7/21/2019 Psicopedagogia Historico Fundamentos e Atuacao Versao Final
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Curso de Ps-Graduao La to Sensua Distncia
Psicopedagogia
Psicopedagogia: Histrico,Fundamentos e Atuao
Autor: Marta Brostolin
EAD Educao a DistnciaParceria Universidade Catlica Dom Bosco e Portal Educao
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SUMRIO
UNIDADE 1 TRAJETRIA HISTRICA DA PSICOPEDAGOGIA ..................... 03
1.1 Na Europa ......................................................................................................... 03
1.2 Nas Amricas: EUA e Argentina ....................................................................... 03
1.3 No Brasil ............................................................................................................ 05
1.4 A Psicopedagogia no estado de Mato Grosso do Sul ....................................... 07
UNIDADE 2 CONCEITUAO, OBJETO DE ESTUDO E BASESEPISTEMOLGICAS DA PSICOPEDAGOGIA ..................................................... 10
2.1 Conceito e Caracterizao ................................................................................ 10
2.2 Objeto de estudo da Psicopedagogia ................................................................ 12
2.3 Bases epistemolgicas da Psicopedagogia ...................................................... 16
2.4 Campos de atuao: o psicopedagogo e seus mbitos de interveno ............ 19
2.5 Abordagem psicopedaggica da aprendizagem e os problemas decorrentes doprocesso .................................................................................................................. 26
UNIDADE 3 O PSICOPEDAGOGO: FORMAO E IDENTIDADE DESTEPROFISSIONAL ..................................................................................................... 35
3.1 A formao como ponto de partida ................................................................... 35
3.2 Perfil, competncias e habilidades .................................................................... 36
3.3 A Associao Brasileira de Psicopedagogia ABPp ........................................ 39
UNIDADE 4 O PSICOPEDAGOGO E OS NOVOS DESAFIOS EDUCATIVOS .. 43
4.1 Desafios da escola atual ................................................................................... 43
4.2 O contexto educacional: a escola, a sala de aula, que espaos so estes? ..... 47
4.3 A Psicopedagogia como instrumento no auxlio prtica docente ................... 55
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UNIDADE 1 - TRAJETRIA HISTRICA DA PSICOPEDAGOGIA
1.1 Na Europa
A Psicopedagogia no nasceu no Brasil e tampouco na Argentina. Ela teve
sua origem na Europa, ainda no sculo XIX. Inicialmente, pensaram sobre o
problema de aprendizagem os filsofos, os mdicos e os educadores.
O nascimento da Psicopedagogia ocorreu na Europa do sculo XIX.
Todavia, o ano preciso ainda no um dado consensual na literatura. Segundo
Andrade (2004), ele teria acontecido na dcada de 1920, momento em que se
instituiu o primeiro Centro de Psicopedagogia do mundo. Ligado ao pensamento
psicanaltico de Lacan, tal centro, de acordo com a autora, fundamentou aquilo que
posteriormente foi nomeado de Psicopedagogia Clnica. Bossa (1994) e Masini et al.
(1993), por outro lado, apontam que a Psicopedagogia teria nascido no ano de 1946,
perodo em que se deu a criao dos primeiros Centros Psicopedaggicos na
Europa, em Paris, por Juliette Favez-Boutonier e George Mauco com direo mdica
e pedaggica. O nome Centro Psicopedaggico foi escolhido propositadamente,
para que os pais das crianas consideradas portadoras de problemas
encaminhassem os seus filhos com menos constrangimento, sugerindo que a
consulta seria de carter psicopedaggico e no mdico.
Estes Centros uniam conhecimentos das reas de Medicina, Psicologia,
Psicanlise e Pedagogia e tentavam readaptar crianas com comportamentos
socialmente inadequados na escola ou no lar, bem como atender crianas que
apresentavam dificuldades de aprendizagem na escola apesar de serem inteligentes
(MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).
1.2 Nas Amricas: EUA e Argent ina
Nos Estados Unidos, o mesmo movimento se desenrolava, porm a nfase
dada era maior nos aspectos mdicos, dando um carter biolgico abordagem das
dificuldades de aprendizagem.
Na segunda dcada do Sculo XX, surgem os primeiros centros de
reeducao para delinquentes infantis nos Estados Unidos e na Europa. Cresce o
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nmero de escolas particulares e de ensino individualizado para crianas
consideradas de aprendizagem lenta. Por volta de 1930, surgem na Frana os
primeiros centros de orientao educacional infantil, com equipes formadas pormdicos, psiclogos, educadores e assistentes sociais (MERY apud BOSSA, 2000,
p.11).
Esperava-se atravs desta unio Psicologia-Psicanlise-Pedagogia,
conhecer a criana e o seu meio, para que fosse possvel compreender o caso para
determinar uma ao reeducadora. Diferenciar os que no aprendiam, apesar de
serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficincia mental, fsica ou
sensorial era uma das preocupaes da poca.
Em seu percurso inicial, observou-se que a Psicopedagogia teve uma
trajetria significativa tendo primeiramente um carter mdico-pedaggico, do qual
fazia parte uma equipe do Centro Psicopedaggico: mdicos, psiclogos,
psicanalistas e pedagogos.
Somente a partir da dcada de 50 que ela se configura na Amrica do Sul.
A Argentina, pioneira na Amrica Latina, d incio formao universitria em 1956.
Tendo como precursora a europia Arminda Aberastury, professora, pediatra e
psicanalista e o argentino, Jorge Visca, considerado o pai da Psicopedagogia
(criador do Instituto de Psicopedagogia da Argentina, na dcada de 60) e
responsvel direto pela definio oficial da Psicopedagogia como rea de
conhecimento.
Na dcada de 70, surgiram em Buenos Aires, os Centros de Sade Mental,
onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnstico e tratamento. Estes
profissionais perceberam, um ano aps o tratamento, que os pacientes resolveram
seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distrbios de personalidade
como deslocamento de sintoma. Resolveram ento incluir o olhar e a escuta clnica
psicanaltica, perfil atual do psicopedagogo argentino.
A corrente europia influenciou a Argentina, que passou a atender as
pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem, realizando um trabalho de
reeducao. Os conhecimentos da Psicanlise e da Psicologia Gentica, alm detodo o conhecimento de linguagem e de psicomotricidade, eram acionados para
melhorar a compreenso das referidas dificuldades.
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Na Argentina, a Psicopedagogia tem um carter diferenciado da
Psicopedagogia no Brasil. Naquele pas so aplicados testes de uso corrente,
alguns dos quais no so permitidos aos brasileiros por serem considerados de usoexclusivo dos psiclogos (BOSSA, 2000, p. 58).
[...] os instrumentos empregados so mais variados, recorrendo opsicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligncia, provasde nvel de pensamento; avaliao do nvel pedaggico; avaliaoperceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogopsicopedaggico (Id. Ibid., 2000, p. 42).
1.3 No BrasilJ o movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histrico na
Argentina. Devido proximidade geogrfica e ao acesso fcil literatura (inclusive
pela facilidade da lngua), as idias dos argentinos muito tm influenciado a nossa
prtica.
A Psicopedagogia chegou ao Brasil na dcada de 70, em uma poca cujas
dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfuno neurolgica
denominada de disfuno cerebral mnima (DCM) que virou moda neste perodo,
servindo para camuflar problemas sociopedaggicos (BOSSA, 2000, p. 48-49).
A Psicopedagogia surge juntamente com a criao da Escola Guatemala, no
Rio de Janeiro, na dcada de 80. Esta escola iniciou um trabalho na ao preventiva
junto ao professor, ou seja, buscavam-se sadas para as impropriedades do ensino.
Porm, desde a dcada de 60, a Psicopedagogia comeou a se estruturar no Brasil
atravs de trabalhos de alguns autores brasileiros. Nesta poca, a preocupao
estava voltada mais para as deficincias que geravam problemas de aprendizagem,
do que a outros fatores.
1.3.1 Traos Histricos da Psicopedagogia no Brasil
Pode-se destacar como traos da Psicopedagogia no Brasil os seguintes:
Desmembramento das faculdades de educao em faculdade de
Pedagogia e Psicologia.
Comprometimento do currculo.
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Demanda por profissionais mais qualificados.
Reviso curricular na universidade e busca por um referencial mais
globalizante e menos tecnicista no final dos anos 70 e incio da dcada de
80.
Profissionais que trabalhavam com crianas com problemas de
aprendizagem buscam um aprofundamento maior.
Pesquisas na Argentina e a vinda ao Brasil do Professor Quirs.
Influncia de trabalhos de outros pases atravs de uma bibliografia
consistente.
Criam-se os primeiros cursos com enfoque psicopedaggico no incio da
dcada de 70 na PUC/So Paulo.
Profissionais que atuavam nas escolas no tinham viso clara dos
problemas de aprendizagem.
Distncia entre o acesso produo de Piaget e a prtica escolar
gerando inquietude nos profissionais.
A busca por um caminho que possibilitasse uma viso mais abrangente
que inclusse aspectos psicomotores, cognitivos e emocionais envolvidos na
aprendizagem.
Cria-se em 1979, em So Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae, o primeiro
curso regular de Psicopedagogia.
A partir da dcada de 80 surgem os cursos de especializao Lato Sensuem Psicopedagogia, a princpio em So Paulo e, posteriormente, em outras
instituies e regies do Brasil.
Sampaio (2006) confirma que o Brasil recebeu influncias tanto americanas,
quanto europeias, atravs da Argentina. Notadamente no sul do pas, a entrada dos
estudos de Quirs, Jacob Feldmann, Sara Pan, Alicia Fernndez, Ana Maria Muiz
e Jorge Visca enriqueceram o desenvolvimento desta rea de conhecimento no
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Brasil, sendo Jorge Visca um dos maiores contribuintes da difuso psicopedaggica
no Brasil.
Visca foi o criador da Epistemologia Convergente, uma linha terica que
prope um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integrao de trs linhas
da Psicologia: Teoria Psicogentica de Piaget; Escola Psicanaltica (Freud); e a
Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivire. Visca prope o trabalho com
a aprendizagem, em que o principal objeto de estudo so os nveis de inteligncia,
com as teorizaes da psicanlise sobre as manifestaes emocionais que
representam seu interesse.
