Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – ÁREA NORTE
LÍDIA DA LUZ SCHEPAINSKI
O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE
ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
COLOMBO
2014
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LÍDIA DA LUZ SCHEPAINSKI
O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE
ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional, Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, Superintendência da Educação, Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como requisito para obtenção do nível III do Plano de Carreira do Magistério Estadual.
Orientadora: Profª Drª Helena Midori Kashiwagi
COLOMBO
2014
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O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE
ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Lídia da Luz Schepainski1 Helena Midori Kashiwagi2
RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo possibilitar a compreensão da linguagem cartográfica aos alunos do ensino fundamental do 6º ano por meio das práticas lúdicas no contexto escolar, concretizando a aprendizagem proposta nas Diretrizes Curriculares na Geografia, visando à assimilação, alfabetização e compreensão das múltiplas funções do mapa. As experiências visuais e lúdicas foram compartilhadas por toda comunidade escolar do Colégio Estadual Professor Plinio Alves Monteiro Tourinho, no município de Colombo. Assim oportunizou-se aos discentes de todos os anos relembrarem o que aprenderam nos anos anteriores e reaprenderam brincando de um jeito divertido e de fácil visualização, proporcionada por práticas para que os educandos pudessem interpretar e produzir representações do espaço com autonomia. Palavras-chave: Linguagem Cartográfica. Alfabetização. Lúdico.
1 Licenciada em Geografia pela Faculdades Integradas Espírita (FIES). Especialista em Metodologia do Ensino em História (IBPEX). Atualmente professora de Geografia e História do Estado do Paraná no Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro Tourinho. Trabalho Final resultante do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola para conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/SEED 2013/2014.
2 Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre e Doutora em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPR. Atualmente professora de Planejamento Urbano no Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná e professora colaboradora no PDE.
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INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares do ensino de Geografia preveem que a linguagem
cartográfica deve ser abordada ao longo da Educação Básica, ou seja,
contemplando o Ensino Fundamental e Médio, pois é uma disciplina essencial ao
entendimento dos conteúdos geográficos. Verifica-se que nas Diretrizes Curriculares
propõe-se que os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos alunos como se
fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e análise crítica.
Partindo-se desse princípio, para a interpretação cartográfica também é
necessário alfabetizar para se ter uma leiturização dos mapas. Alfabetizar é ensinar
o alfabeto, inserir o aluno no universo da leitura, então, o alfabetizar na linguagem
cartográfica é inserir o aluno à leitura e interpretação de qualquer tipo de carta ou
mapa, com ou sem recursos tecnológicos, como se estivesse lendo um texto com
extrema naturalidade.
Nessa perspectiva, percebe-se no ensino da disciplina da Geografia uma
necessidade de alfabetização cartográfica para propiciar ao aluno, interpretar e
entender os símbolos, linhas, sinais, cores, granulados, formas e texturas, presentes
na linguagem cartográfica. Pois, o único meio de se ler um mapa é através da
compreensão da linguagem cartográfica para que o aluno, sendo ele um ser
geográfico, possa ter condições de interpretar e dar significado aos significantes na
Cartografia.
Essa pesquisa tem como objeto de estudo os alunos do 6° ano do Ensino
Fundamental Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro, no município de
Colombo, na região Metropolitana de Curitiba – Paraná. Verifica-entre esses alunos
uma grande deficiência na leitura e interpretação da linguagem cartográfica. Dessa
forma, visa-se possibilitar a compreensão da linguagem cartográfica aos alunos do
Ensino Fundamental e Médio, por meio de práticas lúdicas no contexto escolar,
concretizando a aprendizagem proposta nas Diretrizes Curriculares da Geografia, ou
seja, propiciar práticas nas quais o aluno possa interpretar e produzir representações
do espaço com autonomia, e, assimilar a linguagem cartográfica para a leiturização
e compreensão das múltiplas funções de um mapa.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Do ensino fundamental ao médio verificam-se alunos “analfabetos” na
linguagem cartográfica, ou seja, não conseguem ler os mapas, apenas veem as
imagens. Esse “analfabetismo cartográfico” é visível em todas as idades e séries,
cuja raiz origina-se no ensino básico e estende-se na graduação, bloqueando o
aluno ao aprendizado pleno. Umas das atividades durante as aulas de Geografia
envolvem a compreensão de mapas, os quais devem ser lidos, analisados e
interpretados. Mesmo com a orientação do professor percebe-se certa dificuldade
por parte do educando para a compreensão das imagens, levando-o ao desinteresse
pela aula. É responsabilidade do professor em motivar o aluno a ler e interpretar um
mapa como se fosse uma tarefa significativa e interessante, e, em desenvolver no
aluno a capacidade de lidar com esta forma de linguagem.
