Resumos de leitura obrigatória
AULA 11 - 25/03/2019
IMUNIDADES E ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS
• Quando falamos em imunidade fiscal, é o mais elevado benefício fiscal que existe no
ordenamento jurídico, e decorre sempre da Constituição Federal. Este comando proíbe o
exercício da competência tributária vedando que certo ente utilize determinado tributo de
sua titularidade em alguma situação específica. São limitações constitucionais ao poder
de tributar, ou seja, uma dispensa constitucional ao pagamento do tributo.
• Distinção entre Isenção e Imunidade.
• Não incidência – Situações que não foram eleitas pelo legislador como passíveis de
tributação. São situações que não são alcançadas pela norma da Hipótese de Incidência.
Exemplo: Não incide IPVA na propriedade de bicicletas. O motivo é que nesta situação
está sob o alcance da Não incidência tributária.
• Alíquota zero é utilizado como instrumento de benefício fiscal, da seguinte forma:
reduzir para zero à alíquota de determinado tributo, gerando como resultado crédito
tributário também no montante de zero. Maior incidência nos tributos extrafiscais - II, IE,
IOF e IPI e o ICMS de acordo com a essencialidade.
➔ PORTANTO nas QUATRO HIPÓTESES a circunstância de NÃO
PAGAMENTO se materializa. Não incidência é a ausência de precisão normativa.
Imunidade é a proteção constitucional (blindagem) que impede a tributação. Isenção é o
benefício de não pagar em função de uma razão econômica/social criada pela lei que
instituiu o tributo. Alíquota zero a base de cálculo quando multiplicado pela alíquota zero
é igual a zero.
– Ser proprietário de Bicicletas → NÃO INCIDÊNCIA
– Artigo 195, §7º da CF: São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei →
MESMO QUE NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DIGA QUE É ISENÇÃO,
INTERPRETAMOS COMO UMA ATECNIA DO LEGISLADOR. Com isto entidades
de assistência social sem fins lucrativos SÃO IMUNES.
– Artigo 184, §5º da CF: São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as
operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária →
IMUNIDADE.
– Artigo 6º da Lei 7713/88: dispensa do pagamento de imposto de renda aos portadores
de moléstia grave → ISENÇÃO.
*Obs.: As imunidades tributárias como garantia fundamental na CF, são irrevogáveis, nos
meandros do artigo 60, § 4°, IV, CF.
• Embora exista o benefício fiscal, o cumprimento da obrigação acessória não se
dispensa. O Artigo 175 do CTN em seu parágrafo único determina: “A exclusão do
crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído ou dela consequente.”.
• A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em
obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária, ou seja, em caso de
inadimplemento da obrigação de fazer, ela se converterá em multa, e será então uma
obrigação de dar dinheiro.
Imunidades quanto à necessidade de regulamentação
A imunidade é considerada incondicionada quando a norma constitucional que a prevê
gera seus efeitos independentemente de regulamentação, possuindo eficácia plena e
aplicabilidade imediata. Como exemplos, podem ser citadas as imunidades recíproca e
cultural (CF, art. 150, VI, a e b). Quando a norma imunizante é classificada como de
eficácia limitada, ficando a sua aplicabilidade e o gozo do benefício a depender da edição
de regulamentação infraconstitucional, a imunidade é considerada condicionada. Como
exemplos, têm-se as imunidades das instituições de educação e assistência social sem fins
lucrativos que somente gozam do benefício se cumprirem os requisitos estabelecidos em
lei complementar, conforme detalhado no item 2.13.4.3. (Direito tributário
esquematizado / Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016).
Art. 146, CF. Cabe à lei complementar:
(...)
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
IMUNIDADES GENÉRICAS – artigo 150, VI e 184, § 5º da CF
• Alcança unicamente a espécie tributária Imposto. Apesar da Constituição Federal
determinar as espécies de impostos, sendo, patrimônio, renda e serviços, o STF em
diversas decisões entende que são para todos os impostos.
• Para se ter imunidade genérica, basta ter SORTE:
Imunidades específicas
• Específica de algum tributo. Pode atingir qualquer espécie tributária, desde que esteja
na Constituição Federal.
• Nas imunidades específicas a Constituição Federal apenas vai retirar a incidência de
alguns tributos e sobre situações pontuais. Como exemplo, a imunidade de contribuições
sociais e CIDE sobre receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, da CF).
Lei de Responsabilidade Fiscal – Imunidade não está dentro desta restrição
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não
observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
Como é consabido, a Constituição Federal não cria tributos, apenas outorga competência
para que os entes políticos o façam por meio de leis próprias. Assim, é correto definir
competência tributária como o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que
instituam tributos. O exercício do poder atribuído é uma faculdade, não uma imposição
constitucional. Cada ente decide, de acordo com seus critérios de oportunidade e
conveniência política, e, principalmente, econômica, sobre o exercício da competência
tributária. Nesse ponto, é relevante comentar uma novidade trazida pela Lei
Complementar 101/1999 (Lei de Responsabilidade Fiscal), qual seja afirmar que
constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição,
previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente
da Federação (LRF, art. 11). A previsão tem caráter principiológico, estando dentro do
contexto do equilíbrio das contas públicas, maior objetivo da LRF. Todavia, a Lei foi
além, proibindo a realização de transferências voluntárias para os entes federados que
deixem de instituir os impostos de sua competência (art. 11, parágrafo único). Trata-se de
uma verdadeira sanção institucional, que parece caminhar em sentido contrário à lição de
que o exercício da competência tributária é facultativo. A regra, entretanto, decorre da
lógica. Se um ente possui competência para criar um imposto e não o faz, a presunção é
de que não precisa da respectiva receita. Se, posteriormente, procura os entes maiores em
busca de repasse de recursos, a negativa é razoável. (Direito tributário esquematizado /
Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2016).
