Transcript
Page 1: Revista França Brasil ED 310

DEZEMBRO 2012 / JANEIRO 2013 • NO 310

PUBLICAÇÃO DA CÂMARA DE COMÉRCIO FRANÇA–BRASIL

RE

VIS

TA FR

AN

ÇA

BR

AS

IL • DE

ZE

MB

RO

20

12 / JA

NE

IRO

20

13 – N

O 310

MESMO DIANTE DOS DESAFIOS PROVOCADOS PELA CRISE FINANCEIRA MUNDIAL, ESPECIALISTAS

PREVEEM QUE 2013 SERÁ UM ANO DE RECUPERAÇÃO ECONÔMICA E DESTACAM O BRASIL COMO

UM DOS PAÍSES MAIS OPORTUNOS PARA A CAPTAÇÃO DE INVESTIMENTOS DE EMPRESAS FRANCESAS

O QUE VEM PELA FRENTE?

TOUR DE FRANCE: VESTÍGIOS ARQUITETÔNICOS REVELAM O DOMÍNIO ROMANO NA FRANÇA

Page 2: Revista França Brasil ED 310
Page 3: Revista França Brasil ED 310
Page 4: Revista França Brasil ED 310

Dominada pelo Império Romano, a França preserva até os dias atuais vestígios dessa influência em sua arquitetura, resultando em um verdadeiro roteiro histórico e cultural, com obras encontradas em praticamente todas as regiões do país

Distante da realidade da crise econômica na Europa, o setor de turismo francês registra crescimento contínuo, contando para isso com um número cada vez maior de brasileiros interessados em conhecer suas atrações e monumentos

tour DE FraNcENEgÓcios

2458

SEÇÕESEDITORIAL 8

NOTAS 12

CÂMARA EM DESTAQUE 32

ENTREVISTA 54

REGISTRO DE VIAGEM 82 ISTO

CK

PH

OTO

/ F

OTO

LIA

/ D

IVU

LGA

ÇÃ

O /

CO

RB

IS

Cenário de retração econômica mundial em 2012 provoca cautela dos investidores. Apesar dos impactos causados pela crise, especialistas têm previsões otimistas para 2013 e consideram o Brasil um dos países com maior potencial de negócios para empresas nacionais e estrangeiras

matÉria DE capa42

[ sumário ]

Page 5: Revista França Brasil ED 310

A revista França Brasil é uma publicação bimestral da Câmara de Comércio

França-Brasil, editada em parceria com a Editora Conteúdo Ltda.

CCFB – São PauloAlameda Itu, 852 – 19

o andar, São Paulo, SP, 01421-001

Tel.: (11) 3060-2290 / Fax: (11) 3061-1553CCFB – Rio de Janeiro

Av. Pres. Antonio Carlos, 58 – 10o andar

Rio de Janeiro, RJ, 20020-010Tel.: (21) 2220-1015 / Fax: (21) 2533-3925

CCFB – Minas GeraisAv. do Contorno, 4520 – 7

o andar

Belo Horizonte, MG, 30110-916Tel.: (31) 3213-1576 / Fax: (31) 3213-1577

CCFB – ParanáRua Fernando Amaro, 154 – 1

o andar, sala 14, Bloco Central

Curitiba, PR, 80045-080Tel./Fax: (41) 3254-2854

CCFB – Rio Grande do SulRua Dr. Timóteo, 752, sala 8 – Porto Alegre, RS, 90570-040

Tel./Fax. (51) 3222-6467CCFB na Internet: www.ccfb.com.br

DIRETORIAMelissa Kechichian

José Scavone Bezerra de Meneses

REDAçãODiretora-editorial: Melissa Kechichian

[email protected]: Ligia Molina

[email protected]

ARTEDesigner: Victor Avi

Tratamento de imagens: Sant’Ana Birô

Colaboradores desta edição: (Texto) Katlhen Ramos, Nanci Dainesi, e Rose Campos. (Fotos) Paulo Uras. Lessandra Carvalho (Revisão)

Jornalista-responsável: Melissa Kechichian – MTb 25.595

PuBlICIDADECíntia Meneses – [email protected]

Alexandre Fonseca – [email protected]

FInAnCEIROPaulo Brandão – [email protected]

Tel.: (11) 3105.1698

REPRESEnTAçãO COMERCIAl BRASílIA - DF Iracema Ferreira Tamanaha

Tel.: DF (61) 3034-3704/ [email protected]

REDAçãO, PuBlICIDADE E ADMInISTRAçãOEditora Conteúdo – Rua Geraldo Flausino Gomes, 85, cj. 31

04575-904 – São PauloTel.: (11) 3898-0195 – Fax: (11) 3062-7319

www.conteudoeditora.com.brwww.conteudoeditora.com.br/francabrasil/

www.facebook.com/editoraconteudo

A revista França Brasil não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas que expressam o pensamento dos autores. Não é permitida a reprodução integral ou parcial de textos publicados na revista sem a autorização prévia da Editora Conteúdo.

Comitê EditorialAlexis De Vaulx, Carlos Alberto Piazza, Claudine Bichara

de Oliveira, François Dossa, Jean Avril, Jean Larcher, Jean-Marie Lannelongue, Jean-François Hue, Jussara Machado,

Loïc Gosselin, Louis Bazire, Luiz Chinan, Márcia Ribeiro, Patrick Sabatier, Sérgio Bruel, Sueli Lartigue e Thierry Lange

Colaboraram nesta edição: Raquel Raimundo e Tatiana Goerck

Reconhecida como um dos principais patrimônios franceses, a culinária local consagra-se em território brasileiro, não apenas pela variedade de ingredientes utilizados, mas também pelas técnicas inovadoras que oferecem requinte e sabor único aos pratos, além de estimular a criatividade dos chefs gastronômicos em todo o país

EspEcial gourmEt

73

Parcerias entre museus da França e do Brasil garantem acesso dos brasileiros a acervos de artistas renomados, conquistando recorde de público em cada mostra promovida

cultura66

Page 6: Revista França Brasil ED 310
Page 7: Revista França Brasil ED 310
Page 8: Revista França Brasil ED 310

8 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ editorial ]

pesar de um contexto econômico difícil na Europa e nos Estados Unidos, o Brasil manteve em 2012 um grande equilíbrio financeiro e se renovou como crescimento registrado no final do ano.

Os poderes públicos, ao longo desse período, tomaram medidas para manter a atividade econômica por meio do crédito, das baixas focadas nos impostos e também “corrigindo” a taxa de câmbio, o que provocou uma verdadeira desvantagem competitiva para a indústria brasileira.

Além disso, as medidas previstas para acelerar os indispensáveis investimentos em infraestrutura favoreceram um crescimento estável com potencial para manter-se em 4% ao ano. Assim percebemos que a atratividade do Brasil pelas empresas internacionais, particularmente as francesas, foi reforçada.

A CCFB continua inserida nessa dinâmica, com um ritmo mantido nos eventos promovidos por suas comissões, na organização de debates, como o Fórum de Sustentabilidade que antecedeu a Rio+20, o tradicional Fórum de Inovação e Tecnologia, assim como as reuniões e numerosos encontros com os representantes do setor público.

O Observatório Econômico tornou-se uma referência pela qualidade de seus palestrantes. Em 2012 ainda, a CCFB-SP lançou o conceito da Semana Francesa, unindo gastronomia e cultura, um grande sucesso que resulturá em crescimento ao longo dos anos.

Além da ativação da comunidade de negócios no Brasil, a CCFB continuou acompanhando mais de 400 empresas francesas que buscaram se desenvolver ou se implantar em território nacional.

Faço questão de agradecer aqui aos nossos associados, cuja fidelidade não se desmentiu e a quantidade ainda aumentou no ano que passou, e às equipes das diferentes câmaras regionais pelo engajamento e dinamismo.

Estou certo de que 2013 será outro grande ano.

algré un contexte économique difficile en Europe

et aux Etats-Unis, le Brésil a maintenu en 2012

ses grands équilibres financiers et a renoue avec la

croissance en fin d’année.Les Pouvoirs Publics ont tout

au long de cette période pris des mesures pour soutenir l’activité

économique au travers du crédit, de baisses ciblées d’impôts et

aussi en « corrigeant » un taux de change qui provoquait un véritable

désavantage compétitif pour les industriels brésiliens.

