a existência de órgão intitulado Corregedoria. Aesse respeito, consta regimentalmente apenas a previsão de a Mesa designar,logo depois de eleita, quatro de seus membros eetivos para, como corregedor ecorregedores substitutos, se responsabilizarem pela manutenção do decoro, daordem e da disciplina no âmbito da Casa (art. 267, parágrao único). O Ato da

Page 160: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 160/441

Capítulo V

161

Mesa nº 17, de 5/6/2003, regulamenta os procedimentos a serem observadosno exercício da unção de correição prevista no parágrao único do art. 267 doRegimento Interno. Relevante constatar que o reerido ato az reerência ao

corregedor, sem nenhuma menção a órgão intitulado Corregedoria.”

AULA 13 – órgãos dA câmArA – considErAçõEs FinAis

Dentre os órgãos da Câmara capitulados no Título II do RICD, encontram-se ascomissões, que podem ser permanentes ou temporárias. Em razão da importância dessesórgãos colegiados no processo legislativo, reservamos os capítulos VI e VII deste cursopara o estudo das comissões.

Lideranças e blocos parlamentaresEmbora as lideranças partidárias e de blocos parlamentares se instalem nas dependên-

cias da Câmara, bem como utilizem recursos e pessoal da Casa para desenvolverem suasatividades, não devem ser consideradas, a rigor, órgãos da Câmara, em razão do caráterpartidário de suas unções e interesses. Cumpre inormar que a Resolução nº 20, de 1971,que dispõe sobre a organização administrativa da Câmara dos Deputados e determinaoutras providências, estabelece no parágrao único de seu art. 1º que os líderes e vice-líderes contarão, cada um, no desempenho de suas unções, com a assistência dos seguintes

órgãos: 1) Gabinete do Líder; 2) Secretaria dos Vice-Líderes.

Classificação dos órgãos da Câmara

Um último ponto a risar sobre órgãos da Câmara reere-se ao ato de podermosclassicá-los quanto aos agentes que os integram em três espécies: 1) órgãos políticos; 2)órgãos administrativos; 3) órgãos híbridos.

Os órgãos políticos são aqueles compostos por deputados (agentes políticos). Alémdos sete órgãos dispostos em capítulos no Título II do RICD – Mesa, Colégio de Líde-

res, Procuradoria Especial da Mulher, Procuradoria Parlamentar, Ouvidoria Parlamentar,Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e comissões –, há o Grupo de Trabalho deConsolidação das Leis. Poder-se-ia ainda discutir se o Plenário é ou não órgão político daCâmara, porém interessa destacar apenas que o Plenário é integrado por deputados e nãose conunde com a própria Câmara.

Os órgãos administrativos são vários e estão disciplinados, em regra, na Resoluçãonº 20, de 1971. No RICD consta, por exemplo, menção ao diretor-geral como ordenadorde despesas (art. 265, § 1º); os órgãos Secretaria-Geral da Mesa e Consultoria Legislativa

são também mencionados no texto regimental.Com estrutura híbrida, há o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica,

órgão integrado basicamente por deputados, mas que possui como membro nato o diretorda Consultoria Legislativa, servidor do quadro de pessoal da Casa (art. 277, I e II, c/cResolução nº 17/1997, art. 3º).

Page 161: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 161/441

163

Cpítu VI 

Da Comiõ 

AULA 1 – PErmAnEntEs E tEmPoráriAs – dEFinição

 Art. 22. As comissões da Câmara são:I – permanentes, as de caráter técnico-legislativo ou especializado integrantes daestrutura institucional da Casa, copartícipes e agentes do processo legierante, quetêm por inalidade apreciar os assuntos ou proposições submetidos ao seu examee sobre eles deliberar, assim como exercer o acompanhamento dos planos e pro-gramas governamentais e a iscalização orçamentária da União, no âmbito dosrespectivos campos temáticos e áreas de atuação;II – temporárias, as criadas para apreciar determinado assunto, que se extinguem

ao término da legislatura, ou antes dele, quando alcançado o im a que se destinamou expirado seu prazo de duração.

Comentários

Com o advento da Constituição Federal de 1988, o papel das comissões oi ampliado eortalecido, uma vez que elas desempenham unções primordiais para o aprimoramento dademocracia brasileira. Essa valorização deveu-se, principalmente, à possibilidade de concluí-

rem, em determinadas circunstâncias, o processo legislativo reerente aos projetos de lei sema necessidade da apreciação do Plenário das casas legislativas, o que se conhece como poderconclusivo das comissões. Na aula 10 do capítulo II discorremos sobre esse poder conclusivo.

As comissões são órgãos colegiados. Podem ser criadas na Câmara dos Deputados, noSenado Federal ou em âmbito misto, compostas por deputados ederais e senadores. Paraque se compreenda a diversidade do papel desempenhado pelas comissões, necessário seaz conhecer as suas espécies: permanentes e temporárias.

Na condição de perenes, as permanentes integram a estrutura institucional da Casa

à qual pertencem. Participam, no âmbito de seus respectivos campos temáticos ou áreasde atividade, do processo de elaboração de normas jurídicas, mediante exame, discussãoe votação acerca das proposições a elas submetidas. Exercem também o acompanha-mento dos planos e programas governamentais, bem como a scalização nanceira,

Page 162: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 162/441

164

Curso de Regimento Interno

orçamentária, contábil, operacional e patrimonial da União. Atualmente, a Câmara dosDeputados conta com vinte comissões permanentes, abrangendo os mais diversos cam-pos temáticos ou áreas de atividade.

 á as temporárias, cuja existência é passageira, são criadas para apreciar assunto especí-co. Sua extinção é certa sempre que ocorrer uma das três situações: 1) alcançar-se o m aque se destinam; 2) expirar seu prazo de duração; 3) encerrar-se a legislatura (quatro anosé o tempo máximo de duração de qualquer comissão temporária na Câmara). Elas podemser especiais, de inquérito (CPIs) e externas, cada uma com atuação especíca conormea razão de sua criação.

AULA 2 – dA rEPrEsEntAção ProPorcionAL dAs BAncAdAs

 Art. 23. Na constituição das comissões assegurar-se-á, tanto quanto possível, arepresentação proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que participemda Casa, incluindo-se sempre um membro da Minoria, ainda que pela proporcio-nalidade não lhe caiba lugar.Parágrao único. O deputado que se desvincular de sua bancada perde automati-camente o direito à vaga que ocupava em razão dela, ainda que exerça cargo denatureza eletiva. (Parágrao único acrescido pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

Comentários

Conorme estudado na aula 14 do capítulo I, a Constituição Federal, no art. 58, § 1º,estabelece o princípio da proporcionalidade partidária (PPP), instrumento muito utiliza-do na composição dos colegiados do Congresso Nacional. O objetivo desse mandamentoé reetir nos órgãos colegiados internos a dimensão de cada partido político ou bloco par-

lamentar representado na casa legislativa. Nesse sentido, sendo as comissões órgãos cole-tivos, elas são constituídas em conormidade com a proporção da quantidade de membrosde cada bancada partidária na Casa respectiva. Assim, quanto maior or a representaçãode uma determinada agremiação partidária na Câmara, maior será o número de seus re-presentantes em determinada comissão dessa casa legislativa.

Esse princípio garante o quórum da maioria na composição dos colegiados, masnão deixa de considerar as bancadas menores. Com base nisso, o Regimento Interno daCâmara dos Deputados dispõe que a bancada considerada Minoria sempre terá direito aocupar um lugar nas comissões, pois esse segmento partidário também representa parcelaimportante da sociedade brasileira, devendo zelar pelo equilíbrio das discussões e delibe-rações, e, por conseguinte, precisa estar representado nos debates das comissões.

Page 163: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 163/441

Capítulo VI

165

Dessa orma, o art. 13 do RICD considera Minoria “a representação imediatamenteinerior que, em relação ao governo, expresse posição diversa da Maioria”. Nesse mo-mento, é interessante ao leitor, caso tenha dúvidas em relação a esse conceito, rever a aula

relativa à denição de Maioria e Minoria (aula 31 do capítulo IV).Para preservar a estabilidade dos partidos e vincular a escolha do eleitor, o deputado que

se desvincular de sua representação partidária arcará com o ônus de perder a vaga e o cargoque ocupar perante determinada comissão em razão da bancada a qual integrava, mesmo quese trate de cargo ocupado em razão de eleição, como os de direção de comissão. Trata-se deuma discussão vinculada à delidade partidária, instituto muito importante para manter aestabilidade das instituições políticas. Conra a aula 4 do capítulo XVI. Cumpre esclarecerque, por orça da Resolução nº 2, de 2011, o disposto no parágrao único do art. 23 do RICDnão se aplica aos membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

AULA 3 – dAs comPEtênciAs

 Art. 24. Às comissões permanentes, em razão da matéria de sua competência, e àsdemais comissões, no que lhes or aplicável, cabe:I – discutir e votar as proposições sujeitas à deliberação do Plenário que lhes oremdistribuídas;II – discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, salvo odisposto no § 2º do art. 132 e excetuados os projetos:

a) de lei complementar;b) de código;c) de iniciativa popular;d) de comissão;e) relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação, consoante o

§ 1º do art. 68 da Constituição Federal;) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados

pelo Plenário de qualquer das Casas;g) que tenham recebido pareceres divergentes;h) em regime de urgência;

III – realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;IV – convocar ministro de Estado para prestar, pessoalmente, inormações sobreassunto previamente determinado, ou conceder-lhe audiência para expor assuntode relevância de seu ministério;V – encaminhar, através da Mesa, pedidos escritos de inormação a ministro deEstado;VI – receber petições, reclamações ou representações de qualquer pessoa contraatos ou omissões das autoridades ou entidades públicas, na orma do art. 253;

Page 164: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 164/441

166

Curso de Regimento Interno

VII – solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;VIII – acompanhar e apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e

setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer, em articulação com a co-missão mista permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal;IX – exercer o acompanhamento e a iscalização contábil, inanceira, orçamentá-ria, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração diretae indireta, incluídas as undações e sociedades instituídas e mantidas pelo poderpúblico ederal, em articulação com a comissão mista permanente de que trata oart. 166, § 1º, da Constituição Federal;

 X – determinar a realização, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, dediligências, perícias, inspeções e auditorias de natureza contábil, inanceira, or-

çamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos poderesLegislativo, Executivo e udiciário, da administração direta e indireta, incluídas asundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público ederal;

 XI – exercer a iscalização e o controle dos atos do Poder Executivo, incluídos osda administração indireta;

 XII – propor a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem dopoder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, elaborando o respecti-

 vo decreto legislativo; XIII – estudar qualquer assunto compreendido no respectivo campo temático ouárea de atividade, podendo promover, em seu âmbito, conerências, exposições,palestras ou seminários;

 XIV – solicitar audiência ou colaboração de órgãos ou entidades da administraçãopública direta, indireta ou undacional, e da sociedade civil, para elucidação de ma-téria sujeita a seu pronunciamento, não implicando a diligência dilação dos prazos.§ 1º Aplicam-se à tramitação dos projetos de lei submetidos à deliberação conclusi-

 va das comissões, no que couber, as disposições previstas para as matérias submeti-das à apreciação do Plenário da Câmara. (Parágrao com redação dada pela Resolução

nº 58, de 1994.)§ 2º As atribuições contidas nos incisos V e XII do caput não excluem a iniciativaconcorrente de deputado.

Comentários

O art. 24 do RICD é de grande importância para o entendimento do processo legis-lativo, já que dispõe sobre as competências das comissões. Para melhor entendimento da

matéria, passemos a analisar alguns dispositivos sobre o reerido artigo.Inicialmente, vale ressaltar que as competências descritas se reerem, em regra, às co-

missões permanentes e às especiais. Relativamente a estas, destacamos a mencionada no

Page 165: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 165/441

Capítulo VI

167

art. 34, II, do RICD (CESP criada para emitir parecer em substituição a mais de trêscomissões de mérito).

Assim, compete às comissões discutir e votar proposições sujeitas à deliberação do

Plenário e apreciar projetos de lei ordinária que dispensarem a competência do Plenário,o que se denomina “poder conclusivo das comissões” ou “apreciação conclusiva das comis-sões” (CF, art. 58, § 2º, I, e RICD, art. 24, II). Sobre esse assunto, dedicamos comentáriosà aula 10 do capítulo II.

As alíneas do inciso II do art. 24 do RICD relacionam as matérias que necessaria-mente devam ser apreciadas em Plenário, ou seja, projetos de lei sobre os quais não incideo poder conclusivo das comissões. Como exemplo, citamos os projetos de iniciativa po-pular, que, pela sua singularidade, merecem ser apreciados pelo Plenário da Câmara dos

Deputados após seu exame pelas comissões da Casa. Anal, não seria razoável que projetoque obtivesse 1% (um por cento) das assinaturas do eleitorado nacional, distribuído empelo menos cinco estados (isto é, em pelo menos cinco unidades da ederação, dentre os 26estados e o Distrito Federal), com não menos de três décimos por cento (três milésimos)de subscrições em cada um deles (CF, art. 61, § 2º, e RICD, art. 252), osse debatido e

 votado apenas no âmbito das comissões. O mesmo se pode dizer em relação aos projetosde código. O Código Civil, por exemplo, trata de uma enorme diversidade de matérias,motivo pelo qual a análise do projeto que o propõe deva ser realizada pelo conjunto dedeputados ederais, e não apenas pelos membros da comissão especial criada para dar pa-

recer sobre esse projeto (arts. 34, I, e 205, § 1º).Outra importante competência das comissões reere-se à realização de audiência pú-

blica, instituto que visa à aproximação do cidadão com o Parlamento ederal. Nela, épossível reunir representantes da sociedade organizada para debater com os parlamen-tares assuntos de interesse da população. Para isso, são agendadas reuniões com vistas acolher subsídios para instruir matéria legislativa em tramitação, bem como para tratar deassuntos de interesse público relevante, mediante requerimento de qualquer membro dacomissão ou a pedido da entidade interessada (art. 255).

Cumprindo o princípio de reios e contrapesos entre os poderes da República, as co-missões podem convocar ministros de Estado (CF, art. 58, III) ou quaisquer titulares deórgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmen-te, inormações sobre assunto previamente determinado, conorme prescreve o art. 50,caput , da Constituição Federal. Além disso, o ministro de Estado pode comparecer àscomissões por sua iniciativa para expor assunto relevante de seu ministério.

Outro instrumento de scalização utilizado pelo Legislativo é o pedido escrito deinormação a ministro de Estado. Também com undamentação constitucional (art. 50,§ 2º), serve para obter inormações relevantes por escrito, importando em crime de res-ponsabilidade a recusa ou o não atendimento no prazo de trinta dias, bem como a presta-ção de inormações alsas. Os detalhes sobre esse requerimento encontram-se no art. 116do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Page 166: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 166/441

168

Curso de Regimento Interno

Com base nos mecanismos de exame previstos nos arts. 70 e 71 da ConstituiçãoFederal, cabe às comissões promover a scalização nanceira, orçamentária, contábil, ope-racional e patrimonial da União e entidades congêneres, em consonância com os trabalhos

desenvolvidos pela Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, pre- vista no art. 166, § 1º, da Constituição Federal (Comissão Mista de Orçamento).

Assim, diversos são os instrumentos de que o Legislativo se vale, por meio das comis-sões, para equilibrar o exercício do poder, evitando eventuais abusos, como a aculdade depropor a sustação dos atos normativos (regulamentações de normas jurídicas) do PoderExecutivo que excedam os limites, conorme prevê o inciso V do art. 49 da Carta Magna.

Por derradeiro, observe que a diversidade de atribuições das comissões legislativas re- vela a importância a elas atribuída pela própria Constituição Federal. Nelas, o cidadão

pode ser ouvido não apenas indiretamente, por meio de seus representantes eleitos, mastambém de orma direta, quando convidado ou convocado a participar de seus trabalhos.

AULA 4 – dAs comissõEs PErmAnEntEs – do númEro dE mEmBros

 Art. 25. O número de membros eetivos das comissões permanentes será ixadopor ato da Mesa, ouvido o Colégio de Líderes, no início dos trabalhos de cada le-gislatura. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor 

desde 1º/2/2007.)§ 1º A ixação levará em conta a composição da Casa em ace do número de co-missões, de modo a permitir a observância, tanto quanto possível, do princípio daproporcionalidade partidária e demais critérios e normas para a representação dasbancadas.§ 2º Nenhuma comissão terá mais de doze centésimos nem menos de três e meiocentésimos do total de deputados, desprezando-se a ração. (Parágrao com redaçãodada pela Resolução nº 20, de 2004.)§ 3º O número total de vagas nas comissões não excederá o da composição da

Câmara, não computados os membros da Mesa.

Comentários

A denição da quantidade de membros de cada comissão permanente é importanteprovidência a ser estabelecida no início de cada sessão legislativa. Desde 1º de evereirode 2007, essa medida ocorre quando a legislatura se inicia, valendo como base para ospróximos quatro anos. Com isso, os partidos e blocos parlamentares passam a conhecer onúmero de vagas disponíveis em cada colegiado que venham a ocupar com base nas elei-ções gerais, representando a vontade do povo.

Page 167: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 167/441

Capítulo VI

169

A quantidade de vagas leva em conta o número de comissões permanentes (nos últi-mos anos, a Câmara dos Deputados conta com vinte). Também é observado o importanteprincípio da proporcionalidade partidária, que traduz a quantidade de membros de cada

bancada. Esse undamento é tão importante que a própria Constituição Federal o esta-beleceu para reetir a vontade dos cidadãos ao votar em seus candidatos, que, necessaria-mente, são vinculados a um partido político.

Há limites de cadeiras disponíveis em cada comissão permanente. Assim, quanto aosmembros titulares, nenhuma delas pode contar com mais de doze centésimos nem menosdo que três e meio centésimos dos membros da Câmara, desprezando-se do resultado aração. Traduzindo-se em número de vagas, o cálculo resulta em:

• quantidade máxima de vagas: 12/100 x 513 = 61,56 61 vagas.

• quantidade mínima de vagas: 3,5/100 x 513 = 17,95 17 vagas.

Assim, considerando-se as vinte comissões permanentes, nenhuma delas pode contarcom mais do que 61 vagas e nem menos do que 17 lugares disponíveis a serem ocupadospelos representantes de partidos ou blocos parlamentares, na qualidade de titulares.

No cômputo total, será deduzida a quantidade de vagas da Mesa, pois, em conormidadecom o art. 14 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, a Mesa dessa Casa tem aqualidade de Comissão Diretora, não sendo possível os seus membros acumularem vagas nas

comissões permanentes, já que ocupam cargo de destaque perante o órgão dirigente.Então, o total de vagas (de titulares) disponíveis em todas as comissões permanentes é

de 506. Vejamos como se chega a esse número:

• da quantidade de membros da Câmara subtrai-se (-) a quantidade de membrosda Mesa Diretora.

• 513 - 7 = 506 vagas disponíveis nas comisses permanentes.

Vale lembrar que a dedução reerente aos membros da Mesa Diretora não inclui os

suplentes de secretário da Mesa, pois, em última análise, os suplentes de secretário não sãomembros da Mesa Diretora. Conra a aula 1 do capítulo V para rever a organização daMesa da Câmara e os impedimentos de seus membros.

Page 168: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 168/441

170

Curso de Regimento Interno

AULA 5 – dAs comissõEs PErmAnEntEs – dA distriBUição dAs vAgAs

 Art. 26. A distribuição das vagas nas comissões permanentes entre os partidos e

blocos parlamentares será organizada pela Mesa logo após a ixação da respectivacomposição numérica e mantida durante toda a legislatura. (“Caput” do artigo comredação dada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 1º Cada partido ou bloco parlamentar terá em cada comissão tantos suplentesquantos os seus membros eetivos.§ 2º Nenhum deputado poderá azer parte, como membro titular, de mais de 1(uma) comissão permanente, ressalvada a Comissão de Legislação Participativae de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. (Parágrao com redação

dada pela Resolução nº 30, de 2005.)§ 3º Ao deputado, salvo se membro da Mesa, será sempre assegurado o direi-to de integrar, como titular, pelo menos uma comissão, ainda que sem legendapartidária ou quando esta não possa concorrer às vagas existentes pelo cálculo daproporcionalidade.§ 4º As alterações numéricas que venham a ocorrer nas bancadas dos partidos oublocos parlamentares decorrentes de mudanças de iliação partidária não impor-tarão em modiicações na composição das comissões, cujo número de vagas decada representação partidária será ixado pelo resultado inal obtido nas eleições e

permanecerá inalterado durante toda a legislatura. (Parágrao com redação dada pelaResolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

Comentários

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, na condição de supervisora dos trabalhoslegislativos, é o órgão responsável pela distribuição das vagas nas comissões permanentes.Desde 1º de evereiro de 2007, essa denição será mantida durante toda a legislatura(4 anos), com o objetivo de reetir a vontade do povo ao eleger seus representantes, ini-bindo-se desliações partidárias que desvirtuem esse propósito. Até 31/1/2007 vigorou aprevisão de que a distribuição de vagas seria procedida em cada sessão legislativa.

Para substituir o membro ausente em eventuais altas, o Regimento Interno da Câmarados Deputados estabeleceu que a mesma quantidade de membros titulares das comissões éreservada a membros suplentes de cada partido ou bloco parlamentar que se aça represen-tar na Câmara. Assim, ressalvada a titularidade acumulativa na Comissão de LegislaçãoParticipativa e na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, se

uma determinada agremiação partidária or composta por cinco deputados ederais – enão ocupar cargo na Mesa –, a bancada tem direito a ocupar cinco vagas como titulardistribuídas em tantas comissões permanentes quantas lhe couber participação, bem comoazer cinco indicações para as respectivas suplências.

Page 169: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 169/441

Capítulo VI

171

Para evitar que os deputados se multipliquem como membros titulares em diversascomissões, muitas vezes sobrecarregando as suas próprias atribuições, o RICD apenaspermitiu, de maneira excepcional, o acúmulo, como membro titular, nas comissões de

Legislação Participativa e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Nacondição de suplente, não há limitação para a participação dos deputados.

Considerando-se a importância do exercício parlamentar no âmbito das comissões,o Regimento Interno assegura ao deputado o direito de ocupar pelo menos uma vaganas comissões permanentes, mesmo que o representante esteja momentaneamente semliação partidária. Isso garante ao parlamentar a deesa de suas teses, mediante o voto, nacomissão em que se az presente como membro titular.

Desde 1º de evereiro de 2007, caso ocorram mudanças na quantidade de parlamenta-

res nas bancadas de partido ou bloco parlamentar em decorrência de desliação partidária,as vagas nas comissões permanentes não serão aetadas até que se inicie nova legislatura.Assim, as mobilidades que ocorrerem em virtude de mudança partidária não terão reper-cussão imediata na quantidade de vagas por partido ou bloco parlamentar. Porém, nostermos do art. 23 do RICD, o deputado que se desvincular de sua bancada perde automa-ticamente o direito à vaga que ocupava em razão dela, ainda que exerça cargo de naturezaeletiva. Trata-se de dispositivo que visa valorizar a delidade partidária, apenando os re-presentantes que não permaneceram na agremiação pela qual disputou o pleito eleitoral.Até 31/1/2007, as modicações prevaleciam a partir da sessão legislativa seguinte.

AULA 6 – dAs comissõEs PErmAnEntEs – dA rEPrEsEntAção nUméricA

 Art. 27. A representação numérica das bancadas em cada comissão será estabeleci-da com a divisão do número de membros do partido ou bloco parlamentar, aeridona orma do § 4º do art. 8º deste Regimento, pelo quociente resultante da divisãodo número de membros da Câmara dos Deputados pelo número de membros dacomissão; o inteiro do quociente assim obtido, denominado quociente partidário,

representará o número de lugares a que o partido ou bloco parlamentar poderáconcorrer na comissão. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 34, de 

 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 1º As vagas que sobrarem, uma vez aplicado o critério do caput , serão destinadasaos partidos ou blocos parlamentares, levando-se em conta as rações do quocientepartidário, da maior para a menor.

Page 170: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 170/441

172

Curso de Regimento Interno

§ 2º Se veri icado, após aplicados os critérios do caput e do parágrao anterior, quehá partido ou bloco parlamentar sem lugares suicientes nas comissões para a sua

bancada, ou deputado sem legenda partidária, observar-se-á o seguinte:I – a Mesa dará quarenta e oito horas ao partido ou bloco parlamentar nessa con-dição para que declare sua opção por obter lugar em comissão em que não estejaainda representado;II – havendo coincidência de opções terá preerência o partido ou bloco parlamen-tar de maior quociente partidário, conorme os critérios do caput e do parágraoantecedente;III – a vaga indicada será preenchida em primeiro lugar;IV – só poderá haver o preenchimento de segunda vaga decorrente de opção, na

mesma comissão, quando em todas as outras já tiver sido preenchida uma primeira vaga, em idênticas condições;V – atendidas as opções do partido ou bloco parlamentar, serão recebidas as dosdeputados sem legenda partidária;VI – quando mais de um deputado optante escolher a mesma comissão, terá pree-rência o mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.§ 3º Após o cumprimento do prescrito no parágrao anterior, proceder-se-á à dis-tribuição das demais vagas entre as bancadas com direito a se azer representar nacomissão, de acordo com o estabelecido no caput , considerando-se para eeito decálculo da proporcionalidade o número de membros da comissão diminuído detantas unidades quantas as vagas preenchidas por opção.

Comentários

Após o estabelecimento da quantidade de vagas em cada comissão permanente(art. 26), o passo seguinte reere-se à xação do número de assentos que cada representa-

ção partidária (partidos ou blocos parlamentares) tem direito a ocupar, com base no prin-cípio da proporcionalidade partidária. Esse procedimento oi realizado nos quatro anos da52º Legislatura (1º/2/2003 a 31/1/2007), de acordo com as regras em vigor até 31/1/2007.Na legislatura seguinte, tal procedimento passou a ser promovido de acordo com as alte-rações propostas pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º de evereiro de 2007.Assim, para a xação do número de membros de cada partido ou bloco parlamentar nascomissões a partir da 53ª Legislatura (1º/2/2007 a 31/1/2011), realizar-se-á um cálculomatemático, com base no resultado nal das eleições proclamado pela ustiça Eleitoral,desconsiderando-se as mudanças decorrentes de liação partidária posteriores a esse ato.

Para se calcular o número de vagas a que cada representação partidária tem direito,primeiramente divide-se o número de membros da Câmara dos Deputados (513) pelo nú-mero de membros de cada comissão permanente. A título de exemplicação, suponhamosdeterminada comissão que preveja a ocupação de trinta vagas para os titulares.

Page 171: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 171/441

Capítulo VI

173

1º Cálculo: 513/30 = 17,1

Para completar o exemplo, imaginemos a seguinte distribuição partidária na Câmarados Deputados:

Nomenclatura da Representação Partidária Quantidade de Membros

Partido X 200Partido Y 80Partido Z 70

Bloco Parlamentar A/B 60Partido C 50Partido D 40

Partido E 10Partido F 3 TOTAL 513

Ao se dividir a quantidade de parlamentares da maior bancada partidária da Câmarados Deputados (Partido X) pelo quociente da operação anterior, obtém-se o seguinteresultado:

2º Cálculo: Partido X/17,1 = 200/17,1 = 11,69O inteiro do quociente assim obtido (quociente nal), no caso ilustrado, é igual a onze,

denomina-se quociente partidário e representa a quantidade de vagas que, pelo menosinicialmente, o Partido X tem direito na comissão, ou seja, 11 vagas.

Assim, a reerida operação matemática deve ser realizada com todos os partidos ou blo-cos parlamentares para cada comissão, separadamente. Para rmar o entendimento, vejamosno reerido exemplo a quantidade de vagas a que tem direito o Bloco Parlamentar A/B.

Bloco Parlamentar A/B = 60/17,1 = 3,50

17,1

Assim, o reerido bloco terá direito a ocupar pelo menos três vagas na comissão esco-lhida como exemplo.

Em conormidade com o § 1º do art. 27, as vagas que sobrarem, após a aplicação dodisposto no caput  do reerido artigo, serão distribuídas às representações partidárias damaior para a menor ração do quociente partidário. Assim, após o estabelecimento docálculo para todos os partidos e blocos, na hipótese de sobrar uma vaga, o Partido X ocu-

paria a vaga em relação ao Bloco Parlamentar A/B, uma vez que a ração 0,69 é maior doque 0,50. Nesse caso, o Partido X teria direito a ocupar doze vagas com titulares e igualnúmero de suplentes.

Page 172: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 172/441

174

Curso de Regimento Interno

No nal, aplicados todos os critérios do art. 27 do RICD, o número total de vagas detodas as comissões permanentes (membros titulares) deve somar 506, que é o resultadodo total de membros da Casa subtraído da quantidade de vagas na Mesa Diretora, assim:

513 - 7 = 506.Vale lembrar que todos os deputados ederais, com exceção dos membros da Mesa Di-

retora, têm direito a ocupar, como membro titular, pelo menos uma comissão permanentepara que possa estar habilitado a exercer o mandato em toda sua plenitude, já que essescolegiados exercem relevante papel no exercício do Poder Legislativo.

Recomendamos que o leitor aproveite a oportunidade para calcular as quantidades de vagas que as demais representações partidárias ocupariam com base no exemplo apresentado.

AULA 7 – dAs comissõEs PErmAnEntEs – dA indicAção E dEsignAção dos mEmBros

 Art. 28. Deinida, na 1ª (primeira) sessão legislativa de cada legislatura, a repre-sentação numérica dos partidos e dos blocos parlamentares nas comissões, os líde-res comunicarão à Presidência, no prazo de 5 (cinco) sessões, os nomes dos mem-bros das respectivas bancadas que, como titulares e suplentes, as integrarão; esseprazo contar-se-á, nas demais sessões legislativas, do dia de início dessas. (“Caput” 

do artigo com redação dada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 1º O presidente ará, de oício, a designação se, no prazo ixado, a liderança nãocomunicar os nomes de sua representação para compor as comissões, nos termosdo § 3º do art. 45.§ 2º untamente com a composição nominal das comissões, o presidente mandarápublicar no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia a con-

 vocação destas para eleger os respectivos presidentes e vice-presidentes, na ormado art. 39.

Comentários

Uma vez denida a participação de cada partido ou bloco parlamentar nas comissões,os líderes partidários providenciam a indicação dos nomes de sua bancada que devemocupar os lugares destinados à respectiva agremiação. Essa é uma prerrogativa coneridaao líder, em conormidade com o inciso VI do art. 10 do Regimento Interno da Câmarados Deputados. Para isso, o líder dispõe do prazo de cinco sessões para revelar os nomesescolhidos por ele.

Para não retardar o início dos trabalhos das comissões, o presidente designa os mem-bros das representações caso o líder não cumpra a determinação no prazo estabelecidoregimentalmente. Essa providência tem como nalidade permitir que os trabalhos dos

Page 173: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 173/441

Capítulo VI

175

colegiados sejam iniciados, não dependendo, nesse caso, do atraso da indicação pelo líderpartidário.

Para dar publicidade a essa importante providência no âmbito das comissões, são pu-

blicados no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia os nomes dosmembros de cada comissão, bem como a denição da data em que serão escolhidos osdirigentes desses órgãos (presidente e três vice-presidentes).

AULA 8 – dAs sUBcomissõEs E tUrmAs

  Art. 29. As comissões permanentes poderão constituir, sem poder decisório:(“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)

I – subcomissões permanentes, dentre seus próprios componentes e mediante pro-posta da maioria destes, reservando-lhes parte das matérias do respectivo campotemático ou área de atuação; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)II – subcomissões especiais, mediante proposta de qualquer de seus membros, parao desempenho de atividades especíicas ou o trato de assuntos deinidos no respec-tivo ato de criação.§ 1º Nenhuma comissão permanente poderá contar com mais de três subcomis-sões permanentes e de três subcomissões especiais em uncionamento simultâ-neo. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)§ 2º O plenário da comissão ixará o número de membros de cada subcomissão,respeitando o princípio da representação proporcional, e deinirá as matérias re-servadas a tais subcomissões, bem como os objetivos das subcomissões especiais.(Parágrao com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)§ 3º No uncionamento das subcomissões aplicar-se-ão, no que couber, as dispo-sições deste Regimento relativas ao uncionamento das comissões permanentes.(Parágrao com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)

 Art. 30. As comissões permanentes que não constituírem subcomissões perma-nentes poderão ser divididas em duas turmas, excluído o presidente, ambas sempoder decisório.§ 1º Presidirá à turma um vice-presidente da comissão, substituindo-o o membromais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.§ 2º Os membros de uma turma são suplentes preerenciais da outra, respeitada aproporcionalidade partidária.§ 3º As turmas poderão discutir os assuntos que lhes orem distribuídos, desde quepresente mais da metade dos seus membros.

 Art. 31. A matéria apreciada em subcomissão permanente ou especial ou por turmaconcluirá por um relatório, sujeito à deliberação do plenário da respectiva comissão.

Page 174: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 174/441

176

Curso de Regimento Interno

Comentários

Os dispositivos reerentes aos arts. 29 a 31 tratam das divisões das comissões em sub-comissões e turmas, “subórgãos” que visam estudar matérias especícas do campo temático

de cada comissão.As subcomissões podem ser permanentes e especiais, ambas sem poder decisório, o

que signica que as matérias nelas debatidas devem ser levadas à reunião da respectivacomissão para que sejam deliberadas (aprovadas ou rejeitadas).

Para a criação de uma subcomissão permanente é necessário que a maioria dos mem-bros das comissões apresentem a proposta. A razão de sua criação deve ser vinculada amatérias de seu respectivo campo temático.

 á as subcomissões especiais podem ser propostas por qualquer de seus membros para

o desempenho de atividades especícas ou a apreciação de assuntos denidos no ato desua criação.

Não podem ser criadas mais do que três subcomissões permanentes e três subcomis-sões especiais para uncionamento simultâneo. A razão dessa limitação é evitar a diluiçãodos trabalhos da comissão, subtraindo o oco legislativo desta.

No caso de não ser constituída nenhuma subcomissão permanente nas comissões per-manentes, poderão ser criadas duas turmas, ambas sem poder decisório.

Esses “subórgãos” apresentarão relatório com as conclusões reerente ao assunto por

eles apreciado, o qual sujeitar-se-á à deliberação do plenário da respectiva comissão, já queesses organismos não detêm autonomia decisória.

AULA 9 – dAs mAtériAs oU AtividAdEs dE comPEtênciA dAs comissõEs

 Art. 32. São as seguintes as comissões permanentes e respectivos campos temáti-cos ou áreas de atividade:I – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural:

a) política agrícola e assuntos atinentes à agricultura e à pesca proissional,destacadamente:

1 – organização do setor rural; política nacional de cooperativismo;condições sociais no meio rural; migrações rural-urbanas;

2 – estímulos iscais, inanceiros e creditícios à agricultura, à pesquisae experimentação agrícolas;

3 – política e sistema nacional de crédito rural;4 – política e planejamento agrícola e política de desenvolvimento tec-

nológico da agropecuária; extensão rural;5 – seguro agrícola;

Page 175: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 175/441

Capítulo VI

177

6 – política de abastecimento, comercialização e exportação de produ-tos agropecuários, marinhos e da aquicultura;

7 – política de eletriicação rural;8 – política e programa nacional de irrigação;9 – vigilância e deesa sanitária animal e vegetal;

10 – padronização e inspeção de produtos vegetais e animais;11 – padronização, inspeção e iscalização do uso de deensivos agrotó-

 xicos nas atividades agropecuárias;12 – política de insumos agropecuários;13 – meteorologia e climatologia;

b) política e questões undiárias; reorma agrária; justiça agrária; direito

agrário, destacadamente:1 – uso ou posse temporária da terra; contratos agrários;2 – colonização oicial e particular;3 – regularização dominial de terras rurais e de sua ocupação;4 – aquisição ou arrendamento de imóvel rural por pessoas ísicas ou

 jurídicas estrangeiras e na aixa de ronteira;5 – alienação e concessão de terras públicas;

II – Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional:a) assuntos relativos à região amazônica, especialmente:

1 – integração regional e limites legais;2 – valorização econômica;3 – assuntos indígenas;4 – caça, pesca, auna e lora e sua regulamentação;5 – exploração dos recursos minerais, vegetais e hídricos;6 – turismo;7 – desenvolvimento sustentável;

b) desenvolvimento e integração da região amazônica; planos regionais de

desenvolvimento econômico e social; incentivo regional da Amazônia;c) desenvolvimento e integração de regiões; planos regionais de desenvolvi-

mento econômico e social; incentivos regionais;d) planos nacionais e regionais de ordenação do território e de organização

político-administrativa;e) assuntos de interesse ederal nos municípios, estados, territórios e no Dis-

trito Federal;) sistema nacional de deesa civil; política de combate às calamidades;g) migrações internas;

Page 176: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 176/441

178

Curso de Regimento Interno

III – Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Inormática:a) desenvolvimento cientíico e tecnológico; política nacional de ciência e

tecnologia e organização institucional do setor; acordos de cooperaçãocom outros países e organismos internacionais;b) sistema estatístico, cartográico e demográico nacional;c) os meios de comunicação social e a liberdade de imprensa;d) a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão;e) assuntos relativos a comunicações, telecomunicações, inormática, tele-

mática e robótica em geral;) indústrias de computação e seus aspectos estratégicos;g) serviços postais, telegráicos, teleônicos, de telex, de radiodiusão e de

transmissão de dados;h) outorga e renovação da exploração de serviços de radiodiusão sonora e de

sons e imagens;i) política nacional de inormática e automação e de telecomunicações;j) regime jurídico das telecomunicações e inormática;

IV – Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania:a) aspectos constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa

de projetos, emendas ou substitutivos sujeitos à apreciação da Câmara oude suas comissões;

b) admissibilidade de proposta de emenda à Constituição;c) assunto de natureza jurídica ou constitucional que lhe seja submetido, em

consulta, pelo presidente da Câmara, pelo Plenário ou por outra comis-são, ou em razão de recurso previsto neste Regimento;

d) assuntos atinentes aos direitos e garantias undamentais, à organização doEstado, à organização dos poderes e às unções essenciais da ustiça;

e) matérias relativas a direito constitucional, eleitoral, civil, penal, peniten-ciário, processual, notarial;

) partidos políticos, mandato e representação política, sistemas eleitorais eeleições;

g) registros públicos;h) desapropriações;i) nacionalidade, cidadania, naturalização, regime jurídico dos estrangei-

ros; emigração e imigração;j) intervenção ederal;l) uso dos símbolos nacionais;

m) criação de novos estados e territórios; incorporação, subdiv isão ou des-

membramento de áreas de estados ou de territórios;n) transerência temporária da sede do governo;o) anistia;

Page 177: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 177/441

Capítulo VI

179

p) direitos e deveres do mandato; perda de mandato de deputado, nas hipó-teses dos incisos I, II e VI do art. 55 da Constituição Federal; pedidos de

licença para incorporação de deputados às Forças Armadas;q) redação do vencido em Plenário e redação inal das proposições em geral;V – Comissão de Deesa do Consumidor:

a) economia popular e repressão ao abuso do poder econômico;b) relações de consumo e medidas de deesa do consumidor;c) composição, qualidade, apresentação, publicidade e distribuição de bens e

serviços;VI – Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio:

a) matérias atinentes a relações econômicas internacionais;

b) assuntos relativos à ordem econômica nacional;c) política e atividade industrial, comercial e agrícola; setor econômico ter-

ciário, exceto os serviços de natureza inanceira;d) sistema monetário; moeda; câmbio e reservas cambiais;e) comércio exterior; políticas de importação e exportação em geral; acordos

comerciais, tarias e cotas;) atividade econômica estatal e em regime empresarial; programas de pri-

 vatização; monopólios da União;g) proteção e beneícios especiais temporários, exceto os de natureza inan-

ceira e tributária, às empresas brasileiras de capital nacional;h) cooperativismo e outras ormas de associativismo na atividade econômi-

ca, exceto quando relacionados com matéria própria de outra comissão;i) regime jurídico das empresas e tratamento preerencial para microempre-

sas e para empresas de pequeno porte;j) iscalização e incentivo pelo Estado às atividades econômicas; diretrizes e

bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado; planosnacionais e regionais ou setoriais;

l) matérias relativas a direito comercial, societário e alimentar; direitoeconômico;

m) propriedade industrial e sua proteção;n) registro de comércio e atividades ains;o) políticas e sistema nacional de metrologia, normalização e qualidade

industrial;VII – Comissão de Desenvolvimento Urbano:

a) assuntos atinentes a urbanismo e arquitetura; política e desenvolvimentourbano; uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; habitação e siste-

ma inanceiro da habitação; transportes urbanos; inraestrutura urbana esaneamento ambiental;

Page 178: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 178/441

180

Curso de Regimento Interno

b) matérias relativas a direito urbanístico e a ordenação jurídico-urbanísticado território; planos nacionais e regionais de ordenação do território e da

organização político-administrativa;c) política e desenvolvimento municipal e territorial;d) matérias reerentes ao direito municipal e edílico;e) regiões metropolitanas, aglomerações urbanas, regiões integradas de de-

senvolvimento e microrregiões;VIII – Comissão de Direitos Humanos e Minorias:

a) recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas a ameaça ou violação de direitos humanos;

b) iscalização e acompanhamento de programas governamentais relativos à

proteção dos direitos humanos;c) colaboração com entidades não governamentais, nacionais e internacio-

nais, que atuem na deesa dos direitos humanos;d) pesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e

no mundo, inclusive para eeito de divulgação pública e ornecimento desubsídios para as demais comissões da Casa;

e) assuntos reerentes às minorias étnicas e sociais, especialmente aos índiose às comunidades indígenas; regime das terras tradicionalmente ocupadaspelos índios;

) preservação e proteção das culturas populares e étnicas do país;IX – Comissão de Educação e Cultura:

a) assuntos atinentes à educação em geral; política e sistema educacional,em seus aspectos institucionais, estruturais, uncionais e legais; direito daeducação; recursos humanos e inanceiros para a educação;

b) desenvolvimento cultural, inclusive patrimônio histórico, geográico, ar-queológico, cultural, artístico e cientíico; acordos culturais com outrospaíses;

c) direito de imprensa, inormação e maniestação do pensamento e expres-são da atividade intelectual, artística, cientíica e de comunicação;

d) produção intelectual e sua proteção, direitos autorais e conexos;e) gestão da documentação governamental e patrimônio arquivístico nacional;) diversões e espetáculos públicos; datas comemorativas e homenagens

cívicas; X – Comissão de Finanças e Tributação:

a) sistema inanceiro nacional e entidades a ele vinculadas; mercado inan-ceiro e de capitais; autorização para uncionamento das instituições i-

nanceiras; operações inanceiras; crédito; bolsas de valores e de mercado-rias; sistema de poupança; captação e garantia da poupança popular;

Page 179: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 179/441

Capítulo VI

181

b) sistema inanceiro da habitação;c) sistema nacional de seguros privados e capitalização;

d) títulos e valores mobiliários;e) regime jurídico do capital estrangeiro; remessa de lucros;) dívida pública interna e externa;g) matérias inanceiras e orçamentárias públicas, ressalvada a competência

da comissão mista permanente a que se reere o art. 166, § 1º, da Cons-tituição Federal; normas gerais de direito inanceiro; normas gerais delicitação e contratação, em todas as modalidades, para a administraçãopública direta e indireta, incluídas as undações instituídas e mantidaspelo poder público;

h) aspectos inanceiros e orçamentários públicos de quaisquer proposiçõesque importem aumento ou diminuição da receita ou da despesa pública,quanto à sua compatibilidade ou adequação com o plano plurianual, a leide diretrizes orçamentárias e o orçamento anual;

i) ixação da remuneração dos membros do Congresso Nacional, do presi-dente e do vice-presidente da República, dos ministros de Estado e dosmembros da magistratura ederal;

j) sistema tributário nacional e repartição das receitas tributárias; normasgerais de direito tributário; legislação reerente a cada tributo;

l) tributação, arrecadação, iscalização; paraiscalidade; empréstimos com-pulsórios; contribuições sociais; administração iscal;

 XI – Comissão de Fiscalização Financeira e Controle:a) tomada de contas do presidente da República, na hipótese do art. 51, II,

da Constituição Federal;b) acompanhamento e iscalização contábil, inanceira, orçamentária, opera-

cional e patrimonial da União e das entidades da administração direta eindireta, incluídas as sociedades e undações instituídas e mantidas pelo

poder público ederal, sem prejuízo do exame por parte das demais comis-sões nas áreas das respectivas competências e em articulação com a comis-são mista permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal;

c) planos e programas de desenvolvimento nacional ou regional, após exa-me, pelas demais comissões, dos programas que lhes disserem respeito;

d) representações do Tribunal de Contas solicitando sustação de contratoimpugnado ou outras providências a cargo do Congresso Nacional, ela-borando, em caso de parecer avorável, o respectivo projeto de decretolegislativo (Constituição Federal, art. 71, § 1º);

e) exame dos relatórios de atividades do Tribunal de Contas da União(Constituição Federal, art. 71, § 4º);

Page 180: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 180/441

182

Curso de Regimento Interno

) requisição de inormações, relatórios, balanços e inspeções sobre as con-tas ou autorizações de despesas de órgãos e entidades da administração

ederal, diretamente ou por intermédio do Tribunal de Contas da União; XII – Comissão de Legislação Participativa:a) sugestões de iniciativa legislativa apresentadas por associações e órgãos

de classe, sindicatos e entidades organizadas da sociedade civil, excetopartidos políticos;

b) pareceres técnicos, exposições e propostas oriundas de entidades cientíi-cas e culturais e de qualquer das entidades mencionadas na alínea a desteinciso;

 XIII – Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável:

a) política e sistema nacional do meio ambiente; direito ambiental; legisla-ção de deesa ecológica;

b) recursos naturais renováveis; lora, auna e solo; edaologia e deserti icação;c) desenvolvimento sustentável;

 XIV – Comissão de Minas e Energia:a) políticas e modelos mineral e energético brasileiros;b) a estrutura institucional e o papel dos agentes dos setores mineral e

energético;c) ontes convencionais e alternativas de energia;d) pesquisa e exploração de recursos minerais e energéticos;e) ormas de acesso ao bem mineral; empresas de mineração;) política e estrutura de preços de recursos energéticos;g) comercialização e industrialização de minérios;h) omento à atividade mineral;i) regime jurídico dos bens minerais e dos recursos energéticos;j) gestão, planejamento e controle dos recursos hídricos; regime jurídico de

águas públicas e particulares;

 XV – Comissão de Relações Exteriores e de Deesa Nacional:a) relações diplomáticas e consulares, econômicas e comerciais, culturais e

cientíicas com outros países; relações com entidades internacionais mul-tilaterais e regionais;

b) política externa brasileira; serviço exterior brasileiro;c) tratados, atos, acordos e convênios internacionais e demais instrumentos

de política externa;d) direito internacional público; ordem jurídica internacional; nacionalida-

de; cidadania e naturalização; regime jurídico dos estrangeiros; emigra-

ção e imigração;e) autorização para o presidente ou o vice-presidente da República ausentar-

se do território nacional;

Page 181: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 181/441

Capítulo VI

183

) política de deesa nacional; estudos estratégicos e atividades de inorma-ção e contrainormação;

g) Forças Armadas e auxiliares; administração pública militar; serviço mi-litar e prestação civil alternativa; passagem de orças estrangeiras e suapermanência no território nacional; envio de tropas para o exterior;

h) assuntos atinentes à aixa de ronteira e áreas consideradas indispensáveisà deesa nacional;

i) direito militar e legislação de deesa nacional; direito marítimo, aeronáu-tico e espacial;

j) litígios internacionais; declaração de guerra; condições de armistício oude paz; requisições civis e militares em caso de iminente perigo e em tem-

po de guerra;m) outros assuntos pertinentes ao seu campo temático;

 XVI – Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado:a) assuntos atinentes à prevenção, iscalização e combate ao uso de drogas e

ao trá ico ilícito de entorpecentes ou atividades conexas;b) combate ao contrabando, crime organizado, sequestro, lavagem de di-

nheiro, violência rural e urbana;c) controle e comercialização de armas, proteção a testemunhas e vítimas de

crime, e suas amílias;d) matérias sobre segurança pública interna e seus órgãos institucionais;e) recebimento, avaliação e investigação de denúncias relativas ao crime

organizado, narcotráico, violência rural e urbana e quaisquer situaçõesconexas que aetem a segurança pública;

) sistema penitenciário, legislação penal e processual penal, do ponto de vista da segurança pública;

g) políticas de segurança pública e seus órgãos institucionais;h) iscalização e acompanhamento de programas e políticas governamentais

de segurança pública;i) colaboração com entidades não governamentais que atuem nas matérias

elencadas nas alíneas deste inciso, bem como realização de pesquisas, es-tudos e conerências sobre as matérias de sua competência;

 XVII – Comissão de Seguridade Social e Família:a) assuntos relativos à saúde, previdência e assistência social em geral;b) organização institucional da saúde no Brasil;c) política de saúde e processo de planiicação em saúde; sistema único de

saúde;

d) ações e serviços de saúde pública, campanhas de saúde pública, erradi-cação de doenças endêmicas; vigilância epidemiológica, bioestatística eimunizações;

Page 182: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 182/441

184

Curso de Regimento Interno

e) assistência médica previdenciária; instituições privadas de saúde;) medicinas alternativas;

g) higiene, educação e assistência sanitária;h) atividades médicas e paramédicas;i) controle de drogas, medicamentos e alimentos; sangue e hemoderivados;j) exercício da medicina e proissões ains; recursos humanos para a saúde;l) saúde ambiental, saúde ocupacional e inortunística; seguro de acidentes

do trabalho urbano e rural;m) alimentação e nutrição;n) indústria químico-armacêutica; proteção industrial de ármacos;o) organização institucional da previdência social do país;

p) regime geral e regulamentos da previdência social urbana, rural eparlamentar;

q) seguros e previdência privada;r) assistência oicial, inclusive a proteção à maternidade, à criança, ao ado-

lescente, aos idosos e aos portadores de deiciência;s) regime jurídico das entidades civis de inalidades sociais e assistenciais;t) matérias relativas à amília, à mulher, à criança, ao adolescente, ao idoso

e à pessoa portadora de deiciência ísica ou mental;u) direito de amília e do menor;

 XVIII – Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público:a) matéria trabalhista urbana e rural; direito do trabalho e processual do

trabalho e direito acidentário;b) contrato individual e convenções coletivas de trabalho;c) assuntos pertinentes à organização, iscalização, tutela, segurança e me-

dicina do trabalho;d) trabalho do menor de idade, da mulher e do estrangeiro;e) política salarial;

) política de emprego; política de aprendizagem e treinamento proissional;g) dissídios individual e coletivo; conlitos coletivos de trabalho; direito de

greve; negociação coletiva;h) ustiça do Trabalho; Ministério Público do Trabalho;i) sindicalismo e organização sindical; sistema de representação classista;

política e liberdade sindical;j) relação jurídica do trabalho no plano internacional; organizações interna-

cionais; convenções;l) relações entre o capital e o trabalho;

m) regulamentação do exercício das proissões; autarquias proissionais;n) organização político-administrativa da União e reorma administrativa;o) matéria reerente a direito administrativo em geral;

Page 183: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 183/441

Capítulo VI

185

p) matérias relativas ao serviço público da administração ederal direta e in-direta, inclusive undacional;

q) regime jurídico dos servidores públicos civis e militares, ativos e inativos;r) regime jurídico-administrativo dos bens públicos;s) prestação de serviços públicos em geral e seu regime jurídico;

 XIX – Comissão de Turismo e Desporto:a) política e sistema nacional de turismo;b) exploração das atividades e dos serviços turísticos;c) colaboração com entidades públicas e não governamentais nacionais e in-

ternacionais, que atuem na ormação de política de turismo;d) sistema desportivo nacional e sua organização; política e plano nacional

de educação ísica e desportiva;e) normas gerais sobre desporto; justiça desportiva;

 XX – Comissão de Viação e Transportes:a) assuntos reerentes ao sistema nacional de viação e aos sistemas de trans-

portes em geral;b) transportes aéreo, marítimo, aquaviário, erroviário, rodoviário e metro-

 viário; transporte por dutos;c) ordenação e exploração dos serviços de transportes;d) transportes urbano, interestadual, intermunicipal e internacional;e) marinha mercante, portos e vias navegáveis; navegação marítima e de ca-

botagem e a interior; direito marítimo;) aviação civil, aeroportos e inraestrutura aeroportuária; segurança e con-

trole do tráego aéreo; direito aeronáutico;g) transporte de passageiros e de cargas; regime jurídico e legislação se-

torial; acordos e convenções internacionais; responsabilidade civil dotransportador;

h) segurança, política, educação e legislação de trânsito e tráego.

Parágrao único. Os campos temáticos ou áreas de atividades de cada comissão per-manente abrangem ainda os órgãos e programas governamentais com eles rela-cionados e respectivo acompanhamento e iscalização orçamentária, sem prejuízoda competência da comissão mista permanente a que se reere o art. 166, § 1º, daConstituição Federal. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)

Comentários

O art. 32 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados dispõe sobre as nomen-claturas das comissões permanentes (vinte) e os seus respectivos campos temáticos ou áreade atividade. Nesse sentido, em regra, não pode uma comissão apreciar matéria inserida naárea de atividade de outro colegiado.

Page 184: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 184/441

186

Curso de Regimento Interno

Como exemplo, consta como competência da Comissão de Constituição e ustiça e deCidadania (CCC) proerir parecer sobre a constitucionalidade e juridicidade dos proje-tos; assim, não é permitido que a Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) delibere

sobre a inconstitucionalidade de um projeto de lei complementar. Nessa linha de raciocí-nio, tampouco pode a CCC pronunciar-se quanto ao mérito reerente à política nacionalde deesa civil, pois diz respeito a tema elencado no campo temático da CDU.

Em determinadas situações, duas ou mais comissões permanentes podem proerir pa-recer de mérito reerente à mesma matéria. É o caso, por exemplo, da CDU e da Comissãode Finanças e Tributação (CFT), cujos campos temáticos contemplam o assunto reerenteao sistema nanceiro da habitação.

 Todas as vinte comissões permanentes detêm competência para promover a scalização

orçamentária, em suas áreas temáticas, sem prejuízo da atuação da Comissão Mista de Pla-nos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, prevista no art. 166, § 1º, da Constituição Federal.

AULA 10 – dAs comissõEs tEmPoráriAs

 Art. 33. As comissões temporárias são:I – especiais;II – de inquérito;

III – externas.§ 1º As comissões temporárias compor-se-ão do número de membros que or pre- visto no ato ou requerimento de sua constituição, designados pelo presidente porindicação dos líderes, ou independentemente desta se, no prazo de quarenta e oitohoras após criar-se a comissão, não se izer a escolha.§ 2º Na constituição das comissões temporárias observar-se-á o rodízio entre asbancadas não contempladas, de tal orma que todos os partidos ou blocos parla-mentares possam azer-se representar.§ 3º A participação do deputado em comissão temporária cumprir-se-á sem preju-

ízo de suas unções em comissões permanentes.

Comentários

Este dispositivo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados dispõe sobre ascomissões temporárias, que são especiais, parlamentares de inquérito e externas. Essescolegiados são criados para apreciar determinado assunto e se extinguem ao término dalegislatura, ou antes dele, quando alcançado o m a que se destinam ou expirado o seuprazo de duração.

Dierentemente das comissões permanentes, para as quais a quantidade de membrosserá determinada no início da legislatura, as comissões temporárias compõem-se pela

Page 185: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 185/441

Capítulo VI

187

quantidade de membros prevista no ato ou requerimento de sua criação. Assim, pode serconstituída comissão parlamentar de inquérito (CPI) com vinte membros e, em outrasituação, ser criada CPI composta por trinta deputados ederais.

Da mesma maneira como ocorre com as comissões permanentes, os líderes das repre-sentações partidárias (partidos políticos ou blocos parlamentares) indicam os membros desuas agremiações para compor cada comissão temporária, e o presidente da Casa procedeà respectiva designação. Caso os líderes não enunciem – em quarenta e oito horas – quaisparlamentares devam compor os colegiados, o presidente da Mesa Diretora o ará.

O princípio da proporcionalidade partidária também deve ser observado para a com-posição dessas comissões. Assim, quanto maior or a representação, mais representativa elaserá no colegiado. Como o RICD prevê que todos os partidos devem se azer representar

nas comissões temporárias, até mesmo os partidos minoritários devem ser contempladosna orma de rodízio entre as bancadas.

Cabe ressaltar que a participação de um deputado ederal em comissão temporária écumprida sem prejuízo de sua escolha para compor comissão permanente, não havendorestrição de que ele participe, concomitantemente, de mais de uma comissão temporária.

AULA 11 – dAs comissõEs EsPEciAis

 Art. 34. As comissões especiais serão constituídas para dar parecer sobre:I – proposta de emenda à Constituição e projeto de código, casos em que sua or-ganização e uncionamento obedecerão às normas ixadas nos capítulos I e III,respectivamente, do Título VI;II – proposições que versarem matéria de competência de mais de três comissõesque devam pronunciar-se quanto ao mérito, por iniciativa do presidente da Câmara,ou a requerimento de líder ou de presidente de comissão interessada.§ 1º Pelo menos metade dos membros titulares da comissão especial reerida noinciso II será constituída por membros titulares das comissões permanentes quedeveriam ser chamadas a opinar sobre a proposição em causa.§ 2º Caberá à comissão especial o exame de admissibilidade e do mérito da propo-sição principal e das emendas que lhe orem apresentadas, observado o disposto noart. 49 e no § 1º do art. 24.

Comentários

Passemos a discorrer especicamente sobre as comissões especiais (CESPs), tipo decomissão temporária. A despeito de o art. 34 assinalar apenas três situações em que serácriada comissão especial, há seis possibilidades regimentais para a constituição dessa

Page 186: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 186/441

188

Curso de Regimento Interno

modalidade de colegiado. Nesse sentido, as CESPs podem ser constituídas com o mde emitir parecer sobre:

1º) proposta de emenda à Constituição Federal: os preceitos sobre esse tipo de pro-posição estão dispostos no art. 60 da Constituição Federal, arts. 201 a 203 do Re-gimento Interno da Câmara dos Deputados e art. 85 do Regimento Comum doCongresso Nacional (RCCN). Mais adiante explanaremos especicamente estamatéria (aula 1 do capítulo XV ), mas cabe antecipar que somente pode ser criadacomissão especial para dar parecer sobre o mérito da proposta se a matéria or ob-

 jeto de aprovação na Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania quantoà sua admissibilidade (pressupostos constitucionais) ou pelo Plenário (apreciaçãopreliminar – art. 144).

2º) projeto de código: previsto nos arts. 205 a 211 do RICD, o projeto de códigocarece de uma comissão exclusiva para tratar do assunto a que se propõe. Comoexemplo, citamos o projeto de Código Civil, que resultou na aprovação da Leinº 11.406, de 10/1/2002, a qual trata de assuntos diversos, como os direitos de a-mília, de contratos, de obrigações etc. Os prazos para a tramitação da proposiçãosão especiais, uma vez que a abrangência da matéria é muito ampla. Explicaremosessa matéria na aula 3 do capítulo XV.

3º) proposição que verse matéria de mais de três comissões de mérito: quando um

projeto de lei or distribuído pelo presidente da Câmara dos Deputados a maisde três comissões que devam se pronunciar sobre o mérito da matéria, a Câmarados Deputados cria uma comissão especialmente para apreciá-la. O objetivo dessaprovidência é evitar longos períodos de tramitação, já que a Câmara conta com

 vinte comissões permanentes. Assim, a celeridade da tramitação deve ser entendidacomo um princípio a ser alcançado pelo Poder Legislativo. Nesse caso, pelo me-nos metade dos membros titulares da comissão especial deve ser constituída pelosmembros titulares das comissões permanentes que deveriam apreciar a proposição.Essa providência visa prestigiar os membros originários das reeridas comissões.

Além dessas três situações em que, nos termos do art. 34 do RICD, serão criadascomissões especiais, existem, ainda, três casos em que tais comissões podem ser constitu-ídas: 1) para modicação ou reorma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados(art. 216); 2) em havendo processo nos crimes de responsabilidade do presidente e do

 vice-presidente da República e ministro de Estado (art. 218); e 3) quando o presidente daCâmara assim determinar (art. 17, I, m).

Em regra, cabe às comissões especiais o exame do mérito e da admissibilidade das

matérias a elas submetidas (art. 53).

Page 187: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 187/441

Capítulo VI

189

Situação Comissão Especial Previsão Regimental

1 Proposta de emenda à Constituição (PEC) Art. 34, I

2 Projeto de código Art. 34, I

3 Substituir mais de três comisses de mérito Art. 34, II

4 Modicação ou reorma do Regimento Interno Art. 216

5Crime de responsabilidade 

do pres. da República e outrosArt. 218

6 Determinação do presidente da Câmara Art. 17, I, m

AULA 12 – dAs comissõEs PArLAmEntArEs dE inQUérito

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 58. ..................................................................................................................................................................................................................................................................§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investiga-

ção próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentosdas respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo SenadoFederal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço deseus membros, para a apuração de ato determinado e por prazo certo, sendo suasconclusões, se or o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promovaa responsabilidade civil ou criminal dos inratores.........................................................................................................................................

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 35. A Câmara dos Deputados, a requerimento de um terço de seus membros,instituirá comissão parlamentar de inquérito para apuração de ato determinado epor prazo certo, a qual terá poderes de investigação próprios das autoridades judi-ciais, além de outros previstos em lei e neste Regimento.§ 1º Considera-se ato determinado o acontecimento de relevante interesse para a

 vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do país, que estiverdevidamente caracterizado no requerimento de constituição da comissão.

Page 188: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 188/441

190

Curso de Regimento Interno

§ 2º Recebido o requerimento, o presidente o mandará a publicação, desde quesatiseitos os requisitos regimentais; caso contrário, devolvê-lo-á ao autor, cabendo

desta decisão recurso para o Plenário, no prazo de cinco sessões, ouvida a Comis-são de Constituição e ustiça e de Cidadania. (Parágrao com redação adaptada àResolução nº 20, de 2004.)§ 3º A comissão, que poderá atuar também durante o recesso parlamentar, terá oprazo de cento e vinte dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação doPlenário, para conclusão de seus trabalhos.§ 4º Não será criada comissão parlamentar de inquérito enquanto estiverem un-cionando pelo menos cinco na Câmara, salvo mediante projeto de resolução com omesmo quórum de apresentação previsto no caput deste artigo.

§ 5º A comissão parlamentar de inquérito terá sua composição numérica indicadano requerimento ou projeto de criação.§ 6º Do ato de criação constarão a provisão de meios ou recursos administrativos,as condições organizacionais e o assessoramento necessários ao bom desempenhoda comissão, incumbindo à Mesa e à administração da Casa o atendimento pree-rencial das providências que a comissão solicitar.

  Art. 36. A comissão parlamentar de inquérito poderá, observada a legislaçãoespecíica:

I – requisitar uncionários dos serv iços administrativos da Câmara, bem como, emcaráter transitório, os de qualquer órgão ou entidade da administração pública di-reta, indireta e undacional, ou do Poder udiciário, necessários aos seus trabalhos;II – determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir testemunhas sob compro-misso, requisitar de órgãos e entidades da administração pública inormações edocumentos, requerer a audiência de deputados e ministros de Estado, tomar de-poimentos de autoridades ederais, estaduais e municipais, e requisitar os serviçosde quaisquer autoridades, inclusive policiais;III – incumbir qualquer de seus membros, ou uncionários requisitados dos servi-

ços administrativos da Câmara, da realização de sindicâncias ou diligências neces-sárias aos seus trabalhos, dando conhecimento prévio à Mesa;IV – deslocar-se a qualquer ponto do território nacional para a realização de inves-tigações e audiências públicas;V – estipular prazo para o atendimento de qualquer providência ou realização dediligência sob as penas da lei, exceto quando da alçada de autoridade judiciária;VI – se orem diversos os atos inter-relacionados objeto do inquérito, dizer emseparado sobre cada um, mesmo antes de inda a investigação dos demais.

Parágrao único. As comissões parlamentares de inquérito valer-se-ão, subsidiaria-mente, das normas contidas no Código de Processo Penal.

Page 189: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 189/441

Capítulo VI

191

 Art. 37. Ao termo dos trabalhos a comissão apresentará relatório circunstancia-do, com suas conclusões, que será publicado no Diário da Câmara dos Deputados e

encaminhado:I – à Mesa, para as providências de alçada desta ou do Plenário, oerecendo, con-orme o caso, projeto de lei, de decreto legislativo ou de resolução, ou indicação,que será incluída em Ordem do Dia dentro de cinco sessões;II – ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, com a cópia da docu-mentação, para que promovam a responsabilidade civil ou criminal por inraçõesapuradas e adotem outras medidas decorrentes de suas unções institucionais;III – ao Poder Executivo, para adotar as providências saneadoras de caráter disci-plinar e administrativo decorrentes do art. 37, §§ 2º a 6º, da Constituição Federal,

e demais dispositivos constitucionais e legais aplicáveis, assinalando prazo hábilpara seu cumprimento;IV – à comissão permanente que tenha maior pertinência com a matéria, à qualincumbirá iscalizar o atendimento do prescrito no inciso anterior;V – à comissão mista permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constitui-ção Federal, e ao Tribunal de Contas da União, para as providências previstas noart. 71 da mesma Carta.Parágrao único. Nos casos dos incisos II, III e V, a remessa será eita pelo presiden-te da Câmara, no prazo de cinco sessões.

Comentários

Nesta aula estudaremos as disposições reerentes às comissões parlamentares de in-quérito (CPIs), espécie de comissão temporária. Elas podem ser criadas na Câmara dosDeputados, no Senado Federal e no âmbito das duas casas legislativas, as mistas (CPMIs).

No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal prevê sua criação dispondo

dos requisitos necessários para isso. Assim, em regra, exige-se requerimento subscrito porum terço dos parlamentares da Casa, a demonstração de ato determinado e a especica-ção do prazo certo de uncionamento. Esses organismos possuem poderes de investigaçãopróprios das autoridades judiciais. Para acilitar o entendimento do que vem a ser atodeterminado, o próprio RICD o especica (art. 35, § 1º).

As casas legislativas consideram esses organismos prioritários. Tanto é assim que elaspodem uncionar durante o recesso parlamentar. Além disso, recebem atendimento pree-rencial em relação aos outros órgãos da Casa.

Não há limitação para a criação de diversas CPIs simultaneamente, mas, a partir dasexta, necessária se az a aprovação de projeto de resolução no Plenário da Câmara dosDeputados. Essa determinação visa não banalizar o instituto, pois este serve de valiosoinstrumento para apurar desvios perante a administração pública. Assim, até a criação da

Page 190: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 190/441

192

Curso de Regimento Interno

quinta CPI, basta a apresentação de requerimento com os requisitos exigidos na Consti-tuição Federal, sem a necessidade de deliberação pelos parlamentares.

Além do exercício do poder de investigação próprio das autoridades judiciais, as CPIs

têm competência para praticar os atos descritos no art. 36 do Regimento Interno daCâmara dos Deputados. Para isso, elas se utilizam, subsidiariamente, das normas do Có-digo de Processo Penal. Esclarece-se, por pertinente, haver entendimento no sentido deque as CPIs podem, por exemplo, convocar e inquirir testemunhas e indiciados, requerera quebra de sigilo bancário, scal e teleônico e convocar ministro de Estado. Quanto àslimitações (ou vedações) à atividade das CPIs, registre-se que esses colegiados não detêmcompetência para, por exemplo, determinar a prisão, salvo em agrante delito, ou a inter-ceptação teleônica (escuta).

Para que outras providências sejam tomadas após o término dos trabalhos dessas co-missões, um relatório circunstanciado nal é encaminhado aos órgãos mencionados noart. 37 do RICD. O mais comum é enviar o documento ao Ministério Público para queeste promova, se or o caso, a responsabilização civil ou criminal pelas inrações apuradaspelas CPIs, com o m de adotar as medidas decorrentes de sua unção institucional.

No que se reere ao prazo certo de uncionamento de CPI, que, de acordo com o RICD,é de cento e vinte dias, com possibilidade de prorrogação por até metade (no máximo maissessenta dias), há jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (HC 71.193-SP e HC71.193-SP) possibilitando prorrogações sucessivas, limitadas ao término da legislatura.

Para undamentar a decisão, o STF baseou-se na Lei nº 1.579, de 1952, que dispõe sobreas comissões parlamentares de inquérito. Nesse sentido, independentemente do estágioem que as investigações se encontrem, ao nal dos quatro anos de mandato parlamentar,tanto as CPIs como as demais comissões temporárias que estiverem em uncionamentoserão extintas automaticamente.

De acordo com a Questão de Ordem nº 611, de 2005, a Câmara dos Deputados proce-de à contagem do prazo de uncionamento de CPI a partir da constituição da comissão (enão de sua instalação). Para melhor compreensão do entendimento quanto à prorrogação

do prazo de uncionamento das comissões parlamentares de inquérito, transcrevemos aseguir os comentários de Santos (2006, p. 61 a 63):

“Ressalte-se que o prazo de uncionamento de CPI é de cento e vinte diasprorrogáveis por até metade. Contudo, conorme jurisprudência do Supremo

 Tribunal Federal, poderão ocorrer prorrogações sucessivas, limitadas ao térmi-no da legislatura. A esse respeito, a interpretação da Mesa é de que pode ha-

 ver várias prorrogações dentro da mesma legislatura, sendo possível, inclusive,prorrogações por prazo superior a sessenta dias. Com base em pronunciamento

do então presidente da Câmara, Dep. Aécio Neves, em resposta à Questão deOrdem nº 519/2001, a CPI do Tráco de Armas solicitou a prorrogação de seuprazo de uncionamento por cento e oitenta dias, por meio do Requerimentonº 3.143/2005, deerido pelo presidente da Câmara. (Tal deerimento pelo pre-

Page 191: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 191/441

Capítulo VI

193

sidente da CD costuma ser, ad reerendum do Plenário, nos termos do parecerda CCC, em recurso votado em Plenário no dia 12/6/2001 reerente a questãode ordem apresentada na sessão do dia 16/10/1999.) Para melhor compreensão

do assunto, transcrevemos excerto da Questão de Ordem nº 519, de 2001:‘O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O primeiro requerimento a ser votadoé o relativo à prorrogação dos trabalhos da comissão que trata da investigação eocupação de terras públicas na região Amazônica. Trata-se de proposta do ilus-tre deputado Sérgio Carvalho, que visa à prorrogação dos trabalhos da comis-são por 75 dias, a contar do dia 16 de abril passado. Se aprovado o requerimentode prorrogação pelo Plenário, essa CPI será encerrada em 75 dias, a contar dodia 16 de abril. Em seguida, será votado pedido de prorrogação da comissãoparlamentar de inquérito destinada a investigar a incidência de mortalidade

materna no Brasil. A proposta é da ilustre deputada Fátima Pelaes. É solicitadaprorrogação de 60 dias, a partir do dia 10 de maio.[...]O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela or-dem.O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, no primeiro requerimen-to de prorrogação que V.Exa. leu, havia pedido de prorrogação por 75 dias?

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Isso.O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Salvo melhor juízo, Sr. Presidente, a pror-rogação máxima, no primeiro pedido, é de 60 dias. O art. 35 do Regimento In-terno é claro quando estabelece o prazo de 120 dias, permitindo prorrogação pelametade do tempo. A metade do tempo seria de 60 dias. Então, o requerimentoestá equivocado. Não pode o requerimento propor prorrogação por 75 dias.O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Arnaldo Faria de Sá, nãose trata do primeiro pedido de prorrogação, mas, sim, do quarto pedido. Eseguimos decisão do Supremo Tribunal Federal que permite que, se aprovado

pelo Plenário, a prorrogação possa alcançar inclusive toda a legislatura. Este é omotivo da decisão desta Presidência.O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, não estou discutindoisso com V.Exa. O prazo pode ser prorrogado ad infnitum, mas de sessenta emsessenta dias. O período não pode ser superior a sessenta dias, porque o pedidoinicial de CPI é de cento e vinte dias, a prorrogação, de até metade, que sãosessenta dias. Vencidos os sessenta dias, poderá haver outros sessenta dias, se-quenciais, mas não pode ocorrer a prorrogação por setenta e cinco dias – é dissoque trata minha questão de ordem. Veja bem o que estabelece o art. 35, § 3º, doRegimento Interno: ‘A comissão, que poderá atuar também durante o recessoparlamentar, terá o prazo de cento e vinte dias, prorrogável por até metade [...]’.A metade de cento e vinte dias são sessenta.

Page 192: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 192/441

194

Curso de Regimento Interno

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Consulto a Secretaria-Geral para in-ormar V.Exa. de que esta interpretação do Regimento se reere, segundo in-terpretação da Mesa, à primeira prorrogação. No momento em que o Supremo

 Tribunal Federal emitiu sua decisão, posterior, obviamente, ao que preceitua oRegimento, outras comissões parlamentares de inquérito já tiveram seus prazosprorrogados por tempo superior a sessenta dias, conorme inorma a Mesa.Portanto, a decisão do Supremo Tribunal segundo a qual a prorrogação podeocorrer por prazo superior a sessenta dias até o limite da legislatura se sobrepõeà decisão anterior. Pelo menos, é regra regimental. No momento em que sepermite, por decisão superior do Supremo Tribunal Federal, que ela pode serprorrogada inclusive por um ano, obviamente se sobrepõe à interpretação do§ 3º do Regimento Interno. Existem precedentes, segundo o secretário-geral

da Mesa, de prorrogações por prazo superior a este.O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, respeitosamente, querorecorrer da decisão de V.Exa. porque entendo que a prorrogação de sessenta dias éactível com o Regimento. A decisão do Supremo não pode determinar condiçãomaior do que a estabelecida pelo nosso Regimento. Pode ocorrer adaptação e, aísim, sessenta mais sessenta mais sessenta. Mas não podemos, apenas lastreadosem decisão do Supremo, admitir intromissão no Regimento Interno e que essadecisão do Supremo possa prevalecer sobre o Regimento. Portanto, recorro da

decisão de V.Exa. à Comissão de Constituição e ustiça e de Redação.O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O recurso de V.Exa. vai à Comissão deConstituição e ustiça e de Redação (DCD, de 13/6/2001, p. 28524-28525).’”

Por m, é pertinente registrar que a Lei nº 10.001, de 2000, dispõe sobre a prioridadenos procedimentos a serem adotados pelo Ministério Público e por outros órgãos a res-peito das conclusões das comissões parlamentares de inquérito.

AULA 13 – dAs comissõEs E xtErnAs

 Art. 38. As comissões externas poderão ser instituídas pelo presidente da Câmara,de oício ou a requerimento de qualquer deputado, para cumprir missão temporáriaautorizada, sujeitas à deliberação do Plenário quando importarem ônus para a Casa.Parágrao único. Para os ins deste artigo, considera-se missão autorizada aquelaque implicar o aastamento do parlamentar pelo prazo máximo de oito sessões,se exercida no país, e de trinta, se desempenhada no exterior, para representar aCâmara nos atos a que esta tenha sido convidada ou a que tenha de assistir.

Page 193: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 193/441

Capítulo VI

195

Comentários

 untamente com as comissões especiais e as parlamentares de inquérito, a comissãoexterna é uma das espécies de comissão temporária. Dierentemente das demais, esta é

criada para cumprir missão autorizada, representando a Câmara nos atos a que tenha sidoconvidada ou a que tenha de assistir. Se a missão or exercida no país, o prazo máximo deaastamento do parlamentar é de oito sessões. Caso a representação seja desempenhada noexterior, o prazo limite de aastamento é de trinta sessões. A constituição dessa comissãonão precisa ser autorizada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, salvo quando acarre-tar ônus para a Casa, como o pagamento de despesas com diárias e transporte.

A título de exemplo, relacionamos as seguintes comissões externas instituídas no âm-bito da Câmara dos Deputados:

1. Comissão Externa sobre o Conito do Parque Nacional do Iguaçu;

2. Comissão Externa sobre a Chacina na Reserva Fluminense;

3. Comissão Externa sobre o Incêndio em Roraima;

4. Comissão Externa sobre o Sistema Penitenciário do Rio de aneiro;

5. Comissão Externa sobre o Assassinato de Fiscais do Ministério do Trabalho;

6. Comissão Externa sobre o Envenenamento no Zoológico de São Paulo;

7. Comissão Externa sobre o Vazamento na Indústria Cataguazes.

AULA 14 – dA PrEsidênciA dAs comissõEs, dos imPEdimEntos E dAs vAgAs

 Art. 39. As comissões terão um presidente e três vice-presidentes, eleitos por seuspares, com mandato até a posse dos novos componentes eleitos no ano subsequente,

 vedada a reeleição. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 20, de 2004.)

........................................................................................................................................§ 1º O presidente da Câmara convocará as comissões permanentes para se reuni-rem em até cinco sessões depois de constituídas, para instalação de seus trabalhose eleição dos respectivos presidente, primeiro, segundo e terceiro vice-presidentes.§ 2º Os vice-presidentes terão a designação prevista no parágrao anterior, obede-cidos, pela ordem, os seguintes critérios:I – legenda partidária do presidente;II – ordem decrescente da votação obtida.

§ 3º Serão observados na eleição os procedimentos estabelecidos no art. 7º, no quecouber.

Page 194: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 194/441

196

Curso de Regimento Interno

§ 4º Presidirá a reunião o último presidente da comissão, se reeleito deputado ou secontinuar no exercício do mandato, e, na sua alta, o deputado mais idoso, dentre

os de maior número de legislaturas.§ 5º O membro suplente não poderá ser eleito presidente ou vice-presidente dacomissão.

 Art. 40. O presidente será, nos seus impedimentos, substituído por vice-presiden-te, na sequência ordinal, e, na ausência deles, pelo membro mais idoso da comissão,dentre os de maior número de legislaturas.§ 1º Se vagar o cargo de presidente ou de vice-presidente, proceder-se-á a novaeleição para escolha do sucessor, salvo se altarem menos de três meses para otérmino do mandato, caso em que será provido na orma indicada no caput desteartigo. (Parágrao único transormado em § 1º pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)§ 2º Em caso de mudança de legenda partidária, o presidente ou vice-presidente dacomissão perderá automaticamente o cargo que ocupa, aplicando-se para o preen-chimento da vaga o disposto no § 1º deste artigo. (Parágrao acrescido pela Resoluçãonº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

 Art. 41. Ao presidente de comissão compete, além do que lhe or atribuído nesteRegimento, ou no Regulamento das Comissões:

I – assinar a correspondência e demais documentos expedidos pela comissão;II – convocar e presidir todas as reuniões da comissão e nelas manter a ordem e asolenidade necessárias;III – azer ler a ata da reunião anterior e submetê-la a discussão e votação;IV – dar à comissão conhecimento de toda a matéria recebida e despachá-la;V – dar à comissão e às lideranças conhecimento da pauta das reuniões, prevista eorganizada na orma deste Regimento e do Regulamento das Comissões;VI – designar relatores e relatores substitutos e distribuir-lhes a matéria sujeita a

parecer, ou avocá-la, nas suas altas;VII – conceder a palavra aos membros da comissão, aos líderes e aos deputados quea solicitarem;VIII – advertir o orador que se exaltar no decorrer dos debates; ( Inciso com redaçãoadaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001.)IX – interromper o orador que estiver alando sobre o vencido e retirar-lhe a pala-

 vra no caso de desobediência; X – submeter a votos as questões sujeitas à deliberação da comissão e proclamar oresultado da votação;

  XI – conceder vista das proposições aos membros da comissão, nos termos doart. 57, XVI;

 XII – assinar os pareceres, juntamente com o relator;

Page 195: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 195/441

Capítulo VI

197

 XIII – enviar à Mesa toda a matéria destinada à leitura em Plenário e à publicidade; XIV – determinar a publicação das atas das reuniões no Diário da Câmara dos

Deputados; XV – representar a comissão nas suas relações com a Mesa, as outras comissões e oslíderes, ou externas à Casa; XVI – solicitar ao presidente da Câmara a declaraçãode vacância na comissão, consoante o § 1º do art. 45, ou a designação de substitutopara o membro altoso, nos termos do § 1º do art. 44;

 XVI – solicitar ao presidente da Câmara a declaração de vacância na comissão,consoante o § 1º do art. 45, ou a designação de substituto para o membro altoso,nos termos do § 1º do art. 44;

 XVII – resolver, de acordo com o Regimento, as questões de ordem ou reclamações

suscitadas na comissão; XVIII – remeter à Mesa, no início de cada mês, sumário dos trabalhos da comissãoe, no im de cada sessão legislativa, como subsídio para a sinopse das atividades daCasa, relatório sobre o andamento e exame das proposições distribuídas à comissão;

 XIX – delegar, quando entender conveniente, aos vice-presidentes a distribuiçãodas proposições;

 XX – requerer ao presidente da Câmara, quando julgar necessário, a distribuiçãode matéria a outras comissões, observado o disposto no art. 34, II;

 XXI – azer publicar no Diário da Câmara dos Deputados e mandar aixar em qua-dro próprio da comissão a matéria distribuída, com o nome do relator, data, prazoregimental para relatar, e respectivas alterações;

 XXII – determinar o registro taquigráico dos debates quando julgá-lo necessário; XXIII – solicitar ao órgão de assessoramento institucional, de sua iniciativa ou apedido do relator, a prestação de assessoria ou consultoria técnico-legislativa ouespecializada, durante as reuniões da comissão ou para instruir as matérias sujeitasà apreciação desta.Parágrao único. O presidente poderá uncionar como relator ou relator substituto e

terá voto nas deliberações da comissão. Art. 42. Os presidentes das comissões permanentes reunir-se-ão com o Colégio deLíderes sempre que isso lhes pareça conveniente, ou por convocação do presidenteda Câmara, sob a presidência deste, para o exame e assentamento de providênciasrelativas à eiciência do trabalho legislativo.Parágrao único. Na reunião seguinte à prevista neste artigo, cada presidente comu-nicará ao plenário da respectiva comissão o que dela tiver resultado.