Imunidade recíproca – artigo 150, VI, “a” CF
• Conforme o comando constitucional, os entes federativos, União, Estados, Distrito
Federal e Municípios não podem cobrar impostos uns dos outros sobre seus patrimônios,
rendas e serviços. Eles possuem capacidade econômica, mas não tem capacidade
contributiva. Princípio do Pacto Federativo e Capacidade Contributiva. Esta imunidade
continua restrita apenas aos Impostos. Com relação as demais espécies, como taxa, e
empréstimo compulsório não há qualquer vedação para a cobrança.
• Temos mais duas pessoas alcançadas por essa imunidade que está no Artigo 150, §2º
e §3, que são as autarquias e as fundações públicas. Para que elas tenham essa imunidade,
não basta ser autarquia ou uma fundação pública, elas terão que cumprir necessariamente
4 requisitos:
1) Cumprir suas Finalidades essenciais;
2) Sejam instituídas e mantidas pelo poder público;
3) Não podem cobrar preços nem tarifas para realização de suas contraprestações;
4) não explorarem atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados.
• A parte final do artigo 150, §3º da CF ainda determina que a imunidade não exonera
o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
Quanto a essa determinação, temos a súmula 583 do STF que determina que: “Promitente
comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do
Imposto Predial Territorial Urbano”. Em face disto, temos que se um prédio até então
público, estiver sendo adquirido por uma pessoa física ou jurídica (não imune), este
promitente comprador já poderá ser contribuinte dos impostos inerentes aquela
propriedade que está sendo adquirida.
• A determinação constitucional em seu artigo 173, §2º da CF, que diz: “As empresas
públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado”.
• Podemos afirmar, portanto, que tais entidades não gozam da imunidade, visto que a
constituição expressamente vedou qualquer tipo de benefício fiscal que não fosse
oferecido a empresas privadas concorrentes. Quando pensamos na Caixa Econômica
Federal, por exemplo, ela deve recolher regularmente seus impostos, pois concorre com
entidades bancárias privadas.
• Somente em casos excepcionais é que temos estatais atuando no campo típico da
Administração Pública, e por isso, por prestarem Serviço Público, de caráter Obrigatório,
e sob o regime de Monopólio, o STF sabiamente determinou o alcance da Imunidade
Recíproca a esses entes. O STF reconhece a imunidade dessas pessoas sob a alegação de
que elas não atuam no mundo econômico, logo, não competem com particulares.
• Todo o patrimônio da ECT, Infraero (empresas públicas) e CAERD (sociedade de
economia mista) que seja utilizado para atividade típica do Estado estará imune.
• Empresas que obtiveram Imunidade: 1) ECT, 2) Infraero, 3) CAERD, 4) Casa da
Moeda, 5) CODESP – Companhia Docas do Estado de SP – executa serviços de
administração de porto marítimo, 6) SERPRO – Serviço Federal de Processamento de
Dados.
Ementa:
– Imunidade, isenção, não incidência, alíquota zero e necessidade de regulamentação
– Imunidade recíproca
AULA 12 - 27/03/2019
(...) Imunidade recíproca – artigo 150, VI, “a” CF
Súmula 399 do STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.
*Obs.: Art. 38 Parágrafo Único da Lei 6.830/80 - A propositura, pelo contribuinte, da
ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera
administrativa e desistência do recurso acaso interposto.
O Sujeito passivo da obrigação principal, poderá ser:
A) Contribuinte – Aquele que tem relação direta e pessoal com a situação que constitua
o FG, ou seja, ele pratica o fato que fez nascer a obrigação tributária.
B) Responsável – Ele não pratica o FG, mas possui relação indireta com a situação que
constitua o FG e a LEI expressamente impõe o dever de pagar o tributo.
Com base nisso responda:
A – Teria direito a Imunidade Recíproca no caso em tela?
B – As atividades realizadas a entidades privadas estariam alcançadas pela imunidade,
visto que 98,7% das receitas são provenientes de órgãos e entidades da Administração
Pública?
C – As obrigações de emissão de Nota Fiscal deverá ser realizada mesmo com a
imunidade tributária?
Súmula 583 do STF: Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de
autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.
Imunidade religiosa – artigo 150, VI, “b” CF
• O Brasil apesar de não assumir nenhuma religião oficial, incentiva e valoriza as
práticas religiosas (Artigo 5º, VI da CF). Tanto é que dessas instituições as livrou de
qualquer carga tributária correspondente a impostos. Tudo o que estiver em nome da
igreja desde que cumpram suas finalidades estará imune, conforme assim determina o
artigo 150, §4º da CF.