1.4 A Psicopedagogia no Estado de Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, a Psicopedagogia comeou a escrever sua histria
em 1994, quando a UCDB/Universidade Catlica Dom Bosco, ofereceu
comunidade o primeiro curso Lato Sensuem Psicopedagogia Clnica e Institucional
da regio Centro-Oeste. Por ser uma nova rea de conhecimento, a sociedade de
modo geral desconhecia e estranhava o nome e seu campo de atuao. A perguntaque se ouviu durante muito tempo foi, psico o qu? O que faz o psicopedagogo?
uma espcie de psiclogo?
A partir desta primeira turma, muitas outras se constituram, sendo que a
UCDB continua oferecendo a formao em Psicopedagogia clnica e institucional,
gozando de muita credibilidade e reconhecimento da sociedade, em funo da
proposta pautada na formao de um profissional multiespecialista em
aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de diversas reas, a fim deintervir nesse processo, seja para potencializ-lo ou para sanar possveis
dificuldades, utilizando instrumentos prprios da Psicopedagogia.
A Psicopedagogia no interior do Estado do MS tem seu incio em 2003. Se
por um lado, pretendia apenas atender demanda das escolas que acumulavam
interrogaes sobre o processo de aprendizagem de seus alunos, sobretudo,
daqueles que tinham as dificuldades aparentes na atividade do aprender, por outro
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buscavam apenas responder a essas indagaes num plano mais restrito de
Psicopedagogia.
Nesse sentido, ao que tudo indica pretendia-se que educadores, dos diversos
nveis de ensino, tivessem essa formao para explicarem melhor suas prprias
prticas ante aqueles aprendizes que no conseguiam aprender, acompanhar os
contedos, passar o ano letivo obtendo as mdias necessrias ou satisfatrias, etc.
Sendo assim, formar-se como psicopedagogo era sinnimo de conhecer melhor sua
prtica, s isso.
Contudo, se por um lado, pretendiam ampliar a formao do professor,
promovendo a especializao, mais a ttulo de melhorias salariais, por outro no
ofereceram subsdios melhores para a aplicao da psicopedagogia tanto no
contexto clnico, quanto no institucional. Em outras palavras, havia uma melhoria de
salrio apenas, enquanto que a efetivao da prtica psicopedaggica ficava
relegada posterioridade.
Isso pode ser visto e entendido nos dias atuais quando so encontrados
profissionais que se dizem psicopedagogos, mas no exercem a prtica, nem sequer
sabendo qual o contexto clnico e qual contexto institucional pode ser efetivada essa
atuao.
Dessa forma, uma vez que as estruturas curriculares deixaram a desejar
muitos alunos desses cursos retornaram, posteriormente, s salas de aula para
refazerem a especialidade.
A partir do curso oferecido pela UCDB, alguns psicopedagogos criaram um
grupo de estudos, denominado mais tarde de ncleo, vinculado a ABPp Associao Brasileira de Psicopedagogia em So Paulo.
Exerccio 1
1. A Psicopedagogia no nasceu no Brasil e nem na Argentina, nasceu naEuropa no sculo XIX, mas esse dado no consensual na literatura,portanto, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) Segundo Andrade (2004), surgiu em 1920 com o primeiro Centro dePsicopedagogia.
b)Bossa (1994) e Massini (1993) apontam que a Psicopedagogia teria nascido no
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ano de 1946, perodo em que se deu a criao dos primeiros CentrosPsicopedaggicos na Europa, em Paris.
c) Surgiu na Frana em 1870, atravs do Centro de Psicopedagogia ligado aopensamento psicanaltico de Lacan.
d)Segundo Souza (2003) surgiu em 1920 o primeiro Centro de Psicopedagogia.
2. O movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histrico naArgentina, devido proximidade geogrf ica e ao acesso fcil literatura. Quala alternativa que no condiz com os traos histricos da Psicopedagogia noBrasil?
a) Pesquisas na Argentina e a vinda ao Brasil do Professor Quirs.
b)A ausncia de uma bibliografia consistente.c)Criam-se os primeiros cursos com enfoque psicopedaggico no incio da dcadade 70 na PUC/So Paulo.
d)A consistncia de uma bibliografia da Argentina.
3. Jorge Visca criou uma linha terica que prope um trabalho com aaprendizagem utilizando-se da integrao de trs linhas da Psicologia:TeoriaPsicogentica; Escola Psicanaltica e a Escola de Psicologia Social. Sua linhaterica denomina-se:
a)Epistemologia Convergente.
b)Epistemologia Psicogentica.
c)Epistemologia Psicopedaggica.
d)Epistemologia Divergente.
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UNIDADE 2 - CONCEITUAO, OBJETO DE ESTUDO E BASES
EPISTEMOLGICAS DA PSICOPEDAGOGIA
2.1 Conceito e Caracterizao
Para Neves, apud Bossa (2000, p.6):
Falar sobre Psicopedagogia , necessariamente, falar sobre aarticulao entre educao e psicologia, articulao essa que desafiaestudiosos e prticos dessas duas reas. Embora presente quasesempre no relato de inmeros trabalhos cientficos que tratamprincipalmente dos problemas ligados aprendizagem, o termoPsicopedagogia no consegue adquirir clareza na sua dimenso
conceitual.
O Novo Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa define o termo
psicopedagogia como aplicao da psicologia experimental pedagogia (1992,
p.111).
De acordo com Kiguel apud Bossa (2000, p.7), que tambm tem contribudo
para o processo de construo do saber psicopedaggico: a Psicopedagogia
historicamente surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a Psicologia, a partir dasnecessidades de atendimento de crianas com distrbios de aprendizagem,
consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional.
Fonte: http://www.enscer.com.br/neuroeducacao/inclusao/imagens/Image3.gif
Inicialmente, a Psicopedagogia foi usada de forma adjetiva, indicadora da
inevitvel intercesso desses dois campos do conhecimento que, em virtude do
desenvolvimento cientfico havido, tornaram-se campos separados. Dentro dessa
conotao adjetiva da Psicopedagogia, alguns autores, principalmente pertencentesao campo pedaggico, no final da dcada de 70 e incio dos anos 80 no Brasil,
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chamaram de atitude psicopedaggica o que na verdade era um psicologismo
radical.
O que esses autores no pareciam perceber era a influncia humanista1na
educao, em diversos momentos e, sobretudo, nos anos 60 e 70, de duas
correntes opostas da Psicologia que, tomadas como base terica, traziam
procedimentos pedaggicos diferentes. Por um lado, havia os aspectos da teoria
behaviorista, assumidos de forma absoluta, o que levou apologia das listagens das
instrues programadas, to ao gosto da poca. Essa tecnologia de ensino parecia
descartar por definitivo o papel do professor e colocava o aluno apenas como uma
pea de engrenagem, submisso a um processo que lhe era imposto e no qual tinhapouca ou quase nenhuma participao criadora.
Por outro lado, o movimento humanista, liderado pelas correntes rogerianas,
alcanava tambm a escola. Assim, ambas as abordagens aplicadas Educao
tinham como secundrio o aspecto social do sujeito, descartando a possibilidade
dele ser, igualmente, um fator decisivo na aprendizagem e fracasso escolar.
Surge ento, no incio da dcada de 80, um movimento que, apoiado no
materialismo dialtico, advogava para o social. Porm, essa corrente tambm
acabou perdendo a viso interdisciplinar e a multiplicidade de aspectos que o ser
humano apresenta. O social passava a ser o nico fator existente; o psicolgico e o
biolgico pareciam no existir no ser humano.
Neste contexto, a Psicopedagogia retornou gradativamente ao cenrio
pedaggico, adquirindo um carter interdisciplinar, buscando conhecimentos em
outros campos e, no momento atual, luz de pesquisas e contribuies das reas
de psicologia, sociologia, antropologia, lingustica, epistemologia e outras, constri
seu aporte terico.
Atualmente, vencendo a viso reducionista que identifica a palavra por suas
partes constitutivas (psicologia / pedagogia), a Psicopedagogia caracteriza-se como
1A abordagem humanista d nfase a relaes interpessoais e ao crescimento que delas resulta, centrada nodesenvolvimento da personalidade do indivduo em seus processos de construo e organizao pessoal darealidade, e em sua capacidade de atuar, como pessoa integrada. D-se igualmente nfase vida psicolgica e
emocional do indivduo e preocupao com sua orientao interna, com o autoconceito, com odesenvolvimento de uma viso autntica de si mesmo, orientada para a realidade individual e grupal.(MIZUKAMI, 1986).
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uma rea de conhecimento e de atuao dirigida para o processo de aprendizagem.
Difere da pedagogia porque no se ocupa de mtodos ou tcnicas de ensino, assim
como da psicologia escolar porque no reduz seu trabalho e investigao ao mbitoda escola.
De acordo com Bossa (2000), a Psicopedagogia um campo no qual
floresceu o conceito de sujeito autor, uma rea de estudo interdisciplinar que olha
para o sujeito como um todo no contexto no qual est inserido, que estuda os
caminhos do sujeito que aprende e apreende, adquire, elabora, saboreia e
transforma em saber o conhecimento. A concepo de sujeito autor como aquele
que constri seu pensamento se faz presente atravs de um corpo que sente, existe,ama e proclama sua liberdade de ser, de estar e viver no eterno presente, no eterno
agora.
Como conhecimento, interessa a todo aquele que se dedica educao,
pois possibilita uma anlise das teorias relacionadas com as aes de aprender e
ensinar, no apenas no sentido da prtica didtico-pedaggica, mas no substrato
epistemolgico que dela se origina para a formao do sujeito aprendente-
ensinante.
2.2 Objeto de estudo da Psicopedagogia
Na tentativa de elucidar melhor o termo psicopedagogia, vejamos qual o
objeto de estudo da Psicopedagogia segundo alguns psicopedagogos brasileiros.
