Ano XIII | 229 | Julho 2014
ISSN
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O olho do produtor é que engorda o gadoHistórias de quem transforma conhecimento em lucro
Ciência Sem FronteirasSenar em CampoJovens buscam conhecimento
tecnológico no exterior para aprimorar agronegócio
Projeto apresenta à população o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
NOVOS DESAFIOS
A revista Campo é uma publicação da Federação da
Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (SENAR Goiás), produzida pela
Gerência de Comunicação Integrada do Sistema FAEG com
distribuição gratuita aos seus associados. Os artigos assina-
dos são de responsabilidade de seus autores.
CAMPO
CONSELHO EDITORIAL
Bartolomeu Braz Pereira, Claudinei Rigonatto
e Eurípedes Bassamurfo da Costa.
Editora: Denise N. Oliveira (331/TO)
Reportagem: Catherine Moraes e Michelle Rabelo
Fotografia: Larissa Melo e Fredox Carvalho
Revisão: Denise N.Oliveira
Diagramação: Rowan Marketing
Impressão: Gráfi ca Amazonas Tiragem: 12.500
Comercial: (62) 3096-2123
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Silva, José Vitor Caixeta Ramo, Wagner Marchesi.
Conselho Fiscal: Rômulo Pereira da Costa, Estrogildo Ferreira dos Anjos, Eduardo de Souza Iwasse, Hélio dos Remédios dos
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Filho, Henrique Marques de Almeida.
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Suplentes: Antônio Roque da Silva Prates Filho, Vilmar Rodrigues da Rocha.
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de Castro Raynaud de Faria.
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José Manoel Caixeta Haun e Glauce Mônica Vilela Souza.
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Leonardo RibeiroPresidente do Sistema FAEG
Nessa edição da Revista CAMPO compartilhamos histórias de produ-tores rurais em Goiás que buscaram conhecimento, informação e apoio no Sistema FAEG, e hoje, são exemplos de sucesso no campo. Comemoramos isso! Para nós, O Dia do Produtor é todo dia. Temos muito orgulho de per-tencer a uma classe tão importante na sociedade brasileira. E, tento por meio do meu trabalho a frente na Federação, disseminar esse sentimento junto aos meus pares.
Orgulham-nos como brasileiros também as inúmeras conquistas na pro-dução de alimentos.
São essas conquistas que nos fazem prosseguir. Levantando demandas, atendendo produtores e trabalhadores rurais e com uma expressiva repre-sentatividade em comissões e câmaras técnicas do país, temos alcançado nosso objetivo maior: levar conhecimento, qualificação e capacitação téc-nica ao homem do campo e fazê-lo acreditar que, pelo conhecimento o trabalho muda, a vida muda, e muda para melhor!
Com uma demanda mundial crescente por alimentos, sabemos que o Brasil tem o papel de protagonista nesta história. A estimativa de um cresci-mento da população mundial de 2 bilhões de pessoas nos próximos 35 anos gera uma importante questão: Quem abastecerá o mundo?
Com um crescimento de 4% do PIB no país, o agronegócio está acima da média nacional. Fruto de um trabalho árduo de homens e mulheres que acreditam na força da produção. Temos mesmo que nos orgulhar desse setor que tanto tem promovido a melhoria de vida do trabalhador rural e sua família.
Temos pela frente um enorme desafio: promover o desenvolvimento ru-ral por meio da tecnologia da gestão eficaz dos custos e riscos e da coope-ração. Disposição e coragem: é o que temos. E vamos trilhar este caminho juntos porque Tudo Passa Pelo Campo!
Produtor - a nossa razão de ser.
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PAINEL CENTRAL
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ProsaÀ frente de professores, pesquisadores, extensionistas e técnicos especializados, John N. Landers fala sobre o agropecuarista atual
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Na edição 228 junho de 2014 a Revista Campo- pagina 29, foto no alto
da página, legenda os visitantes fizeram uma análise de cada espaço
da chácara Nova Era – o nome correto é Chácara Nova Esperança como
redigido na matéria correspondente.
Suíno do prato, sem preconceitoParceria estimula consumo da carne suína e desmitifica
ideia de que alimento não é saudável
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Tudo passa pelo campo
Errata
Histórias de quem vive no meio rural mostram a importância do Dia do Produtor
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Patrícia Pimpão buscou o Senar Goiás para tocar o negócio deixado pelo pai
Agenda Rural 06
Fique Sabendo 07
Delícias do Campo 33
Campo Aberto 38
Treinamentos e cursos do Senar 36
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Senar em Campo
Do Cerrado para o mundo
Unindo cultura, lazer, cidadania e atendimento médico população conhece Serviço de Aprendizagem Rural
Programa Ciência Sem Fronteiras abre portas para quem quer apostar no agronegócio com profi ssionalismo
O produtor que se qualifi cou, virou o jogo e hoje vive da renda que vem do leite
Balde Cheio 34
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27A ameaça do Vale do São PatrícioBananicultores se reúnem para buscar saída contra pragas
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AGENDA RURAL
13/08/2014
05/07 31/07 a 03/08Feira do Empreendedor
Local: Centro de Convenções de Goiânia, Rua 4, Centro.
Horário: Dia todoInformações: 62 3250-2236
Horário: 8h
Local: Auditório do Sindicato Patronal Rural de Itaberaí
Rua Mestre Virgílio Esq. c/ Luiz Antônio, Centro - Itaberaí-GO
Informações: SENAR Goiás - (62) 3412-2748 ou (62) 3412-2750
Seminário Regional de Contabilidade Rural
Acordo Nova Zelândia e Faeg – Balde Cheio Local: Foyer Faeg – Rua 87, nº 662,
Setor Sul, Goiânia Horário: 10h30
Informações: 62 3096-2200
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FIQUE SABENDO
Senar Goiás e CRC firmam parceria
Com o propósito de confirmar a
parceria para a realização dos Semi-
nários Regionais de Contabilidade
Rural, que acontecerão ainda neste
semestre, estiveram reunidos na sede
do Senar em Goiânia, o superinten-
dente da instituição, Eurípedes Bas-
samurfo da Costa e o presidente do
Conselho Regional de Contabilidade,
Elione Cipriano da Silva e técnicos
das duas entidades.
Os Seminários que acontecerão
a partir de agosto, darão ênfase na
atividade rural pessoal e jurídica mi-
nistradas pelo palestrante Israel Fer-
reira de Lima – contador especialista
em Direito Tributário e Controladoria,
professor da UFPE, Católica/PE, CES-
MAC/FEJAL e FARIRE. O primeiro
município a receber o evento será Ita-
beraí, no dia 13 de agosto.
O objetivo é reunir contadores,
escritórios de contabilidade, profissio-
nais de recursos humanos, acadêmicos
de ciências contábeis e empresas de
agronegócios para aperfeiçoarem co-
nhecimento acerca da Atividade Rural
– Pessoa Física e Pessoa Jurídica.
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Intitulado ‘Poda das Plantas
Frutíferas’, o livro é de autoria
de J. S. Inglez de Sousa, um dos
grandes mestres da fruticultura
brasileira. O autor, que também é
referência no ensino da viticultura,
registrou, nesta obra, conceitos e
a prática da poda na fruticultura.
O objetivo é atingir tanto o fruti-
cultor quanto quem apenas possui
uma fruteira de quintal. Entre as
descrições objetivas e específi-
cas para o poda adequada, estão:
poda de formação; poda de frutifi-
cação; poda de rejuvenescimento,
reconstituição e tratamento; poda
de limpeza; e poda de produção
longa, média ou curta.
Poda de árvores frutíferas
PESQUISA
ARMAZÉM
Biorreguladores minimizam estresse nas plantasNo meio agrícola, os fatores am-
bientais são as principais causas de estresse. Entre os exemplos, falta ou excesso de água, luminosidade e nu-trientes adequados ao solo, além dos ataques de pragas e doenças, como fungos, vírus e bactérias. Com bai-xa umidade relativa do ar e o tempo seco, os níveis de umidade do solo diminuem levando a planta ao estres-se hídrico.
Professor da Universidade do Oeste
Paulista (Unoeste), Gustavo Maia expli-ca que a primeira providência deve ser cessar a causa do estresse. Isso pode ocorrer irrigando as plantas, aplicando defensivos. Além disso, ele ressalta que bioreguladores tem se mostrado uma alternativa bastante efetiva. Isto por-que atuam em processos fundamentais para a sobrevivência e a manutenção do bom estado da planta. Tal efeito se dá por uma influência positiva no pro-cesso fotossintético.
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PROSA RURAL
John difunde suas ideias eseus ideais por meio de palestras
em várias universidades
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Revista Campo: Em seu dis-
curso nota-se uma intensa preocu-
pação com a sustentabilidade da
agricultura e com o uso de recursos
naturais nos trópicos. O que mudou
nos últimos anos? O produtor está
mais consciente?
John Landers: Para produzir
sempre mais por unidade de área,
como impera o crescimento desen-
freado da população mundial, pre-
cisamos deixar os nossos solos em
melhores condições para os nossos
herdeiros. Ou vamos dar alimento ao
mundo, ou vamos à extinção. Quando
a sociedade reconhecer o produtor
rural brasileiro como o maior aliado
da conservação dos recursos naturais,
teremos uma plataforma para o paga-
mento de serviços ambientais.
