Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
O AMBIENTE VISTO PELA GEOGRAFIA AGRÁRIA BRASILEIRA – 1939 A 1995
Nilton Abranches Junior1
As questões relacionadas a relação do homem com o ambiente têm estado presente
na maioria dos trabalhos da Geografia Agrária brasileira, acompanhando a sua diversidade
temática, e seguindo diferentes tendências, ora sendo vista a partir de sua influência na
produção agrícola, ora sendo estudada a partir das modificações impostas por esta
atividade econômica. Sendo assim, em alguns trabalhos o ambiente foi tratado a partir dos
elementos formadores da paisagem, e em muitas vezes foi considerado como sendo capital
natural e reserva de valor.
Ainda nos anos de 1950 surgiram no Brasil trabalhos de Geografia Agrária com
preocupação conservacionista, sendo que seu enfoque principal estava ligado com as
questões relativas à conservação dos solos e a forma do relevo. Fato que se pode
comprovar, sobretudo naqueles trabalhos que buscaram uma interface maior com a
Agronomia. Dessa forma, os primeiros trabalhos de cunho mais conservacionista viram o
ambiente como elementos da paisagem rural. Perceberam também a necessidade de que
se encontrassem meios para amenizar a sua degradação, mostrando uma preocupação
explícita com o comprometimento da capacidade produtiva e, conseqüentemente, com a
renda do produtor. Com o tempo, a preocupação com a conservação ambiental foi se
tornando mais freqüente, sobretudo a partir dos anos de 1970, e teve ampliado seu espaço
na Geografia Agrária nacional, deixando o restrito eixo fertilidade-erosão-topografia e
percebendo a ação outros fatores naturais, os analisando de forma mais integrada.
Já nos anos de 1970, acompanhando o acelerado processo de urbanização e
modernização do país, o ambiente passou a ser visto como suporte para o desenvolvimento
agrícola. Nessa fase, o ambiente pode ser alterado e reorganizado de acordo com as
necessidades de mercado e do planejamento econômico.
A partir da consolidação do modelo modernizador, as questões ambientais vistas
através das relações da sociedade com a natureza passaram a ser tratadas com maior
complexidade. Com a produção em larga escala do pacote modernizador adotado pela
agricultura nacional, as necessidades do ambiente puderam ser artificialmente supridas a
partir da introdução de insumos industriais. Comprovadamente, o modelo modernizador não
1 Programa de Pós-Graduação em Geografia –PPGG Departamento de Geografia – IGEO – CCMN Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ [email protected]
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resolveu os problemas sociais do campo brasileiro, e sem dúvida desencadeou alguns
problemas ambientais. Nesse período de grande questionamento, as temáticas ligadas à
degradação ambiental ganharam importância no cenário nacional, e na Geografia Agrária
surgem trabalhos onde se nota a preocupação com a conservação ambiental, sobretudo no
que diz respeito à poluição dos solos, subsolo e rios e a eutrofização de açudes e córregos,
além da saúde tanto do agricultor quanto do consumidor final.
Nesse trabalho pretende-se tratar a diversidade dos temas abordados pela Geografia
Agrária brasileira assim como suas tendências. Será feita também uma análise da produção
através das abordagens antropocêntrica, ecocêntrica e eco-antropocêntrica, levando-se em
consideração os textos publicados na Revista Brasileira de Geografia, no período de 1939 a
1995, tendo como objetivo traçar um perfil da produção científica da Geografia Agrária
brasileira no que se refere as questões relativas as relações do homem com o ambiente.
Sendo assim foi feita a análise de todos os textos2 geográficos que trataram de temas
relacionados à Geografia Agrária.
A escolha da Revista Brasileira de Geografia como fonte de dados para a análise da
produção científica do período abordado, deve-se ao fato de que esse o é um dos periódicos
geográficos mais antigos do país. Além de cobrir o mais amplo período ininterrupto de
publicações em Geografia, possuir abrangência nacional e contar com a colaboração de
geógrafos das mais diversas regiões do país.
Num levantamento preliminar foram identificados 153 textos referentes a estudos
realizados no rural publicados na RBG no período analisado. Desse total, foram
selecionados 126 textos que formaram o corpo de dados a ser analisado, por se tratarem de
textos específicos de Geografia Agrária. Com a intenção de se identificar à dominância de
abordagem, os textos foram agrupados em antropocêntricos ou ecocêntricos.
De acordo com Pepper (1996) antropocentrismo é uma visão de mundo cujos valores
principais estão baseados nas relações humanas, sendo o homem o centro de toda e
qualquer discussão, já que o conceito de valor é na realidade uma criação humana. O
ecocentrismo seria a visão oposta ao antropocentrismo, já que se constitui em uma forma de
pensamento que submete o homem as leis das ciências naturais, sobretudo a Ecologia.
Dessa forma essa abordagem está centrada nos ecossistemas naturais, e os homens
tratados como mais um componente.
Entretanto, o longo do processo de análise percebeu-se a necessidade de se criar
uma outra categoria, a qual denominou-se eco-antropocentrismo, onde na realidade não há
uma ênfase maior nem nas questões ambientais, nem nas questões sociais. Dentro dessa 2 Foram considerados como textos todos os artigos, comunicações e comentários publicados na Revista Brasileira de Geografia.
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categoria foram incluídos os textos que procuraram um equilíbrio entre homem e natureza
nos estudos de caráter ambiental, rompendo de certa forma com uma visão dual da relação
do homem com seu ambiente.
Dentre os textos classificados como antropocêntricos alguns, por possuírem uma
visão mais interacionista, sugeriram a existência de uma variação. Os textos que ignoraram
por completo os fatores ambientais e as questões relacionadas a eles foram denominados
de antropocêntricos radicais.
Sendo assim, foram identificados o número de estudos realizados em Geografia
Agrária ao londo dos anos de 1939 a 1995, agrupando-os em intervalos de cinco anos,
possibilitando a visualização dos períodos de maior concentração de textos relativos a
Geografia Agrária na RBG. Foram observadas também as quantidades absolutas e relativas
dos trabalhos quanto a sua abordagem – antropocêntrica/eco-antropocêntrica/ecocêntrica –
no total de trabalhos, assim como a sua distribuição ao longo das décadas analisadas,
traçando um perfil das abordagens dos estudos através da análise de como os diferentes
temas foram trabalhados.
