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Ficha Catalográfica

Sumário

VIAGEM A CAMBORIÚ ................................................. 5

FAZENDA SANTO ANTÔNIO ....................................... 7

VERSOS ÀS MINHAS QUERIDAS NETAS .............. 9

CARTA À MARCELLE ...................................................... 11

CARTA À TAMILLE ............................................................ 13

O CASTELO DO GIGANTE ............................................ 15

A ABELHA E A CIGARRA ........................................ 19

O VELHO, O MENINO E O BURRINHO ............... 29

O TUCANO E A RAPOSA ........................................... 39

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9610 de 19-02-1998. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer

forma ou meio, seja eletrônico, gravação etc. sem permissão escrita da Família Hess de Souza e do Instituto Sócio Ambiental

Adelina Clara Hess de Souza.

Impresso no Brasil/Printed in Brazil

Textos: Rodolfo Francisco de Souza Filho (Duda).

Editoração e revisão: Jacqueline Hess.

Ilustração e projeto gráfi co: Lourecil Saidel (Lore).

Copyright © Instituto Adelina

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VIAGEM A CAMBORIÚ(Carta à Scheila e ao Beto)

Estou com saudades dum mocinho e duma mocinha,Que saíram sem se despedir,Passaram perto de mim,E não vieram me beijar.Procurei-os por toda a cidade,E não os consigo encontrar.A mocinha chama-se Adelina Scheila,Nome que lhe deram quando a foram batizar.Ela já tem quatorze anos, mas não pode namorar.Ele chama-se Roberto Eduardo,Este nome foi o pai quem quis botar.Dizem que eles foram para Camboriú,Não sei se posso acreditar.Vou encilhar o meu cavalo,E eles eu vou buscar.Dizem que o mocinho é valente,Boto a mocinha na garupa,Faço o Pingo, nos dois pés virar,Se o mocinho reagir,Na bala vamos nos travar.Dizem que ele bota o joelho na terra,E quatorze brancos, ele manda chegar.É ligeiro no gatilho,E não tem medo de homem nenhum enfrentar.Eu tenho que trazer a mocinha,Custe lá o que custar,Dizem que a mãe dela é muito linda,Já a tenho visto passar.O pai deles pisa firme e fala grosso,

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E não deixa os filhos namorar.Veja só que barbaridade,Eu tenho que enfrentar.Mas a saudade é tão grande,Que eu não consigo aguentar.De volta, vou trazer a mocinha,E não deixarei, um dia, ela casar.Vocês sabem por quê?Pois serei eu quem dela vai cuidar.O mocinho eu espero,Para ele se acalmar.Ele é bravo e valente,E eu tenho que me cuidar.Acho que com bom jeitinho,Eu consigo, com ele me acertar.Ele gosta de futebol,Uma partida vamos jogar.Depois das pazes estarem feitas,A ele eu quero abraçar.Vou terminar esta saudade,Que está a me maltratar.Por favor, se souberem do endereço deles,Queiram me avisar.

Blumenau, 30 de abril de 1978

FAZENDA SANTO ANTÔNIOEste lugar é...

Onde a pessoa senta-se na varanda da casa, num banco de madeira;Apoia a perna num tripé de couro;Sente a batida macia da água da chuva caindo sobre o telhado;Ouve, na lombada verde, o mugido da vaca;O relinchar do cavalo, à procura da sua parelha;Vê a cabriola do potrinho;O cuidado da égua mãe;O relincho dominante e a estancada do potro;A recusa da égua coberta;O miar incessante da gata à procura do macho;O latido de alerta do cachorro;O grito de fome da marreca;A conversa amorosa do pato;O cantar alegre do galo;O cacarejar das galinhas na hora da postura;O grunhir dos porcos pedindo comida;O grito alarmante da galinha d‛angola;O rufar das asas do pombo;O apito despertador do nhambu na canhada da grota;O gemido manhoso da rola no chão;O sabiá do inverno correndo no pasto à procura de insetos;O estalo do tié;O canto do canário-da-telha;O dobrar chiado do gaturamo;O voo ligeiro do bando de saíras de sete-cores;A esperteza do joão-de-barro, beliscando as folhas na horta;O pio agudo do sanhaçu no coqueiro;A perícia do socó-do-brejo, à caça dos peixes da lagoa;O alarme da aracuã no capão;O barulho musical da água da cachoeira deslizando sobre as pedras;

