Entrevistasrevista
Theo Rosendorf
Eric Karjaluoto Michael Golan
Daniel Lieske
Carlos Segura
Adi Granov
Von Glitschka
Chris Sickels
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anuncio_russi_inst_21x28cm_01a.ai 1 23/09/11 17:05
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Um ano de mudanças
Theo Rosendorf
Michael Golan
Adi Granov
Eric Karjaluoto
Von Glitschka
Chris Sickels
Daniel Lieske
Carlos Segura
Lisa Keene
índice4
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A Propósitto completou um ano quase na mesma se-
mana que eu completei 39, e que me mudei de casa, e
consequentemente de escritório.
Fazer uma mudança (e eu sei bem disso, sou pratica-
mente um cigano) é uma das atividades mais extenuan-
tes que eu consigo conceber. Na verdade, se fossemos
pensar realmente em todo o trabalho que dá mover uma
vida inteira de um lado pra outro, nós simplesmente não
faríamos. Se fazemos, é porque temos a certeza de que
estamos mudando para melhor, ou porque fomos obriga-
dos pelas circunstâncias.
Meu caso, felizmente, é o primeiro.
O interessante é que essa dificuldade de mudança
pode ser percebida bem facilmente na vida da gente. Se
mudar uma casa é dificil, imagine uma maneira de pen-
sar, um hábito, um costume.
Por isso é tão fácil encontrar aquelas pessoas que pa-
recem estacionadas no tempo. Paralisadas na vida, não
conseguindo sair de certas situações que para outros,
que estão de fora, parecem ter uma solução tão óbvia. É
só mudar…
É mais fácil falar do que fazer. Acompanhem. Quando
fazemos uma mudança, esvaziamos as gavetas, coloca-
mos tudo no chão. E geralmente descobrimos que vínha-
mos acumulando coisas inúteis. Jogamos um monte de
coisa fora. Encaixotamos o que faz sentido, aquilo que
queremos pra nós na próxima etapa.
Quando chegamos em nosso destino, colocamos
tudo em novos armários, exibimos enfeites que nem
lembrávamos que tínhamos, nos adequamos a nova
situação. Pode ser uma casa maior, menor, mais longe
ou mais perto. Cada uma dessas variáveis vai exigir que
você readeque seus pertences.
Para mudar na vida é o mesmo exercício. Nossa ca-
beça é um apartamento bem bagunçado. Você precisa
colocar todas as suas “caixas” pra fora. Ficar nu. Sele-
cionar os hábitos que ainda fazem sentido, ou estão ali
apenas porque você se acostumou a usar. Triar amigos,
descobrir que não fala com vários deles há muito tempo,
e nem sabe porque. Descartar preconceitos, inimizades,
mágoas e condutas que estavam bloqueando a passa-
gem. Descobrir aqueles enfeites que você parou de usar,
mas eram o que de melhor você tinha.
Fazer isso de forma completa é dificil. Penoso. É mui-
to fácil enganar a si mesmo, empacotar tudo de novo, e
levar consigo pra próxima etapa de vida. Vai dar errado.
Um ano de mudanças
5
Você não abriu espaço para nada novo. Mesmo que você
ache um canto, vai estar tão perdido no meio do resto,
que quando precisar, não vai conseguir encontrar.
Nesse último ano, primeiro eu escolhi a mudança. Ao
montar a Propósitto, eu tinha a opção de reformar minha
condição de empregado. Resolvi embarcar na aventura de
abrir uma empresa, meio sem saber o que esperar. Eu
sabia o que não queria, mais do que qualquer outra coisa.
Não foi, nem está sendo fácil. Estou aprendendo a lidar
com incertezas mais do que em qualquer período da mi-
nha vida.
Trabalhar em casa, que no começo era uma necessi-
dade, aos poucos está se transformando numa bandeira.
Se existem grandes dificuldades, principalmente para um
casal 24 horas junto dentro do mesmo ambiente, existem
grandes recompensas (especialmente para o meu lado
de pai). Por essas coisas, preciso agradecer a paciência,
apoio e mão extra da minha esposa, que não me deixou
ter nem meio segundo de dúvida nesse ano. E ao meu
filho, que com sua ingenuidade acha o máximo ter o pai o
acordando todos os dias da semana.
Nesse ano redescobri amigos, ganhei novos, e estou
cada vez mais viciado num sabor que eu pouco experi-
mentava enquanto era empregado. O gosto da surpresa.
O grande medo que as pessoas tem ao empreender é
também aquilo que mais me move hoje em dia. O poder
da imprevisibilidade. De não ter pré-estabelecido o que
posso estar fazendo amanhã. Estou mais apaixonado por
design do que nunca, e de um modo extremamente prá-
tico, pragmático mesmo.
No começo de 2011 vendi minha casa e comprei ou-
tra. E esta é muito próxima daquilo que sempre quis na
minha vida. E fazendo um retrospecto, fica muito claro
que essa mudança está muito mais que intimamente li-
gada às mudanças que começaram a um ano. Uma não
existiria sem a outra.
Portanto, (como diria o vídeo do filtro solar) como eu
só posso oferecer conselhos sobre aquilo que passei em
minha vida, eu digo: abracem as mudanças.
O mundo vai mudar, independente de você.
É sua escolha tentar fincar sua jangada em algum
canto de terra enquanto as marés te puxam, ficar ao
sabor da água, esperando e torcendo que ela pare em
algum lugar bacana, ou aproveitar a maré baixa e cons-
truir bons remos, pra te ajudar a chegar às melhores
ilhas do caminho.
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Theo Rosendorf, da MatadorPropósitto – Conte um pouco sobre você. Como
você se tornou um Designer Gráfico?
Theo Rosendorf: Eu comecei no início dos anos
90, com lápis e papel, desenhando qualquer coi-
sa. Passei muitos dias e noites na copiadora local.
Tudo isso me levou a produzir designs absoluta-
mente horríveis para pequenos negócios locais.
Eu não me tornei um Designer de verdade até que
eu entendi que tipografia era o mais importante as-
pecto do negócio. Isso aconteceu quando eu es-
tava fazendo tabelas financeiras para o Relatório
Anual online da Coca-Cola, em 1996.
Pulando direto para o presente: Eu recentemente
escrevi o livro The Typographic Desk Reference
(TDR) , um dicionário de termos e formatos tipográ-
ficos. O TDR está em sua terceira edição, e espera-
mos começar as traduções o quanto antes. No mo-
mento, estamos em busca de um editor europeu.
Quanto a minha prática em Design, atualmente eu
trabalho como consultor de design para minha em-
presa, Matador.
degign gráfico+tipografia
Saiba quando quebrar as regras.Saiba quando suas ideias são ruins.“
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Propósitto - Eu li que você trabalha da sua própria
casa, isso é verdade? Qual é sua rotina? Eu vejo que
você tem clientes grandes. Você já enfrenyou algu-
ma resistência de clientes por trabalhar de casa?
TR - Sim, eu tipicamente trabalho em casa, mas rara-
mente enfrento resistência dos clientes por isso. Eu
acho importante apontar que algumas coisas não po-
dem ser feitas de casa. Se você precisa dirigir um time
de designers de um cliente, você tem que ir até ele. Se
o cliente está intimamente envolvido no processo de
Design, reunir-se face-a-face talvez seja a única forma
de se fazer. Quando um cliente solicita que eu vá até
seu escritório, eu sempre honro o convite, mas reuni-
ões posteriores são raras, já que meu time de desig-
ners é tipicamente composto de pessoas em várias
cidades. No momento, estou trabalhando em projetos
com talentos de Atlanta, Berlim e Nova York.
Meu dia normal:
11:00 – Café da manhã + notícias + email
01:00 – Trabalho
02:30 – Comer
03:00 – Trabalho
04:00 – Reunião virtual
05:00 – Trabalho
06:00 – Comer
06:30 – Reunião Virtual
07:00 – Trabalho
09:00 – Ginástica
11:00 – Comer
12:00 – Email + estratégia + trabalho administrativo
Propósitto – Fale um pouco sobre seu processo
criativo.
TR – Número 1: trabalho para manter a mim e ao clien-
te na mesma página, de maneira que nós todos este-
jamos comprometidos com o sucesso da companhia
(ou produto). Eu aconcelho o cliente a evitar se tornar
emocionalmente apegado a conceitos.
Todo trabalho de Design Gráfico começa e termina
com conteúdo. O conteúdo e o visual tem que dar su-
porte um ao outro, senão você acaba com uma paró-
dia. É incrivel quantas soluções de Design você pode
ter através de cópia/edição.
8
Faça perguntas estúpidas. Sério. Eu tento encontrar o
mais efetivo, mais equitativo ângulo para o conceito.
Primeiro, eu começo olhando para o setor do cliente
para ver o que não fazer. Então eu encontro aquilo
que se sustenta sozinho, algo original, e exploro esse
ângulo. Tudo isso requer um modo muito diferente de
olhar para as coisas. Fazer perguntas estúpidas fun-
ciona bem para mim.
Tipografia. É muito simples: maus Designers não sa-
bem como usar tipos. Meu negócio é muito focado em
tipografia.