No Cerrado houve uma sensível
melhoria na qualidade de vida, devi-
do à pujança da agricultura moderna.
No mesmo período, a consciência am-
biental do produtor rural brasileiro
mudou da água para o vinho. Ele ago-
ra está disposto a cumprir a legislação
ambiental mais rigoroso do mundo.
Revista Campo: O que a região
do Cerrado tem de especial para ter
atraído a sua atenção? Suas ativida-
des sempre se concentraram no Esta-
do de Goiás?
John Landers: Fui trazido ao
Brasil em 1966 pelo Instituto de Pes-
quisas IRI, de Matão-SP, cujos técni-
cos foram os verdadeiros pioneiros
da conversão dos solos do Cerrado de
inférteis para produtivos, iniciando-
se pesquisas em 1959. Em 1966, fui
logo iniciado no Cerrado como coor-
denador do plano diretor da Estação
Experimental de Brasília (hoje CPAC).
Ali implantei um sistema de irrigação
com controles de umidade por ten-
siômetros e blocos de gesso, da mi-
nha fabricação, na ponta da tecnolo-
gia de então. Em 1972, editei o Plano
Diretor do recém-fundado Instituto
Agronômico do Paraná.
Revista Campo: Quais os efei-
tos socioeconômicos da adoção do
“Ou vamos daralimento ao mundo, ou vamos à extinção.”
Michelle Rabelo | [email protected]
Pedro Arantes | [email protected]
John Landers é pesquisador e defensor assumido
da sustentabilidade na agricultura
Defensor assumido do uso da sustentabilidade
na agricultura, o inglês John Landers é o en-
trevistado da revista Campo no mês de julho.
Em homenagem ao mês em que se comemora
o Dia do Produtor, o estudioso da agricultura nos Cerra-
dos Brasileiros falou sobre conscientização, mudança de
hábitos por parte de quem planta e de quem consome,
e das oportunidades oferecidas ao agronegócio pela
tecnologia moderna.
Aos 76 anos de idade, John já foi pesquisador do IRI
Research Institute (IRI) - em Matão/SP, e classifica o pro-
dutor rural como o principal aliado da conservação. Hoje
ele difunde suas ideias e seus ideais por meio de palestras
em várias universidades brasileiras e em todo o mundo,
assim como em eventos nacionais e internacionais.
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Sistema de Plantio Direto (SPD)
para a sustentabilidade da ativida-
de produtiva rural? E da Integração
Lavoura Plantio Direto – Pecuária –
Floresta (ILPF)?
John Landers: O SPD se tornou
a maior ferramenta mundial para criar
uma agricultura sustentável. Após
muita instigação minha, foi adotado
oficialmente pela Organização Mun-
dial de Alimentos e Agricultura (FAO)
e rebatizado “Agricultura de Conser-
vação” (CA, na sigla inglesa). Em pri-
meiro lugar, não fosse o SPD, estáva-
mos perdendo 10 ton/ha/ano de solo
corrigido por tonelada de grão de soja
produzida, para poluir os rios e reser-
vatórios. A vida de Itaipu está hoje
projetada em 160 anos, graças ao con-
trole da erosão proporcionado pelo
SPD. Mas, houve muito mais benefí-
cios: o SPD tornou a agricultura brasi-
leira a que mais cresce em produção e
produtividade e podemos dizer, sem
sombra de dúvida, que os produtores
brasileiros hoje são entre os melhores
no mundo tropical – somente os Aus-
tralianos chegam ao mesmo patamar.
Revista Campo: Porque parte
disso não pode ser devolvido aos
agricultores que cumprem a lei am-
biental, na forma de pagamento por
serviços ambientais?
John Landers: A ILPF é um
sistema que maximiza a fixação
de carbono por hectare, bom para
cumprir o compromisso de Cope-
nhagen, porém de gestão mais com-
plicado que o ILPD. Portanto mere-
ce um estimulo financeiro – afinal
quem perceberia os créditos de car-
bono seria o governo.
Revista Campo: Qual a solução
para a dialética entre ambientalistas
e produtores rurais diante de uma
necessidade de produção mais inten-
siva com o uso de muitos produtos
químicos?
John Landers: Esta dialética é a
coisa mais absurda do mundo, pois
reflete uma nação dividida por uma
causa comum. Nos países do primeiro
mundo o produtor rural recebe verbas
justas para seus atos de conservação
e, digamos de passagem, os nossos
estão bem na frente de todos os eu-
ropeus em matéria de conservação do
solo, com SPD, é claro.
Revista Campo: Em sua opinião,
qual o papel do pequeno produtor
rural familiar? Existe uma diferencia-
ção em relação à sustentabilidade da
atividade produtiva rural entre uma
produção familiar e uma de alta tec-
nologia?
John Landers: A minha análise
do papel do pequeno produtor é, que
ele (ela) deve se especializar aonde
tem vantagens comparativas, espe-
cialmente na produção de leite e cul-
turas perenes, que dão estabilidade
econômica e conservam os recursos
naturais. A pequena propriedade pre-
cisa de aplicar o máximo de tecnolo-
gia possível para gerar renda adequa-
da de uma área pequena. A área de
agricultura orgânica pode gerar retor-
nos adicionais à mão de obra familiar,
mas essas tecnologias também exi-
gem consideráveis esforços gerenciais
para se aplicarem e dependem de um
mercado organizado. Em termos da
conservação de recursos naturais, são
os pequenos que sofrem mais para
adotar práticas conservacionistas, por
ter pouco recurso disponível para tais
investimentos.
Para John o produtor rural é o principal aliado da conservação
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Podemos dizer,
sem sombra
de dúvida, que
os produtores
brasileiros hoje
estão entre os
melhores no
mundo tropical
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MERCADO E PRODUTO
O preço do leite pode
sofrer variações (du-
rante o ano) devido
a diversos fatores, tais como:
políticas econômicas (câmbio,
juros, crédito, política comer-
cial, etc.), sazonalidade da
produção leiteira, qualidade
do leite, hábitos de consumo
e demanda do consumidor,
aspectos sanitários, balança
comercial de leite e derivados,
relação entre compradores e
vendedores, concorrência en-
tre as indústrias, etc.
A inter ferência de um
ou outro fator, ou mesmo, a
conjunção de vários desses
aspectos podem afetar para
cima ou para baixo os preços
do leite. Ou seja, o mercado
pode ser afetado, dependen-
do da época do ano, por di-
ferentes fatores.
Oferta restrita, preços in-
ternos de derivados lácteos
estáveis e exportações maio-
res do que as importações em
junho/julho/2014 sinalizam,
neste momento, estabilida-
de de preços aos produtores
goianos. Esse é no cenário atu-
al da atividade leiteira em Goi-
ás e na região Centro-Sudeste.
Segundo análise do com-
portamento da produção de
leite tendo como base o levan-
tamento realizado pela Faeg
em 17 cooperativas de leite em
Goiás nos primeiro seis meses
deste ano, a produção de leite
de Goiás recuou 3,7% em rela-
ção ao mesmo período do ano
passado. Se considerarmos
o período de maio/2014 para
junho/2014 essa queda foi de
5%. Como estamos em perí-
odo de entressafra na região
Centro-Sudeste, tal fato expli-
ca a queda da oferta de leite.
Diferentemente do ocorri-
do no mês de maio/2014 onde
a demanda desaquecida por
derivados lácteos pressio-
nou para baixo os preços aos
produtores, em junho houve
recuperação dos preços dos
derivados lácteos (principal-
mente do leite longa vida –
UHT), ficando estável no mês
de julho/2014. Na última quin-
zena de julho/2014 os preços
médios do leite longa vida no
mercado atacadista de São
Paulo (maior consumidor do
leite UHT produzido em Goi-
ás e no país) foi da ordem de
R$ 2,32/litro. Como o mês
de agosto é um mês onde a
demanda tende a ficar mais
aquecida por conta do final
das férias escolares e início
das aulas, a tendência é que
os preços dos derivados lácte-
os permaneçam firmes.
Outro aspecto relevante é
que apesar de uma pequena
queda nos preços das com-
modities lácteas no mercado
internacional, as exporta-
ções foram maiores do que
as importações no mês de
junho/2014. As exportações
somaram US$ 38 milhões, en-
quanto as importações foram
de US$ 19 milhões.
Toda essa conjugação de
fatores está contribuindo
para a estabilidade dos pre-
ços aos produtores goianos
que estão variando hoje de
R$ 1,03/ litro à R$ 1,23/ litro
levando-se em consideração
produtores individuais.
Qual o cenário pra frente?
Dado a situação atual, caso
não haja nenhum aspecto que
interfira radicalmente para
provocar um desequilíbrio, a
tendência é de estabilidade
dos preços pelo menos até a
entrada da safra que se inicia
no inicio de outubro. No en-
tanto, é necessário que o pro-
dutor continue fazendo a sua
parte. É preciso que o mesmo,
gerencie o seu negócio, pro-
cure na medida do possível
aumentar sua eficiência e sua
produtividade, procurando
racionalizar os seus custos de
produção e ficar sempre aten-
do ao comportamento das va-
riáveis de mercado.