Dessa forma, ampliando-se a possibilidade de se compreender a realidade
social com maior profundidade. Conforme o educando aprofunda a sua capacidade
de análise e compreensão, torna-se possível desenvolver um olhar mais crítico
sobre qualquer representação cartográfica ou sobre o meio em que ele esta inserido.
De acordo com Rua (1993, p.13) “... o domínio da leitura de mapas é um processo
de diversas etapas, e ao se apropriar deste conhecimento o educando está pronto a
analisar qualquer representação cartográfica”.
Professores de Geografia e de outras disciplinas afins não conseguem
erradicar o analfabetismo cartográfico, provocando angústia no ambiente escolar. O
primeiro passo para o aluno ser alfabetizado cartograficamente é fazê-lo aprender a
ver com interesse e atenção um mapa ou carta geográfica e fazê-lo entender a
diferença entre linguagem escrita e visual (STEFANELLO, 2011, p. 94).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1998, p. 26) afirmam que:
A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre a linguagem cartográfica em dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas. O objetivo básico da alfabetização cartográfica proposto pelos PCNs supõe o desenvolvimento das noções de visão obliqua, visão vertical, imagem tridimensional, imagem bidimensional, construção de noção de legenda, proporção e escala, lateralidade, referencia e orientação. A construção dos conceitos e visão vertical e visão oblíqua facilitara a transposição de imagens tridimensional para a bidimensional, a lateralidade será trabalhada no sentido e desenvolver
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noções de orientação favorecendo a localização, e compreensão, a proporção ajudara a desenvolver as noções de escala, e finalmente, a legenda, com a função de, por meio de símbolos, representar objetos, fenômenos e lugares destacado no mapa, devendo, por esta razão, ser clara e objetiva, no sentido de facilitar a leitura de mapas.
A existência de vários autores que escrevem sobre o analfabetismo
cartográfico fundamenta e nos orienta nesta tarefa quase utópica deste ramo da
Geografia. A obrigatoriedade da linguagem cartográfica consta nas Diretrizes
Curriculares de Geografia (DCE), aonde se demarca e articula-se o que é próprio do
conhecimento da Geografia escolar.
Essa pesquisa tem como objetivo se compatibilizar com as DCE, pois
propõe que a Cartografia seja usada para leitura e interpretação do espaço
geográfico, e não mais como um instrumento básico utilizado somente para
localização e discrição dos fenômenos espaciais. Uma Cartografia compreendida por
meio de uma linguagem teórico-metodológica que pode contribuir muito para o
ensino crítico do espaço geográfico em todos os níveis de ensino.
A Cartografia é um dos ramos da Geografia, e não lhe é dado o devido valor
que esta ciência merece. Por falta de reconhecimento ou percepção dos docentes,
os discentes sem orientação, não percebem que usam Geografia o tempo todo, e
chegam ao final do ensino médio com várias dificuldades na leitura e interpretação
de mapas, ou seja, constituem-se em verdadeiros analfabetos na linguagem
cartográfica. Isto deixa clara a falta de contextualização da Cartografia no cotidiano
escolar e na disciplina da Geografia (RUA, 1993, p.13).
De acordo com Stefanello (2011, p. 96) sabe-se que o aluno não chega
totalmente analfabeto no 6º ano, mas legitima-se o analfabetismo cartográfico nos
períodos finais do ensino fundamental e médio. Mantendo-se nesse estado por falta
de preparo dos professores de Geografia. Se a Cartografia não fizer sentido ao
educando ele não irá aprender, pois o aprendizado torna-se interessante quando ao
objeto de estudo lhe é dado algum significado. Segundo Callai (1991, p.57) ensinar
exige intenção e ação por parte do docente, cujas características, intenção e ação,
tem que ser vistas e sentidas pelo discente, caso contrário, seja qual for o conteúdo
da disciplina, o mesmo será como elemento decorativo gravitando a mercê da
inutilidade.
