17
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO – ÁREA NORTE

LÍDIA DA LUZ SCHEPAINSKI

O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE

ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

COLOMBO

2014

Page 3: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

2

LÍDIA DA LUZ SCHEPAINSKI

O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE

ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional, Diretoria de Políticas e Programas Educacionais, Superintendência da Educação, Secretaria de Estado da Educação do Paraná, como requisito para obtenção do nível III do Plano de Carreira do Magistério Estadual.

Orientadora: Profª Drª Helena Midori Kashiwagi

COLOMBO

2014

Page 4: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

3

O ENSINO DA GEOGRAFIA NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE

ALFABETIZAÇÃO E LEITURIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

Lídia da Luz Schepainski1 Helena Midori Kashiwagi2

RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo possibilitar a compreensão da linguagem cartográfica aos alunos do ensino fundamental do 6º ano por meio das práticas lúdicas no contexto escolar, concretizando a aprendizagem proposta nas Diretrizes Curriculares na Geografia, visando à assimilação, alfabetização e compreensão das múltiplas funções do mapa. As experiências visuais e lúdicas foram compartilhadas por toda comunidade escolar do Colégio Estadual Professor Plinio Alves Monteiro Tourinho, no município de Colombo. Assim oportunizou-se aos discentes de todos os anos relembrarem o que aprenderam nos anos anteriores e reaprenderam brincando de um jeito divertido e de fácil visualização, proporcionada por práticas para que os educandos pudessem interpretar e produzir representações do espaço com autonomia. Palavras-chave: Linguagem Cartográfica. Alfabetização. Lúdico.

1 Licenciada em Geografia pela Faculdades Integradas Espírita (FIES). Especialista em Metodologia do Ensino em História (IBPEX). Atualmente professora de Geografia e História do Estado do Paraná no Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro Tourinho. Trabalho Final resultante do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola para conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE/SEED 2013/2014.

2 Arquiteta e Urbanista pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre e Doutora em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPR. Atualmente professora de Planejamento Urbano no Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná e professora colaboradora no PDE.

Page 5: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

4

INTRODUÇÃO

As Diretrizes Curriculares do ensino de Geografia preveem que a linguagem

cartográfica deve ser abordada ao longo da Educação Básica, ou seja,

contemplando o Ensino Fundamental e Médio, pois é uma disciplina essencial ao

entendimento dos conteúdos geográficos. Verifica-se que nas Diretrizes Curriculares

propõe-se que os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos alunos como se

fossem textos, passíveis de interpretação, problematização e análise crítica.

Partindo-se desse princípio, para a interpretação cartográfica também é

necessário alfabetizar para se ter uma leiturização dos mapas. Alfabetizar é ensinar

o alfabeto, inserir o aluno no universo da leitura, então, o alfabetizar na linguagem

cartográfica é inserir o aluno à leitura e interpretação de qualquer tipo de carta ou

mapa, com ou sem recursos tecnológicos, como se estivesse lendo um texto com

extrema naturalidade.

Nessa perspectiva, percebe-se no ensino da disciplina da Geografia uma

necessidade de alfabetização cartográfica para propiciar ao aluno, interpretar e

entender os símbolos, linhas, sinais, cores, granulados, formas e texturas, presentes

na linguagem cartográfica. Pois, o único meio de se ler um mapa é através da

compreensão da linguagem cartográfica para que o aluno, sendo ele um ser

geográfico, possa ter condições de interpretar e dar significado aos significantes na

Cartografia.

Essa pesquisa tem como objeto de estudo os alunos do 6° ano do Ensino

Fundamental Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro, no município de

Colombo, na região Metropolitana de Curitiba – Paraná. Verifica-entre esses alunos

uma grande deficiência na leitura e interpretação da linguagem cartográfica. Dessa

forma, visa-se possibilitar a compreensão da linguagem cartográfica aos alunos do

Ensino Fundamental e Médio, por meio de práticas lúdicas no contexto escolar,

concretizando a aprendizagem proposta nas Diretrizes Curriculares da Geografia, ou

seja, propiciar práticas nas quais o aluno possa interpretar e produzir representações

do espaço com autonomia, e, assimilar a linguagem cartográfica para a leiturização

e compreensão das múltiplas funções de um mapa.