Para Kiguel, apud Bossa (2000, p.8) o objeto central de estudo da
Psicopedagogia est se estruturando em torno do processo de aprendizagemhumana: seus padres evolutivos normais e patolgicos, bem como a influncia do
meio (famlia, escola e sociedade) no seu desenvolvimento.
De acordo com Neves apud Bossa (2000, p.12),
[...] a Psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levandosempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem,tomadas em conjunto. E mais, procurando estudar a construo do
conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar emp de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lheesto implcitos.
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Segundo Scoz, in Bossa (2000, p.8), a Psicopedagogia estuda o processo
de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ao profissional deve englobar vrioscampos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.
Do ponto de vista de Weiss (1992, p. 6), a Psicopedagogia busca a
melhoria das relaes com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na
construo da prpria aprendizagem de alunos e educadores.
Em suma, o objeto de estudo da psicopedagogia , portanto, um sujeito a
ser estudado por outro sujeito. Esse estudo pode ser atravs de um trabalho clnico
ou preventivo.
O trabalho c lnicose d na relao entre um sujeito com sua histria
pessoal e sua modalidade de aprendizagem buscando compreender a
mensagem de outro sujeito, implcita no no-aprender. Nesse
processo, investigador e objeto-sujeito interagem constantemente.
No trabalho preventivo, a instituio (espao fsico e psquico da
aprendizagem) objeto de estudos uma vez que so avaliados osprocessos didtico-metodolgicos e a dinmica institucional que
interferem no processo de aprendizagem.
Ainda, segundo Bossa (2000), na sua funo preventiva, cabe ao
profissional: detectar possveis perturbaes no processo de aprendizagem;
participar da dinmica das relaes da comunidade educativa, a fim de favorecer
processos de integrao e troca; promover orientaes metodolgicas de acordocom as caractersticas dos indivduos e grupos; realizar processos de orientao
educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.
Dos profissionais brasileiros citados, podemos verificar que o tema da
aprendizagem os ocupa e preocupa, sendo o processo de aprendizagem a causa e
a razo da Psicopedagogia. Este tambm o pensamento dos profissionais
argentinos que atuam na rea e que esto envolvidos pelo vis de suas formulaes
tericas mais expressivas, sendo os mais destacados: Alcia Fernandes, atravs de
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sua psicopedagogia clnica, a psicopedagogia operativa de Sara Paim, a
epistemologia convergente de Jorge Visca e Marina Mller.
Como prtica, em seus primrdios voltou-se para os problemas relacionados
com as dificuldades de aprender e o fracasso escolar, hoje, porm, visa favorecer a
apropriao do conhecimento pelo ser humano ao longo da sua evoluo, tendo por
objetivo a promoo e otimizao de aprendizagens. Configura-se como uma prtica
institucional e clnica que integra diferentes campos do conhecimento, envolvendo a
elaborao terica a respeito do ponto de convergncia com que opera.
As relaes com o conhecimento, o vnculo com a aprendizagem e as
significaes contidas no ato de aprender so estudados pela Psicopedagogia, a fim
de que possa contribuir para a anlise e reformulao de prticas educativas sociais
e para a ressignificao de atitudes subjetivas.
A definio do objeto de estudo da Psicopedagogia passou por fases
distintas. Em diferentes momentos histricos que repercutem nas produes
cientficas, esse objeto foi entendido de vrias formas. Houve tempo em que o
trabalho psicopedaggico priorizava a reeducao, o processo de aprendizagem era
avaliado em funo de seus dficits, e o trabalho procurava vencer tais defasagens.
O objeto de estudo era o sujeito que no podia aprender, concebendo-se a no
aprendizagem pelo enfoque que salientava a falta. Esse enfoque buscava
estabelecer semelhanas entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o
esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenas e acentuar a
uniformidade.
Posteriormente, surge uma nova fase fundamentada na Psicanlise e na
Psicologia Gentica. Essa concepo, segundo Bossa (2000, p.12), leva em conta
a singularidade do indivduo ou grupo, buscando o sentido particular de suas
caractersticas e suas alteraes, segundo as circunstncias da sua prpria histria
e do seu mundo scio-cultural.
Atualmente, a Psicopedagogia trabalha com uma concepo de
aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento biolgico
com disposies afetivas e intelectuais que interferem na forma de relao do sujeitocom o meio, sendo que essas disposies influenciam e so influenciadas pelas
condies scio-culturais do sujeito e do seu meio.
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Sendo a Psicopedagogia uma rea de conhecimento e de atuao dirigida
para o processo de aprendizagem, seu objeto de estudo o ser cognoscente, ou
seja, o sujeito que se volta para a realidade e dela retira um saber. Vista no mbitode um sistema complexo e inerente condio humana, a aprendizagem no
estudada pela Psicopedagogia no espao restrito da escola, ou num determinado
momento da vida, posto que ocorre em todos os lugares, durante todo o tempo de
existncia.
Podemos afirmar tambm que sendo o objeto de estudo da Psicopedagogia
a aprendizagem como uma forma que a espcie humana desenvolveu para se
adaptar ao meio, pela complexidade desse mecanismo, a Psicopedagogia configura-se como um campo multidisciplinar, cercando-se para isso de disciplinas tericas
sobre as bases orgnicas, psicolgicas e sociais. Neste prisma, o trabalho
psicopedaggico acontece entre o ser em processo de construo do conhecimento
e o psicopedagogo.
Neste contexto, o trabalho psicopedaggico pode assumir uma feio
preventiva ou teraputica e estar relacionado com equipes ligadas aos campos da
educao e da sade. Evoluiu a partir de uma demanda da sociedade, que passou a
valorizar a aprendizagem a partir de paradigmas integradores e geradores de
snteses, e tem respondido a ela com uma prxis que busca responder as
necessidades de compreenso do ser humano em toda a sua complexidade, tendo
ampla aceitao nos mais diversos segmentos da sociedade.
A Psicopedagogia , portanto, um campo de conhecimento humano
essencial para a sociedade da informao dos tempos atuais, que articula saberes e
fazeres de forma transdisciplinar e atende aos indivduos em suas necessidades de
educao continuada no espao ldico da aprendizagem, no qual o desejo e o
conhecimento se mesclam em criatividade.
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2.3 Bases epistemolgicas da Psicopedagogia
A Psicopedagogia como uma atividade prtica se refere s tcnicas de
interveno que tratam dos problemas de aprendizagem e normalmente se
conduzem no sentido de trabalhar as possveis razes do problema e de resgatar os
elementos essenciais aprendizagem de qualquer contedo especfico.
Dentro dessa tica, distancia-se do enfoque tradicional da prtica
pedaggica, que se ocupava especificamente do contedo a ser aprendido, para se
debruar sobre as diferentes ordens de dificuldades que possam existir no ato de
aprender e, tentando, sobretudo, san-las. Tem, portanto, um significado
teraputico.
Segundo Bossa (2000), a Psicopedagogia concebida com uma
configurao clnica, ainda que sua prtica se d em um enfoque preventivo e, esse
carter clnico significa levar em conta a singularidade do processo a ser
investigado, recorrendo tanto s avaliaes e intervenes psicopedaggicas que
lhe so comuns no trabalho institucional e clnico. Para a autora, o termo distingue-
se em trs conotaes: como uma prtica, como um
campo de investigao do ato de aprender e como
um saber cientfico. Neste sentido, a
Psicopedagogia entendida como uma rea de
aplicao que antecede o status de rea de
estudos, a qual tem procurado sistematizar um
corpo terico prprio, definindo seu objeto de
estudo, delimitando seu campo de atuao, e para
isso recorrendo Psicologia, Psicanlise,
Lingustica, Fonoaudiologia, Medicina, Pedagogia e
outras reas de conhecimento.
Fonte: http://migre.me/1b8sc
Ainda para a autora, a Psicopedagogia deve se ocupar do estudo da
aprendizagem humana e, portanto, preocupar-se inicialmente com o processo de
aprendizagem (como se aprende, como essa aprendizagem varia evolutivamente eest condicionada por diversos fatores, como se produzem as alteraes na
aprendizagem, como reconhec-las, trat-las e preveni-las).
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A Psicopedagogia na sua conotao prtica no se restringe apenas ao
conceito teraputico. H outras diferentes modalidades que lhe esto implcitas e
que nem sempre so distinguidas com a devida clareza.
Se tomamos como base de classificao o modelo mdico, temos a prtica
psicopedaggica subdividida em clnico-teraputica, que, como j vimos, busca a
cura dos sintomas (dificuldade de aprender) e preventiva, que se prope a impedir
que a instituio se faa doente e, consequentemente, zela pela sade pedaggica
dos indivduos.
2.3.1 O trabalho clnico teraputico
Para Bossa (2000, p.11):
O trabalho clnico se d na relao entre um sujeito com sua histriapessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreendera mensagem de outro sujeito, implcita no no-aprender. Nesseprocesso, onde investigador e objeto-sujeito de estudo interagemconstantemente, a prpria alterao torna-se alvo de estudo daPsicopedagogia. Isto significa que, nesta modalidade de trabalho,deve o profissional compreender o que o sujeito aprende, comoaprende e por que, alm de perceber a dimenso da relao entrepsicopedagogo e sujeito de forma a favorecer a aprendizagem.
A prtica psicopedaggica clnica realizada em espaos psicopedaggicos
no , entretanto, a nica modalidade de psicopedagogia clnico-teraputica, posto
que pode tambm ser desenvolvida em instituies que mantm servios de
atendimento a crianas provenientes de comunidades de baixa renda. Nesse caso,
esse trabalho clnico geralmente se faz sob a forma grupal. o caso, por exemplo,
do trabalho clnico desenvolvido no Rio de Janeiro pelo Servio de Psicologia
Aplicada da UERJ, ou pelo ncleo de Orientao e Aconselhamento
Psicopedaggico (NOAP) da PUC/RJ. Em Campo Grande/MS, temos o CCS
Centro de Cincias de Sade da UCDB Universidade Catlica Dom Bosco que
desenvolve trabalho semelhante.
