PROGRAMA
CADERNO Nº 2PROJETO ENSINO MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE
“Quando trabalhamos coletivamente em prol de um objetivo conquistamos o impossível.” (Jadson Barbosa)
SUMÁRIO
Pág. 02
O que é o Programa Ponte
Pág. 04
Pág. 07
Pág. 16
O que é o Projeto Ensino Médio,Biocombustíveis e Meio Ambiente?
Entrevistas
Artigos
Pág. 26
Acontece no Ponte
Pág. 36
Mural de Talentos
1
O QUE É O PROGRAMA
PONTE?
2
O Programa Ponte é um programa de extensão universitária
da ESALQ/USP que, desde 2007, realiza intervenções
educacionais de caráter interdisciplinar, vivencial,
experimental e crítico em Escolas Estaduais de Piracicaba –
SP. Busca proporcionar a troca de experiências e
conhecimentos entre a Universidade e as Escolas Públicas,
fortalecendo e aprimorando a interação entre ambos.
Esta troca de experiências é realizada no andamento das
a t i v i d a d e s , q u e s ã o p e n s a d a s p e l o s p ró p r i o s
monitores/educadores do programa. A intenção é criar
oportunidades onde o aprendizado seja uma vivência
interessante para todos, tanto os monitores que propõe
estas atividades quanto os estudantes e professores das
escolas que participam conosco. Resgatar o encantamento
por todas as formas de ciências, incentivar o protagonismo e
expressão nos estudantes e utilizar o diálogo como
ferramenta pedagógica são princípios que regem o nosso
trabalho.
Sabemos que esta não é uma tarefa fácil. A escola pública
enfrenta uma crise que vem se agravando com o passar dos
anos. Enfrentamos uma crise de desvalorização da
profissão docente, refletida nos constantes protestos por
melhores condições de trabalho, progressiva diminuição de
universitários recém-formados que optam por esta
profissão e pelo aumento do número de exonerações de
cargos efetivos. Enfrentamos uma crise de perspectiva de
vida da nossa juventude que, em muitos casos, frequenta a
escola sem refletir sobre qual profissão gostaria de ter na
idade adulta. A crise também está na relação entre a escola e
a sociedade, pois a primeira vem se posicionando de forma
cada vez mais isolada da realidade dos estudantes.
Neste contexto, é comum observar que muitos profissionais
da educação experimentam dificuldades dentro de sua
própria prática. Professores que têm que dar conta de uma
carga horária excessiva dentro de sala de aula e que não
contam com momentos plenamente educativos e reflexivos
em suas reuniões com a equipe gestora, não experimentam
plenamente a teoria e a filosofia na nutrição de seu trabalho.
Por outro lado, profissionais que só teorizam sobre a
educação baseado em vagas impressões sobre a prática,
mas não estão imersos no dia a dia de uma sala de aula, não
tem condições de experimentar suas ideias, comprovando
ou não a eficácia da teoria para cada tipo de contexto
educativo.
Neste sentido, o Programa Ponte surge na intenção de unir
estes dois aspectos paradoxais, porém complementares.
Unir a teoria e a prática; a filosofia e a engenharia; a reflexão
e a ação são desafios inerentes a esta intencionalidade tão
ousada. Após cada atividade na escola, experimentamos
momentos produtivos de avaliação. Contamos também
com momentos de estudo e formação interna do grupo,
apoiados por diversos docentes da nossa instituição.
Contamos com a colaboração de parceiros externos à
ESALQ, inclusive a Diretoria Regional de Ensino de Piracicaba
e Região, que nos ajuda a fazer a “ponte” com as escolas.
Esperamos, com este 2º caderno, difundir o nosso trabalho e
aumentar a capacidade de reflexão crítica dos leitores. Virão
outras publicações que refletirão os avanços do nosso atual
projeto em execução – “Ensino Médio, Biocombustíveis e
Meio Ambiente”. Esperamos que esta leitura seja produtiva,
e por que não dizer, educativa!
3Grupo de educadores do Programa Ponte.
O QUE É O PROJETO
ENSINO MÉDIO,BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE?
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5
Entre 2008 e 2009 um dos assuntos mais pautados no Brasil
eram os biocombustíveis. Diversas políticas públicas foram
criadas, muitas empresas foram fundadas, fundidas ou
vendidas na corrida dos “combustíveis renováveis”.
“Milhões” foram investidos e o tema virou discussão
mundial. Inclusive em uma reunião da FAO/ONU (Food and
Agriculture of the United Nations) o ex-presidente Luís
Inácio “Lula” da Silva defendeu as políticas brasileiras de
incentivo à produção dos biocombustíveis, tal como fez
durante diversas outras oportunidades.
Neste cenário de inovações tecnológicas, incentivos
públicos, criação de cursos para capacitação em “Produção
Bioenergética” (Como a criação da FATEC – “Faculdade de
Tecnologia de São Paulo” com o curso de “Biocombustíveis”
em Piracicaba, SP) é que foi criado um edital da FINEP
(Financiadora de Estudos e Projetos – Instituição vinculada
ao Ministério de Ciência e Tecnologia do Governo Federal)
com o intuito de trabalhar com estudantes de ensino médio
tal tema.
O Programa Ponte, que nasceu de outro edital FINEP (em
2007) e desde então continuou trabalhando com extensão
em educação em escolas de ensino médio de Piracicaba e
Região, escreveu um projeto que foi aprovado e teve início
em Abril de 2013, o “Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio
Ambiente”.
Da criação do edital até a aprovação do mesmo se passaram
quatro anos e muita coisa mudou, desde o Presidente até a
matriz energética que ganhou as mídias. Hoje assistimos
discussões e propostas quanto à exploração do petróleo do
“Pré-Sal” e pouco se ouve falar de novas políticas e incentivo
à pesquisa, desenvolvimento e comercialização de
biocombustíveis.
Com a dinamicidade das políticas e interesses públicos e
privados o tema, hoje, pode parecer obsoleto, porém ele
ainda está presente no dia-a-dia das pessoas, seja quando
passamos em um posto de combustíveis e observamos a
oferta de ETANOL ou em um exemplo mais comum, como
quando a família se reúne para o churrasco de domingo e
utilizam CARVÃO VEGETAL.
Tendo como norte a filosofia da educação ambiental
transformadora e a missão do Programa: “Contribuir para o
desenvolvimento de relações de ensino-aprendizagem na
escola e na universidade que estimulem o pensamento
crítico, a participação ativa, a curiosidade, a expressividade,
a criatividade, o espírito questionador, a esperança, a
sol idar iedade e o amor ” é que os monitores e
coordenadores do PONTE se debruçaram - juntamente com
parceiros tais como: A Diretoria de Ensino de Piracicaba e a
Iandé Educação e Sustentabilidade - para a criação da série
de seis atividades divididas em três módulos:
Módulo I - Contextualização energética.
Módulo II - Processo de fabricação de um biocombustível e
suas implicações.
Módulo III - Dialogando sobre a função socioambiental dos
biocombustíveis.
Além destes módulos que compõem a fase de “atividades
didáticas”, o projeto desenvolveu kits educativos
laboratoriais e processuais; o curso de formação de
professores da rede pública estadual; a implementação dos
respectivos kits nas escolas estaduais; a elaboração de vídeo
educativo sobre os biocombustíveis; a criação, edição e
diagramação de 4 publicações informativas (este 2º caderno
que você está lendo agora!) e a criação e manutenção do site
do Programa Ponte (www.esalq.usp.br/programa-ponte).
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Com essa série de atividades pretendemos: “Despertar nos
estudantes do ensino médio o interesse e a compreensão
sobre as áreas tecnológicas relacionadas ao setor de
Biocombustíveis, além de promover a interação entre o
conhecimento produzido na Universidade e os conteúdos
do Ensino Médio, por meio do eixo transversal
bioenergético e ambiental. Relacionar, comparativamente,
os combustíveis derivados do petróleo, com os temas
abordados incluindo a inserção econômica e social dessas
diferentes áreas tecnológicas na sociedade contemporânea
bem como sua integração com outras áreas do
conhecimento.
Fomentar junto aos professores atividades de motivação,
aprimoramento contínuo e atualização nas áreas de
ciências exatas e naturais, visando a criação de
competências nas áreas dos setores acima mencionados.”
Caroline Cristina Jandoso, monitora do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
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ENTREVISTAS
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Experiência educativa na implementação de kits
pedagógicos em escolas estaduais.
Diego dos Santos Teixeira e Camila Gomes Pastor,
e d u c a d o re s d a e m p re s a I a n d é – E d u c a ç ã o e
Sustentabilidade
Trabalhar com os kits didáticos tem sido uma experiência
riquíssima tanto para nós quanto para os alunos e para a
escola. É uma oportunidade para termos um contato
próximo com os estudantes aproveitando a temática dos
biocombustíveis para tratar de assuntos ambientais,
como o cuidado com o meio ambiente, sustentabilidade
e os trabalhos realizados pela Iandé, por tudo isso, esta
experiência está sendo bem saborosa.
Além disso, essa experiência está servindo para
conhecermos mais de perto a realidade da escola. Na
maioria dos trabalhos que a Iandé realiza lidamos com a
educação informal e não estamos em contato direto com
a escola, por isso, muitas vezes não temos a visão de
como funciona essa realidade dos professores e alunos
dentro da escola e com este trabalho junto ao Programa
Ponte começamos a entender um pouco mais o que se
passa dentro da sala de aula.
Reclamações de professores e alunos passaram a ser
mais bem compreendidas por nós porque agora
estamos vivendo esse dia-a-dia da sala de aula de 15
escolas estaduais da rede pública de Piracicaba e
e s t a m o s d i a l o g a n d o c o n s t a n t e m e n t e c o m
coordenadores , professores e a lunos e este
conhecimento está sendo muito bom.
A implementação dos kits educativos (laboratoriais e
processuais) está propiciando uma oportunidade de
trabalharmos de uma maneira mais lúdica, brincante,
trazendo a educação de uma forma mais gostosa,
levando para o ambiente escolar a vivência dos kits e de
que é possível fazer outras atividades sem os alunos
ficarem presos ao giz, lousa e dentro da sala de aula. Com
estes experimentos laboratoriais, brincadeiras e jogos
mostramos para os estudantes que o aprendizado por
meio de alternativas didáticas são possíveis dentro da
escola, em uma nova concepção de educação.