Page 6: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

5

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Do ensino fundamental ao médio verificam-se alunos “analfabetos” na

linguagem cartográfica, ou seja, não conseguem ler os mapas, apenas veem as

imagens. Esse “analfabetismo cartográfico” é visível em todas as idades e séries,

cuja raiz origina-se no ensino básico e estende-se na graduação, bloqueando o

aluno ao aprendizado pleno. Umas das atividades durante as aulas de Geografia

envolvem a compreensão de mapas, os quais devem ser lidos, analisados e

interpretados. Mesmo com a orientação do professor percebe-se certa dificuldade

por parte do educando para a compreensão das imagens, levando-o ao desinteresse

pela aula. É responsabilidade do professor em motivar o aluno a ler e interpretar um

mapa como se fosse uma tarefa significativa e interessante, e, em desenvolver no

aluno a capacidade de lidar com esta forma de linguagem.

Dessa forma, ampliando-se a possibilidade de se compreender a realidade

social com maior profundidade. Conforme o educando aprofunda a sua capacidade

de análise e compreensão, torna-se possível desenvolver um olhar mais crítico

sobre qualquer representação cartográfica ou sobre o meio em que ele esta inserido.

De acordo com Rua (1993, p.13) “... o domínio da leitura de mapas é um processo

de diversas etapas, e ao se apropriar deste conhecimento o educando está pronto a

analisar qualquer representação cartográfica”.

Professores de Geografia e de outras disciplinas afins não conseguem

erradicar o analfabetismo cartográfico, provocando angústia no ambiente escolar. O

primeiro passo para o aluno ser alfabetizado cartograficamente é fazê-lo aprender a

ver com interesse e atenção um mapa ou carta geográfica e fazê-lo entender a

diferença entre linguagem escrita e visual (STEFANELLO, 2011, p. 94).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1998, p. 26) afirmam que:

A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre a linguagem cartográfica em dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas. O objetivo básico da alfabetização cartográfica proposto pelos PCNs supõe o desenvolvimento das noções de visão obliqua, visão vertical, imagem tridimensional, imagem bidimensional, construção de noção de legenda, proporção e escala, lateralidade, referencia e orientação. A construção dos conceitos e visão vertical e visão oblíqua facilitara a transposição de imagens tridimensional para a bidimensional, a lateralidade será trabalhada no sentido e desenvolver

Page 7: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

6

noções de orientação favorecendo a localização, e compreensão, a proporção ajudara a desenvolver as noções de escala, e finalmente, a legenda, com a função de, por meio de símbolos, representar objetos, fenômenos e lugares destacado no mapa, devendo, por esta razão, ser clara e objetiva, no sentido de facilitar a leitura de mapas.

A existência de vários autores que escrevem sobre o analfabetismo

cartográfico fundamenta e nos orienta nesta tarefa quase utópica deste ramo da

Geografia. A obrigatoriedade da linguagem cartográfica consta nas Diretrizes

Curriculares de Geografia (DCE), aonde se demarca e articula-se o que é próprio do

conhecimento da Geografia escolar.

Essa pesquisa tem como objetivo se compatibilizar com as DCE, pois

propõe que a Cartografia seja usada para leitura e interpretação do espaço

geográfico, e não mais como um instrumento básico utilizado somente para

localização e discrição dos fenômenos espaciais. Uma Cartografia compreendida por

meio de uma linguagem teórico-metodológica que pode contribuir muito para o

ensino crítico do espaço geográfico em todos os níveis de ensino.

A Cartografia é um dos ramos da Geografia, e não lhe é dado o devido valor

que esta ciência merece. Por falta de reconhecimento ou percepção dos docentes,

os discentes sem orientação, não percebem que usam Geografia o tempo todo, e

chegam ao final do ensino médio com várias dificuldades na leitura e interpretação

de mapas, ou seja, constituem-se em verdadeiros analfabetos na linguagem

cartográfica. Isto deixa clara a falta de contextualização da Cartografia no cotidiano

escolar e na disciplina da Geografia (RUA, 1993, p.13).

De acordo com Stefanello (2011, p. 96) sabe-se que o aluno não chega

totalmente analfabeto no 6º ano, mas legitima-se o analfabetismo cartográfico nos

períodos finais do ensino fundamental e médio. Mantendo-se nesse estado por falta

de preparo dos professores de Geografia. Se a Cartografia não fizer sentido ao

educando ele não irá aprender, pois o aprendizado torna-se interessante quando ao

objeto de estudo lhe é dado algum significado. Segundo Callai (1991, p.57) ensinar

exige intenção e ação por parte do docente, cujas características, intenção e ação,

tem que ser vistas e sentidas pelo discente, caso contrário, seja qual for o conteúdo

da disciplina, o mesmo será como elemento decorativo gravitando a mercê da

inutilidade.