 Art. 43. Nenhum deputado poderá presidir reunião de comissão quando se debater

ou votar matéria da qual seja autor ou relator.Parágrao único. Não poderá o autor de proposição ser dela relator, ainda que subs-tituto ou parcial.

Page 196: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 196/441

198

Curso de Regimento Interno

 Art. 44. Sempre que um membro de comissão não puder comparecer às reuniões,deverá comunicar o ato ao seu presidente, que ará publicar em ata a escusa.

§ 1º Se, por alta de comparecimento de membro eetivo, ou de suplente preerencial,estiver sendo prejudicado o trabalho de qualquer comissão, o presidente da Câmara,a requerimento do presidente da comissão ou de qualquer deputado, designará subs-tituto para o membro altoso, por indicação do líder da respectiva bancada. § 2º Ces-sará a substituição logo que o titular, ou o suplente preerencial, voltar ao exercício.§ 3º Em caso de matéria urgente ou relevante, caberá ao líder, mediante solicitaçãodo presidente da comissão, indicar outro membro da sua bancada para substituir,em reunião, o membro ausente.

 Art. 45. A vaga em comissão veriicar-se-á em virtude de término do mandato,renúncia, alecimento ou perda do lugar.§ 1º Além do que estabelecem os arts. 57, XX, c , e 232, perderá automaticamenteo lugar na comissão o deputado que não comparecer a cinco reuniões ordináriasconsecutivas, ou a um quarto das reuniões, intercaladamente, durante a sessão le-gislativa, salvo motivo de orça maior, justiicado por escrito à comissão. A perdado lugar será declarada pelo presidente da Câmara em virtude de comunicação dopresidente da comissão.§ 2º O deputado que perder o lugar numa comissão a ele não poderá retornar na

mesma sessão legislativa.§ 3º A vaga em comissão será preenchida por designação do presidente da Câmara,no interregno de três sessões, de acordo com a indicação eita pelo líder do partidoou de bloco parlamentar a que pertencer o lugar, ou independentemente dessa co-municação, se não or eita naquele prazo.

Comentários

As comissões subordinam-se a uma direção constituída por presidente e três vice-presidentes, eleitos, anualmente, pelos membros de cada colegiado, para mandato até aposse dos novos componentes eleitos para a presidência do órgão no ano subsequente,observando-se os procedimentos para escolha dos membros da Mesa Diretora.

Pelo RICD, os vice-presidentes eleitos devem, preerencialmente, ser liados à mesmalegenda partidária do presidente. A designação de primeiro, segundo e terceiro dependedo número de votos obtidos no pleito.

Em caso de vagarem os cargos diretivos da comissão, ocorre nova eleição, salvo se al-

tarem menos de três meses para o término do mandato. Em razão da alteração promovidapela Resolução nº 20, de 2004, no caput do art. 39 (que limitava a duração do mandato a15 de evereiro do ano subsequente), não é mais possível precisar a data de término dessesmandatos. Na prática, tal encerramento ocorre no nal de evereiro ou no início de março.

Page 197: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 197/441

Capítulo VI

199

As competências do presidente da comissão são diversas, destacando-se:

1. designar relatores para elaboração de parecer: os relatores desempenham papelprimordial para o processo legislativo. São eles que, mediante a elaboração de pa-recer (art. 126), estudam a matéria em proundidade e emitem juízo de valor a sersubmetido à apreciação dos membros da comissão. Por isso mesmo, as relatoriasdas matérias são muito disputadas, pois o trabalho exercido pode determinar odestino da proposição, como a aprovação ou rejeição de seu texto. Outras ativida-des desempenhadas pelo relator serão comentadas oportunamente;

2. resolver, de acordo com o Regimento, as questões de ordem ou reclamações susci-tadas na comissão: as questões de ordem serão tratadas mais adiante nos comen-tários reerentes ao art. 95 do RICD. Trata-se de um instrumento muito utilizado

pelos parlamentares para questionarem decisões da Presidência da Casa ou doPlenário sobre a interpretação do RICD, na sua prática exclusiva ou relacionadacom a Constituição Federal. Caso a dúvida seja levantada no âmbito da comissão,compete ao seu presidente decidir, cabendo recurso ao presidente da Câmara dosDeputados (art. 57, XXI).

É interessante destacar que não há restrição para que o presidente da comissão atuecomo relator, mas este não poderá presidir a reunião quando se debater ou votar matériada qual seja autor ou relator. Essa providência visa levar à isenção da direção da comissão

na condução dos trabalhos em que esta tenha interesse direto em seu resultado. Seme-lhantemente ao caráter de imparcialidade da comissão, o autor da proposição não pode serescolhido como relator da matéria.

Sempre que ndar o mandato dos membros de determinada comissão ou houver renún-cia, alecimento ou perda do lugar, declarar-se-á vago o lugar na comissão. Caso o membrodeixe de comparecer a cinco reuniões ordinárias consecutivas ou a um quarto, intercalada-mente, durante a sessão legislativa, será declarada a perda do lugar, salvo por motivo de orçamaior, como doença que requeira a internação do parlamentar ou viagem ocial, justicada

por escrito à comissão. Também implicam perda do lugar em comissão a retenção de papéisda comissão após apelo do presidente da Câmara pela sua devolução (art. 57, XX, c ), bemcomo a desvinculação da bancada pela qual obteve o direito à vaga (art. 232).

AULA 15 – dAs rEUniõEs

 Art. 46. As comissões reunir-se-ão na sede da Câmara, em dias e horas preixados,ordinariamente de terça a quinta-eira, a partir das nove horas, ressalvadas as con-

 vocações de comissão parlamentar de inquérito que se realizarem ora de Brasília.

Page 198: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 198/441

Curso de Regimento Interno

200

§ 1º Em nenhum caso, ainda que se trate de reunião extraordinária, o seu horáriopoderá coincidir com o da Ordem do Dia da sessão ordinária ou extraordinária da

Câmara ou do Congresso Nacional.§ 2º As reuniões das comissões temporárias não deverão ser concomitantes comas reuniões ordinárias das comissões permanentes. § 3º O Diário da Câmara dosDeputados publicará, em todos os seus números, a relação das comissões permanen-tes, especiais e de inquérito, com a designação dos locais, dias e horários em que serealizarem as reuniões.§ 4º As reuniões extraordinárias das comissões serão convocadas pela respectivapresidência, de oício ou por requerimento de um terço de seus membros.§ 5º As reuniões extraordinárias serão anunciadas com a devida antecedência, de-

signando-se, no aviso de sua convocação, dia, hora, local e objeto da reunião. Alémda publicação no Diário da Câmara dos Deputados, a convocação será comunicadaaos membros da comissão por telegrama ou aviso protocolizado.§ 6º As reuniões durarão o tempo necessário ao exame da pauta respectiva, a juízoda presidência.§ 7º As reuniões das comissões permanentes das terças e quartas-eiras destinar-se-ão exclusivamente a discussão e votação de proposições, salvo se não houvernenhuma matéria pendente de sua deliberação.

 Art. 47. O presidente da comissão permanente organizará a Ordem do Dia desuas reuniões ordinárias e extraordinárias, de acordo com os critérios ixados noCapítulo IX do Título V.Parágrao único. Finda a hora dos trabalhos, o presidente anunciará a Ordem doDia da reunião seguinte, dando-se ciência da pauta respectiva às lideranças e dis-tribuindo-se os avulsos com antecedência de pelo menos vinte e quatro horas.

 Art. 48. As reuniões das comissões serão públicas, salvo deliberação em contrário.§ 1º Serão reservadas, a juízo da comissão, as reuniões em que haja matéria que

deva ser debatida com a presença apenas dos uncionários em serviço na comissãoe técnicos ou autoridades que esta convidar.§ 2º Serão secretas as reuniões quando as comissões tiverem de deliberar sobre:I – declaração de guerra, ou acordo sobre a paz;II – passagem de orças estrangeiras pelo território nacional, ou sua permanêncianele;III – (Revogado pela Resolução nº 57, de 1994.)§ 3º Nas reuniões secretas, serv irá como secretário da comissão, por designação dopresidente, um de seus membros, que também elaborará a ata.

§ 4º Só os deputados e senadores poderão assistir às reuniões secretas; os ministrosde Estado, quando convocados, ou as testemunhas chamadas a depor participarãodessas reuniões apenas o tempo necessário.

Page 199: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 199/441

Capítulo VI

201

§ 5º Deliberar-se-á, preliminarmente, nas reuniões secretas, sobre a conveniênciade os pareceres nelas assentados serem discutidos e votados em reunião pública ou

secreta, e se por escrutínio secreto. § 6º A ata da reunião secreta, acompanhada dospareceres e emendas que oram discutidos e votados, bem como dos votos apresen-tados em separado, depois de echados em invólucro lacrado, etiquetado, datadoe rubricado pelo presidente, pelo secretário e demais membros presentes, será en-

 viada ao Arquivo da Câmara com indicação do prazo pelo qual icará indisponívelpara consulta.

Comentários

Dierentemente das sessões ordinárias, que ocorrem em todos os dias úteis, as comis-sões reúnem-se, ordinariamente, de terça a quinta-eira, a partir das nove horas, na sededa Câmara dos Deputados. Para racionalizar os trabalhos, os encontros de terça e quarta-eira destinam-se exclusivamente para a apreciação das proposições, salvo se não houvermatéria nesse sentido.

O tempo de duração da reunião da comissão dependerá da pauta a ser examinada, mas,para garantir quórum nas sessões da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional,

os encontros das comissões não podem ser concomitantes com o horário reservado para aase da sessão denominada “Ordem do Dia”. Tal restrição justica-se por ser este o estágioem que a pauta é apreciada, ou seja, discutida e votada. Além disso, o horário das reuniõesdas comissões temporárias não deve ocorrer no mesmo momento das reuniões das co-missões permanentes, já que os deputados podem acumular vagas nessas modalidades decolegiados, não podendo participar, ao mesmo tempo, em mais de um encontro marcadopara o mesmo período.

Além das reuniões ordinárias, a comissão pode realizar encontros extraordinários, de- vendo a divulgação ocorrer com a antecedência necessária para que os parlamentares pos-

sam agendar suas participações, sem prejuízo de compromissos em outros órgãos.Em regra, as reuniões das comissões são públicas, podendo os interessados assistir à

participação dos deputados e convidados. Há também a possibilidade de os encontrosserem reservados ou secretos. Além dos casos em que a comissão assim delibere, a matériaa ser apreciada em reunião secreta pode dispor sobre declaração de guerra ou acordo sobrea paz, como também sobre a apreciação da passagem de orças estrangeiras pelo territórionacional ou sua permanência nele. Comparativamente às comissões, além das situaçõesprevistas para as reuniões secretas desses colegiados, os parlamentares reunir-se-ão em

sessões secretas no Plenário para discussão e votação de projeto de xação ou modicaçãodos eetivos das Forças Armadas, bem como para deliberação sobre aplicação de medidasuspensiva a deputado que se recusar a prestar o exame reerente à avaliação da capacidadecivil do parlamentar (arts. 48, § 2º; 92, parágrao único; e 237, § 1º).

Page 200: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 200/441

202

Curso de Regimento Interno

Nas reuniões secretas, o público em geral não pode assistir aos seus trabalhos, poissomente assistem a essas reuniões os parlamentares. Os ministros de Estado, quandoconvocados, e as testemunhas chamadas a depor participarão dessas reuniões apenas

durante o tempo necessário.É importante lembrar que o termo “reunião” é utilizado para os encontros das comis-

sões, da Mesa Diretora, do Colégio de Líderes, da Procuradoria Parlamentar, do Conselhode Ética e Decoro Parlamentar etc., enquanto que a palavra “sessão” é restrita ao PlenárioUlysses Guimarães, local onde devem se encontrar os 513 deputados ederais. Consulte aaula 11 do capítulo I sobre a distinção regimental do uso dos termos “sessão” e “reunião”.

Page 201: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 201/441

203

Cpítu VII 

D Tblh a Comiõ 

AULA 1 – dos trABALhos dAs comissõEs

 Art. 49. As comissões a que or distribuída uma proposição poderão estudá-la emreunião conjunta, por acordo dos respectivos presidentes, com um só relator ourelator substituto, devendo os trabalhos ser dirigidos pelo presidente mais idosodentre os de maior número de legislaturas.§ 1º Este procedimento será adotado nos casos de:I – proposição distribuída à comissão especial a que se reere o inciso II do art. 34;II – proposição aprovada, com emendas, por mais de uma comissão, a im de har-monizar o respectivo texto, na redação inal, se necessário, por iniciativa da Co-

missão de Constituição e ustiça e de Cidadania. (  Inciso com redação adaptada àResolução nº 20, de 2004.)§ 2º Na hipótese de reunião conjunta, é também acultada a designação do relator-geral e dos relatores-parciais correspondentes a cada comissão, cabendo a estesmetade do prazo concedido àquele para elaborar seu parecer. As emendas serãoencaminhadas aos relatores-parciais consoante a matéria a que se reerirem.

 Art. 50. Os trabalhos das comissões serão iniciados com a presença de, pelo me-nos, metade de seus membros, ou com qualquer número, se não houver matériasujeita a deliberação ou se a reunião se destinar a atividades reeridas no inciso III,alínea a, deste artigo, e obedecerão à seguinte ordem:I – discussão e votação da ata da reunião anterior;II – expediente:

a) sinopse da correspondência e outros documentos recebidos e da agenda dacomissão;

b) comunicação das matérias distribuídas aos relatores; ( Alínea adaptada aostermos da Resolução nº 58, de 1994.)

III – Ordem do Dia:

a) conhecimento, exame ou instrução de matéria de natureza legislativa, is-calizatória ou inormativa, ou outros assuntos da alçada da comissão;

Page 202: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 202/441

204

Curso de Regimento Interno

b) discussão e votação de requerimentos e relatórios em geral;c) discussão e votação de proposições e respectivos pareceres sujeitos à apro-

 vação do Plenário da Câmara;d) discussão e votação de projetos de lei e respectivos pareceres que dispen-

sarem a aprovação do Plenário da Câmara.§ 1º Essa ordem poderá ser alterada pela comissão, a requerimento de qualquer deseus membros, para tratar de matéria em regime de urgência, de prioridade ou detramitação ordinária, ou ainda no caso de comparecimento de ministro de Estadoou de qualquer autoridade, e de realização de audiência pública.§ 2º Para eeito do quórum de abertura, o comparecimento dos deputados verii-car-se-á pela sua presença na Casa, e do quórum de votação por sua presença no

recinto onde se realiza a reunião.§ 3º O deputado poderá participar, sem direito a voto, dos trabalhos e debates dequalquer comissão de que não seja membro.

 Art. 51. As comissões permanentes poderão estabelecer regras e condições espe-cíicas para a organização e o bom andamento dos seus trabalhos, observadas asnormas ixadas neste Regimento e no Regulamento das Comissões, bem como terrelatores e relatores substitutos previamente designados por assuntos.

Comentários

Após a distribuição das proposições pelo presidente da Câmara dos Deputados àscomissões, estas, por intermédio de seus presidentes, escolhem os relatores, abrem prazode cinco sessões para a apresentação de emendas no caso de matéria com apreciação con-clusiva e realizam reuniões para apreciarem os pareceres e debaterem outros assuntos deinteresse do colegiado.

Nesse sentido, o RICD prevê uma ordem de discussão e votação das matérias, previstano art. 50 do diploma legal. Para que a reunião seja iniciada, é necessária a presença de pelomenos metade dos membros ou, se não houver matéria a ser deliberada, qualquer quórumé suciente. Assim, se uma comissão tem cinquenta membros eetivos e em determinadareunião a pauta contemplar a discussão e votação de parecer, somente com pelo menos 25membros presentes a reunião pode ser iniciada. Alerte-se, porém, ser exigida a presençada maioria absoluta do colegiado para se proceder a qualquer votação. Contrariamente,no caso de audiência pública, o debate pode se iniciar com qualquer quantidade de par-lamentares. Para eeito de quórum de abertura, a presença do parlamentar é vericadapelo comparecimento nas dependências da Casa, e com relação à votação a requência étomada no local onde se realiza a reunião. Para isso, o art. 227, III, do RICD incumbe àpresidência da comissão o controle de presença às suas reuniões.

Page 203: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 203/441

Capítulo VII

205

Ao iniciar a reunião, a ordem seguida deve ser a prevista nos incisos I a III do art. 50 doRICD, podendo a sequência ser modicada por decisão do colegiado nos casos previstosno § 1º do reerido dispositivo, como quando do comparecimento de ministro de Estado

na comissão.É importante ressaltar que todos os deputados podem participar dos trabalhos de

qualquer comissão, mas somente os membros podem exercer o direito de voto.

AULA 2 – dos PrAzos

 Art. 52. Excetuados os casos em que este Regimento determine de orma diversa,as comissões deverão obedecer aos seguintes prazos para examinar as proposições

e sobre elas decidir:I – cinco sessões, quando se tratar de matéria em regime de urgência; ( Inciso comredação dada pela Resolução nº 58, de 1994.)II – dez sessões, quando se tratar de matéria em regime de prioridade; ( Inciso comredação dada pela Resolução nº 58, de 1994.)III – quarenta sessões, quando se tratar de matéria em regime de tramitação ordi-nária; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 58, de 1994.)IV – o mesmo prazo da proposição principal, quando se tratar de emendas apre-sentadas no Plenário da Câmara, correndo em conjunto para todas as comissões,observado o disposto no parágrao único do art. 121.§ 1º O relator disporá da metade do prazo concedido à comissão para oerecer seuparecer. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 58, de 1994.)§ 2º O presidente da comissão poderá, a requerimento undamentado do relator,conceder-lhe prorrogação de até metade dos prazos previstos neste artigo, exce-to se em regime de urgência a matéria. (Parágrao com redação dada pela Resoluçãonº 58, de 1994.)§ 3º Esgotado o prazo destinado ao relator, o presidente da comissão avocará a pro-

posição ou designará outro membro para relatá-la, no prazo improrrogável de duassessões, se em regime de prioridade, e de cinco sessões, se em regime de tramitaçãoordinária. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 58, de 1994.)§ 4º Esgotados os prazos previstos neste artigo, poderá a comissão, a requerimentodo autor da proposição, deerir sua inclusão na Ordem do Dia da reunião imediata,pendente de parecer. Caso o relator não oereça parecer até o início da discussão damatéria, o presidente designará outro membro para relatá-la na mesma reunião ouaté a seguinte. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 58, de 1994.)

Page 204: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 204/441

206

Curso de Regimento Interno

§ 5º A comissão poderá, mediante requerimento de um terço de seus membros,aprovado pela maioria absoluta da respectiva composição plenária, incluir matéria

na Ordem do Dia para apreciação imediata, independentemente do disposto nosparágraos anteriores, desde que publicada e distribuída em avulsos ou cópias. Nãohavendo parecer, o presidente designará relator para proeri-lo oralmente no curso dareunião ou até a reunião seguinte. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 58, de 1994.)§ 6º Sem prejuízo do disposto nos §§ 4º e 5º, esgotados os prazos previstos nesteartigo, o presidente da Câmara poderá, de oício ou a requerimento de qualquerdeputado, determinar o envio de proposição pendente de parecer à comissão se-guinte ou ao Plenário, conorme o caso, independentemente de interposição dorecurso previsto no art. 132, § 2º, para as reeridas no art. 24, inciso II. (Parágrao

acrescido pela Resolução nº 58, de 1994.)

Comentários

As disposições regimentais relativas a prazos são essenciais para a tramitação das ma-térias. O art. 280 dispõe sobre o assunto, indicando, por exemplo, que o prazo contadoem sessões se reere às ordinárias eetivamente realizadas. É importante não conundirprazo com interstício, já que este se reere ao tempo mínimo entre duas providênciaslegislativas, como o nal do primeiro turno e o início da discussão em segundo turno deapreciação de proposta de emenda à Constituição. Sobre prazo, conra a aula 5 do capítu-lo XVIII. Quanto a interstício, estude a aula 18 do capítulo XI.

Dependendo do regime de tramitação de uma matéria, os prazos de tramitação nascomissões podem ser de cinco, dez e quarenta sessões. Cumpre ressaltar que, enquanto atramitação reerida ocorre no âmbito das comissões, o prazo é computado em sessão ordi-nária (do Plenário) eetivamente realizada, que pode ocorrer apenas uma vez por dia útil.

Quando a proposição sem poder conclusivo, ou seja, sujeita à deliberação do Plenário,

receber emendas em Plenário, a matéria retorna às comissões pertinentes, que disporãodo mesmo prazo que lhes oi concedido para exame da proposição principal para que sejadado o parecer em relação a essas proposições acessórias. Exceção a essa regra reere-seao caso de emendas a matéria em regime de urgência, que, nos termos do art. 157, § 4º,devem ser encaminhadas às comissões competentes para, no prazo de uma sessão a contardo recebimento das emendas, emitir parecer, o qual poderá ser proerido oralmente, pormotivo justicado.

Conorme estabelecem os §§ 2º e 3º do art. 52, o relator da matéria dispõe da metade

do prazo de tramitação da proposição nas comissões para emitir o seu parecer sobre ela.O presidente da comissão pode, excepcionalmente e a pedido undamentado do relator,conceder-lhe a prorrogação por até metade do prazo que originalmente ora previsto paraemissão de seu voto, exceto no caso de matéria em regime de urgência.

Page 205: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 205/441

Capítulo VII

207

O prazo de que dispõe qualquer comissão para apresentação de parecer também podeser prorrogado. Contudo, a competência para conceder a prorrogação é do Plenário daCasa. Expressamente, não há limitação regimental que obste a concessão pelo Plenário

de prorrogação desse prazo por tempo superior à metade daquele previsto no art. 52 paraapreciação da matéria pela comissão (art. 117, VII).

Esgotados todos os prazos sem que a comissão emita e delibere sobre o seu parecer, amatéria pode ser enviada à comissão seguinte ou ao Plenário, perdendo o poder conclusivo,conorme o caso. Trata-se de penalidade dirigida à comissão que não cumpre a sua compe-tência regimental de emitir e discutir o parecer e deliberar sobre ele no prazo regimental.

AULA 3 – dA AdmissiBiLidAdE E dA APrEciAção dAs mAtériAs 

PELAs comissõEs 

 Art. 53. Antes da deliberação do Plenário, ou quando esta or dispensada, as pro-posições, exceto os requerimentos, serão apreciadas:I – pelas comissões de mérito a que a matéria estiver aeta;II – pela Comissão de Finanças e Tributação, para o exame dos aspectos inanceiroe orçamentário públicos, quanto à sua compatibilidade ou adequação com o planoplurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual, e para o examedo mérito, quando or o caso;III – pela Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, para o exame dos as-pectos de constitucionalidade, legalidade, juridicidade, regimentalidade e de técnicalegislativa, e, juntamente com as comissões técnicas, para pronunciar-se sobre o seumérito, quando or o caso; ( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)IV – pela comissão especial a que se reere o art. 34, inciso II, para pronunciar-sequanto à admissibilidade jurídica e legislativa e, quando or o caso, a compatibilidadeorçamentária da proposição, e sobre o mérito, aplicando-se em relação à mesma odisposto no artigo seguinte. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

 Art. 54. Será terminativo o parecer: (“Caput” do artigo com redação dada pela Reso-lução nº 10, de 1991.)I – da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, quanto à constitucio-nalidade ou juridicidade da matéria; ( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20,de 2004.)II – da Comissão de Finanças e Tributação, sobre a adequação inanceira ou orça-mentária da proposição;III – da comissão especial reerida no art. 34, II, acerca de ambas as preliminares.

§ 1º (Revogado pela Resolução nº 10, de 1991.)§ 2º (Revogado pela Resolução nº 10, de 1991.)

Page 206: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 206/441

208

Curso de Regimento Interno

§ 3º (Revogado pela Resolução nº 10, de 1991.)§ 4º (Revogado pela Resolução nº 10, de 1991.)

 Art. 55. A nenhuma comissão cabe maniestar-se sobre o que não or de sua atri-buição especíica.Parágrao único. Considerar-se-á como não escrito o parecer, ou parte dele, queinringir o disposto neste artigo, o mesmo acontecendo em relação às emendas ousubstitutivos elaborados com violação do art. 119, §§ 2º e 3º, desde que providareclamação apresentada antes da aprovação deinitiva da matéria pelas comissõesou pelo Plenário.

 Art. 56. Os projetos de lei e demais proposições distribuídos às comissões, con-

soante o disposto no art. 139, serão examinados pelo relator designado em seuâmbito, ou no de subcomissão ou turma, quando or o caso, para proerir parecer.§ 1º A discussão e a votação do parecer e da proposição serão realizadas pelo ple-nário da comissão.§ 2º Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações das comissõesserão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros,prevalecendo em caso de empate o voto do relator.

Comentários

O art. 53 do RICD dispõe sobre a apreciação de matérias pelas comissões, indepen-dentemente de a proposição ser sujeita ao poder conclusivo ou submetida à apreciação doPlenário da Câmara dos Deputados. Nesse sentido, a reerida legislação distingue doistipos de análise por esses colegiados: o exame de mérito e o exame de admissibilidade.Dessa orma, pode-se separar esses órgãos técnicos em dois grupos: 1) comissões cujacompetência se restringe à apreciação das proposições quanto ao exame de mérito; e 2) co-

missões incumbidas de analisar os aspectos de admissibilidade e, quando or o caso, apre-ciar também o mérito da matéria. O último grupo é composto pela Comissão de Cons-tituição e ustiça e de Cidadania (CCC); Comissão de Finanças e Tributação (CFT); ecomissão especial constituída para se pronunciar em substituição a mais de três comissõesque deveriam se pronunciar quanto ao mérito, nos termos do art. 34, II, do RICD.

O art. 54 do RICD trata do parecer terminativo, destacando a atuação da CCC, daCFT e da CESP, acima reeridas. Assim, esse parecer diz respeito às seguintes preliminares:

a) constitucionalidade ou juridicidade;

b) adequação nanceira ou orçamentária.

Page 207: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 207/441

Capítulo VII

209

É de ressaltar que:

1) o parecer da comissão especial previsto no art. 34, II, sempre incluirá o examede mérito, além da análise de admissibilidade. Note-se que essa CESP substituimais de três comissões que deveriam se pronunciar quanto ao mérito e, ainda,assume a incumbência de examinar a admissibilidade da proposição principal edas emendas que lhe orem apresentadas (art. 34, § 2º). Ademais, seu parecer seráterminativo tanto quanto à constitucionalidade ou juridicidade da matéria comosobre a adequação nanceira ou orçamentária da proposição;

2) em virtude de que toda proposição deve ser analisada quanto aos aspectos deconstitucionalidade, juridicidade, legalidade, “regimentalidade” e de técnica legis-lativa, a CCC sempre se maniestará em relação a sua admissibilidade e, quando

or o caso, incluirá em seu parecer o exame de mérito. Posto que essa comissãotambém emita opinião no que se reere à “regimentalidade”, legalidade e técnicalegislativa, seu parecer será considerado terminativo apenas quanto aos aspectosde constitucionalidade ou juridicidade da matéria;

3) A CFT, por sua vez, aprecia os aspectos nanceiros e orçamentários públicos dequaisquer proposições que importem aumento ou diminuição da receita ou dadespesa pública, quanto à sua compatibilidade ou adequação com o plano pluria-nual (PPA), a lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual

(LOA), e aprecia o mérito da proposição, quando a matéria or de seu campotemático. Com eeito, uma proposição que or despachada à CFT será analisadaquanto à admissibilidade e, quando or o caso, também quanto ao mérito. Entre-tanto, o parecer da comissão poderá concluir, com relação à admissibilidade, pela:I) adequação nanceira ou orçamentária; II) inadequação nanceira ou orçamen-tária; III) não implicação da matéria com aumento ou diminuição da receita ou dadespesa públicas, não cabendo pronunciamento quanto à adequação nanceira ouorçamentária. Neste último caso, podemos citar, como exemplos de proposiçõesque receberam parecer nesse sentido, o Projeto de Lei n° 3.536/2004, que “dispõesobre o atendimento de requisitos especícos, nas licitações para a compra demedicamentos e insumos armacêuticos”, cujo parecer da CFT consta publicadono DCD de 7/7/2006, p. 34220, Letra B, e o Projeto de Lei nº 5.456/2001, que“dispõe sobre o regime tributário, cambial e administrativo das Zonas de Proces-samento de Exportação, e dá outras providências”, cujo parecer da CFT constapublicado no DCD de 5/7/2006, p. 33940, Letra C.

A propósito, a expressão “terminativo” justica-se pela importância da decisão da co-missão, que pode encerrar – “terminar” – a tramitação da matéria, salvo recurso dirigido aoPlenário para que este decida, denitivamente, em apreciação preliminar, sobre a admissi-bilidade da matéria. Sobre esse assunto, conra as aulas 15 e 16 do capítulo XI.

Page 208: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 208/441

210

Curso de Regimento Interno

Quanto ao quórum de decisão, em consonância com o art. 47 da Constituição Federal,as deliberações das comissões são tomadas por maioria de votos, presente a maioria deseus membros (o que se denomina de maioria simples), salvo disposição constitucional

em contrário. O que dierencia o texto constitucional do regimental é a decisão em caso deempate. Nesse caso, prevalece o voto do relator nas deliberações das comissões.

AULA 4 – dAs normAs APLicávEis Aos trABALhos dAs comissõEs

 Art. 57. No desenvolvimento dos seus trabalhos, as comissões observarão as se-guintes normas:I – no caso de matéria distribuída por dependência para tramitação conjunta, cada

comissão competente, em seu parecer, deve pronunciar-se em relação a todas asproposições apensadas;II – à comissão é lícito, para acilidade de estudo, dividir qualquer matéria, distri-buindo-se cada parte, ou capítulo, a relator-parcial e relator-parcial substituto, masescolhidos relator-geral e relator-geral substituto, de modo que seja enviado à Mesaum só parecer; ( Inciso adaptado aos termos da Resolução nº 58, de 1994.)III – quando dierentes matérias se encontrarem num mesmo projeto, poderãoas comissões dividi-las para constituírem proposições separadas, remetendo-as àMesa para eeito de renumeração e distribuição;

IV – ao apreciar qualquer matéria, a comissão poderá propor a sua adoção ou a suarejeição total ou parcial, sugerir o seu arquivamento, ormular projeto dela decor-rente, dar-lhe substitutivo e apresentar emenda ou subemenda;V – é lícito às comissões determinar o arquivamento de papéis enviados à sua apre-ciação, exceto proposições, publicando-se o despacho respectivo na ata dos seustrabalhos;VI – lido o parecer, ou dispensada a sua leitura se or distribuído em avulsos, seráele de imediato submetido a discussão;

VII – durante a discussão na comissão, podem usar da palavra o autor do projeto,o relator, demais membros e líder, durante quinze minutos improrrogáveis, e, pordez minutos, deputados que a ela não pertençam; é acultada a apresentação derequerimento de encerramento da discussão após alarem dez deputados;VIII – os autores terão ciência, com antecedência mínima de três sessões, da dataem que suas proposições serão discutidas em comissão técnica, salvo se estiveremem regime de urgência;IX – encerrada a discussão, será dada a palavra ao relator para réplica, se or o caso,por vinte minutos, procedendo-se, em seguida, à votação do parecer;

Page 209: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 209/441

Capítulo VII

211

 X – se or aprovado o parecer em todos os seus termos, será tido como da comissãoe, desde logo, assinado pelo presidente, pelo relator ou relator substituto e pelos au-

tores de votos vencidos, em separado ou com restrições, que maniestem a intençãode azê-lo; constarão da conclusão os nomes dos votantes e os respectivos votos; XI – se ao voto do relator orem sugeridas alterações, com as quais ele concorde,ser-lhe-á concedido prazo até a reunião seguinte para a redação do novo texto;

 XII – se o voto do relator não or adotado pela comissão, a redação do parecer vence-dor será eita até a reunião ordinária seguinte pelo relator substituto, salvo se vencidoou ausente este, caso em que o presidente designará outro deputado para azê-lo;

 XIII – na hipótese de a comissão aceitar parecer diverso do voto do relator, o desteconstituirá voto em separado;

 XIV – para o eeito da contagem dos votos relativos ao parecer serão considerados:a) avoráveis – os “pelas conclusões”, “com restrições” e “em separado” não

divergentes das conclusões;b) contrários – os “vencidos” e os “em separado” divergentes das conclusões;

 XV – sempre que adotar parecer com restrição, o membro da comissão expressaráem que consiste a sua divergência; não o azendo, o seu voto será considerado in-tegralmente avorável;

 XVI – ao membro da comissão que pedir vista do processo, ser-lhe-á concedidaesta por duas sessões, se não se tratar de matéria em regime de urgência; quandomais de um membro da comissão, simultaneamente, pedir vista, ela será conjunta ena própria comissão, não podendo haver atendimento a pedidos sucessivos;

 XVII – os processos de proposições em regime de urgência não podem sair da co-missão, sendo entregues diretamente em mãos dos respectivos relatores e relatoressubstitutos;

 XVIII – poderão ser publicadas as exposições escritas e os resumos das orais, osextratos redigidos pelos próprios autores, ou as notas taquigrá icas, se assim enten-der a comissão;

 XIX – nenhuma irradiação ou gravação poderá ser eita dos trabalhos das comissõessem prévia autorização do seu presidente, observadas as diretrizes ixadas pela Mesa;

 XX – quando algum membro de comissão retiver em seu poder papéis a ela perten-centes, adotar-se-á o seguinte procedimento:

a) rustrada a reclamação escrita do presidente da comissão, o ato será co-municado à Mesa;

b) o presidente da Câmara ará apelo a este membro da comissão no sentidode atender à reclamação, ixando-lhe para isso o prazo de duas sessões;

c) se, vencido o prazo, não houver sido atendido o apelo, o presidente da

Câmara designará substituto na comissão para o membro altoso, por in-dicação do líder da bancada respectiva, e mandará proceder à restauraçãodos autos;

Page 210: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 210/441

212

Curso de Regimento Interno

 XXI – o membro da comissão pode levantar questão de ordem sobre a ação ouomissão do órgão técnico que integra, mas somente depois de resolvida conclusiva-

mente pelo seu presidente poderá a questão ser levada, em grau de recurso, por es-crito, ao presidente da Câmara, sem prejuízo do andamento da matéria em trâmite.

Comentários

O art. 57 do RICD é um dos dispositivos mais importantes, porque dispõe sobre osprocedimentos adotados pelas comissões. Trata-se de dispositivo entre os mais utilizadosdurante os trabalhos desses colegiados. Assim, comentaremos, a seguir, algumas disposi-

ções consideradas mais importantes.Primeiramente, ressalte-se que as proposições análogas ou conexas podem tramitar

apensadas. Os procedimentos sobre tramitação conjunta estão dispostos nos arts. 139, I,142 e 143 do RICD, e são tratados nas aulas 9, 13 e 14 do capítulo XI.

Antes de a matéria ser discutida e votada na comissão, o relator procede à sua leiturapara que os seus pares conheçam a sua posição. Na discussão, pode usar da palavra qual-quer deputado, membro ou não da comissão, mas o autor, o relator, os líderes partidários eos membros podem discursar por quinze minutos, enquanto que os demais parlamentares,

por dez minutos. Após a discussão, o relator tem direito a réplica por vinte minutos. Entreo encerramento da discussão e o início da votação, o uso da palavra pelo relator – deputadoque, em tese, dedicou mais tempo e atenção ao estudo da matéria – pode ser oportuno paratentar sanar eventuais dúvidas apontadas durante a discussão, inormar ao colegiado se aceitaou não alterações porventura sugeridas por seus pares no transcorrer dos debates, bem comorearmar seu voto (parecer), peça processual relevante, cujo escopo é subsidiar a decisão dosdemais membros do órgão técnico. Após essa ase, passa-se à votação do parecer. Na votação,o inciso XIV esclarece como o deputado pode se posicionar durante a deliberação.

O pedido de vista é um dos instrumentos mais empregados durante as reuniões. Nascomissões, trata-se de ato que visa permitir o (re)exame da matéria por duas sessões e, porconseguinte, prolonga a apreciação da proposição, salvo quando o regime de tramitaçãoor urgente, caso em que não se admite a concessão de tal pedido. No Conselho de Ética,em decorrência da promulgação da Resolução nº 2, de 2011, o prazo aplicado ao pedidode vista será contado em dias úteis (CEDP, art. 8º, § 3º). A vista pode ser solicitada pormais de um deputado ao mesmo tempo (vários pedidos simultâneos), mas não se admiteatender a pedidos sucessivos na mesma comissão. Na praxe legislativa, havendo pedido de

 vista em reunião, o presidente dos trabalhos atenta-se à maniestação dos demais mem-

bros presentes quanto a pedidos simultâneos, viabilizando a vista conjunta. Assim, após aconcessão da vista, os demais pedidos deverão ser negados.

O levantamento de questão de ordem previsto no inciso XXI é um dos meios maisimportantes para garantir o cumprimento da Constituição Federal e do Regimento Inter-

Page 211: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 211/441

Capítulo VII

213

no da Câmara dos Deputados. Nessa situação, uma decisão ou um procedimento adotadopelo colegiado ou pelo presidente da comissão podem ser revertidos em razão de questio-namento levantado pelo membro da comissão. Caso o presidente não acolha o pedido, seu

autor pode apresentar recurso dirigido ao presidente da Câmara dos Deputados, sem eei-to suspensivo, entendido este como a não interrupção da tramitação regular da matéria.

AULA 5 – dos ProcEdimEntos A sErEm AdotAdos APós o EncErrAmEnto dA APrEciAção dA mAtériA PELAs comissõEs

 Art. 58. Encerrada a apreciação conclusiva da matéria, a proposição e respectivospareceres serão mandados a publicação e remetidos à Mesa até a sessão subsequen-

te, para serem anunciados na Ordem do Dia. (“Caput” do artigo com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)§ 1º Dentro de cinco sessões da publicação reerida no caput , poderá ser apresenta-do o recurso de que trata o art. 58, § 2º, I, da Constituição Federal.§ 2º Durante a luência do prazo recursal, o avulso da Ordem do Dia de cada ses-são deverá consignar a data inal para interposição do recurso.§ 3º O recurso, dirigido ao presidente da Câmara e assinado por um décimo, pelomenos, dos membros da Casa, deverá indicar expressamente, dentre a matériaapreciada pelas comissões, o que será objeto de deliberação do Plenário. (Parágrao

com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)§ 4º Fluído o prazo sem interposição de recurso, ou improvido este, a matéria seráenviada à redação inal ou arquivada, conorme o caso.§ 5º Aprovada a redação inal pela comissão competente, o projeto de lei tornaà Mesa para ser encaminhado ao Senado Federal ou à Presidência da República,conorme o caso, no prazo de setenta e duas horas.

 Art. 59. Encerrada a apreciação, pelas comissões, da matéria sujeita à deliberaçãodo Plenário, ou na hipótese de ser provido o recurso mencionado no § 1º do artigo

anterior, a proposição será enviada à Mesa e aguardará inclusão na Ordem do Dia.

Comentários

Os arts. 58 e 59 do RICD tratam dos procedimentos a serem adotados em relação aorecurso contra o poder conclusivo das comissões, previsto no art. 58, § 2º, I, da Constitui-ção Federal, e art. 132, § 2º, do RICD, conorme comentado na aula 10 do capítulo II ena aula 2 do capítulo XI.

É interessante observar que, mesmo em se tratando de matéria em tramitação nascomissões, o prazo para interposição do recurso é publicado no avulso da Ordem do Diado Plenário e no Diário da Câmara dos Deputados para que todos os parlamentares tenham

Page 212: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 212/441

214

Curso de Regimento Interno

a oportunidade de apresentá-lo. Após o colhimento das assinaturas necessárias, o recursoé apresentado perante o Plenário.

O prazo, preclusivo, para apresentação do recurso subscrito por um décimo do total de

deputados (513/10 = 51,3 52) é de cinco sessões após a publicação do anúncio (aviso)do encerramento da apreciação conclusiva da matéria (RICD, arts. 58, caput , e 132, § 2º).A título de exemplo, citamos a tramitação do Projeto de Lei nº 1.816/1999, cujo pareceroi publicado em 8/11/2007. O reerido aviso constou no DCD do dia 12/11/2007 e oprimeiro dia de decurso do prazo oi previsto para o dia seguinte, 13/11/2007, em razãoda regra de contagem de prazo prevista no art. 280 do RICD. Findo esse período de cincosessões sem a apresentação do recurso, deve-se considerar o resultado nal da apreciaçãoconclusiva do projeto de lei: 1) se rejeitado, a matéria irá ao arquivo; 2) se aprovado, amatéria será encaminhada à redação nal e, posteriormente, com a aprovação desta, aoSenado Federal ou à Presidência da República, conorme o estágio de tramitação em quese encontre o projeto de lei ordinária no processo legislativo bicameral. Sugere-se revisara aula 2 do capítulo II caso haja dúvidas quanto ao encaminhamento da matéria aprovadapela Câmara, que pode atuar como Casa iniciadora ou revisora.

Caso o recurso seja provido em Plenário pela maioria simples dos deputados ederais,a proposição objeto do recurso estará pronta para entrar na Ordem do Dia e ser apreciadapelo Plenário da Câmara dos Deputados.

AULA 6 – dA FiscALizAção E controLE, dA sEcrEtAriA E dA AtA,E do AssEssorAmEnto

 Art. 60. Constituem atos ou atos sujeitos à iscalização e controle do CongressoNacional, de suas Casas e comissões:I – os passíveis de iscalização contábil, inanceira, orçamentária, operacional epatrimonial reerida no art. 70 da Constituição Federal;II – os atos de gestão administrativa do Poder Executivo, incluídos os da adminis-

tração indireta, seja qual or a autoridade que os tenha praticado;III – os atos do presidente e vice-presidente da República, dos ministros de Es-tado, dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do procurador-geral da Re-pública e do advogado-geral da União, que importarem, tipicamente, crime deresponsabilidade;IV – os de que trata o art. 253.

 Art. 61. A iscalização e controle dos atos do Poder Executivo, incluídos os da ad-ministração indireta, pelas comissões, sobre matéria de competência destas, obe-

decerão às regras seguintes:

Page 213: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 213/441

Capítulo VII

215

I – a proposta da iscalização e controle poderá ser apresentada por qualquer mem-bro ou deputado, à comissão, com especíica indicação do ato e undamentação da

providência objetivada;II – a proposta será relatada previamente quanto à oportunidade e conveniênciada medida e o alcance jurídico, administrativo, político, econômico, social ou or-çamentário do ato impugnado, deinindo-se o plano de execução e a metodologiade avaliação;III – aprovado pela comissão o relatório prévio, o mesmo relator icará encarregadode sua implementação, sendo aplicável à hipótese o disposto no § 6º do art. 35;IV – o relatório inal da iscalização e controle, em termos de comprovação dalegalidade do ato, avaliação política, administrativa, social e econômica de sua edi-

ção, e quanto à eicácia dos resultados sobre a gestão orçamentária, inanceira epatrimonial, atenderá, no que couber, ao que dispõe o art. 37.§ 1º A comissão, para a execução das atividades de que trata este artigo, poderásolicitar ao Tribunal de Contas da União as providências ou inormações previstasno art. 71, IV e VII, da Constituição Federal.§ 2º Serão assinados prazos não ineriores a dez dias para cumprimento das con-

  vocações, prestação de inormações, atendimento às requisições de documentospúblicos e para a realização de diligências e perícias.§ 3º O descumprimento do disposto no parágrao anterior ensejará a apuração daresponsabilidade do inrator, na orma da lei.§ 4º Quando se tratar de documentos de caráter sigiloso, reservado ou conidencial,identiicados com estas classiicações, observar-se-á o prescrito no § 5º do art. 98.

  Art. 62. Cada comissão terá uma secretaria incumbida dos serviços de apoioadministrativo.Parágrao único. Incluem-se nos serviços de secretaria:I – apoiamento aos trabalhos e redação da ata das reuniões;II – a organização do protocolo de entrada e saída de matéria;

III – a sinopse dos trabalhos, com o andamento de todas as proposições em cursona Comissão;IV – o ornecimento ao presidente da comissão, no último dia de cada mês, deinormações sucintas sobre o andamento das proposições;V – a organização dos processos legislativos na orma dos autos judiciais, com anumeração das páginas por ordem cronológica, rubricadas pelo secretário da co-missão onde oram incluídas;VI – a entrega do processo reerente a cada proposição ao relator, até o dia seguinte

à distribuição;

Page 214: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 214/441

Curso de Regimento Interno

216

VII – o acompanhamento sistemático da distribuição de proposições aos relatorese relatores substitutos e dos prazos regimentais, mantendo o presidente constante-

mente inormado a respeito;VIII – o encaminhamento, ao órgão incumbido da sinopse, de cópia da ata dasreuniões com as respectivas distribuições;IX – a organização de súmula da jurisprudência dominante da comissão, quantoaos assuntos mais relevantes, sob orientação de seu presidente;

 X – o desempenho de outros encargos determinados pelo presidente.

 Art. 63. Lida e aprovada, a ata de cada reunião da comissão será assinada pelopresidente e rubricada em todas as olhas.Parágrao único. A ata será publicada no Diário da Câmara dos Deputados, de pre-erência no dia seguinte, e obedecerá, na sua redação, a padrão uniorme de queconste o seguinte:I – data, hora e local da reunião;II – nomes dos membros presentes e dos ausentes, com expressa reerência às altas

 justiicadas;III – resumo do expediente;IV – relação das matérias distribuídas, por proposições, relatores e relatoressubstitutos;

V – registro das proposições apreciadas e das respectivas conclusões.  Art. 64. As comissões contarão, para o desempenho das suas atribuições, comassessoramento e consultoria técnico-legislativa e especializada em suas áreas decompetência, a cargo do órgão de assessoramento institucional da Câmara, nostermos de resolução especíica e do que prevê o § 1º do art. 278.

Comentários

A scalização nanceira, orçamentária, contábil, operacional e patrimonial da Uniãoe das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, eco-nomicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, é exercida pelo CongressoNacional, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno de cada poder(art. 70, caput , da Constituição Federal). É importante ressaltar que a reerida scalizaçãoabrange todos os poderes da União, inclusive o próprio Legislativo, como também o Mi-nistério Público. Para auxiliar os seus trabalhos, o Congresso Nacional conta com o auxíliodo Tribunal de Contas da União, composto por nove ministros.

Nesse sentido, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados disciplina os procedi-mentos que viabilizem o mandamento constitucional. Para isso, é prevista a apresentaçãode proposta de scalização e controle, que deve ser dirigida por qualquer deputado ederalà comissão cujo objeto seja de seu campo temático ou, em qualquer caso, à Comissão de

Page 215: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 215/441

Capítulo VII

217

Fiscalização Financeira e Controle. Nessa matéria, o RICD prevê a apresentação de rela-tório prévio e nal para instruir e implementar a scalização.

O descumprimento dos prazos assinalados para as convocações, prestação de inorma-

ções ou outras providências cabíveis importa crime de responsabilidade previsto no textoconstitucional.

Da secretaria e das atas e do assessoramento legislativo

As comissões são providas de estrutura para viabilizar a atividade parlamentar. Paraisso dispõem de corpo de servidores lotados no próprio colegiado, além de contarem comassessores e consultores técnico-legislativos e especializados. Na secretaria, o cargo ad-ministrativo de maior hierarquia é o de secretário de comissão, reservado para servidores

do quadro eetivo da Câmara. As atribuições da secretaria da comissão estão previstasno art. 62 do RICD, destacando-se que cabe à pessoa investida nesse cargo o apoio aostrabalhos e o desempenho de incumbências determinadas pelo presidente. Nesse sentido,constata-se no dia a dia legislativo que o assessoramento regimental e constitucional ine-rente ao processo legislativo é prestado por secretários, assessores e consultores.

É importante destacar que a ata de cada reunião deve reetir os trabalhos ocorridos paraque as providências dela decorrentes possam ser viabilizadas, como a convocação e o convitea representantes de entidades representativas da sociedade civil para participar de reuniões

de audiências públicas em decorrência de requerimento aprovado com esse objetivo.

Page 216: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 216/441

219

Cpítu VIII 

Da Sõ Câ 

AULA 1 – dAs sEssõEs dA câmArA

 Art. 65. As sessões da Câmara serão:I – preparatórias, as que precedem a inauguração dos trabalhos do Congresso Na-cional na primeira e na terceira sessões legislativas de cada legislatura;II – ordinárias, as de qualquer sessão legislativa, realizadas apenas uma vez por dia,em todos os dias úteis, de segunda a sexta-eira;III – extraordinárias, as realizadas em dias ou horas diversos dos preixados paraas ordinárias;IV – solenes, as realizadas para grandes comemorações ou homenagens especiais.

 Art. 66. As sessões ordinárias terão duração de cinco horas, iniciando-se às novehoras, quando convocadas para as sextas-eiras, e, nos demais dias da semana, àsquatorze horas, e constarão de: (“Caput” do artigo com redação dada pela Resoluçãonº 3, de 1991.)I – Pequeno Expediente, com duração de sessenta minutos improrrogáveis, desti-nado à matéria do expediente e aos oradores inscritos que tenham comunicação aazer; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991.)II – Grande Expediente, a iniciar-se às dez ou às quinze horas, conorme o caso,com duração improrrogável de cinquenta minutos, distribuída entre os oradoresinscritos; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 1, de 1995.)III – Ordem do Dia, a iniciar-se às onze ou dezesseis horas, conorme o caso, comduração de três horas prorrogáveis, para apreciação da pauta; (  Inciso com redaçãodada pela Resolução nº 1, de 1995.)IV – Comunicações Parlamentares, desde que haja tempo, destinadas a represen-tantes de partidos e blocos parlamentares, alternadamente, indicados pelos líderes.( Inciso com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991.)§ 1º Em qualquer tempo da sessão, os líderes dos partidos, pessoalmente e sem

delegação, poderão azer comunicações destinadas ao debate em torno de assuntosde relevância nacional. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991.)

Page 217: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 217/441

220

Curso de Regimento Interno

§ 2º O presidente da Câmara dos Deputados poderá determinar, a im de adequá-la às necessidades da Casa, que a Ordem do Dia absorva o tempo destinado aos

oradores do Grande Expediente. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 3, de 1991.)§ 3º O presidente da Câmara dos Deputados poderá não designar Ordem do Diapara sessões ordinárias, que se denominarão sessões de debates e se constituirãode Pequeno Expediente, Grande Expediente e Comunicações Parlamentares, dis-ciplinando o presidente a distribuição do tempo que corresponderia à Ordem doDia, podendo os líderes delegar a membros de suas bancadas o tempo relativo àsComunicações de Lideranças. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 3, de 1991.)§ 4º O presidente da Câmara, de oício, por proposta do Colégio de Líderes oumediante deliberação do Plenário sobre requerimento de pelo menos um décimo

dos deputados, poderá convocar períodos de sessões extraordinárias exclusivamen-te destinadas à discussão e votação das matérias constantes do ato de convocação.(Primitivo § 2º renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)§ 5º Durante os períodos de sessões a que se reere o parágrao anterior, não serãorealizadas sessões ordinárias nem uncionarão as comissões permanentes. (Primi-tivo § 3º renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)

 Art. 67. A sessão extraordinária, com duração de quatro horas, será destinada ex-clusivamente à discussão e votação das matérias constantes da Ordem do Dia.

§ 1º A sessão extraordinária será convocada pelo presidente, de oício, pelo Colégiode Líderes ou por deliberação do Plenário, a requerimento de qualquer deputado.§ 2º O presidente preixará o dia, a hora e a Ordem do Dia da sessão extraordi-nária, que serão comunicados à Câmara em sessão ou pelo Diário da Câmara dosDeputados, e, quando mediar tempo inerior a vinte e quatro horas para convoca-ção, também por via telegráica ou teleônica, aos deputados.

 Art. 68. A Câmara poderá realizar sessão solene para comemorações especiais ourecepção de altas personalidades, a juízo do presidente ou por deliberação do Ple-

nário, mediante requerimento de um décimo dos deputados ou líderes que repre-sentem este número, atendendo-se que:I – em sessão solene, poderão ser admitidos convidados à Mesa e no Plenário;II – a sessão solene, que independe de número, será convocada em sessão ou atravésdo Diário da Câmara dos Deputados e nela só usarão da palavra os oradores previa-mente designados pelo presidente;III – será admitida a realização de até duas sessões solenes, por deliberação doPlenário, a cada mês; ( Inciso acrescido pela Resolução nº 8 de 1996.)IV – para ser submetido ao Plenário, o requerimento para homenagem deverá

constar no avulso da Ordem do Dia como matéria sobre a mesa; (  Inciso acrescido pela Resolução nº 8 de 1996.)

Page 218: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 218/441

Capítulo VIII

221

V – terá preerência para deliberação do Plenário o requerimento que or apresen-tado à Mesa em primeiro lugar. ( Inciso acrescido pela Resolução nº 8 de 1996.)

§ 1º As demais homenagens serão prestadas durante a prorrogação das sessõesordinárias convocadas para as segundas e sextas-eiras e por prazo não superior atrinta minutos. Tratando-se de congressista da legislatura, chee de um dos pode-res da República ou chee de Estado estrangeiro, com o qual o Brasil mantenha re-lações diplomáticas, as homenagens poderão ser prestadas no Grande Expediente.(Parágrao único com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991, transormado em § 1º 

 pela Resolução nº 8, de 1996.)§ 2º Nas homenagens prestadas durante o Grande Expediente observar-se-á o pre-

 visto para as sessões solenes, e nas prestadas nas prorrogações das sessões atender-se-á, ainda, ao seguinte:I – só poderão ocorrer, no máximo, duas homenagens a cada mês;II – alará, por cinco minutos, além do autor, um deputado de cada partido oubloco, indicado pelo respectivo líder;III – esgotado o prazo previsto neste parágrao, a sessão será levantada, acultadoaos inscritos o direito à publicação e divulgação de seus pronunciamentos. (Pará-

 grao acrescido pela Resolução nº 8 de 1996.)

  Art. 69. As sessões serão públicas, mas excepcionalmente poderão ser secretas,quando assim deliberado pelo Plenário.

 Art. 70. Poderá a sessão ser suspensa por conveniência da manutenção da ordem,não se computando o tempo da suspensão no prazo regimental.

 Art. 71. A sessão da Câmara só poderá ser levantada, antes do prazo previsto parao término dos seus trabalhos, no caso de:I – tumulto grave;II – alecimento de congressista da legislatura, de chee de um dos poderes da Re-

pública ou quando or decretado luto oicial;III – presença nos debates de menos de um décimo do número total de deputados.

 Art. 72. O prazo da duração da sessão poderá ser prorrogado pelo presidente, deoício, ou, automaticamente, quando requerido pelo Colégio de Líderes, ou por de-liberação do Plenário, a requerimento de qualquer deputado, por tempo nunca supe-rior a uma hora, para continuar a discussão e votação da matéria da Ordem do Dia,audiência de ministro de Estado e homenagens, observado, neste último caso, o quedispõe o § 1º do art. 68. ( Numeração adaptada aos termos da Resolução nº 8, de 1996.)

Page 219: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 219/441

Curso de Regimento Interno

222

§ 1º O requerimento de prorrogação, que poderá ser apresentado à Mesa até omomento de o presidente anunciar a Ordem do Dia da sessão seguinte, será verbal,

preixará o seu prazo, não terá discussão nem encaminhamento de votação e será votado pelo processo simbólico.§ 2º O esgotamento da hora não interrompe o processo de votação, ou o de sua ve-riicação, nem do requerimento de prorrogação obstado pelo surgimento de ques-tões de ordem.§ 3º Havendo matéria urgente, o presidente poderá deerir requerimento de pror-rogação da sessão.§ 4º A prorrogação destinada à votação da matéria da Ordem do Dia só poderá serconcedida com a presença da maioria absoluta dos deputados.

§ 5º Se, ao ser requerida prorrogação de sessão, houver orador na tribuna, o presi-dente o interromperá para submeter a votos o requerimento.§ 6º Aprovada a prorrogação, não lhe poderá ser reduzido o prazo, salvo se encer-rada a discussão e votação da matéria em debate.

 Art. 73. Para a manutenção da ordem, respeito e austeridade das sessões, serãoobservadas as seguintes regras:I – só deputados e senadores podem ter assento no Plenário, ressalvado o dispostono art. 77, §§ 2º e 3º;

II – não será permitida conversação que perturbe a leitura de documento, chamadapara votação, comunicações da Mesa, discursos e debates;III – o presidente alará sentado, e os demais deputados, de pé, a não ser que isi-camente impossibilitados;IV – o orador usará da tribuna à hora do Grande Expediente, nas Comunicaçõesde Lideranças e nas Comunicações Parlamentares, ou durante as discussões, po-dendo, porém, alar dos microones de apartes sempre que, no interesse da ordem,o presidente a isto não se opuser;V – ao alar da bancada, o orador em nenhuma hipótese poderá azê-lo de costas

para a Mesa;VI – a nenhum deputado será permitido alar sem pedir a palavra e sem que opresidente a conceda, e somente após essa concessão a taquigraia iniciará o apa-nhamento do discurso;VII – se o deputado pretender alar ou permanecer na tribuna antirregimental-mente, o presidente adverti-lo-á; se, apesar dessa advertência, o deputado insistirem alar, o presidente dará o seu discurso por terminado;VIII – sempre que o presidente der por indo o discurso, os taquígraos deixarão

de registrá-lo;

Page 220: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 220/441

Capítulo VIII

223

IX – se o deputado perturbar a ordem ou o andamento regimental da sessão, opresidente poderá censurá-lo oralmente ou, conorme a gravidade, promover a apli-

cação das sanções previstas neste Regimento;  X – o deputado, ao alar, dirigirá a palavra ao presidente, ou aos deputados demodo geral;

 XI – reerindo-se, em discurso, a colega, o deputado deverá azer preceder o seunome do tratamento de senhor ou de deputado; quando a ele se dirigir, o deputadodar-lhe-á o tratamento de excelência;

 XII – nenhum deputado poderá reerir-se de orma descortês ou injuriosa a mem-bros do Poder Legislativo ou às autoridades constituídas deste e dos demais pode-res da República, às instituições nacionais, ou a chee de Estado estrangeiro com o

qual o Brasil mantenha relações diplomáticas;  XIII – não se poderá interromper o orador, salvo concessão especial deste paralevantar questão de ordem ou para aparteá-lo, e no caso de comunicação relevanteque o presidente tiver de azer;

 XIV – a qualquer pessoa é vedado umar no recinto do Plenário.

 Art. 74. O deputado só poderá alar, nos expressos termos deste Regimento:I – para apresentar proposição;II – para azer comunicação ou versar assuntos diversos, à hora do expediente ou

das Comunicações Parlamentares;III – sobre proposição em discussão;IV – para questão de ordem;V – para reclamação;VI – para encaminhar a votação;VII – a juízo do presidente, para contestar acusação pessoal à própria conduta, eitadurante a discussão, ou para contradizer o que lhe or indevidamente atribuídocomo opinião pessoal.

 Art. 75. Ao ser-lhe concedida a palavra, o deputado que, inscrito, não puder alar,entregará à Mesa discurso escrito para ser publicado, dispensando-se a leitura,observadas as seguintes normas:I – se a inscrição houver sido para o Pequeno Expediente, serão admitidos, naconormidade deste artigo, discursos que não resultem em transcrição de qualquermatéria e desde que não ultrapasse, cada um, três laudas datilograadas em espaçodois; ( Inciso com redação adaptada aos termos da Resolução nº 25 de 2001.)II – a publicação será eita pela ordem de entrega e, quando desatender às condi-ções ixadas no inciso anterior, o discurso será devolvido ao autor.

 Art. 76. Nenhum discurso poderá ser interrompido ou transerido para outra ses-são, salvo se indo o tempo a ele destinado, ou da parte da sessão em que deve serproerido, e nas hipóteses dos arts. 70, 71, 73, XIII, 79, § 3º, 82, § 2º, e 91.

Page 221: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 221/441

224

Curso de Regimento Interno

 Art. 77. No recinto do Plenário, durante as sessões, só serão admitidos os deputadose senadores, os ex-parlamentares, os uncionários da Câmara em serviço local e os

 jornalistas credenciados.§ 1º Será também admitido o acesso a parlamentar estrangeiro, desde que no res-pectivo Parlamento se adote igual medida.§ 2º Nas sessões solenes, quando permitido o ingresso de autoridades no Plenário,os convites serão eitos de maneira a assegurar, tanto aos convidados como aosdeputados, lugares determinados.§ 3º Haverá lugares na tribuna de honra reservados para convidados, membros docorpo diplomático e jornalistas credenciados.§ 4º Ao público será ranqueado o acesso às galerias circundantes para assistir às

sessões, mantendo-se a incomunicabilidade da assistência com o recinto do Plenário. Art. 78. A transmissão por rádio ou televisão, bem como a gravação das sessõesda Câmara, depende de prévia autorização do presidente e obedecerá às normasixadas pela Mesa.

Comentários

A Câmara dos Deputados realiza sessões plenárias para discutir e votar diversos assun-tos de interesse do Poder Legislativo e da população brasileira.

Para organizar esses debates, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados classi-ca as sessões em preparatórias, ordinárias, extraordinárias e solenes (art. 65). Em regra,elas são públicas, mas podem ser secretas em decorrência do assunto a ser tratado ou daapresentação de requerimento. Nesse sentido, dependendo da autoria, essa proposição po-derá implicar a realização da sessão secreta automaticamente ou dependerá de deliberaçãodo Plenário (arts. 69 e 92).

As sessões preparatórias prestam-se a empossar os candidatos a deputado ederal eleitose eleger os membros da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. No primeiro caso, a posseocorre no dia 1º de evereiro do primeiro ano de cada legislatura, às quinze horas (arts. 3º e4º). Como o mandato dos membros da Mesa Diretora é de dois anos, a eleição para a pri-meira gestão ocorre no primeiro ano da legislatura. Passado o biênio, a eleição da Mesa Di-retora para mandato nal da legislatura ocorre em sessão preparatória que preceda o inícioda terceira sessão legislativa ordinária. A expressão “sessão preparatória” tem sua razão de ser,

 já que no dia 2 de evereiro se inaugura a sessão legislativa ordinária e, para isso, as Casas doCongresso Nacional precisam estar “preparadas” para iniciar os trabalhos legislativos; ou seja,

os deputados ederais e os senadores da República devem estar devidamente empossados, ea direção política de cada Casa, eleita para condução dos trabalhos legislativos regulares. Arespeito de sessões preparatórias, reveja a aula 2 do capítulo IV.

Page 222: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 222/441

Capítulo VIII

225

As sessões ordinárias, que podem ocorrer apenas uma vez por dia, em todos os diasúteis, com duração prevista de até cinco horas, constituem-se de ases pré-denidas. Sãoelas: o Pequeno Expediente, o Grande Expediente, a Ordem do Dia e as Comunicações

Parlamentares. Esses estágios serão estudados nas aulas seguintes, tendo em vista reuni-rem detalhes que merecem ser analisados separadamente. De segunda a quinta-eira, asessão ordinária inicia-se às quatorze horas e, às sextas-eiras, às nove horas (art. 66).

As sessões extraordinárias são as realizadas em dias e horários diversos dos prexadospara as ordinárias, podendo ocorrer mais de uma em determinado dia, em razão da ne-cessidade de discussão e votação de matérias que devam constar na Ordem do Dia. Nessamodalidade de sessão, não ocorre Pequeno Expediente, Grande Expediente ou Comuni-cações Parlamentares. A previsão de sua duração é de quatro horas, prorrogáveis (art. 67).

Quando a Câmara dos Deputados decide prestar homenagem a datas comemorativasou a altas personalidades, realiza-se sessão solene. Dierentemente das sessões ordinárias eextraordinárias, que requerem a presença de pelo menos 51 deputados presentes na Casapara dar início aos seus trabalhos, as solenes ocorrem com qualquer número de parlamen-tares. Tanto o presidente da Câmara pode marcar essas sessões quanto o Plenário podetomar tal decisão. Se por um lado pode ocorrer uma sessão exclusivamente para a presta-ção de homenagem, por outro lado há a possibilidade de as sessões ordinárias de segundae sexta-eira serem prorrogadas em até meia hora para a realização do ato. Além disso, oGrande Expediente pode ser reservado para a honraria (art. 68).

A qualquer momento das sessões, os líderes partidários podem azer comunicação emtorno de assuntos de relevância nacional. É o que o RICD denomina de “Comunicaçõesde Lideranças”, que não devem ser conundidas com as Comunicações Parlamentares, jáque estas constituem uma das ases das sessões ordinárias, conorme veremos na aula 5deste capítulo.

As sessões ordinárias e extraordinárias podem ser prorrogadas de oício pelo presiden-te da sessão, ou automaticamente quando requerida pelo Colégio de Líderes, ou por deli-beração do Plenário, a requerimento de qualquer deputado. O tempo de prorrogação não

poderá ser superior a uma hora, salvo quando o estágio da sessão se encontrar em processode votação de determinado item da pauta, situação excepcional que estende a sessão até aexaustão do procedimento, adiando seu encerramento além da uma hora de prorrogação(arts. 72 e 181, § 1º).

Durante as sessões públicas, em regra, somente serão admitidos no recinto do Plenárioos deputados, os senadores, os ex-parlamentares, os servidores e jornalistas devidamentecredenciados. Em caso de sessão solene, podem ser admitidos convidados à Mesa e aoPlenário. Ao público é ranqueado o acesso às galerias, mantendo-se a incomunicabilidadedurante as sessões (arts. 68, I; 73, I; e 77). Em caso de sessão secreta, há dois tipos de par-ticipação: 1) deputados e senadores podem participar de toda a sessão; e 2) ministros quetenham sido convocados ou testemunhas chamadas a depor participarão apenas durante otempo necessário (RICD, art. 94).

Page 223: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 223/441

226

Curso de Regimento Interno

AULA 2 – dAs sEssõEs PúBLicAs

 Art. 79. À hora do início da sessão, os membros da Mesa e os deputados ocuparãoos seus lugares.§ 1º A Bíblia Sagrada deverá icar, durante todo o tempo da sessão, sobre a mesa,à disposição de quem dela quiser azer uso.§ 2º Achando-se presente na Casa pelo menos a décima parte do número total dedeputados, desprezada a ração, o presidente declarará aberta a sessão, proerindoas seguintes palavras:

“Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamosnossos trabalhos.”

§ 3º Não se veri icando o quórum de presença, o presidente aguardará, durante meiahora, que ele se complete, sendo o retardamento deduzido do tempo destinado aoexpediente. Se persistir a alta de número, o presidente declarará que não pode haversessão, determinando a atribuição de alta aos ausentes para os eeitos legais.

 Art. 80. Abertos os trabalhos, o segundo-secretário ará a leitura da ata da sessãoanterior, que o presidente considerará aprovada, independentemente de votação.§ 1º O deputado que pretender retiicar a ata enviará à Mesa declaração escrita.Essa declaração será inserta em ata, e o presidente dará, se julgar conveniente, as

necessárias explicações pelas quais a tenha considerado procedente, ou não, caben-do recurso ao Plenário.§ 2º Proceder-se-á de imediato à leitura da matéria do expediente, abrangendo:I – as comunicações enviadas à Mesa pelos deputados;II – a correspondência em geral, as petições e outros documentos recebidos pelopresidente ou pela Mesa, de interesse do Plenário.

 Art. 81. O tempo que se seguir à leitura da matéria do expediente será destinadoaos deputados inscritos para breves comunicações, podendo cada um alar por cin-

co minutos, não sendo permitidos apartes.§ 1º Sempre que um deputado tiver comunicação a azer à Mesa, ou ao Plenário,deverá azê-la oralmente, ou redigi-la para publicação no Diário da Câmara dosDeputados. A comunicação por escrito não pode ser eita com a juntada ou trans-crição de documentos.§ 2º A inscrição dos oradores será eita na Mesa, em caráter pessoal e intranserí-

 vel, em livro próprio, das oito às treze horas e trinta minutos, diariamente, assegu-rada a preerência aos que não hajam alado nas cinco sessões anteriores.§ 3º O deputado que, chamado a ocupar o microone, não se apresentar, perderá a

prerrogativa a que se reere o parágrao anterior.§ 4º As inscrições que não puderem ser atendidas em virtude do levantamento ounão realização da sessão transerir-se-ão para a sessão ordinária seguinte.

Page 224: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 224/441

Capítulo VIII

227

Comentários

Passemos a tratar com mais detalhes das ases das sessões ordinárias, quais sejam: Peque-no Expediente, Grande Expediente, Ordem do Dia e Comunicações Parlamentares, nesta

ordem, apesar de que o legislador interno não apresentou essa sequência quando disciplinouseparadamente cada uma dessas ases no Capítulo II do Título III do RICD.

Antes do início da primeira ase da sessão, o Pequeno Expediente, verica-se o quó-rum de presença dos deputados, já que somente com o mínimo de um décimo da quan-tidade total desses parlamentares presentes nas dependências da Câmara dos Deputados,desprezada a ração, a sessão pode ser iniciada. Caso essa quantidade mínima não sejaobtida, o presidente da sessão aguardará até meia hora para que esta seja alcançada. Nãohavendo quórum nesse prazo, o presidente declara que não pode haver sessão. Vejamos

então essa quantidade mínima:• Número total de deputados (513) x 10%

• 513 x 0,10 = 51,3 despreza-se a ração = 51 (quórum mínimo para a aberturada sessão)

O Pequeno Expediente tem duração de sessenta minutos, improrrogáveis, destinado àmatéria do expediente e aos oradores inscritos que tenham comunicação a azer (art. 66, I).

Por matéria do expediente o RICD entende ser as comunicações enviadas à Mesa pelos

deputados e a correspondência em geral, as petições e outros documentos recebidos pelopresidente ou pela Mesa, de interesse do Plenário.

Antes, porém, o segundo-secretário procede à leitura da ata da sessão anterior, a qual éaprovada independentemente de deliberação do Plenário. Como não há votação da ata, casoum parlamentar queira reticá-la, deverá encaminhar declaração escrita à Mesa. Para eeitocomparativo, a ata de comissão deve ser votada a cada reunião (art. 50, I).

O tempo que sobrar dessa primeira ase é destinado aos deputados previamente inscritospara proerir breves comunicações por até cinco minutos, sem apartes (art. 176). É o que se

costuma chamar de “pinga-ogo”, expressão não regimental. Para isso, o pretendente deveinscrever-se em livro próprio, em caráter pessoal e intranserível, das 8h às 13h30, todos osdias, assegurando-se a preerência aos que não tenham alado nas cinco sessões anteriores.

Mencionamos, por pertinente, que o horário de início da sessão ordinária prevista para assextas-eiras é 9h e, por conseguinte, ainda que a sessão seja aberta às 9h30, em razão da meiahora de tolerância para se alcançar o quórum mínimo de deputados na Casa, o Pequeno Ex-pediente encerrar-se-á rigorosamente às 10h. Logo, incabível aceitarem-se inscrições para o“pinga-ogo” até as 13h30 desse dia da semana. Na prática, em razão do silêncio regimental,a Mesa delimita o horário das inscrições em comento para o bom andamento dos trabalhos.

Page 225: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 225/441

228

Curso de Regimento Interno

AULA 3 – dA ordEm do diA

(Seção do RICD com redação dada pela Resolução nº 3, 1991)

 Art. 82. Às onze ou às dezesseis horas, conorme o caso, passar-se-á a tratar da maté-ria destinada à Ordem do Dia, sendo previamente veriicado o número de deputadospresentes no recinto do Plenário, através do sistema eletrônico, para o mesmo eeitodo que prescreve o § 5º deste artigo. (Primitivo art. 85 renumerado pela Resolução nº 3,de 1991, “caput” com nova redação dada pela Resolução nº 1, de 1995.)§ 1º O presidente dará conhecimento da existência de projetos de lei:I – constantes da pauta e aprovados conclusivamente pelas comissões permanentesou especiais, para eeito de eventual apresentação do recurso previsto no § 2º do

art. 132;II – sujeitos à deliberação do Plenário, para o caso de oerecimento de emendas, naorma do art. 120.§ 2º Havendo matéria a ser votada e número legal para deliberar, proceder-se-á imediatamente à votação, interrompendo-se o orador que estiver na tribuna.(Primitivo § 3º renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)§ 3º Não havendo matéria a ser votada, ou se inexistir quórum para votação, ou,ainda, se sobrevier a alta de quórum durante a Ordem do Dia, o presidente anun-ciará o debate das matérias em discussão. (Primitivo § 4º renumerado pela Resolução

nº 3, de 1991.)§ 4º Encerrado o Grande Expediente, será aberto o prazo de dez minutos paraapresentação de proposições, ou solicitação de apoiamento eletrônico a elas, que seresumirá à leitura das ementas. (Primitivo § 2º renumerado pela Resolução nº 3, de 1991 e com nova redação dada pela Resolução nº 22, de 2004.)§ 5º Ocorrendo veriicação de votação e comprovando-se presenças suicientes emPlenário, o presidente determinará a atribuição de altas aos ausentes, para os eei-tos legais.

§ 6º A ausência às votações equipara-se, para todos os eeitos, à ausência às sessões,ressalvada a que se veriicar a título de obstrução parlamentar legítima, assim con-siderada a que or aprovada pelas bancadas ou suas lideranças e comunicada à Mesa.§ 7º Terminada a Ordem do Dia, encerrar-se-á o registro eletrônico de presença.(Parágrao acrescido pela Resolução nº 1, de 1995.)

 Art. 83. Presente em Plenário a maioria absoluta dos deputados, mediante verii-cação de quórum, dar-se-á início à apreciação da pauta, na seguinte ordem: (Primi-tivo art. 86 renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)I – redações inais;II – requerimentos de urgência;

Page 226: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 226/441

Capítulo VIII

229

III – requerimentos de comissão sujeitos a votação;IV – requerimentos de deputados dependentes de votação imediata;

V – matérias constantes da Ordem do Dia, de acordo com as regras de preerênciaestabelecidas no Capítulo IX do Título V.Parágrao único. A ordem estabelecida no caput poderá ser alterada ou interrompida:I – para a posse de deputados;II – em caso de aprovação de requerimento de:

a) preerência;b) adiamento;c) retirada da Ordem do Dia;d) inversão de pauta.

 Art. 84. O tempo reservado à Ordem do Dia poderá ser prorrogado pelo presiden-te, de oício, pelo Colégio de Líderes, ou pelo Plenário, a requerimento verbal dequalquer deputado, por prazo não excedente a trinta ou, na hipótese do art. 72, asessenta minutos. (Primitivo art. 87 renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)

 Art. 85. Findo o tempo da sessão, o presidente a encerrará anunciando a Ordemdo Dia da sessão de deliberação seguinte e eventuais alterações da programação, naconormidade dos §§ 2º, 3º e 4º do art. 66, dando-se ciência da pauta respectiva àslideranças. ( Numeração adaptada aos termos da Resolução nº 3, de 1991.)

Parágrao único. Não será designada Ordem do Dia para a primeira sessão plenáriade cada sessão legislativa. (Primitivo art. 88 renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)

 Art. 86. O presidente organizará a Ordem do Dia com base na agenda mensal aque se reere o art. 17, I, s, e observância do que dispõem os arts. 83 e 143, III, paraser publicada no Diário da Câmara dos Deputados e distribuída em avulsos antes deiniciar-se a sessão respectiva.§ 1º Cada grupo de projetos reeridos no § 1º do art. 159 será iniciado pelas propo-sições em votação e, entre as matérias de cada um, têm preerência na colocação as

emendas do Senado a proposições da Câmara, seguidas pelas proposições desta emturno único, segundo turno, primeiro turno e apreciação preliminar.§ 2º Constarão da Ordem do Dia as matérias não apreciadas da pauta da sessãoordinária anterior, com precedência sobre outras dos grupos a que pertençam.§ 3º A proposição entrará em Ordem do Dia desde que em condições regimentais ecom os pareceres das comissões a que oi distribuída. (Primitivo art. 89 renumerado

 pela Resolução nº 3, de 1991.)

Comentários

A Ordem do Dia, com duração prevista de três horas, é a ase da sessão ordinária em quesão discutidas e votadas as matérias incluídas na pauta. Essa ase pode ser iniciada com a

Page 227: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 227/441

230

Curso de Regimento Interno

presença, em Plenário, de apenas um décimo dos deputados, mas, no momento da votação, aregra exige a presença de pelo menos a maioria absoluta dos membros da Câmara, em razãode que, salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa (do Con-

gresso Nacional) e de suas comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a maioriaabsoluta de seus membros (CF, art. 47).

A única ase da sessão que pode ser prorrogada é a Ordem do Dia, por até uma hora,salvo quando em processo de votação, situação em que somente será encerrada essa ase e,por conseguinte, a sessão após a deliberação do item especíco.

Há regras para a organização da Ordem do Dia, o que signica que algumas matériastêm precedência sobre outras. Nesse sentido, os arts. 83, 86, 143 e 159 do Regimento In-terno da Câmara dos Deputados tratam dessa sistematização. Assim, uma proposição em

regime de urgência tem precedência sobre aquelas cuja tramitação ocorra com prioridade ouordinariamente. Entre essas últimas, as proposições em regime de prioridade detêm a preva-lência sobre as de rito ordinário. Nessa linha de preerência, uma proposição já aprovada emprimeiro turno é discutida e votada em segundo turno antes de outra pendente da primeirarodada de discussão e votação, caso ambas constem da mesma Ordem do Dia. Muitas outrasregras são observadas na elaboração da pauta de cada sessão, contudo discorreremos maisdetalhadamente sobre o assunto nas aulas 27 e 28 do capítulo XI.

É importante ressaltar que nem toda matéria que tramita na Câmara dos Deputados épautada na Ordem do Dia do Plenário. Há, por exemplo, os projetos de lei sujeitos ao po-

der conclusivo das comissões, cuja tramitação limita-se ao âmbito das comissões, o que dámais celeridade ao processo de ormação da norma jurídica. Outra exceção à tramitação emPlenário tange às propostas de scalização e controle, espécie de proposição circunscrita aoscolegiados técnicos (art. 61).

AULA 4 – do grAndE E xPEdiEntE

(Seção do RICD com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991)

 Art. 87. Encerrado o Pequeno Expediente, será concedida a palavra aos deputadosinscritos para o Grande Expediente, pelo prazo de vinte e cinco minutos para cadaorador, incluídos nesse tempo os apartes. (Primitivo art. 82 renumerado pela Resolu-

 ção nº 3, de 1991 e “caput” com nova redação dada pela Resolução nº 1, de 1995.)§ 1º A lista de oradores para o Grande Expediente será organizada mediante sorteioeletrônico, competindo à Mesa disciplinar, em ato próprio, a orma dele. (Parágraoúnico transormado em § 1º e com nova redação dada pela Resolução nº 23, de 2004.)§ 2º O deputado poderá alar no Grande Expediente no máximo três vezes por

semestre, sendo uma por sorteio e duas por cessão de vaga de outro parlamentar.(Parágrao acrescido pela Resolução nº 23, de 2004.)

Page 228: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 228/441

Capítulo VIII

231

§ 3º Ao deputado que não alar por alta de vaga no semestre será assegurada apreerência de inscrição no próximo semestre. (Parágrao acrescido pela Resolução

nº 23, de 2004.) Art. 88. A Câmara poderá destinar o Grande Expediente para comemorações dealta signiicação nacional, ou interromper os trabalhos para a recepção, em Ple-nário, de altas personalidades, desde que assim resolva o presidente, ou delibere oPlenário. (Primitivo art. 83 renumerado pela Resolução nº 3, de 1991.)

Comentários

O Grande Expediente, com duração prevista de cinquenta minutos, é a ase em que osdeputados azem uso da palavra por vinte e cinco minutos, incluídas intervenções de outrosparlamentares (apartes). Como há enorme interesse por esses discursos, a lista é organizadamediante sorteio, limitando-se essa intervenção por, no máximo, três a cada semestre pordeputado, uma por sorteio e as outras por cessão de outro parlamentar, garantindo-se àquelenão contemplado em um semestre a preerência de inscrição no período seguinte. Encerradoo Grande Expediente, é aberto prazo de dez minutos para que os deputados apresentem seusprojetos de lei ou outras proposições, limitando-se a apresentação à leitura de sua ementa9.

AULA 5 – dAs comUnicAçõEs dE LidErAnçAs E dAs comUnicAçõEs PArLAmEntArEs

(Seção do RICD com redação dada pela Resolução nº 3, de 1991)

 Art. 89. As Comunicações de Lideranças previstas no § 1º do art. 66 deste Re-gimento destinam-se aos líderes que queiram azer uso da palavra, por períodode tempo proporcional ao número de membros das respectivas bancadas, com o

mínimo de três e o máximo de dez minutos, não sendo permitido apartes, desti-nando-se à liderança do Governo a média do tempo reservado às representações daMaioria e da Minoria.Parágrao único. É acultada aos líderes a cessão, entre si, do tempo, total ou parcial,que lhes or atribuído na orma deste artigo. (Primitivo art. 84 renumerado e comnova redação dada pela Resolução nº 3, de 1991.)

9 Ementa é um resumo do teor da proposição. Não confunda com “emenda”, proposição acessória apre-

sentada apenas por parlamentar com o objetivo de alterar determinadas proposições sujeitas à apreciação

da casa legislativa que integra.

Page 229: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 229/441

232

Curso de Regimento Interno

 Art. 90. Se esgotada a Ordem do Dia antes das dezenove horas, ou não havendomatéria a ser votada, o presidente concederá a palavra aos oradores indicados pelos

líderes para Comunicações Parlamentares. (“Caput” do artigo com redação dada pelaResolução nº 3, de 1991 e adaptada aos termos da Resolução nº 1, de 1995.)Parágrao único. Os oradores serão chamados, alternadamente, por partidos e blo-cos parlamentares, por período não excedente a dez minutos para cada deputado.

Comentários

A última ase da sessão ordinária é o período destinado às Comunicações Parlamentares.

Este somente ocorre se a Ordem do Dia terminar antes das três horas previstas para a suarealização. Assim, havendo tempo, o presidente da sessão concede a palavra aos oradoresindicados pelos líderes partidários. O tempo máximo para cada deputado proerir a co-municação é de dez minutos, alternando-se o pronunciamento entre os partidos e blocosparlamentares. Adverte-se quanto à distinção entre Comunicações Parlamentares e Comu-nicações de Lideranças previstas nos arts. 66, §§ 1º e 3º, e 89 do RICD.