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No processo de elaboração dos kits didáticos não
imaginávamos que eles tivessem tanto potencial. A
implementação/vivência com os estudantes na escola
nos mostrou que esse potencial de uso dos kits é
gigantesco, pois o envolvimento desses jovens está indo
além das nossas expectativas.
Além disso, há também um despertar de inspiração nos
professores, para que eles consigam fazer mais
dinâmicas e trabalhem assuntos de outra maneira que
não seja só o modo tradicional. Verificamos que os
professores que participaram do curso de formação com
os kits se sentiram motivados e relataram a realização de
atividades diversas sobre o tema dos biocombustíveis
em sala de aula com os alunos, como por exemplo, o uso
da técnica world café, relatando o grande envolvimento e
participação dos estudantes. Houve estudantes que
participaram da implementação e já quiseram trabalhar
mais com os kits com outros professores, então as coisas
estão acontecendo! E é isso que queremos: que
aconteça!
E uma das coisas mais gostosas que estamos
vivenciando é ver nos olhos deles que eles gostam disso,
que gostam de jogar e ao mesmo tempo estão brincando
e aprendendo. Por isso, ao invés deles estarem copiando
uma matéria da lousa no caderno e não saberem do
assunto, esta vivência com os kits permite que, quando
retomamos o assunto perguntando e “aí o que são os
biocombustíveis, o que é o etanol, o que é o carvão?” eles
consigam dizer para nós “A gente sabe que o etanol vem
da cana-de-açucar!” e assim, alguma coisa eles sabem e
nossa esperança é essa: que tudo isso sirva para que eles
aprendam e a gente também.
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A part ic ipação c idadã da juventude como
oportunidade de aprendizado
Marcos Sorrentino, professor doutor da ESALQ/USP e
coordenador do Laboratório de Educação e Política
Ambiental (Oca)
a desmotivação da juventude para o aprendizado de
conteúdos do cotidiano escolar precisam ser
compreendidos como uma oportunidade para repensar
o papel da escola e o papel da construção de
conhecimentos que se faz na escola.
Esta construção de conhecimento faz sentido para o
jovem quando parte de questões que motivam
juventude. Sendo assim, as mobilizações de rua e as
diversas ações que ocorrem no cotidiano da nossa
sociedade podem ser utilizados pedagogicamente não
somente para vitalizar o aprendizado de conteúdos
historicamente acumulados pela humanidade, mas
também para motivar as crianças e jovens para a ação
cidadã. Esta ação passa pela mobilização, pela expressão
das indignações e questionamentos.
Compreende-se que a ação política dialógica de pessoas
ou grupos de pessoas pode vir a impactar a forma de
organização da sociedade.
Por isso, incidir em políticas públicas pode ser o objetivo
maior de processos educadores que se articulam com as
mobilizações sociais para buscar dali a motivação para o
aprendizado de conteúdos específicos e ao mesmo
tempo para dar um sentido de cidadania e pertença a
estes jovens dentro do formato organizacional que a
sociedade tem hoje.
Desmistificar a sociedade mostrando que ela tem canais
que podem ser articulados com o fazer político cotidiano
é muito importante e é um desafio que está colocado
para escola, tanto na dimensão da elaboração dos
projetos políticos pedagógicos quanto no aprendizado
de conteúdos específicos que precisam ser trabalhados
pela escola.
Como você vê a relação
entre a mobilização da
juventude e a formação
de políticas públicas?
O momento atual é bem
rico em exemplos sobre
isto. O vazio em que a
escola encontra-se hoje e
Foto: Del Rodrigues
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As eleições evidenciam uma crise do sistema político
brasileiro, juntamente com a descrença do povo
brasileiro com a política. O que está faltando para
que a juventude perceba nestas contradições uma
oportunidade para o aprendizado?
O que está faltando são os espaços de diálogo, os círculos
de cultura em que as pessoas conversem sobre o
significado destas eleições, o que elas revelam e o que
elas nos incitam a fazer. Todos os processos educadores
devem aproveitar a oportunidade de um momento de
mobilização da sociedade, e efetivamente as eleições
presidenciais mobilizam a sociedade inteira. Todos, de
uma forma ou de outra tem que se envolver, nem que for
para votar “nulo”, e o tomar desta decisão é decorrente
de uma indignação, de uma percepção de que algo não
está bom, mesmo que intuitivamente.
Então, toda e qualquer posição que o jovem esteja
tomando hoje em relação a um fato que está dentro da
sua casa, na televisão ou na rua, pode se transformar em
uma oportunidade pedagógica. Fazer disto uma
oportunidade educadora, no meu ponto de vista, abre ao
menos dois campos de diálogo: um sobre o modelo
estrutural de organização política no Brasil, que é uma
ótima oportunidade de aprendizado que busca desvelar
para a juventude como é que funciona a nossa forma de
tomar decisões em coletivo. O outro ponto é o que abre
uma discussão sobre o que é fazer política. Fazer política
não é somente escolher entre um candidato ou outro,
fazer política é visualizar a arte do possível. Entre o que
eu, você ou o outro idealiza, existe um “possível” que se
coloca no meio do caminho entre o que dialogamos.
Então, não basta nós demonizarmos um candidato e
reverenciarmos o outro. Ambos têm propostas e
projetos de país diferenciados.
Fazer política é olhar para estes projetos de país e olhar
para os nossos projetos de país, para que seja possível
visualizar como é que uma das propostas caminha mais
na direção daquilo que nós queremos e outra talvez não
caminhe tanto. Portanto, a minha leitura sobre o
momento político atual é que ele é extremamente rico
sobre o ponto de vista da educação da nossa juventude.
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O papel das licenciaturas na formação docente
Maria Antônia Ramos de Azevedo, professora doutora de
didática da UNESP
As licenciaturas, no meu ponto de vista, tem um papel
extremamente importante no contexto educacional
brasileiro, pois eu acredito que a educação pode
contribuir efetivamente para a transformação social e
para a construção da cidadania de cada pessoa. Sendo
assim, penso eu que os cursos de licenciatura devem
formar profissionais, e ao mesmo tempo contribuir na
construção da cidadania. Nesta perspectiva, quando eu
observo os cursos de licenciatura na forma como eles
estão hoje organizados, eu percebo que ela tem perdido
muito o seu espaço dentro dos cursos. Quando eu falo
espaço, não me refiro apenas à questão de cargas
horárias de disciplinas, eu acredito que nós estejamos
perdendo efetivamente o espaço formativo para que
esta pessoa vá se constituindo, e vá construindo os
saberes profissionais da docência, tão importantes para
a sua ação profissional.
Nesta perspectiva, eu vejo com muita preocupação o
encaminhamento que é feito hoje na licenciatura.
Grandes lutas são travadas, uma delas é a falta de
respeito presente na fala de alguns colegas professores
que consideram as licenciaturas como sendo menores
que os bacharelados. Fora da universidade, nós temos
u m a g r a n d e d e s v a l o r i z a ç ã o d a d o c ê n c i a e
consequentemente da formação do professor. Inúmeras
vezes, nós nos vemos sendo punidos quando afirmamos
que desejamos ser professores, num país onde a
educação não é muito valorizada. Sendo assim, existem
inúmeros desafios para que nós realmente assumamos
esta docência.
Hoje em dia, é muito presente a ideia de que “se eu sei, eu
tenho a capacidade de ensinar”. Isto permeia desde a
educação básica até o contexto universitário.
Isto é um erro, porque a profissão “professor” exige que
nós saibamos primeiramente o que é ensinar, e
consequentemente que a gente consiga aprender a
ensinar. Existe saberes para isto, que muitas vezes são
desconsiderados.
Eu tenho passado por grandes crises na profissão, mais
no sentido de pensar a formação inicial de professores.
Uma das grandes preocupações que eu tenho tido é de
que se não seria mais interessante que nós tivéssemos
cursos de licenciatura focando a formação docente, e
não como está hoje muitas vezes configurado, que é a
ideia de que nós temos que sair bacharéis e licenciados,
com as duas possibilidades de atuação. Eu percebo que,
por melhores que sejam os projetos políticos
pedagógicos que trazem isto como premissa, há uma
fragilidade enorme neste processo de formação. Ainda
acredito que existe uma briga enorme entre bacharéis e
licenciados, inclusive de professores que atuam nestes
mesmos cursos, gerando um sucateamento desta
formação. Por isso, me questiono se isto realmente tem
valido à pena.
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Outra grande preocupação que eu tenho tido é que a
universidade brasileira de hoje não mais trabalha a
formação de professores. É como se ela não precisasse
se preocupar com isto. Isto pra mim é um equívoco. É
sim, função da universidade, organizar bem os cursos de
licenciatura e formar excelentes professores para atuar
na educação básica. A expansão excessiva dos cursos a
distância também tem me preocupado, pois eu acredito
numa formação de professores cuja relação seja
absolutamente necessária entre todas as pessoas que
participam deste processo. Quando eu digo relação, é
justamente o processo de formação onde é preciso
preparar este futuro profissional numa perspectiva de
homem /mundo /sociedade /conhecimento.
É interessante que, quando falamos sobre formação de
professores, incomoda muita gente o fato de que nós
precisamos ensinar muitas vezes aquilo que nós não
possuímos. Mas, ao mesmo tempo, fazemos uma
exigência que estes alunos sejam bons professores. Fico
aqui me perguntando se nós que trabalhamos nas
licenciaturas somos bons professores. Que exemplo de
docência decente temos dado para que estes estudantes
tenham referenciais importantes que auxiliem na
construção identitária da profissão de professor? É um
exercício que nós professores devemos fazer: que tipo de
docência é esta que hoje consideramos importante? Será
que nós conseguimos desencadear um processo de
formação importante?
Outra coisa importante é que os cursos de formação de
professores, no meu ponto de vista, precisam trabalhar a
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Muitas vezes, temos a errônea ideia de que se eu faço um
curso de licenciatura eu não preciso fazer pesquisa, eu só
vou dar aulas. Esta é uma fala forte dentro da academia.
Então, quando eu falo que a própria academia
desvaloriza a licenciatura, eu falo nesta perspectiva
também.
É necessário que os cursos de licenciatura também
olhem para o ensino de qualidade, que também ensinem
os seus estudantes a fazerem pesquisa tendo a docência
como foco fundamental de um processo de investigação,
e que desenvolvam projetos de extensão não
assistencialistas, mas que promovam atividades
fundamentais para a constituição deste individuo. É
preciso acabar com a ideia de que projeto de extensão é
ensinar a comunidade o que eles precisam aprender. É
preciso ir até a comunidade, aprender aquilo que
precisamos para que nos qualifiquemos enquanto
cidadãos e profissionais.