Os mapas são recursos visuais mais indicados para percepção das mais
diferentes paisagens. A possibilidade de ler mapas de forma adequada é de grande
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importância para educar o aluno e as pessoas, em geral, para obterem autonomia.
Contudo, para alcançarmos esta meta, o uso de mapas em sala de aula não deve se
limitar a um instrumento de ilustração puro e simples, como frequentemente é usado
pelos professores, mas um instrumento de formação (PASSINI,1994).
Callai (1991, p.57) ressalta que “... para se ir além da aula descritiva e
distante, exige-se um esforço do professor para trazer para a realidade do aluno
aquilo que esta sendo estudado”. O professor tem o dever, compromisso ou
responsabilidade de cumprir as Diretrizes Curriculares de Geografia e ensinar
Cartografia, por se tratar de um importante instrumento para se compreender a
Geografia, assim como um meio de ensinar através de mapas, cartas, entre outros,
uma nova linguagem aos alunos, a Linguagem Cartográfica.
De acordo com Almeida e Passini (2008, p.15) ler mapas “... significa
dominar esse sistema semiótico, em linguagem cartográfica, e deve ser uma
preocupação metodológica tão séria quanto ensinar ler e escrever, contar e fazer
cálculos matemáticos”.
Desde a primeira infância rabiscamos linhas, desenhos e símbolos para
representar o nosso mundo, e ao chegarmos à idade escolar, adicionamos em nosso
cotidiano várias representações e orientações, que vão do espaço concreto mais
próximo, como por exemplo, a sua casa, a escola, e aos poucos vão se ampliando
para espaços maiores como o seu bairro a outro bairro. Nessa perspectiva, de
acordo com Stefanello (2011) a Geografia se insere como um conhecimento que tem
por objetivo formar o educando para “enfrentar” o mundo que o cerca.
Na visão de Stefanello (2011, p.95) “... a criança constrói símbolos através
dos desenhos como uma representação gráfica de uma ideia ou objeto.” A
compreensão desses símbolos interessa para a Cartografia, pois é a percepção do
espaço vivido da criança, cuja representação possui uma codificação. Assim, antes
de ler mapas, deverá agir como mapeadora do espaço que conhece.
O uso do livro didático em sala de aula é tão importante quanto o uso de
mapas, globos, atlas, entre outros. Infelizmente, para o educando esses materiais
mencionados são pouco usados e ficam empilhados na biblioteca ou em algum
canto na sala dos professores, ficando de fora do processo de ensino-aprendizagem
esses instrumentos de grande valor metodológico. De acordo com Stefanello (2011,
p.90) a grande maioria dos livros de Geografia usados em sala de aula possuem
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mapas com linguagens cartográficas sem contextualização, prática que dificulta o
aprendizado e não acompanha a dinâmica de interpretação do espaço presente.
O ensino da Cartografia esta pautado na aprendizagem de conceitos básicos
que são compreensão de globo, mapas (físicos e políticos), cartas topográficas,
plantas, fotografias aéreas, imagens de satélites, escala gráfica, coordenadas
geográficas, orientações, convecções, entre outros. As representações espaciais
mais usadas no dia-a-dia são os mapas. Stefanello (2011, p.91) define mapa como:
A representação gráfica, em geral, disposta numa superfície plana e em determinada escala, que indica acidentes físicos e culturais da superfície da terra, de outro planeta ou de um satélite. São elementos fundamentais no mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração.
Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação gráfica pode ser
observada no traçado de um campo de futebol, na posição das carteiras em sala,
até mesmo no simples caminhar de um lugar para o outro. Nesse contexto,
Stefanelo (2011, p. 95) considera que “... o aluno, ao passar por todos os níveis do
ensino cartográfico na educação básica, ao final, ele se tornará um leitor crítico e/ou
um mapeador consciente.
No quadro a seguir Stefanelo (2011, p. 97) organiza as principais aquisições
metodológicas dos alunos na faixa etária de 11 a 17 anos, quanto ao uso de mapas,
cartas e plantas.