Enquanto as Comunicações Parlamentares constituem-se em uma das ases da sessãoordinária, as Comunicações de Lideranças destinam-se aos líderes que queiram azer uso

da palavra, em qualquer tempo da sessão, com o objetivo de apresentar comunicações des-tinadas ao debate em torno de assuntos de relevância nacional (art. 66, § 1º). Nesse sentido,os líderes, a depender do tamanho de cada bancada, disporão de tempo mínimo de três emáximo de dez minutos para exprimir tal comunicação (art. 66, IV, e §§ 1º e 3º).

Assim, nas Comunicações de Lideranças, a bancada considerada Maioria az jus aotempo máximo, ou seja, dez minutos. A menor bancada usurui de apenas três minutos,tempo mínimo. á a liderança do governo dispõe do tempo médio entre aquele que é con-cedido à Maioria e à Minoria (cuide-se não conundir Minoria com a menor bancada; senecessário, recorra aos comentários da aula 31 do capítulo IV). Com eeito, se a Minoria

dispuser de quatro minutos, a liderança do governo contará com tempo de sete minutos.Vejamos o cálculo desse tempo no exemplo citado:

 Tempo disponível da liderança do governo nas Comunicaçes de Liderança =(tempo da Maioria + tempo da Minoria) ÷ 2

(10 + 4) ÷ 2 = 7 minutos

Page 230: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 230/441

Capítulo VIII

233

AULA 6 – dA comissão gErAL

 Art. 91. A sessão plenária da Câmara será transormada em Comissão Geral, sob

a direção de seu presidente, para:I – debate de matéria relevante, por proposta conjunta dos líderes, ou a requeri-mento de um terço da totalidade dos membros da Câmara;II – discussão de projeto de lei de iniciativa popular, desde que presente o oradorque irá deendê-lo;III – comparecimento de ministro de Estado.§ 1º No caso do inciso I, alarão, primeiramente, o autor do requerimento, os líde-res da Maioria e da Minoria, cada um por trinta minutos, seguindo-se os demais

líderes, pelo prazo de sessenta minutos, divididos proporcionalmente entre os queo desejarem, e depois, durante cento e vinte minutos, os oradores que tenham re-querido inscrição junto à Mesa, sendo destinados dez minutos para cada um.§ 2º Na hipótese do inciso II, poderá usar da palavra qualquer signatário do pro-

 jeto ou deputado, indicado pelo respectivo autor, por trinta minutos, sem apartes,observando-se para o debate as disposições contidas nos §§ 1º e 4º do art. 220, enos §§ 2º e 3º do art. 222.§ 3º Alcançada a inalidade da Comissão Geral, a sessão plenária terá andamentoa partir da ase em que ordinariamente se encontrariam os trabalhos.

Comentários

A Comissão Geral é instituto que visa transormar a sessão da Câmara dos Deputadosem um grande órum de debates, para discorrer sobre questões de extraordinário interes-se. Apesar de sua terminologia, não há o que conundir com os trabalhos das comissões.Estas, quando debatem temas com representantes da sociedade civil, realizam reuniões deaudiência pública.

 Três são as situações previstas no RICD para a realização de Comissão Geral, quaissejam:

1ª) debate de matéria relevante;

2ª) discussão de projeto de lei de iniciativa popular (art. 252);

3ª) comparecimento de ministro de Estado (art. 220).

Para ordenar e organizar o debate, em cada hipótese é prevista a inscrição de oradores,

como no caso de projeto de lei de iniciativa popular em que, qualquer cidadão signatárioda proposição, ou deputado, indicado pelo respectivo autor, pode usar da palavra (arts. 171,§ 3º, 252, x).

Page 231: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 231/441

234

Curso de Regimento Interno

Embora não esteja claro no Regimento Interno se é possível que convidados externosà Câmara possam participar ativamente de debate de matéria relevante – disposto noinciso I do art. 91 –, o entendimento da Casa é que os líderes podem indicar, dentre os

convidados indicados para participar de Comissão Geral pautada para esse m, alguns queterão a prerrogativa de discursar para os presentes. Esse entendimento vai ao encontro darelação de semelhança entre as audiências públicas, que ocorrem no âmbito das comissões(arts. 255 a 258), e a Comissão Geral, que se realiza na esera do Plenário, uma vez quenaquelas é permitido expressamente pelo RICD a participação ativa de convidados paraemitirem, verbalmente, opiniões e inormações acerca do assunto tratado.

Um exemplo de realização de Comissão Geral para debate de matéria relevante é oque trata da violência no país. Para isso, a Câmara pode convidar os secretários de Segu-rança Pública das unidades da ederação para diagnosticarem e examinarem as causas e assoluções para o aumento da insegurança pública no Brasil.

Embora os deputados possam debater apenas entre eles os temas objeto de ComissãoGeral, entende-se que os convidados que não sejam membros do Congresso Nacional, es-pecialistas em diversas matérias, também têm ranqueada a palavra para esclarecimentos eampliação da discussão, no caso de debate de temas relevantes para a vida pública nacional.Outro tema interessante se constitui nas condições da malha rodoviária nacional, o que en-seja uma discussão sobre os meios de melhorar as condições de tráego nas rodovias ederais.

Quando um ministro de Estado comparece perante o Plenário da Câmara, seja por

convocação, convite ou espontaneamente, a sessão também se transorma em ComissãoGeral (arts. 219 e 220, caput ). Trata-se de momento importante, pois um dos auxiliares dochee do Poder Executivo proere pronunciamento relevante para o Legislativo e a nação.Mais inormações na aula 8 do capítulo XV.

Encerrados os trabalhos da Comissão Geral, a sessão plenária seguirá seu curso a partirda ase em que ordinariamente se encontrariam suas atividades. Cumpre esclarecer, noentanto, que a praxe legislativa tem registrado a transormação de sessões plenárias, tantoordinárias quanto extraordinárias, em Comissão Geral.

AULA 7 – dAs sEssõEs sEcrEtAs

 Art. 92. A sessão secreta será convocada, com a indicação precisa de seu objetivo:I – automaticamente, a requerimento escrito de comissão, para tratar de matéria desua competência, ou do Colégio de Líderes ou de, pelo menos, um terço da tota-lidade dos membros da Câmara, devendo o documento permanecer em sigilo atéulterior deliberação do Plenário;II – por deliberação do Plenário, quando o requerimento or subscrito por líder ouum quinto dos membros da Câmara.

Page 232: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 232/441

Capítulo VIII

235

Parágrao único. Será secreta a sessão em que a Câmara deva deliberar sobre:I – projeto de ixação ou modi icação dos eetivos das Forças Armadas;

II – declaração de guerra ou acordo sobre a paz;III – passagem de orças estrangeiras pelo território nacional, ou sua permanêncianele;IV – (Revogado pela Resolução nº 57, de 1994.)

 Art. 93. Para iniciar-se a sessão secreta, o presidente ará sair do recinto das tri-bunas, das galerias e das demais dependências anexas as pessoas estranhas aostrabalhos, inclusive os uncionários da Casa, sem prejuízo de outras cautelas que aMesa adotar no sentido de resguardar o sigilo.§ 1º Reunida a Câmara em sessão secreta, deliberar-se-á, preliminarmente, salvona hipótese do parágrao único do artigo precedente, se o assunto que motivoua convocação deve ser tratado sigilosa ou publicamente; tal debate, porém, nãopoderá exceder a primeira hora, nem cada deputado ocupará a tribuna por mais decinco minutos.§ 2º Antes de encerrar-se a sessão secreta, a Câmara resolverá se o requerimento deconvocação, os debates e deliberações, no todo ou em parte, deverão constar da atapública, ou ixará o prazo em que devam ser mantidos sob sigilo.§ 3º Antes de levantada a sessão secreta, a ata respectiva será aprovada e, junta-

mente com os documentos que a ela se reiram, encerrada em invólucro lacrado,etiquetado, datado e rubricado pelos membros da Mesa, e recolhida ao Arquivo.§ 4º Será permitido a deputado e a ministro de Estado que houver participado dosdebates reduzir seu discurso a escrito para ser arquivado num segundo envelopeigualmente lacrado, que se anexará ao invólucro mencionado no parágrao anterior,desde que o interessado o prepare em prazo não excedente de uma sessão.

 Art. 94. Só deputados e senadores poderão assistir às sessões secretas do Plenário;os ministros de Estado, quando convocados, ou as testemunhas chamadas a depor

participarão dessas sessões apenas durante o tempo necessário.

Comentários

De acordo com o art. 69, as sessões serão públicas, mas excepcionalmente poderão sersecretas, quando assim deliberado pelo Plenário. Note-se que, em regra, as sessões podemser assistidas por todos os interessados, incluindo-se qualquer pessoa, nacional ou estran-geira. Para isso, as transmissões dos trabalhos do Legislativo são divulgadas por sistema de

rádio e televisão próprios do poder, além da liberação para a imprensa de maneira geral.Excepcionalmente as sessões serão secretas, restringindo-se a presença a elas, inclusive,dos servidores da casa legislativa. Assim, somente podem assistir a elas integralmente osdeputados ederais e os senadores. Os ministros de Estado (ex.: o ministro da Deesa, em

Page 233: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 233/441

236

Curso de Regimento Interno

caso de guerra), quando convocados, ou as testemunhas chamadas a depor, delas partici-parão somente pelo tempo que or necessário (art. 94).

Alguns assuntos independerão de deliberação do Plenário para que a sessão seja se-

creta, quais sejam:

I. projeto de xação ou modicação dos eetivos das Forças Armadas;

II. declaração de guerra ou acordo sobre a paz;

III. passagem de orças estrangeiras pelo território nacional, ou sua permanência nele;

IV. aplicação de medida suspensiva a deputado que se negar a submeter-se a examede saúde (art. 237, § 1º).

Os demais casos dependem de requerimento, sujeitos ou não à deliberação do Plená-rio, conorme o caso (art. 92, I e II).

Sugerimos comparar os aspectos apresentados nessa aula com respeito à sessão secretada Câmara com a parte dos comentários reerente às reuniões secretas de comissões, cons-tante da aula 15 do capítulo VI.

AULA 8 – dA intErPrEtAção E oBsErvânciA do rEgimEnto (QUEstão dE ordEm E rEcLAmAção)

 Art. 95. Considera-se questão de ordem toda dúvida sobre a interpretação desteRegimento, na sua prática exclusiva ou relacionada com a Constituição Federal.§ 1º Durante a Ordem do Dia só poderá ser levantada questão de ordem atinentediretamente à matéria que nela igure.§ 2º Nenhum deputado poderá exceder o prazo de três minutos para ormularquestão de ordem, nem alar sobre a mesma mais de uma vez.§ 3º No momento de votação, ou quando se discutir e votar redação inal, a palavra

para ormular questão de ordem só poderá ser concedida uma vez ao relator e uma vez a outro deputado, de preerência ao autor da proposição principal ou acessóriaem votação.§ 4º A questão de ordem deve ser objetiva, claramente ormulada, com a indicaçãoprecisa das disposições regimentais ou constitucionais cuja observância se pretendaelucidar, e reerir-se à matéria tratada na ocasião.§ 5º Se o deputado não indicar, inicialmente, as disposições em que se assenta aquestão de ordem, enunciando-as, o presidente não permitirá a sua permanência natribuna e determinará a exclusão, da ata, das palavras por ele pronunciadas.

§ 6º Depois de alar somente o autor e outro deputado que contra-argumente,a questão de ordem será resolvida pelo presidente da sessão, não sendo lícito aodeputado opor-se à decisão ou criticá-la na sessão em que or proerida.

Page 234: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 234/441

Capítulo VIII

237

§ 7º O deputado que quiser comentar, criticar a decisão do presidente ou contra elaprotestar poderá azê-lo na sessão seguinte, tendo preerência para uso da palavra,

durante dez minutos, à hora do expediente.§ 8º O deputado, em qualquer caso, poderá recorrer da decisão da Presidênciapara o Plenário, sem eeito suspensivo, ouvindo-se a Comissão de Constituição e

 ustiça e de Cidadania, que terá o prazo máximo de três sessões para se pronunciar.Publicado o parecer da comissão, o recurso será submetido na sessão seguinte aoPlenário. (Parágrao com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)§ 9º Na hipótese do parágrao anterior, o deputado, com o apoiamento de um terçodos presentes, poderá requerer que o Plenário decida, de imediato, sobre o eeitosuspensivo ao recurso.

§ 10. As decisões sobre questão de ordem serão registradas e indexadas em livroespecial, a que se dará anualmente ampla divulgação; a Mesa elaborará projeto deresolução propondo, se or o caso, as alterações regimentais delas decorrentes, paraapreciação em tempo hábil, antes de indo o biênio.

 Art. 96. Em qualquer ase da sessão da Câmara ou de reunião de comissão, poderáser usada a palavra para reclamação, restrita durante a Ordem do Dia à hipótese doparágrao único do art. 55 ou às matérias que nela igurem.§ 1º O uso da palavra, no caso da sessão da Câmara, destina-se exclusivamente a

reclamação quanto à observância de expressa disposição regimental ou relacionadacom o uncionamento dos serviços administrativos da Casa, na hipótese previstano art. 264.§ 2º O membro de comissão pode ormular reclamação sobre ação ou omissão doórgão técnico que integre. Somente depois de resolvida, conclusivamente, pelo seupresidente, poderá o assunto ser levado, em grau de recurso, por escrito ou oral-mente, ao presidente da Câmara ou ao Plenário.§ 3º Aplicam-se às reclamações as normas reerentes às questões de ordem, cons-tantes dos §§ 1º a 7º do artigo precedente.

Comentários

Qã m

Um dos institutos mais utilizados durante os trabalhos no Plenário e nas comissõesé a questão de ordem. Trata-se de instrumento que as Minorias lançam mão para soli-citar o cumprimento da Constituição Federal e do Regimento Interno da Câmara dos

Deputados, no âmbito do processo legislativo.Assim, quando ocorrer dúvida sobre a aplicação dessas normas jurídicas, qualquer

deputado ederal poderá levantar questão de ordem. Para isso, o parlamentar deve indicaro dispositivo constitucional ou regimental em que se baseia, em relação à matéria que está

Page 235: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 235/441

238

Curso de Regimento Interno

sendo tratada. Para contra-argumentar a questão de ordem, o presidente da sessão ran-queia a palavra a outro deputado para a manutenção do equilíbrio do debate.

É lícito ao parlamentar recorrer da decisão da Presidência, dirigindo o recurso ao Ple-

nário, ouvida a Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, que terá o prazo de trêssessões para proerir o parecer sobre a matéria. Depois de publicada, a decisão é submetidana sessão seguinte à deliberação do Plenário. Note-se, assim, que o recurso é dirigido aoPlenário, e não à reerida comissão.

Em regra, o recurso não tem eeito suspensivo, o que signica que a matéria continuaa sua tramitação até a decisão do recurso pelo Plenário. Excepcionalmente, se o autor daquestão de ordem obtiver o apoiamento de um terço dos presentes à sessão, pode requererque o Plenário decida, de imediato, sobre o eeito suspensivo do recurso.

Caso o recurso se rera a matéria que não tenha obtido o eeito suspensivo e seja apro- vado pelo Plenário, todas as deliberações quanto à matéria recorrida tornam-se sem eeito.

Para ns de sistematização das questões de ordem, a Câmara organiza as decisões a elasreerentes, dando-lhes ampla divulgação. Poderá a Mesa Diretora elaborar projeto de reso-lução propondo alterações regimentais em decorrência das questões de ordem apresentadas.

É interessante dierenciar os procedimentos aplicados à questão de ordem suscitadaem comissão. Nesse sentido, o recurso em comissão contra decisão do presidente é dirigi-do ao presidente da Câmara dos Deputados. Além disso, em nenhuma hipótese o recurso

tem eeito suspensivo (art. 57, XXI).

rmçã

As reclamações são utilizadas pelos parlamentares para rechaçar procedimentos reco-nhecidos como antirregimentais; ou seja, nesse caso, não há dúvidas em relação à aplicaçãoregimental. Pode-se também reclamar quanto ao uncionamento dos serviços administra-tivos da Câmara.

Para esclarecimentos adicionais quanto à reclamação prevista no art. 96 do RICD e

sua distinção da questão de ordem estudada anteriormente, recorremos ao esclarecedorcomentário de Luiz Claudio Alves dos Santos (2006, p. 120-121):

“De acordo com o art. 96 do RICD, poderá ser apresentada reclamação tantoem Plenário como em comissão. Apenas as normas contidas nos §§ 1º a 7º doart. 95 (reerentes à questão de ordem) são aplicáveis às reclamações. Nesse sen-tido, pode-se armar que o tempo de ormulação de reclamação será restrito atrês minutos, visto ser o tempo previsto no § 1º do art. 95 para se levantar ques-tão de ordem. Quanto a recurso a reclamação apresentada em Plenário, atente-

se não haver previsão expressa para seu oerecimento, pois as normas relativasa recurso sobre questão de ordem (§§ 8º e 9º do art. 95) não se aplicam àsreclamações (art. 96, § 3º). No que diz respeito a reclamação ormulada em co-missão, o RICD previu duas possibilidades de recurso: ao presidente da Câmara

Page 236: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 236/441

Capítulo VIII

239

ou ao Plenário (art. 96, § 2º). Por m, no que concerne à armação constante noenunciado da questão, ainda que não haja denição regimental do que seja recla-mação, entendemos ser cabível reclamação em outras situações que não apenas

quando se objetive considerar como não escrito parecer de comissão que excedasuas atribuições ou questionar irregularidades nos serviços administrativos daCasa. Amaral e Gerônimo (2001, p. 61) citam dispositivos em que estão previstasreclamações, como, por exemplo, o art. 4º, § 3º; o art. 57, XX, a; e o art. 187, § 3º.A reclamação poderá ser ormulada, inclusive, em casos em que o termo ‘reclama-ção’ não esteja expresso no texto regimental. Como o caput do art. 96 mencionaa possibilidade de reclamação durante a Ordem do Dia sobre matérias que nelagurem e o § 1º do reerido artigo preveja seu uso quanto à observância de ex-pressa disposição regimental, deputado poderá reclamar, por exemplo, de matéria

pautada em desobediência à exigência de interstício regimental, ou sem a devidapublicação da matéria, ou antes do prazo destinado à apreciação da matéria pelascomissões, ou, ainda, pela não observância das normas de preerência. Ademais, o§ 2º do art. 96 menciona que o membro de comissão pode ormular reclamaçãosobre ação ou omissão do órgão técnico que integre. Nesse caso, por exemplo, sea comissão aceitar a inclusão de matéria extrapauta sem submeter requerimentocom esse objetivo a votação nominal (art. 52, § 5º), tem-se então situação típicapara ormular-se reclamação. Sabe-se que, pela semelhança de eeitos de questão

de ordem e reclamação, na prática deputados utilizam o instrumento questão deordem (adequado para esclarecer dúvidas) em situações em que não há dúvidasquanto à aplicação de norma regimental, ou seja, ocorrências antirregimentaisque deveriam ser rechaçadas por meio de reclamação, por erirem disposição re-gimental expressa. Um dos motivos que, talvez, incentive essa prática é a certezade ser cabível recurso em questão de ordem em Plenário, já que o RICD nãodeixou claro ser cabível, em reclamação em Plenário, recurso. Em relação às nor-mas reerentes às questões de ordem, Amaral e Gerônimo (2001, p. 61) armamnão serem aplicáveis às reclamações recurso ao Plenário, votação sobre o eeito

suspensivo e o registro em livro próprio. Assim, por surtirem eeitos similares,apresenta-se questão de ordem – haja dúvida ou certeza – com a garantia depoder recorrer a instância superior.”

P m

No dia a dia legislativo no Congresso Nacional, os parlamentares utilizam as expres-sões “questão de ordem” e “pela ordem”. Em alguns casos, não há rigor técnico na utiliza-ção dessas expressões, que parecem se equivaler regimentalmente. Contudo, é importante

saber distingui-las para sua adequada utilização durante os trabalhos legislativos. á estudamos nesta aula o que seja “questão de ordem” e a previsão para sua utiliza-

ção na Câmara dos Deputados. Vejamos, então, a outra expressão mencionada, para oque, de início, exporemos a opinião de Gardel Amaral e Miguel Gerônimo (2001, p. 61):

Page 237: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 237/441

240

Curso de Regimento Interno

“A expressão ‘pela ordem’, muito utilizada nos debates da Casa, não consta no Regimento.É o pedido de permissão para uso da palavra para conhecer a orientação dos trabalhos enão se conunde com questão de ordem”.

Antes, porém, de apresentarmos dois exemplos em que a utilização da expressão “pelaordem” por deputado nos parece adequada, é pertinente observarmos a previsão expressano Regimento Interno do Senado Federal da solicitação da palavra por senador “pela or-dem” e “para suscitar questão de ordem” (RISF, art. 14, X, a e b):

“ Art. 14. O senador poderá azer uso da palavra:...........................................................................................................................

 X – em qualquer ase da sessão, por cinco minutos:a) pela ordem, para indagação sobre andamento dos trabalhos, reclamação

quanto à observância do Regimento, indicação de alha ou equívoco em relaçãoà matéria da Ordem do Dia, vedado, porém, abordar assunto já resolvido pelaPresidência;b) para suscitar questão de ordem, nos termos do art. 403;....................................................................................................” (grio nosso)

Vejamos, então, dois exemplos simples da aplicação da expressão “pela ordem”:

Exemplo 1:

Deputado: Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

Presidente: Concedo a palavra a V.Exa.

Deputado: Sr. Presidente, qual a próxima matéria a ser discutida nesta sessão?Apresento esta indagação uma vez que não disponho da pauta da Ordem do Dia.

Presidente: [...]

Exemplo 2:

Deputado: Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

Presidente: Concedo a palavra a V.Exa.

Deputado: Sr. Presidente, V.Exa. anunciou o próximo orador para discutir o item3 da Ordem do Dia. Ocorre, Sr. Presidente, que, pela listagem que consta sobrea mesa, o próximo orador seria eu, já que a minha inscrição precedeu a do Sr.Deputado Fulano de Tal.

Presidente: [...]

Por m, a despeito de a alínea a do inciso VIII do art. 14 do Regimento Interno doSenado Federal prever que uma das hipóteses para solicitação da palavra “pela ordem” épara “reclamação quanto a aplicação do Regimento”, cumpre inormar que, na Câmara dos

Page 238: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 238/441

Capítulo VIII

241

Deputados, a solicitação da palavra para reclamação prevista no art. 96 do RICD podeser procedida sem a utilização da expressão “pela ordem”, como exemplicamos a seguir:

Deputada: Sr. Presidente, solicito a palavra para ormular uma reclamação.

Presidente: Concedo a palavra a V.Exa.

Deputada: Sr. Presidente, nos termos do § 5º do art. 52 do Regimento, a inclu-são de matéria na Ordem do Dia de comissão para apreciação imediata, além dedepender de requerimento de um terço dos membros do colegiado, requisito queme parece estar atendido no caso, deve ser aprovada por maioria absoluta da res-pectiva composição plenária, ato que implica votação nominal do requerimento,nos termos do art. 186, I, do estatuto interno desta Casa. Por isso, V.Exa. deveriasubmetê-lo a votação nominal e não a votação simbólica, como anunciou a pouco

essa presidência. Peço que se cumpra o Regimento.Presidente: Exma. Sra. Deputada Fulana de Tal, o excelente domínio que V.Exa.possui das normas internas desta Casa, aliado à sua constante preocupação de que oprocesso legislativo realizado no âmbito desta comissão seja pautado na legalidade,mais uma vez resguarda esta presidência, ainda pouco amiliarizada com as normasdesta Casa, de cometer esse equívoco regimental. Acolho a pertinente reclamação e,portanto, passo a azer a chamada nominal para a votação do requerimento.

AULA 9 – dA AtA

 Art. 97. Lavrar-se-á ata com a sinopse dos trabalhos de cada sessão, cuja redaçãoobedecerá a padrão uniorme adotado pela Mesa.§ 1º As atas impressas ou datilograadas serão organizadas em anais, por ordemcronológica, encadernadas por sessão legislativa e recolhidas ao Arquivo da Câmara.§ 2º Da ata constará a lista nominal de presença e de ausência às sessões ordináriase extraordinárias da Câmara.

§ 3º A ata da última sessão, ao encerrar-se a sessão legislativa, será redigida,em resumo, e submetida a discussão e aprovação, presente qualquer número dedeputados, antes de se levantar a sessão.

 Art. 98. O Diário da Câmara dos Deputados publicará a ata da sessão do dia ante-rior, com toda a sequência dos trabalhos.§ 1º Os discursos proeridos durante a sessão serão publicados por extenso na ataimpressa, salvo expressas restrições regimentais. Não são permitidas as reprodu-ções de discursos no Diário da Câmara dos Deputados com o undamento de corrigir

erros e omissões; as correções constarão da seção “Errata”.

Page 239: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 239/441

Curso de Regimento Interno

242

§ 2º Ao deputado é lícito retirar na Taquigraia, para revisão, o seu discurso, nãopermitindo a publicação na ata respectiva. Caso o orador não devolva o discurso den-

tro de cinco sessões, a Taquigraia dará à publicação o texto sem revisão do orador.§ 3º As inormações e documentos ou discursos de representantes de outro poderque não tenham sido integralmente lidos pelo deputado serão somente indicadosna ata, com a declaração do objeto a que se reerirem, salvo se a publicação integralou transcrição em discurso or autorizada pela Mesa, a requerimento do orador; emcaso de indeerimento, poderá este recorrer ao Plenário, aplicando-se o parágraoúnico do art. 115.§ 4º As inormações enviadas à Câmara em virtude de solicitação desta, a reque-rimento de qualquer deputado ou comissão, serão, em regra, publicadas na ata

impressa, antes de entregues, em cópia autêntica, ao solicitante, mas poderão serpublicadas em resumo ou apenas mencionadas, a juízo do presidente, icando, emqualquer hipótese, o original no Arquivo da Câmara, inclusive para o ornecimen-to de cópia aos demais deputados interessados.§ 5º Não se dará publicidade a inormações e documentos oiciais de caráter reser-

 vado. As inormações solicitadas por comissão serão coniadas ao presidente destapelo presidente da Câmara para que as leia a seus pares; as solicitadas por deputadoserão lidas a este pelo presidente da Câmara. Cumpridas essas ormalidades, serãoechadas em invólucro lacrado, etiquetado, datado e rubricado por dois secretários,e assim arquivadas.§ 6º Não será autorizada a publicação de pronunciamentos ou expressões atentató-rias do decoro parlamentar, cabendo recurso do orador ao Plenário. (Parágrao comredação adaptada aos termos da Resolução nº 25, de 2001.)§ 7º Os pedidos de retiicação da ata serão decididos pelo presidente, na orma doart. 80, § 1º .

 Art. 99. Serão divulgados pelo programa Voz do Brasil as atividades das comissõese do Plenário e os pronunciamentos lidos ou proeridos da tribuna da Câmara,

desde que em termos regimentais.

Comentários

A ata é o registro escrito na qual se relata o que se passou numa sessão, reunião de co-missão ou outro evento no âmbito da Câmara dos Deputados. Trata-se de um resumo dostrabalhos ocorridos, com uniormização de seus registros. São organizadas em anais, por

ordem cronológica, encadernadas por sessão legislativa e recolhidas ao Arquivo da Casa.Em regra, a ata da sessão é lida e considerada aprovada, independentemente de vota-

ção, na sessão seguinte (art. 80). No caso da ata da última sessão plenária da sessão legis-

Page 240: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 240/441

Capítulo VIII

243

lativa, a aprovação ocorrerá durante a própria sessão a que disser respeito, para que não sedeixem resoluções pendentes para o próximo período legislativo.

Em regra, os deputados terão seus discursos publicados em ata impressa, sendo-lhes

ranqueado o prazo de cinco sessões para revisar seu texto antes da publicação. Caso o ora-dor leia parcialmente inormações ou discursos de representantes de outro poder, poderásolicitar à Mesa a publicação integral desses documentos, a m de que não sejam apenasindicados em ata.

As inormações e documentos ociais de caráter reservado não são levados à publica-ção, sendo echados em invólucro lacrado, etiquetado, datado e rubricado antes de seremarquivados.

Com vistas à divulgação dos trabalhos da Câmara dos Deputados, o programa Voz do

Brasil inorma ao público as atividades das comissões e do Plenário, bem como os pronun-ciamentos lidos ou proeridos, desde que em termos regimentais.

Page 241: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 241/441

245

Cpítu IX 

Da Psçõ 

AULA 1 – do concEito, dAs EsPéciEs E dA FormA

 Art. 100. Proposição é toda matéria sujeita à deliberação da Câmara.§ 1º As proposições poderão consistir em proposta de emenda à Constituição, pro-

 jeto, emenda, indicação, requerimento, recurso, parecer e proposta de iscalizaçãoe controle.§ 2º Toda proposição deverá ser redigida com clareza, em termos explícitos e con-cisos, e apresentada em três vias, cuja destinação, para os projetos, é a descrita no§ 1º do art. 111.§ 3º Nenhuma proposição poderá conter matéria estranha ao enunciado objetiva-

mente declarado na ementa, ou dele decorrente.

Comentários

O tema “proposição” é muito importante para a compreensão do processo legislativo. Trata-se de ideias organizadas de orma escrita para o exercício parlamentar e o alcancedos anseios da população brasileira.

As proposições utilizadas para iniciar o processo legislativo (proposta de emenda à

Constituição e projeto – de lei, de decreto legislativo e de resolução), uma vez aprovadas,originam normas jurídicas contempladas no art. 59 da Constituição Federal, in verbis:

“ Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:I – emendas à Constituição;II – leis complementares;III – leis ordinárias;IV – leis delegadas;V – medidas provisórias;

VI – decretos legislativos;VII – resoluções.”

Page 242: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 242/441

246

Curso de Regimento Interno

O art. 100 do RICD dispõe que proposição é toda matéria sujeita à deliberação daCâmara dos Deputados. O § 1º relaciona as proposições mais utilizadas no âmbito doprocesso legislativo; além delas, outras também poderiam constar da citação, mas, por

serem menos requisitadas, o legislador preeriu não arrolá-las, como mensagens de rati-cação de determinados atos do presidente da República.

O que mais importa neste momento é saber que são consideradas proposições as pro-postas de emenda à Constituição, os projetos, as emendas, as indicações, os requerimentos,os recursos, os pareceres e as propostas de scalização e controle. Nas aulas seguintes,detalharemos as disposições reerentes aos projetos, mostrando as matérias a eles relativas.

As proposições devem ser bem escritas, não podendo conter matéria estranha ao enun-ciado da ementa. A ementa é o resumo da proposição, que não deve ser conundida com a

expressão “emenda”, espécie de proposição que será objeto de comentários no capítulo X.Então, comparando-se o teor do art. 59 da Constituição Federal ao do art. 100 doRegimento Interno da Câmara dos Deputados, quando, por exemplo, um projeto de leiordinária or aprovado em todos os estágios do processo legislativo, deixará de ser projetopara tornar-se lei ordinária. Da mesma orma, uma proposta de emenda à Constituição,quando aprovada ao nal de sua tramitação no Congresso Nacional, insere-se no mundo

 jurídico na orma de emenda à Constituição Federal.

AULA 2 – dA APrEsEntAção

 Art. 101. Ressalvadas as hipóteses enumeradas na alínea a do inciso I deste artigo,a apresentação de proposição será eita por meio do sistema eletrônico de auten-ticação de documentos, na orma e nos locais determinados por ato da Mesa, ou:I – em Plenário ou perante comissão, quando se tratar de matéria constante daOrdem do Dia:

a) no momento em que a matéria respectiva or anunciada, para os requeri-mentos que digam respeito a:

1 – retirada de proposição constante da Ordem do Dia, com pareceresavoráveis, ainda que pendente do pronunciamento de outra co-missão de mérito;

2 – discussão de uma proposição por partes; dispensa, adiamento ouencerramento de discussão;

3 – adiamento de votação; votação por determinado processo; votaçãoem globo ou parcelada;

4 – destaque de dispositivo ou emenda para aprovação, rejeição, vota-

ção em separado ou constituição de proposição autônoma;

Page 243: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 243/441

Capítulo IX

247

5 – dispensa de publicação da redação inal, ou do avulso da redaçãoinal já publicada no Diário da Câmara dos Deputados, para imedia-

ta deliberação do Plenário;II – à Mesa, quando se tratar de iniciativa do Senado Federal, de outro poder, doprocurador-geral da República ou de cidadãos. ( Artigo com redação dada pela Reso-lução nº 22, de 2004.)

 Art. 102. A proposição de iniciativa de deputado poderá ser apresentada individualou coletivamente.§ 1º Consideram-se autores da proposição, para eeitos regimentais, todos os seussignatários, podendo as respectivas assinaturas ser apostas por meio eletrônico deacordo com ato da Mesa. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 22, de 2004.)§ 2º As atribuições ou prerrogativas regimentais coneridas ao autor serão exerci-das em Plenário por um só dos signatários da proposição, regulando-se a precedên-cia segundo a ordem em que a subscreveram.§ 3º O quórum para a iniciativa coletiva das proposições, exigido pela ConstituiçãoFederal ou por este Regimento Interno, pode ser obtido por meio das assinaturasde cada deputado, apostas por meio eletrônico ou, quando expressamente permi-tido, de líder ou líderes, representando estes últimos exclusivamente o número dedeputados de sua legenda partidária ou parlamentar, na data da apresentação da

proposição. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 22, de 2004.)§ 4º Nos casos em que as assinaturas de uma proposição sejam necessárias ao seutrâmite, não poderão ser retiradas ou acrescentadas após a respectiva publicaçãoou, em se tratando de requerimento, depois de sua apresentação à Mesa.

 Art. 103. A proposição poderá ser undamentada por escrito ou verbalmente peloautor e, em se tratando de iniciativa coletiva, pelo primeiro signatário ou quem esteindicar, mediante prévia inscrição junto à Mesa.Parágrao único. O relator de proposição, de oício ou a requerimento do autor, ará

 juntar ao respectivo processo a justiicação oral, extraída do Diário da Câmara dosDeputados.

Comentários

As proposições podem ser apresentadas no Plenário, às comissões ou à Mesa, depen-dendo do autor, do teor, da espécie e da situação destas. Para acilitar e dar celeridade aoprocesso legislativo, o RICD instituiu o sistema eletrônico de autenticação de documen-

tos, bem como previu a apresentação de proposições em locais determinados por ato daMesa, o que acilita o exercício da iniciativa legislativa.

O RICD deniu que os autores externos à Câmara dos Deputados devem apresentaras proposições à Mesa Diretora. Assim, a Mesa acolhe as proposições do Senado, dos

Page 244: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 244/441

248

Curso de Regimento Interno

poderes Executivo e udiciário, do procurador-geral da República e dos cidadãos. Nesseúltimo caso – iniciativa popular –, o art. 252, V, enatiza que o projeto será protocolizadoperante a Secretaria-Geral da Mesa, que vericará se oram cumpridas as exigências cons-

titucionais para sua apresentação.No caso de deputado, a regra é apresentar a proposição individualmente, mas em alguns

casos o Regimento dispõe sobre as matérias de autoria coletiva, como o requerimento ouo projeto de resolução para a criação de comissão parlamentar de inquérito (art. 35) e aspropostas de emenda à Constituição (art. 201, I). Ademais, os deputados podem optar pelainiciativa coletiva independentemente de exigência constitucional ou regimental. Em deter-minados casos, o quórum para iniciativa coletiva pode ser obtido pela assinatura de líderes,devendo o estatuto interno, nesse caso, dispor expressamente sobre tal permissão. Inúmerosdispositivos conrmam essa possibilidade, como os arts. 155; 157, § 3º; 188, II; entre outros.

 Toda proposição deve ser undamentada, em regra, por escrito, para que todos os inte-ressados conheçam as razões de sua apresentação. Trata-se de um apelo do autor para queseus pares se convençam da importância da aprovação da matéria.

 Todo deputado ederal que subscreve uma proposição é considerado seu autor, in-dependentemente de no uturo votar a avor ou contra ela, mas apenas um, conorme aprecedência da subscrição, exercerá as prerrogativas regimentais coneridas em Plenário,como discutir a matéria com precedência sobre outros parlamentares.

Após a publicação da proposição, as assinaturas necessárias ao trâmite da matéria nãopodem ser acrescentadas ou retiradas e, no caso de requerimento, depois de sua apresen-tação à Mesa.

Quanto à iniciativa de cidadãos, o art. 61, § 2º, da Constituição Federal dispõe que ainiciativa popular é exercida mediante a apresentação de projeto de lei ordinária ou com-plementar por pelo menos um centésimo do eleitorado nacional, distribuído em pelo me-nos cinco estados (isto é, em pelo menos cinco unidades da ederação, dentre os 26 estadose o Distrito Federal), com não menos de três décimos por cento (três milésimos) de assi-naturas em cada um deles. O art. 252 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados

estabelece os procedimentos para esta matéria.

AULA 3 – dA rEtirAdA, do ArQUivAmEnto Ao término dA LEgisLAtUrA E dA PUBLicAção

 Art. 104. A retirada de proposição, em qualquer ase do seu andamento, será re-querida pelo autor ao presidente da Câmara, que, tendo obtido as inormaçõesnecessárias, deerirá, ou não, o pedido, com recurso para o Plenário.

Page 245: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 245/441

Capítulo IX

249

§ 1º Se a proposição já tiver pareceres avoráveis de todas as comissões competentespara opinar sobre o seu mérito, ou se ainda estiver pendente do pronunciamento de

qualquer delas, somente ao Plenário cumpre deliberar, observado o art. 101, II, b,1. ( Após a redação dada ao art. 101 pela Resolução nº 22, de 2004, a remissão atualizadaé art. 101, I, a, 1.)§ 2º No caso de iniciativa coletiva, a retirada será eita a requerimento de, pelomenos, metade mais um dos subscritores da proposição.§ 3º A proposição de comissão ou da Mesa só poderá ser retirada a requerimentode seu presidente, com prévia autorização do colegiado.§ 4º A proposição retirada na orma deste artigo não pode ser reapresentada namesma sessão legislativa, salvo deliberação do Plenário.

§ 5º Às proposições de iniciativa do Senado Federal, de outros poderes, do procu-rador-geral da República ou de cidadãos aplicar-se-ão as mesmas regras.

 Art. 105. Finda a legislatura, arquivar-se-ão todas as proposições que no seu de-curso tenham sido submetidas à deliberação da Câmara e ainda se encontrem emtramitação, bem como as que abram crédito suplementar, com pareceres ou semeles, salvo as:I – com pareceres avoráveis de todas as comissões;II – já aprovadas em turno único, em primeiro ou segundo turno;

III – que tenham tramitado pelo Senado, ou dele originárias;IV – de iniciativa popular;V – de iniciativa de outro poder ou do procurador-geral da República.Parágrao único. A proposição poderá ser desarquivada mediante requerimento doautor, ou autores, dentro dos primeiros cento e oitenta dias da primeira sessão legis-lativa ordinária da legislatura subsequente, retomando a tramitação desde o estágioem que se encontrava.

 Art. 106. Quando, por extravio ou retenção indevida, não or possível o andamen-

to de qualquer proposição, vencidos os prazos regimentais, a Mesa ará reconstituiro respectivo processo pelos meios ao seu alcance para a tramitação ulterior.

 Art. 107. A publicação de proposição no Diário da Câmara dos Deputados e emavulsos, quando de volta das comissões, assinalará, obrigatoriamente, após o res-pectivo número:I – o autor e o número de autores da iniciativa, que se seguirem ao primeiro, ou deassinaturas de apoiamento;II – os turnos a que está sujeita;III – a ementa;IV – a conclusão dos pareceres, se avoráveis ou contrários, e com emendas ousubstitutivos;

Page 246: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 246/441

250

Curso de Regimento Interno

V – a existência, ou não, de votos em separado, ou vencidos, com os nomes deseus autores;

VI – a existência, ou não, de emendas, relacionadas por grupos, conorme os res-pectivos pareceres;VII – outras indicações que se izerem necessárias.§ 1º Deverão constar da publicação a proposição inicial, com a respectiva justii-cação; os pareceres, com os respectivos votos em separado; as declarações de votoe a indicação dos deputados que votaram a avor e contra; as emendas na íntegra,com as suas justi icações e respectivos pareceres; as inormações oiciais porventu-ra prestadas acerca da matéria e outros documentos que qualquer comissão tenha

 julgado indispensáveis à sua apreciação.

§ 2º Os projetos de lei aprovados conclusivamente pelas comissões, na orma doart. 24, II, serão publicados com os documentos mencionados no parágrao ante-rior, ressaltando-se a luência do prazo para eventual apresentação do recurso a quese reere o art. 58, § 2º, I, da Constituição Federal.

Comentários

No âmbito do processamento das matérias, a retirada de tramitação de uma propo-sição é prerrogativa de seu autor, dirigida ao presidente da Câmara dos Deputados. Emalguns casos, o próprio presidente pode deerir o pedido, enquanto que, em outras situa-ções, dado o estágio avançado de tramitação, somente o Plenário pode acatar a solicitação.

Assim, se alguma comissão já houver aprovado parecer, somente ao Plenário cumpredeliberar, como orma de prestigiar o trabalho já realizado pelo colegiado. Ainda assim,como nesse caso o Plenário é soberano, este pode decidir sobre a retirada da matéria detramitação independentemente do estágio em que se encontre.

Caso a proposição seja de iniciativa coletiva, somente a requerimento da maioria ab-

soluta dos subscritores o pedido pode ser encaminhado. Nesse caso, se uma proposta deemenda à Constituição tiver sido subscrita por duzentos deputados ederais, a solicitaçãodeve ter o respaldo de pelo menos 101 membros da Casa que a subscreveram. Se 303deputados assinaram a proposição, necessário se az um requerimento subscrito por 152parlamentares dentre aqueles que a apresentaram (303/2 = 151,5 152). Na verdade, nãoobstante o texto regimental inormar que a retirada de proposição de iniciativa coletivadepende da assinatura de metade mais um dos subscritores, a Mesa interpreta tal exigênciacomo maioria absoluta.

Uma vez aprovada a retirada da proposição, ela não pode ser reapresentada na mesmasessão legislativa, salvo se o Plenário autorizar. Trata-se de uma medida que visa racio-nalizar o processo legislativo, pois tende a dicultar reapresentações de matérias retiradaspor seus autores.

Page 247: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 247/441

Capítulo IX

251

Ao nal da legislatura, algumas proposições são arquivadas automaticamente. Porém,podem ser desarquivadas mediante requerimento de seu autor dentro dos primeiros 180dias do início da primeira sessão legislativa ordinária da legislatura subsequente (em regra,

2 de evereiro – EC nº 50, de 2006). Caso seja desarquivada, a proposição retoma a trami-tação do estágio em que se encontrava.

Outras proposições não são arquivadas automaticamente, como preveem os incisos Ia V do art. 105 do RICD. Como exemplo, os projetos de iniciativa popular continuamtramitando mesmo que a legislatura se nde sem a sua aprovação. Com essa medida,prestigia-se todo o esorço empreendido pelos cidadãos na busca de ver aprovado projetode sua autoria.

O art. 107 do RICD dispõe sobre o que deve ser divulgado no Diário da Câmara dos

Deputados quando da publicação da proposição, como os turnos a que se sujeita a matéria,o conteúdo dos pareceres e a uência do prazo para eventual apresentação de recurso con-tra a apreciação conclusiva das comissões.

AULA 4 – dos ProjEtos

 Art. 108. A Câmara dos Deputados exerce a sua unção legislativa por via de pro- jeto de lei ordinária ou complementar, de decreto legislativo ou de resolução, além

da proposta de emenda à Constituição. Art. 109. Destinam-se os projetos:I – de lei a regular as matérias de competência do Poder Legislativo, com a sançãodo presidente da República;II – de decreto legislativo a regular as matérias de exclusiva competência do PoderLegislativo, sem a sanção do presidente da República;III – de resolução a regular, com eicácia de lei ordinária, matérias da competênciaprivativa da Câmara dos Deputados, de caráter político, processual, legislativo ouadministrativo, ou quando deva a Câmara pronunciar-se em casos concretos como:

a) perda de mandato de deputado;b) criação de comissão parlamentar de inquérito;c) conclusões de comissão parlamentar de inquérito;d) conclusões de comissão permanente sobre proposta de iscalização e

controle;e) conclusões sobre as petições, representações ou reclamações da sociedade

civil;) matéria de natureza regimental;

g) assuntos de sua economia interna e dos serviços administrativos.§ 1º A iniciativa de projetos de lei na Câmara será, nos termos do art. 61 da Cons-tituição Federal e deste Regimento:

Page 248: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 248/441

252

Curso de Regimento Interno

I – de deputados, individual ou coletivamente;II – de comissão ou da Mesa;

III – do Senado Federal;IV – do presidente da República;V – do Supremo Tribunal Federal;VI – dos tribunais superiores;VII – do procurador-geral da República;VIII – dos cidadãos.§ 2º Os projetos de decreto legislativo e de resolução podem ser apresentados porqualquer deputado ou comissão, quando não sejam de iniciativa privativa da Mesaou de outro colegiado especíico.

 Art. 110. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituirobjeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioriaabsoluta dos membros da Câmara, ou, nos casos dos incisos III a VIII do § 1º doartigo anterior, por iniciativa do autor, aprovada pela maioria absoluta dos deputados.

 Art. 111. Os projetos deverão ser divididos em artigos numerados, redigidos deorma concisa e clara, precedidos, sempre, da respectiva ementa.§ 1º O projeto será apresentado em três vias:I – uma, subscrita pelo autor e demais signatários, se houver, destinada ao Arquivo

da Câmara;II – uma, autenticada em cada página pelo autor ou autores, com as assinaturas,por cópia, de todos os que o subscreveram, remetida à comissão ou comissões a quetenha sido distribuído;III – uma, nas mesmas condições da anterior, destinada à publicação no Diário daCâmara dos Deputados e em avulsos.§ 2º Cada projeto deverá conter, simplesmente, a enunciação da vontade legislativa,de conormidade com o § 3º do art. 100, aplicando-se, caso contrário, o disposto

no art. 137, § 1º, ou no art. 57, III.§ 3º Nenhum artigo de projeto poderá conter duas ou mais matérias diversas.

 Art. 112. Os projetos que orem apresentados sem observância dos preceitos ixa-dos no artigo anterior e seus parágraos, bem como os que, explícita ou implicita-mente, contenham reerências a lei, artigo de lei, decreto ou regulamento, contratoou concessão, ou qualquer ato administrativo e não se açam acompanhar de suatranscrição, ou, por qualquer modo, se demonstrem incompletos e sem esclareci-mentos, só serão enviados às comissões, cientes os autores do retardamento, depoisde completada sua instrução.

Page 249: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 249/441

Capítulo IX

253

Comentários

Se ôssemos realizar uma estatística sobre o volume de proposições que tramitamno âmbito da Câmara dos Deputados, com certeza o resultado constataria que a grande

maioria delas reere-se a projetos. Eles são tão importantes que o legislador constituintepermitiu que o cidadão exercesse a democracia direta mediante a apresentação de projetode lei de iniciativa popular.

Nesse contexto, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados classica os projetosem três categorias, a saber:

1ª) projeto de lei: destina-se a regular as matérias de competência do Poder Legisla-tivo, com a sanção do presidente da República. Estas estão relacionadas no art. 48da Constituição Federal, como a matéria orçamentária, tributária, concessão deanistia etc.Esses projetos são divididos em duas espécies:

a) projeto de lei ordinária:• quórum de aprovação: maioria simples;• turnos a que se submetem: turno único;

  b) projeto de lei complementar:• quórum de aprovação: maioria absoluta;• turnos a que se submetem: dois;

• utilização: quando a Constituição Federal assinala a expressão “lei com-plementar”, para disciplinar determinada matéria.

2ª) projeto de decreto legislativo: regula as matérias de exclusiva competência do Le-gislativo, sem a sanção do presidente da República. Trata-se das reeridas no art. 49da Constituição Federal, como a que resolve denitivamente sobre tratados, acor-dos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos aopatrimônio nacional ou a aprovação do estado de deesa ou de intervenção ederal.

3ª) projeto de resolução: destina-se a regular, com ecácia de lei ordinária, matérias de

competência privativa da Câmara (CF, art. 51), entre outros importantes assuntos,como a criação, em determinados casos, de comissão parlamentar de inquérito.

A iniciativa dos projetos de lei tem base constitucional (art. 61), e o próprio RICDraticou os agentes que podem iniciar o processo legislativo mediante a apresentação deprojetos de lei (art. 109, § 1º, I a VIII).

Para evitar a repetição da tramitação de matéria objeto de projeto de lei rejeitado numamesma sessão legislativa, o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, tomando porbase a previsão inscrita no art. 67 da Constituição Federal, somente autoriza a reapre-sentação da matéria na mesma sessão legislativa se o projeto or subscrito pela maioriaabsoluta dos deputados ederais ou, no caso de iniciativa externa, se a reapresentação oraprovada pela maioria absoluta dos membros da Câmara.

Page 250: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 250/441

254

Curso de Regimento Interno

Sobre a elaboração dos projetos, as leis complementares nos 95, de 1998, e 107, de2001, decorrentes da previsão contida no parágrao único do art. 59 da ConstituiçãoFederal, dispõem sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis. Essa

organização é importante, pois, se a proposição não estiver ormalizada e em termos, opresidente da Câmara dos Deputados, nos termos regimentais, devolve, de imediato, oprojeto ao autor (art. 137).

AULA 5 – dAs indicAçõEs

 Art. 113. Indicação é a proposição através da qual o deputado:I – sugere a outro poder a adoção de providência, a realização de ato administrativo

ou de gestão, ou o envio de projeto sobre a matéria de sua iniciativa exclusiva;II – sugere a maniestação de uma ou mais comissões acerca de determinado assun-to, visando a elaboração de projeto sobre matéria de iniciativa da Câmara.§ 1º Na hipótese do inciso I, a indicação será objeto de requerimento escrito, des-pachado pelo presidente e publicado no Diário da Câmara dos Deputados.§ 2º Na hipótese do inciso II, serão observadas as seguintes normas:I – as indicações recebidas pela Mesa serão lidas em súmula, mandadas à publica-ção no Diário da Câmara dos Deputados e encaminhadas às comissões competentes;II – o parecer reerente à indicação será proerido no prazo de vinte sessões, pror-

rogável a critério da presidência da comissão;III – se a comissão que tiver de opinar sobre indicação concluir pelo oerecimentode projeto, seguirá este os trâmites regimentais das proposições congêneres;IV – se nenhuma comissão opinar em tal sentido, o presidente da Câmara, ao che-gar o processo à Mesa, determinará o arquivamento da indicação, cientiicando-seo autor para que este, se quiser, oereça projeto próprio à consideração da Casa;V – não serão aceitas proposições que objetivem:

a) consulta a comissão sobre interpretação e aplicação de lei;

b) consulta a comissão sobre atos de qualquer poder, de seus órgãos e autori-dades. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

Comentários

A indicação é um instrumento muito valioso para o exercício da atividade parla-mentar. Com ela é possível, por exemplo, que um parlamentar sugira a outro poder aadoção de providência. Assim, um deputado ederal pode sugerir ao Executivo que seja

construída uma estrada ederal ligando dois estados, atividade esta a cargo exclusivo doPoder Executivo ederal, ou que seja encaminhado ao Congresso um projeto de lei queabra crédito para ser utilizado no omento de alguma atividade considerada prioritária.

Page 251: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 251/441

Capítulo IX

255

Para isso, o parlamentar deve subscrever um requerimento, proposição esta que nãoprecisa ser submetida à deliberação de comissão ou do Plenário.

Curiosidade: indicação e requerimento são espécies dierentes de proposição, mas o Re-

gimento exige a subscrição de requerimento para se apresentar indicação (art. 113, § 1º). Também, mediante indicação, pode o parlamentar sugerir a uma comissão providência

reerente à sua área de competência, com vistas à elaboração de projeto sobre matéria deiniciativa da Câmara.

Cabe ressaltar que a indicação não deve ter por objeto consulta a comissão sobre in-terpretação e aplicação de lei e sobre atos de qualquer poder, de seus órgãos e autoridades.

A grande maioria das indicações contém sugestões ao Poder Executivo. Nesse caso,a Câmara tem aceitado que essas proposições sejam dirigidas de maneira genérica ao

Executivo ederal ou, de modo mais especíco, ao ministério competente. Dessa orma:

1) Pode-se encaminhar indicação ao Executivo de maneira genérica dirigindo-a aoPoder Executivo, à Presidência da República ou ainda à Casa Civil da Presidênciada República, conorme exemplos a seguir:a) INC nº 467/2011 – Sugere à presidenta da República, Dilma Roussef, que

sejam tomadas as providências necessárias com vistas à integração das açõesdo governo ederal para combater o processo contínuo de aumento do preçoda gasolina, bem como para a adoção de políticas em deesa dos consumido-

res e dos setores produtivos brasileiros para reprimir os abusos no valor doscombustíveis, especialmente relacionados à tributação, aos aumentos injusti-cados e acima da inação, e às práticas de cartéis no mercado de revenda.

b) INC nº 533/2011 – Sugere à Exma. Sra. Presidente da República a possi-bilidade de abrir uma linha de nanciamento público para a elaboração deprojetos nas áreas de saneamento básico, arquitetura e urbanismo.

c) INC nº 500/2011 – Sugere ao ministro-chee da Casa Civil da Presidênciada República sejam ampliadas as políticas sociais para a Amazônia.

2) Pode-se encaminhar indicação ao Executivo dirigida especicamente ao ministé-rio cujo assunto tenha pertinência. Exemplos:a) INC nº 6.297/2010 – Sugere ao Exmo. Sr. Ministro do Desenvolvimento

Agrário a alienação dos imóveis de propriedade do Incra no antigo ProjetoAssentamento Machadinho, hoje município de Machadinho do Oeste, noestado de Rondônia, aos seus históricos e antigos ocupantes, servidores ativose inativos daquela autarquia.

b) INC nº 555/2011 – Requer o envio de indicação ao Exmo. Ministro de Estadoda Saúde, no âmbito da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS – su-

gerindo inclusão da reprodução assistida na relação de ações de planejamentoamiliar, constante da Proposta de Resolução Normativa da Agência Nacionalde Saúde Suplementar – ANS, que atualizará o Rol de Procedimentos e Even-tos em Saúde, e se encontra aberta para Consulta Pública nº 40.

Page 252: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 252/441

256

Curso de Regimento Interno

Em qualquer caso, a Primeira-Secretaria da Câmara dos Deputados tem encaminha-do as indicações, por meio de oício, ao ministro-chee da Casa Civil da Presidência daRepública.

Em regra, a Câmara não tem admitido que a indicação seja dirigida diretamente, porexemplo, a uma autarquia ederal, por considerar que isso desrespeitaria a hierarquia existen-te no Poder Executivo. Assim, para sugerir a adoção de providências da alçada do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a sugestãodeve ser dirigida de maneira genérica ao Executivo ou, mais especicamente, ao Ministériodo Meio Ambiente. No caso do Banco Central, que é uma autarquia, a indicação pode serdirigida diretamente ao seu presidente, cujo cargo detém status de ministro de Estado.

AULA 6 – dos rEQUErimEntos

 Art. 114. Serão verbais ou escritos, e imediatamente despachados pelo presidente,os requerimentos que solicitem:I – a palavra, ou a desistência desta;II – permissão para alar sentado, ou da bancada;III – leitura de qualquer matéria sujeita ao conhecimento do Plenário;IV – observância de disposição regimental;V – retirada, pelo autor, de requerimento;VI – discussão de uma proposição por partes;VII – retirada, pelo autor, de proposição com parecer contrário, sem parecer, ouapenas com parecer de admissibilidade; (Primitivo inciso VIII renumerado pela Re-solução nº 5, de 1996.)VIII – veriicação de votação; (Primitivo inciso IX renumerado pela Resoluçãonº 5, de 1996.)IX – inormações sobre a ordem dos trabalhos, a agenda mensal ou a Ordem doDia; (Primitivo inciso X renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)

 X – prorrogação de prazo para o orador na tribuna; (Primitivo inciso XI renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.) XI – dispensa do avulso para a imediata votação da redação inal já publicada;(Primitivo inciso XII renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)

 XII – requisição de documentos; (Primitivo inciso XIII renumerado pela Resoluçãonº 5, de 1996.)

 XIII – preenchimento de lugar em comissão; (Primitivo inciso XIV renumerado pelaResolução nº 5, de 1996.)

 XIV – inclusão em Ordem do Dia de proposição com parecer, em condições regi-mentais de nela igurar; (Primitivo inciso XV renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)

 XV – reabertura de discussão de projeto encerrada em sessão legislativa anterior;(Primitivo inciso XVI renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)

Page 253: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 253/441

Capítulo IX

257

 XVI – esclarecimento sobre ato da administração ou economia interna da Câmara;(Primitivo inciso XVII renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)

 XVII – licença a deputado, nos termos do § 3º do art. 235. ( Primitivo inciso XVIII renumerado pela Resolução nº 5, de 1996.)Parágrao único. Em caso de indeerimento e a pedido do autor, o Plenário seráconsultado, sem discussão nem encaminhamento de votação, que será eita peloprocesso simbólico.

 Art. 115. Serão escritos e despachados no prazo de cinco sessões, pelo presidente,ouvida a Mesa, e publicados com a respectiva decisão no Diário da Câmara dosDeputados, os requerimentos que solicitem:I – inormação a ministro de Estado;II – inserção, nos anais da Câmara, de inormações, documentos ou discurso derepresentante de outro poder, quando não lidos integralmente pelo orador que aeles ez remissão.Parágrao único. Nas hipóteses deste artigo, caberá recurso ao Plenário dentroem cinco sessões, a contar da publicação do despacho indeeritório no Diário daCâmara dos Deputados. O recurso será decidido pelo processo simbólico, sem dis-cussão, sendo permitido o encaminhamento de votação pelo autor do requerimentoe pelos líderes, por cinco minutos cada um.

 Art. 116. Os pedidos escritos de inormação a ministro de Estado, importandocrime de responsabilidade a recusa ou o não atendimento no prazo de trinta dias,bem como a prestação de inormações alsas, serão encaminhados pelo primeiro-secretário da Câmara, observadas as seguintes regras:I – apresentado requerimento de inormação, se esta chegar espontaneamente àCâmara ou já tiver sido prestada em resposta a pedido anterior, dela será entreguecópia ao deputado interessado, caso não tenha sido publicada no Diário da Câmarados Deputados, considerando-se, em consequência, prejudicada a proposição;

II – os requerimentos de inormação somente poderão reerir-se a ato ou ato, naárea de competência do ministério, incluídos os órgãos ou entidades da adminis-tração pública indireta sob sua supervisão:

a) relacionado com matéria legislativa em trâmite, ou qualquer assunto sub-metido à apreciação do Congresso Nacional, de suas Casas ou comissões;

b) sujeito à iscalização e ao controle do Congresso Nacional, de suas Casasou comissões;

c) pertinente às atribuições do Congresso Nacional;III – não cabem, em requerimento de inormação, providências a tomar, consulta,

sugestão, conselho ou interrogação sobre propósitos da autoridade a que se dirige;

Page 254: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 254/441

258

Curso de Regimento Interno

IV – a Mesa tem a aculdade de recusar requerimento de inormação ormuladode modo inconveniente, ou que contrarie o disposto neste artigo, sem prejuízo do

recurso mencionado no parágrao único do art. 115.§ 1º Por matéria legislativa em trâmite entende-se a que seja objeto de proposta deemenda à Constituição, de projeto de lei ou de decreto legislativo ou de medida pro-

 visória em ase de apreciação pelo Congresso Nacional, por suas Casas ou comissões.§ 2º Constituem atos ou atos sujeitos à iscalização e ao controle do CongressoNacional, de suas Casas e comissões os deinidos no art. 60.

 Art. 117. Serão escritos e dependerão de deliberação do Plenário os requerimentosnão especiicados neste Regimento e os que solicitem:I – representação da Câmara por comissão externa;II – convocação de ministro de Estado perante o Plenário;III – sessão extraordinária;IV – sessão secreta;V – não realização de sessão em determinado dia;VI – retirada da Ordem do Dia de proposição com pareceres avoráveis, ainda quependente do pronunciamento de outra comissão de mérito;VII – prorrogação de prazo para a apresentação de parecer por qualquer comissão;VIII – audiência de comissão, quando ormulados por deputado;

IX – destaque, nos termos do art. 161; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 5,de 1996.)

 X – adiamento de discussão ou de votação; XI – encerramento de discussão; XII – votação por determinado processo; XIII – votação de proposição, artigo por artigo, ou de emendas, uma a uma; XIV – dispensa de publicação para votação de redação inal; XV – urgência; XVI – preerência;

 XVII – prioridade; XVIII – voto de pesar; XIX – voto de regozijo ou louvor.§ 1º Os requerimentos previstos neste artigo não sorerão discussão, só poderão tersua votação encaminhada pelo autor e pelos líderes, por cinco minutos cada um, eserão decididos pelo processo simbólico.§ 2º Só se admitem requerimentos de pesar:

Page 255: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 255/441

Capítulo IX

259

I – pelo alecimento de chee de Estado estrangeiro, congressista de qualquer legis-latura, e de quem tenha exercido os cargos de presidente ou vice-presidente da Re-

pública, presidente do Supremo Tribunal Federal ou de tribunal superior, ministrode Estado, governador de estado, de território ou do Distrito Federal;II – como maniestação de luto nacional oicialmente declarado.§ 3º O requerimento que objetive maniestação de regozijo ou louvor deve limitar-se a acontecimentos de alta signiicação nacional.§ 4º A maniestação de regozijo ou louvor concernente a ato ou acontecimentointernacional só poderá ser objeto de requerimento se de autoria da Comissão deRelações Exteriores e de Deesa Nacional, previamente aprovada pela maioria ab-soluta de seus membros. (Redação adaptada aos termos da Resolução nº 15, de 1996.)

Comentários

Os requerimentos previstos no Regimento Interno da Câmara dos Deputados sãoproposições que servem aos mais diversos objetivos no âmbito do processo legislativo.Para sistematizar o seu emprego por parte dos parlamentares, o RICD os divide em trêscategorias, a saber:

1ª) sujeitos a despacho apenas do presidente;2ª) sujeitos a despacho do presidente, ouvida a Mesa Diretora;

3ª) sujeitos à deliberação do Plenário.

Os requerimentos incluídos na primeira categoria são verbais ou escritos e imedia-tamente despachados pelo presidente. Trata-se de situações que requerem uma respostaimediata. Normalmente reerem-se às solicitações mais simples, como permissão para oparlamentar alar sentado ou da bancada ou a prorrogação do prazo para o orador na tri-

buna. Nesses e em outros casos previstos no art. 114, I a XVII, o presidente, sem a neces-sidade de deliberação do Plenário, decide monocraticamente. Em caso de indeerimentodo requerimento, o autor pode recorrer da decisão ao Plenário, dando a oportunidadepara que todos os deputados ederais presentes decidam denitivamente sobre o objetodo requerimento.

Os requerimentos sujeitos a despacho do presidente, ouvida a Mesa Diretora, são deduas naturezas (art. 115):

I. inormação a ministro de Estado;

II. inserção, nos anais da Câmara, de inormações, documentos ou discurso de re-presentante de outro poder, quando não lidos integralmente pelo orador que aeles ez remissão.

Page 256: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 256/441

Curso de Regimento Interno

260

Esses requerimentos dependem da audição da Mesa Diretora da Câmara, sendo des-pachados pelo presidente no prazo de cinco sessões e a decisão publicada no Diário daCâmara dos Deputados.

O destaque dessa modalidade de requerimento é o pedido escrito de inormação aministro de Estado previsto no art. 50, § 2º, da Constituição Federal. Trata-se de um dosinstrumentos de “reios e contrapesos” utilizados pelos deputados e senadores no con-trole das atividades do Poder Executivo. Por meio dele, o parlamentar pode solicitar quea autoridade vinculada diretamente à Presidência da República inorme sobre assuntorelacionado com matéria em tramitação no Congresso ou sujeito à scalização do Le-gislativo. O prazo para resposta é de trinta dias, após o seu recebimento pelo ministro. Oprimeiro-secretário da Câmara é o encarregado de encaminhar a solicitação do deputadoà respectiva autoridade (art. 116).

A terceira categoria, que diz respeito aos requerimentos sujeitos à deliberação do Ple-nário, é considerada a mais importante e diícil de ser aprovada. Como exemplos, o pedidopara encerrar a discussão de uma matéria ou o adiamento da votação de determinadaproposição são muitas vezes objeto de discordância no Plenário, já que normalmente ma-nobras políticas são apresentadas. Esses requerimentos e outros não previstos no RICDdevem ser escritos e submeter-se às regras do art. 117.

Assim, praticamente em todo o Regimento Interno da Câmara dos Deputados sãoapresentadas situações que são ou não viabilizadas mediante a apresentação e aprovação

de pedidos dos parlamentares, na orma de requerimento.

AULA 7 – dos PArEcErEs

 Art. 126. Parecer é a proposição com que uma comissão se pronuncia sobre qual-quer matéria sujeita a seu estudo.Parágrao único. A comissão que tiver de apresentar parecer sobre proposições edemais assuntos submetidos à sua apreciação cingir-se-á à matéria de sua exclusivacompetência, quer se trate de proposição principal, de acessória, ou de matériaainda não objetivada em proposição.

 Art. 127. Cada proposição terá parecer independente, salvo as apensadas na ormados arts. 139, I, e 142, que terão um só parecer.

 Art. 128. Nenhuma proposição será submetida a discussão e votação sem parecerescrito da comissão competente, exceto nos casos previstos neste Regimento.Parágrao único. Excepcionalmente, quando o admitir este Regimento, o parecer

poderá ser verbal.

Page 257: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 257/441

Capítulo IX

261

 Art. 129. O parecer por escrito constará de três partes:I – relatório, em que se ará exposição circunstanciada da matéria em exame;

II – voto do relator, em termos objetivos, com a sua opinião sobre a conveniênciada aprovação ou rejeição, total ou parcial, da matéria, ou sobre a necessidade dedar-lhe substitutivo ou oerecer-lhe emenda;III – parecer da comissão, com as conclusões desta e a indicação dos deputados

 votantes e respectivos votos.§ 1º O parecer a emenda pode constar apenas das partes indicadas nos incisos II eIII, dispensado o relatório.§ 2º Sempre que houver parecer sobre qualquer matéria que não seja projeto do Po-der Executivo, do udiciário ou do Ministério Público, nem proposição da Câmara

ou do Senado, e desde que das suas conclusões deva resultar resolução, decretolegislativo ou lei, deverá ele conter a proposição necessária devidamente ormuladapela comissão que primeiro deva proerir parecer de mérito, ou por comissão par-lamentar de inquérito, quando or o caso.

 Art. 130. Os pareceres aprovados, depois de opinar a última comissão a que tenhasido distribuído o processo, serão remetidos juntamente com a proposição à Mesa.Parágrao único. O presidente da Câmara devolverá à comissão o parecer que con-trarie as disposições regimentais, para ser reormulado na sua conormidade, ou em

razão do que prevê o parágrao único do art. 55.

Comentários

Outra proposição primordial para a consecução dos trabalhos legislativos é o parecer.Ele é o meio pelo qual as comissões se pronunciam sobre qualquer matéria sujeita a seuexame, no âmbito de seu campo temático ou área de atuação, ainda que não se trate deproposição, podendo se reerir apenas a consulta ao colegiado.

Assim, se o presidente da Câmara dos Deputados distribui um projeto de lei quedispõe sobre o sistema nanceiro da habitação para a Comissão de Desenvolvimento Ur-bano, o presidente do colegiado escolhe um de seus membros para, na condição de relator,elaborar o respectivo parecer. Caso sejam apensados outros projetos ao que tenha prece-dência, o parecer também deve contemplar as demais proposições apensadas.

Em regra, o parecer deve ser escrito, mas excepcionalmente pode ser oral (verbal), con-orme estabelece o art. 157, §§ 2º e 4º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Page 258: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 258/441

262

Curso de Regimento Interno

O parecer escrito deve ser composto por três partes, quais sejam:

I. relatório: com a exposição de todas as circunstâncias da matéria examinada;

II. voto do relator: em termos objetivos, com a sua opinião sobre a conveniência daaprovação ou rejeição total ou parcial da matéria, ou sobre a necessidade de oe-recimento de modicação;

III. parecer da comissão: com a decisão do colegiado e a indicação dos deputados votantes e respectivos votos.

Na verdade, o papel a ser desempenhado inicialmente pelo relator abrange as duasprimeiras partes do parecer, pois a última, o parecer da comissão, reere-se ao resultado da

 votação do colegiado.

Quando à matéria orem apresentadas emendas (supressiva, aglutinativa, substitutiva,modicativa ou aditiva), o parecer proerido pelo relator a tais proposições acessórias podedispensar a parte reerente ao relatório.

Excepcionalmente, a comissão não se pronuncia por meio de um parecer, como é ocaso das comissões parlamentares de inquérito, que, ao nal de seus trabalhos, apresentamum relatório circunstanciado apontando o resultado da investigação realizada.

É oportuno destacar que algumas proposições não recebem parecer. Um exemplo des-sa situação são os requerimentos, que, em regra, são autônomos, não dependendo de rela-

tor para analisar a matéria.

Page 259: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 259/441

263

Cpítu X 

Da Ea 

AULA 1 – dEFinição E EsPéciEs

  Art. 118. Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra, sendo aprincipal qualquer uma dentre as reeridas nas alíneas a a e do inciso I do art. 138.§ 1º As emendas são supressivas, aglutinativas, substitutivas, modiicativas ouaditivas.§ 2º Emenda supressiva é a que manda erradicar qualquer parte de outra proposição.§ 3º Emenda aglutinativa é a que resulta da usão de outras emendas, ou destascom o texto, por transação tendente à aproximação dos respectivos objetos.§ 4º Emenda substitutiva é a apresentada como sucedânea a parte de outra proposi-

ção, denominando-se “substitutivo” quando a alterar, substancial ou ormalmente,em seu conjunto; considera-se ormal a alteração que vise exclusivamente ao aper-eiçoamento da técnica legislativa.§ 5º Emenda modiicativa é a que altera a proposição sem a modiicarsubstancialmente.§ 6º Emenda aditiva é a que se acrescenta a outra proposição.........................................................................................................................................

Comentários

De acordo com o estatuído no caput  do art. 118 do RICD, emenda é a proposição(matéria sujeita à deliberação da Câmara) apresentada como acessória de outra, sendo aprincipal proposta de emenda à Constituição ou projeto (de lei – ordinária ou comple-mentar –, de decreto legislativo ou de resolução).

O esquema e a ilustração a seguir acilitam a compreensão da incidência de emendana Câmara:

Page 260: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 260/441

Curso de Regimento Interno

264

OBSERVAÇõES:

1) Subemenda – o RICD admite que uma emenda incida sobre outra emen-da, caso em que se denomina subemenda. Nesse caso, ambas são proposi-ções acessórias.

2) Medida Provisória – não obstante reconhecermos a possibilidade de seapresentar emenda a medida provisória (MP), é mister inormar que a tra-mitação de MP na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, separada-mente, é regida por resolução especíca do Congresso Nacional (Resoluçãonº 1, de 2002).

São cinco as espécies de emendas na Câmara: supressiva, aglutinativa, substitutiva,

modicativa e aditiva.A sequência de emendas apresentadas no § 1º do art. 118, conorme a natureza, é

utilizada na organização das emendas pela ordem dos artigos do projeto (art. 138, II), bemcomo na ordenação da votação de emendas com pareceres divergentes e emendas destaca-das (arts. 189, § 2º, e 191, VIII). Logo, é essencial memorizá-las na ordem exata em quesão apresentadas por sua natureza.

• Lei

• Decreto Legislativo• Resolução

• Proposta de Emenda à Constituição (PEC)

• Projeto de

EMENDA(acessória de)

• Ordinária•

Complementar

PEC “Z”

emenda

Projeto“X”

emenda

Page 261: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 261/441

Capítulo X

265

Comentários

d bv

O substitutivo merece realce pois, embora seja emenda substitutiva, altera substancialou ormalmente a proposição em seu conjunto. O substitutivo é bastante útil para reunirem um só texto várias sugestões de alteração da proposição principal propostas na ormade emendas ou, ainda, as ideias constantes de dois ou mais projetos que tramitam conjun-tamente (proposições apensadas – arts. 139, I, e 142).

Por se tratar de emenda, pode ser apresentado por deputado ou comissão, porém, noque tange à votação, o art. 191, II, concede preerência apenas ao substitutivo de comissãosobre o projeto. O substitutivo tem o condão de aprimorar a proposição principal e, por

conseguinte, o subscritor do substitutivo costuma receber mais atenção da mídia do queo autor da proposição original. Isso porque, para contemplar as alterações substanciais ouormais ao conjunto da proposição, esta é integralmente substituída pela emenda deno-minada “substitutivo” – transcreve-se a parte inalterada do projeto (ou PEC), quando oro caso, e reescrevem-se os dispositivos objeto da substituição (arts. 118, § 4º, e 138, § 4º).Quanto a isso, ainda que qualquer deputado possa oerecê-lo, na praxe legislativa o relatorda matéria é quem apresenta o substitutivo.

Posto que o texto do substitutivo substitua integralmente o projeto (ou PEC), apenas

algumas partes da proposição original poderão sorer alterações. Por exemplo, em um pro- jeto com dez artigos, o texto substitutivo poderá manter a redação original de seis artigos(transcrição) e alterar os demais (reescrita), com modicações que impliquem alteraçãosubstancial ou ormal do projeto no seu conjunto.

As alterações promovidas por substitutivo podem ser ormais ou de conteúdo (art. 118,§ 4º).

De acordo com a prescrição do § 4º do art. 138, a emenda que substituir integralmenteo projeto terá, em seguida ao número, entre parênteses, a indicação “Substitutivo”.

Incumbe-nos esclarecer que emenda substitutiva aprovada substitui a parte do projetoa que se reerir e que a rejeição do projeto prejudica as emendas a ele oerecidas (art. 191,VI). Por sua vez, substitutivo aprovado prejudica o projeto e as emendas a este oerecidas(art. 191, IV) e, caso o Plenário conceda preerência para que o projeto seja votado antesdo substitutivo, a rejeição do projeto prejudica o substitutivo (que é, na verdade, uma

emenda substitutiva).

ALTERAÇÕES • ormais• de conteúdo

Page 262: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 262/441

266

Curso de Regimento Interno

Espécies/tipos:

•  Supressiva

   Aglutinativa•  Substitutiva

•  Modicativa

•   Aditiva

Como demonstrado acima, o termo SASMA – ormado pela junção da primeira letrada denominação de cada emenda – é recurso mnemônico útil para se recordar quantas sãoas espécies de emendas e quais são suas iniciais. Porém, cientes de quais são as emendas,

como saber qual é a que inicia a sequência das emendas? A primeira seria a supressiva oua substitutiva? E, ainda, a derradeira seria a aditiva ou a aglutinativa? Como ensina Luiz Claudio Alves dos Santos (2006, p. 140), a memorização da ordem exata das emendaspode ser acilitada recorrendo-se, também, ao termo SuprASMAd, pois “este permiteidenticar o primeiro S como reerente à emenda supressiva e o último A como relativo àemenda aditiva”, enquanto SASMA “ajuda a lembrar quais são as emendas pela suas ini-ciais”. E conclui: “Utilize SASMA para lembrar as emendas e SuprASMAd para recordara sequência em que são votadas”.

AULA 2 – do sUBstitUtivo, dA EmEndA dE rEdAção E dAs sUBEmEndAs

  Art. 118. Emenda é a proposição apresentada como acessória de outra, sendo aprincipal qualquer uma dentre as reeridas nas alíneas a a e do inciso I do art. 138.........................................................................................................................................§ 4º Emenda substitutiva é a apresentada como sucedânea a parte de outra proposi-

ção, denominando-se “substitutivo” quando a alterar, substancial ou ormalmente,em seu conjunto; considera-se ormal a alteração que vise exclusivamente ao aper-eiçoamento da técnica legislativa.........................................................................................................................................§ 7º Denomina-se subemenda a emenda apresentada em comissão a outra emendae que pode ser, por sua vez, supressiva, substitutiva ou aditiva, desde que não inci-da, a supressiva, sobre emenda com a mesma inalidade.§ 8º Denomina-se emenda de redação a modiicativa que visa a sanar v ício de lin-guagem, incorreção de técnica legislativa ou lapso maniesto.

S A S M A

Page 263: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 263/441

Capítulo X

267

d m çã

Quanto à emenda de redação, risamos tratar-se de emenda modicativa que tem pornalidade sanear uma das três ocorrências a seguir listadas e exemplicadas:

a) vício de linguagem – trocar um “ç” por “s”;

b) incorreção de técnica legislativa – denominar § 1º o único parágrao do artigo, oqual tecnicamente deveria ser inscrito como “Parágrao único”;

c) lapso maniesto – pular a numeração de um artigo. Suponha-se projeto com ape-nas três artigos numerados da seguinte orma: art. 1º, art. 2º e art. 4º.

Atente-se que resolver problema de redação ambígua implica alteração de mérito, e

não de redação propriamente dita.

d bm

Subemenda é a emenda apresentada em comissão a outra emenda. Nesse sentido,quando um projeto (ou PEC) é emendado em Plenário, as emendas são distribuídas às co-missões competentes para exame da matéria (consulte a aula 9 deste capítulo) e, então, aoapreciar as emendas de Plenário, será possível alterar seu texto por meio de subemendas.

São apenas três as espécies de subemendas: supressiva, substitutiva e aditiva. Cumpre

ressaltar que uma subemenda supressiva não poderá ter como objeto emenda supressiva.

Para memorizar as subemendas, pode-se recorrer ao termo  AdiSS ou ainda registrarque os três tipos de subemendas recebem respectivamente a mesma adjetivação das emen-das ímpares (1, 3 e 5); ou seja, lembrando-se de SuprASMAd, saber-se-á que a primeiraemenda é supressiva, a terceira emenda é substitutiva e a quinta emenda é aditiva. Logo, astrês espécies de subemendas são as seguintes: supressiva, substitutiva e aditiva.

Outra orma de se memorizar quais são as subemendas é utilizar-se do termo mnemô-nico SAS (supressiva, aditiva, substitutiva), oriundo do termo SASMA, lembrando-se deque o A de SAS representa a subemenda aditiva (e não aglutinativa).

SUBEMENDAS• Supressiva (não pode incidir sobre emenda supressiva)• Substitutiva• Aditiva

Page 264: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 264/441

268

Curso de Regimento Interno

AULA 3 – dA iniciAtivA dAs EmEndAs

Comentários

Nos termos do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, o poder de emendare modicar proposições é exercido com exclusividade pelos deputados ederais, indivi-dual ou coletivamente, ou ainda por meio de comissão, cuja composição restringe-se aospróprios deputados. Em regra, os demais titulares da iniciativa legislativa explicitados naConstituição Federal (CF, art. 61) não possuem a prerrogativa de emendar proposiçõesem trâmite legislativo na Câmara dos Deputados. Caso o próprio presidente da Repúblicaqueira suprimir ou modicar parte do texto de projeto de sua autoria, necessitará retiraro projeto inicial e apresentar um novo projeto. Ainda que se tolere que o presidente da

República encaminhe ao Congresso Nacional “mensagens aditivas”, não se deve conundiressas mensagens com as emendas aditivas previstas no § 6º do art. 118 do RICD, pois taismensagens presidenciais são, na verdade, o encaminhamento de novo projeto, que com-plementa projeto em tramitação.

Nesse sentido, recorda-se a lição de Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2002,p. 209):

“Sem dúvida, aos titulares extraparlamentares da iniciativa se tem tolerado que,por meio de mensagens aditivas, alterem o projeto que remeteram. Todavia,

como salienta osé Aonso da Silva, o próprio nome dado a essas mensagens járevela os seus limites naturais. Por elas, não pode o titular extraparlamentar dainiciativa ‘suprir ou substituir dispositivos, só pode... acrescentar dispositivos napropositura original’. E isso se justica porque os novos dispositivos podem serconsiderados não modicação do proposto, mas nova proposição. Assim, pararealmente modicar o projeto, só há um caminho – retirá-lo e apresentá-lo denovo, reormulado.”

Nos termos previstos no RICD, pode-se então armar que as emendas poderão ser

apresentadas na Câmara dos Deputados, conorme o caso, por:

a) relator (art. 57, IV, c/c art. 129, II);

b) qualquer deputado (arts. 119, I, e 120, I);

c) qualquer membro da comissão (art. 119, II);

d) Comissão de Legislação Participativa (art. 119, I);

e) comissão, por maioria simples (art. 120, I);

) comissão, por maioria absoluta (art. 120, II, a);g) um quinto dos deputados (art. 120, § 4º);

h) um décimo dos deputados (arts. 120, II, b, e 122);

Page 265: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 265/441

Capítulo X

269

i) líderes de partido ou bloco parlamentar que representem 1/5 da CD(art. 120, § 4º);

  j) líderes de partido ou bloco parlamentar que representem 1/10 da CD

(arts. 120, II, b, e 122);

k) autores das emendas objeto da usão (art. 122).

Por m, esclareça-se que o Senado Federal poderá oerecer emendas tanto a projetosda Câmara que tramitem naquela casa legislativa, caso em que as emendas retornarãoà Câmara para serem apreciadas (CF, art. 65, c/c RICD, art. 123), como a propostas deemenda à Constituição iniciadas na Câmara e que estejam sob apreciação no Senado(art. 203). As medidas provisórias são passíveis de receber emendas de senadores na Co-

missão Mista do CN ou quando tramitar no Senado Federal.

em pm pj v v

“A emenda parlamentar a projetos de iniciativa reservada oi outrora objeto de polê-mica, havendo, inclusive, decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o tema contrariandoo Congresso Nacional, que reconhecia o direito de emenda parlamentar.” (FERREIRAFILHO, 2002, p. 210). Entretanto, com o advento da Constituição Federal de 1988, a maté-ria oi pacicada, estabelecendo-se que apenas excepcionalmente os parlamentares não po-

dem apresentar emendas, como, por exemplo, no caso da proibição constitucional do art. 63,I e II (e reproduzida no art. 124 do RICD), que limita o emendamento quando este implicaaumento de despesa prevista em projetos de iniciativa exclusiva do presidente da Repúblicaou naqueles que disponham sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dosDeputados, do Senado Federal, dos tribunais ederais e do Ministério Público.