• Neste sentido, toda renda, por exemplo, auferida pelos dízimos e ofertas dos seus fiéis,
não sofrem a incidência do IR. O mesmo acontecerá com a venda das mercadorias
realizada em bazares da igreja. Desde que, todo o valor arrecadado seja utilizado para o
custeio das práticas religiosas.
– Art. 123, CTN. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares,
relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda
Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.
➔ Portanto não poderia aqui ser aplicada a imunidade. O patrimônio não está em
nome da entidade e o art. 123 do CTN não permite que contratos particulares sejam
utilizados perante o Fisco para a modificação do sujeito passivo.
– Nesse caso, o Fisco exigirá a satisfação do tributo pelo sujeito passivo apontado na lei,
cabendo à parte prejudicada acionar na esfera do direito privado a parte descumpridora
do contrato.
– O STF pacificou através de sumula 724 e Sumula Vinculante 52, que mesmo imóveis
alugados em que a propriedade seja da igreja, é possível a aplicação da imunidade, onde
deve haver a reversão integral do valor arrecadado para o propósito religioso. Em decisões
recentes, o STF ainda afirma que prédios imunes vazios, não configuram necessariamente
a ausência do requisito “finalidade essencial”, por isso, imóvel temporariamente vago
poderá ter a imunidade, cabendo ao Fisco comprovar o contrário.
– Não poderia aqui ser aplicada a imunidade em virtude do patrimônio não está em nome
da entidade. Atente-se quanto a tramitação de projetos de emendas constitucionais
(PEC133/15 do Senado Federal e PEC 200/16 da Câmara dos Deputados) que objetivam
conceder a imunidade para imóveis que tenham a igreja apenas como mera inquilina e
não proprietária do bem.
• Em 2012 através do Recurso Extraordinário 562.351 do Rio Grande do Sul sob a
relatoria do Ministro Ricardo Lewandowksi referente a uma loja maçônica que pedia
imunidade tributária o Supremo por maioria de votos, entendeu que quando a
Constituição conferiu imunidade tributária aos “templos de qualquer culto”, este
benefício fiscal estava circunscrito aos cultos religiosos. No site da referida loja informa:
“...não é religião com teologia, mas adota templos onde desenvolve conjunto variável de
cerimônias, que se assemelha a um culto, dando feições a diferentes ritos. Como
associação privada e discreta ensina a busca da Verdade e da Justiça”. Por isso, o Supremo
entendeu que a própria entidade declara enfaticamente não ser uma religião e, por tal
razão, pareceu a eles irretocável a decisão que negou a imunidade, determinando que a
prática Maçom é uma ideologia de vida, e não uma religião.
Imunidade subjetiva – artigo 150, VI, “c” CF
• A Constituição assim como fez com os entes públicos e com as entidades religiosas,
dispensou alguns sujeitos da obrigação do pagamento de impostos. Os sujeitos
protegidos, estão elencados no artigo 150, VI, “c” da CF, sendo: A) Partidos políticos,
inclusive suas fundações; B) Entidades Sindicais dos Trabalhadores; C) Instituições de
Educação sem fins lucrativos; D) Instituições de Assistência Social sem fins lucrativos.
Aqui cabe alertar que o parágrafo 4º do mesmo artigo, determina também que é necessário
atender suas finalidades essenciais. Essa imunidade subjetiva é condicionada ao
preenchimento de 3 requisitos, que conforme determinação da Constituição serão
definidas em lei. Os requisitos estão assim definidos no artigo 14 do CTN, a saber: I –
Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas a qualquer título;
II – Aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais; III – Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros
revestidos de formalidade capazes de assegurar sua exatidão.
• Com essa determinação, o preenchimento dos requisitos deve se dar de forma
CUMULATIVA, ou seja, a ausência de quaisquer dessas obrigações autoriza a autoridade
competente a suspender a aplicação do benefício, conforme determinação do §1º do
mesmo artigo.
Não se deve confundir ausência de fim lucrativo com proibição de obtenção de superávit
financeiro. Toda entidade que se pretenda viável e pense em crescimento deve se esforçar
para que suas receitas superem suas despesas. O que não pode acontecer, sob pena de
configuração de finalidade lucrativa, é a distribuição de excedentes entre os sócios,
diretores, gerentes ou quaisquer outras pessoas. (Direito tributário esquematizado /
Ricardo Alexandre. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2016).
Ementa:
– Imunidade recíproca
– Imunidade religiosa
– Imunidade subjetiva
AULA 13 - 01/04/2019
(...) Imunidade subjetiva – artigo 150, VI, “c” CF
Súmula 591 do STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende
ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industrializados.
Imunidade objetiva – artigo 150, VI, “d” CF
• Nesta imunidade não são os sujeitos que possuem a imunidade, mas sim os OBJETOS
por elas comercializados/produzidos.
• A Constituição ao propor essa imunidade tem por escopo evitar embaraços ao
exercício da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação,
consagrada no inciso IX do artigo 5º da CF. Visa facilitar o acesso da população à cultura,
à informação e a educação, com a redução do preço final. Com isso determinou que 03
veículos de pensamento e 1 matéria prima serão imunes ao pagamento de impostos: a)
Livros; b) Jornais; c) Periódicos; d) Papel destinado à sua impressão.
