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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Emoção, Movimento e Música
Por: Mariana Carneiro Gomes dos Santos
Orientadora
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDESPÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Emoção, Movimento e Música
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial paraa obtenção do grau de especialista em
Educação Infantil e Desenvolvimento.
Por: Mariana Carneiro Gomes dos Santos
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AGRADECIMENTOS
...Aos meus pais, por todo o apoio
que me deram durante a minha vida.
Ao meu marido, Matheus, pelo
carinho e compreensão.
A minha orientadora, pela dedicação
durante a realização deste trabalho.
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RESUMO
A tecnologia é a principal responsável pela crescente falta de interesse pelo
movimento corporal na sociedade contemporânea. As crianças de hoje vivem em
apartamentos e passam uma boa parte do seu tempo assistindo televisão ou
brincando com joguinhos no computador. Com isso, a desarmonia entre as suas
sensações e as necessidades do corpo de movimentar-se se torna cada vez mais
latente. A psicomotricidade, favorecida pela expressão corporal e música, é capazde ajudar a criança a dominar o seu corpo com desenvoltura e permitir que
exteriorize espontaneamente suas emoções, o que facilita sua vida em vários
aspectos, inclusive o social.
O presente trabalho busca uma melhor compreensão sobre a história da
Psicomotricidade, analisa o desenvolvimento psicomotor e aborda a relação entre
o movimento corporal e a música e seus benefícios para o desenvolvimento
psicomotor de crianças de 0 a 6 anos, considerando que os primeiros anos de vida
são fundamentais neste processo.
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METODOLOGIA
A pesquisa realizada é bibliográfica e descritiva. Foram consultadas fontes
bibliográficas, fazendo uso do material selecionado, composto por livros
científicos, artigos e textos da Internet. A proposta inicial é traçar os caminhos da
psicomotricidade, relatar o desenvolvimento motor de crianças de 0 a 6 anos eidentificar como a música e o movimento corporal podem contribuir no trabalho
psicomotor .
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SUMÁRIO
Introdução............................................................................................7
Capítulo I
Trajetórias da Psicomotricidade...........................................................9
Capítulo II
Desenvolvimento Psicomotor..............................................................16
Capítulo III
A Música e o Movimento Corporal a favor da Psicomotricidade.........24
Conclusão............................................................................................36
Anexos ................................................................................................38
Bibliografia...........................................................................................39
Índice...................................................................................................41
Folha de Avaliação..................................................................................
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INTRODUÇÃO
A Psicomotricidade é uma ciência que integra o corpo, a mente e a
afetividade ao enfatizar as funções motoras (ação e movimento) e as funções
psíquicas dos seres humanos. O trabalho psicomotor pretende educar e reeducar
aquele que apresenta algum tipo de distúrbio ou não, através do conhecimento e
domínio do corpo e dos sentimentos, a fim de conduzi-lo a uma maior segurança
nos campos afetivo e social. A ação multidisciplinar que alia música e movimento
à Psicomotricidade pode ser determinante nesse tipo de trabalho.
Foi constatado por diversos autores que o movimento corporal é essencial
no crescimento e desenvolvimento da criança. O movimento faz com que a
criança crie consciência de si mesma e do que está a sua volta, além de facilitar o
desenvolvimento do Sistema Nervoso e da parte intelectual. A expressão do corpo
através do movimento também está relacionada à expressão afetiva de
sentimentos como frustração, melancolia, prazer, o que nos conduz às funções
psíquicas da Psicomotricidade.
Através da música, a criança tem a chance de vivenciar as suas emoções.
Desde o útero, o bebê é capaz de escutar sons externos como a voz da sua mãe
e músicas. Pesquisas revelam que as crianças que ouvem música durante o
período de gestação nascem mais tranquilas e com melhor audição.
Jaques Dalcroze, no início do século passado, cria uma pedagogia “por e
para o ritmo” que objetiva uma experiência sensorial e motora através da vivência
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corporal do tempo, do ritmo etc. Sua pedagogia propõe o desenvolvimento damotricidade aliada à sensibilidade, já que permite a exteriorização espontânea das
sensações emotivas através do corpo.
A aprendizagem do movimento através da educação musical faz-se
necessário principalmente na fase da educação infantil. A música impulsiona o
corpo a se mover no espaço, a conquistar o sentido espacial e temporal e com
isso, ajuda à criança a ter domínio dos seus gestos, trabalhando a lateralidade.
O presente trabalho pretende descrever as trajetórias da Psicomotricidade,analisar as características do desenvolvimento psicomotor e enfatizar a
importância da música e do movimento corporal para o trabalho psicomotor e a
contribuição destes três elementos para o desenvolvimento afetivo e social da
criança.
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CAPÍTULO I
A arte grega demonstra que o corpo desperta o interesse do homem desde
a Antiguidade. Na Grécia Antiga, a beleza do corpo é cultuada através do
esplendor físico dos atletas e das proporções ideais das estátuas de mármore.
Enquanto nas esculturas é representada a perfeição do corpo, filósofos, como
Platão, mais interessados por um universo de realidades espirituais, frisam a idéia
de dicotomia entre corpo e alma. Platão considera duas realidades dentro do ser
humano e explicita que a alma domina o homem. Por outro lado, os gregos não
adeptos das ideias do filósofo acreditam que o corpo é a expressão da beleza da
alma.
No Renascimento, o corpo passa a ser investigado e analisado. Nas obras
de Leonardo Da Vinci está nítido o interesse pela anatomia humana. O corpo
humano é retratado com bastante realismo no belíssimo desenho conhecido por
"Homem de Vitruvius", onde Leonardo inscreve em uma circunferência e em um
quadrado, um homem de braços e pernas estendidos, representando que cada
secção do corpo humano é uma medida proporcional do todo.
Para René Descartes, um dos pensadores mais importantes e influentes da
História do Pensamento Ocidental, o corpo e o espírito são nitidamente distintos, o
que assinala uma relação de dualismo. A filosofia cartesiana do Dualismo
distinguia o espírito e o corpo como duas espécies distintas de substância, a que
pensa e raciocina e a que simplesmente ocupa espaço. Essa idéia de classes de
substâncias deu origem à pergunta: como poderiam o corpo e o espírito interagir?
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As discussões sobre a questão levantada por Descartes dão início aosurgimento de diversas concepções sobre o corpo que, influenciadas por idéias,
pensamentos e movimentos artísticos e filosóficos surgidos ao longo da História,
chegam, no início do Século XX, ao conceito de Psicomotricidade, “ciência que
tem por objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em
relação ao seu mundo interno e externo”. (Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade, 1984 – www.psicomotricidade.com.br ). A partir daí, a trajetória
da Psicomotricidade e o estudo da significação do corpo caminham juntos, lado a
lado.
Em 1907, o psiquiatra francês Ernest Dupré, elabora a noção de
Psicomotricidade. Através de seus estudos, evidencia-se o paralelismo
psicomotor, que mostra uma estreita ligação entre o desenvolvimento da
motricidade, afetividade e inteligência. Nesse paralelismo constatado por Dupré
percebe-se uma tentativa de seguir no sentido contrário ao dualismo de Descartes
que assinalava a cisão de corpo e espírito.