Aqu
isiç
ões s
imp
les - conhecer os pontos cardeais;
- saber se orientar com uma carta; - encontrar um ponto sobre uma carta com as coordenadas ou com o índice remissivo; - encontrar as coordenadas de um ponto; - saber se conduzir com uma planta simples; - extrair de plantas e cartas simples uma só série de fatos; - saber calcular altitude e distancia; - saber se conduzir com um mapa rodoviário ou com uma carta topográfica.
Aqu
isiç
ões m
éd
ias - medir uma distancia sobre uma carta com uma escala numérica;
-estimar um ponto de curva hipsométrica; -analisar a disposição das formas topográficas; - analisar uma carta temática representando um só fenômeno (densidade populacional, relevo etc.); - reconhecer e situar as formas de relevo e de utilização do solo; - saber diferenciar declives; - saber reconhecer e situar tipos de clima, massas de ar, fomações vegetais, distribuição populacional, centros industriais e urbanos, entre outros.
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Aqu
isiç
ões c
om
ple
xas
- estimar uma altitude entre duas curvas hipsométricas; - saber utilizar uma bússola; - correlacionar duas cartas simples; - ler uma carta regional simples; - explicar a localização de um fenômeno por correlação entre duas cartas; - elaborar uma carta simples a partir de uma carta complexa; - elaborar uma carta regional com os símbolos precisos; - saber elaborar um croqui regional simples (com legenda fornecida pelo professor); - saber levantar hipóteses reais sobre a origem de uma paisagem; - analisar uma carta temática que apresenta vários fenômenos; - saber extrair de uma carta complexa os elementos fundamentais.
FONTE: Adaptado de Simielli (2007, p. 104).
A linguagem cartográfica é vista como algo complicado, apesar de estar
presente no cotidiano das pessoas, e deve ser ensinada de modo lúdico, com o
objetivo de facilitar a aprendizagem. O lúdico esta presente na natureza humana, em
todas as fases da vida, seja ela com ou sem regras, permitindo a integração social
entre os indivíduos envolvidos, sejam eles tímidos, apáticos ou afoitos. Com o lúdico
os discentes aprendem brincando, havendo uma ação progressiva em seu
conhecimento e contribuindo para articulação e interação entre os diferentes níveis
educacionais (STEFANELO, 2011, p. 112 ).
Nessa contextualização teórica buscou-se refletir sobre meios didáticos para
superar o “analfabetismo cartográfico”. Essa pesquisa com sua proposta de
intervenção pedagógica vislumbra dar esperança e inspiração a outros docentes de
Geografia preocupados com o ensino da Cartografia e no desenvolvimento
educacional de seus alunos.
A PROPOSTA EM SI
A proposta da alfabetização cartográfica foi aplicada em alunos do 6° ano do
Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro, de Colombo, na região
Metropolitana de Curitiba – Paraná, pois se verificou uma grande deficiência na
compreensão e leitura de mapas. Fato constatado na maioria dos alunos que chega
ao 6° ano rede pública de ensino.
Esse trabalho se justifica a partir do momento em que entendemos a
necessidade de habilitar os alunos para a leiturização de mapas para atender as
Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Estado do Paraná (DCEs) no
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ensino de Geografia. Nessas diretrizes está previsto que a linguagem cartográfica
seja abordada ao longo dos anos nos níveis Fundamental e Médio, pois se trata de
um conhecimento essencial ao entendimento dos conteúdos geográficos. E, os
mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos alunos como se fossem textos, passíveis
de interpretação, problematização e análise crítica.
É responsabilidade do professor motivar os alunos a lerem e interpretarem
um mapa como se fosse uma tarefa significativa e interessante, auxiliando-os a
desenvolver a capacidade de lidar com esta forma de linguagem, ou seja, alfabetizá-
los cartograficamente para que possam decodificar os símbolos e significados
específicos da linguagem cartográfica – como linhas, sinais, cores, granulados,
formas e texturas; possibilitando-lhes, enfim, condições para leitura e interpretação
de qualquer representação gráfica sem recurso tecnológico como se estivesse lendo
naturalmente as linhas de um texto.