Algumas tendências e seus principais temas
As tendências dos trabalhos que trataram as relações do homem com o ambiente na
Geografia Agrária brasileira apareceram, no início de sua produção científica, através de
temas como o processo de colonização do país, do manejo de culturas e seus sistemas de
cultivo, a degradação do solo, da descrição das paisagens rurais, da comercialização dos
produtos, o trabalho familiar e os gêneros de vida (Ferreira, 1998). Os primeiros trabalhos,
sobretudo aqueles escritos até a década de 1950, no que diz respeito à questão ambiental,
dão ênfase aos problemas relativos aos fatores naturais, destacando os problemas
vinculados ao desgaste do solo, explicitando a falta de aplicação de práticas
conservacionistas como sendo a principal causa de seu desgaste. Estabelecendo assim
íntima relação entre a erosão dos solos e a inclinação das vertentes. Os principais
problemas detectados foram à queda de fertilidade – e a conseqüente diminuição da
produção – e a erosão. Terminologias como irracional, inadequado e técnicas rudimentares
utilizadas por geógrafos da época, mostram a forma reducionista e mecanicista na tentativa
de definir as relações entre os homens e o ambiente.
Entretanto, tal abordagem permitiu que a partir de uma ótica eco-antropocêntrica
surgisse uma preocupação com as técnicas de conservação, e fossem formuladas
propostas sobre o uso de determinadas práticas, como o plantio nas encostas obedecendo
as curvas de nível dos terrenos e a construção de terraços com o intuito de combater a
erosão.
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Ao final dos anos de 1950, e durante os anos de 1960, na Geografia ocorreu uma
mudança metodológica imposta pela nova realidade, onde as respostas aos
questionamentos tiveram que ser rápidas e objetivas. Assim, a pesquisa foi deslocada do
campo para o gabinete, e ao invés de se descrever a paisagem considerando todos os
elementos que a compõe que foram previamente visualizados em campo, passa-se a fazer
o uso de interpretação de fotos aéreas. Paralelamente, a produção agrícola começava a
obedecer a uma certa padronização mundial, sendo feita praticamente da mesma forma em
diferentes partes do Globo. A interpretação desse fenômeno também obedeceu a essa
padronização, e o ambiente foi visto de forma pragmática e mecanicista/reducionista.
Em decorrência dessa padronização, priorizou-se tudo o que pudesse ser
mensurado, matematizado e interpretado través de modelos teóricos. A natureza foi
reduzida a um fator que poderia ser correlacionado ou não a outros, e expresso em
símbolos lógicos e entendidos a partir de relações de causa e efeito (Diniz, 1984). Então, as
condições e os tipos de solos, o clima, as redes de drenagem e os tipos de vertentes
passaram a ser analisados com a finalidade de se propor uma organização planificada do
espaço agrário.
Essa corrente de pensamento se expandiu e conquistou um número cada vez maior
de adeptos. Contudo a dificuldade de se mensurar e correlacionar os fatores físicos com os
demais fatores sociais constitui-se num obstáculo para o franco desenvolvimento da
Geografia Teorética, no trato das relações entre o homem e o ambiente na Geografia
Agrária brasileira.
Durante os anos de 1960, devido o seu caráter antropocêntrico e pragmático
(Valverde, 1964), a Geografia Agrária brasileira manteve seu enfoque ambiental quase que
exclusivamente para as questões relacionadas à conservação dos solos, relacionado o seu
desgaste à diminuição da produção de alimentos para o setor urbano-industrial, apontando a
necessidade do uso de fertilizantes. Segundo Ferreira (1998) a preocupação com o
abastecimento dos centros urbanos foi que abriu espaço para os trabalhos de cunho mais
agronômico, embora se deva ressaltar que a interface com a Agronomia foi valorizada pelos
geógrafos brasileiros desde o início de sua história. Houve também um preocupação em
relação à degradação do ambiente a partir do uso de técnicas exteriores a realidade
ambiental brasileira, que se inicia ainda na década de 1960 e se acentua ao longo das
décadas de 1970 e 1980. Apesar da preocupação com a conservação do ambiente, a
maioria dos trabalhos não analisava as questões ambientais através de uma visão mais
integradora, valorizando ora um ora outro elemento do ambiente. Sendo assim o ambiente
foi visto de forma parcelada tanto no que se refere ao próprio meio físico, quanto às relações
do homem com a natureza, estabelecendo então uma lógica dual.
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Em finais dos anos de 1970 estudos referentes à modernização da agricultura
brasileira e a expansão do capitalismo no campo, com a conseqüente apropriação dos
recursos naturais pelo capital tomaram o cenário da produção da Geografia Agrária
nacional. Dessa forma, a crítica à degradação ambiental apareceu através de questões que
vincularam o modo de produção capitalista aos problemas ambientais no espaço agrário
brasileiro. Fazendo uso muitas vezes do pensamento marxista, as temáticas da geografia a
partir dos anos de 1980, passaram a estar mais vinculadas as questões sociais e do bem
estar. As relações da sociedade com a natureza foram encaradas como o resultado das
relações sociais de produção. Apesar da mudança de enfoque, a forma de tratar as relações
do homem com a natureza continuaram sendo feitas de maneira fragmentada.
Talvez Manuel Correa de Andrade tenha sido um dos maiores representantes desse
momento da Geografia Agrária brasileira. Ao longo dos anos de 1980 Andrade tentou
mostrar que existe uma íntima relação entre o modo de produção capitalista e a degradação
ambiental. Deixando explicita essa posição ao sugerir que a agricultura tradicional3 exerce
um poder menos degradante do que a agricultura moderna, tentando vincular a degradação
do ambiente aos índices elevados de uso de técnicas modernas na agricultura.
As relações entre conservação ambiental e modernização agrícola se fortaleceram
ao longo dos anos de 1980, e a visão do ambiente como algo exterior a sociedade começa a
ser enfraquecida. Incorporando elementos do pensamento ambientalista contemporâneo em
sua análise, os estudos geográficos de cunho mais ambiental passaram a ter uma
abordagem mais abrangente, não tão compartimentada, com as relações sendo feitas de
forma mais integradora. As questões relacionadas a presença de químicos nos solos, da
compactação das terras por parte das máquinas pesadas ou da sanilização dos solos como
conseqüência da irrigação deixam de ser o principal foco , e começam a surgir trabalhos que
enfocaram também questões relacionadas a saúde do agricultor e do consumidor dos
alimentos produzidos pela agricultura moderna.