Saiba quando quebrar as regras.
Saiba quando suas ideias são ruins.
Propósitto – Como é a vida de um Designer nos
Estados Unidos? As companhias estão realmente
cientes da relevância do Design?
TR - Eu presto pouca atenção ao que outros desig-
ners estão fazendo, mas acredito que atualmente está
acontecendo alguma educação pública sobre o tema.
Quando mais designers entram no mercado, alguns
podem reclamar de homogeinização, mas é impor-
tante notar que a qualidade do todo também acaba
aumentando. Aquilo que é considerado tosco hoje
foi feito profissionalmente ontem. Já não se trata de
alguns designers superstars, mas um exército global
de profissionais. Pessoas e empresas nos Estados
Unidos estão completamente cientes da relevância do
Design porque Design nos dias de hoje, é uma força
para se ter ao seu lado.
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SimplesmenteLibertador
G.D., 19 anos
Essa é a sensação quando vamos atrás do nosso propósito de vida!Para nós da Rede Ubuntu sustentabilidade tem a ver com pessoas trabalhem com o que gostam e utilizando o máximo de seus talentos a serviço do Planeta.
Por isso, criamos o RUA, Rede Ubuntu de Aprendizagem, um programa deformação em EUpreendedorismo, isto é, um programa focado em provoca-lopara refletir sobre o SEU propósitode vida, e empreende-lo.
Para mais informações acesse: www.redeubuntu.com.br/rua
E L E S N O S V O C Ê E U
www.redeubuntu.com.br
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Michael Golan, de IsraelPropósitto - Conte-nos um pouco sobre você. Como
vc se tornou um Designer Gráfico? Você trabalha
sozinho, ou em um estúdio?
Michael Golan - Na verdade, eu não estava real-
mente interessado em design gráfico. Eu queria ser
um editor ou fazer comerciais. Por um algum tipo
de mistura estranha, eu acabei estudando design
gráfico, e acabei me apaixonando.
Quando terminei minha faculdade, eu comecei
a trabalhar como aprendiz no estúdio de David
Tartakover’s. É um estúdio muito conhecido e res-
peitado em Israel e por todo o mundo (tartakover.
co.il)/ Tartakover possui uma das maiores (senão
a maior) coleção de gráficos Isralenses. Quando
eu comecei, eu não fazendo nenhum tipo de traba-
lho de design, mas ao invés disso ele me pôs para
arrumar seu arquivo. O que, devo dizer, foi muito
mais interessante, pois tive acesso a muitos mate-
riais que você só pode ver em museus. Eu aprendi
muito sobre a história do Design Gráfico em Israel.
Depois que terminei meu bacharelado eu continuei
degign gráfico
É responsabilidade do designer fazer o melhor que puder.“
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degign gráfico
trabalhando lá, desta vez fazendo trabalhos de De-
sign. Depois de algum tempo eu mudei para outro
estúdio de design. O trabalho era muito interessante,
mas a carga horária era insana. Eles costumavam a ter
duas pessoas trabalhando no estúdio naquela época,
mas pouco depois que eu cheguei a outra pessoa se
demitiu. Então, acabei tendo que fazer o trabalho de
dois, indo até as onze da noite, uma da manhã rotinei-
ramente.
Isso me convenceu a começar meu próprio estúdio.
Eu não estava realmente preparado, e pra falar a ver-
dade, nem fiz muito planejamento. Eu apenas “mergu-
lhei naquelas águas”.
Propósitto - Como a empresa (Anima) contratou
você? Você faz algum tipo de auto-promoção?
MG - Até recentemente, eu não estava fazendo ne-
nhuma auto-promoção. Somente agora (depois de
cinco anos trabalhando como freelancer) eu estou
começando a entender o quanto isso é importante.
No início, eu simplesmente fazia aquilo que aparecia,
rezando por projetos interessantes. Eu tinha um bom
relacionamento com alguns de meus professores na
faculdade, de maneira que eles me indicavam para
alguns trabalhos de tempos em tempos. E assim as
coisas iam acontecendo.
Noga é uma treinadora de cães. Eu a conheci quan-
do a contratamos para nos ajudar a treinar nosso
cão. Tivemos uma boa conexão, e nos tornamos
amigos. Sua amiga, Neomi tem uma clínica que trata
cães com medicina chinesa. Elas tiveram essa ideia
de comercializar a linha de produtos de cuidado para
cães que elas desenvolveram ao longo dos anos, e
que usavam na clínica. Então me perguntaram se eu
queria fazer o Design para elas.
Propósitto - Fale um pouco sobre o processo de
criação deste trabalho.
MG – Quando eu começo um projeto, eu normal-
mente dou uma navegada pela internet, procurando
produtos do mesmo campo. Eu normalmente tenho
uma ideia na cabeça, então tento desenvolvê-la.
Acaba nunca ficando como era a princípio.
Propósitto - Eu notei que você escolheu um modo
bastante simples, mas muito poderoso, muito to-
cante. Em uma época onde as embalagens estão
mais e mais complexas, você acredita que exista
espaço para soluções como esta?
MG – Eu acho que existe espaço para os dois casos.
Meu sonho é fazer algo complexo, mas meu trabalho
sempre acaba sendo “simples” no final. Nesse caso,
foi uma escolha deliberada, já que eu queria que os
produtos tivessem um jeito “médico” e clean, como
produtos farmacêuticos. Mas para não ficar frio, eu
adicionei as ilustrações dos animais, para ganhar vida
e uma sensação mais aconchegante.
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Propósitto - Os clientes ficaram satisfeitos com o
investimento? Em outras palavras, o quanto você
acha que um bom design influencia os resultados?
MG -Os clientes ficaram muito satisfeitos com o re-
sultado, e continuam me ligando quando precisam
de materiais extras (como catálogos e adesivos). Mas
não é uma questão do design ser bom ou não. É uma
questão de se o cliente está feliz ou não. Existem
clientes que ficam satisfeitos quando o design parece
bom, mas outros, quando os prazos são cumpridos,
ou se é barato etc.
É responsabilidade do designer fazer o melhor que
puder. Ficar por trás de seu trabalho, de uma maneira
apaixonada. Assim, com certeza os clientes também
irão gostar. Clientes felizes são clientes que retornam.
Agora, se você estiver falando a respeito das vendas,
um bom design pode afetar as vendas de um produto
também. Mas não vai durar se o produto não tiver
seus predicados, e se apoiar somente no design para
“fazer parecer bom”. Uma pessoa me perguntou, não
muito tempo atrás se “bom design pode vender um
mau produto”. Eu disse a ele que o design pode con-
vencer alguém a comprar um produto. Mas acredi-
to que se alguém compra um produto uma ou duas
vezes e vê que ele não entrega o que promete, ele
não tornará a comprá-lo, mesmo que tenha um bom
design. No caso da Anima, isso não foi um problema,
pois os produtos são muito bons, e entregam exata-
mente o que devem.
Propósitto – Como é a vida de um designer em
seu país? As pessoas e empresas estão realmente
cientes da relevância do design?
MG - Não posso dizer que a vida de um designer é
fácil em Israel. Pelo que eu ouvi, vocês, do Brasil, es-
tão enfrentando os mesmos problemas. O numero
de “escolas de design” em Israel está aumentando.
A cada ano, aproximadamente 700 ou mais novos
designers são liberados para o mercado de trabalho.
Quando você começa, normalmente trabalha por lon-
gas horas, por salário mínimo. Sempre haverá alguém
mais barato que você. E a maioria dos clientes estão
mais preocupados com o preço do que com a quali-
dade do trabalho. Eu nem me lembro quantas vezes
eu ouvi um cliente me dizer “mas eu posso conseguir
o mesmo por um terço do que você cobra”, e leva
tempo para aprender a deixar pra lá.
Quando você é independente, você precisa aprender
a ser uma pessoa de negócios também. E nem todo
mundo consegue isso. Eu amo design. E quando
você trabalha por si só, de repente você se encontra
cuidando de contas, números, prospectando clientes
etc. Acaba sobrando pouco tempo para o design. E
isso pode ser bem cansativo.
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Lideranca e performance num contexto de alta complexidade.
14
Adi Granov, da Marvel Studios
ilustração + concept art
Propósitto – Desde que idade você desenha? Você
frequentou alguma escola de Artes?
Adi Granov - Comecei a desenhar muito cedo. Era
um jogo divertido para mim, então eu desenhava sem-
pre que podia. Eu frequentei uma escola de artes na
Bósnia, onde nasci, onde estudei ilustração e design,
e então fui para um curso de ilustração em uma facul-
dade em Seattle, nos Estados Unidos.
Propósitto – Quais são suas principais influências
em design e ilustração?
AG – Quadrinistas europeus, como Moebius e Libera-
tore, e ilustradores de posters de filmes americanos,
como Richard Amsel e Drew Struzan. O designer Syd
Mead tem sido uma grande influência também. Mais
recentemente, eu tenho me inspirado pelos artistas
japoneses Terada and Tanaka, e também por ilustra-
dores mais contemporâneos, como Adam Hughes ou
Travis Charest. Sempre fui influenciado por algo que
capta meu olhar, e recentemente eu estou muito to-
cado por esculturas clássicas e sua poderosas repre-
sentações da forma humana, que podem ser vistas
bem claramente no meu trabalho de minhas capas
mais recentes.