A iniciativa reservada conere a seu titular escolher o momento oportuno para sub-meter ao Congresso Nacional determinada matéria. Segundo Michel Temer, o titular dainiciativa é o “senhor da oportunidade. O mais cabe ao Legislativo no desempenho consti-tucional de sua atividade inovadora da ordem jurídica em nível imediatamente inracons-

titucional” (apud OLIVEIRA e FERREIRA, 1996, p. 67).

AULA 4 – dA APrEsEntAção dE EmEndAs Em comissão

 Art. 119. As emendas poderão ser apresentadas em comissão no caso de projetosujeito a apreciação conclusiva: (“Caput” do artigo com redação dada pela Resoluçãonº 22, de 2004.)I – a partir da designação do relator, por qualquer deputado, individualmente, e seor o caso com o apoiamento necessário, e pela Comissão de Legislação Participa-tiva, nos termos da alínea a do inciso XII do art. 32 deste Regimento; ( Inciso comredação dada pela Resolução nº 22, de 2004.)

Page 266: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 266/441

270

Curso de Regimento Interno

II – a substitutivo oerecido pelo relator, por qualquer dos membros da comissão.( Inciso com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

§ 1º As emendas serão apresentadas no prazo de cinco sessões, após a publicaçãode aviso na Ordem do Dia das comissões. (Parágrao com redação dada pela Resoluçãonº 10, de 1991.)§ 2º A emenda somente será tida como da comissão, para eeitos posteriores, se ver-sar sobre matéria de seu campo temático ou área de atividade e or por ela aprovada.(Parágrao com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)§ 3º A apresentação de substitutivo por comissão constitui atribuição da que orcompetente para opinar sobre o mérito da proposição, exceto quando se destinara apereiçoar a técnica legislativa, caso em que a iniciativa será da Comissão de

Constituição e ustiça e de Cidadania. (Parágrao com redação dada pela Resoluçãonº 10, de 1991.)§ 4º Considerar-se-ão como não escritos emendas ou substitutivos que inringiremo disposto nos parágraos anteriores, desde que provida reclamação apresentadaantes da aprovação deinitiva da matéria pelas comissões ou pelo Plenário. (Pará-

 grao com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

ComentáriosNa aula anterior, identicou-se quem pode apresentar emendas na Câmara. A partir

de agora, cabe estudar a ase de emendamento em comissão e, por conseguinte, os legiti-mados a oerecerem emendas nessa etapa do processo legislativo.

De acordo com a regra de emendamento em comissão prevista no art. 119 do RICD, aabertura de prazo para apresentação de emendas nos colegiados técnicos só ocorre no casode projeto de lei sujeito à apreciação conclusiva das comissões (sobre poder conclusivo,consulte a aula 10 do capítulo II). Contudo, proposição sobre a qual possam incidir emen-

das e que não dispense a competência do Plenário (projeto de lei complementar, projetode decreto legislativo, projeto de resolução, proposta de emenda à Constituição e, ainda,projeto de lei excepcionado da apreciação conclusiva) poderá ser emendada em comissãopor meio do relator designado, nos termos do art. 57, IV, c/c art. 129, II.

Não obstante haver regras especícas para emendamento de matérias sujeitas a dis-posições especiais, como, por exemplo, proposta de emenda à Constituição (art. 202,§ 3º) e projeto de modicação do Regimento (art. 216, § 1º) – esses casos serão estudadosseparadamente no capítulo XV –, pode-se armar que, ainda que não seja aberto prazo

para apresentação de emendas em comissão, qualquer matéria que conste de projeto ouPEC (ou de emendas a estes oerecidas) poderá ser emendada em comissão nos termosdo art. 57, IV. Saliente-se que, nesse caso, só são admitidas as denominadas “emendas de

Page 267: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 267/441

Capítulo X

271

relator” (ou “subemendas de relator”, caso incidam sobre emenda), ou seja, aquelas queconstem de seu voto (art. 129, II).

Nesse sentido, a regra do art. 119 reere-se à abertura de prazo para emendamento a pro-

 jeto de lei sujeito à apreciação conclusiva e a quem pode azê-lo. São duas as circunstânciasem que se abre prazo para oerecimento de emendas em comissão: 1) a partir da designaçãodo relator, que é nomeado pelo presidente do colegiado para emitir parecer (arts. 41, VI, e56, caput ); e 2) a substitutivo oerecido pelo relator (art. 129, II). Em ambos os casos, o prazode cinco sessões será contado após a publicação de aviso na Ordem do Dia das comissõescomunicando a designação do relator ou a apresentação de substitutivo pelo relator.

No primeiro caso, poderão oerecer emendas na comissão em que a matéria estiver trami-tando qualquer deputado ou a Comissão de Legislação Participativa (CLP). Cabe esclarecer

que as comissões só podem se maniestar sobre o que or de sua atribuição especíca, ou seja,sobre matéria compreendida em seu campo temático ou área de atividade (arts. 55 e 119,§§ 2º a 4º); por isso, em regra, uma comissão não apresenta emenda em outra. No caso daComissão de Legislação Participativa (art. 32, XII), não há campo temático ou área de ativi-dade denidos, pois essa comissão atuará em qualquer campo temático ou área de atividade,desde que provocada por entidade da sociedade civil legitimada. Assim, a Resolução nº 22,de 2004, alterou a redação do art. 119 para permitir que a CLP apresentasse emendas emquaisquer comissões em que esteja em trâmite projeto de lei sujeito à apreciação conclusiva.

No segundo caso, ou seja, se o relator, após examinar o projeto e as emendas porven-

tura a ele apresentadas por qualquer deputado ou pela CLP, decidir pela apresentaçãode substitutivo (art. 118, § 4º), apenas os membros da comissão poderão oerecer novasemendas à matéria.

Independentemente de quem tenha apresentado emenda em comissão, para que aemenda seja considerada de autoria da comissão, para eeitos posteriores, será necessárioatender a duas exigências regimentais: 1) restringir-se a matéria de seu campo temático ouárea de atividade, ou seja, não invadir a competência de outro colegiado; e 2) ser aprovadapelos membros da comissão em reunião.

Caso a comissão ultrapasse os limites de seu campo temático ou área de atividade naelaboração de emenda ou substitutivo, qualquer deputado poderá apresentar reclamaçãopara que tal emenda ou substitutivo sejam considerados como não escritos. Nesse caso,mesmo que a emenda de comissão verse sobre matéria estranha a seu campo temático ouárea de atividade, só será desconsiderada se atendidas duas exigências regimentais: 1) orapresentada reclamação nesse sentido antes da aprovação denitiva da matéria pelas co-missões ou pelo Plenário; e 2) a reclamação or provida, ou seja, or reconhecida a violaçãoao disposto no art. 55 c/c art. 119, §§ 2º a 4º.

Qualquer comissão poderá apresentar substitutivo, porém desde que detenha com-petência para tal, ou seja, desde que o mérito da proposição esteja contemplado em seucampo temático ou área de atividade. No caso de substitutivo para apereiçoar a técnica

Page 268: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 268/441

272

Curso de Regimento Interno

legislativa, o Regimento estabelece que apenas à Comissão de Constituição e ustiça e deCidadania cabe oerecê-lo.

AULA 5 – dA APrEsEntAção dE EmEndAs Em PLEnário

 Art. 120. As emendas de Plenário serão apresentadas:I – durante a discussão em apreciação preliminar, turno único ou primeiro turno,por qualquer deputado ou comissão;II – durante a discussão em segundo turno:

a) por comissão, se aprovada pela maioria absoluta de seus membros;b) desde que subscritas por um décimo dos membros da Casa, ou líderes que

representem esse número;........................................................................................................................................§ 1º Na apreciação preliminar só poderão ser apresentadas emendas que tiverempor im escoimar a proposição dos vícios arguidos pelas comissões reeridas nosincisos I a III do art. 54.........................................................................................................................................§ 5º Não poderá ser emendada a parte do projeto de lei aprovado conclusivamentepelas comissões que não tenha sido objeto do recurso provido pelo Plenário.

Comentários

Em geral, as emendas de Plenário são apresentadas durante a discussão. Há, entre-tanto, hipóteses de recebimento de emendas até o início da votação e, inclusive, durantea votação, como se verá adiante. Para melhor compreensão da ase de emendamento emPlenário, anteciparemos de maneira sintetizada alguns temas que serão estudados em ca-pítulos posteriores.

Em regra, a discussão é uma das partes constitutivas do turno de tramitação de pro-posição na Câmara (art. 149) e, nos termos do art. 165, discussão é a ase dos trabalhosdestinada ao debate em Plenário. Assim, haverá debate em Plenário em turno único (regraaplicável à quase totalidade das proposições), em primeiro e segundo turnos, nos casos dasmatérias sujeitas a dois turnos de tramitação na Câmara (proposta de emenda à Consti-tuição, projeto de resolução para reorma ou modicação do RICD e, quando a CD orCasa iniciadora, projeto de lei complementar e projeto de autoria de Comissão Mistado Congresso Nacional), conorme o disposto nos arts. 148 e 216, § 5º, do RICD c/c oart. 143 do RCCN e, ainda, art. 65 da CF.

Há ainda a hipótese de discussão durante a apreciação preliminar da matéria em Ple-nário, que az parte do turno em que se achar a matéria. Em razão de ser possível a aprecia-ção preliminar apenas imediatamente após a emissão de parecer terminativo à proposição

Page 269: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 269/441

Capítulo X

273

– por uma das seguintes comissões: Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania;Comissão de Finanças e Tributação; ou comissão especial criada para substituir mais detrês comissões que deveriam se pronunciar quanto ao mérito da proposição – ou logo após

a maniestação de todas as comissões constantes do despacho inicial, pode-se armar quea apreciação preliminar precede o início da apreciação de mérito da proposição em Ple-nário e, por conseguinte, será parte integrante do turno único ou do primeiro turno a queestiver sujeita a proposição; ou seja, jamais haverá apreciação preliminar em segundo turno(art. 54 c/c arts. 144 a 146). Cumpre ressaltar que as emendas apresentadas na apreciaçãopreliminar deverão pretender unicamente livrar a proposição de inconstitucionalidade ouinjuridicidade e de inadequação nanceira ou orçamentária. Tais vícios são apontados,conorme o caso, pela comissão competente para emitir parecer terminativo.

Outra questão importante diz respeito à possibilidade de, ao ser anunciada a matéria,qualquer líder poder requerer a dispensa de discussão de proposição cujos pareceres sejamtodos avoráveis, caso em que, se or provido o requerimento e, consequentemente, dispen-sada a discussão, não haverá prejuízo à apresentação de emendas (art. 167).

O art. 168 estatui que, excetuados os projetos de código, nenhuma matéria cará ins-crita na Ordem do Dia para discussão por mais de quatro sessões em turno único ouprimeiro turno, e por duas sessões em segundo turno. Vale salientar, por pertinente, que,conorme prevê o art. 178, a discussão poderá ser encerrada antes do transcurso do prazoregimental em razão da ausência de oradores (não houve nenhum orador inscrito para

discutir a matéria ou, se existiam inscritos, estes já usaram da palavra ou perderam a opor-tunidade de azê-lo – art. 171, § 2º) ou de deliberação avorável do Plenário a requeri-mento que solicite o encerramento da discussão. Logo, o prazo de emendamento durantea discussão poderá ser de alguns segundos (entre o anúncio da discussão e a declaração deseu encerramento) até duas ou quatro sessões, conorme o turno de apreciação.

Apresentadas essas questões, pode-se armar que, de acordo com a regra insculpidano inciso I do art. 120 – excetuadas a redação nal de proposição, a matéria em regime deurgência e a emenda aglutinativa –, qualquer deputado ou comissão (por maioria simples)

poderá oerecer emendas à proposição em apreciação preliminar, turno único ou primei-ro turno no prazo máximo de quatro sessões para as proposições em geral e, no caso deprojeto de código – que tramita em turno único –, por no mínimo cinco sessões se houveroradores inscritos, pois, inexistindo oradores, encerra-se a discussão e, por conseguinte, oprazo de emendamento (art. 207).

Em segundo turno, considerando o estágio mais avançado da discussão da matéria e játer sido concedida oportunidade de qualquer deputado ou a maioria simples de comissãomaniestar suas propostas de apereiçoamento do texto da proposição durante o debate emprimeiro turno, o legislador interno dicultou a apresentação de emendas nessa ase de apre-

ciação da proposição, exigindo que as emendas de comissão ossem decorrentes da vontadeda maioria absoluta do colegiado e, no caso de deputados, que se obedecesse ao quórummínimo de um décimo dos membros da Câmara ou líderes que representem esse número.

Page 270: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 270/441

274

Curso de Regimento Interno

Quanto a emendas coletivas, observe que o RICD exige apenas dois quóruns: 1) oquórum de um décimo dos deputados, que é requerido para as emendas em segundoturno e, também, para a apresentação de emendas aglutinativas ou à redação nal; e 2) o

quórum de um quinto dos membros da Casa, o qual se exige tão somente para as emendasa matéria em regime de urgência.

Deve-se destacar, ainda, que os projetos de lei sujeitos à apreciação conclusiva dascomissões poderão ser revistos pelo Plenário por orça de recurso provido contra o poderconclusivo (art. 24, II). Isto é, se um décimo dos deputados, no mínimo, entenderem quea matéria deva ser apreciada pelo Plenário da Câmara, poderão os 52 ou mais deputadosassinar recurso dirigido ao presidente com a indicação expressa, dentre a matéria apreciadapelas comissões, do que será objeto de deliberação do Plenário (art. 58, § 3º). Assim, peloato de tal recurso poder recair sobre todo o projeto ou apenas sobre uma de suas partes(art. 132, § 2º), só poderá receber emendas em Plenário a parte do projeto que tenha sidoobjeto do recurso provido pelo Plenário.

AULA 6 – dAs EmEndAs A mAtériA UrgEntE

 Art. 120. As emendas de Plenário serão apresentadas:........................................................................................................................................§ 4º As proposições urgentes, ou que se tornarem urgentes em virtude de requeri-mento, só receberão emendas de comissão ou subscritas por um quinto dos mem-bros da Câmara ou líderes que representem este número, desde que apresentadasem Plenário até o início da votação da matéria.........................................................................................................................................

Comentários

Pode-se dizer que as proposições são urgentes em razão da natureza da matéria; em ra-zão de serem de iniciativa do Poder Executivo, com solicitação de urgência do presidenteda República; ou em virtude de terem sido reconhecidas, por deliberação do Plenário, comesse caráter (art. 151, I). Nesses casos, recebem o mesmo tratamento e trâmite regimental(art. 152, § 2º), logo o emendamento em Plenário para qualquer desses casos dependerá da

 vontade de comissão ou de um quinto dos membros da Câmara ou de líderes que repre-sentem esse número. Esse é o único caso em que o quórum mínimo para oerecimento deemendas coletivas é de um quinto dos membros da Câmara ou de líderes que representemesse número.

Entretanto, cumpre lembrar que a tramitação dos projetos de lei de iniciativa do presi-dente da República para os quais este tenha solicitado urgência apresenta relevante pecu-liaridade, em virtude de expressa previsão constitucional no que se reere a sobrestamento

Page 271: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 271/441

Capítulo X

275

da pauta de deliberações legislativas (CF, art. 64, § 2°). Para mais inormações a esserespeito, consulte a aula 19 do capítulo XI.

Lembre-se de que os projetos de lei em regime de urgência são obrigatoriamente apre-

ciados pelo Plenário para cumprirem sua tramitação na Câmara dos Deputados, ou seja,estão excluídos da apreciação conclusiva das comissões (art. 24, II, h). Ressalte-se, porém,a hipótese de projeto de lei inicialmente despachado à apreciação conclusiva das comissõessorer a mudança de seu regime de apreciação ao longo de sua tramitação por requerimen-to de urgência (arts. 153 a 155). Assim, durante a ase em que tramitou ordinariamente oucom prioridade, qualquer deputado pôde apresentar emendas ao projeto nas comissões ouem Plenário (arts. 119, I, e 120, I). Nesse caso, as emendas recebidas antes de a proposiçãoalcançar o status de urgente são mantidas no processo e permanecem válidas.

O prazo para oerecimento de emendas a proposição urgente é até o início da votaçãoda matéria, ou seja, não está limitado à discussão. Não obstante a votação ocorra imedia-tamente após a discussão, se houver número para deliberar (art. 180, I), poderá haver umintervalo de dias ou sessões entre essas duas ases de cada turno por algumas razões, como,por exemplo, a ausência de número para votar ou o encerramento do horário da sessãoantes de se iniciar a votação.

AULA 7 – dAs EmEndAs AgLUtinAtivAs

 Art. 118. ................................................................................................................................................................................................................................................................§ 3º Emenda aglutinativa é a que resulta da usão de outras emendas, ou destascom o texto, por transação tendente à aproximação dos respectivos objetos.........................................................................................................................................

  Art. 122. As emendas aglutinativas podem ser apresentadas em Plenário, paraapreciação em turno único, quando da votação da parte da proposição ou do dis-positivo a que elas se reiram, pelos autores das emendas objeto da usão, por umdécimo dos membros da Casa ou por líderes que representem esse número.§ 1º Quando apresentada pelos autores, a emenda aglutinativa implica a retiradadas emendas das quais resulta.§ 2º Recebida a emenda aglutinativa, a Mesa poderá adiar a votação da matéria poruma sessão para azer publicar e distribuir em avulsos o texto resultante da usão.

Comentários

Emenda aglutinativa é a que resulta da usão de outras emendas, ou destas com o texto,por transação tendente à aproximação dos respectivos objetos. Essa espécie de emendaé oriunda do Regimento Interno da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a

Page 272: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 272/441

276

Curso de Regimento Interno

Constituição de 1988. Segundo o § 2º do art. 3º da Resolução nº 3, de 1988, que alterouo citado Regimento,

“Admitir-se-á, ainda, a usão de emendas, desde que a proposição constante nãoapresente inovações em relação às emendas objeto da usão, seja assinada pelosprimeiros signatários das emendas, que lhe deram origem, e encaminhada àMesa antes de iniciada a votação respectiva.”

Caso especialíssimo é o das emendas aglutinativas, pois é a única espécie de emendaque:

a. pode ser apresentada durante a votação. Em regra, a votação é eita em globo,contudo admite-se sua votação parcelada por deliberação do Plenário (art. 189,

caput e § 4º). Nesse sentido, poderá ser apresentada emenda aglutinativa quandoda votação da parte da proposição ou do dispositivo a que ela se rera;

b. pode implicar o adiamento da votação da matéria por uma sessão;

c. não pode ser apresentada por comissão em Plenário.

Ademais, na votação de emendas uma a uma, a emenda aglutinativa só é preterida pelaemenda supressiva, que a antecede em razão da ordem imposta pelo Regimento (art. 118,§ 1º, c/c arts. 189, § 2º, e 191, VIII).

Essa espécie de emenda é de grande valor em matérias polêmicas. Perceba-se que, quan-do são maniestadas dierentes ideias sobre o mesmo ponto de uma matéria, as várias corren-tes expõem suas opiniões e, durante a discussão, oerecem as emendas que julgam necessáriasao aprimoramento do texto legal em elaboração. Durante a votação, no entanto, pode-seobservar a alta de consenso mínimo que permita aprovar o projeto, seja com o texto originalde seus dispositivos, seja com o texto alternativo proposto na orma de emendas ou substi-tutivo. O que azer, então, se a maioria absoluta julga relevante aprovar a proposição, porémnão aceita a integralidade do texto original nem as alterações propostas pelas emendas jáapresentadas? A emenda aglutinativa oerece a oportunidade nal de negociação política ao

 viabilizar a usão de uma emenda com outra(s) e/ou com o próprio texto do projeto ou dosubstitutivo e, assim, alcançar-se entendimento mínimo, ou seja, uma solução que seja razo-ável ou tolerável pela maioria e, dessa orma, propicie a aprovação da matéria.

Só serão aceitas emendas aglutinativas se apresentadas pelos autores das emendas ob- jeto da usão, por um décimo dos membros da Câmara ou por líderes que representem essenúmero (1/10 da CD). Apenas no caso de os próprios autores das emendas objeto da usãoapresentarem a emenda aglutinativa é que implicará a retirada das emendas undidas, a-nal apenas aos autores compete a retirada de qualquer proposição (art. 104).

A expressão “para apreciação em turno único” reere-se à apreciação da emenda agluti-nativa, e não da proposição principal. Na prática legislativa, por exemplo, aceita-se emendaaglutinativa a proposta de emenda à Constituição, que tramita em dois turnos, e não emturno único.

Page 273: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 273/441

Capítulo X

277

AULA 8 – dAs EmEndAs à rEdAção FinAL

 Art. 120. As emendas de Plenário serão apresentadas:

........................................................................................................................................III – à redação inal, até o início da sua votação, observado o quórum previsto nasalíneas a e b do inciso anterior.........................................................................................................................................§ 2º Somente será admitida emenda à redação inal para evitar lapso ormal, incor-reção de linguagem ou deeito de técnica legislativa, sujeita às mesmas ormalida-des regimentais da emenda de mérito.§ 3º Quando a redação inal or de emendas da Câmara a proposta de emenda à

Constituição ou a projeto oriundos do Senado, só se admitirão emendas de redaçãoa dispositivo emendado e as que decorram de emendas aprovadas.........................................................................................................................................

Comentários

Redação nal é tema abordado especicamente nos arts. 195 a 199, constantes noCapítulo XIV do Título V do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Conquanto

esse tema seja estudado em detalhes no capítulo XIV deste curso, é importante chamar aatenção para alguns pontos:

1) só há redação nal ao término de turno único ou segundo turno;

2) a redação nal é parte integrante do turno em que se concluir a apreciação damatéria;

3) há hipóteses de dispensa da redação nal, ou seja, não será elaborado um novotexto intitulado redação nal;

4) em regra, a competência para elaboração da redação nal é da Comissão de Consti-tuição e ustiça e de Cidadania (art. 32, IV, q ), mas, nos casos de proposta de emen-da à Constituição, projeto de código ou sua reorma, a competência será da comis-são especíca (comissão especial – art. 34, I) para estudar a matéria (art. 197). E,ainda, em se tratando de projeto de resolução que modique ou reorme o RICD, acompetência será da comissão especial que o houver elaborado, ou da Mesa, quandoda iniciativa desta, de deputados ou de comissão permanente (art. 216, § 6º).

A emenda própria para a redação nal é a emenda de redação, ou seja, a emenda

modicativa que visa sanar vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou lapsomaniesto (art. 118, § 8º, c/c art. 120, § 2º, e art. 195, caput ).

A Lei Complementar nº 95, de 1998, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a al-teração e a consolidação das leis, conorme determina o parágrao único do art. 59 da

Page 274: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 274/441

278

Curso de Regimento Interno

Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos normativos quemenciona (com as alterações inseridas pela Lei Complementar nº 107, de 2001), estatui emseu art. 11, II, b, que, para a obtenção de precisão, deve-se expressar a ideia, quando repetida

no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia com propósitomeramente estilístico. Nesse sentido, a tabela a seguir tenta demonstrar a equivalência entreas expressões utilizadas pelo legislador interno na denição de emenda de redação e na ad-missão de emendas à redação nal, com a ressalva de que a redação original do RICD é de1989; ou seja, quase dez anos depois é que se editou a reerida lei complementar.

 Art. 118, § 8º Art. 120, § 2º

Vício de linguagem Incorreção de linguagem

Incorreção de técnica legislativa Deeito de técnica legislativaLapso maniesto Lapso ormal

No que tange a proposta de emenda à Constituição ou projeto apreciados inicialmentepelo Senado Federal, deve-se atentar que será elaborada redação nal em duas hipóteses:1) se houver emendas à proposição principal; ou 2) se houver vício de linguagem, deeitoou erro maniesto a corrigir (art. 195, § 2º, III). Na primeira hipótese, a redação nal limi-tar-se-á às emendas, destacadamente, não as incorporando ao texto da proposição (PEC

ou projeto). Na segunda, a redação nal restringir-se-á a corrigir deeitos evidentes deorma, sem atingir de qualquer maneira a substância do projeto (ou PEC) (art. 195, § 4º).

Posto isso, há duas hipóteses para apresentação de emendas à redação nal quando sereere a PEC ou projeto do Senado: 1) se a redação nal teve por objetivo corrigir vício delinguagem, deeito ou erro maniesto da proposição principal, será possível a apresentaçãode emendas à redação nal que incida sobre qualquer parte da proposição principal; e 2) sea redação nal reerir-se apenas a emendas da Câmara, que é o caso mencionado no § 3ºdo art. 120, as emendas de redação deverão incidir tão somente sobre dispositivo constantede emenda aprovada.

O quórum para apresentação de emendas à redação nal é o mesmo exigido paraoerecimento de emendas em segundo turno. Dessa orma, só serão aceitas emendas à re-dação nal se orem de autoria de comissão, desde que aprovadas pela maioria absoluta docolegiado, e, no caso de deputados, se assinadas por, no mínimo, um décimo dos membrosda Câmara ou líderes que representem esse número.

Cabe destacar o ato de o RICD exigir que as emendas de comissão sejam aprovadaspela maioria absoluta de seus membros quando incidirem sobre proposição em segundoturno ou sobre a redação nal de projeto ou proposta de emenda à Constituição. Quando

recaírem sobre proposição em apreciação preliminar, turno único ou primeiro turno, ouainda sobre matéria em regime de urgência, as emendas de comissão poderão ser aprova-das pela maioria simples do colegiado.

Page 275: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 275/441

Capítulo X

279

Recorde-se, por oportuno, dos dois quóruns requeridos pelo RICD para emendas co-letivas: 1) o quórum de um décimo dos deputados (52 deputados) ou de líderes que repre-sentem esse número, que é requerido para as emendas em segundo turno e, também, para

a apresentação de emendas aglutinativas ou à redação nal; e 2) o quórum de um quintodos membros da Câmara (103 deputados) ou de líderes que representem esse número, oqual é exigido apenas para as emendas a matéria em regime de urgência.

AULA 9 – dA distriBUição dE EmEndAs às comissõEs

 Art. 121. As emendas de Plenário serão publicadas e distribuídas, uma a uma, àscomissões, de acordo com a matéria de sua competência.

Parágrao único. O exame do mérito, da adequação inanceira ou orçamentária edos aspectos jurídicos e legislativos das emendas poderá ser eito, por delegaçãodos respectivos colegiados técnicos, mediante parecer apresentado diretamente emPlenário, sempre que possível pelos mesmos relatores da proposição principal juntoàs comissões que opinaram sobre a matéria. (Parágrao único com redação dada pelaResolução nº 10, de 1991.)........................................................................................................................................

 Art. 123. As emendas do Senado a projetos originários da Câmara serão distribuí-

das, juntamente com estes, às comissões competentes para opinar sobre as matériasde que tratam.

Comentários

Emenda é uma das espécies de proposição previstas no § 1º do art. 100; portanto, caberáao presidente da Câmara proceder à sua distribuição às comissões permanentes ou especiaisno prazo de duas sessões depois de recebida pela Mesa (art. 17, II, a, c/c art. 139, caput ).

Saliente-se a independência entre as emendas, que são publicadas e distribuídas, uma auma, às comissões, de acordo com a matéria de sua competência. De acordo com a propo-sição principal sobre a qual incida, a emenda poderá ser distribuída à comissão especial queestiver analisando a matéria ou às comissões permanentes (art. 139, II, c/c art. 179, caput ).Lembre-se, por pertinente, de que, se a emenda recair sobre projeto de resolução que modi-que ou reorme o RICD, deverá ser apreciada pela Mesa (art. 15, V, c/c art. 216, § 2º, III).

As emendas de Plenário (proposições acessórias), assim como qualquer matéria sujeitaa estudo das comissões, são distribuídas a esses colegiados para receberem parecer, ou seja,

o pronunciamento do órgão técnico competente para análise do mérito e/ou da admissi-bilidade da proposição (art. 126).

Para o exame das emendas de Plenário a proposição em tramitação ordinária ou emregime de prioridade, as comissões dispõem de igual prazo ao que lhes oi conerido para

Page 276: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 276/441

280

Curso de Regimento Interno

apreciação da proposição principal, porém o prazo correrá em conjunto para todas ascomissões. Em outras palavras, suponha-se proposição em tramitação em regime de prio-ridade. Quando da análise da proposição principal, o prazo de dez sessões seria contado

para cada comissão, sucessivamente; isto é, exaurido o prazo de que dispunha a primeiracomissão, a matéria deveria ser encaminhada à comissão seguinte, onde se iniciaria a con-tagem do prazo de dez sessões para a segunda comissão. Assim, o prazo de dez sessõesseria contado tantas vezes quantas ossem as comissões a que a proposição osse distribuí-da. Dierentemente, o prazo de dez sessões para apreciação das emendas seria computadouma única vez para todas as comissões competentes para seu exame; ou seja, esgotada aúnica contagem do reerido prazo, a matéria seria encaminhada ao Plenário, independen-temente do número de comissões a que ossem distribuídas as emendas de Plenário.

Quando a tramitação da proposição or urgente, o estatuído no § 4º do art. 157 impõeque as comissões apreciem as emendas de Plenário no prazo de uma sessão a contar dorecebimento das emendas. Perceba que, para análise das emendas a matéria urgente, as co-missões não disporão do mesmo prazo (cinco sessões) da proposição principal em regimede urgência, mas tão somente de uma sessão ordinária.

Conquanto seja possível a delegação de competência para emissão de parecer em Ple-nário em qualquer regime de tramitação, a exiguidade de prazo para apreciar as emendasa matéria urgente é que parece justicar o ato de cada colegiado técnico (comissão) poderdelegar, preerencialmente ao deputado que, em seu âmbito, atuou como relator da pro-

posição principal. Importante risar que, não obstante a comissão não ter condições de sepronunciar sobre o mérito e/ou admissibilidade da emenda, conorme o caso, a delegaçãodependerá de maniestação ormal do colegiado em reunião.

Exemplicando, pode-se supor a apresentação de emenda a matéria em regime deurgência na última hora da sessão extraordinária noturna e a realização da reunião decomissão competente para seu exame na manhã seguinte. O colegiado poderia julgar-sesem condições de, naquela reunião, emitir parecer sobre a emenda e, ainda, entender serinviável a convocação de outra reunião a realizar-se em tempo hábil para exame da emen-

da. Nessa conjuntura, poderia preerir, então, que o relator da proposição principal (ououtro deputado) se dedicasse ao estudo da matéria nas horas que se seguiriam até o inícioda Ordem do Dia da sessão ordinária ou extraordinária da Câmara convocada para o diaseguinte, e, em Plenário, emitisse opinião em nome da comissão.

O disposto no art. 123 é rearmado na norma contida no art. 138, IV, que estatui queas emendas do Senado a projeto da Câmara serão anexadas ao projeto primitivo e trami-tarão com o número deste.

Page 277: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 277/441

Capítulo X

281

AULA 10 – dAs vEdAçõEs Ao EmEndAmEnto

  Art. 124. Não serão admitidas emendas que impliquem aumento da despesa

prevista:I – nos projetos de iniciativa exclusiva do presidente da República, ressalvado odisposto no art. 166, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal;II – nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dosDeputados, do Senado Federal, dos tribunais ederais e do Ministério Público.

  Art. 125. O presidente da Câmara ou de comissão tem a aculdade de recusaremenda ormulada de modo inconveniente, ou que verse sobre assunto estranho aoprojeto em discussão ou contrarie prescrição regimental. No caso de reclamação ou

recurso, será consultado o respectivo Plenário, sem discussão nem encaminhamen-to de votação, a qual se ará pelo processo simbólico.

Comentários

O poder conerido a deputados e senadores de emendar proposições legislativas é bas-tante amplo. Em regra, pode-se emendar qualquer PEC ou projeto (ou medida provisória,cujo processo legislativo é regido pelo art. 62 da Constituição Federal e pela Resoluçãonº 1, de 2002, do Congresso Nacional).

Excepcionalmente, porém, há vedações ou impedimentos ao emendamento parlamen-tar. Assim, nos termos estatuídos no art. 124 do RICD, que é reprodução quase que ipsisverbis da norma insculpida no art. 63 da CF, não cabe emenda para aumentar despesa emprojetos:

a. que disponham sobre organização dos serviços administrativos:i. da Câmara dos Deputados;

ii. do Senado Federal;iii. dos tribunais ederais;iv. do Ministério Público;

b. de iniciativa exclusiva do presidente da República.

Exceção da exceção: a despeito de os projetos da lei orçamentária anual (LOA) eda lei de diretrizes orçamentárias (LDO) serem de iniciativa exclusiva do presidenteda República, nesses casos se pode aumentar a despesa, desde que compatível com

o plano plurianual (PPA). Em se tratando de LOA, exige-se também a compatibi-lidade com a LDO e, ainda, a obediência aos demais critérios previstos no § 3º doart. 166 da CF.

Page 278: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 278/441

282

Curso de Regimento Interno

Como estudado na aula 3 deste capítulo – quem pode apresentar emendas –, inormou-seser possível aos parlamentares emendar, inclusive, os projetos de iniciativa reservada (exclu-siva ou privativa). A vedação, portanto, diz respeito apenas ao aumento da despesa prevista

pelo titular da iniciativa reservada no projeto por ele encaminhado ao Congresso Nacional.Sobre esse assunto, Gardel Amaral e Miguel Gerônimo (2001, p. 78) dizem: “Um projetode lei, por exemplo, que crie vagas para juízes ederais não pode ser alterado com emendasque aumentem o número de cargos propostos, porque ocasionariam aumento na despesa”.

Vale lembrar o dever de obediência a outras disposições regimentais (já estudadas emoutras aulas deste capítulo) pertinentes à apresentação de emendas. Assim, os deputadosdevem apresentar emendas nos termos e prazos regimentais, bem como respeitar o quó-rum mínimo exigido para cada caso. As comissões só poderão oerecer emendas em ma-téria de sua competência ou área de atividade. Não se pode apresentar qualquer emendaà redação nal.

Por m, o art. 125 conere ao presidente da Câmara ou de comissão a prerrogativa derecusar emenda que seja ormulada de modo inconveniente, ou que verse sobre assuntoestranho ao projeto em discussão ou contrarie prescrição regimental. Ademais, caberá adevolução ao autor da proposição (inclusive de emenda) que não estiver devidamente or-malizada e em termos, versar matéria alheia à competência da Câmara ou evidentementeinconstitucional ou antirregimental (art. 137, § 1º).

O autor de emenda recusada pelo presidente da Câmara ou de comissão poderá recla-mar ou recorrer da decisão, situação em que será consultado o Plenário da Câmara ou dacomissão, conorme o caso. A decisão sobre o provimento ou não da reclamação ou recursoserá pelo processo simbólico, sem discussão nem encaminhamento de votação.

RECUSA DE EMENDAPELO PCD OU PC

• Formulada de modo inconveniente• Versar sobre assunto estranho ao projeto• Contrarie prescrição regimental

CABE• Reclamação• Recurso

Page 279: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 279/441

283

Cpítu XI 

D Açã a Psçõ 

AULA 1 – do cUrso dA ProPosição E dA comPEtênciA PArA dEcidir soBrE As ProPosiçõEs

 Art. 131. Cada proposição, salvo emenda, recurso ou parecer, terá curso próprio.

 Art. 132. Apresentada e lida perante o Plenário, a proposição será objeto de decisão:I – do presidente, nos casos do art. 114;II – da Mesa, nas hipóteses do art. 115;III – das comissões, em se tratando de projeto de lei que dispensar a competênciado Plenário, nos termos do art. 24, II;IV – do Plenário, nos demais casos.

........................................................................................................................................

Comentários

O art. 100, já estudado, dene o que é proposição e apresenta uma lista, não exausti- va, dos tipos existentes. As proposições, de uma orma geral, têm curso próprio, salvo asemendas, os recursos e os pareceres.

As proposições, uma vez apresentadas e lidas em Plenário, serão objeto de deliberaçãodo presidente, da Mesa, das comissões ou do Plenário. Este é o teor do art. 132. Entretan-to, conorme já estudado, dependendo do tipo de proposição, poderá ela ser apresentadatambém em comissão (art. 101, I), ou perante a Mesa (art. 101, II).

Ainda, com a alteração dada pela Resolução nº 22, de 2004, que modicou o caput doart. 101, a apresentação de proposição será realizada por meio do sistema eletrônico deautenticação de documentos, na orma e nos locais determinados por ato da Mesa. Esseprocedimento é dispensado para os requerimentos discriminados na alínea a do inciso Ido art. 101.

Serão objeto de decisão do presidente os requerimentos enumerados no art. 114 doRICD. Os dois tipos de requerimento apresentados no art. 115 serão objeto de despacho

Page 280: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 280/441

284

Curso de Regimento Interno

do presidente, ouvida a Mesa. Cuide-se que, nesse caso, quem decide é a Mesa; o presiden-te apenas despachará de acordo com a decisão da Mesa Diretora (art. 132, II).

Os projetos de lei que têm poder conclusivo (aqueles que dispensam a competência do

Plenário, nos termos do art. 24, II) serão deliberados exclusivamente pelas comissões queos analisarem, ressalvado o caso em que houver recurso provido para que a matéria sejaexaminada pelo Plenário (art. 132, § 2º), caso que comentaremos na próxima aula. Cum-pre lembrar que as emendas e destaques porventura apresentados a esses projetos tambémsó serão deliberados pelas comissões que tiverem analisado a proposição principal.

De uma orma geral, as demais proposições não mencionadas acima serão objeto dedecisão do Plenário.

Uma exceção importante a essa regra reere-se às propostas de scalização e controle,

que são deliberadas somente pelas comissões (art. 61, I).

AULA 2 – dA mAniFEstAção dAs comissõEs E do rEcUrso contrA APrEciAção concLUsivA dAs comissõEs

 Art. 132. ................................................................................................................................................................................................................................................................§ 1º Antes da deliberação do Plenário, haverá maniestação das comissões compe-

tentes para estudo da matéria, exceto quando se tratar de requerimento.§ 2º Não se dispensará a competência do Plenário para discutir e votar, global-mente ou em parte, projeto de lei apreciado conclusivamente pelas comissões se, noprazo de cinco sessões da publicação do respectivo anúncio no Diário da Câmarados Deputados e no avulso da Ordem do Dia, houver recurso nesse sentido de umdécimo dos membros da Casa, apresentado em sessão e provido por decisão doPlenário da Câmara. (Parágrao com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

Comentários

As proposições que estão sujeitas à deliberação do Plenário deverão ser analisadaspreviamente pelas comissões competentes, exceto quando orem requerimentos.

O § 2º do art. 132 dispõe sobre o recurso contra parecer conclusivo emitido pelas co-missões, assunto importante e já outras vezes mencionado em aulas anteriores (aula 10 docapítulo II, aula 3 do capítulo VI e aula 5 do capítulo VII).

Esse recurso tem por objetivo azer com que o projeto de lei apreciado conclusivamen-

te pelas comissões (art. 24, II) seja discutido e votado pelo Plenário da CD, quer seja porinteiro, quer seja uma parte.

Para tanto, deve ser apresentado no prazo de cinco sessões da publicação do respectivoanúncio no Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da Ordem do Dia, ser subscrito

Page 281: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 281/441

Capítulo XI

285

por pelo menos um décimo dos membros da Casa, apresentado em sessão e aprovado pormaioria simples no Plenário da CD.

Cumpre ressaltar que a “publicação do respectivo anúncio” no Diário da Câmara dos

Deputados e no avulso da Ordem do Dia de que trata o § 2° do art. 132 reere-se ao dispostono caput do art. 58, que prevê que as matérias que tiverem a sua apreciação conclusiva encer-rada deverão ser encaminhadas, tanto a proposição quanto os respectivos pareceres, para pu-blicação e remetidas à Mesa, até a sessão seguinte, para serem anunciadas na Ordem do Dia.

AULA 3 – do ArQUivAmEnto dA ProPosição com PArEcErEs contrários

  Art. 133. Ressalvada a hipótese de interposição do recurso de que trata o

§ 2º do artigo anterior, e excetuados os casos em que as deliberações dos órgãostécnicos não têm eicácia conclusiva, a proposição que receber pareceres contrários,quanto ao mérito, de todas as comissões a que or distribuída será tida como rejei-tada e arquivada deinitivamente por despacho do presidente, dando-se conheci-mento ao Plenário, e, quando se tratar de matéria em revisão, ao Senado.Parágrao único. O parecer contrário à emenda não obsta a que a proposição princi-pal siga seu curso regimental.

Comentários

Os projetos de lei que se encontram regidos pelo art. 24, II – aqueles apreciados con-clusivamente pelas comissões (sem a necessidade de serem encaminhados ao Plenário) –,que receberem pareceres contrários, quanto ao mérito, de todas as comissões a que tenhamsido distribuídos serão considerados como rejeitados e arquivados denitivamente pordespacho do presidente, ressalvando-se a eventualidade de interposição do recurso contrao poder conclusivo (art. 132, § 2º).

As proposições que não apresentarem caráter conclusivo e que receberem parecerescontrários, quanto ao mérito, de todas as comissões a que oram distribuídas serão enca-minhadas à Mesa e aguardarão a inclusão na Ordem do Dia (art. 59), sem prejuízo dasprovidências constantes do art. 134.

A emenda é proposição acessória (art. 118, caput ), por isso, caso receba parecer contrá-rio das comissões de mérito a que tenha sido distribuída, tal ato não prejudicará o trâmiteda proposição principal.

Page 282: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 282/441

286

Curso de Regimento Interno

AULA 4 – dAs ProvidênciAs APós APrEciAção Em comissõEs E dA APrEciAção Em PLEnário

 Art. 134. Logo que voltar das comissões a que tenha sido remetido, o projeto seráanunciado no expediente, publicado com os respectivos pareceres no Diário daCâmara dos Deputados e distribuído em avulsos.

  Art. 135. Decorridos os prazos previstos neste Regimento para tramitação nascomissões ou no Plenário, o autor de proposição que já tenha recebido pareceresdos órgãos técnicos poderá requerer ao presidente a inclusão da matéria na Ordemdo Dia.

 Art. 136. As deliberações do Plenário ocorrerão na mesma sessão, no caso de re-querimentos que devam ser imediatamente apreciados, ou mediante inclusão naOrdem do Dia, nos demais casos.Parágrao único. O processo reerente a proposição icará sobre a mesa durante suatramitação em Plenário.

Comentários

O projeto, ao retornar das comissões a que tenha sido encaminhado, será:a) anunciado no expediente, que ocorre no início da Ordem do Dia (art. 82, § 1º);

b) publicado com os respectivos pareceres no Diário da Câmara dos Deputados;

c) distribuído em avulsos.

O art. 135 trata de requerimento em que o autor de determinada proposição que já tenharecebido pareceres das comissões e tenha os prazos previstos no regimento esgotados podesolicitar ao presidente da Câmara que a matéria gure na Ordem do Dia. Cabe lembrar, em

complementação à aula 2 do capítulo VII, que o Regimento prevê, em seu art. 52, § 4º, apossibilidade de o autor da proposição também apresentar requerimento para inclusão naOrdem do Dia da reunião imediata, sujeita a aprovação pela comissão, de matéria com oprazo esgotado nos termos desse mesmo artigo. Enquanto o § 4º do art. 52 trata do mesmoinstituto em nível de comissão, o art. 135 aplica-se no âmbito do Plenário da Casa.

Os requerimentos que orem apresentados e devam ser imediatamente apreciados se-rão deliberados na mesma sessão, já as demais proposições serão apreciadas medianteinclusão na Ordem do Dia.

O parágrao único do art. 136 simplesmente diz que o processo, a parte ísica da pro-posição, cará sobre a mesa durante sua tramitação no Plenário.

Page 283: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 283/441

Capítulo XI

287

AULA 5 – do rEcEBimEnto dE ProPosiçõEs, dAs ProvidênciAs E dos cAsos dE dEvoLUção

 Art. 137. Toda proposição recebida pela Mesa será numerada, datada, despachadaàs comissões competentes e publicada no Diário da Câmara dos Deputados e emavulsos, para serem distribuídos aos deputados, às lideranças e comissões.§ 1º Além do que estabelece o art. 125, a Presidência devolverá ao autor qualquerproposição que:I – não estiver devidamente ormalizada e em termos;II – versar sobre matéria:

a) alheia à competência da Câmara;

b) evidentemente inconstitucional;c) antirregimental.§ 2º Na hipótese do parágrao anterior, poderá o autor da proposição recorrer aoPlenário, no prazo de cinco sessões da publicação do despacho, ouvindo-se a Co-missão de Constituição e ustiça e de Cidadania, em igual prazo. Caso seja providoo recurso, a proposição voltará à Presidência para o devido trâmite. (Parágrao comredação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

Comentários

As proposições recebidas pela Mesa serão:

a) numeradas;

b) datadas;

c) despachadas às comissões competentes;

d) publicadas no Diário da Câmara dos Deputados;

e) publicadas em avulsos, para serem distribuídos aos deputados, às lideranças ecomissões.

O presidente da Câmara – além dos casos expressos no art. 125, que trata de emendas– tem a aculdade de devolver ao autor a proposição que:

1) não estiver devidamente ormalizada e em termos;

2) versar sobre matéria:

a) alheia à competência da Câmara;b) evidentemente inconstitucional;c) antirregimental.

Page 284: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 284/441

288

Curso de Regimento Interno

Ressalte-se que há aqui um controle prévio de constitucionalidade por parte do pre-sidente da Câmara.

Nada impede que, no caso do inciso I, o autor, uma vez sanado o vício de orma

(dierentemente dos casos elencados no inciso II, que se reerem a vícios de conteúdo),apresente de novo a proposição para que se ultime sua tramitação.

O autor da proposição poderá recorrer da decisão do presidente ao Plenário, dentrodo prazo de cinco sessões contadas da publicação do despacho. Para tanto, solicitar-se-á opronunciamento da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, que se manies-tará também em cinco sessões.

Provido o recurso pelo Plenário da Casa, a matéria retornará à Presidência para quelhe dê o trâmite devido.

AULA 6 – dA nUmErAção dAs ProPosiçõEs Em gErAL

 Art. 138. As proposições serão numeradas de acordo com as seguintes normas:I – terão numeração por legislatura, em séries especí icas:

a) as propostas de emenda à Constituição;b) os projetos de lei ordinária;c) os projetos de lei complementar;

d) os projetos de decreto legislativo, com indicação da Casa de origem;e) os projetos de resolução;) os requerimentos;g) as indicações;h) as propostas de iscalização e controle;

........................................................................................................................................

ComentáriosConorme se verica, o RICD prevê que os diversos tipos de proposições (constantes

do inciso I do art. 138) terão séries especícas, com numerações zeradas no início de cadalegislatura e, consequentemente, encerradas ao seu nal.

Dessa orma, a primeira PEC da legislatura será numerada como 001, a segunda como002, e assim por diante, até o m da legislatura. Na prática, após o número da proposição,gura ainda o ano de sua apresentação. Exemplo: Projeto de Lei nº 0970, de 2005.

Ressalte-se que, junto à numeração, os projetos de decreto legislativo devem indicar a

Casa de origem.Não guram nesse inciso as emendas (vistas mais à rente), os recursos e os pareceres.

Page 285: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 285/441

Capítulo XI

289

AULA 7 – dA nUmErAção dE EmEndAs E sUBEmEndAs

 Art. 138. As proposições serão numeradas de acordo com as seguintes normas:

........................................................................................................................................II – as emendas serão numeradas, em cada turno, pela ordem de entrada e or-ganizadas pela ordem dos artigos do projeto, guardada a sequência determinadapela sua natureza, a saber, supressivas, aglutinativas, substitutivas, modiicativase aditivas;III – as subemendas de comissão igurarão ao im da série das emendas de sua ini-ciativa, subordinadas ao título “Subemendas”, com a indicação das emendas a quecorrespondam; quando à mesma emenda orem apresentadas várias subemendas,

terão estas numeração ordinal em relação à emenda respectiva;IV – as emendas do Senado a projeto da Câmara serão anexadas ao projeto primi-tivo e tramitarão com o número deste.........................................................................................................................................

Comentários

As emendas, por serem proposições acessórias (art. 118), apresentam critérios de nu-

meração dierenciados. São numeradas, em cada turno, pela ordem de chegada. Posterior-mente, são organizadas pela ordem dos artigos do projeto. Havendo mais de uma emendapara o mesmo artigo, seguirão a sequência determinada pela sua natureza: supressivas,aglutinativas, substitutivas, modicativas e aditivas (SASMA).

As subemendas, que são emendas apresentadas em comissão a outra emenda (art. 118,§ 7º), gurarão ao nal da série de emendas daquela comissão, dentro do título “Subemen-das”, apresentando indicação da emenda a que estiver relacionada. Quando houver váriassubemendas a uma mesma emenda, terão aquelas numeração ordinal em relação a esta.

Sobre emendas, consulte o capítulo X.

AULA 8 – dos ProcEdimEntos AdicionAis PArA idEntiFicAção dAs ProPosiçõEs

 Art. 138. ................................................................................................................................................................................................................................................................§ 1º Os projetos de lei ordinária tramitarão com a simples denominação de “projeto

de lei”.§ 2º Nas publicações reerentes a projeto em revisão, será mencionado, entre pa-rênteses, o número da Casa de origem, em seguida ao que lhe couber na Câmara.

Page 286: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 286/441

290

Curso de Regimento Interno

§ 3º Ao número correspondente a cada emenda de comissão acrescentar-se-ão asiniciais desta.

§ 4º A emenda que substituir integralmente o projeto terá, em seguida ao número,entre parênteses, a indicação “Substitutivo”.

Comentários

Existem dois tipos de projeto de lei: ordinária e complementar. O § 1º dispõe que, noprimeiro caso, somente se az necessário mencionar “projeto de lei” para entendermos quese trata de um projeto de lei ordinária.

Nos projetos em revisão, ou seja, originários do Senado Federal, após o número querecebeu na Câmara, deverá vir entre parênteses o número com que tramitava no Senado.

Nas emendas de comissão, deve-se acrescentar, após o seu número, as iniciais desta.Essa regra acilita a identicação de emendas de comissão, que gozam de preerência sobreas demais, no caso de haver várias emendas da mesma natureza a um mesmo dispositivo(art. 191, XIII).

No que concerne às emendas que substituem integralmente o projeto – denominadas“substitutivo” (art. 118, § 4º) –, deverão estas apresentar, após seu número, entre parênteses,

a indicação “Substitutivo”. Esse procedimento é essencial para identicar esse tipo pecu-liar de emenda, uma vez que o substitutivo de comissão tem preerência na votação sobrea proposição principal. Sendo aprovada, cam prejudicados o projeto e as emendas a esteoerecidas (art. 191, II a V ).

AULA 9 – dA distriBUição dAs ProPosiçõEs às comissõEs (PArtE i)

 Art. 139. A distribuição de matéria às comissões será eita por despacho do presi-

dente, dentro em duas sessões depois de recebida na Mesa, observadas as seguintesnormas:I – antes da distribuição, o presidente mandará veriicar se existe proposição emtrâmite que trate de matéria análoga ou conexa; em caso airmativo, ará a dis-tribuição por dependência, determinando a sua apensação, após ser numerada,aplicando-se à hipótese o que prescreve o parágrao único do art. 142; ( Numeraçãoadaptada aos termos da Resolução nº 10, de 1991.)........................................................................................................................................

Page 287: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 287/441

Capítulo XI

291

Comentários

Após ser numerada e datada, e realizada a análise constante do § 1º do art. 137, a pro-posição recebida pela Mesa deverá ser distribuída às comissões por meio de despacho do

presidente, no prazo de duas sessões de seu recebimento.Antes ainda dessa distribuição, o presidente mandará vericar se existe matéria análo-

ga ou conexa. Caso haja, determinará a sua apensação, aplicando-se o prescrito no pará-grao único do art. 142.

Entende-se por proposição apensada aquela que tramita em conjunto com outra damesma espécie, em razão de tratarem de matérias análogas ou conexas (art. 139, I), ou,ainda, idênticas ou correlatas (art. 142, caput ). O parecer de cada comissão será um só paraas proposições apensadas (art. 142, II). A proposição que encabeça a tramitação conjunta

é assim denida por critérios de preerência (art. 143).Observe que o RICD utiliza vários termos para tratar de matérias apensadas: “trami-

tação em conjunto”, “tramitação por dependência”, “proposições apensadas”, “distribuiçãopor dependência”, “apensação”.

AULA 10 – dA distriBUição dAs ProPosiçõEs às comissõEs (PArtE ii)

 Art. 139. ................................................................................................................................................................................................................................................................II – excetuadas as hipóteses contidas no art. 34, a proposição será distribuída:

a) às comissões a cuja competência estiver relacionado o mérito da proposi-ção; ( Alínea com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

b) quando envolver aspectos inanceiro ou orçamentário públicos, à Comissãode Finanças e Tributação, para o exame da compatibilidade ou adequaçãoorçamentária; ( Alínea com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

c) obrigatoriamente à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania,

para o exame dos aspectos de constitucionalidade, legalidade, juridicida-de, regimentalidade e de técnica legislativa, e, juntamente com as comis-sões técnicas, para pronunciar-se sobre o seu mérito quando or o caso;( Alínea com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991 e adaptada à Resolu-

 ção nº 20, de 2004.)d) diretamente à primeira comissão que deva proerir parecer de mérito sobre

a matéria nos casos do § 2º do art. 129, sem prejuízo do que prescrevem asalíneas anteriores; ( Alínea com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

........................................................................................................................................

Page 288: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 288/441

292

Curso de Regimento Interno

Comentários

O inciso II do art. 139 e o art. 53 do RICD tratam do mesmo assunto: as comissõespara as quais deverão ser encaminhadas as proposições para apreciação.

Entretanto, algumas dierenças aparecem, como o ato de na alínea c do art. 139 virexpresso o termo “obrigatoriamente”, o que não consta no inciso III do art. 53. Note-seque a obrigatoriedade de encaminhar a proposição à CCC é peculiar apenas aos casosnão excetuados no inciso II do art. 139. Em outras palavras, nem toda matéria serádespachada à CCC.

Nesse sentido, verica-se que a regra é que as proposições sejam encaminhadas paraapreciação pela CCC para o exame de admissibilidade quanto aos aspectos de constitu-cionalidade, legalidade, juridicidade, “regimentalidade” e de técnica legislativa.

A exceção a essa regra (arts. 53, III, e 139, II) ca a cargo das comissões especiais(CESPs), criadas para dar parecer sobre proposições que versem matéria de competênciade mais de três comissões que devam se pronunciar quanto ao mérito, uma vez que camtais CESPs incumbidas do exame de admissibilidade e da análise de mérito da proposiçãoprincipal e das emendas que lhe orem apresentadas (art. 34, II, c/c art. 53, IV).

Dessa orma, embora seja obrigatória a distribuição das proposições para a CCC, nocaso de proposição que verse sobre matéria de competência de mais de três comissões demérito, será criada comissão especial para analisá-la, inclusive quanto à admissibilidade

 jurídica e legislativa, não sendo, portanto, a reerida proposição distribuída à Comissão deConstituição e ustiça e de Cidadania.

Outro ponto a ser claricado concerne ao ato de a Comissão de Finanças e Tributaçãoanalisar também matérias quanto ao mérito, quando or o caso (art. 53, II), o que não écitado pela alínea b do inciso II do art. 139, pois a alínea c do dispositivo em alusão, porexemplo, evidencia que a CCC se pronunciará sobre o mérito, quando or o caso, além demaniestar-se quanto à admissibilidade (art. 53, III).

A alínea d trata de projeto de resolução, projeto de decreto legislativo, ou projeto de

lei, oriundos geralmente de mensagens do Poder Executivo ao Congresso Nacional, comoconcessões de rádio e TV ou acordos internacionais.

Page 289: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 289/441

Capítulo XI

293

AULA 11 – dA distriBUição dAs ProPosiçõEs às comissõEs (PArtE iii)

 Art. 139. ........................................................................................................................

........................................................................................................................................III – a remessa de proposição às comissões será eita por intermédio da Secretaria-Geral da Mesa, devendo chegar ao seu destino até a sessão seguinte, ou imediata-mente, em caso de urgência, iniciando-se pela comissão que em primeiro lugar devaproerir parecer sobre o mérito; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)IV – a remessa de processo distribuído a mais de uma comissão será eita direta-mente de uma a outra, na ordem em que tiverem de maniestar-se, com os necessá-rios registros de acompanhamento, salvo matéria em regime de urgência, que será

apreciada conjuntamente pelas comissões e encaminhada à Mesa;V – nenhuma proposição será distribuída a mais do que três comissões de mérito,aplicando-se, quando or o caso, o art. 34, II;VI – a proposição em regime de urgência, distribuída a mais de uma comissão,deverá ser discutida e votada ao mesmo tempo, em cada uma delas, desde quepublicada com as respectivas emendas, ou em reunião conjunta, aplicando-se àhipótese o que prevê o art. 49.

Comentários

A Secretaria-Geral da Mesa (SGM) encaminha as proposições às comissões, no prazode uma sessão, ou imediatamente, no caso de urgência.

Quando a proposição estiver em regime de urgência, será ela encaminhada, ao mesmotempo, para todas as comissões incluídas no despacho do presidente, a m de que sejaapreciada ao mesmo tempo, em cada uma delas, desde que publicada com as respectivasemendas, ou em reunião conjunta, nos termos do disposto no art. 49.

Se a matéria tramitar ordinariamente ou com prioridade, a SGM encaminhará a pro-posição para a única comissão constante do despacho ou, no caso de matéria distribuídaa mais de uma comissão, para aquela que em primeiro lugar deva proerir parecer sobre omérito. Nessa última hipótese, a remessa do processo será realizada diretamente de umacomissão a outra, na ordem em que tiverem de se maniestar, eetuando-se os registros deacompanhamento necessários.

O inciso V ratica vedação de ser distribuída a mais de três comissões de méritodeterminada proposição, devendo ser criada comissão especial para dar parecer sobre ela(art. 34, II).

Page 290: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 290/441

294

Curso de Regimento Interno

AULA 12 – do rEQUErimEnto dE mAniFEstAção dE comissão,dA dEcLArAção dE incomPEtênciA E do conFLito dE comPEtênciA

 Art. 140. Quando qualquer comissão pretender que outra se manieste sobre de-terminada matéria, apresentará requerimento escrito nesse sentido ao presidente daCâmara, com a indicação precisa da questão sobre a qual deseja o pronunciamento,observando-se que:I – do despacho do presidente caberá recurso para o Plenário, no prazo de cincosessões contado da sua publicação;II – o pronunciamento da comissão versará exclusivamente sobre a questãoormulada;

III – o exercício da aculdade prevista neste artigo não implica dilação dos prazosprevistos no art. 52.

 Art. 141. Se a comissão a que or distribuída uma proposição se julgar incompeten-te para apreciar a matéria, ou se, no prazo para a apresentação de emendas reeridono art. 120, I, e § 4º, qualquer deputado ou comissão suscitar conlito de compe-tência em relação a ela, será este dirimido pelo presidente da Câmara, dentro emduas sessões, ou de imediato, se a matéria or urgente, cabendo, em qualquer caso,recurso para o Plenário no mesmo prazo.

Comentários

O art. 140 trata de instituto em que uma comissão solicita a outra que se manieste so-bre determinada matéria. Para tanto, necessária se az a apresentação de um requerimentoescrito em que indique exatamente a questão sobre a qual se quer ter um pronunciamento.

Observe que do despacho do presidente caberá, como é usual, recurso ao Plenário, noprazo de cinco sessões, contado, como também é usual, da data de sua publicação.

A comissão que oi instada a se pronunciar deverá azê-lo estritamente sobre a questãoapresentada.

Atente-se ainda para o ato de que a utilização desse instituto não altera os prazosexistentes para o exame da proposição pela comissão que solicitou a maniestação.

Quanto à possibilidade de uma comissão se maniestar sobre determinada matéria quenão lhe tenha sido distribuída, cumpre inormar que a previsão contida no art. 117, VIII,possibilita que deputado requeira uma audiência de comissão. Nesse caso, o requerimentodeve ser escrito, não sore discussão e é decidido pelo Plenário por meio de processo sim-

bólico (votação simbólica).Caso uma comissão se julgue incompetente para apreciar determinada matéria – por

não ser de sua atribuição especíca – ou, durante o prazo de apresentação de emendas emPlenário, um deputado ou comissão suscite conito de competência em relação a ela, ca-

Page 291: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 291/441

Capítulo XI

295

berá ao presidente da Câmara decidir a respeito, no prazo de duas sessões, ou de imediato,no caso de matéria em regime de urgência. Como é praxe, da decisão do presidente caberárecurso ao Plenário, em igual prazo.

Interessante observar o silêncio regimental em relação ao prazo para que se susciteconito de competência no caso de projeto de lei sujeito ao poder conclusivo das comis-sões. Como não há clareza regimental a esse respeito, na prática se adota atualmente, comolimite temporal para que eventual conito de competência seja suscitado, o encerramentodo prazo de emendamento na Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania. Enten-demos que, a despeito de essa interpretação adotada na Câmara dos Deputados viabilizarque seja suscitado tal conito de competência no caso de matéria sujeita ao poder conclu-sivo, tal interpretação é passível de questionamento.

Relembre-se de que, conorme já estudado, o parágrao único do art. 55 permite que seapresente reclamação à maniestação de comissão eita em desacordo com sua atribuiçãoespecíca, que, caso provida, considerar-se-á como não escrito o parecer da comissão queextrapolou sua competência.

AULA 13 – dA trAmitAção conjUntA

 Art. 142. Estando em curso duas ou mais proposições da mesma espécie, que regu-

lem matéria idêntica ou correlata, é lícito promover sua tramitação conjunta, me-diante requerimento de qualquer comissão ou deputado ao presidente da Câmara,observando-se que:I – do despacho do presidente caberá recurso para o Plenário, no prazo de cincosessões contado de sua publicação;II – considera-se um só o parecer da comissão sobre as proposições apensadas.(Primitivo inciso III renumerado pela Resolução nº 10, de 1991.)Parágrao único. A tramitação conjunta só será deerida se solicitada antes de a maté-ria entrar na Ordem do Dia ou, na hipótese do art. 24, II, antes do pronunciamento

da única ou da primeira comissão incumbida de examinar o mérito da proposição.........................................................................................................................................

Comentários

Conorme já estudado, antes de ser distribuída uma proposição às comissões, é realizadauma análise pela Secretaria-Geral da Mesa para vericar se existe proposição em trâmite quetrate de matéria análoga ou conexa. Em caso armativo, é realizada a sua apensação.

Não obstante, pode ocorrer que, por equívoco, por exemplo, não haja a distribuição pordependência. O art. 142 possibilita que comissão ou deputado, ao perceberem que existem

Page 292: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 292/441

296

Curso de Regimento Interno

duas proposições tramitando que regulam matéria idêntica ou correlata, requeiram suatramitação conjunta.

Ressalte-se que o parecer da comissão englobará todas as proposições que tramitam

em conjunto.Outra regra importante, também utilizada quando o processo é distribuído pelo pre-

sidente (art. 139, I), dispõe sobre a tramitação conjunta, que só será deerida se solicitadaantes de a matéria entrar na Ordem do Dia do Plenário ou, no caso de projeto de leisujeito ao poder conclusivo (art. 24, II), antes do pronunciamento da única ou da primeiracomissão que tenha por m analisar o mérito da matéria.

AULA 14 – dAs rEgrAs dE trAmitAção conjUntA oU Por dEPEndênciA

  Art. 143. Na tramitação em conjunto ou por dependência, serão obedecidas asseguintes normas:I – ao processo da proposição que deva ter precedência serão apensos, sem incor-poração, os demais;II – terá precedência:

a) a proposição do Senado sobre a da Câmara;b) a mais antiga sobre as mais recentes proposições;

III – em qualquer caso, as proposições serão incluídas conjuntamente na Ordemdo Dia da mesma sessão.Parágrao único. O regime especial de tramitação de uma proposição estende-se àsdemais que lhe estejam apensas.

Comentários

O art. 143 traz regras para serem observadas com relação à tramitação em conjunto

ou por dependência.A primeira regra determina que, dado um grupo de proposições que devam tramitar

em conjunto, a uma delas – à que tiver precedência – serão apensas as demais, sendo queessa “apensação” representa somente tramitar em conjunto, sem nenhum tipo de incorpo-ração, ou seja, sem perder sua essência, sua identidade, ou, ainda, sem atribuir a qualquerdelas o status de proposição principal.

Para denir qual proposição terá a precedência, utiliza-se a regra do inciso II, na or-dem a seguir:

• a proposição do Senado sobre a da Câmara;

• a proposição mais antiga sobre as mais recentes.

Page 293: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 293/441

Capítulo XI

297

As proposições com tramitação por dependência serão analisadas em conjunto pelascomissões, as quais produzirão um só parecer sobre as proposições apensadas (art. 142, II),bem como serão incluídas conjuntamente na Ordem do Dia da mesma sessão (art. 143, III).

Importante registrar que o regime especial de tramitação de uma proposição estende-se às demais que tramitem em conjunto. Assim, se uma proposição tramita em regime deprioridade (regime especial) e possui, apensas, duas outras proposições, uma em regime deurgência (regime especial) e outra em rito ordinário (regime comum), a urgência estende-seàs outras duas proposições, pois entre os ritos especiais de prioridade e urgência, este detéma preerência por receber tratamento ainda mais especial com vistas à celeridade processual.

AULA 15 – dA APrEciAção PrELiminAr (PArtE i)

 Art. 144. Haverá apreciação preliminar em Plenário quando or provido recursocontra parecer terminativo de comissão, emitido na orma do art. 54.Parágrao único. A apreciação preliminar é parte integrante do turno em que seachar a matéria. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 10, de 1991.)

 Art. 145. Em apreciação preliminar, o Plenário deliberará sobre a proposição so-mente quanto à sua constitucionalidade e juridicidade ou adequação inanceira eorçamentária.

§ 1º Havendo emenda saneadora da inconstitucionalidade ou injuridicidade e dainadequação ou incompatibilidade inanceira ou orçamentária, a votação ar-se-áprimeiro sobre ela.§ 2º Acolhida a emenda, considerar-se-á a proposição aprovada quanto à prelimi-nar, com a modiicação decorrente da emenda.§ 3º Rejeitada a emenda, votar-se-á a proposição, que, se aprovada, retomará o seucurso, e, em caso contrário, será deinitivamente arquivada.

Comentários

A apreciação preliminar ocorre quando or provido recurso contra parecer termina-tivo de comissão. Nos termos do art. 54, será terminativo o parecer da CCC, quanto àconstitucionalidade ou juridicidade da matéria; o parecer da CFT, quanto à adequaçãonanceira ou orçamentária da proposição; e o parecer de comissão especial de que trata oart. 34, II, acerca de ambas as preliminares (as da CCC e as da CFT).

Situação interessante no RICD é a ausência de quem tem a iniciativa para apresentar

esse recurso e quais os prazos e trâmites a seguir. Em ace dessa omissão, o que se adota sãoas regras constantes do recurso contra parecer conclusivo de comissão (CF, art. 58, § 2º, I,e RICD, art. 58, §§ 1º a 3º, c/c art. 132, § 2º).

Page 294: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 294/441

298

Curso de Regimento Interno

Dessa orma, a iniciativa desse recurso é de um décimo dos deputados, devendo serapresentado no prazo de cinco sessões da publicação do parecer terminativo e provido pordecisão do Plenário.

Ressalte-se que, além de pertencer ao turno em que se acha a proposição, na aprecia-ção preliminar somente se deliberará quanto à sua constitucionalidade e juridicidade ouadequação nanceira e orçamentária; isto é, não cabe apreciação de mérito nessa ase datramitação. Durante a discussão em apreciação preliminar, qualquer deputado ou comis-são poderá apresentar emendas de Plenário à matéria (RICD, art. 120, I).

Havendo emenda saneadora da inconstitucionalidade ou injuridicidade e da inade-quação ou incompatibilidade nanceira ou orçamentária, a votação iniciar-se-á por ela.

Observe que, acolhida a emenda saneadora, considerar-se-á a proposição aprovada

quanto à preliminar, com a modicação decorrente da emenda. Ou seja, cai por terra oparecer terminativo, e a proposição segue então sua tramitação normal. Nessa etapa, hou- ve apenas o reconhecimento da admissibilidade da proposição. O exame de mérito peloPlenário ocorrerá posteriormente, se or o caso.

Se rejeitada a emenda, será colocada em votação, relativamente às preliminares de ad-missibilidade, a proposição principal, a qual, caso seja aprovada, retomará a sua tramitaçãonormal e, em caso contrário, será denitivamente arquivada.

AULA 16 – dA APrEciAção PrELiminAr (PArtE ii)

 Art. 146. Quando a Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, ou a Co-missão de Finanças e Tributação, apresentar emenda tendente a sanar vício deinconstitucionalidade ou injuridicidade, e de inadequação ou incompatibilidade i-nanceira ou orçamentária, respectivamente, ou o izer a comissão especial reeridano art. 34, II, a matéria prosseguirá o seu curso, e a apreciação preliminar ar-se-áapós a maniestação das demais comissões constantes do despacho inicial. ( Artigo

com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

 Art. 147. Reconhecidas, pelo Plenário, a constitucionalidade e a juridicidade ou aadequação inanceira e orçamentária da proposição, não poderão estas prelimina-res ser novamente arguidas em contrário.

Comentários

O art. 146 apresenta inconsistência com relação à tramitação das proposições, devido

à alteração regimental ocorrida no início da década de 90.

Anteriormente, todas as proposições eram distribuídas primeiramente à CCC e, se os-se o caso, à CFT, para só depois irem às comissões que deveriam se pronunciar quanto ao

Page 295: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 295/441

Capítulo XI

299

mérito. A partir da Resolução nº 10, datada de 3 de outubro de 1991, ocorre o contrário: pri-meiramente as proposições são distribuídas às comissões competentes para o exame de mé-rito e, posteriormente, vão para a CFT, se or o caso, e para a CCC. Essa mudança oi eita,

mas nem todas as alterações cabíveis para a boa sistematização regimental oram procedidas.O art. 147 traz importante inormação: uma vez reconhecidas pelo Plenário, em apre-

ciação preliminar, a constitucionalidade e a juridicidade ou a adequação nanceira e or-çamentária da proposição, não poderão essas preliminares ser novamente arguidas emcontrário. Essa observação se az necessária para que nenhum deputado, mais adiante,em outra ase da tramitação, venha a discutir sobre o que já oi decidido, ou seja, tratar de“matéria vencida”.

AULA 17 – dos tUrnos A QUE Estão sUjEitAs As ProPosiçõEs

 Art. 148. As proposições em tramitação na Câmara são subordinadas, na sua apre-ciação, a turno único, excetuadas as propostas de emenda à Constituição, os proje-tos de lei complementar e os demais casos expressos neste regimento.

 Art. 149. Cada turno é constituído de discussão e votação, salvo:I – no caso dos requerimentos mencionados no art. 117, em que não há discussão;II – se encerrada a discussão em segundo turno, sem emendas, quando a matéria

será dada como deinitivamente aprovada, sem votação, salvo se algum líder reque-rer seja submetida a votos;III – se encerrada a discussão da redação inal, sem emendas ou retiicações, quan-do será considerada deinitivamente aprovada, sem votação.

Comentários

Segundo Oliveira (1993, p. 57), turno é o “período destinado a discutir e a votar deter-

minada proposição”. A apreciação das proposições em tramitação na Câmara ocorre, demodo geral, em turno único de discussão e votação. As exceções a essa regra do RICD sãoas propostas de emenda à Constituição (art. 202, § 6º), os projetos de lei complementar eos projetos de modicação ou reorma do RICD (art. 216, § 5º), que se submetem a doisturnos de discussão e votação. Deve-se atentar, por pertinente, para a previsão contida noart. 143 do Regimento Comum do Congresso Nacional, segundo a qual os projetos decomissão mista tramitarão em dois turnos na Casa iniciadora.

A regra é que o turno seja composto de discussão e votação. Excepcionalmente, porém,

haverá turno em que ocorrerá apenas discussão, bem como turno constituído tão somentepor votação. Assim:

Page 296: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 296/441

300

Curso de Regimento Interno

a) os requerimentos que se enquadrem nos termos do art. 117 – aqueles lá relacio-nados e os não especicados no RICD (art. 117, caput e § 1º) – são votados semque haja discussão;

b) caso seja encerrada a discussão em segundo turno, sem a apresentação de emen-das, a matéria será considerada como denitivamente aprovada, sem a necessida-de de votação, salvo a apresentação de requerimento de líder para que a matériaseja submetida a votos. Deve-se risar que essa regra NÃO se aplica à tramitaçãode proposta de emenda à Constituição por colidir com norma especíca aplicávelà tramitação dessa espécie de proposição (art. 202, §§ 7º e 8º);

c) ao nal de turno único ou segundo turno de tramitação, elabora-se a redação nalda proposição, que será considerada denitivamente aprovada, sem votação, caso

a discussão chegue ao nal sem que se apresentem emendas ou proponham-sereticações ao texto.

AULA 18 – do intErstício

 Art. 150. Excetuada a matéria em regime de urgência, é de duas sessões o inters-tício entre:I – a distribuição de avulsos dos pareceres das comissões e o início da discussão ou

 votação correspondente;II – a aprovação da matéria, sem emendas, e o início do turno seguinte.Parágrao único. A dispensa de interstício para inclusão em Ordem do Dia de ma-téria constante da agenda mensal, a que se reere o art. 17, I, s, poderá ser conce-dida pelo Plenário, a requerimento de um décimo da composição da Câmara oumediante acordo de lideranças, desde que procedida a distribuição dos avulsos comantecedência mínima de quatro horas.

Comentários

Interstício é o intervalo de tempo mínimo antes do qual não se pode promover deter-minado ato legislativo. É contado a partir de outro ato legislativo.

A regra insculpida no art. 150 é aplicável à tramitação das proposições em rito ordi-nário ou em regime de prioridade, não se aplicando às proposições urgentes pela simplesrazão de que esse regime de tramitação dispensa exigências, interstícios e ormalidadesregimentais (art. 152).

Não obstante tratar-se de regra aplicável à tramitação de proposições em geral, aprevisão de interstício do dispositivo em comento pode incidir sobre matérias sujeitas adisposições especiais, cuja tramitação é regida por normas especícas. Por exemplo, pororça da previsão contida no art. 216, § 7º, o interstício previsto no art. 150 será aplicável

Page 297: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 297/441

Capítulo XI

301

à tramitação de projeto de resolução que modique ou reorme o RICD, ainda que essamatéria se sujeite a disposições especiais. (Sobre matéria sujeita a disposições especiais,

 veja capítulo XV.)

A regra, não aplicável a matéria em regime de urgência, prevê interstício de duas ses-sões entre:

a) a distribuição de avulsos dos pareceres das comissões e o início da discussão ou votação correspondente;

b) a aprovação da matéria, sem emendas, e o início do turno seguinte (ou seja, entreos dois turnos).

No caso de proposta de emenda à Constituição (matéria sujeita a disposições espe-

ciais), o interstício equivalente ao previsto no inciso I do art. 150, conquanto seja tambémde duas sessões, é contado a partir da publicação do parecer da comissão especial (art. 202,§ 5º). O intervalo entre os dois turnos de apreciação de PEC equivale a duas vezes e meiao previsto na regra geral; ou seja, o interstício entre os dois turnos de apreciação de pro-posta de emenda à Constituição deve ser de cinco sessões (art. 202, § 6º).

Atente-se novamente para o ato de que o interstício é dispensado para maté-rias em regime de urgência. Também poderá ser dispensado para inclusão em Ordemdo Dia de matéria constante da agenda mensal, nos termos do parágrao único do

art. 150.O art. 280 do RICD disciplina a orma de contagem dos prazos. Assim, salvo disposi-

ção em contrário, os prazos em sessões serão contados pelas sessões ordinárias da Câmaraeetivamente realizadas, excluindo-se do cômputo a sessão do dia em que ocorrer o atoou se praticar o ato e incluindo-se a sessão do vencimento.

AULA 19 – do rEgimE dE trAmitAção – cAsos dE UrgênciA

 Art. 151. Quanto à natureza de sua tramitação podem ser:I – urgentes as proposições:

a) sobre declaração de guerra, celebração de paz, ou remessa de orças brasi-leiras para o exterior;

b) sobre suspensão das imunidades de deputados, na vigência do estado desítio ou de sua prorrogação;

c) sobre requisição de civis e militares em tempo de guerra, ou quaisquerprovidências que interessem à deesa e à segurança do país;

d) sobre decretação de impostos, na iminência ou em caso de guerra externa;e) sobre medidas inanceiras ou legais, em caso de guerra;) sobre transerência temporária da sede do governo ederal;

Page 298: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 298/441

302

Curso de Regimento Interno

g) sobre permissão para que orças estrangeiras transitem pelo território na-cional ou nele permaneçam temporariamente;

h) sobre intervenção ederal, ou modi icação das condições de intervençãoem vigor;i) sobre autorização ao presidente ou ao vice-presidente da República para

se ausentarem do país;j) oriundas de mensagens do Poder Executivo que versem sobre acordos,

tratados, convenções, pactos, convênios, protocolos e demais instrumen-tos de política internacional, a partir de sua aprovação pelo órgão técnicoespecíico, através de projeto de decreto legislativo, ou que sejam por ou-tra orma apreciadas conclusivamente;

l) de iniciativa do presidente da República, com solicitação de urgência;m) constituídas pelas emendas do Senado Federal a projetos reeridos na alínea

anterior;n) reeridas no art. 15, XII;o) reconhecidas, por deliberação do Plenário, de caráter urgente, nas hipóte-

ses do art. 153;........................................................................................................................................

Comentários

O art. 151, I, traz uma lista de proposições que são consideradas urgentes. Importantesalientar que o conceito de proposição urgente se encontra no próximo artigo (art. 152).

Não obstante, proposições que tratem de matérias diversas das elencadas no inciso Ido art. 151 podem vir a se tornar urgentes, caso seja aprovado requerimento nesse sentido(arts. 153 a 155).

De uma orma geral, as matérias urgentes relacionadas nesse artigo reerem-se a si-

tuações relativas a guerra, segurança nacional, tratados internacionais e seus congêneres.Quanto à previsão constante na alínea  j  do inciso I do art. 151 do RICD, cumpre

lembrar que a mensagem do Executivo tramitará ordinariamente. A proposição (o projetode decreto legislativo, no caso) oriunda da mensagem presidencial é que será apreciada emregime de urgência.

O presidente da República poderá, por expressa previsão constitucional (CF, art. 64,§ 1°, c/c RICD, art. 151, I, l ), solicitar urgência para apreciação de projetos de sua inicia-tiva, assunto comentado na aula 2 do capítulo XV.

Page 299: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 299/441

Capítulo XI

303

AULA 20 – do rEgimE dE trAmitAção – cAsos dE PrioridAdE E dE trAmitAção ordináriA

 Art. 151. Quanto à natureza de sua tramitação podem ser:........................................................................................................................................II – de tramitação com prioridade:

a) os projetos de iniciativa do Poder Executivo, do Poder udiciário, do Mi-nistério Público, da Mesa, de comissão permanente ou especial, do Sena-do Federal ou dos cidadãos;

b) os projetos:1 – de leis complementares e ordinárias que se destinem a regulamen-

tar dispositivo constitucional, e suas alterações;2 – de lei com prazo determinado;3 – de regulamentação de eleições, e suas alterações;4 – de alteração ou reorma do Regimento Interno;

III – de tramitação ordinária: os projetos não compreendidos nas hipóteses dosincisos anteriores.

Comentários

O conceito de “prioridade” está expresso no art. 158, que será comentado na aula 26deste capítulo. Agora, cabe observar que o inciso II do art. 151 elenca os projetos quegozam das prerrogativas desse regime de tramitação, em decorrência da autoria ou damatéria sobre a qual dispõem.

Cumpre destacar que, considerando-se apenas a autoria, todos os projetos de iniciativaexterna à Câmara dos Deputados tramitam nessa Casa em regime de prioridade. Tambémse sujeitam ao mesmo regime projetos de autoria da Mesa e de comissões permanentes e

especiais – os projetos de CPI tramitam ordinariamente. Atente-se para os quatro tiposde projetos listados na alínea b do inciso II do art. 151, os quais tramitam em regime deprioridade em virtude da matéria de que tratam.

O inciso III, por sua vez, prescreve que os projetos que não estão incluídos entre osem regime de urgência e os em regime de prioridade tramitam em regime ordinário (porisso armou-se que os projetos de CPI são apreciados em rito ordinário). Percebe-seque basicamente só sobraram para se enquadrar nesse regime os projetos de iniciativa dedeputados não compreendidos nas hipóteses dos incisos anteriores.

Embora não mencionado, projeto de lei de iniciativa do Tribunal de Contas da Uniãotambém tramitará na Câmara em regime de prioridade. Isso porque, não obstante o TCUser órgão auxiliar do Congresso Nacional (CF, art. 71, caput ) e não constar expressamen-te no rol de legitimados à iniciativa legislativa (CF, art. 61 c/c RICD, art. 109, § 1º), aCâmara reconhece-lhe o direito de iniciar o processo legislativo no que tange à elaboração

Page 300: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 300/441

304

Curso de Regimento Interno

de lei que regule seus cargos, serviços e unções, por orça da previsão constitucional con-tida nos artigos 73, caput , e 96, II. Nesse sentido, deve-se aplicar aos projetos do TCU oregime de prioridade conerido às demais iniciativas externas.

AULA 21 – dA UrgênciA – disPosiçõEs gErAis

 Art. 152. Urgência é a dispensa de exigências, interstícios ou ormalidades regi-mentais, salvo as reeridas no § 1º deste artigo, para que determinada proposição,nas condições previstas no inciso I do artigo antecedente, seja de logo considerada,até sua decisão inal.§ 1º Não se dispensam os seguintes requisitos:

I – publicação e distribuição, em avulsos ou por cópia, da proposição principal e,se houver, das acessórias;II – pareceres das comissões ou de relator designado;III – quórum para deliberação.§ 2º As proposições urgentes, em virtude da natureza da matéria ou de requeri-mento aprovado pelo Plenário, na orma do artigo subsequente, terão o mesmotratamento e trâmite regimental.