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A transparência genial dos ovos da marreca;A quantidade dos ovos das galinhas;O salto do peixe na lagoa;O cheiro de sapecado da comida no fogão a lenha;O gosto puro da água da nascente;O cuidado com o sobejo da comida do almoço;O gostinho do café preto de coador;O sabor de uma salada, com hortaliças fresquinhas do quintal;O arrancar de um pé carregado de batatinhas;O cortar de um repolhudo pé de alface;Ver a parreira de chuchu esticando o seu baraço;O replantar dos pés de palmeira, secos pela estiagem;Olhar o campo de futebol e admirar o verde do seu gramado; O sabor delicioso da ameixa madura;A maciez saborosa da banana;A explosão do motor estacionário;O corte rápido da máquina de trato;A alegria dos animais ao receberem a ração;A aglomeração das galinhas, patos, marrecos e angolistas quando se joga o milho no chão;A batida compassada do cavalo atrelado;O solavanco cadenciado da buzina da carroça;O escolher do melhor pasto para os animais;Ver o novilho bravo entrar em guarda;Ver o cavalo desenvolver a marcha, com suas passadas ritmadas;Montar um cavalo bem encilhado;Discutir com os filhos a sua perícia de montar;Fazer um touzo no sistema ponta-de-lança;Ver suas noras e futuras noras rolando em cima das montarias;Admirar suas filhas, perfeitas amazonas, e exímias cozinheiras;Brigando com o filho caçula, para deixar nele a marca do pioneirismo;Admirar as brincadeiras, e os netos e netas;Sentir saudades da mãe e mulher amada;Que tanto ajudou a embelezar este pedaço do paraíso.

Duda5 de agosto de 1982

VERSOS ÀS MINHAS QUERIDAS NETAS

“Poesia Sertaneja” éO livro, que de presente ganhei;Li todas as poesias.De tudo que eu li, eu gostei.Alguns dos poemas,Com a minha vida comparei.

Não sei se foi a minha fi lha querida, Ou se ganhei das minhas netas. Não tem dedicatória Foi dado pelas três na certa; As poesias do livro, Com minha vida completa.

Quero contar a história para MarcelleQue eu não terminei;É a passagem das estrelas,Que eu mesmo inventei;A historinha foi começada,Por falta de tempo, não acabei.

A estrelinha estava passeando, Viu a Lua e logo se escondeu; A Lua muito cautelosa, Mais um passo na sua direção, deu. A estrelinha se assustou e chorou, E as suas lágrimas, com o vento choveu.

A estrelinha queria uma asa,Para da Lua poder sair;Chegou uma linda borboletaDisse: - “Estrelinha, daqui não podes fugir;Só terás as minhas asasQuando, com carinho me pedires.”

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A estrelinha pediu à borboleta, Que emprestasse a asa dela; Ela queria vir à Terra Ver uma menina chamada Marcelle Que, de todas as crianças, Era a menina mais bela.

A borboleta muito amiga,A sua asa, para a estrelinha emprestou;A estrelinha veio voando,Aqui na Terra chegou.Não viu a menina MarcellePorque nesta hora, com a sua mãe a menina brigou.

A estrelinha viu outra menina, Por Tamille chamada; Deu um beijo na menina, A menina sorriu e não disse nada. Queria falar com a estrelinha, Mas a voz fi cou embargada.

A estrelinha perguntou à Tamille:- “Onde está a Marcelle, minha amiguinha?Eu vim voando de tão longeCom uma asa que não é minha;Eu fugi da grande Lua,Ontem de tardezinha.

Eu vou embora voando, E a Marcelle eu não vejo; Queria tocar nos seus cabelos Era todo o meu desejo Mas ela está muito ‘braba‛ Não posso dar-lhe um beijo.”

Blumenau, 14 junho de 1984

CARTA À MARCELLE

Onde está minha neta MarcelleQue de mim não se despediu

Ela me deu um beijo e um abraçoDe perto de mim saiu

As saudades aumentaramDepois que ela partiu.

Na mesa só tem dois pratosOlho a cadeira vazia

Não tem arroz e feijãoQue com muito apetite comiaEu não sinto mais nas costas

Aquela mãozinha macia.

Depois que ela partiuA flor da primavera murchou

A rosa do jardimFicou triste e secou

O pé de camélia não floresceuPorque a Marcelle não molhou.

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As flores estão esperandoAs férias depressa chegar

Para com a presença das meninasA alegria do jardim voltar

Eu com muita saudadeCom paciência vou esperar.

Marcelle,Tu és um anjo

Que ganhei de presenteTens a ternura na voz

Machuca o coração da genteUm olhar carinhoso

Com um sorriso inteligente.

Teu avô. Duda15 de agosto de 1991

CARTA À TAMILLE

Aonde foi aquela meninaMeiga, alegre e carinhosa

Que abraçava o avôQuando chegava muito prosaCom um sorriso de jardineiraTrazendo o perfume da rosa.