Não importa o que você faz, qualida-de e consistência são a chave, e vão abrir muitas portas“
15
16
Propósitto – Conte-nos um pouco sobre seu proces-
so criativo. Como é seu dia normal de produção?
AG - Quase todo dia é um dia de produção para mim,
já que meu trabalho é inseparável do resto da minha
vida. Eu geralmente gasto um logo tempo rabiscan-
do ideias, já que eu quero criar a melhor ilustração
possível, de maneira que eu apresento os melhores
rascunhos para o cliente. Eu faço meus rascunhos di-
gitalmente, o que deixa mais fácil para fazer quaisquer
mudanças que sejam pedidas. Depois que o rascu-
nho foi escolhido, eu faço um layout mais preciso ba-
seado nele, que então imprimo do tamanho do papel
que eu quero utilizar. Copio levemente o layout em
papel, usando uma mesa de luz. A imagem então é
desenhada em detalhe e finalizada em tons de cinza
até que o trabalho tonal de luz e sombra esteja com-
pletamente finalizado. Eu então o escaneio, usando
Photoshop, e trabalho as cores. Geralmente leva de
dois a três dias para fazer uma ilustração com quali-
dade para capa. Obviamente, as vezes imagens mais
simples levam apenas algumas horas, e outras, muito
mais complexas podem chegar a 4-5 dias.
Propósitto - Sua arte é muito refinada, algumas
pessoas chegam a pensar que você é um artista
3D. De onde você pega referências?
AG - Em meu trabalho antigo eu costumava a foto-
grafar referências muito mais, e tentava atingir um re-
sultado fotorealístico. Eu não estou muito preocupado
com isso mais, e tento alcançar um visual bem mais
estilizado, mas preciso. Eu creio que o nível de deta-
lhamento faz as pessoas acreditarem que é realísti-
co, mas na verdade, eu somente baseio o trabalho de
sombreamento na realidade, enquanto que as figuras
são muito mais estilizadas. Eu experimentei usando
3D e fotografias em meu trabalho, mas não fiquei mui-
to contente com os resultados, então eu tendo a não
fazê-lo mais. Eu uso bonecos articulados, assim como
modelos 3D e fotos para referência, mas não os uso
na arte em si.
Propósitto – Como foi a experiência de participar
da produção de um blockbuster como Homem de
Ferro? Quais são as grandes diferenças entre as
indústrias de quadrinhos e de filmes?
Da minha perspectiva, o trabalho não é tão diferente
de nada que eu já faço. Eu só tentei fazer o melhor
que eu pude, com os objetivos do projeto. Obviamen-
te é sempre muito excitante estar envolvido em algo
tão grande, especialmente quando o primeiro filme foi
tão bem-sucedido. A grande diferença entre filmes e
quadrinhos é que você passa muito tempo tentando
criar o design perfeito, o que leva meses, enquanto
que, nos quadrinhos você tem que seguir em frente
muito rapidamente, e não tem tempo de explorar tan-
tas direções.
Propósitto – Você está fazendo concept-art para
outros filmes da Marvel? Pode dizer em quais futu-
ros projetos você está envolvido?
AG - Eu estou neste momento trabalhando em outro
grande filme da Marvel, mas infelizmente, não posso
falar a respeito. Porém, tenho certeza que as pessoas
17
podem adivinhar que projeto é, baseado em notícias
divulgadas na internet*.
(*) Nota da Propósitto – nossa aposta é que Adi Gra-
nov esteja atualmente trabalhando no filme dos Vinga-
dores. Só um palpite.
Propósitto – Fora os quadrinhos, você tem algum
outro projeto? Se não, você pensa em fazer outros
tipos de ilustração?
AG - Eu estou fazendo quase somente ilustrações para
video games e filmes no momento. Quadrinhos estão
na espera, até que eu termine o trabalho com esse fil-
me que eu mencionei, assim como o video game que
estou ilustrando a embalagem. Eu tenho uma série de
quadrinhos aguardando, que eu vou ilustrar depois.
Eu gosto de fazer diferentes tipos de coisas, pois man-
tém o trabalho e a vida mais interessantes, e é uma
fantástica experiência de aprendizado, que transforma
tudo que eu faço em produtos melhores.
Propósitto – Você tem algum conselho para pesso-
as que estão entrando na profissão?
AG - Trabalho duro sempre recompensa. Nunca é fá-
cil começar e tentar ser um artista profissional, mas
bom trabalho rapidamente se transforma em suces-
so, então é importante continuar produzindo o melhor
trabalho que você pode. É melhor ter uma quantida-
de menor de trabalhos realmente bons do que uma
enorme quantidade de coisas medíocres. Também é
importante saber qual parte da indústria você quer tra-
balhar. Ter um estilo forte é vantajoso nos quadrinhos,
mas as vezes é melhor conseguir fazer vários estilos
se você quer trabalhar com video games. Mas no fim,
não importa o que você faz, qualidade e consistência
são a chave, e vão abrir muitas portas.
Propósitto – Você conhece algum ilustrador brasi-
leiro?
AG- Eu só conheço um artista, João Ruas, através de
uma comunidade de artistas que eu sou membro. Ele
faz um lindo trabalho.
18
Eric Karjaluoto, criador do projeto Design Can Change
design + sustentabilidade
Propósitto – Como você se tornou um designer?
Qual é seu background em educação nesse sen-
tido?
Eric Karjaluoto – Eu acho que sempre fui um de-
signer – só levou algum tempo para descobrir isso.
Quando criança, eu desenhava logos e criava revistas
amadoras e quadrinhos com lápis e papel. Quando eu
terminei a escola pública, eu escolhi estudar pintura
na Universidade Emily Carr, em Vancouver.
Enquanto completava meus estudos lá (com apenas
uma classe de design) eu gastei vários anos traba-
lhando como pintor. Isso envolvia pintar o dia inteiro,
e trabalhar na produção de um jornal de noite. Esta
foi uma época muito interessante, na qual eu tive a
oportunidade de trabalhar em minhas pinturas, e tam-
bém aprender as entradas e saídas dos softwares de
design, pré-impressão e procedimentos de gráfica.
Depois de cinco anos disto, no entanto, eu decidi que
queria fazer uma coisa bem feita, ao invés de correr
atrás de duas buscas distintas. Foi quando comecei a
falar com meu amigo (e hoje meu parceiro de negó-
cios) Eric Shelkie sobre o quão excitante era a Web, e
a possibilidade de começar um estúdio concentrado
Nós precisamos ser a geração que se levanta para o desafio, e para de-signers, que oportunidade é melhor para criar um legado para gerações futuras? “
19
Eric Karjaluoto, criador do projeto Design Can Change
nela. Pouco tempo depois nós estávamos em nosso
caminho, e foi quando nossa educação de verdade
começou.
Propósitto – Quando você começou a trabalhar em
assuntos relacionados com sustentabilidade? Em
que ponto esse assunto se tornou uma preocupa-
ção real para você?
EK - Sustentabilidade é algo que eu sempre fui co-
nhecedor, mas por um longo tempo, me faltaram os
recursos para fazer algo a respeito. Eu acho que meus
humores, e meu pensamento podem ser bem parado-
xais; se por um lado eu sou um otimista a respeito de
muitas coisas, por outro também me torno cínico e um
pouco medroso às vezes. Este tem sido certamente
o caso quanto se trata de consumo. Mesmo quando
eu era mais jovem, eu olhava para o quanto nós con-
sumimos (e gastamos) e me perguntava por quanto
tempo nós conseguiríamos nos manter com este tipo
de comportamento.
Em 2006, minha esposa e eu esperávamos o nasci-
mento de nosso primeiro filho. (Nós sabíamos que,
quando ele chegasse, teríamos menos oportunidades
de assistir filmes em cinemas, então estávamos ven-
do assistindo quanto mais pudéssemos). Um deles foi
“Uma Verdade Inconveniente”, do Al Gore, e teve um
enorme impacto em mim. Na minha mente, Gore fez
algo com esse filme que nunca tinha sido feito antes.
Não foi como se ele tivesse falado algo que nunca ti-
nha sido dito antes. O brilho do filme era largamente
em como ele havia feito. Primeiro de tudo, não havia
sido feito para os “verdes”, mas ao invés disso, para a
população geral. Enquanto isso, a escolha do formato
foi crucial. Ao começar com um filme, e então ganhar
mais profundidade em um livro, ele conseguiu que o
assunto fosse palatável para qualquer um que quises-
se se engajar. Mais que isso, penso, ele colocou luz
sobre coisas que todos temos que estar atentos, ao
mesmo tempo que sugeria o que podemos fazer para
mudar as coisas para melhor. Uma coisa é falar sobre
o quanto nós estamos fodidos, e bem diferente é en-
contrar esperança e colocar as pessoas na posição
de agir.