A Psicopedagogia Clnica pode ser tambm desenvolvida em hospitais de
atendimento psicolgico ou psiquitrico ou mesmo em hospitais gerais. No Brasil,
essa modalidade muito pouco desenvolvida. H uma experincia no hospital SoPaulo, desenvolvida em 1994, no setor de Psicologia Peditrica do Departamento de
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2.4 Campos de atuao: o psicopedagogo e seus mbitos deinterveno
2.4.1 O psicopedagogo nas escolas
A presena do psicopedagogo nos centros educativos uma oportunidade
de contribuio para a implantao de prticas educativas mais de acordo com os
princpios reguladores do ensino atual, ou seja, liderana do professorado no
desenvolvimento do currculo, responsabilidade docente na orientao e no
acompanhamento do aluno, ateno diversidade como tarefa comum, etc. Embora
seu papel nas escolas se considere ainda em fase de definio, um profissional
decisivo no progresso destas instituies para a incorporao de novas
perspectivas. Seu papel est ligado inovao, mudana e, finalmente, a
qualidade de ensino.
A atuao do psicopedagogo como profissional de apoio se justifica
sobremaneira porque as necessidades de orientao e assessoramento so
inerentes s escolas, pois um profissional sempre preocupado com a otimizao
dos contextos educativos em que se encontra. Suas funes incluem a coordenaoe o estmulo do conjunto de atividades orientadoras dos professores, assim como o
aprofundamento ou a ampliao dessas atividades, transformando-se, dessa forma,
numa instncia de apoio para a instituio escolar.
Nesta perspectiva, o psicopedagogo deve ter claro que seu trabalho ganha
sentido medida que contribui para melhorar os processos educativos e, para isso,
precisa trabalhar em colaborao ntima com os professores.
2.4.2 O Psicopedagogo nas equipes de apoio
Atualmente, devido complexidade que envolve a relao sociedade e
educao, existe uma oferta considervel de servios e programas de apoio e ou
assessoria s instituies escolares que, segundo seu campo de ao, esto
centrados mais nos alunos, nos professores ou na prpria instituio. So
numerosos os estudos que conceituam e analisam os diferentes modelos de
interveno mediante assessoria, mas centramos nossa ateno no mbito de
interveno nos espaos escolares, onde se manifesta com mais clareza a
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concepo subjacente interveno do psicopedagogo, isto , colaborar com os
profissionais da escola na melhoria das condies que determinam a relao de
ensino-aprendizagem, a incluso dos alunos com necessidades educativasespeciais e, em geral, a mudana educativa.
Entender a complexidade da instituio assim como as inter-relaes
existentes entre todas as partes ser fundamental para a prtica do psicopedagogo,
cujas funes contemplam assessorar: na preveno educativa; no levantamento de
necessidades; nas avaliaes psicopedaggicas; na elaborao dos projetos
curriculares; nas medidas para atender diversidade dos alunos; nas adaptaes
curriculares e na orientao pessoal, vocacional e profissional dos alunos.
2.4.3 O psicopedagogo como prof iss ional da ao social
A extraordinria riqueza de significados do conceito ao social faz com que
a tarefa de delimitar seu contedo se torne extremamente difcil. O conceito de ao
social usado de forma genrica para se referir a toda uma srie de espaos de
ao que so produzidos margem das intervenes prprias da administraopblica e que podem dar motivo a atuaes muito diversificadas. A ao social
assim entendida abrange todos aqueles mbitos que ficam fora da ao poltica
institucional. Essa acepo suporia que so as atividades desenvolvidas na
sociedade, nos chamados segundo e terceiro setor.
O segundo setor refere-se a mbitos em que se desenvolve a atividade
econmica lucrativa, isto , a todo o emaranhado empresarial que configura a
economia de uma sociedade. Na abrangncia possibilitada por essa interpretaoda ao social, o psicopedagogo um profissional que, sozinho ou como membro
de uma equipe multidisciplinar, pode prestar servio relativo a programas de
orientao a instituies de educao no formal.
O terceiro setor, tambm chamado de setor social, cobre uma variada gama
de organizaes e instituies que tm em comum o desenvolvimento de atividades
que no perseguem o lucro pessoal, mas a melhoria generalizada da qualidade de
vida. O profissional de psicopedagogia pode envolver-se de duas maneirasdiferentes neste setor: como especialista contratado por ONGs que pem suas
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competncias a servio dos processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos em
contextos marginais ou empobrecidos ou cumprindo uma ao voluntria.
2.4.4 O psicopedagogo na orientao universitria
Observa-se uma expanso no ensino superior que inclui maior diversidade
de alunos e uma amplitude no mercado de trabalho.
Essa tendncia indica a necessidade de orientao
na universidade. Os mbitos de atuao pelo
psicopedagogo so: orientao para o
desenvolvimento da carreira; estratgias de
aprendizagem; ateno diversidade e preveno e
desenvolvimento humano. Na Europa, o
desenvolvimento deste trabalho pelo psicopedagogo
comum, no Brasil est se criando este espao.
Fonte: http://migre.me/1b7Qa
2.4.5 O Psicopedagogo na rea de recursos humanos
Em todas as organizaes complexas modernas desenvolveu-se uma rea
de funo de recursos humanos com o objetivo de melhorar a eficincia e a eficcia
das pessoas da organizao. Dentro dessa funo podemos distinguir trs mbitos:
polticas, gesto e administrao de recursos humanos. Atualmente, j se tem
algumas experincias de interveno psicopedaggica nas organizaes no mbito
de recursos humanos no qual o psicopedagogo pode atuar, so: no planejamentoestratgico; na estrutura organizativa; na seleo de pessoal; plano de acolhimento;
projetos de planos de carreira; avaliao do desempenho; comunicao interna;
formao; preveno de acidentes de trabalho; cultura organizativa e relaes com
outros profissionais afins do setor.
2.4.6 O psicopedagogo na clnica
A procura de um profissional fora do espao escolar apresenta alternativas
s propostas e condies existentes na escola. O atendimento diferenciado pode ir
alm das questes-problema vinculadas aprendizagem podendo trazer tona,
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mais facilmente, as razes que desencadeiam as necessidades individuais, s vezes
alheias ao fator escola, que fazem com que as crianas e adolescentes sintam-se
excludos, ou excluam-se a si mesmos do sistema educacional.
O papel do profissional est caracterizado, conforme Fernndez (1991), por
uma atitude que envolve o escutar e o traduzir, transformando-se em uma
testemunha atenta que valida a palavra do paciente; completamente inerente s
relaes entre ele e sua famlia. Nesta perspectiva, a imparcialidade sem preceitos
ou preconceitos na escuta, interpretao, reflexo e interveno, criando e recriando
espaos, fundamental. Podendo assim a Psicopedagogia, ser considerada como
uma forma de terapia.
importante ressaltar que nessa modalidade clnica, o psicopedagogo
tambm no trabalha sozinho, dependendo de parcerias com profissionais de outras
reas como: a Psicologia, a Neurologia, a Medicina e quais outras se fizerem
necessrias para o caso a ser atendido. Ganha fora a idia de que o terapeuta
aquele que no cura, mas cuida do outro, tentando amenizar o seu sofrimento.
O psicopedagogo um terapeuta ao trabalhar com a aprendizagem, uma
caracterstica humana. Todo trabalho psi clnico, seja realizado numa instituio
ou entre as quatro paredes de um consultrio. Clnica a nossa atitude de respeito
pelas vivncias do outro, de disponibilidade perante seus sofrimentos, de olhar e de
escuta alm das aparncias que nos so expostas. Vai alm, pois caber ao
terapeuta a funo de dialogar com o corpo, desatando os ns que se colocam
como impelidos vida e inteligncia criativa. E, a esta vida deve-se dar ateno,
cuidando do ser.
Afinal, no somente o problema que existe e vive. preciso olhar para
aquilo que vai bem, para o ponto de luz que pode dissipar as trevas, aquilo que
escapa ao homem, abrindo espaos para mudanas, um espao onde o homem
possa se recolher e descansar, encontrando seus prprios caminhos para aprender.
O que no ensinar, mas possibilitar aprendizagens.
Essa relao promove um processo de crescimento para ambas as partes,
criando "ensinantes e aprendentes", numa interao sem papis fixos eindependentes, direcionada para o interior ou exterior de cada envolvido. Deixando
de lado particularidades, o prprio ponto de vista e seus condicionamentos, para ver
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as coisas a partir delas mesmas, como so. Isso cria uma interdependncia ativa
que faz com que um complemente o outro e ambos cresam construindo novos
conhecimentos.
O olhar do psicopedagogo, alm de lcido deve ser esclarecedor, sem
julgamentos ou depreciaes. Diante de um olhar assim, a aceitao flui
naturalmente. E esta aceitao a condio primeira, a mais necessria para que se
inicie o caminho de cura, aliando a teoria prtica.
2.4.7 A Psicopedagogia Hospitalar
A educao hospitalar da criana e do adolescente representa um novo
desafio educao, especificamente ao psicopedagogo, que, devido sua
formao um dos profissionais mais aptos a esta modalidade. A alternativa de
apoio educacional psicopedaggico ao paciente interno interessante para
assegurar-lhe uma boa recuperao em meio inquietao oriunda da preocupao
sobre o tratamento recomendado recuperao e o tempo de hospitalizao.
Em suma, o ambiente hospitalar um local que emana diversos sentimentose sensaes: ora de doena ou sade, de imensa tenso ou angstia ou ento de
alvio, cura ou consolo. Extremamente tcnico, aos poucos o local se abriu a outros
profissionais que no so da rea da sade. No caso do psicopedagogo
necessrio conectar-se com a equipe, criando um elo de ligao entre as
especialidades.
As doenas tratadas nos hospitais podem ser classificadas em:
Acidentes domsticos (queimaduras, quedas, feridas), ou acidentes
externos. Para esta categoria, juntem-se tentativa de suicdio, estupros
e espancamentos (casos de maus-tratos). Esta primeira classificao
constitui o que se chama traumatologia e internaes gerais.