Muito obrigada.
Disciplina de Instrumentação para o Ensino de Ciências Agrárias do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias da ESALQ/USP.
II Encontro de Formação Continuada em Extensão da ESALQ/USP
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A experiência da participação nas atividades
didáticas do Programa Ponte no Projeto “Ensino
Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente”
Déborah Minharo, 2º ano da Escola Estadual Sud Menucci
Participar do Programa Ponte foi uma experiência nova,
uma forma bem dinâmica de aprendermos sobre
biocombustíveis e um assunto que a maioria dos
estudantes não conhecia. Gostamos bastante de ter ido
à Esalq, visto como é feito o etanol em laboratório, ter
participado dos teatros e ter esta interatividade com as
pessoas, foi tudo muito bom.
Amanda de Souza, 2ºA da Escola Estadual Sud Menucci
O que eu mais gostei foi o fato de aprender sobre algo
que fazia parte do meu cotidiano, mas que eu não sabia
muito sobre e isso a judou bastante no meu
conhecimento. As atividades foram bem dinâmicas e
legais. Uma das atividades que eu gostei bastante foi a
que nós fomos até o canavial e conhecemos um pouco
mais sobre a plantação da cana-de-açúcar e sobre os
pontos positivos e negativos dessa produção. Também
gostei da parte que visitamos um laboratório da Esalq e
que produzimos o etanol, pois foi uma experiência única,
muito legal.
Thaís Abdallah Lotaif Bruno, professora de química da
Escola Estadual Sud Menucci
O Programa Ponte ajuda muito nas aulas formais da
escola, pois ele não trabalha só com a disciplina de
química, ele integra várias disciplinas do currículo como a
história, a geografia, a arte. A química em si ajudou muito
na parte experimental e do cotidiano, pois os estudantes
puderam ver experimentos como a produção do álcool,
por exemplo.
15
Nós já havíamos trabalhado com os estudantes quando
eles estavam no 1º ano do ensino médio a questão dos
biocombustíveis, sobretudo em aulas práticas. Estando
agora no 2º ano do ensino médio, e participando do
Ponte eles puderam rever alguns conceitos, lembraram-
se de atividades realizadas em salas de aula e isso foi
bem interessante pois eles fizeram essa ligação do
conteúdo do currículo com o Ponte.
As atividades do Ponte contribuíram para a vida escolar e
pessoal dos estudantes pois eles conseguem ter uma
visão bem crítica, e dá para perceber que eles são bem
críticos, portanto, isso ajuda na vida pessoal e na vida
escolar também porque eles fazem debates, participam
em grupo e esta criticidade irá contribuir bastante para a
vida profissional deles e para a escola como um todo.
Essa visão crítica que o Ponte proporciona nas atividades
do Programa é bem interessante.
Um dos grandes desafios para os professores
ministrarem aulas para estudantes do ensino médio é a
questão de que a adolescência já é uma fase complicada.
Mas eu particularmente consigo me dar bem com os
jovens porque eu me aproximo deles, eu tento ser o
máximo amiga para poder conquistá-los. Mas existe a
dificuldade em relação à questão da vulnerabilidade,
porque às vezes eles são bem vulneráveis à mídia e
acabam trazendo isso para a sala de aula, tornado o
diálogo difícil e às vezes eles vão muito na “onda” dos
amiguinhos fazendo panelinhas e então a tarefa do
professor é tentar mudar essa visão e torná-los mais
críticos e trazer eles mais próximos da gente. Eu pelo
menos tento fazer isso dessa maneira, me aproximando
deles.
CONFIRA OS DEPOIMENTOSNO CANAL DO PROGRAMA PONTE
www.youtube.com/projetoponte
16
ARTIGOS
17
O PAPEL DA CIÊNCIA NO ENSINOA palavra ciência deriva do latim “scientia” que significa
conhecimento, e que se refere a todo o conhecimento
adquirido através do estudo ou prática, fundamentado
em princípios de investigação. A ciência tem um papel
muito importante na humanidade, pois é uma
ferramenta de investigação para resolução de problemas
e conflitos de ordem prática, existentes na vida humana.
O exercício de criar hipóteses, testá-las e resignificá-las
permitiu aos seres humanos criarem e aperfeiçoaram
diversas formas de tecnologia. A partir da operação de
leis gerais obtidas pelo método científico, permite-se a
mensuração e comparação de diversos fenômenos
naturais, desde aqueles de ordem social quando aos de
ordem física e biológica.
A ciência também está presente na educação.
Acreditamos que a prática educativa de qualidade
necessariamente passa por um processo de ação,
reflexão e ação por parte do educador. O educando pode
ser contagiado por esta cultura e, sentindo-se parte
construtora do processo, não mais esperará que o
professor seja o único responsável pela aprendizagem. A
ciência está presente no dia-a-dia do ensino de qualquer
disciplina, pois o instinto investigativo é qualidade
inerente ao ser humano. O educador tem o dever em
incentivar este instinto, por isso o papel e a manifestação
da ciência se destacam desde o ensino infantil até o
ensino superior. Sendo assim, atua como meio para o
processo educativo que tem como fim a formação de um
cidadão conhecedor de sua responsabilidade com o
desenvolvimento de ações.
Dessa maneira, o papel da ciência na educação torna-se
necessário para a construção e confronto de valores dos
indivíduos envolvidos, tanto educadores quanto
educandos.
Amplia-se a capacidade de construção de uma
personalidade moral e posicionamento político acerca
dos acontecimentos que nos envolvem. Deste modo, o
fazer científico mostra-se determinante para conciliar a
qualidade de vida humana com a preservação da vida em
nosso planeta permitindo, assim, a constituição de um
mundo melhor.
É importante também refletir sobre o serviço de quem a
ciência opera. A ciência não é boa por si só, porque não
deve ser vista como um dogma, e cabe ao processo de
ensino/aprendizagem desenvolver uma visão crítica
acerca do viés político das tecnologias que são
desenvolvidas. Deve se refletir em que medida as
tecnologias são criadas para melhorar a qualidade de
vida das pessoas sem agravar problemas clássicos da
sociedade de consumo, como por exemplo, a
desigualdade social, a fome, a degradação do meio
ambiente e os conflitos entre países.
Diana Carolina Vásquez Castro, monitora do Programa
Ponte, engenheira florestal, estudante de pós-graduação em
Recursos Florestais pela ESALQ/USP.
João Pedro Aidar Menezes, coordenador técnico do
Programa Ponte, engenheiro florestal pela ESALQ/USP.
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E ESSE TAL PNPB?Olá pessoal, o presente texto é para discutirmos e
entendermos um pouco mais sobre o PNPB – “Plano
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel” – programa
interministerial lançado pelo governo federal em
dezembro de 2004 para estimular a produção de biodiesel
no país, com o interessante objetivo de alavancar a
agricultura familiar.
É sabido que a crise do petróleo na década de 1970
chacoalhou os países do globo, incentivando que estes
desenvolvessem as condições para a produção de
energias alternativas. O Brasil desenvolveu o “Pró-Álcool”,
alguns países da Europa, como Alemanha, Áustria e
França, investiram no Biodiesel, e da década de 1970 para
cá muitas foram as transformações na matriz energética
dos países ao longo do planeta.
O biodiesel é um biocombustível produzido a partir de
óleos vegetais, extraídos de plantas classificadas como
oleaginosas (soja, mamona, girassol, dendê, amendoim,
babaçu, macaúba, etc.). Atualmente em nosso país cerca
de 74% do biodiesel é produzido com óleo de soja (do
restante, 23% é produzido a partir de gorduras animais,
2% óleo de algodão e 2% outras matérias-primas). Este
biocombustível pode ser obtido pela transesterificação,
esterificação ou craqueamento, processo que além de
produzir o biodiesel também gera grande quantidade de
glicerina, destinada à produção de sabonetes e outros
cosméticos. A produção se concentra nas regiões centro-
oeste (48%) e sul (37%), seguidos de sudeste (7%),
nordeste (6%) e norte (2%).
O PNPB é um plano bastante interessante, pois dentre
seus objetivos estão contemplados também interesses
sociais. O Programa conta com o “Selo Combustível
Social”, obtido somente pelas empresas produtoras de
biodiesel que compram matéria-prima diretamente dos
agricultores familiares em quantidades pré-determinadas
pelo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário).
Essas empresas conseguem abonos tributários e ainda
lhes dá o direito de participarem nos maiores lotes para a
venda do biocombustível nos leilões da ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
As metas iniciais do PNPB objetivavam que entre 2013 e
2014 fosse possível a produção e comercialização do “B5”,
ou seja, óleo diesel oriundo do petróleo com adição de 5%
de biodiesel, uma mistura para abastecer ônibus e
caminhões. Infelizmente as metas não foram atingidas, de
certa forma o plano foi bastante otimista em acreditar no
desenvolvimento da produção de mamona por
agricultores familiares, o que não ocorreu. Uma soma de
fatores foi responsável por frear as aspirações do PNPB: se
olharmos para as terras do semi árido nordestino
notaremos uma baixa produtividade das terras, escassez
de recursos naturais e financeiros bem como baixa
qualificação de mão de obra e pouca ou quase nenhuma
assistência técnica para os agricultores, isso fez com que
diversas empresas passassem a olhar a mamona com
olhos não tão entusiasmados assim, pendendo a balança
em favor da produção da soja. Até mesmo cientistas
produziram artigos dizendo que não era possível atingir as
metas do programa com a agricultura familiar, o setor
empresarial se aglutinou e formou a “Ubrabio – União
Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene”. Outra
organização de grandes empresas também já existia, a
“Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais”, fortalecendo assim a produção de biodiesel a
partir da soja.
Atualmente, 90% do biodiesel produzido têm como
principal matéria-prima a soja e que a cotação desta
commodity está em alta no mercado externo, sendo bem
provável que os produtores estejam optando pela venda
do produto para outros fins que não a produção de
biodiesel (MATTEI, 2008).
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O MDA espera que até o final de 2014 mais de 100 mil
famílias estejam participando do programa, vale a pena
ficar de olho em como todo esse processo está
acontecendo, será que conseguiremos alavancar a
agricultura familiar? Quais as conseqüências positivas e
negativas disso?