• Quanto aos periódicos, no RE 221.239 com a relatoria da Ministra Ellen Grace, ao
interpretar o conceito da imunidade determinou que o constituinte não fez ressalvas
quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à
qualidade cultural de uma publicação. Com isso não caberia ao aplicador da norma
constitucional afastar o benefício fiscal ao Álbum de Figurinha, por força de um juízo
subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação
destinada ao público infanto-juvenil. Portanto é imune o álbum de figurinha da copa, ou
de qualquer outro.
• Ainda sobre os periódicos, no RE 134.071 de relatoria do Ministro Ilmar Galvão o
STF, determinou que é de se entender que não estão excluídos da imunidade os periódicos
que cuidam apenas e tão somente de informações genéricas ou específicas, sem caráter
noticioso, discursivo, literário, poético ou filosófico, mas de inegável utilidade pública,
como é o caso das listas telefônicas. Portanto, as listas telefônicas pelo papel
indispensável que possuem, são alcançados pela imunidade tributária.
• Portanto, esses objetos não devem sofrer a incidência de ICMS, por exemplo. No que
tange aos insumos, pela interpretação expressa da Constituição, apenas o papel está
imune, sendo a tinta, por exemplo, devidamente tributada, bem como as máquinas
utilizadas para impressão destes veículos citados.
• No RE 202.149 a Primeira Turma do Supremo, reconheceu ser ampla a imunidade
tributária, alcançando as peças sobressalentes para equipamentos de preparo e
acabamento de chapas de impressão offset para jornais. Por fim, a súmula 657 do STF
determina: “A imunidade prevista no artigo 150, VI, “d” da Constituição Federal abrange
os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”.
O Plenário aprovou, também por unanimidade, duas teses de repercussão geral para o
julgamento dos recursos. O texto aprovado no julgamento do RE 330817 foi: A
imunidade tributária constante do artigo 150, VI, “d”, da Constituição Federal, aplica-se
ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
lo. Para o RE 595676 os ministros assinalaram que “a imunidade tributária da alínea “d”
do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal alcança componentes eletrônicos
destinados exclusivamente a integrar unidades didáticas com fascículos”.
– Súmulas 323 e 70 do STF
– Recentemente o STF determinou que as prestadoras de serviços de composição gráfica,
que realizam serviços por encomendas de empresas jornalísticas ou editoras de livros, não
estão abrangidas pela imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, d, CF. Com base
nessa orientação, a 2ª Turma, em conclusão de julgamento e por maioria, negou
provimento a agravo regimental em recurso extraordinário em que se discutia a
exigibilidade do ISS relativamente a confecção/impressão de jornais para terceiros. A
turma destacou que a garantia da imunidade estabelecida pela Constituição, em favor dos
livros, dos jornais e dos periódicos e do papel destinado à sua impressão revestir-se-ia de
significativa importância, destinada a preservar e a assegurar o próprio exercício das
liberdades de manifestação do pensamento e de informação jornalística. Frisou que, no
ponto, os serviços de composição gráfica realizados por empresas contratadas para
realizar esses trabalhos, seriam meros prestadores de serviços e, por isso, a eles não se
aplicaria a imunidade tributária.
Imunidade das pequenas glebas – artigo 153, § 4º, II CF
• Imunidade ao ITR as PEQUENAS GLEBAS RURAIS, definidas em lei, quando as
explore o proprietário que NÃO POSSUA OUTRO IMÓVEL.
• A definição do que é pequena gleba consta da Lei 9.393/1996, da seguinte forma:
“Alguns autores afirmam que a lei a que se refere o art. 153, § 4º, II, deveria ser uma lei
complementar já que se trata de limitação ao poder de tributar (art. 146, II, da CF/88)”.
ISENÇÕES
• A isenção é uma das causas de exclusão do crédito tributário que faz com que seja
excluída a incidência do tributo em situações e condições especificadas em lei.
• “(...) 7. Para a criação e extensão de benefício fiscal o sistema normativo exige lei
específica (cf. art. 150, §6º da CF/88) e veda a interpretação extensiva (cf. art. 111 do
CTN), de modo que benefício concedido aos contribuintes integrantes de regime especial
de tributação ... são se estende aos demais contribuintes ... sem lei que autorize” (STJ, 2ª
T., Resp1265198/SC, Rel. Min. Eliana Calmon, out. 2013).
• “Conforme o art. 175, caput, a isenção exclui o crédito tributário. Ou seja, surge a
obrigação, mas o respectivo crédito não será exigível; logo, o cumprimento da obrigação
resta dispensado. Cuida-se de benefício fiscal concedido por liberalidade do legislador.”
(PAULSEN, Leandro. Constituição e Código tributário comentados à luz da doutrina e
da jurisprudência – 18ºed. 2017).
• “(...) 2. A irrevogabilidade da isenção concedida, nos termos do art. 178, do CTN, só
ocorrerá se atendidos os requisitos de prazo certo e condições determinadas. Precedentes.
Situação não configurada nos autos(...) (STJ, 2ªT., REsp960.777/RS, Rel. Min. Herman
Benjamin, set. 2007).