Os mapas são recursos visuais mais indicados para percepção das mais

diferentes paisagens. A possibilidade de ler mapas de forma adequada é de grande

Page 8: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

7

importância para educar o aluno e as pessoas, em geral, para obterem autonomia.

Contudo, para alcançarmos esta meta, o uso de mapas em sala de aula não deve se

limitar a um instrumento de ilustração puro e simples, como frequentemente é usado

pelos professores, mas um instrumento de formação (PASSINI,1994).

Callai (1991, p.57) ressalta que “... para se ir além da aula descritiva e

distante, exige-se um esforço do professor para trazer para a realidade do aluno

aquilo que esta sendo estudado”. O professor tem o dever, compromisso ou

responsabilidade de cumprir as Diretrizes Curriculares de Geografia e ensinar

Cartografia, por se tratar de um importante instrumento para se compreender a

Geografia, assim como um meio de ensinar através de mapas, cartas, entre outros,

uma nova linguagem aos alunos, a Linguagem Cartográfica.

De acordo com Almeida e Passini (2008, p.15) ler mapas “... significa

dominar esse sistema semiótico, em linguagem cartográfica, e deve ser uma

preocupação metodológica tão séria quanto ensinar ler e escrever, contar e fazer

cálculos matemáticos”.

Desde a primeira infância rabiscamos linhas, desenhos e símbolos para

representar o nosso mundo, e ao chegarmos à idade escolar, adicionamos em nosso

cotidiano várias representações e orientações, que vão do espaço concreto mais

próximo, como por exemplo, a sua casa, a escola, e aos poucos vão se ampliando

para espaços maiores como o seu bairro a outro bairro. Nessa perspectiva, de

acordo com Stefanello (2011) a Geografia se insere como um conhecimento que tem

por objetivo formar o educando para “enfrentar” o mundo que o cerca.

Na visão de Stefanello (2011, p.95) “... a criança constrói símbolos através

dos desenhos como uma representação gráfica de uma ideia ou objeto.” A

compreensão desses símbolos interessa para a Cartografia, pois é a percepção do

espaço vivido da criança, cuja representação possui uma codificação. Assim, antes

de ler mapas, deverá agir como mapeadora do espaço que conhece.

O uso do livro didático em sala de aula é tão importante quanto o uso de

mapas, globos, atlas, entre outros. Infelizmente, para o educando esses materiais

mencionados são pouco usados e ficam empilhados na biblioteca ou em algum

canto na sala dos professores, ficando de fora do processo de ensino-aprendizagem

esses instrumentos de grande valor metodológico. De acordo com Stefanello (2011,

p.90) a grande maioria dos livros de Geografia usados em sala de aula possuem

Page 9: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

8

mapas com linguagens cartográficas sem contextualização, prática que dificulta o

aprendizado e não acompanha a dinâmica de interpretação do espaço presente.

O ensino da Cartografia esta pautado na aprendizagem de conceitos básicos

que são compreensão de globo, mapas (físicos e políticos), cartas topográficas,

plantas, fotografias aéreas, imagens de satélites, escala gráfica, coordenadas

geográficas, orientações, convecções, entre outros. As representações espaciais

mais usadas no dia-a-dia são os mapas. Stefanello (2011, p.91) define mapa como:

A representação gráfica, em geral, disposta numa superfície plana e em determinada escala, que indica acidentes físicos e culturais da superfície da terra, de outro planeta ou de um satélite. São elementos fundamentais no mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração.

Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação gráfica pode ser

observada no traçado de um campo de futebol, na posição das carteiras em sala,

até mesmo no simples caminhar de um lugar para o outro. Nesse contexto,

Stefanelo (2011, p. 95) considera que “... o aluno, ao passar por todos os níveis do

ensino cartográfico na educação básica, ao final, ele se tornará um leitor crítico e/ou

um mapeador consciente.

No quadro a seguir Stefanelo (2011, p. 97) organiza as principais aquisições

metodológicas dos alunos na faixa etária de 11 a 17 anos, quanto ao uso de mapas,

cartas e plantas.