Au-delà, les mesures prévues pour accélérer les indispensables

investissements en infrastructures favoriseront aussi une croissance

stable dans la durée avec un potentiel de l’ordre de 4% par an.

De ce fait l’attractivité du Brésil pour les entreprises

internationales, et françaises en particulier, s’est encore renforcée.

La CCFB a continué à s’inscrire dans cette dynamique avec un

rythme soutenu de rencontres en Commissions, l’organisation de

Colloques dont le Forum de Sustentabilidade à la veille du Sommet

Rio+20, le Forum devenu traditionnel sur l’Innovation ainsi que les

réunions et rencontres nombreuses avec les représentant du Secteur

Public.L’Observatoire Économique est devenu une référence pour la

qualité de ses « palestrantes ».Cette année encore la CCFB São Paulo

a lancé le concept de « Semaine Française », conjuguant gastronomie

et culture, qui a été un grand succès et qui ne demande qu’à grandir.

Au-delà de l’animation de la Communauté de affaires au

Brésil, la CCFB a continué à accompagner plus de 400 entreprises

françaises cherchant à se développer ou à s’implanter au Brésil.

Je tiens à remercier ici nos Associés dont la fidélité ne s’est

pas démentie et dont le nombre a encore progressé cette année

et les équipes de nos différentes Chambres régionales pour leur

engagement et leur dynamisme.

Je suis certain que 2013 sera encore une grande année.

Potencial de crescimento

Louis BazirePresidente nacional e da regional

São Paulo / Président national et São PauloCâmara de Comércio França-Brasil

A M

Page 9: Revista França Brasil ED 310
Page 10: Revista França Brasil ED 310
Page 11: Revista França Brasil ED 310
Page 12: Revista França Brasil ED 310

12 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

DIV

ULG

ÃO

ArTe De rUALocalizada no cruzamento entre as conhecidas ruas Cardeal Arcoverde e Henrique Schaumann, no bairro de Pinheiros (SP), a histórica Igreja do Calvário ganhou um toque de modernidade. Com o muro da catedral disponível para suas criações, o artista plástico Eduardo Kobra optou por uma releitura de ícones das cidades de São Paulo e Paris, a exemplo do Monumento às Bandeiras e da Torre Eiffel. A obra, que levou dois meses para ser realizada, contou com o patrocínio da empresa francesa Capgemini.“A street art é, para nós, a forma mais democrática de arte. A união de imagens que representam a França e o Brasil resultou em um trabalho alegre e audacioso”, avalia José Luiz Rossi, CEO da empresa.

inspiração brasileiraAmuletos vendidos na praia de Ipanema (RJ) serviram de inspiração para que as francesas Delphine Crech’riou e Jenny Collinet criassem a Hipanema, marca de pulseiras que se tornaram hit no verão da Riviera Francesa. Miçangas, pequenas conchas e até fitinhas do Senhor do Bonfim foram usadas na produção de duas coleções – lançadas em apenas seis meses – que contam no total com 40 peças, sendo 27 referentes ao inverno europeu 2012/2013. Além do sucesso em toda a Europa, a Hipanema, caracterizada por um fecho metálico, também já é comercializada no Líbano, na Martinica e na Austrália.

Estrutura única Especializada na compra de participações em empresas de tecnologia,

a mineira Confrapar iniciou, recentemente, uma parceria com a francesa Truffle Capital. Juntas, as gestoras têm a meta de levantar um fundo de R$ 200 milhões, que serão investidos em empresas

brasileiras com capital nacional ou internacional. Um dos diferenciais dessa operação se refere à governança, que dispensa a criação de

um comitê de investimento e concentra todos os investidores em uma única estrutura. Intitulado AvanTI, esse fundo já conta com R$ 100

milhões comprometidos, sendo metade dos investidores estrangeiros, com destaque para grupos de mídia e telecomunicações.

Mural de Eduardo Kokra valoriza monumentos de São Paulo e Paris

Mural de Eduardo Kokra valoriza monumentos de São Paulo e Paris

Page 13: Revista França Brasil ED 310
Page 14: Revista França Brasil ED 310

14 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

DIV

ULG

ÃO

/ IS

TOC

KP

HO

TO ConTrole De CArGASPresente em 23 países dos continentes europeu, americano e asiático e com um portfólio de clientes variados, a francesa Norbert Dentressangle inicia suas atividades no Brasil em 2013, em parceria com o grupo brasileiro Gafor. A proposta é explorar o potencial do segmento de transporte, logística e freight forwarding – principais áreas de atuação das duas empresas – com a oferta de serviços de armazenagem de carga, o que inclui produtos refrigerados. As operações da NDG Logistics deverão gerar um faturamento anual de cerca de R$ 400 milhões no médio prazo, segundo previsões do presidente da Gafor Logística, Sergio Maggi Júnior.

ViAS Do CorAÇÃoLançada em 2008, a mostra Vias do Coração, promovida pela Sanofi, em parceria com o Museu da Vida e a Casa de Oswaldo Cruz, retorna a São Paulo com uma série de novidades. O principal destaque é o coração com mais de dois metros de altura, revelando as principais estruturas do órgão, além dos jogos interativos e das atividades que auxiliam na prevenção de doenças cardiovasculares. A Estação Ciência da USP – palco da exposição que permanece aberta até dia 31 de março – também abriga a inédita Estação Diabetes. Um modelo interativo, que mostra o impacto do diabetes na vida das pessoas, e um prato gigante, para ensinar crianças a criarem refeições saudáveis, são algumas das atrações encontradas no local. Segundo Cristina Moscardi, diretora de Comunicação da Sanofi, a ação une elementos lúdicos e pedagógicos que contribuem para a conscientização da população. www.eciencia.usp.br

ConTrole ConTrole

ingrediente diferenciado Com a meta de concorrer com marcas de cosméticos já consagradas em território nacional, a Institut Arnaud – fabricante francesa, fundada na década de 1950, em Bordeaux – acaba de se instalar no Brasil. Com mais de 50 itens, entre sabonetes, cremes para o rosto e corpo, opções para adolescentes e o público masculino, a grife pretende conquistar, no prazo de um ano, 100 pontos de vendas, entre farmácias de bairros de classe A e B. Além dos preços competitivos (as opções mais caras poderão ser adquiridas por cerca de R$ 140,00), a Institut Arnaud conta com ingredientes diferenciados, a exemplo do caviar, na composição de seus produtos. Uma das primeiras parcerias no país é com a MG Hair, do cabeleireiro Marco Antonio de Biaggi, que disponibilizará a linha de tratamento de beleza da marca em suas unidades.

Produto artesanal A grife brasileira Zeferino cruzou fronteiras e desembarca em Paris logo no início de 2013. Conhecida pelos sapatos e acessórios produzidos artesanalmente, a marca dá os primeiros passos na capital francesa, com peças exclusivas, comercializadas na loja de departamento Le Bon Marché. Com uma fábrica própria em Novo Hamburgo (RS), a Zeferino conta com uma equipe de artesãos especializados em fabricação manual, que utiliza técnicas e conceitos tradicionais da Europa em cada item. No Brasil, a coleção 2013 foi inspirada na Bahia, com a mistura de materiais como ráfia, cetim, couro, correntes douradas, píton, bordados, telas, paetês e lurex. As francesas também poderão ter acesso ao mix de cores da grife, com produtos feitos em couro, macramê e tecidos nos tons azul, laranja e amarelo, a um custo médio de 325 euros.