Súmula 544 do STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem
ser livremente suprimidas.
Súmula 627 do STJ: O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do
Imposto de Renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos
sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade.
Súmula 612 do STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (Cebas),
no prazo de sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo
seus efeitos à data em que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por
lei complementar para a fruição da imunidade.
Súmula 598 do STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o
reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda
suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova.
Súmula 69 do STF: A Constituição estadual não pode estabelecer limite para o aumento
de tributos municipais.
Ementa:
– Imunidade objetiva,
–Imunidade das pequenas glebas,
–Isenções.
AULA 14 - 03/04/2019
Isenções – ISS – Lei Complementar 157/16
– Se preenchia a condição pode pedir a restituição.
– Como buscar o direito à restituição e o reconhecimento da imunidade?
1. Requerimento administrativo
2. Se for concedida a imunidade pode ser pedido o dinheiro retroativo
3. Se for negado o retroativo pode-se ingressar com uma ação judicial
Súmula 461 do STJ: O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por
compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em
julgado.
Súmula 512 do STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de
mandado de segurança
Súmula 105 do STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em
honorários advocatícios
IMUNIDADES ESPECÍFICAS
• Pode atingir qualquer espécie tributária, desde que esteja na Constituição Federal.
Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios
de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Súmula Vinculante 28: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito
de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário.
Imunidade – Exportação
Imunidade – ITBI
“19. ITBI e planejamento tributário – A regra do art. 156, § 2º, I, da CF/88, que já
constava de Constituições anteriores, representa clara “janela” para a prática de uma
forma de planejamento tributário, em sede de ITBI. Constitui-se uma sociedade, cujo
capital é composto dos imóveis cuja transmissão se pretende fazer. Depois, transmitem-
se as ações, sem incidência do imposto. Lembrando que esse imposto, antes de 1988, era
de competência Estadual, e envolvia também as transmissões de imóveis causa mortis, é
interessante perceber que o STF já considerou que“não nega vigência ao art. 1.171 do
Código Civil, não viola o art. 19, § 3º, da Constituição Federal de 1946, nem diverge da
Súmula 435, o acórdão que decide ser ilegítima a exigência do imposto de transmissão
causa mortis sobre o valor de ações que o pai doou, por ato entre vivos, em partes iguais,
a filhos” (STF, 1a T., RE 73.576/MG, Rel. Min. Aliomar Baleeiro, j. em 25/9/1973, v.
u., DJ de 30/11/1973). Afinal, transmitir ações não é o mesmo que transmitir imóveis,
ainda que as ações sejam de pessoa jurídica proprietária de imóveis.
20. ITBI. Imóveis e sociedades comerciais. Imunidade. Abrangência – Já afirmou o STF,
relativamente a regra imunizante análoga à do art. 156, § 2º, I, da CF/88, contida na
Constituição anterior, que sua natureza é abrangente, “no sentido de que a não incidência
nela estabelecida compreende a cisão de sociedades por ações, assim como as demais
operações de que trata a lei das sociedades anônimas: incorporação, fusão e a
transformação societária” (STF, 1a T., RE 101.741/SP, Rel. Min. Soares Muñoz, j. em
18/5/1984, v. u., DJ de 8/6/1984, p. 9262, RTJ 111- 1/432).
21. ITBI e Atividade preponderante da pessoa jurídica – Conferir o art. 37 do CTN, que
dispõe sobre quando se deve considerar que a pessoa jurídica tem como atividade
preponderante a compra, venda, locação ou arrendamento de imóveis.”.
(Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e
às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito Machado Segundo. – 6. ed.
rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).
“d) O ITBI e a imunidade específica: a Constituição Federal estabelece imunidades
específicas ao ITBI. Note-as: não incidirá o imposto nos casos de transmissão de bens ou
direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem
sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil (art. 156, § 2.º, II, da CF). A preponderância existe se a
atividade representar mais de 50% da receita operacional, nos dois anos anteriores e nos
dois anos subsequentes (art. 37, § 1.º, do CTN);”. (Código Tributário Nacional
Comentado / Eduardo Sabbag. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São
Paulo: MÉTODO, 2018).
*Obs.: Destinação das Holdings: gestão societária empresarial; administração de bens;
substituição patrimonial de bens / blindagem; blindagem aos efeitos do casamento / união
estável; sucessão familiar.
Imunidade – ICMS
34. Operações que destinem mercadorias ao exterior e o transporte internacional
– Parece-nos que o dispositivo constitucional que imuniza operações que destinem
mercadorias ao exterior envolve, também, as operações de transporte dessas mercadorias.
Afinal, não apenas a compra e venda da mercadoria, mas também o seu transporte até o
exterior são operações que a destinam ao exterior. O STF, entretanto, entende
diversamente: “Tributário. Serviço utilizado no transporte interestadual ou
intermunicipal de produtos industrializados destinados ao exterior. Pretendida não
incidência do ICMS. Art.155, § 2º, X, ‘a’, da Constituição Federal. Benefício restrito
às operações de exportação de produtos industrializados, não abrangendo o serviço
utilizado no transporte interestadual ou intermunicipal dos referidos bens. [...]” (STF,
1a T., RE 196.527-4/MG, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 6/4/1999, v. u, DJ de 23/8/1999,
p 17). É importante destacar, porém, que, interpretando a LC nº 87/96, a Primeira Seção
do STJ (ERESp 710.260/RO, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 27/2/2008) tem entendido
de forma diversa, vale dizer, tem admitido que, mesmo não abrangido pela imunidade, o
serviço de transporte é certamente abarcado pela isenção concedida pelo art. 3º da LC n
º 87/96, num caso excepcional de isenção heterônoma constitucionalmente autorizada
(CF/88, art. 155, § 2º, XII, e).