Aqu

isiç

ões s

imp

les - conhecer os pontos cardeais;

- saber se orientar com uma carta; - encontrar um ponto sobre uma carta com as coordenadas ou com o índice remissivo; - encontrar as coordenadas de um ponto; - saber se conduzir com uma planta simples; - extrair de plantas e cartas simples uma só série de fatos; - saber calcular altitude e distancia; - saber se conduzir com um mapa rodoviário ou com uma carta topográfica.

Aqu

isiç

ões m

éd

ias - medir uma distancia sobre uma carta com uma escala numérica;

-estimar um ponto de curva hipsométrica; -analisar a disposição das formas topográficas; - analisar uma carta temática representando um só fenômeno (densidade populacional, relevo etc.); - reconhecer e situar as formas de relevo e de utilização do solo; - saber diferenciar declives; - saber reconhecer e situar tipos de clima, massas de ar, fomações vegetais, distribuição populacional, centros industriais e urbanos, entre outros.

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

9

Aqu

isiç

ões c

om

ple

xas

- estimar uma altitude entre duas curvas hipsométricas; - saber utilizar uma bússola; - correlacionar duas cartas simples; - ler uma carta regional simples; - explicar a localização de um fenômeno por correlação entre duas cartas; - elaborar uma carta simples a partir de uma carta complexa; - elaborar uma carta regional com os símbolos precisos; - saber elaborar um croqui regional simples (com legenda fornecida pelo professor); - saber levantar hipóteses reais sobre a origem de uma paisagem; - analisar uma carta temática que apresenta vários fenômenos; - saber extrair de uma carta complexa os elementos fundamentais.

FONTE: Adaptado de Simielli (2007, p. 104).

A linguagem cartográfica é vista como algo complicado, apesar de estar

presente no cotidiano das pessoas, e deve ser ensinada de modo lúdico, com o

objetivo de facilitar a aprendizagem. O lúdico esta presente na natureza humana, em

todas as fases da vida, seja ela com ou sem regras, permitindo a integração social

entre os indivíduos envolvidos, sejam eles tímidos, apáticos ou afoitos. Com o lúdico

os discentes aprendem brincando, havendo uma ação progressiva em seu

conhecimento e contribuindo para articulação e interação entre os diferentes níveis

educacionais (STEFANELO, 2011, p. 112 ).

Nessa contextualização teórica buscou-se refletir sobre meios didáticos para

superar o “analfabetismo cartográfico”. Essa pesquisa com sua proposta de

intervenção pedagógica vislumbra dar esperança e inspiração a outros docentes de

Geografia preocupados com o ensino da Cartografia e no desenvolvimento

educacional de seus alunos.

A PROPOSTA EM SI

A proposta da alfabetização cartográfica foi aplicada em alunos do 6° ano do

Colégio Estadual Professor Plínio Alves Monteiro, de Colombo, na região

Metropolitana de Curitiba – Paraná, pois se verificou uma grande deficiência na

compreensão e leitura de mapas. Fato constatado na maioria dos alunos que chega

ao 6° ano rede pública de ensino.

Esse trabalho se justifica a partir do momento em que entendemos a

necessidade de habilitar os alunos para a leiturização de mapas para atender as

Diretrizes Curriculares para a Educação Básica do Estado do Paraná (DCEs) no

Page 11: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

10

ensino de Geografia. Nessas diretrizes está previsto que a linguagem cartográfica

seja abordada ao longo dos anos nos níveis Fundamental e Médio, pois se trata de

um conhecimento essencial ao entendimento dos conteúdos geográficos. E, os

mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos alunos como se fossem textos, passíveis

de interpretação, problematização e análise crítica.

É responsabilidade do professor motivar os alunos a lerem e interpretarem

um mapa como se fosse uma tarefa significativa e interessante, auxiliando-os a

desenvolver a capacidade de lidar com esta forma de linguagem, ou seja, alfabetizá-

los cartograficamente para que possam decodificar os símbolos e significados

específicos da linguagem cartográfica – como linhas, sinais, cores, granulados,

formas e texturas; possibilitando-lhes, enfim, condições para leitura e interpretação

de qualquer representação gráfica sem recurso tecnológico como se estivesse lendo

naturalmente as linhas de um texto.