O meu rosto está enrugadoA pele está irritada

Não foi feito mais massagemCom aquela mãozinha delicada

O silêncio traz tristezaDe uma casa abandonada.

No café não tenho a sua companhiaAo almoçar não recebo carinho

Quando chega a noiteSempre janto sozinho

Olho e procuro por todos os ladosE não vejo o seu lindo rostinho.

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Aquele andar miudinhoEstá sempre na minha frente

Aquele sorriso meigoEstá sempre presente

Vem a saudade devagarinhoMachucando o coração da gente.

Tamille tu és um anjinhoQue a Deus eu pedi

Ele me deu com grande amorCom asas de colibriSinto muita saudade

Quando estou longe de ti.

Teu avô. Duda15 de agosto de 1991

O CASTELO DO GIGANTEPerto do colégio havia um belo casteloRodeado por um lindo jardimNos canteiros floriam lindas rosasE de longe se sentia o cheiro do jasmimSó o jardim da avó das criançasEra tão majestoso assim.

Havia muitas árvores frutíferas Os pés de pêssego na primavera floriam Davam frutos lindos e gostosos As crianças apanhavam e comiam Pelas ruas dos canteiros de flores As meninas brincavam e corriam.

Nos ramos das árvores bem cuidadasOs passarinhos pousavamQuando rompia a auroraUma sinfonia de cantos entoavamHavia um cardeal e um toldoPerto da janela, juntos cantavam.

As crianças sentiam-se felizes No recreio, no jardim brincavam Nas tardes ensolaradas e lindas Para o jardim voltavam Apanhavam as belas frutas E para casa, contentes, as levavam.

Em uma tarde calma e serenaO dono do jardim chegouEra um gigante enormeE com muita ira, para as crianças falou:- “Sou o dono deste casteloFoi o escravo que este jardim plantou.”

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Chamou todos os seus escravos Mandou logo o jardim cercar Com um muro tão alto Que as crianças não podiam entrar Naquele lugar alegre e feliz Os meninos não puderam mais brincar.

Depois do jardim cercadoUma chuva de neve permanente caíaFormando uma camada de geloQue com sol não derretiaAs flores foram desaparecendoEnquanto as árvores morriam.

Os passarinhos não voltaram mais Porque a neve não deixava O cardeal mudou seu ninho Na janela do castelo não pousava As crianças entristecidas Na hora do recreio não brincavam.

O gigante orgulhoso e egoístaNa sacada do castelo sentavaÀs vezes com tristezaPara aquela imensidão de gelo olhavaUm arrependimento profundoEm seu coração devagarinho chegava.

Um dia o gigante estava deitado Escutou um longo assobio Levantou bem depressa Mas nada ali ele viu Notou que aquele zumbido Vinha do lado do rio.

Viu sobre um galhoUm menino todo de branco sentadoQuerendo tocar um ramo de árvoreMas não podia porque estava afastadoO gigante que era muito altoPegou o menino e o afastou de lado.

Quando o menino tocou no raminho A árvore ficou verde e floresceu A neve deixou de cair E o gelo todo derreteu Um bando de lindos passarinhos No lugar voando apareceu.

O gigante quando viu isso acontecendoPegou um machado e o muro derrubouA rosa que estava adormecidaNesta mesma hora desabrochouAs crianças voltaram alegresE o gigante, com felicidade se encantou.

Sentou-se a observar o movimento Mas o menino, com as crianças, não via Perguntou a todas elas Se o menino alguém conhecia Disse que amava muito o menino Vê-lo outra vez ele queria.

Passou o tempo, e num outro diaViu o menino na árvore sentadoCorreu, para falar com eleNotou que ele estava machucadoCom marcas de pregos na mão e nos pésE no seu olhar sereno algo havia mudado.

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Chamou todas as crianças e perguntou Quem tinha o menino machucado Aquele que tinha feito aquilo Devia ser castigado O menino respondeu: - “Eu estou assim ferido Por causa dos teus pecados.”

O gigante abraçou com força o meninoChorando, assim ele falou:- “Então foi Deus Todo-PoderosoQue você aqui mandouVocê é o Menino JesusQue o grande pecado do mundo tirou.”

O menino muito amável Ao gigante respondeu: - “Eu vim dar alegria a estas crianças Que com seu egoísmo você não deu.” Dizendo estas palavras O menino desapareceu.

O jardim ficou cada dia mais lindoAs árvores mais frutos estão dandoO gigante ficou velho e bondosoPara outro mundo foi andandoE as crianças até hojeContinuam no belo jardim brincando.

