PPP – Parcerias Público Privada
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M a r t i n s
6 / 1 0 / 2 0 1 6
O desenvolvimento econômico de um
país está relacionado à capacidade de seu
governo para proporcionar obras de infra
estrutura necessárias para alavancar o
seu crescimento, tais como construção e
manutenção de estradas de rodagem,
ferrovias, portos, hidroelétricas, entre
outras. Neste contexto, a participação do
setor privado nos empreendimentos de
interesses públicos torna-se fundamental
para assegurar os recursos não
disponíveis pelo setor público, além de a
eles garantir a necessária eficiência e
modernização não encontráveis nos
órgãos públicos
PPP - PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS
RESUMO
O presente artigo apresenta uma análise das parcerias público privadas,
instituídas através da Lei nº 11.079 de 30-12-2004, extratos da publicação de
autoria do Sr. Rogério Carlos Rost, do Manual das PPPs do Estado do Rio de
Janeiro, do Manual das PPPs do Estado Minas Gerais e de considerações do
Eng. Sebastião Martins.
Neste trabalho, também é visto como se inserem as PPPs no Direito
Administrativo e Constitucional brasileiro e a justificativa de sua implantação,
definindo sua aplicação, em comparação com a Lei nº 8.987/95 (Concessões)
e com a Lei nº 8.666/93 (Licitações).
São destacados o conceito de PPP e as principais características das três
modalidades de concessão resultantes do surgimento desta lei: concessão
patrocinada, concessão administrativa e concessão comum.
São examinados o objeto, limites, vedações de sua aplicação, procedimentos e
etapas de implementações e outros aspectos peculiares das PPPs.
Também são abordados temas controvertidos com o registro dos argumentos
de doutrinadores sobre aspectos polêmicos da Lei nº 11.079/04.
Sobre o autor
Eng. Eletricista, pós-graduado em Gerenciamento de Projeto pelo IETEC (Instituto de
Educação Continuada – BH, MG), profissional com mais de 30 anos de mercado, com
amplos conhecimentos técnicos, administrativo, projetos e acompanhamento de obras,
financeiro, contábil e tributário, adquirido nas atividades abaixo relacionadas e
consolidado pelo desenvolvimento pessoal de Sistema Gerencial Administrativo,
Financeiro e Tributário, já implantado e em perfeito funcionamento em grandes
empresas.
Ex. prof. da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e PUC ( Pontifícia
Universidade Católica do Minas Gerais) com vários artigos técnicos publicados.
Conhecimento básico em Direito Tributário, Constitucional, Administrativo,
Participação Público Privada e contabilidade básica / avançada.
Aprovado no MPU (classificação 118), Tribunal de Justiça (Classificação 135) e ALMG
(Assembleia Legislativa de Minas Gerais). Pós-graduação com ênfase em Análise de
Investimentos. Análise de Balanço para fins de financiamento junto ao BNDES
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5
1) Justificativa da implantação das PPPs ........................................................ 6
2.1) Vantagens da PPP ................................................................................... 6
a) Para o Estado/Município ....................................................................... 7
b) Para o setor privado .............................................................................. 7
c) Para a sociedade .................................................................................. 7
2.2) Desvantagens da PPP ............................................................................. 8
2) Ciclo de vida de uma PPP ........................................................................... 8
3.1) Parte I - Fase de Pré enquadramento ...................................................... 9
3.1.1) Proposta preliminar ....................................................................... 10
a) Descrição do Problema ....................................................................... 10
b) Objetivos e Metas a Serem Alcançados .............................................. 10
c) Modalidade de PPP............................................................................. 10
d) Prazo ................................................................................................... 11
e) Cronograma ........................................................................................ 11
f) Valor .................................................................................................... 11
g) Interesse Público ................................................................................. 11
h) Vantagens Operacionais e Econômicas .............................................. 11
i) Aderência a Planos de Governo ......................................................... 11
j) Órgão Implementador ......................................................................... 12
k) Aspecto Jurídico .................................................................................. 12
3.2) Parte II: Fase de enquadramento no Plano Estadual de Parceria Público
Privada .......................................................................................................... 12
3.3) Parte III: Fase do Processo de Licitação ............................................. 13
3.4) Parte IV: Fase de Gestão do Contrato ................................................ 13
3) Elaboração do Estudo Técnico .................................................................. 14
4.1) Preliminares ........................................................................................... 14
4.2) Análise da Demanda .............................................................................. 15
4.3) Dimensionamento da Oferta .................................................................. 15
4.5) Projeto Básico de Engenharia ............................................................... 16
4.7) Indicadores de Desempenho ................................................................. 16
4.9) Avaliação Financeira .............................................................................. 17
4.9.1) Fluxo de Caixa ................................................................................. 17
a) Ótica do Parceiro Privado ................................................................... 17
b) Ótica do Tesouro Estadual .................................................................. 18
4.9.2) TIR (Taxa Interna de Retorno) e VPL (Valor Presente Líquido) ...... 18
4.9.3) Valor dos Aportes de Recursos Públicos ......................................... 18
4.9.4) Impacto dos Aportes de Recursos Públicos .................................... 19
4) PPP - Modalidade de contratação ............................................................. 19
5) A lei 11.079/04 – Lei das PPPs ................................................................. 20
6) Projeto básico de uma PPP ....................................................................... 20
7) Conceito e Modalidades ............................................................................ 21
8) Objeto, limites e vedações das PPPs .......................................................... 27
8.1) Objeto das PPPs .................................................................................... 28
8.2) Valor do contrato das PPPs ................................................................... 28
8.3) Vedações do contrato das PPPs ........................................................... 29
8.4) Cláusulas obrigatórias dos contratos ..................................................... 29
a) Prorrogação nas concessões .............................................................. 29
b) Limites de ordem orçamentária ........................................................... 29
c) Garantias do contrato .......................................................................... 29
9) O Procedimento das Parcerias Público-Privadas ......................................... 30
9.1) Etapas da contratação de parceria público-privada ............................... 30
a) Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal – CGP ............... 30
b) Audiência pública ................................................................................ 32
9.2) Sociedade de Propósito Específico – SPE ............................................ 32
9.3) Garantias ao parceiro privado ................................................................ 33
9.4) Garantias à Administração Pública ........................................................ 35
9.5) Licitação ................................................................................................. 36
9.5.1) Edital ................................................................................................ 36
9.5.2) Mecanismos privados de resolução de disputas ............................. 38
9.5.2) Remuneração do parceiro privado................................................... 39
9.6) Contrato ................................................................................................. 40
a) Principais cláusulas contratuais .......................................................... 41
b) Tipos de riscos nos contrato ............................................................... 41
c) Fato do príncipe .................................................................................. 42
d) Alternativas de contraprestação da Administração Pública ................. 45
e) Penalidades contratuais e administrativas .......................................... 46
f) Extinção do contrato............................................................................ 46
10) Aspectos polêmicos da Lei Nº 11.079/04 ................................................... 47
10.1) Limite mínimo para celebração de contratos de PPP .......................... 47
10.2) Vinculação de receitas públicas como forma de garantia. ................... 48
10.3) Operações de crédito por antecipação de receita ................................ 49
10.4) Fundos especiais como forma de garantia .......................................... 49
10.5) Utilização da arbitragem para resolução de disputas .......................... 50
11) Considerações finais .................................................................................. 53
12) Conclusão .................................................................................................. 54
a) Para o setor público ................................................................................ 54
b) Para o setor privado; .............................................................................. 54
13) Referências Bibliográficas .......................................................................... 55
Anexo A - PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE ............. 58
1) Introdução .................................................................................................. 59
2) Objeto ........................................................................................................ 60
2.1) Regras Gerais ........................................................................................ 60
2.2) Diplomas normativos ............................................................................. 61
3) Diretrizes para a Participação .................................................................... 61
4) Estudo a serem apresentados ................................................................... 62
5) Custos de Participação .............................................................................. 62
5.3) Ressarcimento dos custos .................................................................... 62
6) Recebimento e análise da Manifestação de Interesse .............................. 63
7) Sistema de Pontuação ............................................................................... 64
8) Demonstração de gastos ........................................................................... 66
9) Termo de Referencia, na apresentação da proposta. ................................ 66
10) Forma de encaminhamento das Manifestações de Interesse ................ 67
11) Esclarecimentos adicionais .................................................................... 68
12) Propriedade inteIectual ........................................................................... 68
13) Prerrogativas da COPASA ......................................................................... 69
14) Consolidação das propostas .................................................................. 69
INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura econômica social em que se encontra o Brasil, com uma
retração do PIB de 3,8% em 2015, relativo ao ano de 2014, esperar que os
escassos recursos financeiros dos entes federativos possam assegurar a
satisfação das necessidades básicas em saneamento, saúde, transporte,
energia e outras essenciais da sociedade, se afigura como profunda utopia.
Neste contesto, como solução amenizadora desta situação, as Participações
Públicas Privadas (PPP) vislumbram-se como alterativa ao suprimento das
obrigações do Estado além de promoverem a sustentação do crescimento
econômico e geração de emprego.
Buscando conferir e dinamizar a participação privada na solução de problemas
até então de competências exclusiva do Estado, em 31 de dezembro de 2004,
sob o número 11.079 foi elaborada a lei que regula a participação das
sociedades privadas neste contesto.
A lei 11.079/2004 define as normas gerais para o novo contrato administrativo
(PPP), delimita seu âmbito de aplicação, estabelece seu conceito e enumera os
princípios a que se subordina.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm
A PPP envolve, por um lado, a utilização de recursos privados para que o
Estado atinja seus objetivos e, por outro, possibilita ao setor privado a atuação
em atividades cuja natureza sempre foi mais afeita ao setor público.
O mecanismo catalisador da parceria é uma das principais inovações da lei, é a
garantia prestada pelo setor público ao setor privado sobre suas possibilidades
de retorno, mecanismo até então não previsto na legislação atinente às
concessões.
A lei 11.079/2004 (lei das PPP´s) passa então a regular a participação privada
no contesto das prestações de serviços públicos, tendo nas Leis nº 8.987/95
(Concessões) e com a Lei nº 8.666/93 (Licitações) seu suporte subsidiário, isto
é, delas se valendo para os casos omissos e complementares.
Lei nº 8.987/95 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
Lei nº 8.666/93 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
O conceito de PPPs é amplo e divergente quanto a sua finalidade, entretanto
coincidente por sua relação publico-privado na busca da efetivação do
interesse da sociedade, para execução de serviços públicos, mas nunca
podendo confundi-la com o instituto da privatização.
A Parceria Público-Privada é realizada através de um contrato administrativo
de concessão entre o setor público e a iniciativa privada, para realização de
serviços ou empreendimentos públicos. Já na privatização ocorre a “venda” de
uma instituição do setor público para o privado, onde o serviço passa a ser
executado de forma plena pela iniciativa privada, como qualquer outro negócio,
onde o governo continua a participar de alguma forma, geralmente como sócios
minoritários, mas sem deter qualquer poder sobre a empresa.
A Lei nº 11.079/2004 não trouxe qualquer definição de PPPs no seu
texto, deixando tal incumbência aos estudiosos e operadores do
direito, sendo a conceituação mais completa a trazida por Marçal
Justen Filho:
“Parceria público-privada é um contrato organizacional, de longo prazo de duração,
por meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar obra pública e
(ou) prestar serviço publico, com ou sem direito à remuneração, por meio da
exploração da infra estrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada
prestada pelo Poder Público, utilizável para obtenção de recursos no mercado
financeiro”. (JUSTEN FILHO, 2005, p. 549)
1) Justificativa da implantação das PPPs
O objetivo geral das parceiras público-privadas é canalizar para os serviços
públicos a habilidade gerencial e os capitais privados, estruturando o
relacionamento entre as partes, de forma a que o termo parceria abranja
partilha de riscos e de ganhos financeiros. Deste modo, para se trabalhar com
sucesso com o setor privado, setor público necessita clarificar os princípios e
objetivos fundamentais por trás das parcerias.
Para o setor público, a PPP permite a obtenção de um melhor uso do recurso
público (value for money), quando da oferta de serviços públicos, ao lhes
conferir eficiência, eficácia e efetividade, particularmente através das seguintes
fontes:
2.1) Vantagens da PPP
Várias são as vantagens para as PPPs, para os parceiros públicos e privados
Inovação. A PPP permite a transferência da capacidade inovadora do
setor privado para a área pública. Uma das maiores fontes de ganho a
esse respeito advém do fato do Governo não necessitar de fornecer
pormenores de como um ativo deva ser projetado e construído, mas sim
de estabelecer os condicionantes básicos de como o serviço público
deverá ser ofertado pelo parceiro privado (modelo DBFOT);
Otimização do custo e da vida útil. Num modelo DBFOT, o
empreendedor estará numa ótima posição para aprimorar técnicas de
projeto e construção, que minimizem os custos de implantação e
operação e aumentem a vida útil dos ativos, algo que dificilmente seria
possível no esquema tradicional de gestão pública, em que as diversas
fases do modelo antes citado são de responsabilidade de diferentes
atores;
Compartilhamento de infra-estruturas. Existem vários casos em que
facilidades governamentais implementadas através de PPPs são
compartilhadas com terceiros, minimizando gastos operacionais do
parceiro público, num movimento impulsionado pela experiência do
parceiro privado em gestão de ativos;
Divisão ótima de responsabilidades. No caso mais frequente, o parceiro
público define as condições de oferta de determinado serviço público, e
o parceiro privado projeta, constrói e opera os ativos para tal. Nessas
circunstâncias, costuma ocorrer uma divisão de responsabilidades mais
clara e coerente, já que cada um dos parceiros estará exercendo suas
atividades finalísticas.
a) Para o Estado/Município
Menor necessidade de investimentos diretos;
Transparências nas contratações (Lei 8.666/98);
Menor necessidade de pessoal;
Melhor qualidade do serviço;
Maior eficiência na aplicação de recursos públicos;
Flexibilização para estruturar o projeto de acordo com as necessidades
das partes; e,
b) Para o setor privado
A PPP representa um novo e amplo leque de oportunidades de negócios,
muitas delas restritas anteriormente à governança pública.
Fluxo de receitas estáveis pelo período da PPP;
Garantia prestadas pelo Estado/Município;
Possibilidade de recebimento da contraprestação após a entrega de
cada projeto, desde que previsto em contrato.
c) Para a sociedade
As PPPs representam uma oportunidade de se desfrutar de serviços públicos
mais bem estruturados e coordenados, sobretudo pelo fato que indicadores de
desempenho estarão monitorando todo o processo concessional.
2.2) Desvantagens da PPP
A principal desvantagem das PPPs se vincula à Taxa de juro (custo de
transação financeira).
A PPP, como dito anteriormente, é um mecanismo de financiamento ao
setor público. Diante dos riscos incorridos pelo projeto e pela frequente
inexistência de ativos pertencentes ao parceiro privado capazes de
assegurar-lhe garantias creditícias (modelo project finance), as taxas de
juros incorridas pelo parceiro privado e repassadas ao parceiro público
costumam ser significativamente superiores às taxas que seriam
cobradas ao setor público por bancos de fomento econômico;
Como sabido, o Direito Administrativo tem como princípio básico o da
legalidade, conforme art. 37, caput, CF, o qual determina que “enquanto na
administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza”.
Conforme postulado, vê-se claramente o aspecto burocrático a reger os atos da
Administração Pública, causa-lhe ineficiência no que respeita a agilidade de
que se reger a solução de certos empreendimentos, situação inexistente
quando vista do lado privado.
Acrescente, ainda, o fato de que os aspectos de tecnologia fazem-se muito
mais presente no setor privado do que no público, conferindo, naturalmente, ao
primeiro o “principio da eficiência”, que, modernamente se afigura como mais
um dos mais novos princípios a reger os atos administrativos.
O princípio da eficiência administrativa consiste na organização racional
dos meios e recursos humanos, materiais e institucionais para a prestação
de serviços públicos de qualidade com razoável rapidez, consoante o
inciso LXXVIII do art. 5º CF, e em condições econômicas de igualdade dos
consumidores. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
positivo
2) Ciclo de vida de uma PPP A implementação de um projeto de PPP pode ser divida em 4 (quatro) partes,
conforme configuração abaixo:
Fase de Pré-enquadramento;
Fase de Enquadramento no Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas;
Fase do Processo de Licitação;
Fase de Gestão do Contrato.