Nessa época, Isadora Duncan, bailarina norte-americana, considerada a
pioneira da dança moderna, fazia sucesso nos palcos da Europa. Com cabelos
meio soltos, pés descalços e vestimentas leves, a sua arte, alicerçada em
movimentos improvisados, de certa forma contribui para a Psicomotricidade, ao
trazer a ideia de libertação do corpo através de uma nova dança, pautada em
gestos naturais, inspirados, também, nos movimentos da natureza tais como
ventos, plantas, etc.Muitos foram os estudiosos que colaboraram com suas descobertas
influenciando a Psicomotricidade em suas diversas áreas.
O médico, psicólogo e filósofo francês Henri Wallon é pioneiro em levar não
só o corpo, mas as emoções das crianças para a sala de aula. Suas ideias
pedagógicas destacam a importância das emoções para o desenvolvimento
humano. Para ele, o movimento está intimamente ligado à afetividade.
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“Para Wallon, o conhecimento,
consciência e o desenvolvimento geral da personalidade não
podem ser isolados das emoções. A partir de sua obra, foi
possível construir, pela síntese de muitas correntes e teorias, uma
técnica terapêutica nova, cujo objetivo era a reeducação das
funções motoras perturbadas”. (CAMPOS, 2007, p.43).
Com Wallon, nasce o movimento de reeducação psicomotora utilizada em
crianças que apresentam dificuldades no seu funcionamento motor. Através de
testes psicomotores é dado o diagnóstico para se iniciar o tratamento. A
reeducação psicomotora abriu as portas para novos trabalhos como os de Julian
Ajuriaguerra e Edouard Guilman.
Julian Ajuriaguerra, psiquiatra e professor francês de origem espanhola, se
destaca ao mudar os rumos da Psicomotricidade, dando-lhe autonomia ao
introduzir técnicas reeducativas vinculadas aos transtornos psicomotores. É um
dos responsáveis pela abertura de um centro de atendimentos para distúrbios da
psicomotricidade e da linguagem, e um dos criadores da revista “Psiquiatria da
criança”.
O pedagogo Edouard Guilman, através de técnicas originadas na
neuropsiquiatria infantil, inicia a reeducação psicomotora, propondo exercícios
físicos adaptados às crianças especiais, a fim de reeducar o controle motor e a
tônica. Com isso, ele associou a Educação Física à Psicomotricidade.
A trajetória da Psicomotricidade prossegue com a publicação do livro “AEducação pelo Movimento” de autoria de Jean Le Boulch. Segundo ele, a
Educação Física é a base da Educação Psicomotora que se origina na França, em
1966. Le Boulch enfatiza que essa corrente educativa em psicomotricidade surge
a partir do fato de que a educação física não conseguisse corresponder às
necessidades de uma educação real do corpo. Nesse momento, uma teoria geral
do movimento denominada Psicocinética é formulada para propor aos educadores
meios práticos na utilização do movimento como base dessa educação. Logo, é
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assinado um decreto ministerial introduzindo a educação psicomotora no ensinoprimário, cumprindo um horário semanal de seis horas, o que entusiasmou Le
Boulch e seus seguidores. Para esse especialista:
“A Educação Psicomotora deve ser considerada como
uma educação de base na escola primária. Ela condiciona todas
as aprendizagens pré-escolares: leva a criança a tomar
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço,
a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus
gestos e movimentos. A Educação Psicomotora deve ser
praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança,
permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas”. (BOULCH, 1966 p.24, 25).
O horário semanal dedicado à Educação Psicomotora na escola primária
começa a ser composto por atividades de livre expressão e exercícios que
melhoram o equilíbrio e a coordenação das crianças.
Hoje em dia, as ideias de Boulch estão presentes nas escolas. A utilização
da Psicomotricidade associada à Educação Física é trabalhada nas várias
modalidades de ensino, principalmente na Educação Infantil. A criança pequena
usa a linguagem corporal como uma forte forma de se expressar. Nessa fase, o
desenvolvimento do equilíbrio, o controle da musculatura e o trabalho de
sensibilização visual, tátil e auditiva são essenciais para as crianças. Outro
elemento importante dessa etapa é o lúdico, a necessidade de brincar. A
brincadeira proporciona diversas formas de expressão e estimula a liberdade
criativa.
A partir da década de 70, as técnicas reeducativas são abandonadas e dão
espaço para a terapia psicomotora. O psicólogo e professor Esteban Levin relata
uma quebra no pensamento voltado apenas ao plano motor e direciona toda a
perspectiva do novo trabalho para o corpo em movimento:
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“(...) não se trata mais de uma reeducação, mas de uma terapia
psicomotora, que se ocupa, observa num corpo em movimento,
em deslocamento, constrói a realidade, conhece à medida em que
começa a se movimentar, sente, se emociona e cuja emoção
manifesta-se tonicamente.” (CAMPOS, 2007, p.47)
A partir desse momento, percebem-se as contribuições psicanalistas de
autores como Sigmund Freud, Sami Ali entre outros. A prática psicomotora
começa a incorporar conceitos psicanalíticos e a visão psicomotricista que estava
centrada no corpo em movimento, agora começa a enxergar um sujeito com seu
corpo em movimento.
Na década de 90, a Psicomotricidade ganha força na Europa e nos Estados
Unidos com o desenvolvimento de estudos aprofundados sobre diversos aspectos
relacionados ao tema. Nessa época destacam-se autores como Levin, que
introduz o conceito de clínica motora, Lorenzon, Kephart, Getman, Cratty, Frostig
e Barsch. Atualmente, a profissão de psicomotricista nos países do primeiro
mundo é plenamente reconhecida.
No Brasil, o trabalho psicomotor começa a se difundir apenas a partir de
1950. Na cidade do Rio de Janeiro, a fonoaudióloga Glorinha Beuttenmuller, inova
ao oferecer uma educação diferenciada aos portadores de deficiência visual,
pautada no movimento do corpo, sendo este sempre associado à voz. Aos
deficientes mentais, Glorinha oferece exercícios motores embasados na
reeducação psicomotora tradicional. Mais tarde, a disciplina Psicomotricidade
começa a fazer parte do currículo da Faculdade de Logopedia da Universidade do
Rio de Janeiro. (MORIZOT, 1984 apud CAMPOS, 2007).
A difusão da Psicomotricidade pelo Brasil ganha força a partir de 1968. No
começo, a Psicomotricidade é abordada em escolas especializadas e objetiva um
trabalho visando o desenvolvimento de crianças excepcionais. Posteriormente, na
década de 70, franceses como André Lapierre e Françoise Desobeau, iniciam
seus cursos de formação no país. O psicomotricista relacional Lapierre, trabalha
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em cima de sua técnica, ao fazer com que se crie para as crianças um espaçofuncional de brincadeiras e fantasias de modo que esta possa expressar seus
conflitos e vivenciá-los. Já Desobeau trabalha com uma abordagem tônica-
emocional, que permite o indivíduo a engajar-se no mundo de forma harmoniosa.
Em 19 de Abril de 1980, acontece um fato muito importante na trajetória da
Psicomotricidade no Brasil. É fundada a Sociedade Brasileira de Terapia
Psicomotora, hoje Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, cujo Estatuto
apresenta objetivos claros de interesse dos profissionais da área depsicomotricidade.
