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2 - FUNDAMENTAO:
2.1 - PRELIMINARMENTE
a) DO CABIMENTO DA PRESENTE AO
Tendo em vista o interesse pblico existente no presente caso,
considerando que se faz mister a tutela imprescindvel do poder estatal a fim de
garantir a proteo dos moradores daquela comunidade, assegurando-lhes de
modo efetivo e devido a construo das casas destinadas populao
representada pela respectiva associao, no af de resguardar os interesses
dessa coletividade, visando, tambm coibir prticas que possam suscitar
prejuzos de diversas ordens a esses moradores, bem como s comunidades
circunvizinhas e adjacentes, mostra-se cabvel o ajuizamento da presente ao
civil pblica como forme de tutelar o interesse pblico e direito coletivo ora em
voga.
Nesse diapaso, importante se faz trazer a lume as disposies
da norma de regncia, a saber a Lei n 7.347/85, que dispe in verbis:
Art. 1 Regem-se pelas disposies desta Lei, sem prejuzo da aopopular, as aes de resp ons abil idade po r dano s m orais e patr im oniais
causados: (Redao dada pela Leu n 12.529, de 2011).
(...)
IV - a qualquer outro interesse di fuso ou colet ivo. (Includo pela Lei n8.078 de 1990)
(...)
VI - ordem u rbanst ica. (Includo pela Medida provisria n 2.180-35, de2001). (GRIFO NOSSO)
Arregimentando o conceito de direitos coletivo e difuso, do Cdigode Defesa do Consumidor colhe-se clarividente hermenutica, como bem se
nota de seu art. 81, que registra ipsis litteris:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vtimaspoder ser exercida em juzo individualmente, ou a ttulo coletivo.
Pargrafo nico. A defesa coletiva ser exercida quando se tratar de:
I - in teresses ou dire i tos di fusos, assim entendidos, para efeitos deste
cdigo, os transin divid uais, d e natu reza indiv isvel, de que sejamtitulares pesso as indetermin adas e ligadas por circ uns tncias de fato;
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II - in teresses ou dire i tos colet ivos, assim entendidos, para efeitos destecdigo, os transind ividu ais, de natureza ind ivisvel de que seja titulargrupo, categoria ou classe de pessoas l igadas entre si ou com a parteco nt rria p o r um a relao ju rdi ca base;
III - interesses ou dir eitos indiv iduais h omogneos, assim entendidos os
decorrentes de or igem com um. (GRIFO NOSSO)
Ora, como se colhe do conceito ex lege, o preceito bifronte, id
est,a sua essencialidade de metaindividualidade e transindividualidade aplica-
se a ambos, tal preceito, , portanto, a caracterstica, o ponto em comum e
indissocivel que une tanto os direitos coletivos quanto os direitos difusos,
diferenciando-se apenas, na particularidade do conceito, a saber, direitos
coletivos pertencem a um grupo determinado de pessoas ligados por uma
relao jurdica bsica, e direitos difusos, englobam a um grupo indeterminado
de pessoas ligadas por circunstncias de fato.
Ressalte-se que, inclusive, ante a presena de tais pressupostos, o
requisito da pr-constituio mostra-se dispensvel pelo juiz, quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimenso ou caracterstica do
dano, ou pela relevncia do bem jurdico a ser protegido, conforme se percebe
do art. 5, $4 da Lei n 7.347/85, vejamos:
Art. 5o Tm legitimidade para propor a ao principal e a ao cautelar:(Redao dada pela Lei n 11.448, de 2007).(...) 4. O req ui si to da p r-co ns tit uio p od er ser di sp ens ado pelo ju iz,quand o haja manifesto in teresse social eviden ciado p ela dimenso oucaract erstic a do dano , ou pela relevnc ia do bem jurdic o a s erprotegido. (Includo pela Lei n 8.078, de 11.9.1990). (GRIFO NOSSO)
Desse modo, fazendo-se presente esta essencialidade de
metaindividualidade do preceito, quer seja no plano coletivo da determinao,
quer seja sob o prisma difuso da indeterminao, satisfeito est a hipottica
legal para a admissibilidade da referida actio iuris, servindo a particularidade,
to somente, como tomo em sua pormenorizao, cuja molcula, combinao
desses tomos e de outros elementos subsidirios, representada pela situao
de fato ou de base, j se encontra condensada.
Assim, ressoa inconteste ante a situao ftica narrada, a
completude desse estado de pice da relao molecular jurdica, mesmo pela
atomizao da caracterstica sui generis do caso ora sub judice, sendo,
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portanto, cabvel a ao civil pblica ante a presena flagrante do direito
representada pela coletividade dos moradores daquela comunidade, bem como
o interesse pblico quanto s comunidades adjacentes que podero ser
impactadas com a construo das casas populares sem o devido projeto
urbanstico e paisagstico a ser, observado conforme o plano diretor daquela
municipalidade.
b) DA COMPETNCIA FORIPARA A PRESENTE AO
Ab initio, quanto competncia fori ministerial da Ao Civil
Pblica em tela,h de se convir no presente caso a competncia do Ministrio
Pblico Federal do local onde o dano ocorreu, bem como, dever ser
observado o juzo desse foro, se se trata de foro como competncia federal ou
na ausncia desta, se h foro com atribuio bastante, para exercer mesmo
que ad interim a respectiva competncia funcional strictu sensu dajustia
federal.
No sendo demais lembrar, a preveno resultante dessa
propositura para todas as demais aes com a mesma causa de pedir ou caso
possuam o mesmo objeto em tela. Nesse sentido, determina o art. 2 da Lei n7.347/85, seno vejamos:
Art. 2 As aes p revis tas n esta L eisero p ropo stas n o fo ro do localonde ocorrer o dano, cu jo juzo ter competnc ia f un ci on al p araprocessar e ju lgar a causa.
Pargrafo nico A pro pos it u ra d a ao p reven ir a ju ri sd io d o j uzopara tod as as aes pos terio rmente int entad asque possuam a mesmacausa de pedir ou o mesmo objeto. (Includo pela Medida provisria n2.180-35, de 2001). (GRIFO NOSSO)
Desse modo, na propositura da presente ao, imperioso se faz
atentar a esse requisito prvio, a fim de que no haja uma declinatoria fori por
no se observar essa regra comezinha, mas indispensvel propositura da
referida ao e para o bom e clere andamento do presente feito.
c) DA COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL STRICTU SENSU
Como cedio, a Justia Federal competente para processar e
julgar a presente demanda, haja vista na hiptese vertente que os recursos
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foram repassados Associao de moradores por um rgo federal mediante
convnio, assim, o repasse dessa verba pelo rgo federal, atrai a legitimidade
do Ministrio Pblico Federal, que h de constar no plo ativo da demanda, o
que consequentemente faz incidir a competncia strictu sensu da justia
federal.
Observncia esta, que consta do rol de competncias definido,
entre outros parmetros, pela Constituio Republicana em seu art. 109, inciso
I da CF:
Art. 109. Ao s ju zes federais c ompete pro cessar e julg ar:
I - as c ausas em que a Un io, entidade autrquica ou empresa pblica
federal fo rem in teres sad as na cond io de auto ras , rs, ass is ten tes o uoponentes, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho;
(...)