Detalhamento mais específico do Ciclo de Vida de uma PPP poderá ser vista
nos documentos:
a) PPP – Rio de Janeiro
https://www.dropbox.com/s/b2m3lwa36kl6l1m/PPP%20-
%20Manual%20do%20Estado%20do%20Rio%20de%20Janeiro.pdf?dl=
0 >>.
b) Workshop Parcerias Público-Privadas – São Paulo
https://www.dropbox.com/s/z6muvdv05zpzb4z/PPP%20-
%20CICLO%20DE%20VIDA%20DE%20PROJETOS%20PPP%20-
%20%20Capacita%C3%A7%C3%A3o%20BIRD%20agosto%202013.pdf
?dl=0
3.1) Parte I - Fase de Pré enquadramento
Elaboração da Proposta Preliminar,
Obter autorização para a elaboração do Estudo Técnico,
Objetivo da fase de pré-enquadramento é o de fornecer ao Conselho Gestor de
Parcerias Público-Privadas - CGP - uma visão da razão do projeto de PPP, isto
é, as razões fundamentais que o embasam, provendo uma indicação dos
custos e benefícios da solução proposta e do interesse preliminar despertado
na iniciativa privada.
A fase de pré-enquadramento destina-se, portanto, em levar o projeto de uma
PPP ao CGP para que este decida ou não suportar determinado projeto, antes
de se incorrer nos gastos normalmente vultosos inerentes ao desenvolvimento
de uma PPP.
Nesta fase os Órgãos/Entidades do Governo manifestam seus interesses no
estudo da concessão de serviço público do tipo PPP, submetendo suas
Propostas Preliminares à apreciação do CGP.
A Parte I compreende a elaboração da Proposta Preliminar pelo Órgão
Estadual (OE) interessado na contratação de uma PPP, para a apreciação pelo
CGP, ouvida a UPPP, com objetivo de obter autorização para a elaboração do
Estudo Técnico.
Concluída a fase de pré-enquadramento, com seu respectivo aceite no
programa geral das PPP no âmbito do ente público, inicia-se a fase de
elaboração da Proposta Preliminar.
3.1.1) Proposta preliminar
Vencida a fase de pré-enquadramento, é elaborado uma Proposta Preliminar
pelo Órgão Estadual (OE) interessado na contratação de uma PPP contendo
um descritivo do projeto da PPP pretendida, sendo a seguir encaminhado para
a apreciação pelo CGP, ouvido a UPPP, com objetivo de obter autorização
para a elaboração do Estudo Técnico.
A elaboração da Proposta Preliminar consiste num conjunto básico de
informações necessárias à avaliação do projeto. Sendo assim, a Proposta
Preliminar deverá ser composta, no mínimo, pelos seguintes tópicos:
Descrição da problemática,
Planos e metas que deverão ser alcançados,
demonstrativo que o interesse público estará preservado,
indicação da modalidade de PPP,
valor e prazo do contrato,
vantagens operacionais e econômicas,
aderência a planos de governo,
identificação do órgão implementador e aspectos
jurídicos considerados relevantes.
Assim, teremos a:
a) Descrição do Problema
O órgão estadual/Municipal deverá definir que tipo de problema se pretende
resolver com a PPP. Será o ponto de partida para elaboração da Proposta
Preliminar.
b) Objetivos e Metas a Serem Alcançados
Deverão ser sintetizados os objetivos e metas que se pretende alcançar com a
PPP. Tanto quanto possível, as metas deverão estar traduzidas através de
indicadores que permitam aferir, ulteriormente, a eficácia do empreendimento
ou serviço objeto da PPP.
c) Modalidade de PPP
O órgão estadual/Municipal deverá informar o tipo de modelagem previsto para
a PPP, como, por exemplo, BFOT ou DBFOT; sempre que possível, dever-se-á
optar por este último.
A vantagem de projetos tipo DBFOT é a maior rapidez na sua implantação,
posto que caberá ao futuro concessionário elaborar o projeto executivo do
empreendimento, a partir de projeto básico constante do Estudo Técnico
d) Prazo O prazo deverá estar contido num cronograma físico de implementação da PPP, e, de conformidade com a Lei Estadual nº 5.068/07, deverá estar compreendido entre 5 a 35 anos.
e) Cronograma O cronograma deverá conter as fases de pré-operação (construção) e de operação (em marcha), tendo como início a provável data de assinatura do contrato com o parceiro privado.
f) Valor O órgão estadual /Municipal deverá definir o valor estimado para o contrato da
PPP, com base na soma aritmética dos aportes previstos de recursos públicos
ao parceiro privado ao longo do prazo contratual. O valor mínimo do contrato
da PPP deverá ser igual ou superior a R$ 20 milhões. O cálculo do valor
contratual deverá ser feito com base em valores correntes.
g) Interesse Público
O órgão estadual /Municipal deverá demonstrar que o projeto de PPP é do
interesse público, e que os serviços a serem prestados são do interesse da
coletividade.
h) Vantagens Operacionais e Econômicas O órgão estadual/Municipal deverá demonstrar que a opção PPP é a melhor frente:
À concessão convencional, no caso do projeto envolver concessão patrocinada;
À serviços terceirizados, no caso do projeto envolver concessão administrativa;
À execução pelo Poder Público, através de sua administração direta ou indireta, no caso do projeto envolver tanto concessão patrocinada, como concessão administrativa.
i) Aderência a Planos de Governo
O órgão estadual/Municipal deverá demonstrar que o projeto de PPP é
aderente aos planos de governo, com a consideração, entre outras, das
seguintes questões:
Aderência do projeto à carteira de projetos estratégicos do governo;
Aderência do projeto ao plano plurianual – PPA.
j) Órgão Implementador O órgão estadual/Municipal deverá definir a unidade implementadora do projeto
de PPP, com a identificação do funcionário responsável, bem como se a
regulação do contrato será feita de maneira direta ou através de agência
reguladora.
k) Aspecto Jurídico
O órgão estadual/Municipal deverá elaborar parecer preliminar, através de sua
área jurídica, indicando não haver, em princípio, impedimento legal para
implementação da PPP, especialmente quanto ao fato do Estado ser, de fato, o
poder concedente, relativamente ao campo de inserção da PPP.
A iniciativa privada, tendo interesse em algum tipo particular de parceria com
o Estado/Município, deverá apresentar uma proposta ao órgão de governo em
cuja esfera de atuação situa-se o empreendimento a ser implementado. Tanto
quanto possível, essa proposição deverá ter o mesmo conteúdo a seguir
descrito:
Elaboração do Projeto Preliminar,
Encaminhamento do CGP,
Autorização para a realização de Estudo Técnico.
3.2) Parte II: Fase de enquadramento no Plano Estadual de Parceria
Público Privada
Concluído a parte I, o projeto entrará na fase de enquadramento que se dividirá nas sub fases abaixo:
a) Elaboração do Estudo Técnico
b) Consulta Pública e Pareceres de membros do CGP
c) Enquadramento no Plano Estadual/Municipal de PPP’s
A Parte II compreende a elaboração do Estudo Técnico com vista à inclusão do
empreendimento no Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas. O Estudo
Técnico consiste numa análise criteriosa de viabilidade técnica, econômica e
financeira do projeto. Deste modo, o Estudo Técnico contempla análise de
demanda, dimensionamento da oferta, projeto básico de engenharia,
especificação do serviço, indicadores de desempenho, matriz de risco,
avaliação financeira e avaliação econômica, estudo e relatório de impacto
ambiental e, por fim, minuta de edital de licitação da concessão.
Ao término do Estudo Técnico, o OE encaminhará o projeto à consulta pública,
e solicitará, através de ofício, aos diversos órgãos da administração estadual,
os pareceres referentes às análises pertinentes a cada um desses órgãos.
Será requerido que a UPPP também forneça seu parecer, de modo a que o
CGP possua mais subsídios na avaliação da viabilidade da inclusão de um
determinado projeto no Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas.
Sendo o projeto considerado elegível, será encaminhada ao Governador
proposta de Decreto de sua inclusão no Plano Estadual de Parcerias Público-
Privadas.
Considerando a relevância da sub fase da Elaboração do Estudo Técnico é
importante que sobre este se faça algumas considerações, conforme se verá
no item referente à Elaboração do Estudo Técnico
3.3) Parte III: Fase do Processo de Licitação
Concluído a parte II, o projeto entrará na fase de licitação que se dividirá nas sub fases abaixo:
Processo Licitatório
Assinatura do contrato A Parte IV compreende a realização pelo OE, após a promulgação do Decreto
do Governador para inclusão no Plano Estadual de Parcerias Público-Privadas,
do processo licitatório. Nesta fase, além dos procedimentos licitatórios nos
termos da legislação federal aplicável à espécie, deverá ser obtida Autorização
Legislativa Específica, caso se trate de PPP patrocinada onde mais de 70%
(setenta por cento) da remuneração do parceiro privado advenha do parceiro
público.
3.4) Parte IV: Fase de Gestão do Contrato
Licenciamento Ambiental
Acompanhamento e Controle com execução da gestão de: risco, desempenho, ativos, relacionamento e pagamento.
A Parte IV compreende, primeiramente, a obtenção pelo empreendedor (SPE)
das licenças ambientais necessárias, sempre que o objeto do contrato exigir;
como também se refere à gestão do contrato de PPP pelo OE, ou órgão
regulador, caso exista. Incluem-se nesta Parte os seguintes tipos de gestão:
risco, desempenho, ativos, relacionamento e pagamento.
3) Elaboração do Estudo Técnico
OE deverá elaborar um Estudo Técnico, compreendendo um conjunto
detalhado e organizado de informações, dados e relatórios técnicos e
ambientais, avaliações financeiras e econômicas, termos editalícios e demais
elementos necessários ao enquadramento do projeto de PPP no Plano
Estadual de Parcerias Público-Privadas.
4.1) Preliminares
Recomenda-se que o OE contrate Estudo Técnico junto a terceiros,
aprofundando os temas constantes da Proposta Preliminar de uma dada PPP.
Essa contratação justifica-se não só pelo grau de complexidade exigido neste
tipo de assunto, como também pelo fato de que, dados os riscos que
normalmente uma PPP envolve, há necessidade de aval de consultoria
especializada.
Na consolidação desse Estudo Técnico deverão constar elementos que
permitam verificar os seguintes pontos:
a) atendimento ao efetivo interesse público, considerando a natureza,
relevância e valor de seu objeto, bem como o caráter prioritário da
respectiva execução, observadas as diretrizes governamentais;
b) obtenção de vantagem econômica e operacional da proposta e de
melhoria da eficiência no emprego dos recursos públicos, relativamente
a outras possibilidades de execução direta ou indireta, em especial, às
concessões regidas pela Lei nº 8.987/95;
c) atingimento de metas e resultados consistente com o programa de
governo;
d) definição das formas e dos prazos bem como indicação dos critérios de
avaliação ou desempenho a serem utilizados;
e) relevância dos indicadores de resultado a serem adotados, em função
de sua capacidade de aferir, de modo permanente e objetivo, o
desempenho do ente privado em termos qualitativos e ou quantitativos,
bem como de parâmetros que vinculem o montante da remuneração aos
resultados atingidos;
f) viabilidade de obtenção pelo ente privado, na exploração do serviço, de
ganhos financeiros suficientes para cobrir seus custos;
g) forma e os prazos de amortização do capital a ser investido pelo
contratado, explicitando o fluxo de caixa e a taxa interna de retorno do
projeto (incluindo recursos públicos e privados);
h) cumprimento dos requisitos fiscais e orçamentários previstos no art. 11
da Lei Federal n.º 11.079/04;
i) demonstração de eficiência e competitividade no cumprimento das
missões de Estado e no emprego nos recursos da sociedade;
j) observância da indegabilidade das funções de regulação jurisdicional do
exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do
Estado.
Os itens subsequentes procuram ilustrar a forma pela qual poderão ser
explicitados os condicionantes anteriormente mencionados.
Ressalte-se, por oportuno, que o termo Estudo Técnico, neste Manual, tem
caráter abrangente, ao englobar também outras atividades afins ao projeto de
uma PPP, tais como análises de oferta e demanda, elaboração de projeto
básico de engenharia, confecção de minuta de edital de licitação, avaliações
financeiras e econômicas etc.
4.2) Análise da Demanda
A análise da demanda consistirá em estimar o universo de beneficiários
atendidos pelo concessionário, de forma a subsidiar e dimensionar a oferta de
serviços. Para tanto, deverá ser estimada a quantidade de serviço objeto da
PPP que a sociedade estará disposta a consumir, que nos casos mais
complexos poderá envolver levantamentos sobre:
o consumo histórico do serviço;
as preferências do consumidor;
a demanda não atendida;
a classe do serviço;
a área geográfica atendida pelo serviço.
4.3) Dimensionamento da Oferta
Com base no estudo de demanda deverá ser desenvolvido um
dimensionamento da oferta de serviços a serem prestados, que deverão estar
fisicamente discriminados e quantificados através do projeto de engenharia.
4.4) Pré-Modelagem da PPP
Nessa etapa deverá ser estabelecido o arcabouço do projeto de PPP, com a
definição dos encargos dos parceiros público e privado, nos períodos pré e
pós-operacionais, ratificando-se ou retificando-se os termos da Proposta
Preliminar.
4.5) Projeto Básico de Engenharia
Estudo Técnico deverá também compreender um projeto básico de
engenharia, que, no caso mais completo, abrangerá:
Desenvolvimento da solução escolhida;
Requisitos técnicos mínimos, globais e localizados, para as facilidades a
serem construídas (e posteriormente operadas pelo parceiro privado);
Identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e
equipamentos a incorporar à obra;
Informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos
construtivos;
Subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra;
Orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
O projeto executivo de engenharia, via de regra, deverá ser desenvolvido pelo
parceiro privado, pelos motivos antes expostos.
4.6) Requisitos de Prestação de Serviço
Nessa etapa do Estudo Técnico deverão ser identificados e desenvolvidos os requisitos exigidos para prestação dos serviços previstos no projeto da PPP, considerados, dentre outros fatores, a demanda a ser atendida, o nível de qualidade almejado, as necessidades de parâmetros para benchmarking etc. Tal como descrito em 4.5, nesta etapa deverão ser estimados os custos de
operação das facilidades ou ativos constantes do projeto básico de engenharia.
Esses custos, juntamente com os de implantação, serão a base para as
avaliações financeira e econômica adiante descritas.
4.7) Indicadores de Desempenho
Cada requisito estabelecido em 4.6 deverá corresponder um ou mais indicadores de desempenho. Para tanto, o Estudo Técnico deverá desenvolver um Quadro de Indicadores de
Desempenho (QID), representado por um conjunto de medidores sub
indicadores e suas respectivas notas utilizados para a mensuração da
disponibilidade e do desempenho operacional do parceiro privado, com a
definição do padrão aceitável e das sanções para o caso de não conformidade
na execução do contrato, visando a servir como base de cálculo para a
remuneração daquele.
Os indicadores de desempenho deverão estar preferencialmente agrupados nas seguintes áreas:
operacional;
ambiental;
social;
financeira.
4.8) Elaboração da Matriz de Risco
Estudo Técnico deverá estabelecer diversas categorias de risco, de modo que
sua alocação seja assumida, da forma mais econômica possível, pela parte
mais capacitada.
Sendo assim, o Estudo Técnico deverá identificar os riscos, descrever suas
consequências, as medidas mitigadoras e sua alocação através de critérios
claros. Um típico exemplo de matriz de risco, adotada em projetos da Austrália,
é mostrado no Anexo 2.
4.9) Avaliação Financeira
4.9.1) Fluxo de Caixa
Nesta etapa deverão ser elaboradas as avaliações financeiras sob as óticas do
Ente Estatal e do parceiro privado sendo recomendável a adoção das seguinte
marcha de cálculo:
a) Ótica do Parceiro Privado
i) Estimar dos fluxos das entradas de caixa com :
as receitas próprias provenientes da prestação de serviço;
o valor de salvamento dos bens não-reversíveis;
valor de salvamento.
ii) Estimar dos fluxos das saídas de caixa com:
investimento (serviço da dívida);
operação e manutenção;
tributos.
iii) Estabelecer o valor da contraprestação pecuniária mínima a ser paga
pelo poder público, de modo a assegurar remuneração adequada ao
parceiro privado.
Nas concessões patrocinadas, para o cálculo das receitas próprias
provenientes da prestação de serviço, será necessário adotar valores de tarifas
ou formas equivalentes de remuneração, ouvida a autoridade pública
responsável. Nos casos onde a demanda seja preponderante na determinação
do patamar tarifário, será necessário cotejar a elasticidade da primeira com o
segundo.
b) Ótica do Tesouro Estadual
i) Estimar os fluxos das entradas com:
Eventuais economias geradas com o projeto;
Valor de alienação de ativos;
Tributos diretos e indiretos arrecadados com o projeto que revertam ao Tesouro Estadual;
Valor de salvamento dos bens reversíveis (parcela depreciada).
ii) Estimar os fluxos das saídas com:
Aporte de recursos ao parceiro privado, determinado anteriormente;
Juros e outros encargos financeiros decorrentes da constituição de
Fundo Garantidor da PPP;
Pagamento ao parceiro privado da parcela não depreciada dos bens
reversíveis.
