Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
Ficha de Identificação - Artigo Final
Professor PDE/2013
Título Grêmio Estudantil
Autora Silvana Aparecida Trolez
Escola de Atuação Colégio Estadual Rui Barbosa - E.F.M.P.
Município da Escola Nova Laranjeiras
Núcleo Regional de Educação Laranjeiras do Sul
Orientadora Nilsa de Oliveira Pawlas
Instituição de Ensino Superior Universidade do Centro-Oeste do Paraná/
UNICENTRO
Área do Conhecimento/
Disciplina
Gestão Escolar
Relação Interdisciplinar
Público Alvo Alunos do Ensino Fundamental e Médio e
Representantes do Grêmio Estudantil.
Localização Rodovia João Wolff, s/nº
Resumo O presente estudo abordou a discussão da
participação do grêmio estudantil na gestão
democrática escolar. Partiu-se do pressuposto de
que a Gestão democrática no âmbito da escola
pública se concretiza com a efetiva participação
de toda a comunidade escolar, ou seja, pais,
professores, alunos e instâncias colegiadas. A
Pesquisa Participante, foi utilizada para destacar
que, os saberes dos indivíduos construídos no
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS.
cotidiano da vida comunitária é parte importante
no processo de construção do conhecimento, na
certeza de que o processo de envolver os
sujeitos, potencializa a transformação da
realidade social. Buscou-se conscientizar os
alunos dos seus direitos e deveres dentro da
legislação; a fim de conhecer os conceitos de
gestão democrática educação e juventude, com
suas características históricas. Discutimos sobre
o papel do grêmio estudantil nas decisões
democráticas no âmbito escolar e identificado nas
ações da Instituição questões relevantes, para
discussão do grêmio e o coletivo escolar. Para
tanto, foram analisados os desafios da
participação do grêmio estudantil, criando um
aprendizado politizado.
Palavras-chave Grêmio Estudantil; Democracia e Politização
GRÊMIO ESTUDANTIL: A Participação do Grêmio Estudantil na
Gestão Escolar Democrática.
Silvana Aparecida Trolez 1
Nilsa de Oliveira Pawlas 2
Resumo
O presente estudo abordou a discussão da participação do grêmio estudantil na gestão democrática escolar. Partiu-se do pressuposto de que a Gestão democrática no âmbito da escola pública se concretiza com a efetiva participação de toda a comunidade escolar, ou seja, pais, professores, alunos e instâncias colegiadas. A Pesquisa Participante, foi utilizada para destacar que, os saberes dos indivíduos construídos no cotidiano da vida comunitária é parte importante no processo de construção do conhecimento, na certeza de que o processo de envolver os sujeitos, potencializa a transformação da realidade social. Buscou-se conscientizar os alunos dos seus direitos e deveres dentro da legislação, a fim de, conhecer os conceitos de gestão democrática educação e juventude, com suas características históricas. Discutimos sobre o papel do grêmio estudantil nas decisões democráticas no âmbito escolar, a partir da análise da legislação, Constituição Federal e LDB, identificado nas ações da Instituição questões relevantes, para discussão do grêmio e o coletivo escolar. Para tanto, foram analisados as discussões de Paro ao indagar de que temos que ter pessoas democráticas para exercer a democracia e que os desafios da participação da juventude enquanto grêmio estudantil, acontecerá através da educação, fala esta de Libâneo, onde o sujeito pode e deve interferir e transformar a própria realidade social, criando um aprendizado politizado. Palavras-chave: Grêmio Estudantil. Democratização. Politização.