Esta história escrevi Para alegrar minhas netas Tenho certeza de que uma delas Vai ser na vida poeta Elas vão escrever versinhos para o avô Isto eu tenho na certa. Um beijo do vô Duda.

27 de outubro de 1991

A ABELHA E A CIGARRA“Estou escrevendo esta história para minhas netas: Flávia, Gabriela, Tamille,

Marcelle e Fernanda.”

Esta história aconteceu há milhares de anos.Quando os insetos, pelos seus instintos se comunicavamEram muito comunicativosTudo o que queriam, falavamAté uma musiquinha alegreEles, com suas asas, cantavam.

Naquele ano, o inverno tinha passado Chegou a linda primavera As árvores mudavam sua roupagem Tudo ficou diferente do que era A beleza e grande alegria Surgiu em toda a Terra.

As árvores começaram a florescerOs frutos novos começaram a vingarAs abelhas saíram de suas colmeiasPara o néctar nas flores buscarTrabalhavam o dia todoSem tempo para descansar.

Elas saíram bem cedinho Muito elas tinham que voar Traziam grande quantidade de néctar Para no favo depositar Ali dentro da colmeia Em mel puro ia se transformar.

Elas só não saíamQuando na região choviaFicavam dentro da colmeiaO serviço de limpeza faziamAssim elas estavam trabalhandoVinte e quatro horas por dia.

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A cigarra saiu de seu casuloDeu um voo de reconhecimentoViu que tudo estava ficando tão lindoNão ouvia o rugido do ventoAchou que para começar a cantarJá estava chegando o tempo.

Ela ensaiou um canto Com uma nova melodia O som não saiu muito certo Como a cigarra queria Nesta primavera eu vou cantar Só quatro horas por dia.

Sobrava para ela muito tempoPara insetos pequenos caçarEla também podiaDo musgo das árvores se alimentarAssim a cigarra entendeuQue não precisava trabalhar.

As abelhas operárias no seu trabalho Foi chegando logo o verão Elas tinham que cuidar de tudo Até expulsar o zangão Ele só servia para fecundar a rainha Era um grande comilão.

Elas saíam em bandos Para o néctar das flores tirar Quando estavam catando flor por flor Escutavam a cigarra cantar Com um canto tão agudo As abelhinhas chegavam a irritar.

Quando chegou o verãoA cigarra estava como queriaEla cantava sem pararTodas as notas que sabiaCantava até o sol se esconderRecomeçava ao romper do outro dia.

A cigarra cantando e voando Esqueceu que o inverno ia chegar Ela não se preocupou Em uma casinha arranjar Com seu canto deixou outros alegres Eles que vão trabalhar.

As abelhas preocupadas com o invernoMuito mais tinham que trabalharPara produzir bastante melPara no inverno não faltarBem distante da colmeiaNéctar elas iam buscar.

O inverno não demorou a chegar Chegou com um frio rigoroso As abelhas se recolheram Para sugar aquele mel gostoso Elas tinham que expulsar os zangões Que eram uma turma de preguiçosos.

A cigarra continuavaEm seu galho cantandoEla notou sua vozAos poucos estava se apagandoFoi ali que ela notouQue o inverno estava chegando.

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A temperatura mudou E a cigarra não pôde mais cantar A temperatura ficava baixa Ela disse: - “Este ano não quero hibernar Mas aqui neste tronco Não posso, e não devo ficar.”

- “Vou fazer um buraco na terraDentro dele vou me esconderCom o frio que está por virEu não consigo sobreviverO jeito é pedir socorro pra rainhaTenho certeza de que ela vai me atender.”

Ela que já tinha visto Quando estava voando Uma colmeia muito grande Onde as abelhas estavam trabalhando - “É lá que vou passar o inverno. Porque estou me preocupando.”

Com um voo rasanteNa colmeia ela passouEla quis entrarO guardião não deixouDisse que queria visitar a rainhaQue há tempos a ela convidou.

Com a conversa macia da cigarra Levou ela até a presença da rainha Que naquela hora estava sugando A geleia real que no favo tinha A cigarra cumprimentou com habilidade Batendo suas asinhas.

A rainha muito sabidaEstranhou aquela visita inesperadaE disse: - “Quase não podes falarEstás com a voz embargada.”-“Cantei tanto neste verãoEstou com a garganta inflamada.”

- “A minha visita, querida rainha, É para pedir socorro Eu não tenho casa para morar E o inverno vai ser rigoroso Se eu não arranjar casa Com este frio com certeza eu morro.”

A rainha muito espertaPara a cigarra respondeu:- “O que você está me pedindoNão é do setor meuO meu trabalho é pôr bastante ovosEsta é a função que Deus me deu.