4.9.2) TIR (Taxa Interna de Retorno) e VPL (Valor Presente Líquido)
Os valores das TIR e VPL deverão ser determinados para o Ente Público e
Privado como valores que definirão o norteamento econômico financeiro do
projeto.
O valor da taxa de desconto adotada nos cálculos deverá estar devidamente
justificado.
Além disso, deverá ser feita análise da variação das TIR e VPL ante flutuações
de receitas e despesas, de modo a permitir uma melhor noção da viabilidade
financeira do projeto (Análise de Sensibilidade).
4.9.3) Valor dos Aportes de Recursos Públicos
Os aportes de recursos públicos ao parceiro privado deverão ser determinados
em função das avaliações financeiras precedentemente realizadas. Nas
concessões patrocinadas será ainda necessário determinar se os aportes de
recursos públicos representam mais de 70% (setenta por cento) da
remuneração do parceiro privado, uma vez que se isso ocorrer haverá
necessidade de promulgação de lei autorizativa específica.
4.9.4) Impacto dos Aportes de Recursos Públicos
Os aportes de recursos públicos ao parceiro privado são caracterizados como
despesas de caráter continuado.
Nesse sentido, será necessário verificar se essas despesas de caráter
continuado, relativas ao projeto em análise:
Somadas às do conjunto das parcerias já contratadas, incluindo créditos
tributários e outras formas de renúncias fiscais, não excederão a 1% (um
por cento) da receita corrente líquida, tanto no exercício em que se
iniciarem os aportes de recursos públicos ao parceiro privado, quanto
nos 10 (dez) anos subsequentes;
Caso criem ou aumentem as despesas existentes, não afetarão as
metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais referido
no § 1º do art. 4º da Lei Complementar nº 101/2000, devendo seus
efeitos financeiros, nos períodos seguintes, serem compensados pelo
aumento permanente de receita ou pela redução permanente de
despesa.
4) PPP - Modalidade de contratação
As Parcerias Público-Privadas se mostram uma modalidade de contratação
entre o setor público e o setor privado, por meio de uma empresa privada ou
um consórcio de empresas, em acordos de longo prazo, acima de cinco anos e
até trinta e cinco, visando o fornecimento de um produto ou serviço, em que o
parceiro privado é o responsável pelo financiamento do empreendimento.
A remuneração só se efetiva após a disponibilização do serviço e segundo o
seu desempenho na execução do contrato.
A formatação mais completa para organização do acordo é aquela na qual o
parceiro privado: projeta, constrói, financia, opera e mantém o
empreendimento. Destes fatos, resulta uma sinergia que possibilita a obtenção
de ganhos de eficiência e economicidade para os projetos.
Nas PPP’s, o que se tem é uma única empresa para projetar, construir, operar
e manter. Ao saber que a sua remuneração somente se dará após o início da
operação, é de se esperar que a empresa privada se preocupe em gerar um
empreendimento eficiente com menores custos de manutenção para que se
tenham maiores retornos, assim, o modelo se revela mais eficiente.
5) A lei 11.079/04 – Lei das PPPs
A Lei federal nº 11.079/2004 instituiu-se normas gerais para licitação e
contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme aduz seu art. 1º.
Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos órgãos da Administração Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias, às fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Trata-se de um novo modelo para contratações públicas implementado sob o
regime de concessão pública através das modalidades de concessão
patrocinada e concessão administrativa, em que cada ente federativo deve ter
seu próprio modelo, baseado em suas necessidades especificas, tomando
como preceituação básica a lei federal nº 11.079/2004, tendo por fundamento
legal o art. 22, XXVII, da Constituição Federal, que concede à União poder para
legislar sobre normas gerais de licitação e contratação pública.
6) Projeto básico de uma PPP
Assim como no art. 9º da Lei nº 8.666/93, o setor público, quando pretende a
realização de um empreendimento, primeiro procede a uma licitação para a
escolha de empresa que elabore o projeto básico. Depois, realiza uma outra
licitação para a seleção da empresa, objetivando a construção do
empreendimento, buscando-se, assim, eliminar conceituações de projeto que
visem beneficiar uns em detrimento de outros.
Segundo Diógenes Gasparini5, o objetivo da Lei das PPPs, no sentir de é
motivar e disciplinar, com regras seguras e melhores atrativos econômicos,
inexistentes nas atuais parcerias, a participação dos agentes privados e o
aporte de recursos financeiros e tecnológicos na consecução do interesse
público, de que, em termos de eficiência, com raras exceções, carece a
Administração Pública. Visa também o aproveitamento da agilidade da atuação
privada na execução do objeto da parceria contratada, pois livre de certas
peias burocráticas.
7) Conceito e Modalidades
A lei federal nº 11.079/2004 define uma PPP como sendo uma parceria
público-privada, do tipo contrato administrativo de concessão, na modalidade
patrocinada ou administrativa.
Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa. § 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. § 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta.
Assim, as PPPs são associações entre os setores público e privado, em que as
partes trabalham em conjunto para benefício mútuo, segundo regras
previamente estabelecidas. As PPPs são, em realidade, uma nova modalidade
de concessão de serviços públicos, em que há obrigatoriedade de aporte de
recursos do parceiro público ao parceiro privado, já que o retorno financeiro
dos investimentos e gastos operacionais por este último não seria suficiente
apenas com receitas próprias.
Além disso, as PPPs podem ser também consideradas como um novo
mecanismo de financiamento ao setor público, já que caberá ao parceiro
privado arcar com os custos de implantação e operação do serviço público
concedido, estando os aportes de verbas públicas condicionados ao efetivo
início da prestação do serviço.
Diogenes Gasparini conceitua as PPPs como:
[...] um contrato administrativo de concessão de serviço ou de obra pública,
por prazo certo e compatível com o retorno do investimento, celebrado
pela Administração Pública com certa entidade privada, remunerando-se o
parceiro privado conforme a modalidade adotada, destinado a regular a
implantação ou gestão de serviços mesmo com a execução de obras,
empreendimentos ou outras atividades de interesse público.
Assim, após a edição da Lei nº 11.079/2004, passou-se a ter no Direito
Administrativo brasileiro três modalidades de concessão.
7.1) Concessão patrocinada
Concessão patrocinada, conforme definição do § 1º do artigo 2º da Lei
11.079, é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a
Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à
tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado. É regida pela Lei federal das PPPs, aplicando-se
subsidiariamente a Lei federal das Concessões e Permissões, ou seja, a Lei. nº
8.937/95.
A concessão patrocinada é aquela que envolve a concessão de serviço ou de
obras públicas que não sejam auto sustentáveis, na qual, além da tarifa
cobrada dos usuários do serviço, há a contraprestação do parceiro público ao
parceiro privado. O § 3º do art. 10. da Lei nº 11.079/2004 determina que essa
contraprestação da Administração Pública não poderá ser superior a 70%
(setenta por cento) da remuneração do parceiro privado, salvo se houver
autorização legislativa específica.
O §1º do art. 2º da Lei nº 11.079/2004, que trata da concessão patrocinada, já
estava positivada na modalidade de concessão comum expressa pela Lei nº
8.987/1995, trazendo o novo dispositivo apenas algumas particularidades.
Na concessão comum a concessionária prestadora de serviço era paga por
tarifa como contraprestação, pelo usuário.
Já na concessão patrocinada existem duas contraprestações; uma tarifa paga
pelo usuário, e uma contraprestação pecuniária complementar como garantia
ao parceiro privado, paga pelo concedente.
Para o setor privado foi uma garantia de negócio com risco minimizado,
considerando que a complementação pública proporciona um retorno do
investimento privado.
Ainda, na concessão patrocinada o valor da contratação deve ser superior a R$
20 milhões cujo risco é repartido; enquanto na concessão comum não há piso,
e o serviço é prestado por conta e risco da concessionária.
É bem verdade que receber subsídio da concedente como complementação de
receita possibilita uma parceria duradoura e efetiva, visto que minimiza o risco
do negócio. Entretanto cumpre questionar a legalidade e possibilidade desse
tipo de subsídio.
A grande maioria dos estudiosos entende pela inexistência de obstáculos para
tais subsídios, sendo possível, inclusive, pelas disposições da Lei nº 8.987/95.
Nessa tangente, Floriano de Azevedo Marques Neto relembra que o valor da
tarifa deve atender a capacidade do usuário, senão vejamos:
“De outro lado é possível que o serviço público seja explorado pelo
particular delegatório do poder público e sua remuneração não seja
atribuída exclusivamente pelo usuário do serviço. É o que ocorre
frequentemente, nas hipóteses de subsídio tarifário quando se define que,
por ser o valor da tarifa economicamente justa (ou seja, aquela que
remunera o investimento, os custos da prestação e uma razoável margem
de lucro ao particular) excessivamente alto para a capacidade de
pagamento dos usuários potenciais do serviço público, o poder público
subsidiará a tarifa, concorrendo para que o valor cobrado de quem dele se
utiliza seja inferior àquele calculado economicamente”. (MARQUES NETO,
2004, p. 341)
Ainda, concluindo seu entendimento:
“Não me parece existir argumento suficientemente forte para impedir que o
poder público, no exercício de suas competências materiais, formule um
modelo de concessão pelo qual o concessionário seja encarregado de
prestar um serviço público, oferecendo-o diretamente aos indivíduos, mas
remunerando-se não mediante a cobrança de tarifas diretamente destes
usuários, mas por fontes alternativas. Dentre estas fontes alternativas
pode, sim, estar o pagamento pelo Estado de um valor (inclusive com
natureza tarifária) definido em lei, no edital ou no contrato por unidade de
serviço utilizado”. (MARQUES NETO, 2004, p. 349)
Seguindo a mesma linha, Marçal Justen Filho assevera que:
“... será vedada a subvenção quando configurar uma forma de benefício
injustificado para o concessionário. Não se admite, em face da própria
constituição, é o concessionário receber benesses do poder concedente,
com pagamentos destinados a eliminar de modo absoluto o risco intrínseco
e inafastável. Mas não haverá inconstitucionalidade quando a contribuição
estatal for instrumento para assegurar a modicidade da tarifa, valor
fundamental para o cumprimento das destinações do serviço público, ou a
realização das funções estatais inerentes à persecução do interesse
coletivo”. (JUSTEN FILHO, 2003, p. 93)
Observa-se que a instituição de subsídio pelo poder concedente fornece
garantias efetivas a manutenção da prestação dos serviços, proporciona a
manutenção de uma tarifa com valores acessíveis a população, tudo em
consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana, sendo
plenamente compatível com a legislação vigente.
7.2) Concessão administrativa
Conforme definição do § 2º do artigo 2º da Lei 11.079, a Concessão
administrativa é o contrato de prestação de serviços dos quais a
Administração Pública é a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
Art. 2º da Lei 11.079, § 2º. Concessão administrativa é o contrato de
prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária
direta.
Ainda conforme a sistematização de Maria Di Pietro, a concessão
administrativa, “cuja denominação é inadequada porque toda concessão é
administrativa”, constitui um misto de empreitada e de concessão: de
empreitada, porque a remuneração é feita pelo poder público e não pelos
usuários; de concessão, porque seu objeto poderá ser a execução de serviço
público, razão pela qual seu regime jurídico será semelhante ao da concessão
de serviços públicos, já que além de ser regulada pela Lei federal das PPPs, irá
se submeter a normas aplicáveis à concessão comum, na parte que confere
prerrogativas públicas ao concessionário, como as previstas nos artigos 21, 23,
24 e 27 a 39, da Lei nº 8.987/95 e art. 31 da Lei nº 9.074/95, conforme
determina o artigo 3º da Lei das PPPs.
Exemplo de uma concessão administrativa, definida na Lei da Parceria público-
privada, seria a construção e administração de uma penitenciária por um
agente privado, que receberia o retorno de seu investimento e a remuneração
pela prestação dos serviços direta e exclusivamente do Estado, afastando-se
assim do conceito de concessão comum, que exige que o pagamento seja feito
pelo usuário dos serviços.
Ao contrário das concessões comum e patrocinada, a administrativa tem por
objeto a prestação de serviços públicos em que o Estado não quer ou não
pode cobrar tarifas dos usuários e, ainda, nas atividades sociais e culturais.
De certa forma a nomenclatura “concessão administrativa” parece um pouco
inadequada, visto que toda concessão viabilizada pela Administração Pública é
administrativa.
Di Pietro salienta que a conceituação “aproxima-se bastante, sob certos
aspectos, dos contratos de empreitada, ficando a meio caminho entre a
concessão de serviço público e a terceirização” (DI PIETRO, 2005, p. 83)
Quanto a remuneração do concessionário por tarifa para configuração de
uma concessão, a doutrina é bastante divergente, principalmente ao analisar o
§2º do art. 2º da Lei 11.079/2004 em conjunto com o inciso III do parágrafo
único do art. 175 da CR/88[2].
A princípio, o inciso Constitucional conduz ao entendimento de que a tarifa é
condição essencial para configurar a concessão. Contudo o entendimento
contrário ressalta que não é correto confundir política tarifária com
obrigatoriedade de cobrança de tarifa.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello é indispensável que o concessionário
seja remunerado por meio de tarifas ou outra forma advinda da exploração do
serviço concedido, mesmo que acrescido por fontes complementares de
receita, pois é o aspecto remuneratório que distingue o instituto das
concessões de outras modalidades contratuais.
E acrescenta que:
“dificilmente se poderá conceber um serviço que possa ser mantido por
meras tarifas nas quais a Administração compareça como simples usuária,
(...) principalmente se envolverem também a execução de obras ou
implantação de bens”, (...) “não basta chamar um contrato de prestação de
serviços como concessão para que ele adquira, como em um passe-de-
mágica, esta qualidade”. (MELLO, 2005, p. 724-725)
Lado outro, o estudioso Benedicto Porto Neto entende ser desnecessária a
tarifa ou que a haja vinculação do serviço a remuneração para a caracterização
da concessão:
“A Administração Pública pode transferir a prestação de serviço público a
terceiro, sob o mesmo regime jurídico da concessão, sem que sua
remuneração guarde relação com o resultado da exploração do serviço. É
o caso do pagamento de preço diretamente pela administração à
concessionária ou, ainda, quando a receita deste provém de renda
auferida na exploração de projetos associados” (art. 11). (PORTO NETO,
1998, p. 76)
Carlos Sundfield defende ser possível a desvinculação da remuneração com o
resultado da exploração dos serviços, inclusive que a remuneração do
concessionário nessa modalidade pode não ser em pecúnia, ficando a mesma
descaracterizada pelo recebimento de tarifas pelos seus serviços.
Outro questionamento característico da concessão administrativa de serviços
públicos, é a necessidade da presença de duas relações jurídico-contratuais;
delegação entre o poder concedente e a concessionária e de prestação de
serviços entre esta e o usuário.
Existem entendimentos que a modalidade de concessão administrativa, criada
pela Lei de PPP, não possibilita essa relação triangular, na medida em que o
concedente será o próprio usuário do serviço, não havendo delegação,
conforme sustenta Juarez Freitas:
“Não se trata a rigor de concessão, mas de contrato de prestação à
Administração Pública. Dessa maneira, figurando a Administração como
usuária (direta ou indireta), não acontece, em sentido próprio, delegação,
por conta e risco. Logo, não se está diante de concessão em linha
conceitual apurada (que implica delegação pelo titular), mas de mera
contratação administrativa peculiar (com prazo mais longo, entre outras
distinções), que se deve encapsular no conceito elástico e abrangente do
art. 2º da Lei de Licitações, com o leque de consectários em matéria de
regime aplicável”. (FREITAS, 2005, p. 31)
Carlos Sundfield divide a modalidade de concessão administrativa em duas
formas de prestação de serviços:
“a concessão administrativa de serviços públicos (Administração é usuária
indireta) e a concessão administrativa de serviços ao Estado (usuária
direta). A concessão administrativa de serviços públicos é aquela em que,
tendo por objeto os serviços públicos a que se refere o art.175 da CF,
estes sejam prestados diretamente aos administrados sem a cobrança de
qualquer tarifa, remunerando-se o concessionário por contraprestação
versada em pecúnia pelo concedente (...). Nesse caso, embora os
administrados sejam os beneficiados imediatos das prestações, a
Administração Pública será havida como usuária indireta, cabendo a ela os
direitos e responsabilidades econômicas que, de outro modo, recairiam
sobre eles”. (SUNDFIELD, 2005, p. 29)
Na concessão administrativa onde a Administração é usuária direta dos
serviços, não há a relação triangular característica das concessões, mas ocorre
quando a Administração é usuária indireta, havendo relação entre usuário e
concessionária.
7.3) Concessão comum
Conforme estudo comparativo entre as três modalidades de concessão,
segundo Maria Di Pietro, o objeto da concessão patrocinada pode ser a
execução de um serviço público ou de uma obra pública, não diferindo
substancialmente da concessão comum, em que também é possível
contraprestação do poder público, sob forma de subsídio, só que na concessão
patrocinada a contraprestação do Poder Público é obrigatória, e na concessão
comum excepcional.