1 Professora da Rede Estadual do Paraná. Graduada em Pedagogia pela Faculdade Estadual de
Paranavaí (1992). Graduada em Letras - Português/Inglês pela Universidade do Centro Oeste de São Paulo (2001). Especialista em Língua Portuguesa-Teoria e Prática e Educação Especial. 2 Professora Orientadora do PDE/UNICENTRO - Docente da UNICENTRO/Guarapuava. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (1988); mestrado em Educação pela UNICAMP, Mestrado em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Maringá UEM -(2003). Duas especializações: em Orientação Educacional e Psicopedagogia. Doutora em Educação, pela Facultad de Ciencias de la Educación - UNIVERSIDAD DE LA EMPRESA - Doctorado En Educación - Montevideo Uruguay.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo refere-se aos resultados do trabalho realizado em uma
Escola Pública do estado do Paraná, denominado Colégio Estadual Rui Barbosa -
Ensino Fundamental, Médio e Profissional, sobre o tema Grêmio Estudantil: A
Participação do Grêmio Estudantil na Gestão Escolar Democrática. A pesquisa
surgiu a partir do interesse dos alunos em participar mais efetivamente da gestão
democrática escolar. Sabemos que a escola enquanto instituição de ensino não é a
única responsável pelo desenvolvimento intelectual dos indivíduos que compõem a
sociedade, mas cabe a ela administrar as diversas relações que ali se
estabelecem, sejam elas no campo pedagógico, político, administrativo, econômico
e ou social. Assim, o estudo deteve-se na conscientização que os alunos
representantes do Grêmio estudantil, devem ter em relação a participação ativa na
gestão escolar democrática, participando das ações desta gestão, viabilizando sua
politização.
Estudou-se seus direitos e deveres dentro da legislação, discutiu-se os
conceitos de gestão democrática e juventude, destacando as características
históricas dos mesmos, debateu-se sobre o papel do grêmio estudantil nas
decisões democráticas no âmbito escolar com assuntos diversificados sobre a
escola, comunidade e sociedade. Diante dos assuntos debatidos, buscou-se
identificar nas ações da escola questões relevantes para discussão do grêmio e o
coletivo escolar. Outro aspecto levado em consideração foi trabalhar textos que
colaboram para a ampliação do olhar do aluno em relação aos problemas e
desafios enfrentados pela escola. Nesse ponto, muitas vezes pecamos, pois
tendemos a camuflar esses problemas, e não discuti-los.
Este trabalho buscou informar, orientar e conscientizar sobre o papel do
Grêmio Estudantil no coletivo escolar. Busca-se através do encaminhamento
metodológico, a discussão dos temas apresentados e estudados com os
fundamentos teóricos, legislação, contextualização histórica, textos informativos
que favorecem e permitem o debate, o diálogo e a reflexão, através de fragmentos
de músicas, vídeos e documentários, de forma interativa, dialógica e reflexiva.
Contudo, isso é fundamental, pois, se desejamos formar um cidadão comprometido
com a sociedade e capaz de realizar intervenções, precisamos fomentar isso em
nossos alunos. É visível e faz toda diferença quando sentimos que fazemos parte
da responsabilidade da solução dos problemas.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Movimento Estudantil
Iniciamos nossa prática discutindo com os alunos sobre a força do
movimento estudantil na história do nosso País, e a importância da participação
dos alunos em nossa escola, identificando na legislação a garantia da existência do
Grêmio Estudantil, tomando consciência estudantil com seus direitos e deveres.
Veiga, (1998, p.123) destaca que: "O grêmio estudantil não é instrumento de
luta contra a direção da escola, mas uma organização onde se cultiva o interesse
dos estudantes, onde eles têm possibilidades de democratizar decisões e formar o
sentimento de responsabilidade".
Fica evidente em trechos da legislação educacional brasileira, que participar
de organizações estudantis é um complemento vital na educação da criança e do
adolescente e que se deve de fato proporcionar à estes estudantes condições para
que se organizem nos estabelecimentos de ensino exercendo sua cidadania.
Realizou-se uma retrospectiva dentro da legislação, onde ampara os
estudantes como sujeitos ativos dentro e fora do âmbito escolar. Destacou-se as
primeiras manifestações no Brasil que começaram a partir da Fundação da UBES
(União Brasileira dos Estudantes) em 1948. A primeira referência oficial ao Grêmio
Estudantil nos leva ao Decreto Federal 30.078 de 06 de outubro de 1953, que
aprova o Regimento da Divisão de Educação Extra-escolar do Departamento
Nacional de Educação do Ministério da Educação e Cultura. Depois, com o golpe
militar de 1964 e a promulgação do Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de
1968, enfrenta um processo de desarticulação da ação repressiva dos governos
militares. O Decreto nº 68.065 de 14 de janeiro, dispões sobre a inclusão da
disciplina Educação Moral e Cívica como disciplina obrigatória nas escolas de
todos os graus e modalidades de ensino no País. Para sintetizas as leituras
estudadas, assistimos ao vídeo: Memória do Movimento Estudantil.
