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7/23/2019 Relatorio 132-2009
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PROPOSTA DE ARQUIVAMENTO
1. O presente processo foi instaurado na sequncia de uma participao da Exma.
Senhora D. Ordem dos Mdicos, datada de
2. Nos termos daquela participao vinha alegado o seguinte:
. residente na , vem expor a Vossas Excelncias a seguinte situao:
O meu pai, , foi assistido na Urgncia do Hospital no passado dia ,
com vmitos violentos, dor abdominal e vertigens. Na Urgncia, fizeram
um exame clnico geral. O meu pai estava consciente e colaborante.
Os vmitos eram to violentos (3 episdios s no servio de Urgncia) e
a vertigem to intensa que no foi possvel avaliar o equilbrio e a
marcha.
Foi feito o diagnstico de sndrome violento e vertiginoso em estudo.
O TAC cerebral realizado s 18 horas desse mesmo dia no mostrou
leses agudas no crebro.
Sucede que, a posteriori, ou seja, aps falecimento do meu pai, foi-me
dito que do TAC j resultava haver indcios de infeco do ouvido
esquerdo. Apresentava qualquer coisa nos cortes, o que no foi
valorizado. Ou seja, o TAC deveria ter tambm versado sobre os ouvidosatento o facto de haver vertigens.
Uma vez que os vmitos voltavam sempre que o meu pai tentava
levantar-se, foi medicado com fluidoterapia e paracetamol.
O nistagmo horizonte rotario para a direita no cessada. Supostamente,
o problema era esquerda.
O diagnstico foi de vertigem por crises benigna posicional.
S que no era por crises, porque estava com nistagmo permanente.
Benigna tambm no, pois incapacitava totalmente.
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E no era posicional, pois mesmo deitado continuava com manifestaes
violentas.
Ou seja, foi feito ao meu pai o diagnstico errado. O correcto seria
sndrome vertiginoso violento, como vim a saber depois. Ou seja, seria
um problema de ouvido.
O meu pai tinha febre, caso contrrio no lhe tinham dado a medicao
que recebeu.
Apresentava tambm dor do ouvido esquerdo intensa. Seria muito
provavelmente um problema de ouvido interno e mdio. Ou seja, a
causa remota estava no ouvido esquerdo.
Os sintomas eram de otite mdia aguda esquerda, era isto que devia ter
sido diagnosticado.
O meu pai no deveria ter sado do Hospital e o tratamento deveria ter
sido diferente.
S foi visto por um Interno, devia ter sido visto por um especialista.
Deveria ter sido internado em Otorrinolaringologia com antibitico
intensivo por via venosa, pois vomitava.
H parmetros nas anlises feitas s que j indicavam infeco
(neutrfilos e linfcitos); e a anlise urina descreve protena Creactiva.
O meu pai foi para casa pior do que tinha entrado no Hospital ..
Os sintomas agravaram-se e as febres eram altssimas, bem como as
dores de cabea.
No dia fui sozinha falar com a mesma mdica que o assistira no dia ,
Dra. , que me disse para me dirigir ao mdico de famlia, o que fiz, e
que mandou de volta para a Urgncia.
Voltei ao Hospital .
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Feito novo TAC e puno lombar confirmou-se o diagnstico de
meningite.
sabido que doentes com problemas cancerosos (que o meu pai tivera)
e as otites podem trazer um factor de risco, pois h menos resistncias
e defesas.
Foi pedida a passagem para os cuidados intensivos, onde o meu pai deu
entrada no dia .
As anlises reflectiam uma infeco generalizada (plaquetas, neutrfilos
e protena C reactiva - 10 vezes mais).
O Otorrinolaringologista, Dr. , s apareceu no dia e mandou lavar os
ouvidos.
S que deveria ter feito uma puno no ouvido esquerdo, a chamada
miringotomia, e nem sequer era preciso anestesia, pois o meu pai
estava inconsciente.
Logo no dia devia ter tirado pus para anlise, drenar e ventilar para
sair o pus. Tambm nesse dia no fez avaliao do pescoo nem avaliou
a dor no mastide; devia pelo menos verificar se havia sinais de
tumefaco no tero superior do pescoo. Depois da anlise cirrgica de
drenagem da mastide e do ouvido mdio e explorao do vaso que lestava, havia de se apurar se havia trombose no seio lateral, pois se
houvesse teria de se fazer drenagem urgente. No dia seguinte tnhamos
o resultado da anlise e podia haver condies para a cirurgia.