Meu único problema com o filme é que ele mal fala
alguma coisa sobre design. Provavelmente por conta
da natureza generalista do público, mas parecia que
ele tinha perdido alguma coisa grande, que talvez não
devesse.
20
Propósitto – Explique o conceito por trás do projeto
“Design can Change”
EK - Por volta da época em que eu vi esse filme, nós
estávamos procurando por recursos em desin gráfi-
co sustentável. Fora o Re-nourish, de Eric Benson, e
a iniciativa Design by Nature, anunciada na Austrália,
existia dolorosamente pouca informação disponível.
Se não me falha a memória, não se conseguia en-
contrar um livro nas prateleiras que lidasse com esse
tópico específico. (Eu devo dizer que já não é mais o
caso.) Então, nossa primeira prioridade se tornou criar
um site que pudesse servir como um ponto de partida
para designers interessados em empregar mais práti-
cas de sustentabilidade em seus trabalhos.
A ideia tem alguma facetas em si. Uma, como notado,
foi simplesmente começar uma discussão. Outra foi
facilitar conexões entre compradores de serviços de
design e designers que estavam comprometidos com
práticas mais sustentáveis. A outra foi servir como vi-
trine de projetos de design sustentáveis. Infelizmente,
tivemos que em boa quantidade, “deixar a bola cair”
nesse último ponto.
Propósitto – Hoje em dia parece que todo mundo
quer se proclamar “verde”. Mas quando cavamos
um pouquinho, normalmente descobrimos que
a maioria dessas mudanças são pouco mais do
que marketing. Como podemos convencer nossos
clientes a fazer mudanças reais? E como separar
uma coisa da outra?
EK – Esse é um assunto enorme e muito complicado.
Parte dele se relaciona com a intenção. Algumas orga-
nizações são simplesmente ignorantes sobre a ques-
tão, e sobre o que eles podem fazer a respeito. Outras
estão preocupadas, mas inadvertidamente brandas, a
despeito das boas intenções, porque elas não enten-
dem as implicações do que estão dizendo ou fazendo.
E então, existem aquelas organizações que simples-
mente não ligam. Eles entendem perfeitamente que
o que fazem causa danos ao meio-ambiente, mas fa-
zem simplesmente uma “roupagem verde” para pro-
teger suas marcas.
Todos esses grupos – fora o último – podem ser traba-
lhados. O desafio deles é em larga escala sua própria
ignorância. Eu quero ser claro aqui: Eu não estou di-
zendo que seja estupidez, eu digo que eles simples-
mente não tem a informação necessária para agir de
21
modo mais efetivo e de forma frutífera. Então, para
responder sua questão, é nosso trabalho como comu-
nicadores, aprender o máximo que pudermos nesse
tópico, e então dividir esta informação com nossos
clientes, tanto diretamente (em discussões pessoais)
quanto indiretamente (através de liderança). Fazendo
isso, nós damos a eles os meios para mudar de ver-
dade.
A para aqueles que se dizem “verdes” com intenções
mais nefastas, precisamos de outra tática. Em última
análise, eles são o inimigo, e devemos atacá-los. Nós
podemos fazer isso tanto através de informação quan-
to por ação. Ao pedir à população que pense critica-
mente a respeito das mensagens com as quais eles
são confrontados, nós podemos separar melhor essas
mensagens que são dúbias por natureza. Eu sincera-
mente acredito que a maioria das pessoas se importa
com essa questão, e fará boas escolhas uma vez que
a trilha esteja clara. Saber quais organizações estão
doentes pode habilitar os consumidores a boicotar
aquelas marcas e demandar opções sustentáveis.
Propósitto – Depois que você fez desse assunto
algo tão público, você notou um aumento, ou dimi-
nuição na quantidade de trabalho em seu estúdio?
EK – Fora alguma publicidade associada com esse
esforço, Design Can Change teve muito pouco impac-
to em nosso core-business – para melhor ou pior. Eu
penso que esse esforço tem sido um ótimo “bônus”
para alguns grupos que colocaram seus serviços na
lista, mas acho que na maior parte, os dois negócios
são vistos como atividades independentes (e larga-
mente não-relacionadas).
Isto se deve, em parte, a uma decisão deliberada. Du-
rante um tempo, pensamos que pudesse parecer um
auto-serviço se colocásemos o SmashLAB e o Design
Can Change muito próximos. Nossa preocupação era
que, se não fossemos cuidadosos, os visitantes po-
deriam enxergar nosso esforço como uma trama para
trazer trabalho para nosso estúdio. Apesar de não
precisarmos nos preocupar dessa forma, também não
queríamos correr o risco de comprometer a mensa-
gem de modo algum.
De todo modo, eu preciso dizer que estamos nos
soltando um pouco mais ultimamente. No futuro,
eu gostaria de falar mais abertamente sobre nossos
pensamentos sobre esse tópico, e amarrá-los com o
expertise que podemos canalizar em nossa agência
para fazer a diferença. Seria bom fazer parcerias com
organizações que fazem da sustentabilidade uma pre-
ocupação central em suas operações.
Propósitto - Agora que você vê essas mudanças
acontecendo de dentro, você é um otimista ou um
pessimista a respeito de mudanças climáticas?
EK – Minhas emoções nesse ponto vacilam bastante.
A dificuldade para mim é que, apesar de sentir uma
responsabilidade de agir nesse tópico, me falta muito
do conhecimento pertinente para falar de um ponto
de vista devidademente acadêmico. Eu não sou um
cientista, nem um expert em clima, de modo que tudo
que sei é através do que leio.
Ultimamente eu tenho lido alguns livros que pintam
um quadro bem negro para o próximo século. Apesar
de apontarem algumas potenciais soluções de larga
escala, meu medo é que o coletivo ainda não exis-
ta. Esta é uma observação que parece uma piada; é
que quando eu ouço as discussões que a maioria está
tendo, e a limitada mudança que estamos realmente
prontos a fazer, eu temo que nós não estejamos levan-
do esse assunto a sério o suficiente.
Nós somos uma espécie incrivelmente inovadora e
que parece se adaptar muito rapidamente quando
os desafios se apresentam. Tecnologias estão sendo
desenvolvidaas, gente muito esperta está falando, e
mudanças estão acontecendo… mas parece que len-
tamente demais. De novo, o que precisamos é que
exista vontade de acelerar esses esforços.
Acho que vai precisar de ficar muito ruim antes que
22
a maioria das pessoas decida agir mesmo, e aí tal-
vez seja (se já não for) tarde demais. Minha sensação
é que, quanto agirmos, encontraremos maneiras de
seguir adiante. Tragicamente, no processo, algumas
das populações mais vulneráveis devem sofrer conse-
quencias devastadoras.
Propósitto – Que conselho você daria a desig-
ners que querem ser mais efetivos em assuntos
de sustentabilidade? Por onde devem começar?
EK - Minha primeira sugestão é que comecem a ler.
Agarrem um ou dois livros sobre mudança climática
e comecem a cavar a respeito do que aquilo signi-
fica. O fato é que muitos designers pensam que o
tópico é limitado a escolher papéis recicláveis e usar
tintas a base de vegetais, quanto na verdade é um
desafio enorme, sistêmico. Em minha experiência,
quanto mais eu aprendo, mais eu quero aprender-
….e mais sofisticado fica meu pensamento. É um tó-
pico fascinante, e talvez o desafio mais interessante
que nós jamais enfrentaremos como espécie.
Minha segunda sugestão é para designers que per-
guntam de que lado da batalha eles querem estar.
Será que eles querem um papel na sobrevivência da
raça humana? Ou será que eles estão nessa por si
próprios, e ninguém mais? Por um longo periodo de
tempo, nossa indústria esteve presa no último papel.
Nós fizemos lindos desenhos para ajudar a vender
mais coisas que alguns de nós jamais precisaremos.
Claro, isto é um pouco simplificado, mas não total-
mente inverdade, acho que vocês devem concordar.
Bilhões de dólares são gastos em propaganda todo
ano, para estimular o consumo de combustível. A
maioria disso serve ao único propósito de ajudar
alguns poucos a acumular uma riqueza absurda.
A despeito do que alguns foram levados a acredi-
tar, isso tem um custo muito real. E frequentemente,
esse custo é pago por todo o resto do mundo – mais
ainda pelos mais pobres – sem mencionar todas as
outras formas de vida desse planeta.
Nós precisamos ser a geração que se levanta para
o desafio, e para designers, que oportunidade é me-
lhor para criar um legado para gerações futuras?
Talvez, por um momento, nós possamos colocar de
lado nosso trabalho de vender refrigerantes, tênis, e
“os últimos e melhores” gadgets, e trabalhar no mais
importante campanha de publicidade de todos os
tempos: a educação e mobilização dos habitantes
da Terra em extender seu tempo nesse (formidável)
planeta.
Propósitto – Você conhece algo sobre o Brasil, ou
algum designer daqui? Qual sua perspectiva em o
que está acontecendo por aqui?
EK – Nunca tive o privilégio de visitar o Brasil, e
me fico embaraçado em dizer que sei muito pouco
a respeito do que os designers daí estão fazendo.