Enfermidades de m formao congnita, como afeces sseas,
nefrolgicas, hepticas, neurolgicas ou musculares: m-formao de
membros ou do esqueleto, escolioses, luxaes congnitas das
articulaes do quadril, miopatias, etc.
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Enfermidades adquiridas ao nascimento ou de crescimento :
debilidade motora cerebral, poliartrite, poliomielite, tumores musculares
ou sseos, cnceres.
As equipes mdicas agrupam cirurgies, mdicos, anestesistas, enfermeiras,
auxiliares de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
psiclogos, assistentes sociais, bem como, psicopedagogos.
Ainda pode-se contar com visitas voluntrias, com intenes diversas, sejam
recreativas, religiosas e/ou humanitrias.
Toda esta equipe acompanha, direta ou indiretamente, todas as etapas deuma internao, que em geral so enfrentadas de forma diferente por cada indivduo
hospitalizado. A sensao de dor, por exemplo, sentida diferentemente de acordo
com a idade do paciente e de acordo com diferenas individuais. Nessa hora, nossa
interveno ganha uma razo de ser, mas no ,
ainda, necessariamente aquilo que traz a cura,
logo, no essencial. Ainda no fcil de distinguir
entre a dor e outras agresses de que a criana a
vtima (separao da me, mudana de quadro,
rostos e procedimentos desconhecidos). A
interveno deve levar em conta o estado
emocional da criana que pede socorro quando se
nega a uma atividade ou quando agressiva.
Fonte: http://migre.me/1b7RR
Mesmo assim, muitas vezes as crianas no so capazes de expressar nem
de reproduzir o que as faz temer, desenvolvendo angstias, fazendo surgir
depresso, revolta ou desespero, ou ainda a possibilidade de regresso no nvel de
desenvolvimento. Mais uma vez, o psicopedagogo aquele que faz diferena,
trazendo o sentimento de valorizao da vida, amor prprio, autoestima, aceitao e
segurana. Recuperar estes prazeres e garantir a construo dos conhecimentos
que estariam acontecendo em ambiente escolar funo do trabalhopsicopedaggico que se insere na esfera hospitalar. Afinal, a aprendizagem um
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processo to amplo e grandioso que ocorre atravs de interaes, em qualquer
lugar.
2.4.8 A Psicopedagogia empresarial
Muitas mudanas esto acontecendo no desenvolvimento das organizaes,
determinadas ora pelas imposies do mercado, ora pela necessidade de
reorganizao do ambiente interno organizacional. O conhecimento humano surge
como principal fonte de vantagem competitiva para as organizaes. Isso pede uma
srie de mudanas organizacionais que possibilitem o compartilhamento do
conhecimento por meio de adaptao do ambiente e, principalmente pela mudana
de comportamento das pessoas.
Um dos grandes desafios das organizaes do futuro o de saber usar o
conhecimento de cada colaborador, saber som-los e criar um ambiente de sinergia
que lhes garanta o sucesso. As organizaes passam a ser, portanto, espaos de
processos de aprendizagem efetivos e, saber a forma individual como as pessoas
constroem conhecimentos e como os utilizam para explicar a realidade e resolverproblemas do cotidiano da organizao passa a ser imprescindvel.
, nesse cenrio, acompanhando o aprender a aprender constante no
ambiente organizacional, que o psicopedagogo assume papel significativo ao lado
dos profissionais de recursos humanos. Sua ao se d no sentido de facilitar a
construo e compartilhar o conhecimento, incentivando novas formas de
relacionamentos, criando sinergia entre o comportamento de gestores e
colaboradores.
Sua contribuio no planejamento, gesto, controle e avaliao de
aprendizagens, pode favorecer a qualidade dos processos de recrutamento, seleo
e organizao de pessoal, bem como os de diagnstico organizacional, dando
subsdios significativos e perfis especficos aos treinamentos que se efetivam no
interior da organizao. A Psicopedagogia dentro da organizao pode orientar
aes avaliando a aprendizagem profissional, propondo e coordenando cursos de
atualizao que atendam as necessidades especficas desse espao. importanteressaltar que a Psicopedagogia uma rea multidisciplinar que no atua sozinha,
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dependendo e enriquecendo outras reas de atuao e trabalhando em parceria
com os diversos profissionais da organizao.
Exerccio 2
1.Na tentativa de conceituar a Psicopedagogia, muitos autores se remetem articulao entre educao e psicologia, entretanto a Psicopedagogia adquiriuum carter mais amplo buscando conhecimentos em outras reas, o quedemonstra ser:
a)Uma rea disciplinar.
b)Uma rea reducionista.c)Uma rea interdisciplinar.
d)Uma rea multidisciplinar.
2. Ao caracterizar o objeto de estudo da Psicopedagogia podemos afirmarque:
a)O meio familiar o foco principal de estudo.
b)O processo de aprendizagem humana a razo da Psicopedagogia.
c)O problema de aprendizagem centro de ateno e estudo.d)o processo de aprendizagem escolar seu principal foco.
3. Segundo Bossa (2000), a Psicopedagogia uma configurao clnica quesignifica levar em conta o sujeito e a singularidade do processo a serinvestigado que recorre a:
a)Avaliaes e intervenes psicopedaggicas.
b)Prticas diagnsticas.
c)Avaliaes psicopedaggicas.d)O diagnstico psicopedaggico.
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2.5 Abordagem Psicopedaggica da aprendizagem e os problemas
decorrentes do processo
Para melhor entendermos os problemas de aprendizagem, necessitamos,
primeiramente, conceituar o termo aprendizagem de acordo com a idia de autores
psicopedaggicos.
Para Pain (1986, p.15):
[...] o processo de aprendizagem no configura nem define umaestrutura como tal, e o fato de certos acontecimentos serempassveis de classificao, sem confuso, sob o nome de
aprendizagem, deve-se mais sua funo e modalidade, e nomelhor dos casos sistematizao das variveis intervenientes doque sua assimilao e uma construo terica coerente [...]. Se aaprendizagem no uma estrutura, no resta dvida de que elaconstitui um efeito, e neste sentido um lugar de articulao deesquemas.
Em sua obra, Pain ainda situa o processo de aprendizagem em quatro
dimenses: o biolgico, o cognitivo, o social e o processo de aprendizagem como
funo do eu.
Segundo Weiss (1992, p.11):
[...] a idia bsica de aprendizagem como um processo deconstruo que se d na interao permanente do sujeito com omeio que o cerca. Meio esse expresso inicialmente pela famlia,depois pelo acrscimo da escola, ambos permeados pela sociedadeem que esto. Esta construo se d sob a forma de estruturascomplexas.
Conforme afirma Visca (1991, p.24), a aprendizagem uma construo
intrapsquica, com continuidade gentica e diferenas evolutivas, resultante das
precondies energtico-estruturais do sujeito e as circunstncias do meio. De
acordo com Coelho (1995, p.10), a aprendizagem resultado da estimulao do
ambiente sobre o indivduo j maduro, que se expressa, diante de uma situao-
problema, sob a forma de uma mudana de comportamento em funo da
experincia.Visca (1991, p.45) ainda afirma que a aprendizagem ajuda o homem a
economizar energias na tentativa de resolver os conflitos cognitivo-afetivos que lhe
so propostos pelo meio.
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Percebemos pelo entendimento dos autores a abordagem de aspectos
diferentes e complementares, o que mostra que a pesquisa sobre aprendizagem
um movimento em constante construo.
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2.5.1 Normalidade X Patologia
Uma vez situado o tema aprendizagem, tentaremos definir o mbito de uma
perturbao, isto , a patologia da aprendizagem. A questo dos limites entre o
normal e o patolgico uma das questes fundamentais para a Psicopedagogia.
Historicamente, a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a Pedagogia e a
Psicologia, a partir da necessidade de atendimento de crianas com distrbios de
aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional.
Os fatores etimolgicos utilizados para explicar os ndices alarmantes do fracasso
escolar envolviam quase que exclusivamente, fatores individuais, como desnutrio,
problemas neurolgicos, psicolgicos e outros. Portanto, consideramos pertinente
voltarmos ao tempo, revendo alguns aspectos relacionados ao tema, ampliando,
assim, a viso.
No Brasil, particularmente durante a dcada de 30, foi amplamente difundido
o rtulo de Disfuno Cerebral Mnima D.C.M., para crianas que apresentavam
como sintoma proeminente, distrbios na escolaridade.
Cypel (1986, p.142) refere:[...] em curto espao de tempo e com relativa facilidade, pais eprofessores tambm j adotaram o rtulo de D.C.M. e antes dequalquer referncia, na consulta mdica, este diagnstico surgiacomo queixa: Dr, o meu filho tem D.C.M.. A impresso que se tinha que convivamos com uma populao de anormais, pois esta cifraatingia at 40% dos escolares.
Tal concepo organicista e linear apresentava uma conotao nitidamente
patologizante, uma vez que todo indivduo com dificuldades na escola eraconsiderado portador de disfunes psiconeurolgicas, mentais e/ou psicolgicas.
Segundo Dorneles (1986, p.44), semelhante explicao para os fenmenos
de evaso e repetncia desempenhava uma importante
funo ideolgica, pois dissimulava a verdadeira
natureza do problema e, ao mesmo tempo, legitimava
as situaes de desigualdades de oportunidades
educacionais e seletividade escolar.
Fonte: http://migre.me/1b6um
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O D.C.M. foi apenas um dentre os vrios diagnsticos empregados para
camuflar problemas scio-pedaggicos traduzidos, ideologicamente, em termos de
psicologia individual. Termos como dislexia, disritmia e outros, tambm foramusados para este fim.
No momento atual, luz de pesquisas psicopedaggicas, que vm se
desenvolvendo, e de contribuies das reas da Psicologia, Sociologia,
Antropologia, Lingustica, Neuropsicolingustica, Epistemologia, o campo da
Psicopedagogia passa por uma reformulao. De uma perspectiva puramente clnica
e individual, busca-se uma compreenso mais integradora do fenmeno da
aprendizagem e uma atuao de natureza mais preventiva.