S que, com a espera, acumulou-se pus na mastide no ouvido mdio,
no labirinto esquerdo (entrada rpida para o crebro).
Tambm no foi chamado o servio de doenas infecciosas.
Deveria ter havido uma conferncia mdica com as diferentes
especialidades.
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Mas ficou-se por um Interno de Otorrino.
Para alm do diagnstico inicial errado, tiveram dias para tratar o
meu pai, que acabou por falecer por j ser tarde demais.
Anexo a reclamao que apresentei no Hospital e a resposta mesma,
bem como os elementos clnicos que tenho em meu poder.
Agradeo apreciao deste caso, uma vez que minha inteno
accionar judicialmente o Hospital e os mdicos que assistiram
o meu pai, mas gostaria de ter um parecer da Ordem dos
Mdicos relativamente existncia de eventuais infraces por
parte dos mdicos.
Naturalmente que sou leiga nesta matria, vou ouvindo, aqui e
acol, pessoas dizerem-me que houve negligncia do Hospital e
dos mdicos. Contudo, fao grande confiana na Ordem dos
Mdicos, instituio de grande prestgio a quem venho pedir
ajuda, conforme atrs relatado.
Com os meus melhores cumprimentos, subscrevo-me
3. referida participao foi junta diversa documentao, composta de cinco
anexos, que integravam a reclamao da Participante no Livro de reclamaes
do Hospital , correspondncia com a Instituio Hospitalar e cpia doprocesso clnico do doente , o que tudo aqui se d para os devidos efeitos por
integralmente reproduzido.
4. Entre essa documentao, consta a resposta do Exmo. Director do Servio de
Urgncia do Hospital reclamao apresentada pela participante, cujo teor
aqui se transcreve:
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Para responder reclamao n , a propsito de uma urgncia do
doente , em , foram consultados os registos clnicos e auditados os
intervenientes.
Juntam-se aqui as informaes dos auditados Dra. e , mdicas de
atendimento do Servio de Urgncia que observaram o doente nesse
episdio, Dr. , na qualidade de Director de Servio de ORL, Dr. ,
mdico do Servio de ORL que observou o doente no Servio de ORL e
Dr. Director de Servio de Neuradiologia que envia o relatrio do
TAC cerebral efectuado nessa urgncia pela Dra. e esclarece-se o
seguinte:
Em primeiro lugar lamenta-se a evoluo da doena com falecimento
do utente por meningite com otite mdia aguda.
O doente apresentava, nesse episdio de urgncia, um sndrome
vertiginoso intenso com nuseas, vmitos e nistagmo. Associadamente
tinha cefaleia, otalgia esquerda com sensao de ouvido tapado. No
tinha outros sinais neurolgicos e estava apirtico. O sndrome
vertiginoso foi interpretado como tendo uma causa perifrica (sem
atingimento do Sistema Nervoso Central). O doente iniciou tratamento
sintomtico, fez estudo analtico de sangue e de imagem (TACcerebral) e foi-lhe pedida observao de ORL para esclarecimento de
etiologias mais frequentes e tratveis, nomeadamente infecciosa. Em
ORL o doente efectuou exame clnico e foi-lhe aspirado cermen
bilateralmente, tendo melhorado dos sintomas do ouvido. Quer o
exame clnico quer o estudo analtico, incluindo a imagem, no
permitiram esclarecer a etiologia do sndrome vertiginoso, situao
que no rara. No existia portanto, na altura, evidncia de otite
mdia ou outra infeco. O doente ficou com indicao para
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tratamento sintomtico e vigilncia em ambulatrio. Aps teraputica
no Servio de Urgncia o doente ficou sem sintomas em repouso, no
tendo surgido sinais ou sintomas de novo, tendo-lhe sido dado alta
com indicao da necessidade de reavaliao mdica, no caso de
persistncia ou agravamento do quadro clnico ou se surgissem outros
sinais ou sintomas.
A reclamante , filha do doente, voltou no dia seguinte, , ao
Servio de Urgncia e informou a Dra. que o doente no tinha
melhorado pedindo-lhe orientao. A Dra. informou a reclamante
que seria necessrio nova observao mdica para poder opinar.