Comentários

Urgência é a dispensa de exigências, interstícios e ormalidades regimentais, com ex-ceção das elencadas no § 1º do art. 152, para que uma proposição possa ser apreciada pelaCâmara de orma mais célere.

Entre as acilidades encontradas por uma proposição em regime de urgência, pode-mos citar: a dispensa de interstícios; a diminuição de prazos; a possibilidade de seremproeridos, em determinadas circunstâncias, pareceres orais; a apreciação da matéria con-

 juntamente por todas as comissões; a diminuição do tempo dos oradores para discussão eencaminhamento.

De qualquer sorte, os requisitos presentes no § 1º jamais poderão ser dispensados. Paramemorizá-los, utilize as iniciais deles, que ormam a sigla PQP (Publicação, Quórum,Pareceres).

Importante o teor do § 2º, que equipara, em termos de tratamento e trâmite, as propo-sições urgentes em virtude da natureza da matéria com aquelas para as quais oi aprovadorequerimento em Plenário.

Page 301: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 301/441

Capítulo XI

305

AULA 22 – dA UrgênciA Por rEQUErimEnto

 Art. 153. A urgência poderá ser requerida quando:

I – tratar-se de matéria que envolva a deesa da sociedade democrática e das liber-dades undamentais;II – tratar-se de providência para atender a calamidade pública;III – visar à prorrogação de prazos legais a se indarem, ou à adoção ou alteraçãode lei para aplicar-se em época certa e próxima;IV – pretender-se a apreciação da matéria na mesma sessão.

ComentáriosO art. 153 apresenta quatro situações em que poderá ser requerido que uma propo-

sição tramite em regime de urgência. A rigor, essas matérias tramitam ordinariamente,porém poderão tramitar com prioridade em decorrência da autoria (art. 152, II, a) e tra-mitarão com urgência se, nesse sentido, or apresentado e provido requerimento escrito aoPlenário (art. 117, XV). O art. 154, a ser estudado em seguida, dispõe sobre a apresentaçãoe deliberação desse requerimento.

Como exemplo de proposição que se enquadra no inciso III, pode-se citar a apreciação

de lei que regulamente eleições.Importante ressaltar que o inciso IV abre a possibilidade para que possa ser requerida

urgência para proposição que trate de qualquer tipo de matéria. Assim, havendo interessemajoritário dos deputados, certa proposição sem relevância política num dado momentopode adquirir o status de urgente em razão de mudança no cenário político.

AULA 23 – dA APrEciAção do rEQUErimEnto dE UrgênciA

 Art. 154. O requerimento de urgência somente poderá ser submetido à deliberaçãodo Plenário se or apresentado por:I – dois terços dos membros da Mesa, quando se tratar de matéria da competênciadesta;II – um terço dos membros da Câmara, ou líderes que representem esse número;III – dois terços dos membros de comissão competente para opinar sobre o méritoda proposição.

Page 302: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 302/441

306

Curso de Regimento Interno

§ 1º O requerimento de urgência não tem discussão, mas a sua votação pode serencaminhada pelo autor e por um líder, relator ou deputado que lhe seja contrário,

um e outro com o prazo improrrogável de cinco minutos. Nos casos dos incisos Ie III, o orador avorável será o membro da Mesa ou de comissão designado pelorespectivo presidente.§ 2º Estando em tramitação duas matérias em regime de urgência, em razão derequerimento aprovado pelo Plenário, não se votará outro.

Comentários

Como visto no comentário ao art. 153, não há restrição quanto ao tipo de matéria paraque se requeira urgência na tramitação de proposições.

O caput do art. 154 delimita os legitimados a apresentar requerimento de urgência erestringe tal prerrogativa à área de competência do colegiado do qual azem parte os subs-critores dessa espécie de requerimento.

Nesse sentido, observe que dois terços dos membros da Mesa só podem requerer aurgência quando se tratar de matéria de competência desta.

Da mesma orma, dois terços dos membros de determinada comissão somente po-

derão requerer urgência se o órgão técnico que integram or competente para deliberarsobre o mérito da proposição. Note que, se a CFT ou a CCC orem competentes paraexaminar determinada matéria quanto aos aspectos de admissibilidade, porém lhes altarcompetência para a análise de mérito, tais colegiados não poderão requerer urgência paraa proposição aludida. Isto é, não basta que a comissão seja competente para apreciar aproposição, a competência do colegiado técnico deverá incidir sobre o mérito da matéria.

Um terço da composição da Câmara ou líderes que representem esse número poderãorequerer urgência para qualquer proposição. Nesse caso, não há restrição alguma quanto à

área de competência, pois qualquer matéria tramitará na Câmara apenas se or de compe-tência desta casa legislativa.

O § 1º, por sua vez, dene como será deliberado tal requerimento.

A regra disposta no § 2º é de vital importância: havendo duas matérias tramitando emregime de urgência devido a requerimento aprovado pelo Plenário, não se votará outro.É essencial ressaltar a existência de requerimento de urgência undamentado no art. 155,sobre o qual não incide a restrição em comento, como se verá adiante.

Page 303: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 303/441

Capítulo XI

307

AULA 24 – dA “UrgênciA UrgEntíssimA” E oUtrAs considErAçõEs

 Art. 155. Poderá ser incluída automaticamente na Ordem do Dia para discussão e

 votação imediata, ainda que iniciada a sessão em que or apresentada, proposiçãoque verse sobre matéria de relevante e inadiável interesse nacional, a requerimentoda maioria absoluta da composição da Câmara, ou de líderes que representem estenúmero, aprovado pela maioria absoluta dos deputados, sem a restrição contida no§ 2º do artigo antecedente.

 Art. 156. A retirada do requerimento de urgência, bem como a extinção do regimede urgência, atenderá às regras contidas no art. 104.

Comentários

O art. 155 trata da “urgência urgentíssima”, conorme se costuma denominar essetipo de urgência na Câmara dos Deputados. Esse nome se deve ao ato de a proposiçãoque tiver requerimento de urgência aprovado nos termos desse artigo poder ser incluídaautomaticamente na Ordem do Dia para discussão e votação imediata, ainda que iniciadaa sessão em que oi apresentada.

Atente-se que, para utilizá-lo, deverá ser o requerimento subscrito pela maioria abso-luta dos membros da Câmara, ou de líderes que representem esse número; a proposiçãoobjeto do requerimento deverá versar sobre matéria de relevante e inadiável interesse na-cional e deverá este ser aprovado pela maioria absoluta dos deputados.

Importante ressaltar que, para as proposições que tiverem sua urgência aprovada porrequerimento de “urgência urgentíssima”, não há a restrição existente para proposiçõescom urgência aprovada nos termos do art. 154; ou seja, podem tramitar na Câmara aomesmo tempo sob o regime de “urgência urgentíssima” quantas proposições tiverem essetipo de urgência requerida e aprovada.

O art. 156 contém duas previsões: 1) mesmo em se tratando de requerimento de ur-gência para matéria à qual oi atribuída a condição de relevante e de inadiável interessenacional, o requerimento poderá ser retirado, caso ainda não tenha sido aprovado. Dis-posição regimental plausível se se considerar, por exemplo, que mudança na conjunturaeconômica do país possa descaracterizar a relevância e o caráter inadiável que impeliam aCâmara dos Deputados a aprovar determinada matéria urgentemente; 2) a proposição quese tornar urgente em decorrência de requerimento nesse sentido aprovado pelo Plenáriopoderá retornar ao rito de tramitação original (ordinário ou com prioridade) caso o regi-

me mais célere seja extinto. A extinção do regime de urgência se processará conorme asregras de retirada de proposição previstas no art. 104. Assim, por exemplo, se o regime deurgência oi oriundo de requerimento assinado por 180 deputados (mais de um terço dos

Page 304: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 304/441

308

Curso de Regimento Interno

membros da Câmara), a extinção desse regime dependerá de solicitação de pelo menos 91subscritores do requerimento que coneriu urgência à proposição.

AULA 25 – dA UrgênciA – dA APrEciAção dE mAtériA UrgEntE

 Art. 157. Aprovado o requerimento de urgência, entrará a matéria em discussão nasessão imediata, ocupando o primeiro lugar na Ordem do Dia.§ 1º Se não houver parecer, e a comissão ou comissões que tiverem de opinar sobre amatéria não se julgarem habilitadas a emiti-lo na reerida sessão, poderão solicitar,para isso, prazo conjunto não excedente de duas sessões, que lhes será concedidopelo presidente e comunicado ao Plenário, observando-se o que prescreve o art. 49.

§ 2º Findo o prazo concedido, a proposição será incluída na Ordem do Dia paraimediata discussão e votação, com parecer ou sem ele. Anunciada a discussão, semparecer de qualquer comissão, o presidente designará relator que o dará verbalmen-te no decorrer da sessão, ou na sessão seguinte, a seu pedido.§ 3º Na discussão e no encaminhamento de votação de proposição em regime de ur-gência, só o autor, o relator e deputados inscritos poderão usar da palavra, e por me-tade do prazo previsto para matérias em tramitação normal, alternando-se, quantopossível, os oradores avoráveis e contrários. Após alarem seis deputados, encerrar-se-ão, a requerimento da maioria absoluta da composição da Câmara, ou de líderes

que representem esse número, a discussão e o encaminhamento da votação.§ 4º Encerrada a discussão com emendas, serão elas imediatamente distribuídasàs comissões respectivas e mandadas a publicar. As comissões têm prazo de umasessão, a contar do recebimento das emendas, para emitir parecer, o qual pode serdado verbalmente, por motivo justi icado.§ 5º A realização de diligência nos projetos em regime de urgência não implicadilação dos prazos para sua apreciação.

Comentários

O art. 157 trata da apreciação de matérias urgentes. Incluída a proposição na Ordemdo Dia, caso não haja parecer e a comissão ou comissões não estejam preparadas paraemiti-lo na mesma sessão, poderão elas solicitar ao presidente prazo, que correrá ao mes-mo tempo para todas as comissões, não superior a duas sessões. Observe que poderá serrealizada reunião conjunta para tanto, nos termos do art. 49.

Uma vez esgotado o prazo de duas sessões para a emissão de parecer pelas comissões

competentes para exame da matéria, a proposição será incluída na Ordem do Dia paraapreciação imediata. Se o presidente, ao anunciar a votação, vericar que não há parecer,designará relator – em substituição a cada Comissão que perdeu a oportunidade de se

Page 305: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 305/441

Capítulo XI

309

pronunciar quanto à proposição em apreciação urgente – para emitir parecer oral durantea sessão em que or designado ou, a seu pedido, na sessão seguinte.

Algumas regras para a discussão e o encaminhamento dierem do estipulado para

proposições em tramitação normal:

• somente poderão usar da palavra autor, relator e deputados inscritos;

• o tempo para discussão será a metade do prazo previsto, ou seja, dois minutos emeio (art. 174);

• é lícito apresentar requerimento de encerramento de discussão e de encaminha-mento após alarem seis deputados, devendo ser subscrito pela maioria absolutada composição da Câmara ou por líderes que representem esse número (veja di-

erença do requerimento de adiamento de discussão para proposições em outrosregimes de tramitação no art. 178, § 2º).

Observe, ainda, o procedimento a ser seguido no caso de encerramento de discussãocom emendas, constante do § 4º.

O § 5º az a ressalva de que eventuais diligências nos projetos em regime de urgêncianão permitem a dilação de seus prazos.

AULA 26 – dA PrioridAdE

 Art. 158. Prioridade é a dispensa de exigências regimentais para que determinadaproposição seja incluída na Ordem do Dia da sessão seguinte, logo após as propo-sições em regime de urgência.§ 1º Somente poderá ser admitida a prioridade para a proposição:I – numerada;II – publicada no Diário da Câmara dos Deputados e em avulsos;III – distribuída em avulsos, com pareceres sobre a proposição principal e as aces-

sórias, se houver, pelo menos uma sessão antes.§ 2º Além dos projetos mencionados no art. 151, II, com tramitação em priorida-de, poderá esta ser proposta ao Plenário:I – pela Mesa;II – por comissão que houver apreciado a proposição;III – pelo autor da proposição, apoiado por um décimo dos deputados ou por líde-res que representem esse número.

Page 306: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 306/441

310

Curso de Regimento Interno

Comentários

Na aula 20 deste capítulo, tratou-se das proposições que, quanto à natureza de suatramitação, são sujeitas ao regime de prioridade. Na aula 2 do capítulo VII, oi inormado

o prazo de que dispõe cada comissão para examinar proposição sujeita ao regime de prio-ridade (10 sessões – art. 52, II).

A denição de prioridade está bem explicitada no caput do art. 158. Assim, ao se con-erir prioridade à apreciação de proposição, dispensam-se exigências regimentais para quesua tramitação seja mais breve do que seria se tramitasse ordinariamente na Casa. Trata-sede regime de tramitação intermediário entre a apreciação urgente (cujo regime dispensaexigências, interstícios ou ormalidades regimentais, ressalvadas as previstas no § 1º doart. 152, para que a apreciação seja o mais célere possível) e o rito de tramitação ordinária

(no qual se devem cumprir as exigências, os interstícios e as ormalidades regimentais).O § 2º do art. 158 relaciona os legitimados que podem requerer que a tramitação de

proposição sujeita ao rito ordinário se proceda com prioridade. São eles: a) a Mesa; b) a co-missão que houver apreciado a proposição; c) o autor da proposição, apoiado por um décimodos deputados ou por líderes que representem esse número. Logo, além das proposições quetramitam em regime de prioridade em razão de sua autoria ou da matéria que pretendamdisciplinar – discriminadas no art. 151, II –, outras proposições poderão tramitar sob esseregime em virtude de requerimento escrito aprovado pelo Plenário (art. 117, XVII).

Repare que, para se requerer que uma proposição tramite em regime de prioridade,alguns pré-requisitos devem ser cumpridos, conorme lista constante no § 1º do art. 158.

AULA 27 – dA PrEFErênciA (PArtE i)

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 62. ..................................................................................................................................................................................................................................................................

§ 6º Se a medida provisória não or apreciada em até quarenta e cinco dias contadosde sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada umadas Casas do Congresso Nacional, icando sobrestadas, até que se ultime a votação,todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Pará-

 grao acrescido pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001.)........................................................................................................................................

 Art. 64. ..........................................................................................................................§ 1º O presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de proje-

tos de sua iniciativa.

Page 307: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 307/441

Capítulo XI

311

§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se mani-estarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias,

sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com ex-ceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 159. Denomina-se preerência a primazia na discussão, ou na votação, de umaproposição sobre outra, ou outras.§ 1º Os projetos em regime de urgência gozam de preerência sobre os em priori-dade, que, a seu turno, têm preerência sobre os de tramitação ordinária e, entreestes, os projetos para os quais tenha sido concedida preerência, seguidos dos quetenham pareceres avoráveis de todas as comissões a que oram distribuídos.§ 2º Haverá entre os projetos em regime de urgência a seguinte ordem depreerência:I – declaração de guerra e correlatos;II – estado de deesa, estado de sítio e intervenção ederal nos estados;

III – matéria considerada urgente;IV – acordos internacionais;V – ixação dos eetivos das Forças Armadas.§ 3º Entre os projetos em prioridade, as proposições de iniciativa da Mesa ou decomissões permanentes têm preerência sobre as demais.§ 4º Entre os requerimentos haverá a seguinte precedência:I – o requerimento sobre proposição em Ordem do Dia terá votação preerencial,antes de iniciar-se a discussão ou votação da matéria a que se reira;II – o requerimento de adiamento de discussão, ou de votação, será votado antes da

proposição a que disser respeito;III – quando ocorrer a apresentação de mais de um requerimento, o presidenteregulará a preerência pela ordem de apresentação ou, se simultâneos, pela maiorimportância das matérias a que se reportarem;IV – quando os requerimentos apresentados, na orma do inciso anterior, oremidênticos em seus ins, serão postos em votação conjuntamente, e a adoção de umprejudicará os demais, o mais amplo tendo preerência sobre o mais restrito.

Page 308: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 308/441

312

Curso de Regimento Interno

Comentários

O instituto da preerência reere-se à precedência que uma proposição tem sobre outra,ou outras, para ser discutida ou votada. Isso signica que a matéria com preerência será

discutida ou votada antes de outra(s).Cumpre ressaltar que esse tipo de regra é de vital importância para a organização

da atividade legislativa na Câmara. Anal, para se preparar as pautas de deliberação doPlenário (ou das comissões), necessário se az haver regras especícas que permitam ra-cionalizar o processo legislativo. Com eeito, as regras de preerência tendem a avorecer aordenação das matérias para apreciação de modo que seja conerida primazia às proposi-ções de acordo com a relevância ou urgência da matéria ou o estágio de tramitação em quese encontra (discussão ou votação, turno de tramitação, ase inicial ou de revisão), a m de

propiciar um processo legislativo célere e ecaz.Importante destacar que, embora tratadas de orma densa nos arts. 159 e 160, as regras

de preerência aparecem em outros artigos do regimento (arts. 83, 86, 191 e 213, § 6º) e atéem artigos da Constituição Federal (art. 62, § 6º, e art. 64, § 2º), e só se consegue vislumbrarem sua inteireza a ordem de apreciação das proposições azendo-se uma análise sistemáticae integrativa desses dispositivos. Dessa orma, traremos para esse estudo da preerência, deorma didática, também as regras expostas em outros artigos do RICD e da CF.

A primeira regra a ser estudada é a do art. 83, que determina a ordem de apreciação da

pauta da Ordem do Dia.Assim, a ordem de preerência das matérias constantes da Ordem do Dia será:

1º) redações nais;

2º) requerimentos de urgência;

3º) requerimentos de comissão sujeitos a votação;

4º) requerimentos de deputados dependentes de votação imediata;

5º) recursos (ex.: contra poder conclusivo – art. 132, § 2º –; para apreciação prelimi-nar – art. 144);

6º) matérias constantes da Ordem do Dia, de acordo com as regras de preerênciadispostas nos arts. 159 e 160.

Os itens 1º a 4º ormam um grupo de matérias que é chamado de “matérias sobre amesa”.

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados não disciplina expressamente a or-dem de inclusão na pauta das matérias com prazo constitucional, que são as elencadas

a seguir:

1º) medidas provisórias (CF, art. 62, § 6º);

2º) projetos de iniciativa do presidente da República com solicitação de urgência(CF, art. 64, § 2º).

Page 309: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 309/441

Capítulo XI

313

Entretanto, cumpre inormar que, por orça constitucional, a Mesa concede preerên-cia às matérias com prazo constitucional vencido em relação às demais proposições queimpliquem deliberação legislativa, na ordem anteriormente apresentada.

Voltando para o art. 159, § 1º, temos que, de acordo com o regime de tramitação, aordem de preerência será:

1º) projetos em regime de urgência;

2º) projetos em regime de prioridade;

3º) propostas de emenda à Constituição (art. 191, I);

4º) projetos em regime de tramitação ordinária.

Observe que os projetos constantes de cada regime de tramitação ormam o que regi-mentalmente se chama de grupos. Dessa orma, temos três grupos de projetos: os em ur-gência, os em prioridade e os em regime de tramitação ordinária. As propostas de emendaà Constituição não integram nenhum desses grupos, pois o RICD lhes reservou capítuloespecíco no Título VI, que dispõe sobre as matérias sujeitas a disposições especiais. Comeeito, de acordo com o art. 191, I, tais propostas têm preerência na votação em relação àsproposições em tramitação ordinária.

Dentro de um mesmo grupo, de uma orma geral, a ordem de preerência será (art. 159,§ 1º, “parte nal”):

1º) aqueles para os quais tenha sido concedida preerência (art. 160);

2º) aqueles que tenham pareceres avoráveis de todas as comissões a que oram dis-tribuídos;

3º) os demais.

Para os projetos em regime de urgência, tem-se a seguinte ordem de preerência(art. 159, § 2º):

1º) projetos com urgência aprovada nos termos do art. 155 (“urgência urgentíssima”);

2º) declaração de guerra e correlatos;

3º) estado de deesa, estado de sítio e intervenção ederal nos estados;

4º) matéria considerada urgente (art. 151, I, o: requerimento de urgência aprovadonos termos do art. 153);

5º) acordos internacionais;

6º) xação dos eetivos das Forças Armadas.Cumpre registrar que, embora na lista exaustiva que discrimina as matérias urgentes

constante do art. 151, I, não apareça explicitamente o estado de deesa, o estado de sítio(citados no art. 159, § 2º, II) nem a xação dos eetivos das Forças Armadas (art. 159,

Page 310: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 310/441

314

Curso de Regimento Interno

§ 2º, V), podemos enquadrá-los na parte nal da alínea c do inciso I do mesmo art. 151,que prescreve que são urgentes as proposições que tratem de “quaisquer providências queinteressem à deesa e à segurança do país”. Ou seja, pode-se pereitamente entender que

tanto o estado de deesa quanto a xação dos eetivos das Forças Armadas são matériasque interessam diretamente à deesa e à segurança do Brasil, não congurando, portanto,a ausência deles no art. 151, I, uma alha do RICD.

Entre os projetos em regime de prioridade, a ordem de preerência será (art. 159, § 3º):

1º) proposições de iniciativa da Mesa ou de comissão permanente;

2º) demais projetos.

Entre os projetos de tramitação ordinária, a preerência será:

1º) projetos para os quais tenha sido solicitada preerência pelo Colégio de Líderes(art. 160, § 4º);

2º) projetos para os quais tenha sido concedida preerência a requerimento dedeputado (art. 159, § 1º, c/c art. 160, caput );

3º) projetos que apresentem pareceres avoráveis de todas as comissões a que oramdistribuídos (art. 159, § 1º);

4º) demais projetos.

Ademais, existem outras regras que devem ser observadas:

a) em cada grupo da pauta, terão preerência as proposições em votação, vindo de-pois as proposições em discussão;

b) entre as proposições, de uma orma geral, há a seguinte ordem de preerência(art. 86, § 1º):1º) emendas do Senado a proposições da Câmara;2º) proposições da Câmara em turno único;

3º) proposições da Câmara em segundo turno;4º) proposições da Câmara em primeiro turno;5º) proposições em apreciação preliminar;

c) as proposições não apreciadas da pauta da sessão anterior terão precedência sobreoutras dos grupos a que pertençam (art. 86, § 2º);

d) os projetos mais antigos terão preerência sobre os mais recentes;

e) na   votação das proposiçes há também algumas regras de preerência

(art. 191):1. o substitutivo de comissão tem preerência na votação sobre o projeto

(art. 191, II);

Page 311: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 311/441

Capítulo XI

315

2. havendo mais de um substitutivo, a preerência será regulada pela ordem in- versa de sua apresentação (art. 191, III);

3. rejeitado o substitutivo, ou caso não haja substitutivo, a proposição principal

será votada por último, depois das emendas que lhe tenham sido apresenta-das (art. 191, V);4. as emendas serão votadas na seguinte ordem: supressivas, aglutinativas, subs-

titutivas, modicativas e aditivas (art. 191, VIII);5. as subemendas substitutivas têm preerência na votação sobre as respectivas

emendas (art. 191, X);6. a emenda com subemenda, quando votada separadamente, sê-lo-á antes e

com a ressalva desta, exceto quando a subemenda or supressiva, ou substitu-tiva de artigo de emenda, e a votação se zer artigo por artigo, situações em

que a subemenda terá precedência (art. 191, XI);7. quando, ao mesmo dispositivo, houver várias emendas da mesma natureza,

terão preerência as de comissão sobre as demais; havendo emendas de maisde uma comissão, a precedência será regulada pela ordem inversa de sua apre-sentação (art. 191, XIII);

8. o dispositivo destacado de projeto para votação em separado (DVS) precede-rá, na votação, as emendas à proposição original (art. 191, XIX);

9. se a votação do projeto se zer separadamente em relação a cada artigo, o

texto deste será votado antes das emendas aditivas a ele correspondentes(art. 191, XV).

Ainda, há as seguintes regras de preerência para os requerimentos (art. 159, § 4º):

1. o requerimento sobre proposição em Ordem do Dia terá votação preeren-cial, antes de iniciar-se a discussão ou votação da matéria a que se rera;

2. o requerimento de adiamento de discussão, ou de votação, será votado antesda proposição a que disser respeito;

3. quando ocorrer a apresentação de mais de um requerimento, o presidente

regulará a preerência pela ordem de apresentação ou, se simultâneos, pelamaior importância das matérias a que se reerirem;

4. quando os requerimentos apresentados orem idênticos em seus ns, serãopostos em votação conjuntamente, e a adoção de um prejudicará os demais, omais amplo tendo preerência sobre o mais restrito.

Cumpre ressaltar que o art. 213, § 6º, prescreve que os projetos de consolidação terãopreerência para inclusão em Ordem do Dia. Não obstante, por tratar-se de matéria sujeitaa disposições especiais e por poder ser de iniciativa da Mesa Diretora, de deputado ou de

comissão, não ca claro no Regimento como se procederá para viabilizar essa preerência.Finalmente, ressalte-se que, dada a complexidade e relevância dos projetos de código,

estes não se submeterão às regras de elaboração da pauta e de preerência constantes desta

Page 312: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 312/441

316

Curso de Regimento Interno

aula, já que o art. 207, § 3º, dispõe que “a Mesa destinará sessões exclusivas para a discus-são e votação dos projetos de código”.

AULA 28 – dA PrEFErênciA (PArtE ii)

 Art. 160. Será permitido a qualquer deputado, antes de iniciada a Ordem do Dia,requerer preerência para votação ou discussão de uma proposição sobre as do mes-mo grupo.§ 1º Quando os requerimentos de preerência excederem a cinco, o presidente, seentender que isso pode tumultuar a ordem dos trabalhos, veriicará, por consultaprévia, se a Câmara admite modiicação na Ordem do Dia.

§ 2º Admitida a modiicação, os requerimentos serão considerados um a um, naordem de sua apresentação.§ 3º Recusada a modiicação na Ordem do Dia, considerar-se-ão prejudicadostodos os requerimentos de preerência apresentados, não se recebendo nenhumoutro na mesma sessão.§ 4º A matéria que tenha preerência solicitada pelo Colégio de Líderes será apre-ciada logo após as proposições em regime especial.

Comentários

O art. 160 dispõe sobre os requerimentos de preerência. Observe que eles possuem analidade de alterar a ordem em que as matérias constam na pauta – e, por isso, devem serapresentados, por escrito, antes do início da Ordem do Dia (arts. 83, parágrao único, II, a,e 117, XVI) – e que apenas têm eeito sobre as proposições do mesmo grupo.

O presidente tem a aculdade de, havendo mais de cinco requerimentos de preerênciae entendendo que isso poderá tumultuar os trabalhos, vericar se a Câmara admite modi-

cação na sequência estabelecida na Ordem do Dia.Admitida a alteração, os requerimentos serão apreciados um a um, na ordem de sua

apresentação.

Se or recusada a modicação, todos os requerimentos de preerência serão conside-rados prejudicados, não se permitindo receber mais nenhum na mesma sessão (arts. 160,§ 3º, e 164).

Conorme já estudado na aula anterior, as proposições com solicitação de preerênciapelo Colégio de Líderes serão apreciadas logo após as propostas de emenda à Constitui-

ção, que compõem o grupo das matérias sujeitas a disposições especiais. Observe que, casoa proposição se encontre tramitando em regime de prioridade ou de urgência, o dispo-sitivo regimental não deverá ser aplicado, uma vez que a proposição que se encontra em

Page 313: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 313/441

Capítulo XI

317

um desses dois regimes de tramitação já apresenta preerência maior do que a disposta no§ 4º do art. 160, sendo apreciada, inclusive, antes das propostas de emenda à Constituição.

AULA 29 – do dEstAQUE (PArtE i)

 Art. 161. Poderá ser concedido, mediante requerimento aprovado pelo Plenário,destaque para:I – votação em separado de parte de proposição, desde que requerido por um déci-mo dos deputados ou líderes que representem esse número;II – votação de emenda, subemenda, parte de emenda ou de subemenda;III – tornar emenda ou parte de uma proposição projeto autônomo;

IV – votação de projeto ou substitutivo, ou de parte deles, quando a preerênciarecair sobre o outro ou sobre proposição apensada;V – suprimir, total ou parcialmente, dispositivo de proposição.§ 1º Não poderá ser destacada a parte do projeto de lei apreciado conclusivamentepelas comissões que não tenha sido objeto do recurso previsto no § 2º do art. 132,provido pelo Plenário.§ 2º Independerá de aprovação do Plenário o requerimento de destaque apresenta-do por bancada de partido, observada a seguinte proporcionalidade:  • de 5 até 24 deputados = um destaque;

  • de 25 até 49 deputados = dois destaques;  • de 50 até 74 deputados = três destaques;  • de 75 ou mais deputados = quatro destaques. ( Artigo com redação

dada pela Resolução nº 5, de 1996.)

Comentários

O destaque é uma erramenta importante utilizada pelos parlamentares no processolegierante. Com ele, pode-se votar em separado parte de uma proposição; votar emenda,subemenda, parte de emenda ou de subemenda individualmente, ora do grupo a quepertence; tornar emenda ou parte de proposição projeto autônomo; votar projeto ou subs-titutivo, ou parte deles, quando a preerência recair sobre o outro ou sobre proposiçãoapensada; suprimir, no todo ou em parte, dispositivo de proposição.

Exemplo interessante de utilização de destaque ocorre quando há projeto de leide interesse da população em que estão presentes alguns artigos que trazem matériapolêmica, não havendo, portanto, acordo para votar a proposição como um todo. Dessa

orma, uma solução é requerer destaque para votação em separado para aqueles artigosque apresentam assunto controvertido e, assim, poder votar o projeto de lei, deixando,para um segundo momento, a decisão sobre a conveniência ou não da matéria objetodo destaque. Esse procedimento acilita a apreciação da matéria pelos parlamentares.

Page 314: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 314/441

318

Curso de Regimento Interno

Posteriormente, rejeitados ou aprovados os reeridos dispositivos destacados, o projetopode seguir sua tramitação, tendo sido resolvido o impasse antes existente.

Verica-se, portanto, que ele conere maior versatilidade e dinamismo por ocasião da

 votação das proposições.Cumpre ressaltar alguns pontos importantes em relação aos destaques:

• são ormulados por meio de requerimento e devem ser apresentados até ser anun-ciada a votação da proposição, caso atinja alguma de suas partes ou emendas(art. 162, I);

• os requerimentos de destaque deverão ser submetidos e aprovados pelo Plená-rio para serem aceitos, com exceção dos destaques de bancada, que são admiti-

dos automaticamente, sem necessidade de sujeitarem-se ao crivo do Plenário noque tange à sua admissibilidade. Os destaques de bancada são apreciados apenasquanto ao mérito (art. 161, § 2º);

• poderá ser apresentado por qualquer deputado ou bancada de partido;

• o destaque deve se enquadrar em um dos cinco tipos existentes, expressos nosincisos de I a V do art. 161 e, no requerimento, deve constar expressamente essainormação;

• o destaque para votação em separado (conhecido como DVS) deve ser reque-

rido por um décimo dos deputados ou líderes que representem esse número(art. 161, I). Essa regra é válida também para o DVS de bancada, que só podeser apresentado por representação igual ou superior a 1/10 da composição daCâmara. Na prática, por razões históricas, a Mesa não exige o quórum de 1/10nos destaques de bancada.

AULA 30 – do dEstAQUE (PArtE ii)

 Art. 162. Em relação aos destaques, serão obedecidas as seguintes normas:I – o requerimento deve ser ormulado até ser anunciada a votação da proposição,se o destaque atingir alguma de suas partes ou emendas;II – antes de iniciar a votação da matéria principal, a Presidência dará conheci-mento ao Plenário dos requerimentos de destaque apresentados à Mesa; ( Inciso comredação dada pela Resolução nº 5, de 1996.)III – não se admitirá destaque de emendas para constituição de grupos dierentesdaqueles a que, regimentalmente, pertençam;

IV – não será permitido destaque de expressão cuja retirada inverta o sentido daproposição ou a modiique substancialmente;

Page 315: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 315/441

Capítulo XI

319

V – o destaque será possível quando o texto destacado possa ajustar-se à proposiçãoem que deva ser integrado e orme sentido completo;

VI – concedido o destaque para votação em separado, submeter-se-á a votos, pri-meiramente, a matéria principal e, em seguida, a destacada, que somente integraráo texto se or aprovada;VII – a votação do requerimento de destaque para projeto em separado precederá adeliberação sobre a matéria principal;VIII – o pedido de destaque de emenda para ser votada separadamente, ao inal,deve ser eito antes de anunciada a votação;IX – não se admitirá destaque para projeto em separado quando a disposição adestacar seja de projeto do Senado, ou se a matéria or insuscetível de constituir

proposição de curso autônomo; X – concedido o destaque para projeto em separado, o autor do requerimento terá oprazo de duas sessões para oerecer o texto com que deverá tramitar o novo projeto;

 XI – o projeto resultante de destaque terá a tramitação de proposição inicial; XII – havendo retirada do requerimento de destaque, a matéria destacada voltaráao grupo a que pertencer;

  XIII – considerar-se-á insubsistente o destaque se, anunciada a votação de dis-positivo ou emenda destacada, o autor do requerimento não pedir a palavra paraencaminhá-la, voltando a matéria ao texto ou grupo a que pertencia;

 XIV – em caso de mais de um requerimento de destaque, poderão os pedidos ser votados em globo, se requerido por líder e aprovado pelo Plenário.

Comentários

O art. 162 traz algumas regras que devem ser obedecidas com relação aos destaques.Para acilitar o aprendizado, podemos separar essas regras em três grupos: I) as que trazem

inormações gerais; II) as que tratam do destaque para constituição de projeto autônomo;e III) as que tratam de situações em que não caberá o destaque.

I) As regras que trazem inormações gerais são:1) o requerimento deve ser ormulado até ser anunciada a votação da proposi-

ção, se o destaque atingir alguma de suas partes ou emendas (art. 162, I);2) antes de iniciar a votação da matéria principal, a Presidência dará conhe-

cimento ao Plenário dos requerimentos de destaque apresentados à Mesa(art. 162, II);

3) concedido o destaque para votação em separado (DVS), submeter-se-á a vo-tos, primeiramente, a matéria principal e, em seguida, a destacada, que so-mente integrará o texto se or aprovada (art. 162, VI);

Page 316: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 316/441

320

Curso de Regimento Interno

4) o pedido de destaque de emenda para ser votada separadamente, ao nal,deve ser eito antes de anunciada a votação (art. 162, VIII);

5) havendo retirada do requerimento de destaque, a matéria destacada voltará ao

grupo a que pertencer (art. 162, XII). Observe que essa regra não se aplica aoDVS, uma vez que o texto a que ele se reere ainda não oi votado, não podendo,dessa orma, voltar a matéria destacada ao texto ou grupo a que pertencia;

6) considerar-se-á insubsistente o destaque se, anunciada a votação de dispositivoou emenda destacada, o autor do requerimento não pedir a palavra para enca-minhá-la, voltando a matéria ao texto ou grupo a que pertencia (art. 162, XIII).Da mesma orma que o item precedente, essa regra não se aplica ao DVS;

7) em caso de mais de um requerimento de destaque, poderão os pedidos ser vo-tados em globo, se requerido por líder e aprovado pelo Plenário (art. 162, XIV).

II) As regras que tratam de destaque para constituição de projeto em separado são asseguintes:1) a votação do requerimento de destaque para projeto em separado precederá a

deliberação sobre a matéria principal (art. 162, VII);2) concedido o destaque para projeto em separado, o autor do requerimento terá

o prazo de duas sessões para oerecer o texto com que deverá tramitar o novoprojeto (art. 162, X);

3) o projeto resultante de destaque terá a tramitação de proposição inicial

(art. 162, XI);4) não se admitirá destaque para constituição de projeto autônomo quando o

dispositivo a destacar seja de projeto do Senado, ou se a matéria or insuscetí- vel de constituir proposição de curso autônomo (art. 162, IX). Esta proibiçãoestá também incluída no grupo III, item 4.

III) Não será concedido destaque:1) de emendas para constituição de grupos dierentes daqueles a que, regimen-

talmente, pertençam (art. 162, III);

2) de expressão cuja retirada inverta o sentido da proposição ou a modiquesubstancialmente (art. 162, IV);

3) quando o texto destacado não possa se ajustar à proposição em que deva serintegrado e não orme sentido completo (art. 162,V);

4) para constituição de projeto em separado quando o dispositivo a destacar sejade projeto do Senado, ou se a matéria or insuscetível de constituir proposi-ção de curso autônomo (art. 162, IX);

5) para parte de projeto de lei apreciado conclusivamente pelas comissões quenão tenha sido objeto do recurso previsto no § 2º do art. 132, provido pelo

Plenário (art. 161, § 1º).

Page 317: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 317/441

Capítulo XI

321

AULA 31 – dA PrEjUdiciALidAdE (PArtE i)

 Art. 163. Consideram-se prejudicados:

I – a discussão ou a votação de qualquer projeto idêntico a outro que já tenha sidoaprovado ou rejeitado na mesma sessão legislativa, ou transormado em diploma legal;II – a discussão ou a votação de qualquer projeto semelhante a outro consideradoinconstitucional de acordo com o parecer da Comissão de Constituição e ustiça ede Cidadania; ( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)III – a discussão ou a votação de proposição apensa quando a aprovada or idênticaou de inalidade oposta à apensada;IV – a discussão ou a votação de proposição apensa quando a rejeitada or idêntica

à apensada;V – a proposição, com as respectivas emendas, que tiver substitutivo aprovado,ressalvados os destaques;VI – a emenda de matéria idêntica à de outra já aprovada ou rejeitada;VII – a emenda em sentido absolutamente contrário ao de outra, ou ao de dispo-sitivo, já aprovados;VIII – o requerimento com a mesma, ou oposta, inalidade de outro já aprovado.

Comentários

A despeito de a previsão do art. 163 aparentemente incidir sobre atos legislativos (dis-cussão e votação), bem como sobre proposições, cabe esclarecer que, sempre que se preju-dicar a discussão ou votação de qualquer proposição, estar-se-á, na verdade, prejudicandoa própria proposição. No mesmo sentido, quando se declara a prejudicialidade de proposi-ção, prejudica-se (impede-se) a prática de sua discussão ou votação, por óbvio.

Pode-se dizer que, em regra, uma proposição será considerada prejudicada quando or

de teor idêntico ou oposto ao de outra já aprovada, ou se or de sentido idêntico ao de umaoutra já reprovada. Todos os incisos do art. 163 apresentam situações que se enquadramem uma dessas duas possibilidades.

Pelo exposto, asseveramos que prejudicialidade é instituto do processo legislativo quetem por nalidade declarar desnecessária a apreciação de proposição que perdeu a razãode existir em razão de decisão legislativa anterior sobre proposição idêntica ou de nali-dade oposta.

Embora possa parecer complicado entender a aplicação desse instituto, a declaraçãode prejudicialidade ampara-se em lógica simples: privilegiar a decisão já proerida, no sen-tido de não contrariá-la ou repeti-la. A título de ilustração, considere a seguinte situaçãohipotética: o Plenário aprovou o substitutivo a determinado projeto de lei. Uma vez que osubstitutivo, como o próprio nome diz, substitui o projeto, não há mais por que se votar oprojeto de lei, visto que a Câmara preeriu aquele como sucedâneo deste. Portanto, deve-se

Page 318: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 318/441

322

Curso de Regimento Interno

declarar a prejudicialidade do projeto de lei, dado que não há mais razão para apreciá-lo e,por conseguinte, não há mais motivo para que ele subsista.

Ressalte-se que a proposição dada como prejudicada será denitivamente arquivada

pelo presidente da Câmara (art. 164, § 4º).Cabe destacar que, embora o art. 163 não cite quem pode declarar prejudicada deter-

minada matéria, o art. 17, I, r , lista, dentre as atribuições do presidente da Câmara, essaprerrogativa. No mesmo sentido, o art. 164 prescreve que o presidente da Câmara ou decomissão pode declarar a prejudicialidade de matérias, nos casos que especica.

AULA 32 – dA PrEjUdiciALidAdE (PArtE ii)

 Art. 164. O presidente da Câmara ou de comissão, de oício ou mediante provoca-ção de qualquer deputado, declarará prejudicada matéria pendente de deliberação:I – por haver perdido a oportunidade;II – em virtude de prejulgamento pelo Plenário ou comissão, em outra deliberação.§ 1º Em qualquer caso, a declaração de prejudicialidade será eita perante a Câmaraou comissão, sendo o despacho publicado no Diário da Câmara dos Deputados.§ 2º Da declaração de prejudicialidade poderá o autor da proposição, no prazo decinco sessões a partir da publicação do despacho, ou imediatamente, na hipótese

do parágrao subsequente, interpor recurso ao Plenário da Câmara, que deliberará,ouvida a Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania. (Parágrao com redaçãoadaptada à Resolução nº 20, de 2004.)§ 3º Se a prejudicialidade, declarada no curso de votação, disser respeito a emendaou dispositivo de matéria em apreciação, o parecer da Comissão de Constituição e

 ustiça e de Cidadania será proerido oralmente. (Parágrao com redação adaptada àResolução nº 20, de 2004.)§ 4º A proposição dada como prejudicada será deinitivamente arquivada pelo pre-sidente da Câmara.

Comentários

O art. 164 trata de dois termos que devem ser explanados: a perda de oportunidade eo prejulgamento.

A perda de oportunidade de uma determinada proposição ocorre quando não há maisrazão para deliberar aquela matéria em virtude de ter se tornado extemporânea. Essa pre-

 judicialidade pode ser declarada, por exemplo, no caso de projeto que tenha por nalidadepromover alterações em diploma legal revogado. Assim, suponha que o Projeto de Lei X, de 2005, disponha sobre alteração da Lei Y, de 1998. Caso seja promulgada a Lei Z,de 2006, que revoga a Lei Y, de 1998, e o Projeto de Lei X, de 2005, ainda se encontre

Page 319: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 319/441

Capítulo XI

323

em tramitação na Câmara, deverá ser declarada sua prejudicialidade por haver o projetoperdido a oportunidade.

Se o processo legislativo reerente às leis orçamentárias ocorresse separadamente nas

Casas Congressuais (sabe-se que tais matérias são objeto de sessão conjunta, nos termosdo art. 1º, V, do RCCN) e, na Câmara dos Deputados, a tramitação osse disciplinada peloRICD (há normas especícas do Congresso Nacional para a apreciação dessas matérias),poder-se-ia, ainda, ilustrar a prejudicialidade de proposição extemporânea por meio deprojeto de lei cujo objetivo osse alterar a lei orçamentária anual de certo ano. Se termi-nasse o ano de vigência da aludida lei orçamentária sem ter sido concluída a apreciação doprojeto na Câmara, devido à demora em sua tramitação, não aria mais sentido dar conti-nuidade à análise da alteração pretendida pelo projeto, uma vez que este haveria perdidoa oportunidade.

O termo “prejulgamento” contido no inciso II do art. 164 está envolto em certa subje-tividade e, assim, pode ocorrer prejudicialidade em virtude de prejulgamento quando, porexemplo, ou o Plenário ou comissão, em outra deliberação, já julgou prejudicada proposi-ção que tratava da mesma matéria de modo similar.

Atente-se para o ato de que é o presidente, da Câmara ou de comissão, de oício ouprovocado por qualquer deputado, que tem a aculdade de declarar a prejudicialidade deuma proposição, devendo azê-lo perante a Câmara ou comissão, conorme o caso, sendoo despacho publicado no Diário da Câmara dos Deputados.

Da decisão do presidente de declarar prejudicada determinada proposição (tanto combase no art. 163 quanto no art. 164) é lícito ao autor da matéria interpor recurso ao Ple-nário, no prazo de cinco sessões, contado a partir da publicação do despacho, sendo antesouvida a CCC. Observe que, se a prejudicialidade or declarada durante votação e disserrespeito a emenda ou dispositivo da matéria em apreciação, o parecer da CCC deverá serproerido oralmente, de imediato.

Ressalte-se que, conorme já salientado na aula anterior, a proposição dada como pre- judicada será denitivamente arquivada pelo presidente da Câmara.

Page 320: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 320/441

325

Cpítu XII 

D Dcuã 

AULA 1 – disPosiçõEs gErAis (PArtE i)

 Art. 165. Discussão é a ase dos trabalhos destinada ao debate em Plenário.§ 1º A discussão será eita sobre o conjunto da proposição e das emendas, se houver.§ 2º O presidente, aquiescendo o Plenário, poderá anunciar o debate por títulos,capítulos, seções ou grupos de artigos.

Comentários

A discussão é a ase da apreciação das proposições destinada ao debate em Plenário.Nela, os deputados se maniestam sobre a matéria objeto da proposição em debate e argu-mentam quanto ao mérito da proposição, sua adequação à realidade social, sua necessida-de, seus eeitos e implicações. Não obstante a discussão preceder a votação, os deputados,ao se inscreverem para ela, devem se declarar avoráveis ou contrários à proposição emdebate (art. 172, § 1º); porém, isso deve ser considerado apenas indício de como será o

 voto do orador, anal, se durante os debates o parlamentar se convencer de que deve ado-tar posicionamento dierente do que inicialmente pretendia, poderá azê-lo.

A regra é que a discussão ocorra sobre a proposição como um todo, ou seja, sobre os

substitutivos, proposições apensadas, emendas, se houver.Caso o Plenário concorde – maniestação esta que se dá por meio de votação –,

o presidente poderá anunciar o debate por títulos, capítulos, seções ou grupos de artigos.Importa salientar que o art. 114, VI, dispõe que se pode apresentar requerimento de dis-cussão por partes sujeito a despacho imediato do presidente, todavia o § 2º do art. 165exige a anuência do Plenário para que se anuncie o debate nesses termos.

No que diz respeito a proposição sujeita à deliberação do Plenário, em regra é durantea discussão – nesse órum de debates (ou nessa instância) – que os deputados podem

apresentar emendas (art. 120).

Page 321: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 321/441

326

Curso de Regimento Interno

AULA 2 – disPosiçõEs gErAis (PArtE ii)

 Art. 166. A proposição com a discussão encerrada na legislatura anterior terá sem-

pre a discussão reaberta para receber novas emendas.

 Art. 167. A proposição com todos os pareceres avoráveis poderá ter a discussãodispensada por deliberação do Plenário, mediante requerimento de líder.Parágrao único. A dispensa da discussão deverá ser requerida ao ser anunciada amatéria e não prejudica a apresentação de emendas.

 Art. 168. Excetuados os projetos de código, nenhuma matéria icará inscrita naOrdem do Dia para discussão por mais de quatro sessões, em turno único ou pri-meiro turno, e por duas sessões, em segundo turno.§ 1º Após a primeira sessão de discussão, a Câmara poderá, mediante proposta dopresidente, ordenar a discussão.§ 2º Aprovada a proposta, cuja votação obedecerá ao disposto na primeira parte do§ 1º do art. 154, o presidente ixará a ordem dos que desejam debater a matéria,com o número previsível das sessões necessárias e respectivas datas, não se admi-tindo inscrição nova para a discussão assim ordenada.

Comentários

A proposição que teve sua discussão encerrada na legislatura anterior terá essa asereaberta para ns de debate e recebimento de novas emendas. Vale lembrar que a regrainsculpida no art. 105 do RICD estatui que sejam arquivadas todas as proposições queainda se encontrem em tramitação na Câmara ao nal da legislatura. Logo, para que umaproposição continue a ser apreciada na próxima legislatura, terá ela de se enquadrar emuma das exceções expressas no reerido artigo ou ser desarquivada a pedido de seu autor(ou autores) nos primeiros 180 dias da primeira sessão legislativa.

Caso a proposição apresente todos os pareceres avoráveis, o Plenário poderá decidirpela dispensa de sua discussão, desde que algum líder apresente requerimento nesse senti-do. Quanto à oportunidade para se pleitear a dispensa de discussão, o Regimento estabe-lece que o requerimento deverá ser apresentado no momento em que a matéria respectivaor anunciada (art. 101, I, a, 2, c/c art. 167, parágrao único).

Em geral, as proposições apreciadas pelo Plenário podem ser emendadas no transcorrerda discussão plenária. Ademais, há casos em que a única oportunidade para os deputadosoerecerem emenda supressiva, por exemplo, é durante a discussão nessa instância de deci-

são. Desse modo, se o Plenário aprovar a dispensa dessa ase de debates (e emendamento),não poderá haver prejuízo ao oerecimento de emendas pelos parlamentares.

As matérias em ase de discussão não poderão car inscritas na Ordem do Dia paraesse m por mais de quatro sessões, em turno único ou primeiro turno, e, pela metade do

Page 322: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 322/441

Capítulo XII

327

tempo (duas sessões), em segundo turno. A exceção a esse caso são os projetos de código,que podem gurar na Ordem do Dia para discussão por prazo indenido, permitido orequerimento de encerramento de discussão interposto por líder após ter sido a matéria

debatida por cinco sessões (art. 207, § 2º).Depois de decorrida a primeira sessão de discussão, é lícito ao presidente solicitar que

seja ordenada a discussão. Essa proposta deverá ser votada em Plenário, não havendo dis-cussão, mas podendo ser encaminhada pelo autor e um líder, relator ou deputado que lheseja contrário, os dois com o tempo de cinco minutos improrrogáveis.

Sendo aprovada, o presidente xará a ordem dos que desejam debater a matéria, mar-cará a data das sessões necessárias à discussão e encerrará a inscrição para novos oradores.

AULA 3 – disPosiçõEs gErAis (PArtE iii)

 Art. 169. Nenhum deputado poderá solicitar a palavra quando houver orador natribuna, exceto para requerer prorrogação de prazo, levantar questão de ordem, ouazer comunicação de natureza urgentíssima, sempre com permissão do orador,sendo o tempo usado, porém, computado no de que este dispõe.

 Art. 170. O presidente solicitará ao orador que estiver debatendo matéria em dis-cussão que interrompa o seu discurso, nos seguintes casos:

I – quando houver número legal para deliberar, procedendo-se imediatamente à votação;II – para leitura de requerimento de urgência, eito com observância das exigênciasregimentais;III – para comunicação importante à Câmara;IV – para recepção de chee de qualquer poder, presidente da câmara ou assembleiade país estrangeiro, ou personalidade de excepcional relevo, assim reconhecidapelo Plenário;V – para votação da Ordem do Dia, ou de requerimento de prorrogação da sessão;VI – no caso de tumulto grave no recinto, ou no ediício da Câmara, que reclamea suspensão ou o levantamento da sessão.

Comentários

Os artigos 169 e 170 tratam de situações em que um orador poderá ser interrompido.Essas regras são de undamental importância para que os trabalhos da Câmara transcorram

adequadamente. Caso não existissem, seria extremamente dicultoso para o presidente disci-plinar o acesso à palavra para cada deputado durante a discussão de matérias controvertidas.

Importante salientar que o inciso XIII do art. 73 também trata do assunto ao permitira interrupção do orador apenas no caso de concessão especial deste para levantar questão

Page 323: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 323/441

328

Curso de Regimento Interno

de ordem ou para aparteá-lo e no caso de comunicação relevante que o presidente tiver deazer. Ainda, o art. 76 versa igualmente sobre interrupção de discurso. Por m, o artigo 176trata do aparte, que será comentado mais à rente na aula 7 deste capítulo.

De acordo com o art. 169, um deputado só poderá pedir a palavra quando houver ora-dor na tribuna nas três hipóteses a seguir, sendo o tempo descontado deste, para:

a) requerer prorrogação de prazo;

b) levantar questão de ordem (art. 95);

c) azer comunicado de natureza urgentíssima.

O art. 170, por sua vez, expande o rol de exceções, discriminando as situações nas quaiso presidente pode interromper o orador:

a) quando houver número legal para deliberar e matéria a ser votada (art. 82, § 2°);

b) para leitura de requerimento de urgência (arts. 153 a 156);

c) para comunicação importante à Câmara (arts. 17, § 3º, e 73, XIII);

d) para recepção de altas autoridades elencadas no inciso IV (arts. 68, § 1º, e 88);

e) para votar requerimento de prorrogação de sessão (art. 72, § 5º);

) no caso de tumulto grave (para suspender ou levantar a sessão – arts. 17, I, j ; 70; e71).

O art. 76 acrescenta, além das já mencionadas, outra possibilidade de interrupção doorador: quando a sessão plenária da Câmara se transormar em Comissão Geral (art. 91).

AULA 4 – dA inscrição dE dEBAtEdorEs (PArtE i)

 Art. 171. Os deputados que desejarem discutir proposição incluída na Ordem do

Dia devem inscrever-se previamente na Mesa, antes do início da discussão.§ 1º Os oradores terão a palavra na ordem de inscrição, alternadamente a avor econtra.§ 2º É permitida a permuta de inscrição entre os deputados, mas os que não seencontrarem presentes na hora da chamada perderão deinitivamente a inscrição.§ 3º O primeiro subscritor de projeto de iniciativa popular, ou quem este houverindicado para deendê-lo, alará anteriormente aos oradores inscritos para seu de-bate, transormando-se a Câmara, nesse momento, sob a direção de seu presidente,

em Comissão Geral.

Page 324: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 324/441

Capítulo XII

329

Comentários

Para que um deputado possa discutir uma proposição, az-se necessária sua inscriçãoprévia junto à Mesa, antes de iniciada a ase de discussão. Ao azer essa inscrição, o parla-

mentar deverá declarar-se avorável ou contrário à matéria (art. 172, § 1º). Dessa orma, opresidente disciplinará a discussão, concedendo a palavra pela ordem de inscrição, alterna-damente entre oradores a avor e contra.

De acordo com o § 2º, é permitida a permuta de inscrição entre os deputados, masaqueles que não se encontrarem presentes no momento em que orem chamados perderãodenitivamente a sua vez de alar.

No caso de discussão de projeto de lei de iniciativa popular, alará em primeiro lugar oorador que irá deendê-lo, que poderá ser o primeiro subscritor do projeto ou quem este

houver indicado para azê-lo. Essa indicação só poderá recair sobre deputado ou outro sig-natário do projeto. Esse assunto oi tratado anteriormente no estudo da Comissão Geralna aula 6 do capítulo VIII.

AULA 5 – dA inscrição dE dEBAtEdorEs (PArtE ii)

 Art. 172. Quando mais de um deputado pedir a palavra, simultaneamente, sobre omesmo assunto, o presidente deverá concedê-la na seguinte ordem, observadas as

demais exigências regimentais:I – ao autor da proposição;II – ao relator;III – ao autor de voto em separado;IV – ao autor da emenda;V – a deputado contrário à matéria em discussão;VI – a deputado avorável à matéria em discussão.§ 1º Os deputados, ao se inscreverem para discussão, deverão declarar-se avorá-

 veis ou contrários à proposição em debate, para que a um orador avorável suceda,sempre que possível, um contrário, e vice-versa.§ 2º Na hipótese de todos os deputados inscritos para a discussão de determinadaproposição serem a avor dela ou contra ela, ser-lhes-á dada a palavra pela ordemde inscrição, sem prejuízo da precedência estabelecida nos incisos I a IV do caput  deste artigo.§ 3º A discussão de proposição com todos os pareceres avoráveis só poderá seriniciada por orador que a combata; nesta hipótese, poderão alar a avor oradoresem número igual ao dos que a ela se opuseram.

Page 325: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 325/441

330

Curso de Regimento Interno

Comentários

O caput do art. 172 trata da ordem em que o presidente deve conceder a palavra quan-do pedida simultaneamente por dois ou mais deputados para tratar de mesmo assunto.

Note-se a hierarquia assim estabelecida: primeiro o autor de proposição, depois orelator, em seguida o autor de voto em separado, se houver, e, por último, autor(es) deemenda(s), também se houver. A partir daí seguem-se os deputados contrários e avoráveisà matéria em discussão.

Conorme salientado na aula 4 deste capítulo, para que um deputado possa discutir umamatéria é preciso que ele aça sua inscrição previamente junto à Mesa, antes de iniciada aase de discussão (art. 171, caput ). No ato de inscrever-se, o parlamentar deverá declarar-seavorável ou contrário à matéria. Assim, o presidente disciplinará a discussão, concedendo a

palavra pela ordem de inscrição, alternadamente entre oradores avoráveis e contrários.Ocorrendo a situação em que, em discussão de determinada matéria, todos os oradores

inscritos sejam avoráveis ou contrários a ela, a ordem será regulada pela lista de inscrição,sem prejuízo da preerência expressa nos incisos de I a IV do caput do art. 172.

O § 3º do art. 172 dispõe que, havendo matéria com todos os pareceres avoráveis, adiscussão deverá ser iniciada por orador contrário a ela, só podendo alar a avor oradoresem número igual aos que a combatam. Depreende-se da leitura deste parágrao tratar-sede dispositivo tendente a imprimir celeridade aos trabalhos da Câmara, uma vez que,

tendo a proposição logrado êxito nas comissões (ou junto aos relatores de Plenário desig-nados para proerir parecer em substituição às comissões competentes para o exame damatéria), não há por que discuti-la se não houver (ou quando não mais houver) oradorcontrário à sua aprovação.

AULA 6 – do Uso dA PALAvrA

 Art. 173. Anunciada a matéria, será dada a palavra aos oradores para a discussão.

 Art. 174. O deputado, salvo expressa disposição regimental, só poderá alar uma vez e pelo prazo de cinco minutos na discussão de qualquer projeto, observadas,ainda, as restrições contidas nos parágraos deste artigo.§ 1º Na discussão prévia só poderão alar o autor e o relator do projeto e mais doisdeputados, um a avor e outro contra.§ 2º O autor do projeto e o relator poderão alar duas vezes cada um, salvo proibi-ção regimental expressa.§ 3º Quando a discussão da proposição se izer por partes, o deputado poderá alar,

na discussão de cada uma, pela metade do prazo previsto para o projeto.

Page 326: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 326/441

Capítulo XII

331

§ 4º Qualquer prazo para uso da palavra, salvo expressa proibição regimental, po-derá ser prorrogado pelo presidente, pela metade, no máximo, se não se tratar de

proposição em regime de urgência ou em segundo turno.§ 5º Havendo três ou mais oradores inscritos para discussão da mesma proposição,não será concedida prorrogação de tempo.

 Art. 175. O deputado que usar a palavra sobre a proposição em discussão nãopoderá:I – desviar-se da questão em debate;II – alar sobre o vencido;III – usar de linguagem imprópria;IV – ultrapassar o prazo regimental.

Comentários

O presidente, após anunciar a matéria, dará a palavra aos oradores inscritos para queeetuem a discussão.

O deputado só poderá alar uma vez pelo prazo de cinco minutos na discussão dequalquer projeto, salvo previsão regimental em contrário. Autor e relator podem alar duas

 vezes, exceto quando o Regimento não o permita expressamente. No caso de discussãopor partes, o deputado poderá alar pela metade do tempo (2,5 minutos) em cada parte.

O presidente poderá prorrogar pela metade, no máximo, o prazo de qualquer orador,salvo se a matéria estiver em regime de urgência, ou em segundo turno, ou por expressaproibição regimental, como é o caso do § 5º, que diz que, se houver três ou mais oradoresinscritos, não poderá ser concedida prorrogação de prazo.

Importante lembrar que, na discussão de matéria em regime de urgência, os orado-res inscritos só poderão usar da palavra pela metade do prazo previsto para matérias em

tramitação normal (art. 157, § 3º); ou seja, terão o prazo de 2,5 minutos, improrrogáveis(art. 174, caput , e § 4º).

O art. 175 apresenta algumas regras que os deputados devem observar ao azer uso dapalavra, quais sejam:

a) manter-se na questão em debate;

b) alar sobre o que ainda será decidido (ou seja, não alar sobre o que já oi decididoou prejudicado. No RICD, para esse caso, o termo “vencido” assume o sentido deaquilo que já se passou);

c) usar de linguagem própria;

d) limitar-se ao tempo que lhes oi concedido – o prazo regimental – (arts. 157,§ 3º, e 174, caput , e §§ 3º e 4º).

Page 327: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 327/441

332

Curso de Regimento Interno

AULA 7 – do APArtE

 Art. 176. Aparte é a interrupção, breve e oportuna, do orador para indagação, ou

esclarecimento, relativos à matéria em debate.§ 1º O deputado só poderá apartear o orador se lhe solicitar e obtiver permissão,devendo permanecer de pé ao azê-lo.§ 2º Não será admitido aparte:I – à palavra do presidente;II – paralelo a discurso;III – a parecer oral;IV – por ocasião do encaminhamento de votação;

V – quando o orador declarar, de modo geral, que não o permite;VI – quando o orador estiver suscitando questão de ordem, ou alando parareclamação;VII – nas comunicações a que se reerem o inciso I e § 1º do art. 66. ( Inciso comredação adaptada aos termos da Resolução nº 3, de 1991.)§ 3º Os apartes subordinam-se às disposições relativas à discussão, em tudo quelhes or aplicável, e incluem-se no tempo destinado ao orador.§ 4º Não serão publicados os apartes proeridos em desacordo com os dispositivosregimentais.

§ 5º Os apartes só serão sujeitos à revisão do autor se permitida pelo orador, quenão poderá modiicá-los.

Comentários

O art. 176 é sucientemente claro ao explicar o que é o aparte. Ressalte-se que, alémde ser uma interrupção breve e oportuna, o aparte deverá ser concedido pelo orador, sendoo tempo utilizado pelo aparteante incluído no de que dispõe o orador aparteado. Diga-seque, caso o orador permita ser aparteado (conceda o aparte), o prazo que lhe ora conce-dido para usar da palavra será subtraído do breve tempo consumido com a interrupçãooportuna (o aparte).

O § 2º elenca as situações em que não será admitido o aparte. Nele, o inciso VII tratado Pequeno Expediente (art. 66, I, c/c art. 81, caput ) e das Comunicações de Lideranças(art. 66, § 1º, c/c art. 89), que também não sorerão apartes.

Cumpre inormar que o § 2º não esgota todas as possibilidades em que não se conce-derão apartes, encontrando-se essa vedação prevista também nos artigos 91, § 2º (Comis-

são Geral para discutir projeto de lei de iniciativa popular); 221, §§ 1º e 5º (convocaçãode ministro de Estado); 222, § 1º (comparecimento espontâneo de ministro de Estado emPlenário); e 256, § 2º (audiência pública).

Page 328: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 328/441

Capítulo XII

333

Lembre-se de que o aparte é apenas uma das espécies de interrupções possíveis deserem eitas ao orador que estiver na tribuna (arts. 73, XIII; 169 e 170).

AULA 8 – do AdiAmEnto dA discUssão

  Art. 177. Antes de ser iniciada a discussão de um projeto, será permitido o seuadiamento, por prazo não superior a dez sessões, mediante requerimento assinadopor líder, autor ou relator e aprovado pelo Plenário.§ 1º Não admite adiamento de discussão a proposição em regime de urgência, salvose requerido por um décimo dos membros da Câmara, ou líderes que representemesse número, por prazo não excedente a duas sessões.

§ 2º Quando para a mesma proposição orem apresentados dois ou mais requeri-mentos de adiamento, será votado em primeiro lugar o de prazo mais longo.§ 3º Tendo sido adiada uma vez a discussão de uma matéria, só o será novamenteante a alegação, reconhecida pelo presidente da Câmara, de erro na publicação.

Comentários

O adiamento de discussão é recurso regimental que tem por nalidade postergar o

debate de uma proposição. Para lançar mão desse expediente, necessário se az apresentarrequerimento escrito com esse objetivo antes de iniciada a discussão da matéria (arts. 117,

 X, e 177, caput ).

O RICD prevê duas regras quanto ao momento de entrega dessa espécie de propo-sição. Nesse sentido, a norma de apresentação de proposições em geral, segundo a qualo requerimento de adiamento de discussão deve ser apresentado no momento em que amatéria respectiva or anunciada (art. 101, I, a, 2), é preterida pela regra especíca para serequerer o adiamento de discussão estatuída no art. 177.

Ainda em relação ao requerimento, observe que este deverá ser assinado por líder,autor ou relator e aprovado em Plenário. O prazo de adiamento da discussão não poderáser superior a dez sessões.

Em regra, não se admite adiamento de discussão de proposição em regime de urgên-cia, salvo se requerido por um décimo dos membros da Casa (52 deputados), ou líderesque representem esse número (líder de bancada com, no mínimo, 52 deputados), sendo oprazo de, no máximo, duas sessões.

Havendo mais de um requerimento de adiamento de discussão para uma mesma maté-

ria, serão votados os requerimentos na ordem decrescente do número de sessões solicitadas.Aprovado o de prazo mais longo, o que acontece com os outros requerimentos? São

prejudicados (art. 163, VII). E se houver dois requerimentos solicitando o mesmo prazo?

Page 329: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 329/441

334

Curso de Regimento Interno

O requerimento apresentado em primeiro lugar terá a preerência na ordem de apreciação(art. 159, § 4º, III).

Cumpre salientar a norma constante do § 3º do art. 177, que só possibilita ser adiada a

discussão de uma proposição uma única vez, exceto quando nova solicitação de adiamentose undamentar em erro de publicação, o qual deverá ser reconhecido pelo presidente daCâmara.

AULA 9 – do EncErrAmEnto dA discUssão

 Art. 178. O encerramento da discussão dar-se-á pela ausência de oradores, pelodecurso dos prazos regimentais ou por deliberação do Plenário.

§ 1º Se não houver orador inscrito, declarar-se-á encerrada a discussão.§ 2º O requerimento de encerramento de discussão será submetido pelo presidentea votação, desde que o pedido seja subscrito por cinco centésimos dos membros daCasa ou líder que represente este número, tendo sido a proposição discutida pelomenos por quatro oradores. Será permitido o encaminhamento da votação peloprazo de cinco minutos, por um orador contra e um a avor.§ 3º Se a discussão se proceder por partes, o encerramento de cada parte só poderáser pedido depois de terem alado, no mínimo, dois oradores.

Comentários

A discussão de uma proposição será encerrada nas três situações descritas no caput doart. 178:

a) ausência de oradores (também expressa no § 1º deste artigo);

b) decurso dos prazos regimentais (como os prazos constantes do caput  do

art. 168);c) por deliberação do Plenário (por meio de requerimento solicitando o encerra-

mento, conorme descrito no § 2º).

Importante atentar que, nos termos do § 2º, o requerimento de encerramento de dis-cussão deverá ser apresentado para deliberação do Plenário tendo sido subscrito por cincocentésimos dos membros da Casa (26 deputados), ou líder que represente esse número, eapós terem discutido a matéria pelo menos quatro oradores. Caso a discussão se procedapor partes, o encerramento de cada parte só poderá ser requerido após alarem pelo menosdois deputados.

Page 330: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 330/441

Capítulo XII

335

No caso de matéria urgente, conorme disposto no art. 157, § 3º, o encerramentoda discussão poderá ser requerido pela maioria absoluta da composição da Câmara (257deputados), ou por líderes que representem esse número.

Cabe lembrar que a discussão de projeto de código não se encerra por decurso de pra-zo, pois tal proposição poderá ser debatida por prazo ilimitado. A discussão desse tipo deprojeto só se encerra por alta de oradores ou a requerimento de líder, depois de debatidaa matéria em cinco sessões (arts. 168, caput , e 207, § 2º).

AULA 10 – dA ProPosição EmEndAdA dUrAntE A discUssão

 Art. 179. Encerrada a discussão do projeto, com emendas, a matéria irá às comis-

sões que a devam apreciar, observado o que dispõem o art. 139, II, e o parágraoúnico do art. 121.Parágrao único. Publicados os pareceres sobre as emendas no Diário da Câmara dosDeputados e distribuídos em avulsos, estará a matéria em condições de igurar emOrdem do Dia, obedecido o interstício regimental.

Comentários

A matéria que teve encerrada sua discussão em Plenário com a apresentação de emen-das (art. 120, I e II) será remetida às comissões, de acordo com a matéria de sua compe-tência, para que emitam parecer sobre elas (art. 139, II).

De acordo com o art. 121, as emendas serão distribuídas, uma a uma, às comissões, deacordo com a matéria de sua competência.

Ressalte-se que, em regra, o prazo será o mesmo da proposição original, correndo emconjunto para todas as comissões (art. 52, IV). Lembre-se da exceção constante do pará-grao único do art. 121 (parecer apresentado diretamente em Plenário) e da matéria em

regime de urgência (art. 157, § 4º).Uma vez publicados os pareceres sobre as emendas e distribuídos em avulsos, a matéria

estará pronta para constar da Ordem do Dia, obedecido o interstício regimental (art. 150).

Page 331: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 331/441

337

Cpítu XIII 

D Vçã 

AULA 1 – disPosiçõEs gErAis (PArtE i)

 Art. 180. A votação completa o turno regimental da discussão.§ 1º A votação das matérias com a discussão encerrada e das que se acharem sobrea mesa será realizada em qualquer sessão:I – imediatamente após a discussão, se houver número;II – após as providências de que trata o art. 179, caso a proposição tenha sido emen-dada na discussão.§ 2º O deputado poderá escusar-se de tomar parte na votação, registrando simples-mente abstenção.

§ 3º Havendo empate na votação ostensiva cabe ao presidente desempatá-la; emcaso de escrutínio secreto, proceder-se-á sucessivamente a nova votação, até que sedê o desempate.§ 4º Em se tratando de eleição, havendo empate, será vencedor o deputadomais idoso, dentre os de maior número de legislaturas, ressalvada a hipótese doinciso XII do art. 7º.§ 5º Se o presidente se abstiver de desempatar votação, o substituto regimental oará em seu lugar.§ 6º Tratando-se de causa própria ou de assunto em que tenha interesse individual,

deverá o deputado dar-se por impedido e azer comunicação nesse sentido à Mesa,sendo seu voto considerado em branco, para eeito de quórum.§ 7º O voto do deputado, mesmo que contrarie o da respectiva representação ousua liderança, será acolhido para todos os eeitos.§ 8º No caso de deliberação sobre aplicação de sanção disciplinar por condutaatentatória ou incompatível com o decoro parlamentar, é vedado o acolhimento do

 voto do deputado representado. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 2, de 2011.)

Comentários

Na aula 17 do capítulo XI, aprendemos que as proposições em tramitação na Câmarase sujeitam, na sua apreciação, a turno único ou a dois turnos, conorme o caso. Naquela

Page 332: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 332/441

338

Curso de Regimento Interno

oportunidade, asseveramos que, em regra, cada turno é composto de discussão e votação, nes-sa ordem. Por conseguinte, a deliberação legislativa sobre proposição em trâmite na Câmaraimplica o cumprimento dessas duas ases, salvo os casos excepcionados pelo Regimento.

Dessa orma, observe que, de maneira geral, encerrada a discussão da matéria, ca pen-dente submetê-la à votação, estágio em que a Câmara dos Deputados realmente decidesobre a matéria sujeita a sua deliberação.

Para saber o momento em que ocorrerá a votação, deve-se considerar se oram ounão apresentadas emendas na ase de discussão em Plenário. Assim, contemplam-se duassituações:

1ª) caso a proposição não tenha recebido emendas de Plenário e exista quórum parasujeitá-la a votos (presença em Plenário da maioria absoluta), a votação ocorre

imediatamente após a discussão. Para que a decisão ocorra na mesma sessão, devehaver, também, tempo hábil para iniciar o processo de votação, pois o encerra-mento da discussão pode coincidir com o término da sessão (com ou sem prorro-gação), caso em que a matéria constará da Ordem do Dia da sessão seguinte, comprecedência sobre outras do grupo a que pertença (art. 86, § 2º);

2ª) se oram oerecidas emendas durante os debates em Plenário, em regra a matéria voltará às comissões competentes para que emitam parecer sobre elas. Nesse caso,a decisão plenária ca pendente até que seja cumprido o interstício entre a publi-

cação dos pareceres sobre as emendas e sua distribuição em avulsos (duas sessões,salvo matéria urgente), ou, ainda, seja esgotado o prazo conjunto de que dispõemas comissões (em regra, o mesmo prazo que lhes oi concedido para a apreciação daproposição principal) sem maniestação desses colegiados técnicos, caso em que opresidente poderá determinar o envio da matéria pendente de parecer ao Plenário(art. 52, IV e § 6º). Recomendamos revisar as aulas 5 e 9 do capítulo X, para relem-brar detalhes sobre emendas de Plenário e sua apreciação pelas comissões.

O deputado, ao votar, pode maniestar-se a avor ou contra a proposição. Compete-lhe

também o direito de se abster, registrando simplesmente “abstenção”, ou – na situação emque a matéria trate de causa própria ou de assunto de interesse individual – declarar-se im-pedido. Neste último caso, desde que comunique o ato à Mesa, seu voto é considerado embranco (arts. 180, §§ 2º e 6º, e 182). Cumpre ressaltar que, em decorrência do acréscimodo § 8º ao art. 180 do RICD, pela Resolução nº 2, de 2011, no caso de deliberação sobreaplicação de sanção disciplinar por conduta atentatória ou incompatível com o decoroparlamentar, é vedado o acolhimento do voto do deputado representado. Sobre votação naCâmara, conra a aula 5 do capítulo II.

Nos termos do art. 184, existem duas modalidades de votação: ostensiva e secreta. Aostensiva é utilizada na decisão de proposições em geral na Câmara dos Deputados e ex-plicita o voto. Logo, todos tomam conhecimento de como se posicionou cada deputado. A

 votação ostensiva pode ocorrer por dois processos: simbólico ou nominal. A votação secreta,

Page 333: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 333/441

Capítulo XIII

339

que pode se processar pelo sistema eletrônico ou por meio de cédulas, é própria para casosespeciais como, por exemplo, eleição ou pronunciamento sobre perda de mandato (art. 188).

No que se reere à modalidade de votação ostensiva, quando de sua realização pelo

processo simbólico (art. 185), o presidente, ao anunciar a votação, convida os deputados aavor da matéria a permanecerem sentados (na prática, em razão do número insucientede cadeiras em Plenário, o presidente convida os deputados a permanecerem como seacham – os que estão sentados permanecem em suas cadeiras, aqueles que estiverem em pécontinuam nessa posição). Diante desse convite presidencial, os deputados que desejem seposicionar contrariamente à proposição devem se maniestar (o que se dá, normalmente,pelo ato de se levantar um braço).

Por esse processo, conhecido como “votação simbólica”, delibera-se sobre projetos de

lei ordinária, de resolução e de decreto legislativo, bem como são decididas outras matériasque devam ser votadas, como requerimentos, recursos e emendas.

No processo nominal em Plenário, os deputados votam ou por meio eletrônico, sendoseus votos exibidos no painel de votação, ou por meio de chamada nominal. De acordocom o disposto no art. 186, um dos casos em que a Câmara deve utilizar esse processodiz respeito a deliberações para as quais se exija quórum especial, como, por exemplo, a

 votação de proposta de emenda à Constituição (CF, art. 60, § 2º, e RICD, art. 202, § 7º),de projeto de lei complementar (CF, art. 69, e RICD, art. 183, § 1º) e de requerimento deurgência “urgentíssima” (art. 155). Além de outros casos em que o Regimento preveja vo-

tação nominal, utiliza-se esse processo na vericação de votação (que será comentada maisà rente na aula 3) e por deliberação do Plenário, a requerimento de qualquer deputado.

Em caso de empate em votação, o RICD prevê como se procederá ao desempate emcada modalidade. Se o processo decisório utiliza o voto secreto, deve-se proceder à nova

 votação, até que sobrevenha o desempate. No caso de votação ostensiva, o presidente daCâmara dos Deputados é incumbido de desempatá-la (voto de minerva). Caso o presi-dente se abstenha de tal prerrogativa, o substituto regimental o ará em seu lugar (arts. 18,§ 2º, e 180, §§ 3º e 5º).

Cumpre ressaltar que o presidente da sessão não participa das votações ostensivas(art. 17, § 1º), sendo, pois, legítima a sua prerrogativa de desempatar votações. Entretanto,no caso de sua abstenção para proceder a um desempate, pairam incertezas quanto à atua-ção de seu substituto regimental no desempenho dessa tarea. Assim, não nos parece plau-sível que o primeiro-vice-presidente (ou outro substituto) prora um segundo voto, poiseriria o consagrado princípio ONE MAN, ONE VOTE (um homem, um voto). Assim,caso todos os deputados presentes já houvessem exercido seu direito ao voto, aguardar-se-ia a chegada de algum deputado que ainda não participara da votação? Parece-nos queessa previsão regimental deve ser revista antes que caso concreto dê ensejo a conusões.

Lembre-se de que, nos termos do art. 56, § 2º, nas comissões, o voto de desempatecabe ao relator da matéria. Conquanto possa também haver questionamentos quanto aessa norma, não se trata de um segundo voto a ser emitido, mas apenas a prevalência do

Page 334: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 334/441

340

Curso de Regimento Interno

 voto já maniesto durante a votação (e não do voto escrito) pelo relator, que, em tese, é odeputado que mais se dedicou ao estudo da matéria.

Ainda no que tange a desempate em votação, conquanto não seja norma regimental,

 vale inormar que o Regulamento do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar – normainterna desse colegiado prevista no art. 8º do Código de Ética – estabelece, em seu art. 4º,§ 2º, que o presidente do conselho só toma parte na votação para desempatá-la.

Por m, pela leitura do § 7º do art. 180, verica-se que, regimentalmente, não há de-lidade de voto em relação ao partido do qual o deputado é membro.

Desempate em votações

DESEMPATEEM VOTAÇÕES

• em Plenário

• em Comissão

• no Conselho de Ética

• Ostensiva: o presidente só vota para desempatar(art. 180, § 3º)Se se abstiver, o substituto regimental o ará(art. 180, § 5º)

• Secreta: nova votação sucessiva, até o desempate(art. 180, § 3º)

• Prevalece o voto do relator (art. 56, § 2º)

• O presidente do conselho só vota paradesempatar (Regulamento do Conselho deÉtica art. 4º, § 2º)

DESEMPATEEM ELEIÇÃO(art. 180, § 4º)

• Regra

• Exceções

• Considerar-se-á eleito o deputado mais idoso, dentre os demaior número de legislaturas

• Eleição da Mesa• Eleição de Presidência

de Comissão• Eleição de Presidência

de Conselho de Ética

Aplica-se a regra apenas no segundoescrutínio, que ocorre com os doismais votados no primeiro(RICD, art. 180, § 4º, c/c art. 7º, XII;e Regulamento do CoEDP, art. 3º)

Page 335: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 335/441

Capítulo XIII

341

AULA 2 – disPosiçõEs gErAis (PArtE ii)

 Art. 181. Só se interromperá a votação de uma proposição por alta de quórum.

§ 1º Quando esgotado o período da sessão, icará esta automaticamente prorrogadapelo tempo necessário à conclusão da votação, nos termos do § 2º do art. 72.§ 2º Ocorrendo alta de número para deliberação, proceder-se-á nos termos do § 3ºdo art. 82. ( Numeração adaptada aos termos da Resolução nº 3, de 1991.)

 Art. 182. Terminada a apuração, o presidente proclamará o resultado da votação,especiicando os votos avoráveis, contrários, em branco e nulos.Parágrao único. É lícito ao deputado, depois da votação ostensiva, enviar à Mesa parapublicação declaração escrita de voto, redigida em termos regimentais, sem lhe ser

permitido, todavia, lê-la ou azer a seu respeito qualquer comentário da tribuna. Art. 183. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações da Câmaraserão tomadas por maioria de votos, presente a maioria absoluta de seus membros.§ 1º Os projetos de leis complementares à Constituição somente serão aprovados seobtiverem maioria absoluta dos votos dos membros da Câmara, observadas, na suatramitação, as demais normas regimentais para discussão e votação.§ 2º Os votos em branco que ocorrerem nas votações por meio de cédulas e as absten-ções veriicadas pelo sistema eletrônico só serão computados para eeito de quórum.

Comentários

Entre as disposições gerais aplicáveis às sessões da Câmara, encontra-se a norma ins-crita no § 2º do art. 72 do Regimento, segundo a qual existem três situações em que oesgotamento da hora não impõe o encerramento imediato da sessão. Assim, implicamprorrogação automática dos trabalhos em Plenário pelo tempo necessário: 1) votação emcurso (art. 181, § 1º); 2) vericação de votação (art. 185, §§ 1º a 3º); e 3) requerimento de

prorrogação de sessão obstada pelo surgimento de questões de ordem.Durante a Ordem do Dia, se houver matéria na pauta pronta para a votação e estive-

rem presentes, no mínimo, 257 deputados (maioria absoluta), o presidente deve submeterimediatamente a matéria à votação. Nesse caso, se houver orador na tribuna, este seráinterrompido. Inversamente, inexistindo matéria a ser votada ou quórum para votação, opresidente anunciará o debate das matérias em discussão. Note-se que o número mínimode presentes para deliberar: 1) pode não ser alcançado ao longo da sessão; 2) pode seratingido no curso dos trabalhos, porém, no transcorrer da Ordem do Dia, sobrevir a alta

de quórum em razão, por exemplo, de bancadas em obstrução (art. 82, §§ 2º, 3º e 6º).Uma vez realizada a votação e concluída sua apuração, o presidente proclama seu re-

sultado nal. Observe-se o dever presidencial de especicar o número de votos por espé-cie: tanto avoráveis como contrários, bem como votos em branco e nulos. A despeito de

Page 336: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 336/441

342

Curso de Regimento Interno

não estar expressa no caput do art. 182, acrescente-se, ainda, a necessidade de se anunciar onúmero de abstenções registradas, as quais serão computadas para eeito de quórum (arts.180, § 2º; 183, § 2º; e 187, § 1º, VI). Após a votação ostensiva, é permitido ao deputado

apresentar à Mesa declaração escrita de voto. Ressalte-se, porém, que ele não poderá lê-laou azer qualquer comentário a seu respeito (art. 182, parágrao único).

O art. 183, caput , aplicável às votações realizadas no Plenário da Câmara, é a transcri-ção quase que literal do art. 47 da Constituição Federal, que estabelece, in verbis:

“ Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações decada Casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, pre-sente a maioria absoluta de seus membros.”