IV - os crimes polticos e as infraes penais p ratic adas em detr imentode b ens, s ervios ou int eress e da Unio ou de suas ent idadesau trqu ic as ou empresas pblicas, excludas as contravenes eressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral;(...).(GRIFO NOSSO)
Como se pode observar da clusula constitucional, havendointeresse da Unio, quer seja de seus bens ou as pessoas jurdicas de direito
pblico a ela vinculadas, a competncia a se corroborar da justia federal,
situao esta, que se amolda aos fatos ora em apreo.
Ademais, o simples fato de o Ministrio Pblico Federal figurar
como autor da presente demanda, configuraria por si s, a hiptese de
competncia da Justia Federal, pois esta atrai a competncia quando ocorrer
a participao doparquet federal.
Nesse sentido, colaciono o seguinte entendimento jurisprudencial,
vejamos:
PROCESSUAL CIVIL. AO CIVIL PBLICA. TUTELA DE DIREITOSTRANSINDIVIDUAIS. MEIO AMBIENTE. COMPETNCIA. REPARTIODE ATRIBUIES ENTRE O MINISTRIO PBLICO FEDERAL EESTADUAL. DISTINO ENTRE COMPETNCIA E LEGITIMAOATIVA. CRITRIOS. 1. A ao civil pblica, como as demais, submete-se,quanto competncia, regra estabelecida no art. 109, I, da Constituio,segundo a qual cabe aos juzes federais processar e julgar "as causas emque a Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem
interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ou oponentes, excetoas de falncia, as de acidente de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral ea Justia do Trabalho". Assim, f igurando como au tor d a ao o
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Min is trio Pbl ic o Federa l, q ue rgo daUn io, a c om pe tnc ia p ara acau sa da Jus tia Federal . (...) 4. luz do sistema e dos princpiosconstitucionais, nomeadamente o princpio federativo, atribuio doMinistrio Pblico da Unio promover as aes civis pblicas de interessefederal e ao Ministrio Pblico Estadual as demais. Cons idera-se que hin teres se fed eral n as aescivis pblicas qu e (a) envolvam matria de
competncia da Justia Especializada da Unio (Justia do Trabalho eEleitoral); (b) devam s er legi t imamente promovid as peranteos rgosJudic irio s d a Un io (Trib un ais Su perio res) e d a Ju st ia Federal(Tribun ais Reg ion ais Fed erais e J uzes Federais); (c) sejam dacompetncia federal em razo da matria as fundadas em tratado oucontrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional (CF,art. 109, III) e as que envolvam disputa sobre direitos indgenas (CF, art.109, XI); (d) sejam da competncia federal em razo da pessoa as quedevam ser propostas contra a Unio, suas entidades autrquicas eempresas pblicas federais, ou em que uma dessas entidades figure entreos substitudos processuais no plo ativo (CF, art. 109, I); e (e) as demaiscausas que en volv am in teresses federais em razo d a natureza dosbens e dos valores ju rdico s q ue se vi satutelar.6. No caso dos autos, a
causa da competncia da Justia Federal, porque nela figura como autoro Ministrio Pblico Federal, rgo da Unio, que est legitimado apromov-la, porque visa a tutelar bens e interesses nitidamente federais, eno estaduais, a saber: o meio ambiente em rea de manguezal, situadaem terrenos de marinha e seus acrescidos, que so bens da Unio (CF, art.20, VII), sujeitos ao poder de polcia de autarquia federal, o IBAMA (Leis6.938/81, art. 18, e 7.735/89, art. 4 ). 7. Recurso especial provido .(Superior Tribunal de Justia, Recurso Especial 440.002, rgo Julgador:Primeira Turma, Relator: Min. Teori Albino Zavascki, DJ: 06/12/2004, p.195). (GRIFO NOSSO)
Desse modo, resta configurada a competncia da Justia Federal,
tanto por estar presente o interesse da Unio, vez que o repasse das verbas sedeu por um rgo federal, quanto pela presena do Ministrio Pblico Federal
no polo ativo da presente Ao Civil Pblica, restando indiscutvel a fixao de
competncia pelo disposto no art. 109, I, da Norma Fundamental.
d) DALEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTRIO PBLICO FEDERAL
Quanto legitimatio ad causam do rgo ministerial, no h que
se perquirir demais dilaes, pois uma estando presentes os requisitos
ensejadores do cabimento e admissibilidade da ao civil pblica, quais sejam,
direitos coletivos, difusos, individuais homogneos, ou quaisquer outros nesse
mesmo plano desde que indisponveis, torna-se legtimo ativamente o Parquet
para a propositura da respectiva ao.
Nesse sentido, trago a lume as disposies da Lei 7.347/85 que
regulamenta a ao civil pblica, vejamos:
Art. 5o: Tm legitim idad epara propor a ao principal e a ao cautelar:
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I - o Min is trio Pbl ic o; (...), (GRIFO NOSSO)
A exegese normativa clarividente em asseverar, o Ministrio
Pblico detentor da legitimidade ativa, para a propositura da ao civil
pblica, esta enquanto actio principal, sendo tambm legtimo para apropositura da ao cautelar nesse mesmo plano.
Ad instar nesse ponto, que o Ministrio Pblico o mais
importante rgo de proteo e transformao social e que para realmente
cumprir a sua misso constitucional de defender a ordem jurdica, o regime
democrtico e os interesses sociais metaindividuais ou transindividuais
(difusos, coletivos e individuais homogneos) e individuais indisponveis,
preciso que, por vezes, aja para proteger o grupo de indivduos mesmo em
situao sui generis, e ao civil pblica faz as suas vezes.
Demais disso, observa-se na hiptese vertente que os recursos
foram repassados Associao de moradores por um rgo federal mediante
convnio, fato este que atrai ipso facto a legitimidade do Ministrio Pblico
Federal ao presente feito.
Corroborando esse entendimento, quanto legitimidade doParquet, reproches no se mostram arguveis, pois se revela clarividente no
caso em apreo, a incidncia de direito coletivo, que h ser tutelado pelo
Estado, sendo ntido, portanto, o interesse pblico trazido no bojo da situao
ftica ora insurgente.
E isto se evidencia afervel, pois essas associaes comunitrias
ou de bairro, tm como objetivo e escopo primordial, organizar e centralizar o
conjunto de moradores de uma determinada rea ou comunidade, de modo a
representar seus interesses, de maneira mais eficaz e premente, so criadas
portanto, pela necessidade de conquistar melhores condies de infraestrutura,
transporte, segurana, lazer, educao, entre outros servios fundamentais
para a boa qualidade de vida dessas comunidades.
Por tal azo, o interesse malgrado advir de uma relao contratual
inter partese de origem privada, mas o simples fato de se tratar da construo
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de casas populares, como o da presente hiptese, atrai o interesse e dever de
cuidado do Ministrio Pblico, enquanto custus legis que se constitui.