Além disso, a concessão patrocinada está sujeita ao regime estabelecido pela
Lei nº 11.079/04, aplicando-se apenas subsidiariamente a Lei nº 8.987/95.
Art 2, § 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum,
assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de
que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
Concessão comum, conforme definição do § 3º do artigo 2º da Lei 11.079, é a
concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no
8.987, quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado, não se constituindo parceria público-privada. Nesse sentido, o
art. 3º, § 2º, indica que as concessões comuns continuam regidas pela Lei no
8.987, e pelas leis que lhe são correlatas, não se lhes aplicando o disposto na
Lei das PPPs.
A concessão comum, ou concessão de serviço público, em sua forma
tradicional, ainda conforme a sistematização de Maria Di Pietro, constitui-se
num contrato administrativo em que a Administração Pública transfere a outrem
a execução de um serviço público, para que o execute por sua conta e risco
mediante tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente
da exploração do serviço; seu objeto é a execução de um serviço público e sua
remuneração básica é a tarifa paga pelo usuário, havendo possibilidade de
previsão contratual de outras formas de remuneração, alternativas, acessórias,
complementares ou decorrentes de projetos acessórios, conforme art. 11 da
Lei nº 8.987/95.
Existe a possibilidade de haver subsídios pelo Poder Público, limitado pela
norma do art. 17 da Lei nº 8.987/95, sendo cabível apenas quando previsto em
lei e garantido em igualdade de condições a todos os licitantes.
Nas concessões tradicionais, diferentemente do que ocorre com as
concessões patrocinadas, o empreendimento é auto sustentável. A
remuneração desse tipo de concessionário é, em regra, auferida da diferença
entre o custo necessário para prestar o serviço e o preço obtido com a
cobrança. Trata-se do conceito de exploração do serviço público por “conta e
risco” do concessionário.
8) Objeto, limites e vedações das PPPs
O regime jurídico das parcerias público-privadas é um só, mas seu objeto, ou
área de aplicação da atividade pública, é múltiplo. Assim, podem ser utilizadas
na implementação de políticas sociais, voltadas ao desenvolvimento
público, nas áreas: da educação, saúde e assistência social; dos transportes
públicos; do saneamento básico; da segurança; do sistema penitenciário; da
defesa e justiça; da ciência, pesquisa e tecnologia; do agronegócio; e do
sistema portuário, como indicam as leis estaduais, dada a notória carência de
recursos públicos para de modo rápido e eficaz atender a demanda comunitária
há muito reprimida.
A Lei federal nesse particular é omissa, mas as parcerias federais podem
ocorrer nessas e em outras áreas, desde que respeitada a indelegabilidade das
funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras
atividades exclusivas do Estado, conforme determina art. 4º, III11.
OSCIPs – Organizações da sociedade civil de interesse público
Embora as OSCIP´s trabalhem em parceira com o setor público, cabe lembrar
que estas têm lei especifica (lei 9.790/09) e decreto específico que as
regimentam “Termo de Parceria (decreto 3.100/99)”, portanto excluídas da lei
11.079/2004 (lei das PPP´s). Ademais, estas são entidades sem fins lucrativos,
diferentemente do que ocorre com as privadas que participam de PPP, que, em
essência, são entidades com fins lucrativos.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, as PPPs, como definidas em
lei, é uma modalidade de concessão de serviços público, e, obviamente,
seu objeto só pode ser a prestação de um serviço público (ainda que para
isto necessite englobar outras atividades)”.
O objeto, limites e vedações das PPPs acha-se tratado no art. 2, § 4º,
conforme seus incisos:
I - cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de
reais);
II - cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou
III - que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o
fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.
8.1) Objeto das PPPs
Assim, Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello; “o objeto das PPPs será
necessariamente a prestação de utilidade ou comodidade material fruível
singularmente pelos administrados”.
Portanto, toda tentativa de efetuar contratos de PPPs tendo como
objeto alguma atividade que não seja serviço público seria
aberrante, resultando em evidente nulidade do contrato.
8.2) Valor do contrato das PPPs
O parágrafo 4º do art. 2º da lei determina que só se admitem contratos de PPP
quando o valor for igual ou superior a 20 (vinte) milhões de reais, por um prazo
não inferior a 5 anos e que não tenha como objeto único o fornecimento de
mão de obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de
obra pública.
8.3) Vedações do contrato das PPPs
Também está proibido, segundo o art. 4º, inciso III, o contrato de PPP quando
seu objeto envolver a delegação das funções de regulação, jurisdicional, do
exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado.
8.4) Cláusulas obrigatórias dos contratos
Já o art. 5º, que trata das cláusulas obrigatórias dos contratos, determina
em seu inciso I que conste cláusula referente ao “prazo de vigência do
contrato, compatível com a amortização dos investimentos realizados, não
inferior a 5 (cinco) anos, nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo
eventual prorrogação”.
a) Prorrogação nas concessões
Segundo Maria Di Pietro, valem para as PPPs os mesmos critérios da
prorrogação nas concessões. Nesse sentido, ressalta a autora que é
possível haver prorrogação de contrato desde que tenha sido prevista no edital
e no contrato, ainda que a Lei nº 8.987 só trate dessa exigência no art. 23,
inciso XII, entre as cláusulas essenciais ao contrato de concessão. Isso porque
o princípio da vinculação ao instrumento convocatório, inerente a todos os tipos
de licitação, conforme o art. 3º da Lei nº 8.666, impediria a previsão, apenas no
contrato, se não tivesse havido a menção expressa a essa possibilidade no
edital da licitação, que é o instrumento adequado para estabelecer os critérios
e as condições de que a prorrogação será possível.
b) Limites de ordem orçamentária
Há ainda limites de ordem orçamentária restringindo a capacidade de
contratar parceria público-privada. No âmbito da União, o art. 22 autoriza a
União a celebrar contratos de PPPs somente quando “a soma das despesas
de caráter continuado derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não
tiver excedido, no ano anterior, a 1% (um por cento) da receita corrente líquida
do exercício, limitando a este valor pela inclusão de novo contrato, e, as
despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subsequentes, não
excedam a 1% (um por cento) da receita corrente líquida projetada para os
respectivos exercícios”.
c) Garantias do contrato
Segundo o Art. 28, a União não poderá conceder garantia ou realizar
transferência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios se
a soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das
parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido, no ano anterior, a
5% (cinco por cento) da receita corrente líquida do exercício ou se as
despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos subsequentes
excederem a 5% (cinco por cento) da receita corrente líquida projetada
para os respectivos exercícios. (Redação dada pela Lei nº 12.766, de
2012)
9) O Procedimento das Parcerias Público-Privadas
Sabe-se que o Direito Administrativo tem como princípio básico o da
legalidade, conforme art. 37, caput, CF, o qual determina que, como já
ensinava o professor Hely Lopes Meirelles: “enquanto na administração
particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é
permitido fazer o que a lei autoriza”. A Lei nº 11.079/2004 surge como marco
legal autorizativo dos processos de PPPs.
Trata-se de norma geral, que deve ser seguida pelos Estados, Municípios e
Distrito Federal para implantação de seus projetos de PPPs, além de tratar de
normas específicas da União. Editada a lei geral, cabe a cada ente elaborar
sua própria legislação.
9.1) Etapas da contratação de parceria público-privada
Havendo lei, o Poder Público deverá criar órgão gestor de PPPs federais, e,
por simetria, também nos Estados e Municípios.
Essa exigência contida na Lei não é norma geral, não obrigando assim os
demais entes federativos a sua observância. Entretanto, Estados e Municípios
têm adotado a criação de órgão análogo. Esse órgão é que vai escolher quais
projetos têm condições de viabilizarem-se como parceria público-privada,
fazendo os encaminhamentos necessários para o desenvolvimento do
processo.
a) Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal – CGP
Para a escolha dos projetos de PPP a serem implementados serão levados
em consideração estudos prévios realizados pelo órgão da Administração ao
qual está afeto o projeto.
No âmbito da União, o Decreto nº 5.385/05 (alterado pelo Decreto nº 6.037/07)
instituiu o Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal – CGP para gerir
as PPPs federais.
As principais competências do CGP, estabelecidas pelo art. 3º e incisos do
Decreto nº 5.385, são: definir os serviços prioritários para execução no regime
de PPP e os critérios para subsidiar a análise sobre a conveniência e
oportunidade de contratação sob esse regime, disciplinar os procedimentos,
criar modelos e aprovar a apresentação de projetos, editais e contratos de
PPP; autorizar a abertura de procedimentos licitatórios, realizar o
acompanhamento da execução das PPPs e envio de relatórios ao legislativo e
Tribunais de Contas, das respectivas esferas de vinculadas às PPPs.
Art. 3º Compete ao CGP:
I - definir os serviços prioritários para execução no regime de parceria público-privada e os critérios para subsidiar a análise sobre a conveniência e oportunidade de contratação sob esse regime;
II - disciplinar os procedimentos para celebração dos contratos de parceria público-privada e aprovar suas alterações; (Redação dada pelo Decreto nº 6.037, de 2007)
III - autorizar a abertura de procedimentos licitatórios e aprovar os instrumentos convocatórios e de contratos e suas alterações;
IV - apreciar e aprovar os relatórios semestrais de execução de contratos de parceria público-privada, enviados pelos Ministérios e Agências Reguladoras, em suas áreas de competência;
V - elaborar e enviar ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da União relatório anual de desempenho de contratos de parceria público-privada e disponibilizar, por meio de sítio na rede mundial de computadores (Internet), as informações nele constantes, ressalvadas aquelas classificadas como sigilosas;
VI - aprovar o Plano de Parcerias Público-Privada - PLP, acompanhar e avaliar a sua execução;
VIII - estabelecer os procedimentos e requisitos dos projetos de parceria público-privada e dos respectivos editais de licitação, submetidos à sua análise pelos Ministérios e Agências Reguladoras;
IX - estabelecer modelos de editais de licitação e de contratos de parceria público-privada, bem como os requisitos técnicos mínimos para sua aprovação;
X - estabelecer os procedimentos básicos para acompanhamento e avaliação periódicos dos contratos de parceria público-privada;
XI - elaborar seu regimento interno; e
XII - expedir resoluções necessárias ao exercício de sua competência.
§ 1º A autorização e a aprovação de que trata o inciso III deste artigo não supre a autorização específica do ordenador de despesas, nem a análise e aprovação da minuta de edital feita pelo órgão ou entidade que realizar a licitação de parceria público-privada.
§ 2º A autorização de que trata o inciso III deste artigo é requisito para a autorização do ordenador de despesa
b) Audiência pública
Definido o projeto e seu interesse de implementá-lo através de uma PPP, é
necessária a realização de audiência pública com exposição da minuta do
edital e do contrato e estudo de impacto ambiental, entre outros.
Após a audiência pública, deve ser realizada a licitação para a escolha do
parceiro, o qual, antes da celebração do contrato, deverá proceder a criação da
sociedade de propósito específico (SPE), que se constituirá na prática no
parceiro privado.
9.2) Sociedade de Propósito Específico – SPE
A finalidade dessa exigência legal é evitar a confusão patrimonial entre a SPE
e as empresas que integram o seu quadro societário o que poderia ocorrer
caso os ativos e as receitas relacionadas com os serviços objeto da PPP
fossem utilizados em outros negócios das empresas sócias da SPE.
A Lei 11.079/2009, art. 9.º, apresenta normas peculiares às sociedades de
propósito específico no âmbito das parcerias público privadas mas não cria
novo tipo societário. As SPEs são apenas sociedades empresárias comuns, de
qualquer tipo (sociedade limitada, sociedade anônima ou outro tipo previsto em
lei), com objeto social delimitado (implantar e gerir o objeto da parceria – Lei
11.079/2004, art. 9.º).
A SPE também exerce outras funções úteis no contexto das PPPs. A
separação entre a executora do projeto (a SPE) e seus proprietários (os
concessionários) oferece maior grau de transferência contábil à operação da
PPP, permitindo diagnósticos sobre a real rentabilidade do projeto, solidez
financeira, eficiência operacional e outras informações úteis na gestão do
contrato.
A existência da SPE também facilita a assunção da concessão pelos
financiadores do projeto em caso de inadimplemento, hipótese autorizada pela
Lei 11.079/2004, art. 5.º, §2.º, I).
O site abaixo discorre sobre a sociedade de propósito específico (SPE), bem
como o tema “Riqueza do bancos e pobreza dos municípios”, cuja leitura é
recomendada.
http://www.direitobrasil.adv.br/index_arquivos/Page1474.htm
O artigo 9º da Lei das PPPs determina que antes da celebração do contrato,
deverá ser constituída sociedade de propósito específico, cujo “propósito
específico” é justamente o de implementar e gerir o objeto da parceria.
A constituição desta nova sociedade tem por finalidade precípua separar os
negócios da PPP de qualquer outro negócio da empresa, inclusive para a
assunção de capital de terceiros.
Embora a lei não traga uma definição da SPE, tampouco indique sua
composição societária, Diógenes Gasparini entende ser possível afirmar-se
que se trata de “sociedade constituída pelos parceiros públicos e privados,
unidos por força de certo processo de licitação ou em razão de sua dispensa
ou inexigibilidade, com quem a Administração Pública ajustará o contrato de
parceria público privada”, representando assim, seu instrumento legal.
Ainda, segundo o autor, resta notório que para cada parceria público-privada
desejada pela Administração Pública haverá uma sociedade de propósito
específico para implantá-la e gerir seu objeto.
É possível a transferência do controle da sociedade de propósito específico,
mediante autorização expressa da Administração Pública, nas condições do
edital e do contrato, conforme o § 1º do art. 9º; desde que observado o disposto
no parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987/95, ou seja, o pretendente deve
atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e
regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço e
comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
9.3) Garantias ao parceiro privado
Antes de se tratar especificamente de um projeto, é necessário que estejam
constituídas as formas de garantia para as obrigações pecuniárias. No caso da
União, foi escolhida a criação do Fundo Garantidor das PPPs - FGP, gerido
pelo Banco do Brasil. A função precípua do FGP é a de ressarcir os parceiros
privados por possíveis prejuízos no caso de incapacidade do Poder Público
para honrar os compromissos assumidos nos contratos de parceria.
O FGP é um só, e não está vinculado a uma determinada parceria a priori, mas
à medida que os contratos forem sendo celebrados, há a vinculação do
respectivo valor no lastro garantidor, reduzindo proporcionalmente sua
capacidade de garantia para novos empreendimentos. Esse fundo é composto
por participações acionárias da União em sociedades de economia mista
disponíveis para venda, conforme determina o Decreto n° 5.411/2005.
Uma das principais inovações trazidas pela Lei nº 11.079/2004 é a garantia ao
setor privado de que as obrigações pecuniárias assumidas pelo parceiro
público serão cumpridas, independentemente de dificuldades financeiras da
Administração. Infelizmente o inadimplemento do Poder Público junto a seus
credores é prática comum, o que afastaria qualquer investidor das PPPs
considerando os grandes volumes de capital envolvidos nesse tipo de negócio.
O art. 8º da Lei das PPPs prevê vários mecanismos de garantia ao parceiro
privado.
Estes mecanismos podem ser através de vinculação de receitas, observadas
as vedações constitucionais a essas vinculações contidas no Inciso IV do art.
167 CF; criação ou utilização de fundos especiais; contratação de seguro-
garantia com as companhias seguradoras que não sejam controladas pelo
Poder Público; garantia prestada por organismos internacionais ou instituições
financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público; garantias prestadas
por fundo garantidor ou empresa estatal criada para essa finalidade; ou outros
mecanismos admitidos em lei.
Essas opções constam na parte da lei e se refere a normas gerais para
contratação de PPPs, cabendo a cada ente federado definir qual mecanismo
adotará, antes do início do processo de contratação.
A constitucionalidade das formas de garantia ao parceiro privado contidas no
art. 8º da Lei das PPPs é questionada por boa parte da doutrina, assunto que
será tratado na terceira parte deste trabalho, bem como reportarem-se ao texto
contido na obra << ..\..\Dropbox\GARANTIAS DA LEI Nº 11.079-2004 E SUA
ANÁLISE SOB A OTICA CONSTITUCIONAL.pdf >>, do qual se extrai a
seguinte conclusão:
Contratar com o Poder Público brasileiro já consiste em um negócio de
risco, visto a falta de credibilidade no que tange ao adimplemento de
suas obrigações.
Em um contrato, porém, em que o particular depende, em parte ou
totalmente, de uma contraprestação a ser paga pelo Estado, o risco
do negócio é muito maior.
Assim, é lógica a preocupação da Lei de PPPs em assegurar ao particular
contratado de que irá receber mesmo no caso de uma possível
inadimplência estatal; do contrário, faltariam interessados à celebração
d e contratos de parceria público-privada.