O questionamento da estrutura fundiária e da acessibilidade a terra são temáticas
tratadas pela Geografia Agrária brasileira recente. O acesso a terra deve acontecer
concomitante com o uso de práticas conservacionistas dos recursos naturais, através da
utilização de tecnologias apropriadas as mais diversas realidades sócio-ambientais,
ocorrendo à valorização das práticas agrícolas inerentes a cultura de grupos sociais antes
marginalizados, como os seringueiros e os coletores de castanhas. Grupos esses que
possuem uma relação específica com o ambiente em que estão inseridos, diferente daquela
própria à sociedade moderna-industrial, trazendo à tona a necessidade de um método
holístico de análise (Ferreira, 1998). Assim, não somente os elementos físicos, químicos e 3 Andrade (1979, p. 108) define agricultura tradicional como sendo uma agricultura de subsistência, feita sem a preocupação de obtenção de lucro a partir do aumento de sua produtividade.
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bióticos determinam a constituição do ambiente. Passa-se a levar em consideração os
elementos humanos e sócio-culturais, através de interações contínuas e dinâmicas,
estabelecendo que cada elemento é ao mesmo tempo modificado pelos demais. Dentro
dessa visão o homem é (re)inserido no ambiente, estabelecendo trocas constantes com os
demais elementos (Poltronieri, 1992).
Essa definição ampliada de ambiente retoma a noção de rede multidimensional da
visão orgânica-medieval, onde a Terra e o Cosmos eram concebidos como organismos
vivos, sendo o homem parte integrante desse organismo, vivendo em uma certa simbiose.
Nessa recriação da rede multidimensional o homem ocupa um lugar determinado pela
contemporaneidade de sua cultura, deixando a postura passiva do mundo pré-científico,
assumindo o papel de principal agente da relação do homem com o ambiente.
A produção da Geografia Agrária brasileira na RBG
Os 126 textos de Geografia Agrária produzidos na RBG foram agrupados em
intervalos de cinco anos, quando pode-se identificar dois intervalos onde houve uma maior
concentração de suas publicações: o período entre os anos de 1951 e 1960 e outro
constituído pelo intervalo entre os anos de 1976 e 1995.
Os anos entre 1951 e 1960 podem ser considerados como o ápice da produção da
Geografia Tradicional (Ferreira, 1998), o que se constatou também quando se analisa
exclusivamente os textos publicados na RBG. Na década de 1950 foram encontrados muitos
trabalhos que mostraram uma preocupação com a conservação dos solos e a necessidade
de uma adequação tecnológica os diferentes tipos de relevo, tratando explicitamente os
fatores ambientais como recursos naturais. Dessa forma o ambiente ganhou importância
nos trabalhos relacionados à produção e a produtividade da terra, uso e posse da terra, as
questões relacionadas a fronteira agrícola e a conservação dos solos propriamente dita.
Entre os anos de 1960 até a primeira metade da década de 1970, os trabalhos
publicados na RBG, estavam envolvidos no processo de consolidação do setor urbano-
industrial, onde predominou uma análise econômica de cunho mais regional. Assim, nos
textos analisados apareceram preocupações similares onde os principais objetivos dos
trabalhos eram mostrar o processo de modernização tecnológica do campo brasileiro.
Pode–se atribuir a consolidação desse modelo o outro momento de grande produção
da Geografia Agrária brasileira, identificado através das publicações na RBG. O período de
1976 a 1995 é responsável pela publicação de praticamente a metade da produção dos
textos analisados. Essa grande concentração da produção e publicação de textos nos
últimos vinte anos da RBG, é reflexo das grandes transformações ocorridas no agro
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brasileiro devido as políticas de incentivo à modernização e à expansão da fronteira
agrícola.
No primeiro intervalo, 1976-1980, identificou-se três eixos temáticos principais, que
concentraram a maioria dos textos estudados: influências dos fatores ambientais clima/solo
na agricultura, o processo de modernização da agricultura brasileira e discussões de caráter
teórico-metodológico. Entre os anos de 1981 e 1985, as questões iniciadas com a discussão
do processo de modernização da agricultura brasileira, apoiada na “Geografia Crítica” de
base marxista, ganham novas abordagens. Com isso há o deslocamento do eixo de
discussões para as questões vinculadas as relações de trabalho e as relações de produção,
assim como op processo de modernização espacialmente desigual da agricultura brasileira.
Os estudos relacionados à variação espacial desigual da modernização da agricultura
ganham maior peso e ênfase no período de 1986 a 1990, transformando essa questão em
temática dominante. O período seguinte, 1991 a 1995, é marcado por uma pluralidade de
temáticas, contudo podemos identificar aquelas voltadas às questões ambientais e a
organização espacial como sendo as de maior relevância.
Independente da temática tratada e do período em que cada texto foi escrito, o
ambiente foi trabalhado na Geografia Agrária brasileira a partir de abordagens distintas. As
abordagens antropocêntricas (radical ou não), eco-antropocêntrica e ecocêntrica estão
presentes em todas as tendências da Geografia Agrária nacional. Contudo, constatou-se
uma dominância do antropocentrismo, dentre as demais abordagens, nos textos publicados
na RBG.
Produção da Geografia Agrária nacional por tipo de abordagens –1939-1995 – nº de trabalhos publicados
Período Antropocêntricos Eco-
antropocêntricos
Ecocêntricos
1939 -1945 02 - 02
1946-1950 05 02 -
1951-1955 10 04 02
1956-1960 12 02 01
1961-1965 05 03 -
1966-1970 08 - -
1971-1975 07 - -
1976-1980 14 02 01
1981-1985 11 01 01
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1986-1990 15 03 -
1990-1995 09 05 -
Fonte: Abranches, N. – 2003, p.83
A Geografia Agrária brasileira utilizou com freqüência ao fazer a análise das relações
entre o homem e o ambiente, de métodos que buscassem uma visão mais integradora
dessa relação, na tentativa de enxerga-la em sua totalidade. Essa tendência de estudar a
relação do homem com a natureza enfraquece a visão antropocêntrica, levando-se muitas
vezes a interpretações que correspondam a realidade. De fato o que diferencia as
abordagens antropocêntrica, eco-antropocêntrica e ecocêntrica, não é a forma integradora
ou dualista de se fazer a análise, mais o lugar dado ao ambiente no processo de análise.