“A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade é uma entidade decaráter científico-cultural, sem fins lucrativos e foi fundada com oobjetivo de agregar os profissionais que vinham se formando etrabalhando na área. Atualmente, busca a regulamentação daprofissão através de projetos de lei.A S.B.P. tem ainda como objetivo, contribuir com:1. A promoção de contatos e incentivos à cooperação entre ospsicomotricistas e entre estes e as organizações dos diferentes
Estados interessados em pesquisas científicas e nodesenvolvimento teórico - prático das disciplinas ligadas àpsicomotricidade.2. A coleta e difusão de informações sobre a psicomotricidade;estudo do currículo básico para a formação do psicomotricista;3. A organização de cursos de especialização empsicomotricidade, inclusive em colaboração com autoridadeseducacionais de saúde e outras;4. A promoção de palestras, encontros, seminários, jornadas,simpósios e congressos;5. O exame das questões éticas, morais e profissionais dospsicomotricistas, emitindo seu parecer;
6. O incentivo de todas e quaisquer atividades científicas queestejam, direta ou indiretamente relacionadas com apsicomotricidade”.(www.psicomotricidade.com.br/asociedade.htm)
Apesar dos esforços da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade,
lamentavelmente, a Psicomotricidade chega aos dias de hoje no Brasil com um
problema: a falta de regulamentação da profissão de psicomotricista. Apesar dos
inúmeros trabalhos publicados, dos vários Congressos de nível nacional
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realizados e da oferta por todo o país dos diversos cursos de graduação eespecializações, não há o reconhecimento da profissão, não existe a
regulamentação da atividade profissional dos psicomotricistas nas áreas de saúde
e educação.
Em face do exposto ao longo deste Capítulo, nota-se que as trajetórias da
Psicomotricidade não evoluíram da mesma maneira e no mesmo contexto
temporal nos países adiantados e nos menos desenvolvidos. Enquanto na Europa
e nos Estados Unidos a profissão do psicomotricista é hoje reconhecida de direito,no Brasil, e em outros países da América Latina, a luta pelos direitos dos
profissionais da Psicomotricidade é intensa e, infelizmente, ainda não tem
previsão de chegar ao final.
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CAPÍTULO II
“Psicomotricidade que faz apreender, mover, impulsionar, agir o corpo com
emoção e afetividade intensificando o intelecto”. (ALVES, 2009)
Ao analisar as características do desenvolvimento psicomotor, objeto deste
Capítulo, cabe, primeiramente, assinalar que este desenvolvimento é um processo
contínuo que se caracteriza pelas mudanças ocorridas no comportamento motor
envolvendo a maturação, o reconhecimento do mundo externo, os estímulos, aconstrução espacial etc.
Pedagogos, psicólogos e outros estudiosos insistem em enfatizar a
importância do aprimoramento do desenvolvimento psicomotor, especialmente nos
primeiros anos de vida, onde a criança adquire coordenações como andar, correr,
falar, movimentos oriundos do desenvolvimento genético.
A aquisição dessas coordenações é resultado de uma maturação orgânica,
mas que definitivamente envolve as experiências pessoais de cada indivíduo
desde os primeiros anos de vida.
A criança se expressa através de seus movimentos. Todas as suas
experiências estão registradas em seus corpos e, com isso, precisam aprender a
entendê-los e dominá-los. A Psicomotricidade – combinação fisiológica de nervos,
reflexos e músculos acrescidos de fatores psíquicos – exerce um papel
fundamental nesse processo ao estimular, através do corpo, a independência, a
autonomia e a maturidade sócio-emocional da criança.
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Como observado no capítulo anterior, estudos, pesquisas e experiênciasforam realizados por diversas autoridades no assunto. A abordagem deste
capítulo irá se restringir a três renomados estudiosos: Freud, Piaget e Le Boulch.
É importante ressaltar que eles fizeram seus estudos abordando três aspectos
distintos. Enquanto Freud, baseado em conceitos psicanalíticos relativos ao
campo da afetividade, deu ênfase ao desenvolvimento psicossexual, Piaget tratou
do desenvolvimento cognitivo e, por sua vez, Le Boulch abordou o
desenvolvimento psicomotor propriamente dito. Cada qual deu a sua contribuição
para o desenvolvimento da Psicomotricidade, concebida como a integração
superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o
meio.
O médico e psiquiatra austríaco, criador da Psicanálise, Sigmund Freud,
apresentou as seguintes fases (ou estágios) de desenvolvimento, que determinam
a construção da personalidade da criança:
- Fase Oral (0 a 18 meses – um ano e meio) – o bebê vai buscar prazersugando o peito da mãe e colocando objetos na boca. O prazer está associado à
alimentação e se concentra na introdução da nutrição no corpo via boca e lábios.
Nesta fase, o bebê é totalmente dependente da mãe ou da pessoa responsável
por ela. Relata-se a importância do toque e das massagens neste estágio, pois
contribuem para o desenvolvimento potencial motor do bebê. Ao passar com êxito
por esta etapa de desenvolvimento, a criança adquire autoconfiança baseada na
segurança transmitida pelo adulto.- Fase Anal (18 meses a três anos) – esta fase está associada ao
aprendizado do uso do banheiro e às lições de autocontrole. Nesta etapa a criança
aprende a controlar o intestino e a bexiga, além de descobrir as diferenças
anatômicas entre meninos e meninas. Ocorre também o desenvolvimento dos
músculos e do equilíbrio e um aprimoramento da coordenação motora ampla e
fina. Neste estágio a criança adquire autonomia e capacidade para ser
independente.
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- Fase Fálica (4 aos 6 anos) – é uma fase em que a criança precisaextravasar sua energia e utiliza-se de atividades motoras como pular, correr etc. A
criança vai ter curiosidades em tocar o seu corpo e perceber o corpo do outro.
Começa uma maior convivência e socialização através da escola. É uma fase
importante para se trabalhar atividades lúdicas e para se estimular a criatividade.
Este período vai proporcionar a formação de uma identidade sexual.
- Fase de Latência (5/6 anos aos 11/13 anos – início da puberdade) – a
criança demonstra uma tranqüilidade em relação aos impulsos sexuais porinfluência da educação. Ela procura estabelecer novos vínculos no contato social
e se dedicar a novas atividades.
- Fase Genital (11/13 anos até o início da vida adulta) – nesta fase, o jovem
se encontra em pleno desenvolvimento psicossexual devido às mudanças
fisiológicas e à reintegração de todos os outros estágios anteriores. O jovem
amadurece sexualmente e se afasta da esfera de concentração em si mesmo para
se integrar à sociedade.
O estudo das inter-relações entre a motricidade e a percepção, através de
ampla experimentação, foi a proposta do psicólogo suíço Jean Piaget. Para ele, a
criança nasce biologicamente capaz de realizar diversas respostas motoras, que
constituem a armação para os processos de pensamentos seguintes. Ele realizou
suas pesquisas sobre desenvolvimento cognitivo através da observação do
comportamento dos seus três filhos: Jacqueline, Laurent e Luciene. Em
consequência dos resultados desses estudos, ele afirma a importância do bebêreceber, desde os primeiros anos, estimulação visual, auditiva e tátil, de modo que
ele possa dispor de muitos objetos para manipular e possibilidades de se
movimentar. Isso, segundo o pesquisador, faz com que a criança forme suas
noções de espaço, tempo, objeto etc. Piaget considera cinco períodos essenciais
para o desenvolvimento humano1. São eles:
1
Alguns autores registram que Piaget considera apenas quatro estágios distintos: sensório-motor, préoperacional, operacional concreto e operacional formal.