Hoje o Grêmio Estudantil é uma entidade legal, reconhecida pela Lei Federal
n.º 7.398 de 04 de Novembro de 1985. Esta conquista está ratificada no artigo 53º
inciso IV da Lei 8.069 de 1990 do Estatuto da Criança e do Adolescente que,
garante o direito dos estudantes a se organizar e participar de entidades
estudantis. No Paraná a Lei Estadual nº 11.057 de 17 de janeiro de 1985, assegura
a organização de grêmios estudantis nos estabelecimentos de ensino públicos ou
privados. Diante disso, estudou-se também o Estatuto do Grêmio Estudantil, que é
um documento que estabelece as normas sob as quais o Grêmio deve respeitar,
destacando suas funções, direitos, deveres, entre outras atribuições de todos os
membros que o compõe.
Somos conhecedores de que a Legislação Educacional ampara a formação
integral do sujeito como cidadão, trata também das transformações ocorridas nas
Instituições escolares, com as mudanças e implementação da Gestão Democrática.
Esta Gestão, deve contar com a participação concreta da comunidade escolar, com
o objetivo de construir através de discussões a transformação de indivíduos ativos
e críticos em relação as circunstâncias que os cercam. Enfim, este processo
acontece a partir do momento que os estudantes através de sua instância
colegiada que é o grêmio estudantil passem a conhecer e participar das questões
educacionais, realizando assim, na prática sua politização e o ato da democracia.
2.2 Educação
Diante das questões legais, sabe-se que para conviver em sociedade, é
necessário ter conhecimentos prévios para desempenhar funções sociais. Para
tanto, há necessidade de aprender diariamente, para que se possa discutir e
também ensinar. Diante desta constatação pode-se analisar o que se estabelece
nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96 que consta:
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na consciência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996, s/p.)
Quando se dá um conceito de educação, o pensamento nos remete ao
ambiente escolar, pois se entende que a escola é a instituição responsável por
esse processo. Sabe-se que o processo educativo ocorre em vários contextos
sociais, além da escola, tais como: a família, instituições religiosas, a mídia, entre
outros. É através da educação que ocorre a transmissão de saberes culturais de
diversos grupos sociais acumulados ao longo do tempo, bem como o conhecimento
sistêmico. Este processo de democratização e efetivação do papel social da escola
contribui para formação dos jovens integrados na vida da comunidade escolar e da
sociedade. Este trabalho faz com que os jovens participem do desafio de se
organizarem de forma democrática, ou seja, através de discussões pautadas no
conhecimento do real. Assim, os educadores através da prática docente, passam a
serem considerados os pilares para a definição de como queremos instrumentalizar
os jovens para a vida em sociedade.
2.3 Democracia
Com o objetivo de colocar em prática o exercício da democracia por meio da
participação coletiva, a escola efetiva e garante esse processo através do Projeto
Político Pedagógico (PPP). Neste deve estar claro e objetivo que a função social da
escola é a apropriação do saber historicamente construído, baseado na concepção
do PPP, onde se fundamenta que através de uma construção coletiva e
participativa na transformação da escola, se prepara o sujeito para o exercício da
cidadania.
Discutiu-se que o princípio norteador da gestão democrática é a
descentralização, ou seja, as decisões e ações devem ser elaboradas e
executadas no cotidiano escolar, buscando a participação de todos os envolvidos
neste processo, mantendo a transparência para que qualquer decisão a ser tomada
ou implantada na escola esteja de comum acordo. A gestão democrática é ação e
reflexão. Ambas com a função de organizar o trabalho pedagógico
Não podemos dizer que vivemos em uma realidade realmente democrática e
sim situações, condições favorecidas democraticamente. Segundo Paro, (2004, p.
25), "Não pode haver democracia plena sem pessoas democráticas para exercê-
la". Esta constatação fica muito clara no cotidiano escolar. Quando os alunos
participam dos conselhos de classes, discutindo os problemas relacionados ao
ensino-aprendizagem, com um diálogo franco em busca de soluções para o
desempenho do processo educacional.