Produção de leite e preços dos derivados garantem estabilidade ao produtorEdson Novaes | [email protected]
Edson Novaes é
gerente de Estudos
Técnicos e Econômicos
da Faeg
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AÇÃO SINDICALAÇÃO SINDICAL
ARENÓPOLIS
LUZIÂNIA
RIO VERDE ARAGUAPAZ
O Sindicato Rural de Arenópolis realizou, no último mês, mais uma edição do curso de culinária com derivados do leite. O evento ocorreu na Assembleia de Deus da cidade e contou com cobertura da Rádio Caiapó FM. O curso ensina a processar queijo mussarela, queijo minas, requeijão, doce de leite, iogurte, entre outros.
Em parceria com o Senar Goiás, moradores do município e da zona rural de Novo Gama participaram do curso de artesanato de palha de milho. O treinamento ocorreu entre 15 e 18 de julho e contou com mais de 12 participantes.
Mais de 4 toneladas de alimentos foram arrecadadas durante a Exposição Agropecuária de Rio Verde. No último mês de julho, o Sindicato Rural, a maçonaria e Campeão Supermercados fizeram a entrega de 4.400 kg de alimentos a quatro instituições. A arrecadação ocorreu durante uma luta de MMA inclusa na programação da Expo Rio Verde.
Culinária com derivados do leite
Repasse do Agrinho
Compartilhandosolidariedade
DOVERLÂNDIA
O Sindicato Rural de Doverlândia promoveu, no último mês, o lançamento da Pedra Fundamental de Construção do Parque Agropecuário, que só foi possível depois que o Executivo Municipal viabilizou o desmembramento de área do Sindicato para loteamento. O evento, que contou com presença de vários produtores, também contou com a entrega da galeria de presidentes e a posse da nova diretoria. Na ocasião, Bruno Héuser Higino da Costa deixou o cargo e Flávio Roberto A. Costa assumiu como presidente. Entre os presentes, os presidentes dos sindicatos rurais de Caiapônia (Ailton Vilela) e o de Piranhas (Dermison Ferreira da Silva).
Construção do Parque Agropecuário
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SILVÂNIA
MINAÇU
CATALÃO
CAIAPÔNIA
No dia 15 de julho de 2014, o Senar Goiás, em parceria com o Sindicato Rural de Silvânia, realizou reunião com os produtores da região do Cruzeiro, no município de Silvânia. O objetivo foi sensibilizar e formar uma turma do programa Gestão de Pecuária Leiteira. Nós próximos sete meses o grupo de produtores receberão informações sobre gestão, controle e planejamento da atividade leiteira, além de aprender mais sobre alimentação e manejo nos períodos de seca e águas, sanidade e reprodução, qualidade de leite e também, cria e recria de fêmeas. A intenção é gerar resultados positivos na produção de leite da região.
Com o intuito de ensinar uma doma racional que preza pelo carinho na condução do animal, o Sindicato Rural de Minaçu realizou mais um curso de Doma Racional. Promovido pelo Senar Goiás, o curso foi realizado na fazenda do Joãozinho e abordou, entre outros temas, trabalho de guia; encilhamento; charreteamento; utilização de embocadura e tralhas; postura do cavaleiro e noções básicas de rédeas e evoluções.
Com a parceria da prefeitura de Catalão, do Sindicato Rural e do Senar Goiás, a Associação Catalana de Equoterapia (Ascate) está desenvolvendo a equoterapia no município. As aulas gratuitas são realizadas no campo de futebol do Complexo do Clube do Povo, local cedido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer. Os atendimentos são realizados às quartas-feiras, entre 14h e 18h e os interessados em participar devem procurar o Sindicato Rural.
O Assentamento Cachoeira Bonita, em Caiapônia recebeu, no mês de julho, o treinamento Transformação Caseira de Carne Suína. A realização foi do Senar Goiás em parceria com o Sindicato Rural de Caiapônia e o evento ocorreu entre os dias 24 a 26 de julho. O instrutor foi Ângelo Ferreira Magalhães.
Formação programa Gestão de Pecuária de Leite
Doma Racional Transformação da carne suína
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SAÚDE E LAZER
Vestido de verde e amarelo, o Senar em Campo 2014 come-çou suas atividades unindo
amigos e famílias para torcer juntos pelo Brasil em praça pública. Com a primeira vitória em cima de Cama-rões, os moradores de Novo Gama puderam até pensar que o caminho seria mais fácil, mas os próximos jo-gos mostrariam uma dura realidade até o vergonhoso 7 X 1 da Alemanha e o desfecho contra a Holanda deixan-do o país fora do pódio. Ainda assim, a equipe do Senar Goiás não deixou a bola cair e levou aos municípios mais que a paixão pelo futebol: levou aten-dimentos de saúde, oficinas, sessões de cine pipoca, apresentações artísti-cas, campeonato de embaixadinhas
e fez a festa continuar até o final do mês de julho.
O objetivo do Senar em Campo 2014 era divulgar as ações e progra-mas que a entidade tem oferecido a quem mora no meio rural. Além dis-so, juntamente com parceiros locais, prestar atendimentos à população no que diz respeito à saúde, cidadania, educação e lazer. Para isso, em par-ceria com o Senar Central levou um caminhão com painel de Led para transmissão dos jogos, filmes classi-ficação livre e apresentação de cursos e treinamentos. Em locais públicos, o caminhão estacionou e, ao redor dele o evento foi construído. Na lista: va-cinação, oficinas demonstrativas de
artesanato, aferição de pressão, tes-te de glicemia, oftalmologista, gine-cologista, urologista. Tudo isto, com parceria das prefeituras e Sindicatos Rurais.
E a programação não parou por aí, beneficiários de cursos e treinamen-tos do Senar Goiás subiram ao palco para contar as próprias histórias. Mui-tas vezes emocionados, buscavam mostrar que, pela decisão de se pro-fissionalizar a vida muda, e muito! Os participantes, muitos que não conhe-ciam o Serviço Nacional de Aprendi-zagem Rural (Senar), saíram curiosos e encantados com a possibilidade de melhorar de vida e, principalmente, sem pagar pelos cursos oferecidos.
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Senar em Campo 2014 mobiliza entorno do Distrito FederalCatherine Moraes | [email protected]
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Novo Gama
O município de Novo Gama recebeu o primeiro evento, entre os dias 23 e 25 de junho e contou com apresen-tações artísticas, oficinas demons-trativas, esclarecimentos sobre os cursos do Senar e venda de produ-tos fabricados por participantes das capacitações da entidade. Entre os beneficiários, José Raimundo Men-des, que apresentou, orgulhoso, o açúcar mascavo, a cachaça e a rapa-dura. Tudo feito com o conhecimen-to adquirido nos cursos do Senar. Curso este que te possibilitou o au-mento da renda.
Valparaíso
Com o coração na boca por dois tempos, prorrogação e finalmente pênaltis contra o Chile, moradores de Valparaíso puderam ainda participar de um campeonato de em-baixadinhas. Ao final do jogo, depois de fi-nalmente garantir a vitória brasileira, foi a hora de mostrar a bola no pé, no peito e ar-rasar nas embaixadinhas. Crianças e adultos disputaram por igual e a torcida fez a roda para ver o show. Fabiano Leonardo Jorge, de 34 anos, conseguiu nada menos que 97 em-baixadinhas, sem deixar a bola encostar-se ao chão. Agente de saúde do município, ele ganhou uma bicicleta e garantiu: “Vou pre-sentear minha sobrinha”.
Luziânia
Para provar que a melhoria na qualidade de vida é real, Ayla Maria de Carvalho subiu ao palco do Se-nar em Campo de Luziânia para contar da própria experiência. Artesã, ela fala que tinha o trabalho apenas como um complemento de renda e hoje, vira madrugadas para suprir as encomendas recebidas.
“Para mim, fazer o curso do Senar Goiás foi muito especial porque eu nunca tinha tido uma oportuni-dade assim e abracei com todas as forças. Eu subi um degrau na minha vida e hoje tenho meu susten-to. Agora faço também sobre empreendedorismo, para dar preço aos meus produtos”. O próximo pas-so, ela afirma, é montar uma lojinha, completa.
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Alexânia
Em Alexânia, além dos atrativos culturais, a população contou ainda com atendimentos médicos. Valter Antunes, 39 anos, aproveitou para realizar o exame preventivo ao câncer de próstata. Ele conta que ficou sabendo do evento por um carro de som que passou pela cidade, e se apressou para ser um dos primei-ros a ser atendido. “Minha mãe teve câncer antes de morrer, por isso tento cuidar muito bem da saúde”. É a primeira vez que Valter faz o exame, mas disse que não pensou duas vezes quando viu a oportunidade, já que na
cidade só clínicos gerais atendem a população.
Águas Lindas
É impossível não notar Maria das Graças, a dona Lia, no meio das pessoas que saí-ram de casa para conferir a programação do Senar em Campo de Águas Lindas. A aposentada de 66 anos terminou recente-mente o curso de artesanato em Bambu e planeja agora começar a fabricar peças - como porta retratos, luminárias e para vender e engordar a poupança que usa para sobreviver. “O professor é maravi-lhoso, paciente e trata todos com respei-to, independente da idade ou da instru-ção. Eu adorei”.