Mostra traz novidades sobre a prevenção de

doenças cardíacas

Page 15: Revista França Brasil ED 310
Page 16: Revista França Brasil ED 310

16 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

Até 13 de fevereiro, o Musée Les Arts Décoratifs promove a exposição Van Cleef & Arpels. A arte da alta joalheria. Mais de 400 peças revelam as técnicas e a criatividade que tornaram a Van Cleef & Arpels uma das principais referências nessa arte. Também é possível aproveitar o passeio para conhecer a livraria local, uma das melhores de Paris sobre moda, design, arquitetura e história da arte. www.lesartsdecoratifs.fr

Quem pretende ver a Torre Eiffel sob um novo ângulo não deve dispensar um passeio à Torre Montparnasse. Assim como o tradicional monumento de Paris, o local registra recordes de visitas, que hoje correspondem a cerca de 750 mil/ano. Afinal, essa é melhor forma de se ter uma visão privilegiada da cidade-luz. Seus mais de 200 metros de altura e observatórios oferecem uma inesquecível vista panorâmica de 360° da capital francesa.www.tourmontparnasse56.com

Próximo ao Palais Royal, o Télescope Café tem conquistado clientes de diferentes nacionalidades. Além de servir o melhor expresso e café de filtro da capital francesa, o local conta com produtos selecionados e equipamentos de qualidade. Por 10 euros, é possível provar seu famoso café da manhã, composto por uma deliciosa torrada de pain de campagne com manteiga e geleia e café passado no filtro. www.telescopecafe.com

Na saída da estação do metrô Palais Royal-Musée du Louvre, localizada entre a Comédie Française e o Museu do Louvre, uma obra ao ar livre chama a atenção. Trata-se de uma peça assinada pelo artista francês Jean-Michel Othoniel. Conhecido internacionalmente, ele planeja ampliar a presença de suas obras na capital francesa em 2013. Uma mostra será realizada nos jardins de Versalhes, que ganharão um ar mais romântico com a exposição de vários colares de vidros suspensos nas árvores.

Depois de trabalhar em Londres, Nova York, Côte d’Azur e Paris, a chef Flora Mikula inaugurou o Auberge de Flora, um pequeno hotel com um restaurante aberto diariamente. Com localização agradável, próximo da Bastille, o empreendimento conta com 25 quartos em decoração temática e um cardápio adaptado aos produtos da época, com sabores da França e alguns toques exóticos. www.aubergeflora.fr

Destino Paris

DIV

ULG

ÃO

/ FO

TOLI

A

Mais de 400 peças revelam

aproveitar o passeio para conhecer a livraria local, uma das melhores de Paris sobre moda,

Bubble BarRótulos de champanhes brasileiros, como Pinto Bandeira Cave Geisse Terroir Nature 2009 e Chandon Excellence Cuvée Prestige Brut, e estrangeiros, a exemplo das tradicionais marcas francesas Krug Grande Cuvée e Dom Pérignon Rosé 2000, agora estão disponíveis aos clientes do Bubble Bar do restaurante carioca Bazzar. Idealizado por Cristiana Beltrão – que comanda o restaurante e os três cafés Bazzar – o local, com 14 lugares, conta com uma carta de bebidas elaborada por Célio Alzer, que também inclui nove tipos de cerveja e cinco de vinho jerez. www.bazzar.com.br

Champagne virtualDom Pérignon, Moët & Chandon, Krug, Ruinart, Veuve Clicquot são as grifes disponíveis no site da Tato Vicentini Champagne Store, primeiro e-commerce especializado em champagne francês do país. Com a proposta de oferecer uma nova experiência de consumo, a adega online – que conta com um Centro de Distribuição em Porto Alegre (RS) – comercializa safras especiais, uma coleção de raros vintages, produtos em embalagens diferenciadas, em estojos próprios das marcas, além de acessórios, como coolers, taças e shopping bags. As entregas são realizadas pela TAM Cargo, com prazos de entrega de três (capitais) até seis dias úteis (interior). www.tatovicentini.com

Page 17: Revista França Brasil ED 310
Page 18: Revista França Brasil ED 310

18 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

PreÇo ComPeTiTiVoContabilizando apenas uma loja própria no Brasil, instalada no shopping Cidade Jardim (SP), a Cartier busca agora mudar sua estratégia de negócios. Com a meta de mostrar aos brasileiros que os valores das joias encontradas no país são tão competitivos quanto os de Nova York ou Miami, a grife decidiu apostar em expansão, o que inclui a inauguração – sem data prevista – de quatro novas butiques, sendo uma em São Paulo, duas no Rio de Janeiro e uma em Brasília. Segundo Bernard Fornas, presidente global da Cartier, lojas maiores e bem localizadas contribuirão para o rápido crescimento no país. O preço das peças encontradas no Brasil varia de R$ 1,2 mil a R$ 300 mil nas coleções regulares, enquanto joias especiais podem custar R$ 10 milhões.

PreÇo ComPeTiTiVoPreÇo ComPeTiTiVoPreÇo

Contabilizando apenas uma loja própria no Brasil, instalada

TrADiÇÃo e moDerniDADeAlém de seus tradicionais campos de lavanda, a Provença conta com castelos históricos, como o Chateau d’Astros. Com arquitetura inspirada nas antigas vilas italianas, a estrutura, erguida no século 12, é um convite não apenas aos amantes da cultura, mas também dos vinhos. Desde o início da década de 1950, o local tem se consagrado por suas técnicas modernas de produção da bebida, mantidas até hoje por seu atual proprietário, Bernard Maurel. O resultado desse trabalho são os melhores roses da região, que conquistaram vários prêmios nacionais e internacionais. www.astros.fr

Combate a doenças Fundada em 1971, por médicos e jornalistas franceses, a entidade Médicos sem Fronteiras – em parceria com seis grandes institutos, entre eles, o Pasteur e a Fundação Oswaldo Cruz – mantém, há quase 10 anos, a Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), organização sem fins lucrativos de pesquisa e desenvolvimento que visa combater a malária, a doença de Chagas, as leishmanioses, entre outras. Voltada ao atendimento de populações carentes, a ONG agora investe no estudo e na produção de novos medicamentos, com a meta de lançar 13 até 2018. Informações detalhadas sobre as atividades da DNDi e também sobre como auxiliar a entidade estão disponíveis no endereço www.dndi.org.br ou podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].

DIV

ULG

ÃO

Page 19: Revista França Brasil ED 310
Page 20: Revista França Brasil ED 310

20 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

novo endereçoVisando atender à crescente demanda de check-ups de empresários no Rio de Janeiro, a Med-Rio Check-up inaugurou recentemente uma nova unidade na Barra da Tijuca. A filial – instalada no Barra Prime Tower – segue o mesmo modelo da matriz, localizada na zona sul carioca. O atendimento fora do ambiente hospitalar é garantido por uma equipe multidisciplinar, que realiza os exames em uma única manhã ou tarde. Em 24 horas os resultados estão disponíveis na internet. “A escolha da Barra é justificada pela relocação de empresas para o bairro, onde, aliás, moram ou trabalham mais de 30% de nossos clientes”, conta Gilberto Ururahy, diretor-médico da Med-Rio Check-up, mencionando que os investimentos na unidade correspondem a R$ 5 milhões, incluindo os equipamentos.

SerViÇo eXClUSiVoO conceito drive thru foi recentemente adotado pela rede Leroy Merlin. O novo espaço – anexado à loja da Raposo Tavares (SP) – oferece, em uma área de três mil metros quadrados, produtos específicos para clientes que estão reformando ou construindo e dispõem de pouco tempo para compras. Areia, pedra, blocos, telhas, caixas-d’água, vigas, entre outros, podem ser adquiridos com facilidade. Basta entrar no local com o carro, escolher a mercadoria, conferir, pagar e sair. “Essa é uma ideia inédita e visa atender às principais necessidades de nossos

clientes”, diz Paulo Cesar Ferreira, diretor da loja. Outro diferencial é o horário

de atendimento: das 7h às 22h (segunda a sábado) e das 8h às 20h (domingos e feriados). Os pedidos podem ser feitos pelo 0800-77-100-13.

Drive Thru Leroy Merlin Rodovia Raposo Tavares, km 14,5 s/nº – Butantã (SP).

Vínculo emocionalCriar um vínculo emocional com o consumidor brasileiro. Esse é objetivo da Louis Vuitton para os próximos anos. O primeiro passo foi a inauguração, em outubro, da primeira global store do país, no shopping Cidade Jardim (SP). O complexo de mil metros quadrados disponibiliza a linha completa da grife na América do Sul, o que inclui o prêt-à-porter masculino, roupas femininas, joias, relógios e artigos de viagem. No final de 2012, a novidade é o lançamento do site www.louisvuitton.com.br, com conteúdo em português. Um dos destaques é a seção MyLV, um espaço pessoal, com acesso a notícias e uma lista de desejos.