Para que haja de fato a participação efetiva do grêmio estudantil nas
escolas, a gestão democrática deve existir, não só como conceito e sim como
prática. Devem-se desconstruir as relações hierárquicas que perpetuam nos
âmbitos escolares, de formas camufladas. A democratização do processo de
gestão deve ser compartilhada de forma igualitária, e as informações e ações
devem estar de acordo com todos os segmentos da comunidade escolar, aceitando
as diversidades de opiniões e interesses que existem atualmente. Deve-se deixar
claro, que um dos principais objetivos da ação do grêmio estudantil é contribuir
para aumentar a participação dos alunos nas atividades da escola, sejam elas de
cunho cultural, social e ou político, através de palestras, projetos, campeonatos,
exposições de trabalhos, apresentações artísticas entre outros, fortalecendo cada
vez mais as noções de respeito, direitos, deveres e convivência comunitária, que
os alunos tenham voz ativa, interagindo com professores, funcionários, direção,
pais na construção dessa gestão democrática. Daí a necessidade dos alunos,
terem conhecimentos sobre questões legislativas, conceitos para que de fato
possam exercer sua função de cidadão crítico.
2.4 Juventude
As atitudes dos jovens são pautadas nas relações cotidianas vividas, ou
seja, eles são retratos de suas experiências de vidas. O espaço escolar é onde a
juventude tem condições de promover diálogos, respeitando sua leitura de mundo,
ou seja, o que faz parte do seu meio social, fazendo com que os aprendizados
tenham significados.
Diante disso, Libâneo diz,
Que a escola é o lugar de ensino e difusão do conhecimento é instrumento para o acesso das camadas populares ao ser elaborado; é, simultaneamente, meio educativo de socialização do aluno no mundo social adulto. o ensino, como mediação técnica, deve dar a todos uma formação cultural e científica de alto nível; a socialização, como mediação sociopolítica, deve cuidar da formação da personalidade social em face de uma nova cultura. (LIBÂNEO, 1990, p.75)
Sendo a escola o ambiente que propicia a mediação sociopolítica conforme
citado acima, nossa juventude se enquadra em uma situação de desigualdades
sociais, e esta é a função social da escola, oportunizar a juventude o contato com
uma formação crítica, com experiências sociais vivenciadas, propiciando a
construção histórica.
A juventude necessita de orientação e conhecimento de sua entidade
representativa (Grêmio Estudantil). Deve-se destacar que esta juventude vive um
contexto social turbulento no meio social que frequenta, seja na família ou na
escola. Destaca-se então que é neste espaço que se formam os primeiros
entendimentos entre o coletivo e o individual e destes surgem conflitos, sejam eles
de ordem emocional ou social. É no espaço escolar que a juventude aprende a
conviver com a diversidade e através desta, passa a ter acesso ao conhecimento
científico e cultural, compreendendo assim a dinâmica social e seus conflitos.
Para Libâneo,
[...] uma prática social cunhada como influência do meio social sobre o desenvolvimento dos indivíduos e na sua relação ativa com meio natural e social, tendo em vista, precisamente, potencializar essa atividade humana para torná-la mais rica, mais produtiva, mais eficaz diante das tarefas da práxis social postas num dado sistema de relações sociais. O modo de propiciar esse desenvolvimento se manifesta nos processos de transmissão e apropriação ativa de conhecimentos, valores, habilidades, técnicas, em ambientes organizados para esse fim. (LIBÂNEO, 2007, p. 82)
Constatando a fala de Libâneo, através da educação, o sujeito pode e deve
interferir e transformar a própria realidade social. A escola é o caminho para esta
formação, e ela acontece a partir do momento que a interação entre as instâncias
colegiadas aconteça. Ou seja, a gestão democrática é a participação efetiva de
toda a comunidade escolar no processo educacional, e o Grêmio Estudantil, que
representa os estudantes, participem das decisões que envolvem as questões
educacionais.
2.5 Gestão Democrática Escolar
De acordo com a Constituição de 1988, no artigo 206, inciso VI a gestão
democrática está assegurada da seguinte forma:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (BRASIL, 1996, s/p.)
Para que exista a gestão democrática escolar é necessário que haja os
conflitos, a participação, o diálogo e as tomadas de decisões de todos os
envolvidos no processo da produção do conhecimento e a transmissão dos
saberes.
A gestão democrática é a que envolve os diferentes segmentos na gestão da
escola, sobre as questões pedagógicas, administrativas e financeiras. A
democratização da gestão escolar não é fácil de ser construída e deve ser
entendida como um processo contínuo, que pode se dar de forma diferenciada em
cada âmbito escolar, apesar de estarem submetidas à mesma política educacional.