Então, vou virar a mesa. Em seu novo blog, talvez
você possa escrever alguns posts sobre o que está
acontecendo por aí, de maneira que pessoas como
eu possam ficar mais educados sobre o estado do
design sustentável no Brasil. O que você acha?
Revista Segurador Brasil – Publicação segmentada, com circulação mensal e distribuição nacional. Apre-senta as principais notícias e fatos do mercado nacional de seguros. Referência do setor, seu público leitor é formado por executivos de seguradoras, corretoras e empresas prestadoras de serviço. Traz encartada o Caderno Seu Tempo, cujo conteúdo leve e descontraído proporciona entretenimento ao leitor.
Revista Geração Forte - O braço da editora para atingir o público consumidor �nal. Uma revista dirigida ao público maduro, acima dos 40 anos, atuante no mercado de trabalho, estável �nanceiramente e ávido por produtos e serviços de excelência.
Portal Brasil Notícias - www.editorabrasilnoticias.com.br – Informa o mercado segurador sobre os princi-pais fatos do setor.
Prêmio Segurador Brasil – Evento referência do segmento. Anualmente, reúne e premia todo o mercado segurador em grande evento realizado no Bu�et Baiúca, em São Paulo, em jantar de gala para mais de 500 executivos e convidados.
Prêmio Empreendedor Brasil – Reúne e homenageia grandes empresas de segmentos distintos. Em 2011 chega a sua 5ª edição.
Divisão - Imagem Corporativa - Setor responsável pelo atendimento via assessoria de imprensa a clientes de diversos segmentos. Nossas estratégias são capazes de gerar visibilidade na mídia de forma espontânea, em nível nacional.
COMUNICAÇÃO INTEGRADA É O NOSSO NEGÓCIO!
Saiba mais em:
www.editorabrasilnoticias.com.br
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Von Glitschka, Designer Ilustrativo
design +ilustração
Propósitto: Desde quando você desenha? Qual é o
seu background em educação?
Von Glitschka: Eu tenho desenhado desde que era
um moleque. Eu costumava assistir desenhos anima-
dos, e então passava horas desenhando-os. Cresci
amando a revista MAD e ficção científica. Eu frequen-
tei o Instituto de Arte de Seattle, e me formei em seu
Muitos que estão saindo das escolas de arte agora têm um ar de superiori-dade que só vai fazer sua busca por liberdade criativa mais frustrante“
curso de Arte Comercial.
Propósitto: Você sempre quis ser um designer, ou
pensou em trabalhar apenas como ilustrador?
VG: Eu me refiro a mim como um “Designer Ilustra-
tivo” porque eu faço ambos todos os dias. Eu faço
bastante desenvolvimento de logo e marcas, mas a
maioria do meu design tende a puxar um quê ilustra-
25
Von Glitschka, Designer Ilustrativo
tivo para ele. Então esta meio que se transformou em
minha especialidade. Eu faço ilustração pura de tem-
pos em tempos, mas a maioria dos meus projetos são
de design que requerem uma aproximação ilustrativa.
Eu nunca quis realmente ser apenas ilustrador, eu
amo design demais para fazer isso. Então eu curto
fazer os dois.
Propósitto: Você se apresenta como “Designer
Ilustrativo”. Você acha que isso o ajudou a se dife-
renciar ou pode ter limitado seu campo de opções?
VG: Eu penso que se aproximar da comunidade cria-
tiva como um tipo único de criação pode limitar você.
Se tudo que eu vendesse de mim fosse um ilustra-
dor eu não seria contratado para trabalhar com logo
e trabalhos de branding. Eu me vendo como ambos
porque eu gosto de fazer ambos. Eu gosto de expe-
rimentar coisas novas também. Eu fui contratado ano
passado para fazer um padrão repetitivo para uma
companhia, e eles repararam que eu fazia logos tam-
bém eles me chamaram para um serviço de re-bran-
ding. Mais tarde, eu redesenhei toda a parte colateral
impressa deles, e os ajudei a encontrar o tom certo
para sua campanha de marketing.
Eles se transformaram em um de meus maiores clien-
tes, então se tudo que eu tivesse vendido de mim fos-
se um ilustrador eu teria limitado a mim mesmo. Eu
gosto de trabalhar nos grandes desafios com o clien-
tes, ajudá-los na sua estratégia e pensar em seus mo-
dos de se apresentar no mercado.
Propósitto: Você trabalhou em vários estúdios an-
tes de abrir o seu próprio. Como você avalia a im-
portância de ter sido parte de um time, antes de
liderar um time? Em outras palavras, você acha
que é válido uma pessoa sair da faculdade e ime-
diatamente abrir um estúdio?
VG: Boa pergunta. Eu trabalhei para outras pessoas
por 15 anos antes de iniciar meu próprio negócio.
Você nunca pode substituir experiência com simples
criatividade. Eu acho que um designer será muito me-
lhor trabalhando no contexto de um time, para que ele
aprenda todos os detalhes de um processo criativo e
as relações que seguem com ele, de modo a melhor
entenderem a si próprios, suas forças, suas fraquezas
e aprender com isso. Trabalhe cinco anos nesse tipo
de trabalho, e então você pode considerar em montar
seu próprio negócio.
26
Muitos que estão saindo das escolas de arte agora
têm um ar de superioridade que só vai fazer sua busca
por liberdade criativa mais frustrante, e eles somente
vão conseguir irritar aqueles que potencialmente po-
deriam lhes dar trabalho, e com os quais eles pode-
riam aprender uma rica e realista experiência.
Propósitto: Como a crise financeira está afetando
o negócio de design nos EUA? Você sentiu algum
aumento/ diminuição na quantidade de trabalhos?
VG: 2009 foi muito ruim para todo mundo, incluindo
para mim. 2010 tem sido muito melhor, mas isso prova
para mim que nós precisamos ser mais versáteis do
que rigidamente especializados. Querer aprender no-
vas coisas, conhecer nossas forças e fazer parcerias
com aqueles que fazem coisas melhores que nós, e
fazer times com eles em nossos projetos.
Propósitto: Qual é o balanço da sua companhia en-
tre grandes e pequenos clientes, e qual é a impor-
tância de ter pequenos clientes?
VG: É mais ou menos meio-a-meio para mim. A agên-
cia trabalha para grande clientes corporativos global-
mente e pequenos proprietários de negócios que me
contratam para ajudá-los. Eu gosto de ambos. Real-
mente, não tenho uma preferência.
Propósitto: Como é o seu processo? Você tem al-
gum tipo de rotina?
VG: É bem metódica. Vocie poder ver o passo a passo
de alguns projetos pelos meus tutoriais em
http://www.illustrationclass.com
Propósitto: Qual tipo de trabalho você gosta mais?
VG: Eu adoro desenvolver e desenhar logos e proje-
tos de identidade. Esse é provavelmente meu tipo fa-
vorito de trabalho.
Propósitto: Você já esteve no Brazil? Conhece al-
guém ou alguma empresa de design daqui? O que
você acha? z
VG: Eu falei com algumas pessoas de uma Universi-
dade daí no ano passado a respeito de uma palestra,
mas acabou não dando certo, por causa da economia.
Eu adoraria fazer uma palestra e fazer um workshop
seria muito bom. Se você conhecer alguma Universi-
dade ou Escola de Artes, aponte-os para cá:
http://www.vonglitschka.com/speaking/
A MELHOR E
MAIS COMPLETA
DO MERCADO
LINHA DE RACKSE ACESSÓRIOS
www.rackhouse.com.brCentral de Atendimento: 11 5096-4700Nextel ID 86*28654
27
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Chris Sickels, ilustrador e escultor
ilustração + escultura
Propósitto:(Eu sempre pergunto isso) – Qual é seu
background em educação? Como você começou?
Chris Sickels: Eu me formei na Academia de Artes de
Cincinnati, Ohio – EUA durante 1992-96. Foi no meu
segundo ano de faculdade quando fui apresentado a
profissão de ilustrador, até então eu só tinha noção
real de design de produto e artes plásticas.
Propósitto:Quais são suas maiores influências?
CS: Alexander Calder, especialmente seus primeiros
circos. Tim Hawkingson, animação em stop motion, e
muitos outros artistas e coisas.
Propósitto: Você sempre sentiu que a escultura era
sua midia ideal? Ou procurou outros campos, como
pintura ou design?
CS: Eu me formei como pintor, e curti todos os aspec-
tos das classes na escola, das marcenarias, fotografi-
as, gravuras, escultura, design, tipografia, e foi depois
de 4, 5 anos anos após a escola que eu realmente
comecei a integrar meu amor pela escultura com min-
ha paixão por ilustração.
Uma vez me disseram que meu pro-cesso de trabalho era como assistir a alguém fazer salsicha. Se você vê como é feito, não vai querer comer.“
29
Propósitto: No estúdio Red Nose você trabalha
sozinho ou tem um time com você?
CS: Sou só eu, apesar de que meus filhos geralmente
me acompanham no estúdio.
Propósitto: Você mesmo faz prospecção de cli-
entes, ou tem um agente (isso se ainda precisar de
fazer prospeção)?
