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PORQUE HOJE É SÁBADO
Guilhermina Pereira CORRÊA 3
Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA)
Um projeto para a sociedade contemporânea.
RESUMO: Aqui se tem a síntese dos eventos realizados pelo
projeto “Porque hoje é sábado”, nos anos de 2013 e 2014. São
ações em que a Faculdade Integrada Brasil Amazônia –
FIBRA, exerce sua articulação com a sociedade, numa
abordagem em que também seus alunos e professores estejam
todos num processo de globalização, com ênfase na
multidisciplinaridade, como artefato político, cultural,
científico na preparação de cidadãos competentes, capazes de
lidar com o conhecimento de maneira crítica, criativa, aptos a
fazer a leitura da realidade como cidadãos cognocentes.
PALAVRAS-CHAVE: Extensão. Cultura.
Multidicisplinaridade.
“Porque hoje é sábado” é um projeto de extensão
iniciado em abril de 2013. É mais uma ação em que a FIBRA
se transpõe de sua sede e se volta para a comunidade, a fim de
contribuir para seu desenvolvimento e buscar na sociedade suas
experiências e seus saberes, numa troca inestimável de valores
responsáveis pelo nosso progresso.
3 Coordenadora do Projeto.
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O plano de trabalho objetivou, inicialmente, estabelecer
interlocução com professores do ensino médio e fundamental,
com o objetivo de proporcionar aos educadores uma visão
ampla do desenvolvimento humano, além de uma cultura geral
e profissional mais abrangente. Não é que se pense que o
professor tenha um conhecimento tão restrito ou que não
precise alargar seus conhecimentos. Não se pode negar que o
papel do professor está sendo questionado. As mudanças
propostas pela educação trazem desafios à formação. O cenário
educacional apresenta exigências para cujo atendimento os
professores não foram preparados. Entende-se que a formação
dos professores, hoje, deve ir além dos conteúdos definidos
para as diferentes etapas da escolaridade.
Diz o MEC em suas recomendações (maio/2000) que os
professores da Educação Básica devem experimentar, em seu
próprio processo de aprendizagem, o desenvolvimento de
competências necessárias para atuar agora. Diz que a formação
de um profissional de educação tem que estimulá-lo a aprender
o tempo todo, a pesquisar, a investir na própria formação e a
usar sua inteligência, criatividade, sensibilidade e capacidade
de interagir com outras pessoas. Mas os esforços gigantescos
para superar as condições de tempo e de poder não são
suficientes para estimular o desenvolvimento de competências
necessárias para o docente ter o perfil que a atualidade exige.
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A FIBRA, sensível e comprometida com as questões
educacionais do Estado, enfatizando a relação de
interdependência com o ambiente, criou o Projeto “Porque hoje
é sábado”, procurando oferecer momentos em que as
informações trazem o aprendizado na prática, com conteúdo
interdisciplinar ou transdisciplinar. Sendo aos sábados, e
durante uma hora, o evento procurou apresentar assuntos que
contribuem para a ampliação do universo cultural dos
participantes, com estratégias de descontração, sem fugir à
integração do saber acadêmico com o saber popular.
Essas marcas fizeram do projeto momentos em que o
estudante da FIBRA pode, com sua participação, acrescentar 04
(quatro horas) na carga horária de suas atividades
complementares concedidas pela Coordenação da Pós-
Graduação e Extensão da Faculdade.
Como um dos objetivos do projeto foi propiciar
interlocução com professores do Ensino Básico, entrou-se em
contato com a Secretaria de Educação e teve-se conhecimento
das 20 (vinte) unidades de ensino, divisão que agrupa as escolas
por bairros. Procurou-se a direção de algumas delas, para
conseguir-se, com os professores, sensibilização para a
importância do projeto e conseguir-se audiência na efetivação
das atividades.
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Começou-se o projeto no dia 27 de abril, com a lotação
do auditório da FIBRA completa, com abertura feita pela
Professora Doutora Célia Brito, Coordenadora de Investigação
Científica, Pós-Graduação e Extensão da Faculdade, que falou
sobre importância do projeto e de sua direção, procurando
atingir, fundamentalmente, os professores do Ensino Básico.
Em seguida, veio a preleção da Professora Adriana de Aviz, do
Curso de Direito, da Faculdade, “Bullyng na Escola”. A
palestra procurou mostrar a existência do problema e as formas
de enfrentá-lo, a fim de contribuir para reformulações de
práticas arraigadas e concepções preconceituosas. As
informações apresentadas deixaram os ouvintes com visão mais
ampla do assunto. Mostrou que o “bullyng” está muito presente
nas escolas, mas, também, aparece, com muita força, em
qualquer ponto da atividade humana, precisando de reflexão e
conhecimento para enfrentá-lo.