No dia 25 de setembro de 2014 no Diário Oficial foi
sancionada pela presidenta Dilma Roussef um aumento
na mistura compulsória de biodiesel, fazendo valer a
partir de novembro o B7, aumentando para 7% o
percentual obrigatório do biodiesel misturado ao óleo
diesel mineral comercializado ao consumidor final.
Segundo a Fundação de Estudos Econômicos (Fipe) da
Universidade de São Paulo (USP), a produção de biodiesel
B5 evitou, de 2008 a 2011, gastos de R$ 11,5 bilhões em
importação de diesel mineral , que é de origem fóssil, ou
seja muito mais poluente.
Com o B7 a produção de biodiesel irá crescer bastante,
consequentemente aumentará também a geração de
glicerina que por esse mesmo motivo sofrerá queda em
seu preço, atualmente a maior parte de glicerina gerada
no Brasil é exportada para a China. O aumento da mistura
para 7% foi bastante comemorado pelo setor e deu novo
fôlego para o mesmo, de acordo com o site da Ubrabio - “O
incremento na mistura obrigatória reduz em 5% a emissão de
Gases de Efeito Estufa (GEE), cria 133 mil postos de trabalho e
aumenta R$ 13,5 bi no PIB brasileiro. Com o B7 o Brasil pode
tornar-se o segundo maior produtor global de biodiesel, com
mercado projetado em 4,2 bilhões de litros, atrás apenas dos
Estados Unidos, com produção de cerca de 4,5 bilhões de
litros. Além disso, O uso de 7% de biodiesel adicionado ao
diesel comum reduz a dependência brasileira do diesel
importado em 1,2 bilhões de litros, o que representa uma
economia de aproximadamente U$ 1 bilhões aos cofres
públicos”.
O texto editado pelo governo determina que o biodiesel
necessário à adição seja fabricado preferencialmente a
partir de matérias-primas produzidas pela agricultura
familiar, com isso teremos um conjunto de 3,7 toneladas
de soja da agricultura familiar produzidas por cerca de 90
mil famílias.
A Abiove já fez várias previsões positivas e acredita no
B10 a partir de 2020, que traria um maior ganho
ambiental e econômico. Aparentemente esse aumento
trará benefícios para o Brasil, mas vale lembrar que na
realidade cotidiana os números podem passar por cima
das causas sociais e ambientais. É importante termos
senso crítico para avaliarmos tudo isso em longo prazo e
estudarmos para irmos entendendo cada vez mais essa
complexa “matriz energética”.
Gráfico: Matéria prima utilizada na produção de biodiesel no Brasil
Óleo de soja
Óleo de algodão
Gorduras animais
Outras matérias primas
23%
2% 2%
74%
20
José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
Giuliana do Vale Milani, monitora do Programa Ponte,
estudante de Gestão Ambiental na ESALQ/USP.
Referências bibliográficas:
MATTEI, L. Programa Nacional para Produção e Uso de
Biodiesel no Brasil (PNPB): Trajetória, situação atual e
desafios. UFSC, 2008.
http://www.ubrabio.com.br/1891/Noticias/UbrabioCom
emoraSancaoDaleiQueConsolidaB7 235970. Acessado
em 09/10
http://www.abiove.org.br/site/index.php. Acessado em
09/10
ATÉ QUANDO INSISTIREMOS NO FRACASSO?Se existe algo em que provavelmente a sociedade
brasileira inteira acredita é de que a nossa educação vai
mal... Escolas com estruturas precárias, professores não
valorizados, estudantes desmotivados e pais que pouco
ou nada participam do processo educativo de seus
filhos... Vale lembrar, que em torno de 8% da população
brasileira é analfabeta, se olharmos para a taxa de
analfabetismo funcional esse número mais que
triplica...E o quê ou quem é o vilão dessa história toda?
Para entendermos a complexidade do tema educação é
necessário bastante estudo e um mergulho na história
de nosso país e até mesmo do mundo. Este texto não
pretende esgotar o assunto, objetiva simplesmente ser
mais um dos gritos que ecoam por aí em busca de ventos
melhores para a educação.
Vamos começar olhando para onde a maior parte da
“magia” (não) acontece: a sala de aula. A sala de aula se
organiza de uma maneira a não permitir o diálogo, não
proporciona a experimentação e investigação. Esse
formato, em que o professor é colocado como o detentor
de todo o saber e deve atuar “despejando” o conteúdo
pela lousa e mentes atentas, é chamado por Paulo Freire
de “educação bancária” e infelizmente é a forma mais
praticada pelas escolas mundo a fora. Mas será que a
educação sempre foi assim? Como era a “educação” dos
indígenas? Não havia salas de aula, mas havia inúmeros
momentos em que os saberes acumulados pela tribo
eram passados aos mais jovens. E como era a educação
em Atenas? Não existiam salas de aula, eram espaços de
reflexão, criação, experimentação. Hoje no Brasil o
direito à educação é garantido por lei, o código penal e o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) consideram
crime deixar uma criança de 06 a 14 anos fora da escola,
mas desde quando existe esse tal ensino público,
gratuito e obrigatório?
21
EEssa ideia e consequente modelo de escola surgiram no
final do século XVIII, na Prússia, com o objetivo nada
progressista de formar pessoas para serem obedientes,
os monarcas da época acreditavam que era necessário
frear os anseios revolucionários que aconteciam na
França e que poderiam motivar outras movimentações
pela Europa. A escola criada então funcionava de uma
maneira autoritária, primando pela obediência e a
formação de um povo que obedecesse e estivesse
pronto para guerrear quando necessário. Esse modelo,
formador de pessoas obedientes, se espalhou mundo a
fora, pessoas de diversas partes do globo se capacitavam
na Prússia e viajavam para outros países multiplicando
essa experiência. Em meio a um mundo positivista e
embalado pe la revo lução industr ia l nasce a
escolarização obrigatória, financiada por grandes
empresários da época (JP Morgan, Rockefeller, Henry
Ford, etc.) objetivando, com o menor número de
recursos possíveis, “formar” mais e mais pessoas úteis às
fábricas, que pipocavam cada vez mais, e suprimindo as
potencialidades humanas.
Isso criou um ambiente de aprendizado muito pobre, e
que em pleno século XXI continua a ser perpetuado nas
escolas, ambiente esse que não estimula os estudantes a
“serem mais”, que não estimula a curiosidade, a
investigação, que não explora a expressão artística, que
não trabalha com as emoções, não promove o diálogo e
não se preocupa em reproduzir culturalmente o ser
humano, simplesmente transforma o estudante em uma
nota, um conceito, deixando-o assim um “acima” ou um
“abaixo” da média. Esse modelo é um tanto quanto sem
sentido, o que contribui para a taxa de evasão escolar
(aproximadamente 1 em cada 3 estudantes deixa a
escola antes da conclusão) e nada colabora para a
formação humana de nossos estudantes.
Mas nem só de estudantes é composta a sala de aula,
também existe o professor, o educador, que é formado
nas universidades dentro dessa mesma lógica de ensino.
Infelizmente os cursos de licenciatura não formam
educadores/as transformadores da real idade
educacional vigente, forma educadores/as reprodutores
da lógica bancária já bem estabelecida, que urge por
mudanças. É necessário olharmos com mais atenção à
formação que estamos dando aos nossos futuros
educadores/as.
Vale lembrar também que a sala de aula está dentro de
uma escola, e como é que essa escola se organiza?
Infelizmente muitos são os problemas relacionados à
estrutura: ausência de áreas verdes (ou quando existem
estão isoladas dos estudantes), salas de aula em
péssimas condições (carteiras quebradas, lousas
danificadas, ventiladores que não funcionam), edifícios
que mais se parecem com prisões (algumas escolas
possuem sistema de câmeras, inspetores com
walkietalks e trancamento automatizado de portões),
dentre outros. Além dos problemas estruturais inexiste
uma concepção organizativa entre os gestores/as e
educadores/as, ou seja, não existe um grupo que
trabalhe coletivamente para pensar os rumos da escola e
trabalhar por avanços na mesma, sendo que algumas
reuniões de ATPC (Atividades de Trabalho Pedagógico
Coletivo) podem se tornar verdadeiras torturas. É
necessário que os envolvidos pela educação em
determinada escola (isso inclui pais e mães) atuem de
maneira coletiva para a construção de uma educação
que faça sentido e explore ao máximo as potencialidades
h u m a n a s d e s e u s e d u c a n d o s / a s e t a m b é m
educadores/as.
22
É claro que no papel e na teoria tudo é mais fácil, na
realidade cotidiana os problemas se mostram de
maneira complexa e desafiadora, mas a realidade
presente urge por rupturas com esse modelo já
fracassado de educação, se não fizermos nada para
mudá-lo estaremos sendo coniventes com a situação.
Felizmente existem diversas experiências de diferentes
formas de se fazer educaçãoacontecendo no Brasil e no
mundo: que os tomemos como inspiração e experiência.
É possível olharmos para a educação como uma
tecnologia de reprodução do ser humano, basta a nós
decidir qual ser humano queremos reproduzir: seres
acríticos e sem cultura, que não conseguem se expressar
e pouco ou nada se conheçam ou seres críticos, que
entendam a importância da cultura, que questionem o
mundo como ele é e se coloquem em movimento para
transformá-lo. O Programa Ponte faz a segunda opção,
nas nossas reuniões internas, quando é necessário
pensar como será a intervenção didática sempre há uma
preocupação de garantir metodologias que explore as
potencialidades humanas e contribua na formação que
acreditamos para os estudantes.
Eu dir ia s impl ificadamente que é necessár io
construirmos uma espécie de “Pedagogia de
Encantamento pelo Mundo”. Escolas preocupadas em
desenvolverem e alimentarem a curiosidade e
investigação dos estudantes, não se prendendo somente
aconteúdos curriculares, mas que também trabalhem o
subjetivo, a expressão artística, que desenvolvam a
autonomia de seus educandos e educandas e não os
avaliem como um número ou conceito. Que em resumo,
façam os estudantes se encantarem pelo mundo, uma
vez encantado nos disporemos a transformá-lo em um
lugar melhor. Sim, o caminho será longo e os obstáculos
inúmeros, mas, se não nós... quem? Se não agora...
quando?