Informa-se a este propsito que no atribuio do Servio de
Urgncia a orientao/encaminhamento de doentes sem observao
mdica.
Por outro lado sempre que o doente, a famlia, amigos, acompanhantes,
ou cuidadores no se sintam confortveis com a situao clnica do
doente, este pode sempre recorrer ao Servio de Urgncia para que lhe
seja facultado o tratamento e orientao adequados situao clnica do
momento. A deciso de recorrer ao SU sempre do utente estando o
Servio de Urgncia sempre disponvel para o atender.Realce-se que na altura da alta tinha sido recomendado ao doente a
necessidade de nova observao mdica se o quadro clnico se
mantivesse ou se se modificasse.
O doente voltou a recorrer ao Servio de Urgncia, em , sendo-lhe
diagnosticado meningite e otite mdia aguda e internado em Unidade de
Cuidados Intensivos onde veio a falecer.
Portanto, de acordo com os registos clnicos, audio dos intervenientes
e pelo que atrs se expe, no se apurou que houvesse
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responsabilidade de qualquer mdico do Hospital , no desfecho clnico
do doente . Ainda da documentao anexa participao, constam
as respostas/exposies oferecidas pelos diferentes mdicos ao Director
do Servio de Urgncia do referido Hospital, na sequncia da reclamao
a propsito do atendimento prestado ao doente, as quais se
transcrevem:
4.1. Exposio da Exma. Senhora Dra. :
Relativamente ao exposto na referida reclamao em epgrafe tenho a
informar o seguinte.
1. Observei o utente Sr. de anos no dia que recorreu ao nosso SU
por queixas de nuseas com vmitos, tonturas e vertigens intensas.
Durante a observao e vigilncia mdica o doente veio a apresentar
cefaleia sem febre e queixas lgicas em ouvido esquerdo pelo que foi
realizado TAC cerebral e solicitada observao por ORL conforme consta
em relatrio do episdio.
2. Ao fim do meu turno s transferi os cuidados ao referido utente ao
cargo da colega Dra. .
3. No dia seguinte, dia , fui abordada dentro da sala laranja por uma
senhora que acedeu ao referido sector sem meu prvio conhecimentoe/ou autorizao, fato esse que j foi objecto de NOTA DE SERVIO feita
por mim, senhora essa que se identificou como filha do referido utente,
Sr. , que logo identifiquei como o doente que ficara aos cuidados da
Dra. na noite anterior.
4. A referida senhora dirigiu-se a mim e disse que seu pai estava com os
mesmos sintomas do dia anterior e queria saber o que fazia. Perguntei-
lhe se o utente se encontrava na rea amarela ao que ela respondeu
que seu pai estava em casa. Expliquei-lhe ento que era difcil fazer
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uma avaliao clnica sem ver o doente dado no ter sido eu o mdico
que deu continuidade ao atendimento do doente at a sua alta e que ela
decidisse entre trazer o utente ao SU ou chamar um mdico em casa
para uma avaliao ao que a referida senhora se mostrou insatisfeita
deixando a sala aps insultar-me.
5. Conforme j referido no item 3, nenhum segurana de servio no SU dia
(na entrada principal) ou Sr. (na sala de espera da rea laranja) me
solicitou autorizao para entrada de qualquer pessoa a sala laranja ou
a qualquer outro sector do SU.
4.2. Exposio da Exma. Senhora Dra. :
Observei o Sr. , de anos, na rea Amarela do Servio de Urgncia
do Hospital , no dia .
O doente passou a constar do meu perfil ALERT, aps a passagem do
turno, que ocorreu s , tendo sido transferida a sua responsabilidade
pela Dr. . Foi-me transmitido, oralmente, que se tratava de um
doente com um sndrome vertiginoso, j observado pela Especialidade
de Otorrinolaringologia e com estudo analtico e imagiolgico normais.