Cristalina
Enquanto a bola rolava, a população do município pode conhecer duas histórias de sucesso. Marlene da Silva Sardinha e Elurdina Camilo fize-ram cursos de capacitação no Senar Goiás e contaram suas experiências no Senar em Campo de Cristalina. Em exposição estavam doces arte-sanais, pães caseiros, bolos e roscas de soja, queijos e mel. Segundo a mobilizadora do Sindicato Rural (SR) de Cristalina, Cláudia Campos, a procura pelos cursos é grande e os integrantes, interessados. Marlene fez curso de Cozinha Rural, Panificação Rural, Produção de Doces e Alimen-tação Complementar, no qual aprendeu a fabricar delícias vindas da soja como pães, bolos e roscas.
Ela conta que a renda ajuda o marido a sustentar a casa e que o trabalho veio como uma terapia depois que ela se aposentou. “Fico dois dias pre-parando cada fornada de produtos. Primeiro limpo e preparo a soja para fazer a massa. Só no segundo dia é que faço os quitutes”.
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Planaltina
Forró, sertanejo e músicas que fazem referência á São João fizeram a trilha sonora da festa durante o Senar em
Campo de Planaltina de Goiás. Com apresentação de artistas locais, como a banda Trilhas do Forro e o cantor
Wesaley Amaral, ninguém ficou parado, a não ser durante a apresentação do filme “O Auto da Compadecida”
– escolha, por votação, da população que foi prestigiar o evento.
Corumbá de Goiás
Entre aplausos e sorrisos orgu-lhosos, participantes de cursos de capacitação do Senar Goiás recebe-ram seus certificados na noite do último dia 25 de julho em Corum-bá de Goiás. A entrega aconteceu durante mais uma edição do Senar em Campo. Os participantes re-ceberam os certificados das mãos do Supervisor Regional do Senar Goiás Dirceu Borges, e agradece-ram emocionados enquanto conta-vam como a vida melhorou depois de se capacitarem.
Outros municípios
Cidade Ocidental – 29 de junho
Brazlândia - dias 26, 27 e 28 de julho
Planaltina do DF - dias 31 de julho e 1º de agosto
Cabeceira Grande/MG - dias 3, 4 e 5 de agosto de 14
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Julho / 2014 CAMPO | 17www.senargo.org.br
Carne suína ainda carrega estigma de fazer mal à saúde
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Ações estimulam consumo do alimento
Michelle Rabelo | [email protected]
O suíno que deixou, há muito tempo, de ser porco
SABOR E SAÚDE NO PRATO
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A ideia de que o preparo da
carne suína precisa vir
acompanhado de cuidados
fora do comum e a sensação de es-
tar saindo da dieta sempre que uma
bisteca aparece no prato vai ficar
no passado. Pelo menos esse é o
objetivo de ações cujo público alvo
vai desde o funcionário dos esta-
belecimentos nos quais o animal é
criado, até o consumidor final. A
intenção, segundo os organizado-
res e apoiadores como a Federação
da Agricultura e Pecuária (Faeg), o
Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar) Goiás, a Associação
Brasileira dos Criadores de Suínos,
o Serviço de Apoio às Micro e Pe-
quenas Empresas (Sebrae) Goiás e a
Associação Goiana de Suinocultores
(AGS), é mostrar que o suíno deixou,
há muito tempo, de ser porco.
O conjunto de ações está dentro
do Projeto Nacional de Desenvol-
vimento da Suinocultura (PNDS)
que visa conscientizar a popula-
ção sobre os mitos e verdades da
ingestão da carne suína, além de
promover o alimento e disseminar
informações importantes sobre o
mercado de carne e a realidade do
Brasil, que é o 4º maior produtor e
exportador do produto.
Diante deste cenário, o Senar Goi-
ás ministra cursos de Suinocultura de
Produção de Leitões e Suinocultura
de Terminação – ambos do tipo For-
mação Profissional Rural (FPR), nos
quais os participante aprendem, en-
tre outras coisas, sobre o sistema de
produção de leitões, inseminação ar-
tificial, o manejo de matrizes na ges-
tação, no pré e pós-parto e de leitões
do nascimento ao desmame. Além,
disso, o carregamento dos animais
e o manejo sanitário são abordados
durante a capacitação. Tudo com o
intuito de desmitificar a criação dos
suínos que muitas vezes é ligado à
falta de higiene e prejuízos à saúde
de quem consome a carne do animal.
Ao todo, existem cerca de 30 cortes de carne suína
Julho / 2014 CAMPO | 19www.senargo.org.br
Para a médica veterinária e coor-denadora do Departamento Técnico do Senar Goiás, Samantha Andrade, o caminho para um maior desenvol-vimento da suinocultura, a fim de desmistificar todos os preconceitos a cerca da carne suína, é começar com a qualificação de quem atua na base do sistema.
Segundo Anny Almeida, no Bra-sil uma pessoa consome anualmente uma média de 94 kg de carnes, sendo que 15kg é de carne suína, o que prova que o preconceito ainda é considerá-vel. Ela ainda classificou a carne como versátil e muito saudável, já que se destaca pelo conteúdo de vitamina B, cálcio, fósforo, zinco, ferro e potássio.
Mas muita gente aposta que o preconceito entrará, cada vez mais, em fase decrescente. Prova disso, fo-ram os dados apresentados pela ge-rente executiva do PNDS na ABCS, Anny Almeida. Houve, nos últimos anos, um crescimento no consumo e na exportação da carne suína no Brasil. Em âmbito mundial, 39% da carne consumida aqui é suína, 30% é de frango e 24% é bovina.
Suíno do prato, sem preconceito “O preconceito ainda existe, prin-
cipalmente fora do estado de Goiás,
onde a carne suína é consumida com menor frequência”, explica Anny Al-meida. Ela esteve em Goiânia no mês de julho para lançar a 2ª Semana Na-cional de Carne Suína, que acontece entre 3 e 17 de setembro em todo o Brasil e faz parte da campanha “A Carne suína é 10”, que conta ainda com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A ação especial aconteceu no su-permercado Pão de Açúcar, em Goi-ânia, e na ocasião, o ponto alto da noite foi a oficina do chef André Ra-belo, que atraiu olhares desconfiados diante da promessa de um strogonoff suíno com sabor leve, que não lembra nem de longe a ideia que muita gente carrega da carne.
“A receita é simples, mas deman-da muitas técnicas culinárias, por isso eu aproveito o espaço e apresento di-versas técnicas que podem ser usadas em outras ocasiões, no preparo de outros alimentos”, disse o chef, que é formado pelo Senac Águas de São Pedro e vem percorrendo o país com suas receitas diferenciadas.
Ele admite que a carne suína é co-mumente relacionada com a alimen-tação da zona rural, mas explica que a carne pode estar presente tanto em receitas mais sofisticadas quanto nos pratos mais práticos feitas no dia a dia . Segundo André, o importante é saber a procedência da carne. “Sabendo de onde vem, você pode até comer um filé mignon suíno mal passado. É lenda essa história de que a gente precisa cozinhar e depois fritar a carne suína. Ela perde a consistência e o melhor do sabor”.
Antes da oficina gastronômica os açougueiros do supermercado passaram por um treinamento de cortes da carne – o que faz com que o alimento fique mais ou menos ca-lórico – e os colaboradores do local foram orientados sobre as caracte-r ísticas do alimento.
Durante sua oficina, André fez questão de citar uma quantidade grande de possibilidades para a carne suína, enquanto Anny defendeu a boa apresentação do alimento, que pode ser resultado tanto do corte da peça quanto do preparo dos pratos.
Anny Almeida fala sobre o preconceito que ainda é grande
O chef André Rabelo faz pratos diferentes
utilizando a carne suína
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20 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br
TUDO PASSA PELO CAMPO
As conquistas de quem merece um dia no calendário
Karina Ribeiro | [email protected]
Especial para a Revista Campo
BUSCANDO CONHECIMENTO E COLHENDO PRODUTIVIDADE
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22 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Patrícia Pimpão herdou a propriedade do pai e hoje a
fazenda é um negócio
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Profissão poucas vezes reco-
nhecida pela sociedade ur-
bana, mas de extrema im-
portância para a economia,
geração de postos de trabalho, além
de agregar valor às matérias-primas
retiradas do solo, o Dia do Produtor
Rural foi comemorado no dia 25 de
julho. Se o País é considerado hoje
um dos principais celeiros mundiais,
com uma engrenagem que permite a
cada ano aumentar a produtividade
de suas áreas cultivadas, Goiás é um
dos pivôs de um País cujos sete dos
dez principais produtos da pauta de
exportação são oriundos do setor
agropecuário. Em meio a esse cená-
rio positivo é que a Revista Campo
vai retratar casos de sucesso em di-
versas atividades.
De forma geral, esses produtores
rurais começaram na atividade com
lucros e produtividades tímidas, mas
que conseguiram dar a volta por cima
e hoje podem ser considerados espe-
lhos para outros produtores. Além
da dedicação intensa aos negócios,
eles compartilham de investimentos
em constantes treinamentos, perse-
verança, emprego de tecnologia e,
sobretudo, um olhar mais apurado
dos gastos de dentro da porteira. A
gestão, calcanhar de Aquiles de mui-
tos produtores, conforme eles dizem,
pode ser a porta de entrada para uma
guinada de sucesso.