As garantias ofertadas ao parceiro-privado constituem o cerne do instituto.
Por conseguinte qualquer discussão acerca de sua constitucionalidade
afeta a segurança do negócio jurídico, até porque, conforme visto, a
doutrina diverge quanto ao tema, inexistindo, pois, um posicionamento
consolidado. A simples declaração de inconstitucionalidade do art. 8º
como um todo, ou de alguns de seus incisos, acabaria por atingir a Lei n º
11.079 /04 naquilo que ela possui de mais importante – o sistema de
garantias –, acarretando a inviabilização dos projetos de PPP.
Ademais, mesmo que jamais venha a ser proposta ação visando declarar
inconstitucional a referida norma, o simples fato de existirem
apontamentos nesse sentido já fragiliza o instituto. Insurge, assim,
dúvida se as garantias da Lei de PPPs realmente garantem o parceiro-
privado ou se ditos apontamentos afetam a segurança financeira do
contrato.
Resta ao particular contratado estudar bem a sua proposta , não só no que
tange à contraprestação pública, mas também (e, diga-se, principalmente)
às garantias a ele ofertadas, de forma a minimizar ao máximo os
riscos do negócio jurídico.
9.4) Garantias à Administração Pública
A Lei nº 11.079/2004 determinou em seu art. 5º, caput e inciso VIII, que é
condição para a celebração do contrato de parceria público-privada a fixação
neste, de garantias de responsabilidade do parceiro privado cuja execução seja
suficiente e compatível como os ônus e riscos envolvidos, observados os
limites dos parágrafos 3º e 5º do art. 56 da Lei nº 8.666/93.
O § 3º da Lei nº 8.666/93 limita o percentual dessa garantia em até 10% do
valor do contrato. Os ônus e riscos deverão ser avaliados criteriosamente pelo
parceiro público de modo a justificar o percentual da garantia imposto em razão
do contrato, sempre até o limite de 10% do valor contratado.
Já o parágrafo 5º do art. 56 da Lei nº 8.666/93, cuja observância também é
prescrita pelo inciso VIII do art. 5º da Lei nº 11.079/2004, determina que nos
casos em que o contrato envolver a entrega de bens públicos ao contratado
que será seu depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor
desses bens.
Nos contratos na modalidade de concessão patrocinada, a prestação de
garantias deve atender ao disposto no inciso XV do art. 18 da Lei das
Concessões e Permissões. Nesse caso, além da garantia comum de execução
do contrato, há outra, específica para obras envolvidas na parceria público-
privada.
9.5) Licitação
A licitação para contratação de parceria público-privada é tratada no Capítulo V
da Lei nº 11.079/04, que em seu art. 10, determina que esta seja
obrigatoriamente feita pela modalidade de concorrência, condicionando a
abertura do procedimento à observância de algumas formalidades, que
podem ser resumidas às seguintes:
a) Autorização pela autoridade competente, devidamente motivada com a
demonstração da conveniência e oportunidade da contratação de PPP;
b) Demonstração de cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei
Complementar n° 101/2000;
c) Submissão da minuta do edital e do contrato a consulta pública, a não
menos que 30 dias antes da publicação do edital da licitação, mediante
a publicação de aviso na imprensa, no qual serão informados a
justificativa para a contratação, a identificação do objeto, o prazo de
duração do contrato e o seu valor estimado; e
d) Licença ambiental prévia ou diretrizes para o licenciamento ambiental
do empreendimento, na forma do regulamento, sempre que o objeto
exigir.
O certame licitatório observará o procedimento previsto na legislação vigente
sobre licitações e contratos administrativos, que é a Lei federal nº 8.666/93.
No âmbito da União, por força dos artigos 14 e 15 da Lei das PPPs, as
minutas dos editais deverão ser elaboradas pelo Ministério ou Agência
Reguladora cuja área de competência se insira o objeto do contrato. A
autorização para contratação será dada pelo órgão gestor, a qual deve ser
precedida de um estudo técnico sobre a conveniência e oportunidade da
contratação e o cumprimento da lei de Responsabilidade Fiscal.
Sobre este estudo técnico, haverá manifestação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, quanto ao mérito do projeto, e do Ministério da Fazenda,
quanto à viabilidade da concessão de garantia e a sua forma, relativamente
aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cumprimento do limite que traz o
artigo 22 da Lei das PPPs.
9.5.1) Edital
O conteúdo do edital de concorrência para a contratação das PPPs está
disciplinado nos artigos 11, 12 e 13 da Lei nº 11.079/2004, o qual deve indicar,
de forma expressa, a submissão da licitação à Lei federal das PPPs.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm
Por força do art. 11, caput, deverão também ser observados nos editais de
contratação de PPPs, no que couber, os comandos estabelecidos nos
parágrafos 3º e 5º do art. 15, os artigos 18, 19 e 21 da Lei das Concessões e
Permissões – Lei 8.987/1995, o que significa:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
a) Possibilidade de recusa de propostas manifestamente inexequíveis ou
financeiramente incompatíveis com os objetivos da licitação (§3º do art.
15);
b) Preferência à proposta apresentada por empresa brasileira quando
houver igualdade de condições (§4º do art. 15);
c) Elaboração do edital pelo poder concedente segundo os critérios e as
normas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos, com a
inclusão dos itens especialmente indicados (nos incisos do art. 18);
d) Observância das normas sobre participação de empresas em consórcio
(art. 19);
e) Exigência de serem postos à disposição dos interessados os estudos,
investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou
investimentos já efetuados, vinculados à licitação, realizados pelo poder
concedente ou com a sua autorização, cabendo ao vencedor da licitação
ressarcir os dispêndios correspondentes, especificados no edital (art.
21).
O edital poderá, conforme autoriza o art. 13 da Lei das PPPs, prever a inversão
da ordem das fases de habilitação e julgamento prevista na Lei nº 8.666/93.
Nesse caso poderá ser examinada a habilitação do segundo classificado no
julgamento das propostas, apenas se o primeiro for inabilitado ou
desclassificado, e assim sucessivamente.
As propostas econômicas terão sua forma de apresentação definidas no
edital dentre as seguintes opções, admitidas no inciso III do art. 12:
a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou
b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz, os quais serão
efetuados na ordem inversa da classificação das propostas escritas,
sendo vedado ao edital limitar a quantidade de lances.
O edital, de acordo como o § 1º do mesmo artigo, poderá restringir a
apresentação de lances em viva voz aos licitantes cuja proposta seja no
máximo 20% maior que o valor da melhor proposta.
A Lei das PPPs prevê ainda, no inciso IV do art. 12, que o edital poderá permitir
o saneamento de falhas, a complementação de insuficiências ou ainda
correções de caráter formal no curso do procedimento, desde que o licitante
possa satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no instrumento
convocatório.
9.5.2) Mecanismos privados de resolução de disputas
O mesmo art. 11 da Lei nº 11.079/2004, em seu inciso III autoriza (não obriga)
a previsão em edital da possibilidade do emprego dos mecanismos privados de
resolução de disputas, inclusive a arbitragem17, decorrentes ou relacionadas
com o contrato de parceria público-privada, nos termos da Lei nº 9.307/96;
Lei da arbitragem - Lei nº 9.307/96;
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm
Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem
para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da
arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais
disponíveis. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)
§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta
para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a
realização de acordos ou transações. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)
Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a critério das
partes.
§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão
aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons costumes
e à ordem pública.
§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize
com base nos princípios gerais de direito, nos usos e costumes e nas
regras internacionais de comércio.
§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de
direito e respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei nº
13.129, de 2015) (Vigência)
A possibilidade do uso de arbitragem solução de conflitos envolvendo a
Administração Pública gerou grande controvérsia na doutrina, tema que será
aprofundado na terceira parte deste artigo.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9307.htm
9.5.2) Remuneração do parceiro privado
A Lei nº 11.079/2004 não disciplina de forma expressa a remuneração do
parceiro privado. Porém, como salienta Diogenes Gasparini18, é evidente que
esse personagem faz jus a uma adequada remuneração, sob pena de
locupletamento sem causa por parte da Administração Pública.
O art. 7º da Lei das PPPs impõe que a contraprestação da Administração
Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto
do contrato da parceria público-privada.
Art. 7o A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-
§ 1o É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público-privada. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)
§ 2o O aporte de recursos de que trata o § 2o do art. 6o, quando realizado durante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, deverá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente executadas. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012)
Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria público-privada poderá ser feita por:
I – ordem bancária;
II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V – outros meios admitidos em lei.
Para conhecimento dos detalhes deste artigo, ver os parágrafos e incisos na
própria lei 11.079/2004.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm
Nos casos de PPP ajustada na modalidade de concessão patrocinada, o
parceiro privado será remunerado pela tarifa do usuário conforme sua proposta
econômica, acrescida da contraprestação do parceiro público, conforme § 1º do
art. 2º, nos termos do edital e do contrato de parceria.
O § 3º do art. 10 determina que caso a parcela da remuneração ao parceiro
privado pago pela Administração Pública ultrapasse 70% (setenta por cento)
haverá a necessidade de autorização legislativa específica.
Há ainda outra forma possível de remuneração ao parceiro privado, que consta
no parágrafo único do art. 6º da Lei das PPPs. Trata-se de remuneração
variável, vinculada ao desempenho do parceiro privado, conforme metas e
padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato e naturalmente
estabelecidas no respectivo edital.
9.6) Contrato
A Lei federal das PPPs estatuiu, de forma expressa, que a relação jurídica
existente entre os parceiros é de natureza contratual, regulada pelo Direito
Administrativo, mas cujo regime é dado por esse diploma legal. É, em suma,
um contrato administrativo que se regula pelas respectivas cláusulas, sendo-
lhe aplicável, supletivamente a teoria geral dos contratos.
No contrato de PPP, as partes são denominadas respectivamente: parceiro
público e parceiro privado. O parceiro público pode ser qualquer órgão da
Administração Pública direta a cargo do qual está o serviço ou obra a serem
executados em parceria com o particular.
Também podem contratar PPPs os fundos especiais, as autarquias, as
fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e
ainda as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios.
Em relação à possibilidade de contratação de PPPs pelos fundos especiais
ou pelas “demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios”, conforme o art. 1º da Lei, Toshio
Mukai afirma ser inconstitucional por contrariar o disposto no art. 22, XXVII da
Constituição Federal. Quanto aos fundos especiais, segue o autor, pesa ainda
o fato de que estes, não tendo personalidade jurídica, não podem exercer
direitos e contrair obrigações.
O parceiro privado, conforme Diogenes Gasparini1, é empresa privada, pessoa
jurídica constituída inteiramente por particulares, sob a égide do Direito
Privado, não podendo ser a própria pessoa física o parceiro privado, nem
empresa individual, atualmente chamado apenas de empresário.
Embora o próprio contrato faça parte do edital, como anexo, para que seu
conteúdo seja válido, é necessário que haja previsão expressa do conteúdo de
suas cláusulas no respectivo edital.
A Lei federal das PPPs estabeleceu, em seu artigo 5º, caput, que as cláusulas
dos contratos de parceria público-privada deverão atender, no que couber, ao
disposto no art. 23 da Lei das Concessões e Permissões.
a) Principais cláusulas contratuais
O art. 5º, em seus incisos, impõe a presença de cláusulas que tratam: do
prazo do contrato, sendo mínimo de cinco e máximo de trinta e cinco anos,
incluídos neste, eventual prorrogação; das penalidades aplicáveis aos
parceiros, em caso de inadimplemento contratual; dos fatos que caracterizam a
inadimplência pecuniária do parceiro público, os modos e o prazo de
regularização e, quando houver, da forma de acionamento da garantia; da
repartição de riscos entre os parceiros, inclusive os referentes a caso fortuito,
força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária; dos mecanismos
para a preservação da atualidade da prestação dos serviços; dos critérios
objetivos de avaliação do desempenho do parceiro privado.
Também é necessária previsão da prestação, pelo parceiro privado, de
garantias de execução suficientes e compatíveis com os ônus e riscos
envolvidos; do compartilhamento com a Administração Pública de ganhos
econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do risco de
crédito dos financiamentos do projeto e da realização de vistoria dos bens
reversíveis, podendo, o parceiro público, reter os pagamentos ao parceiro
privado no valor necessário para reparar as irregularidades eventualmente
detectadas.
No que concerne a repartição dos riscos entre as partes, prevista no inciso III
do artigo 5º da Lei das PPPs, inclusive os decorrentes de caso fortuito, força
maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária.
b) Tipos de riscos nos contrato
Celso Bandeira de Mello lembra que na concessão comum, não há essa
repartição, pois o concessionário age por sua conta, riscos e perigos, por
serem estes inerentes a qualquer empreendimento, quais sejam os que
respondem à chamada álea ordinária.
A álea ordinária corresponde aos riscos normais de qualquer
empreendimento e que devem ser suportados pelo concessionário. Não
ensejam qualquer cobertura por parte do poder concedente.
Inversamente, correm por conta do poder concedente, os que resultem da
chamada álea extraordinária, ou seja, os oriundos do fato do príncipe, os
compreendidos no âmbito da teoria da imprevisão e das chamadas “sujeições
imprevistas”.
Em relação às PPPs, não obstante conste na Lei, o autor afirma que não
devem ser repartidos e sim suportados somente pelo Poder Público os riscos
advindos de suas faltas contratuais ou o surgimento de situação imprevista
ocasionada pela atuação do parceiro privado orientando-se em informações
técnicas oferecidas e afiançadas como bastantes pelo Poder Público
caracterizando assim as “sujeições imprevistas”.
Para os que desejarem se aprofundar no conceito e tipo de riscos
advindos de contratos administrativos de concessões de serviços e obras
públicas, sugerimos a leitura do conteúdo do site abaixo.
http://www2.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1324
Por outro lado, adverte Celso Bandeira de Mello, deve-se ter cuidado ao
analisar o caso fortuito, pois nesse não pode ser incluído o insucesso na
estimativa quanto ao afluxo de usuários do serviço ou seu superveniente
declínio, sob a arguição de que sobrevieram causas fortuitas para determinar
tal resultado.
Os prejuízos disto decorrentes terão que ser inteiramente suportados pelo
parceiro privado, sem divisão alguma com o parceiro público, pois fazem parte
da álea normal do empreendimento.
c) Fato do príncipe
No que diz respeito ao fato do príncipe tem o autor o mesmo entendimento de
Maria Di Pietro que afirma não ser possível onerar-se o parceiro privado com o
encargo de repartir riscos oriundos do fato do príncipe, pois o princípio
constitucional da responsabilidade (objetiva) do Estado, contida no artigo 37, §
6º CF25, impediria tal solução.
A autora conclui que a repartição de riscos só pode ocorrer quando o
desequilíbrio decorrer de fato estranho à vontade de ambas as partes, como
ocorre nos casos de força maior e de álea econômica extraordinária, dando
esta última, margem à aplicação da teoria da imprevisão..
Relativo à responsabilidade objetiva do Estado (37, § 6º CF), é oportuno
citar decisão do STF:
Entre as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público a
que alude o § 6º do art. 37 da CF se incluem as permissionárias de serviços
públicos.
Pela teoria do risco administrativo, a responsabilidade objetiva permite que a
pessoa jurídica de direito público ou de direito privado demonstre a culpa da
vítima, a fim de excluir a indenização ou de diminuí-la (RE 206.711-3- RJ,
STF/1ª T., RT 770/183)27.
O parágrafo 6º do Art. 37 da CF 88, que trata da responsabilidade objetiva do
Estado tem o seguinte texto:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
A teoria da imprevisão, também chamada de cláusula rebus sic stantibus,
consiste no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos,
imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre a economia
ou na execução do contrato, autorizam sua revisão, para ajustá-lo às
circunstâncias supervenientes. (GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas
considerações sobre a Teoria da Imprevisão . Jus Navigandi, Teresina, ano 5,
n. 51, out. 2001.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2206>. Acesso
em: 18 maio 2008).
Concernente ao compartilhamento com a Administração Pública de ganhos
econômicos efetivos do parceiro privado decorrentes da redução do risco de
crédito dos financiamentos utilizados pelo parceiro privado, indicado no art. 5º,
§2º da Lei das PPPs, não há unanimidade na doutrina.
Segundo Maria Di Pietro a regra se justifica, pois o poder público poderá
oferecer garantias ao financiador do projeto, reduzindo, dessa forma, os riscos
do empreendimento e possibilitando maiores ganhos econômicos pelo parceiro
privado, os quais deverão ser compartilhados com o poder público.
Cita como exemplo, se o financiador impor encargos financeiros menores pelo
financiamento concedido ao parceiro privado, este deverá repartir esse
benefício com o parceiro público, reduzindo proporcionalmente o valor de sua
proposta.