Doutro modo, mister se faz averiguar a regularidade do projeto de
engenharia, se est de acordo com os critrios urbansticos e paisagsticosdaquela circunscrio, daquela municipalidade, bem como se este seguro e
foi devidamente planejado pelos seus executores, fazendo surgir ao feito ntido
interesse pblico, de carter coletivo, tanto dos moradores, quanto da
populaes circunvizinhas, que de alguma forma podero ser atingidas, caso a
construo dessas casas habitacionais ocorra de modo desordenado e sem o
devido planejamento.
Assim, tanto sob o prisma central dos moradores representados
pela sua respectiva associao, quanto ao interesse das demais comunidades
adjacentes, justifica a legitimatio ad causam do rgo ministerial, num carter
in reverso, afervel subsidiariamente a particularidade atomizada da
indeterminao em seu conceito difuso, incluso como frisado no preceito da
metaindividualidade bifronte, mostrando-se de todo relevante essa doxa.
A heterodoxia desse modo exegtico revelar-se-ia atentatria aopreceito do conceito que se d ex lege, bem como do ncleo normativo que se
colhe da Norma fundamental, mormente quanto ao dever funcional da
instituio ministerial, exaradas pelo poder constituinte originrio, seno
vejamos:
Art. 127. O Min is trio Pbl ic o instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo- lhe a defesa da ordem
jurdica, do reg ime dem ocrtico e do s in ter es ses soc iai s e ind iv id uai sindi sp onvei s.
Art. 129. So fu nes in st itu ci on ais do Min is trio Pbl ic o:
(...)
II - zelar pelo efet ivo respeito d os Poderes Pblico s e dos servios d erelevnc ia pbli ca aos dir eitos ass egur ados nest a Con stit uio,prom ovend o as m edidas n ecessrias a su a garantia;
III - promovero inqurito civil e a ao civ il pbli ca, para a p ro teo d opatr imnio pblico e soc ial, do meio ambiente e de outros interessesdi fusos e colet ivos; (,,,).(GRIFO NOSSO)
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Como determina a Norma Maior de Regncia, constitui-se funo
institucional do rgo Ministerial, a promoo da ao civil pblica para a
proteo do interesse coletividade (pblico e social), incluindo nesse rol os
interesses difusos e coletivos, bem como os individuais desde que
indisponveis constitucionais.
Assim, no presente contesto ftico, outra ilao no se mostra
defensvel seno proteo por parte do Estado, do interesse dessa
coletividade, motivo pelo qual evidencia-se a legitimidade do Ministrio Pblico,
para a propositura da ao civil pblica.
Nesse sentido, trago baila o seguinte julgado que mutatis
mutandismostra-se aplicvel ao caso vertente, vejamos:
AO CIVIL PBLICA. MINISTPERIO PBLICO.LEGITIMIDADE ATIVA.REGULARIZAO DE LOTEAMENTO PARA MORADIAS POPULARES.1.O Min is trio Pbl ic o t em legi tim idade para pr op o r Ao Ci vi l Pbl icaem defesa de in teresses co let ivos ou indiv iduais hom ogneos, visand oaregu larizao de loteam ento dest inad o mo radi as p op ulares. 2. nopolo ativo d as demandas que o Mini strio Pbli co c um pr e, de form amais ampla,seu no bre papel de fiscal da lei.3. O exerccio das aescolet ivas peloMini strio Pbli co d eve ser admi tid o c om largu eza. Emverdade a ao coletiva, ao tempo em que propicia soluo uniforme paratodos os envolvidos no problema, livra o Poder Judicirio da maior pragaque o aflige: a repetio de processos idnticos. 4. Recurso provido" (STJ -Ia T. - REsp. 404.759 - Rei. Humberto Gomes de Barros - DJ 17.2.2003).(GRIFO NOSSO)
Corroborando aos argumentos acima expendidos, tem-se que a
presente Ao Civil Pblica visa assegurar o direito de acesso moradia, de
natureza transindividual e indivisvel, do qual so detentoras pessoas
determinadas e ligadas por uma circunstncia em comum.
Neste sentido, afirma-se que a necessidade de possurem uma
moradia prpria, que lhes assegure uma sobrevivncia digna, caracterizar-se-ia
tal direito como difuso, contudo, como se refere aos moradores representados
por uma associao determinada, afiguram-se a estas os respectivos
moradores incluindo-se, assim, no conceito de determinao, toutefois, como j
frisado, inversamente tambm se vislumbra a indeterminao do conceito,
considerando os riscos provenientes de uma obra dessa envergadura sem que
se tenha procedido as observncias das normas tcnicas para a construo
das casas populares.
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Desse modo, resta expressamente definida a legitimidade do
Ministrio Pblico para a promoo da ao civil pblica, com vistas proteo
dos coletivos e difusos (in reverso), bem como, a chamada ao coletiva para a
defesa de interesses individuais homogneos dos consumidores, caso de
algum modo se achem prejudicados por esse fato comum a todos os
moradores daquela comunidade.
Assim, resta clara a legitimidade ativa do Ministrio Pblico
Federal para propor a presente causa, tendo em vista seu contedo
eminentemente social, indisponvel e difuso, pois cabe ao Ministrio Pblico no
cumprimento de sua misso constitucional de defesa da ordem jurdica, do
regime democrtico e dos interesses sociais metaindividuais, zelar pelo efetivo
respeito e tutela do jurisdicionado, assegurando-lhes o perfazimento de seus
direitos constitucionalmente albergados, e a promoo da ao civil pblica
para a proteo social e de outros interesses difusos e coletivos, como os do
ora sub analise mostra-se irrefutvel, sendo, portanto legtima a promoo da
presente Ao Civil Pblica para a proteo do interesse dos moradores
daquela comunidade, representados pela associao figurante.
e) LEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA DE ENGENHARIA E DOSDIRIGENTES DA ASSOCIAO DE MORADORES
Como se observa dos fatos narrados, os recursos foram
repassados pelo rgo federal associao de moradores, que por sua vez
celebrou contrato com a referida empresa de engenharia.
Alm de ter celebrado o contrato, a associao na pessoa de
seus dirigentes pagou de forma adiantada a meao do total a que equivaleria
a construo das casas, pelo que, h de se perquirir, por que motivo, a
respectiva associao de moradores pagou de forma adiantada metade desse
valor, antes mesmo do incio da obra.
Nesse passo, mister se faz averiguar, se os dirigentes da
associao e a empresa contratada tomaram as devidas cautelas quanto ao
planejamento de projetos e prospectos tcnicos sobre a viabilidade e
regularidade ambiental quanto a construo das moradias.
Assim sendo, deve figurar no polo passivo da presente ao, aempresa de engenharia, na condio de empreendedora e construtora das
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casas populares, por ter recebido o quantum objurgado, bem como os lderes e
dirigentes da respectiva associao, por terem efetuado o pagamento da
meao do valor da obra, antes mesmo destas terem sinal de incio, bem como
para averiguar a licitude dessa contratao.
f) DO ASSINTENTE LITISCONSORCIAL ATIVO
Como cedio, as transferncias de recursos da Unio so
instrumentos celebrados pelos rgos e entidades da Administrao Pblica
Federal com rgos ou entidades pblicas (administrao estadual, distrital,
municipal) ou privadas sem fins lucrativos, como o do presente caso, para a
execuo de programas, projetos e atividades de interesse recproco queenvolvam a transferncia de recursos financeiros oriundos do Oramento Fiscal
e da Seguridade Social da Unio, conforme se depreende da Instruo
Normativa STN n 01/1997.