Pecuária de corte
Há um pouco mais de cinco anos,
a oftalmologista Patrícia de Pau-
la Pimpão, dificilmente conseguiria
imaginar que despontaria em uma das
atividades consideradas mais melin-
drosas do setor agropecuário. Após o
falecimento de seu pai, Carlos Almei-
da Pimpão, em maio de 2009, herdou
uma área de 1.870 hectares, localiza-
da no município de Cocalzinho.
Ela explica que o pai faleceu logo
após a descoberta de uma doença, o
que dificultou o repasse de informa-
ções e técnicas para tocar as fazendas
Santa Bárbara e Desemboque. Com-
pletamente leiga em relação à ativida-
de de pecuária de corte, Patrícia de-
dicou ao aprendizado, sobretudo, das
técnicas de bovinocultura de corte e
gestão do negócio. “Quando assumi a
fazenda entrei no negócio sem saber
nada, sem nenhum conhecimento da
área rural”, reconhece.
A falta de controle dos custos da
propriedade foi um dos primeiros fato-
res que chamaram atenção da oftalmo-
logista. Ela conta que a gestão era ama-
dora, sem nenhum controle financeiro.
Paralelamente aos atendimentos
no consultório, ela cursou diversos
treinamentos dos Senar e incentivou
os seis funcionários da propriedade a
fazerem o mesmo. “Nós trazemos o
curso para a fazenda. Ainda são pou-
cos proprietários que vão, mas estão
presentes os gerentes. Nós estamos
tendo retorno em produtividade, mas
também em motivação já que muitos
funcionários estão voltando a estu-
dar”, ressalta.
Ela enumera uma série de cursos
que ela ou pelo menos um dos seis
funcionários da fazenda realizaram
nos últimos quatro anos: bovinocul-
tura de corte, inseminação artificial,
manejo de pastagem, doma racional
de equídeos, bovinocultura vacina-
ção, manejo racional de bovinos de
corte, rédeas. Ela afirma que foi ob-
servada a aptidão de cada funcionário
antes de direcionar o treinamento.
Neste aspecto, diz, um dos maiores
incômodos é perceber que muitos pe-
cuaristas ainda não acreditam na ca-
pacitação de funcionários. “Eles acre-
ditam que você perde o funcionário
se o capacitar. Isso me entristece”,
diz. Vale lembrar que ela permanece
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com todos os funcionários. O mais
antigo possui 21 anos de trabalho na
fazenda e o mais recente, 3 anos.
Em pouco tempo, Patrícia de Pau-
la, vem mostrando que, na prática,
a capacitação e uma boa gestão dos
negócios são alguns dos fatores que
promoveram a reviravolta nos resul-
tados da fazenda.
Ela conta que a quantidade média
do rebanho na propriedade anual-
mente é de 1.850 cabeças de gado.
Talvez este seja um dos poucos dados
que não mudou após o início de sua
gestão. “O rebanho era próximo a
isso”, afirma.
No entanto, em pouco mais de cin-
co anos, a produtividade deu um sal-
to incontestável. A produtividade por
hectare saiu de R$ 15 para R$ 268 re-
ais. Isso corresponde a um resultado
quase 18 vezes maior que o inicial, ou
ainda, 1.686%. E Patrícia afirma que
este ainda é o maior desafio, melho-
rar a produtividade. “É algo que pode
e será melhorado. Vamos focar agora
em recria e engorda”, diz. Vale lem-
brar que, em cinco anos, o setor pas-
sou por alguns períodos de crise com
o preço da arroba do boi caindo em
contraste com os custos de produção.
Para atingir esse patamar de cres-
cimento e, sobretudo, domínio de
gestão, Patrícia tomou duas decisões:
contratou uma empresa de consulto-
ria e voltou à sala de aula para cursar
administração de empresas.
Ela explica que a empresa de con-
sultoria trabalha em parceria. Todos
os passos são calculados para avaliar
o custo-benefício antes de qualquer
tomada de decisão. “Nós abraçamos
os cálculos. Tudo aqui é avaliado
com antecedência e colocado à mesa
para debater”, diz. Ela explica que
qualquer produtor, independente do
porte, tem condições de implementar
essa medida. E mais, não foi aplicado
um centavo de investimento oriundo
de outra atividade. “Não acredito nis-
so. O negócio para mim tem de ser
sustentável”, afirma.
Passo a passoDe forma geral, Patrícia conta
que, no primeiro momento, come-
çou a lidar somente com cria. “Era o
mais fácil a se fazer”, resume. Com
o tempo, aplicou sistema de produ-
ção e, atualmente, foca em recria
e engorda. “Agora tiramos vacas e
novilhas e é possível aumentar ain-
da mais a produtividade”, diz. Por
todo esse trajeto, foram aplicadas
as técnicas aprendidas nos cursos
administrados pelo Senar, além da
contratação da consultoria.
Neste período a estrutura física da
fazenda já não é mais a mesma. Foram
reformados currais, construído barra-
cão, instalado novo brete, cerca elétri-
ca, além da fábrica de ração própria.
Mas Patrícia afirma que o que
mais chama atenção de qualquer
outro pecuarista é mesmo a gestão
profissional do negócio. Ela sabe in-
formar a produtividade e o custo por
animal e calcula o tempo de retorno
de cada investimento. “Mas ainda te-
mos muito a aprimorar o processo,
principalmente o ganho individual
por cabeça”, diz.
Patrícia capacitou os funcionários por meio do Senar Goiás
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Pecuária de leiteA gestão também mudou o
rumo dos negócios do produtor de leite do município de Paraú-na, Carlos Roberto Dantas Ferro. Antes de ingressar no Programa Empreendedor Rural (PER) ofe-recido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), produzia cerca de mil litros de leite ao mês.
Ele conta que se sentiu des-confortável em participar do treinamento com receio de não aprender cálculos e planilhas. “Na época eu não tinha muito contato com planilhas de custos e produção. Além de não saber atuar nessa área contábil”, re-lembra.
Com o domínio da adminis-tração da propriedade, o resul-tado final foi muito superior ao estimado inicialmente. A pers-pectiva era, em dois anos, saltar de mil litros de leite anual para dois mil litros do produto. No entanto, chegou a 3,3 mil litros leite/ano. “Aprendi a forma cer-ta de gerenciar o negócio, traba-lhando cotações e sabendo o va-lor real de custo de produção”, diz. Ele explica que o programa obriga a elaboração de projeto em cima de uma atividade exer-cida na propriedade.
Mas Carlos Roberto promete dar passos mais largos. Ele con-ta que toda a propriedade foi in-formatizada e que os cinco tra-balhadores rurais passaram por cursos de capacitação do Senar. “Não damos um passo adiante sem antes estudar o que pode ser lucrativo”, afirma.
Sucroalcooleiro
O arrendatário Feliciano
Moura está satisfeito com o
rumo do setor sucroalcooleiro.
Prova disso é que, paulatina-
mente, vem aumentando o plan-
tio da área e agora estuda a pos-
sibilidade de sair da atividade
de arrendatário para fornecedor
direto da usina. Se tudo der cer-
to, vai mais que dobrar o fatura-
mento do negócio.
Feliciano conta que na última
safra aumentou a área plantada
de 70 hectares para 100 hectares
e ainda investiu na renovação do
canavial, que já estava em seu
sétimo corte. Há oito anos na
atividade, diz que o setor passa
por um período estável de bons
preços. Depois de vender o hec-
tare da produção por R$ 49,50
em 2012, conseguiu R$ 52 em
2013, o mesmo preço vendido
este ano.
Feliciano explica que a forma
de pagamento praticado pela
usina melhorou. O pagamento
da matéria-prima que era feito
anualmente, agora passou a ser
quitado todos os meses. “É mais
fácil para gerir”, diz. Ele calcula
que ao mudar o plantio de soja
para arrendar a terra para a usi-
na, seu faturamento mensal pu-
lou de R$ 6 mil para R$ 10 mil.
Grãos
Os primeiros integrantes
da família Brucelli pisaram em
solo rioverdense em 1979, após
sair de Mogi-Mirim, interior de
São Paulo. A princípio foram
adquiridos 100 hectares que,
por dois anos, foram dedicados
ao plantio de arroz. Já em 1981,
família começou plantar soja e
não parou mais. Na época, as
dificuldades iam além do clima
e preços. A carência de infra-
estrutura era generalizada, não
havia asfalto, armazéns, ener-
gia elétrica e variedades de
semente adequadas para o Cer-
rado. Para se ter ideia, a produ-
tividade média inicial era de 35
sacas por hectare.
A empresa familiar (pais e
quatro irmãos) hoje soma 4,5
mil hectares de área plantada
de soja e milho safrinha e prati-
camente dobrou a produtivida-
de média de lá pra cá. Além de
muito trabalho e capacitação,
para Ivan Brucelli, o sucesso é
possível graças a uma dica sim-
ples: cautela e união familiar.
“É muito importante que todos
estejam envolvidos na ativida-
de”, diz e acrescenta “o produ-
tor precisa ter o pé no chão e
não querer crescer 100% de um
ano para outro”, afirma.