DoiS Por UmCriado pelo estúdio swissmade, o guia dois por um – ame sua cidade chega a sua segunda edição com uma série de novidades; entre elas, as seções Comer, Beber, Lazer, Cultura e &, que oferecem a turistas e paulistanos opções de entretenimento na capital no sistema de pagamento dois por um. Para isso, basta apresentar o livro, destacar o pequeno triângulo na página selecionada e aproveitar as atrações em um dos 79 locais disponíveis, como os franceses La Casserole, Pâtisserie Douce France, Aliança Francesa, Ça-Va, Cine Reserva Cultural, Livraria Francesa, Paris 6, Teatro Aliança, entre outros. O guia – disponível nas unidades da Livraria da Vila ou pela internet – também traz dados, depoimentos e um roteiro de São Paulo. www.doisporum.net

DIV

ULG

ÃO

/ IS

TOC

KP

HO

TO

Page 21: Revista França Brasil ED 310
Page 22: Revista França Brasil ED 310

22 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ notas | negócios, cultura e inovação ][ notas | negócios, cultura e inovação ]

DIV

ULG

ÃO

/ IS

TOC

KP

HO

TO

HÁBiTo De ConSUmo “Acho que as brasileiras têm um estilo bem semelhante ao das francesas”, disse Jean Cassegrain, CEO da Longchamp, após visita recente ao Rio de Janeiro. Sua missão? Entender o hábito de vida e consumo das cariocas, que o auxiliarão a identificar quais são os melhores locais para instalar a marca no estado. A meta da grife no Brasil agora é diversificar – tanto em presença quanto em produtos. Para isso, a Longchamp pretende ir além das três butiques instaladas em São Paulo, para conquistar consumidoras do Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG) e Porto Alegre (RS). O desafio agora, segundo o executivo, é encontrar espaços “de tamanho razoável” para também comportar a coleção Ready-To-Wear, em shoppings frequentados por clientes das classes A e B.

Centro de exposiçõesAfetada economicamente pelo declínio do setor de mineração, a pequena Lens – localizada em Nord Pas de Calais, ao norte da França – é, a partir de agora, o mais novo centro cultural do mundo. Uma das minas de carvão abandonadas da região foi eleita a primeira sede do Louvre localizada fora da capital francesa. O espaço, avaliado em mais de 150 milhões de euros, promete reativar uma das áreas mais carentes do país, ao atrair cerca de meio milhão de visitantes/ano. Com projeto assinado pela empresa japonesa SANAA, a filial do Louvre conta com linhas futuristas e um acervo variado. Renascimento – Revoluções nas artes na Europa, 1400-1530 é a exposição que marca oficialmente a inauguração do museu, composta por mais de 250 obras, divididas em 13 salas. Um dos destaques é a tela Santa Ana, de Leonardo Da Vinci.

oriGem VeGeTAl Explorar os benefícios das matérias-primas naturais da Amazônia – como o óleo e a fibra de cupuaçu, açaí, pracaxi e babaçu – em seus produtos é uma das recentes ações da L’Oréal. Eles já correspondem a mais de 55% dos insumos de origem vegetal utilizados pela empresa, que agora pretende avaliar os diferenciais do bagaço da cana. Essa iniciativa promete ampliar a atuação do novo centro de pesquisas da marca no país, com inauguração prevista para 2014. Segundo Patricia Pineau, vice-presidente de Comunicação Científica da L’Oréal, a meta é inovar. “O Brasil tem uma natureza rica. O bagaço da cana, por exemplo, tem alta concentração de fibras e proteínas e pode ser aplicada em diferentes cosméticos”, explica.

Passaporte exclusivoOferecer aos seus colaboradores um conhecimento amplo

sobre os conceitos joie de vivre e savoir faire – hoje essenciais para as operações de grandes grupos hoteleiros – é o objetivo

do Sofitel, que acaba de lançar o projeto Embaixadores, um ciclo de treinamentos aplicado mundialmente, inclusive no Brasil. A proposta do curso é revelar aos cerca de 800 participantes a verdadeira experiência de ser um hóspede e de usufruir o melhor cada serviço, além de criar novas

expectativas, reter talentos e aumentar o comprometimento dos profissionais com o seu trabalho.

Page 23: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeir0 2013 | FranÇa braSiL 23

ComérCio on-lineA Decathlon, marca varejista de artigos esportivos, iniciou, em dezembro de 2012, às operações de venda on-line no Brasil. Antes de colocar sua loja virtual em funcionamento, a rede francesa que hoje conta com 14 lojas físicas no país – localizadas em São Paulo, Santa Catarina, no Rio de Janeiro e Paraná – realizou uma fase de testes com clientes já cadastrados. Pertencente ao grupo Oxylane, a Decathlon tem mais de 650 unidades em 18 países.

marca em expansãoO desempenho do setor de luxo no Brasil motivou a Petit Bateau a investir na expansão de sua marca, nos próximos três anos. Além de São Paulo, as cidades do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR) foram eleitas para a instalação de 15 novas unidades, principalmente em shoppings center. Sinônimo de tradição e qualidade na Europa, a Petit Bateau foi lançada há 125 anos na França e hoje atende desde o consumidor mais sofisticado até os de renda menor. No mercado brasileiro, no entanto, os preços se mantêm competitivos com os de marcas já tradicionais, como Tyrol e Paola da Vinci.

Page 24: Revista França Brasil ED 310

24 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ tour de france | Arquitetura romana ]

Arena de Nîmes é uma das principais referências da

influência romana na França

VESTÍGIOS DA ANTIGA ARQUITETURA ROMANA NÃO SÃO

ENCONTRADOS APENAS NA ITÁLIA, MAS EM PRATICAMENTE TODA

A EUROPA. CIDADES FRANCESAS DOMINADAS POR ANTIGOS

IMPERADORES PRESERVAM ATÉ HOJE AS OBRAS ERGUIDAS DURANTE

ESSE PERÍODO, QUE SE TORNARAM ATRAÇÕES HISTÓRICAS

ROSE CAMPOS

MARCAS DO[ tour de france | Arquitetura

Page 25: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeiro 2013 | FranÇa braSiL 25

foto

lia

ão importa em qual ponto do país o turista esteja. A opinião é praticamente unânime: a França conta, de fato, com um dos territórios mais bonitos do planeta. Evidentemente, houve uma

contribuição da natureza, mas é impossível negar que o talento humano criou um conjunto arquitetônico de grande impacto. Parte dele revela o equilíbrio estético da influência romana, que se projetou em várias cidades francesas. Segundo Victor Hugo Mori, arquiteto e superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), essa característica se espalhou

por todas as regiões dominadas por Roma na Antiguidade, em especial as voltadas para o Mediterrâneo, além de algumas da costa atlântica, como Portugal e Inglaterra, e outras na Ásia e Norte da África.

“É necessário ressaltar que a cultura romana – originária da etrusca e grega – foi influenciada pelos povos que ficaram sob seu domínio. Vestígios de cidades, estradas, pontes, termas, aquedutos, basílicas, teatros, templos e anfiteatros podem ser encontrados em todos os locais que integraram o grande Império, o que envolve desde os muros de Adriano, que separam a Escócia da Inglaterra, ao norte, até as ruínas da cidade de Volubilis, no Marrocos, ao sul”, explica.

N

passado

Page 26: Revista França Brasil ED 310

encerrados nos anfiteatros. Até mesmo o poder centralizador do Papa, em Roma, se reduziu na medida em que se fortalecia o poder dos mosteiros espalhados pela Europa. Com o fim da Pax Romana e a dispersão da população, alguns grandes monumentos romanos passaram a ter a função de defesa e proteção.

ESPECIFICAMENTE NA FRANÇA, os anfiteatros de Arles e de Nîmes se transformaram em cidades fortificadas abrigando a população remanescente das cidades que se despovoaram. “As casas ocuparam as arcadas inferiores e a plateia, e a arena se transformou em praça com edificação de igreja e edifícios públicos, conforme mostram as antigas gravuras medievais”, descreve Mori. Não foi por acaso que a arquitetura medieval das abadias e monastérios, em especial os das Ordens de Cluny e Cister, foi o primeiro estilo aplicado em toda a Europa. Foi a influência românica a expressão desse período, presente na maioria dos edifícios religiosos anteriores ao gótico.