"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é
de hábito como coisa natural, pois em tempo de
desordem sangrenta, de confusão organizada, de
arbitrariedade consciente, de humanidade
desumanizada, nada deve parecer natural
N A D A D E V E P A R E C E R
IMPOSSÍVEL DE MUDAR."
Bertolt Brecht
José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
Para finalizar indico aqui dois documentários que podem
ser assistidos no youtube – “La educación prohibida”,
ótimo documentário que questiona esse modelo de
ensino, o contextualiza e mostra saídas e “Quando sinto
que já sei”, produção brasileira que deveria ser vista por
todos envolvidos na educação, no filme é possível saber
um pouco mais sobre diversas experiências que estão
acontecendo em escolas do Brasil, é motivador.
23
O QUE É “EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA”?O Programa Ponte se reconhece como um grupo de
“extensão universitária”, mas este conceito não é tão
popularizado fora das universidades. Sendo assim,
vamos tentar esclarecer o que compreendemos sobre
este conceito, bem como explicitar as dificuldades que a
extensão universitária vem enfrentando para conquistar
seu espaço.
De acordo com o Plano Nacional de Extensão
Universitária (1999), a extensão acontece quando a
comunidade acadêmica, ao estabelecer uma relação de
diálogo com a sociedade, se apropria de um
conhecimento prático. Este conhecimento prático, ao ser
submetido à reflexão teórica (através da pesquisa, por
exemplo), ganha uma dimensão ainda maior, podendo
chegar a conclusões úteis para a sociedade como um
todo. Deste modo a sociedade participa diretamente do
conhecimento gerado na universidade e esta, por sua
vez, tem a função de democratizar este novo
conhecimento para que este se torne praticável, e
contribua para a resolução de conflitos socioambientais.
Esta deveria ser a função da extensão universitária, mas
será que isto ocorre realmente? Será que as pesquisas
desenvolvidas pelas universidades são relacionadas com
as demandas mais urgentes da sociedade? Será que a
universidade pública existe para produzir ciência
relacionada com a resolução dos principais problemas
socioambientais do país?
A verdade é que inúmeras iniciativas das universidades,
apesar de serem enquadradas como atividades de
extensão, não seguem pressupostos básicos presentes
no Plano Nacional. Quando a universidade se apresenta
como a detentora das respostas para todos os tipos de
problemas, não há uma relação de diálogo, e sim de
assistencialismo, messianismo, superioridade (da
universidade) e invasão cultural.
Em outros casos, quando há parceria na investigação de
um problema socioambiental, comunicação eficiente,
empatia e troca de saberes, o resultado da extensão
at inge proporções muito maiores. Quando a
universidade se interessa verdadeiramente em
c o n t r i b u i r p a r a a s o l u ç ã o d o s p r o b l e m a s
socioambientais, ela tem o cuidado de, primeiramente,
fazer as perguntas certas e, num exercício de ação /
reflexão / ação, é capaz de prestar auxílio ao contexto
social, bem como produzir pesquisas relevantes.
Reunião entre Diretoria Ensino piracicaba, coordenadores
ensino médio escolas estaduais, Ponte e Iandé.
II Encontro de Formação Continuada
em Extensão da ESALQ/USP.
24
João Pedro Aidar
Menezes, coordenador
técnico do Programa
Ponte, engenheiro
florestal pela
ESALQ/USP.
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E DA
E D U C A Ç Ã O C O M O P R O C E S S O S
TRANSFORMADORES
"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os
homens e mulheres se educam entre si, mediatizados pelo
mundo." (Paulo Freire)
Paulo Freire em sua obra “A Pedagogia do Oprimido”, traz
a discussão sobre a educação popular e a relação dos
opressores e dos oprimidos. O processo de ensino-
aprendizagem pode envolver dois principais atores: o
educador e o educando, mas a construção do
conhecimento não depende exclusivamente do outro. O
processo de educação e de conhecimento passa,
sobretudo pela transformação interiorizada de cada um
através da experimentação. Isto significa dizer que o
saber é um processo no qual a pessoa é o principal
agente na construção do conhecimento e que o saber
não é uma doação dos que se julgam sábios aos que
julgam nada saber (Freire, P.1987).
Segundo Freire (1987) a educação libertadora,
problematizadora não pode ser o ato de depositar, ou de
n a r r a r , o u d e t r a n s f e r i r , o u d e t r a n s m i t i r
“conhecimentos” e valores aos educandos, mas sim um
ato de empoderamento no processo de construção do
conhecimento e da realidade. Logo, os educandos
passam a serem investigadores críticos, em diálogo com
o educador, investigador crítico também, reforçando
assim, as mudanças de caráter revolucionarias.
Assim sendo, o conhecimento e a educação são
processos de busca. Uma busca curiosa, investigativa e
inspiradora que promove o desenvolvimento da
consciência crítica e da compreensão de que o individuo
pode transformar o mundo no qual está inserido.
O Programa Ponte defende o fortalecimento desta forma
de extensão universitária, pois é importante não
somente porque produzimos conhecimentos úteis para
fora da universidade, mas também porque entendemos
que é através do envolvimento pleno com problemáticas
da vida real que o estudante universitário tem a
oportunidade de testar habilidades e competências
necessárias à formação profissional, mas que são pouco
treinadas dentro das salas de aula, tais como:
comunicação verbal, avaliação de processos, construção
de indicadores, desenvolvimento de projetos, trabalho
em equipe, resolução de conflitos entre outros. Deste
modo, além de contribuir para melhorar a qualidade das
pesquisas desenvolvidas, a extensão tem o potencial de
melhorar o ensino.
É preciso criar mecanismos de reconhecimento e
fortalecimento das atividades de extensão dentro da
universidade, pois entendemos que estas já são
reconhecidas e demandadas fora dela.
Sendo assim, o Programa Ponte vem reafirmar seu
compromisso com a construção de uma relação
dialógica com as escolas estaduais de Piracicaba, bem
como reafirmar a crença numa universidade pública que
valoriza as iniciativas de extensão cujo principal alicerce é
a comunicação, e que por isso, são reconhecidas e
valorizadas pela sociedade.
25
Nesse sentido a educação estimula o pensar autentico, a
espontaneidade como momento de liberdade pessoal, a
experiência criativa e inspiradora entre educador e
educando.
Pois bem, mas será que esta concepção de educação
problematizadora e libertadora está presente nas
escolas do século XXI? Será que a estrutura atual das
escolas promove este tipo de construção do saber? Na
esmagadora maioria das vezes a resposta será Não! A
rigidez das posições fixas (educador e educando, escola e
educando) são muito marcadas pelas aulas expositivas,
pelo conteúdo a ser “passado”, pelas provas que avaliam
os “conhecimentos”, e que só distancia as pessoas neles
envolvidas.
O Programa Ponte em seu processo de realização de
atividades educativas procura sempre aprender com o
educando e criar espaços em que ele possa ser atuante.
Valorizamos os momentos de discussão e reflexão em
pequenos grupos, procurando sempre ouvir as opiniões
dos estudantes à respeito do assunto que estamos
trabalhando. Mais do que isso, procuramos incentivar a
discussão para temas além daqueles propostos,
permitindo que o educando tenha a liberdade da
construção do seu pensamento e a possibilidade de
dialogar, ou seja, permitimos que ele penetre no
ambiente, envolvendo-se organicamente com ele.
Espera-se, portanto que os estudantes a partir da
tomada de consciência da situação sintam-se sujeitos
capazes de transformar a realidade e estimulados a
responderem desafios.
Neste processo o que recebemos enquanto educadores
é muito mais do que um novo aprendizado do educando.
Recebemos inspiração, ânimo, sonhos, sinceridade,
calor, sorrisos, compreensão, senso crítico e, sobretudo
amor.
Juliana Valente Florenzano, monitora do Programa Ponte,
engenheira florestal pela UFSCAR.
Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do
Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos
Florestais pela ESALQ/USP.
Referencia bibliográficas:
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 17ª ed. 1987.
SPOLIN, V. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Editora
Perspectiva, 1979.
ACONTECE NO
PONTE
26
27
UM JEITO DIFERENTE DE FAZER ESCOLA.
UMA INSPIRAÇÃO EXTRA AO PONTE.No dia 22/09/14 o PONTE esteve em visita à EMEF
Desembargador Amorim Lima, na capital de São Paulo,
uma escola que encantou o PONTE e encanta muitos
com sua proposta de ensino: público e inovador.
Encantou logo na chegada. Seus muros pintados, o
espaço aberto, as obras dos alunos para todos os lados.
Muitas cores e som de risos. Alguns minutos depois da
chegada, nos encontramos com nossas guias. Duas
alunas, 11 e 13 anos, que apresentam o espaço escolar e
o como as coisas funcionam. Andando pela escola e
observando as rodas de crianças e adolescentes e as
brincadeiras, paramos para comer amoras de um pé
carregado, com outros estudantes que, vindo conhecer o
grupo de visitantes, se animavam em apresentar seus
cadernos e os objetivos que alcançaram, para seguir ao
próximo nível.
Os objetivos de ensino são definidos e trabalhados num
contato próximo de alunos e professores, em turmas
heterogêneas em idades (as turmas são compostas por
alunos de anos distintos, dentro dos Ciclos I e II) e
reduzidas em tamanho (no máximo 20 alunos). Com isto,
t rabalham os temas que cabem às áreas do
conhecimento realizando tarefas, assistindo aulas,
criando materiais e dialogando com tutores. Muito
diálogo. Diálogos para resolução de conflitos, e para
criação de regras de convivência. Diálogos na busca pelo
respeito ao próximo, e às diferenças.
Na busca por cumprir os objetivos de aprendizagem, os
a lunos se movem buscando auxí l io , cr iando,
construindo, questionado e aprendendo. Os professores
não pareciam parados. No serviço de tutoria, dando
apoio aos alunos individualmente em suas dificuldades.
Individualmente acompanhando seu progresso e
recomendando mudanças.
Nas aulas, utilizando metodologias variadas, onde aulas
expositivas andam junto de jogos e brincadeiras.
Tudo isto em um espaço que dava a sensação de ser
muito maior. Onde o tempo não é controlado por sons de
aviso, e flui no seu ritmo natural. A estrutura da escola é
básica à maioria das escolas públicas, mas parece muito
melhor utilizada. Uma estrutura única, ou pelo menos
incomum, é a OCA da escola. Construída por
remanescentes de povo indígena no estado, foi um
presente... crianças brincam. A OCA estava bastante
danificada em sua estrutura pelo uso e pelas
brincadeiras que comprometeram as paredes de barro...
todos não gostam de tudo. Mas de todos que disseram
que não gostavam de algo na escola, nenhum disse que
não gostava da Escola.