A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam

conhecimentos sobre a linguagem cartográfica em dois sentidos: como pessoas que

representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas. O

objetivo básico da alfabetização cartográfica proposto pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais para a Educação Básica (PCNs) supõe o desenvolvimento das noções de

visão obliqua, visão vertical, imagem tridimensional, imagem bidimensional,

construção de noção de legenda, proporção e escala, lateralidade, referencia e

orientação. A construção dos conceitos de visão vertical e obliqua facilita a

transposição de imagens tridimensional para a bidimensional, a lateralidade será

trabalhada no sentido e desenvolver noções de orientação favorecendo a

localização, e compreensão, a proporção ajuda a desenvolver as noções de escala,

e finalmente, a legenda, com a função de, por meio de símbolos, representar

objetos, fenômenos e lugares destacado no mapa, devendo, por esta razão, ser

clara e objetiva, no sentido de facilitar a leitura de mapas.

Assim, foram propostas atividades com os seguintes objetivos: possibilitar

aos alunos da Educação Básica, a compreensão da linguagem cartográfica, por

meio de práticas lúdicas no contexto escolar, concretizando a aprendizagem

proposta nas Diretrizes Curriculares da Geografia; e como objetivos específicos:

propiciar práticas para que o aluno possa interpretar e produzir representações do

espaço com autonomia; assimilar a linguagem cartográfica para a leiturização e

compreensão das múltiplas funções do mapa.

Page 12: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

11

As atividades lúdicas foram nominadas conforme o momento de

aprendizagem: Mapa-múndi, o continente Americano, rosa dos ventos, a vez das

cantigas de roda. Essas atividades visam um real aprendizado da Cartografia.

ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Foram desenvolvidas 9 atividades, mas o escopo deste artigo não permite

que a contemplação de todas as atividades. Diante disso, elegemos 3 atividades

lúdicas, por sua boa aceitação e interação entre os alunos, para explicar como foi

todo o processo. Dentre as atividades propostas destacamos: Reconhecimento e

leitura da imagem cartográfica do “Mapa Mundi”; “Continente Americano”; e “Rosa

dos Ventos” com atividade lúdica envolvendo as cantigas de roda.

Na atividade Mapa Mundi objetivou-se pintar um espaço previamente

definido – denominado Espaço 1 – na parede interna que circunda o pátio da escola,

um Mapa Mundi com aproximadamente 2 metros de comprimento por 1 metro de

altura contendo o contorno dos continentes e indicativos dos oceanos e legendas

com as respectivas denominações. Partiu-se, assim, de uma abordagem

abrangente, que se utilizou de estratégia expositiva em sala de aula e local com

participação oral dos alunos para o reconhecimento de dados básicos em um mapa:

contornos, limites e disposição dos territórios.

O material utilizado foi o modelo do Mapa Mundi, em escala gráfica e 1 m:cm

(1 metro por centímetro); rolo de papel vegetal; calculadora, réguas, lápis e

borracha; tinta acrílica de diferentes cores, solvente e pincéis de diferentes

tamanhos. Esse trabalho foi realizado pela professora pesquisadora com os alunos,

sendo que esses ficaram responsáveis por pintar as áreas em destaque, seguindo a

orientação dada. Tratou-se de uma estratégia favorecedora da compreensão sobre

os contornos e limites dos continentes e suas proximidades, legenda, dentre outros

aspectos que puderam ser tratados nesta abordagem inicial.

A avaliação de aproveitamento compreendeu a participação dos alunos, os

questionamentos procedentes colocados quando da realização das atividades. Ao

final, os alunos produziram textos individuais sobre o assunto, descrevendo a

atividade realizada e o que apreenderam em termos geográficos com esse exercício.

Page 13: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

12

A atividade referente ao Continente Americano, teve como objetivo promover

a leitura e o reconhecimento da imagem cartográfica do mesmo. Também foi pintado

em espaço previamente definido – denominado Espaço 2 – na parede interna que

circunda o pátio da escola, um Mapa do Continente Americano, com

aproximadamente 1 metro de comprimento por 2 metros de altura, com o contorno

das três Américas: Norte, Central e Sul, e, indicativos dos oceanos, com legendas

contendo as respectivas denominações.

Nesse mapa, na América do Sul, destacou-se o Brasil, com contorno mais

intenso e preenchido com as cores verde e amarela. Os materiais necessários para

essa atividade foram: modelo do mapa do Continente Americano, da América do Sul

e do Brasil em escala gráfica e 1m:cm (1 metro por centímetro); rolo de papel

vegetal; calculadora, réguas, lápis e borracha; tinta acrílica de diferentes cores,

solvente e pincéis de diferentes tamanhos.