No entender de Toshio Mukai, trata-se de norma injusta, pois, se o parceiro
privado teve redução do risco de crédito dos financiamentos que utiliza, são
devido a seus méritos, não havendo porque compartilhar os ganhos
econômicos desse fato com a Administração.
Em outra linha, Celso Bandeira de Mello, assevera que “a hipótese é
aparentemente improvável e de difícil operacionalização prática – com o que
seria inconsequente a atribuição de tal vantagem ao parceiro público”.
d) Formas de remuneração e de atualização
O conteúdo do contrato de parceria público-privada deve conter também as
formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais, onde
devem ser previstos os reajustes e seus índices, a correção monetária e
eventuais revisões, conforme estabelece o inciso IV do artigo 5º da Lei nº
11.079/2004. O parágrafo primeiro do mesmo artigo determina a aplicação de
cláusulas de atualização.
A Lei nº 11079/04, não dispõe sobre equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, porém, como bem observa Maria Di Pietro, não há como negar às
partes a observância desse direito.
Na concessão patrocinada, esse direito advém da aplicação subsidiária dos
artigos 9º e 10 da Lei nº 8.987/95.
Na concessão administrativa não há disposição expressa nem aplicação
subsidiária da Lei nº 8.987/95. Mas o direito ao equilíbrio econômico-financeiro
resulta da aplicação de princípios como o da equidade, da razoabilidade, da
continuidade e da indisponibilidade do interesse público.
Além disso, a indicação obrigatória nos contratos de cláusulas que tratam de
repartição de riscos entre as partes e da forma de remuneração e de
atualização dos valores contratuais, trazidas pelos incisos III e IV do art. 5º da
Lei nº 11.079/04, tratam-se de técnicas consagradas precisamente para
garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos.
Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao
disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que
couber, devendo também prever:
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso
fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;
IV – as formas de remuneração e de atualização dos valores contratuais;
O contrato poderá conter ainda, nos termos dos incisos I, II e III, do § 2º do
art. 5º da Lei das PPPs:
a) Os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a
transferência do controle da sociedade de propósito específico para
os seus financiadores, com o objetivo de promover a sua
reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação
dos serviços, não se aplicando neste caso as exigências previstas no
inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei nº 8.987/95;
b) Cláusulas prevendo a emissão de empenho em nome dos
financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da
Administração Pública; e
c) A legitimidade dos financiadores do projeto para receber
indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como
pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais
garantidores de PPPs.
Esses três dispositivos geraram críticas de influentes doutrinadores e serão
tratados mais adiante, no capítulo que analisará os aspectos polêmicos da Lei.
d) Alternativas de contraprestação da Administração Pública
As alternativas de contraprestação da Administração Pública nos contratos
de parceria público-privada estão indicadas no art. 6º Lei das PPPs e podem
ser através de ordem bancária, cessão de créditos não tributários, outorga de
direitos em face da Administração Pública, outorga de direitos sobre bens
públicos dominicais ou outros meios admitidos em lei.
Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de
parceria público-privada poderá ser feita por:
I – ordem bancária;
II – cessão de créditos não tributários;
III – outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V – outros meios admitidos em lei.
Como visto anteriormente o pagamento ao parceiro privado poderá ser
variável, vinculado a seu desempenho, conforme metas e padrões de
qualidade e disponibilidade definidos no contrato, no que se assemelha ao
contrato de gestão.
Por força do art. 7º da Lei das PPPs, deverá constar no contrato que a
contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente precedida da
disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria público-privada.
E o parágrafo único desse artigo faculta à Administração Pública, nos termos
do contrato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível
de serviço objeto do contrato de parceria público-privada.
e) Penalidades contratuais e administrativas
As penalidades contratuais e administrativas serão aplicadas conforme a
Lei no 8.987/95, no que não for contrariada pela Lei das PPPs, a qual, em seu
artigo 29, prescreve que, além das sanções financeiras previstas nos contratos
de PPPs, serão aplicáveis, no que couber, as penalidades previstas no Código
Penal, Decreto lei nº 2.848/40, na Lei de Improbidade Administrativa, Lei nº
8.429/92, na Lei dos Crimes Fiscais, Lei nº 10.028/2000, na comumente
chamada de Lei de Responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, no Decreto-
Lei no 201/67, e na Lei de Crimes de Responsabilidade, Lei nº 1.079/1950.
f) Extinção do contrato
A extinção do contrato de parceria público-privada não foi tratada na Lei nº
11.079/2004, tampouco incluiu entre as cláusulas que devem constar no
contrato alguma que indique os casos em que se daria seu desfazimento.
Por força do art. 5º da Lei nº 11.079/2004, deverão constar no contrato de PPP,
quando couber, as cláusulas relacionadas no art. 23 da Lei no 8.987/95, que
em seu inciso IX, ordena a inclusão de cláusula relativa aos casos de extinção
da concessão.
A Lei das PPPs também comandou de forma expressa no caput do art. 3º,
referente às concessões administrativas, que deve ser aplicado entre outros,
o disposto no art. 23 da Lei das Concessões.
Em relação à modalidade de concessão patrocinada, esse comando da consta
no § 1º do art. 3º da Lei das PPPs, onde há a determinação de ser aplicada
subsidiariamente a Lei nº 8.987/95.
Com a extinção do contrato de parceria público-privada, ocorrem as
consequências previstas no art. 35 da Lei nº 8.987/95, que são:
a) A reversão dos bens e a retomada de todos os direitos e privilégios
transferidos ao parceiro privado;
b) A imediata assunção dos serviços pelo parceiro público;
c) A ocupação das instalações e a utilização de todos os bens
reversíveis.
10) Aspectos polêmicos da Lei Nº 11.079/04
Chama a atenção o volume de críticas que recebeu a redação final da Lei nº
11.079/2004.
Autores de renomado reconhecimento possuem muitas vezes posições
antagônicas quanto à constitucionalidade de várias regras contidas na Lei, as
quais são a seguir abordadas.
Saliente-se que até junho de 2008, não se tem conhecimento do ingresso de
Ação direta de inconstitucionalidade no STF, permanecendo tais reclamos de
constitucionalidade somente no âmbito doutrinário.
10.1) Limite mínimo para celebração de contratos de PPP
Conforme foi abordado quando do estudo do objeto, limites e vedações das
PPPs, a Lei nº 11.079/2004 em seu art. 2º, §4º, inciso I, veda a celebração de
contrato de parceria público-privada cujo valor seja inferior a R$ 20.000.000,00
(vinte milhões de reais).
Essa regra sofre críticas da doutrina que entende que o dispositivo, por fixar
um valor mínimo para PPP, não tem a natureza jurídica de norma geral, não
sendo aplicável, portanto, a todos os entes federados, somente à União, ou,
ainda, afirmando ser essa regra inconstitucional.
Entre aqueles que afirmam não ter a regra natureza jurídica de norma geral,
encontra-se Gustavo Binenbojm32, que defende ser a regra de conteúdo
específico, argumentando que:
[...] a ordem de grandeza dos projetos e empreendimentos levados a efeito
no âmbito federal é consideravelmente maior que a da maioria dos demais
entes federativos. Assim [...] entendo que cada ente federativo deve fixar
seus próprios limites mínimos, compatíveis com a realidade sócio
econômica, mas sem descurar do fato de que as PPPs se destinam a
situações excepcionais e que requeiram investimentos iniciais vultuosos do
parceiro privado.
Na mesma linha encontra-se Luiz Tarcísio Teixeira Ferreira, que afirma não
poder ser norma geral de contratação a Lei das PPPs, por fixar um valor único,
aplicável indistintamente a todos os entes da federação, sem se respeitar o
princípio da igualdade federativa que estaria a exigir alguma espécie de
proporção entre o montante mínimo exigido do investimento / financiamento
objeto da parceria público-privada.
Finaliza o autor afirmando que se for considerada essa regra como norma de
caráter geral, não o será de contratação administrativa, mas de direito
financeiro, entendido assim como “um conjunto de princípios e normas que
regulam a obtenção, a gestão e o dispêndio dos meios financeiros públicos”.
Toshio Mukai entende ser inconstitucional essa regra, mesmo pretendendo
constituir-se em norma geral, “eis que se imiscui na autonomia financeira e
administrativa dos Estados e Municípios”.
Em sentido contrário, Carlos Ari Sundfeld insiste na constitucionalidade da
regra do investimento mínimo, sustentando que o valor mínimo estabelecido na
lei é o critério identificador do cabimento da parceria público-privada – “...
donde tratar-se de norma geral”. Qualificou, ainda, de “retórica vazia” o
argumento referente ao tamanho ou à pobreza de alguns Estados e Municípios,
pois está despido de qualquer fundamento normativo.
Defesa consistente da constitucionalidade da regra e de sua validade como
norma geral faz Alexandre Aragão, principalmente em relação ao argumento de
que R$ 20 milhões é muito elevado para muitos municípios. Dessa tese,
discorda, veementemente, o autor, pois as normas que limitam o uso de PPPs
relacionam-se com o objetivo geral de as PPPs serem utilizadas seletivamente
apenas para grandes projetos de infra estrutura, e ainda, “[...] no caso de PPP’s
com prazos muito longos, a diluição desse valor ao longo de décadas o torna
bem menos significativo/restritivo [...]”36.
De fato o valor mínimo de R$ 20 milhões refere-se ao valor total do contrato, o
qual, como já se viu, pode ter um prazo de vigência de 5 a 35 anos.
Assim, se a parceria público-privada durar 35 anos, o valor mínimo do contrato
por ano será de R$ 571.428,57, o que não se configura um valor
exageradamente alto.
10.2) Vinculação de receitas públicas como forma de garantia.
O artigo 8º em seu inciso I estabelece a possibilidade da vinculação de
receitas, respeitada a disposição do art. 167, CF (dispositivo que indica as
receitas que podem e as que não podem ser vinculadas a órgão, fundo ou
despesa), como uma das opções de oferecimento de garantia das obrigações
pecuniárias contraídas pela Administração Pública em contrato de parceria
público-privada.
Juristas renomados como Celso Bandeira de Mello e Maria Di Pietro
manifestaram-se pela inconstitucionalidade desta previsão legal. Nesse
sentido, ambos mencionaram os argumentos utilizados por Kiyoshi Harada em
seu parecer a pedido da Comissão de precatórios da OAB/SP, no qual
esclarece que a proibição de vinculação de receitas contida no art. 167, IV, da
Constituição só pode ser excepcionada nos casos que especifica, consoante ali
mesmo está previsto e estampado de maneira extremamente clara.
10.3) Operações de crédito por antecipação de receita
A única remissão que nesse é feita em relação ao tema de prestação de
garantias, concerne a operações de crédito por antecipação de receita, ou a
pagamentos de créditos da União, de acordo com o § 4º do mesmo artigo.
Além disso, no primeiro caso, a prestação de garantias suposta naquele
dispositivo constitucional não tem o mesmo sentido que lhe é próprio no Direito
privado, pois sua finalidade não é garantir credor algum, mas “preservar o
equilíbrio entre o montante do empréstimo público, que é a dívida pública, e o
valor da receita antecipada, evitando-se situações de desequilíbrio
orçamentário”.
Assim, nas palavras de Celso Bandeira de Mello, a “receita pública jamais pode
ser vinculada a garantia de créditos de particulares, sob pena de escandalosa
inconstitucionalidade”. Bahia, nº. 2, maio-junho-julho, 2005. Disponível na
Internet: <http://www.direitodoestado.com/revista /REDAE-2-MAIO-2005-
ALEXAND RE%20ARAGÃO.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2007.
10.4) Fundos especiais como forma de garantia
A instituição ou utilização de fundos especiais como garantia ao parceiro
privado, conforme consta no inciso II do art. 8º da Lei nº 11.079/2004 é,
segundo Celso Bandeira de Mello41 grosseiramente inconstitucional. Na
mesma interpretação encontra-se Maria Di Pietro e Kiyoshi seu parecer a
pedido da Comissão de precatórios da OAB/SP. Celso Bandeira de Mello
afirma ainda que a autorização constante no art. 16, para um Fundo Federal de
6 bilhões de Reais, Garantidor de PPPs, consegue alcançar o desprimoroso
resultado de incidir simultaneamente em diversas inconstitucionalidades.
Sustenta o autor que tais fundos se constituiriam com bens públicos, os quais
não são suscetíveis de penhora, nem de qualquer modalidade de
apoderamento forçado, visto que a forma pela qual os credores públicos
recebem seus créditos, quando não hajam sido regularmente pagos é a contida
no art. 100, CF, isto é, com o atendimento dos precatórios na ordem de sua
apresentação, pelas correspondentes verbas consignadas no orçamento ou
nos créditos adicionais para tal fim abertos.
Outra inconstitucionalidade da utilização de tais fundos em benefício dos
parceiros privados, como aponta Celso Bandeira de Mello reside no privilégio
que estes gozariam em relação aos demais credores públicos, restando assim
agredidos os princípios da igualdade, consagrado no art. 5º, caput, da
impessoalidade e da moralidade, estes impostos pelo art. 37 da Constituição.
Kiyoshi Harada em seu parecer já citado, anota que o inciso II do art. 8º:
Atenta contra os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da
moralidade e da publicidade (art. 37 da C F); dribla o art. 165, § 9º, II da CF e o
art. 36 do ADCT; infringe o art. 167, IV da CF; contraria o princípio da
quantificação dos créditos orçamentários inserto no art. 167, VII; violenta o
princípio das fixação prévia das despesas que está previsto no art. 167, II.
Ademais, esvazia, em parte, o conteúdo dos arts. 70 e 71 da CF, que cometem
ao Congresso Nacional a 41 MELLO, Celso A Bandeira de. Curso de direito
administrativo. 20. ed. revista e atual. até a EC 48/2005. São Paulo: Malheiros,
2006, p. 740.
Para Fernando Albino, advogado especialista em PPPs, não haverá privilégios
na ordem de pagamentos. “É uma interpretação equivocada porque não se
trata necessariamente de recursos orçamentários”. Ele explica que o fundo é
constituído de bens da União, que podem ser ações ou imóveis, por exemplo.
O fundo serve como garantia em possíveis casos de descumprimento dos
pagamentos. “Há um grande mal-entendido. As PPPs não são nada mais do
que um tipo de concessão pública com características diferentes46”, afirma
Albino.
10.5) Utilização da arbitragem para resolução de disputas
A Lei das PPPs, em seu art. 11, III, permite a utilização da arbitragem para
resolução de disputas, regra que gerou algumas críticas. Entre os autores
contrários ao uso da arbitragem destaca-se Celso Bandeira de Mello que
entende não ser aceitável perante a Constituição que árbitros possam solver
contendas nas quais estejam em causa interesses concernentes a serviços
públicos, os quais não se constituem em bens disponíveis, mas indisponíveis,
coisa extra commercium.
Ressalta que tudo o que diz respeito ao serviço público (condições de
prestação, recursos necessários para bem desempenhá-los, comprometimento
desses mesmos recursos, instrumentos jurídicos compostos em vista dessa
prestação) é questão que ultrapassa por completo o âmbito decisório de
particulares, por envolverem interesses de elevada estatura, pertinentes à
sociedade como um todo; e, bem por isto, quando suscitar algum quadro
conflitivo entre partes, só pode ser soluto pelo Poder Judiciário. Conclui o autor
afirmando que:
Permitir que simples árbitros disponham sobre matéria litigiosa que circunde
um serviço público e que esteja, dessarte, com ele imbricada, ofenderia o papel
constitucional de serviço público e a própria dignidade que o envolve.
É, contudo, posição da maioria dos autores administrativistas aquela no sentido
da possibilidade do uso da arbitragem para solução de conflitos entre a
Administração Pública e particulares.
Ponto crucial da argumentação de Celso Bandeira de Mello é tocado na obra
de Hely Lopes Meirelles, ao questionar se é possível conciliar a
indisponibilidade de interesse público com as matérias que podem ser objeto
da arbitragem, ou seja, os direitos patrimoniais disponíveis.
Para tanto, preliminarmente, cita que a própria Lei nº 9.307/96 - Lei da
arbitragem, em seu art 25, dispõe que, sobrevindo no curso da arbitragem
controvérsia acerca de direitos indisponíveis e verificando-se que de sua
existência, ou não, dependerá o julgamento, o árbitro remeterá as partes à
autoridade competente do Poder Judiciário, suspendendo-se o procedimento
arbitral. Para dirimir a questão, segue o autor:
[...] é i. O primeiro é a meta, o objetivo a ser atingido pela importante
distinguir o interesse público primário do interesse público secundário.
Administração Pública no atendimento das necessidades sociais. O
segundo é instrumental, ou seja, é a utilização de meios capazes de
permitir a consecução do primeiro. Ao alugar uma casa para instalar um
centro de saúde, o interesse público primário está na implantação daquela
unidade, sendo a locação um interesse público secundário, ou derivado do
primeiro, já que não existiria sem aquele.