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azel
liCarlos Roberto promete dar passos mais largos
Feliciano estuda a possibilidade de ser fornecedor direto da usina
Para Ivan Brucelli, o sucesso é possível graças a cautela e união familiar
Julho / 2014 CAMPO | 25www.senargo.org.br
Fruticultura Do leite para a fruticultura.
Desmotivado com a oscilação do mercado leiteiro, o produtor rural João Messias de Araújo, há quatro anos, apostou no plan-tio de abacaxi e melancia con-sideradas culturas com valores preços mais estáveis. Em pouco tempo, o trabalho de João Mes-sias e da família (esposa e quatro filhos) já é considerado um caso de sucesso do Serviço de Apren-dizagem Rural (Senar) em Goiás.
A decisão do fruticultor ocorreu após passar por dificul-dades com a oscilação do mer-cado leiteiro. “O leite me dava no inverno, mas me tomava no verão”, salienta. Ele participou do curso Formação Profissional Rural (FPR) – Fruticultura/Aba-caxi ministrado pelo instrutor Lucimar Andrade.
João aprendeu sobre o de-senvolvimento, classificação e padronização do abacaxi, além das etapas de preparação do solo, das mudas e dos tratos culturais na lavoura. No início, plantou 15 mil pés de abacaxi e agora conta com 280 mil pés. Cada um é comercializado a R$ 2. “Foi o instrutor que indicou o caminho, ensinou a fazer e me deu uma nova chance”, diz. De Lucimar também veio a indica-ção para que João Messias apos-tasse no cultivo da melancia concomitante ao abacaxi. Dos 700 pés já saltou para 20 mil.
SilviculturaEm 2004, os irmãos Pereira
Soares apostaram no plantio de eucalipto no município de Co-calzinho, a 129 quilômetros de Goiânia. Emival, Tobias e Celso contrataram uma empresa espe-cializada para o plantio das mu-das. Daí para frente o trabalho foi tocado pelo trio de irmãos.
Assim, eles fizeram treina-mento no Senar de plantio de tra-tamento de madeira, olericultura e horta orgânica. A opção foi se-guir com o plantio de eucalipto, já que aproveitava melhor a área da propriedade, além de consu-mir menos tempo e manejo.
Segundo Tobias, as técnicas
aprendidas durante o curso aju-
daram a melhorar a qualidade
do trabalho que já desenvol-
viam, agregando valor ao pro-
duto. “Durante o treinamento,
vi aumentar meu interesse pela
atividade”, conta. Foram plan-
tados 24 hectares de eucalipto,
cada um com 1,1 mil árvores.
Agora apostam no plantio de
outro tipo de madeira: o gua-
nandi. Segundo eles, a madeira é
nobre e será uma poupança para
o futuro, já que o primeiro corte
ocorre após 18 anos de plantio.
O custo médio de produção é de
R$ 60 mil a cada cinco hectares,
mas o retorno é de, no mínimo,
R$ 3 milhões.
HortaMorador do Assentamento
Três Barras, em Cristalina, Su-
deste do Estado, Deoclécio Go-
mes de Lima, conseguiu aumen-
tar a renda familiar em 300%
após a colocar em prática as
técnicas aprendidas no curso de
Olericultura Orgânica, oferecido
pelo Senar em Goiás.
Deoclécio conta que já traba-
lhava no plantio de horta, mas
os produtos não tinham boa
aceitação na feira de Cristalina.
“No início sentia uma grande di-
ficuldade. Quando vamos traba-
lhar para nós mesmos, não sabe-
mos o quanto é difícil”, afirma.
Após o curso, a produção
cresceu rapidamente em quali-
dade e produção. Ele cultiva pi-
menta, batata baroa, cheiro ver-
de, couve, mandioca e banana.
“Meus clientes têm opções de
levar diversas culturas”, explica.
Hoje, parte da produção
também é revendida para a
Companhia Nacional de Abas-
tecimento (Conab).”Só aí vendo
mais de um salário mínimo por
mês”, diz. No fim de semana, na
feira, consegue faturar cerca de
R$ 300. Com o lucro, já cons-
truiu um barracão em Cristalina
e comprou um carro para trans-
portar os produtos. “Agora mi-
nha realidade é outra”, finaliza.
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Jana
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Do leite para a fruticultura, João Messias é exemplo para os amigos
Os irmãos vivem do plantio de eucalipto no município de Cocalzinho
Deoclécio aumentou a renda familiar em 300% depois do curso do Senar Goiás
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GRITO DE SOCORRO
Produtores buscam soluções para controle de pragas
Michelle Rabelo | [email protected]
Broca do Rizoma, o terror do Vale do São Patrício
Bananicultores se reuniram para debater as pragas que vêm
atacando a cultura
Julho / 2014 CAMPO | 27www.senargo.org.br
Não são as curvas do preço de
mercado, a concorrência ou as
peripécias de São Pedro que an-
dam assustando os produtores de bana-
na de sequeiro no Vale do São Patrício,
em Goiás. O que está deixando todos os
bananicultores de cabelo em pé são as
pragas – em especial a Broca do Rizo-
ma - que vêm atacando o cultivar. Esse
medo levou representantes do setor
agrícola até o município de Itaguaru no
último dia 27 de junho para um Encon-
tro de Fruticultores da região.
Técnicos da Federação da Agricul-
tura e Pecuária (Faeg), da Secretaria de
Estado de Agricultura, Pecuária e Irriga-
ção (Seagro), da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da
Agência Goiana de Defesa Agropecuária
(Agrodefesa) se reuniram com um grupo
de produtores para repassar orientações
básicas de combate ás pragas e deba-
ter possíveis formas de firmar a região
como um polo de bananicultura, tor-
nando o negócio cada vez mais rentável.
Entre as pragas que assombram os
produtores estão a Broca do Rizoma –
a mais comum na região -, a Sigatoka-
-negra, a Sigatoka-amarela e o mal-do-
-Panamá. Também conhecida como
“moleque-da-bananeira”, a Broca do
Rizoma é uma das mais sérias pragas
da variedade. Ela perfura a banana fa-
cilitando a entrada do mal-do-Panamá,
além de construir galerias no caule da
planta, danificar o sistema radicular, li-
mitar seu desenvolvimento e diminuir
sua produtividade, resultando no tom-
bamento da bananeira.
Durante o encontro foram debatidos
os aspectos fundamentais no cultivo da
banana como a preparação e o cuidado
com o solo, as variedades existentes e
a escolha correta da muda, a prática do
manejo da cultura, entre outros pontos
do cotidiano da produção. Também foi
citada a importância do manejo correto
da plantação, como não capinar o solo
para não deixa-lo sem cobertura e des-
protegido e medir adequadamente o
espaçamento entre os pés de banana.
No final da visita a equipe foi a
campo mostrar os aspectos práticos
da condução do pomar. Os produtores
atentos fizeram perguntas e falaram so-
bre as especificidades de suas proprie-
dades. Da Embrapa – Cruz das Almas/
BA vieram os pesquisadores Maurício
Coelho e Zilton Cordeiro que apresen-
taram novas tecnologias no cultivo da
banana, frisando sempre a importância
de uma fruta com boa aparência “que
se venda aos olhos do consumidor”.
Banana que se põe na mesa
O Vale do São Patrício é constituído
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Geraldo acha que técnicos podem ajudar no combate às pragas
Broca do Rizoma é uma das pragas mais temidas pelos
bananicultoresFred
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por 23 municípios - Barro Alto, Carmo
do Rio Verde, Ceres, Goianésia, Guaraí-
ta, Guarinos, Hidrolina, Ipiranga de Goi-
ás, Itapaci, Itapuranga, Jaraguá, Morro
Agudo de Goiás, Nova América, Nova
Glória, Pilar de Goiás, Rialma, Rianápo-
lis, Rubiataba, Santa Izabel, Santa Rita
do Novo Destino, São Luis do Norte,
São Patrício e Uruana – e na região a
variedade mais cultivada é a maçã, que
representa somente 10% da produção
nacional. Mesmo assim, os produtores
do Vale do São Patrício seguem apos-
tando em mudanças e na profissiona-
lização em busca de alternativas para
fazer da banana-maçã a estrela da mesa
do goiano e do brasileiro. Um dos pila-
res que devem sustentar essa nova fase
da bananicultura na região é a otimiza-
ção da produção, com a plantação de
mais pés em um menor espaço de terra.
Para o produtor de Itaguaru, Ge-
raldo Deus Sobrinho, é urgente a dis-
ponibilização de técnicos para visitar
periodicamente as propriedades. “Pre-
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Alexandro Alves
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O assessor técnico da Faeg para área de Fruticultura, Alexandro Alves,
chama atenção para a escolha da muda, já que é por meio dela que muitas
pragas chegam até a planta.
Folha da bananeira
cisamos demais de um técnico para
orientar mais a gente. Nós somos pro-
dutores, mas entendemos pouco das
coisas mais específicas, como os vários
tipos de pragas que atacam o bananal e
como proteger a plantação de cada uma
delas”, pontua.