A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam
conhecimentos sobre a linguagem cartográfica em dois sentidos: como pessoas que
representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas. O
objetivo básico da alfabetização cartográfica proposto pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais para a Educação Básica (PCNs) supõe o desenvolvimento das noções de
visão obliqua, visão vertical, imagem tridimensional, imagem bidimensional,
construção de noção de legenda, proporção e escala, lateralidade, referencia e
orientação. A construção dos conceitos de visão vertical e obliqua facilita a
transposição de imagens tridimensional para a bidimensional, a lateralidade será
trabalhada no sentido e desenvolver noções de orientação favorecendo a
localização, e compreensão, a proporção ajuda a desenvolver as noções de escala,
e finalmente, a legenda, com a função de, por meio de símbolos, representar
objetos, fenômenos e lugares destacado no mapa, devendo, por esta razão, ser
clara e objetiva, no sentido de facilitar a leitura de mapas.
Assim, foram propostas atividades com os seguintes objetivos: possibilitar
aos alunos da Educação Básica, a compreensão da linguagem cartográfica, por
meio de práticas lúdicas no contexto escolar, concretizando a aprendizagem
proposta nas Diretrizes Curriculares da Geografia; e como objetivos específicos:
propiciar práticas para que o aluno possa interpretar e produzir representações do
espaço com autonomia; assimilar a linguagem cartográfica para a leiturização e
compreensão das múltiplas funções do mapa.
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As atividades lúdicas foram nominadas conforme o momento de
aprendizagem: Mapa-múndi, o continente Americano, rosa dos ventos, a vez das
cantigas de roda. Essas atividades visam um real aprendizado da Cartografia.
ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Foram desenvolvidas 9 atividades, mas o escopo deste artigo não permite
que a contemplação de todas as atividades. Diante disso, elegemos 3 atividades
lúdicas, por sua boa aceitação e interação entre os alunos, para explicar como foi
todo o processo. Dentre as atividades propostas destacamos: Reconhecimento e
leitura da imagem cartográfica do “Mapa Mundi”; “Continente Americano”; e “Rosa
dos Ventos” com atividade lúdica envolvendo as cantigas de roda.
Na atividade Mapa Mundi objetivou-se pintar um espaço previamente
definido – denominado Espaço 1 – na parede interna que circunda o pátio da escola,
um Mapa Mundi com aproximadamente 2 metros de comprimento por 1 metro de
altura contendo o contorno dos continentes e indicativos dos oceanos e legendas
com as respectivas denominações. Partiu-se, assim, de uma abordagem
abrangente, que se utilizou de estratégia expositiva em sala de aula e local com
participação oral dos alunos para o reconhecimento de dados básicos em um mapa:
contornos, limites e disposição dos territórios.
O material utilizado foi o modelo do Mapa Mundi, em escala gráfica e 1 m:cm
(1 metro por centímetro); rolo de papel vegetal; calculadora, réguas, lápis e
borracha; tinta acrílica de diferentes cores, solvente e pincéis de diferentes
tamanhos. Esse trabalho foi realizado pela professora pesquisadora com os alunos,
sendo que esses ficaram responsáveis por pintar as áreas em destaque, seguindo a
orientação dada. Tratou-se de uma estratégia favorecedora da compreensão sobre
os contornos e limites dos continentes e suas proximidades, legenda, dentre outros
aspectos que puderam ser tratados nesta abordagem inicial.
A avaliação de aproveitamento compreendeu a participação dos alunos, os
questionamentos procedentes colocados quando da realização das atividades. Ao
final, os alunos produziram textos individuais sobre o assunto, descrevendo a
atividade realizada e o que apreenderam em termos geográficos com esse exercício.
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A atividade referente ao Continente Americano, teve como objetivo promover
a leitura e o reconhecimento da imagem cartográfica do mesmo. Também foi pintado
em espaço previamente definido – denominado Espaço 2 – na parede interna que
circunda o pátio da escola, um Mapa do Continente Americano, com
aproximadamente 1 metro de comprimento por 2 metros de altura, com o contorno
das três Américas: Norte, Central e Sul, e, indicativos dos oceanos, com legendas
contendo as respectivas denominações.