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- Sensório-motor (0 a 2 anos) – revela que a atividade intelectual da criançaconsiste em perceber o ambiente e agir sobre ele. Ela percebe e se movimenta.
Nesta fase, o beber constrói esquemas de assimilação, ou seja, ao se deparar
com algo novo tentará classificar esse novo dado a partir de sua estrutura
cognitiva prévia. Se essa estrutura não for adequada para acomodar esse dado,
irá ser transformada em função das alterações do próprio meio exterior
(acomodação). As percepções do bebê e suas ações (movimentos) são
trabalhadas pelo deslocamento do seu próprio corpo. A atenção das crianças vai
estar voltada para os objetos que as rodeiam e para seu corpo.
- Período Simbólico (2 a 4 anos) – a criança começa a utilizar símbolos e,
como conseqüência, torna-se capaz de aprender a linguagem. É um período
marcado pelo surgimento da dramatização, da linguagem, do desenho e de outras
formas de expressão. A criança, nesta fase é capaz de representar mentalmente
objetos ausentes, dando espaço para o envolvimento com a fantasia e com o faz-
de-conta. Entre as características desta fase temos dentre outras o egocentrismo,
em que a criança não consegue aceitar pontos de vistas diferentes do dela, o
animismo, em que a criança vai atribuir vida a seres inanimados e a
superdeterminação caracterizada por uma teimosia excessiva.
- Período Intuitivo (4 a 7 anos) – é a fase conhecida como a “idade dos
porquês”, já que a criança passa o tempo todo questionando, elaborando
perguntas. O pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. A
criança neste estágio já consegue distinguir o que é fantasia do que é real.- Operações Concretas (7 a 11, 12 anos) – o raciocínio da criança é
possível apenas em relação a objetos palpáveis e visíveis. Para aprenderem
devem manipular objetos concretos. A criança já compreende o que é idade,
tempo e espaço.
- Operações Formais ou Período Operatório Abstrato (12 em diante) – o
jovem pensa de forma abstrata e já consegue formular hipóteses. O adolescente
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está apto a calcular uma probabilidade, a fim de saber o que é melhor para ele nofuturo.
A descoberta fundamental de Piaget, de que o aprendizado progride a partir
de aprendizados anteriormente assimilados, adquiridos por meio da interação com
o ambiente, revolucionou a psicologia infantil. É importante salientar, entretanto,
que algumas conclusões das suas exaustivas pesquisas vêm sendo questionadas
e descartadas; por exemplo, durante os dois primeiros anos de vida, a criança não
tem uma visão do mundo tão egocêntrica quanto Piaget acreditava.Jean Le Boulch, em seu livro “O desenvolvimento psicomotor: do
nascimento até 6 anos”, destaca todas as fases importantes do desenvolvimento
da criança. Ao destacar a função visual a partir do nascimento, é observado que
na quarta semana de vida, o bebê consegue fixar a visão em um estímulo
qualquer, mas não consegue ainda manter o olhar de forma contínua o que já é
possível na quinta semana. Em relação à função auditiva, é observado que a
intensidade do som (sons graves e sons agudos) serve como um importanteestímulo para as respostas dos bebês. Sabe-se ainda que o bebê costumar ter
mais reações ao escutar a voz materna do que às outras vozes. Le Boulch reforça
a ideia da necessidade do contato humano para o desenvolvimento da criança,
especialmente do contato com o corpo da mãe na hora da amamentação.
“A criança está em relação corpo a corpo com a mãe,
sente o calor, o contato cutâneo, o cheiro, as palavras e o rosto
de sua mãe. Toda a sensibilidade é posta em jogo no momentode satisfazer a necessidade alimentar, e este rito que se repete
cada três horas acostuma a criança à presença sempre estável”.
(BOULCH, 1996, p.48).
Segundo o estudioso francês, por volta da sexta e da oitava semana de
nascimento aparece o sorriso social, caracterizado por ser a primeira reação de
mímica induzida pelo ambiente externo. Aos seis meses, o bebê começa a
perceber quem é da sua família e quem não é. Entre os sete e oito meses, a
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imagem da mãe é identificada de forma clara. Em relação ao tônus e ao equilíbrio,Le Boulch afirma que no terceiro mês, o tônus da nuca e do pescoço vai se
organizar em função das posições do eixo corporal, a cabeça já está mais firme
nas posições sentado e deitado com apoio. Entre o sexto e o oitavo mês, a criança
conquista a verticalidade e consegue se equilibrar em posição sentada. No nono
mês, consegue rastejar e depois passa a marchar de quatro. Já entre o décimo e
o décimo segundo mês de vida, a criança passa a ficar em pé com apoio e, no
décimo segundo, entra no período de marcha e desenvolve sua marcha com
domínio do espaço físico e simbólico.
O período lingüístico inicia-se a partir dos doze meses e a criança começa a
falar suas primeiras palavras. Acredita-se que essas primeiras palavras
compreendidas e faladas sejam palavras que tenham um significado afetivo como
objetos familiares.
A utilização da linguagem aprimora o desenvolvimento da criança na área da
percepção e da ação. Dos quinze aos dezoito meses a criança começa a andarsozinha, apresenta linguagem de ação com organizações rítmicas e faz seus
primeiros rabiscos.
Aos três anos, fase que se destaca pela entrada da criança na pré-escola,
começa a haver a percepção do próprio corpo. Ela já se reconhece no espelho. Le
Boulch nos informa que o reconhecimento e a percepção dos objetos do espaço
ocorrem meses antes da percepção do próprio corpo. O desenvolvimento motor
de uma criança de três anos que dispôs de um ambiente saudável e da presençacarinhosa da mãe é perfeitamente harmonioso. Aos três anos, o equilíbrio já está
assegurado, já adquiriu controle esfincteriano e habilidade na coordenação óculo-
manual, manifesta assim, um bem-estar motor global.
Ao citar as experiências vivenciadas por uma criança de 3 aos 6 anos, Le
Boulch nos diz que:
“O estágio dos 3 aos 6 anos é um período transitório tanto na
estruturação espaço-temporal quanto na estruturação do
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esquema corporal. A educação psicomotora deve preparar a
criança a passar sem produzir uma ruptura entre o universo
mágico no qual se projeta sua subjetividade e o universo onde
reina uma organização e uma estrutura.” ( BOULCH, 1966, p. 85)
Comparando-se os resultados dos estudos de Freud, Piaget e Le Boulch,
cujo resumo é apresentado no Quadro Comparativo em anexo, podemos notar
que os períodos de idades escolhidos pelos estudiosos para avaliar o
desenvolvimento da criança são distintos, embora haja alguma superposição.
Le Boulch detalhou mais as fases do desenvolvimento da criança no seu
primeiro ano de vida e limitou os seus estudos até a idade de seis anos. Os
períodos escolhidos pelos outros dois são bem semelhantes e se estendem até o
início da adolescência, embora abordem o tema com diferentes enfoques e
conclusões.