A utilização de técnicas próprias, como arcadas e abóbadas de cantaria, permitiu a concepção de edificações sólidas e sóbrias o suficiente para abrigar o silêncio dos mosteiros. Igrejas como Saint-Sernin, de Toulouse, Sante-Marie-Madeleine, de Vézelay, Saint-Martin de Tours, a Abadia de Cluny e a Abadia de Saint-Denis são alguns exemplos. Foi nessa última, aliás, que no século 12 o abade Suger acrescentou o deambulatório com arcos ogivais

Mesmo o Cristianismo – até então uma minúscula seita dispersa em pequenas comunidades do Mediterrâneo – se transformou em religião universal por imposição do imperador Constantino.As marcas deixadas pelo Império Romano são, portanto, quase impossíveis de se apagar. “Cidades inglesas com o sufixo ‘chester’, bem como as cidades francesas com o prefixo ‘aix’, em geral, denunciam a sua formação romana”, completa Mori. As linhas arquitetônicas contemporâneas traçadas a partir dessas referências, ou mesmo as ruínas ou construções mais sólidas, preservadas até hoje, remetem a um passado ainda vivo.

O especialista relembra que a partir da queda de Roma, no século 5, também se perderam as normas legais (direitos e deveres), a política de arrecadação e de administração. O resultado foi inevitável: em poucos anos as famosas estradas romanas ficaram intransitáveis, pontes e aquedutos foram destruídos, as termas secaram e os espetáculos foram

Os arcos e torres são as principais características de ruínas ou construções ainda sólidas existentes em praticamente toda França e servem como referência para o desenvolvimento de novos projetos

VESTÍGIOS DO DOMÍNIO ROMANO NA ANTIGA GÁLIA SÃO PRESERVADOS ATÉ HOJE EM DIVERSAS CIDADES FRANCESAS

Os arcos e torres são as principais características de ruínas ou construções ainda sólidas existentes em praticamente toda França e servem como referência para o desenvolvimento de novos projetos

[ tour de france | Arquitetura romana ]

Page 27: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeiro 2013 | FranÇa braSiL 27

em torno da capela-mor, considerada a primeira manifestação do gótico francês, que posteriormente se espalhou pelo mundo.

A arquitetura greco-romana voltou a ser valorizada no período da Renascença. Os estudiosos colocam Florença como o berço do Renascimento e Roma, o centro difusor do ideal humanista que chegou até o Novo Mundo. A França absorveu todos os estilos provenientes da Itália – a exemplo do renascentista, maneirista e barroco – em sua arquitetura. O barroco, após a construção do Palácio de Versalhes, passou a ser copiado por toda a Europa e, curiosamente, pela própria Itália.

Foi na arquitetura neoclássica, inspirada na arte da Antiguidade greco-romana e no pensamento iluminista, que os artistas e arquitetos franceses buscaram um novo estilo em contraponto ao esgotamento da linguagem barroca a partir de meados do século 18. A igreja de Madeleine e o Panteon, em Paris, refletem esse momento. No Brasil esse estilo desembarcou com a chegada da Missão Artística Francesa a convite da família real.

O estilo arquitetônico do antigo império se espalhou por toda a Europa, hoje contrastando com as obras modernas

foto

lia

Page 28: Revista França Brasil ED 310

28 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ tour de france | Arquitetura romana ]

Ainda no século 19, em contraposição ao neoclássico da Academia de Belas Artes de Paris, alguns arquitetos, artistas e escritores como Victor Hugo, capitaneados por Viollet-le-Duc, lançaram o movimento neogótico. O que pretendiam com isso? Livrar-se da dependência da cultura ditada por Roma por meio de uma linguagem genuinamente nacional – o gótico. O neogótico também se espalhou a partir

hiStÓria PreSerVadaVestígios do antigo Império Romano são preservados em praticamente todas as regiões francesas, que tornaram alguns deles suas principais atrações turísticas. Confira abaixo os locais mais visitados:

Viena em Rhône-Alpes. O local foi desenvolvido no século 1 pelos romanos, que ergueram um anfiteatro ao pé do monte Piper. Restaurado em 1938, hoje é palco de eventos, como o Festival de Jazz de Viena.

maison des têtes em Valência.Localizada no centro da cidade, a casa construída no século 17 foi transformada em um hotel, que exibe uma coleção de bustos de imperadores romanos.

ruínas da arena de Lutèce em Paris. A moderna metrópole ainda conserva vestígios desta autêntica arena de gladiadores. Foi construída no fim do século 1 d.C. e quase destruída durante as invasões bárbaras.

anfiteatro de arles em Bouches-du-Rhône. Inspirada no Coliseu de Roma, a obra foi erguida pelos romanos no final do século 1, sendo atualmente uma das principais atrações da cidade.

do final do século 19 e foi referência para as igrejas católicas espalhadas pelo Brasil, como é o caso da Catedral da Sé, em São Paulo.

Ultrapassando o universo das construções religiosas, nota-se ainda que as grandes obras de engenharia dos romanos, como pontes e aquedutos, também deixaram sua marca e influenciaram até mesmo as passagens ferroviárias do século 19, e continuam sendo

objetos de estudo. A Pont du gard, por exemplo, é uma porção de um aqueduto romano localizado ao sul da França, e tornou-se na atualidade Patrimônio Histórico da Unesco, abrigando à sua volta um complexo turístico-cultural que inclui museu, espaço de eventos, restaurante e cinema. É originalmente um aqueduto com três ordens de arcos, desenhado por engenheiros hidráulicos romanos e

maison Carrée em Nîmes.o templo no estilo romano foi construído durante o Império Romano, entre os séculos 19 e 16 a.C., durante o mandato do Imperador Augusto.

PariS

Page 29: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeiro 2013 | FranÇa braSiL 29

Avaliadas como monumentos históricos, as construções romanas são as principais atrações dos roteiros culturais da França

construído provavelmente um século antes da era cristã com o objetivo de levar água de Uzès até Nîmes. Essa importante obra é uma das que resistem à passagem do tempo.

ESSA MESMA REgIãO guarda ainda as mais bem preservadas arenas romanas. São construções que datam do mesmo período em que foi erguida a Pont du gard e se tornaram atrações na cidade onde se encontram também os Jardins de la Fontaine. A antiga arena tem capacidade para até 24 mil pessoas e, naquela época, cumpria função semelhante à das arenas de Roma, oferecendo ao público espetáculos de entretenimento, incluindo a luta de gladiadores. Nesses locais – considerados monumentos históricos desde meados do século 19 –, são realizados desde 2010, os grandes Jogos Romanos de Nîmes com direito a desfiles de trajes de época e atrações variadas.

Nas grandes cidades, principalmente, construções mais modernas buscam de algum modo recuperar as referências ancestrais das linhas romanas. “Em geral, os novos edifícios ‘neoneoclássicos’ são dissociados de conceitos ligados à linguagem artística contemporânea e são exigências de marketing para satisfazer uma parcela da sociedade ascendente. O nome dos edifícios também é significativo, como Palais Royal ou

foto

lia

Page 30: Revista França Brasil ED 310

30 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ tour de france | Arquitetura romana ]

Quinta do Algarve. Por outro lado, o conceito de proporção estudado pelos antigos gregos é sempre atual em muitas composições modernas, até mesmo em Brasília”, avalia Victor Hugo Mori.

Na opinião do especialista, o conceito de reconversão de edifícios antigos, nos quais a arquitetura moderna se apresenta para atualizar ou revitalizar determinados espaços antigos ociosos em contraste ou harmonia, é parte integrante da moderna arquitetura francesa. “O impulso da reconversão surgiu em um momento dramático da destruição dos Halles de Paris.

Palco dos gladiadores, atualmente as arenas presentes em várias regiões francesas promovem espetáculos musicais e festas típicas da época

O velho mercado era parte importante da memória local e foi demolido em poucos dias em nome da modernização da área onde hoje se encontra o Forum Les Halles”, menciona, ao destacar que esse fato deu origem a dezenas de movimentos populares que até hoje defendem a revitalização de edifícios antigos e bairros deteriorados.