A senhora vai até a seção dos favos Lá elas estão todas reunidas Deve falar com as operárias Escolher sempre a mais sabida Só elas é que podem resolver O problema da sua vida.”

Quando a cigarra chegouAs operárias estavam em movimentoMexendo com suas asasPara provocar bastante ventoControlando a temperaturaPela parte de fora e de dentro.

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Quando a cigarra chegou As operárias ficaram comovidas Ela então aproveitou Para fazer seu pedido Já que ali ela encontrou Todas juntas reunidas.

Uma abelha mais agressiva respondeu:- “Está ali a porta de saídaVocê sempre foi uma vaidosaOrgulhosa, egoísta e metidaNão aceitamos intrusos na nossa casaAinda mais termos que dar comida.”

As abelhas responderam com firmeza: - “Na primavera não choveu O verão foi bem camarada Você este tempo todo não percebeu? A cantoria e a preguiça Barriga de ninguém encheu.”

A cigarra às abelhas respondeu:- “Na primavera, durante o dia cantavaPassei o verão cantandoNoite adentro entravaPensei que com o meu lindo cantoOs bichos e os homens eu alegrava.”

- “Com este seu cantar tinhoso Muito nos incomodavas Quando nós saíamos para o trabalho Pousada em seu galho estavas No seu belo conforto Nem para nós olhavas.

Agora chegou o invernoNão tem casa para morarEstamos vendo tambémQue não pode mais cantarSe quiseres ter um abrigoVocê no inverno vai trabalhar.

Trabalhamos na primavera e no verão Sem um instante descansar Agora chegou o inverno Vamos o trabalho parar Temos bastante mel Para o inverno passar.”

A cigarra triste respondeu:- “Mas eu não sei trabalhar!Deus me deu esta linda vozPara todos na terra alegrarCom estas lindas asasPara todo lugar voar.”

As abelhas responderam: - “Você é uma grande vadia! Fazer um buraco no chão Com suas garras você podia Não arranjou a sua casa Porque você mesmo não queria. Nós não gostamos de insetoMalandro e preguiçosoJá bastam os nossos zangõesQue são vadios e teimososEles têm a proteção da rainhaMas conosco deixam de ser famosos.

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Veja só dona cigarra O que fazem as aranhas Elas constroem suas casas Fazendo da teia uma trama Aquela que não quer trabalhar Vai embora ou apanha.

As formigas constroem em seus ninhosColocam no verão um grande sortimentoO pão que fabricam, serve de alimentoUm serviço tão bem feitoA chuva não destróiNão tira do lugar o vento.

Do marimbondo não gostamos Mas apreciamos o seu trabalho Ele faz com capricho a sua casa Toda amassada de barro No inverno enche de comida Para aos filhos dar proteção e agasalho.

Até o bicho-frade, dona cigarra,Ele tem sua bela casinhaFez sociedade com a carochaQue ficou sua vizinhaTambém tem uma moradaA nossa querida paquinha.

O grilo que conhecemos É também um grande cantor Ele constrói a casa para sua amada Para provar o seu amor No inverno e no verão Ele é muito trabalhador.

Vamos lhe dar um conselho:Tome a nossa classe como experiênciaVai construir sua casinhaPorque ainda dá tempoSe não, a senhora vai ficarSofrendo o frio a noite adentro.”

A cigarra escutou tudo Consigo começou a pensar - Como é que vou fazer? Pois eu não sei trabalhar Em toda a minha vida Eu só aprendi a cantar.

- Se eu encontrasse uma fada encantadaCom ela poderia aprenderConstruíamos um castelo de barroPara no inverno eu morarMas eu tenho muito medoQue ela vai me ensinar a trabalhar.

As abelhas despacharam a cigarra Dizendo: - “Não podemos com você ficar Com este corpão grandão No inverno vai estorvar Talvez nós podíamos dar um jeito Se no inverno você pudesse cantar.”

-“ Esperamos” -, disseram as abelhas- “Que esta lição você tenha aprendidoAquele que não trabalha na vidaMais tarde sempre se arrependePorque todo trabalho do mundoNa natureza sempre enobrece.”

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A cigarra saiu da colmeia Foi pousar em um grosso galho Disse: - “Agora vou atrás De quem inventou o trabalho Se eu encontrar este triste inseto Tenho certeza que esmigalho.”

Se a cigarra fosse como minhas netasQue sabem tocar pianoTalvez ela não tivesse sofridoAquele cruel desenganoPassaria aquele inverno na colmeiaTocando durante todo o ano. Duda 18 de dezembro de 1991

O VELHO, O MENINO E O BURRINHO“A todos os meus netos

Com muito carinho.”