Reavaliei o doente tendo constatado que mantinha o quadro vertiginoso,
pelo que repetiu anti-emtico, por volta das .. A histria clnica eexame fsico eram sobreponveis aos j registados anteriormente pela
Dr.a . Por volta das mantinha vertigem, embora menos exuberante,
tendo repetido nova dose de metociopramida IV. Notou-se diminuio
dos sintomas, mantendo vertigem residual com a movimentao da
cabea. Dada a histria clnica obtida, o exame fsico efectuado, a
ausncia de sinais de gravidade no TC cerebral realizado e o estudo
analtico sem aumento significativo dos parmetros sricos de infeco,
foi explicado filha que, data, o diagnstico mais provvel era o de
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Vertigem Paroxstica Benigna, pelo que deveria manter tratamento
sintomtico com metociopramida oral e iniciar teraputica anti-
vertiginosa oral com beta-histina, na dose de 16mg tid, frmaco no
disponvel hospitalarmente. Foi tambm explicada a necessidade de
vigilncia do doente, tendo sido dada a indicao da necessidade de
reavaliao mdica em caso de manuteno ou agravamento do quadro
sintomtico descrito, assim como no caso de aparecimento de nova
sintomatologia.
O doente teve alta , altura em que estava assintomtico em
repouso, consciente e colaborante, sem sinais neurolgicos e sem
evidncia de quadro de etiologia infecciosa.
4.3. Exposio do Exmo. Senhor Dr. Relativamente exposio
apresentada pela Sra. , cumpre-me informar o seguinte:
1. Observei o Sr. no dia por pedido de parecer especialidade de
Otorrinolaringologia (ORL) em doente com sndrome vertiginoso muito
sintomtico e de difcil controlo, queixando-se associadamente de
sensao de ouvido tapado e otalgia esquerda. Apirtico.
2. Ao exame fsico de ORL identificou-se canal auditivo estreito e presena
de cermen bilateralmente. Aps a aspirao do cermen o doentedeixou de ter sensao de ouvido tapado. Apresentava pequena
ruborizao central da membrana timpnica esquerda (podendo ser
atribuda a limpeza do canal), mas sem otite mdia aguda ipsilateral. A
otoscopia era normal direita (aps aspirao do cermen). Tinha
igualmente nistagmo grau I rotatrio direito, com componente torsional
no sentido inverso dos ponteiros do relgio. A tomografia computorizada
cerebral no revelou alteraes do tipo agudo ou crnico em termos do
ouvido mdio e mastide.
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4.4.
Exposio da Direco do Servio de ORL do Hospital .
Relativamente exposio apresentada pela Sra. , e depois de ouvir
o Dr. , Interno Complementar de Otorrinolaringologia do 3 ano,
cumpre-me informar o seguinte:
1. O Sr. Silva foi observado no dia de por pedido de parecer
especialidade de Otorrinolaringologia (ORL) em doente com sndrome
vertiginoso muito sintomtico e de difcil controlo, queixando-se
associadamente de sensao de ouvido tapado e otalgia esquerda.
Apirtico.
2. Ao exame fsico de ORL identificou-se canal auditivo estreito e presena
de cermen bilateralmente. Aps a aspirao do cermen o doente
deixou de ter sensao de ouvido tapado. Apresentava pequena
ruborizaao central da membrana timpnica esquerda (podendo ser
atribuda a limpeza do canal), mas sem otite mdia aguda ipsilateral. A
otoscopia era normal direita (aps aspirao do cermen). Tinha
igualmente nistagmo grau I rotatrio direito, com componente torsional
no sentido inverso dos ponteiros do relgio. A tomografia computorizada
cerebral no revelou alteraes do tipo agudo ou crnico em termos do
ouvido mdio e mastide.3. Em virtude de considerar a conduta do Dr. correcta, no tenho nada
a acrescentar.
5. Com aquela documentao vinha igualmente anexada cpia de informao do
Exmo. Director do Servio de Neurradiologia ao Exmo. Director do Servio de
Urgncia do Hospital com a transcrio do relatrio de Tomografia
Computorizada Cerebral solicitada pela Sra. Dra. ao doente Sr. , a saber:
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No se observam imagens de leso isqumica aguda, hemorrgica ou
expansiva. Ausncia de reas de captao anmala de contraste.
Calcificaes ateromatosas das artrias vertebrais, basilar e cartidas
internas. Pequeno quisto aracnide retrocerebeloso esquerdo
6. Na sequncia do recebimento daquela documentao, foi remetido um ofcio
Direco Clnica do Hospital , com pedido de envio de cpia do processo
clnico atinente ao doente .
7. Foi ainda remetido um ofcio aos Exmos. Senhores Dra , Dra. e Dr. .
para, querendo, se pronunciarem sobre os termos da participao e
documentao anexa mesma.