O Movimento pró-Marais, por exemplo, é famoso por sua atuação, contribuindo para a conservação de locais históricos da cidade. Suas atividades tiveram início com o Centro

Pompidou, de Richard Rogers e Renzo Piano, tendo continuidade com o moderno Louvre, do arquiteto Ioh Ming Pei, o Museu d’Orsay, da arquiteta gae Aulenti, a Ópera de Lyon, de Jean Nouvel, o fabuloso Museu da grande Evolução, em Paris, e tantos outros. “Na reconversão deve existir o respeito mútuo entre a arquitetura antiga e moderna, explicitando a diferença temporal onde nem sempre a harmonia é desejável e o contraste pode até mesmo valorizar o monumento histórico”, conclui o arquiteto.

Patrimônio da humanidadeDurante cinco séculos, os romanos reinaram na Gália e, assim como nas demais regiões francesas, deixaram sua marca em Rhône-Alpes, fronteira com a Itália. Tombada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, Lyon hoje concentra inúmeros vestígios daquele período. A cidade, fundada em 43 a.C. por um tenente de Júlio César, ficava no ponto de convergência de quatro aquedutos, com mais de 200 quilômetros de extensão. Atualmente 92 quilômetros desses arcos permanecem em pé. O destaque, no entanto, são o Grande Teatro e o Odeon, com 4.500 e mil lugares, respectivamente, que se mantêm intactos ao ponto de promover as Noites de Fourvière – um festival de teatro, música e dança, realizado entre julho e agosto. Museus, como o da Civilização Franco-Romana e o Arqueológico de Saint-Romain-en-Gal, além da arquitetura, remetem por meio de peças históricas ao estilo de vida de 2.000 anos atrás.

foto

lia

Page 31: Revista França Brasil ED 310
Page 32: Revista França Brasil ED 310

32 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

economia mundial sofreu com os impactos da crise em 2012. Enquanto países da Europa e os Estados

Unidos estudavam novas formas de superar os desafios, empresários saiam em busca de novas alternativas de negócios, reforçando suas parcerias com os emergentes, a exemplo do Brasil. O país não demonstrou o mesmo desempenho econômico dos anos anteriores, mas manteve-se em destaque, resultado do cenário de expansão do mercado. As companhias francesas descobriram e redescobriram oportunidades em diversos setores, contando, para isso, com o apoio da Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB). “O mundo passou por um ano financeiramente difícil e o crescimento do Brasil esteve abaixo do esperado, devendo melhorar em 2013. Por outro lado, a atratividade do país e da CCFB foi fortalecida:

APESAR DOS PERÍODOS DE RETRAÇÃO, PROVOCADOS

PELOS IMPACTOS DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL,

O BRASIL MANTÉM SEUS ÍNDICES DE ATRATIVIDADE

NO EXTERIOR, CONTRIBUINDO PARA O AUMENTO

DAS ATIVIDADES DA CÂMARA DE COMÉRCIO

FRANÇA-BRASIL (CCFB) DURANTE 2012

MOMENTO oportuno

A

190019001900 200420042008

19002008

1900 20042008

20041975 2001200420012004

[ câmara em destaque ]

Page 33: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 33

o número de associados aumentou, foram promovidas inúmeras visitas e percebemos que o interesse dos franceses em receber informações sobre como negociar com o Brasil ampliou significativamente. Até outubro foram 511 solicitações – 375 de empresas francesas e 136 brasileiras interessadas em conhecer melhor o mercado francês”, diz Louis Bazire, presidente da CCFB nacional e da regional São Paulo.

Foi por meio da promoção de 184 eventos (próprios e apoiados) – 11% a mais do que no ano anterior – que a CCFB, em 2012, reforçou o networking e as parcerias entre seus associados, além de atrair potenciais investidores. Os temas das reuniões, palestras, encontros e premiações valorizaram as oportunidades de vários segmentos, ressaltando as melhores práticas, regulamentações, alterações em tributações, previsões e balanços

econômicos, entre outros. Bazire destaca os resultados bem-sucedidos dos fóruns de sustentabilidade e inovação, além da importante atuação das Comissões de Trabalho das regionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. “A prioridade em 2013 será manter nosso calendário de atividades e valorizar nossas iniciativas investindo em comunicação. O primeiro passo será a publicação da revista França Brasil na versão tablet”, adianta.

Ocupando o cargo de presidente da CCFB-MG há poucos meses, Alexandre Mello também acredita que o cenário brasileiro será favorável em 2013, beneficiando a divulgação de Minas Gerais como um polo para investimentos franceses. “O estado já tem uma forte imagem cultural e pretendemos, por meio de nossas ações, reforçar as parcerias nessa área, sem nos esquecer de aprimorar as relações comerciais”, avalia.

Joaquim Martins, presidente da CCFB-PR, ressalta a conquista de cinco novos associados em 2012, que agora somam 41. “nossa estrutura é pequena, o que permite uma aproximação com nossos associados. Em 2013, pretendemos realizar os eventos de sucesso, com melhorias, e ainda promover iniciativas que aumentem a visibilidade da França em Curitiba e disseminem a cultura e a influência francesa no estado”, considera.

A CCFB-RJ também está preparada para o cenário de 2013. Depois de 11 anos na diretoria da regional, Márcia Ribeiro deixou seu cargo para assumir a diretoria de Relações Governamentais da nissan. Quem ocupou seu posto foi Yves-Marie Gayet, que conta com uma trajetória de 20 anos no banco Société Générale de Paris e Londres.

As próximas páginas apresentam uma retrospectiva das principais ações realizados pela CCFB em 2012.

200520052006201020102012201220122005201220052005201220052006201220062010201220102010201220102006201020062012200620102006

Page 34: Revista França Brasil ED 310

34 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ câmara em destaque | notícias e eventos ][ câmara em destaque ]

IV Fórum de SuStentabIlIdadeReunindo especialistas brasileiros e franceses na área

de responsabilidade sócio-ambiental corporativa, o IV Fórum de Sustentabilidade apresentou um dos temas de maior destaque para as empresas: Os Modelos do Futuro da Economia Sustentável. Realizado em maio, no Rio de

IV Fórum de InoVação e tecnologIaCom abertura de Guilherme Mattar, secretário-adjunto

de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, o IV Fórum de Inovação destacou as áreas de tecnologia da informação, energia e sustentabilidade. Mattar abordou os projetos da cidade de São Paulo no âmbito de sua integração internacional. Com seis eventos por minuto, uma feira a cada três dias e 11 milhões de habitantes, a ideia é viabilizar a candidatura da capital para sediar a Expo 2020. Em sua primeira apresentação, Damien Loras, novo Cônsul-Geral da França em São Paulo, afirmou que pretende estreitar os laços culturais entre a França e a capital paulistana. Robert Salvador, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, por sua vez, ressaltou os esforços promovidos pela iniciativa privada para ampliar a capacitação da indústria por meio da inovação. Enquanto o Painel de Energia e Sustentabilidade mostrou a importância de novas matrizes e da eficiência para o desenvolvimento comprometido com o meio ambiente, a partir de cases da Air Liquide, Alstom, Schneider Eletric e Tractebel Energia, o Painel de Tecnologia reuniu especialistas em mobilidade e uso de recursos para o desenvolvimento de produtos, a exemplo de Alberto Araujo, presidente da Bull América Latina, Alexandre Gouvêa, presidente da Atos, José Luiz Rossi, presidente da Capgemini, e Paulo Veloso, diretor de Segurança da Thales.

FórunS

Evento reuniu especialistas e empresários, apresentando as práticas inovadoras da França

Empresas francesas dividiram suas experiências sustentáveis durante os debates promovidos

Janeiro, palco da Rio+20, ocorrida entre os dias 13 e 22 de junho, o evento contou com cinco mesas-redondas que discutiram temas como evolução da Responsabilidade Sócio Empresarial (RSE), inovação, economia inclusiva, empresa e planeta, estratégia RSE e inteligência coletiva. Um dos destaques foi a apresentação de cases que revelaram como as empresas abordam o tema e, principalmente, quais ações sustentáveis estão desenvolvendo. ArcelorMittal, Danone, GDF Suez, L’Oréal, Leroy Merlin, Pão de Açúcar e Schneider Electric estão entre as empresas que dividiram sua experiência com os presentes, mostrando que bom desempenho e sustentabilidade são inseparáveis nas gestões comprometidas com os resultados, o meio ambiente e as pessoas.