No dia 25 de maio, houve a palestra “Saúde na Escola: o
olhar do Professor”, proferida pela Professora Benedita Abreu
Leão, do Curso de Enfermagem. Tratou da necessidade de o
professor ter conhecimentos básicos de vida saudável para si e
para seus alunos, para as pessoas de um modo geral.
Em junho, foi ministrada a palestra, pelo Professor Rui
Martins, do Curso de Administração, “Empreendedorismo:
Estratégias para o professor gestor”. Ensinou aos assistentes o
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que é uma atitude empreendedora e como essa atitude pode
determinar o resultado profissional e as oportunidades que
surgem para cada um, chamando atenção para o discurso em
sala de aula. Afirmou que a partir do conhecimento e vivência
profissional pode-se olhar o mundo de outra forma e criarem-se
oportunidades de sonhar e tornar sonhos realidade.
Observou-se, no final do semestre, a dificuldade de
participação do segmento que esteve na mira inicial do projeto:
professores do ensino Básico e Médio. Aos sábados, esses
professores estavam ocupados ministrando aulas para
compensar os dias de greve do ano de 2013. Lamentou-se que
os professores, que vão na contramão do desenvolvimento da
sociedade contemporânea, tenham perdido a oportunidade de
ampliar e diversificar as formas de interagir, de fazer
ressignificações de atitudes nas práticas de suas aulas, mas não
paramos.
No segundo semestre, as atividades procuraram
envolver mais o cultural e o artístico numa integração prazerosa
e eficaz.
Em agosto, as atividades foram reiniciadas no dia 31,
com a sessão lítero-musical produzida pelo grupo VERSIVOX.
Liderados por Carlos Correia Santos, o grupo se diz criado para
celebrar a poesia, jograis modernos. Na apresentação do grupo,
lê-se: “artistas que fazem as palavras se deitarem na cama da
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música de forma instigante”. O grupo representa, segundo suas
palavras, “uma experimentação, na qual, recitações de poemas
são acompanhadas por melodias”. De fato, fizeram jus ao
anúncio. A sessão apresentada teve o nome de “Viagem Poética
e Sonora”. As músicas complementavam a apresentação de
poesias, nos proporcionando deliciosos momentos, uma viagem
poética e sonora.
Em outubro, no dia 19, foi-nos proporcionado um
espetáculo inspirado no romance “Marajó” de Dalcídio
Jurandir, “Solo de Marajó”, dramaturgia de Carlos Correia
Santos, com apresentação de Cláudio Barros e direção de
Alberto Silva Neto. O ator narra episódios extraídos do
segundo romance escrito por Dalcídio, chamando atenção para
a sutileza e ternura da linguagem na caracterização da
humanidade paraense.
Em novembro, encerraram-se as atividades do projeto
do ano de 2013, com homenagem aos 100 anos de Vinícius de
Morais, com recital de poesias, apresentado pelo Jornalista
Paulo Renato Bandeira. Além do recital, Paulo Renato, que é
membro da Academia paraense de Jornalismo, ocupando a
cadeira 27, relatou várias passagens da vida de Vinicius, com
relevância emocional, pois presenciou várias delas.
Completando a homenagem aos cem anos de Vinicius
de Moraes, a FIBRA, por meio de sua coordenadoria de
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Extensão, realizou no período de 29 de outubro a 29 de
novembro de 2013, a “Exposição Vinicius – 100 Anos” à frente
a Professora Célia Brito, com a curadoria dos Professores
Marco Antônio Camelo e Vasti Araújo.
Em 2014, o projeto desenvolveu ações culturais
multidisciplinares, proporcionando informações, momentos de
desenvolvimento pessoal, formação profissional, alegria e
prazer. Fazendo sua história dentro de um planejamento
participativo, a FIBRA continuou seu projeto, procurando
envolver o público em geral e seus alunos.
Ofereceu, em abril, a palestra “Giovanni Gallo: cultura e
arte no/do Marajó como nortes educacionais” com Darcel
Andrade Alves, Especialista em Semiótica e Cultura Visual e
Mestre em Educação, na linha de pesquisa Saberes Culturais e
Educacionais da Amazônia, doutorando da UFPA (NAEA) na
área de antropologia. É Coordenador da Linha de Pesquisa
Antropologia Audiovisual do Museu Paraense Emílio Goeldi.
O expositor iniciou seu trabalho com comentários, de
admirável peculiaridade, de alguns quadros de Portinari,
apresentados, via internet, na lousa da sala de aula, repleta de
participantes alunos, professores e público. O Estado oferecia,
na época, no antigo palácio do governo, exposição de quadros
de Portinari, que compõem a Coleção Raimundo Castro Maya,
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acervo do projeto nacional “Pelo Circuito Petrobrás de
exposição”.