No resumo pode-se observar também que as primeiras tarefas motoras
desenvolvidas pelas crianças são mais instintivas; mais tarde é que ela se tornamais habilitada em lidar com o ambiente e outros fatores envolvidos na
aprendizagem motora.
Esta observação vai ao encontro do que registra Atahyde Ribeiro da Silva
no seu livro “Psicologia esportiva e preparo do atleta”:
“O homem é capaz de duas espécies de atos motrizes: de
movimentos cujos padrões estruturais fazem parte do
desenvolvimento genético, e de movimentos originários de umaconcepção mental, com objetivos definidos, que o sistema
neuromuscular é capaz de transformar em acontecimentos
cinéticos”. (RIBEIRO, 1967, p.49)
Engatinhar, ficar em pé e andar são movimentos representativos do
desenvolvimento genético, enquanto que desenhar, tocar um instrumento, praticar
um esporte ou utilizar ferramentas expressam o segundo tipo de movimentos.
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Dos estudos dos três pesquisadores pode-se depreender que odesenvolvimento psicomotor acontece através de um processo que envolve o
emocional (Freud), o motor (Le Boulch) e o intelectual (Piaget). Em outras
palavras, o ser humano pode não só executar movimentos segundo a imagem de
seus pensamentos, mas também aprimorar a sua execução, conforme a idade, os
estímulos que irá receber e suas próprias experiências. Isto significa que o
desenvolvimento psicomotor é regulado não só pelo pensamento, mas também
por sensações, percepções, imaginação, ou seja, pela totalidade dos processos
psíquicos.
Finalmente, cabe registrar que, apesar dos diferentes enfoques com que
abordaram o assunto, deve-se ressaltar a importância dos estudos desses três
pesquisadores para o desenvolvimento da Psicomotricidade, pois permitem que os
profissionais da área possam observar em qual grau de desenvolvimento a criança
ou o jovem estão inseridos e, a partir daí, trabalhar com o auxílio das
observações, experiências, técnicas empregadas e conclusões obtidas por esses
estudiosos. Sem a menor sombra de dúvida, pode-se afirmar que Freud, Piaget e
Le Boulch contribuíram sobremaneira para o sucesso dos diversos tratamentos
nos quais os conceitos da Psicomotricidade foram e estão sendo utilizados.
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CAPÍTULO III
“A música atua nas fibras mais sensitivas do ser, por meio de
experiências emotivas que proporcionam, como, por exemplo, o
prazer, que é uma forma de emoção. Daí o fato de a criança
recém-nascida já se concentrar na audição de música,
adormecendo com facilidade ao som de cantigas de ninar”.
(SALLES, 2009, p.134)
A interação de música e movimento é constante. Desde o início do século
passado, Dalcroze percebe que ambos deviam caminhar juntos.
Emile Henri Jaques (Dalcroze) nasce em 1865 em Viena, filho de paissuíços. Aos 10 anos passa a viver em Genebra. Mais tarde, ingressa na
Universidade de Genebra e, dividido entre o curso de Música e o de Artes
Dramáticas, opta pelo segundo, mas nunca abandona o interesse pela música.
Em Paris, começa a compor e a participar de festivais. Nesta época conhece Nine
Faliero, sua futura esposa e grande interprete de suas obras. Em 1909, nasce seu
primeiro filho Gabriel. Nesse período, continua com suas pesquisas para o ensino
de solfejo, improvisação e rítmica. Em 1915, cria o Instituto Dalcroze, em Genebra.Logo depois, começa sua carreira de professor no Conservatório de Genebra e
começa a pesquisa para o seu método chamado na época de “Ginástica Rítmica”
(futuramente Euritmia). Morre em 1950 na cidade onde iniciou seus estudos.
Em sua pedagogia musical, Dalcroze propõe a musicalização do corpo. Sua
técnica, criada para ensinar música a seus alunos, promove a integração do som
com o movimento corporal (participação corporal no ritmo musical). A rítmica de
Dalcroze permite que a cada exercício se trabalhe as bases da natureza infantil: o
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corpo, o pensamento e o poder de criar com o intuito de a criança desenvolver suacapacidade de expressão. A experiência da rítmica se abre a um caminho
educacional múltiplo e se inclina ao desenvolvimento da psicomotricidade ao
trabalhar:
• as qualidades expressivas do som (dinamismo, lentidão, intensidade etc);
• a sensibilidade nervosa;
• a relação entre o tempo e o espaço;
• a capacidade de exteriorizar as emoções; e
• o poder de imaginação.
O principal objetivo da pedagogia de Dalcroze não é enfatizar a importância
da técnica musical ou da técnica corporal; é favorecer a autonomia do indivíduo ao
permitir que ele estabeleça contato com seus sentimentos:
“Um cidadão completo deve ser, ao sair da escola, capaz não apenas de viver
normalmente, mas sobretudo de sentir com emoção a vida”. (DALCROZE, 1965 apud
MADUREIRA, 1999, p.183)
Dentre as propostas didáticas da metodologia de Dalcroze estão os
exercícios de respiração, de divisão e acentuação métrica (a criança diferencia o
tempo forte e o fraco através do corpo), de concepção de ritmos pelo sentido
muscular através da percepção das variações das durações, de equilíbrio corporal
(assegura os movimentos soltos e a segurança ao realizá-los), de dissociação do
movimento (auxilia no desenvolvimento da concentração mental), de aumento e
diminuição da velocidade para uma maior preparação corporal, de improvisação
etc. Segundo o estudioso, a música serve como ajudante de primeira ordem no
processo de desenvolvimento da criança, ao reforçar, junto com a rítmica, a
sensação de movimento por suas qualidades dinâmicas. A música age
diretamente no corpo e proporciona uma coordenação maior, além de maiores
possibilidades de ação e consciência. Em seu livro Le Rytme, La Musique et
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L`Education, Dalcroze discute a importância da aplicação do seu método na
própria educação formal:
“A escola prepara para a vida em sociedade, quer dizer que as
crianças, após terem deixado a escola, não devem apenas estar
preparadas para exercer as diversas obrigações da vida social,
mas devem saber agir na vida prática de acordo com suas
vontades, cada um segundo suas particularidades individuais, não
invadindo os direitos do outro. E a educação de sua inteligência,
de seu corpo, de sua vontade e de sua sensibilidade, na escola,
deveria ocorrer simultaneamente, sem que um destes fatores
sejam negligenciados a favor de um outro. Onde chegaremos,
realmente, se nos ocuparmos exclusivamente com o
desenvolvimento da flexibilidade corporal sem cultivar a
inteligência? A que serve a inteligência sem a vontade? E
mesmo, a inteligência e a vontade reunidas não podem nada se
elas são, por assim dizer, regularizadas, moderadas e
harmonizadas pela sensação.” (DALCROZE, 1965 apud
MADUREIRA,1999, p.183).
A atuação da música no trabalho psicomotor se traduz pela capacidade
sensitiva e motora que leva em conta a individualidade de cada criança. A música
atua de forma a proporcionar prazer devido ao seu caráter lúdico e isso faz com
que seja uma grande aliada em qualquer tipo de aprendizagem, principalmente se
acompanhada do Movimento.