A história que vou contarÉ do velho, do menino e do burrinhoAconteceu há muito tempoNo sertão de CarazinhoTodos os seus habitantesLembram dela com carinho.

Morava um casal honesto No topo da serra, à beira do rio Numa área de quatro léguas quadradas Que herdaram de seu querido tio Era um paraíso, com muito verde Não fazia calor, nem muito frio.

O casal havia casadoSem nunca conhecer maldadeSentiam um amor profundoE viviam com felicidadeMas nunca tiveram filhosPois já tinham muita idade.

Da terra tiveram tudo O que Deus havia dado A sobra de seu consumo Em uma despensa era guardada Quando acumulavam bastante Iam vender no povoado.

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Para chegar no lugar da vendaMuitas léguas tinham que andarA mulher ia junto com o maridoPara alguma coisa ela comprarCompravam só o necessárioQueriam dinheiro economizar.

Um dia, ao chegaram da viagem Havia um homem na casa esperando Com um menino pela mão Ao casal foi logo falando Quero doar esse menino a vocês Porque para longe estou me mudando.

O menino logo cresceuFicou um garoto formosoAjudava a velhinha em tudoSempre com gesto carinhosoMas com o pobre do velhinhoEra emburrado e teimoso.

Um dia o velho e o menino Estavam na campineira trabalhando Avistaram um homem chegando Com um burrinho pelo cabresto puxando Disse-lhes: - “Quero vender este filhote O leite da mãe dele está acabando.”

O velhinho gostou do burrinhoPara comprá-lo não tinha dinheiro- “Só posso negociar o burrinhoTrocando ele por carneiroNo negócio pode entrar mais animaisJunto eu posso dar um bezerro.”

Foram ver os animais Que estavam presos no mangueirão O homem pediu pelo burrinho Uma cabra e um carneiro capão Mas para fechar o negócio O velhinho teve que dar mais um leitão.

Começaram a tratar o burrinhoE leite no balde ele bebiaAlfafa e trevo picadoCom milho, ele também comiaQuando soltavam no pastoO dia inteiro o burrinho corria.

Quando ameaçava chover Andava no pasto corcoveando Percebendo a presença da gente Ficava a orelha trocando Se as nuvens trovejassem Corria na lambada zurneando.

O velho disse ao menino:- “Está na hora de esse burro amansarAmarramos um buçal bem forteVamos de cabresto ele quebrarJogamos o bacheiro no lomboPara ver ele corcovear.”

Jogaram a cangalha no lombo Apertaram bem a reata Colocaram o rabicho e o peitoral Penduraram duas bruacas Disse o velho para o menino: - “O biguá ninguém ataca.”

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Quando chamaram o burrinhoDo lugar, ele não se mexeuO velho atiçou com um ferroUm pulo e um corcovo ele deuO menino que estava segurandoDe medo, para longe correu.

O burrinho foi domado E o velhinho sempre o ocupava Quando chegava a safra Todo milho no serão carregava Só que na montaria Era teimoso, mas não empacava.

O burrinho era muito bonitoSeu pelo era pampa de gateadoTinha o pé de montar e a mão de laçarCom este sinal cruzadoNão tem animal no mundoQue dá velhaco ou negado.

Caminhava trocando as orelhas Dando sinal por tudo que via De longe, ouvia-se o barulho Quando no chão as patas batia O ginete que não fosse bom Montava nele e caía.

Caminhava de rédea em péSó na pura marcha trotadaConhecia todos os caminhosEra mestre em picadaTinha o lombo curtoE a garupa bem derrubada.

O velho para ir ao povoado Tinha que passar na terra do vizinho Se ele quisesse sair de casa Só havia este caminho Um dia o dono do terreno Chegou em sua casa bem cedinho.

- “Eu quero vender este terrenoPara comprar, vocês são os primeirosVou morar no povoadoPreciso levar bastante dinheiroSe vocês não puderem comprarVou vender pra outro fazendeiro.

Se outro fazendeiro comprar Logo o terreno irá cercar Vocês ficarão sem o caminho Pois por ele não poderão passar Terão que atravessar o rio Para no povoado chegar.”

O velhinho pediu prazo de oito diasPara lhe dar uma resposta- “Vou ver se arranjo o dinheiroPara lhe fazer uma propostaEspero que esta demoraO senhor não desgoste.”

Quando o homem saiu O velho falou para sua velhinha - “Eu tenho que fazer tudo Para esta terra ser minha Nem que para isso eu tenha Que vender nossa vaquinha.”

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As mulheres sempre quiseramSer mais espertas que os homensO que elas mais têm medo na vidaDe algum dia poder passar fomeSe eles vendessem a vaquinhaBuscar comida, onde?