Geraldo conta que as pragas afetam
diretamente a conta bancária no final
do mês. “Eu tenho um bananal de 53
hectares e hoje sinto uma queda de qua-
se 50% na produção da fruta. A plan-
tação, que tem três anos, começou me
rendendo sete mil caixas por mês e hoje
caiu para caiu para 1.500 caixas”, conta.
As pragas da banana
Broca do Rizoma - As bananeiras
infectadas apresentam desenvolvi-
mento limitado, diminuem a produti-
vidade e os frutos são curtos e finos.
Sigatoka-negra e amarela - A in-
fecção ocorre nas folhas mais novas e
os sintomas iniciais da doença apare-
cem como uma leve descoloração em
forma de ponto entre as nervuras.
Mal-do-Panamá - O fungo tam-
bém é disseminado por água de ir-
rigação, de drenagem, de inundação,
assim como pelo homem, por ani-
mais e equipamentos.
Julho / 2014 CAMPO | 29www.senargo.org.br
LONGE DE CASA La
rissa
Mel
lo
Matheus deixa Goiânia em busca de especialização
Ciências Sem Fronteira contribui com bagagem técnica
Karina Ribeiro | [email protected] para Revista Campo
Para melhorar a agropecuária goiana, estudantes investem em intercâmbio
30 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Estudar no exterior com as des-pesas todas pagas é o sonho de muitos estudantes e pro-
fissionais do País. Esse objetivo já é uma realidade para muitos goianos que voltam para suas origens com uma maior bagagem cultural, am-pliação de conhecimentos e, sobre-tudo, com a sede de implementar, na prática, o que foi absorvido em ins-tituições de ensino que prezam pela inovação e competitividade.
O programa Ciências Sem Fron-teiras, desde 2011, busca promover a consolidação, expansão e interna-
cionalização da ciência e tecnologia, da inovação e competitividade brasi-leira por meio do intercâmbio e mo-bilidade internacional. O projeto em conjunto dos Ministérios de Ciências, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas institui-ções de fomento - CNPq e Capes –, e Secretarias de Ensino Superior e de Ensino Tecnológico do MEC prevê a promoção de intercâmbios de alunos de graduação e pós-graduação façam estágios no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas edu-cacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação.
Em Goiás, 933 alunos já tiveram a oportunidade de viajar para o exte-rior com bolsas de estudos bancadas pelo programa. Destas, 629 tiveram como origem os alunos da Universi-
dade Federal de Goiás (UFG), seguido pela Pontifícia Universidade Católica (132), Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Goiás (72) e Universidade Estadual de Goiás (70), seguido por outras instituições de ensino com menor número de bolsas implementadas.
Segundo a coordenadora de As-suntos Internacionais da UFG, Ofir Bergemann de Aguiar, para o aluno pleitear uma bolsa, os cursos pre-cisam estar incluídos no programa Ciências Sem Fronteiras como área prioritária. Ciências exatas e da terra é uma das 15 áreas consideradas prio-ritárias.
A forte vocação do agronegócio em Goiás pode ser medida pelos nú-meros de distribuição de bolsas dos alunos que vão estudar no exterior. Ciências exatas e da terra, que envolve
Ofir explica que é preciso definir o bom desempenho do aluno La
rissa
Mel
lo
Julho / 2014 CAMPO | 31www.senargo.org.brwww.senargo.org.br
o curso de agronomia, por exemplo, é o terceiro que mais contemplou estu-dantes – com 63 bolsas. Ficando atrás somente de engenharias e demais áreas tecnológicas (222) e biologia, ciências biomédicas e da saúde (99).
Como fazer Mas para ser contemplado com
uma bolsa de estudo financiada pelo governo federal é preciso passar por uma série de exigências e apresentar um histórico de bons resultados na atual instituição de ensino.
Ofir explica que, inicialmente, são realizadas chamadas públicas para o Programa Ciências Sem Fronteiras. “Cabem às universidades homologar ou não”, afirma. Os alunos precisam também se submeter ao edital de se-leção. “É preciso definir o bom de-sempenho do aluno. Para isso é preci-so que ele tenha uma média de notas igual ou superior a seis”, diz.
E as exigências não param por aí. O aluno é obrigado ainda a fazer um teste linguístico e, no caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a nota deve ser igual ou superior a 600.
Embora a universidade ainda não tenha nenhum levantamento mais preciso sobre os resultados práticos dos alunos que já regressaram de in-tercâmbios, Ofir diz que, de forma ge-ral, as avaliações são positivas. “Eles dão continuidade aos estudos, trazem na bagagem novos conhecimentos culturais e técnicos importantes para a profissionalização”, explica.
Estudante
O estudante do oitavo período de
agronomia, Matheus Gomes Pereira,
de 21 anos, aguarda ansioso os últi-
mos dias que o separam da nova ex-
periência acadêmica. Ele embarca no
próximo dia 18 para Macomb, locali-
zado no estado norte-americano de
Illinois. A estimativa é que permane-
ça nos Estados Unidos por 1 ano e
quatro meses.
A princípio, diz, vai estudar a lín-
gua inglesa até o início de 2015. “Vou
buscar a proficiência da língua”, re-
sume. Depois vai focar os estudos em
gestão rural e agricultura de precisão,
áreas que considera fundamental para
o agronegócio. “Sabemos da dificul-
dade hoje de tocar o agronegócio sem
conhecimento de gestão. Eu me inte-
resso pela área e sei também que é
uma área que tem mercado. É a fome
com a vontade de comer”, afirma.
Matheus explica que possui dois
amigos que já estão estudando nos
Estados Unidos e que as notícias são
sempre positivas. “Eles falam da tec-
nificação e da organização deles’, diz.
Depois dessa experiência e quan-
do concluir a curso de agronomia, diz
que pretende trabalhar em alguma
empresa multinacional a título de ex-
periência. “O inglês e os estudos lá
foram devem abrir portas para este
caminho”, afirma. Mas, depois, a
ideia é cuidar do próprio negócio.
ExperiênciaNa avaliação da professora dos
cursos de engenharia florestal e agro-nomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Francine Calil, os be-nefícios do intercâmbio extrapolam os conhecimentos técnicos. “Tudo é válido, às vezes é a primeira vez que moram fora de casa e isso gera uma ampliação do crescimento em vários aspectos”, diz.
No que tange os conhecimentos técnicos, diz, dependendo do País que o estudante fizer intercâmbio, o sistema educacional instiga o aluno a aprofundar conhecimentos por conta própria, fora da sala de aula. Essa ne-cessidade de buscar autonomia para correr atrás dos estudos extraclasse é observada pelas docentes após o re-gresso dos estudantes. “Eles acabam tendo um papel disseminador. Eles contagiam outros estudantes a bus-carem novos caminhos para o apren-dizado e até os incentiva a investir em programas de intercâmbio”, explica.
Para ela, a internet e redes sociais são ferramentas que contribuem para que os alunos tenham mais conheci-mentos prévios antes de decidirem em quais áreas vão aprofundar o es-tudo no exterior. “Eles conseguem conhecer as disciplinas mais profun-damente e com isso, tem mais capaci-dade de comparar o que é ministrado aqui com as novas oportunidades. Sem dúvida, se tornam profissionais muito mais promissores”, finaliza.
EUA (8)
França (7)
Espanha (5)
Portugal (4)
Canadá (2)
Austrália (1)
Goiânia (25)
Jataí (2)
Espanha (5)
Portugal (4) Goiânia (25)
Distribuição por país de destino: Distribuição por regional:
32 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br
DELÍCIAS DO CAMPO
INGREDIENTES: 1 leitoa desossada1 kg de milho verde em conserva1 kg de ervilha em conserva1 kg de presunto fatiado1 kg de queijo fatiadoSal à gostoTemperos diversos à gosto
PORCO PIZZA
Wal
ter B
aylã
o Jú
nior
/Shu
tter
• Envie sua sugestão de receita para [email protected] ou ligue (62) 3096-2200
• Receita elaborada pelo presidente do Sindicato Rural (SR) de Rio Verde, Walter Baylão Júnior
Coloque rodelas de tomate (cortadas mais grossas) por cima para enfeitar
PREPARO: Tempere a leitoa com sal e temperos diversos à gosto e deixe descansando na geladeira até o dia seguinte para que o tempero penetre bem.Após 24 horas, coloque a carne em uma grelha para assar na churrasqueira, lembrando que a pele deve ficar para cima, evitando que passe o ponto.A leitoa deve ser assada por aproximadamente 3 horas. Vire a carne para tostar a pele até ficar crocante.Com a carne asada, é hora de rechear: coloque uma camada de milho verde, outra de ervilha, o presunto e o queijo fatiado
Cubra com papel alumínio e deixe assar até que o queijo derreta
O prato leva aproximadamente 15 horas para ficar pronto, entre desossar, temperar e assar.
APOIO TÉCNICO
Depois de quase desistir, produtor sustenta a família com o dinheiro que vem do leiteMichelle Rabelo | [email protected]
Balde Cheio: uma luz no fim do túnel
Roni mostra a ordenhadeira mecânica que o ajudou a melhorar de vida
Uma luz no fim do túnel. É as-
sim que o produtor de leite
Roni Fábio da Silva define a
metodologia Balde Cheio. Tudo por-
que desde quando optou por susten-
tar a família levantando antes de o sol
nascer e ordenhando sem descanso os
20 animais que tinha em sua proprie-
dade, a vida tem sido uma busca por
esperança. Hoje, depois de passar por
vários cursos de capacitação do Servi-
ço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar) Goiás, a situação mudou e Roni
paga as contas tirando cerca de 520 li-
tros de leite diariamente.