A Educação Musical e o Movimento favorecem o trabalho psicomotor
através do conhecimento corporal, do equilíbrio, da lateralidade, do ritmo, da
coordenação, da sociabilidade e afetividade. Cabe registrar algumas
considerações acerca desses fatores.
Conhecimento corporal:
A partir do trabalho feito visando o conhecimento corporal, a criança passa
a se perceber e a desenvolver sua personalidade, em virtude do despertar de
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consciência das suas possibilidades de agir e de se aceitar. Aos poucos, acriança começa a definir a sua imagem corporal baseada em percepções internas
e externas.
Equilíbrio:
Os exercícios que envolvem a noção de equilíbrio têm como objetivo o
relaxamento, o desenvolvimento do tônus e da postura. O equilíbrio permite que a
criança mantenha o eixo nos deslocamentos em posição ereta.
Lateralidade:
A lateralidade é a predominância de um dos lados do corpo na realização
dos movimentos. Esse lado vai apresentar maior agilidade e força comparado ao
outro. As brincadeiras e jogos da educação infantil podem contribuir para a
verificação da dominância dos três níveis (olho, mão e pé). Algumas crianças
podem apresentar lateralidade cruzada quando, por exemplo, utilizam a mão
esquerda, o pé e o olho direitos. Com isso, pode acontecer o caso de a criança ser
destra e usar a mão esquerda. Nessas situações é preciso haver o incentivo de
exercícios de lateralidade para uma maior organização motora.
Ritmo:
O ritmo se destaca por estar ligado às questões de tempo e espaço. O ritmo
deve ser trabalhado com crianças pequenas, pois é de grande importância para o
desenvolvimento afetivo e psicomotor. Nas atividades com música, o ritmo
estimula o movimento e a expressão corporal. O corpo já possui seus ritmosnaturais. Quando a criança percebe a sua tensão muscular acompanhada da
percepção das variações da música, começa a ser movida pela sensação de
maior ou menos amplitude no espaço e, assim, associa o seu movimento ao que
está escutando.
Coordenação:
A coordenação do movimento está associada à maturação do sistema
nervoso. Na coordenação global prevalecem os grandes músculos. O indivíduo
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procura seu eixo corporal para ter maior capacidade de equilíbrio postural. Quantomais esse indivíduo desenvolver seu equilíbrio postural, mais coordenadas são
suas ações. Já a destreza manual (coordenação dos dedos e das mãos) está
relacionada à coordenação fina. A coordenação óculo-manual ou viso-motora, diz
respeito ao controle ocular.
Sociabilidade e afetividade:
A música e a expressão corporal estimulam atividades em grupo como as
rodas, as cirandas, as bandas etc. Todas essas atividades artísticas contribuempara que a criança consiga interagir e expressar seus sentimentos de forma bem
espontânea. Além disso, o contato com o grupo também vai ajudar a criança a
entender o outro e respeitar o seu espaço, assim como gosta de ter seu espaço
respeitado.
As considerações sobre os fatores que favorecem a Educação Musical e o
Movimento retromencionadas permitem afirmar que a expressão corporal,
principalmente se aliada à música, é um importante recurso para se trabalhar o
movimento com crianças desde a pré-escola.
“É muito conveniente a introdução progressiva no ensino
daquelas disciplinas que utilizam o corpo como veículo
expressivo, as quais servem como complemento às disciplinas
tradicionais que se orientam, sobretudo, para o desenvolvimento
intelectual.
Cremos que a criança não é um simples receptáculo de
informações, mas deve ser considerada como um ser criador, um
ser capaz de escolher e selecionar os instrumentos de que
necessita para seu desenvolvimento total.
(...)
Por isso, vemos como muito importante à introdução dessa
atividade desde o momento do ingresso da criança na pré-
escola”. (BERGE, 1988, p.29).
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A expressão corporal engloba como seus principais objetivos a
sensibilização e a conscientização do corpo e de atitudes. Ela está associada à
dança e a criação pessoal, por isso valoriza a criatividade manifestada pelos
movimentos da dança.
Na expressão corporal, a criança tem mais uma vez a oportunidade de
pesquisar o seu próprio corpo ao tentar reconhecer quais são suas partes moles e
duras, qual a sensação corporal do movimento rápido e do lento, até onde
consegue esticar o braço para alcançar um objeto imaginário etc. Essa pesquisatambém se estende aos demais. A comunicação não acontece só consigo mesmo,
pois envolve a pesquisa do outro (como se dá o olhar e o contato com o outro). A
pesquisa pode partir da ação e observação para a ação e imitação. A criança
observa o movimento para depois experimentá-lo.
Outra possibilidade da expressão corporal é o trabalho que envolve o corpo
e a qualidade do movimento. Atividades com movimentos fortes (energia), diretos
(elemento espacial), lentos (velocidade) etc. são ótimas para exercitar aconcentração e a coordenação da criança.
A importância da expressão corporal e da música recomenda que os
profissionais organizem atividades com o objetivo de melhorar a capacidade
motora da criança e que permitam, assim, o seu desenvolvimento. A organização
do trabalho com o corpo e o movimento deve ser contínua.
Como visto, a música e a expressão corporal devem fazer parte
integrante do programa escolar desde que a criança começa na pré-escola. Na
educação infantil, a Educação Musical deve possibilitar experimentações e
descobertas por meio de danças, brincadeiras, jogos e outras atividades
(exercícios) que estimulam a criatividade.
É importante salientar que o objetivo da Educação Musical na pré-
escola não é transmitir aos alunos a técnica musical e sim, desenvolver o gosto
pela música. Por essa razão, a música para os pequenos deve ser aplicada
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sempre por meio de danças e brincadeiras. Danças e brincadeiras que envolvamcanto e movimento possibilitam a percepção rítmica, o conhecimento do próprio
corpo e o contato com outras crianças.
No que se refere à dança, o folclore infantil, transmitido de geração a
geração, assume grande importância, não só pelo seu valor, como também por se
constituir em um apoio para as crianças que têm dificuldades em coordenação
global alcançarem, no desenrolar da atividade, uma certa harmonia e bem estar. A
Ciranda, por exemplo, com seu caráter coletivo e os cantos fáceis de seremmemorizados e entoados, faz com que as crianças participem ativamente, com
alegria e encontrem uma situação favorável a sua expressão motora.
Pelo fato de que grande parte das brincadeiras serem executadas através
de movimentos para baixo, para cima, para frente, para o lado, para trás, elas se
tornam importantes para que as crianças comecem a perceber a orientação do
corpo em relação ao espaço e às outras pessoas que estão a sua volta. As
brincadeiras de roda são um bom exemplo dos benefícios proporcionados poresse tipo de atividade. Há quem afirme que é tarefa essencial do educador
permitir que as crianças brinquem.
A experiência corporal das crianças através dos jogos também deve ser
valorizada. Nos jogos a serem programados podem e devem ser usados objetos
que estimulem a exploração de movimentos. As bolas leves, de plástico, são
ótimas, pois facilitam o envolvimento das crianças. Com as bolas, pode-se
arrastar, engatinhar e ainda rolar sobre elas. Além disso, a bola ao bater no chãoemite um som, que pode ser aproveitado para exercícios coletivos de ritmos.