Pode-se então concluir que os trabalhos antropocêntricos, por mais integradores que
possam ser, fazem a análise das relações do homem com o ambiente a partir dos valores
do homem. Mesmo quando existe a preocupação com a conservação ambiental, o ambiente
está a serviço das necessidades do homem.
Nos textos eco-antropocêntricos existe uma preocupação em entender a relação
entre homem e ambiente de forma equilibrada, evitando privilegiar tanto os valores da
sociedade, quanto os da natureza, buscando uma imparcialidade. Já os textos ecocêntricos
têm como argumento principal à preservação e a conservação do ambiente. Por colocar as
questões relativas a natureza em primeiro plano na análise das relações entre o homem e o
ambiente, essa abordagem está muito mais vinculada as metodologias próprias das ciências
naturais do que as das ciências sociais. É uma tentativa de se enxergar as relações do
homem com o ambiente através dos valores da natureza.
A Relação do Homem com o Ambiente na Geografia Agrária Brasileira
Durante todo o período de publicações da RBG, verificou-se que a abordagem
antropocêntrica foi a dominante. Os primeiros trabalhos antropocêntricos que mostraram
uma preocupação com a conservação do ambiente, muitas vezes a fizeram evidenciando a
luta pela sobrevivência, mostrando o combate travado entre o homem e os fatores naturais.
Dentro dessa perspectiva, bem de acordo com o que Merchant (1992) definiu como morte
da natureza o homem, posicionado de fora e acima da natureza, é visto como Senhor
detentor de poder capaz de subjuga-la. Isto fica claro no texto de Smith (1947), que ao tratar
dos sistemas agrícolas diz que “... o único auxílio do homem em sua luta contra a natureza é
o machado e o fogo, como em vastas extensões do território brasileiro...” (p.160). Esta
visão, do homem exterior aos processos naturais, perpassou por todas as fases da
Geografia Agrária Brasileira de base antropocêntrica.
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Outra questão levantada pelos geógrafos antropocêntricos na relação com o
ambiente, foi vincular a produção agrícola a certos fatores naturais, mostrando uma relação
de dependência da atividade agrícola com a natureza. Dessa forma, sugeriram, muitas
vezes, que certas características ambientais facilitam ou dificultam a produção agrícola,
assim como a sua organização. Essa abordagem ficou restrita as publicações dos anos de
1950 da RBG. Na realidade, os fatores são tratados como condições favoráveis são vistos
como insumos para a produção agrícola.
Simões (1950) vinculou a possibilidade de desenvolvimento do cultivo de arroz no
sudoeste do Planalto Central as condições favoráveis dos fatores naturais clima/solo/relevo.
Essa mesma relação é feita por Guerra (1952) que ao estudar a produção de cacau na
Bahia ressalta as condições naturais favoráveis para o bom desenvolvimento da planta. As
características naturais do Paraná, sobretudo às terras roxas, levaram Bernardes (1953,
p.357), a afirmar que estas se constituíram em um dos principais fatores para a colonização
da área norte do Estado. Já Valverde (1955) ao estudar o uso da terra no leste da Paraíba,
sugere em seu texto que as características ambientais não limitam nem facilitam a ocupação
da área. Entretanto, mais adiante reconhece:
“Nas regiões úmidas, de mata tropical perene ou semi-decídua, o senhor da
terra é procurado espontaneamente pelos cablocos, desejosos de nelas
estabelecerem suas roças, atraídos pelas condições favoráveis.” (Valverde,
1955, p.79)
A noção de ambiente enquanto recurso natural foi também utilizada pelos autores
que estudaram a organização espacial da produção nacional. Campos (1955) ao tentar
entender a distribuição do rebanho bovino no Brasil, estabeleceu como condicionantes que
favoreceram a pecuária em determinadas áreas do país, as condições naturais, já que: “...
contribuíram para isso: as pastagens excelentes, o clima temperado, e um relevo
suavemente ondulado, constituíram um meio propício para isto.” (Campos, 1955, p.332)
Oliveira (1960) estabeleceu como sendo uma das principais características para o
desenvolvimento da agricultura em Bangu, área rural do então Distrito Federal, os
condicionantes físicos da área:
“Concorrem também para esse desenvolvimento as condições locais do clima
e solo, que facilitam a adaptação das frutas aí cultivadas, como cítricos,
banana, mamão, abacate e manga.” (Oliveira, 1960, p.58)
Concordando com este tipo de argumentação, na intenção de explicar a
prosperidade de Irecê, no sertão baiano, Duarte (1963) também se utilizou dos fatores do
ambiente. Bem fiel à noção de recurso natural, tratou o ambiente como suporte para a
atividade humana. Para ele, as condições de origem e gênese diferente dos solos da área
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de Irecê é que a tornaram diferente, pois: “Procurando as condicionantes que possam
explicar a utilização mais intensa da terra, vamos ver que dois elementos naturais se
salientam a fim de justificar a sua ocorrência: o solo e a água subterrânea.” (Duarte, 1963,
p.457)
Os textos antropocêntricos que trataram do processo de modernização da agricultura
deixaram de trata-lo como recurso natural, e passaram a vê-lo como suporte, sendo que a
topografia foi o elemento preferido dos autores que trataram desse tema. Hees (1983)
considerou que as características ambientais do cerrado favoreceram a lógica
modernizadora do modelo agrícola, afirmando que “..., a topografia plana dos campos de
cerrado muito favorece a utilização de maquinaria”.(Hees, 1983, p. 6)
Ao elaborarem um estudo sobre a agricultura da região Sul do Brasil nos anos de
1970, Mesquita e Silva (1987) utilizaram argumentos parecidos com os de Hees (1983) para
justificar as transformações da agricultura dessa região. Ressaltando a contribuição da
topografia como facilitador para a produção de grãos afirmam: “... pois aos estímulos gerais
do processo de expansão da produção comercial de grãos, elas acrescentam a sua
condição topográfica plana favorável a mecanização agrícola”.(Mesquita e Silva, 1987, p.
