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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

Os princípios jurídicos, fundamentos do estado de direito, prevalecem sobre todas as normas jurídicas, que

só tem validade se editadas em rigorosa consonância com eles.

Estes princípios representam as limitações ao poder de tributar que possuem Estados, União, DF e

Municípios. Ou seja, são proposições constitucionais editadas no sentido de proteger os contribuintes da

fúria e da voracidade dos sujeitos ativos em arrecadar.

Em matéria tributária encontram previsão legal no Art. 150 da nossa constituição.

1 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:

“ Art. 150. – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado á União, aos

Estados e ao Distrito Federal e aos Municípios:

I – exigir ou aumentar tributo sem que a lei o estabeleça.”

É de suma importância atentar para o fato de que o princípio diz claramente: lei (fonte principal) e

não: decreto, portaria, instrução normativa etc... (fontes secundárias).

Não se trata apenas da questão da observância da exigência da lei, mas também de a Lei que

institui o tributo defina todos os aspectos pertinentes ao fato gerador, necessários à quantificação do tributo

devido em cada situação concreta que venha espelhar a situação hipotética descrita na lei (Luciano Amaro

– Direito Tributário Brasileiro – 12ª edição - pag. 112). Ou seja, a lei tem que trazer todas as informações

que permitam ao contribuinte saber o que está pagando e quanto vai pagar. Se faltar qualquer um dos

elementos, a cobrança pode ser considerada inconstitucional.

O aumento de tributo pode-se dar não só pela elevação da alíquota, mas também pela ampliação

da base de cálculo, ou então pela impossibilidade de aproveitamento de determinado valor a título de

crédito, por exemplo.

2 - ISONOMIA TRIBUTÁRIA

“ Art. 150.

(...)

II – instituir tratamento desigual entre contribuinte que se encontrem em situação

equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por

eles exercida independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;”

A isonomia tributária é espécie do princípio geral de isonomia, expresso no caput do art. 5º da

CF/88.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza garantindo-se aos

brasileiros e aos estrangeiros, residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.”

Conclusão: a todos os contribuintes em igual situação, deverá ser dado o mesmo tratamento, sem

privilégio de uns em detrimento de outros.

3 - IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA

“Art. 150.

(...)

“III – cobrar tributos:

a. em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver

instituído ou aumentado.”

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A lei aplica-se aos fatos que ocorrem após a sua entrada em vigor. Não pode retroagir para alcançar

fatos já ocorridos na vigência de lei anterior. Ou seja, ela só passa a valer a partir do momento em que ela

for publicada ou a partir da data que está indicada como início da vigência da mesma.

4 - ANTERIORIDADE

“Art. 150. III - ANUALIDADE

(...)

b. no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou

aumentou.”

Assim, para instituir um tributo ou aumentá-lo para o exercício financeiro de 2010, a lei deveria ser

promulgada até, no máximo, 31 de dezembro de 2009.

No entanto, a própria Constituição Federal estabelece algumas exceções ao princípio da anterioridade, a

saber:

a . Alteração de alíquota – Impostos Federais

“Art. 153.

(...)

“§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em

lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”

As alíquotas referidas são as dos seguintes impostos da União:

I – Importação;

II - Exportação;

IV - Produtos Industrializados;

V - Sobre operações financeiras.

b. Contribuições Sociais

“Art. 195.

(...)

“§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos

noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhe aplicando

o disposto no art. 150, III, b.”

ANTERIODADE NONAGESIMAL OU NOVENTENA:

O Princípio da Anterioridade se encontra atualmente distribuído através de dois vértices: o da

anualidade ( já mencionado) e o da Antecedência Nonagesimal ou somente “noventena”, que proíbe que se

cobre tributos:

“Art. 150 – Inciso III...

a.

b.

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou

aumentou, observado o disposto na alínea b.”

Conclui-se que com a obrigatoriedade da observância destes dois princípios a data limite para

instituir ou aumentar impostos e taxas que possam vigorar e ser cobrados no 1º dia do exercício seguinte

passa a ser 1º de outubro.

A aplicação destes princípios porém comporta exceções:

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Exemplos:

TRIBUTOS ANUALIDADE NOVENTENA

Imposto de Renda – IR xxxxxxxxxxxx --------------------

Imp. sobre produtos industrializados - IPI ------------------- xxxxxxxxxxxxx

Imp. de Importação (II); de Exportação (IE) e Imp.

sobre operações financeiras (IOF)

------------------- --------------------

ITR; ISSQN; ICMS; ITCMD; IPTU; IPVA; ITBI xxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxx

Contribuições Sociais ----------------- xxxxxxxxxxxx

Legenda: “x” indica que estão sujeitos e “-“ indica que não estão sujeitos aquele princípio.

5 – PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO

O Artigo 150 IV veda a utilização do tributo com efeito de confisco , ou seja, impede que a pretexto

de cobrar tributo, o Estado se aposse dos bens do indivíduo.

Confiscar é tomar para o Fisco, desapossar alguém de seus bens em proveito do Estado.

É claro que em se tratando de tributos observa-se uma transferência compulsória de recursos do

indivíduo para o Estado. O que se questiona é: qual seria o montante que poderia não ser considerado

confiscatório? Até que ponto pode avançar o tributo sobre o patrimônio do indivíduo, sem configurar

confisco?

6 – PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO

O Artigo 150 V, da Constituição proíbe que se estabeleçam limitações ao tráfego de pessoas ou

bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela

utilização de vias conservadas pelo Poder Público. O que está se analisando aqui é a liberdade de

locomoção .

7) PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:

A CF é quem define, dentro dos capítulos destinados ao Sistema Tributário Brasileiro, quem é

que pode cobrar o quê. Ou seja: quais são os impostos de competência da União; quais são os de

competência dos Estados e quais são os de competência dos municípios.

É portanto, proibido aos Estados instituir ou cobrar tributos sobre fatos geradores para os quais

tenham sido instituídos tributos municipais e vice-versa.

8) RESERVA DE LEI COMPLEMENTAR:

Toda matéria tributária (normas gerais, definição de tributos e suas espécies; fatos geradores; base

de cálculo e contribuintes, por ex.) necessariamente precisa ser editada através de Lei Complementar.

Isto porque as matérias tributárias são matérias que exigem um exame mais rigoroso do legislador,

tendo em vista o interesse de todo o universo de contribuintes que serão agravados pelos tributos criados.

Como para a aprovação da Lei Complementar exige-se “quorum” qualificado, entende-se que mais

pessoas presentes significa um debate mais amplo sobre estes assuntos, que são de relevância para toda a

população.

Quórum qualificado: exige a presença de maioria absoluta, tanto na Câmara, quanto no Senado. Ou

seja: é necessário que estejam presentes 50% + 1 do número de deputados; e também 50% + 1 do número

de Senadores..

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