Nesse mapa, na América do Sul, destacou-se o Brasil, com contorno mais
intenso e preenchido com as cores verde e amarela. Os materiais necessários para
essa atividade foram: modelo do mapa do Continente Americano, da América do Sul
e do Brasil em escala gráfica e 1m:cm (1 metro por centímetro); rolo de papel
vegetal; calculadora, réguas, lápis e borracha; tinta acrílica de diferentes cores,
solvente e pincéis de diferentes tamanhos.
Essa atividade também foi realizada pela professora pesquisadora com os
alunos, sendo que esses ficaram responsáveis por pintar as áreas em destaque,
seguindo a orientação dada. Tratou-se de uma estratégia favorecedora da
compreensão sobre os contornos e limites dos continentes, suas proximidades,
legenda, dentre outros aspectos que puderam ser tratados nesta abordagem.
A avaliação de aproveitamento compreendeu a participação dos alunos nos
questionamentos procedentes colocados quando da realização das atividades. Ao
final, os alunos produziram textos individuais sobre o assunto, descrevendo a
atividade realizada e o que aprenderam em termos geográficos com esse exercício.
Na atividade com a Rosa dos Ventos o objetivo foi promover a leitura e o
reconhecimento cartográfico da Rosa dos Ventos. A metodologia empregada
também foi pintá-la na calçada do pátio da escola, com aproximadamente 3 metros
de comprimento por 3 metros de altura e legendas indicativas dos pontos cardeais e
subcolaterais.
Primeiramente, traçaram-se no piso as linhas de uma cruz e, sobreposta as
linhas de um “x”. Em seguida, alunos foram organizados em oito grupos e orientados
pela professora, e com o auxílio de uma bússola, os alunos compuseram os pontos
de referência da Rosa dos Ventos: Grupo 1, marcar com O, a direção oeste; Grupo
2, marcar com SE, a direção Sudeste e assim sucessivamente. Depois de marcados
todos os pontos e identificado o Norte com o auxílio da bússola, os alunos auxiliaram
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a professora a colorir as faces escuras e claras de cada haste que constitui a Rosa
dos Ventos e os pontos cardeais.
Os materiais necessários foram: bússola; modelo da Rosa dos Ventos em
formato A2; compasso grande feito com hastes de metal e barbante; rolo de papel
vegetal; calculadora, réguas grandes, lápis giz colorido; tinta acrílica de diferentes
cores, solvente e pincéis de diferentes tamanhos.
A avaliação compreendeu a participação dos alunos e a qualidade de
produção textual, individual, sobre o assunto. Na atividade lúdica com as cantigas de
rodas, procurou-se promover a aprendizagem de conteúdos cartográficos por meio
das cantigas.
Diferentes formas de brincadeira puderam ser desenvolvidas a partir dos
painéis pintados nas paredes e no piso do pátio. Com brincar de roda cantando:
“Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia
vamos dar, e pelo Equador vamos passar”. Além de outras adaptações para o
Trópico de Câncer ou de Capricórnio. Como também: “O meu colega chamou pra
latitude passar, pela latitude passei e meu colega abracei”.
Adaptaram-se as cantigas de roda e criaram-se novos temas para promover
a aprendizagem de forma divertida e calcada na repetição. Embora seja uma
estratégia tradicionalista, essa repetição possibilitou a fixação dos nomes e a
posição das linhas imaginárias.
A avaliação compreendeu o nível de aprendizagem, expresso em produção
textual sobre as linhas imaginárias, possibilitando a situação e distância a partir de
coordenadas geográficas.
As atividades aqui citadas foram implementadas nas paredes e no chão da
escola nas cores da bandeira nacional, permitindo um acesso visual e tátil, e
brincadeiras de roda e jogos de amarelinha, esta realização com os alunos permitiu
aos mesmos a compreensão de como é importante ser alfabetizado. Observa-se que
já acontecem debates entre docentes e discentes a respeito da visão cartográfica.