Essa atividade também foi realizada pela professora pesquisadora com os

alunos, sendo que esses ficaram responsáveis por pintar as áreas em destaque,

seguindo a orientação dada. Tratou-se de uma estratégia favorecedora da

compreensão sobre os contornos e limites dos continentes, suas proximidades,

legenda, dentre outros aspectos que puderam ser tratados nesta abordagem.

A avaliação de aproveitamento compreendeu a participação dos alunos nos

questionamentos procedentes colocados quando da realização das atividades. Ao

final, os alunos produziram textos individuais sobre o assunto, descrevendo a

atividade realizada e o que aprenderam em termos geográficos com esse exercício.

Na atividade com a Rosa dos Ventos o objetivo foi promover a leitura e o

reconhecimento cartográfico da Rosa dos Ventos. A metodologia empregada

também foi pintá-la na calçada do pátio da escola, com aproximadamente 3 metros

de comprimento por 3 metros de altura e legendas indicativas dos pontos cardeais e

subcolaterais.

Primeiramente, traçaram-se no piso as linhas de uma cruz e, sobreposta as

linhas de um “x”. Em seguida, alunos foram organizados em oito grupos e orientados

pela professora, e com o auxílio de uma bússola, os alunos compuseram os pontos

de referência da Rosa dos Ventos: Grupo 1, marcar com O, a direção oeste; Grupo

2, marcar com SE, a direção Sudeste e assim sucessivamente. Depois de marcados

todos os pontos e identificado o Norte com o auxílio da bússola, os alunos auxiliaram

Page 14: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

13

a professora a colorir as faces escuras e claras de cada haste que constitui a Rosa

dos Ventos e os pontos cardeais.

Os materiais necessários foram: bússola; modelo da Rosa dos Ventos em

formato A2; compasso grande feito com hastes de metal e barbante; rolo de papel

vegetal; calculadora, réguas grandes, lápis giz colorido; tinta acrílica de diferentes

cores, solvente e pincéis de diferentes tamanhos.

A avaliação compreendeu a participação dos alunos e a qualidade de

produção textual, individual, sobre o assunto. Na atividade lúdica com as cantigas de

rodas, procurou-se promover a aprendizagem de conteúdos cartográficos por meio

das cantigas.

Diferentes formas de brincadeira puderam ser desenvolvidas a partir dos

painéis pintados nas paredes e no piso do pátio. Com brincar de roda cantando:

“Ciranda, cirandinha vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia

vamos dar, e pelo Equador vamos passar”. Além de outras adaptações para o

Trópico de Câncer ou de Capricórnio. Como também: “O meu colega chamou pra

latitude passar, pela latitude passei e meu colega abracei”.

Adaptaram-se as cantigas de roda e criaram-se novos temas para promover

a aprendizagem de forma divertida e calcada na repetição. Embora seja uma

estratégia tradicionalista, essa repetição possibilitou a fixação dos nomes e a

posição das linhas imaginárias.

A avaliação compreendeu o nível de aprendizagem, expresso em produção

textual sobre as linhas imaginárias, possibilitando a situação e distância a partir de

coordenadas geográficas.

As atividades aqui citadas foram implementadas nas paredes e no chão da

escola nas cores da bandeira nacional, permitindo um acesso visual e tátil, e

brincadeiras de roda e jogos de amarelinha, esta realização com os alunos permitiu

aos mesmos a compreensão de como é importante ser alfabetizado. Observa-se que

já acontecem debates entre docentes e discentes a respeito da visão cartográfica.

Sabe-se que ainda falta um longo caminho a ser percorrido para que os

resultados qualitativos da alfabetização cartográfica possam ser absorvidos pelos

educandos. Porém, a presença constante deste material didático facilita e favorece o

aprendizado, redimensionando a prática escolar dos professores de Geografia,

alunos e disciplina afins. As atividades implementadas esta ao alcance de toda

comunidade escolar, houve mudanças as quais vem promovendo dia após dia o

Page 15: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

14

desenvolvimento da linguagem cartográfica, favorecendo a alfabetização e um outro

olhar para a Cartografia, objetivos estes, pretendido por este projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que o educando venha a entender a linguagem cartográfica, é

fundamental lhe oferecer a maior diversidade possível de objetos de estudos,

mapas, globos, atlas, coordenadas geográficas, entre outras dentro de uma visão

concreta, que é a realidade desta implementação, confeccionada nas paredes e

pátios da escola.