O tema de sua palestra foi sobre o Museu do Marajó,
que, segundo o professor, “tem uma história que se confunde
com a história de seu mentor, Giovanni Gallo”. Localiza-se em
Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó. Discorreu sobre os
caminhos que o fizeram chegar ao “Museu do “Marajó”, a
descoberta de seu acervo e a riqueza que representa.
Demonstrou sua admiração por Giovanni Gallo, dizendo que o
museu é o símbolo de uma atividade pastoral do padre para
viabilizar conhecimento da realidade local e aproximar-se das
ações do homem do lugar.
A palestra de Darcel Andrade foi magnífica aula,
especialmente para quem está interessado em pesquisa.
Mostrou as fases pelas quais deve passar uma pesquisa de
campo, a necessidade de qualificar os saberes encontrados, de
recortar os conteúdos, de fazer de uma descoberta um novo
caminho para de novo chegar.
Em maio, tivemos recital de poemas de Waldemar
Henrique. O espetáculo nos levou a uma deliciosa viagem de
emoções, proporcionada por professores do Conservatório
Carlos Gomes. Ouvimos, entre outros, os poemas musicados:
Tambatajá, Foi Boto Sinhá, Minha Terra e Uirapuru, com
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participação dos Professores Reginaldo Viana (voz), Anderson
Nobre (violão), Eduardo Florentino (viola).
Em agosto, o grupo Versivox faz, no auditório da
Faculdade, a apresentação de o show de teatro e música, “Dom
Casmurro – o show”, um espetáculo crítico e cômico dentro das
conjecturas que se fazem sobre o romance de Machado de
Assis. Em setembro, o grupo esteve com o espetáculo “Dom
Quixote - o show”, que se apoia no clássico de Miguel
Cervantes Y Saavedra, da literatura espanhola. Faz parte do
projeto do grupo intitulado “Romances Cantados e Contados”.
Conta a história de um fidalgo que acaba perdendo a santidade,
após ler muitas novelas de cavalaria e decide tornar-se um
cavaleiro andante, atrás de suas aventuras.
Em novembro, o projeto promoveu mais uma
homenagem a Waldemar Henrique. O palestrante foi Sebastião
Godinho, advogado e escritor, premiado pela Academia
Paraense de Letras, pelo Instituto Histórico e Geográfico do
Pará e pelo Conselho Estadual de Cultura. É autor de vários
livros entre os quais “Waldemar Henrique da Costa Pereira”.
Desde 16 anos, colabora com artigos para jornais de Belém.
Atualmente escreve quinzenalmente para “O Liberal” e é
Procurador Geral do Município de Ananindeua.
O palestrante começou falando sobre o abandono da
casa onde nasceu Waldemar Henrique, na Rua Manuel Barata,
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transformada em boate, no seu andar térreo. A vida do escritor
foi revelada, desde aos 18 anos, quando serviu ao Exército
Brasileiro. Suas primeiras composições foram influenciadas
fortemente pela cultura francesa. Citou Antônio Tavernard,
Vicente Sales, Altino Pimenta, Vila Lobos e Geraldo Vandré,
como parceiros de Waldemar Henrique. Pela rota dos poemas,
foi-nos levando conhecer ou reconhecer o poeta, um dos mais
importantes da nossa literatura.
Como se vê, o projeto desenvolveu-se dentro da
dinâmica multidisciplinar que a Faculdade oferece à
comunidade, a seus alunos, seja da graduação, seja da pós-
graduação, preocupada com uma formação propedêutica que
permita a todos adaptarem-se às diversidades de perfis exigidas
pelo mercado de trabalho desta nova era.
Em razão de no segundo semestre de 2014 terem
surgido propostas de grupos artísticos para se apresentarem no
auditório da FIBRA e essas apresentações nem sempre
ocorrerem aos sábados, e a Direção Geral da FIBRA, nos
últimos meses desse ano ter aberto o auditório da Faculdade
para a realização de atividades artísticas em geral, o projeto
“Porque hoje é sábado” foi substituído pelo projeto “Espaço
cultural”.
Neste retrospecto, avalia-se que o projeto “Porque hoje
é sábado” realizou ações de interesse acadêmico e cultural,
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democratizando o conhecimento acadêmico com a participação
de professores, de alunos e da sociedade em geral, em busca do
desenvolvimento social e cultural da região e foi ele que deu
ensejo a novas iniciativas no sentido de se ampliarem as ações
culturais da Faculdade.
Em anexo seguem registros de atividades no projeto:
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Reunião com diretores da Unidade da Secretaria de Educação –
USE 6
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Palestra:Bullyng na Escola
Palestra sobre Saúde na Escola: o Olhar do Professor
Palestra: Empreendedorismo - Estratégias para o
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Show Lítero-Musical: Viagem Poética e Sonora
Apresentação Musical: Um tributo a Waldemar Henrique