Sabe-se que ainda falta um longo caminho a ser percorrido para que os
resultados qualitativos da alfabetização cartográfica possam ser absorvidos pelos
educandos. Porém, a presença constante deste material didático facilita e favorece o
aprendizado, redimensionando a prática escolar dos professores de Geografia,
alunos e disciplina afins. As atividades implementadas esta ao alcance de toda
comunidade escolar, houve mudanças as quais vem promovendo dia após dia o
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desenvolvimento da linguagem cartográfica, favorecendo a alfabetização e um outro
olhar para a Cartografia, objetivos estes, pretendido por este projeto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que o educando venha a entender a linguagem cartográfica, é
fundamental lhe oferecer a maior diversidade possível de objetos de estudos,
mapas, globos, atlas, coordenadas geográficas, entre outras dentro de uma visão
concreta, que é a realidade desta implementação, confeccionada nas paredes e
pátios da escola.
Nesta perspectiva a pesquisa “O ensino da Geografia na escola: uma
proposta de alfabetização e leiturização cartográfica” desenvolveu atividades como
um processo permanente. Pois, a aprendizagem é mais efetiva se a atividade estiver
adaptada às situações do cotidiano, como, por exemplo, o interior da escola no qual
o educando estuda, vive e se relaciona com o outro.
Instrui-se que estas práticas não sejam vedadas, determinando um período
exclusivo para seu desdobramento. As mesmas devem estar inseridas nas
diferentes formas de trabalho na rotina escolar, como a interdisciplinaridade por
exemplo. A pesquisa pelo docente e a inserção da cartografia aos conteúdos e
temáticas devem ser desenvolvidos durante o período letivo, explorando assim a
exposição dos mapas pintados nas paredes e pátios da escola. Prática essa que
visa diminuir a taxa de analfabetismo cartográfico existente em diferentes níveis na
escola.
Este saber vai ser socializado na escola e levado para a vida familiar dos
educandos e a comunidade a qual ele está inserido. As ações de ensino devem ser
sistemáticas e contínuas, pois a forma como se aplicou as atividades proporciona
recursos para essa continuidade como meio de mudanças culturais, educacionais e
um novo olhar ao espaço em que se habita. É fundamental perseverar na
alfabetização cartográfica, por meio de ações eficientes e contínuas para que
modificações ocorram em relação a superação desse déficit que é a alfabetização
cartográfica.
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O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) oportunizou-me, ao
longo de dois anos (2013-2014), tempo para pesquisar e construir um projeto de
Alfabetização Cartográfica, no qual os discentes poderiam ser alfabetizados na
Cartografia. Favoreceu-se aos educandos a produção e interpretação de mapas,
coordenadas geográficas e o espaço a sua volta, sem o uso de tecnologia nos locais
aonde o projeto viesse a ser implementado.
Essa pesquisa foi referenciada nos aportes teóricos-metodológicos de
autores da área da Geografia Cartográfica e nas Diretrizes Curriculares do Estado
do Paraná. Buscou-se contribuir com o ensino da Cartografia nas escolas públicas
do Estado, nível fundamental ou médio, proporcionando uma metodologia lúdico-
prática de fácil aplicabilidade, possibilitando a concretização da implementação
deste projeto em todo estabelecimento escolar. Nesse sentido, essa pesquisa
objetivou diminuir os números de analfabetos cartográficos nas instituições escolares
por meio de uma produção didática de atividades de implementação, cuja pesquisa
científica está aberta a novas possibilidades e investigações.
REFERÊNCIAS
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PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Cartografia para o Ensino de Geografia a Alfabetização Cartográfica; Simples e Prática. In: CALVENTE, M. de C. M.; ARCHELA, R. S.; GRATÃO, L. H. B.(orgs). Múltiplas Geografias; ensino – pesquisa – reflexão. v.5. Londrina: edições Humanidades, 2007. RUA, J.; WASZKIAVICUS, F, A.; TANNURI, M. R. P.; PÓVOA NETO, H. Para Ensinar Geografia: contribuição para o trabalho com 1º e 2º Graus. Rio de Janeiro: Access, 1993
SIMIELLI, M. E.R. Cartografia no ensino fundamental e Médio. In; CARLOS, A. F. A.(Org.) A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 1999. STEFANELLO, A. C. Didática e avaliação da aprendizagem do ensino de Geografia. 2 ed. Revista e atualidade. Curitiba: IBPEX, 2011. Coleção Metodologia do Ensino de História e Geografia: v. 2.