Daí reforça-se a importância de termos sujeitos, comprometidos, que busquem,
discutem sobre o que é melhor para sua escola.
Segundo Gadotti,
A gestão democrática deve estar impregnada por uma certa atmosfera que se respira na escola, na circulação das informações... A gestão democrática, é portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas não é suficiente. Precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho. (GADOTTI, 2004, p. 36).
Não existe gestão democrática sem autonomia, pois é o elemento chave da
gestão, e implica em uma responsabilidade, capaz de posicionamentos, escolhas e
decisões. É claro que a escola pertence a uma autonomia relativa, com legislações,
mobilidades impostas, porém, com ideologias discutíveis baseado nas esferas das
relações e do conhecimento.
2.6 Ações
A seguir, apresenta-se metodologicamente como se realizou a abordagem
do projeto os quais, foram obtidos pelo desenvolvimento de 8 encontros de 4 horas
cada, planejados durante o segundo semestre de 2013 e aplicados no primeiro
semestre de 2014. Os encontros ocorreram na sala de multiuso, nas dependências
do Colégio em questão, em horários contrários a matrícula regular dos alunos
membros do Grêmio Estudantil CERB, com a prévia e devida autorização da
direção e dos pais/responsáveis dos mesmos.
Destaca-se também que em paralelo aos trabalhos realizados durante a
implementação, também se levou em consideração a análise e opinião emitida
pelos professores de diversos municípios do Estado do Paraná, que participaram
do grupo de trabalho em rede - GTR. Ressalta-se que o Grupo de Trabalho em
Rede é um curso em ambiente on-line, cujo objetivo é a socialização da pesquisa
em todas as etapas, com a discussão dos fundamentos teóricos e resultados da
prática, visando o enriquecimento do trabalho. O curso teve início em março e
térmico em maio de 2014, ou seja, no período de aplicação do Projeto de
Intervenção na Instituição, houve o estudo e a contribuição dos professores da
rede, por meio de fóruns, diários, tarefas e interações com as diversas realidades.
O primeiro encontro, os membros do Grêmio Estudantil CERB foram
recebidos na sala de multiuso, previamente organizada, em um ambiente
acolhedor, tendo como recursos tecnológicos ultrabook, datashow e caixa de som.
O início das atividades deu-se com as boas vindas e explicando para os mesmos,
qual o objetivo deste Projeto, ou seja, de que forma contribuir para que o grêmio
estudantil participe nas ações da gestão democrática escolar, viabilizando sua
politização?
O maior desafio deste trabalho é integralizar o grêmio estudantil nas ações
da gestão democrática escolar, despertando consciência política estudantil, e a
partir deste, buscar conscientizar os alunos dos seus direitos e deveres dentro da
legislação; determinar os conceitos de educação, gestão democrática e juventude,
destacando características históricas; debater sobre o papel do grêmio estudantil
nas decisões democráticas no âmbito escolar e identificar nas ações da Instituição,
questões relevantes para discussão do grêmio e o coletivo escolar.
Iniciamos com uma mensagem para refletir sobre: Você pode fazer a
diferença. (5 min.) Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=gBRd5L2QOKI. Acesso em 27/09/2013. O
objetivo deste é analisar juntamente com os alunos a importância de cada um na
construção de tudo que temos. Conversou-se sobre o vídeo, fazendo um paralelo
sobre nossas atitudes dentro da escola. Depois, realizaram-se leituras e
discussões da legislação sobre o surgimento do Grêmio Estudantil. Encerramos o
primeiro encontro com o vídeo: Memória do Movimento Estudantil - 5 min. e
discutiremos sobre o mesmo, com o intuito de conhecer os vários acontecimentos
que ocorreram. Disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4868.
Acesso em 20/08/2013.
O segundo encontro aconteceu na segunda quinzena do mês de fevereiro e
iniciou-se com o vídeo A Fábula do Porco Espinho - A Convivência. (3 min.).
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=r9nN60aH9TU. Acesso em
27/08/2013. Com o intuito de discutir sobre a questão ideológica da fábula,
realizando paralelos sobre a prática estudantil. Após conversas, foi dado
continuidade com o estudo das questões legais. Diante das questões relacionadas
à legislação das esferas Estaduais e Federais nos dois primeiros encontros, os
alunos relataram que não tinham conhecimento algum sobre a legalidade que
ampara a existência do grêmio estudantil, seus conceitos, funções, direitos e
deveres entre outros.