8. Em resposta, a Exma. Senhora Dra. , exps o seguinte:
Em resposta reclamao apresentada pela Exma. Senhora quero,
antes de mais, lamentar a evoluo clnica do pai da arguente, que
data da minha observao era imprevisvel.
Como j referido, na exposio por mim efectuada, ao Exmo. Sr. Dr. ,
na qualidade de Director do Servio de Urgncia do Hospital , observei
o Sr. , de anos, na rea Amarela do Servio de Urgncia do
Hospital referido, a do ano corrente.
Aps a passagem do turno, que ocorreu s , a Dr.
comunicou-meque tinha sua responsabilidade um doente com um sndrome
vertiginoso, j observado pela Especialidade de Otorrinolaringologia e
com estudo analtico e imagiolgico normais, altura em que o doente
passou a constar do meu perfil ALERT.
Ao longo do meu turno na rea Amarela do Servio de Urgncia
reavaliei o doente, tendo constatado que mantinha vertigem posicional,
queixa que me tinha sido transmitida como o motivo de recurso ao
Servio de Urgncia, pelo que repetiu anti-emtico, por volta das ,
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sendo que at aquela altura o doente tinha feito uma dose de
metoclopramida intravenosa.
Reavaliei novamente o doente em questo, por volta das , que
mantinha vertigem, embora muito menos exuberante, tendo repetido
nova dose de metoclopramida intravenosa. Aps a repetio do frmaco
enunciado notou-se diminuio acentuada da sintomatologia j descrita
mantendo, apenas, vertigem residual com a movimentao da cabea.
Em nenhum momento o doente em questo, ou a sua acompanhante,
que se manteve sempre junto ao doente, pelo menos durante as horas
que ocorreram durante o meu turno, activa ou passivamente referiram
cefaleia ou qualquer outro sintoma que pudesse apontar para uma
causa neurolgica central, justificativa do quadro vertiginoso perifrico.
Tal como j foi, por mim, referido na exposio anteriormente efectuada
no mbito da reclamao dirigida ao Hospital de , dada a histria clnica
obtida, o exame fsico efectuado, a ausncia de sinais de gravidade na
tomografia cerebral realizada e o estudo analtico sem aumento
significativo dos parmetros sricos de infeco, foi explicado ao doente
e sua acompanhante que, data, o diagnstico mais provvel era o de
Vertigem Paroxstica Benigna, pelo que deveria manter tratamentosintomtico com metoclopramida oral e iniciar teraputica anti-
vertiginosa oral com beta-histina, na dose de 16mg tid, frmaco no
disponvel no Servio de Urgncia. Foi tambm explicada a necessidade
de vigilncia activa do doente, tendo sido dada a indicao da
necessidade de reavaliao mdica em caso de manuteno ou
agravamento do quadro sintomtico descrito, uma vez que este deveria
ser auto-limitado, assim como no caso de aparecimento de qualquer
sintomatologia de novo. Quer o doente, quer a sua acompanhante, a
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participante do processo em questo, compreenderam o que lhes foi
dito, sendo prova disso o facto de esta ter regressado no dia seguinte
ao Servio de Urgncia.
Em resposta directa exposio da participante tenho a dizer que:
1. Em nenhum momento o doente referiu, passiva ou
activamente, queixas lgicas, quer do foro ceflico, abdominal ou
otolgico;
2. Trs episdios de vmitos no constituem "vmitos (...)
violentos";
3. No foram nunca usados os termos "sndrome violento e
vertiginoso em estudo";
4. O nistagmo no era permanente, sendo s despertado por
manobras elicitantes de tal;
5. O facto de o doente se sentir, obviamente, incapacitado em
nenhum momento excluiu a benignidade aparente do quadro; O doente
no apresentava manifestaes em repouso, no momento da alta, ao
contrrio do que referido na exposio, o que est devidamente
registado no episdio ALERT, tambm constante da documentao
anexa ao processo enviado;7. No momento da alta, o diagnstico atribudo e explicado
acompanhante no foi errado mas sim presuntivo, como a grande
maioria dos diagnsticos clnicos o so;
8. O doente no apresentava febre, nem otalgia, o que j foi
anteriormente referido por mim;
9. Os parmetros sricos de infeco doseados no apontavam
para causa infecciosa;
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10. O utente no saiu do Servio de Urgncia "pior do que tinha
entrado", muito pelo contrrio, no s estava assintomtico, como
compreendeu e aceitou, tal como a sua acompanhante, que no
momento no tinha necessidade de outros cuidados urgentes para alm
dos j institudos, devendo voltar para o domiclio, sob vigilncia clnica
activa.