Aclarando o iter, em se tratando de convnio1, o interessado
envia a propostaao titular do ministrio, rgo ou entidade responsvel pelo
programa, mediante a apresentao do Plano de Trabalho, devendo
comprovar que est apto para executar o objeto a ser conveniado e que possui
atribuies regimentais ou estatutrias a ele relacionadas, demonstrando
tambm que dispe dos recursos para fazer frente contrapartida, alm de
comprovar sua situao de regularidade.
Vale ressaltar, ainda, que os recursos financeiros repassados pela
Unio ou pelos rgos ela vinculados, para entidades sem fins lucrativos em
decorrncia da celebrao de convnios, acordos, ajustes ou outros
instrumentos similares cuja finalidade a realizao de obras e/ou servios de
interesse comum, malgrado o art. 25 da Lei Complementar n 101/2000 excluir
esta modalidade do conceito de transferncia voluntria, contudo, todas as
regras so igualmente exigidas.
Nesse diapaso, no caso em tela, houve a realizao de um
convnio com um rgo federal, havendo a transferncia das verbas, que por
sinal no so voluntrias, impondo-se, portanto, a obrigatoriedade da prestao
1Adendo I, anexo Instruo Normativa n 01/97, da Secretaria do Tesouro Nacional, disponvel no
endereo http://www.tesouro.fazenda.gov.br/legislacao/download/contabilidade/IN1_97.pdf.
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de contas dos recursos repassados pelo rgo federal, sendo mandamento
constitucional inquestionvel, no podendo ser dispensada pela vontade das
partes, ou particularidades do caso, pelo que, impe-se figurar junto ao polo
ativo da ao, o rgo federal que efetuou o repasse dessas verbas
associao, de modo, a tornar transparente como se deu todo esse processo
de convnio, sendo a presena do referido rgo imprescindvel.
E isto se explica pelo af na busca do fortalecimento da gesto
pblica federal, de modo a aprimorar o monitoramento sobre a implementao
de programas e aes governamentais executados por meio da transferncia
de recursos financeiros dos Oramentos Fiscal e da Seguridade Social da
Unio, como no caso em apreo.Ressalte-se que em muitas situaes, verifica-se que a falta de
pessoal devidamente capacitado constitui um fator de alto risco na conduo
das transferncias de recursos federais, questes acerca da etapa de
monitoramento do objeto conveniado, na qual devem ser fiscalizados, o
cumprimento dos cronogramas de execuo e desembolso dos planos de
trabalho, os prazos de vigncia e de prestaes de contas dos recursos
aplicados e possveis irregularidades na implementao do plano de trabalho,com destaque especial para obras e servios de engenharia mesmo que de
pequeno valor.
Quanto a assistncia litisconsorcial, a norma de regncia (Lei n
7.347/85), expressamente admite a assistncia litisconsorcial ad facultas,
seno vejamos:
Art. 5o Tm legitimidade para propor a ao principal e a ao cautelar:
(Redao dada pela Lei n 11.448, de 2007).
I - o Ministrio Pblico; (Redao dada pela Lei n 11.448, de 2007).
(...)
5. Admit ir-se- o lit isco nsrcio facultat ivo entre os MinistriosPblicos da Unio, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dosinteresses e direitos de qu e cuida esta lei.(Includo pela Lei n 8.078, de11.9.1990). (GRIFO NOSSO)
Ora, como se pode colher a norma supra, admitiu expressamente
o litisconsrcio facultativo entre os rgos ministeriais dos entes da Federao,
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sempre que a defesa dos interesses e direitos albergados pela respectiva
norma assim reclamar, o que analogicamente, torna admissvel a assistncia
litisconsorcial entre outros rgos, o que in casu se d com rgo federal
responsvel pelo convenio repassador da verba, subsistindo, portanto, legtimo
interesse no esclarecimento dos fatos e prestao de contas das verbas
conveniadas.
Demais disso, a regncia inter norma supletiva, ou seja aplica-
se ao civil pblica, as norma previstas no Cdigo de Processo Civil, desde
que no haja conflituosidade entre as suas disposies, conforme dispe o art.
19 da Lei 7.347/85, vejamos:
Art. 19. Ap li ca-s e ao civ il pbli ca, prevista nesta Lei, o Cdigo de
Processo Civi l, aprovado pela Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973,naqu ilo em q ue no c on trarie s uas dis po sies. (GRIFO NOSSO)
Nesse passo, h de se convir que no caso em tela, existe ntida
comunho de interesses cuja afinidade oriunda de uma questo comum de
fato e de direito, tanto do rgo ministerial quanto do rgo federal responsvel
pelo convnio, ambos, tm interesse na resoluo da lide e esclarecimento dos
fatos, bem como na prestao de contas das verbas federais, pelo que, a
assistncia litisconsorcial mostra-se plenamente admissvel, conforme dispe oart. 46 do CPC, vejamos:
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem l i t igar , no m esmo proc esso, emcon jun to, ativaou passivamente, quando:
I - entre elas hou ver c omunho d e direitos ou de obrigaesrelativamente lide;
II - os dire i tos ou as obrigaes der ivarem do m esmo fundamento defato ou de direito;
III - entre as causas houver conexo pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer af in idade de questes por um ponto comum de fato ou d edireito. (GRIFO NOSSO)
Desse modo, deve-se, para fins do bom andamento da presente
ao e melhor esclarecimento dos fatos, fazer constar como assistente
litisconsorcial do MPF o referido rgo federal responsvel pelo repasse e
convenio realizados.
2.2 DO MRITO
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a) DA INOCORRENCIA DA STATUTORY LIMITATION COMO PREJUDICIALDE MRITO FACE A RESPONSABILIDADE CIVIL DA CONSTRUTORA EAO RESSARCIMENTO DO ERRIO
Malgrado o Cdigo Civil no tenha tratado de forma expressa dotema da responsabilidade civil das construtoras, deve ser ressaltado antes de
tudo, o carter contratual da responsabilidade da empresa de engenharia
contratada para a feitura da obra, na medida em que, ao receber o dinheiro
para a construo das casas populares tem o dever de cumprir com sua
obrigao, adimplindo seu debtum contratual.
Como aduzido, o Digesto Civil no trata especificamente do tema,
trazendo, no entanto, o seguinte dispositivo acerca da responsabilidade civil doempreiteiro:
Art. 618. Nos c ontr atos d e empreitada de edifcios ou outrasco ns trues co ns id ervei s, o empreiteiro de materiais e execuoresponder, durante o prazo irredu tvel d e cinc o anos , pela solid ez esegurana do trabalho, assim em razo d os materiais, com o d o solo.