Da mesma orma, o art. 56, § 2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados re-produz o mandamento constitucional para ser aplicado nas comissões, com a inormaçãoadicional de que, em caso de empate, prevalece o voto do relator.

Assim, por essa regra, para que se ultime uma votação, az-se necessária a presençaem Plenário de pelo menos 257 deputados (maioria absoluta dos deputados, que são, nototal, 513).

A regra para achar a maioria é a do “primeiro número inteiro acima da metade”. Emborase propale erroneamente que a regra seja “a metade mais um”, esta não encontra guarida nadoutrina dominante, uma vez que a metade de 513 é 256,5 deputados, e a metade mais um é257,5 deputados. Para mais detalhes quanto a maioria absoluta, reveja a aula 7 do capítulo II.

Os projetos de lei complementar, seguindo também preceito constitucional (CF,art. 69), requerem para sua aprovação a obtenção de votos avoráveis da maioria absolutados deputados (257 votos avoráveis, no mínimo). Interessante rememorar que o Regi-mento Interno da Câmara dos Deputados, em seu art. 148, exige que o projeto de leicomplementar seja submetido a dois turnos de votação. O Regimento Interno do SenadoFederal, por sua vez, exige turno único, salvo se houver substitutivo integral, situação emque o projeto será submetido a turno complementar (RISF, art. 270). Em termos consti-

tucionais, vale asseverar que, sempre que o projeto de lei complementar or apreciado pelaCâmara na ase revisional, sua tramitação será em turno único (CF, art. 65).

Por oportuno, o § 2º do art. 183 declara que, tanto os votos em branco (existentes nas votações realizadas por meio de cédulas), quanto as abstenções (que ocorrem nas votaçõesostensivas, quer sejam eitas pelo painel eletrônico, quer sejam realizadas por chamada dosdeputados), só serão computados para eeito de quórum.

Interessante o eeito produzido por essa armação. Imagine que, em uma votação no-minal, ocorrida no Plenário da Câmara, na apreciação de um projeto de lei com solicitação

de vericação de votação (veja vericação de votação na próxima aula), se apresente oseguinte resultado: 29 votos avoráveis, 28 votos contrários e 200 abstenções. Uma vez queas abstenções contam para eeito de quórum, teríamos, então, a presença de 257 parlamen-tares, cumprindo, dessa orma, as normas constitucional (CF, art. 47) e regimental (RICD,

Page 337: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 337/441

Capítulo XIII

343

art. 183, caput ), que requerem a maioria absoluta dos deputados presentes. Como os votosavoráveis oram maiores que os votos contrários, a matéria estaria, então, aprovada. En-tenda melhor esse assunto revisando a aula 6 do capítulo II.

AULA 3 – dAs modALidAdEs E ProcEssos dE votAção (PArtE i)

 Art. 184. A votação poderá ser ostensiva, adotando-se o processo simbólico ou onominal, e secreta, por meio do sistema eletrônico ou de cédulas.Parágrao único. Assentado, previamente, pela Câmara determinado processo de

 votação para uma proposição, não será admitido para ela requerimento de outroprocesso.

 Art. 185. Pelo processo simbólico, que será utilizado na votação das proposiçõesem geral, o presidente, ao anunciar a votação de qualquer matéria, convidará osdeputados a avor a permanecerem sentados e proclamará o resultado maniestodos votos.§ 1º Havendo votação divergente, o presidente consultará o Plenário se há dúvidaquanto ao resultado proclamado, assegurando a oportunidade de ormular-se pe-dido de veri icação de votação.§ 2º Nenhuma questão de ordem, reclamação ou qualquer outra intervenção será

aceita pela Mesa antes de ouvido o Plenário sobre eventual pedido de veriicação.§ 3º Se seis centésimos dos membros da Casa ou líderes que representem esse nú-mero apoiarem o pedido, proceder-se-á então à votação através do sistema nominal.§ 4º Havendo-se procedido a uma veriicação de votação, antes do decurso de umahora da proclamação do resultado, só será permitida nova veriicação por delibe-ração do Plenário, a requerimento de um décimo dos deputados, ou de líderes querepresentem esse número.§ 5º Ocorrendo requerimento de veriicação de votação, se or notória a ausênciade quórum no Plenário, o presidente poderá, desde logo, determinar a votação pelo

processo nominal.

Comentários

Como já explicado na aula 1 deste capítulo, existem dois tipos de votação: ostensivae secreta. A votação ostensiva é utilizada nas proposições em geral e é a regra na Câmarados Deputados. Nela, todos tomam conhecimento de como se posicionaram os deputados.A votação ostensiva pode ocorrer pelo processo simbólico ou pelo processo nominal. Noprocesso simbólico, o presidente, ao anunciar a votação, convida os deputados a avor damatéria a permanecerem sentados, devendo os que se posicionam contrariamente mani-estar-se (o que se dá, normalmente, pelo ato de levantar um braço).

Page 338: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 338/441

344

Curso de Regimento Interno

Pelo processo simbólico, em regra, votam-se os projetos de lei ordinária, de resoluçãoe de decreto legislativo. Os requerimentos, recursos e emendas que devam ser apreciadostambém são deliberados simbolicamente.

A votação secreta pode se dar pelo sistema eletrônico ou por meio de cédulas e é umaorma excepcional de votação. Por exemplo, vota-se por escrutínio secreto e aprova-se pordois terços dos votos avoráveis a suspensão de imunidades de deputado durante o estadode sítio, nos casos de atos praticados ora do recinto do Congresso Nacional, que sejamincompatíveis com a execução da medida (art. 188).

O inciso XII do art. 117 admite a apresentação de requerimento para que a votaçãode uma proposição se proceda por determinado processo. Todavia, o parágrao único doart. 184 assevera que, uma vez dado provimento pelo Plenário da Câmara a requerimento

que pleiteie a adoção de determinado processo de votação na apreciação de dada proposi-ção, não se aceitará para ela requerimento solicitando qualquer outro processo.

 Verificação de votação

Considerações iniciais sobre o pedido de vericação de votação:

1) é pertinente ao processo de votação simbólica e ocorre após a proclamação doresultado desta;

2) trata-se de requerimento e costuma ser ormulado oralmente em virtude da dinâ-mica processual, porém pode ser verbal ou escrito (art. 114, VIII);

3) o RICD não determinou expressamente até que momento pode ser requeridoproceder-se à vericação de votação. Observe-se haver no Senado Federal previ-são expressa quanto à tempestividade do pedido: “Não será admitido requerimen-to de vericação se a Presidência já houver anunciado a matéria seguinte” (RISF,art. 293, VI).

Nesse sentido, imediatamente após a proclamação do resultado obtido por meio do

processo de votação simbólica, é lícito a deputado, com o apoiamento de seis centésimosdos membros da Casa (31 deputados), ou a líder que represente esse número, solicitar

 vericação de votação para que o resultado proclamado da votação pelo processo simbó-lico seja conrmado ou não pelo processo de votação nominal. Esse entendimento podeser corroborado pelo disposto no art. 70 do Regimento Interno da Assembleia NacionalConstituinte de 1987, conorme transcrição a seguir:

“ Art. 70. Proclamado o resultado de votação simbólica, poderá ser pedida sua vericação em requerimento apoiado por, no mínimo, 35 (trinta e cinco) cons-tituintes.§ 1° Na vericação, o presidente convidará os constituintes que votaram a avora se maniestarem, de maneira que os votos possam ser contados, procedendoem seguida, da mesma orma, com os que votaram contra.

Page 339: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 339/441

Capítulo XIII

345

...........................................................................................................................§ 3º O presidente, vericando se a maioria dos constituintes presentes votou aavor ou contra a matéria em deliberação, proclamará o resultado defnitivo

da votação.....................................................................................................” (grio nosso)

Normalmente a votação nominal será eita por meio eletrônico (cada bancada – mesaindividual à rente de cada assento no Plenário – apresenta embutido dispositivo eletrôni-co de votação por meio do qual os parlamentares votam. O resultado é exibido em painéisdigitais dentro do recinto do Plenário). Excepcionalmente, no caso de o sistema eletrônicose encontrar com problema, proceder-se-á à vericação em comento por chamada nomi-nal dos deputados (art. 187, § 4º).

Em relação ao resultado da votação simbólica proclamado pelo presidente, vale escla-recer que esse resultado:

1) adquire o status de denitivo sempre que não houver pedido de vericação válido(tempestivo e com o apoiamento necessário);

2) pode ser conrmado mediante o resultado alcançado pelo processo nominal de-corrente de vericação da votação que lhe originou;

3) é preterido quando contrariado pelo resultado denitivo obtido pelo processo

nominal realizado em virtude de pedido de vericação da votação de que resulta.Só pode haver novo pedido de vericação de votação após transcorrido o prazo de uma

hora (esse prazo é contado a partir da proclamação do resultado da votação em que se utili-zou a última vericação de votação), salvo se provido pelo Plenário requerimento apresen-tado por um décimo de deputados (52 deputados) ou líderes que representem esse número.

AULA 4 – dAs modALidAdEs E ProcEssos dE votAção (PArtE ii)

 Art. 186. O processo nominal será util izado:I – nos casos em que seja exigido quórum especial de votação;II – por deliberação do Plenário, a requerimento de qualquer deputado;III – quando houver pedido de veriicação de votação, respeitado o que prescreveo § 4º do artigo anterior;IV – nos demais casos expressos neste regimento.§ 1º O requerimento verbal não admitirá votação nominal.§ 2º Quando algum deputado requerer votação nominal e a Câmara não a conce-

der, será vedado requerê-la novamente para a mesma proposição, ou para as quelhe orem acessórias.

Page 340: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 340/441

346

Curso de Regimento Interno

 Art. 187. A votação nominal ar-se-á pelo sistema eletrônico de votos, obedecidasinstruções estabelecidas pela Mesa para sua utilização.

§ 1º Concluída a votação, encaminhar-se-á à Mesa a respectiva listagem, que con-terá os seguintes registros:I – data e hora em que se processou a votação;II – a matéria objeto da votação;III – o nome de quem presidiu a votação;IV – os nomes dos líderes em exercício presentes à votação;V – o resultado da votação;VI – os nomes dos deputados votantes, discriminando-se os que votaram a avor,os que votaram contra e os que se abstiveram.

§ 2º A listagem de votação será publicada juntamente com a ata da sessão.§ 3º Só poderão ser eitas e aceitas reclamações quanto ao resultado de votaçãoantes de ser anunciada a discussão ou votação de nova matéria.§ 4º Quando o sistema eletrônico não estiver em condições de uncionamento, e nashipóteses de que tratam os arts. 217, IV, e 218, § 8º, a votação nominal será eita pelachamada dos deputados, alternadamente, do norte para o sul e vice-versa, observan-do-se que: (“Caput” do parágrao com redação dada pela Resolução nº 22, de 1992.)I – os nomes serão enunciados, em voz alta, por um dos secretários;II – os deputados, levantando-se de suas cadeiras, responderão sim ou não, conor-me aprovem ou rejeitem a matéria em votação;III – as abstenções serão também anotadas pelo secretário.

Comentários

No processo nominal, em geral, os parlamentares votam por meio do sistema eletrôni-co de votos. A votação por meio da chamada dos deputados também poderá ser utilizada

no processo nominal, no entanto deve-se vericar a excepcionalidade de assim se proceder.Conorme visto na aula 1 deste capítulo, o processo nominal é utilizado nas votações

em que se exige quórum especial de votação. Além dos exemplos citados nas reeridasaulas, podem-se mencionar outros, como a admissão de instauração de processo contra opresidente da República por crime comum ou de responsabilidade (CF, art. 51, I, e RICD,arts. 217, § 1º, e 218, § 9º) e o pronunciamento sobre perda de mandato (CF, art. 55,§ 2º, e RICD, art. 240, § 1º). Lembre-se, também, da utilização do processo nominal nas

 vericações de votação, atentando-se para a ressalva do § 4º do art. 185, bem como de suautilização por deliberação do Plenário, a requerimento de qualquer deputado.

Cumpre notar que não será aceito o processo nominal para votação de requerimento ver-bal. Por um lado, requerimento oral não tem relação direta com votação nominal, pois essasó poderá ser pleiteada por requerimento escrito (art. 117, XII) e não será admitida para que

Page 341: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 341/441

Capítulo XIII

347

se vote requerimento verbal (art. 186, § 1º). Por outro lado, se or requerido oralmente que seproceda à vericação de votação, esse requerimento verbal, ainda que indiretamente, ensejaráa realização de votação nominal da matéria cuja votação simbólica tenha sido questionada

(art. 186, III). Sempre que o Plenário rejeitar requerimento (escrito) de votação nominalapresentado por deputado, não se admitirá novo pedido com idêntico objetivo para a mesmaproposição, ou para as que lhe orem acessórias, como, por exemplo, uma de suas emendas.Compare essa disposição com a inscrita no parágrao único do art. 184.

Como comentado, o processo nominal de chamada dos deputados ocorre em situa-ções excepcionais. Assim, os nomes dos deputados somente serão anunciados para que selevantem de suas cadeiras e maniestem sim ou não à matéria, ou, ainda, se abstenham:a) quando o sistema eletrônico estiver inoperante; b) nos processos por crime comum oude responsabilidade contra o presidente e o vice-presidente da República e os ministrosde Estado. A previsão de votação nominal pela chamada dos deputados no caso de crimecomum ou de responsabilidade das autoridades retromencionadas oi inserida no Regi-mento pela Resolução nº 22, de 1992, após ocorrer o primeiro – e até o momento o único– impeachment presidencial no Brasil. A intenção legislativa de que essa votação ocorressepela chamada dos deputados oi tão marcante à época que, por meio da aludida resolução,proibiu-se a utilização de escrutínio secreto em tais deliberações (art. 188, § 2º, IV).

AULA 5 – dAs modALidAdEs E ProcEssos dE votAção (PArtE iii)

 Art. 188. A votação por escrutínio secreto ar-se-á pelo sistema eletrônico, nos ter-mos do artigo precedente, apurando-se apenas os nomes dos votantes e o resultadoinal, nos seguintes casos:I – deliberação, durante o estado de sítio, sobre a suspensão de imunidades dedeputado, nas condições previstas no § 8º do art. 53 da Constituição Federal;( Numeração adaptada aos termos da Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)II – por decisão do Plenário, a requerimento de um décimo dos membros da Casa

ou de líderes que representem este número, ormulado antes de iniciada a Ordemdo Dia; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 22, de 1992.)III – para eleição do presidente e demais membros da Mesa Diretora, do presiden-te e vice-presidentes de comissões permanentes e temporárias, dos membros daCâmara que irão compor a Comissão Representativa do Congresso Nacional e dos2 (dois) cidadãos que irão integrar o Conselho da República e nas demais eleições;( Inciso acrescido pela Resolução nº 45, de 2006.)IV – no caso de pronunciamento sobre a perda de mandato de deputado ou suspen-são das imunidades constitucionais dos membros da Casa durante o estado de sítio.( Inciso acrescido pela Resolução nº 45, de 2006.)

Page 342: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 342/441

348

Curso de Regimento Interno

§ 1º A votação por escrutínio secreto ar-se-á mediante cédula, impressa ou da-tilograada, recolhida em urna à vista do Plenário, quando o sistema eletrônico

de votação não estiver uncionando. (Parágrao com redação dada pela Resoluçãonº 45, de 2006.)I – (Revogado pela Resolução nº 45, de 2006.)II – (Revogado pela Resolução nº 45, de 2006.)III – (Revogado pela Resolução nº 45, de 2006.)§ 2º Não serão objeto de deliberação por meio de escrutínio secreto:I – recursos sobre questão de ordem;II – projeto de lei periódica;III – proposição que vise à alteração de legislação codiicada ou disponha sobre leis

tributárias em geral, concessão de avores, privilégios ou isenções e qualquer dasmatérias compreendidas nos incisos I, II, IV, VI, VII, XI, XII e XVII do art. 21 eincisos IV, VII, X, XII e XV do art. 22 da Constituição Federal;IV – autorização para instauração de processo, nas inrações penais comuns ou noscrimes de responsabilidade, contra o presidente e o vice-presidente da República eos ministros de Estado. ( Inciso acrescido pela Resolução nº 22, de 1992.)

ComentáriosCom o advento da Resolução nº 45, de 7 de dezembro de 2006, o art. 188, ao discipli-

nar a votação por escrutínio secreto, passou a estabelecer como regra para tal modalidadede votação a utilização do sistema eletrônico. Esse dispositivo tanto indica os casos em quese deve adotar tal modalidade de votação como lhe veda o uso em outros.

De acordo com a redação regimental decorrente da citada resolução, devem ser pro-cedidas por meio do sistema eletrônico as votações por escrutínio secreto reerentes àrealização de qualquer eleição na Casa, à maniestação da Câmara sobre a perda de man-

dato e ao pronunciamento da Casa sobre suspensão das imunidades constitucionais dosdeputados – individuais e coletivas – durante a vigência do estado de sítio.

Nas votações secretas pelo sistema eletrônico, em geral o painel de votação exibe onome do deputado e evidencia se ele votou ou não (ao ser iniciado o painel de votaçãoeletrônica, os nomes dos parlamentares constam na cor branca, mas, quando do registrodo voto de cada deputado, o nome do votante é destacado em amarelo). Durante o pro-cesso de votação, aparece a totalização de votos já realizados. Quando o presidente declaraencerrada a votação, exibe-se o número total de votos avoráveis, contrários, abstenções e

obstruções (art. 82, § 6º), e, então, ele proclama o resultado nal.Nas eleições, o procedimento será dierente, pois haverá urnas eletrônicas. Compre-

endamos melhor a distinção entre a utilização do sistema eletrônico nas votações secretasem geral e nas eleições:

Page 343: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 343/441

Capítulo XIII

349

“Para possibilitar um processo eleitoral da Mesa Diretora da Casa célere e se-guro, a Câmara dos Deputados promulgou a Resolução nº 45, de 2006, emdecorrência da aprovação do Projeto de Resolução nº 117, de 2003. O novo

texto regimental estabelece que ‘a eleição dos membros da Mesa ar-se-á em votação por escrutínio secreto e pelo sistema eletrônico [...]’. Devo esclarecer,todavia, que não há no Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD)a expressão ‘urnas eletrônicas’.Segundo inormou o diretor em exercício da Coordenação do Sistema Ele-trônico de Votação da Câmara, Marco Aurélio Martins de Castilho, o sistemaeletrônico a ser utilizado nas eleições contará com oito urnas eletrônicas, sete aserem utilizadas pelos deputados em geral e uma por deputados portadores denecessidades especiais.

A sistemática adotada para as eleições será dierente da que já vinha sendoutilizada em Plenário nas votações nominais e secretas pelo sistema eletrônico.Nas votações pelo sistema eletrônico, os deputados continuarão a utilizar ospostos de votação disponibilizados nas bancadas (mesas) localizadas no Plená-rio. Nas eleições, a Câmara utilizará urnas eletrônicas. Em qualquer dos casos,a utilização do sistema eletrônico será nos termos das instruções estabelecidaspela Mesa, conorme preveem o caput  do art. 187 e o do 188 do Regimen-to Interno.” (Luiz Claudio Alves dos Santos, Revista da Casa – Câmara dos

Deputados, nº 63, 13/12/2006)Assim, existem hoje cinco situações em que se utiliza a votação por escrutínio secreto,

por meio do sistema eletrônico:

a) para deliberar, durante a vigência do estado de sítio, sobre a suspensão de imuni-dades de deputados, prevista no § 8º do art. 53 da CF, in verbis:

“ Art. 53. ......................................................................................................................................................................................................................................

§ 8º As imunidades de deputados ou senadores subsistirão durante o estado desítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros daCasa respectiva, nos casos de atos praticados ora do recinto do Congresso Na-cional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.”

b) quando or aprovado pelo Plenário requerimento de um décimo dos membros daCasa ou de líderes que representem esse número apresentado antes do início daOrdem do Dia;

c) para realização de qualquer eleição no âmbito da Câmara dos Deputados, como

a do presidente e demais membros da Mesa Diretora, do presidente e vice-pre-sidentes de comissões permanentes e temporárias, dos membros da Câmara queirão compor a Comissão Representativa do Congresso Nacional e dos dois cida-dãos que irão integrar o Conselho da República;

Page 344: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 344/441

350

Curso de Regimento Interno

d) maniestação da Câmara sobre a perda de mandato de deputado (CF, art. 55, § 2º);

e) pronunciamento da Casa sobre suspensão das imunidades constitucionais dosdeputados durante a vigência do estado de sítio.

Observe que o Regimento Interno da Câmara parece se contradizer ao disciplinar adeliberação sobre a suspensão das imunidades parlamentares durante o estado de sítio, men-cionando-a duas vezes no art. 188 (incisos I e IV, in fne ). Sobre essa aparente antinomiaregimental, recorremos ao comentário de Luiz Claudio Alves dos Santos (2006, p. 213):

“Suspensão de imunidades parlamentares durante o estado de sítio será obri-gatoriamente decidida em escrutínio secreto. Salvo melhor juízo, o legisladorinterno classicou a suspensão de imunidades em individual e coletiva. Assim,

a suspensão de imunidades de deputado (individualmente) seria deliberada em votação secreta por meio do sistema eletrônico (art. 188, I). Igualmente pelosistema eletrônico (e não mais por meio de cédulas – Resolução nº 45/2006)seria a votação secreta para suspensão das imunidades dos membros da Casa(coletiva) durante o estado de sítio (art. 188, caput , IV).”10

Caso o sistema eletrônico de votação não se encontre em uncionamento, a votaçãopor escrutínio secreto ar-se-á por meio de cédulas, impressas ou datilograadas, sendorecolhidas em urnas à vista do Plenário.

Apresentaremos mais inormações sobre imunidades parlamentares na aula 3 docapítulo XVI.

No que concerne à votação secreta, importante atentar também para as matérias elen-cadas no § 2º do art. 188, que não serão objeto de deliberação por meio dessa modalidade.Isso signica dizer que não serão aceitos requerimentos que tenham por m alterar oprocesso de votação dessas matérias (votação ostensiva) para que se delibere sobre elas porescrutínio secreto.

Dentre as proposições que não serão objeto de deliberação por meio de escrutínio

secreto, consta o projeto de lei periódica. Entende-se por lei periódica aquela que apre-senta prazo de vigência determinado, sendo substituída por outra ao nal desse período.São exemplos desse tipo de norma jurídica a lei do plano plurianual, a lei de diretrizesorçamentárias e a lei orçamentária anual (que são deliberadas em sessão conjunta do Con-gresso Nacional). A expressão “legislação codicada” constante do inciso III do § 2º doart. 188 reere-se aos códigos do nosso ordenamento jurídico: Código Civil, Código Penal,Código Tributário Nacional, entre outros.

10 Comentário atualizado, conforme adendo ao livro câm dp: gm m í,

2. ed. Brasília: Vestcon, 2006.

Page 345: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 345/441

Capítulo XIII

351

AULA 6 – do ProcEssAmEnto dA votAção (PArtE i)

 Art. 189. A proposição, ou seu substitutivo, será votada sempre em globo, ressalva-

da a matéria destacada ou deliberação diversa do Plenário.§ 1º As emendas serão votadas em grupos, conorme tenham parecer avorável ouparecer contrário de todas as comissões, considerando-se que:I – no grupo das emendas com parecer avorável incluem-se as de comissão, quan-do sobre elas não haja maniestação em contrário de outra;II – no grupo das emendas com parecer contrário incluem-se aquelas sobre as quaisse tenham maniestado pela rejeição as comissões competentes para o exame domérito, embora consideradas constitucionais e orçamentariamente compatíveis.

§ 2º A emenda que tenha pareceres divergentes e as emendas destacadas serão votadas uma a uma, conorme sua ordem e natureza.§ 3º O Plenário poderá conceder, a requerimento de qualquer deputado, que a

 votação das emendas se aça destacadamente.§ 4º Também poderá ser deerido pelo Plenário dividir-se a votação da proposiçãopor título, capítulo, seção, artigo ou grupo de artigos ou de palavras.§ 5º Somente será permitida a votação parcelada a que se reerem os §§ 3º e 4º sesolicitada durante a discussão, salvo quando o requerimento or de autoria do rela-tor, ou tiver a sua aquiescência.

§ 6º Não será submetida a votos emenda declarada inconstitucional ou injurídicapela Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, ou inanceira e orçamen-tariamente incompatível pela Comissão de Finanças e Tributação, ou se no mesmosentido se pronunciar a comissão especial a que se reere o art. 34, II, em decisãoirrecorrida ou mantida pelo Plenário. (Parágrao com redação adaptada à Resoluçãonº 20, de 2004.)

ComentáriosOs arts. 189 a 191 tratam do processamento da votação, ou seja, da orma e da ordem

em que será procedida a votação de uma matéria.

É importante registrar que dicilmente uma matéria será deliberada por uma única esimples votação. Isso porque a maioria das proposições apresenta-se acompanhada de emen-das, destaques e substitutivos, que também devem ser apreciados, sem citar os requerimentosrelativos àquela matéria, que, da mesma orma, requerem sejam submetidos a voto.

Em relação ao processamento da votação, o caput do art. 189 impõe que a propo-

sição, ou seu substitutivo, seja votada sempre em globo (isto é, em sua inteireza), res-salvada a matéria que oi destacada ou deliberação diversa do Plenário. Por exemplo, o§ 4º do citado artigo prevê a possibilidade de ser deerido pelo Plenário (por meio de

Page 346: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 346/441

352

Curso de Regimento Interno

aprovação de requerimento com esse m) dividir-se a votação da proposição por suaspartes constituintes ou grupos de artigos ou de palavras.

 á o § 1º estabelece a regra de votação aplicável às emendas, as quais serão votadas em

grupos, conorme os pareceres sejam avoráveis ou contrários de todas as comissões que asanalisaram. Assim, haverá o grupo das emendas com pareceres avoráveis de todas as co-missões de mérito que as analisaram e o grupo das emendas que receberam maniestaçãocontrária dos colegiados a que oram submetidas.

Quanto à alteração proposta, as emendas de comissão implicam maniestação avoráveldo colegiado que decidiu oerecê-las – conquanto não seja pronunciamento por meio deparecer, indubitavelmente é expressão avorável consubstanciada na apresentação –, logo sãoincluídas no grupo das emendas com parecer avorável, desde que não haja maniestação em

contrário de outra comissão. De certo modo, o parecer contrário de um colegiado a emendasde autoria de outro demonstra divergência na maniestação desses órgãos.

No grupo das emendas com parecer contrário, encontram-se todas as emendas que,embora tenham recebido parecer pela constitucionalidade e juridicidade e, quando couber,pela adequação nanceira e orçamentária, receberam pareceres pela rejeição de todas ascomissões de mérito que as analisaram.

Observe-se que os chamados pareceres terminativos (art. 54), os quais podem ser emi-tidos, conorme o caso, pela CCC, CFT ou CESP que substituir mais de três comissõesque deveriam se pronunciar quanto ao mérito, não exercem inuência quanto à determi-nação de qual grupo de apreciação a emenda irá integrar. Em razão do caráter terminativodesses pareceres, eles determinarão se as emendas irão ou não a votação. Assim, vislum-bram-se duas alternativas iniciais quanto às emendas no que se reere a tais pareceres:

1ª) se a emenda or INconstitucional ou IN  jurídica ou nanceira e orçamentaria-mente INcompatível, em decisão irrecorrida ou mantida pelo Plenário, NÃOSERÁ SUBMETIDA A VOTOS (art. 189, § 6º);

2ª) a emenda declarada constitucional e jurídica e, também, nanceira e orçamenta-

riamente compatível será apreciada conorme os pareceres de mérito:a) no grupo das emendas com pareceres avoráveis, caso tenha recebido parece-

res avoráveis quanto ao mérito de todas as comissões competentes (art. 189,§ 1º, I);

b) no grupo das emendas com pareceres contrários, caso tenha recebido parece-res contrários quanto ao mérito de todas as comissões competentes (art. 189,§ 1º, II);

c) separadamente, caso tenha recebido pareceres divergentes quanto ao mérito– avorável x contrário (art. 189, § 2º).

Lembre-se de que compete à CCC se pronunciar quanto à constitucionalidade e juridicidade das proposições. À CFT, quando or o caso, caberá emitir parecer sobre aadequação nanceira e orçamentária da matéria. Sobre ambas as preliminares de admissi-

Page 347: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 347/441

Capítulo XIII

353

bilidade, poderá se maniestar a comissão especial criada nos termos do art. 34, II, ou seja,CESP constituída para emitir parecer em substituição a mais de três comissões de mérito.

Avançando no entendimento do processamento da votação, asseveramos haver três

tipos de emendas que serão votadas uma a uma, de acordo com sua ordem e natureza:

a) aquelas que receberam pareceres divergentes (pelo menos um avorável acrescidode, no mínimo, um contrário);

b) aquelas que receberam destaque (votação destacada do grupo, separada);

c) emendas com subemendas, salvo aprovação de requerimento solicitando que se- jam votadas em grupo (art. 191, XI).

Qualquer deputado pode solicitar que a votação das emendas se aça destacadamente(uma por uma), desde que provido requerimento nesse sentido.

Ressalve-se que a deliberação parcelada prevista nos §§ 3º e 4º do art. 189 só seráaceita se solicitada durante a discussão ou quando o requerimento de solicitação seja deautoria do relator ou tenha a sua concordância.

AULA 7 – do ProcEssAmEnto dA votAção (PArtE ii)

 Art. 190. O substitutivo da Câmara a projeto do Senado será considerado comosérie de emendas e votado em globo, exceto:I – se qualquer comissão, em seu parecer, se maniestar avoravelmente a uma oumais emendas e contrariamente a outra ou outras, caso em que a votação se ará emgrupos, segundo o sentido dos pareceres;II – quando or aprovado requerimento para a votação de qualquer emendadestacadamente.Parágrao único. Proceder-se-á da mesma orma com relação a substitutivo do Se-nado a projeto da Câmara.

 Art. 191. Além das regras contidas nos arts. 159 e 163, serão obedecidas ainda na votação as seguintes normas de precedência ou preerência e prejudicialidade:I – a proposta de emenda à Constituição tem preerência na votação em relação àsproposições em tramitação ordinária;II – o substitutivo de comissão tem preerência na votação sobre o projeto;III – votar-se-á em primeiro lugar o substitutivo de comissão; havendo mais de um,a preerência será regulada pela ordem inversa de sua apresentação;IV – aprovado o substitutivo, icam prejudicados o projeto e as emendas a este

oerecidas, ressalvadas as emendas ao substitutivo e todos os destaques;

Page 348: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 348/441

354

Curso de Regimento Interno

V – na hipótese de rejeição do substitutivo, ou na votação de projeto sem substituti- vo, a proposição inicial será votada por último, depois das emendas que lhe tenham

sido apresentadas;VI – a rejeição do projeto prejudica as emendas a ele oerecidas;VII – a rejeição de qualquer artigo do projeto, votado artigo por artigo, prejudicaos demais artigos que orem uma consequência daquele;VIII – dentre as emendas de cada grupo, oerecidas respectivamente ao substitutivoou à proposição original, e as emendas destacadas, serão votadas, pela ordem, as su-pressivas, as aglutinativas, as substitutivas, as modiicativas e, inalmente, as aditivas;IX – as emendas com subemendas serão votadas uma a uma, salvo deliberação doPlenário, mediante proposta de qualquer deputado ou comissão; aprovado o gru-

po, serão consideradas aprovadas as emendas com as modiicações constantes dasrespectivas subemendas;

 X – as subemendas substitutivas têm preerência na votação sobre as respectivasemendas;

 XI – a emenda com subemenda, quando votada separadamente, sê-lo-á antes e comressalva desta, exceto nos seguintes casos, em que a subemenda terá precedência:

a) se or supressiva;b) se or substitutiva de artigo da emenda, e a votação desta se izer artigo

por artigo; XII – serão votadas, destacadamente, as emendas com parecer no sentido de cons-tituírem projeto em separado;

 XIII – quando, ao mesmo dispositivo, orem apresentadas várias emendas da mes-ma natureza, terão preerência as de comissão sobre as demais; havendo emendasde mais de uma comissão, a precedência será regulada pela ordem inversa de suaapresentação;

  XIV – o dispositivo destacado de projeto para votação em separado precederá,na votação, às emendas, independerá de parecer e somente integrará o texto se

aprovado; XV – se a votação do projeto se izer separadamente em relação a cada artigo, otexto deste será votado antes das emendas aditivas a ele correspondentes.

Comentários

Primeiramente, cabe lembrar o que vem a ser substitutivo. O substitutivo é uma emen-da substitutiva que altera, de modo substancial ou ormal, o conjunto de uma proposição

(art. 118, § 4º). O substitutivo é, portanto, como o próprio nome diz, sucedâneo da pro-posição principal. Por exemplo, se a determinado projeto de lei or oerecido substitutivoe este vier a ser aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto inicial será considerado

Page 349: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 349/441

Capítulo XIII

355

prejudicado (art. 163, V, c/c art. 191, IV) e o texto do substitutivo aprovado é que seráencaminhado ao Senado Federal, com possibilidade de vir a se tornar lei.

Quanto ao substitutivo de uma das Casas do Congresso Nacional a projeto da outra,

cumpre-nos esclarecer que a regra inscrita no art. 190 do RICD reere-se tão somenteao processamento da votação na Câmara, pois o Senado Federal conta com regra própriaestabelecida em seu Regimento, como veremos mais adiante. Ademais, a denominaçãoregimental “substitutivo da Câmara a projeto do Senado” equivale, na verdade, a “substitu-tivo apresentado na Câmara a projeto do Senado”, pois tal substitutivo só será, de ato, daCâmara após sua aprovação nessa Casa; antes disso é apenas substitutivo nela apresentadopor deputado ou comissão.

Nesse sentido, quando na Câmara, em sua atuação como Casa revisora no processo

bicameral, or apresentado substitutivo a projeto do Senado, assim como se, na atuaçãorevisional do Senado, or aprovado substitutivo dessa Casa (SF) a projeto da Câmara (casoem que as emendas da Casa revisora retornam à Casa iniciadora para apreciação nal, nostermos do art. 65 da CF), tal substitutivo será considerado como conjunto de emendas e

 votado em globo. Porém, não ocorrerá a votação global no caso de qualquer comissão semaniestar avoravelmente a uma ou mais emendas e contrariamente a outra(s), situaçãoem que a votação se procederá por grupos, de acordo com o sentido dos pareceres. Outraexceção à votação em globo é quando se aprova requerimento para votar qualquer emendadestacadamente (art. 190).

Por oportuno, conheçamos, então, o dispositivo do Regimento Interno do SenadoFederal que disciplina esse assunto. O art. 287 do RISF estabelece, ipsis verbis:

“O substitutivo da Câmara a projeto do Senado será considerado série deemendas e votado, separadamente, por artigos, parágraos, incisos, alíneas eitens, em correspondência aos do projeto emendado, salvo aprovação de re-querimento para votação em globo ou por grupos de dispositivos, obedecidoo disposto no parágrao único do art. 286.” (grio nosso)

Pelo exposto, percebe-se que ambas as Casas consideram tais substitutivos como sériede emendas, bem como se nota a dierença no processamento da votação dessa espécie desubstitutivo conorme a Casa em que esteja tramitando. Enquanto na Câmara a regra é votarem globo o “substitutivo da Câmara a projeto do Senado” ou o substitutivo do Senado a pro-

 jeto da Câmara, sendo a exceção sua votação destacada ou por grupos, no Senado a regra éque se vote separadamente o substitutivo da Câmara que lá esteja tramitando, admitindo-se,contudo, que se aprove requerimento para votação em globo ou por grupos de dispositivos.

Avançando na compreensão do processamento da votação na Câmara, pode-se armarhaver grande diculdade em saber a ordem exata em que devem ocorrer as votações. Parase proceder de orma precisa e regimental, necessário se az atentar para as regras contidasnos artigos 159 e 160 (preerência), 161 e 162 (destaque), 163 e 164 (prejudicialidade), 189a 191 (processamento da votação), além dos artigos 82 a 86, que tratam da Ordem do Dia.

Page 350: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 350/441

356

Curso de Regimento Interno

A aula 27 do capítulo XI apresenta a ordem de apreciação das matérias no Plenário daCâmara dos Deputados.

O art. 191 elenca regras suplementares às já apresentadas anteriormente no RICD

para a votação das proposições, explicitadas a seguir:

a) as propostas de emenda à Constituição serão votadas antes das proposições emtramitação ordinária (inciso I);

b) o substitutivo de comissão é votado antes do projeto; havendo mais de um, serão votados pela ordem inversa de apresentação (incisos II e III);

c) aprovado o substitutivo, cam prejudicados o projeto e as emendas a este apre-sentadas. Havendo outros substitutivos ainda não apreciados, também cam estes

prejudicados, bem como suas emendas, cando pendentes de apreciação as emen-das ao substitutivo aprovado e todos os destaques (inciso IV);

d) o projeto com substitutivos rejeitados ou sem substitutivo é votado por último,após as emendas a ele oerecidas (inciso V). Caso o projeto seja rejeitado, suasemendas são consideradas prejudicadas (mesmo que tenham sido anteriormen-te aprovadas). Isso acontece uma vez que não há como perdurar emendas semseu objeto. Recorde-se serem as emendas proposições acessórias, portanto, se aCâmara rejeita a proposição principal, elas perdem o porquê de existir (inciso VI);

e) na votação artigo por artigo, a rejeição de qualquer artigo de um projeto prejudicaos demais artigos que orem consequência daquele (inciso VII);

) as emendas serão votadas seguindo a seguinte ordem: supressivas, aglutinativas,substitutivas, modicativas e aditivas. É ácil decorar essa ordem, basta memorizaros termos SASMA e SuprASMAd, conorme ensinado na aula 1 do capítulo X (inciso VIII);

g) as emendas com subemendas serão votadas uma a uma, salvo aprovação de reque-rimento de iniciativa de deputado ou comissão para votação em grupo; aprovado

o grupo, todas as emendas nele incluídas, com as alterações promovidas por suasrespectivas subemendas, são consideradas aprovadas (inciso IX);

h) no caso de votação separada de emenda com subemenda, a regra é que, em pri-meiro lugar, se vote a emenda com a ressalva da subemenda. Nesse sentido, postoque não esteja expresso no art. 191, se a emenda or rejeitada, a subemenda perdeseu objeto, portanto cará prejudicada – salvo se houver sido destacada; sendoa emenda aprovada, votar-se-á a subemenda posteriormente. Excetua-se dessaregra a votação das seguintes subemendas, que serão votadas antes da emenda a

que se reram (incisos X e XI):1) subemenda supressiva;2) subemenda substitutiva;

Page 351: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 351/441

Capítulo XIII

357

3) subemenda substitutiva de artigo da emenda, apenas no caso de a votação daemenda ser processada artigo por artigo;

i) as emendas com parecer no sentido de constituírem projeto em separado serão

 votadas separadamente (inciso XII);

  j) havendo para um determinado dispositivo várias emendas de mesma natureza, aordem de apreciação será primeiramente as de comissão e depois as demais; ha-

 vendo emendas de mais de uma comissão, a ordem será a inversa da apresentação(inciso XIII);

k) o dispositivo destacado para votação em separado (DVS) somente integrará otexto do projeto se aprovado, sendo apreciado antes das emendas. Esclarecemosque o DVS pode ser tanto a projeto como a substitutivo (art. 161, I). Por conse-quência, alerte-se haver situações distintas quanto à precedência do DVS sobreas emendas: 1) o DVS a substitutivo será votado antes das emendas deste (as quedevam ser votadas em grupos ou uma a uma), pois as emendas ao substitutivo são

 votadas após este (art. 191, IV); 2) o DVS a projeto será apreciado após a votaçãotanto do projeto como dos grupos de emendas a ele oerecidas, pois as emendasao projeto são votadas antes dele (art. 191, V); porém, a votação do DVS antece-derá à deliberação das emendas ao projeto destacadas para serem votadas ao nal;

l) votando-se um projeto artigo por artigo, inverte-se a ordem de precedência en-

tre emendas e projeto constante do inciso V do art. 191 apenas em relação àsemendas aditivas. Então, vota-se primeiramente o texto do artigo do projeto eposteriormente votam-se as emendas aditivas a ele correspondentes (inciso XV).

AULA 8 – do EncAminhAmEnto dA votAção

 Art. 192. Anunciada uma votação, é lícito usar da palavra para encaminhá-la, salvodisposição regimental em contrário, pelo prazo de cinco minutos, ainda que se tra-

te de matéria não sujeita a discussão, ou que esteja em regime de urgência.§ 1º Só poderão usar da palavra quatro oradores, dois a avor e dois contrários, as-segurada a preerência, em cada grupo, a autor de proposição principal ou acessóriae de requerimento a ela pertinente, e a relator.§ 2º Ressalvado o disposto no parágrao anterior, cada líder poderá maniestar-separa orientar sua bancada, ou indicar deputado para azê-lo em nome da liderança,pelo tempo não excedente a um minuto.§ 3º As questões de ordem e quaisquer incidentes supervenientes serão computa-

dos no prazo de encaminhamento do orador, se suscitados por ele ou com a suapermissão.

Page 352: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 352/441

358

Curso de Regimento Interno

§ 4º Sempre que o presidente julgar necessário, ou or solicitado a azê-lo, convi-dará o relator, o relator substituto ou outro membro da comissão com a qual tiver

mais pertinência a matéria, a esclarecer, em encaminhamento da votação, as razõesdo parecer.§ 5º Nenhum deputado, salvo o relator, poderá alar mais de uma vez para enca-minhar a votação de proposição principal, de substitutivo ou de grupo de emendas.§ 6º Aprovado requerimento de votação de um projeto por partes, será lícito oencaminhamento da votação de cada parte por dois oradores, um a avor e outrocontra, além dos líderes.§ 7º No encaminhamento da votação de emenda destacada, somente poderão alaro primeiro signatário, o autor do requerimento de destaque e o relator. Quando

houver mais de um requerimento de destaque para a mesma emenda, só será asse-gurada a palavra ao autor do requerimento apresentado em primeiro lugar.§ 8º Não terão encaminhamento de votação as eleições; nos requerimentos, quandocabível, é limitado ao signatário e a um orador contrário.

Comentários

Como comentado na aula 1 deste capítulo, uma vez encerrada a ase de discussão,entra-se na ase de votação da matéria, imediatamente ou não, conorme o caso. Nostermos do art. 192, é lícito ao deputado, uma vez anunciada a votação, pedir a palavra aopresidente para encaminhá-la. Esse encaminhamento tem por objetivo preparar o Plená-rio para a votação que se inicia.

Quatro deputados poderão usar da palavra para encaminhar a votação. Cada oradordisporá de cinco minutos para azer o encaminhamento, salvo se a matéria estiver emregime de urgência, caso em que o tempo será reduzido à metade (art. 157, § 3º). Nãoobstante reconhecermos o conito entre a norma prevista no caput do art. 192 e a cons-

tante do § 3º do art. 157, na prática esta última tem sido aplicada na concessão do tempodo orador para encaminhar a votação de matéria urgente. Dos quatro oradores, só poderáhaver dois a avor e dois contrários à proposição, sendo assegurada a preerência em cadagrupo a autor e a relator.

Para ns de preerência no encaminhamento da votação, a autoria poderá ser tantoda proposição principal como da acessória, bem como de requerimento a ela pertinente.À relatoria há concessão especial; ou seja, o relator é o único orador que poderá usar dapalavra mais de uma vez para encaminhar a votação de proposição principal, de substi-

tutivo ou de grupo de emendas. Observe-se que o relator não tem a prerrogativa de alarduas vezes no encaminhamento de emenda votada separadamente e que não é designadorelator para requerimento.

Page 353: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 353/441

Capítulo XIII

359

O encaminhamento de votação poderá ser exercido em matéria não sujeita a discussão,bem como na que esteja em regime de urgência, e não poderá ser utilizado nas situaçõesem que haja expressa disposição regimental em contrário, como as consultas ao Plenário

sobre indeerimento pelo presidente de requerimento verbal (art. 114, parágrao único) eas que tratam de reclamação ou recurso concernentes à recusa pelo presidente de emendaormulada de orma antirregimental (art. 125).

Após o encaminhamento, os líderes também poderão maniestar-se para orientarsua bancada com relação à matéria a ser votada (art. 10, IV), podendo também indicardeputado para azê-lo em seu lugar (art. 192, § 2º). Nessa ase, os líderes orientam osmembros de sua bancada, por até um minuto, a votarem “sim” ou “não”, ou votarem livre-mente. É também nesse momento que os líderes anunciam quando o seu partido ou blocoparlamentar está em obstrução (art. 82, § 6º).

Se a proposição or votada por partes, haverá encaminhamento de votação para cadaparte, logo, se considerarmos o conjunto da proposição, haverá a multiplicação do númerode encaminhamentos. Nesse sentido, para reduzir esse eeito multiplicador, o RICD limi-tou o encaminhamento de cada parte a apenas dois oradores, um a avor e outro contrário,além dos líderes. Nesse caso, os líderes apenas orientarão suas bancadas por prazo nãoexcedente a um minuto. Se assim não osse, o tempo consumido com o encaminhamentoda votação de cada parte seria várias vezes maior que o encaminhamento da proposiçãocomo um todo. O objetivo da norma inscrita no § 6º do art. 192 é justamente o contrário.

 á no encaminhamento de emenda destacada, somente poderão encaminhar sua vota-ção o autor da emenda, o autor do requerimento de destaque e o relator.

Nas eleições não haverá encaminhamento e, nos requerimentos, quando permitidopelo Regimento, será limitado ao signatário e a um orador contrário.

Observe que, no caso de requerimentos, o art. 117, § 1º, dispõe que no encaminha-mento só alarão autor e líderes, por cinco minutos cada um, divergindo do constante do§ 8º do art. 192.

AULA 9 – do AdiAmEnto dA votAção

 Art. 193. O adiamento da votação de qualquer proposição só pode ser solicitadoantes de seu início, mediante requerimento assinado por líder, pelo autor ou relatorda matéria.§ 1º O adiamento da votação só poderá ser concedido uma vez e por prazo previa-mente ixado, não superior a cinco sessões.§ 2º Solicitado, simultaneamente, mais de um adiamento, a adoção de um reque-

rimento prejudicará os demais.

Page 354: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 354/441

360

Curso de Regimento Interno

§ 3º Não admite adiamento de votação a proposição em regime de urgência, salvose requerido por um décimo dos membros da Câmara, ou líderes que representem

este número, por prazo não excedente a duas sessões.

Comentários

Verica-se que o adiamento de votação assemelha-se ao adiamento de discussão pre- visto no art. 177. Ambos só podem ser solicitados antes de iniciada a votação ou a discus-são, respectivamente. Nos dois casos, o requerimento escrito deve ser assinado por líder,autor ou relator (arts. 117, X, 177 e 193).

Uma das dierenças é que a votação pode ser adiada por até cinco sessões enquanto adiscussão é adiável por, no máximo, dez sessões. Outra é que o adiamento da votação sópoderá ser concedido uma única vez, enquanto que o adiamento de discussão poderá serpermitido mais de uma vez, ante a alegação, reconhecida pelo presidente da Câmara, deerro na publicação.

No que se reere a proposição em regime de urgência, há similitude na normatizaçãoquanto ao adiamento da discussão e da votação. Em ambos os casos, o Plenário só poderádeerir o adiamento por até duas sessões e mediante aprovação de requerimento subscrito

por, no mínimo, um décimo dos membros da Casa (52 deputados) ou líderes que repre-sentem esse número (por exemplo, um líder de bancada composta por pelo menos 52deputados, ou três líderes de partido ou bloco parlamentar, o primeiro representando 30deputados, o segundo, 7 deputados, e o terceiro, 15 deputados, no mínimo, totalizando 52deputados ou mais).

Devemos considerar, por pertinente, haver duas regras regimentais quanto à oportuni-dade de se oerecer requerimento escrito de adiamento de votação, assim como ocorre emrelação ao de discussão. Quanto a isso, a previsão de apresentação de proposições em geral,segundo a qual o requerimento de adiamento de votação deve ser proposto no momentoem que a matéria respectiva or anunciada (art. 101, I, a, 3), é preterida pela norma espe-cíca inscrita no art. 193 para se requerer o adiamento de votação.

Havendo vários requerimentos de adiamento de votação, a preerência na votação des-sas proposições deve ser regulada pelo disposto no § 4º do art. 159, e a aprovação de umprejudica os demais.

Page 355: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 355/441

361

Cpítu XIV 

D Rçã Vc,  Rçã F Auógf 

AULA 1 – dA rEdAção do vEncido, dA rEdAção FinAL

 Art. 194. Terminada a votação em primeiro turno, os projetos irão à Comissão deConstituição e ustiça e de Cidadania para redigir o vencido. (“Caput” do artigo comredação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)Parágrao único. A redação será dispensada, salvo se houver vício de linguagem,deeito ou erro maniesto a corrigir, nos projetos aprovados em primeiro turno,sem emendas.

 Art. 195. Ultimada a ase da votação, em turno único ou em segundo turno, con-orme o caso, será a proposta de emenda à Constituição ou o projeto, com as res-pectivas emendas, se houver, enviado à comissão competente para a redação inal,na conormidade do vencido, com a apresentação, se necessário, de emendas deredação.§ 1º A redação inal é parte integrante do turno em que se concluir a apreciaçãoda matéria.§ 2º A redação inal será dispensada, salvo se houver vício de linguagem, deeito

ou erro maniesto a corrigir:I – nas propostas de emenda à Constituição e nos projetos em segundo turno, seaprovados sem modiicações, já tendo sido eita redação do vencido em primeiroturno;II – nos substitutivos aprovados em segundo turno, sem emendas;III – nos projetos do Senado aprovados sem emendas.§ 3º A comissão poderá, em seu parecer, propor seja considerada como inal aredação do texto de proposta de emenda à Constituição, projeto ou substitutivoaprovado sem alterações, desde que em condições de ser adotado como deinitivo.

Page 356: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 356/441

362

Curso de Regimento Interno

§ 4º Nas propostas de emenda à Constituição e nos projetos do Senado emendadospela Câmara, a redação inal limitar-se-á às emendas, destacadamente, não as in-

corporando ao texto da proposição, salvo quando apenas corrijam deeitos eviden-tes de orma, sem atingir de qualquer maneira a substância do projeto.

Comentários

O Regimento Interno da Câmara reserva um capítulo exclusivo, no âmbito do TítuloV, para tratar da redação das proposições. Conorme bem salientado por Gardel Amarale Miguel Gerônimo (2001, p. 102), a grande importância dada pelo Regimento à redação

“está associada ao zelo pela produção de normas claras e que bem expressem as decisõesda maioria dos representantes da sociedade”.

Com eeito, a própria Carta Magna, em seu art. 59, parágrao único, já expressa essapreocupação ao dispor acerca da necessidade de que seja produzida lei complementar paratratar sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis. Essa lei comple-mentar já existe sob o nº 95, de 1998 (alterada pela Lei Complementar nº 107, de 2001).

O RICD, em outros pontos, também demonstra a preocupação com a redação e a boatécnica legislativa das proposições (arts. 100, §§ 2º e 3º; 111, § 2º; 119, §§ 3º e 4º; 125; e

137, § 1º).Assim, ao término do processo de votação, a proposição – que pode ter sido objeto

de supressões, substituições, acréscimos, modicações e aglutinações – é encaminhada aórgão técnico competente para produzir a redação da matéria em conormidade com asalterações porventura soridas.

Cumpre ressaltar, de antemão, o signicado de “redação do vencido” e de “redaçãonal”. De acordo com a abalizada lição de Luiz Claudio Alves dos Santos (2006, p. 221),o RICD, ao se utilizar do vocábulo “vencido”, contraria sua acepção jurídica, bem como o

senso comum, pois o utiliza no sentido daquilo que já se passou: “Ou seja, nos termos doart. 194, matéria vencida nada mais é do que matéria já decidida. Nesse sentido, a redaçãodo vencido equivale ao texto elaborado quando da aprovação da matéria ao nal do pri-meiro turno (art. 194)”.

Assim, só haverá redação do vencido de proposições que tramitem em dois turnos,pois o texto redigido ao nal do primeiro turno ainda será submetido a mais um turno deapreciação. Nesse caso, o segundo turno poderá ser composto de discussão e votação ouapenas de discussão, nos termos do art. 149. á o termo “redação nal” reere-se ao textoaprovado em turno único ou segundo turno.

Dessa orma, a redação do vencido é elaborada após a proposição ser aprovada em pri-meiro turno, com o objetivo de harmonizar o texto de acordo com as emendas aprovadaspelo Plenário. Caso não tenham ocorrido emendas nesse turno, a redação do vencido serádispensada, salvo se houver vício de linguagem, deeito ou algum erro maniesto a corrigir.

Page 357: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 357/441

Capítulo XIV

363

Cumpre ressaltar que, nos termos do RICD, só estão sujeitos a dois turnos de discus-são e votação as propostas de emenda à Constituição (PEC), os projetos de lei comple-mentar e os projetos de resolução para alteração do próprio Regimento. Conra a aula 17

do capítulo XI.O art. 194 prescreve que, uma vez ultimada a votação em primeiro turno, os projetos

irão à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania para redigir o vencido. Essa é aregra, conrmada pelo art. 32, IV, q . A exceção encontra-se no art. 197, que estabelece quecabe à comissão especial criada para apreciar proposta de emenda à Constituição, projetode código e projeto de resolução que modique ou reorme o Regimento Interno redigira redação do vencido e elaborar a redação nal. Caso a iniciativa do projeto de resoluçãoque tenha por m alterar o RICD seja da Mesa, de deputados ou de comissão permanente,a redação do vencido e a redação nal carão por conta da Mesa Diretora (art. 216, § 6º).

A elaboração da redação nal ocorre após a proposição ter sido aprovada em turno únicoou segundo turno, com a incorporação das emendas eventualmente aprovadas neste turno,podendo o órgão técnico competente para elaborá-la apresentar emendas de redação.

O § 1º do art. 195 estabelece que a redação nal az parte do turno em que se concluira apreciação da matéria (segundo turno ou turno único), não se constituindo, portanto, emturno adicional ou extra.

O § 2º, por sua vez, elenca quatro situações em que a redação nal pode ser dispensada,caso não haja vício de linguagem, deeito ou erro maniesto a corrigir. As duas primeirasocorrem com as propostas de emenda à Constituição e com os projetos aprovados sememenda, desde que tenha sido eita a redação do vencido em primeiro turno e que tenhamsido aprovados em segundo turno sem modicações. A terceira situação reere-se a subs-titutivo aprovado em segundo turno sem emenda. A última ocorre no caso de projetos doSenado aprovados sem emendas. Cumpre ressaltar que as três primeiras ocorrências se dãoem segundo turno, enquanto que a quarta poderá ser em turno único.

De igual orma, o órgão técnico competente poderá, em seu parecer, propor seja con-siderada como nal a redação do texto de proposta de emenda à Constituição, projeto

ou substitutivo aprovado sem alterações, desde que em condições de ser adotado comodenitivo (art. 195, § 3º).

Observe que nas PECs e nos projetos do Senado emendados pela Câmara, a redaçãonal deverá se limitar às emendas, destacadamente, não devendo incorporá-las ao textoda proposição, exceto quando tenham por objetivo apenas corrigir deeitos evidentes deorma, sem alterar de qualquer modo o mérito do projeto (art. 195, § 4º).

Page 358: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 358/441

364

Curso de Regimento Interno

AULA 2 – PrAzos E comPEtênciA PArA ELABorAção dA rEdAção do  vEncido E dA rEdAção FinAL

 Art. 196. A redação do vencido ou a redação inal será elaborada dentro de dez sessões para os projetos em tramitação ordinária, cinco sessões para os em regimede prioridade, e uma sessão, prorrogável por outra, excepcionalmente, por delibe-ração do Plenário, para os em regime de urgência, entre eles incluídas as propostasde emenda à Constituição.

 Art. 197. É privativo da comissão especíica para estudar a matéria redigir o ven-cido e elaborar a redação inal, nos casos de proposta de emenda à Constituição,de projeto de código ou sua reorma e, na hipótese do § 6º do art. 216, de projeto

de Regimento Interno.

Comentários

O art. 196 dene os prazos dentro dos quais deverão ser elaboradas a redação do ven-cido e a redação nal, os quais se encontram elencados a seguir:

a) dez sesses: projetos em tramitação ordinária;

b) cinco sesses: projetos em regime de prioridade;

c) uma sessão: projetos em regime de urgência e propostas de emenda à Constituição.

Em caráter de exceção, o Regimento possibilita a prorrogação por mais uma sessão doprazo para elaboração da redação do vencido ou da redação nal de matéria urgente ouproposta de emenda à Constituição. Nesses casos, os reeridos textos podem ser redigidosem duas sessões, por deliberação do Plenário.

 á o art. 197 estabelece que são competentes para elaborar a redação do vencido e a

redação nal os seguintes órgãos técnicos:

1) a comissão especial especíca para estudar a matéria, nos casos de:a) proposta de emenda à Constituição;b) projeto de código ou de sua reorma;c) projeto de resolução de alteração do RICD, quando tiver sido elaborado por

comissão especial;

2) a Mesa: quando se tratar de projeto de resolução de alteração do RICD de auto-ria de deputado, de comissão permanente ou da própria Mesa (art. 216, § 6º);

3) a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania: para as demais proposi-ções (art. 194).

Page 359: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 359/441

Capítulo XIV

365

AULA 3 – dA votAção dA rEdAção FinAL

 Art. 198. A redação inal será votada depois de publicada no Diário da Câmara dos

Deputados ou distribuída em avulsos, observado o interstício regimental.§ 1º O Plenário poderá, quando a redação chegar à Mesa, dispensar-lhe a impres-são, para o im de proceder-se à imediata votação, salvo se a proposição houver sidoemendada na sua discussão inal ou única.§ 2º A redação inal emendada será sujeita a discussão depois de publicadas asemendas, com o parecer da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania ouda comissão reerida no art. 197. (Parágrao com redação adaptada à Resolução nº 20,de 2004.)

§ 3º Somente poderão tomar parte do debate, uma vez e por cinco minutos cadaum, o autor de emenda, um deputado contra e o relator.§ 4º A votação da redação inal terá início pelas emendas.§ 5º Figurando a redação inal na Ordem do Dia, se sua discussão or encerrada sememendas ou reti icações, será considerada deinitivamente aprovada, sem votação.

Comentários

A votação da redação nal ocorrerá depois de esgotado o prazo de duas sessões(art. 150), contado a partir de sua publicação ou de sua distribuição em avulsos, salvo se amatéria estiver em regime de urgência, situação em que se dispensa o interstício (art. 150,caput , c/c art. 152, caput ). Atente-se que, nesse caso, o interstício pode ser contado tantoda publicação da redação nal como de sua distribuição, o que ocorrer primeiro. Comparecom a regra de interstício insculpida no art. 150, I, segundo a qual os prazos se contama partir da distribuição de avulsos dos pareceres das comissões, bem como com a normaprevista no art. 202, § 5º, que prevê a contagem do interstício a partir da publicação doparecer da CESP sobre proposta de emenda à Constituição.

Entretanto, de acordo com o § 1º do art. 198, caso a proposição não tenha sido emen-dada na sua discussão nal ou única, poderá o Plenário, quando a redação chegar à Mesa,dispensar-lhe a impressão, para o m de proceder-se à imediata votação. Por pertinente,esclarecemos que o legislador interno determinou a ordem de preerência para apreciaçãodas redações nais que necessitem ser pautadas (art. 83, I).

Importante salientar que a redação nal poderá ser emendada em Plenário, nos termosdo art. 120, III, e § 2º. Uma vez ocorrido esse ato, as emendas deverão ser publicadas

 juntamente com o parecer da CCC ou da comissão especial especíca e serão discutidas

em Plenário, de acordo com a regra do § 3º do art. 198. Observe que a votação da redaçãonal será iniciada pelas emendas.

Page 360: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 360/441

366

Curso de Regimento Interno

O § 5º do art. 198 repete o disposto no art. 149, III, ao estabelecer que será conside-rada denitivamente aprovada, sem votação, a redação nal com discussão encerrada sememendas ou reticações.

AULA 4 – corrEção do tExto APós AProvAção dA rEdAção FinAL

 Art. 199. Quando, após a aprovação de redação inal, se veriicar inexatidão do texto,a Mesa procederá à respectiva correção, da qual dará conhecimento ao Plenário e aráa devida comunicação ao Senado, se já lhe houver enviado o autógrao, ou ao presi-dente da República, se o projeto já tiver subido à sanção. Não havendo impugnação,considerar-se-á aceita a correção; em caso contrário, caberá a decisão ao Plenário.

Parágrao único. Quando a inexatidão, lapso ou erro maniesto do texto se veriicarem autógrao recebido do Senado, a Mesa o devolverá a este, para correção, do quedará conhecimento ao Plenário.

Comentários

O art. 199 trata de situação em que, após aprovada a redação nal, se constata queo texto apresenta alguma inexatidão. Nesse caso, é lícito à Mesa proceder à respectiva

correção, dando conhecimento ao Plenário e ao Senado, caso já lhe tenha encaminhadoo autógrao, ou ao presidente da República, se o projeto já tiver sido enviado para sanção.Não ocorrendo impugnação, será considerada aceita a correção. Caso haja contestação porparte de algum deputado, o Plenário deverá deliberar sobre o assunto.

Uma vez observado inexatidão, lapso ou erro maniesto de texto constante de autó-grao encaminhado pelo Senado à Câmara, caberá à Mesa devolvê-lo ao Senado, para queproceda às correções pertinentes, dando-se conhecimento ao Plenário.

AULA 5 – dos AUtógrAFos

 Art. 200. A proposição aprovada em deinitivo pela Câmara, ou por suas comis-sões, será encaminhada em autógraos à sanção, à promulgação ou ao Senado, con-orme o caso, até a segunda sessão seguinte.§ 1º Os autógraos reproduzirão a redação inal aprovada pelo Plenário, ou pelaComissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, se conclusiva, ou o texto doSenado, não emendado. (Parágrao com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

§ 2º As resoluções da Câmara serão promulgadas pelo presidente no prazo deduas sessões após o recebimento dos autógraos; não o azendo, caberá aos vice-presidentes, segundo a sua numeração ordinal, exercer essa atribuição.

Page 361: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 361/441

Capítulo XIV

367

Comentários

O termo “autógraos”, constante do art. 200, reere-se a documento ocial que con-templa a versão nal de proposição aprovada em caráter denitivo pela Câmara, assinado

pelo presidente da Casa.Se compararmos a redação nal aprovada com os autógraos respectivos, perceberemos

que a dierença entre ambos reside, basicamente, na identicação e assinatura do signa-tário do documento, além de detalhes estéticos como gramatura do papel e impressão dobrasão da República em marca-d’água.

Quanto à determinação de os autógraos reproduzirem a redação nal, saliente-se queesta poderá ser dispensada nos termos do art. 195. Assim, os autógraos podem reproduziro substitutivo, a redação do vencido ou o projeto do Senado, conorme o caso.

A proposição aprovada denitivamente pela Câmara (quer seja pelo seu Plenário, querseja em caráter conclusivo pelas suas comissões) será encaminhada em autógraos, con-orme o caso:

1) à sançãoCaso o processo legislativo bicameral de projeto de lei – ordinária ou comple-mentar – se encerre na Câmara dos Deputados, nos termos dos arts. 65 e 66 daConstituição Federal. Não obstante o Regimento se reerir à sanção, o presidenteda República possui a prerrogativa de sancionar ou vetar o projeto.

2) à promulgaçãoa) pelas Mesas da CD e do SF, no caso de proposta de emenda à Constituição

aprovada nas duas Casas;b) pelo presidente do Senado Federal, na qualidade de presidente da Mesa do

Congresso Nacional, no caso de projetos de decretos legislativos aprovadosseparadamente pelas duas Casas;

c) pelo presidente da Câmara, no caso de projeto de resolução desta.

3) ao Senado Federala) as propostas de emenda à Constituição iniciadas na Câmara dos Deputados,após sua aprovação em dois turnos por 3/5 dos votos, serão encaminhadas aoSenado Federal, que as apreciará;

b) os projetos em que a Câmara atuou como Casa iniciadora serão enviados aoSenado para revisão (CF, art. 65, caput );

c) os projetos emendados pela Câmara em sua atuação como Casa revisora vol-tarão ao Senado para apreciação das emendas exclusivamente (CF, art. 65,parágrao único).

O prazo estabelecido no caput do art. 200 para que a Câmara encaminhe os autógra-os da proposição para a sanção, para a promulgação ou para o Senado Federal é de até asegunda sessão seguinte de sua aprovação. Cumpre inormar, no entanto, que o § 5º do

Page 362: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 362/441

368

Curso de Regimento Interno

art. 58 prevê o prazo de 72 horas para a Câmara enviar ao Senado Federal ou à Presidênciada República, conorme o caso, o projeto de lei apreciado conclusivamente, após a apro-

 vação de sua redação nal.

As resoluções da Câmara deverão ser promulgadas pelo seu presidente dentro do pra-zo de duas sessões do recebimento dos autógraos. Caso não o aça, caberá aos vice-presi-dentes, de acordo com sua numeração ordinal, cumprir essa atribuição.

Page 363: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 363/441

369

Cpítu XV 

Da Méra Suja  Dssçõ Es 

AULA 1 – dA ProPostA dE EmEndA à constitUição

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do SenadoFederal;II – do presidente da República;III – de mais da metade das assembleias legislativas das unidades da ederação,

maniestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção ederal,de estado de deesa ou de estado de sítio.§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, emdois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votosdos respectivos membros.§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dosDeputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:I – a orma ederativa de Estado;II – o voto direto, secreto, universal e periódico;III – a separação dos poderes;IV – os direitos e garantias individuais.§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudica-da não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

J

Page 364: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 364/441

370

Curso de Regimento Interno

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 201. A Câmara apreciará proposta de emenda à Constituição:

I – apresentada pela terça parte, no mínimo, dos deputados; pelo Senado Federal;pelo presidente da República; ou por mais da metade das assembleias legislativas,maniestando-se cada uma pela maioria dos seus membros;II – desde que não se esteja na vigência de estado de deesa ou de estado de sítioe que não proponha a abolição da ederação, do voto direto, secreto, universal eperiódico, da separação dos poderes e dos direitos e garantias individuais.

 Art. 202. A proposta de emenda à Constituição será despachada pelo presidente daCâmara à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, que se pronunciará

sobre sua admissibilidade, no prazo de cinco sessões, devolvendo-a à Mesa com orespectivo parecer. (“Caput” do artigo com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)§ 1º Se inadmitida a proposta, poderá o autor, com o apoiamento de líderes querepresentem, no mínimo, um terço dos deputados, requerer a apreciação prelimi-nar em Plenário.§ 2º Admitida a proposta, o presidente designará comissão especial para o examedo mérito da proposição, a qual terá o prazo de quarenta sessões a partir de suaconstituição para proerir parecer.§ 3º Somente perante a comissão especial poderão ser apresentadas emendas, como mesmo quórum mínimo de assinaturas de deputados e nas condições reeridasno inciso II do artigo anterior, nas primeiras dez sessões do prazo que lhe estádestinado para emitir parecer.§ 4º O relator ou a comissão, em seu parecer, só poderá oerecer emenda ou substitu-tivo à proposta nas mesmas condições estabelecidas no inciso II do artigo precedente.§ 5º Após a publicação do parecer e interstício de duas sessões, a proposta seráincluída na Ordem do Dia.§ 6º A proposta será submetida a dois turnos de discussão e votação, com interstí-

cio de cinco sessões.§ 7º Será aprovada a proposta que obtiver, em ambos os turnos, três quintos dos votos dos membros da Câmara dos Deputados, em votação nominal.§ 8º Aplicam-se à proposta de emenda à Constituição, no que não colidir com oestatuído neste artigo, as disposições regimentais relativas ao trâmite e apreciaçãodos projetos de lei.

 Art. 203. A proposta de emenda à Constituição recebida do Senado Federal, bemcomo as emendas do Senado à proposta de emenda à Constituição oriunda da

Câmara, terá a mesma tramitação estabelecida no artigo precedente.Parágrao único. Quando ultimada na Câmara a aprovação da proposta, será o ato co-municado ao presidente do Senado e convocada sessão para promulgação da emenda.

Page 365: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 365/441

Capítulo XV

371

Comentários

O ordenamento maior da legislação brasileira, a Constituição Federal, pacto político-nacional estabelecido em 1988 pelos representantes do povo brasileiro em assembleia na-

cional constituinte, pode ser modicado mediante a apresentação de proposta de emendaà Constituição (PEC). Quanto à estabilidade, a Constituição de 1988 classica-se comorígida, pois os procedimentos para sua modicação são dierentes dos exigidos para a ela-boração/alteração da legislação inraconstitucional; ou seja, seu processo legislativo é maiscomplexo, e sua aprovação, mais diícil. Nesse sentido, o art. 60 da Carta Magna dispõesobre essas alterações, estabelecendo a orma e as limitações para o seu alcance.

A proposta de emenda à Constituição é o instrumento adequado para se propor aalteração constitucional. Deve ser produzida segundo uma orma preestabelecida e versar

sobre conteúdo previamente limitado pelo legislador constituinte originário (art. 60). Apartir da aprovação da proposta (PEC) nas duas casas legislativas, as Mesas da Câmara edo Senado promulgam a emenda constitucional respectiva, que ingressa no ordenamento

 jurídico com a mesma hierarquia das normas constitucionais originárias.

Não se pode olvidar, contudo, que, por ser obra do poder constituinte derivado, a emen-da à Constituição se sujeita ao controle de constitucionalidade diuso ou concentrado. Issose deve ao ato de o Congresso Nacional, no exercício do poder constituinte derivado re-ormador, sujeitar-se às limitações constitucionais impostas pelo constituinte originário11.

A doutrina classica as limitações ao poder de reorma em dois grupos: 1) limitações ex-pressas; e 2) limitações implícitas (MORAES, 2006, p. 599); ou, como preere Silva (2006b,p. 68), em três grupos: as temporais, as circunstanciais e as materiais (explícitas e implícitas).

Com base no quadro geral sobre limitações ao poder reormador apresentado por Ale- xandre de Moraes (2006, p. 599), incluímos limitações implícitas mencionadas por Nelsonde Souza Sampaio (apud SILVA, 2006b, p. 68) e esquematizamos as limitações ao poderde reorma constitucional como demonstrado a seguir:

11 Para melhor compreensão desse assunto, recomendamos a leitura da obra O p , de Ma-

noel Gonçalves Ferreira Filho, de 2005. Para essa aula, basta-nos entender que poder originário ou poder

constituinte originário é o poder de se estabelecer a Constituição de um Estado, sem limitar-se ao direito

anterior nem condicionar-se a qualquer forma prefixada para manifestação de sua vontade. Poder consti-

tuinte derivado, por sua vez, é poder limitado e condicionado, que se desdobra em: 1) o poder incumbido

de adaptar a Constituição a eventuais situações novas (poder de reforma); 2) o poder de estabelecer a

Constituição dos estados componentes do Estado federal.

Page 366: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 366/441

372

Curso de Regimento Interno

Assim, nos termos do art. 60 da Constituição, as limitações iniciam-se com a restriçãodos agentes que podem apresentar uma proposta de emenda ao texto constitucional. Ape-nas o presidente da República, um terço dos deputados ederais, um terço dos senadores emais da metade das assembleias legislativas (incluída entre essas a Câmara Legislativa doDistrito Federal), pela maioria relativa de seus membros, podem oerecer proposta nessesentido. Ressalte-se a sutil dierença entre os textos constitucional e regimental: um terçodos senadores podem apresentar uma PEC, mas o azem na Casa que compõem. Casotal proposta seja aprovada no Senado Federal, é encaminhada à Câmara dos Deputadoscomo de iniciativa daquele órgão, e não de um terço dos senadores, no mínimo. Por issoo inciso I do art. 60 da CF prevê a apresentação de PEC por “um terço, no mínimo, dosmembros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal”, e o inciso I do art. 201 doRICD estabelece que proposta de emenda à Constituição pode ser “apresentada pela terça

parte, no mínimo, dos deputados; pelo Senado Federal [...]”. (grio nosso)Outra limitação importante a ser observada reere-se às circunstâncias em que o texto

da Carta Magna pode ser modicado. Assim, a Constituição não pode ser alterada na vigência de intervenção ederal (CF, arts. 34 a 36), de estado de deesa (CF, art. 136) oude estado de sítio (CF, art. 137), porque não é aconselhável que o ordenamento maior dopaís seja mudado em meio à instabilidade política vinculada a qualquer das situações elen-cadas. Cumpre-nos observar que a limitação circunstancial reerente à intervenção ederalconsta apenas no texto constitucional, tendo o legislador interno a omitido do Regimento,possivelmente por um descuido na redação.

As cláusulas pétreas, também denominadas de núcleo intangível ou imodicável daCarta Política – o § 4º do art. 60 da Constituição Federal –, não podem ser objeto deproposta de emenda à Constituição (limitação implícita), pois apresentam as limitações

EXPRESSAS

IMPLÍCITAS

• Materiais

• Circunstanciais

• Formais

• A orma ederativa de Estado• O voto direto, secreto, universal e periódico• A separação dos poderes• Os direitos e garantias individuais

• Intervenção ederal• Estado de deesa• Estado de sítio

• Reerentes ao processo legislativo(CF, art. 60, I, II e III, §§ 2º, 3º e 5º)

• Supressão das expressas• Alteração do titular do poder constituinte originário• Alteração do titular do poder constituinte derivado reormador• Alteração do art. 60 da CF que prejudique ou enraqueça o sistema de reorma

da Constituição

• CláusulasPétreasCF, art. 60, § 4º

• CF, art. 60, 4º

Page 367: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 367/441

Capítulo XV

373

materiais explícitas. Logo, estão implicitamente protegidas quanto à reorma constitucio-nal. Desse modo, também não se pode propor alteração ao texto constitucional que tenda aextinguir aquilo que por tais cláusulas se encontra protegido (limitações expressas). Trata-

se de uma escolha política, um compromisso estabelecido pelos constituintes para quehouvesse um núcleo central, imune a sua eliminação por constituir preceitos undamentaispara a manutenção da democracia brasileira. Nesse sentido, não podem ser suprimidosdo texto constitucional a orma ederativa de Estado; o voto direto, secreto, universal eperiódico; a separação dos poderes; e os direitos e garantias individuais. Segundo inormaNoemia Porto (2005, p. 42): “As denominadas ‘cláusulas pétreas’ não signicam artigosespecícos da Constituição que não podem ser emendados, mas ‘ideias’ constitucionaisque não podem ser vulneradas”.

Cumpre salientar o sentido da expressão “tendente a abolir”, constante da abalizadalição de osé Aonso da Silva (2006b, p. 67):

“É claro que o texto não proíbe apenas emendas que expressamente declarem:‘Fica abolida a ederação ou a orma ederativa de Estado’, ‘ca abolido o votodireto...’, ‘passa a vigorar a concentração de poderes’, ou ainda ‘ca extinta aliberdade religiosa, ou de comunicação..., ou o habeas corpus, o mandado de se-gurança...’. A vedação atinge a pretensão de modicar qualquer elemento con-ceitual da ederação, ou do voto direto, ou indiretamente restringir a liberdadereligiosa, ou de comunicação ou outro direito e garantia individual; basta quea proposta de emenda se encaminhe, ainda que remotamente, ‘tenda’ (emendastendentes, diz o texto) para a sua abolição.Assim, por exemplo, a autonomia dos estados ederados assenta na capacida-de de auto-organização, de autogoverno e de autoadministração. Emenda queretire deles parcela dessas capacidades, por mínima que seja, indica tendência aabolir a orma ederativa de Estado. Atribuir a qualquer dos poderes atribuiçõesque a Constituição só outorga a outro importará tendência a abolir o princípioda separação de poderes.”

Para que a Constituição seja modicada, são necessários os votos avoráveis de pelomenos três quintos dos deputados ederais (308 votos) e dos senadores (49 votos), em doisturnos de discussão e votação em cada Casa. Como o processo de análise de uma PEC ébicameral, primeiramente a matéria tramita em uma casa legislativa e, se aprovada, é enca-minhada à outra Casa, que deve conrmar a deliberação procedida na primeira para que aemenda constitucional possa ser promulgada. Caso a PEC seja rejeitada em qualquer dasCâmaras, a matéria não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (CF,art. 60, §§ 2º, 3º e 5º; e RICD, art. 202, §§ 6º e 7º).

Na Câmara dos Deputados, primeiramente a proposta é despachada pelo presidenteà Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, para que se pronuncie sobre a ad-missibilidade no prazo de cinco sessões. O seu parecer deve dispor se a matéria é ou não

Page 368: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 368/441

374

Curso de Regimento Interno

constitucional, ou seja, se viola ou não algum aspecto ormal ou material estabelecido noart. 60 da Carta Magna.

Uma vez admitida, o presidente designa comissão especial para analisar e proerir pa-

recer sobre o mérito da matéria. Esse colegiado dispõe do prazo de quarenta sessões, apartir de sua constituição, para proerir o seu parecer, reservando-se as dez primeiras parao recebimento de emendas dos deputados com, no mínimo, um terço de assinaturas, omesmo quórum exigido para a apresentação da PEC.

Entre a publicação do parecer pela comissão especial e a inclusão da PEC na Ordemdo Dia do Plenário, é observado o interstício (prazo mínimo) de duas sessões, e entre oprimeiro e o segundo turno, cinco sessões.

O art. 203 do RICD determina que, se houver emenda do Senado Federal a proposta

originária da Câmara dos Deputados, a tramitação é reiniciada por completo, inclusive emrelação ao parecer de admissibilidade da CCC.

Aprovado o mesmo texto nas duas casas legislativas, a emenda é promulgada pelasMesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em sessão conjunta e solene (CF,art. 60, § 3º; RICD, art. 202, parágrao único; e RCCN, art. 85).

AULA 2 – dos ProjEtos dE iniciAtivA do PrEsidEntE dA rEPúBLicA com soLicitAção dE UrgênciA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do presidente daRepública, do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores terão início naCâmara dos Deputados.§ 1º O presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de proje-tos de sua iniciativa.§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se ma-

niestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cincodias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa,com exceção das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultimea votação. (Parágrao com redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001.)§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados ar-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrao anterior.§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional,nem se aplicam aos projetos de código.

J

Page 369: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 369/441

Capítulo XV

375

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 204. A apreciação do projeto de lei de iniciativa do presidente da República,

para o qual tenha solicitado urgência, consoante os §§ 1º, 2º e 3º do art. 64 daConstituição Federal, obedecerá ao seguinte:I – indo o prazo de quarenta e cinco dias de seu recebimento pela Câmara, sema maniestação deinitiva do Plenário, o projeto será incluído na Ordem do Dia,sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime sua

 votação;II – a apreciação das emendas do Senado pela Câmara, em unção revisora, ar-se-áno prazo de dez dias, ao término do qual se procederá na orma do inciso anterior.§ 1º A solicitação do regime de urgência poderá ser eita pelo presidente da Repú-blica depois da remessa do projeto e em qualquer ase de seu andamento, aplican-do-se a partir daí o disposto neste artigo.§ 2º Os prazos previstos neste artigo não correm nos períodos de recesso do Con-gresso Nacional nem se aplicam aos projetos de código.

Comentários

O art. 52 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados estabelece os regimes detramitação – urgência, prioridade e rito ordinário – e os seus respectivos prazos: cinco,dez e quarenta sessões, respectivamente. A urgência é regime de tramitação excepcio-nal, podendo decorrer de previsão apenas regimental ou relacionada com a ConstituiçãoFederal. A presente análise reere-se à urgência contemplada no art. 151, I, l , denominada“urgência constitucional”, prerrogativa do presidente da República quanto a projetos de leide sua iniciativa (privativa ou não).

A tramitação da matéria em urgência constitucional solicitada pelo presidente da Re-pública inicia-se pela Câmara dos Deputados, pois é nessa casa legislativa que o chee doExecutivo inaugura o processo de elaboração das leis de sua iniciativa (CF, art. 64). O prazoda urgência previsto no art. 52 do RICD, que é de cinco sessões para a deliberação das co-missões sobre a matéria, aplica-se, também, aos projetos com urgência constitucional. Esta,porém, impõe prazo a cada uma das casas legislativas. Portanto, a Câmara dispõe de 45 diaspara deliberar sobre o projeto e, no caso de aprovação, encaminha a proposição ao SenadoFederal para apreciá-la em igual prazo. Se o Senado emendar o projeto, a Câmara deve apre-ciar as modicações em dez dias. Assim, em regra, o prazo total para apreciação de projetocom urgência constitucional é de cem dias, conorme demonstra a tabela a seguir:

Page 370: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 370/441

376

Curso de Regimento Interno

Urgência Constitucional – Prazos de Tramitação

Câmara dosDeputados Senado Federal Câmara dos Deputados Total

45 dias 45 dias 10 dias 100 dias

Casa iniciadora Casa revisoraAnálise das emendas do SF 

(Casa revisora) pela CD–

Vencidos os prazos mencionados sem a maniestação denitiva, todas as demais deli-berações legislativas da Casa onde se encontrar a proposição, exceto as que tenham prazo

constitucional, como é o caso das medidas provisórias, cam sobrestadas até que seja apro- vado ou rejeitado o projeto de lei com urgência constitucional.

Observe, portanto, que o inciso I do art. 204 carece de modicação para se ajustar aosditames do § 2° do art. 64 da CF, com nova redação dada pela EC nº 32/2001, no queconcerne ao não sobrestamento da pauta em relação à matéria com prazo constitucionaldeterminado (como é o caso das medidas provisórias).

Caso o Congresso Nacional esteja em recesso em qualquer período compreendido de18/7 a 31/7 e 23/12 a 1º/2 (período destinado ao recesso parlamentar, nos termos da EC

nº 50, de 2006), a Casa em que o projeto estiver tramitando deverá suspender a contagemdos prazos de 45 ou 10 dias, conorme o caso, pelo tempo que durar o recesso congressual.

Como se nota, a urgência solicitada pelo presidente da República é uma aculdadedeste para imprimir celeridade à apreciação pelo Congresso Nacional das matérias neces-sárias à execução das prioridades do governo por ele estabelecidas.