Esta experiência é inspiradora, porque mostra que há
caminhos distintos para educação. E o PONTE saiu
motivado a persistir com seu trabalho. De inovar na
criação de tecnologias de ensino e de agir na busca por
construir uma educação melhor. Pequenas ações que
podem mobilizar boas mudanças.
Leandro Fonseca de Souza, monitor do Programa Ponte,
biólogo, estudante de pós-graduação em Microbiologia
Agrícola pela ESALQ/USP.
28
UMA HOMENAGEM E RECONHECIMENTO
PELO TRABALHO DO PROGRAMA PONTE:
PRÊMIO DESTAQUE ESALQTEC 2014
No dia 09/10/2014 o PONTE foi prestigiar a entrega do
prêmio Destaque EsalqTec 2014 na 6ª edição do Prêmio
Empreendetec que aconteceu no Parque Tecnológico de
Piracicaba, São Paulo. O reconhecimento da comunidade
técnica e científica da cidade de Piracicaba pelo nosso
atual projeto “Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio
Ambiente” é um momento único e histórico para um
grupo de extensão em educação da ESALQ/USP. O
desafio de inovar, de despertar o interesse de
adolescentes pelos temas das ciências e de inspirar
professores a repensarem sobre suas práticas
possibilitando uma maior autonomia aos jovens é um
processo que motiva o PONTE a atuar na área de
educação científica permitindo que a curiosidade e o
espírito científico e empreendedor dos nossos jovens
sejam reavivados.
Propomos uma inovação de metodologias e práticas
educativas por meio da criação e execução de atividades
didáticas que promovem esta liberdade construtiva ao
estudante. Nós queremos permitir que o jovem possa
criar, inovar, pesquisar, empreender e atuar! Queremos
aproximar o estudante do ensino médio da universidade
pública, trazer novas abordagens na educação,
apresentar conteúdos de maneira lúdica e promover a
interação entre o conhecimento produzido na
USP/ESALQ e os conteúdos do ensino médio.
“É muito importante que a ESALQ/USP, como as demais
instituições de Ensino Superior, contribuam para que a
Geração do Conhecimento seja apresentada para a
sociedade, de uma forma acessível, em todos os níveis. Este
projeto ainda possui uma interessante particularidade, que
é o enfoque sobre os biocombustíveis, um setor que o Brasil
domina amplamente a sua tecnologia de produção, como é
o caso do etanol e demais derivados da cana-de-açúcar. O
trabalho desenvolvido pelo Programa Ponte merece o nosso
reconhecimento e por esta razão o apresentamos como
'Destaque ESALQtec 2014'". Com estas palavras Sergio
Marcus Barbosa, gerente da ESALQTec - Incubadora
Tecnológica justifica este reconhecimento do Programa
Ponte como Destaque na 6ª edição do Prêmio
Empreendetec.
Agradecemos muito por este momento tão importante e
esperamos contribuir cada vez mais para a sociedade,
promovendo ações transformadoras na vida dos nossos
jovens .
Mariana Luzia Bettinardi,
coordenadora técnica
do Programa Ponte,
gestora ambiental, mestre
em Recursos Florestais
pela ESALQ/USP
Grupo de educadores do Programa Ponte,
recebendo o prêmio Destaque ESALQTec 2014.
29
CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
"[...] Os educadores, antes de serem especialistas em
ferramentas do saber,
deveriam serem especialistas em amor: Intérpretes de sonhos."
(Rubem Alves)
Nos dias 11, 13 e 15 de agosto ocorreu na ESALQ-USP o
“Curso de formação de professores”, ministrado pela
empresa Iandé Educação e Sustentabilidade em
conjunto com o Programa Ponte e a Diretoria de Ensino
de Piracicaba. A formação reuniu 60 educadores/as
sendo 4 educadores de cada escola participante do
projeto distribuídos ao longo dos três dias. O objetivo do
curso foi apresentar e discutir sobre os kits pedagógicos
desenvolvidos pela Iandé e que já estão implementados
nas 15 escolas estaduais que participam do Projeto
“Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente”.
Em cada um dos dias foi possível reunir educadores/as
de diferentes áreas, o que proporcionou uma
interdisciplinaridade que qualificou os momentos de
discussão. Durante a manhã realizamos dinâmicas de
apresentação e de trabalho corporal, seguido de uma
exposição teórica sobre o conteúdo “biocombustíveis” e
antes do almoço já apresentamos os kits laboratoriais e
processuais do carvão vegetal e do etanol, sendo
possível aos educadores/as avaliarem as metodologias
propostas ao final de cada apresentação. Após o almoço
apresentamos e discutimos sobre os kits laboratoriais e
processuais do biodiesel e do biogás e depois realizamos
um momento de discussão entre todos, que foi bastante
proveitoso para entendermos que as metodologias
propostas se tornam mais desafiadoras quando
inseridas na realidade cotidiana da escola, e que,
portanto, todo esforço que ouse transformar as relações
de ensino aprendizagem na escola, apesar de difícil se faz
necessário.
Para a formação acontecer foi necessário um intenso
esforço de articulação e convocação da Diretoria de
Ensino de Piracicaba e toda esta dedicação e
planejamento realizado pelos atores envolvidos para a
realização do curso foi positivamente avaliado pelos
participantes e valeu a pena passarmos o dia todo em
atividade.
Acreditamos que para além de simplesmente
realizarmos uma tarefa prevista em nosso projeto
“Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente” o
curso foi muito importante para auxiliar na consolidação
de nosso trabalho nas escolas públicas bem como
motivar e provocar os/as educadores/as a continuarem
em permanente formação, numa constante busca do
saber mais, como bem nos lembra Paulo Freire:
“Ninguém ignora tudo.
Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso
aprendemos sempre”.
Foto: Educadores/as acompanham apresentação
do experimento prático sobre o Biogás. (13/09/14)
30
Ficamos bastante satisfeitos e felizes com o resultado e
comentários feitos pelos professores/as ao final de cada
dia de curso! Saber que conseguimos proporcionar um
espaço em que os educadores/as não “sentiram o tempo
passar” e sobretudo, refletiram sobre sua prática
cotidiana coletivamente, é bastante motivador e mostra
que são possíveis ações que acumulem para a superação
das dificuldades existentes em nosso modelo de ensino.
Afinal, o que o Ponte quer é isso: integrar os esforços
para transformações em nosso atual modelo/sistema de
ensino, no sentido de torná-lo algo prazeroso e
libertador, que desenvolva o pensamento crítico e
fomente uma incessante curiosidade sobre o ambiente
que nos cerca.
José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
III CONSELHO GESTOR DO ATUAL PROJETO
E CO M E M O R AÇ ÃO D E 7 A N O S D O
PROGRAMA PONTE
No dia 17 de Outubro de 2014, o Programa Ponte realizou
o III Conselho Gestor & Comemoração dos 7 anos de
existência do grupo. Em uma noite descontraída,
celebramos a nossa caminhada e realizamos uma
retrospectiva do desenvolvimento do grupo desde sua
criação em 2007 até o atual projeto “Ensino Médio,
Biocombustíveis e Meio Ambiente, apelidado de “FINEP
2”. Contamos com a presença de diversos amigos,
antigos membros do Ponte e os atuais parceiros que
compõe a teia de ações do projeto.
Na oportunidade realizamos um resgate histórico do
surgimento do Programa Ponte que era orientado pelo
professor Gerd Sparovek e do “Finep I – Ensino Médio,
Engenharia e Meio Ambiente: Troca de experiências e
interação de conhecimentos entre a ESALQ e escolas
estaduais de Piracicaba e região”. Apresentamos os
resultados parciais e andamento das atividades do
Programa Ponte no atual projeto realizado com as 15
escolas estaduais:
Ÿ Ativ idades Didát icas com as 45 turmas
participantes;
Ÿ Desenvolvimento de kits laboratoriais e
processuais;
Ÿ Implementação dos Kits nas escolas;
Ÿ Organização e execução do Curso de Capacitação
de Professores;
Ÿ Elaboração de Vídeo Educativo sobre os
Biocombustíveis;
Foto: Educadores/as durante início do dia,
apresentação e realização de acordos. (15/08/14)
31
Ÿ Criação, Edição e Diagramação de 4 publicações
informativas + criação e manutenção do site do
Ponte.
E tivemos o depoimento de várias pessoas como o
professor coordenador Antônio Carlos de Azevedo
(ESALQ/USP), Luciana Maria Victória (PCNP de Ciências
da Diretoria de Ensino de Piracicaba), Amanda Santos de
Oliveira (monitora do Programa Ponte), Camila Pastor
(Iandé Educação e Sustentabilidade), Ana Maria Campos
Dávila (Coordenadora de Ensino Médio da Escola
Estadual Dr João Conceição) e professora Maria Antônia
Ramos de Azevedo (ex-coordenadora pedagógica do
Programa Ponte e professora da UNESP).
Agradecemos a presença e o carinho de todos neste
evento e desejamos viabilizar a continuidade das ações
do Programa no longo prazo!
Foi uma noite maravilhosa e um momento incrível de
partilha e alegria.
Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do
Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos
Florestais pela ESALQ/USP
João Pedro Aidar Menezes, coordenador técnico do
Programa Ponte, engenheiro florestal pela ESALQ/USP
Comemoração de 7 anos do Programa Ponte
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PROGRAMA PONTE, TRABALHANDO NO
DIA-A-DIA OS VALORES QUE ACREDITAMOS
O Programa Ponte busca, por meio de suas intervenções
nas escolas, proporcionar a troca de experiências e
saberes entre estudantes universitários e a juventude da
escola pública de Piracicaba, contribuindo, a partir do
estímulo à reflexão e da construção coletiva, para a
formação crítica e cidadã de todos os envolvidos:
educadores e educandos.