A satisfação dos interesses públicos secundários concretiza-se geralmente sob
a égide do Direito Privado e se resolve em relações patrimoniais. Relações
patrimoniais que, por estarem no campo da liberdade contratual da
Administração, são direitos disponíveis.(grifos nossos).
Por isso, enfatiza ainda o autor, não há dúvida de que nos contratos celebrados
pela Administração há sempre um campo de interesses patrimoniais
disponíveis, que podem ser objeto de arbitragem, e arremata argumentando
que:
Se é verdade que “na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza”, “enquanto na administração particular é lícito fazer tudo o que a lei
não proíbe”, a Lei 9.307/96 permitiu expressamente a todas pessoas capazes
de contratar (aí se incluindo a Administração Pública direta e indireta) a
possibilidade de se valerem da arbitragem para dirimir litígios relativos a
direitos patrimoniais disponíveis. Autorização legal, portanto, existe. Facultativa
é sua utilização51.
Também nesse sentido, Arnold Wald, em extenso comento ao art. 23 da Lei nº
8.987/95, enfatiza a pacífica possibilidade do uso da arbitragem para
solução de conflitos entre a Administração Pública e particulares,
especialmente em contratos de concessão, mesmo sem que haja para tal
previsão legal, podendo o contrato estabelecer tal mecanismo53.
Afirma o autor que a arbitragem é o instrumento que melhor atende à
premente necessidade de segurança jurídica para a atração de investimentos
particulares, nacionais ou estrangeiros, por garantir soluções neutras e
confidenciais, presumidamente emanadas de especialistas escolhidos pelas
partes ou por entidades confiáveis. Restaria, nesse caso, à Justiça estatal o
imprescindível papel de apoio, para assegurar a efetividade das decisões
arbitrais, visto que o árbitro ou tribunal arbitral não tem poder de império.
Ademais, segue o autor, o Poder Judiciário exerce a função de controlar a
observância dos limites da Lei nº 9.307/96 – Lei de Arbitragem – e a de
homologar a sentença arbitral estrangeira, como determinado nos artigos 32,
33 e 35 da referida Lei, ou ainda na situação prevista pelo art. 25 desta, nos
casos em que a disputa não for arbitrável, quando, então, será unicamente
competente o Judiciário.
No sentido da possibilidade da indicação do uso de arbitragem para solução
de conflitos em contrato em que seja parte a Administração Pública, o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) consolida a posição de dar validade ao juízo arbitral
como solucionador de conflito nos contratos de natureza econômica e 51
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 32. ed. (atual. Eurico
Azevedo et al.). São Paulo: Malheiros, 2006, p. 251.
A propósito, saliente-se que Arnold Wald em sua obra, editada em 2004,
sugeria a indicação no próprio texto legal da utilização da arbitragem como
instrumento de composição dos conflitos e divergências oriundos do contrato
de concessão, com o intuito de eliminar-se qualquer dúvida sobre essa
possibilidade. Pois seu alvitre obteve êxito com a publicação da Lei nº 11.196,
e 21 de novembro de 2005, que incluiu o art. 23-A ao texto da Lei nº 8.987/95,
com a seguinte redação: “23-A.
O art. 23-A ao texto da Lei nº 8.987/95, contrato de concessão, poderá prever o
emprego de mecanismos privados para resolução de disputas decorrentes ou
relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em
língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996”,
estende às sociedades de economia mista a possibilidade de recorrerem à
arbitragem nos contratos de natureza puramente comercial.
A Segunda Turma do STJ em julgamento do Recurso Especial Nº 606.345 -
RS (2003/0205290-5) decidiu:
[...] São válidos e eficazes os contratos firmados pelas sociedades de
economia mista exploradoras de atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços (CF, art. 173, § 1º)
que estipulem cláusula compromissória submetendo à arbitragem
eventuais litígios decorrentes do ajuste [...]54
Sobre a possibilidade de a sociedade de economia mista recorrer ao juízo
arbitral, definiu o STJ no mesmo julgamento que quando os contratos
envolverem serviço de natureza industrial ou tipicamente econômica, os
direitos e obrigações são transacionáveis, portanto sujeitos à arbitragem.
Quando as atividades decorram do poder de império da administração e sua
consecução esteja diretamente relacionada ao interesse público, não é
possível a arbitragem.
11) Considerações finais
A criação da Lei das PPPs, efetivamente, é mais um passo no sentido da
diminuição do papel do Estado e de sua retirada da economia do país. Trata-se
de fenômeno mundial, de cunho neoliberal, na esteira da globalização, do qual,
por ser instrumento novo e de longa duração, não se tem claro qual será o
resultado final obtido, qual será a eficácia da lei.
A Lei inovou em vários aspectos em relação às normas vigentes até então
referentes aos contratos administrativos. Muitas dessas inovações são
exclusivas dos contratos de parceria público-privada, sendo imprescindíveis
para o seu funcionamento. Se não houvesse algumas dessas novidades,
principalmente aquelas que dão garantia de retorno do investimento,
certamente não haveria interesse da iniciativa privada nesse tipo de
investimento.
Quanto aos aspectos polêmicos da Lei, concernente ao uso de arbitragem para
solução de conflitos, fica claro que somente poderá ser utilizada a
arbitragem.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp 606345. Recorrente: AES
Uruguaiana Empreendimentos Ltda.Recorrido: Companhia Estadual De
Distribuicao De Energia Eletrica - Ceee-D Disponível em:
<http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro
&valor=Resp 606345> Acesso em: 20 mai. 2008. quando estiverem envolvidos
na disputa bens patrimoniais disponíveis, conforme a Lei da Arbitragem. Seu
uso em disputa que envolva outros bens é inconstitucional.
Nos demais pontos, relacionados às garantias ao parceiro privado, do cotejo
das duas linhas de pensamento, a avaliação que se tem é de que a nova lei
está suficientemente amparada em preceitos constitucionais que autorizam sua
vigência.
Merece destaque também a adoção nas PPPs de práticas mais avançadas em
termos de licitações, como a possibilidade da inversão das fases de habilitação
e julgamento, do oferecimento de lances para reduzir os valores propostos.
Também inovou permitindo o saneamento de falhas, a complementação de
insuficiências ou ainda correções de caráter formal no curso do procedimento,
desde que o licitante possa satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no
instrumento convocatório.
A expectativa é de que com a implementação dos projetos de PPPs previstos
pelos governos de todas as esferas se possa ampliar significativamente o
volume e a qualidade de equipamentos e serviços públicos postos à disposição
da população e a infra estrutura necessária ao desenvolvimento econômico do
País.
Proporcionando assim, além da prestação do serviço em si, a geração de
postos de emprego de forma direta e a possibilidade de melhora da qualidade
de vida dos brasileiros.
12) Conclusão
a) Para o setor público
Conforme visto no presente artigo, as PPP´s se constituem numa parceira
entre entes públicos e privados com aspectos positivos para ambos,
principalmente na atual conjuntura econômico social do país, pois assegura
aos primeiros os recursos de que não dispõem, bem como a eficiência e
celeridade para os empreendimentos de infra estrutura de que se necessitam.
b) Para o setor privado;
Assegura-lhes receitas necessárias à sua manutenidade com garantia da
remuneração compatível ao empreendimento realizado.
Eng. Sebastião Martins
Email: [email protected]
Site : www.consutoriaiss.com
13) Referências Bibliográficas
Manual de PPP no Estado de Minas Gerais - http://www.ppp.mg.gov.br/
Melhores Praticas dos Verificadores Independentes nos Contratos de PPPs
https://www.dropbox.com/s/axc7e0mpogsw2xo/Melhores_Praticas_dos_Verific
adores_Independentes_nos_Contratos_de_PPPs_Danuza_Paiva.pdf?dl=0
Manual de PPP em Minas Gerais
https://www.dropbox.com/s/qh0xc8g1yz7yzh7/PPP-
Manual%20do%20Estado%20de%20Minas%20Gerais.pdf?dl=0
Procedimento de Manifestação de Interesse em PPP - MG
ps://www.dropbox.com/s/dsma71sh4ml7vvi/PMI%20-
%20Procedimento%20de%20Manifesta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Interess
e%20%28MG%29.docx?dl=0
ARAGÃO, Alexandre Santos de. As parcerias público-privadas – PPPs no
direito positivo brasileiro. Revista Eletrônica de Direito Administrativo
Econômico, Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, nº. 2, maio-junho-
julho, 2005. Disponível em: <http://www.direitodoestado.com/revista/REDAE-2-
MAIO-2005-ALEXANDRE% 20ARAGÃO.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2007.
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a aplicação, às parcerias público-privadas, do art. 21 da Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, e do art. 31 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, para
apresentação de projetos, estudos, levantamentos ou investigações, a serem
utilizados em modelagens de parcerias público-privadas no âmbito da
administração pública federal, e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 04 dez. 2006. Disponível em :
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Anexo A - PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
https://www.dropbox.com/s/dsma71sh4ml7vvi/PMI%20-%20Procedimento%20de%20Manifesta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Interesse%20%28MG%29.docx?dl=0 Prefácio O documento que se segue não tem outro objetivo senão o de dar diretrizes
para quem queira conhecer os passos necessários para a elaboração de um
Procedimento de Manifestação de Interesse em participar de uma PPP
relacionada ao fornecimento de agua bruta para um município.
Portanto, o cerne deste documento não se atêm ao preciosismo dos termos
nem sua enumeração lógica e terá atingido seu objetivo se conseguir chamar
atenção para pontos relevantes que não devam ser desconsiderados na
formação de uma Participação Público Privada nem nas fases de
relacionamento entre os interessados para que deste não se resultem ações
litigiosas entre as partes.
Fica, portanto claro o caráter precário deste documento. Assim, num
Procedimento de Manifestação de Interesse para a realização de uma PPP,
este documento deverá ser revisto em seus aspectos jurídicos e do objeto a
que se referirá uma PPP específica.
Este documento foi elaborado pela Companhia de Saneamento de Minas
Gerais – COPASA – para o município de Pará de Minas.
Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA
Julho de 2014
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI)
visando à obtenção de estudos, levantamentos e
propostas referentes ao fornecimento de água bruta para
o Sistema de Abastecimento de Água do Município de
Pará de Minas, Estado de Minas Gerais, ao amparo do
Decreto Estadual nº 44.565, de 03 de julho de 2007.
1) Introdução
O Estado de Minas Gerais, por meio da Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (“COPASA”), empresa de economia mista integrante da Administração
Pública Indireta Estadual, a qual tem por objetivo a prestação de serviços de
abastecimento de água tratada e ao esgotamento sanitário aos Municípios de
Minas Gerais e à população mineira, com base nos considerandos abaixo, vem
justificar seu Interesse na contração, na forma de PPP – Participação Pública
Privada - de uma empresa privada para realização de uma obra na área de
saneamento para o município de Pará de Minas.
a) Considerando a necessidade de complementação de vazão dos
mananciais atualmente utilizados como fonte de produção para atender
ao Município de Pará de Minas no longo prazo;
b) Considerando o objetivo da COPASA de garantir, de forma contínua e
satisfatória, o abastecimento de água e o esgotamento sanitário para a
população do Município de Pará de Minas, nos termos do contrato de
concessão, para os próximos anos;
c) Considerando que a solução para o abastecimento deve ser célere e
ter a participação da sociedade, inclusive, dos principais agentes do
setor de saneamento, na construção de uma alternativa técnica
adequada e econômico-financeira viável; e
d) Considerando que a solução deve subsidiar a COPASA na modelagem
de eventual procedimento licitatório para contratação de privado, sempre
observando princípios basilares expressos na legislação específica, bem
como a eficiência no gasto e a qualidade do serviço público prestado,
vem apresentar, por meio deste instrumento de Solicitação de Manifestação de
Interesse (PMI), as diretrizes para a participação de interessados no PMI nº
01/2014, com vistas à obtenção de estudos, levantamentos e propostas
referentes ao fornecimento de água bruta para o Sistema de Abastecimento de
Água do Município de Pará de Minas, Estado de Minas Gerais, nos termos dos
art. 2º e 3º do Decreto Estadual nº 44.565, de 03 de julho de 2007, do art. 21
da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e do art. 31 da Lei nº 9.074, de 07
de julho de 1995, da Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, da Lei
Estadual nº 14.868, de 16 de dezembro de 2003, e da Lei Federal nº 11.445 de
05 de janeiro de 2007, bem como do Página 4 disposto no presente documento
e em seus respectivos anexos.
2) Objeto
O presente PMI visa orientar a participação de interessados na estruturação do
Projeto de fornecimento de água bruta para o Sistema de Abastecimento de
Água (SAA) do Município de Pará de Minas, no Estado de Minas Gerais.
Por meio deste PMI, a COPASA espera receber estudos, levantamentos e
propostas que apresentem a melhor estrutura de fornecimento de água bruta a
ser implementada, observando-se o disposto no presente instrumento e em
seus anexos, em especial no ANEXO II – TERMO DE REFERÊNCIA
(“Manifestação de Interesse”).
2.1) Regras Gerais
A realização do presente PMI não vinculará o Estado de Minas Gerais ou a
COPASA à realização de procedimento licitatório para a viabilização do Projeto
de fornecimento de água bruta ao SAA do município de Pará de Minas,
conforme definido no § 1º do art. 3º do Decreto Estadual nº. 44.565, de 2007.
a) A eventual realização de processo licitatório não está condicionada à
utilização dos estudos técnicos obtidos por meio do presente PMI, nos
termos do caput e § 2º do art. 3º do Decreto Estadual nº. 44.565, de
2007.
b) A apresentação de Manifestação de Interesse, no âmbito deste PMI, não
impede a participação dos interessados em futuro procedimento de
licitação, caso esta seja a opção a ser adotada, nos termos do Parágrafo
único do art. 9º do Decreto Estadual nº. 44.565, de 2007.
c) A utilização dos elementos obtidos com o PMI não caracterizará nem
resultará na concessão de qualquer vantagem ou privilégio ao particular,
em eventual processo licitatório posterior, conforme § 5º do art. 3º do
Decreto Estadual nº. 44.565, de 2007.
2.2) Diplomas normativos
Este PMI respalda-se nos seguintes diplomas normativos
a) Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
b) Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
c) Lei Federal nº 9.074, de 07 de julho de 1995;
d) Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004;
e) Lei Estadual nº 14.868, de 16 de dezembro de 2003; Página 5
f) Decreto Estadual nº 44.565, de 03 de julho de 2007; e
g) Lei Federal nº 11.445 de 05 de janeiro de 2007.
3) Diretrizes para a Participação
3.1) Poderão participar do presente PMI pessoa física ou jurídica,
de direito público ou privado, individualmente ou em grupo,
sendo necessário o preenchimento do cadastro que compõe o
ANEXO I – MODELO DE CADASTRO do presente
instrumento, de acordo com os incisos I e II do art. 10 do
Decreto Estadual nº 44.565, de 2007.
3.2) No caso de participação do presente PMI de entidades em
grupo, não há a necessidade de se estabelecer vínculo formal
entre os participantes, nos termos do art. 9º do Decreto
Estadual nº 44.565, de 2007.
No caso de participação de grupos, o preenchimento do cadastro deverá ser
realizado por todos os participantes do grupo, devendo ser definido o
participante líder que será o contato para comunicação com o grupo.
3.3) Após o período de cadastro, no dia 04 de agosto de 2014, no segundo
expediente, às 14 horas, no auditório, localizado na Rua Mar de Espanha,
453, Prédio COPE, 2º Andar, Bairro Santo Antônio, Belo Horizonte/MG, a
COPASA realizará com todos os participantes cadastrados, a primeira
reunião, para eventual esclarecimento dos parâmetros mencionados
neste PMI.
3.4) O cadastro de que trata este item 3.1 deverá ser enviado em versão
eletrônica por meio do endereço eletrônico [email protected], até 31
de julho de 2014.
3.5) Na primeira reunião entre COPASA e participantes cadastrados serão
disponibilizadas informações complementares, detalhando as informações
constantes no ANEXO II – TERMO DE REFERÊNCIA, para melhor
subsidiar a elaboração dos estudos.
Na reunião supracitada serão definidas, individualmente, as datas e condições
para visitas ao Sistema de Abastecimento de Água de Pará de Minas.
3.6) Caso seja solicitado expressamente pelo interessado à COPASA, será
assegurado o sigilo das informações e dados cadastrais de que trata o
item 3.1, nos termos do § 4º do art. 3º do Decreto Estadual nº 44.565, de
2007.
4) Estudo a serem apresentados
4.1) A Manifestação de Interesse deverá incluir em seus estudos, no mínimo,
os seguintes produtos, os quais deverão ser elaborados em conformidade
com as diretrizes constantes no ANEXO II – TERMO DE REFERÊNCIA
da presente PMI:
a) Síntese da Manifestação de Interesse;
b) Impactos Ambientais e suas Mitigações;
c) Modelo de Implementação;
d) Modelo Operacional;
e) Sistema de Mensuração de Desempenho; e
f) Modelo Econômico-Financeiro, Jurídico e Plano de Negócios.