Por m, o processo legislativo em regime de urgência constitucional não é aplicávelà apreciação de projetos de código. Estudaremos na próxima aula peculiaridades da ela-boração da legislação codicada denominada código, porém adiantamos que, nos termos

do art. 7º da Lei Complementar nº 95, de 1998 (e alterações), as codicações podemtratar de mais de um assunto e, em regra, os códigos disciplinam vários, razão pela qualseus projetos estão excetuados da urgência constitucional, que impõe prazos exíguos paradeliberação parlamentar.

Cumpre salientar que a solicitação de urgência pode ser requerida pelo chee do PoderExecutivo depois do encaminhamento do projeto e em qualquer ase de sua tramitação,aplicando-se a partir desse momento o estatuído no RICD.

De igual orma, conquanto não haja previsão expressa, admite-se que o presidente daRepública retire a solicitação de urgência quando lhe aprouver.

Page 371: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 371/441

Capítulo XV

377

AULA 3 – dos ProjEtos dE código

 Art. 205. Recebido o projeto de código ou apresentado à Mesa, o presidente comu-

nicará o ato ao Plenário e determinará a sua inclusão na Ordem do Dia da sessãoseguinte, sendo publicado e distribuído em avulsos.§ 1º No decurso da mesma sessão, ou logo após, o presidente nomeará comissãoespecial para emitir parecer sobre o projeto e as emendas.§ 2º A comissão se reunirá no prazo de duas sessões a partir de sua constituiçãopara eleger seu presidente e três vice-presidentes.§ 3º O presidente da comissão designará em seguida o relator-geral e tantos relato-res-parciais quantos orem necessários para as diversas partes do código.

§ 4º As emendas serão apresentadas diretamente na comissão especial, durante oprazo de vinte sessões consecutivas contado da instalação desta, e encaminhadas, àproporção que orem oerecidas, aos relatores das partes a que se reerirem.§ 5º Após encerrado o período de apresentação de emendas, os relatores-parciaisterão o prazo de dez sessões para entregar seus pareceres sobre as respectivas partese as emendas que a eles tiverem sido distribuídas.§ 6º Os pareceres serão imediatamente encaminhados ao relator-geral, que emitiráo seu parecer no prazo de quinze sessões contado daquele em que se encerrar o dosrelatores-parciais.

§ 7º Não se ará a tramitação simultânea de mais de dois projetos de código.(Parágrao acrescido pela Resolução nº 33, de 1999.)§ 8º A Mesa só receberá projeto de lei para tramitação na orma deste capítulo,quando a matéria, por sua complexidade ou abrangência, deva ser apreciada comocódigo. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 33, de 1999.)

 Art. 206. A comissão terá o prazo de dez sessões para discutir e votar o projeto eas emendas com os pareceres.Parágrao único. A comissão, na discussão e votação da matéria, obedecerá às se-

guintes normas:I – as emendas com parecer contrário serão votadas em globo, salvo os destaquesrequeridos por um décimo dos deputados, ou líderes que representem esse número;II – as emendas com parecer avorável serão votadas em grupo para cada relator-par-cial que as tiver relatado, salvo destaque requerido por membro da comissão ou líder;III – sobre cada emenda destacada, poderá alar o autor, o relator-geral e o relator-parcial, bem como os demais membros da comissão, por cinco minutos cada um,improrrogáveis;IV – o relator-geral e os relatores-parciais poderão oerecer, juntamente com seus

pareceres, emendas que serão tidas como tais, para eeitos posteriores, somente seaprovadas pela comissão;

Page 372: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 372/441

378

Curso de Regimento Interno

V – concluída a votação do projeto e das emendas, o relator-geral terá cinco sessõespara apresentar o relatório do vencido na comissão.

 Art. 207. Publicados e distribuídos em avulsos, dentro de duas sessões, o projeto,as emendas e os pareceres, proceder-se-á à sua apreciação no Plenário, em turnoúnico, obedecido o interstício regimental.§ 1º Na discussão do projeto, que será uma só para toda a matéria, poderão alaros oradores inscritos pelo prazo improrrogável de quinze minutos, salvo o relator-geral e os relatores-parciais, que disporão de trinta minutos.§ 2º Poder-se-á encerrar a discussão mediante requerimento de líder, depois de de-batida a matéria em cinco sessões, se antes não or encerrada por alta de oradores.§ 3º A Mesa destinará sessões exclusivas para a discussão e votação dos projetosde código.

 Art. 208. Aprovados o projeto e as emendas, a matéria voltará à comissão especial,que terá cinco sessões para elaborar a redação inal.§ 1º Publicada e distribuída em avulsos, a redação inal será votada independente-mente de discussão, obedecido o interstício regimental.§ 2º As emendas à redação inal serão apresentadas na própria sessão e votadasimediatamente, após parecer oral do relator-geral ou relator-parcial.

 Art. 209. O projeto de código aprovado será enviado ao Senado Federal no prazode até cinco sessões, acompanhado da publicação de todos os pareceres que o ins-truíram na tramitação.

 Art. 210. As emendas do Senado Federal ao projeto de código irão à comissão es-pecial, que terá dez sessões para oerecer parecer sobre as modi icações propostas.§ 1º Publicadas as emendas e o parecer, dentro de duas sessões o projeto será in-cluído em Ordem do Dia.§ 2º Na discussão, serão debatidas somente as emendas do Senado Federal.§ 3º É lícito cindir a emenda do Senado Federal para votar separadamente cadaartigo, parágrao, inciso e alínea dela constante.§ 4º O projeto aprovado deinitivamente será enviado à sanção no prazo impror-rogável de três sessões.§ 5º O projeto de código recebido do Senado Federal para revisão obedecerá àsnormas previstas neste capítulo. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 33, de 1999.)

 Art. 211. A requerimento da comissão especial, sujeito à deliberação do Plenário,os prazos previstos neste capítulo poderão ser:I – prorrogados até o dobro e, em casos excepcionais, até o quádruplo;

II – suspensos, conjunta ou separadamente, até cento e vinte sessões, sem prejuízodos trabalhos da comissão, prosseguindo-se a contagem dos prazos regimentais detramitação indo o período da suspensão.

Page 373: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 373/441

Capítulo XV

379

Comentários

Na aula anterior, nos reerimos a código como legislação codicada; nesse comentário,porém, aditamos a inormação de que nem toda codicação recebe o nome de código. A

esse respeito, recorremos ao ensinamento de osé Aonso da Silva (2006b, p. 531):

“Em síntese, tem-se codicação quando se organiza sistematicamente, numcorpo de normas, relativamente extenso, a totalidade das disposições e prescri-ções de um setor da ordem jurídica. Não é necessário que esse corpo de normasreceba o nome de código para que tenha essa natureza. Estatutos do Funciona-lismo, Estatuto da Criança e Adolescentes etc. são tipos de código.”

Pelo exposto, arma-se que o projeto de código tem natureza especial, razão pela qual

o Regimento Interno da Câmara dos Deputados lhe coneriu rito próprio de tramitação,incluindo-o no seu Título VI, reerente às matérias sujeitas a disposições especiais.

Os códigos Penal, Tributário, Processual Civil, entre outros, são rutos dessa espéciede projeto, que dispõe sobre assuntos muito diversos e de elevada abrangência. O Projetodo Código Civil, por exemplo, que tramitou no Congresso Nacional durante 26 anos eresultou na promulgação da Lei nº 10.406, de 10/1/2002, dispõe sobre os direitos da per-sonalidade, das coisas, das obrigações, da empresa, da amília, das sucessões, além de outrosassuntos. Merece, portanto, tratamento dierenciado, já que numa mesma norma abordauma série de direitos reerentes à cidadania.

Para viabilizar a sua tramitação, o presidente da Câmara dos Deputados nomeia co-missão especial para apreciar, exclusivamente, o projeto e as emendas a ele apresentadas.A ase de emendamento se cumpre na própria CESP durante vinte sessões consecutivas apartir da instalação. Frisamos não haver previsão regimental para oerecimento de emen-das durante a discussão do projeto de código em Plenário, ao contrário do que ocorre comos projetos em geral. Tal qual ocorre com as propostas de emenda à Constituição (matériatambém sujeita a disposições especiais), durante a votação em Plenário do projeto de có-digo são cabíveis emendas aglutinativas (art. 122).

O presidente do colegiado designa relator-geral e tantos relatores-parciais quantosorem necessários. A cada um destes compete emitir parecer sobre uma das diversas partesda proposição e respectivas emendas no prazo de dez sessões. Cabe ao relator-geral, sub-sidiado pelo pronunciamento dos relatores-parciais, elaborar o parecer sobre o projeto emsua totalidade dentro de quinze sessões.

Caso algum projeto vise a modicações pontuais em determinado código já em vigor,a matéria tramita como projeto de lei (ordinária ou complementar, conorme o caso), poissomente é recebido como projeto de código aquele cuja abrangência ou complexidade da

matéria o justique. A título de ilustração, mencionamos a Lei nº 10.050, de 2000, quealterou o artigo 1.611 do Código Civil (de 1916), estendendo o beneício do § 2º ao lhonecessitado portador de deciência. Essa lei é oriunda do PLS nº 281, de 1999, que trami-tou na Câmara na orma do PL nº 2.287, de 1999, em regime de prioridade, e dispensou a

Page 374: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 374/441

380

Curso de Regimento Interno

apreciação do Plenário, nos termos do art. 24, II. á a Lei nº 10.406, de 2002, que instituio Código Civil (que substituiu o de 1916), originou-se do PL nº 634, de 1975, o qualtramitou como projeto de código em razão de sua abrangência e complexidade.

Mesmo considerando a importância do projeto de código, ele é submetido a apenasum turno de discussão e votação, mas são reservadas sessões exclusivas para seu debate emPlenário e respectiva votação (art. 207, caput , e § 3º).

Os prazos do projeto de código, que são relativamente longos, podem ser prorrogadosaté o dobro e, excepcionalmente, até o quádruplo, bem como serem suspensos por até 120sessões, sem prejuízo dos trabalhos da comissão (art. 211).

O projeto de código aprovado na Câmara será encaminhado, conorme o caso, aoSenado Federal em até cinco sessões ou à sanção presidencial no prazo improrrogável de

três sessões (arts. 209 e 210, § 4º). Lembre-se de que a regra para envio das proposiçõesem geral à sanção, à promulgação ou ao Senado, conorme o caso, é até a segunda sessãoseguinte após sua aprovação denitiva em Plenário (art. 200, caput ). Há ainda o prazoregimental de 72 horas para encaminhamento à revisão do Senado Federal ou à Presi-dência da República, de acordo com o estágio em que o projeto se encontre no processolegislativo bicameral, das matérias apreciadas em caráter denitivo pelas comissões, seminterposição de recurso ou em razão da rejeição deste (art. 58, § 5º).

Caso o projeto de código tramite no Congresso Nacional por mais de três legislaturas,antes de sua discussão nal na Casa que o encaminhará à sanção, será ele submetido a umarevisão para a sua adequação às alterações constitucionais e legais promulgadas desde suaapresentação (RCCN, art. 139-A).

AULA 4 – dos ProjEtos dE consoLidAção

(Capítulo do RICD acrescido pela Resolução nº 33, de 1999)

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 59. ..................................................................................................................................................................................................................................................................Parágrao único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração econsolidação das leis.

J

Page 375: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 375/441

Capítulo XV

381

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

  Art. 212. A Mesa Diretora, qualquer membro ou comissão da Câmara dos

Deputados poderá ormular projeto de consolidação, visando à sistematização, àcorreção, ao aditamento, à supressão e à conjugação de textos legais, cuja elabora-ção cingir-se-á aos aspectos ormais, resguardada a matéria de mérito.§ 1º A Mesa Diretora remeterá o projeto de consolidação ao Grupo de Trabalho deConsolidação das Leis e à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, queo examinarão, vedadas as alterações de mérito.§ 2º O Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis, recebido o projeto de con-solidação, á-lo-á publicar no Diário Oicial e no Diário da Câmara dos Deputados,a im de que, no prazo de trinta dias, a ele sejam oerecidas sugestões, as quais, seor o caso, serão incorporadas ao texto inicial, a ser encaminhado, em seguida, aoexame da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania. ( Artigo com redaçãodada pela Resolução nº 33, de 1999, e adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

 Art. 213. O projeto de consolidação, após a apreciação do Grupo de Trabalho deConsolidação das Leis e da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania,será submetido ao Plenário da Casa. (“Caput” do artigo com redação adaptada à Re-solução nº 20, de 2004.)§ 1º Veriicada a existência de dispositivos visando à alteração ou supressão de ma-téria de mérito, deverão ser ormuladas emendas, visando à manutenção do textoda consolidação.§ 2º As emendas apresentadas em Plenário consoante o disposto no parágraoanterior deverão ser encaminhadas à Comissão de Constituição e ustiça e de Ci-dadania, que sobre elas emitirá parecer, sendo-lhe acultada, para tanto e se or ocaso, a requisição de inormações junto ao Grupo de Trabalho de Consolidação dasLeis. (Parágrao com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)§ 3º As emendas aditivas apresentadas ao texto do projeto visam à adoção de nor-

mas excluídas, e as emendas supressivas, à retirada de dispositivos conlitantes comas regras legais em vigor.§ 4º O relator proporá, em seu voto, que as emendas consideradas de mérito, isoladaou conjuntamente, sejam destacadas para ins de constituírem projeto autônomo,o qual deverá ser apreciado pela Casa, dentro das normas regimentais aplicáveis àtramitação dos demais projetos de lei.§ 5º As alterações propostas ao texto, ormuladas com ulcro nos dispositivos ante-riores, deverão ser undamentadas com a indicação do dispositivo legal pertinente.§ 6º Após o pronunciamento deinitivo da Comissão de Constituição e ustiça

e de Cidadania, o projeto de consolidação será encaminhado ao Plenário, tendopreerência para inclusão em Ordem do Dia. ( Artigo com redação dada pela Resoluçãonº 33, de 1999, e parágrao com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

Page 376: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 376/441

382

Curso de Regimento Interno

Comentários

As leis complementares nos 95, de 1998, e 107, de 2001, decorrentes da previsão conti-da no parágrao único do art. 59 da Constituição Federal de 1988, dispõem, entre outros

assuntos, sobre a consolidação das leis brasileiras. Trata-se do agrupamento das normas jurídicas que disciplinam a mesma matéria, com vistas a evitar a dispersão das leis, uma vez que há milhares de normas aprovadas no Brasil desde a promulgação da ConstituiçãoFederal de 1946. A título de exemplo, até junho de 2011 haviam sido publicadas mais de12.400 leis ordinárias no âmbito ederal.

Assim, a Câmara dos Deputados, mediante a aprovação da Resolução nº 33, de 1999,que incluiu o Capítulo III-A (arts. 212 e 213) ao Título VI de seu Regimento Interno,regulamentou a matéria. Essa resolução, além de inserir o Grupo de Trabalho de Conso-

lidação das Leis (GTCL) – criado em 1997 por Ato da Presidência da Casa – no textoregimental, conerindo-lhe, assim, status de órgão permanente da Câmara dos Deputados,disciplinou o processo de consolidação das leis no âmbito da Câmara dos Deputados,denindo a tramitação dos projetos de lei com esse objetivo nessa Casa.

Dessa orma, os projetos de lei de consolidação deverão ser despachados ao Grupo de Trabalho de Consolidação das Leis e à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania(CCC) para exame, vedadas as alterações de mérito. Esse projeto não se sujeita ao poderconclusivo das comissões; portanto, após o pronunciamento do GTCL e da CCC, oprojeto ainda precisará ser apreciado pelo Plenário da Casa antes de ser encaminhado aoSenado Federal ou à sanção, conorme o caso.

É importante destacar que o projeto de lei de consolidação visa à sistematização, à corre-ção, ao aditamento, à supressão e à conjugação dos textos legais e, por isso, deve se restringiraos aspectos ormais, não lhe sendo permitido abranger qualquer modicação que aeteo mérito da matéria. Com vistas ao aprimoramento do texto a ser consolidado, o projetosujeita-se a receber sugestões, que podem ser apresentadas no GTCL nos trinta dias que seseguirem à publicação do projeto, assim como emendas. Havendo emendas de mérito, o re-lator deverá propor que essas sejam destacadas para ns de constituírem projeto autônomo.

Por sua vez, a apresentação de emendas é prerrogativa parlamentar, mas a sociedade podeparticipar desse processo por meio do oerecimento de sugestões ao GTCL.

Após o pronunciamento denitivo da CCC, o projeto é encaminhado ao Plenário,tendo preerência para inclusão na Ordem do Dia.

Page 377: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 377/441

Capítulo XV

383

AULA 5 – dAs mAtériAs dE nAtUrEzA PEriódicA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:........................................................................................................................................VII – ixar idêntico subsídio para os deputados ederais e os senadores, observadoo que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; ( Inciso comredação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998.)VIII – ixar os subsídios do presidente e do vice-presidente da República e dos mi-nistros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,III, e 153, § 2º, I; ( Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998.)

........................................................................................................................................

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 214. À Comissão de Finanças e Tributação incumbe elaborar, no último anode cada legislatura, o projeto de decreto legislativo destinado a ixar a remuneração

e a ajuda de custo dos membros do Congresso Nacional, a vigorar na legislaturasubsequente, bem assim a remuneração do presidente e do vice-presidente da Re-pública e dos ministros de Estado para cada exercício inanceiro, observado o quedispõem os arts. 150, II, e 153, III e § 2º, I, da Constituição Federal.§ 1º Se a comissão não apresentar, durante o primeiro semestre da última sessãolegislativa da legislatura, o projeto de que trata este artigo, ou não o izer nesse in-terregno qualquer deputado, a Mesa incluirá na Ordem do Dia, na primeira sessãoordinária do segundo período semestral, em orma de proposição, as disposiçõesrespectivas em vigor.§ 2º O projeto mencionado neste artigo igurará na Ordem do Dia durante cincosessões para recebimento de emendas, sobre as quais a Comissão de Finanças e

 Tributação emitirá parecer no prazo improrrogável de cinco sessões.

J

Page 378: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 378/441

384

Curso de Regimento Interno

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

........................................................................................................................................IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo presidente da República e apreciaros relatórios sobre a execução dos planos de governo;................................................................................................................................................................................................................................................................................

 Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:........................................................................................................................................II – proceder à tomada de contas do presidente da República, quando não apre-

sentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessãolegislativa;................................................................................................................................................................................................................................................................................

 Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com oauxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo presidente da República, medianteparecer prévio, que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

................................................................................................................................................................................................................................................................................

 Art. 84. Compete privativamente ao presidente da República:........................................................................................................................................

 XXIV – prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias apósa abertura da sessão legislativa, as contas reerentes ao exercício anterior;........................................................................................................................................

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 215. À Comissão de Finanças e Tributação incumbe proceder à tomada decontas do presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacio-nal dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.§ 1º A comissão aguardará, para pronunciamento deinitivo, a organização das

contas do exercício, que deverá ser eita por uma subcomissão especial, com o au- xílio do Tribunal de Contas da União, dentro de sessenta sessões.

Page 379: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 379/441

Capítulo XV

385

§ 2º A subcomissão especial compor-se-á, pelo menos, de tantos membros quantosorem os órgãos que iguraram no Orçamento da União reerente ao exercício an-

terior, observado o princípio da proporcionalidade partidária.§ 3º Cada membro da subcomissão especial será designado relator-parcial da to-mada de contas relativas a um órgão orçamentário.§ 4º A subcomissão especial terá amplos poderes, mormente os reeridos nos §§ 1ºa 4º do art. 61, cabendo-lhe convocar os responsáveis pelo sistema de controle in-terno e todos os ordenadores de despesa da administração pública direta, indireta eundacional dos três poderes, para comprovar, no prazo que estabelecer, as contasdo exercício indo, na conormidade da respectiva lei orçamentária e das alteraçõeshavidas na sua execução.

§ 5º O parecer da Comissão de Finanças e Tributação será encaminhado, atravésda Mesa da Câmara, ao Congresso Nacional, com a proposta de medidas legais eoutras providências cabíveis.§ 6º A prestação de contas, após iniciada a tomada de contas, não será óbice àadoção e continuidade das providências relativas ao processo por crime de respon-sabilidade nos termos da legislação especial.

 Art. 32. .................................................................................................................................................................................................................................................................

 XI – Comissão de Fiscalização Financeira e Controle:a) tomada de contas do presidente da República, na hipótese do art. 51, II,

da Constituição Federal;........................................................................................................................................

Comentários

d pj fçã mçã mmb cg

n, p v-p rpb m e

No último ano de cada legislatura, a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) daCâmara dos Deputados deve elaborar o projeto de decreto legislativo que xa a remune-ração e a ajuda de custo dos membros do Congresso Nacional que atuarão na legislaturasubsequente, bem como a remuneração do presidente e do vice-presidente da República edos ministros de Estado para cada exercício nanceiro.

Independentemente da autoria do projeto, essa matéria sujeita-se à apreciação do

Plenário, sendo a ase de emendamento correspondente às cinco sessões em que o pro- jeto constar na Ordem do Dia. Se orem oerecidas emendas em Plenário, o projeto seráencaminhado à CFT, que deverá proerir parecer a essas proposições acessórias no prazoimprorrogável de cinco sessões.

Page 380: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 380/441

386

Curso de Regimento Interno

Por orça do Decreto Legislativo nº 805, de 2010, originado do Projeto de DecretoLegislativo nº 3.036, de 2010, de autoria da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, oixado idêntico subsídio para deputados e senadores, presidente e vice-presidente da Re-

pública e ministros de Estado, com eeitos nanceiros a partir de 1º de evereiro de 2011.Para eeito de inormação, o Decreto Legislativo nº 444, de 2002, que dispôs sobre

a remuneração dos membros do Congresso Nacional durante a 52ª Legislatura (2003a 2006), originou-se do Projeto de Decreto Legislativo nº 2.660, de 2002, de autoria daMesa da Câmara dos Deputados. Curiosamente, o reerido projeto somente oi apresenta-do em 17/12/2002 – ou seja, no transcurso da sexta sessão legislativa extraordinária da 51ªLegislatura –, aditado à pauta de convocação, juntamente com outras matérias, e aprovadona Câmara no dia seguinte. Em seguida, oi encaminhado ao Senado e, ao longo de doisdias, aprovado nessa Casa e promulgado.

Nos termos do inciso VII do art. 49 da Constituição, deputados e senadores recebemidênticos subsídios. Até a promulgação do Decreto Legislativo nº 805, de 2010, não se ado-tava, necessariamente, a equivalência entre a remuneração do presidente e do vice-presidenteda República, nem ainda entre a recebida por esses e a percebida pelos ministros de Estado.A título de exemplo, em 1995, no Projeto de Decreto Legislativo nº 451, transormado noDecreto Legislativo nº 6, de 1995, constavam os seguintes valores de remuneração mensal:R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais) para o presidente e R$ 8.000,00 (oito mil reais)tanto para o vice-presidente da República como para os ministros de Estado.

Cabe lembrar, todavia, que o subsídio dos membros do Poder Legislativo, do presi-dente e do vice-presidente da República e dos ministros de Estado não poderá excedero subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 37,

 XI – EC nº 43, de 2001).

d m p rpb

O art. 215 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados regulamenta a toma-da de contas do presidente da República. Trata-se de competência privativa da Câmara

dos Deputados a ser exercida quando o presidente da República não prestar contas doexercício anterior no prazo constitucional. Nesse sentido, o inciso XXIV do art. 84 daConstituição Federal dispõe que o chee do Poder Executivo deve prestar, ao CongressoNacional, anualmente, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (2 deevereiro – EC nº 50, de 2006), as contas reerentes ao exercício anterior.

A não prestação de contas ao Congresso Nacional no prazo determinado pela Constitui-ção impõe à Câmara dos Deputados o dever de proceder à sua tomada, podendo a omissãoou atraso por parte do presidente da República resultar em crime de responsabilidade.

O art. 215 do RICD incumbe à Comissão de Finanças e Tributação proceder à re-erida tomada. Ocorre que a Resolução nº 77, de 1995, posterior à Resolução nº 17, de1989, que aprovou o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, delegou à Comissãode Fiscalização Financeira e Controle a competência para instaurar o processo reerente à

Page 381: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 381/441

Capítulo XV

387

tomada de contas do presidente da República, revogando implicitamente a nomeação daComissão de Finanças e Tributação nessa responsabilidade, pois não se procedeu à devidaalteração no caput do art. 215.

A CFFC cria, em seu âmbito, subcomissão especial responsável por organizar as con-tas, com o apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), órgão auxiliar do CongressoNacional no controle externo. A subcomissão tem amplos poderes para empregar os meiosnecessários aos exames das contas governamentais.

Caso o presidente da República preste as contas durante o processo de tomada, tal atonão constituirá impedimento para a continuidade das providências relativas ao processopor crime de responsabilidade.

AULA 6 – do rEgimEnto intErno

  Art. 216. O Regimento Interno poderá ser modiicado ou reormado por meiode projeto de resolução de iniciativa de deputado, da Mesa, de comissão perma-nente ou de comissão especial para esse im criada, em virtude de deliberação daCâmara, da qual deverá azer parte um membro da Mesa.§ 1º O projeto, após publicado e distribuído em avulsos, permanecerá na Ordem doDia durante o prazo de cinco sessões para o recebimento de emendas.

§ 2º Decorrido o prazo previsto no parágrao anterior, o projeto será enviado:I – à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, em qualquer caso; ( Incisocom redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)II – à comissão especial que o houver elaborado, para exame das emendas recebidas;III – à Mesa, para apreciar as emendas e o projeto.§ 3º Os pareceres das comissões serão emitidos no prazo de cinco sessões, quando oprojeto or de simples modiicação, e de vinte sessões, quando se tratar de reorma.§ 4º Depois de publicados os pareceres e distribuídos em avulsos, o projeto será in-cluído na Ordem do Dia, em primeiro turno, que não poderá ser encerrado, mesmo

por alta de oradores, antes de transcorridas duas sessões.§ 5º O segundo turno não poderá ser também encerrado antes de transcorridasduas sessões.§ 6º A redação do vencido e a redação inal do projeto competem à comissão espe-cial que o houver elaborado, ou à Mesa, quando de iniciativa desta, de deputadosou comissão permanente.§ 7º A apreciação do projeto de alteração ou reorma do Regimento obedecerá àsnormas vigentes para os demais projetos de resolução.

§ 8º A Mesa ará a consolidação e publicação de todas as alterações introduzidasno Regimento antes de indo cada biênio.

Page 382: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 382/441

388

Curso de Regimento Interno

Comentários

O art. 216 do RICD prevê que o Regimento Interno pode ser modicado ou reorma-do mediante procedimentos especiais.

De acordo com o Dicionário Michaelis (1998, p. 1799), o termo “reormar” pode as-sumir, além de outros, o sentido de mudar, no todo ou em parte, reorganizar, atualizar. Porsua vez, o vocábulo “modicar” pode signicar, entre outras coisas, mudar a orma ou aqualidade. Todavia, ambos podem assumir a semântica de corrigir ou emendar.

Nesse sentido, se, por um lado, seria diícil precisar o signicado das palavras “mo-dicado” e “reormado” constantes do caput  do art. 216 e, assim, distinguir modicaçãoregimental de reorma regimental, por outro lado percebe-se a utilização do vocábulo“reorma” associado a vultosas mudanças, como reorma política, reorma do udiciário,

reorma trabalhista e reorma universitária, as quais não pretendem pequenas alterações nalei respectiva, senão substancial reestruturação na legislação que disciplina o assunto. Ade-mais, a dierença do prazo regimental para emissão de pareceres (cinco ou vinte sessões,conorme o caso) nos inclina a armar que “modicação” deve ser entendida como peque-nas alterações no conteúdo regimental, enquanto “reorma” enseja grandes transormações.Logo, dependendo da abrangência da proposição, os ritos são distintos.

As mudanças no texto do Regimento devem ocorrer por meio de projeto de resolução(art. 109, III,   ). Podem propô-lo qualquer deputado ederal, a Mesa Diretora, comissão

permanente ou, ainda, comissão especial criada exclusivamente para estudar a matéria.Essa CESP, espécie de comissão temporária, pode ser criada com a nalidade de analisara necessidade de se propor modicação ou reorma regimental.

O prazo para a emissão de pareceres é variável: cinco sessões quando se tratar de sim-ples modicação e vinte sessões se reerente a reorma, já que neste caso a análise deve sermais abrangente.

Duas peculiaridades desses tipos de projeto de resolução devem ser observadas. Umadelas reere-se aos dois turnos de discussão e votação aos quais a matéria se submete.A outra relaciona-se ao ato de que o projeto não se sujeita à apreciação conclusiva dascomissões, devendo submeter-se à deliberação do Plenário. Lembre-se de que apenas pro-

 jetos de lei ordinária podem ser apreciados conclusivamente pelas comissões (art. 24, II)e que, em regra, as proposições, inclusive os projetos de resolução, tramitam em turnoúnico (art. 148). O art. 109, III, lista diversos assuntos e situações que podem ser objetode projeto de resolução.

Cabe ressaltar que os membros da Mesa não podem azer parte de comissão especial(RICD, art. 14, § 5º), salvo nesse caso, ou seja, quando or criada CESP para modicar oureormar o Regimento Interno, situação em que ará parte, necessariamente, um membro

da Mesa Diretora.A maioria das alterações regimentais ocorrem sem a criação de CESP. Nesses casos, o

projeto e respectivas emendas são analisados pela CCC e pela Mesa, antes de sua apre-

Page 383: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 383/441

Capítulo XV

389

ciação em Plenário. Se o projeto or de autoria de comissão especial, acrescentar-se-á à suatramitação o exame por esta CESP das emendas ao projeto, se houver.

Em cada turno de apreciação em Plenário, o projeto em comento deverá constar da

Ordem do Dia por, no mínimo, duas sessões. Por exemplo, caso a discussão seja encerradana primeira sessão em que a matéria or apreciada em Plenário, em vez de proceder-seimediatamente à votação, se houver número e não orem apresentadas emendas (art. 180,§ 1º), a proposição deve ser novamente pautada, ou seja, incluída pela segunda vez emOrdem do Dia, oportunidade em que poderá ser denitivamente deliberada.

A redação do vencido e a redação nal das proposições em geral, inclusive de projetosde resolução, competem à CCC (art. 32, IV, q ). No caso especíco de projeto de resoluçãoque modique ou reorme o Regimento Interno, essas incumbências serão da CESP que

houver elaborado o projeto ou da Mesa nos demais casos (arts. 197 e 216, § 6º).Para sistematizar as mudanças regimentais, a Mesa Diretora consolida e publica a cadabiênio as alterações aprovadas.

AULA 7 – dos ProcEssos contrA o PrEsidEntE dA rEPúBLicA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra opresidente e o vice-presidente da República e os ministros de Estado;........................................................................................................................................

 Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:I – processar e julgar o presidente e o vice-presidente da República nos crimes deresponsabilidade, bem como os ministros de Estado e os comandantes da Mari-nha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos comaqueles; ( Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999.)

........................................................................................................................................

........................................................................................................................................

 Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do presidente da República queatentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:I – a existência da União;II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder udiciário, do Ministério Pú-blico e dos poderes constitucionais das unidades da ederação;

Page 384: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 384/441

390

Curso de Regimento Interno

III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;IV – a segurança interna do país;

V – a probidade administrativa;VI – a lei orçamentária;VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais;Parágrao único. Esses crimes serão deinidos em lei especial, que estabelecerá asnormas de processo e julgamento.

 Art. 86. Admitida a acusação contra o presidente da República, por dois terçosda Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo

 Tribunal Federal, nas inrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, noscrimes de responsabilidade.§ 1º O presidente icará suspenso de suas unções:I – nas inrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Su-premo Tribunal Federal;II – nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo SenadoFederal.§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver conclu-ído, cessará o aastamento do presidente, sem prejuízo do regular prosseguimentodo processo.

§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas inrações comuns, o pre-sidente da República não estará sujeito a prisão.§ 4º O presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser respon-sabilizado por atos estranhos ao exercício de suas unções.........................................................................................................................................

 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda daConstituição, cabendo-lhe:I – processar e julgar, originariamente:

........................................................................................................................................b) nas inrações penais comuns, o presidente da República, o vice-presi-dente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios ministros e oprocurador-geral da República;

c) nas inrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os mi-nistros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-ronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos tribunaissuperiores, os do Tribunal de Contas da União e os chees de missãodiplomática de caráter permanente; ( Alínea com redação dada pela Emenda

Constitucional nº 23, de 1999.)........................................................................................................................................

Page 385: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 385/441

Capítulo XV

391

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 217. A solicitação do presidente do Supremo Tribunal Federal para instauraçãode processo, nas inrações penais comuns, contra o presidente e o vice-presidenteda República e os ministros de Estado será recebida pelo presidente da Câmarados Deputados, que notiicará o acusado e despachará o expediente à Comissão deConstituição e ustiça e de Cidadania, observadas as seguintes normas: (“Caput” doartigo com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)I – perante a comissão, o acusado ou seu advogado terá o prazo de dez sessões para,querendo, maniestar-se;

II – a comissão proerirá parecer dentro de cinco sessões contadas do oerecimentoda maniestação do acusado ou do término do prazo previsto no inciso anterior,concluindo pelo deerimento ou indeerimento do pedido de autorização;III – o parecer da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania será lido noexpediente, publicado no Diário da Câmara dos Deputados, distribuído em avulsose incluído na Ordem do Dia da sessão seguinte à de seu recebimento pela Mesa;( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)IV – encerrada a discussão, será o parecer submetido a votação nominal, pelo pro-

cesso da chamada dos deputados.§ 1º Se, da aprovação do parecer por dois terços dos membros da Casa, resultaradmitida a acusação, considerar-se-á autorizada a instauração do processo.§ 2º A decisão será comunicada pelo presidente ao Supremo Tribunal Federal dentrodo prazo de duas sessões. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 22, de 1992.)

 Art. 218. É permitido a qualquer cidadão denunciar à Câmara dos Deputados opresidente da República, o vice-presidente da República ou ministro de Estado porcrime de responsabilidade.§ 1º A denúncia, assinada pelo denunciante e com irma reconhecida, deverá seracompanhada de documentos que a comprovem ou da declaração de impossibili-dade de apresentá-los, com indicação do local onde possam ser encontrados, bemcomo, se or o caso, do rol das testemunhas, em número de cinco, no mínimo.§ 2º Recebida a denúncia pelo presidente, veriicada a existência dos requisitos deque trata o parágrao anterior, será lida no expediente da sessão seguinte e despa-chada à comissão especial eleita, da qual participem, observada a respectiva pro-porção, representantes de todos os partidos.§ 3º Do despacho do presidente que indeerir o recebimento da denúncia, caberá

recurso ao Plenário.§ 4º Do recebimento da denúncia será notiicado o denunciado para maniestar-se,querendo, no prazo de dez sessões.

Page 386: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 386/441

392

Curso de Regimento Interno

§ 5º A comissão especial se reunirá dentro de quarenta e oito horas e, depois deeleger seu presidente e relator, emitirá parecer em cinco sessões contadas do oere-

cimento da maniestação do acusado ou do término do prazo previsto no parágraoanterior, concluindo pelo deerimento ou indeerimento do pedido de autorização.§ 6º O parecer da comissão especial será lido no expediente da Câmara dosDeputados e publicado na íntegra, juntamente com a denúncia, no Diário daCâmara dos Deputados e avulsos.§ 7º Decorridas quarenta e oito horas da publicação do parecer da comissão espe-cial, será o mesmo incluído na Ordem do Dia da sessão seguinte.§ 8º Encerrada a discussão do parecer, será o mesmo submetido a votação nominal,pelo processo de chamada dos deputados.

§ 9º Será admitida a instauração do processo contra o denunciado se obtidos dois ter-ços dos votos dos membros da Casa, comunicada a decisão ao presidente do SenadoFederal dentro de duas sessões. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 22, de 1992.)

Comentários

Os arts. 217 e 218 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados versam, respec-tivamente, sobre autorização para instauração de processo criminal e instauração de pro-cesso nos crimes de responsabilidade, ambos em relação ao presidente e vice-presidente daRepública e aos ministros de Estado.

O processo de impeachment do presidente da República e das autoridades citadas noart. 52, I, da Constituição Federal envolve a participação das duas Casas do CongressoNacional, cada uma no âmbito de suas competências.

À Câmara cabe promover, por dois terços de seus membros, a autorização para a ins-tauração do processo não apenas em relação ao crime de responsabilidade (art. 85 daConstituição Federal), mas também ao crime comum. Ao Senado compete processar e

 julgar apenas no caso de crime de responsabilidade, com os procedimentos previstos noart. 86 da CF e no Regimento Interno do Senado Federal (RISF, arts. 377 a 382).

No caso de crime comum, o art. 217 do RICD dispõe sobre a participação da Comissãode Constituição e ustiça e de Cidadania, onde o acusado ou o seu deensor pode se deender.

O parecer da comissão é submetido ao Plenário e, se concluir pela admissão da acu-sação, somente é aprovado se obtiver o voto avorável de dois terços dos membros daCâmara dos Deputados. Admitida a acusação por 2/3 dos deputados, considera-se au-torizada a instauração do processo. No prazo de duas sessões da decisão, o presidente da

Câmara comunica ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) se a Casa autorizouou não a instauração do processo (arts. 17, VI, n, e 217, § 2º).

Caso a Câmara autorize a instauração do processo, o STF pode ou não instaurá-lo. Aesse respeito, registramos o entendimento de Alexandre de Moraes (2006, p. 457):

Page 387: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 387/441

Capítulo XV

393

“Dierentemente do Senado Federal nos crimes de responsabilidade, o Supre-mo Tribunal Federal não está obrigado a receber a denúncia ou queixa oe-recida contra o presidente da República, mesmo que haja autorização de 2/3

da Câmara dos Deputados para iniciar-se o processo. Trata-se de respeito àseparação dos poderes (CF, art. 2º).”

Igualmente, a autorização para a instauração do processo por crime de responsabilida-de, que pode resultar em impeachment , compete privativamente à Câmara dos Deputadose sujeita-se a procedimentos próprios.

É meritório ressaltar que qualquer cidadão (pessoa ísica de nacionalidade brasileira– nato ou naturalizado – e no exercício de seus direitos políticos – o eleitor) pode denun-ciar a autoridade pública, não podendo a acusação ser anônima. Ao receber a denúncia, o

presidente da Câmara pode ou não acolhê-la, dependendo do cumprimento dos requisitosregimentais. Uma vez admitida, é criada uma comissão especial exclusivamente para essanalidade, com a participação de parlamentares de todos os partidos políticos com repre-sentação na Câmara, observado o princípio da proporcionalidade partidária. Atente-se sero único caso regimental em que a CESP é eleita e dela devem participar representantesde todos os partidos.

O parecer da comissão é submetido ao Plenário da Câmara, em votação nominal,por chamada dos deputados. A Casa só pode admitir a instauração do processo contra o

denunciado por dois terços dos votos de seus membros. O resultado é comunicado pelopresidente da Câmara dos Deputados ao presidente do Senado Federal, tendo em vistater esta casa legislativa a incumbência de processar e julgar a autoridade também por doisterços dos votos dos senadores (art. 52, parágrao único).

Como todo processo no âmbito do Estado democrático de direito, é assegurado aoacusado ampla deesa, com nomeação de deensor.

AULA 8 – do comPArEcimEnto dE ministro dE EstAdo

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas co-missões, poderão convocar ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãosdiretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmen-te, inormações sobre assunto previamente determinado, importando em crimede responsabilidade a ausência sem justiicação adequada. (“Caput” do artigo comredação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994.)

§ 1º Os ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dosDeputados ou a qualquer de suas comissões, por sua iniciativa e mediante entendi-mentos com a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu ministério.........................................................................................................................................

Page 388: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 388/441

394

Curso de Regimento Interno

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 219. O ministro de Estado comparecerá perante a Câmara ou suas comissões:I – quando convocado para prestar, pessoalmente, inormações sobre assunto pre-

 viamente determinado;II – por sua iniciativa, mediante entendimentos com a Mesa ou a presidência dacomissão, respectivamente, para expor assunto de relevância de seu ministério.§ 1º A convocação do ministro de Estado será resolvida pela Câmara ou comissão,por deliberação da maioria da respectiva composição plenária, a requerimento dequalquer deputado ou membro da comissão, conorme o caso.

§ 2º A convocação do ministro de Estado ser-lhe-á comunicada mediante oíciodo primeiro-secretário ou do presidente da comissão, que deinirá o local, dia ehora da sessão ou reunião a que deva comparecer, com a indicação das inormaçõespretendidas, importando crime de responsabilidade a ausência sem justiicaçãoadequada, aceita pela Casa ou pelo colegiado.

 Art. 220. A Câmara reunir-se-á em Comissão Geral, sob a direção de seu presi-dente, toda vez que perante o Plenário comparecer ministro de Estado.§ 1º O ministro de Estado terá assento na primeira bancada, até o momento de

ocupar a tribuna, icando subordinado às normas estabelecidas para o uso da pa-lavra pelos deputados; perante comissão, ocupará o lugar à direita do presidente.§ 2º Não poderá ser marcado o mesmo horário para o comparecimento de maisde um ministro de Estado à Casa, salvo em caráter excepcional, quando a matérialhes disser respeito conjuntamente, nem se admitirá sua convocação simultânea pormais de uma comissão.§ 3º O ministro de Estado somente poderá ser aparteado ou interpelado sobreassunto objeto de sua exposição ou matéria pertinente à convocação.§ 4º Em qualquer hipótese, a presença de ministro de Estado no Plenário não po-derá ultrapassar o horário normal da sessão ordinária da Câmara.

 Art. 221. Na hipótese de convocação, o ministro encaminhará ao presidente daCâmara ou da comissão, até a sessão da véspera da sua presença na Casa, sumárioda matéria de que virá tratar, para distribuição aos deputados.§ 1º O ministro, ao início do Grande Expediente, ou da Ordem do Dia, poderáalar até trinta minutos, prorrogáveis por mais quinze, pelo Plenário da Casa ou dacomissão, só podendo ser aparteado durante a prorrogação.§ 2º Encerrada a exposição do ministro, poderão ser ormuladas interpelações pelosdeputados que se inscreveram previamente, não podendo cada um azê-lo por maisde cinco minutos, exceto o autor do requerimento, que terá o prazo de dez minutos.

Page 389: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 389/441

Capítulo XV

395

§ 3º Para responder a cada interpelação, o ministro terá o mesmo tempo que odeputado para ormulá-la.

§ 4º Serão permitidas a réplica e a tréplica, pelo prazo de três minutos,improrrogáveis.§ 5º É lícito aos líderes, após o término dos debates, usar da palavra por cincominutos, sem apartes.

 Art. 222. No caso do comparecimento espontâneo ao Plenário, o ministro de Es-tado usará da palavra ao início do Grande Expediente, se para expor assuntos dasua pasta, de interesse da Casa e do país, ou da Ordem do Dia, se para alar deproposição legislativa em trâmite, relacionada com o ministério sob sua direção.§ 1º Ser-lhe-á concedida a palavra durante quarenta minutos, podendo o prazo serprorrogado por mais vinte minutos, por deliberação do Plenário, só sendo permiti-dos apartes durante a prorrogação.§ 2º Findo o discurso, o presidente concederá a palavra aos deputados, ou aosmembros da comissão, respeitada a ordem de inscrição, para, no prazo de trêsminutos, cada um, ormular suas considerações ou pedidos de esclarecimentos,dispondo o ministro do mesmo tempo para a resposta.§ 3º Serão permitidas a réplica e tréplica, pelo prazo de três minutos, improrrogáveis.

 Art. 223. Na eventualidade de não ser atendida convocação eita de acordo com o

art. 50, caput , da Constituição Federal, o presidente da Câmara promoverá a ins-tauração do procedimento legal cabível.

Comentários

Um dos instrumentos mais ecazes no âmbito do sistema de reios e contrapesosutilizados pelo Legislativo no processo de controle político sobre o Poder Executivo é o

comparecimento de ministros de Estado ou de quaisquer titulares de órgãos diretamentesubordinados à Presidência da República ao Congresso Nacional.

A presença do auxiliar do presidente da República pode ocorrer por convocação ouespontaneamente. Em ambos os casos, é possível o comparecimento nas comissões ou noPlenário. Neste, a sessão transorma-se em Comissão Geral (RICD, art. 91, III), produ-zindo um grande debate junto aos deputados ederais.

Em se tratando de convocação, a sua ausência injusticada ou com justicativa ina-dequada importa crime de responsabilidade e resulta, no limite, no impedimento de aautoridade permanecer no exercício do cargo. Para a presença espontânea na Câmara dosDeputados, a data do comparecimento depende da anuência da Mesa ou da presidênciada comissão, respectivamente.

Page 390: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 390/441

396

Curso de Regimento Interno

A convocação de ministro de Estado é decidida por maioria simples, presente a maio-ria absoluta da Câmara ou da comissão, conorme o caso, deliberação esta que, em muitasocasiões, gera disputas políticas, dependendo da pasta que o ministro ocupar e do mo-

mento político.Em regra, não é admitida a presença de mais de um ministro na Câmara ao mesmo

tempo, nem a convocação simultânea da mesma autoridade por mais de uma comissão.Essa medida tem como m garantir a participação dos parlamentares a todos os debatesque envolvam os reeridos ocupantes de cargos públicos. Excepcionalmente, admite-se ocomparecimento de mais de um ministro para tratar da mesma matéria.

Para que os deputados possam se preparar para os debates, o ministro convocado éobrigado a encaminhar à Câmara, até a sessão da véspera, um resumo da matéria a ser

tratada, a m de ser distribuída aos parlamentares.Em caso de convocação, a autoridade dispõe de trinta minutos, prorrogáveis por atéa metade pelo Plenário respectivo e só pode ser aparteado durante a prorrogação. Aosdeputados inscritos é concedida a palavra por até cinco minutos para as interpelações,podendo o autor da proposta azê-lo por dez minutos. Para responder, o ministro contarácom o mesmo tempo do parlamentar que o indagou. Na continuidade do debate, são per-mitidas réplica e tréplica pelo tempo improrrogável de três minutos.

Quando a presença or em razão de comparecimento espontâneo, o ministro dispõede maior tempo para uso da palavra em sua exposição, quarenta minutos, prorrogáveis por

 vinte, enquanto que cada deputado contará com um tempo menor para interpelá-lo, trêsminutos, sendo este mesmo tempo concedido ao ministro para emitir sua resposta. Sãotambém permitidas réplica e tréplica pelo mesmo tempo e admitem-se apartes durante os

 vinte minutos de prorrogação de sua exposição inicial.

AULA 9 – dA PArticiPAção nA comissão rEPrEsEntAtivA do congrEsso nAcionAL E no consELho dA rEPúBLicA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 58. .................................................................................................................................................................................................................................................................§ 4º Durante o recesso, haverá uma comissão representativa do Congresso Nacio-nal, eleita por suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, comatribuições deinidas no regimento comum, cuja composição reproduzirá, quantopossível, a proporcionalidade da representação partidária.........................................................................................................................................

Page 391: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 391/441

Capítulo XV

397

 Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do presidente daRepública, e dele participam:

I – o vice-presidente da República;II – o presidente da Câmara dos Deputados;III – o presidente do Senado Federal;IV – os líderes da Maioria e da Minoria na Câmara dos Deputados;V – os líderes da Maioria e da Minoria no Senado Federal;VI – o ministro da ustiça;VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sen-do dois nomeados pelo presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal edois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada

a recondução. Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:I – intervenção ederal, estado de deesa e estado de sítio;II – as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.§ 1º O presidente da República poderá convocar ministro de Estado para partici-par da reunião do conselho, quando constar da pauta questão relacionada com orespectivo ministério.§ 2º A lei regulará a organização e o uncionamento do Conselho da República.

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 224. A Mesa conduzirá o processo eleitoral para a escolha, na última sessãoordinária do período legislativo anual, dos membros da Câmara dos Deputadosque irão compor, durante o recesso, a Comissão Representativa do Congresso Na-

cional, de que trata o art. 58, § 4º, da Constituição Federal.Parágrao único. A Mesa expedirá as instruções necessárias, com observância das exi-gências e ormalidades previstas nos arts. 7º e 8º, no que couber, atendendo que, nacomposição da Comissão Representativa, deverá reproduzir-se, quando possível, aproporcionalidade da representação dos partidos e dos blocos parlamentares na Casa.

 Art. 225. A eleição dos dois cidadãos que devam integrar o Conselho da Repú-blica, a que se reere o art. 89, VII, da Constituição Federal, será eita na ormaprevista no art. 7º, dentre candidatos escolhidos nos termos dos incisos I a IV do

art. 8º, abstraído o princípio da proporcionalidade partidária.

Page 392: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 392/441

398

Curso de Regimento Interno

Comentários

A Comissão Representativa do Congresso Nacional é o órgão competente para respon-der pelos trabalhos do Poder Legislativo ederal durante os períodos de recesso parlamentar.

Para isso, são eleitos dezesseis deputados e sete senadores, que permanecem em “plantão”durante os reeridos períodos (Resolução nº 3, de 1990-CN, art. 2º). No caso de haver naCâmara ou no Senado pelo menos uma bancada minoritária não contemplada na composi-ção da comissão pelo princípio da proporcionalidade partidária (PPP), deve-se acrescer uma

 vaga na Casa em que tal ato ocorrer para ser preenchida, em rodízio, exclusivamente portais bancadas (Resolução nº 2, de 2000-CN). Pelo exposto, para acolher em cada eleição umabancada minoritária não contemplada pelo PPP, a Câmara elege dezessete deputados, e oSenado, oito senadores. Cuide-se não conundir bancada minoritária com Minoria.

Como a composição da comissão é mista, a Resolução nº 3, de 1990, do Congresso Na-cional, parte integrante do Regimento Comum, disciplina a matéria. É interessante observarque, segundo o art. 4º da reerida resolução, “o mandato da comissão não será suspensoquando o Congresso Nacional or convocado extraordinariamente”. Isso signica que, porser necessário um processo eleitoral para escolher os seus membros, a comissão é eleita parao período integral do recesso, pois, se este se encerrar antes do previsto ou a se a convocaçãoocorrer em período restrito, a comissão já estaria composta, evitando-se novas eleições.

A presidência da comissão cabe a um membro da Mesa Diretora do Senado Federal, ea vice-presidência, a um membro da Mesa da Câmara. A comissão se reúne com a presen-ça mínima do terço de sua composição em cada Casa do Congresso Nacional.

As competências da comissão são diversas, como zelar pelas prerrogativas do Congres-so Nacional, de suas Casas e de seus membros e pela preservação da competência legisla-tiva do Congresso Nacional em ace da atribuição normativa de outros poderes.

Assim, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, na última sessão ordinária decada período legislativo, conduz a eleição dos dezesseis ou dezessete deputados, conormeo caso, que comporão a Comissão Representativa, de modo que a sua composição rei-ta, quando possível, a proporcionalidade dos partidos e blocos parlamentares da Casa. A

despeito de o RICD mencionar período legislativo anual, esclareça-se haver eleição aonal do primeiro período legislativo (2/2 a 17/7), bem como ao nal do segundo períodolegislativo (1º/8 a 22/12). Datas essas alteradas pela EC nº 50, de 2006.

O Conselho da República é órgão de consulta do presidente da República em situa-ções previstas no art. 90 da Constituição Federal. Dele participam, entre outras autorida-des, o presidente e os líderes da Maioria e Minoria da Câmara dos Deputados, além deseis cidadãos natos, dos quais dois cabe à Câmara dos Deputados eleger, com mandatode três anos, vedada a reeleição, nesse caso abstraindo-se a proporcionalidade partidária.

Page 393: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 393/441

399

Cpítu XVI 

D Du 

AULA 1 – do E xErcício do mAndAto (PArtE i)

 Art. 226. O deputado deve apresentar-se à Câmara durante a sessão legislativa or-dinária ou extraordinária, para participar das sessões do Plenário e das reuniões decomissão de que seja membro, além das sessões conjuntas do Congresso Nacional,sendo-lhe assegurado o direito, nos termos deste Regimento, de:I – oerecer proposições em geral, discutir e deliberar sobre qualquer matéria emapreciação na Casa, integrar o Plenário e demais colegiados e neles votar e ser votado;II – encaminhar, através da Mesa, pedidos escritos de inormação a ministro deEstado;

III – azer uso da palavra;IV – integrar as comissões e representações externas e desempenhar missãoautorizada;V – promover, perante quaisquer autoridades, entidades ou órgãos da administraçãoederal, estadual ou municipal, direta ou indireta e undacional, os interesses públicosou reivindicações coletivas de âmbito nacional ou das comunidades representadas;VI – realizar outros cometimentos inerentes ao exercício do mandato ou atender aobrigações político-partidárias decorrentes da representação.

Comentários

De orma abrangente, pode-se denir como Estatuto dos Congressistas o conjuntode regras constitucionais e regimentais compreendidas pelos arts. 53 a 56 da CF e arts.226 a 251 do RICD, bem como as insculpidas no Código de Ética e Decoro Parlamentar(CEDP) da Câmara dos Deputados, no que concerne aos deputados ederais.

Esse estatuto estabelece prerrogativas e vedações constitucionais aos membros do Po-

der Legislativo, tendo por objetivo assegurar a existência e independência do Parlamento.Ainda, assevera o art. 2º do CEDP que as imunidades, prerrogativas e ranquias asse-

guradas pela Constituição, pelas leis e pelo RICD aos deputados são institutos destinadosà garantia do exercício do mandato popular e à deesa do Poder Legislativo.

Page 394: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 394/441

400

Curso de Regimento Interno

Importante destacar que, por orça do parágrao único do art. 1º da Resolução nº 25,de 2001, bem como do art. 21-E do RICD, acrescentado pela Resolução nº 2, de 2011,as normas estabelecidas no CEDP complementam o Regimento Interno e o integram.

Feitas essas considerações iniciais, passa-se ao estudo dos artigos compreendidos no Título VII do Regimento – “Dos deputados”.

O art. 226 apresenta o dever que os deputados têm de se apresentar à Câmara durantea sessão legislativa ordinária ou extraordinária, para participar das sessões do Plenário edas reuniões de comissão de que sejam membros, além das sessões conjuntas do Congres-so Nacional, e enumera os direitos, inerentes ao exercício do mandato parlamentar, quelhes são assegurados.

Assim, o deputado tem o direito de:

a) apresentar proposições em geral;

b) discutir e votar qualquer matéria em apreciação na CD (todo deputado ederaltem o direito de discutir qualquer matéria em apreciação no Plenário ou nascomissões, bem como votar em deliberações ocorridas em Plenário. Todavia, emcomissão, apenas os seus membros votam);

c) integrar o Plenário e demais colegiados e neles votar e ser votado (em regra, as va-gas nos colegiados da Câmara são limitadas, e sua distribuição se eetua de acordo

com o princípio da proporcionalidade partidária. De modo geral, o deputado deveser indicado pelo líder da bancada respectiva. Apenas nas comissões permanenteslhe é assegurada vaga (arts. 8º e 26, § 3º). Inormações adicionais sobre composi-ção de órgãos da Câmara estão disponíveis no capítulo V deste curso);

d) encaminhar, por intermédio da Mesa da CD, pedidos escritos de inormação aministro de Estado (CF, art. 52, § 1º; e RICD, art. 15, XIII, c/c art. 116);

e) azer uso da palavra. Nas sessões plenárias, bem como nas reuniões das comissões,os deputados só poderão alar nos termos regimentais. São diversos dispositivos

esparsos no Regimento quanto a oradores, como, por exemplo, o art. 73, VI; ) integrar as comissões e representações externas e desempenhar missão autorizada

(art. 38);

g) promover, perante quaisquer autoridades, entidades ou órgãos da administraçãoederal, estadual ou municipal, direta ou indireta e undacional, os interesses pú-blicos ou reivindicações coletivas de âmbito nacional ou das comunidades repre-sentadas;

h) atender a obrigações político-partidárias decorrentes da representação;

i) realizar outros cometimentos inerentes ao exercício do mandato.

Page 395: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 395/441

Capítulo XVI

401

Atente-se para o ato de que, embora o caput do art. 226 disponha que o deputado devese apresentar à Câmara para participar das reuniões de comissões de que seja membro,nada impede que ele participe de qualquer reunião de comissão de que não seja membro,

tendo direito inclusive a usar da palavra para discutir matéria (art. 57, VII).

AULA 2 – do E xErcício do mAndAto (PArtE ii)

 Art. 227. O comparecimento eetivo do deputado à Casa será registrado diariamen-te, sob responsabilidade da Mesa e da presidência das comissões, da seguinte orma:I – às sessões de debates, através de lista de presença em postos instalados no hall  do ediício principal e dos seus anexos;

II – às sessões de deliberação, mediante registro eletrônico até o encerramento daOrdem do Dia ou, se não estiver uncionando o sistema, pelas listas de presença emPlenário; ( Inciso com redação dada pela Resolução nº 1, de 1995.)III – nas comissões, pelo controle da presença às suas reuniões.

 Art. 228. Para aastar-se do território nacional, o deputado deverá dar prévia ciên-cia à Câmara, por intermédio da Presidência, indicando a natureza do aastamentoe sua duração estimada.

 Art. 229. O deputado apresentará à Mesa, para eeito de posse e antes do término

do mandato, declaração de bens e de suas ontes de renda, importando inração aoCódigo de Ética e Decoro Parlamentar a inobservância deste preceito.

 Art. 230. O deputado que se aastar do exercício do mandato para ser investido emcargo reerido no inciso I do caput do art. 56 da Constituição Federal ará comuni-cação escrita à Casa, bem como ao reassumir o lugar.§ 1º Ao comunicar o seu aastamento, o deputado apresentará o ato de nomeaçãoe o termo de posse.§ 2º Ao reassumir o lugar, o deputado apresentará o ato de exoneração.

§ 3º É de quinze dias o prazo para o deputado reassumir o exercício do mandato,quando exonerado de cargo a que se reere o caput , sob pena de sua omissão tipii-car alta de decoro parlamentar.§ 4º Enquanto não or eita a comunicação a que se reere o § 2º, o suplente emexercício participará normalmente dos debates e das votações. ( Artigo com redaçãodada pela Resolução nº 16, de 2000.)

ComentáriosConorme estabelece o art. 227, existe um controle de comparecimento do deputado à

Casa, que se dá tanto no âmbito do Plenário quanto no âmbito das comissões. Nas sessõesde debates e nas comissões, esse controle é realizado por meio de lista de presença. á nas

Page 396: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 396/441

402

Curso de Regimento Interno

sessões deliberativas, o controle é, em regra, realizado mediante registro eletrônico. Parainormações adicionais quanto ao registro de presença em comissão, consulte a aula 1 docapítulo VII.

A esse respeito é interessante observar o que dispõe o art. 4º do Decreto Legislativonº 7, de 1995, in verbis (a vigência desse decreto oi prorrogada pelo Decreto Legislativonº 7, de 1999, e mantidos seus critérios de pagamento pelo Decreto Legislativo nº 444,de 2002):

“ Art. 4º O comparecimento a cada sessão deliberativa será remunerado por va-lor correspondente ao quociente entre a soma dos subsídios variável e adicionale o número de sessões deliberativas no mês anterior............................................................................................................................

§ 2º Para os ns do disposto no caput deste artigo, considera-se realizada a ses-são plenária da respectiva Casa ou do Congresso Nacional com Ordem do Diapreviamente determinada, apurando-se a requência dos parlamentares atravésde lista de presença em posto instalado no plenário, ainda que não se obtenhaquórum para abertura dos trabalhos.§ 3º Quando houver votação nominal, a requência será apurada através do re-gistro da votação, exceto para deputados ou senadores em legítimo exercício dodireito de obstrução parlamentar, para os quais prevalecerá a lista de presença..........................................................................................................................”

O art. 228 traz a exigência regimental de que o deputado que or viajar para o exteriordê prévia ciência à Câmara, inormando a natureza do aastamento e a duração estimada.

O deputado tem a obrigação de apresentar à Mesa, para ns de posse e antes do tér-mino do mandato, declaração de bens e de suas ontes de renda, importando inração aoCódigo de Ética e Decoro Parlamentar o não cumprimento deste preceito (art. 229).

O art. 230 trata dos procedimentos a serem seguidos em virtude de aastamento dodeputado do exercício de seu mandato para investidura no cargo de ministro de Estado,

secretário de estado, do Distrito Federal, de preeitura de capital ou chee de missão di-plomática temporária (CF, art. 56, I).

Importante lembrar que, embora o dispositivo constitucional supracitado mencionetambém os cargos de governador de território e de secretário de território, atualmente oBrasil não possui nenhum território ederal, conorme comentários na aula 4 do capítulo IV.

Page 397: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 397/441

Capítulo XVI

403

AULA 3 – do E xErcício do mAndAto (PArtE iii)

  Art. 231. No exercício do mandato, o deputado atenderá às prescrições consti-tucionais e regimentais e às contidas no Código de Ética e Decoro Parlamentar,sujeitando-se às medidas disciplinares nelas previstas.§ 1º Os deputados são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.§ 2º Desde a expedição do diploma, os deputados não poderão ser presos, salvoem lagrante de crime inaiançável. (Parágrao com redação adaptada aos termos da

 Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 3º (Revogado tacitamente pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)

§ 4º Os deputados serão submetidos a julgamento perante o Supremo TribunalFederal.§ 5º Os deputados não serão obrigados a testemunhar sobre inormações recebidasou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhesconiaram ou deles receberam inormações.§ 6º A incorporação de deputados às Forças Armadas, embora militares e aindaque em tempo de guerra, dependerá de licença da Câmara.§ 7º As imunidades parlamentares subsistirão quando os deputados orem investi-dos nos cargos previstos no inciso I do art. 56 da Constituição Federal.

§ 8º Os deputados não poderão:I – desde a expedição do diploma:

a) irmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autar-quia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa conces-sionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulasuniormes;

b) aceitar ou exercer cargo, unção ou emprego remunerado, inclusive osde que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea

anterior;II – desde a posse:a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de avor

decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nelaexercer unção remunerada;

b) ocupar cargo ou unção de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidadesreeridas no inciso I, a;

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que sereere o inciso I, a;

d) ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Page 398: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 398/441

404

Curso de Regimento Interno

Comentários

Observe que o caput do art. 231 delimita o arcabouço legal do Estatuto dos Congres-sistas ao denir que cabe aos deputados, no exercício de seus mandatos, observar as pres-

crições contidas na Constituição Federal, no Regimento Interno da Câmara e no Códigode Ética e Decoro Parlamentar, sujeitando-se às medidas disciplinares neles contidas.

Os parágraos 1º a 7º tratam de prerrogativas que os deputados têm para que possamdesempenhar suas atribuições com independência e liberdade. Cabe salientar que os direi-tos expostos nesses parágraos são, praticamente, a repetição das prerrogativas elencadasno art. 53 da Lei Maior.

Em caráter suplementar, uma vez que se trata de matéria discorrida por doutrinadoresde direito constitucional, assevere-se serem duas as classicações das imunidades parla-

mentares: a material e a ormal. A imunidade material é a constante do caput do art. 53da CF: “Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer desuas opiniões, palavras e votos”. á a imunidade ormal encontra-se no § 2º do mesmoartigo: “Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderãoser presos, salvo em agrante de crime inaançável. Nesse caso, os autos serão remetidosdentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seusmembros, resolva sobre a prisão”.

O primeiro desses direitos é o da inviolabilidade – civil e penal (EC nº 35, de 2001) –

por suas opiniões, palavras e votos, que a doutrina costuma chamar de imunidade materialou inviolabilidade parlamentar.

Por imunidade material entende-se que os deputados são irresponsáveis penal, civil,disciplinar e politicamente por suas opiniões, palavras e votos, não podendo, portanto, serpunidos nessas hipóteses.

A inviolabilidade parlamentar está expressa no caput do art. 53 da CF e no § 1º doart. 231 do RICD.

A lição de Raul Machado Horta quanto à imunidade material (apud MORAES, 2006,

p. 407) nos ensina:“A inviolabilidade obsta a propositura de ação civil ou penal contra o parla-mentar, por motivo de opinião ou votos proeridos no exercício de suas unções.Ela protege, igualmente, os relatórios e os trabalhos nas comissões. É absoluta,permanente, de ordem pública. A inviolabilidade é total. As palavras e opiniõessustentadas no exercício do mandato cam excluídas de ação repressiva ou con-denatória, mesmo depois de extinto o mandato. É a insidacabilità das opiniõese dos votos, no exercício do mandato, que imuniza o parlamentar em ace de

qualquer responsabilidade: penal, civil, administrativa, e que perdura após otérmino do próprio mandato.”

O segundo desses direitos é o da imunidade ormal, instituto que garante ao par-lamentar, desde a sua diplomação, a impossibilidade de ser preso civil e criminalmente,

Page 399: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 399/441

Capítulo XVI

405

exceto em agrante de crime inaançável (CF, art. 53, § 2º; e RICD, art. 230, § 2º). Nessecaso, a manutenção da prisão dependerá de autorização da Câmara para ormação deculpa, que se dará pelo voto da maioria absoluta dos deputados em escrutínio secreto (CF,

art. 53, § 2º; e RICD, art. 251).O terceiro direito é o do oro privilegiado, ou seja, a prerrogativa que os deputados têm

de, após a diplomação, só serem julgados perante o Supremo Tribunal Federal (CF, art. 53,§ 1º; e RICD, art. 231, § 4º).

A isenção do dever de testemunhar sobre inormações recebidas ou prestadas em razãodo exercício do mandato, bem como sobre pessoas que lhes conaram ou deles receberaminormações, é outra prerrogativa que assiste aos deputados (CF, art. 53, § 6º; e RICD,art. 231, § 5º).

O último direito elencado no art. 231 reere-se à prerrogativa de o deputado não serincorporado às Forças Armadas, embora militar e ainda que em tempo de guerra, salvolicença da Câmara (CF, art. 53, § 7º; e RICD, art. 231, § 7º).

Com relação ao estatuído no § 7º do art. 231, que as imunidades parlamentares sub-sistirão quando os deputados orem investidos nos cargos previstos no inciso I do art. 56da Constituição Federal, basta-nos transcrever a lição de Alexandre de Moraes (2006,p. 422) sobre o assunto:

“Aastando-se, voluntariamente, do exercício do mandato, para ocupar cargo

do Poder Executivo, o parlamentar não leva a prerrogativa conerida ao PoderLegislativo e, por via reexa, a seus membros, no desempenho das unções es-pecícas. Nem seria possível entender que, na condição de ministro de Estado,governador de território, secretário de estado, continuasse inviolável, por suasopiniões, palavras e votos, ou com a isenção de permanecer preso, sem autori-zação de sua Câmara ou poder ter sobrestada sua ação penal, de modo diverso,assim, do que sucede com os altos dignitários do Poder Executivo, que veiointegrar, deixando de exercer a unção legislativa.Desta orma, harmonizando-se com a determinação constitucional que veda oexercício simultâneo de unções em poderes de Estado diversos, o parlamentarque se licenciar para o exercício de outro cargo ora do Parlamento, apesar denão perder o mandato, perderá as imunidades parlamentares, tendo inclusive oSupremo Tribunal Federal, expressamente, cancelado, na orma do art. 102 deseu regimento interno, a Súmula 4, que entendia de orma diversa.”

Com o objetivo de garantir a independência do Poder Legislativo, a ConstituiçãoFederal prevê, e o Regimento Interno repete, algumas vedações impostas aos parlamenta-res, conhecidas como incompatibilidades.

Essas incompatibilidades são classicadas em quatro tipos:

a) uncionais (CF, art. 54, I, b, e II, b; RICD, art. 231, § 8º, I, b, e II, b);

Page 400: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 400/441

406

Curso de Regimento Interno

b) negociais ou contratuais (CF, art. 54, I, a; e RICD, art. 231, § 8º, I, a);

c) políticas (CF, art. 54, II, d ; e RICD, art. 231, § 8º, II, d );

d) prossionais (CF, art. 54, II, a e c ; e RICD, art. 231, § 8º, II, a e c ).Observe que algumas incompatibilidades ocorrem a partir da expedição do diploma

pela ustiça Eleitoral (CF, art. 54, I; e RICD, art. 231, § 8º, I), enquanto outras se iniciama partir da posse (CF, art. 54, II; e RICD, art. 231, § 8º, II).

AULA 4 – do E xErcício do mAndAto (PArtE iv)

 Art. 232. O deputado que se desvincular de sua bancada perde, para eeitos regi-

mentais, o direito a cargos ou unções que ocupar em razão dela. ( Artigo com redaçãodada pela Resolução nº 34, de 2005, em vigor desde 1º/2/2007.)

 Art. 233. As imunidades constitucionais dos deputados subsistirão durante o esta-do de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membrosda Casa, em escrutínio secreto, restrita a suspensão aos atos praticados ora do re-cinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida.§ 1º Recebida pela Mesa a solicitação da suspensão, aguardar-se-á que o Congres-so Nacional autorize a decretação do estado de sítio ou de sua prorrogação.

§ 2º Aprovada a decretação, a mensagem do presidente da República será remetidaà Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, que dará parecer e elaboraráo projeto de resolução no sentido da respectiva conclusão. (Parágrao com redaçãoadaptada à Resolução nº 20, de 2004.)§ 3º Na apreciação do pedido, serão observadas as disposições sobre a tramitaçãode matéria em regime de urgência.

 Art. 234. Os ex-deputados ederais, além de livre acesso ao Plenário, poderão uti-lizar-se dos seguintes serviços prestados na Casa, mediante prévia autorização do

presidente da Câmara para os de que tratam os incisos I e IV:I – reprograia;II – biblioteca;III – arquivo;IV – processamento de dados;V – assistência médica;VI – assistência armacêutica.

Comentários

Desde 1º de evereiro de 2007, a nova redação do art. 232 é bem clara ao dispor queo deputado que se desvincular de sua bancada perderá, para eeitos regimentais, o direito

Page 401: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 401/441

Capítulo XVI

407

a cargos ou unções que ocupava em razão dela. á o parágrao único do art. 232, tambémalterado pela Resolução nº 34/2005, vai além ao azer a ressalva de que essa perda de vagaocorrerá inclusive para cargos de natureza eletiva, englobando, dessa orma, tanto os car-

gos da Mesa Diretora (art. 8º, § 5º, com a nova redação dada pela Resolução nº 34/2005)quanto os cargos de presidente e vice-presidentes de comissão (art. 40, § 2º, com a novaredação dada pela Resolução nº 34/2005).

De igual sorte, embora não mencionado nas alterações propostas pela reerida reso-lução, acreditamos que o cargo de membro da Procuradoria Parlamentar (ou procurador)também está abrangido pela regra disposta na nova redação do art. 232; ou seja, em caso demudança partidária, o procurador perderá seu cargo na Procuradoria. No caso de membrodo Conselho de Ética, a Resolução nº 2, de 2011, incluiu o art. 26-E no Regimento In-terno e explicitou que as disposições constantes do art. 232 do RICD não se aplicam aosintegrantes desse conselho.

O art. 233, repetindo o § 8º do art. 53 da CF, reza que as imunidades constitucionais dosdeputados subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o votode dois terços dos membros da Casa, em escrutínio secreto, restrita a suspensão aos atos pra-ticados ora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução damedida. Os parágraos 1º a 3º disciplinam de que orma se apreciará o pedido de suspensão.

Observe que o pedido de suspensão das imunidades dos deputados durante o estadode sítio é solicitado pelo presidente da República, por meio de mensagem presidencial. A

matéria tramita inicialmente na CCC em orma de mensagem e, após o parecer dessacomissão, como projeto de resolução. Adota-se em sua apreciação o regime de urgência(arts. 151, I, b, e 233, § 3º).

 á o art. 234 trata das prerrogativas dos ex-deputados, que, além de livre acesso ao Ple-nário, poderão usuruir dos seguintes serviços da Câmara: biblioteca, arquivo, assistênciamédica, assistência armacêutica, reprograa e processamento de dados. Para a utilizaçãodesses dois últimos, necessária se az a prévia autorização do presidente da Câmara.

AULA 5 – dA LicEnçA do dEPUtAdo

 Art. 235. O deputado poderá obter licença para:I – desempenhar missão temporária de caráter diplomático ou cultural;II – tratamento de saúde;III – tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que o aastamento nãoultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa;IV – investidura em qualquer dos cargos reeridos no art. 56, I, da Constituição

Federal.

Page 402: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 402/441

408

Curso de Regimento Interno

§ 1º As deputadas poderão ainda obter licença-gestante, e os deputados, licença-paternidade, nos termos previstos no art. 7º, incisos XVIII e XIX, da Constituição

Federal. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 15, de 2003, renumerando os demais.)§ 2º Salvo nos casos de prorrogação da sessão legislativa ordinária ou de convoca-ção extraordinária do Congresso Nacional, não se concederão as licenças reeridasnos incisos II e III durante os períodos de recesso constitucional.§ 3º Suspender-se-á a contagem do prazo da licença que se haja iniciado anterior-mente ao encerramento de cada semiperíodo da respectiva sessão legislativa, excetona hipótese do inciso II quando tenha havido assunção de suplente.§ 4º A licença será concedida pelo presidente, exceto na hipótese do inciso I, quan-do caberá à Mesa decidir.

§ 5º A licença depende de requerimento undamentado, dirigido ao presidente daCâmara, e lido na primeira sessão após o seu recebimento.§ 6º O deputado que se licenciar, com assunção de suplente, não poderá reassumiro mandato antes de indo o prazo, superior a cento e vinte dias, da licença ou desuas prorrogações.

 Art. 236. Ao deputado que, por motivo de doença comprovada, se encontre impos-sibilitado de atender aos deveres decorrentes do exercício do mandato, será conce-dida licença para tratamento de saúde.

Parágrao único. Para obtenção ou prorrogação da licença, será necessário laudode inspeção de saúde, irmado por três integrantes do corpo médico da Câmara,com a expressa indicação de que o paciente não pode continuar no exercício ativode seu mandato.

 Art. 237. Em caso de incapacidade civil absoluta, julgada por sentença de interdi-ção ou comprovada mediante laudo médico passado por junta nomeada pela Mesada Câmara, será o deputado suspenso do exercício do mandato, sem perda da re-muneração, enquanto durarem os seus eeitos.

§ 1º No caso de o deputado se negar a submeter-se ao exame de saúde, poderá oPlenário, em sessão secreta, por deliberação da maioria absoluta dos seus membros,aplicar-lhe a medida suspensiva.§ 2º A junta deverá ser constituída, no mínimo, de três médicos de reputada ido-neidade proissional, não pertencentes aos serviços da Câmara dos Deputados oudo Senado Federal.

Page 403: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 403/441

Capítulo XVI

409

Comentários

O art. 235 trata das licenças que o deputado pode obter e os procedimentos relativosa essas licenças.

As licenças previstas são:

a) para desempenhar missão temporária de caráter diplomático ou cultural;

b) para tratamento de saúde;

c) para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que o aastamento nãoultrapasse 120 dias por sessão legislativa;

d) por ocasião da investidura em qualquer dos cargos reeridos no art. 56, I, da Carta

Política (ministro de Estado, secretário de estado, do Distrito Federal, de preei-tura de capital ou chee de missão diplomática temporária, além de governadorde território e secretário de território);

e) licença-gestante, para as deputadas, com a duração de 120 dias (CF, art. 7º, XVIII);

) licença-paternidade, para os deputados, nos termos xados em lei (CF, art. 7º, XIX).

As licenças para tratamento de saúde e para cuidar de interesse particular não serãoconcedidas durante os períodos de recesso parlamentar. Se houver prorrogação da sessãolegislativa (como no caso de não ser aprovado o projeto de lei de diretrizes orçamentáriasaté 17 de julho – EC nº 50, de 2006) ou convocação extraordinária do Congresso Nacio-nal, não haverá recesso e, por consequência, podem-se conceder as reeridas licenças.

As quatro primeiras licenças constam também do art. 56 da CF, enquanto as duasúltimas oram inseridas no RICD pela Resolução nº 15, de 2003.

Importante atentar que a concessão de licença para tratamento de saúde dependerá delaudo de inspeção de saúde, rmado por três médicos da Câmara, com a expressa indi-cação de que o parlamentar se encontra impossibilitado de continuar no exercício de seumandato, em virtude de doença comprovada (art. 236).

A incapacidade civil absoluta pode ensejar a suspensão remunerada do deputado inca-paz pelo tempo que durarem seus eeitos. Nesse caso, o reconhecimento da incapacidadedeve decorrer de julgamento em sentença de interdição ou de comprovação por meio delaudo médico lavrado por junta nomeada pela Mesa da Câmara. Essa equipe deve sercomposta por pelo menos três médicos de reputada idoneidade prossional, que não inte-grem os quadros de pessoal da Câmara e do Senado (art. 237).

Page 404: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 404/441

410

Curso de Regimento Interno

AULA 6 – dA vAcânciA

 Art. 238. As vagas, na Câmara, veri icar-se-ão em virtude de:

I – alecimento;II – renúncia;III – perda de mandato.

  Art. 239. A declaração de renúncia do deputado ao mandato deve ser dirigidapor escrito à Mesa, e independe de aprovação da Câmara, mas somente se tornaráeetiva e irretratável depois de lida no expediente e publicada no Diário da Câmarados Deputados.§ 1º Considera-se também haver renunciado:

I – o deputado que não prestar compromisso no prazo estabelecido neste Regimento;II – o suplente que, convocado, não se apresentar para entrar em exercício no prazoregimental.§ 2º A vacância, nos casos de renúncia, será declarada em sessão pelo presidente.

 Art. 240. Perde o mandato o deputado:I – que inringir qualquer das proibições constantes do art. 54 da ConstituiçãoFederal;II – cujo procedimento or declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa ordinária, à terça partedas sessões ordinárias da Câmara, salvo licença ou missão autorizada;IV – que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;V – quando o decretar a ustiça Eleitoral, nos casos previstos na ConstituiçãoFederal;VI – que sorer condenação criminal em sentença transitada em julgado.§ 1º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmarados Deputados, em escrutínio secreto e por maioria absoluta de votos, medianteprovocação da Mesa ou de partido com representação no Congresso Nacional,

assegurada ampla deesa.§ 2º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda do mandato será declaradapela Mesa, de oício ou mediante provocação de qualquer deputado, ou de partidocom representação no Congresso Nacional, assegurada ao representado, consoanteprocedimentos especíicos estabelecidos em ato, ampla deesa perante a Mesa.§ 3º A representação, nos casos dos incisos I e VI, será encaminhada à Comissãode Constituição e ustiça e de Cidadania, observadas as seguintes normas: (“Caput” do parágrao com redação dada pela Resolução nº 25, de 2001, e adaptada à Resolução

nº 20, de 200 4.)I – recebida e processada na comissão, será ornecida cópia da representação aodeputado, que terá o prazo de cinco sessões para apresentar deesa escrita e indicarprovas;

Page 405: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 405/441

Capítulo XVI

411

II – se a deesa não or apresentada, o presidente da comissão nomeará deensordativo para oerecê-la no mesmo prazo;

III – apresentada a deesa, a comissão procederá às diligências e à instrução proba-tória que entender necessárias, indas as quais proerirá parecer no prazo de cincosessões, concluindo pela procedência da representação ou pelo arquivamento desta;procedente a representação, a comissão oerecerá também o projeto de resolução nosentido da perda do mandato;IV – o parecer da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, uma vez lido no expediente, publicado no Diário da Câmara dos Deputados e distribuído emavulsos, será incluído em Ordem do Dia. ( Inciso com redação adaptada à Resoluçãonº 20, de 2004.)

Comentários

As vagas reerentes ao cargo de deputado ocorrem na Câmara por motivo de aleci-mento, renúncia e perda de mandato.

A renúncia se dá pela apresentação à Mesa de declaração escrita de renúncia e inde-pende de apreciação do Plenário da Câmara. Para que se torne eetiva e irretratável, az-se

necessário que ela seja lida no expediente e publicada no Diário da Câmara dos Deputados.Discorrendo sobre a possibilidade de renúncia de parlamentar submetido a processoque vise ou possa levá-lo à perda do mandato, Pedro Lenza (2006, p. 264) inorma:

“Sim, é pereitamente possível a renúncia de parlamentar submetido a processoque vise ou possa levá-lo à perda do mandato. Todavia, nesta hipótese, a EC deRevisão nº 6/1994, constitucionalizando o previsto no art. 1º e seu parágraoúnico do Decreto Legislativo nº 16, de 24/3/1994 (art. 55, § 4º, CF/1988), veiodisciplinar que a aludida renúncia terá seus eeitos suspensos até as deliberações

nais descritas nos §§ 2º e 3º do art. 55. Assim, conorme relata o decreto, a re-núncia ‘... ca sujeita à condição suspensiva, só produzindo eeitos se a decisãonal não concluir pela perda do mandato’. No caso de ter sido decisão fnal pelaperda do mandato, o parágrao único do aludido decreto legislativo estabeleceque a declaração de renúncia será arquivada, não produzindo eeitos no sentidode que já terá sido declarada a perda do mandato.” (grios no original)

Considera-se também haver renunciado o deputado que não prestar compromisso noprazo estabelecido neste Regimento e o suplente que, convocado, não se apresentar para

entrar em exercício no prazo regimental (art. 4º, §§ 6º e 8º). A esse respeito, conra a aula8 do capítulo IV.

Observe, entretanto, que assiste ao suplente que or convocado o direito de se declararimpossibilitado de assumir o exercício do mandato (art. 241, § 1º).

Page 406: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 406/441

412

Curso de Regimento Interno

O art. 240 trata das situações em que o deputado perde o mandato. Atente-se para oato de que este artigo é praticamente cópia do art. 55 da CF, com exceção do § 3º.

Dessa eita, a perda do mandato é imputada ao deputado que:

a) inringir qualquer das proibições constantes do art. 54 da Constituição Federal;

b) tiver seu procedimento declarado incompatível com o decoro parlamentar (CF,art. 55, § 1º; e CEDP, art. 4º);

c) deixar de comparecer, em cada sessão legislativa ordinária, à terça parte das ses-sões ordinárias da Câmara, salvo licença ou missão autorizada;

d) perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

e) tiver decretada pela ustiça Eleitoral a perda de seu mandato, nos casos previstosna Constituição Federal;

) sorer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

Um ponto importante a destacar é que o inciso III do art. 55 da CF estabelece queperderá o mandato o deputado ou senador que deixar de comparecer, em cada sessão

 legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença oumissão por esta autorizada. O RICD, em seu art. 240, III, por sua vez, dispõe que perderáo mandato o deputado que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa ordinária, à

terça parte das sessões ordinárias da Câmara dos Deputados, salvo licença ou missão poresta autorizada.