Além da experiência docente propiciada pelas atividades
nas escolas, os membros do Ponte vivenciam no seu dia-
a-dia uma forma de organização e trabalho baseada na
coletividade e horizontalidade, evidenciando através da
prática que este tipo de organização é possível, produtivo
e prazeroso. Isso acontece já pela característica da
composição da equipe e formato da reunião: somos em
13 integrantes sendo 11 monitores e 2 coordenadores
técnicos, além do nosso supervisor. Nossos encontros
acontecem semanalmente por um período de 4 horas,
onde dividimos a reunião em um momento organizativo
e outro de formação. Na parte organizativa discutimos
questões relacionadas ao andamento do trabalho do
grupo, tais como a definição de metodologias das
atividades, as tarefas e responsabilidades de cada
monitor dentro das atividades educativas e os processos
de constante reflexão. A formação pedagógica é o
momento em que coletivamente, nos debruçamos sobre
algum tema relacionado ao nosso trabalho cotidiano
refletindo sobre a nossa própria prática.
No intervalo destas duas partes da reunião temos o
momento da “Equipe delícia”, que é quando temos o
nosso lanchinho.
Em cada reunião uma dupla fica responsável por
preparar e levar um lanche para todo o grupo e é nesse
momento que temos uma confraternização da equipe,
uma descontração e um diálogo sobre os mais variados
assuntos, contribuindo para o fortalecimento de laços de
amizade, bem como maior confiança e segurança no
grupo de trabalho.
Além disso, contribuindo ainda mais para essa forma de
organização horizontal os integrantes se dividem em
“coordenadorias” para realizar as tarefas do grupo. São
elas: coordenadoria pedagógica, que tem como função
planejar, organizar e facilitar os momentos de formação
pedagógica, garantindo que esses aconteçam de acordo
com as necessidades do grupo; coordenadoria de
avaliação, que tem como função propor os documentos
de avaliação utilizados ao final das atividades, organizá-
los e acompanhar os resultados; coordenadoria dos
módulos, cada módulo das intervenções didáticas
recebe maior atenção de sua coordenadoria
correspondente, que tem como função sistematizar as
avaliações das atividades, propor mudanças de acordo
com as avaliações e discussões em grupo, bem como
garantir os materiais necessários para as mudanças.
“Equipe Delicia”
Hora do lanche em nossas reuniões.
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Para as atividades didáticas (módulos I, II e III), os
monitores se agrupam em “coletivos educadores”, cada
coletivo, formado por 3 a 4 monitores, atua em um dia da
semana, o que garante que o mesmo coletivo
acompanhe uma mesma turma ao longo dos três
módulos. Esta foi uma decisão tomada pelo grupo
objetivando fortalecer a relação entre educadores e
educandos.
Sendo assim, mesmo com os entraves burocráticos
dentro da universidade, nós da equipe Ponte
acreditamos que é possível construir relações mais
humanas que valorizem as diferentes realidades,
saberes e pontos de vista. E ao combater no dia-a-dia a
hierarquização e o engessamento das relações
acreditamos estar também contribuindo para nosso
trabalho nas escolas, buscando ser exemplo pedagógico
que vê no horizonte a necessidade de aproximar ação e
teoria.
“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como
a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto,
quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis,
a ação criadora e modificadora da realidade".
Paulo Freire
Amanda Santos de Oliveira, monitora do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
José Antonio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e
estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.
Cada coordenadoria é composta por 2 ou 3 pessoas,
existe também a tarefa de coordenação do grupo, que
fica responsável por organizar a pauta da reunião e as
diversas tarefas burocráticas, relação com parceiros,
prestação de contas, representação do grupo, etc.
PARCERIA DE SUPORTE PEDAGÓGICO:
PROGRAMA PONTE E GRUPO TERRA
O Programa Ponte vem recebendo crescente atenção
das mídias e destaque na sociedade piracicabana, dentro
e fora da ESALQ. Ao longo dos sete anos de atuação, o
programa tornou-se referência entre os grupos de
extensão e também de educação ambiental na região.
O Ponte desenvolve atividades de suporte pedagógico a
outros coletivos, auxiliando desde o desenvolvimento de
projetos pedagógicos até a elaboração conjunta de
metodologias a serem utilizadas em atividades
educativas. Atualmente, o Programa Ponte desenvolve
Mudanças sugeridas pela Coordenadora do módulo III
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MAIS QUE UM PROJETO, UMA ESCOLA
VIVA: PROJETO ÂNCORA
No dia 16/10/2014 (quinta-feira), a equipe do Programa
Ponte conheceu mais uma escola que, como diria Rubem
Alves, é asa!
Ao chegarmos fomos recepcionados por dois
estudantes, de 10 e 9 anos, que nos explicaram as 5
regras mais importantes que eles têm na escola:
respeito, afetividade, responsabilidade, solidariedade e
honestidade. Ao caminharmos pelas instalações os
educandos (são assim que eles se denominam) nos
mostraram a quadra de esportes onde eles têm aulas de
skate, a lona de circo onde têm atividades circenses, a
sala de música, a sala de dança, o parquinho e as diversas
salas de estudo (Não existem carteiras enfileiradas).
Os educandos nos explicaram que as crianças que
chegam à escola estão na fase de Iniciação. Elas ficam
nesta fase de acordo com a sua própria adaptação e
orientação do seu tutor, que é a pessoa responsável por
o r i e n t a r o s e s t u d o s d a c r i a n ç a , a v a l i a r o
desenvolvimento da autonomia, acompanhar suas
atitudes, aprendizado, relações familiares e sociais, entre
outros. Crianças de 6, 7, 8 anos brincam juntas, elaboram
coletivamente o plano do dia, fazem discussões em roda,
são iniciadas nas regras da escola e quando têm
autonomia suficiente (elas definem conjuntamente com
seus tutores quando acontece este momento) são então
introduzidas na fase de Desenvolvimento. Nesta fase o
educando passa a desenvolver e trabalhar no seu roteiro
de estudo. É ele quem decide o que deseja estudar por
determinado período e o seu tutor o orienta neste
processo de aprendizagem. A última fase é a do
Aprofundamento na qual os próprios educandos
orientam e auxiliam as crianças que precisam de ajuda.
Filipe Rafael Salvetti Nunes, monitor do Programa Ponte,
biólogo e estudante de pós-graduação em Microbiologia
agrícola pela ESALQ/USP.
um trabalho profícuo com o Grupo Terra da ESALQ, que
trabalha questões relacionadas à educação ambiental
com jovens de um assentamento rural no município de
Americana – SP.
“Frente ao desafio do desenvolvimento de uma nova
atividade do grupo junto ao assentamento Milton Santos,
que vise a formação da identidade rural e a realização de
projetos sócio culturais entre jovens e crianças assentadas, o
grupo Terra que trabalha no assentamento há 8 anos, achou
necessário a busca de suporte pedagógico e metodológico
junto ao Programa Ponte, que já há algum tempo se destaca
em suas ações dinâmicas e pedagógicas nas escolas
estaduais de Piracicaba em diversos temas da educação
ambiental. Esta vem sendo uma excelente oportunidade de
troca de vivências e experiências entre os grupos de extensão
e inserção desta metodologia no contexto rural”, destaca
Yohana Cunha de Mello do Grupo Terra.
O Programa Ponte continua com suas portas abertas
para novas parcerias com grupos que queiram vivenciar
um pouco de nossas práticas e trocar experiências, na
busca constante pelo fortalecimento da extensão e da
educação ambiental, na universidade e além de seus
muros.
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Todos os conteúdos do ensino fundamental são
desenvolvidos com os estudantes ao longo dos 9 anos
que eles permanecem na escola. A diferença da escola
tradicional está no formato, metodologia e importância
das relações humanas envolvidas neste processo. “O
estudante pode fazer seu roteiro de estudo a partir de um
filme de guerra que ele assistiu. Nessa perspectiva da
curiosidade do educando o tutor pode direcionar que a
partir disso o educando busque saber como são feitas as
bombas do filme? Quais os elementos químicos que estão
presentes nela? Quando ocorreram guerras na história da
humanidade? E a partir da vontade do educando ele
consegue estudar e aprender” relata Cláudia, uma das
coordenadoras do projeto. Enfim, foi um dia de muitos
aprendizados, inspiração, motivação, ânimo, euforia e
vontade de continuar caminhando e buscando uma
educação transformadora, ideal que o Programa Ponte
acredita.
.
M u i t o o b r i g a d o , P r o j e t o  n c o r a !
(http://www.projetoancora.org.br)
“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros
desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são
pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-
los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um
dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos
pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros
engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o
vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro
dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser
encorajado”.
Rubem Alves
Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do
Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos
Florestais pela ESALQ/USP.
Educadores do Programa Ponte
em visita às instalações do Projeto Âncora
Mosaico fachada Projeto Âncora
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MURAL DETALENTOS
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2º A da E.E. Dr. Jorge Coury
BIKE - LIKENão olha pro lado quem tá passando é a bike, se cuidar
do meio ambiente eu vou dar um “like”.
O busão aqui na rua só causa prejuízo. Anda mais de
bicicleta, tenha um pouco de juízo.
Os “mino” da escola andam de calça-baixa. Quer andar
de bicicleta, só que não tem ciclo-faixa.
Ao invés de andar de carro, motoca ou busão. Ande mais
de bicicleta pra ficar com “popozão”.
E pra finalizar vou mandar logo a real: combustível é
muito caro, deveria custar 1 real.
CARVÃO VEGETALVou mandando aqui e agora, vou falar para geral
A história do carvão, pode pa que passa mal.
Eu to mandando um funk mais não é pra rebolar
To falando da madeira, pro rabo quente eu vou mandar:
É um forninho artesanal que a madeira vai queimar
Liberando gás que vai prejudicar
Você pensa que é fácil, mas não é mole não
O trabalho excessivo prejudica o pulmão
Vou falando que é pra finalizar
Com o desmatamento não dá pra brincar.
1º B da E.E. Dr. Jorge Coury
Larissa Silva, Ane Gabrielle, Gaby Santos, Rosiane Pereira,
Pedro Henrique, estudantes do 1ºB da E.E. Dr. Jorge Coury.
1º E da E.E. Sud Menucci
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Quando o mundo esquecer dos homens
E a água pura se acabar!
Já não seremos mais os mesmos
Neste lugar
Já duvidando é? Cuidado
A chuva não cairá mais do seu lado
Já se achando é? Aproveita
Pois um dia viverá na seca
Quando as ruas se encherem de carro
E não sobrar mais nenhum espaço
A poluição se concentrar
O que é que vai restar
Já respirando é ? Cuidado
O ser humano não terá mais cuidado
Já se achando é? Aproveita
Não vai respirar o ar com pureza
CADERNO DO ALUNO
Caderno de quem tem a aprender
Ou caderno de quem tem a ensinar?