PremIaçõeS

PrêmIo de comércIo exterIor França-braSIl

O desempenho do comércio exterior é um dos principais sinais de saúde de uma economia, segundo Luiz Carlos Quadrelli, secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo. Ele abriu oficialmente a cerimônia do VI Prêmio de Comércio Exterior promovido pela CCFB-SP. O evento contou com o apoio da Agência Francesa de Investimentos Internacionais (AFII), da CCI France, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), da Oseo e da Ubifrance. Realizado em outubro no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, foi prestigiado por cerca de 200 executivos e autoridades brasileiras e francesas. Artur Coutinho, Chief Operating Officer da Embraer, recebeu o Prêmio Villegaigon das mãos de Louis Bazire, presidente da CCFB. Pierre Basmaji, da Innovatec’s, ganhou o Prêmio Auguste Comte. Jean Frédéric Bailly, da Tradeway, levou o Prêmio Vinicius de Moraes. Por fim, Cyril

34 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

Page 35: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 35

PrêmIo lIF – lIberdade, Igualdade e FraternIdadeCom 107 projetos inscritos, o Prêmio LIF premioutrês deles nas seguintes categorias: APOIO àS COMUnIDADES LOCAIS – Projeto Crianças Saudáveis, Futuro Saudável – GDF Suez. Desenvolvido em parceria com o CESTE, Inmed Brasil, Alcoa e Johnson & Johnson, auxilia, desde 2009, crianças de municípios carentes do Maranhão e Tocantins oferecendo, em escolas locais, tratamentos contra parasitoses intestinais e deficiências nutricionais, além de informações sobre higiene, saneamento e saúde por meio de atividades lúdicas. A ação também envolve familiares e membros das comunidades, com o objetivo de melhorar o acesso à rede de esgoto, à coleta de lixo e à água tratada. Também foram destaque nesta categoria os projetos: Colégio Embraer Juarez Wanderley (Instituto Embraer de Educação e Pesquisa) e novo Ambulatório (Centro Espírita nosso Lar Casas André Luiz).

PRESERVAçãO E PROTEçãO DOS RECURSOS nATURAIS – Projeto Comitê de Sustentabilidade Ambiental – Sanofi. Adotar práticas ambientalmente sustentáveis, centralizar as iniciativas já desenvolvidas e disseminar o tema entre os colaboradores são os pilares do comitê, fundado em 2010 na fábrica de Suzano (SP). Cerca de 40 iniciativas foram implantadas, resultando na redução de 16% no consumo de água, 20% na geração de resíduos, na emissão de CO2 e nos gastos com eletricidade. Também foram destaque nesta categoria

os projetos: Centro de Sustentabilidade Alphaville (Fundação Alphaville) e Dr. Gota Contra o Desperdício e as Gotinhas em: Fantástico Passeio pela natureza (Air Liquide).

PúBLICO InTERnO – Olimpíadas Amil Gerações – Amil Assistência Médica Internacional. Com a meta de tornar a sustentabilidade parte do cotidiano de seus 25 mil colaboradores, a Amil desenvolveu as Olimpíadas Amil Gerações, que hoje corresponde a seis ações: Coleta Seletiva, Amil Gerando Arte, Voluntariado, Doação de Sangue, Feira de Troca e Colaborador A+. Também foram destaque nesta categoria os projetos: Clubes de Sinergia (Accor Brasil) e Intel Involvel (Intel Semicondutores do Brasil).

Premiação destaca as companhias que contribuíram com o desempenho do comércio internacional

Ações que beneficiam as comunidades brasileiras são reconhecidas com o prêmio LIF

Bernard, da BVST, conquistou o Prêmio Santos Dummont. As empresas foram eleitas por um corpo de jurados formado por membros da diretoria da CCFB e também por representantes das Associações das Câmaras Francesas de Indústria e Comércio no Exterior.

PrêmIo PerSonalIdade França-braSIlO Palácio da Cidade, no Rio de Janeiro, foi cenário do

Prêmio Personalidade França-Brasil 2012, promovido em novembro pela CCFB. Presidente da Fundação Gol de Letra e campeão mundial em 1994, Raí de Oliveira recebeu o prêmio de François Dossa, presidente da CCFB-RJ, e relembrou o tempo em que morou em Paris. Presente na festa, o novo Embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, agradeceu Raí por sua atuação na França. O evento foi patrocinado por: Aliança Francesa, Renault-nissan, Safran, GDF Suez, CGG Veritas, Gouvêa Vieira Advogados, Michael Page, Dannemann Siemsen Bigler & Ipanema Moreira, e apoiado por: Agência Cheeeeese, Sofitel, Chandon e Chez Bombom.

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 35

Page 36: Revista França Brasil ED 310

36 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ câmara em destaque | notícias e eventos ]

eSPaço França braSIlConsagrado entre associados e convidados, o Espaço

França Brasil é realizado todos os anos durante o carnaval, na Marquês de Sapucaí (RJ). Além de promover a proximidade entre empresários franceses e brasileiros, o camarote conta com uma série de atrações realizadas entre os desfiles das escolas de samba, como o beauty center e um espaço reservado para troca de informações entre executivos. Em 2013, a CCFB promete repetir o sucesso dos anos anteriores, com ações personalizadas, como a veiculação de filmes publicitários em painéis de LED, o marketing de produtos com a distribuição de brindes, a exposição de marcas, entre outras.

[ câmara em destaque ]

eVentoS PúblIcoS

Semana FranceSaRealizada pela CCFB-SP, a Semana Francesa reuniu, em

junho, 23 atrações que ressaltaram o valor da gastronomia da França. O evento contou com a participação de 13 restaurantes e uma boulangerie, valorizando a culinária local, a exemplo da salada vichyssoise, do boeuf bourguignon, além

36 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

dos famosos crème brûlée e mille feuille. O curso Cozinha de Bistrô, ministrado na Faculdade Estácio, parceira da Alain Ducasse Formation de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi outro destaque da programação, que também promoveu shows musicais, exposição de imagens, um espetáculo sobre Molière, a exibição de um filme de Claude Chabrol, além de um tour por lugares que receberam influência da arquitetura e paisagismo francês, entre eles o Museu do Ipiranga. “Estamos muito satisfeitos com essa edição, que superou nossas expectativas em termos de participação do público e de repercussão na mídia. nosso objetivo foi alcançado”, conclui Sueli Lartigue, diretora executiva da CCFB, ao mencionar o Jantar Gastronômico, que inaugurou a abertura da semana, realizado na Brasserie Erick Jacquin.

rua da FrançaOrganizada pela Aliança Francesa, com o copatrocínio da

CCFB, a tradicional Rua da França aconteceu, em novembro, em Curitiba. A divulgação em mídias locais atraiu mais de três mil pessoas interessadas em participar das mais de 35 atrações culturais e gastronômicas tipicamente francesas, incluindo: espetáculos de música, degustações e mostras de publicações em francês. O espaço VIP da CCFB recebeu Jaime Lerner, ex-governador do Paraná, Eloi Pires Ferreira, diretor do filme Curitiba Zero Grau, além de empresários e autoridades.

InternacIonalIZação daS PmeSDiretor-presidente do Sebrae, Luiz Barretto, ministrou,

em dezembro, uma palestra sobre os processos de internacionalização de pequenas e médias empresas, em evento organizado pela CCFB-RJ. Demonstrando com números e gráficos o desempenho do Brasil, ele destacou o cenário macroeconômico do país e do mundo, ressaltando novas oportunidades de negócios para empreendedores.