Pargrafo nico. Decair do direit o ass egu rado n este artig o o dono daobra que no propuser a ao contra o empreiteiro, nos cento e oi tentadias seguintesao aparecimento do vcio ou defeito. (GRIFO NOSSO)
Como se nota, o Digesto Civil, determinou em tais casos, o prazo
prescricional quinquenal, e o decadencial de cento e oitenta dias em casos de
vcios ou defeitos da decorrentes.
Todavia, no presente caso, por envolver repasse de recursos
federais mediante convnio, o que consequente enseja a fiscalizao e
prestao de contas sobre a execuo da obra a cuja destinao foi repassada
a verba federal, no h falar em statutory limitation, mormente a quinquenal,pois como se colhe do art. 37, 5 da Constituio Republicana, essa prazo
imprescritvel, portanto, a responsabilizao persiste, devendo, a empresa
contrata adimplir com sua obrigao. Vejamos a norma constitucional:
Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderesda Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aosprincpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficincia e, tambm, ao seguinte:
(...)
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5 - A l ei est abel ecer os pr azos de p rescr io p ara ilci to s p rati cad ospo r qualq uer agent e, serv ido r ou no, qu e caus em prejuzos ao errio ,ressalvadas as resp ectivas aes d e ressarcim ento.
6 - As pesso as ju rdicas de direito pblico e as de d ireito priv adoprestadoras de servios pblicos respon dero p elos d anos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito deregresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa. (GRIFONOSSO)
Como se colhe da clusula constitucional, a responsabilizao
no se exauri, portanto, plenamente vivel que se aplique a empresa de
engenharia, bem como aos lderes e dirigentes da respectiva associao de
moradores, a reprimenda cabvel, de indenizao ou ressarcimento ao errio,
por tratar-se de recursos federais, bens da Unio, vergastando a ilicitude
cometida.
b) DA INDENIZAO POR DANOS MORAIS REFLEXOS
Como cedio, a pessoa jurdica pode sofrer danos morais,
entendimento este sumulado pelo Colendo Superior Tribunal de Justia, por
meio da smula 227, que dispe in verbis:
Smul a n 227: A pessoa jurdica pode sofrer dano moral.
Nesse passo, impende evidenciar que as associaes so
consideradas pelo ordenamento jurdico ptrio, pessoas jurdicas de direito
privado, conforme est exarado no art. 44, I do Digesto Civil vigente, seno
vejamos:
Art. 44. So pes so as jurdic as de dir eito priv ado:
I - as as so ci aes; (...). (GRIFO NOSSO)
Como se observa as associaes esto classificadas pelo
legislador ptrio como pessoas jurdicas de direito privado, e em sendo
pessoas jurdicas podem sofrer dano moral, o que consequentemente enseja o
debtum indenizatrio.
Nesse passo, partindo da heterodoxia sumular, h de se aferir no
presente caso, a incidncia de dano moral reflexo, vezo ato ilcito atingiu, de
forma mediata, o direito de terceiro que mantem com a lesada um vnculo
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direto, no caso associao e seus respectivos moradores, bem como o rgo
federal e a referida associao, portanto, revela-se, cabvel indenizao por
danos morais na modalidade ad reflexum.
Ressaltando-se, que os valores decorrentes dessa indenizaodevero ser destinados associao de moradores enquanto pessoa jurdica
de direito privado representante dos moradores, ou ao rgo federal caso no
se observe a construo das casas populares.
Sobre o tema, colaciono o seguinte julgado que mutatis mutandis
se pode aplicar ao presente caso, vejamos:
PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORALREFLEXO. PESSOA JURDICA . SCIO-GERENTE COM NOMEINDEVIDAMENTE INSCRITO NO CADASTRO DE INADIMPLENTES.NEGATIVA DE EMPRSTIMO SOCIEDADE. LEGITIMIDADE ATIVA ADCAUSAM DA PESSOA JURDICA. ABALO DE CRDITO. NOOCORRNCIA DE DANO IN RE IPSA . NECESSIDADE DECOMPROVAO DA OFENSA HONRA OBJETIVA. 1. O dano moralref lexo, indireto ou por r icochete aquele que, or ig inadonecessariamente d o ato causado r de p rejuzo a um a pesso a, venha aatingir , de form a mediata, o direito person alssim o d e terceiro qu emantenh a com o lesado um vncu lo di reto. Precedentes. 2. A Smu la227 do STJ prec on iza que a pess oa jurdic a rene po tenc ialidad e paraexperimentar dano moral, podendo, assim, pleitear a devida
com pensao q uando for atingida em sua h onra ob jet iva. 3. (...). 4. (...).5.(...). 7. 8 (...). Recurso especial no provido. (STJ - REsp: 1022522 RS2008/0009761-1, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMO, Data deJulgamento: 25/06/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicao: DJe01/08/2013). (GRIFO NOSSO)
No caso em apreo, a associao de moradores recebeu a verba
repassada pelo rgo federal, pagando adiantadamente (antes do incio da
obra), 50% do total oramentrio da obra empresa de engenharia contratada,
que por sua vez quedou-se inerte.
Ora, ressoa inconteste o dano moral in re ipsa sofrido pela
referida associao, e indiretamente ou reflexamente atingiu os moradores por
ela representados, ante o ato ilcito cometido, no que pese, to somente, moral,
como bem est delineado no arts. 186 e 927 do Digesto Civil, seno vejamos:
Art. 186. Aqu ele q ue , po r ao o u om is so v ol untria, negligncia ouim pr udnc ia, violar direito e causar dano a outrem, ainda queexclu siv amen te mo ral, comete ato ilcito.
Art. 927. Aq uele q ue, po r ato ilcito (arts. 186 e 187), c au sar dan o aou trem , fica ob rigad o a rep ar-lo.
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Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentementede culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividadenormalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,risco para os direitos de outrem. (GRIFO NOSSO)
A exegese que se colhe do dispositivo supra, clara,
determinando que aquele que cometer ao ou omisso de forma voluntria,
onde se configure negligente ou imprudente, e este ato venha a ocasionar ao
outro dano, fica obrigado a repar-lo, mesmo que exclusivamente moral, nesse
plano, a empresa de engenharia com a sua inrcia, ocasionou inquietude e
turbaes aos pobres moradores daquela comunidade, mas principalmente
associao que os representava, mormente quanto aos dirigentes da mesma,
que sem dvida sero instados a comprovar que o contrato foi celebrado a
contento com a referida empresa.
Art. 3 A ao c iv il p od er ter p or ob jet o a con denao em di nh eir oouo cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer.
Art. 13. Havend o c on den ao em di nh eiro , a ind eni zao p elo dan ocausado reverter a um fundo gerido por um Conselho Federal ou porConselhos Estaduais de que participaro necessariamente o MinistrioPblico e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados reconstituio dos bens lesados.(GRIFO NOSSO)
Como se nota, a norma de regncia expressamente admite que o
objeto da ao civil pblica verse sobre condenao pecuniria, referindo-se,
inclusive em indenizao pelo dano perpetrado.