Nunca sei qual usar
Ana Sartori Carrijo da
Cunha, monitora do
Programa Ponte,
bióloga, estudante de
Licenciatura em
Ciências na ESALQ/USP.
Fernando Estevam, Vinícios Arruda, Diego Martins, Karen
Gonçalves, Renan, Ariana Oliveira do 3ºA da E.E. Prof. José
Martins de Toledo
Bota mão na consciência
E veja como “tá” a natureza
Se a gente não mudar
Tudo vai se acabar!
2º B da E.E. Prof. José Martins de Toledo
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Muitas pessoas trabalham
Pro futuro melhor
Aqui na produção de cana
A vida é bem pior
Uma marmitex por cada tonelada de cana
Meu amigo, fica a dica
Que a vida não é ganha
Enquanto a gente trabalha para se sustentar
O salário é uma miséria
E você não quer pagar
Enquanto você tenta agradar o presidente Bush
Tem muita gente que não tem o que encher o bucho
Adamares, Adaileine, Laís e Fernanda do 2º B da E.E. Prof.
José Martins de Toledo
Preserve o meio ambiente
Use consciente
Preserve a natureza
Mantenha sua beleza
Precisamos de ciclovias precisamos de liberdade
Precisamos de vida
De uma vida com a natureza
Viver em paz
Quero a natureza
Quero a paz na alma
Um respirar profundo
Com um ar puro
E poder usufruir cada minuto
Da beleza das folhas, do céu, da vida.
Andressa, Larissa, Luiz Fernando, Milena e Tais do 2º B da
E.E. Prof. José Martins de Toledo
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As pessoas hoje em dia estão desmatando geral
Com essa poluição estamos até passando mal.
Através da madeira se faz o carvão vegetal
Com nosso lixo se faz o biogás
Ele nos ajuda a aprender um pouco mais
Em seguida o biodiesel que aqui vamos falar
É através da soja que vai se formar
A cana de açúcar que ocupa nossa região
Abastece só seu carro
E não nosso busão
Dandara Silva, Lorena Barros, Caroline Berretta, Letícia
Conceição, Vinícius Gobira, Lincon Blumer, Patrick Reggis,
Luiz Piris, Sabrina Gomes do 1ºB da E.E. Prof. José Martins de
Toledo
O CICLO DO BIODIESELÓleos vegetais
Que vem e que vais
Que pela transesterificação
Biodiesel é produção
Motores funcionando
Biodiesel estão queimando
CO2 se formando
E o ciclo se completando
Sim, de volta à plantação
Fotossíntese novamente
Para nova produção
É assim constantemente.
João Vitor, Larissa, Luciano e Taís, estudantes do 2ºB da E.E.
Prof. José Martins de Toledo
RAP DO PONTE
Na t.v. a mensagem é clara
Compre sem pensar em nada
Compre com cartão ou a prestação
E vai ver seu dinheiro ser gasto em vão
Mcdonald's, nike ou o sistema Fordismo
Todos fazem parte do capitalismo
A real é que estamos esgotando nossas reservas
Agora só nos resta fazer uma reza
Deus pai, todo poderoso
Nos ajude que o bagulho tá osso
Se o senhor nos enviar uma luz
Prometemos fazer jus
Se for por meio da conscientização
Vamos ter que reduzir a produção
Se for por meio da Química Verde
Vamos diminuir a quantidade de poluente
Se for por meio de uma pesquisa que diminui a poluição
Vamos gerar um bem para a nação
Independentemente da estratégia adotada
Temos que mudar essa situação gerada
Que o Projeto Ponte seja um ponta pé inicial
Uma semente que possa gerar um diferencial
E para finalizar saio feliz até a alma
E para os monitores, por favor, um salve de palmas
Leandro Henrique Vesoloski Tavares, professor de Química
E.E. Dr. Jorge Coury
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RAP UNIVERSITÁRIO
Senhores do consumo estão cada vez mais milionário
Nós vamos quebrar isso com nosso RAP universitário
Comerciais sem conteúdo. Que absurdo!
Às vezes da vontade de até ficar surdo
Enquanto você está aí invadindo a nossa mente com sua
propaganda
Ce tá ligado a nossa opinião você não muda e também
não a engana
Propaganda não entra na mente de um guerreiro
O de verdade sabe quem é o de mentira e o verdadeiro.
Tem como não consumir o consumismo, o consumismo
te corrói
Porque quando compramos a gente mesmo se destrói!
A produção gera poluição na mente
E isso gera esse verão quente
Eu sei que do consumismo você não solta
Se você quiser ver miséria, é só olhar em volta.
Até um sábio fica iludido com bebida e dinheiro
Um verdadeiro amigo jamais vai prejudicar seu
companheiro.
E nesse Rap nóis tá querendo buscar nossos ideais
Nós não queremos um planeta consumista, nós
queremos apenas paz
E dessa ideia, irmão, nós nunca deixaremos pra trás.
Douglas Oliveira, Lucas Sanches, Marcos Vinicius (2ºA) e Luis
Fernando, Vinicius Ribeiro (3ºA), estudantes da E.E. Dr. Jorge
Coury
RECEITA DE BOLO SEM FARINHA
12 ovos
12 colheres de achocolatado
12 colheres de açúcar
2 colheres de manteiga
4 pacotinhos de coco ralado
Bater tudo no liquidificador por 10 minutos, despejar
numa forma untada com manteiga e assar por cerca
de 30 minutos.
William 2ºA, estudante da E.E. Dr. Luiz Gonzaga de Campos
Toledo
O Projeto Ponte veio nos conscientizar
Mudar nosso modo de agir e de pensar
A natureza nós temos que amar e respeitar
Se liga meu amigo, se liga meu irmão
As crianças de hoje em dia já nasce com o tablete na mão
Por isso eu digo consumo aqui não
Esses pais tão tudo sem visão, dão tudo na mão
O que quiser tem,
mas temos que pensar no amanhã também
Por isso eu digo tem que ter respeito
O consumo excessivo vai com o mundo acabar.
1°A e 2ºA E.E. José de Mello de Moraes Ana Carolina, Caroline,
Felipe, Gabriel C. Judiy, Lucas F., Micael, Nathalia L. e Renata
Escola 1 (E.E. Dr. Jorge Coury)
Escola 2 (E.E. Dr. Luiz Gonzaga de Campos Toledo)
Escola 3 (E.E. Prof. José Martins de Toledo)
Escola 4 (E.E. Sud Menucci)
Escola 5 (E.E. José de Mello Moraes)
MÓDULO I
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO III
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Turma 1 - 1ºA Turma 2 - 1ºB Turma 3 - 2ºA e 3ºA
04 de agosto
15 de setembro
20 de outubro
06 de agosto
17 de setembro
22 de outubro
07 de agosto
18 de setembro
23 de outubro
Turma 1 - 3ºA Turma 2 - 1ºA Turma 3 - 2ºA
18 de agosto
22 de setembro
27 de outubro
20 de agosto
24 de setembro
29 de outubro
21 de agosto
25 de setembro
30 de outubro
Turma 1 - 3ºA Turma 2 - 2ºB Turma 3 - 1ºB
02 de setembro
29 de setembro
03 de novembro
27 de agosto
01 de outubro
05 de novembro
28 de agosto
02 de outubro
06 de novembro
Turma 1 - 1ºB Turma 2 - 1ºE
01 de setembro
06 de outubro
10 de novembro
03 de setembro
08 de outubro
12 de novembro
Turma 3 - 1ºA e 2ºA
04 de setembro
09 de outubro
17 de novembro
PROGRAMA PONTEPROJETO “ENSINO MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE”
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DIDÁTICAS – 2º SEM 2014
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PROGRAMA PONTE – PROJETO “ENSINO
MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO
AMBIENTE”
Entidade Concedente: Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP – MCT)
Entidade Convenente: Fundação de Estudos Agrários
“Luiz de Queiroz” (FEALQ)
Executores: Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (Programa Ponte) e Diretoria Regional de
Ensino de Piracicaba
Equipe Gestora do Programa Ponte
Ÿ Antônio Carlos de Azevedo (Coordenação Geral)
Ÿ Mariana Luzia Bettinardi (Coordenação Técnica)
Ÿ João Pedro A. Menezes (Coordenação Técnica)
Equipe de Educadores do Programa Ponte
Amanda Santos de Oliveira
Ana Sartori Carrijo da Cunha
Caroline Cristina Jandoso
Diana Carolina Vásquez Castro
Filipe Rafael Salvetti Nunes
Giuliana do Vale Milani
Isabela dos Santos Ferraz
José Antonio Soares Júnior
Juliana Valente Florenzano
Leandro Fonseca de Souza
Lineu Vianna de Oliveira Ribeiro
Equipe Gestora da Diretoria
Regional de Ensino de Piracicaba
Marly A. G. Marsulo
Luciana Victoria
João A. Gambaro
.
Colaboradores
Ana Maria de Meira
Antonio Sampaio Baptista
Beatriz Appezzato-da-Glória
Bruna Ephiphanio
Camila Gomes Pastor
Carlos Eduardo P. Cerri
Célia Regina Natalio
Cláudio de Lima Aguiar
Cristiano Gomes Pastor
Danielly Crespi
Davi Pacheco
Diego dos Santos Teixeira
Fernando Modolo
Gerd Sparovek
Gustavo Casoni da Rocha
Instituto Terra Mater
Ivan Zaros
Karen Leyton
Karine Faleiros
Kátia Maria P.M.B. Ferraz
Márcio Sartório
Marcos Sorrentino
Marcos Yassuo Kamogawa
Maria Antônia R.de Azevedo
Maria Lídia Romero Meira
Mateus Piffer Jr
Moisés Ruiz Arroio
Otávio A. de Góes Júnior
Paulo Yoshio Kageyama
Pedro H. Santin Brancalion
Regina Maria Luvisotto
Renato Pelegrini Morgado
Rosebelly Nunes Marques
Sérgio Oliveira Moraes
Sueli Pereira Nunes
Teresa Cristina Magro
Thais Maria F. S. Vieira
Thiago Libório Romanelli
Vânia Galindo Massabni43
www.esalq.usp.br/programa-ponte
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“A satisfação reside no esforço, não no resultado obtido. O esforço total é a plena vitória.” (Mahatma Gandhi)
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