37. Imunidade de operações interestaduais com combustíveis – À luz do art. 155, § 2º,
X, b, da CF/88, que concede imunidade para operações interestaduais com combustíveis,
muitos consumidores passaram a pretender adquirir combustíveis em outros Estados, para
fazer jus à imunidade. Os Estados-membros, porém, opuseram-se a isso, alegando que
não poderia ser tributada a operação interestadual, mas que nada impediria a tributação
da entrada da mercadoria no estado de destino. Foi o que constou, aliás, da LC nº 87/96
(art. 2º, § 1º, III). Afinal, a finalidade da regra imunizante seria a de fazer com que o
imposto fosse devido, todo ele, no Estado de destino, nada sendo pago ao Estado de
origem. Teria sido uma manobra de constituintes para prejudicar o Estado do Rio de
Janeiro, e beneficiar o Estado de São Paulo, eis que o primeiro é grande produtor de
combustíveis, e o segundo o maior consumidor deles. Para Hugo de Brito Machado, o
argumento de que a operação interestadual é imune, mas que a entrada dos combustíveis
no Estado de destino pode ser tributada, “chega a ser ridículo. Sustentá-lo é o mesmo
que sustentar, em defesa de um lutador que está proibido de bater na cabeça do adversário,
o direito de bater naquele, cinco centímetros acima do pescoço” (Hugo de Brito
Machado, Aspectos fundamentais do ICMS, 2. ed., São Paulo: Dialética, 1999, p. 53). O
STF, entretanto, acolheu a tese dos Estados, decidindo que o benefício em questão “não
foi instituído em prol do consumidor, mas do Estado de destino dos produtos em causa,
ao qual caberá, em sua totalidade, o ICMS sobre eles incidente, desde a remessa até o
consumo. Consequente descabimento das teses da imunidade e da inconstitucionalidade
dos textos legais, com que a empresa consumidora dos produtos em causa pretendeu
obviar, no caso, a exigência tributária do Estado de São Paulo” (STF, Pleno, RE
198.088/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 17/5/2000, m. v., DJ de 5/9/2003, p. 32). No
mesmo sentido: “A imunidade ou hipótese de não incidência contemplada na alínea b
do inc. X do § 2º do art. 155, da Constituição Federal restringe-se ao Estado de origem,
não abrangendo o Estado de destino da mercadoria, onde são tributadas todas as
operações que compõem o ciclo econômico por que passam os produtos,
independentemente de se tratar de consumidor final ou intermediário” (STF, 1aT., RE
190.992/RN-AgR, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 12/11/2002, v. u., DJ de 19/12/2002, p.
80).
(Código Tributário Nacional: anotações à Constituição, ao Código Tributário Nacional e
às Leis Complementares 87/1996 e 116/2003 / Hugo de Brito Machado Segundo. – 6. ed.
rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017).
Imunidade – Contribuições
Artigo 195, II, CF – Não incide Contribuição Social sobre a aposentadoria e pensão
concedida pelo regime de previdência social.
Artigo 195, §7°, CF - Entidades Beneficentes de assistência social não pagam
contribuição social.
Artigo 149, § 2, I, CF – Não incide a CIDE e as Contribuições Sociais sobre as receitas
decorrentes da exportação.
REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO
• O STF adotava uma postura de não aplicar o princípio da anterioridade em caso de
revogação de isenção, contudo recentes julgados demonstram uma mudança importante
no Supremo Tribunal Federal que agora vem aplicando o princípio mencionado também
aos casos de revogação de isenção. Transcrevo abaixo um recente julgado sobre o tema:
ICMS: revogação de benefício fiscal e princípio da anterioridade tributária - “Configura
aumento indireto de tributos e, portanto, está sujeita ao princípio da anterioridade
tributária, a norma que implica revogação de benefício fiscal anteriormente concedido. A
Turma afirmou que os mencionados atos normativos teriam reduzido benefício fiscal
vigente e, em consequência, aumentado indiretamente o aludido imposto, o que atrairia a
aplicação do princípio da anterioridade. Frisou que a concepção mais adequada de
anterioridade seria aquela que afetasse o conteúdo teleológico da garantia. Ponderou que
o mencionado princípio visaria garantir que o contribuinte não fosse surpreendido com
aumentos súbitos do encargo fiscal, o que propiciaria um direito implícito e inafastável
ao planejamento. Ressaltou, por fim, que toda a alteração do critério quantitativo do
consequente da regra matriz de incidência deveria ser entendida como majoração de
tributo. Assim, tanto o aumento de alíquota, quanto a redução de benefício, apontariam
para o mesmo resultado, qual seja, o agravamento do encargo.”.