Assim, considerando o dano debelado, sendo est e afervel at
mesmo ao reasonable man vez que a referida associao caiu em descrdito
para com seus associados ou representados, logo, fica evidente o dano
causado esta, sofrendo, desse modo, forte abalo em sua imagem, a qual
resta figurada por seus dirigente e mentores, sendo, portanto, admissvelindenizao decorrente desse fato, fazendo presente o nexo de causalidade
entre o fato e dano existente, sendo exigvel o respectiva indenizao.
c) DO DANO MORAL COLETIVO
Demais disso, ainda importa tratar da ocorrncia de dano moral
coletivo, o qual aferido a partir da mora efetivamente ocorrida, ou seja, a
viso de natureza retrospectiva.
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Nesta senda, como j fora demonstrado inicialmente as condutas
ilcitas praticadas pelas demandadas, atingi no s o rgo federal e a
respectiva associao, mas principalmente os moradores e famlias daquela
comunidade, que foram obstados de ter uma moradia digna, que ficaram na
expectativa da eminente construo que nunca aconteceu, no sonho de uma
vida melhor e mais pacata, na espera de uma maior proviso, de toda debalde,
sofrendo assim, todo o dano de forma coletiva, ou seja, todos os moradores
daquela comunidade compartilharam do mesma indignao, dor e sofrimento
juntos, pelo que ressoa inconteste o dano moral nesse plano.
Assim, no h a se questionar, que a inrcia moratria na
construo das casas populares, ocasionou a todos os moradores daquela
comunidade uma srie de transtornos da mais variada ordem, o que se agrava
ainda mais tendo em vista a grande expectativa que a aquisio da casa
prpria gerou na vida daqueles cidados.
Nesse diapaso, resta plenamente demostrado que a conduta das
rs atingiu a Coletividade, tendo esta, violao jurdica em dimenso ampla,
pois, transcende a esfera de uns ou de alguns indivduos.
inegvel que a conduta das requeridas atingiu a esfera de
alguns indivduos (moradores), que por inferncia lgica tem moradia nica, em
muitos casos sem moradia alguma, ofendendo, portanto, a moral desse grupo
social.
Doutro modo, frise-se que as requeridas, ao concorrerem para a
entrega adiantada da verba para construo, acabaram por colocar em risco o
possvel adimplemento da obrigao e perda dessa meao, pondo tambm
em descrdito perante os moradores e a sociedade, os programas federais de
convenio gestados pelo rgo federal, bem como a gesto pelos dirigentes e
lderes da respectiva associao.
Sobre o tema, colaciono o julgado do Colendo Superior Tribunal
de Justia, mutatis mutandisaplicvel a tese que ora se aduz frente ao caso
exposto, seno vejamos:
ADMINISTRATIVO - TRANSPORTE - PASSE LIVRE - IDOSOS DANOMORAL COLETIVO - DESNECESSIDADE DE COMPROVAO DADORE DE SOFRIMENTO - APLICAO EXCLUSIVA AO DANO MORALINDIVIDUAL - CADASTRAMENTO DE IDOSOS PARAUSUFRUTO DE
DIREITO - ILEGALIDADE DA EXIGNCIA PELA EMPRESA DETRANSPORTE - ART. 39, 1 DO ESTATUTO DO IDOSO - LEI
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10741/2003 VIAO NO PREQUESTIONADO.1. O dano moral colet iv o,assim entendido o que transind ividu al e ating e uma c lasse esp ecficaou no d e pesso as , passvel d e compr ov ao p ela p res ena depr ejuzo im agem e moral c ol eti va d os in d ivdu os enquant o snt esedas indiv idual idades percebidas com o s egmento, der ivado de um amesm a relao ju rdi ca-b ase. 2. O dano ext rap atrimon ial co leti vo
prescin de d a comp rovao de do r, de so fr im ento e de abalops icolgic o, s us cetvei s d e aprec iao n a esf era do in di vdu o, masinaplicvel aos interesses difus os e colet ivo s. 3. (...) .4. Conduta daempresa de viao injurdica se considerado o sistema normativo. 5. (...) . 6.Recurso especial parcialmente provido. (RESP 200801044981 - RESP1057274. Relator(a) ELIANA CALMON. STJ - SEGUNDA TURMA. FonteDJE:DATA: 26.02.2010).
Como alhures destacado no houve apenas dano individual das
pessoas jurdicas envolvidas, mas dano coletivo ou a uma parcela significativa
da comunidade, ensejando a reparao social devida, pelo simples fato de se
colocar em risco o direito de moradia daquela coletividade.
lume desses argumentos, entende-se que as requeridas devem
ser condenadas por dano moral coletivo ao pagamento de uma indenizao de
valor a ser arbitrado segundo o prudente alvedrio deste auspicioso Juzo
singular.
d) DO TREATY OVERRIDE, RESCISO CONTRATUAL EDEVOLUO DOS
VALORES ADIANTADOS, FACE AO UNJUST ENRICHMENT.
Considerando que houve o repasse adiantado pela associao
empresa de engenharia contratada para a construo das moradias populares,
da meao das verbas conveniadas entre o rgo federal e a referida
associao, bem como a litigiosidade do caso, ante a propositura da presente
ao civil pblica, mostra-se plenamente admissvel a devoluo dos valores
repassados a prioricom o intuito de garantir a lisura do procedimento.
Ademais, ante a treaty overrideque se percebe no presente caso,
vez que restou suplantado o contrato particular infirmado entre a associao de
moradores e a empresa de engenharia r, no mais se percebe o interesse
subjetivo de mantena da relao contratual.
Urge, por tal azo, a resciso do contrato firmada entre aquela
associao e a empresa ora demandada, o que ipso facto impe a devoluo
dos valores sob pena de configurar flagrante locupletamento ilcito unjust
enrichmentde todo inadmissvel no ordenamento jurdico ptrio.
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e) A INFLUNCIA DO DIREITO COMPARADO DA CLASS ACTION DACOMMOM LAW NA TUTELA DOS DIREITOS COLETIVOS.
No se pode olvidar, que a Class Action2 norte-americana, do
modelo commom lawinfluenciou diretamente as aes coletivas no sistema dacivil law, em conciso apontamento3, as class actionsderivam do instituto ingls
demonimado Bill Of Peace.
Num conciso apontamento, a primeira lei sobre a matria, em
mbito federal, foi editada em 1845 e denominada de rule 48, sofrendo
modificao com a Federal Equity Rule 38 de 1912, sendo rebatizada pela rule
38, com a edio do Federal Rules of Civil Procedureem 1938.
Passando, assim, a ter grande relevncia, sendo adotada tambm
pela Suprema Corte Americana, e posteriormente regulamentada pela Rule 23
da Federal Rules of Civil Procedure em 2005 admitindo-se com estas
pretenses indenizatrias de tutela coletiva de interesses individuais
homogneos (class actiom for damages) inditas nos Estados Unidos4.