A avaliao clnica e diagnostica do doente corroborada pelo Exmo. Sr.
Dr. , Director do Servio de Urgncia do Hospital , expressa na
exposio por ele efectuada, que faz tambm parte da documentao
anexa ao processo que me foi enviado. Perante tudo o que foi descrito,
o diagnstico de Vertigem Paroxstica Benigna Posicional, confirmado
por mim, no s foi o possvel como o correcto, mediante os dados
clnicos disponveis na altura.
Sem mais e com os meus respeitosos cumprimentos, estando
obviamente, disponvel para todos os esclarecimentos adicionais que
entender necessrios.
9. Foi junto aos autos um ofcio da Unidade Integrada de Gesto de processos
documentais do Hospital a qual, em resposta ao solicitado, remeteu a este
Conselho Disciplinar cpia integral do processo clnico atinente ao referidodoente, o qual aqui se d para os devidos efeitos por integralmente
reproduzido.
10.Ainda ao aludido ofcio deste Conselho Disciplinar, a Exma. Senhora Dra.
respondeu nos seguintes termos:
Relativamente ao exposto no processo identificado em epgrafe, venho
prestar as seguintes informaes e esclarecimentos:
1. Observei o utente Sr. de anos no dia s no SU do Hospital
onde exero funes como mdica do quadro do Servio de Urgncia. O
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utente em questo recorreu ao SU por queixas de vmitos, tonturas e
vertigens que se iniciaram na manh daquele dia. Durante a observao
e vigilncia o doente apresentou vrios episdios de vmitos biliares,
manteve-se sentado pois referia piora dos sintomas na posio deitado
tendo melhorado significativamente aps a teraputica introduzida.
Referiu tambm na sequncia da observao cefaleia e otalgia esquerda
com "sensao de ouvido tapado". Negava febre e manteve-se apirtico
no SU.
2. Atendendo a persistncia da vertigem, da otalgia e a constatao em
exame fsico de nistagmo importante cerca de 3 horas aps a
observao inicial solicitei TAC Cerebral para despite de causa central e
observao por ORL para despite de causa otolgica cujos resultados e
relatrios encontram-se anexo neste processo.
3. O estudo analtico ao sangue se mostrou inespecfico com marcadores
de infeco/inflamao muito ligeiramente alterados.
4. Ao fim do meu turno, s hs, transferi a responsabilidade dos cuidados
ao Sr. Senhora Dra. que iniciava funes no turno da noite, uma
vez que o doente ainda permanecia sintomtico.
5.
No dia seguinte por volta das hs, portanto depois de mais de hsaps a primeira observao do doente e cerca de horas aps sua alta
hospitalar, a filha do doente e autora dessa participao, abordou-me
nas dependncias do Servio de Urgncia mais especificamente no
interior da sala de atendimento dos doentes graves (laranja por triagem
de Manchester) sem meu prvio consentimento. Identificou-se e disse-
me que seu pai se encontrava de novo com os mesmos sintomas do dia
anterior e que eu "tinha que dizer o que ela deveria fazer". Uma vez que
o doente no se encontrava no servio de urgncia e sim em sua casa,
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esclareci a senhora que no tendo sido eu a mdica responsvel pela
alta do doente e por sua ltima observao mdica, no poderia
formalizar um juzo clnico sem observar o doente e que deveria decidir
entre trazer o pai ao SU ou solicitar observao por um mdico no
domiclio. Perguntou-me, ento, a quem chamaria (!!). A senhora se
mostrou insatisfeita com as solues apresentadas deixando o recinto de
forma pouco convencional. No dia seguinte, portanto no dia , soube
que o Sr. teria dado nova entrada no SU aps mais de horas de sua
primeira observao e cerca de horas aps sua alta hospitalar por
febre elevada desde o dia seguinte ao primeiro atendimento.