Outro objeto que também pode ser aproveitado nas atividades é o bambolê. O
bambolê cria novas possibilidades de movimentos e de som (do próprio bambolê
ou de quando é usado para bater no chão). Os colchões podem ser usados para
jogos dinâmicos, rolamentos, quedas voluntárias e cambalhotas. Túneis de pano
fazem com que as crianças se abaixem e utilizem a força dos músculos. Outras
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possibilidades são as pontes, caminhos, rampas, labirintos, pois além de estimulara criatividade também trabalham com a parte motora.
Por sua vez, os jogos ganham destaque no processo educacional, pois
permitem a possibilidade da criança explorar o mundo que a cerca, descobrir o
seu espaço e dominar o seu corpo. Além disso, permite que o profissional possa
conhecer melhor o seu aluno. Ao trabalhar com o jogo, o profissional deve sempre
respeitar as iniciativas infantis e permitir que a criação seja feita livremente. Os
jogos que aliam a psicomotricidade e a Educação Musical podem ajudar tambémna questão da convivência. Os jogos coletivos ensinam a criança a viver em
sociedade e estimulam a cooperação e o respeito mútuo.
Le Boulch, pesquisador citado ao longo deste trabalho, reconhece a
importância do jogo e escreve sobre o assunto em seu livro “O desenvolvimento
psicomotor: do nascimento até os 6 anos.”:
“Através dos jogos livres e das atividades de expressão, a
experiência vivida com o corpo em relação ao ambiente dosobjetos garante a aquisição do bem-estar global do corpo. É,
antes de tudo, o meio que fornece à criança material para sua
atividade de exploração; depois, a criança ou o grupo de crianças
poderão eles mesmos criar suas próprias experiências durante os
jogos funcionais espontâneos.” (BOULCH, 1966, p. 136).
Várias são as atividades sugeridas pelos autores pesquisados que
contribuem para o desenvolvimento psicomotor. Vale, portanto, destacar algumasatividades e exercícios com o objetivo de aprimorar esse desenvolvimento
apresentados por Le Boulch e Dalcroze.
Le Boulch aborda a importância das cirandas e das danças cantadas na
educação rítmica e na formação musical das crianças. Para ele, a ciranda e a
dança são recebidas com alegria, ajudam na sociabilidade e na associação do
movimento com o som. Le Boulch sugere, ainda, exercícios para serem feitos com
as crianças, além da citada ciranda, como por exemplo: a farândola (exercício que
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deve ser feito em cadeia, dando-se as mãos e, após isso, descrevendo-se certopercurso), a serpentina (uma variação da farândola), o caracol (exercício feito em
fila aonde as crianças dão-se as mãos e avançam para frente com a mesma
velocidade) e também exercícios com três ou quatro crianças ao redor de um
bambolê. Outras possibilidades sugeridas por ele são:
- Os movimentos que acompanham os cantos:
1. Deslocamentos.
“Na escola maternal, durante os jogos espontâneos, os ritmos
naturais aparecem na locomoção. Na marcha e na corrida, a
criança descobre o salto e o galope. É interessante que a criança
possa usar estes ritmos motores em função de um determinado
ritmo sonoro dado pelo canto, a fim de realizar a melhor
sincronização possível”. (BOULCH, 1966, p.183)
2. Movimentos que chamam atenção para diferentes partes do corpo.
“Durante as danças e os jogos cantados, a locomoção, por vezes,
é interrompida para bater as mãos, para fazer movimentos de
tronco, de braços, de acocoramento, saltos que ritmem com o
canto. Às vezes, estes movimentos são ampliados utilizando
lenços, cordas, bastões e bolas”. (BOULCH, 1966, p. 183).
O autor ainda alerta para algumas questões dentro da sua metodologia.
Para as atividades atingirem seus objetivos, o ambiente deve ser descontraído, a
fim de favorecer o trabalho motor. Além disso, o professor deve incentivar um
clima positivo e orientar, sem julgar, as crianças mais inseguras. Finalmente, o
professor deve escolher, com sensibilidade, a música e os exercícios a serem
realizados, tendo em vista que a escolha correta da música permite ao profissional
obter respostas mais objetivas.
Além dos exercícios elencados, Le Boulch propõe atividades sobre a
percepção da criança que também podem ser executadas. Por exemplo:
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1. Percepção do tempo:“A criança familiarizada com o trabalho de música pode,
intuitivamente, descobrir os elementos significativos do tema,
informando-lhe o tempo ao qual corresponde, eventualmente, a
cadência dos seus deslocamentos. Para se estar seguro de que
este tempo é percebido por ela, o professor vai sugerir à criança
que se ajuste ao tema através de uma marcha ou de uma corrida.
- Uma metade do grupo pode bater as mãos, as outras crianças
realizam marchas ou corridas. As palmas devem normalmente
corresponder ao tempo do tema”. (BOULCH, 1966, p. 191)
2. Percepção das estruturas rítmicas:
“É uma forma de relatar um conto; designa-se um jogador com um
papel particular em um jogo coletivo. O que nos interessa é o
caráter rítmico e sonoro que permite sua utilização como exercício
de pronunciação e como exercício de estruturas rítmicas.
Junto aos contos cantados se utilizam da mesma forma cantos
dançados. Pode-se partir, para iniciar o trabalho, das cirandas:
- Apresentação da estória.
* Cantar a estória.
* As crianças escutam, repetem, memorizam-na. É um exercício
de pronunciação”. (BOULCH,1966, p. 197)
Por seu turno, Dalcroze também propôs dentro da sua metodologia diversos
exercícios de grande valia para o desenvolvimento psicomotor das crianças.
Alguns deles, como os descritos a seguir, utilizam diversos objetos como
ferramentas de trabalho:
1. Os exercícios com bolas de tênis trabalham a noção de espaço e
a motricidade da criança. Exemplos: Passar as bolas de uma mão
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para outra sem deixá-las cair. Passar as bolas de uma mão para aoutra, porém caminhando pelo espaço. Deslizar a bola pelo chão,
em grupos de duas, três e quatro pessoas. Deslizar a bola com o
pé e pará-la no momento em que a música termina. Massagear
diferentes partes do corpo com as bolas. Transformar a bola em
objetos diferentes como: escova de cabelo, sabonete, sol, maça
etc.
2. Os exercícios com palitos (ou bastões) envolvem a noção deespaço e a imaginação. Exemplos: Construir formas no espaço
com os palitos (casas, figuras geométricas). Correr e saltar
aproveitando os palitos para a percussão. Marchar alguns passos
e fazer a mesma pulsação com os palitos.
3. Nos exercícios com cordas, a criança pode saltar a corda,
construir desenhos, caminhar sobre a corda e utilizá-la para um
trabalho rítmico.
Além dos sentidos de movimento, o método Dalcroze também introduz em
suas atividades a marcha, que pode ser feita com as pontas dos pés e sobre os
calcanhares, o trote, que está associado ao trote de cavalo e garante a
elasticidade e a tonicidade dos membros inferiores, o saltito e o galope, com o
apoio do corpo situado em apenas um pé. A partir da coordenação desses
movimentos feitos de forma lúdica e prazerosa, a criança começa explorar o
espaço, estabelecer ligações com as outras crianças e ainda aprende a dominar oseu corpo.