5) Custos de Participação
5.1) Os interessados em participar do presente procedimento serão
responsáveis por todos os custos financeiros e demais ônus decorrentes
de suas manifestações de interesse, não fazendo jus a qualquer espécie
de ressarcimento, reembolso ou indenização por despesas incorridas,
nem a qualquer remuneração pelo Estado de Minas Gerais ou pela
COPASA.
5.2) A manifestação de interesse poderá ser aproveitada pela COPASA, no
todo ou em parte, e a seu exclusivo critério, sendo-lhe facultado, ainda,
promover as alterações e as adequações que entender pertinentes, sem
que a(s) participante(s) selecionada(s) caiba(m) quaisquer indenizações,
reivindicações, direitos de propriedade industrial ou direitos autorais.
5.3) Ressarcimento dos custos
a) As Manifestações de Interesse que venham a ser aceitas, no todo ou em
parte, como subsídios para a definição e a estruturação do projeto terão
seus custos, total ou parcialmente, ressarcidos pelo licitante vencedor,
na proporção do seu aproveitamento, nos termos do art. 21, da Lei
Federal nº 8.987/95 e do art. 11 do Decreto Estadual nº 44.565/07, no
limite dos valores estimados pelo participante cadastrado e aceitos pela
COPASA.
b) A previsão de ressarcimento poderá destinar-se a um ou mais
participantes do PMI, na proporção de seu aproveitamento.
c) Na hipótese do aproveitamento da manifestação de interesse, a
COPASA, utilizando-se da faculdade conferida pelo art. 21 da Lei
Federal nº 8987/95 e do art. 11 º, §2º do Decreto Estadual nº 44.565, de
2007, incluirá no edital de licitação do projeto a previsão de
ressarcimento pela licitante vencedora do valor referente à
Demonstração de Gastos aprovada pelo Poder Concedente, nos termos
do item 7.
5.5) Avaliação e a seleção dos projetos
A avaliação e a seleção dos projetos, estudos, levantamentos ou investigações
a serem utilizados, parcial ou integralmente, na eventual licitação serão
realizadas conforme os critérios estabelecidos abaixo:
a) Consistência das informações que subsidiaram sua realização;
b) Adoção das melhores técnicas de elaboração, segundo normas e
procedimentos científicos pertinentes, utilizando, sempre que possível,
equipamentos e processos recomendados pela melhor tecnologia
aplicada ao setor;
c) Compatibilidade com as normas técnicas emitidas para o setor;
d) Compatibilidade com a legislação aplicável ao setor;
e) Impacto do empreendimento no desenvolvimento socioeconômico da
região e sua contribuição para a integração nacional, se aplicável; e
f) Demonstração comparativa de custo e benefício do empreendimento em
relação a opções funcionalmente equivalentes, se existentes.
6) Recebimento e análise da Manifestação de Interesse
6.1) O prazo para recebimento das manifestações de interesse é até o dia 24
de outubro de 2014.
6.2) As manifestações de interesse entregues pelos participantes serão
analisadas pelas equipes técnicas da COPASA, com o apoio técnico do
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A - BDMG, para avaliação
do atendimento aos objetivos e às necessidades da COPASA e de acordo
com os critérios e sistema de pontuação dispostos nos itens 5.5 e 6.2.3.
6.2.1) A manifestação de interesse deverá atender aos parâmetros mínimos de
serviço definidos pela COPASA no ANEXO II - TERMO DE REFERÊNCIA
e apresentados aos participantes na reunião prevista no item 3.4.
6.2.2) Será formada uma Comissão de Avaliação, por meio de um Comunicado
da Presidência da COPASA, para fins de análise do conteúdo das
manifestações de interesse e das demonstrações de gastos para
realização dos estudos.
6.2.3) Os critérios e o sistema de pontuação para a avaliação das anifestações
de Interesse são:
7) Sistema de Pontuação
7.1) Adequação dos Produtos segundo o item 5.5 e em relação ao ANEXO II
Termo de Referencia:
a) Adoção das melhores soluções técnicas, segundo normas e procedimentos
científicos pertinentes; 12 pontos
b) Consistência das informações; 6 pontos
c) Segurança operacional; 12 pontos
Total de pontos para o critério (i): 30 pontos
7.2) Desempenho técnico operacional
a) Menor custo de investimento (CAPEX) 52 pontos
b) Menor prazo de implantação 18 pontos
Segurança operacional é compreendida como a capacidade da solução
técnica apresentada assegurar a continuidade da prestação do serviço.
Será pontuada com a nota máxima do critério, 52 pontos, a proposta
cujo custo de investimento (CAPEX) proposto seja a menor dentre as
apresentadas. As demais Manifestações de Interesse serão pontuadas
de forma proporcional, conforme a fórmula abaixo:
Serão desconsideradas, ou seja, receberão pontuação igual a zero
neste critério, Manifestações de Interesse cujo prazo ultrapassar 18
meses, ou seja considerado inexequível.
Será pontuada com a nota máxima do critério, 18 pontos, a proposta
com menor prazo de implantação dentre as apresentadas. As demais
propostas serão pontuadas de forma proporcional, conforme a fórmula
abaixo:
Total de pontos para o critério (ii): 70 pontos
7.2.1) O resultado da avaliação, com a classificação dos participantes,
conforme os critérios do item 7 acima, será disponibilizado no sítio
eletrônico da COPASA (www.copasa.com.br), em até 60 (sessenta)
dias após o prazo limite para entrega das manifestações de interesse.
7.2.2) Estarão aptos a serem ressarcido(s), nos termos dos itens 5.3, 5.4 e
7.2.3) O(s) participante(s) que obtiverem pontuação mínima de 70 (setenta)
pontos, em consonância com o sistema de pontuação descrito no item
6.2.3.
7.2.4) Serão desclassificadas, para fins de ressarcimento, as Manifestações de
Interesse que estejam em desacordo com a legislação do setor de
saneamento.
7.2.5) As Manifestações de Interesse que não forem classificadas poderão ser
recolhidas pelos participantes em até 30 (trinta) dias após a publicação
do resultado da avaliação.
7.2.6) As Manifestações de Interesse não aproveitadas serão destruídas, caso
não sejam recolhidas no prazo acima definido.
7.2.7) Serão ressarcidos, total ou parcialmente, nos termos do item 5.3, os
produtos das Manifestações de Interesse que forem efetivamente aproveitadas
nos documentos de eventual procedimento licitatório.
7.2.8) Comporá o eventual processo licitatório um relatório emitido pela
COPASA, por meio da Comissão de Avaliação nomeada conforme o
item 7.2.2, com a discriminação justificada do aproveitamento, total ou
parcial, das Manifestações de Interesse advindas deste PMI e a
respectiva obrigação de ressarcimento a ser incluída nos documentos
licitatórios conforme item 5.4.
A discriminação justificada de aproveitamento, supracitada, conterá a relação
de produtos aproveitados na elaboração dos documentos licitatórios.
7.2.9) No caso de aproveitamento nos documentos licitatórios de produtos cuja
origem seja da PMI, e tenham sido apresentados de forma similar por
duas ou mais empresas participantes, o valor de ressarcimento será
dividido igualmente entre essas.
8) Demonstração de gastos
8.1) O participante apto a ser ressarcido, nos termos do item 6.2.5 acima,
deverá encaminhar à COPASA Demonstração de Gastos, que consiste no
detalhamento do valor gasto pelo participante para a realização dos
estudos, levantamentos e propostas objeto deste PMI.
8.1.1) Para permitir o aproveitamento, total ou parcial, das Manifestações de
Interesse, a descrição de gastos deverá ser discriminada por produto,
conforme o ANEXO II –
9) Termo de Referencia, na apresentação da proposta.
9.1.2) Para fins de comprovação da Demonstração de Gastos, o participante
deverá encaminhar também as notas fiscais, contratos, recibos e demais
comprovantes ou demonstrativos pertinentes que atestem o valor total
dos seus estudos para cada produto.
O participante que fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, os comprovantes
que dispõe o item 7.1.2 estará sujeito à desconsideração dos seus estudos no
presente PMI, além das penalidades dispostas no art. 96 da Lei Federal nº
8.666, de 21 de junho de 1993,
9.1.3) O valor máximo de ressarcimento destinado a todos os participantes
será limitado a R$ 600.000,00 (seiscentos mil Reais) e deverá observar
os seguintes limites por produto:
9.1.3.1) Produto 1 - Síntese da Manifestação de Interesse: 0% do valor máximo
estabelecido no item 7.1.3;
9.1.3.2) Produto 2 - Impactos Ambientais e Suas Mitigações: 10% do valor
máximo estabelecido no item 7.1.3;
9.1.3.3) Produto 3 - Modelo de Implementação: 25% do valor máximo
estabelecido no item 7.1.3;
9.1.3.4) Produto 4 - Modelo Operacional: 15% do valor máximo estabelecido no
item 7.1.3;
9.1.3.5) Produto 5 - Sistema de Mensuração de Desempenho: 10% do valor
máximo estabelecido no item 7.1.3;
9.1.3.6) Produto 6 - Modelo Econômico-Financeiro, Jurídico e Plano de
Negócios: 40% do valor máximo estabelecido no item 7.1.3;
9.1.3.7 Produto 7 - Anexos e Documentação Complementar: 0% do valor
máximo estabelecido no item 7.1.3.
10) Forma de encaminhamento das Manifestações de Interesse
10.1) As Manifestações de Interesse, contendo os estudos em via digital e
demais informações de que trata o presente instrumento deverão ser
apresentadas mediante protocolo, ou encaminhadas via correio para
COPASA, Departamento de Novos Negócios – DPNN, na Rua Mar de
Espanha, nº 525, Bairro Santo Antônio, Belo Horizonte, Minas Gerais,
CEP: 30330-900.
10.2) Da parte externa e frontal do(s) envelope(s) no(s) qual(is) as
manifestações de interesse forem encaminhadas, deverão constar os
seguintes dizeres:
COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS
PMI Nº 01/2014
Interessado______________________________________________________
CPF/CNPJ______________________________________________________
Endereço do
representante____________________________________________________
Área de
atuação_________________________________________________________
Telefone de
contato_________________________________________________________
E-mail de
contato_________________________________________________________
Empresas participantes (no caso de grupo econômico e/ou possível consórcio)
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
10.3) As Manifestações de Interesse deverão ser apresentadas em 5 (cinco)
vias: 2 (duas) vias por escrito e encadernadas, nos termos do item 8.3.3
abaixo e 3 (três) vias digitais, por meio de CD ROM, no formato original
(doc, xls, dwg, cdr, outros).
10.3.1) Não serão aceitas versões digitais em arquivos pdf ou em outros
formatos que não permitam total acesso ao seu conteúdo.
10.3.2) Em caso de divergências entre as vias por escrito e as digitais,
prevalecerá aquela apresentada na forma impressa.
10.3.3) Os Cadernos das Manifestações de Interesse deverão ser entregues
em duas vias impressas em formato A3 (plantas) e A4, xerografados e
encadernados.
11) Esclarecimentos adicionais
11.1) Os questionamentos ou esclarecimentos adicionais sobre este PMI
deverão ser encaminhados para a COPASA, em até 10 (dez) dias úteis
antes do término do prazo de recebimento das manifestações dos
interessados, por meio do endereço eletrônico [email protected].
11.1.1) As respostas serão disponibilizadas no sítio eletrônico da COPASA
(www.copasa.com.br), resguardado o direito de sigilo da identidade do
solicitante, em até 5 (cinco) dias úteis.
11.2) A critério da COPASA, poderão ser organizadas sessões públicas
adicionais, destinadas à apresentação de informações e características
do projeto, e de esclarecimento no decurso do prazo aberto para o
recebimento dos cadernos das Manifestações de Interesse, mediante
divulgação no sítio eletrônico da COPASA (www.copasa.com.br), nos
termos do art. 7º do Decreto Estadual nº 44.565, de 2007.
12) Propriedade inteIectual
12.1) Toda informação contida nesse documento, inclusive em seus anexos e
possíveis estudos a serem disponibilizados, é de propriedade da
COPASA, servindo aos interessados para orientar a elaboração de suas
manifestações de interesse.
12.2) Os direitos autorais sobre as informações, os levantamentos, os projetos
e os demais dados e documentos apresentados nas manifestações de
interesse serão cedidos pelo interessado, podendo ser utilizados total ou
parcialmente pela COPASA, de acordo com a oportunidade e
conveniência, para a formulação de editais, contratos e demais
documentos afins ao objeto deste PMI, nos termos do § 3º do art. 3º do
Decreto Estadual nº 44.565, de 2007.
12.2.1) Aos autores e aos responsáveis pelas Manifestações de Interesse
encaminhadas, não será atribuída qualquer espécie de remuneração em
decorrência dos direitos emergentes da propriedade intelectual, ainda
que sejam utilizados, no todo ou em parte, os dados ou o modelo de
serviço fornecido.
13) Prerrogativas da COPASA
13.1) A COPASA, a qualquer tempo e independente de prévio aviso, poderá:
a) alterar, suspender ou revogar este PMI;
b) solicitar informações adicionais dos interessados quanto às manifestações
encaminhadas, a qualquer tempo, nos termos do art. 12 do Decreto Estadual
nº44.565, de 2007;
c) contratar estudos técnicos alternativos ou complementares;
d) iniciar, em qualquer fase do PMI, o processo licitatório relativo ao Projeto de
fornecimento de água bruta ao SAA do município de Pará de Minas; e
e) divulgar os nomes dos participantes interessados, ressalvada solicitação
expressa de sigilo na manifestação de interesse encaminhada.
14) Consolidação das propostas
14.1) A COPASA, com o apoio técnico do BDMG, consolidará as informações
obtidas na(s) Manifestação(ões) de Interesse(s) recebida(s) pelo(s)
participante(s) selecionado(s), podendo combiná-las com as demais
informações técnicas eventualmente disponíveis, sem prejuízo daquelas
obtidas junto a consultores externos eventualmente contratados, para
instruir a preparação dos documentos para possível concessão do
projeto.
15) Anexos a este documento
15.1 Compõem este documento:
ANEXO I – MODELO DE CADASTRO;
ANEXO II – TERMO DE REFERÊNCIA.
Belo Horizonte
a) Melhores Praticas dos Verificadores Independentes nos Contratos de
PPPs
https://www.dropbox.com/s/axc7e0mpogsw2xo/Melhores_Praticas_dos_Verific
adores_Independentes_nos_Contratos_de_PPPs_Danuza_Paiva.pdf?dl=0
b) Manual de PPP em Minas Gerais
https://www.dropbox.com/s/qh0xc8g1yz7yzh7/PPP-
Manual%20do%20Estado%20de%20Minas%20Gerais.pdf?dl=0
c) Procedimento de Manifestação de Interesse em PPP - MG
ps://www.dropbox.com/s/dsma71sh4ml7vvi/PMI%20-
%20Procedimento%20de%20Manifesta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Interess
e%20%28MG%29.docx?dl=0
d) Garantias remuneratórias nas PPP
https://www.dropbox.com/s/3m6wbo1jpus39vo/GARANTIAS%20DA%20LEI%2
0N%C2%BA%2011.079-
2004%20E%20SUA%20AN%C3%81LISE%20SOB%20A%20OTICA%20CONS
TITUCIONAL.pdf?dl=0
e) Perguntas frequentes sobre PPP
http://www.planejamento.gov.br/assuntos/parcerias-publico-
privadas/referencias/copy_of_perguntas-frequentes
Lei nº 8.987/95 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
Lei nº 8.666/93 - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm
f) PPP – Rio de Janeiro
https://www.dropbox.com/s/b2m3lwa36kl6l1m/PPP%20-
%20Manual%20do%20Estado%20do%20Rio%20de%20Janeiro.pdf?dl=
0 >>.
g) Workshop Parcerias Público-Privadas – São Paulo
https://www.dropbox.com/s/z6muvdv05zpzb4z/PPP%20-
%20CICLO%20DE%20VIDA%20DE%20PROJETOS%20PPP%20-
%20%20Capacita%C3%A7%C3%A3o%20BIRD%20agosto%202013.pdf
?dl=0
h) SPE – Sociedade de Proposito Específico
http://www.direitobrasil.adv.br/index_arquivos/Page1474.htm
i) Gestão de Contratos
https://www.dropbox.com/s/85ofg8e2824yroh/PPP%20-
%20Gestao_de_Contratos%20-%20Bruno%20RamosPereira.pdf?dl=0
j) Desafios e oportunidades nas PPP
https://www.dropbox.com/s/tl8p2w8t5jadtef/PPP%20-
%20Desafios%20e%20Oportunidades%20-
%20Andre%20Albuquerque.pdf?dl=0