MORFOSSINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA Prof.Msc.: Adriano Ricardo
OS SINTAGMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
1. Palavra, lexema e sintagma
A palavra é uma forma individual, com uma representação fonológica ou
gráfica. Formada de um ou mais morfemas.
Veja:
Falação = fala + ação
O lexema equivale a uma classe de palavras relacionadas de uma
determinada maneira.
Ex.: flor – flores (pertencem ao mesmo lexema)
O sintagma é um constituinte da uma oração, composto de uma ou
mais palavras.
Veja:
(01) Meus primos foram morar em São Paulo.
Nessa sentença percebemos sequências de palavras que nos dão a
sensação de grupos naturais.
(01) [Meus primos] [foram morar] [em São Paulo].
A essas sequências denominamos SINTAGMAS (ou constituintes).
Se tentarmos dividir de outra forma:
[Meus] [primos foram] [morar em]
Perceberemos que não será possível, visto que estas não formam
unidades (constituintes).
2. Tipos de sintagmas
Os sintagmas têm comportamento gramatical diferenciado. Alguns se
comportam como nome, sendo chamados de sintagma nominal (SN), outros
têm propriedades restritivas e modificadoras dos nomes, são chamados de
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sintagma adjetivo ou adjetival (SAdj), outros se comportam como advérbio,
são os sintagmas adverbiais (SAdv) e há ainda aqueles que correspondem
ao “predicado” da gramática tradicional, a esse chamamos sintagma verbal
(SV).
2.1. O sintagma nominal
(02) [Meu vizinho da frente] estuda mecânica.
Esse sintagma pode ser substituído por um nome como Paulo. Tem
função nominal.
O sintagma nominal ocupa lugar de sujeito, objeto direto ou
complemento de uma preposição.
(03) Vou procurar [Paulo] Objeto direto
(04) Elza está saindo com [meu amigo]. Complemento preposicional
2.2. Sintagma adjetival
(05) Pegue o livro [de Português].
(06) Mostre-me {o vestido [que você comprou] }.
Observe que o sintagma adjetivo [que você comprou] está dentro do sintagma
{o vestido[ que você comprou] }. Essa capacidade que a língua possui, de
encaixar sintagmas uns dentro dos outros, chama-se recursividade.
2.3. Sintagma Adverbial
O principal problema do sintagma adverbial é a compreensão do
conceito de advérbio, visto que, ao que tudo indica, essa classe de palavras
encerra vários tipos de itens, sendo provavelmente um conjunto de classes,
não apenas uma classe, pois, como se sabe, sintagmas adverbiais, bem como
sintagmas adjetivos podem ser compostos por uma preposição mais um
sintagma nominal.
(07) Meu carro [sempre] dá problema.
(08) Meu carro [quase todo dia] dá problema.
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2.4. Sintagma Verbal
É o constituinte básico do “predicado”
(09) Carminha [viaja para a Espanha amanhã]
3. Os sintagmas na análise sintática tradicional
Em uma frase como:
(10) Meu carro todo dia enguiça no centro da cidade.
Meu carro – sujeito
Quase todo dia – adjunto adverbial
Quase todo dia enguiça no centro – predicado
As sequências carro quase e dia enguiça não têm função na oração,
pois não constituem sintagmas, não caracterizam expressões linguísticas. São
apenas sequências de palavras que não possuem interpretação semântica, ou
seja, não compõem constituintes.
Isso demonstra o quanto a divisão em sintagmas é essencial a análise
sintática tradicional.
4. A associação de sintagmas
Os sintagmas se associam para formar estruturas maiores. Desta feita, é
possível juntar um sintagma nominal e o um sintagma verbal para formar uma
oração.
(11) [Meu vizinho] [viaja todo domingo].
SN SV
Além de se associarem, os sintagmas podem aparecer uns dentro dos
outros, como já dito. Assim temos na sentença (11) o seguinte
{viaja [todo domingo] }
{SV}
[SAdv]
E ainda dentro do sintagma adverbial temos um sintagma nominal [domingo]
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Assim, depreendemos que, como afirma Perini(2006), uma estrutura gramatical
é muito mais do que apenas uma sequência de elementos: é, entre outras
coisas, uma hierarquia de constituintes. Constituinte é uma noção estrutural, e
só faz sentido dentro de uma estrutura.
REFERÊNCIAS
PERINI, Mário A. Princípios de linguística descritiva: introdução ao
pensamento gramatical. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe: Como e por que
aprender análise (morfo) sintática. Barueri, SP: Manole, 2004.
SILVA, Maria Cecícila Souza e & KOCH, Ingedore Villaça. Linguística
aplicada ao Português: sintaxe. São Paulo: Cortez, 2004