165)
O clima, assim como o solo, foi outro fator natural tratado isoladamente pela
Geografia Agrária brasileira. Une, Brito e Guilton, Brito e Guimarães, e Nunes, ao longo do
ano de 1979 publicaram trabalhos de abordagem antropocêntrica com especial atenção aos
fatores climáticos. Essa grande concentração de trabalhos sobre as interferências climáticas
na agricultura se deveu a esses anos ter sido marcados por anomalias climáticas que
interferiram diretamente na produção agrícola nacional. Apesar da preocupação clara com o
período climatologicamente atípico, Une (1979) conclui que “... anormalidades climáticas,
cujas conseqüências, prejudiciais à produção agropecuária das diversas regiões do país,
refletiram-se negativamente na economia nacional como um todo.” (p.112) Para mais
adiante concluir que “As conseqüências das flutuações climáticas no primeiro semestre de
1979 tiveram profundas repercussões no desempenho do setor agropecuário, com reflexos,
por sua vez, tanto no setor econômico como no social...” (grifos meus, p.122)
Brito e Guimarães também produziram um trabalho sobre as alterações climáticas
percebidas em 1978. Ao estudarem a seca no nordeste, fazem uma abordagem
antropocêntrica, quando mostram a preocupação com as conseqüências desse fenômeno
na sociedade. Dessa forma definem como objetivo de seu trabalho “... estabelecer algumas
considerações relativas as conseqüências sociais que o mesmo trouxe, de forma particular a
determinados seguimentos da população rural dessa região.” (p. 96) Ainda sobre a
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interferência do clima, Brito, agora juntamente com Guilton, tece comentários sobre a
influência dos fenômenos climáticos na produção agrícola nacional, dizendo que:
“Fenômenos climáticos diversos têm afetado de maneira significativa o
desempenho da agricultura no seu papel de produtor de gêneros alimentícios
para o mercado interno, de abastecedor de insumos industriais e de
exportador. De fato, a quebra de safra tem repercussões importantes sobre o
nível de vida dos agricultores e da população urbana, principalmente a de
baixa renda, além de afetar o desempenho de outras atividades econômicas
direta ou indiretamente relacionadas a agricultura.” (p.123)
Apesar de terem posto tão em evidência a interferência de um elemento da natureza
(clima) na sociedade, cabe ressaltar que a análise foi feita a partir de um centro estabelecido
na sociedade. O enfoque principal era a sociedade humana, e o objetivo era entender como
a alteração climática interferiu na dinâmica da sociedade, e não como a sociedade pode ter
contribuído para que ocorresse tal variação.
Da mesma forma, foram encontrados vários textos que trataram de outro fator
natural: o solo. Uma grande parte desses trabalhos mostrou uma preocupação com a
questão da conservação dos solos e suas potencialidades, sendo que dois trabalhos
publicados em 1948 merecem destaque. O primeiro, de Waibel, sobre o uso da terra no
Planalto Central, e o segundo, de Carvalho, que trata das questões vinculadas a Lei Agrária.
No primeiro, ao estudar o ambiente, Waibel (1948) o viu de forma fracionada,
descrevendo a paisagem natural por suas partes, não promovendo uma correlação entre
elas. Dessa forma estabeleceu um lugar para o homem, fora da natureza. Estabeleceu uma
íntima relação entre a densidade demográfica e a fertilidade dos solos, sugerindo que
quanto mais fértil os solos de uma determinada área, mais população esta área atrairia:
“A densidade da população relativamente alta nas áreas florestais está
naturalmente relacionada com o solo fértil, que permite o retalhamento da
terra em pequenas propriedades; que podem ser intensivamente trabalhados
com culturas esgotantes, tais como a do milho, do arroz (de espigão), cana,
café, etc.” (Waibel, 1948, p.344)
De forma um pouco diferente da de Waibel, Carvalho (1948) ao analisar a Lei
Agrária, as questões relativas ao ambiente são retratadas a partir da questão da
conservação dos solos. Para ele, as questões vinculadas à conservação dos solos são das
áreas de interesse tanto da Geografia Física como da Geografia Humana. e afirma que são
os solos que determinam “...a ascensão e a decadência dos povos” (Carvalho, 1948, p.538),
e alerta que “... o Brasil caminhará precocemente para a decadência, se não atalhar a
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implacável destruição da sua natureza e , notadamente, de seu solo.” (Carvalho, 1948,
p.539)
A questão da conservação dos solos e de outros recursos naturais também foi
preocupação dos geógrafos que fizeram uma abordagem onde a cultura foi privilegiada.
Dentre eles, pode-se destacar os textos de Smith (1947) e de Prost (1969:2).
Smith (1947) ao estudar os sistemas agrícolas, afirmou que: “Das várias partes que
constituem a herança cultural (definida como aquela parte do meio ambiente formada pelo
homem), transmitida por geração humana à seguinte, uma das mais importantes, é o
sistema agrícola adotado para extrair do solo o sustento diário.” (p.161) Ao longo do texto,
Smith, vai provando que as diferenças entre os sistemas agrícolas de uma área para outra
são de caráter cultural, e não determinações climáticas. Sendo assim, estabelece que a
forma do agricultor se relacionar com o ambiente é cultural, resultado da formação histórica
do país, e afirma: “Uma vez estabelecida a herança cultural é consolidada pela autoridade
da tradição, o referido legado – seja ele a porção incluída dentro do sistema agrícola, seja
qualquer outra parte do ambiente criado pelo homem – torna-se muito difícil mudar....”
(Smith, 1947, p.169)
Da mesma forma Prost (1968), busca na cultura argumentos pára explicar o
que denomina de fronteira Cariri/Agreste no município de Esperança: “A análise do croquis
revela que esta região é uma verdadeira Kulturalandschaft, um verdadeiro território
humanizado. Nada é aí perdido; o homem aproveita todo o espaço livre: a imagem da
utilização integral do solo é aí observada de forma um pouco banal.”(p.13) Dessa forma, o
homem transforma a paisagem natural, criando uma área completamente modificada.