CS: Definitivamente eu ainda preciso prospectar cli-
entes! E sim, eu tenho um agente fantástico, Magnet
Reps, com quem eu tenho trabalhado por 10 anos.
Colaboração em malas diretas para clientes, junto
com a promoção do website e blog pela agência da
Magnet Reps, a até colaboração com Frank Sturges
Reps (outra agência de ilustração) para produzir um
catálogo/revista anual, The Artalog de novos trabal-
hos de ilustradores nos dois grupos e recursos para
trabalhos em novos mercados.
Propósitto: Eu ouvi dizer que, até recentemente,
você ainda não usava uma câmera digital para fo-
tografar seu trabalho. Isso é verdade? Porque?
CS: Até a metade de 2008 eu estava fotografando cro-
mos de 4X5 polegadas. Mesmo depois que o labo-
ratório local parou de revelar filmes desse tamanho,
eu comprei uma mesa processadora alemã e revelava
meus próprios filmes na lavanderia de casa. Quando a
Polaroid parou de produzir o filme que eu usava para
30
a iluminação preliminar e composição eu decidi que
estava na hora de desistir, e começar a migrar para
as digitais. Eu admito que gosto das forças do que
as câmeras digitais podem produzir, mas ainda sinto
falta dos dias em que segurava um slide de 4X5 na
mesa de luz, curtindo a magia e o mistério do filme.
Propósitto: Alguns dos trabalhos mais impressio-
nantes que vi nos ultimos tempos vem de ilustra-
dores. Existe uma discussão sem fim a respeito
de se a ilustração é ou não arte. Qual a sua opin-
ião a respeito? E como você vê o mercado de arte
hoje em dia?
CS: Isso pode ser uma resposta cliché, mas vou diz-
er por mim: Eu faço coisas, porque eu preciso disso.
Se eu sou pago para fazer algumas coisas para um
cliente, e em retorno eu ganhou aquecimento e co-
mida para meus filhos, então eu acho ótimo. Se al-
guém quer dizer que isso é ou não arte, é com eles.
Eu só quero fazer essas coisas.
Propósitto: Que tipo de trabalho você aprecia
mais fazer: editorial ou publicidade?
CS: Eu gosto de trabalhos onde o diretor de arte e eu
temos uma confiança mútua em o que fazemos. Ape-
sar de que publicidade tende a pagar melhor, que
pode compensar pela falta de outras coisas em um
trabalho particular
RT: Você tem uma rotina? Pode explicar como é
seu processo criativo?
CS: Eu tento fazer meu trabalho em horário com-
ercial, sempre que possível. Das oito as cinco, seis
da tarde. Desse modo eu tenho tempo para minha
família.
Um bom amigo uma vez me disse que meu processo
de trabalho era como assistir a alguém fazer salsi-
cha. Se você vê como é feito, não vai querer comer.
Propósitto: Que tipo de materiais você usa em
suas criações?
CS: Qualquer coisa, e tudo que eu puder. Eu já de
tudo, de madeira, arame, espuma, comida, água
em spray, peixes (tanto vivos quanto mortos), um
amassador de alho, metal e lixo, pra citar alguns.
Propósitto: Você já esteve no Brasil? Conhece al-
gum artista ou designer daqui?
CS: Infelizmente nunca estive no Brasil (ainda).
31
APAESão RoquePRODUÇÕES MUSICAIS
CJJ ENGENHARIA
Soluções em Gestão de Pessoas
Engemídia
Softon
A Propósitto agradece outros vários parceiros, amigos e clientes, que de uma forma ou de outra, estiveram presentes em nossa história. Valeu!
32
Daniel Lieske, criador do Wormworld Saga
ilustração + concept art
Propósitto: Como você começou sua carreira de
ilustrador?
DL: Quando eu saí da escola, em 1998 e tinha ter-
minado meu serviço militar, eu consegui um estágio
em um estúdio de desenvolvimento de games. Após
o término do estágio, me ofereceram um emprego
de tempo integral, e aí eu comecei a criar ilustrações
profissionalmente.
Propósitto: Que tipos de trabalhos você faz normal-
mente? Tem algum tipo que você gosta mais?
DL: Eu estou trabalhando como artista de games, e
meu trabalho vai da arte conceitual em 2D, modelagem
3D, criação de texturas e design de interface. De todos
estes, meu favorito é a arte conceitual, porque fica mais
próximo da minha paixão, que é pintura digital.
Propósitto: Você tem alguma rotina? Como é?
DL: Quando eu chego em casa do meu trabalho
diário, de noite, eu janto com minha esposa e nos-
so pequeno filho, e então eu vou pro meu estúdio,
e trabalho na saga de Wormwolrd por duas horas.
Eu tento manter os finais de semana livres, mas nem
sempre funciona.
Seu trabalho vai se espalhar muito mais amplamente se for gratuito e o único limite for a qualidade dele“
33
34
Propósitto: Falando em quadrinhos. Você já traba-
lhou para grandes editoras, como a Marvel, a DC
ou outra?
DL: A saga de Wormworld é meu primeiro projeto de
quadrinhos, e eu nunca trabalhei para editoras. E não
acho que eu gostaria de trabalhar como um artista
contratado para editoras como Marvel ou DC. Eles
mantém os direitos de tudo que você faz para eles,
e você só fica com uma fração do dinheiro que eles
fazem com sua arte.
Propósitto: Nós estamos vivendo uma explosão
de novas tablets entrando no mercado. Isso afe-
tou sua decisão sobre qual trilha você deveria usar
para fazer sua Graphic Novel?
DL: Quando comecei a saga de Wormworld, o iPad
não tinha sido anunciado ainda. Mas quando foi, eu
imediatamente soube que poderia ser o equipamento
perfeito para se ler minha graphic novel. Estou muito
feliz em saber que haverão tantas tablets diferentes no
mercado em pouco tempo, porque será uma grande
oportunidade para apresentar meu trabalho na melhor
forma possível para muitas pessoas.
Propósitto: Você acha que nos próximos anos ini-
ciativas como a sua podem redefinir o modo que
lemos quadrinhos?
DL: Uma coisa especial sobre a saga Wormworld é
que ela foi desenhada como um produto estritamente
digital, desde o começo. O layout padrão para livros
tem uma série de limitações do ponto de vista criativo,
e se ater a esse formato vai limitar as possibilidades
dos quadrinhos. Eu vejo muitas versões digitais de
quadrinhos que que são apenas transcrições das ver-
sões de papel, e eu acho que isso é um desperdício
de oportunidade. Eu espero que minha visão possa
inspirar outros artistas para criar quadrinhos virtuais
de verdade. Isto vai dar a eles mais opções de cria-
ção, mas também uma grande oportunidade de se
auto editar de maneira fácil.
Propósitto: Que conselho você pode dar a novos
autores e artistas que estão procurando auto editar
seus trabalhos? Você acha que será possível fazer
dinheiro de verdade nesse mercado?
DL: Eu diria para eles jogarem fora a ideia de “todo
mundo que quiser ver meu trabalho tem que pagar”.
Seu trabalho vai se espalhar muito mais amplamente
se for gratuito e o único limite for a qualidade dele.
ISSO é a real medida do seu sucesso. Se seu tra-
balho não se espalhar, isso é simplesmente porque
não é bom o bastante, e você terá que trabalhar mais
duro. Mas quando seu trabalho é bom, você vai des-
cobrir que existem pessoas querendo te dar suporte.
Hoje em dia, meus fãs me doaram mais dinheiro do
que qualquer editor teria me pago para publicar meu
trabalho.
35
Propósitto: Você conhece o Brasil, ou algum artista
daqui?
DL: Não conheço muito sobre o Brasil, Mas eu fiquei
muito surpreso em quantos fãs daí se ofereceram para
traduzir a Saga Wormworld para sua língua. Eu recebi
dez vezes mais ofertas do Brasil do que de qualquer
outro país e realmente me fez pensar que eu preciso
visitar seu País em algum ponto no futuro. Talve exista
alguma convenção de quadrinhos, ou algo do tipo. Eu
adoraria visitar a América do Sul. Minha esposa tem
parentes no Chile e na Argentina.
Propósitto: Bom, acho que é isso, obrigado por seu
interesse!
DL: Obrigado pelo SEU interesse. Fico feliz em poder
espalhar a ideia mais ainda pelo Brasil!
36
Carlos Segura, da Segura Inc.
design + tipografia
Propósitto: Como você decidiu se tornar um desig-
ner gráfico? Quando você percebeu sua paixão por
tipografia?
Carlos Segura: Quando eu estava crescendo em Mia-
mi, bem jovem, eu me tornei membro de um grupo
musical chamado Clockwork, como roadie do bateris-
ta, e eventualmente acabei o substituindo. Esta banda
era um negócio de verdade, e nós a tratávamos desta
forma, tínhamos dois serviços de gerenciamento, um
formato bastante estrito, procedimentos e calendá-
rios. Nós eramos bem grandes no cenário musical de
Miami nos anos setenta, éramos agendados com dois
anos de antecedência.
Isto nos deu muitas responsabilidades, mas também
um monte de deveres, e os meus eram três… eu era
o baterista, dirigia o caminhão dos equipamentos e
promovia nossos shows.