A família mora na zona rural de
Montes Claros de Goiás e Roni fala
com orgulho da sua relação com a
metodologia Balde Cheio. “Fui o pri-
meiro em Goiás a implantar na minha
propriedade a metodologia. Não tinha
para onde correr e decidi apostar tudo
na ideia. Contratei um técnico que vi-
nha até aqui de três em três meses e
as coisas foram mudando. Fiquei como
Unidade Demonstrativa e tive que rea-
prender a mexer com leite”, conta.
Roni traz consigo uma história de
dificuldades, mas é enfático ao dizer
que o Senar Goiás fez dele e da família
- a esposa, Clezia Aparecida Alves, e
os filhos, Rafael, Samuel e Suzana –
mais um Caso de Sucesso da entidade.
Atualmente ele ordenha, de manei-
ra mecânica, 36 animais em lactação
– antes ele ordenhava, manualmente,
50. Na vida pessoal, as coisas tam-
Fred
ox C
arva
lho
34 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br
Fred
ox C
arva
lho
O produtor, a esposa e os filhos na propriedade da família
bém mudaram: a preocupação com o
sustento da família, que antes tirava o
sono do produtor, deu lugar aos planos
que já começam a se tornar realidade.
Roni está construindo uma casa nova
“com tudo o que a família merece”.
Aos trancos e barrancos
Mas a história que o produtor conta
em meio a risadas nem sempre ensaiou
um final feliz. Tudo começou em 2004,
quando Roni se casou e decidiu que iria
tocar a vida com o dinheiro do leite,
assim como o pai fazia. Ele ganhou 10
alqueires, comprou 20 vacas e abraçou
o desafio de se capacitar e construir
um futuro melhor com o dinheiro do
leite. “O terreno era impróprio, me fal-
tava conhecimento, os animais estavam
errados, o manejo, a comida, eu fazia
tudo sem saber o que estava fazendo e
acabei perdendo oito vacas”.
Foi então que Roni decidiu procurar
o Sindicato Rural (SR) e aprender tudo o
que podia sobre como criar os animais
e tirar deles o máximo de leite possível.
Começou fazendo um curso de Gestão
Leiteira, Bovinocultura de Leite, segui-
do por outro de Inseminação Artificial,
Qualidade do Leite, Manejo de Pasta-
gem, e Ordenha Mecânica.
Animado, Roni comprou outros
11 animais e um ano depois já tira-
va 200 litros/dia de leite na mão. Dois
anos depois o número subiu para
400 litros/dia tirados de 50 animais.
O produtor comprou um resfriador,
uma ordenhadeira mecânica e ganhou
de vez o respeito de produtores vizi-
nhos. “No começo eles falavam que a
ordenhadeira machucava os animais,
que não ia dar certo”.
Força fundamental
A decisão de investir no leite foi de
Roni, mas o produtor não se esquece
das mãos que o ajudaram a percor-
rer o caminho. O mobilizador Helton
Greic e o instrutor do primeiro curso
feito pelo produtor, José Faleiro são
nomes cativos nas boas recordações
de Roni. Para ele, o Senar Goiás não
oferece apenas cursos de capacitação,
mas uma reforma na relação do parti-
cipante com ele mesmo. “Voltei a ter
autoestima e a acreditar em mim”, diz
emocionado.
EM JUNHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
490 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 96 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
5.241 PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
56 207 11 02 15 15 141 43 40 07 10 08 31 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
na área de
aquicultura
na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
CURSOS E TREINAMENTOSM
ende
l Cor
tizo
O curso Bovinocultura de Corte possui 24 horas de
treinamento
EM JUNHO, O SENAR GOIÁS PROMOVEU
490 CURSOS E TREINAMENTOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL RURAL* 96 CURSOS E TREINAMENTOS NA ÁREA DE PROMOÇÃO SOCIAL*
5.241 PRODUTORES E
TRABALHADORES
RURAIS
CAPACITADOS
56 207 11 02 15 15 141 43 40 07 10 08 31 0
Na área de
agricultura
Em atividade
de apoio
agrossilvipastoril
Na área de
silvicultura
Na área de
extrativismo
Em
agroindústria
na área de
aquicultura
na área de
pecuária
Em
atividades
relativas à
prestação
de serviços
Alimentação
e nutrição
Organização
comunitária
Saúde e
alimentação
Prevenção de
acidentes
Artesanato Educação para
consumo
Para outras informações sobre treinamentos e cursos oferecidos pelo Senar Goiás entre em
contato pelo telefone (62) 3412-2700 ou pelo site www.senargo.org.br
Na pecuária não há espaço para amadores e quem pretende viver da criação de gado de corte – ramo que vive diretamente ligado
à tecnologia- precisa se capacitar. Na extensa lista de cursos oferecidos pelo Serviço de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás a qualificação Bovinocultura de Corte é uma opção para quem cria o animal que che-ga à mesa da população. Em forma de cortes diver-sificados, os sabores agradam os mais diferenciados paladares.
O treinamento – tipo Formação Profissional Ru-ral (FPR) - é indicado para pequenos, médios, gran-des produtores ou mesmo para quem pretende co-meçar a utilizar a propriedade para criar os bovinos de corte. Para participar, o interessado precisa ser produtor ou trabalhador rural, ter idade mínima de 18 anos e ser alfabetizado.
Durante as 24 horas de treinamento, os partici-pantes estudam temas ligados ao controle zootéc-nico, à identificação e higiene de materiais, às ins-talações de equipamentos, ao manejo de pastagem, à contenção e à aplicação de medicamentos, ao controle de aftosa, brucelose, raiva e clostridioses, entre outros pontos.
Do curral de quem cria para a mesa de quem consomeMichelle Rabelo | [email protected]
*Cursos promovidos entre os dias 26 de maio a 25 de junho
CAMPO ABERTO
Célebre frase de Jean-Jacques Rousseau nos
diz que “As mulheres constituem a metade
mais bela do mundo”. Parece lógico que a “be-
leza” desta importante parcela da sociedade
está atrelada a uma série de fatores que inter-
ferem negativa ou positivamente neste público,
seja ele rural ou urbano. Se são visíveis os de-
safios sociais urbanos - por piores que sejam
e recorrentemente denunciados, demandando
respostas e políticas públicas – as questões da
área rural que atingem a família do campo de-
notam carência de atenção, de modo especial
voltada ao público feminino.
Historicamente, a participação da mulher na
gestão da propriedade da família rural e o pa-
pel dela no empreendimento de negócio próprio
estão à mercê de percalços que variam desde a
“permissão masculina” aos desafios inerentes
aos negócios em geral, independente do sexo
do empreendedor. Falar de empreendedorismo
feminino perpassa pelo viés da existência de
verdades que precisam ser reconhecidas, en-
tendidas e enfrentadas, sem, contudo, impedir
“voos” rumo a empreendimentos de sucesso.
A Revista Exame relata pesquisa dando con-
ta de que no período de dez anos o empreen-
dedorismo feminino cresceu em 21,4%; apesar
de as mulheres ainda não serem maioria dentre
os empresários brasileiros. O estudo mostra da-
dos interessantes que denotam que nem sempre
condições sociais interferem negativamente no
espírito empreendedor da mulher, haja vista que
a região Norte do país foi a que mais se desta-
cou com 80% de crescimento ao longo de uma
década, seguida do Centro-Oeste com 43%.
As ações empreendidas pelo Senar Goiás
avançam de forma colaborativa rumo à con-
cretização do aumento dos números relativos
ao empreendedorismo na região da qual este
Estado faz parte. Mais do que um desafio co-
tidiano, assume compromisso que permeiam
as ações de Formação Profissional Rural (PFR)
e Promoção Social (PS), visando a criação de
oportunidades para o público atendido. Em
2010, lançou o Programa Com Licença, Vou à
Luta para estimular o empreendedorismo das
produtoras e trabalhadoras rurais.
Por fim destaca-se que, com ações como
esta, se espera que sejam ampliadas as op-
ções de vez e voz para o público feminino.
As etapas do programa contemplam estudos
acerca de planejamento, gestão financeira, le-
gislação e liderança, além de empreendedoris-
mo propriamente dito.
Dentre as estratégias de metodologia, des-
taque para busca de informações que resultam
em maior interação da mulher com os demais
familiares. Isto feito, monitoramento e avalia-
ção contribuem para acompanhar se o que foi
planejado durante a participação no programa
realmente contribuiu para o avanço da partici-
pação do público feminino no ramo dos negó-
cios, ou se precisam ser reformulados os cami-
nhos a serem percorridos.
Fátima Araújo é
pedagoga, artista
plástica e coordenadora
de Ações e Projetos do
Senar Goiás.
Laris
sa M
elo
Fátima Araújo | [email protected]
Empreendedorismo Feminino: Mulheres se fazem empreendedoras
38 | CAMPO Julho / 2014 www.sistemafaeg.com.br