O objeto central de estudo da Psicopedagogia est se estruturando em torno
do processo de aprendizagem humana: seus padres evolutivos normais e
patolgicos, bem como a influncia do meio (famlia, escola, sociedade) no seu
desenvolvimento.
[...] sabe-se que as expectativas do ambiente face a criana desdeseu nascimento, projetos, desejos e medo nela depositadosdeterminaro a resposta ao impacto de uma dificuldade deaprendizagem. Determinaro, tambm, o manejo na tentativa desuperao dessa dificuldade e a cooperao para sua cristalizaoou soluo(KIGUEL, 1983, p.27).
Isto vlido tanto para a criana em um ambiente social mais restrito a
famlia como no contexto escolar, quando assumem importncia os preconceitos
dos professores com relao ao ambiente familiar das crianas, particularmente, as
de classe desfavorecida.
Nessa medida, os obstculos enfrentados por muitos alunos, na
escolaridade, esto sendo compreendidos no necessariamente como decorrentes,
de patologias do educando, mas sim, como resultado de uma complexidade de
fatores, inclusive, relacionados ao contexto scio-poltico-cultural.
Uma tarefa importante dos profissionais que se dedicam ao estudo de
crianas com dificuldades de aprendizagem verificar como esses fatores externos,
relativos ao nvel scio-econmico, escola e aos professores so assimilados pelo
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psiquismo da criana, gerando determinadas caractersticas ou condies internas
que vo favorecer ou prejudicar os desempenhos (ASSIS, 1985, p.10).
Abaurre (1987, p.187-8) define o
psicopedagogo como um mediador de
perplexidades. Na tentativa que o profissional faz
de identificar os fatores que interferem na
aprendizagem de uma criana e de ajudar a
super-los, torna-se um mediador entre a
instituio social escola e instituio social famlia,
ambas preocupadas com os sintomas do fracassoescolar da criana.
Fonte: http://migre.me/1b4X3
Em decorrncia desse papel, prossegue a autora, o psicopedagogo lida com
a perplexidade de natureza diversa:
a perplexidade da escolaque no consegue entender por que certas
crianas no aprendem a ler e a escrever. No encontrando outra
sada, seno rotul-las (apressadamente) de portadores de algum
distrbio de aprendizagem, a escola no reluta em encaminh-las para
especialistas diversos, eximindo-se, assim, de qualquer
responsabilidade;
a perplexidade das famlias que, at enviarem seus filhos para a
escola, no haviam identificado nenhum sintoma preocupante no
comportamento habitual dessas crianas;a perplexidade das prprias crianas que, muitas vezes, no
entendem a escola e as atividades que ali so chamadas a
desempenhar. Perplexas com o tratamento que passam a receber na
escola e, consequentemente, em casa, acabam por incorporar o rtulo
a elas atribudo e por comportar-se segundo expectativas geradas pelo
prprio rtulo.
Na tentativa de identificar alguns fatores relacionados aos conceitos de
normalidade e de patologia, geradores de tais perplexidades, cabe salientar:
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a multiplicidade de fatores que atuam no desempenho escolar (fsicos,
psicolgicos, institucionais e sociais) e a possibilidade de
aprofundamento em cada um, especificamente. Parece impossvelestabelecer critrios de normalidade e de patologia para tais fatores,
sejam eles considerados simultaneamente ou, sobretudo, no seu
conjunto;
as diferentes concepes tericas sobre a normalidade e patologia
existentes na escola e na famlia e as diferenas entre concepes
explcitas e implcitas nas referidas instituies sociais. Em geral, so
as concepes implcitas as que exercem maior influncia;
a variao do prprio conceito de normalidade e patologia em
diferentes fases do desenvolvimento do indivduo: o mesmo sintoma
pode ser considerado normal em uma determinada faixa etria; e,
patolgico em outra;
a variao do conceito de normalidade-patologia, em decorrncia dos
avanos cientficos nas diferentes reas do comportamento humano.
Na educao, particularmente, as idias de Ferreiro & Tebesroky
(1986) sobre psicognese da lngua escrita produziram profundas
alteraes nesta questo;
a crena em que, na verdade, o desenvolvimento harmonioso da
aprendizagem representa um ideal, uma norma utpica, mais do que
uma realidade.
Dessa forma, o normal e o patolgico, na aprendizagem escolar, assimcomo no equilbrio psico-afetivo, no podem ser considerados como dois estados
distintos um do outro, separados com rigor por uma fronteira ou um grande fosso
(AJURIAGUERA & MARCELLI, 1986, p.61).
Assim como importante estudar o processo evolutivo normal para
estabelecer os limites da patologia, igualmente necessrio conhecer o patolgico
para, no dizer de Freud (1976, p.77), iluminar o normal. Para ele, a patologia,
medida que torna as coisas mais toscas, atrai:
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[...] a nossa ateno para condies normais que, de outros modos,nos escaparia. Onde ela mostra uma brecha ou uma rachadura, alipode estar presente uma articulao. Se atirarmos no cho um
cristal, ele se parte, mas no em pedaos, ao acaso. Ele se desfaz,segundo linhas de clivagem; embora fossem invisveis, estavam pr-determinados pela estrutura do cristal.
No ponto de vista de Visca (1991, p.68):
[...] possvel convir que a aprendizagem possa adotar, no contnuoda normalidade-anormalidade, trs grandes formas: normal,patognica e patolgica; cada uma pode ser estudada tanto segundoum enfoque terico ou evolutivo, quanto sob um enfoque histrico ousistemtico. Unindo ambas as perspectivas, pode-se dizer ento que,se a aprendizagem normal aquela que permitir aquisiesulteriores positivas, a patognica consiste em um modo que, semchegar a ser doente, possui a possibilidade de adoecer; e que apatolgica uma aprendizagem doente e adoecedora.
Segundo Ajuriaguerra & Marcelli (1986, p.61-62):
[...] o desenvolvimento e a maturao da criana so, por si mesmos,fontes de conflito que, como todo conflito, podem suscitar oaparecimento de sintomas. Assim, os campos respectivos do normale do patolgico interpenetram-se em grande parte: uma criana podeser patologicamente normal da mesma forma que normalmentepatolgica.
Na rea psicolgica, identificam como patologicamente normais, ahipermaturidade de filhos de pais psicticos e, como normalmente patolgicas, as
fobias de tenra infncia, as condutas de ruptura da
adolescncia e, ainda, muitos outros estados.
Segundo Assis (1985), o papel disciplinador da
escola, expresso em atitudes como fazer fila para entrar
na sala, obedecer ao sinal, sentar em lugar determinado
pela professora, fazer silncio, organizar cadernos comcapricho, etc., pode favorecer a organizao mental
interna, necessria no apenas para o aprendizado, mas
tambm para o desenvolvimento da personalidade.
Fonte: http://migre.me/1b6JO
Em muitos casos, contudo, esse papel tem sido prejudicial, porque incentiva
o embotamento afetivo, na medida em que a criana estimulada a seguir regras, a
tentar agradar ao adulto, a desempenhar tarefas impecavelmente e a ser
disciplinada e ordeira.
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A esse respeito, Luzuriaga, in Assis (1985, p.12) afirma:
[...] o sistema educacional pode fomentar condutas intelectuais
obsessivas, em vez de mentes criadoras e dinmicas. Por isto, podeser considerado muito bom e sadio um aluno com bloqueiointelectual tal que se limite a repelir, mecanicamente, a lioensinada, ou bem outro, cujo caderno, exemplo de capricho, escondauma angstia obsessiva patolgica. Sob tal perspectiva, o bomdesempenho no seria expresso de uma psicodinmica positiva,mas de estar a servio de perturbaes internas e, nesse sentido,contribuiria para dissimul-las. Com relao a aspectos cognitivos,tambm deve ser considerado que, em muitas escolas, nem semprea compreenso necessria para o xito escolar. Exige-se que ascrianas reproduzam, memorizem, copiem, e no que transformem,observem e expliquem. Infelizmente, grande nmero de crianas
abandona a escola ou so alvos da chamada expulso encoberta,em razo de falarem errado e de escreverem com falhasortogrficas.
Dorneles (1990, p.23) questiona se seria normal ou patolgico o aluno
excluir-se de um ambiente que, constantemente, aponte suas supostas
incapacidades. Em sntese, a considerao de aspectos normais e patolgicos na
aprendizagem de uma criana, em particular, envolve o reconhecimento do sintoma,
a avaliao de seu peso e funo dinmica, a sua estrutura pessoal e, finalmente, a
apreciao dessa estrutura no quadro geral da evoluo gentica e do ambiente.
A compreenso do fenmeno da aprendizagem, em seus aspectos normais
e patolgicos, de forma a integrar as vrias reas do conhecimento, a dimenso
social do individual e, ainda, os diferentes nveis evolutivos, no uma tarefa fcil,
pois a sntese no se d em nvel terico, e sim, em nvel do fenmeno. Tambm
no uma tarefa que o psicopedagogo consiga resolver sozinho (KIGUEL, 1987).
A necessidade de conhecimento e integrao das vrias reas se impe ao
psicopedagogo, uma vez que ele recebe, diretamente das escolas, crianas que
apresentam dificuldades de aprendizagem, mas que requerem outros tipos de
atendimento. Cabe a este profissional reconhecer os limites de sua atuao,
estabelecer prioridades e fazer os encaminhamentos adequados, pois na
interdisciplinaridade, pela conjugao de esforos de diversos especialistas, que se
buscar desvendar esse fenmeno to complexo, to desafiador, que a
aprendizagem humana.
Vale a pena relembrar que o psicopedagogo, profissional entre as reas da
sade e da educao, deve sempre observar rigorosamente os limites da sua
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atuao. Portanto, o psicopedagogo dever ter embasamento terico para o
desenvolvimento de sua funo. Assim sendo, a Psicopedagogia se prope a
integrar, de modo coerente, conhecimentos e princpios de distintas cinciashumanas, objetivando adquirir uma ampla compreenso sobre os variados
processos inerentes ao aprender, pois o nosso foco a aprendizagem.