Nessa época eu não tinha a menor ideia de que es-
tava fazendo “design gráfico” (já que eu nem sabia o
que isso era). Eu estava simplesmente fazendo que
Mentes pequenas matam grandes ideias.“
as pessoas soubessem onde nós estaríamos tocando
(um pouco parecido com os flyers de raves de hoje
em dia).
Mais ou menos doze anos depois, quando eu deixei
a banda, eu tinha um portfolio cheio dessas criações,
e meu padrinho sugeriu que eu fizesse uma entrevista
numa firma de design. Eu fiz, e consegui meu primeiro
trabalho real numa empresa de engenharia em Nova
Orleans como seu designer chefe.
Enquanto eu trabalhava lá, eu respondi a um anún-
cio de jornal de Baton Rouge que procurava por um
diretor de arte para uma pequena agência, e conse-
gui o trabalho. Durante meus nove meses lá, nós fize-
mos inúmeros projetos, entramos na competição do
Clube da Propaganda, e ganhamos mais prêmios do
que várias outras agências naquele mercado, então a
questão apareceu: “quem é este cara que nós nunca
ouvimos falar?”. Uma revista da área fez uma pequena
estória sobre a controvérsia, e uma agência de propa-
ganda em Chicago leu a respeito, me contatou, me fez
37
uma oferta, e lá fui eu para Chicago em 1980.
Mas de alguma forma, meus flyers estavam indo para
o topo das mais reconhecidas promoções de bandas
da época, e eu fiquei conhecido por esses impressos
em preto e branco.
Propósitto: Você trabalhou em várias das maiores
agências dos Estados Unidos. Como foi o proces-
so de decisão de partir para carreira solo? Como
foram os primeiros dias como um dono de estúdio?
Eu entrei no ramo da publicidade puramente por aca-
so, e simplesmente pelo fato de que nunca tive ne-
nhum treinamento formal ou educação no assunto, eu
realmente não sabia a diferença entre publicidade e
design. Eu apenas queria um meio para expressar mi-
nha criatividade e precisava de um emprego, então eu
apenas procurei um lugar para trabalhar.
Enquanto estava lá, eu tive bastante treinamento so-
bre “o trabalho”, e comecei a ver as diferenças, na
maior parte em como (ou o processo criativo) me fa-
zia me sentir. Design começou a parecer mais como
uma expressão pessoal e uma experiência orgânica
versus o metódico, o empacotado – e frequentemente
focado nas necessidades das massas – mercado da
criação publicitária. Não quero desrespeitar nenhuma
carreira, mas é simplesmente diferente.
Então, por anos eu pensei em largar tudo e começar
minha própria loja, mas esses eram os bons velhos
tempos do negócio de publicidade, e as coisas esta-
vam bem. Muito bem. Eu fiquei confortável demais e
aguentei mais do que deveria, mas minha infelicidade
tirava o melhor de mim, e em 1990 eu me demiti, e
comecei a Segura Inc.
Eu fiquei ocupado desde o primeiro dia. Eu tinha sorte.
Durante meu tempo no mundo da publicidade, eu es-
colhi me especializar em impressos. Isso, numa épo-
ca em que a televisão era a rainha (com spots de TV
de 60 segundos como norma) e o “multimídia” come-
çando a ver a luz do dia. Cada diretor queria sair para
gravar um comercial. Eu queria produzir um anúncio
(e nessa época, era tudo feito a mão).
Até hoje, existe uma alegria particular que vem de diri-
gir arte, desenhar, elaborar e dirigir a criação de tipos
– é um meio de comunicação que é muito especial e
que eu não encontro em outras formas de expressão.
38
Uma vez que um layout vem a vida, você sente que
é parte de você. Eu gosto dessa sensação. E tenho
essa reputação.
Quando a notícia de que eu tinha saído, e que era, em
essência, um “agente livre”, eu recebi chamados das
agências pedindo para que eu fizesse seus impres-
sos, e fiquei grandemente envolvido em seus nichos
de negócios. O fluxo de trabalho continuava crescen-
do cada ano, e apesar de ter simplesmente coisas
demais para mencionar, era basicamente trabalho de
agência no começo, e então foi mudando para dire-
ção de arte para clientes de todo lugar do mundo.
Propósitto: Quais são as grandes diferenças de
trabalhar para grandes corporações e ser dono de
seu próprio negócio?
CS: Quando você é dono do seu negócio, você faz
tudo. Você tem que fazer.
Ter o seu próprio negócio será a coisa mais recom-
pensadora que você fará na sua vida. Mesmo se você
deixar de lado as recompensas finaceiras, as liberda-
des e opções que isso traz a sua vida não têm preço.
Apenas saiba que nunca trabalhará mais duro em sua
vida, porque, de repente, tudo será problema seu.
Propósitto: Eu imagino que hoje em dia você seja
um executivo, não apenas uma força criativa em
seu trabalho. Como você divide seu tempo entre
tarefas administrativas e o processos criativos?
CS: É um pouco do que eu falei acima, mas controlar
seu tamanho é a melhor forma de gerenciar seu tem-
po e tarefas. Não cresça para ser grande, cresça para
ser formidável.
Faça as coisas que são mais importantes, que signifi-
quem mais para você e tenha algo de artesão, de qua-
lidade neles. Fazer pelo menos um pouco desses por
ano será uma afirmação muito mais poderosa do que
fazer centenas de pequenos e típicos projetos. Isso,
qualquer um pode fazer.
Propósitto: Com a explosão na venda de tablets, as
pessoas tem lido cada vez mais coisas diretamente
na tela. Quais são, na sua opinião, as maiores dife-
renças em desenhar fontes para telas?
CS: Existe um bocado de óbvias diferenças tecnoló-
gicas, mas a “verdade” da tipografia está no tipo, não
no veículo que o entrega. O que eu quero dizer é que
se você planeja usar uma tipografia para texto, ela pre-
cisa fazer o trabalho dela como tal, seja em um jornal,
39
seja num iPad.
Propósitto: Quando estive em sua palestra, você
falou em experimentar coisas radicais (me lembro
de uma capa de CD que usou um esquilo morto es-
caneado). Você ainda encontra espaço para esse
tipo de experimentação?
CS: Com certeza. Criação vem de tudo.
Todos os dias, criativos pensam dos mais variados
modos. Eu tendo a processar pensamentos por um
bom tempo antes de chegar no coração da matéria,
e o modo que faço isso é fechar meus olhos e “esca-
par”. Para mim, é quando eu começo o processo de
ir dormir. Eu tropeço nesse lugar temporário de “pen-
samentos” que eu frequentemente não consigo visitar
durante meus dias ocupados.
É bastante sossegado, e muito otimista, porque me faz
sentir como se eu pudesse fazer tudo. Aparte de todas
as limitações “reais” que o mundo coloca em mim.
As ideias nascem desse sentimento autêntico, e não
“preparado” ou “forçado” por causa de uma tarefa ou
prazo.
Em dois exemplos específicos, foi assim que eu dei a
luz a nossas companhias irmãs, http://www.5inch.com
and http://www.t26.com.
Propósitto: Quem são suas maiores influencias em
design e tipografia? E quais outras atividades inspi-
ram você?
CS: Não é bem “quem”, mas mais “o que”, e a res-
posta é meio cliché. Tudo. Eu acho que meio limitan-
te excluir varias fontes como inspiração. Não é o que
criativos fazem, já que eu acredito que todos os cria-
tivos tendem a ser influenciados pelos seus arredores
como um todo.
Eu estou em meu computador quase o dia inteiro ex-
ceto quando dormindo). Eu faço uma quantidade tre-
menda de posts em blogs (para todos os meus sites),
então a quantidade de inputs fica quase surreal. Me
expõe a todas as grandes coisas que os humanos po-
dem fazer, e isso é bem impressionante.
Propósitto: Existe algum trabalho de sonho que
você ainda não fez? O que seria?
CS: Eu sempre quis ser um engenheiro de som ou
editor. Qual é o seu conselho para jovens designers
que querem construir uma carreira em tipografia?
Olhe tudo de muitos ângulos e rapidamente você terá
um ângulo próprio. Não deixe coisas acontecerem
com você. Faça coisas acontecem com você. Se você
for sonhar, sonhe grande, é de graça.
Eu tenho alguns, mas um recente comentário de Chris
Economaki faz tudo fazer sentido… “Não gaste tempo
ficando pronto. Esteja sempre pronto”.
Lembre-se….mentes pequenas matam grandes
ideias.
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Lisa Keene, concep artist da Disney
ilustração + concept art
Propósitto: Qual é a sua formação artística?
Lisa Keene: Eu amava desenhar quando era criança,
e me inscrevi em todas as classes de arte que pude
enquanto estava na escola. Meu pai também me leva-
va a um cavalheiro que me ensinou pintura a óleo, era
nosso tempo de pai/filha. Foi daqui que eu decidi que
queria fazer uma carreira em arte, mas ainda não sa-
bia como fazer isso. Eu frequentei a University do Sul
da California por um ano, tirando assim minha edu-
cação formal do caminho, e então me transferi para
Se te inspira, e fala ao apreciador e traz algum valor de felicidade, eu chamo de arte. “
para o Centro de Artes e Design e consegui minha
licenciatura em Artes Plásticas.