Dessa orma, a Carta Magna prescreve que, tanto na sessão legislativa ordinária quan-to na extraordinária, estarão sujeitos a esse controle de presença os deputados. De ato, éassim que tem ocorrido na prática e, salvo melhor juízo, é assim que deve ser, em virtudeda supremacia da Constituição.

No que se reere à perda de mandato por quebra de decoro parlamentar ou pelo ato deparlamentar incorrer nas vedações contidas no art. 54 da CF, cumpre mencionar o art. 1º

da Lei Complementar nº 64, de 1990 (Lei de Inelegibilidade):

“ Art. 1º São inelegíveis:I – para qualquer cargo:...........................................................................................................................b) os membros do Congresso Nacional, das assembleias legislativas, daCâmara Legislativa e das câmaras municipais que hajam perdido os res-pectivos mandatos por inringência do disposto nos incisos I e II doart. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda

de mandato das Constituições estaduais e leis orgânicas dos municípios edo Distrito Federal, para as eleiçes que se realizarem durante o períodoremanescente do mandato para o qual oram eleitos e nos 8 (oito) anossubsequentes ao término da legislatura;” (grio nosso)

Page 407: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 407/441

Capítulo XVI

413

No Código eleitoral anotado e legislação complementar , publicado pelo TSE (2006, p. 205),constam as seguintes anotações reerentes ao art. 1º citado e sua alínea b:

• Ac.-TSE nos 12.371/1992 e 22.014/2004: a inelegibilidade atinge somente a ca-pacidade eleitoral passiva; não restringe o direito de votar.

• Alínea com redação dada pela LC n° 81/1994.

• Ac.-TSE n° 20.349/2002: aplicabilidade do novo prazo também àqueles cujomandato oi cassado anteriormente à vigência da LC n° 81/1994.

AULA 7 – dA convocAção do sUPLEntE

 Art. 241. A Mesa convocará, no prazo de quarenta e oito horas, o suplente dedeputado nos casos de:I – ocorrência de vaga;II – investidura do titular nas unções deinidas no art. 56, I, da ConstituiçãoFederal;III – l icença para tratamento de saúde do titular, desde que o prazo original seja su-perior a cento e vinte dias, vedada a soma de períodos para esse eeito, estendendo-se a convocação por todo o período de licença e de suas prorrogações.§ 1º Assiste ao suplente que or convocado o direito de se declarar impossibilitadode assumir o exercício do mandato, dando ciência por escrito à Mesa, que convo-cará o suplente imediato.§ 2º Ressalvadas as hipóteses de que trata o parágrao anterior, de doença com-provada na orma do art. 236, ou de estar investido nos cargos de que trata oart. 56, I, da Constituição Federal, o suplente que, convocado, não assumir o man-dato no período ixado no art. 4º, § 6º, III, perde o direito à suplência, sendoconvocado o suplente imediato.

 Art. 242. Ocorrendo vaga mais de quinze meses antes do término do mandatoe não havendo suplente, o presidente comunicará o ato à ustiça Eleitoral para oeeito do art. 56, § 2º, da Constituição Federal.

 Art. 243. O suplente de deputado, quando convocado em caráter de substituição,não poderá ser escolhido para os cargos da Mesa ou de suplente de secretário, parapresidente ou vice-presidente de comissão, para procuradora especial da Mulher ouprocuradora adjunta, para integrar a Procuradoria Parlamentar ou para ouvidor-geral ou ouvidor substituto. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 10, de 2009.)

Page 408: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 408/441

414

Curso de Regimento Interno

Comentários

Conorme prescreve o art. 241, o suplente de deputado será convocado pela Mesa, noprazo de 48 horas, nos seguintes casos:

a) surgimento de vaga;

b) investidura do titular nas unções denidas no art. 56, I, da Carta Política (minis-tro de Estado, secretário de estado, do Distrito Federal, de preeitura de capitalou chee de missão diplomática temporária, além de governador de território esecretário de território);

c) licença para tratamento de saúde do titular, desde que o prazo original seja su-perior a 120 dias, vedada a soma de períodos para esse eeito, estendendo-se a

convocação por todo o período de licença e de suas prorrogações.

Observe, entretanto, que assiste ao suplente que or convocado o direito de se declararimpossibilitado de assumir o exercício do mandato.

O suplente que, convocado, não assumir o mandato no período xado no art. 4º, § 6º,III, perde o direito à suplência, salvo se:

a) tiver se declarado impossibilitado de assumir o exercício do mandato (art. 241,§ 1º);

b) encontrar-se impossibilitado de exercer o mandato por motivo de doença com-provada, nos termos do art. 236;

c) estiver investido nas unções denidas no art. 56, I, da Carta Magna.

Em qualquer das hipóteses anteriormente apresentadas, será convocado o suplenteimediato.

Ocorrendo vaga mais de quinze meses antes do término do mandato e não havendosuplente, o presidente da Câmara comunicará o ato à ustiça Eleitoral para que proceda à

eleição com o objetivo de preencher a vaga existente (CF, art. 56, § 2º; e RICD, art. 242).Cumpre notar que o suplente de deputado convocado em caráter de substituição

não pode:

a) ser eleito para os cargos da Mesa;

b) ser eleito para os cargos de suplente de secretário;

c) ser eleito presidente ou vice-presidente de comissão;

d) integrar a Procuradoria Parlamentar.

Page 409: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 409/441

Capítulo XVI

415

AULA 8 – do dEcoro PArLAmEntAr

 Art. 244. O deputado que praticar ato contrário ao decoro parlamentar ou que

aete a dignidade do mandato estará sujeito às penalidades e ao processo discipli-nar previstos no Código de Ética e Decoro Parlamentar, que deinirá também ascondutas puníveis. ( Artigo com redação dada pela Resolução nº 25, de 2001.)

 Art. 245. (Revogado pela Resolução nº 25, de 2001.)

 Art. 246. (Revogado pela Resolução nº 25, de 2001.)

 Art. 247. (Revogado pela Resolução nº 25, de 2001.)

 Art. 248. (Revogado pela Resolução nº 25, de 2001.)

Comentários

O comportamento do parlamentar deve ser compatível com o decoro parlamentar,entendendo-se como tal a conduta do congressista em acordo com os parâmetros morais e

 jurídicos que vigoram em determinada época e no grupo social em que vive.

Assim, deve o deputado orientar seu comportamento, no exercício de seu mandato

e ora deste, para que que circunscrito dentro dos ditames da ética parlamentar, assimentendida como o conjunto de princípios éticos e normas de conduta adequadas às res-ponsabilidades do mandato parlamentar em ace do Estado e da sociedade.

Dessa eita, o deputado que se desviar da conduta esperada, praticando ato contrárioao decoro parlamentar ou que aete a dignidade do mandato, cará sujeito às sanções eao processo disciplinar previstos no Código de Ética e Decoro Parlamentar (CEDP) daCâmara dos Deputados.

O Código de Ética e Decoro Parlamentar oi instituído pela Resolução nº 25, de 2001.

Essa resolução deniu que as normas estabelecidas no CEDP complementam o Regi-mento Interno e dele passam a azer parte integrante. O art. 26-E do RICD, acrescentadopela Resolução nº 2, de 2011, estabelece, em seu § 2º, que o CEDP integra o RICD.

O CEDP estabelece os princípios éticos e as regras básicas de decoro que devemorientar a conduta dos que sejam titulares ou que estejam no exercício de mandato dedeputado ederal. São regidos também por esse código o procedimento disciplinar e aspenalidades aplicáveis no caso de descumprimento das normas relativas ao decoro parla-mentar (CEDP, art. 1º).

Cabe esclarecer que as atribuições, as competências e a estrutura do Conselho de Éticae Decoro Parlamentar (CoEDP) já oram estudadas na aula 10 do capítulo V.

Page 410: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 410/441

416

Curso de Regimento Interno

AULA 9 – dA LicEnçA PArA instAUrAção dE ProcEsso criminAL contrA dEPUtAdo

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 53. Os deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quais-quer de suas opiniões, palavras e votos. (“Caput” do artigo com redação oerecida pela

 Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 1º Os deputados e senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidosa julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. (Parágrao com redação oerecida

 pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não po-

derão ser presos, salvo em lagrante de crime ina iançável. Nesse caso, os autos se-rão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo votoda maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Parágrao com redação oerecida

 pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 3º Recebida a denúncia contra o senador ou deputado, por crime ocorrido apósa diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seusmembros, poderá, até a decisão inal, sustar o andamento da ação. (Parágrao comredação oerecida pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrro-gável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. (Parágraocom redação oerecida pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.(Parágrao com redação oerecida pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 249. (Revogado tacitamente pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001.)

 Art. 250. No caso de prisão em lagrante de crime inaiançável, os autos serãoremetidos à Casa dentro de vinte e quatro horas, sob pena de responsabilidade daautoridade que a presidir, cuja apuração será promovida de oício pela Mesa.

 Art. 251. Recebida a solicitação ou os autos de lagrante, o presidente despachará oexpediente à Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, observadas as se-guintes normas: (“Caput” do artigo com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

Page 411: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 411/441

Capítulo XVI

417

I – no caso de lagrante, a comissão resolverá preliminarmente sobre a prisão,devendo:

a) ordenar apresentação do réu preso, que permanecerá sob sua custódia atéo pronunciamento da Casa sobre o relaxamento ou não da prisão;b) oerecer parecer prévio, acultada a palavra ao deputado envolvido ou ao

seu representante, no prazo de setenta e duas horas, sobre a manutençãoou não da prisão, propondo o projeto de resolução respectivo, que serásubmetido até a sessão seguinte à deliberação do Plenário, pelo voto se-creto da maioria de seus membros;

II – vencida ou inocorrente a ase prevista no inciso I, a comissão proerirá parecer,acultada a palavra ao deputado ou ao seu representante, no prazo de dez sessões,

concluindo pelo deerimento ou indeerimento do pedido de licença ou pela autori-zação, ou não, da ormação de culpa, no caso de lagrante, propondo o competenteprojeto de resolução;III – o parecer da Comissão de Constituição e ustiça e de Cidadania, uma vez lidono expediente, publicado no Diário da Câmara dos Deputados e em avulsos, seráincluído em Ordem do Dia; ( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)IV – se, da aprovação do parecer, pelo voto secreto da maioria dos membros daCasa, resultar admitida a acusação contra o deputado, considerar-se-á dada a licen-ça para instauração do processo ou autorizada a ormação de culpa;V – a decisão será comunicada pelo presidente ao Supremo Tribunal Federal dentroem duas sessões.Parágrao único. Estando em recesso a Casa, as atribuições coneridas à Comissãode Constituição e ustiça e de Cidadania e ao Plenário serão exercidas cumulati-

 vamente pela Comissão Representativa do Congresso Nacional, a que se reporta o§ 4º do art. 58 da Constituição Federal, se assim dispuser o Regimento Comum;caso contrário, as mencionadas atribuições serão desempenhadas plenamente pelaMesa, ad reerendum do Plenário. (Parágrao único com redação adaptada à Resolução

nº 20, de 2004.)

Comentários

Os artigos 250 e 251 tratam dos procedimentos reerentes à licença para instauração deprocesso criminal contra deputado. Eles disciplinam os §§ 1º a 5º do art. 53 da Lei Maior.

Entretanto, com o advento da Emenda Constitucional nº 35, de 2001, não mais seaz necessária a autorização da Câmara dos Deputados para que se possa iniciar processocriminal contra deputado.

Com eeito, conorme regra insculpida no § 3º do art. 53 da Carta Magna, no quetange à CD, uma vez recebida denúncia contra deputado por crime ocorrido após a

Page 412: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 412/441

418

Curso de Regimento Interno

diplomação, cabe ao STF dar ciência à Câmara e, independentemente de licença, darinício à ação penal cabível ao caso. Nessa situação, a Câmara poderá sustar o andamentoda ação se or aprovada pela maioria de seus membros solicitação apresentada com esse

teor por partido político nela representado.Ainda, de acordo com o § 4º do art. 53 da CF, o pedido de sustação deverá ser apre-

ciado pela Câmara no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa.Uma vez aprovada a sustação do processo, é suspensa a prescrição, enquanto perdurar omandato (CF, art. 53, § 5º).

No sentido de que é desnecessária a licença prévia para o processo e julgamento deparlamentar em ace da EC nº 35/2001, há vários julgados do STF (apud  MORAES,2004, p. 1054-1057).

Dessa eita, uma vez que ainda não oi realizada alteração no RICD para compatibili-zar seu texto com o prescrito na Carta Magna, cam válidas nos arts. 250 e 251 apenas asregras dispostas com relação à prisão de deputado em agrante de crime inaançável, noque não colidir com o estatuído no § 2º do art. 53 da CF.

Page 413: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 413/441

419

Cpítu XVII 

D Ptcçã  Sc Cv 

AULA 1 – dA iniciAtivA PoPULAr

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

 Art. 61. ..................................................................................................................................................................................................................................................................§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dosDeputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitoradonacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três déci-

mos por cento dos eleitores de cada um deles.

J

REGIMENTO INTERNO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 Art. 252. A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dosDeputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um centésimo do eleitorado

nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três milési-mos dos eleitores de cada um deles, obedecidas as seguintes condições:I – a assinatura de cada eleitor deverá ser acompanhada de seu nome completo elegível, endereço e dados identiicadores de seu título eleitoral;II – as listas de assinatura serão organizadas por município e por estado, territórioe Distrito Federal, em ormulário padronizado pela Mesa da Câmara;III – será lícito a entidade da sociedade civil patrocinar a apresentação de projeto delei de iniciativa popular, responsabilizando-se inclusive pela coleta das assinaturas;

Page 414: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 414/441

420

Curso de Regimento Interno

IV – o projeto será instruído com documento hábil da ustiça Eleitoral quanto aocontingente de eleitores alistados em cada unidade da ederação, aceitando-se, para

esse im, os dados reerentes ao ano anterior, se não disponíveis outros mais recentes;V – o projeto será protocolizado perante a Secretaria-Geral da Mesa, que veri icaráse oram cumpridas as exigências constitucionais para sua apresentação;VI – o projeto de lei de iniciativa popular terá a mesma tramitação dos demais,integrando a numeração geral das proposições;VII – nas comissões ou em Plenário, transormado em Comissão Geral, poderáusar da palavra para discutir o projeto de lei, pelo prazo de vinte minutos, o pri-meiro signatário, ou quem este tiver indicado quando da apresentação do projeto;VIII – cada projeto de lei deverá circunscrever-se a um único assunto, podendo,

caso contrário, ser desdobrado pela Comissão de Constituição e ustiça e de Cida-dania em proposições autônomas, para tramitação em separado; ( Inciso com redaçãoadaptada à Resolução nº 20, de 2004.)IX – não se rejeitará, liminarmente, projeto de lei de iniciativa popular por víciosde linguagem, lapsos ou impereições de técnica legislativa, incumbindo à Comis-são de Constituição e ustiça e de Cidadania escoimá-lo dos vícios ormais para suaregular tramitação; ( Inciso com redação adaptada à Resolução nº 20, de 2004.)

 X – a Mesa designará deputado para exercer, em relação ao projeto de lei de inicia-tiva popular, os poderes ou atribuições coneridos por este Regimento ao autor deproposição, devendo a escolha recair sobre quem tenha sido, com a sua anuência,previamente indicado com essa inalidade pelo primeiro signatário do projeto.

Comentários

No âmbito dos direitos políticos, a soberania popular, nos termos do art. 14 da Cons-tituição Federal, pode ser exercida, entre outros instrumentos, pelo plebiscito, pelo ree-

rendo e pela iniciativa popular, recursos empregados para o exercício da democracia direta.Assim, para se exercer a iniciativa popular prevista no art. 61 da Constituição Federal,

necessário se az apresentar à Câmara dos Deputados projeto de lei subscrito por pelo me-nos um por cento do eleitorado nacional, distribuído em, no mínimo, cinco estados (istoé, em pelo menos cinco unidades da ederação, entre os 26 estados e o Distrito Federal),com não menos de três décimos por cento (três milésimos) em cada um deles. No entan-to, não é suciente cumprir apenas as exigências constitucionais; existem ormalidadesregimentais a serem observadas na iniciativa de leis por cidadãos, tais como: utilização deormulário padronizado pela Mesa da Câmara, nome legível e completo de cada eleitorsignatário do projeto, bem como endereço e dados identicadores de seu título eleitoral.

Para acilitar o apanhamento de adesões, é permitido que entidade da sociedade civilse responsabilize pela coleta de assinaturas. Todavia, a iniciativa popular tem se mostrado

Page 415: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 415/441

Capítulo XVII

421

instrumento inecaz, pois é muito custoso o colhimento de apoio tão expressivo do eleito-rado nacional. Ademais, não há condições operacionais para a conerência de um milhão,trezentos e cinquenta mil assinaturas aproximadamente. Nesse sentido, asseveramos que

a iniciativa popular, consagrada pela Constituição da República Federativa do Brasil de1988, ainda não oi exercida; isto é, desde a vigência da Constituição cidadã, nenhum pro- jeto de lei alcançou a condição plena de iniciativa popular. Nas palavras de Ferreira Filho(2002, p. 207), “trata-se de instituto decorativo”.

Lembramos que os projetos de lei em geral tramitam ordinariamente, bem como dis-pensam a competência do Plenário. Dessa orma, a despeito de o Regimento prever que oprojeto de lei de iniciativa popular tem a mesma tramitação dos demais projetos, cumpreressaltar o ato de o próprio legislador interno determinar que o projeto de lei apresen-tado por cidadãos possui a prerrogativa regimental de tramitar em regime de prioridade(art. 151, II, a) e não dispensa a competência do Plenário para sua apreciação; ou seja, é ve-dada sua apreciação conclusiva pelas comissões (art. 24, II, c ). Ademais, tais projetos cons-tituem exceção à regra de arquivamento de proposições ao nal de legislatura (art. 105,IV), além do ato de serem discutidos em Plenário em Comissão Geral (art. 91, II).

Quanto à previsão de o projeto de iniciativa popular integrar a numeração geral dasproposições, cabe inormar que os cidadãos só podem apresentar projeto de lei – ordináriaou complementar – (art. 109, I e § 1º, VIII). Desse modo, os projetos de autoria de cida-dãos serão numerados de acordo com a numeração da espécie de lei a que se reerir. Se pre-

tender ingressar no ordenamento jurídico na orma de lei ordinária, será numerado comoprojeto de lei ordinária na sequência geral de numeração desses projetos. Se a intenção orcriar ou alterar lei complementar, serão numerados da mesma orma como se numeram osprojetos de lei complementar (art. 138, I, b e c).

Em virtude da hipótese de, entre os subscritores do projeto de iniciativa popular, nãohaver nenhum parlamentar como signatário da proposição, para que as prerrogativas deautor de proposição possam ser exercidas, o Regimento estabelece que a Mesa Diretoradesignará deputado ederal para acompanhar a tramitação e atuar em avor da matéria

perante a Câmara.Ilustrativamente, citamos os três projetos de lei que expressaram a tentativa de ser de

iniciativa popular – e de certo modo o oram –, mas que necessitaram receber a acolhidado presidente da República ou de parlamentar para legitimar a iniciativa legislativa, casoem que se atribuiu à iniciativa popular a coautoria do projeto. São eles:

1) PL nº 2.710, de 1992 – cria o Fundo Nacional de Moradia Popular (FNMP) eo Conselho Nacional de Moradia Popular (CNMP), e dá outras providências.Situação atual: transormado em norma jurídica – Lei nº 11.124, de 2005;

2) PL nº 4.146, de 1993 – dá nova redação ao art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julhode 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, XLIII, daConstituição Federal, e determina outras providências. Explicação da ementa:caracterizando chacina realizada por esquadrão da morte como crime hediondo

Page 416: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 416/441

422

Curso de Regimento Interno

(projeto chamado Daniela Perez ou Gloria Perez). Situação atual: transormadoem norma jurídica – Lei nº 8.930, de 1994;

3) PL nº 1.517, de 1999 – modica a Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, e

altera dispositivos da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral).Explicação da ementa: incluindo a possibilidade de cassação do registro de can-didato que doar, oerecer ou prometer bem ou vantagem pessoal em troca do voto.Situação atual: transormado em norma jurídica – Lei nº 9.840, de 1999.

O Projeto de Lei nº 2.710, de 1992 – primeiro projeto de iniciativa popular –, aindaque recebido como de iniciativa popular (DCN, Seção I, 8/4/1992, p. 6355), tramitou soba autoria de determinado deputado ederal, que, acolhendo a proposição, a subscreveu e,assim, legitimou a inauguração do processo legislativo como iniciativa parlamentar (e não

popular). Não obstante ser ormalmente projeto de autoria de deputado, o projeto emcomento recebeu o tratamento regimental reservado à iniciativa popular, pois oi debatidoem Comissão Geral e, por duas vezes, não oi arquivado ao nal de legislatura.

A seguir, a transcrição do teor do documento12 encaminhado pela Secretaria-Geral daMesa ao então presidente da Câmara dos Deputados, após análise do projeto em alusão:

“Sr. Presidente,A Câmara dos Deputados recebeu, em 19/11/1991, o primeiro projeto de ini-ciativa popular, cujo despacho de Vossa Excelência (em anexo) determinou que,após exame preliminar da Secretaria-Geral da Mesa quanto aos requisitos re-gimentais (art. 252 – RI), osse distribuído às comissões de Viação, Transporte,Desenvolvimento Urbano e Interior, de Finanças e Tributação, e de Constitui-ção e ustiça e de Redação.Nesse sentido, a Secretaria-Geral, em ace da não regulamentação da matériaatravés de projeto de lei ordinária, segundo o que dispõe o art. 14, caput , daConstituição Federal, tomou diligência junto ao Tribunal Superior Eleitoral, am de que osse vericada a possibilidade de conerência da condição eleitoral

dos subscritores do projeto em tela, por amostragem inormatizada, em basespreviamente denidas.A medida solicitada ao TSE se mostrou inviável, uma vez que aquele tribunal pos-sui cadastrado, hoje, apenas um terço do eleitorado nacional; outra parte encontra-se com registro no Serpro e o restante nos órgãos estaduais da ustiça Eleitoral.Cabe observar que o projeto de iniciativa popular ora apresentado à Câmarados Deputados reuniu mais de oitocentas mil assinaturas, distribuídas entreeleitores de dezoito (18) estados da ederação, a saber: São Paulo, Paraná, SantaCatarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia,

Maranhão, Pará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Es-pírito Santo, Goiás e Distrito Federal.

12 Publicado no dá cg n , Seção I, de 8 de abril de 1992, p. 6359.

Page 417: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 417/441

Capítulo XVII

423

Diante do exposto, a Secretaria-Geral da Mesa, após examinar a matéria, opi-na, na impossibilidade da execução de todos os procedimentos materiais, peloacolhimento do projeto de lei de iniciativa popular, que ‘cria o Fundo Nacional

de Moradia Popular (FNMP) e o Conselho de Moradia Popular (CNMP) edá outras providências’.Na oportunidade, sugere-se seja submetido à Mesa, conorme dispõe o inciso X do art. 252 do Regimento Interno, o nome do deputado [...], ‘para exercer, emrelação ao projeto de lei de iniciativa popular, os poderes ou atribuições cone-ridos ao autor de proposição’.”

Outra grande conquista alcançada pela sociedade ocorreu no ano de 2010, por meioda promulgação da Lei Complementar nº 135, de 2010, de autoria do Poder Executivo, a

conhecida Lei da Ficha Limpa. Nesse sentido, a sociedade avançou em critérios mais con-sistentes para a escolha dos representantes junto aos poderes Legislativo e Executivo. Paraisso, oi aprovado o Projeto de Lei nº 168, de 1993, com a seguinte ementa: “Altera a LeiComplementar nº 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o art. 14 daConstituição Federal, novas hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidadeadministrativa e a moralidade no exercício do mandato”. Em termos práticos, a lei impedea candidatura de políticos condenados por órgãos colegiados (em que há mais de um juiz)e que renunciaram para escapar da punição, entre outros critérios.

Como orma de cumprir os requisitos constitucionais e pressionar os parlamentarespara a sua aprovação, por volta de 1.300.000 eleitores subscreveram o Projeto de LeiComplementar nº 518, de 2009, de iniciativa popular, com autoria ormal do deputadoAntônio Carlos Biscaia e outros, apensado ao de nº 168, de 1993, os quais tramitaramrespectivamente na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Ainda que promulgada em 2010, houve uma grande polêmica sobre a aplicação danova lei no pleito daquele ano. Para dirimir a questão, o Supremo Tribunal Federal oiinstado e se posicionou no sentido de garantir à matéria a devida segurança jurídica, umdos pilares da democracia, em consonância com os preceitos constitucionais. Assim, oi

decidido que a nova lei somente poderia ser aplicada a partir das eleições municipais de2012, com base nos princípios da anualidade e da anterioridade. Em conormidade como art. 16 da Constituição Federal, o primeiro undamento dispõe que uma lei que alteraro processo eleitoral não poderá ser aplicada à eleição que ocorra até um ano da data desua vigência. O segundo princípio, o da anterioridade, estabelece que a modicação emquestão não pode ser aplicada a políticos condenados antes da promulgação da própria lei.

É interessante observar que, durante a tramitação da matéria no Senado Federal, oiaprovada uma emenda de redação alterando a expressão “os que tenham sido condenados”

para “os que orem condenados”. Essa troca do tempo verbal em diversos dispositivos daproposta gerou polêmica entre as duas casas legislativas. A denição pelo Senado de quea mudança se tratava apenas de uma alteração de redação evitou que o projeto retornasse

Page 418: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 418/441

424

Curso de Regimento Interno

à Câmara dos Deputados para deliberar sobre a modicação, o que ensejou o envio damatéria ao presidente da República, que sancionou o projeto e promulgou a lei.

AULA 2 – dAs PEtiçõEs E rEPrEsEntAçõEs

 Art. 253. As petições, reclamações, representações ou queixas apresentadas porpessoas ísicas ou jurídicas contra atos ou omissões das autoridades ou entidadespúblicas, ou imputados a membros da Casa, serão recebidas e examinadas pela Ou-

 vidoria Parlamentar, pelas comissões ou pela Mesa, conorme o caso, desde que:I – encaminhadas por escrito ou por meio eletrônico, devidamente identiicadasem ormulário próprio, ou por teleone, com a identiicação do autor;

II – o assunto envolva matéria de competência da Câmara dos Deputados. ( Artigocom redação dada pela Resolução nº 19, de 2001.)

 Art. 254. A participação da sociedade civil poderá, ainda, ser exercida mediante ooerecimento de sugestões de iniciativa legislativa, de pareceres técnicos, de expo-sições e propostas oriundas de entidades cientíicas e culturais e de qualquer dasentidades mencionadas na alínea a do inciso XII do art. 32. (“Caput” do artigo comnumeração adaptada aos termos da Resolução nº 20, de 2004.)§ 1º As sugestões de iniciativa legislativa que, observado o disposto no inciso I

do art. 253, receberem parecer avorável da Comissão de Legislação Participativaserão transormadas em proposição legislativa de sua iniciativa, que será encami-nhada à Mesa para tramitação.§ 2º As sugestões que receberem parecer contrário da Comissão de LegislaçãoParticipativa serão encaminhadas ao arquivo.§ 3º Aplicam-se à apreciação das sugestões pela Comissão de Legislação Partici-pativa, no que couber, as disposições regimentais relativas ao trâmite dos projetosde lei nas comissões.§ 4º As demais ormas de participação recebidas pela Comissão de Legislação Par-

ticipativa serão encaminhadas à Mesa para distribuição à comissão ou comissõescompetentes para o exame do respectivo mérito, ou à Ouvidoria, conorme o caso.( Artigo com redação dada pela Resolução nº 21, de 2001.)

Comentários

A participação da sociedade na atividade parlamentar pode ser exercida mediante autilização de inúmeros instrumentos. Os arts. 253 e 254 do RICD dispõem de algunsdesses recursos, destacando-se as atuações da Ouvidoria Parlamentar e da Comissão deLegislação Participativa, órgãos da Câmara criados em 2001.

Page 419: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 419/441

Capítulo XVII

425

A Ouvidoria Parlamentar, prevista no art. 21-A do Regimento, composta por umouvidor-geral e dois ouvidores substitutos, designados pelo presidente da Câmara dosDeputados, com mandato de dois anos, tem diversas competências que visam à interlocução

entre segmentos da sociedade e o Parlamento. A esse respeito, conra a aula 9 do capítulo V.A Comissão de Legislação Participativa (CLP), ruto de inúmeros debates em torno

da participação da população no processo legislativo, pretende ser um elo entre repre-sentantes da sociedade civil organizada e diversos canais do Congresso Nacional. Nessestermos, sindicato, associação ou outra entidade organizada podem propor ao colegiadosugestão de iniciativa legislativa, a qual, em alguns casos, pode vir a se tornar norma doordenamento jurídico nacional. A sua criação oi uma grande conquista da democraciabrasileira, já que o projeto de iniciativa popular previsto no § 2º do art. 61 da Constituiçãode 1988 pouco tem contribuído com a participação direta do povo brasileiro no processode ormação das leis, dada a diculdade de cumprimento de suas ormalidades.

Na Câmara dos Deputados, as sugestões de iniciativa legislativa aprovadas pela Co-missão de Legislação Participativa transormam-se em proposição legislativa de autoriadesse colegiado, enquanto que as rejeitadas são arquivadas. Dessa orma, as sugestões quepretendam inovar ou alterar o ordenamento jurídico podem ser compreendidas comomaterialização da demanda legislativa, isto é, maniestação que antecede a iniciativa doprocesso legislativo.

Cumpre ressaltar que as “sugestões legislativas” também podem se destinar a alterar

projeto em apreciação na Câmara. Nesse caso, se a Comissão de Legislação Participativaaprovar sugestão com esse objetivo apresentada por uma associação de moradores, porexemplo, a matéria transorma-se em emenda (espécie de proposição listada no § 1º doart. 100 do RICD, que, nos termos do art. 118, caput , é apresentada como acessória deoutra; no caso, como acessória de um projeto) e pode ser oerecida como de autoria daCLP em qualquer das comissões em que or aberto prazo para emendamento, bem comoem Plenário (arts. 119, I, e 120).

AULA 3 – dA AUdiênciA PúBLicA

 Art. 255. Cada comissão poderá realizar reunião de audiência pública com entida-de da sociedade civil para instruir matéria legislativa em trâmite, bem como paratratar de assuntos de interesse público relevante, atinentes à sua área de atuação,mediante proposta de qualquer membro ou a pedido de entidade interessada.

 Art. 256. Aprovada a reunião de audiência pública, a comissão selecionará, paraserem ouvidas, as autoridades, as pessoas interessadas e os especialistas ligados às

entidades participantes, cabendo ao presidente da comissão expedir os convites.

Page 420: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 420/441

426

Curso de Regimento Interno

§ 1º Na hipótese de haver deensores e opositores relativamente à matéria objetode exame, a comissão procederá de orma que possibilite a audiência das diversas

correntes de opinião.§ 2º O convidado deverá limitar-se ao tema ou questão em debate e disporá,para tanto, de vinte minutos, prorrogáveis a juízo da comissão, não podendo seraparteado.§ 3º Caso o expositor se desvie do assunto, ou perturbe a ordem dos trabalhos, opresidente da comissão poderá adverti-lo, cassar-lhe a palavra ou determinar a suaretirada do recinto.§ 4º A parte convidada poderá valer-se de assessores credenciados, se para tal imtiver obtido o consentimento do presidente da comissão.

§ 5º Os deputados inscritos para interpelar o expositor poderão azê-lo estritamen-te sobre o assunto da exposição, pelo prazo de três minutos, tendo o interpeladoigual tempo para responder, acultadas a réplica e a tréplica, pelo mesmo prazo,

 vedado ao orador interpelar qualquer dos presentes.

 Art. 257. Não poderão ser convidados a depor em reunião de audiência pública osmembros de representação diplomática estrangeira.

 Art. 258. Da reunião de audiência pública lavrar-se-á ata, arquivando-se, no âmbi-to da comissão, os pronunciamentos escritos e documentos que os acompanharem.

Parágrao único. Será admitido, a qualquer tempo, o traslado de peças ou orneci-mento de cópias aos interessados.

Comentários

Outro mecanismo que o Congresso Nacional coloca à disposição dos segmentos orga-nizados é a reunião de audiência pública, orma de interação entre os parlamentares e os

representantes da sociedade organizada.O objetivo é instruir matéria legislativa em tramitação ou discutir assuntos de interessedo país. Essa orma de contato direto com a sociedade ocorre nas comissões permanentesou temporárias, bem como pode ser promovida no âmbito da Ouvidoria Parlamentar(arts. 21-A, VII, e 24, III). Para isso, após a aprovação de sua realização, os membros docolegiado selecionam os nomes das pessoas que serão ouvidas, contemplando deensores eopositores ao assunto a ser debatido, podendo o público em geral participar como ouvintesdessas reuniões, já que as matérias tratadas são de interesse de parcelas da sociedade.

Para a racionalização dos debates, é prevista ormalidade à audiência, como o tempode vinte minutos, prorrogáveis, para o convidado expressar o seu ponto de vista, a inter-pelação a réplica e tréplica, por três minutos cada, bem como a presença de assessores cre-denciados para auxiliar o expoente. O expositor pode ser interpelado pelos parlamentares,sendo-lhe vedado interpelar qualquer dos presentes.

Page 421: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 421/441

Capítulo XVII

427

É enorme a diversidade de temas expostos durante as reuniões de audiência pública,podendo-se concluir que os trabalhos nas comissões se intensicam quando o debate é derelevância para a vida pública e privada nacionais.

AULA 4 – do crEdEnciAmEnto dE EntidAdEs E dA imPrEnsA

  Art. 259. Além dos ministérios e entidades da administração ederal indireta,poderão as entidades de classe de grau superior, de empregados e empregadores,autarquias proissionais e outras instituições de âmbito nacional da sociedade civilcredenciar junto à Mesa representantes que possam, eventualmente, prestar es-clarecimentos especíicos à Câmara, através de suas comissões, às lideranças e aos

deputados em geral e ao órgão de assessoramento institucional.§ 1º Cada ministério ou entidade poderá indicar apenas um representante, que seráresponsável perante a Casa por todas as inormações que prestar ou opiniões queemitir quando solicitadas pela Mesa, por comissão ou deputado.§ 2º Esses representantes ornecerão aos relatores, aos membros das comissões, às li-deranças e aos demais deputados interessados e ao órgão de assessoramento legislati-

 vo exclusivamente subsídios de caráter técnico, documental, inormativo e instrutivo.§ 3º Caberá ao primeiro-secretário expedir credenciais a im de que os repre-sentantes indicados possam ter acesso às dependências da Câmara, excluídas as

privativas dos deputados.

 Art. 260. Os órgãos de imprensa, do rádio e da televisão poderão credenciar seusproissionais, inclusive correspondentes estrangeiros, perante a Mesa, para exercí-cio das atividades jornalísticas, de inormação e divulgação, pertinentes à Casa ea seus membros.§ 1º Somente terão acesso às dependências privativas da Casa os jornalistas e pro-issionais de imprensa credenciados, salvo as exceções previstas em regulamento.§ 2º Os jornalistas e demais proissionais de imprensa credenciados pela Câmara

poderão congregar-se em comitê, como seu órgão representativo junto à Mesa.§ 3º O Comitê de Imprensa reger-se-á por regulamento aprovado pela Mesa.

  Art. 261. O credenciamento previsto nos artigos precedentes será exercido semônus ou vínculo trabalhista com a Câmara dos Deputados.

Comentários

O uxo de inormações no âmbito da Câmara dos Deputados é intenso no transcor-rer dos trabalhos legislativos. A Casa é impelida a solicitar esclarecimentos a diversosórgãos da administração pública ederal e a instituições da sociedade civil com atuaçãonacional. Para isso, o primeiro-secretário promove o credenciamento de representantes

Page 422: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 422/441

Curso de Regimento Interno

428

dessas organizações junto ao órgão de direção dos trabalhos legislativos e dos serviçosadministrativos da Câmara – a Mesa Diretora.

A imprensa exerce papel relevante junto ao Poder Legislativo, tendo em vista que

divulga as atividades parlamentares desenvolvidas nas Casas que compõem o CongressoNacional, bem como se presta como ponto de apoio da sociedade em relação à atuação dedeputados e senadores.

Para que a divulgação seja eciente e ecaz, a Câmara dos Deputados propicia con-dições adequadas à prolieração das inormações recebidas e produzidas em seu âmbito.Nesse sentido, a Casa credencia prossionais de comunicação e jornalismo, bem comomantém em sua estrutura veículos como Agência Câmara de Notícias, ornal da Câmara,Rádio Câmara e TV Câmara, os quais ajudam a reetir a intenção de se construir um

Poder Legislativo transparente.Os jornalistas e demais prossionais de imprensa, por sua vez, podem se agrupar emcomitê para melhor organização de suas unções. Assim, o Comitê de Imprensa é o órgãoresponsável por atuar em avor de seus representados perante a Mesa da Câmara.

Por m, esclareça-se que a prescrição do art. 261 se reere tão só à inexistência de vín-culo ou ônus trabalhista dos credenciados com a Câmara dos Deputados. Anal, a Casaé onerada para a manutenção de representantes, jornalistas e demais prossionais creden-ciados com acesso diário às suas dependências, pois se deve considerar o aumento de gastocom a elevação do consumo de teleone, energia, água, entre outros.

Page 423: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 423/441

429

Cpítu XVIII 

D Admnçã, Ecom In  a Dssçõ F 

AULA 1 – dos sErviços AdministrAtivos

 Art. 262. Os serviços administrativos da Câmara reger-se-ão por regulamentos es-peciais, aprovados pelo Plenário, considerados partes integrantes deste Regimento,e serão dirigidos pela Mesa, que expedirá as normas ou instruções complementaresnecessárias.

Parágrao único. Os regulamentos mencionados no caput obedecerão ao disposto noart. 37 da Constituição Federal e aos seguintes princípios:I – descentralização administrativa e agilização de procedimentos, com a utiliza-ção do processamento eletrônico de dados;II – orientação da política de recursos humanos da Casa no sentido de que asatividades administrativas e legislativas, inclusive o assessoramento institucional,sejam executadas por integrantes de quadros ou tabelas de pessoal adequados àssuas peculiaridades, cujos ocupantes tenham sido recrutados mediante concursopúblico de provas ou de provas e títulos, ressalvados os cargos em comissão des-tinados a recrutamento interno preerencialmente dentre os servidores de carreiratécnica ou proissional, ou declarados de livre nomeação e exoneração, nos termosde resolução especíica;III – adoção de política de valorização de recursos humanos, através de programase atividades permanentes e sistemáticas de capacitação, treinamento, desenvolvi-mento e avaliação proissional; da instituição do sistema de carreira e do mérito,e de processos de reciclagem e realocação de pessoal entre as diversas atividadesadministrativas e legislativas.

Page 424: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 424/441

430

Curso de Regimento Interno

IV – existência de assessoramento institucional uniicado, de caráter técnico-legis-lativo ou especializado, à Mesa, às comissões, aos deputados e à administração da

Casa, na orma de resolução especíica, ixando-se desde logo a obrigatoriedade darealização de concurso público para provimento de vagas ocorrentes, sempre quenão haja candidatos anteriormente habilitados para quaisquer das áreas de especia-lização ou campos temáticos compreendidos nas atividades da Consultoria Legis-lativa; (Denominação alterada para adaptação aos termos da Resolução nº 28, de 1998.)V – existência de assessoria de orçamento, controle e iscalização inanceira, acom-panhamento de planos, programas e projetos, a ser regulamentada por resoluçãoprópria, para atendimento à comissão mista permanente a que se reere o art. 166,§ 1º, da Constituição Federal, bem como às comissões permanentes, parlamentares

de inquérito ou especiais da Casa, relacionada ao âmbito de atuação destas.  Art. 263. Nenhuma proposição que modiique os serviços administrativos daCâmara poderá ser submetida à deliberação do Plenário sem parecer da Mesa.

 Art. 264. As reclamações sobre irregularidades nos serviços administrativos de- verão ser encaminhadas à Mesa, para providência dentro de setenta e duas horas.Decorrido esse prazo, poderão ser levadas ao Plenário.........................................................................................................................................

 Art. 274. A delegação de competência será utilizada como instrumento de des-centralização administrativa, visando a assegurar maior rapidez e objetividade àsdecisões, e situá-las na proximidade dos atos, pessoas ou problemas a atender.§ 1º É acultado à Mesa, a qualquer de seus membros, ao diretor-geral, ao secretá-rio-geral da Mesa e às demais autoridades dos serviços administrativos da Câmaradelegar competência para a prática de atos administrativos.§ 2º O ato de delegação indicará, com precisão, a autoridade delegante, a autorida-de delegada e as atribuições objeto da delegação.

Comentários

A Câmara dos Deputados é órgão colegiado do Poder Legislativo ederal e, na qualidadede órgão independente13, integra a administração pública direta. Nesse sentido, os regula-mentos que regem os serviços administrativos da Câmara devem obedecer ao disposto no

13 Maria Sylvia Zanella di Pietro relembra a lição de Hely Lopes Meirelles no que tange à classificação

dos órgãos públicos quanto à posição estatal, ensinando que órgãos “independentes são os originários

da Constituição e representativos dos três poderes do Estado, sem qualquer subordinação hierárquica

ou funcional, e sujeitos apenas aos controles constitucionais de um sobre o outro; suas atribuições são

exercidas por agentes políticos. Entram nessa categoria as casas legislativas, a chefia do Executivo e os

tribunais”. (2005, p. 440).

Page 425: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 425/441

Capítulo XVIII

431

art. 37 da Constituição Federal, que, em conjunto com seu art. 38, apresenta disposiçõesgerais reerentes à administração pública. Os princípios constitucionais inscritos no caput doart. 37 da Carta Magna são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eciência.

A descentralização administrativa mencionada no inciso I do art. 262 mantém estreitarelação com a delegação de competência prevista no art. 274. Observa-se a ligação entreagilização de procedimentos e maior rapidez e objetividade às decisões, objetivos a seremalcançados com a descentralização administrativa, a qual pode ser concretizada quando aMesa, qualquer de seus membros (sete membros), o diretor-geral, o secretário-geral da Mesae as demais autoridades dos serviços administrativos da Câmara exercerem a aculdade dedelegar competência para prática de atos administrativos. Por exemplo, uma das incumbên-cias da Mesa é conerir aos seus membros atribuições ou encargos reerentes aos serviçoslegislativos e administrativos da Casa (art. 15, VI). O presidente da Câmara, por sua vez,poderá delegar aos vice-presidentes competência que lhe seja própria (art. 17, § 4º).

Parte do disposto no inciso II do art. 262 está em consonância com a previsão cons-titucional contida no art. 37, II e IV, segundo a qual a investidura em cargo ou empregopúblico depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, na orma prevista em lei,ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação ouexoneração. Na nomeação para cargos em comissão, dever-se-á obedecer ao percentualmínimo de cargos a serem ocupados por servidores de carreira nos termos da lei.

O disposto nos incisos IV e V justica a existência da Consultoria Legislativa – que,nos termos do art. 278, é composta por núcleos temáticos de consultoria e assessoramento– e da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira – especializada em questõesnanceiras, orçamentárias e de scalização.

Cumpre ressaltar que qualquer proposição que modique os serviços administrativosda Câmara deverá receber pronunciamento da Mesa por meio de parecer, antes de suadeliberação pelo Plenário. Isso se deve ao ato de ser a Mesa a detentora da prerrogativa dedirigir os serviços administrativos, além dos trabalhos legislativos (art. 14, caput ).

A Mesa, como diretora dos serviços administrativos, tem a responsabilidade de, em 72horas, adotar providências para regularizar os serviços administrativos sempre que nessesentido lhe or encaminhada reclamação. Vencido esse prazo, qualquer deputado poderálevar a reclamação ao Plenário (art. 96).

Page 426: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 426/441

432

Curso de Regimento Interno

AULA 2 – dA AdministrAção E FiscALizAção contáBiL, orçAmEntáriA,FinAncEirA, oPErAcionAL E PAtrimoniAL

 Art. 265. A administração contábil, orçamentária, inanceira, operacional e patri-monial e o sistema de controle interno serão coordenados e executados por órgãospróprios, integrantes da estrutura dos serviços administrativos da Casa.§ 1º As despesas da Câmara, dentro dos limites das disponibilidades orçamentá-rias consignadas no Orçamento da União e dos créditos adicionais discriminadosno orçamento analítico, devidamente aprovado pela Mesa, serão ordenadas pelodiretor-geral.§ 2º A movimentação inanceira dos recursos orçamentários da Câmara será eetu-

ada junto ao Banco do Brasil S.A. ou à Caixa Econômica Federal.§ 3º Serão encaminhados mensalmente à Mesa, para apreciação, os balancetesanalíticos e demonstrativos complementares da execução orçamentária, inanceirae patrimonial.§ 4º Até trinta de junho de cada ano, o presidente encaminhará ao Tribunal deContas da União a prestação de contas relativa ao exercício anterior.§ 5º A gestão patrimonial e orçamentária obedecerá às normas gerais de direitoinanceiro e sobre licitações e contratos administrativos, em vigor para os três po-deres, e à legislação interna aplicável.

  Art. 266. O patrimônio da Câmara é constituído de bens móveis e imóveis daUnião, que adquirir ou orem colocados à sua disposição.Parágrao único. A ocupação de imóveis residenciais da Câmara por deputados i-cará restrita ao período de exercício do mandato e será objeto de contrato-padrãoaprovado pela Mesa.

Comentários

A realização de despesa pela Câmara dos Deputados deve atender basicamente a doisrequisitos:

1) previsão orçamentária;

2) autorização (ordem) do diretor-geral.

Cabe lembrar, por pertinente, as competências regimentais quanto aos serviços ad-ministrativos da Câmara. À Mesa cabe a direção desses serviços (art. 14), o primeiro-

secretário é seu superintendente (art. 19, caput ), e a única unção do diretor-geral cons-tante do texto regimental é a de ordenador das despesas da Casa (art. 265, § 1º). Deacordo com o Decreto-Lei nº 200, de 1967, art. 80, § 1º, “ordenador de despesas é toda equalquer autoridade de cujos atos resultarem emissão de empenho, autorização de paga-

Page 427: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 427/441

Capítulo XVIII

433

mento, suprimento ou dispêndio de recursos da União ou pela qual esta responda”. Nostermos do art. 70 da Constituição Federal, a scalização contábil, nanceira, orçamentária,operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,

quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia dereceitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistemade controle interno de cada poder. Assim, a Câmara, órgão da administração direta que

 juntamente com o Senado Federal compõe o Congresso Nacional, sujeita-se ao controleinterno procedido por órgão de sua estrutura administrativa intitulado Secretaria de Con-trole Interno, bem como submete suas contas ao Tribunal de Contas da União (TCU), queauxilia o Congresso Nacional no exercício do controle externo (CF, art. 71).

Nesse contexto, é interessante levantar a seguinte questão: a quem compete encaminharao TCU a prestação de contas da Câmara? Há aparente antinomia regimental, pois o art. 15,

 XXVII, prevê como competência da Mesa encaminhar ao Tribunal de Contas da União aprestação de contas da Câmara em cada exercício nanceiro. Porém, o art. 265, § 4º, dispõeque, até 30 de junho de cada ano, o presidente encaminhará ao Tribunal de Contas da Uniãoa prestação de contas relativa ao exercício anterior. Como esta última regra é especíca parao caso, reputamos sua prevalência sobre a norma contida no art. 15, XXVII.

AULA 3 – dA PoLíciA dA câmArA

 Art. 267. A Mesa ará manter a ordem e a disciplina nos ediícios da Câmara esuas adjacências.Parágrao único. A Mesa designará, logo depois de eleita, quatro de seus membroseetivos para, como corregedor e corregedores substitutos, se responsabilizarempela manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito da Casa.

 Art. 268. Se algum deputado, no âmbito da Casa, cometer qualquer excesso quedeva ter repressão disciplinar, o presidente da Câmara ou de comissão conhecerádo ato e promoverá a abertura de sindicância ou inquérito destinado a apurar res-ponsabilidades e propor as sanções cabíveis.

 Art. 269. Quando, nos ediícios da Câmara, or cometido algum delito, instaurar-se-á inquérito a ser presidido pelo diretor de serviços de segurança ou, se o indi-ciado ou o preso or membro da Casa, pelo corregedor ou corregedor substituto.§ 1º Serão observados, no inquérito, o Código de Processo Penal e os regulamentospoliciais do Distrito Federal, no que lhe orem aplicáveis.§ 2º A Câmara poderá solicitar a cooperação técnica de órgãos policiais especializa-dos ou requisitar servidores de seus quadros para auxiliar na realização do inquérito.

Page 428: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 428/441

434

Curso de Regimento Interno

§ 3º Servirá de escrivão uncionário estável da Câmara, designado pela autoridadeque presidir o inquérito.

§ 4º O inquérito será enviado, após a sua conclusão, à autoridade judiciáriacompetente.§ 5º Em caso de lagrante de crime inaiançável, realizar-se-á a prisão do agenteda inração, que será entregue com o auto respectivo à autoridade judicial compe-tente, ou, no caso de parlamentar, ao presidente da Câmara, atendendo-se, nestahipótese, ao prescrito nos arts. 250 e 251.

 Art. 270. O policiamento dos ediícios da Câmara e de suas dependências exter-nas, inclusive de blocos residenciais uncionais para deputados, compete, privativa-mente, à Mesa, sob a suprema direção do presidente, sem intervenção de qualqueroutro poder.Parágrao único. Este serviço será eito, ordinariamente, com a segurança própriada Câmara ou por esta contratada e, se necessário, ou na sua alta, por eetivos dapolícia civil e militar do Distrito Federal, requisitados ao governo local, postos àinteira e exclusiva disposição da Mesa e dirigidos por pessoas que ela designar.

  Art. 271. Excetuado aos membros da segurança, é proibido o porte de arma dequalquer espécie nos ediícios da Câmara e suas áreas adjacentes, constituindo in-ração disciplinar, além de contravenção, o desrespeito a esta proibição.

Parágrao único. Incumbe ao corregedor, ou corregedor substituto, supervisionar aproibição do porte de arma, com poderes para mandar revistar e desarmar.

 Art. 272. Será permitido a qualquer pessoa, convenientemente trajada e portandocrachá de identiicação, ingressar e permanecer no ediício principal da Câmara eseus anexos durante o expediente e assistir das galerias às sessões do Plenário e àsreuniões das comissões.Parágrao único. Os espectadores ou visitantes que se comportarem de orma in-conveniente, a juízo do presidente da Câmara ou de comissão, bem como qualquer

pessoa que perturbar a ordem em recinto da Casa, serão compelidos a sair, imedia-tamente, dos ediícios da Câmara.

 Art. 273. É proibido o exercício de comércio nas dependências da Câmara, salvoem caso de expressa autorização da Mesa.

Comentários

Inicialmente, lembre-se de que a direção dos trabalhos legislativos e dos serviços admi-nistrativos é de competência da Mesa, que exercerá as atribuições previstas no art. 15, bemcomo as que estiverem estabelecidas em lei, no Regimento ou em resolução da Câmara

Page 429: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 429/441

Capítulo XVIII

435

(arts. 14 e 15, caput ). Nesse sentido, o art. 267 estatui como atribuição da Mesa o dever demanter a ordem e a disciplina nos ediícios da Câmara e suas adjacências.

À Mesa cabe conerir aos seus membros atribuições ou encargos reerentes aos servi-

ços legislativos e administrativos da Casa (art. 15, VI). A competência de cada membroda Mesa é denida em ato da Mesa publicado em trinta sessões ordinárias após sua cons-tituição (art. 14, § 6º). Nesse sentido, observa-se a previsão contida no parágrao únicodo art. 267, segundo a qual quatro membros da Mesa, por designação desta, exercerão aunção de correição, sendo um corregedor e três corregedores substitutos (cuidado! A un-ção é de corregedor, e não de corregedor-geral). Compare com a unção de ouvidor-geral,prevista no art. 21-B. A esse respeito, esclarece-se não haver corregedor-geral nem pro-curador-geral na Câmara dos Deputados. A previsão regimental quanto à Procuradoriaé de que esta seja exercida por onze procuradores (art. 21, § 1º) e, quando implementadaesta estrutura, um dos procuradores deverá representar a Procuradoria em seus pronuncia-mentos coletivos, porém não há previsão do título de procurador-geral (esses comentárioscomplementam as aulas 8, 9 e 12 do capítulo V).

Quanto a inquéritos, deve-se observar a distinção entre aqueles cujo indiciado ou pre-so seja deputado e os demais inquéritos. No primeiro caso, a presidência do inquéritocará a cargo do corregedor ou corregedor substituto. No último caso, o diretor de serviçosde segurança presidirá o inquérito. Duas considerações sobre esse assunto: 1ª) competeao presidente da Câmara dirigir, com suprema autoridade, a Polícia da Câmara (arts. 17,

VI, h, e 270, caput ); 2ª) nos termos da Resolução nº 18/2003, o Departamento de PolíciaLegislativa é o órgão de polícia da Câmara dos Deputados, logo o diretor de serviços desegurança reerido no art. 267 do RICD é o diretor do Departamento de Polícia Legisla-tiva previsto na citada resolução.

Não há intervenção de qualquer outro poder no policiamento da Câmara, que é decompetência da Mesa, sob a suprema direção do presidente. Assim, a Polícia Federal (ór-gão do Poder Executivo) não poderá intererir no policiamento da Câmara. Observa-seque, na alta de segurança (policiamento) própria da Câmara ou por esta contratada, se ne-

cessário, o policiamento será eito por eetivos da polícia civil e militar do Distrito Federal.Ainda que a Câmara seja órgão ederal, sua sede encontra-se em Brasília, capital ederal;assim, a requisição de eetivos policiais será eita ao governo local (governo do DistritoFederal), e não ao governo ederal. Ademais, os policiais requisitados carão à inteira eexclusiva disposição da Mesa e serão dirigidos por quem a Mesa designar.

O porte de armas nos ediícios da Câmara e suas áreas adjacentes é restrito aos mem-bros da segurança. Nos termos do art. 10 da Resolução nº 18/2003, “é livre o porte de armaem todo o território nacional aos inspetores e agentes de Polícia Legislativa medianteprévia autorização do presidente da Câmara dos Deputados”. A proibição do porte de

armas será supervisionada pelo corregedor, ou corregedor substituto, que terá poderes paramandar revistar e desarmar. Nesse sentido, cumpre destacar que, entre as atribuições dosagentes de Polícia Legislativa, está a de realização de busca em pessoas ou em veículosnecessária às atividades de prevenção e investigação (Resolução nº 18/2003, art. 6º, IV).

Page 430: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 430/441

436

Curso de Regimento Interno

Para estudos complementares sobre porte de armas pela Polícia da Câmara, veja a Leinº 10.826/2003 (em especial, art. 6º) e o Decreto nº 5.123/2004.

Conquanto a Polícia Federal não possa intervir no policiamento da Câmara nem haja

previsão regimental para requisição de policiais ederais, vale salientar ocorrências de poli-ciais ederais armados circulando pelos ediícios da Câmara dos Deputados. Isso se justicaapenas em situações excepcionais, quando, por exemplo, há a necessidade de se colher de-poimento em comissão parlamentar de inquérito de pessoas presas sob a custódia da PolíciaFederal. Cuide-se que, no caso exemplicado, os policiais ederais, além de estarem em ser-

 viço, dependem de autorização da Casa para atuarem em conjunto com a Polícia Legislati- va. Acrescente-se que, em regra, policiais civis e militares (distritais, estaduais ou ederais),bem como juízes que estejam portando armas, ao adentrarem as dependências da Câmarados Deputados, devem deixá-las sob a guarda do Departamento de Polícia Legislativa,retirando-as quando de sua saída da Casa.

O acesso à Câmara dos Deputados e permanência em seus ediícios durante o expe-diente é livre a qualquer pessoa nacional ou estrangeira (e não apenas a cidadãos brasilei-ros), sendo requerido traje adequado, identicação e bom comportamento no local.

Por m, cumpre observar ser possível o comércio nas dependências da Câmara apenascom expressa autorização da Mesa. A regra é a proibição de comércio; a permissão é emcasos excepcionais em que a Mesa expressamente autoriza.

AULA 4 – do sistEmA dE consULtoriA E AssEssorAmEnto

  Art. 275. O sistema de consultoria e assessoramento institucional uniicado daCâmara dos Deputados compreende, além do Conselho de Altos Estudos e Avalia-ção Tecnológica, a Consultoria Legislativa, com seus integrantes e respectivas ativi-dades de consultoria e assessoramento técnico-legislativo e parlamentar à Mesa, àscomissões, às lideranças, aos deputados e à administração da Casa, com o apoio dossistemas de documentação e inormação, de inormática e processamento de dados.(“Caput” do artigo com redação adaptada aos termos da Resolução nº 28, de 1998.)Parágrao único. O Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica e a Con-sultoria Legislativa terão suas estruturas, interação, atribuições e uncionamentoregulados por resolução própria. (Parágrao único com redação adaptada aos termos daResolução nº 28, de 1998.)

 Art. 276. O Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica, órgão técnico-consultivo diretamente jurisdicionado à Mesa, terá por incumbência:I – os estudos concernentes à ormulação de políticas e diretrizes legislativas ou ins-

titucionais, das linhas de ação ou suas alternativas e respectivos instrumentos nor-mativos, quanto a planos, programas e projetos, políticas e ações governamentais;

Page 431: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 431/441

Capítulo XVIII

437

II – os estudos de viabilidade e análise de impactos, riscos e beneícios de naturezatecnológica, ambiental, econômica, social, política, jurídica, cultural, estratégica e

de outras espécies, em relação a tecnologias, planos, programas ou projetos, políti-cas ou ações governamentais de alcance setorial, regional ou nacional;III – a produção documental de alta densidade crítica e especialização técnica oucientíica, que possa ser útil ao trato qualiicado de matérias objeto de trâmitelegislativo ou de interesse da Casa ou de suas comissões.Parágrao único. As atividades de responsabilidade do conselho poderão ser de la-gradas por solicitação da Mesa, de comissão ou do Colégio de Líderes.

 Art. 277. O Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica terá uma com-posição plenária variável, de que arão parte, ao lado de membros natos ou re-presentantes, técnicos, cientistas e especialistas de notoriedade proissional, nãopermanentes, sendo:I – membros natos ou representantes, com mandato por tempo indeterminado:

a) um membro da Mesa, por ela indicado, que o presidirá;b) cinco deputados designados pelo presidente da Câmara, com observân-

cia do princípio da proporcionalidade partidária, por indicação dos líde-res, dentre os membros das respectivas bancadas portadores de currículoacadêmico ou experiência proissional compatíveis com as inalidades do

colegiado;c) o diretor da Consultoria Legislativa; ( Alínea com redação adaptada aos ter-

mos da Resolução nº 28, de 1998.)II – membros temporários, cuja atuação icará restrita a cada trabalho, estudo ouprojeto especíico de que devam participar, no âmbito do conselho:

a) um representante, indicado dentre os seus membros que atendam ao re-quisito mencionado no inciso I, alínea b, in ine , de cada comissão per-manente cuja área de atividade ou campo temático tenha correlação como trabalho em exame ou execução no conselho, mediante solicitação do

presidente deste;b) pelo menos um consultor legislativo de cada núcleo temático integrante

da Consultoria Legislativa, que tenha pertinência com o trabalho em ela-boração ou apreciação no conselho, indicado pelo diretor da consultoria;( Alínea com redação adaptada aos termos da Resolução nº 28, de 1998.)

c) até quatro cientistas ou especialistas de notório saber e renome proissio-nal, que venham a ser contratados pela Câmara como consultores autôno-mos para realização de tarea certa ou por tempo determinado.

§ 1º Os membros representantes reeridos no inciso I, alíneas a e b, integra-rão o conselho até que sejam substituídos, ou expirem os respectivos mandatosparlamentares.

Page 432: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 432/441

438

Curso de Regimento Interno

§ 2º Nos casos do inciso I, alíneas a e b, além dos membros titulares, serão indi-cados os respectivos suplentes, que os substituirão nas hipóteses de ausência ou

impedimento.§ 3º As decisões do conselho serão tomadas por maioria de votos dos seus membros.§ 4º O conselho poderá contar ainda com a assistência de instituições cientíi-cas e de pesquisa, centros tecnológicos e universidades, além dos organismos ouentidades estatais voltados para seu campo de atuação, com os quais estabeleceráintercâmbio e, mediante prévia autorização da Mesa, convênios ou contratos.

 Art. 278. A Consultoria Legislativa organizar-se-á sob orma de núcleos temáti-cos de consultoria e assessoramento, integrados por quatro consultores legislativos,pelo menos, sendo estes admitidos mediante concurso público de provas e títulos.§ 1º A Consultoria Legislativa disporá também de núcleo de assessoramento àscomissões, incumbido de organizar e coordenar a prestação de assistência técnicaou especializada aos trabalhos dos colegiados da Casa, através dos proissionaisintegrantes dos núcleos temáticos com as quais tenham correlação.§ 2º A Consultoria Legislativa terá colaboração preerencial dos órgãos de pesquisabibliográica e legislativa, de documentação e inormação e de processamento dedados da Câmara na execução dos trabalhos que lhe orem distribuídos.§ 3º A Consultoria Legislativa manterá cadastro de pessoas ísicas ou jurídicas

para eventual contratação de serviços de consultoria autorizada pela Mesa.§ 4º A Consultoria Legislativa avaliará, em cada caso concreto, para eeito doparágrao anterior, se a complexidade técnico-cientíica da matéria justi ica a ce-lebração de contrato ou convênio com proissional ou instituição especializada.( Artigo com redação adaptada aos termos da Resolução nº 28, de 1998.)

Comentários

Destaca-se o caráter unicado do sistema de consultoria e assessoramento da Câmarados Deputados, que compreende tanto o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecno-lógica como a Consultoria Legislativa.

Quanto à resolução própria para cada um desses órgãos, inorme-se que:

1) a Resolução nº 17, de 1997, dispõe sobre o Conselho de Altos Estudos e Avalia-ção Tecnológica, de que trata o art. 275 do Regimento Interno;

2) a Resolução nº 48, de 1993, dispõe sobre a Assessoria Legislativa e em seu art. 1º

estatui que a Consultoria Legislativa (Assessoria Legislativa), órgão do sistemade consultoria e assessoramento institucional unicado, nos termos do CapítuloV do Título IX do Regimento Interno, tem sua competência, estrutura e uncio-namento disciplinados por esta resolução e demais textos normativos e regula-

Page 433: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 433/441

Capítulo XVIII

439

mentares da Câmara dos Deputados. A Resolução nº 28, de 1998, estabeleceu emseu art. 15 que “a Assessoria Legislativa e a Assessoria de Orçamento e Fiscaliza-ção Financeira passam a denominar-se, respectivamente, Consultoria Legislativa

e Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira”.Importante distinção quanto aos dois órgãos previstos no art. 275 reere-se ao ato de

o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica estar diretamente jurisdicionado àMesa – órgão político – (art. 276), enquanto que a Consultoria Legislativa compõe a es-trutura administrativa da Diretoria Legislativa – órgão administrativo – (Resolução nº 20,de 1971, art. 80, parágrao único, 2, e Resolução nº 48, de 1993, art. 1º, parágrao único).Isso se deve ao ato de que o primeiro é órgão de composição híbrida; ou seja, reúne tantodeputados como servidores administrativos em sua composição (art. 277, I e II, c/c Reso-

lução nº 17/1997, art. 3º).O segundo, por sua vez, é integrado apenas por servidores administrativos. Se houver

dúvida quanto a órgão político, órgão híbrido e órgão administrativo, reestude a aula 13do capítulo V deste curso, que trata dos órgãos da Câmara.

A Resolução nº 17, de 1997, estatui regras reerentes ao Conselho de Altos Estudos eAvaliação Tecnológica conitantes com o que consta no texto regimental. Nesse sentido,chama-se a atenção para o ato de a citada resolução ser posterior ao texto do RICD e,portanto, deve prevalecer pelo critério cronológico. Dessa orma, ao ler o disposto no

art. 277, I, a e b, considere que o art. 3º, I, a e b, da aludida resolução prevê:“ Art. 3º Integram o conselho:I – membros natos ou representantes, com mandato por tempo indeterminado:a) o presidente da Câmara do Deputados, ou outro membro da Mesa, por elaindicado, a quem caberá presidir o conselho;b) onze deputados portadores de currículo acadêmico ou experiência prossio-nal compatível com os objetivos do conselho, indicados pelos líderes e designadospelo presidente da Câmara dos Deputados, com observância da proporcionalida-

de partidária prevista no Regimento Interno;” (grio nosso)Os suplentes previstos no § 2º do art. 277 do RICD são suplentes de membros natos

ou representantes do conselho, exceto do diretor da Consultoria Legislativa. De acordocom o § 2º do art. 3º da Resolução nº 17/1997, tais suplentes substituirão os titulares nashipóteses de ausência ou impedimento e os sucederão em caso de vacância.

Uma outra distinção que risamos diz respeito às decisões do conselho. Enquanto oart. 277, § 3º, do RICD prevê que as decisões do conselho serão tomadas por maioriade votos de seus membros, o art. 4º da resolução em comento estatui que as decisões do

conselho serão tomadas por maioria de votos dos seus membros parlamentares. Se naprevisão do art. 277 o diretor da Consultoria Legislativa e os consultores poderiam votar,nos termos da Resolução nº 17, de 1997, apenas deputados terão direito a voto.

Page 434: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 434/441

440

Curso de Regimento Interno

Quanto ao disposto no art. 278, cumpre inormar que, entre os órgãos administrati- vos que compõem a estrutura institucional da Câmara dos Deputados, há a ConsultoriaLegislativa, órgão responsável pelo assessoramento à Casa (deputados, comissões, Mesa,

lideranças e, inclusive, à administração da Câmara). São mais de 180 cargos reservadosexclusivamente para prossionais de nível superior, recrutados mediante concurso públicode provas e títulos. A equipe de consultores é ormada por especialistas (graduados, pós-graduados, mestres e doutores) em ciências jurídicas e diversas áreas do conhecimento,como administração, arquitetura, economia, educação, jornalismo, meio ambiente e saúdepública. Evidencia-se, então, o caráter multidisciplinar do assessoramento prestado pelaConsultoria Legislativa da Câmara dos Deputados.

Destaque-se, por pertinente, que o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnoló-gica poderá desenvolver suas atividades a partir de solicitação da Mesa, de comissão ou doColégio de Líderes – órgãos políticos (art. 276, parágrao único). As atividades da Con-sultoria Legislativa, por sua vez, podem ser deagradas pela Mesa, por comissão, liderança,deputado ou, ainda, pela administração da Câmara.

Por m, esclarece-se a possibilidade de a Câmara contratar, sem concurso públi-co, pessoas ísicas ou jurídicas como consultores autônomos (art. 277, II, c , c/c art. 278,§ 3º). Consultoria técnica é subespécie enquadrada na espécie serviços técnicos prossio-nais especializados da categoria serviços. Logo, lembre-se de que a contratação de serviços,ressalvadas as hipóteses previstas na lei de licitações e contratos, será precedida de licitação

(Lei nº 8.666/1993, art. 2º). O art. 25 dessa lei prevê ser inexigível licitação quando hou- ver inviabilidade de competição e, entre os casos especiais, cita a contratação de serviçostécnicos enumerados no art. 13 da reerida lei (artigo que dispõe sobre os serviços técnicosprossionais especializados, de natureza singular, com prossionais ou empresas de no-tória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação).

AULA 5 – dAs disPosiçõEs FinAis

 Art. 279. A Mesa, na designação da legislatura pelo respectivo número de ordem,tomará por base a que se iniciou em 1826, de modo a ser mantida a continuidadehistórica da instituição parlamentar do Brasil.

 Art. 280. Salvo disposição em contrário, os prazos assinalados em dias ou sessõesneste Regimento computar-se-ão, respectivamente, como dias corridos ou por ses-sões ordinárias da Câmara eetivamente realizadas; os ixados por mês contam-sede data a data.§ 1º Exclui-se do cômputo o dia ou sessão inicial e inclui-se o do vencimento.

§ 1º-A Considera-se sessão inicial a do dia em que ocorrer o ato ou se praticar oato. (Parágrao acrescido pela Resolução nº 11, de 2000.)

Page 435: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 435/441

Capítulo XVIII

441

§ 2º Os prazos, salvo disposição em contrário, icarão suspensos durante os perío-dos de recesso do Congresso Nacional.

 Art. 281. Os atos ou providências, cujos prazos se achem em luência, devem serpraticados durante o período de expediente normal da Câmara ou das suas sessõesordinárias, conorme o caso.

 Art. 282. É vedado dar denominação de pessoas vivas a qualquer das dependênciasou ediícios da Câmara dos Deputados.

Comentários

Dedicamos a aula 6 do capítulo I deste curso ao estudo da legislatura. Agora, relem-bramos apenas que, naquela oportunidade, inormou-se que a primeira legislatura ocorreude 1826 a 1829. Dessa orma, o legislador interno estatuiu no artigo 279 que a legislaturainiciada no ano de 1826 será tomada por base na designação da legislatura pelo res-pectivo número de ordem, a m de ser mantida a continuidade histórica da instituiçãoparlamentar do Brasil. Se necessário, reestude o conteúdo da citada aula.

cgm pz gm

Ao longo do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, são estabelecidos diversosprazos. Sem o rigor da exatidão, que nesse caso julgamos dispensável, pode-se encontrarno texto regimental aproximadamente cem prazos assinalados. Por volta de setenta porcento desses prazos são assinalados em sessões. Há ainda prazos denidos em dias ouhoras; cada um desses tipos soma pouco mais de uma dezena de casos. Existe a hipótesede prazo xado por mês. O prazo com maior número de ocorrências é o de cinco sessões.

Na Câmara dos Deputados, em regra, os prazos regimentais estabelecidos em dias sãocomputados em dias corridos, enquanto que os prazos em sessões devem ser computa-dos por sessões ordinárias eetivamente realizadas. Os prazos xados por mês devem sercontados de data a data. A Resolução nº 2, de 2011, inovou ao prever que os prazos doConselho de Ética e Decoro Parlamentar sejam contados em dias úteis, inclusive em setratando de recurso ou pedido de vista. O prazo de que o Plenário dispõe para apreciarprocesso disciplinar em desavor de deputado também deverá ser computado em dias úteis(CEDP, arts. 8º, § 3º, e 16, caput e § 1º).

Nesse sentido, não basta que a sessão ordinária tenha sido devidamente convocada;az-se necessário que haja a presença de, no mínimo, um décimo dos deputados para que

o presidente possa declarar a abertura da sessão. Não alcançado esse quórum no horáriode início da sessão nem, ainda, na meia hora seguinte, o presidente declarará que não podehaver sessão (art. 79, § 3º). Assim, no dia em que não houver sessão ordinária convocada,ou, por alta de quórum, não se realizar a sessão ordinária prevista, não se contará nenhum

Page 436: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 436/441

442

Curso de Regimento Interno

prazo assinalado em sessão. CUIDADO: havendo ou não sessão ordinária com o devidoquórum, os prazos em dias ou horas sempre serão contados, pois “o tempo não para”.

Respeitados os prazos regimentais, deve-se cuidar em praticar os atos ou adotar as

providências necessárias durante o horário de expediente normal da Câmara ou das suassessões ordinárias, conorme o caso.

A título de ilustração da aplicação do disposto no art. 132, § 2º, consideremos a aludi-da norma regimental a seguir transcrita e a situação hipotética que a sucede:

“  Art. 132, § 2º. Não se dispensará a competência do Plenário para dis-cutir e votar, globalmente ou em parte, projeto de lei apreciado conclu-sivamente pelas comissões se, no prazo de cinco sesses da publicaçãodo respectivo anúncio no  Diário da Câmara dos Deputados e no avulso da

Ordem do Dia, houver recurso nesse sentido de um décimo dos membros daCasa, apresentado em sessão e provido por decisão do Plenário da Câmara.”(grio nosso)

Caso a publicação do anúncio de que o Projeto de Lei nº 12.345/2006 (ctício) oraapreciado conclusivamente pelas comissões ocorresse no Diário da Câmara dos Deputados eno avulso da Ordem do Dia na segunda-eira, dia 20/3/2006, a contagem do prazo iniciar-se-ia na terça-eira, 21/3/2006, e teria a previsão de encerrar-se na segunda-eira da sema-na seguinte, dia 27/3/2006. Cumpre ressaltar tratar-se de previsão para encerramento do

prazo, pois o esgotamento do prazo poderia ocorrer após o dia 27/3/2006, caso não osseconvocada sessão ordinária para quaisquer dos possíveis dias úteis compreendidos no perí-odo de 21 a 27 de março de 2006. O encerramento do prazo poderia, ainda, ser postergadono caso de, em havendo sessão ordinária convocada para todos os dias do período aludido,em qualquer deles não se realizasse a sessão por alta de quórum, por exemplo.

Observe-se que, em razão da previsão contida nos §§ 1º e 1º-A do art. 280, conside-rou-se sessão inicial a sessão ordinária realizada no dia 20/3/2006, data da publicação doanúncio, a qual não oi incluída no cômputo. A sessão prevista como nal, sessão do dia

27/3/2006, oi incluída na contagem do prazo.Em regra, os prazos são suspensos no período de recesso parlamentar. Cabe apenas

destacar duas situações excepcionais:

a. se comissão parlamentar de inquérito decidir trabalhar durante o recesso (art. 35,§ 3º), não haverá interrupção na contagem do prazo de uncionamento da CPI;

b. se o Congresso Nacional or convocado extraordinariamente, a Câmara poderáapreciar as matérias constantes da pauta de convocação; logo, os prazos relativosàs proposições em apreciação em sessão legislativa extraordinária são contadosnesse período. Nesse caso, prevalece a regra de suspensão de prazo para as maté-rias não incluídas na pauta de convocação extraordinária.

Page 437: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 437/441

443

Rfêca 

AMARAL, Gardel; GERÔNIMO, Miguel.O processo legislativo na Câmara dos Deputados. Brasília: Ed. do Autor, 2001. 279 p. ISBN 85-902235-1-5.

BARBOSA, Leonardo Augusto de Andrade. Processo legislativo e democracia: parlamento,esera pública e jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política. 6. ed. São Paulo: CelsoBastos Ed., 2004. 331 p.

BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico. São Paulo: Ícone, 1995. 239 p. ISBN 85-274-0328-5.

BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 550 p. ISBN85-7420-692-X.

BRASIL. Assembleia Constituinte. Regimento interno: Resolução nº 2, de 1987. Diário

da Assembleia Nacional Constituinte , Brasília, 25 mar. 1987, v. 2, p. 871.

BRASIL. Congresso. Regimento comum: Resolução nº 1, de 1970-CN, com alteraçõesposteriores até 2002; legislação conexa. Brasília: Congresso Nacional, 2004. 226 p.

________. Resoluções nos 1, 2 e 3, de 2005 . Brasília: Senado Federal. Disponível em: <http:// www.senado.gov.br/s/legislacao/regs/>. Acesso em: 19-10-2005.

________. Câmara dos Deputados. Normas conexas ao regimento interno da Câmara dosDeputados. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2003. 276p. (Série textos básicos; nº 30). ISBN 85-7365-280-2.

________. Regimento interno da Câmara dos Deputados: aprovado pela Resolução nº 17, de1989, e alterado pelas Resoluções nos 1, 3 e 10, de 1991; 22 e 24, de 1992; 25, 37 e 38, de1993; 57 e 58, de 1994; 1, 77, 78 e 80, de 1995; 5, 8 e 15, de 1996; 33, de 1999; 11 e 16de 2000; 19, 21 e 25 (Código de Ética e Decoro Parlamentar), de 2001; e 27, 28 e 29, de2002; 4 e 15, de 2003; 20, 22 e 23, de 2004; 30 e 34, de 2005; 45, de 2006. 8. ed. Brasília:Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011. 478 p. (Série textos básicos; nº 49).

________. Regimento interno da Câmara dos Deputados, consolidado até a Resoluçãonº 45/2006. Câmara dos Deputados: Centro de Documentação e Inormação, 2006?

Page 438: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 438/441

444

Curso de Regimento Interno

________. Resolução nº 34, de 23 de novembro de 2005. Diário da Câmara dos Deputados,Brasília, 24 nov. 2005, Suplemento, p. 3.

________. Comissão Permanente de Legislação Participativa. Cartilha. Brasília: Câmarados Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. 51 p.

BRASIL. Congresso. Senado Federal. Resoluções nos 30 e 35, de 2006. Brasília: SenadoFederal. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/s/legislacao/regs/>. Acesso em:30-8-2006.

________. Regimento interno: Resolução nº 93, de 1970. Brasília: Senado Federal, 2003.291 p. Texto editado em conormidade com a Resolução nº 18, de 1989, consolidado comas alterações decorrentes de emendas à Constituição, leis e resoluções posteriores até 2002.

________. Resoluções nos 1 e 2, de 2005 . Brasília: Senado Federal, 2005. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/s/legislacao/regs/>. Acesso em: 19-10-2005.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil : texto consti-tucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas EmendasConstitucionais nos 1/1992 a 46/2005 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a6/1994. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2005. 86 p.

________. Constituição da República Federativa do Brasil : texto consolidado até a Emenda

Constitucional nº 53/2006. Brasília: Senado Federal. Disponível em: <http://www.sena-do.gov.br/s/legislacao/const/>. Acesso em: 28-1-2007.

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Código eleitoral anotado e legislação complementar . Brasília: TSE/SGI, 2006.

BULOS, Uadi Lammêgo. Comissão parlamentar de inquérito: técnica e prática. São Paulo:Saraiva, 2001. 340 p.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo.2. ed. Rio de aneiro: Nova Fronteira, 1985. 724 p.

DEZEN UNIOR, Gabriel. Curso completo de direito constitucional . 11. ed. Brasília: Ves-tcon, 2006. 958 p. ISBN 85-7400-611-4.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2005.765 p. ISBN 85-224-3987-7.

DINIZ, Maria Helena.   A Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada. São

Paulo: Saraiva, 1996. 178 p.FARIAS, Cristiano Chaves de. Direito civil : teoria geral. 2. ed. Rio de aneiro: Lúmen

 uris, 2005. 678 p. ISBN 85-7387-575-5.

Page 439: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 439/441

Referências

445

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional . 17. ed. rev. e atual.São Paulo: Saraiva, 1989. 314 p. ISBN 85-02-00338-0.

________. O poder constituinte . 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2005. 253 p.ISBN 85-02-05211-X.

________. Do processo legislativo. 5. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2002. 303 p.ISBN 85-02-03927-X.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:Editora Método, 2006. 654 p. ISBN 85-7660-094-3.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos,

1998. 2.267 p. ISBN 85-06-02759-4.MICHELS, Vera Maria Nunes. Direito eleitoral : de acordo com a Constituição Federal,LC 64/90, Leis 9.096/95, 9.504/97, 11.399/06, EC 52/06 e resoluções do TSE. 5. ed. rev.e atual. Porto Alegre: Liv. do Advogado, 2006. 244 p. ISBN 85-7348-438-1.

MIRANDA, orge. Teoria do estado e da constituição. Rio de aneiro: Forense, 2003.

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional . 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 948 p.ISBN 85-224-4282-7.

__________. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional . 4. ed. São Paulo:Atlas, 2004. 3.068 p.

OLIVEIRA, Mauro Márcio. Fontes de inormações sobre a Assembleia Nacional Constituinte de 1987 : quais são, onde buscá-las e como usá-las. Brasília: Senado Federal, Subsecretariade Edições Técnicas, 1993. 104 p.

OLIVEIRA, Regis Fernandes de; FERREIRA, osé Rodrigues. Processo legislativo: umacontribuição ao debate. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações,

1996. 133 p. (Ação Cultural. Temas de Interesse do Legislativo; n. 3)

PACHECO, Luciana Botelho. A tramitação de proposições na Câmara dos Deputados: doinício à ase das comissões. Brasília: Assoc. dos Consultores Legislativos e de Orçamentoe Fiscalização Financeira, 2002. 120 p. (Série monograas; n. 1). ISBN 85-7365-260-8.

PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Processo legislativo. Niteroi, R: Impetus,2003. 228 p. (Coleção Síntese urídica, 8) ISBN 85-7626-014-X.

PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do estado, dos poderes e histórico das cons-tituições. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 164 p. (Coleção Sinopses urídicas; 18). ISBN85-02-04047-2.

Page 440: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 440/441

446

Curso de Regimento Interno

POLETTI, Ronaldo. Introdução ao direito. São Paulo: Saraiva, 1991. 334 p. ISBN 85-02-00795-5.

PORTO, Noêmia. Temas relevantes de direito constitucional . Brasília: Fortium, 2005.

REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 19. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 1991. 381 p.ISBN 85-02-00346-1.

SANTOS, Luiz Claudio Alves dos. Câmara dos Deputados: o regimento em exercícios. 2.ed. rev. atual. e ampl. Brasília: Vestcon, 2006. 268 p. ISBN 85-7400-670-X.

SILVA, osé Aonso da. Curso de direito constitucional positivo. 27. ed. rev. atual. São Paulo:Malheiros, 2006b. 924 p. ISBN 85-7420-740-3.

________. Processo constitucional de ormação das leis. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2006a.373 p. ISBN 85-7420-703-9.

 TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional . 21. ed. rev. e atual. São Paulo: Ma-lheiros, 2006. 232 p. ISBN 85-7420-750-0.

VALLE, uliana Carla de Freitas do. Regimento interno da Câmara dos Deputados. In:Câmara dos Deputados e Senado Federal : preparatória para nível médio. Brasília: Vestcon,2006.

Page 441: Livro Curso de Regimento Interno CD 2011

5/12/2018 Livro Curso de Regimento Interno CD 2011 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/livro-curso-de-regimento-interno-cd-2011 441/441