Tais similitudes como postas na Federal Rule 23com a redao
mais atual e, a partir desta premissa, percebe-se na sistemtica das aes
coletivas brasileiras, com especial destaque Ao Civil Pblica (Lei 7.347/85,
arts. 3 e 13), s aes previstas no Cdigo do Consumidor (Lei 8.078/91), ao
mandado de segurana coletivo constitucionalmente assegurado, em especial,
a figura do art. 5, LXX, b, da Constituio Republicana, e ao direta de
inconstitucionalidade, com destaque previso do art. 103, IX, da Lei Maior.
Nesse passo, no ordenamento jurdico brasileiro as aescoletivas ganharam especial relevo, inclusive, no modus operandi da Ao Civil
2Jack H. Friedenthal, Mary Kay Kane e Arthur R. Miller. Civi l Procedur e, St. Paul, West Publishing Co.,
1985, p. 728, nota 16.
3Jos Manoel de Arruda Alvim Netto. Tratado d e Direi to Processual Civ i l, vol. 1, So Paulo, Revista
dos Tribunais, 2. ed., 1990, p. 37.
4BUENO, Cassio Scarpinella. As c lass actio ns n orte-americ anas e as aes coletiv as bras ileiras:po nto s para um a reflexo conjun ta. In: Revista de Processo, v. 82, So Paulo: Revista dos Tribunais,
1996, p.93
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Pblica, ora, como se pode notar, a utilizao de aes que visem proteger os
direitos coletivos ou difusos, bem como o interesse pblico em geral, possuem
ampla chancela inclusive no direito comparado.
Assim, sendo, malgrado algumas divergncias de procedimentoentre os institutos dos diferentes sistemas jurdicos, ambos convergem uma
doxa comum, a saber a tutela dos direitos coletivos e difusos, de modo a
proteger o interesse pblico e os direitos da coletividade, como os do presente
caso.
2.3 DAS MEDIDAS CAUTELARES
de sabena, que o processo cautelar, conforme lio usualentre os estudiosos da matria, tem cunho marcadamente instrumental. Em
outras palavras, como dito alhures, ele no se constitui em um fim em si
mesmo, devendo ser utilizado sempre que se faa necessrio lanar mo de
alguma medida para assegurar o resultado til do processo.
Portanto, pode a parte requerer a realizao de alguma medida
de natureza sempre cautelar sempre que se encontrar em determinada
situao na qual, caso a medida no seja tomada, a situao ftica far com
que a providncia requerida por meio do processo acabe por se revelar intil.
grande, portanto, sua utilidade no mbito do processo civil,
prevendo a legislao a possibilidade de a parte se valer de alguma das
medidas cautelares expressamente previstas e regulamentadas pelo Cdigo de
Processo Civil, mas, tambm, de qualquer outra medida que, embora no
expressamente prevista, possa ser tomada pelo Juiz para assegurar o
resultado til do processo.
Trata-se da chamada cautelar inominada, decorrente do poder
geral de cautela de que o Juzo dotado pela legislao processual civil. No
caso em questo, pelas razes a seguir expostas, mostra-se imprescindvel a
adoo, liminar, de trs medidas de natureza cautelar.
a) DA CAUTELAR DE ANTECIPAO DE PROVA PERICIAL
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Como cedio, a medida cautelar de produo antecipada de
provas encontra-se prevista no Cdigo de Processo Civil nos seguintes termos,
vejamos:
Art. 846. A p ro duo an tec ipada da p ro va pode consistir eminterrogatrio da parte, inquirio de testemunhas e exame pericial.
Art. 848. O requerente jus t if icar sumar iam en te a nec es sidad e daan tec ipaoe mencionar com preciso os fatos sobre que h de recair aprova.
Pargrafo nico. Tratando-se de inquirio de testemunhas, sero intimadosos interessados a comparecer audincia em que prestar o depoimento.
Art. 849. Havendo fund ado receio de qu e venha a to rnar-se imp ossvelou mu ito d ifci l a v eri fi cao d e cert os fat os n a p endnc ia d a ao,
adm issvel o exame peri cial. (GRIFO NOSSO)
Ora, verifica-se, dos dispositivos supra, que a disciplina da
produo antecipada de provas admite sua realizao na modalidade de prova
pericial, com o pressuposto de que haja fundado receio de que sua realizao
posterior se revele impossvel ou muito difcil.
No caso em comento, muito embora os motivos em razo dos
quais o pedido formulado no coincidam com o previsto no Cdigo de
Processo Civil, mostra-se perfeitamente vivel o seu deferimento. que,
conforme os fatos narrados e todos os argumentos doutrinrios e
jurisprudncias aduzidos, h de convir que existem fortes indcios de
irregularidades na gesto as verbas repassadas, bem como no modus operandi
de sua convalidao e vigncia contratual.
Demais, disso, no se tem notcia de qualquer projeto de
construo das moradias populares, tampouco Plano de Execuo da Obra,
constata-se ainda que no existiu, a devida fiscalizao, tampouco hprofissionais, que possam retratar a exata dimenso dos riscos existentes e
melhor soluo tcnica a ser aplicada no caso.
Pelo que, alm de medida urgente que precise ser tomada, o
quadro delineado no permite que haja segurana tcnica suficiente para que
se formule algum pedido de antecipao de tutela, o que indica a necessidade
incontinenti de se definir tais pontos.
Destarte, mostra-se imprescindvel a realizao, imediatamente,de prova pericial para que se analise a situao dos imveis objeto da lide,
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definindo-se a real dimenso dos danos, sua responsabilidade e medidas
necessrias correo dos vcios.
b) DA CAUTELAR DE ANTECIPAO DE PROVA DE INSPEO JUDICIAL
Embora, diferentemente do que ocorre no tocante prova pericial,
no haja, no Cdigo de Processo Civil, previso expressa quanto
possibilidade de antecipao de inspeo, tal lacuna de modo algum pode se
mostrar como empecilho realizao da medida, mesmo porque com a
previso do poder geral de cautela de que investido o Juzo a necessidade de
expressa previso perde qualquer sentido.
A inspeo prevista no Cdigo de Processo Civil nos seguintestermos:
Art. 440. O juiz, de ofcio ou a requerimen to d a parte, pode, emqualquer fase do pro cesso, inspecionar pessoas ou co isas, a fim de seesclarecer sobre fato, que interesse deciso da causa. (GRIFO NOSSO)
Como se percebe, trata-se de meio de forma de grande utilidade,
por permitir uma maior aproximao do julgador com os fatos a ele submetidos,
o que, em demandas desta natureza, de grande relevncia para que se tenha
uma melhor percepo dos impactos causados pelos atos ilcitos ora
combatidos, assim, de bom a prova de inspeo ad iudicio.
c) DA INCIDNCIA IN LIMINE DE MULTA
Como j exposto a Lei 7.347/85 prev que a ao civil pblica
poder ter como objeto a condenao em dinheiro, bem como o cumprimento
de obrigao de fazer ou no fazer (art. 3), caso este, no qual o juiz poder
impor ao ru, liminarmente e por sentena, a realizao da prestao positiva
ou negativa almejada na petio inicial, a exemplo da paralisao de atividade
nociva ao meio ambiente natural.