11.Por seu turno, o Exmo. Senhor Dr. respondeu nos seguintes termos:
Interno da Especialidade de Otorrinolaringologia, mdico com a cdula
n 1, notificado do teor da queixa apresentada por , DIZ:
1. Naturalmente que o Signatrio no pode pronunciar-se em relao
aos factos e/ou actos praticados e que no digam respeito s suas
intervenes.
2. Convm esclarecer que no dia do primeiro recurso urgncia (seja,
dia ) o Signatrio teve a interveno na medida em que a Dra.
solicitou que a Urgncia de Otorrinolaringologia observasse o doente,3. e conforme se encontra relatado a fls. 21 do processo/participao,
nesse dia o Signatrio observou o doente, supervisionado pela
Especialista em presena.
4. O mesmo encontrava-se apirtico, com sndrome vertiginoso muito
sintomtico e de difcil controlo, queixando-se associadamente de
sensao de "ouvido tapado" e otalgia esquerda.
5. Identificou-se canal auditivo estreito e presena de cermen
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bilateralmente. Aps a aspirao do cermen o doente deixou de ter
sensao de "ouvido tapado". Apresentava pequena ruborizao central
da MT esquerda (podendo ser atribuda a limpeza do canal), mas sem
sinais otoscpicos de otite mdia aguda ipsilateral. A otoscopia era
normal direita (aps aspirao do cermen). Observou-se nistagmo
grau I rotatrio direito, com componente torsional no sentido inverso
dos ponteiros do relgio.
6. De salientar que a tomografia computorizada cerebral ento realizada
no revelava alteraes do ouvido mdio e mastide.
7.Assim, a interveno do Signatrio foi de tal modo correcta que a
prpria Queixosa nem sequer a evidencia na participao.
8. No foi o Signatrio responsvel pela alta do doente, to pouco pela
situao posteriormente descrita e que possa ter justificado que a
segunda ida Urgncia apenas tenha ocorrido no dia s .
9. Posteriormente, no dia (j perto das , seja do incio do dia ), o
Servio de Urgncia de Otorrinolaringologia foi contactado pela Unidade
de Cuidados Intensivos para observar o doente na respectiva Unidade, o
que fizeram prontamente como at decorre do facto de, no dirio clnico,
o registo do Signatrio ser das .,.. (cfr. fls. do processo).10. O Signatrio deslocou-se Unidade acompanhado pela Mdica
Especialista , Assistente Hospitalar.
11. Nessa altura o doente apresentava choque sptico com atingimento
menngeo sem diagnstico preciso de otite mdia (cfr. topo de fls. e
do processo).
12. O Signatrio ao observar o doente diagnosticou (e como se disse,
devidamente supervisionado pela Mdica ) uma otite mdia aguda com
canal auditivo estreito.
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13.A miringotomia a que a Queixosa se refere a fls. no chegou a ser
efectuada ao doente.
14. Na verdade, face ao canal auditivo estreito e condies existentes na
Unidade mencionada, esta cirurgia, que implica utilizao de
microscpio, deveria ser efectuada no bloco operatrio.
15.Assim, o doente foi transmitido equipa da manh que efectuaria tal
acto cirrgico (cfr. parte inferior esquerda fls. ).
16. O Signatrio encontra-se a frequentar o Ano da Especialidade de
Otorrinolaringologia.
17. O Signatrio no sendo Especialista , no entanto mdico autnomo
tendo, ao longo destes anos em que frequenta a Especialidade,
adquirido conhecimentos prprios desta sendo que, naturalmente, os
actos por si praticados se encontram ao seu alcance cientfico e tcnico,
18. tanto mais que, como foi dito o Mdico actuou sempre com a
superviso da Dra. .
19.Nenhum dos actos praticados violaram as legis artis, to pouco foi
praticada alguma omisso de cuidado.
20.Assim, no podem restar dvidas que luz das disposies em vigor
- seja qual for o tipo de responsabilidade que se pretenda assacar aoSignatrio - no h qualquer fundamento para o presente processo
21.pelo que dever o mesmo ser arquivado.
Prova (caso se mostre necessria ao esclarecimento da verdade):
Inquirio da Exma. Senhora Dra. que a notificar no Servio de
Otorrinolaringologia do Hospital .
12.
Cumpre apreciar e decidir.
13.Em resumo, nos termos da participao, a Participante queixa-se da assistncia
prestada ao seu pai, , no SU do Hospital , que ali recorreu no dia .
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14.