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UNIDADE 3 - O PSICOPEDAGOGO: FORMAO E IDENTIDADE
DESTEPROFISSIONAL
3.1 A formao como ponto de partida
A categoria profissional dos psicopedagogos organizou-se no pas por volta
dos anos 50 e 60 do sculo XX, com a divulgao da abordagem psiconeurolgica
do desenvolvimento humano, largamente difundida nessa poca em nosso meio.
Inicialmente, os profissionais psicopedagogos ficaram mais restritos a essa linha da
anlise. H alguns anos atrs, a falta de clareza a respeito de problema de
aprendizagem fazia com que os alunos com dificuldades fossem encaminhadosconcomitantemente para profissionais das mais diversas reas de atuao. Pouco a
pouco, foi se criando a conscincia da necessidade de uma formao mais
globalizante e consistente, que unisse a ao educacional na figura de um nico
indivduo, apto e eficaz. Assim os atendimentos antes dispersos entre vrias
pessoas poderiam centrar-se num profissional, facilitando o vnculo do aluno com o
processo de aprendizagem e o resgate do prazer de aprender e desenvolver-se.
No atual momento, as recentes contribuies da Sociolingustica e daPsicolingustica, as novas abordagens tericas sobre o desenvolvimento e a
aprendizagem, bem como as inmeras pesquisas sobre o peso dos fatores intra-
escolares na determinao do fracasso escolar, tm oferecido aos profissionais
psicopedagogos uma viso mais crtica e abrangente de seu prprio trabalho.
Portanto, o psicopedagogo um profissional ps-graduado, um multi-
especialista em aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas
reas a fim de intervir nesse processo, seja para potencializ-lo ou para sanarpossveis dificuldades, utilizando instrumentos prprios da Psicopedagogia. Sua
formao inicial d-se em nvel de cursos de especializao Lato Sensu,
regulamentados pela Resoluo/CNE/MEC 12/83, de 06/10/83. Atualmente existem
muitos cursos Lato Sensu de Psicopedagogia oferecidos no pas, seja em
instituies particulares ou pblicas, fato este que preocupa a ABPp, pois os
mesmos no obedecem a nenhuma regulamentao especfica.
Um dos aspectos importantes sobre a atuao do psicopedagogo a
formao continuada: no basta fazer um curso de ps-graduao, esta a
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formao inicial, portanto, necessrio sempre estar atualizado realizando cursos
nas mais diversas reas como na lingustica, neurocincia, psicologia entre outras.
A formao continuada na rea clnica buscada geralmente fora do Brasil
na Argentina ou na Frana, locais onde esse conhecimento j existe h mais tempo
e a profisso j regulamentada, o que ainda no ocorreu no Brasil. Entretanto, em
algumas regies do pas j existem cursos de graduao em Psicopedagogia como,
por exemplo, o Rio Grande do Sul e So Paulo. A formao tem continuidade em
sesses de superviso e em grupos de estudos que investem no conhecimento de
seu prprio processo de aprendizagem.
3.2 Perfil , competncias e habilidades
Nos processos de formao em Psicopedagogia mister salientar que
ensinantes e aprendentes vo:
[...] autorizando-se mutuamente, sendo autores dos pensamentosque constroem, movidos por seus desejos, em busca de seusprocessos e movimentos de autonomia, indo alm do olhar do/aoutro/a para reconhecer a autoria de seu pensamento e produo.Importante perceber que "ensinagem" e "aprendncia" so
processos de permisso a autoridade de pensamentos, comomovimentos diferenciados e conhecedores da alteridade(FERNANDEZ, 1991, p.12).
Ensinar e aprender, aprender e ensinar so processos vitais na busca
constante da conquista e do encantamento da autoria do pensamento, presente no
universo da relao entre a magia da vida e a prpria vida de cada aprendente,
sendo espao/tempo de desenvolvimento de nossa potica existencial, essencial,
pessoal, nica, singular.
O desafio que se configura o de mudar radicalmente os modos
institucionais e pessoais de sermos e estarmos atuando em Psicopedagogia e
Educao. Fernndez enfatiza este processo ao nos dizer que a nossa funo
[...] est mais prxima da serpente do Paraso: tentar com oconhecimento. Tentar, no duplo sentido de tratar (assistir, cuidar) ede tentao. Chamar autoria, ainda que isso leve ao conhecimentode nossos limites, de nossa finitude, de nossa necessidade do outropara sobreviver, Samos do Paraso certo. Perdemos a felicidadeeterna. Porm existir a felicidade sem o conhecimento (dela mesma
e de ns)? O conhecimento os far livres, e com a liberdadepodemos tentar ser felizes. (FERNNDEZ, 1991, p.13)
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A formao , antes de tudo, multidisciplinar e assentada sobre diversas
cincias:
sob o ponto de vista filosfico, seu embasamento deve lhe permitir
encontrar as idias de home, de sociedade e educao implcitas em
cada teoria psicopedaggica;
sua formao sociolgica deve facilitar a compreenso do tempo e
do espao scio-cultural e econmico que influenciam o fenmeno
educacional dos indivduos pertencentes s classes scio-econmicas
mais baixas;
sua formao psicolgica deve-lhe permitir conhecer o
desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor do indivduo que
aprende, sob os ponto de vista evolutivo e econmico das relaes
interpessoais na famlia e na escola;
o conhecimento de tcnicas e mtodos, relativos ao
desenvolvimento das operaes lgicas do pensamento e a aquisio
das habilidades bsicas psicomotoras e lingusticas indispensvel aeste profissional da rea psicopedaggica. Da a importncia de
conhecimentos psicolingusticos, neurolgicos e outros. Deve-se,
contudo, frisar que a integrao destes conhecimentos no lhe dada
a priori, mas sim construda atravs de sua sensibilidade e experincia.
O psicopedagogo deve, ao atuar, observar os seguintes princpios:
mobilizao de seu prprio potencial afetivo para tornar-se um fator
segurizante e incentivador da aprendizagem do indivduo;
facilitao da aprendizagem, no sentido de desencadear um processo
ativo que ocorre no indivduo que aprende, de acordo com seu ritmo de
desenvolvimento;
incentivador da aprendizagem, criando condies ambientais capazes
de motivar o aluno para a aquisio de certas aprendizagens como
leitura, a escrita, etc.;
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mobilizao global do indivduo, considerando que os processos
cognitivos so determinados por condies psiconeurolgicas e
orientados pela emoo, pelos afetos e pelos valores culturais de quemaprende;
totalidade do processo educativo que consiste na problematizao da
realidade escolar, pela equipe profissional, desmistificando certas
crenas e valores relativos ao ensino, sem perder de vista as limitaes
que surgiro.
O Cdigo de tica da ABPp (Associao Brasileira de Psicopedagogia), em
seu Artigo 4 afirma:
[...] estaro em condies de exerccio da Psicopedagogia osprofissionais graduados em 3 grau, portadores de certificados decurso de Ps-Graduao de Psicopedagogia; ministrado emestabelecimentos de ensino oficial e pr-reconhecido, ou mediantedireitos adquiridos, sendo indispensvel submeter-se superviso eaconselhvel trabalho de formao pessoal.
A profisso de psicopedagogo ainda no foi regulamentada do ponto devista legal, mas j existe um anteprojeto de lei, documento este intitulado: Carta de
intenes para a regulamentao profissional do psicopedagogo o qual foi
apresentado na Cmara dos Deputados Federais pelo deputado Barbosa Neto em
14 de maio de 1997.
Este projeto foi encaminhado Comisso de Trabalho no dia 15/5/97 e
aprovado pela mesma Comisso no dia 3/9/97. Aps a aprovao, este Projeto de
Lei foi encaminhado Comisso de Educao, Cultura e Desporto ondepermaneceu por quatro anos e tambm foi aprovado, com algumas emendas, no dia
12/9/01. Atualmente, o Projeto de Lei est na Comisso de Constituio e Justia
esperando pela sua aprovao. Caso seja aprovado, o Projeto de Lei ir para o
Senado para a sua apreciao e, depois para ser sancionado pela Presidente da
Repblica.
O que certamente acontecer, pois, avanos j podem ser contabilizados
nesta rea. Em 20/9/01, o projeto de lei n 108/01 foi aprovado no Estado de So
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Paulo, autorizando o poder Executivo a implantar assistncia psicolgica e
psicopedaggica em todos os estabelecimentos pblicos de ensino bsico.
Tendo em vista o trabalho e empenho da Associao Brasileira de
Psicopedagogia - ABPp, j tem amparo legal no Cdigo Brasileiro de Ocupao, a
ocupao de Psicopedagogo, porm, isso no suficiente, faz-se necessrio que
esta profisso seja regulamentada.
Neste cenrio, a Psicopedagogia vem ganhando espao nos meios
educacionais brasileiros, despertando cada vez mais o interesse dos profissionais
que atuam nas escolas e buscam subsdios para sua prtica. Esse espao no pode
ser perdido. Enquanto campo do saber educativo, a Psicopedagogia deve estar
presente no enfrentamento dos problemas cruciais da educao brasileira,
assumindo uma atuao consciente e comprometida. Eis o importante papel da
Psicopedagogia, que definimos como rea que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ao profissional, deve englobar
vrios campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.
3.3 A Associao Brasileira de Psicopedagogia - ABPp
A Associao Brasileira de Psicopedagogia ABPp- uma entidade
de carter cientfico-cultural, sem fins lucrativos, que congrega profissionais
militantes da rea de Psicopedagogia. Em 12 de novembro de 1980, um grupo de
profissionais, j envolvidos e atuantes nas questes relativas aos problemas da
aprendizagem, fundou a Associao Estadual de Psicopedagogos do Estado de So
Paulo (AEP). Devido ao grande interesse a suaexpanso em nvel nacional surgiu como necessidade
imperiosa. Em 1986, a AEP transformou-se na ABPp
e, gradativamente, foram sendo criados Ncleos e
Sees por todo o Brasil.