*Vide – Informativo 737 do STF
Art. 178, CTN. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de
determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo,
observado o disposto no inciso III do art. 104.
• Isenção pode ser revogada? Pode acontecer, SALVO SE CONCEDIDA POR PRAZO
CERTO E SOB CONDIÇÃO ONEROSA.
• Súmula 544 do STF: Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não
podem ser livremente suprimidas.
Dicas:
Mandado de Segurança em matéria tributária
https://www.youtube.com/watch?v=c2zhW9Ygpt8
Ação de repetição do indébito
https://www.youtube.com/watch?v=cWTxbVzYvDs&t=688s
Holding e tributação
https://www.youtube.com/watch?v=o952XbAccug
Anexo: Sentença – imunidade tributária
Ementa:
– Isenções – ISS
– Imunidade – Exportação
– Imunidade – ITBI
– Imunidade – ICMS
– Imunidade – Contribuições
– Revogação de isenção
BONS ESTUDOS!!!!
MONITOR: ZOZIMAR RAMONDA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE SÃO PAULOFORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES8ª VARA DE FAZENDA PÚBLICAVIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
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SENTENÇA
Processo Digital nº: 1038133-08.2018.8.26.0053
Classe - Assunto Mandado de Segurança - Extinção do Crédito Tributário
Impetrante: Con das Irmas F Hosp da Imaccongregação das Irmas Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição
Impetrado: Secretário Municipal de Fazenda do Município de São Paulo
Justiça Gratuita
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Maricy Maraldi
Vistos.
CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS HOSPITALEIRAS DA
IMACULADA CONCEIÇÃO ajuizou mandado de segurança contra ato do SECRETÁRIO
MUNICIPAL DA FAZENDA na qualidade de representante da FAZENDA PÚBLICA DO
MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, objetivando a declaração da inexistência de vínculo jurídico
entre as partes, ante o reconhecimento da inexigibilidade do crédito de IPTU e sobre os imóveis
pertencentes a entidade impetrante, por gozar da benesse prevista no art. 150, VI, alínea “b” da
Constituição Federal, bem como, que lhe seja reconhecido o direito de pleitear a restituição de
valores pagos a esse titulo, considerando o prazo prescricional. Juntou documentos. (fls.85)
A antecipação de tutela foi indeferida (fls.31/32).
O Município contestou a ação, alegando, em preliminar, sua ilegitimidade passiva
eis que a autoridade coatora é o autor do ato executivo. Sustenta ainda, ausência de agir ante a
ausência de pedido administrativo prévio. No mérito, sustenta que a imunidade constitucional
não é absoluta e pressupõe o preenchimento de inúmeros requisitos. A autora não apresentou a
Secretaria a Declaração de imunidade como lhe competia. A impetrante pretende seja afastados os
lançamentos tributários futuros, o que descabe em mandado de segurança. Pede a improcedência.
Trata-se de mandado de segurança através do qual pretende a impetrante o
reconhecimento de sua imunidade tributária por se tratar de entidade religiosa.
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Por primeiro, afasto a alegação de ilegitimidade passiva, aplicando-se ao caso a
Teoria da encampação, eis que não se espera do contribuinte grandes conhecimentos acerca da
estruturação burocrática da administração municipal.
Igualmente afasto a preliminar de falta de interesse, eis que não pode o Poder
Judiciário recursar a prestação jurisdicional, ao teor do disposto no artigo 5º, inciso XXXV da
Constituição da República solenemente assegura que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Afastadas as preliminares, voltemo-nos ao mérito da ação.
Com efeito, o rt. 150, inc. VI, alínea “b”, da Constituição Federal veda a cobrança
de impostos sobre templos de qualquer culto.
O art. 32 do CTN dispõe que o imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem do imóvel.
Propriedade é o direito de usar, gozar e dispor do bem. O domínio útil é o direito
real atribuído ao enfiteuta, a quem incumbe satisfazer os tributos que recaírem sobre o imóvel. A
posse é o exercício, pleno ou não, de alguns dos poderes inerentes ao domínio.
No momento em que a lei declara expressamente que o IPTU é um imposto sobre
o patrimônio, evidencia-se que o objeto do tributo é o direito de propriedade, pois o patrimônio é
categoria jurídica, a denunciar um direito, no caso, o de propriedade.
Numa visão mais rápida, parece que a Constituição teria limitado o poder de
tributar apenas para inibir a incidência de imposto sobre os templos de qualquer culto, de modo
que não bastaria que a Autora entidade religiosa seja proprietária do imóvel. De rigor seria,
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que no imóvel fossem realizados eventos religiosos a caracterizá-lo como templo.
Porém, no que tange à matéria julgada, não há dúvida de que no local encontra-se
uma capela religiosa e que se destina a celebrações católicas e eventos de natureza assistencial e
educacional, sem fins lucrativos, enquadrando-se ao disposto no art. 150, inc. VI, alínea “c”, da
Constituição Federal.