O terceiro encontro aconteceu na primeira quinzena de março. Neste dia,
estudou-se o Estatuto do Grêmio Estudantil do CERB, destacando as funções,
direitos, deveres entre outras atribuições de todos os membros que o compõe.
Realizou-se a leitura do estatuto, pontuando algumas situações de maior relevância
no que diz respeito à participação do grêmio estudantil na gestão democrática
escolar. Destaca-se que ainda existem escolas sem os grêmios estudantis, e que
alguns estudantes não têm acesso e conhecimentos sobre seus direitos e deveres,
mesmo tendo a garantia constatada em lei. Neste momento, os alunos relatam que
sabiam da existência do estatuto, porem, nem todos tinham conhecimento do que
nele continha, não com tantos detalhes. Ressalta-se também que muitos
integrantes do grêmio se oportunizam da posição que se encontram para se
ausentarem das aulas, alegando estarem resolvendo questões referentes ao
colegiado, sabendo que isso é contra a legislação, onde todas as atividades devem
ser direcionadas em horários contrários as aulas regulares. Deve-se respeitar a
legislação para cobrar o efetivo cumprimento dela.
O quarto encontro ocorreu na segunda quinzena de março. Neste dia
realizou-se uma conversa sobre o que já havia estudado e discutido sobre o projeto
em questão, para retomar e se localizar no contexto. Após, questionou-se sobre o
que eles entendiam sobre o significado da palavra educação e democracia. Com
muito receio, um ou outro disse respectivamente: "É o que se aprende em casa". "É
o que viemos fazer na escola". "É a forma de tratar as pessoas". "Quando temos os
mesmos direitos". "Quando se pode participar das decisões" Passou-se então para
os conceitos formalizados legalmente e citações de autores. Realizando sempre
paralelos com o cotidiano. Após os estudos dos termos assistiu-se ao vídeo
sobre a mudança social. (15 min.). Disponível em:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=4716,
acesso em 27/09/2013. Este vídeo nos leva a refletir que a escola é o caminho
para a democratização e para que isso ocorra, esta deve estar de portas abertas
para a participação de todos os sujeitos que fazem parte desse espaço, alguns
individualmente, outros representativos.
O quinto encontro ocorreu na primeira quinzena de abril. Conversou-se
sobre questões referentes à juventude. De que forma, eles jovens, adolescentes
estão agindo dentro da sociedade. Neste momento os alunos não se manifestaram.
Passou-se então para conceitos sobre alguns autores com colocações por parte da
professora. Após a conversa, foi assistido trechos de vídeos e de músicas de
documentários sobre as lutas e conquistas dos jovens estudantes.
Vídeo: Megafone - (27 min.). Disponível em:
(http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/video/arquivoVideos.php). Acesso
em 22/08/2013. Após o vídeo, conversou sobre a intenção ideológica do mesmo,
onde retratava os jovens com suas caras pintadas, bandeiras de todas as cores,
prontos para fazer a diferença. Destacou-se que os estudantes são a força mais
poderosa da nação e, inevitavelmente, donos de seu futuro. Basta escolher que
futuro se quer. Dando continuidade do objetivo do nosso trabalho que é a
conscientização politizada dos estudantes, assistiram-se trechos do vídeo: UNE 75
anos - (15 min.). Disponível em: (http://www.youtube.com/watch?v=G5dfeu1PM7s).
Acesso em 22/08/2013. Ouviram-se fragmentos do Hino da União Nacional dos
Estudantes (UNE). A letra da música retrata a luta dos estudantes em busca de
uma sociedade democrática.
O sexto encontro ocorreu na segunda quinzena de abril. Utilizaram-se
fragmentos do vídeo da Música: Alegria, Alegria. (5 min.). Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=hmK9GylXRh0. Acesso em 27/09/2013. Tendo
como objetivo a intenção ideológica da letra, destacando que retrata o momento
histórico das lutas de classes em um regime ditatorial no Brasil, com esta música,
procura conscientizar e incentivar a população a se rebelar e protestar contra as
imposições do governo da época. Após este trabalho, passou-se a estudar sobre
gestão democrática escolar, destacando que o cotidiano escolar é essencial para
se debater sobre o papel do grêmio estudantil nas decisões democráticas no
âmbito escolar. Enfatizou-se que para se efetivar a gestão democrática, é
necessário que os indivíduos participem da construção da identidade e significados
escolares. Para sintetizar os apontamentos assistiram-se trechos do documentário
sobre os movimentos estudantis. Vídeo: Para que serve o Movimento Estudantil?