Contudo, em relação à Esperança, como conseqüência, esperava o “... esgotamento dos
solos frágeis”. Ao tratar as questões específicas da fronteira afirmou que: “Portanto, não se
trata apenas de um ou de vários fatores naturais que fixam a fronteira nas suas posições
atuais: há só a aparências de concordância entre alguns deles e a mesma. Esses fatores
não constituem então o motor, a causa que permitiu anteriormente o avanço de pequenos
proprietários na direção oeste. Assim somos levados a procura-los em outra parte”. (Prost,
1968, p.29)
Apesar de a produção agrícola ainda ser altamente influenciada pelos elementos da
natureza, alguns textos de geografia agrária publicados na RBG, influenciados por
diferentes propostas filosóficas – marxista, teorética quantitativa e tradicional – não levaram
em consideração esta influência em suas análises. Isto ocorre nas mais diversas temáticas,
posse e uso da terra, renda da terra, produção e fronteira agrícola, modernização da
agricultura. Essa variação da abordagem antropocêntrica sugere uma radicalização dessa
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
abordagem, levando a necessidade da criação de um subgrupo denominado antropocêntrico
radical.
Pode-se dizer que Corrêa (1963), é um dos autores que melhor expressa o
antropocentrismo radical. Ao estudar a modificação da paisagem dos tabuleiros alagoanos a
partir de um projeto de colonização, seu texto caracterizou-se como um marca na mudança
de enfoque, no que se refere a sua radicalização. Corrêa liberta o homem da sujeição aos
fatores naturais, estabelecendo para ele um lugar muito acima e exterior ao ambiente, logo
na apresentação de seu trabalho, quando estabelece: “A colônia Pindorama,..., é um
exemplo de como em terras tradicionalmente consideradas impróprias para a agricultura,
pode valorizar uma região empregando-se não somente sistemas agrícolas adequados, mas
também uma forma conveniente de organização do espaço. Forma de organização que
inclui, evidentemente o elemento fundamental da produção, o homem”. (Corrêa, 1963,
p.479, grifos meus) E mais adiante afirma: “Ao contrário da região circundante, é no
tabuleiro que se sente a presença da ação do homem, dando a paisagem a sua marca
construtiva...”
Já Ferreira (1991), ao discutir a gestão do espaço agrário chama a atenção para o
fato de que “As vocações ‘naturais’ das regiões, que tradicionalmente se impunham,
cederam lugar às exigências econômicas e técnicas...” (p.150), deixando claro a sujeição do
ambiente às leis de mercado e ao progresso técnico científico.
Ao discutirem questões metodológicas e sua aplicação, Ceron e Diniz (1970) podem
ser definidos como um dos maiores representantes da radicalização da abordagem
antropocêntrica. Sendo assim, definem tipologia agrícola como sendo uma combinação de
fatores internos, entendidos como as características inerentes da agricultura, com os fatores
externos, constituídos pelo meio natural, social, técnico, econômico e cultural de um certo
lugar numa determinada época. Ao discutirem a posição do meio natural nessa combinação
de fatores concluem: “Foi amplamente discutida a posição do meio natural como uma
característica externa. O desenvolvimento recente da Geografia e de ciências correlatas,
demonstra claramente que as condições naturais não são características internas. O
problema foi colocado porque segundo a economia rural tradicional, a produção agrícola
resulta de três “fatores básicos”, terra, entendida como condições naturais, capital e
trabalho. Entretanto, não há igualdade entre as três noções, porque a terra não cria ou
desenvolve nenhuma forma de agricultura, mas apenas cria condições que, bem ou mal
utilizadas pelos meios de produção (capital e trabalho) limitam ou ampliam as possibilidades
técnicas e econômicas do desenvolvimento agrícola”. (p.42/43)
Contrapondo-se a abordagem anterior, a abordagem ecocêntrica, aquela cujo centro
da discussão é o ambiente, também aparece nos estudos de Geografia agrária, através das
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
interfaces que esta subárea do conhecimento geográfico faz com as Ciências naturais;
sobretudo com a Agronomia e a Pedologia. Essa abordagerm foi primeiro representada na
Geografia Agrária por Setzer nos anos de 1940. Na década de 1950, Botelho (1954) definiu
como objetivo de seu trabalho sobre a zona cacaueira da Bahia mostrar a íntima
dependência “... que se verifica entre a cultura cacaueira e o ambiente sob o qual se
estabelecem” (p. 162), levando em consideração a necessidade da conservação e o
equilíbrio dos fatores naturais.
Magnanini (1960) também mostrou uma preocupação com a necessidade da
preservação dos recursos e sugere o reflorestamento e a silvicultura como sendo
alternativas “... para restaurar o equilíbrio ecológico já rompido...”(p.673). E afirma que cada
agricultor deve contribuir para o restabelecimento desse equilíbrio sugerindo que “É
indispensável que cada trabalhador rural promova seu modesto plantio, como herança as
gerações futuras”.(p.673), e conclui: “O que realmente importa é utilizar racionalmente os
recursos naturais e não malbaratá-las. O sentido da conservação não é o da estagnação ou
proibição de uso, (sendo este pensamento muito generalizado), mas o de utiliza-lo com
proveito, garantindo sua continuidade através do tempo”. (Magnanini, 1960, p.675)
Com preocupação de conservação dos solos para fins agrícolas, Une (1980) diz que
o solo estabelece limites segundo quatro fatores: fertilidade, quantidade de água disponível,
suscetibilidade à erosão e topografia, que pode significar impedimento à mecanização. Une
ainda afirma que: “... quando se estuda o solo visam do seu aproveitamento para fins
agrícolas não interessam apenas o levantamento e o reconhecimento do mesmo, mas,
principalmente, a forma de como utiliza-las a finm de evitar uma degradação rápida,
conservando por mais tempo as suas capacidades físicas e químicas”. (Une, 1980, p.571)
Foi vista também, sob a abordagem ecocêntrica, a temática ligada a modernização.
Romeiro e Abrantes (1981), com uma proposta muito vinculada aos movimentos ecológicos
dos anos de 1980, lançaram questões relativas a tecnologias adequadas, ou apropriadas,
utilizando como argumentos reportagens de jornais, chegando a cita-las: “Tecnologia
avançada não significa a mais moderna, nem a mais sofisticada, mas a mais adequada ao
meio ambiente” 4(p.32). Sendo assim, questionaram a eficácia do modelo e a produtividade
da agricultura moderna da seguinte forma: “A produtividade média das principais culturas
comerciais não vem evoluindo em proporção à evolução do consumo de insumos modernos,
ao mesmo tempo em que se observa uma grave degradação do meio-ambiente rural em
termos de erosão dos solos agrícolas e de poluição química destes, das águas e dos
alimentos”. (Romeiro e Abrantes, 1980, p.04) Dessa forma, vincularam degradação
ambiental a inadequação tecnológica. Pregaram a agricultura biológica como uma possível
4 Igue, K. (folhetim nº 1, Folha de São Paulo, 06/07/80)
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
saída para a crise ambiental e mostraram a necessidade de mobilização da sociedade em
prol de causas ecológicas.