A interpretação deve se dar com leitura também do § 4º, que estabelece que as
vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os
serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
Aliomar Baleeiro (Direito Tributário Brasileiro, 10ª ed. p. 88-89), já afirmava que
o templo não deve ser apenas a igreja, sinagoga ou edifício principal, onde se celebra a cerimônia
pública, mas também a dependência acaso contígua, o convento, os anexos por força de
compreensão, inclusive a casa ou residência especial do pároco ou pastor, pertencente à
comunidade religiosa, desde que não empregados em fins econômicos. No entanto, ressalva que
não se incluem na imunidade as casas de aluguel, terrenos, bens e rendas do Bispado ou da
paróquia, etc.
O Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº
325.822 (RTJ 190/333), reconheceu que a imunidade tributária deve abranger não somente os
prédios destinados ao culto, mas também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com a
finalidade essencial da entidade religiosa. Esta conclusão derivou justamente da interpretação do
artigo 150, § 4º. Segundo o voto condutor, do Ministro Gilmar Mendes, o dispositivo do art. 150,
VI, b, há de ser lido com o vetor interpretativo do § 4º deste mesmo artigo da Constituição. Vê-se,
pois, que a letra b refere-se apenas à imunidade dos 'templos de qualquer culto'; a letra c, a
'patrimônio, renda ou serviços'. Portanto, o disposto no § 4º alcança o patrimônio, a renda ou
serviços dos templos de qualquer culto, em razão da equiparação entre as letras b e c.
A autora é, inegavelmente, entidade religiosa que desempenha atividade de cunho
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assistencial, e preenche os requisitos legais, conforme se depreende dos documentos trazidos aos
autos, razão porque de rigor a concessão da ordem para reconhecimento de sua imunidade em
relação à cobrança de IPTU.
Quanto à eficácia da decisão para exercícios futuros, pondere-se que é possível
enquanto perdurarem as mesmas situações fáticas .
Desse modo, permanecendo inalteradas as situações fáticas, não pode a
Administração tributar a propriedade. Alterada a situação, comprovada por meio de procedimento
administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, poderá a Administração proceder a
cobrança.
Confira-se, sobre o tema:
Recurso Especial. Tributário. Execução Fiscal. Sentença Transitada em Julgado proferida em Mandado de Segurança. Coisa Julgada Tributária. Não-ocorrência. Pedido formulado na inicial limitado a determinado exercício. Parte dispositiva da decisão. Limitação de Exercício Financeiro. Aplicação da Súmula 239/STF. 1. A coisa julgada tributária deve ser determinada em função das partes, da causa de pedir e do pedido formulado na inicial. Este último, por sua vez, pode estar delimitado a uma cobrança, num dado exercício financeiro, ou estar relacionado ao tributo, em si mesmo. 2. No primeiro caso, em que o pedido diz respeito a um débito situado em exercício certo, deve ser aplicado o teor da Súmula 239/STF: "Decisão que declara indevida a cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores."3. No segundo caso, não se referindo o pedido a exercício financeiro específico, mas ao reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da exação, ou de sua imunidade ou isenção, por exemplo, deve ser afastada a restrição inserta na mencionada súmula. Isso porque, nessa hipótese, há uma abrangência no pedido e, portanto, sendo esse julgado procedente, a coisa julgada terá efeitos mais amplos, ou seja, abarcará as situações jurídicas posteriores, não se restringindo a exercício financeiro específico. 4. Assim, deve-se ter em conta que a coisa julgada somente protege o que foi objeto do pedido e, por conseguinte, da decisão, de maneira que, se o pedido foi abrangente, a decisão também o será, não se aplicando a Súmula 239/STF, na medida em que a coisa julgada terá maior amplitude; se o pedido restringir-se a determinado exercício, então a decisão estará limitada a esse, incidindo o enunciado da súmula em apreço.5. Essa mesma interpretação deve ser dada, em se tratando de ação mandamental. Assim,
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se o ato ilegal ou abusivo é declarado indevido, de forma genérica, em relação às situações jurídicas a ele ligadas como um todo, a coisa julgada projetar-se-á a exercícios financeiros futuros, até que haja alguma alteração no estado de fato e/ou de direito da decisão. No entanto, se o ato ilegal ou abusivo lastreia-se em exercício financeiro específico, a decisão fará coisa julgada somente em relação a este.6. No caso dos autos, o pedido constante do writ, assim como a parte dispositiva da decisão transitada em julgado, têm natureza restrita, na medida em que estão vinculados a exercício financeiro específico. Desse modo, não se operou a coisa julgada em relação aos exercícios financeiros seguintes, sendo plenamente aplicável a Súmula 239/STF. (STJ, REsp. nº 576926/PE, proc. nº 2003.0131274-5, 1ª T., rel. Min. Denise Arruda, j. 16.3.2006, pm, DJU 30.6.2006, p. 166). (Grifo nosso).
Isto posto, CONCEDO A SEGURANÇA, para declarar a inexistência da relação
jurídico-tributária no tocante à incidência do IPTU quanto ao imóvel objeto desta ação, nos termos
do art. 150, VI, c, da Constituição Federal. O pedido de restituição de eventuais pagamento
efetuados em períodos anteriores, todavia, ultrapassa os rígidos limites impostos pela via do
mandado de segurança, e deverão ser objeto de ação especifica, se o caso.
Custas pelo autor. Sem honorários, por expressa disposição legal..
PRIC.
São Paulo, 20 de setembro de 2018.
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA
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