Nesse passo, fala-se no deferimento de tutelas especficas da
obrigao de fazer ou no fazer, contrario sensu,de pouco ou nada adiantaria
a Lei 7.347/85 autorizar a concesso de tutelas jurisdicionais dessa espcie se
elas no viessem dotadas de mecanismos processuais capazes de influenciar
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a vontade do devedor, no sentido de induzi-lo a cumprir o preceito inserido na
deciso judicial.
Desse modo, para dar cabo a essa dificuldade e constranger o
ru ao cumprimento dessas obrigaes, o artigo 11 da Lei da Ao Civil
Pblica se vale do sistema das astreintes, muito recorrente na jurisprudncia
francesa. Vejamos o referido dispositivo legal:
Art. 11. Na ao que ten ha por o bj eto o cumpr im ent o de ob rig ao defaze r ou no fazer, o ju iz det erm inar o cum pr im ent o da pres tao daativid ade dev ida ou a ces sao da ativid ade noc iva, so b pena deexecuo especfi ca, ou de com in ao de mu lt a d iri a, se esta forsuficiente ou compatvel, independentemente de requerimento do autor.(GRIFO NOSSO)
Denomina-se astreinte, do latim astringere, de ad e stringere,
(apertar, compelir, pressionar), capitaneada pelo Direito Francs astreintee a
verncula estringente, a condenao pecuniria condicional por dia de atraso
no cumprimento da prestao de fazer ou no fazer imposta parte do
processo, sua finalidade, portanto, obter do obrigado a satisfao da
prestao positiva ou negativa determinada pelo juiz.
As astreintes podem ser fixadas de ofcio, isto , mesmo sem
requerimento do autor da ao civil pblica e, nos dizeres de NIGRO
MAZZILLI5, constituem-se num dos mais preciosos instrumentos para maior
eficcia da lei.
Doutro modo, vis-a-vis das astreintes apontadas no mencionado
artigo 11, o 2 do artigo 12 da Lei 7.347/85 tambm possibilita a imposio de
multa liminar ao demandado, vejamos:
Art. 12. Poder o juiz co nceder mandado limin ar, com ou s emjus tif icao prvia, em deciso sujeita a agravo.
(...)
2 A m ul ta com inada l im inarm ent e s ser exi gvel d o ru aps otrns ito em julg ado da deciso favo rvel ao au to r, m as s er dev idadesde o dia em que se houver conf igurado o descumpr imento.(GRIFO NOSSO)
5MAZZILLI, Hugo Nigro. Tutela dos Interesses Difusos e Coletivos em Juzo. So Paulo:
Saraiva, 1993.
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Como determina a norma de regncia, embora devida desde o
descumprimento da obrigao imposta ao ru, a execuo dessa multa fica na
dependncia do trnsito em julgado da sentena de procedncia do pedido
cominatrio formulado na petio inicial.
No presente caso, a fim de que sirva de marco pedaggico e
dissuasrio, tendo ntido carter de deterrence, mostra-se aplicvel a multa
liminar, considerando que no se argui um facere ou non faceree sim outras
medidas coercitivas que se impem ao caso.
CONCLUSO
Ex positis, resta evidenciadoo cabimento da presente ao, a
ser proposta no local de ocorrncia do respectivo dano, sendo parte legtima
ativamente o Ministrio Pblico Federal, devendo ser protocolizada a ao
no foro da justia federal competente, se na falta deste, em juzo de direito
diverso desde que no uso das atribuies da jurisdio federal (art. 109, 3-
CRFB/88), tendo como partes a serem demandas a empresa de engenharia
contratadapela associao de moradores, bem como os lderes e dirigentes
da referida associao, que atuaram na competncia de assinatura, vignciacontratual e repasse das verbas, devendo figurar no polo ativo da demando
como assistente litisconsorcial o rgo federal que efetuou o repasse,
fazendo-se constar como prejudicial de mrito a inocorrncia da prescrio,
requerendo-se a procedncia da ao, para dar termo lide e condenar as
demandadas, nos pontos que se seguem:
1 - declarao de resciso do contrato celebrado entre a associao de
moradores e a empresa de engenharia, ante ocorrncia do treaty override,bemcomo por falta de lisura do procedimento e pela supressio ad facultas de
mantena da relao contratual;
2 -devoluo dos valores pela empresa de engenharia r, vez que no mais
se mostra vivel a continuidade da relao contratual, ante a falta de clareza na
constituio do objeto contratual;
3 -caso, no haja a respectiva devoluo, condenaoda empresa r, bem
como os lderes e dirigentes da associao de moradores ao ressarcimento
solidariamente ao errio, no valor correspondente a meao repassada,
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corrigido monetariamente segundo os ndices do Manual de Clculo da Justia
Federal, em vigor na poca de execuo do julgado;
4 - indenizao por danos moraisreflexos associao de moradores e ao
rgo responsvel pelo convnio, em quantum a ser arbitrado pelo juzo;
5 - indenizao por danos morais coletivosaos moradores representados
pela sua respectiva associao, sendo o valor arbitrado pelo juzo, destinado a
referida associao, determinando-se que seja este aplicado na criao de
projetos sociais em benefcio daquela comunidade.
Demais disso, com fundamento nos artigos 798 e 846 do Cdigo
de Processo Civil c/c o arts. 19 e 12, 2 da Lei n 7.347/85, requer-se a
concesso, em carter liminar, das seguintes medidas de natureza
cautelar:
1 - imposio em sede liminar de multa, a ser aplicada em desfavor da
empresa de engenharia e dos lderes e dirigentes da referida associao de
moradores, ora demandados.
2 - Produo antecipada de prova pericialna rea destinada construo
das moradias populares;
3 - Juntada aos autos do Plano de Trabalho, referente ao contrato de
convnio assinado entre o rgo federal e a referida associao, e dos
projetos a ele relacionados exigidos pela Instruo Normativa STN n
01/1997 do Controladoria Geral da Unio;
4 - Produo antecipada de prova de inspeo judicial, consistente em
visita deste auspicioso juzo singular ao local destinado a construo das casa
populares, a fim, tambm de que os problemas vivenciados pelos moradores
daquela comunidade.
5 - Publicao de edital no rgo oficial, a fim de que os interessados possamintervir no processo como litisconsortes.
Requerendo-se, tambm, demais pontos de praxe, a saber:
1 - Citao das demandadas para, querendo, contestarem a ao, sob pena
de confisso e revelia.
2 - Condenao das requeridas ao pagamento das custas e demais despesas
processuais.
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3 - inverso do nus da prova em favor da parte postulante, considerando
que as diligencias documentais que se exigem e que no podem ser aferidas
prima facie por este rgo ministerial.
Protestando-sepela produo de todas as provas em direito admitidas, pelo
que, desde j se promove a juntada da ntegra dos autos do Inqurito Civil n
33.000.000.33).
Dando-se causa o valor estimado de R$ 3.000.000,00 (trs milhes de
reais).
Termos em que pede e espera deferimento.
Belm/2014.
_________________________________________________GIDEON WINDSOR BUSH MIRANDA DA SILVA
Destinatrio do parecer