Aparecendo como uma possibilidade de reconciliação, a abordagem eco-
antropocêntrica, que tem como finalidade estabelecer uma análise mais equilibrada da
relação do homem com o ambiente, não privilegiando qualquer um dos dois elementos
dessa relação, surge como uma visão reconciliadora do homem com o seu entorno. Na
realidade esta abordagem conciliadora propõe o rompimento da dicotomia entre Geografia
Física e Geografia Humana. Foi identificada uma certa concentração de trabalhos eco-
antropocêntricos nos anos de 1950 e no primeiro qüinqüênio dos anos de 1990. Entre os
anos de 1970 e 1990 foram publicados somente dois trabalhos eco-antropocêntricos na
RBG.
Os textos publicados nos anos de 1950 trataram de questões da agricultura brasileira
como um todo, não sendo privilegiado qualquer temática. Merecem destaque os trabalhos
de Sternberg (1951) sobre a seca no Ceará; Waibel (1955) sobre as zonas pioneiras do
Brasil; e o de Bernardes (1961) sobre as características da agricultura brasileira no século
XX.
Sterneberg (1951) tentando iniciar uma conciliação entre físico e social, afirmou que
o meio geográfico não é somente físico, mas é também humano. Utilizando-se de analogia
reconhece a seca como sendo também um fenômeno social, não somente no que diz
respeito a suas conseqüências, mas também no que se refere a sua causa. Dessa forma
estabeleceu uma relação de causa e efeito pondo o homem nas duas extremidades. E
concluiu que: “De fato, uma boa parte da paisagem geográfica do Ceará é uma paisagem
doente. Doença crônica. Queremos com isso dizer que não há equilíbrio, e, portanto,
estabilidade nas relações do homem com o meio”.(Sternberg, 1951, p.335)
Também preocupados com o modelo econômico nacional Romeiro e Abrantes
(1982), ao estudarem a questão da degradação ambiental e a ineficiência do modelo
energético nacional, traçaram a sua argumentação a partir da crítica a modernização da
agricultura brasileira; pregando a necessidade de se encontrar um novo modelo de
desenvolvimento rural. Abrindo, assim, espaço para questões vinculadas ao
desenvolvimento sustentável.
“As tendências atuais do desenvolvimento agrícola são to problemáticas que
colocam a necessidade de se refletir sobre vias de solução, sobre um outro
estilo de desenvolvimento” (Romeiro e Abrantes, 1982, p.487)
Discutiram também as relações de poder nas negociações internacionais, e as
dificuldades em se romper com o modelo modernizador dominante. Expuseram, ainda, a
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
necessidade de se encontrar um caminho onde as condições sócio-econômicas das
populações rurais sofressem uma melhoria e o ambiente fosse menos degradado. Alertaram
para a necessidade de se encontrar soluções apropriadas para sistemas ecológicos
delicados, ao sugerirem: “A intervenção do homem num sistema como este, visando a
transforma-lo para a produção de alimentos, pode comprometer seu potencial produtivo se
não se preservarem as condições gerais de equilíbrio”. (Romeiro e Abrantes, 1982, p.481)
A fase mais recente da Geografia Agrária eco-antropocêntrica – anos de 1990 – se
caracteriza por uma mudança no método de análise. O ambiente nos anos de 1990 deixou
de ser visto de forma fragmentada, para ser trabalhado dentro de uma visão mais
integradora, a qual privilegiou o todo em relação às partes. Isto se identifica no texto de
Laroche (1991), que mostrou uma grande preocupação com o equilíbrio do ecossistema do
vale do São Francisco. Definiu equilíbrio ambiental como sendo o resultado da interação de
quatro fatores: social, econômico, político e físico; deixando claro que as questões que
dizem respeito às relações do homem com o ambiente, estão muito mais a cargo da
sociedade do que do ambiente. Este texto chamou atenção, também, por ser o resultado de
um trabalho feito a partir de uma equipe multidisciplinar, que teve a preocupação “... de ir
além da dinâmica dos ecossistemas, com a representação do meio ambiente/tecnologia de
produção/e utilização dos recursos naturais” (p.60). O que proporcionou uma visão
integradora do projeto pela equipe de trabalho, pois todos os membros envolvidos “...
tiveram uma visão global da pesquisa, muito além da contribuição específica” (p.60). Assim,
o homem teve seu papel na relação com o ambiente definido: “Como agente social no
processo de desenvolvimento regional e representante da trama que envolve a complexa
atividade agrícola num país capitalista, deve ter uma educação ambiental e ser alertado
quanto aos problemas ambientais...” (p.74).
Dessa forma, encontrou-se novamente um lugar para o homem no ambiente. Esta
forma de ver as relações entre homem e ambiente pode ser encontrada na maioria dos
textos produzidos pela Geografia Agrária dos anos de 1990, como os de Brito (1991), Osório
(1992) e Brito (1995), que se caracterizaram por possuir abordagens antropocêntricas.
Brito (1991) ao avaliar o Programa de Irrigação do Nordeste – PROINE –estabeleceu
uma análise integradora dos impactos ambientais resultantes da irrigação.
“Com relação ao meio ambiente, o PROINE deveria considerar as atividades
que permitissem um controle das ações de preservação do meio ambiente em
face ao impacto provocado pela implantação do programa. O controle recairia
não só no que se refere as modificações ambientais em conseqüência do uso
intensivo do solo mas, também, quanto ao lançamento de resíduos
agroindustriais. Não poderia ser descartada a implantação de um programa
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
permanente de monitoramento dos principais cursos de água e ainda o apoio
à pesquisa de métodos que venham a reduzir os atuais níveis de utilização de
agrotóxicos, visando, assim, a minimizar os seus efeitos no meio ambiente e
obviamente na saúde dos produtores rurais.” (p.120, grifos meus)
Já Machado (1992) ao avaliar a fronteira agrícola da Amazônia brasileira, chamou a
atenção para a heterogeneidade do ambiente amazônico e alertou para o perigo das
generalizações. Trouxe a tona à discussão travada nos meios acadêmicos sobre qual a
melhor forma de utilização desse ecossistema e sugeriu a volta ao sistema de rotação de
terra, usado pelas antigas populações nativas, por ser mais equilibrado; a preservação das
áreas de terras firmes, limitando a agricultura as terras de várzea; e o desenvolvimento de
novas técnicas de manejo que permitissem o uso produtivo com o menor custo ecológico
possível. E concluiu: “O problema do desmatamento, apesar de não ser tão grave como em
outras regiões do mundo, é uma possibilidade real [...] A questão, portanto, é o
desenvolvimento de uma estratégia de longo prazo que seja, ao mesmo tempo, produtiva e
protetora do ambiente” (p.51).