A ABPp tornou-se uma entidade de representao do grupo que cadastrava
seus profissionais e atuava na consolidao da identidade legal da categoria, na
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elaborao, publicao e reviso de conhecimentos e tendncias na rea, bem
como na organizao de eventos.
Uma de suas primeiras aes em termos nacionais foi a promoo do I
Congresso Brasileiro de Psicopedagogia conjuntamente ao III Encontro de
Psicopedagogos, cuja finalidade era exatamente a de reforar a importncia da
integrao de conhecimentos para se compreender o processo de aprendizagem
como um todo, o que j havia tentado enquanto Associao paulista. Aps esse
encontro, vrios outros eventos foram promovidos pela ABPp. Alm de sua atuao
na promoo de encontros, congressos, seminrios etc., a ABPp passou a agir na
orientao dos psicopedagogos do pas. Com esse objetivo, o Conselho Nacional daABPp aprovou, em 2000, um documento (Diretrizes Bsicas da Formao de
Psicopedagogos no Brasil e Eixos Temticos para Cursos de Formao em
Psicopedagogia) em que constavam sugestes de diretrizes para a consolidao e
identidade da formao do psicopedagogo nacional.
A ABPp tambm aprovou, em 12 de julho de 1992, durante a assemblia
geral realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia, um cdigo de
tica (Cdigo de tica da Associao Brasileira de Psicopedagogia) que, dentre
outros fins, pretendia delimitar melhor os objetivos da Psicopedagogia e a identidade
do psicopedagogo no Brasil.
Tal Cdigo declarava que a Psicopedagogia seria um campo de atuao em
Sade e Educao voltado para o processo de aprendizagem humana em seus
padres normais e patolgicos, considerada a influncia do meio nos casos. Ainda,
segundo o Cdigo, tal campo atuaria a partir de procedimentos, tcnicas e mtodos
prprios e valer-se-ia das vrias reas do conhecimento humano voltadas para a
compreenso do ato de aprender (em seu sentido ontogentico e filogentico), tendo
em vista a sua natureza interdisciplinar.
A base desse trabalho seria de origem clnica e institucional, de carter
preventivo e ou remediativo, tendo como metas essenciais a promoo da
aprendizagem e a realizao de pesquisas cientficas no campo da Psicopedagogia.
O documento indicava ainda que o psicopedagogo deveria atuar somente nos limites
das atividades que lhe coubesse, bem como considerasse a existncia dos casos
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referentes a outros campos de especializao e a necessidade do encaminhamento
para diferentes profissionais.
Nessa linha de atuao, a ABPp posteriormente criou uma Comisso de
tica, composta por membros de seu Conselho, cuja ao dar-se-ia na orientao
sobre a formao profissional do psicopedagogo e sobre sua conduta profissional,
bem como em relao conduta dos grupos associativos de psicopedagogos, com
base no Cdigo de tica.
Hoje, a ABPp se encontra presente em todo pas, tendo seo na Bahia, em
Braslia, no Cear, em Gois, em Minas Gerais, no Paran Norte, no Paran Sul, em
Pernambuco, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Norte, no Rio Grande do Sul, em
So Paulo, em Sergipe, bem como ncleos no Esprito Santo, no Sul Mineiro e em
Teresina. Sem embargo dessa histria da ABPp, vale lembrar que ela se constitui
numa entidade representativa de uma categoria profissional que, at o presente, no
reconhecida legalmente no Brasil. A ABPp promove conferncias, cursos,
palestras, jornadas, congressos, bem como a divulgao de trabalhos sobre sua
rea de atuao, atravs da revista cientfica Psicopedagogia e do site
www.abpp.com.br. Podem associar-se ABPp todas as pessoas interessadas na
Psicopedagogia, tendo ou no concludo a sua especializao na rea.
Atualmente, a ABPp, busca o reconhecimento da profisso. Conforme
divulgado no site da mesma, em 1997, o Deputado Federal Barbosa Neto,
atendendo ao pedido de algumas psicopedagogas, criou o Projeto de Lei n. 3124/97
que dispe sobre a regulamentao da profisso de Psicopedagogo, cria os
Conselhos Regionais de Psicopedagogia e determina outras providncias.
Em 2010, a Associao Brasileira de Psicopedagogia, ABPp completa 30
anos de existncia como a nica representante da Psicopedagogia no Brasil. Em
entrevista, Quzia Bombonatto, Presidente Nacional da ABPp, diz que a ABPp
uma entidade de carter cientfico-cultural, sem fins lucrativos, que congrega
profissionais militantes na rea da Psicopedagogia e outras afins. Nestes anos, a
ABPp vem cuidando no apenas das questes referentes formao, ao perfil e ao
reconhecimento do profissional psicopedagogo mas tambm tem protagonizado
importantes conquistas, entre elas, a consolidao da Psicopedagogia junto
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sociedade que j a legitimou pelo importante papel que desempenha na
compreenso dos processos de ensino-aprendizagem.
Na busca e fidelizao de seus ideais, um dos compromissos da ABPp a
construo de conhecimento. Buscando atender os parmetros de cientificidade
estabelecidos pelos rgos competentes no nosso pas e enfatizando a pesquisa e
a produo cientfica no campo da Psicopedagogia, esta Associao tem procurado
dialogar com as instituies acadmicas de todo o pas, no sentido de juntas,
construrem diretrizes para a formao do psicopedagogo.
Conhea mais sobre a ABPp no site www.abpp30anos.com.br
A Associao Brasileira de Psicopedagogia tem a regulamentao e o cdigo
de tica da profisso do psicopedagogo. Veja no endereo:
http://www.abpp.com.br/leis_regulamentacao_etica.htm
Exerccio 3
1. No momento atual, o campo da Psicopedagogia passa por umareformulao. De uma perspectiva puramente clnica e individual, busca-se:
a)Focar o problema de aprendizagem.b) Uma compreenso mais integradora do fenmeno da aprendizagem e umaatuao de natureza mais preventiva.
c)Atentar sobre a influncia predominante do meio sobre o sujeito.
d)A no compreenso integradora da aprendizagem.
2. Ao situar a identidade do psicopedagogo, podemos afirmar que:
a) um profissional que congrega conhecimentos de diversas reas a fim de
intervir no processo de aprendizagem.b) um profissional que devido a ser um especialista em aprendizagem no temlimites para a sua atuao.
c) um profissional que no atua em equipe multidisciplinar.
d) um profissional que no necessita ser um especialista basta conhecer os
processos de aprendizagem.
3. A Associao Brasileira de Psicopedagogia ABPp- uma entidade que
congrega profissionais militantes da rea de Psicopedagogia e seu maiordesafio :
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a) Agregar todos os profissionais da rea.
b) Divulgar a Psicopedagogia no Brasil.
c) Regulamentar a profisso de psicopedagogo.d)Organizar e regulamentar os cursos de Psicopedagogos.
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UNIDADE 4 - O PSICOPEDAGOGO E OS NOVOS DESAFIOS
EDUCATIVOS
4.1 Desafios da escola atual
A escola contempornea se v, diante das transformaes, obrigada a
buscar novos posicionamentos. Tais posicionamentos referem-se a uma mudana
de paradigma nas concepes de escola e de ensino-aprendizagem, uma vez que o
fracasso escolar se impe de maneira acentuada na atualidade.
A escola atual no est conseguindo corresponder s demandas da
sociedade. As exigncias do mundo atual apontam para outra educao, exigindo
qualificao mais esmerada e constante formao e informao dos professores,
uma vez que o mundo globalizado aponta para incessante transformao.
Esse desencontro entre escola e sociedade pode gerar e ou fortalecer os
processos de excluso, sobretudo, considerando uma sociedade cujo conhecimento
distribudo de forma desigual. Esse aspecto social se apresenta como um
expressivo desafio da escola dos dias atuais, na medida em que algumas pessoas
so privilegiadas e outras no conseguem ter acesso ao conhecimento.
Nesta, mesma perspectiva Bossa (2002) aponta que vivemos em um pas
em que a distribuio de conhecimento como fonte de poder social feita
privilegiando alguns em detrimento de outros. Neste
sentido, preciso buscar alternativas para que a escola
seja eficaz ao promover o conhecimento e, assim,
vencer problemas crnicos e cruciais do nosso sistema
educacional, ou seja, evaso escolar, aumento
crescente de alunos com problemas de aprendizagem,
formao precria dos que conseguem concluir o
ensino fundamental, perda de significado social dos
professores e desinteresse geral pelo trabalho escolar.
Fonte: http://migre.me/1esx5
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Neste cenrio, a escola cada vez mais se torna palco de fracassos e
formao comprometida. Isso acontece em funo das frgeis condies tanto
estruturais quanto funcionais de muitas escolas, contribuindo assim para a criseeducacional atual. Tais escolas, na maioria das vezes, no conseguem lidar com as
responsabilidades que lhes so delegadas. Nesse contexto, muitas vezes os
professores, no raras vezes, se vem oprimidos, angustiados e com inmeras
incertezas, fato este que reflete na relao
com os alunos.
Devem-se reconhecer as tentativas
de reorganizao da escola no sentido deprevenir e achar alternativas para o fracasso
escolar. No entanto, a busca de respostas
para o grande nmero de crianas e jovens
com dificuldades de aprendizagem exige da
escola um repensar em relao aos seus
processos.
Fonte: http://migre.me/1esY4
Neste sentido Pain (1986), contribui para a discusso quando evidencia a
educao com um carter libertador ou alienante, dependendo de como
trabalhado. Neste contexto, a escola pode ser um espao ou instncia
desencadeadora de problemas de aprendizagem.
Pain ainda ressalta que no mbito da aprendizagem a escola constitui a
oligotimia social, produzindo sujeitos cuja atividade cognitiva pobre, mecnica e
passiva, se desenvolvem muito aqum daquilo que lhe estruturalmente possvel.
Esclarecendo melhor o termo, entende-se por oligotimia social o impedimento do
desenvolvimento cognitivo sob a forma de prejuzo na autonomia de pensamento.
Fernandez (1990), na mesma lgica de Pain, se refere a uma sociedade
doente e causado
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