Propósitto: Como voce começou a trabalhar na in-
dústria do entretenimento?
Lisa Keene: Foi meio que por acidente. Eu não gos-
tava de história da arte, que era um requerimento na
escola, era tão árido. Mas eu descobri que poderia
ganhar os mesmos créditos requeridos se eu frequen-
tasse História do Cinema, que era muito mais diverti-
do. Então, combinar meu amor por assistir filmes da
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Disney quando criança e agora meu conhecimento
de cinema, foram uma óptima combinação quando fiz
minha entrevista e fui contratada. Eu nunca sai da Dis-
ney, e estou lá por quase 30 anos.
Propósitto: Você poderia explicar como o trabalho
de Concept Art é feito? Como é a interação entre o
artista e o diretor do filme?
Lisa Keene: Isso difere de diretor para diretor. Por
exemplo: alguns podem ter uma ideia clara do estilo
que querem usar, digamos art noveau, e querem um
visual bastante influenciado pelo tempo. Ou o director
pode não ter uma ideia, e então é deixado para os
artistas de desenvolvimento visual para propor estilos
que inspirem a direcção. Eu já estive dos dois lados,
e ambos tem seus desafios. Daí, é ler o script e imagi-
nar momentos que reflitam o filme no estilo escolhido,
para inspirar e informar a produção. Este processo in-
terativo pode se extender por um bom tempo. É um
processo muito colaborativo, não apenas com o dire-
tor, mas com seus companheiros artistas também. É
meio como uma pirâmide onde há uma grande base
de arte, e enquanto nós trabalhamos juntos e nos ins-
piramos uns aos outros, o diretor faz escolhas e fica-
mos mais e mais perto do topo, e das respostas finais.
Propósitto: Você trabalha tanto na industria de
filmes quanto na área das Artes visuais. Você en-
xerga uma separação entre os dois campos? Em
outras palavras, você considera ilustração como
arte?
Lisa Keene: Esta é uma ótima pergunta, e uma que
tem sido ponto de discussão e argumento por todo o
tempo. Eu acho que nós esquecemos que os artistas
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que nós vemos pela história faziam arte pelo paga-
mento. Do teto da Capela Sistina ao retrato de famí-
lias ricas, artistas têm que vender seus trabalhos para
poder sobreviver. Então, qualquer arte que é vendida
por dinheiro reduz a arte a ilustração, minha mente.
Ilustração é feita para comunicar uma ideia, uma his-
tória, um produto etc. Então o que é exatamente Artes
Plásticas? Eu acho que está no olho do observador.
Se te inspira, e fala ao apreciador e traz algum valor
de felicidade, eu chamo de arte. E, quando passar o
tempo, se a arte continuar a trazer essa felicidade e
inspiração, talvez os críticos chamem de arte.
Propósitto: Eu notei que o estilo da sua arte varia
da anatomicamente perfeita até o estilo cartunes-
co. Você acha que um ilustrador deve ter um estilo
muito definido? Ou deve acomodar seu traço de-
pendendo do trabalho?
Lisa Keene: Eu tenho dois pontos de vista aqui. De-
pende se ficar empregado é importante para o artista.
Se ele quer ficar consistentemente empregado e ser
útil a indústria, então ele precisa se flexível e adaptá-
vel. Isso não quer dizer abrir mão de seu estilo pesso-
al, quer dizer desenvolver uma habilidade de entender
o que um diretor gostaria que ele entregasse. Ás ve-
zes um artista é tão altamente considerado que não
importa se seu estilo ofusca a direção visual. Eles são
respeitados pelo que fazem, e foram procurados por
seus estilos pessoais. Algumas vezes esses estilos
podem ser acusados de serem modismos, e quan-
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do as pessoas se cansam de ver aquilo, querem algo
novo. É um perigo dessa indústria. Então, como artis-
tas, devemos manter nosso estilo fresco e inspirador,
isso nos ajuda a continuar a bordo também. E tam-
bém precisamos pintar para nossas próprias almas.
Arte que faz o artista feliz! Então, respondendo de ma-
neira rápida à pergunta: os dois!
Propósitto: Você trabalhou em projetos como o Rei
Leão e a Bela e a Fera, que era primariamente dese-
nhados à mão. Agora, os desenho feitos por com-
putador quase totalmente dominam a indústria.
Quanto o trabalho de concept art mudou depois do
advento do CGI (Computer Graphics Imagery)?
Lisa Keene: Bem, em vários aspectos, não muito. Nós
trabalhamos bem no começo do processo, então o
meio que o filme será produzido importa muito pou-
co. Porém, dito isto, o padrão estabelecido está muito
alto actualmente. Com a animação em 3D, e o cruza-
mento entre lie action e híbridos, muitas portas foram
abertas, e tornaram o trabalho muito mais divertido e
desafiador.
Propósitto: Os Estados Unidos são a força princi-
pal no mundo da animação. Você vê outros merca-
dos no mundo aparecendo, em outro países?
Lisa Keene: Claro! Com todos os softwares e disponi-
bilidade e queda nos preço para fazer filmes, qualquer
um com talento, em qualquer lugar do mundo pode
produzir e mostrar seu trabalho, e inspirar outros di-
retores. Frequentemente olhamos para outros artistas
em outros países para nos influenciar e inspirar, de
maneira que a arte não fique travada. Então, outros
mercados estão fazendo um grande impacto na forma
da arte.
Propósitto: Quais são suas influencias principais?
O que inspira você?
Lisa Keene: Uma questão gigante, mas com uma res-
posta simples. O mundo ao meu redor. Tudo de arte,
simplesmente sair, internet, fotografia… e está cons-
tantemente mudando. Ser uma artista é sempre es-
tar um pouco insatisfeita com seu próprio trabalho. É
o que nos mantém sempre tentando novas coisas, e
movendo em frente.
Propósitto: Você tem algum trabalho com o qual
você sonhe e ainda não realizou? O que seria?
Lisa Keene: Eu acho que algum dia eu gostaria de
pintar o que eu quiser, e me divertir fazendo. Eu não
ligo para o que seja, só estar feliz com arte é o melhor
sonho. E viver disso, o que é importante.
Propósitto: Você conhece algum artista do Brasil?
Lisa Keene: Não, ou pelo menos acho que não.
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Seria uma injustiça dizer que todos aqueles que fizeram parte do ano da
Propósitto estão aqui nessa revista.
Muito pelo contrário, acho que a maior parte das pessoas que influenciam
no dia-a-dia de uma empresa não aparecem aqui, por uma questão de que
eu jamais conseguiria fazer justiça a todos, e em seu devido tamanho de
contribuição.
Afinal, cada amigo que a gente encontra, uma mensagem no Facebook, um
retweet concedido na hora certa, muitas vezes por pessoas que você nem
conhece, fazem a roda girar, e as vezes um dia chato pode se transformar
num grande acontecimento, porque alguém te disse algo no momento exato.
O certo é que sozinhos, não iremos longe. E no próximo ano, com certeza
essa verdade se repetirá, talvez com mais força ainda.
Podemos estar cada um em seu polo de trabalho, mas estamos cada vez
mais conectados. Se no passado já diziam que ninguém é uma ilha, hoje
então essa é uma afirmação quase óbvia.
É por isso que, ao desejar os melhores votos de alegria e prosperidade para
todos os nossos parceiros, amigos, parentes e aqueles que, mesmo sem
dar muita atenção, passearam por nossas vizinhanças, queremos ser muito
enfáticos. Queremos de verdade que todos vocês tirem o máximo de cada
segundo de 2012.
Pois mesmo que distantes, mesmo que dissonantes, somos parte de uma
mesma rede. E sempre é mais fácil mover algo grande se muitos ajudarem.
Em suma, sua prosperidade faz a nossa.
Feliz 2012!
Essa mensagem não seria justa se não guardasse um espaço especial para
agradecer àqueles que viveram mais de perto todas as emoções, alegrias
e porque não, as decepções de 2011. Minha esposa e grande batalhadora,
Gabriela, e meu filho e minha força motriz, Francisco.
Obrigado. É por vocês que eu acordo e em vocês que estou pensando a
cada fim de dia. Eu amo vocês. Que estejamos mais fortes, mais juntos e
mais felizes em 2012.
As Famosas Palavras Finais
2012
produtivo
feliz
autêntico
criativo
lucrativo
tranquilo
próspero
divertido
movimentado
pacífico
memorável
incrível
surpreendente
Desculpem. Não deu pra desejar uma coisasó pro ano novo.
A Propósitto espera que seu ano novo tenha tudo isso, e mais.
Que em 2012, possamos realizar e construir os melhores sonhos.
E se pudermos ajudar em alguns deles, conte conosco.
www.propositto.com.br
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Entrevistasrevista
Theo Rosendorf
Eric Karjaluoto Michael Golan
Daniel Lieske
Carlos Segura
Adi Granov
Von Glitschka
Chris Sickels