Alega, para tanto, desconsiderao negligente de sintomas que, se
devidamente ponderados e avaliados, teriam permitido o diagnstico correcto,
evitando alta que, no seu entender, no deveria ter sido atribuda.
15.Queixa-se ainda de aquando do segundo internamento no ter sido feita uma
avaliao correcta do estado clnico do doente e de no ter sido institudo
imediatamente o tratamento que se lhe impunha, designadamente uma
miringotomia, sendo que dessa omisso resultou agravamento do estado
infeccioso que veio a determinar a sua morte.
16.Os mdicos que intervieram na assistncia ao doente foram chamados a
pronunciar-se, refutaram as imputaes feitas pela Participante,
designadamente quanto sintomatologia e estado clnico invocados, antes
pugnando pela correco da sua interveno. Compulsada a documentao e
registos clnicos, ressalta em resumo que:
16.1. O doente recorreu ao SU em por queixas de nuseas com
vmitos, tonturas e vertigens intensas;
16.2. Foi observado pelas , apresentando sndrome vertiginoso
intenso com nuseas, vmitos e nistagmo; tinha associada
cefaleia, otalgia esquerda com sensao de ouvido tapado; no
tinha outros sinais neurolgicos e estava apirtico;16.3. Foi iniciado tratamento sintomtico, realizado estudo analtico
de sangue e de imagem (TAC cerebral) e pedida observao de
ORL para esclarecimento de etiologias mais frequentes e
tratveis, nomeadamente infecciosa;
16.4. Em ORL o doente efectuou exame clnico e foi-lhe aspirado
cermen bilateralmente, tendo melhorado dos sintomas do
ouvido;
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16.5.
Aps a passagem do turno, que ocorreu s do dia , o
doente foi reavaliado sendo que a histria clnica e exame fsico
eram sobreponveis aos j registados anteriormente;
16.6. Por volta das mantinha vertigem, embora menos exuberante,
tendo repetido medicao;
16.7. O doente teve alta do dia , encontrando-se assintomtico
em repouso, consciente e colaborante, sem sinais neurolgicos
e sem evidncia de quadro de etiologia infecciosa;
16.8. O doente voltou a recorrer ao Servio de Urgncia, em de
cerca das .
16.9. No dia o Servio de Urgncia de Otorrinolaringologia foi
contactado pela Unidade de Cuidados Intensivos para observar
o doente na respectiva Unidade;
16.10.Foi observado pelas do dia apresentando choque sptico
com atingimento menngeo sem diagnstico preciso de otite
mdia, tendo-lhe sido ento diagnosticada uma otite mdia
aguda com canal auditivo estreito.
17.Do teor daqueles registos ressalta, pois, que os mesmos corroboram a descrio
clnica e os esclarecimentos prestados pelos referidos mdicos.18.Importa dizer que do registo do exame clnico e do estudo analtico, incluindo a
imagem, no ressalta evidncia da ocorrncia, aquando daquela avaliao, de
otite mdia ou outra infeco.
19.De resto, conforme consta dos autos, a tomografia computorizada cerebral no
revelou alteraes do tipo agudo ou crnico em termos do ouvido mdio e
mastide.
20.Neste quadro afigura-se-nos correcta a teraputica instituda no SU e, bem
assim, perante a inexistncia de sintomas em repouso, a indicao de alta com
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indicao da necessidade de reavaliao mdica, no caso de persistncia ou
agravamento do quadro clnico ou se surgissem outros sinais ou sintomas.
21. certo que aps o segundo internamento e o diagnstico de uma otite mdia
aguda com canal auditivo estreito, no foi imediatamente realizada a
miringotomia.
22.Sem prejuzo, considerando a situao clnica em concreto e a necessidade,
pelas inerentes dificuldades tcnicas e clnicas, de tal acto cirrgico ser realizado
no bloco operatrio, no se vislumbra crtica a tecer transmisso do doente
para a equipa da manh.
23.Assim, maugrado o desfecho ocorrido, que sempre se lamenta, consideramos
no ter havido no caso, por parte de qualquer dos mdicos que prestaram
assistncia ao doente, falta de cuidado ou m prtica na respectiva avaliao e
instituio de teraputica.
24.Como tal no se vislumbra responsabilidade de qualquer deles no desfecho
clnico do doente.
Em face do exposto, proponho o arquivamento do presente processo.
O Relator