A bibliografia que apresenta atividades tais como danças, brincadeiras,
jogos e exercícios capazes de aprimorar o desenvolvimento psicomotor das
crianças é bastante extensa e de fácil acesso aos educadores. É oportuno
enfatizar, entretanto, que nem sempre uma atividade alcançará o seu objetivo se
aplicada a qualquer criança indiscriminadamente. É responsabilidade do educador
escolher a atividade certa para a criança certa. Ele tem por dever saber distinguir
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se a atividade escolhida para uma determinada criança (ou grupo de crianças)trará um real benefício ou aumentará a sua insegurança e inibição. Deve ficar
claro para os educadores que as atividades, principalmente aquelas propostas
para os mais novos, não têm a finalidade de ensinar à criança comportamentos
motores, mas sim permitir-lhe exercer a sua função de ajustamento
individualmente ou com outras crianças.
Como se pôde perceber ao longo deste Capítulo, o desenvolvimento
psicomotor, afetivo e social da criança pode ser aprimorado através da EducaçãoMusical e da expressão corporal.
A Música e o Movimento, postos em prática através de atividades
corretamente escolhidas, estimularão o desenvolvimento psicomotor contribuindo
para a segurança e equilíbrio das crianças, permitindo que elas se relacionem de
uma melhor maneira com os meios, as situações e as pessoas com as quais
devem conviver.
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CONCLUSÃO
Em 1907, quando surge a noção de Psicomotricidade elaborada por
Ernest Dupré observa-se uma estreita ligação entre o desenvolvimento da
motricidade, afetividade e inteligência. A partir daí, profissionais de diversas áreas,
principalmente psiquiatras e pedagogos, aprofundam seus estudos, trazendo
inúmeros benefícios para o desenvolvimento harmonioso das crianças,
fundamental para o seu crescimento e amadurecimento.
Na década de 70 do século passado o assunto é temperado com idéias
inovadoras, até que, na década de 90, a Psicomotricidade ganha força e na
Europa e nos Estados Unidos seus profissionais são plenamente reconhecidos.
Entretanto, o mesmo não ocorre nos países do terceiro mundo, onde o processo
de reconhecimento da Psicomotricidade é mais lento.
No Brasil, a Psicomotricidade, apesar dos esforços da Sociedade
Brasileira de Psicomotricidade, caminha com dificuldade e necessita de apoio dos
diversos segmentos da sociedade para que a profissão do psicomotricista seja
reconhecida de direito. Apesar disso, o esforço de alguns abnegados profissionais
permite que atualmente já se possa sentir os progressos da Psicomotricidade nas
salas de aula das escolas brasileiras.
Os estudos de Freud, Piaget e Le Boulch, embora abordassem aspectos
distintos, contribuíram de forma eficaz para o desenvolvimento da
Psicomotricidade. Além disso, as observações, experiências, técnicas
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empregadas e conclusões obtidas por esses estudiosos permitiram uminquestionável aperfeiçoamento do trabalho dos profissionais da área, que até
hoje se valem desses recursos na condução das suas atividades educacionais.
A aliança entre a Psicomotricidade, música e expressão corporal é
fundamental para o desenvolvimento seguro e equilibrado das crianças. A
exploração desta inter-relação, se executada corretamente, com a participação
consciente dos educadores, pais e outros profissionais envolvidos e lembrando
que cada criança é única e merece atenção especial, garantirá um futuro no qualpoderemos constatar a transformação dessa criança em um cidadão mais
consciente.
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ANEXO
QUADRO COMPARATIVO
LE BOULCH
FREUD PIAGETDESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DESENVOLVIMENTOPSICOSSEXUAL
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
4ª semana de vidaO bebê consegue fixar a visão em umestímulo qualquer, mas não consegueainda manter o olhar de formacontínua.
0 a 18 meses - Fase OralO bebê vai buscar prazer sugando opeito da mãe e colocando objetos naboca.
0 a 2 anos - Sensório-motorA atividade intelectual da criançaconsiste em perceber o ambiente eagir sobre ele. Ela percebe e semovimenta.
5ª semanaConsegue ainda manter o olhar deforma contínua.
1,5 a 3 anos - Fase AnalA criança aprende a controlar ointestino e a bexiga e descobre asdiferenças anatômicas entre meninose meninas.
2 a 4 - SimbólicoA criança começa a utilizar símbolose como conseqüência torna-se capazde aprender a linguagem.
Entre a 6ª e 8ª semanaAparece o sorriso social.
4 aos 6 anos - Fase FálicaA criança precisa extravasar suaenergia e utiliza-se de atividades
motoras.
4 a 7 - IntuitivoÉ a fase conhecida como a “idadedos porquês”, já que o indivíduo
passa o tempo todo questionando.6 mesesO bebê começa a perceber quem é dasua família e quem não é.
5/6 anos aos 11/13 - Fase deLatênciaA criança procura estabelecer novosvínculos no contato social e a sededicar a novas atividades.
7 a 11/12 anos - OperaçõesConcretasO raciocínio da criança é possívelapenas em relação a objetospalpáveis e visíveis. A criança jácompreende o que é idade, tempo eespaço.
Entre os 7 e 8 mesesA imagem da mãe é identificada deforma clara.
11/13 anos em diante - Fase GenitalO jovem se encontra em plenodesenvolvimento psicossexual devidoàs mudanças fisiológicas e àreintegração de todos os outrosestágios anteriores.
12 anos em diante - OperaçõesFormaisO indivíduo pensa de forma abstratae já consegue formular hipóteses.
Entre o 6º e o 8º mês
A criança conquista a verticalidade e consegue se equilibrar em posição
sentada.
No 9º mês
A criança consegue rastejar e depois passa a marchar de quatro.
Entre o 10º e o 12º mês
A criança passa a ficar em pé com apoio.
No 12º mêsA criança entra no período de marcha e desenvolve sua marcha com domíniodo espaço físico e simbólico.
A partir dos 12 meses e
O período lingüístico inicia-se; a criança começa a falar suas primeiraspalavras.
Dos 15 aos 18 meses
A criança começa a andar sozinha, apresenta linguagem de ação comorganizações rítmicas e faz seus primeiros rabiscos.
3 a 6 anosAos três anos, fase que se destaca pela entrada da criança na pré-escola,começa a haver a percepção do próprio corpo.
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BIBLIOGRAFIA
ALVES, Fátima (org.) Como aplicar a psicomotricidade: uma atividade
multidisciplinar com amor e união. Rio de Janeiro: Wak, 2009.
BERGE, Yvonne. Viver o seu corpo: por uma pedagogia do movimento. 4ª
ed., São Paulo: Martins Fontes, 1988.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6
anos: conseqüências educativas, a psicocinética na idade pré-escolar. 3ª ed.,
Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
MADUREIRA, José Rafael: Delsarte e Dalcroze: personagens de uma
dança (re) descoberta. Revista Brasileira de ciências e esporte 20 (2 e 3), Abril a
Setembro, 1999.
SILVA, Athayde Ribeiro da. Psicologia esportiva e preparação do atleta.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Emoção, Música e Movimento
Autora: Mariana Carneiro Gomes dos Santos
Data de entrega:
Avaliado por: Mary Sue Pereira Conceito:
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