- “Em Sacramento vai haver uma feira Porque você não vai vender o burrinho? Você sai de madrugada, disse a mulher Pode levar consigo o menino Sacramento é bastante longe Mas você sabe bem o caminho.”

O velho concordou com a velhinhaFoi no quarto e avisou o menino- “Amanhã vamos a SacramentoVender na feira o nosso burrinhoAgora você vai dormirPara sairmos bem cedinho.”

A mulher fez uma paçoca de carne Caprichou bem no “früstick” Arranjou um vidro de biotônico vazio Colocou cachaça de alambique - “Isto é para vocês tomarem na viagem Por favor, bêbados não fiquem.”

Eles saíram de casaQuando o galo estava cantandoChegaram no primeiro povoadoQuando o dia estava clareandoComo não viram ninguémContinuaram viajando.

Um homem para o velhinho perguntou Se aquele burrinho era domado. O velhinho respondeu que sim - “Por que o senhor não vai nele montado? A viagem é muito longa O senhor vai chegar lá cansado.”

“Se vocês vão levá-lo para a feiraDevem chegar nele montadoTodos verão que o burro é mansoO valor dele será dobradoO burro é um animalQue nunca fica cansado.”

O velho montou no burrico E continuaram viajando Na estrada encontraram outro homem Que ao vê-los ficou berrando: - “Venham ver um velho montando E um pobre menino, o burro puxando.”

O homem mandou parar o burroDisse: - “Isso é uma coisa feia,Se eu fosse autoridade,Poria você na cadeiaAgora quem monta é o meninoE você logo apeia.”

O menino montou no burro E o velhinho foi puxando Passando por um povoado Escutaram uma mulher gritando: - “Venham depressa minhas vizinhas Porque o mundo está acabando.

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Temos visto coisas feiasMas nunca se viu tão erradoUm velhinho puxando um burroE um marmanjo nele montadoO velhinho mal pode puxar o passoDe estropiado e cansado.”

Atravessaram o povoado Debaixo das vaias das mulheres O velho disse ao menino: - “Agora não vamos mais a pé Vamos nós dois montar no burrinho Pois é assim que o povo quer.”

Logo encontraram uns homensNa beira do caminho conversandoQuando viram os dois montadosForam logo perguntando:- “Aonde vocês vão com este animal,Para onde o estão levando?”

O velhinho logo respondeu: - “Para a Feira de Sacramento Tivemos atraso na viagem Com isso perdemos muito tempo Por puxar este burrinho De tão cansado eu não aguento.”

Os homens responderam:- “O senhor fez tudo erradoVocês querem vender o bichinhoE estão os dois nele montadosQuando chegarem na feira,O burro estará muito cansado.

- Para vocês pegarem um bom preço Este animal deve ser carregado Arranjar uma condução Pra chegar na feira embarcado Logo irá aparecer comprador Vendo o burrinho descansado.”

Quando os homens saíramO velho disse ao menino:- “O que temos que fazerÉ carregar o burrinhoEu pego na frente e você atrásAssim ele fica mais levinho.”

Puseram o burro nas costas E assim foram carregando Eles andavam devagar Porque a carga estava pesando O velho logo escutou Alguém, atrás deles gritando:

Dizia: - “Corra depressa meu povoVenham ver logo, minha genteComo é que se fazDe um burro, uma trempeSão dois carregando o animalNão se sabe qual é diferente.”

O povo logo se reuniu Para ver o que aconteceu O burrinho foi descarregado Do lugar onde estava não se mexeu Perguntaram qual era o mais burro O velho respondeu: - “O mais burro sou eu.”

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O velho disse ao menino:- “Vamos para casa voltarJá é muito tardeNão dá para na feira chegarPois tudo o que fizemosNão deu para a boca do povo tapar.

- Ninguém consegue satisfazer as pessoas Disso estou convencido Por mais que a gente faça Fica no mundo perdido Agora agradeço a Deus Por esta lição ter recebido.”

Voltaram para casaCom o burrinho puxadoPara contar tudo à mulherO velhinho sentia-se acanhadoInventou uma história compridaE disse que na feira chegaram atrasados.

O vizinho não vendeu o terreno O caminho ficou sempre aberto O velhinho disse ao menino: - “Tudo o que nos aconteceu achei certo Vou contar a história para todos Quem ouvi-la ficará mais esperto.”

Duda 20 de abril de 1992

O TUCANO E A RAPOSA“Dedico esta história a todos os meus

Netinhos, a quem tanto amo.”

A história que vou contarÉ do Tucano e da RaposaEla é um bichinho meigo

Sabe muito bem preparar as coisasO Tucano pelo seu grande bicoDeve ser parente dos Souza.