(7 minutos). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=XaSPNhe--z. Acesso
em 23/08/2013. Debateu-se sobre a importância do movimento estudantil de forma
democrática dentro do nosso âmbito escolar, partindo da realidade sociocultural
dos envolvidos. Solicitou-se aos alunos que relatem quais os anseios dos alunos
em relação ao tema debatido e as formas de participação nas atividades
correlacionadas do Colégio, realizaram-se discussões.
O sétimo encontro ocorreu na primeira quinzena de maio. Conversou-se
sobre de que forma o grêmio estudantil poderia fazer parte das ações da
Instituição. Neste encontro, observa-se que os alunos já se encontram mais
abertos às questões, e participam mais dos questionamentos.
Utilizou-se o slide - caderno Sou da Paz: Grêmio em Foco. 2. edição.
Disponível em: http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/caderno.pdf. Acesso
em 27/09/2013.
Destacou-se que a vivência do grêmio no âmbito escolar, faz parte do
processo de ampliação da participação dos alunos neste espaço.
Diante disso, Grácio e Aguiar destacam que, o grêmio é um espaço coletivo,
social e político, de aprendizagem da cidadania, de construção de novas relações
de poder dentro da escola, ultrapassando as questões administrativas e interferindo
no processo pedagógico. (GRACIO; AGUIAR, 2002, p. 81)
Neste encontro, foram discutidas as questões a seguir, com o propósito de
debater as questões, destacando os pontos principais e explanando para o grande
grupo as conclusões.
• A participação do estudante é importante? Por quê?
• Como você vê a participação dos estudantes na escola e na sociedade, hoje?
• Como consolidar o grêmio estudantil em nossa escola?
• Que estratégias usar para envolver os alunos e ganhar o apoio da escola para o
grêmio estudantil?
O oitavo encontro ocorreu na segunda quinzena do mês de maio. Este
momento teve como intuito analisar a interação que o grupo obteve durante o
projeto, realizando uma discussão coletiva sobre os questionamentos apresentados
a seguir.
• Na prática, qual o papel dos grêmios estudantis no processo de transformação
social, política e cultural na nossa sociedade?
• Diante da nossa realidade, como deve ser a atuação dos estudantes hoje?
• Conhecendo a história do movimento estudantil, de que forma o grêmio
estudantil pode e deve colaborar para o processo educacional para seu
crescimento enquanto agente da produção do conhecimento?
Ao final das discussões, realizou-se uma confraternização com os membros
do Grêmio Estudantil CERB, Direção e Equipe Pedagógica.
3 CONCLUSÃO
Tendo em vista os trabalhos realizados com os alunos representantes do
grêmio estudantil, possibilitou uma compreensão mais abrangente sobre a
inquietação que os mesmos têm em relação a se fazerem presentes no cotidiano
escolar. Faz-se necessário que tenha um olhar diferenciado em relação à
fragilidade do processo participativo dos alunos, fato este, que dificulta a atuação
desta instância colegiada. Observa-se que existe uma resistência muito forte entre
todos os envolvidos no processo educativo, ou seja, a comunidade escolar formada
por professores, alunos, funcionários e pais, por não estarem habituados com uma
cultura democrática, pois parece que a participação não faz parte do cotidiano de
cada um. Constata-se também que a falta de conhecimento das legislações e
estatuto que organizam essa Instância Colegiada permite a todos uma sensação
de impossibilidade de participar, pois esse desconhecimento gera certo receio em
participar e opinar.
Fica evidente que a motivação por parte do gestor da Instituição de Ensino é
o início de todo o trabalho, com o objetivo da formação politizada dos alunos. A
partir do momento que se sentem seguros e acolhidos pela Instituição Escolar, os
mesmos, buscam participar das ações conjuntas à Gestão Democrática.
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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desconhecido. 3 min. Disponível em:
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Alexandre Castilho — 25 de dezembro de 2011.