Regulação Bancária no Brasil: história recente e desafios
contemporâneos
Marcio Valadares
Brasília, 29 de abril de 2016
Roteiro
1. Introdução sobre a atividade bancária;
2. Regulação bancária no Brasil: história recente;
3. Alguns desafios para os reguladores bancários e legisladores brasileiros.
1. Introdução
1.1 Comentário inicial sobre a atividade bancária
1.2 Por que a atuação dos bancos é socialmente relevante?
1.3 Quais são os potenciais problemas da intermediação financeira?
1.1 Comentário inicial sobre a atividade bancária
Representação simplificada da intermediação financeira
fhg
Depositante
Depositante
Depositante
Depositante
Depositante
Mutuário
Mutuário
Mutuário
Mutuário
Mutuário
Banco
1.2 Por que a atividade bancária é socialmente relevante?
• Ampliação da liquidez (solução para o descasamento de
prazos) e diversificação de riscos ; • Alocação eficiente de capital;
• Monitoramento de administradores e controle corporativo; • Mobilização de poupanças (solução para o descasamento
de valores); Ross Levine. Financial Development and Economic Growth. Journal of Economic Literature, Vol XXXV (June 1997)
1.3 Quais são os potenciais problemas da intermediação financeira?
Ativo Passivo
• Empréstimos • Dinheiro • Imóveis • Equipamentos
• Débitos o Depósitos o Outras operações passivas
• Capital próprio
Balanço simplificado de um banco
1.3 Quais são os potenciais problemas da intermediação financeira?
• Alta alavancagem;
• Descasamento de prazos;
• Risco moral (incentivos de curto prazo e responsabilidade limitada);
• Assimetrias de informação
Problemas da intermediação
financeira e gravidade dos seus efeitos: causas para a regulação
• Identificação de falhas que possam produzir crises;
• Regulação mal formulada pode aumentar o risco de crises.
2. Regulação bancária no Brasil: história recente
2.1 Considerações iniciais sobre a disciplina normativa da atividade bancária no Brasil;
2.2 Anos 1990: saneamento do sistema financeiro
2.3 Anos 2000: esforços para redução do spread bancário e ampliação da oferta de crédito
2.1 Disciplina normativa da atividade bancária
Constituição
Leis Complementares
Resoluções do CMN
Circulares do BC
Leis ordinárias e Medidas
Provisórias
2. História recente da regulação bancária no Brasil
• Anos 1990 (1994-1999):
– Crise
• Controle da inflação;
• Contágio da Crise do México de 1994
– Saneamento
• Proer e Proes;
• Seguro de Depósitos.
2.2 Anos 1990: Resolução CMN n.
2.208, de 1995
Art. 2o O PROER sera implementado por meio de reorganizacoes administrativas, operacionais e societarias de instituicoes financeiras, previamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil, que resultem na transferencia de controle ou na modificacao de objeto social.
Anos 1990: Resolução CMN n. 2.208, de 1995
Art. 3o O PROER compreendera : I - linha especial de assistencia financeira vinculada a: (…) II - liberacao de recursos do recolhimento compulsorio/encaixe obrigatorio sobre recursos a vista para aquisicao de Certificados de Depositos Bancarios (CDB) de emissao de instituicoes participantes do PROER; III - flexibilizacao do atendimento dos limites operacionais aplicaveis as instituicoes financeiras; e IV - diferimento dos gastos relativos aos custos, despesas e outros encargos com a reestruturacao, reorganizacao ou modernizacao de instituicoes financeiras.
Anos 1990: Lei n. 9.447, de 1997
Art. 1º A responsabilidade solidária dos controladores de instituições financeiras estabelecida no art. 15 do Decreto-Lei n. 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, aplica-se, também, aos regimes de intervenção e liquidação extrajudicial de que trata a Lei n. 6.024, de 13 de março de 1974.
Anos 1990: Lei n. 9.447, de 1997
Art. 5º Verificada a ocorrência de qualquer das hipóteses previstas nos arts. 2o e 15 da Lei n. 6.024, de 1974, e no art. 1o do Decreto-Lei n. 2.321, de 1987, é facultado ao Banco Central do Brasil, visando assegurar a normalidade da economia pública e resguardar os interesses dos depositantes, investidores e demais credores, (…), determinar as seguintes medidas:
I - capitalização da sociedade, com o aporte de recursos necessários ao seu soerguimento, em montante por ele fixado;
II - transferência do controle acionário;
III - reorganização societária, inclusive mediante incorporação, fusão ou cisão.
2. História recente da regulação bancária no Brasil
• Anos 2000 (1999-2006);
• A influência da Law & Finance sistemas jurídicos e desenvolvimento financeiro;
• Proteção dos direitos dos investidores: definição de direitos de propriedade e seu cumprimento (enforcement) célere e eficaz.
Emerson Fabiani. Direito e Crédito Bancário no Brasil. São Paulo: Ed. Saraiva, 2011.
Anos 2000: esforços para reduzir o spread bancário e expandir o crédito
• Reconhecimento da validade dos acordos de compensação (MPv n. 2.192-70, de 2001, art. 30; Lei n. 10.214, de 2001, art. 7o; Lei n. 11.101, de 2005, art. ;
• Ampliação das hipóteses de aplicação da alienação fiduciária em garantia, que passaram a abranger coisas fungíveis nas operações praticadas no mercado financeiro (MPv n. 2.160, de 2001);
• Não submissão de credores fiduciários e arrendadores mercantis à recuperação judicial e à falência (Lei n. 11.101, de 2005, art. 49, §3o);
• Empréstimos consignados (Lei n. 10.820, de 2003).
3. Dois desafios para a regulação bancária no Brasil
• Adequação do ordenamento jurídico a boas práticas internacionais: o caso dos regimes especiais de resolução;
• Efetividade das políticas de direcionamento de crédito.
Desafios: novas regras para resolução da atividade de instituições financeiras • A crise financeira e os resgates com recursos dos
contribuintes (bailouts);
• Regimes especiais de resolução: justificativa; • Primeira geração de regimes especiais: transferência de
ativos overnight;
• Segunda geração: medidas ex ante; reorganização, por oposição à transferência de ativos (bail-in).
John Armour. Making Bank Resolution Credible. The Oxford Handbook of Financial Regulation. Oxford University Press, 2015, pp 451-486.
Desafios: (falta de) efetividade do direcionamento de crédito e seus
efeitos colaterais
• O que é o direcionamento de crédito?;
• Dois problemas: a pressão de grupos de interesse e a (não) realização de análises de efetividade;
• Efeitos colaterais provocam o aumento do custo do crédito no mercado de taxas livres.