Nesta perspectiva a pesquisa “O ensino da Geografia na escola: uma

proposta de alfabetização e leiturização cartográfica” desenvolveu atividades como

um processo permanente. Pois, a aprendizagem é mais efetiva se a atividade estiver

adaptada às situações do cotidiano, como, por exemplo, o interior da escola no qual

o educando estuda, vive e se relaciona com o outro.

Instrui-se que estas práticas não sejam vedadas, determinando um período

exclusivo para seu desdobramento. As mesmas devem estar inseridas nas

diferentes formas de trabalho na rotina escolar, como a interdisciplinaridade por

exemplo. A pesquisa pelo docente e a inserção da cartografia aos conteúdos e

temáticas devem ser desenvolvidos durante o período letivo, explorando assim a

exposição dos mapas pintados nas paredes e pátios da escola. Prática essa que

visa diminuir a taxa de analfabetismo cartográfico existente em diferentes níveis na

escola.

Este saber vai ser socializado na escola e levado para a vida familiar dos

educandos e a comunidade a qual ele está inserido. As ações de ensino devem ser

sistemáticas e contínuas, pois a forma como se aplicou as atividades proporciona

recursos para essa continuidade como meio de mudanças culturais, educacionais e

um novo olhar ao espaço em que se habita. É fundamental perseverar na

alfabetização cartográfica, por meio de ações eficientes e contínuas para que

modificações ocorram em relação a superação desse déficit que é a alfabetização

cartográfica.

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

15

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) oportunizou-me, ao

longo de dois anos (2013-2014), tempo para pesquisar e construir um projeto de

Alfabetização Cartográfica, no qual os discentes poderiam ser alfabetizados na

Cartografia. Favoreceu-se aos educandos a produção e interpretação de mapas,

coordenadas geográficas e o espaço a sua volta, sem o uso de tecnologia nos locais

aonde o projeto viesse a ser implementado.

Essa pesquisa foi referenciada nos aportes teóricos-metodológicos de

autores da área da Geografia Cartográfica e nas Diretrizes Curriculares do Estado

do Paraná. Buscou-se contribuir com o ensino da Cartografia nas escolas públicas

do Estado, nível fundamental ou médio, proporcionando uma metodologia lúdico-

prática de fácil aplicabilidade, possibilitando a concretização da implementação

deste projeto em todo estabelecimento escolar. Nesse sentido, essa pesquisa

objetivou diminuir os números de analfabetos cartográficos nas instituições escolares

por meio de uma produção didática de atividades de implementação, cuja pesquisa

científica está aberta a novas possibilidades e investigações.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. D. de.; PASSINI, E. Y. O Espaço Geográfico – Ensino e Representação. 15. Ed. São Paulo: Contexto, 2008.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 1998. CALLAI, H. C. O ensino de Geografia: Recortes espaciais para análise. In CASTROGIOVANNI, A. C. et al (orgs) GEOGRAFIA EM SALA DE AULA, PRATICAS E REFLEXÕES. Porto Alegre; Associações dos Geógrafos Brasileiros, 1991. PARANA, Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação básica. Diretrizes Curriculares de Geografia para educação Básica. Curitiba, 2007

Page 17: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · mapa: título, a legenda, a escala, a direção, as coordenadas e o ano de elaboração. Para Pissinati et al (2007, p.132) a representação

16

PISSINATI, M. C.; ARCHELA, R. S. Cartografia para o Ensino de Geografia a Alfabetização Cartográfica; Simples e Prática. In: CALVENTE, M. de C. M.; ARCHELA, R. S.; GRATÃO, L. H. B.(orgs). Múltiplas Geografias; ensino – pesquisa – reflexão. v.5. Londrina: edições Humanidades, 2007. RUA, J.; WASZKIAVICUS, F, A.; TANNURI, M. R. P.; PÓVOA NETO, H. Para Ensinar Geografia: contribuição para o trabalho com 1º e 2º Graus. Rio de Janeiro: Access, 1993

SIMIELLI, M. E.R. Cartografia no ensino fundamental e Médio. In; CARLOS, A. F. A.(Org.) A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 1999. STEFANELLO, A. C. Didática e avaliação da aprendizagem do ensino de Geografia. 2 ed. Revista e atualidade. Curitiba: IBPEX, 2011. Coleção Metodologia do Ensino de História e Geografia: v. 2.