No começo do mundoOs bichos e as aves em harmonia viviam

Moravam em seus habitatsGrandes amizades faziamSó as frutas das árvoresEra o que eles comiam.

A Raposa sempre foi muito espertaMas precisava arranjar um amigo

Como achava o Tucano uma ave bonita- “Amizade com este eu consigoAssim eu tenho um companheiro

Para andar sempre comigo.”

O Tucano aceitou o convitePassaram a sair juntos

Conversavam horas a fioSem fugirem do assunto

Tudo que arranjavam para comerDo pouco faziam muito.

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O Tucano saía voandoNas árvores com frutos pousava

A Raposa vinha pelo chãoDebaixo das árvores esperava

O Tucano escolhia as mais madurasPara a Raposa ele jogava.

Quando apareciam animais estranhosO Tucano de longe via

Dava um grito bem forteA Raposa depressa se escondia

Os dois continuavam juntosAté terminar o dia.

A Raposa tinha o pelo queimadoDessa cor ela não gostavaAs lindas penas do Tucano

Muito ela invejavaPor causa do seu grande bico

A Raposa com o Tucano brincava.

Um dia ela convidou o TucanoPara sua casa visitar

Ela ia preparar com carinhoUm gostoso jantarIria marcar o dia

Mas ele não podia faltar.

Ela preparou um rico jantarMingau feito com frutas e palmito

Decorou bem o ambienteQue ficou muito bonito

Preparou para ele um poleiroUsando um galho de angico.

Quando o mingau ficou prontoSobre uma pedra com ruga ele despejou

Com cara de debochePara o jantar o Tucano convidouEla lambia o mingau da pedra

O pobre Tucano seu bico machucou.

A Raposa encheu o papoO Tucano nada comeu

Em uma cuia bem rasinhaBebida ela ofereceu

O Tucano com o bico machucadoDo licor não bebeu.

Quando o Tucano foi emboraDisse: - “Comadre, eu quero lhe convidar

Para a senhora ir lá em casaE comigo nesse dia almoçar

A gentileza que a senhora me fezEu quero e preciso pagar.”

A Raposa não desconfiando de nadaO convite aceitou

Bem não amanheceu o diaNa casa do Tucano chegou

Ele muito faceiroBateu a asa e a cumprimentou.

O Tucano foi na mata virgemUm pau oco ele achouCom seu bico enorme

Por dentro todo limpouSó um buraquinho estreito

Na madeira ele deixou.

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O Tucano fez um mingauMisturando todas as frutasPara dar um sabor diferenteFoi no rio e pescou uma truta

Cozinhou bem e misturou no mingauE não colocou açúcar.

Para a Raposa sentarEle fez um assento bem fofinho

Usando barba de velhoE penas de passarinhoFicou tão confortável

Que parecia mais um ninho.

Quando o mingau estava prontoNa vasilha de madeira despejouUma pequena parte do mingauNa beirada de madeira ficou

Para sentar no sofáA raposa convidou.

A Raposa quando viuFicou logo desconfiada

Como estava com muita fomeLambeu só o que sobrou na beirada

O Tucano encheu o papoQuando dava as suas bicadas.

Quando terminou o almoçoO Tucano falou sem cerimônia:

- “Naquele dia em sua casaPassei muita vergonhaSaí da mesa com fome

Não pude comer sua pamonha.

A senhora comadre fez aquiloPara do meu bico debochar

Quando saí de sua casaJurei que iria me vingar

Para provar para a senhoraQue com defeito dos outros não se deve brincar.

Espero, minha comadre,Que lhe sirva de lição o que recebeu

Não quero que fique zangadaQuero continuar amigo seu

Vou respeitar as suas travessurasE você respeita o que é meu.”

Eles ficaram estremecidosUm do outro desconfiado

O Tucano não veio mais no chãoAnda só nas árvores pousado

De vingar do TucanoA Raposa havia jurado.

O Tucano para confundir a RaposaMudou toda a sua pelagemOs pés ficaram azul-claro

O bico verde e curvo demaisTem pelo vermelho na parte de trás.

O Tucano tem asas curtasSeu vôo é de soquinho

Pela variedade de suas penasÉ o mais belo dos passarinhos

Hoje é símbolo de partidoOnde os políticos fazem seus ninhos.

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A raposa não mudou nadaPassou para cima olhar

Em toda árvore em que passaEstá sempre a farejarEla fica muito irritada

Ao escutar um bando de tucanos gritar.

Há um ditado muito certo:- “Não faças mal ao seu vizinho

Se você fizer o malO seu está a caminho

Devemos tratar todos bemCom amor, respeito e carinho.”

Vô Duda18 julho 1992