Preocupada em encontrar soluções para as questões originadas a partir das políticas
públicas, e na tentativa de tornar as áreas de florestas potencialmente produtivas, sem
comprometer o equilíbrio dos ecossistemas em questão, Brito (1995) próximo do que propôs
Machado (1992), afirma que: “No conjunto dos segmentos produtivos diferenciados, o
extrativismo vegetal é visto contemporaneamente como uma das alternativas de uso
sustentável do território amazônico, contrapondo-se às formas perversas de
desenvolvimento das atividades produtivas e do avanço técnico, tal como ocorreu na região
, nos últimos 30 anos. Nesse contexto, os povos da floresta legitimam-se como depositários
de um saber no qual está embutida a adaptação às condições heterogêneas do meio natural
e o manejo dos ecossistemas naturais”. (p.85)
Sendo assim, pode-se afirmar que os autores da produção científica da Geografia
Agrária brasileira dos anos de 1990, manifestaram uma preocupação com as
transformações sociocultarais e ambientais provocadas pela ocupação do espaço pela
atividade agrícola. Sugeriram formas menos degradantes, baseada no saber das
populações locais, como alternativa para o processo de desenvolvimento.
Conclusão
O interesse em estudar as relações homem e ambiente remonta as origens da
própria Geografia enquanto Ciência.
Conforme Simmons (1993) e Peet (1998) a Geografia deve ser considerada como a
Ciência responsável por descrever, classificar e explicar como os fenômenos naturais e
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
sociais se distribuem no espaço acessível aos homens e suas atividades. Dessa forma,
atribui-se a Geografia a análise de como a sociedade molda, altera e acelera o ritmo das
transformações ambientais, e também a forma como a natureza condiciona alguns
processos sociais, sobretudo o desenvolvimento econômico.
A Geografia Agrária, por tratar de uma atividade econômica onde os fatores
ambientais são de importante relevância, ao longo de sua história tem levado em
consideração as questões referentes as relações homem e ambiente em seus estudos.
Ao longo dos tempos essas relações foram estudadas sob diferentes pontos de vista,
e a importância dada ao ambiente variou de acordo com essas diferentes visões. A
Geografia Agrária brasileira, assim como a Geografia, acompanhou o movimento da
Ciência, absorvendo as mais diferentes formas de tratamento do ambiente, em diferentes
períodos do conhecimento científico.
A valorização do ambiente por parte da Geografia Agrária brasileira fez com que os
autores dos textos analisados buscassem recursos em outras Ciências, assim como com
outras sub-áreas da geografia, aumentando suas possibilidades de interface, e
enriquecendo seus argumentos.
Essa inter-relação de conhecimentos teve conseqüência a predominância na
produção dos textos analisados, que apresentam uma visão interacionista, facilitando, em
alguns casos, a aproximação com a Geografia Física.
Dentre as diferentes formas de abordagem – antropocêntrica, eco-antropocêntrica e
ecocêntrica – identificou-se à predominância do antropocentrismo, mostrando a grande
preocupação da Geografia Agrária brasileira com as questões voltadas para a sociedade.
Mesmo os trabalhos que mostram preocupação com as questões ambientais ou evidenciam
a importância dos fatores naturais e sua influência no processo produtivo da agricultura, têm
como objetivo principal às questões ligadas a sociedade como o planejamento de
desenvolvimento rural, percebendo a relação do homem com o ambiente a partir da
valorização das questões sociais. Dessa forma, pode-se concluir que os textos analisados,
publicados na revista Brasileira de Geografia entre os anos de 1939 e 1995, predomina a
abordagem antropocêntrica.
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Barcelos, M. M. – Ocupação humana e aproveitamento no município de Mangaratiba, RBG, ano 21, n 1, 63-102, 1959
Becker, B. K. – O mercado carioca e seu sistema de abastecimento, RBG, ano 28, n 2, 129-156, 1966
Bernardes, L. M. C. – O problema das “ frentes pioneiras” no Estado do Paraná, RBG, ano 15, n 3 , 335-384, 1953
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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
________ – Cultura e produção de arroz no sul do Brasil, RBG, ano 16, n 4, 403-438, 1954
________ - Problemas da utilização da terra nos arredores de Curitiba, RBG, ano 18, n 2, 271-276, 1956
Bernardes, L.M.C. & Bernardes, N. – A pesca no litoral do Rio de Janeiro, RBG, ano 12, n 1, 17-55, 1950
Bernardes, N. – Características gerais da agricultura brasileira no século XX, RBG,ano 23, n 2, 363-420, 1961
Botelho, C. de C. – Aspectos geográficos da zona cacaueira da Bahia, RBG,ano 16, n 2, 1954
Brito, M. A. – Questões associadas à evolução recente da agricultura brasileira, RBG, ano 49, n 3, 139-164, 1987
________ - Problemas relacionados `utilização de dados dos censos agropecuários, RBG, ano 50, n 4, 165-169, 1988
Brito, M. A. & Innocêncio, N. R. – Organização do espaço agrário do Estado do Rio de Janeiro, RBG, ano 50, n 3, 85-119, 1988
Brito, M. A. & Mesquita, O. V. – Expansão espacial e modernização da agricultura brasileira no período de 1970/1975, RBG, ano 44, n 1, 3-50, 1982
Brito, M. S. – O programa nacional de irrigação: uma avaliação prévia dos resultados, RBG, ano 53, n 2, 113-125, 1991
________ - Políticas publicas e padrões de uso da terra na Amazônia legal, RBG, ano 57, n 3, 73-93, 1995
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