Palco de encontro entre empresários brasileiros e franceses, espaço é tradição no carnaval carioca

Curso Cozinha de Bistrô foi uma das atrações da Semana Francesa promovida em São Paulo

SemInárIoS, curSoS e PaleStraS

Page 37: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 37

Tema é considerado importante para empresas que buscam por competitividade no mercado

SemInárIo Franco braSIleIro de IntelIgêncIa eStratégIca

Promovido em parceria com a FAAP, em setembro, o V Seminário de Inteligência Estratégica foi realizado em São Paulo e Brasília, com patrocínio do Banco do Brasil. Louis Bazire, presidente da CCFB, enfatizou a importância do tema para as empresas que buscam manter seu crescimento e competitividade e apresentou Philippe Clerc, sênior advisor for Global Competitive Intelligence das Câmaras de Comércio da França e presidente da Associação Internacional Francófona de Inteligência Econômica, como convidado internacional do evento. Segundo Clerc, a área de Inteligência Estratégica deve estar atenta para detectar oportunidades e ameaças, analisar e compreender as situações concorrenciais. Felipe Buzzerio Gama abordou alguns marcos da evolução do conceito no Brasil, enquanto Luiz Henrique de Lima Araújo, assessor da Diretoria de Estratégia do Banco do Brasil, destacou que essa área está relacionada com a presidência do banco. O convênio da FAAP com a França para o diploma DBA na área de Inteligência Competitiva de Mercado e Concorrência foi o assunto abordado por Francisco Paletta, diretor da Faculdade de Engenharia da instituição. Sócio-diretor da Crescendo Kea & Partners, Frédéric Donier, por sua vez, lembrou que há cinco anos a CCFB iniciou os trabalhos da Comissão de Inteligência Estratégica e do primeiro seminário.

II SemInárIo Franco-braSIleIro de ProPrIedade Intelectual

O II Seminário de Propriedade Intelectual, organizado pela CCFB-SP, contou com presenças de: Christine Cabuzel, coordenadora regional da América Latina do InPI da França; Denise nogueira Gregory, diretora de Cooperação para o Desenvolvimento do InPI; André Zonaro Giacchetta, diretor da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual; e

Gustavo de Freitas Morais, sócio da Dannemann Siemsen Advogados. O moderador Philippe Boutaud-Sanz, sócio da Chenut Oliveira Santiago Advogados, destacou pontos importantes abordados pelos palestrantes, como os esforços e o custo dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a importância de estimular a concorrência e o desenvolvimento tecnológico, entre outros. Ele também lembrou que o InPI tem se posicionado, nos últimos anos, como incentivador do desenvolvimento tecnológico do país.

SemInárIo contexto do meIo ambIente no eStado de mInaS geraIS e ProjetoS Franco-braSIleIroS

O seminário – promovido pela CCFB-MG na sede da Fiemg – reuniu associados e convidados. Olivier Chazal, gerente de Projetos da Agência Francesa de Meio Ambiente (ADEME), e Ilmar Bastos, presidente da FEAM, fizeram a abertura do evento. “A França possui cerca de 12 mil empresas ligadas ao meio ambiente e ao setor de energia, que geram 456 mil empregos”, destacou Chazal. Após as palestras, as empresas participaram de rodadas de negócios, visando à assinatura de acordos e potenciais projetos futuros. Essa iniciativa insere-se no esforço da CCFB-MG de promover e apoiar negócios, parcerias e transferência de tecnologias entre a França e o estado.

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 37

Page 38: Revista França Brasil ED 310

38 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ câmara em destaque | notícias e eventos ]

ParlonS droItInovação e Propriedade Intelectual, Abusos Fiscais e

Código Florestal foram os assuntos debatidos no Parlons Droit, evento realizado pela CCFB-PR com o objetivo de promover encontros e debates sobre assuntos jurídicos atuais. Realizado em parceria com a Faculdade de Educação Superior do Paraná (FESP) e coordenado pelo presidente Joaquim Ferraz Martins Filho, o encontro é direcionado para empresários, alunos e comunidade no geral, contando com mais de 420 participantes no auditório da FESP.

[ câmara em destaque ]

38 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

PaleStra a tranSFormação emPreSarIal a SerVIço da alta PerFomance

Frédéric Donier, da Crescendo Kea & Partners, e Jean-Philippe Demael, da Somphy, foram os palestrantes do evento promovido pela CCFB-MG, em julho, no auditório da Associação Comercial de Minas. Donier falou sobre contexto, conceito e metodologias da transformação empresarial, enquanto Demael abordou as mudanças e transformações realizadas por ele no período em que foi CEO da Acesita/ArcelorMittal Inox. Clênio Guimarães, atual presidente da Aperam, por sua vez, encerrou o evento destacando o desenvolvimento da empresa nos últimos anos.

PaleStra exPatrIadoSUm ciclo de palestras sobre a mão de obra estrangeira

e o trabalho dos expatriados no Brasil foi organizado pela CCFB-RJ, em setembro. Os encontros, comandados por Luciana Cardoso, da Imigra Visas, abordaram temas de destaque, como contratação de mão de obra estrangeira por empresas multinacionais e brasileiras. Dados sobre mercado, oportunidades, permanência e saída de estrangeiro do país, além de novidades, tendências da legislação nacional, documentações para permanência e naturalização brasileira, foram analisados em cada evento, contribuindo para que os associados obtivessem informações amplas sobre o assunto.

mInI-courS Em 2012, o tema de discussão do Mini-cours, promovido

pela CCFB-PR, foi a Transferência de Estabelecimentos Empresariais entre Empresários, abordada por Sérgio Henrique Tedeschi, professor da escola de advocacia da OAB-PR e sócio da Tedeschi & Padilha Advocacia Empresarial. Ele destacou a importância do estabelecimento empresarial – considerado essencial ao empresário no exercício da atividade econômica –, além de ressaltar que, durante o processo de transferência de bens, é preciso considerar possíveis consequências jurídicas, que podem afetar diretamente a terceiros, como fornecedores, colaboradores e o fisco. O evento contou com a presença de 12 pessoas, que puderam esclarecer suas dúvidas e trocar informações com o palestrante.

Page 39: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 39dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 39

almoçoS e encontroS em São Paulo

OCTáVIO DE BARROS – Desafios Globais – A crise econômica mundial, os desafios do mercado interno e as perspectivas para este ano foram os temas principais abordados pelo economista-chefe do Banco Bradesco e membro do Conselho Superior da Ordem dos Economistas de São Paulo, no almoço convival, realizado em março. O evento – prestigiado por executivos de vários setores, além de autoridades como Yves Saint-Geours, então Embaixador da França no Brasil, e Sylvain Itté, então Cônsul-Geral da França em São Paulo – apresentou um panorama da economia mundial e brasileira. “O desemprego vai continuar caindo, os investimentos em infraestrutura vão aumentar e a expectativa de crescimento da indústria, por exemplo, é de 2,5%”, previu na ocasião.

PAULO SKAF – Os entraves da economia brasileira foi o tema abordado, em março, por Paulo Skaf, presidente da Fiesp, em evento para associados e convidados. Segundo ele, a entidade busca reforçar sua posição ante a guerra dos portos, o setor de energia e, principalmente, de infraestrutura. “Queremos que essas questões tomem novos rumos”, sinalizou. Para o presidente da CCFB, o encontro propiciou uma visão ampla dos desafios e oportunidades do país. “Esse tipo de ação é relevante aos associados, pois promove uma troca oportuna de informações fundamentais para o negócio”, concluiu Louis Bazire.

ALBERTO ALMEIDA E LUIZ CARLOS MEnDOnçA DE BARROS – Em evento realizado no Figueira Rubaiyat, em abril, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BnDES, e o cientista político Alberto Almeida, presidente do Instituto Análise e autor do best-seller A Cabeça do Brasileiro, falaram sobre a sustentação do modelo de crescimento brasileiro e o grau de solidez das instituições brasileiras.

BAUDOUIn PROT – O chairman do BnP Paribas realizou, em dezembro, uma apresentação a associados em que destacou a situação econômica da Europa e do Brasil. Durante palestra, ele reafirmou sua confiança no processo de fortalecimento da zona do euro e manisfestou otimismo em relação a política econômica adotada pelo Brasil.

ROLAnD DE BOnADOnA – A promoção de grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil motivou o debate sobre desafios de vários setores econômicos, principalmente, o hoteleiro, discutido, em maio, pelo diretor-geral da Accor para a América Latina com 70 empresários franceses e brasileiros. Além de revelar dados relevantes do setor no Brasil e no mundo, o executivo destacou que a cidade com maior potencial de desenvolvimento do segmento é São Paulo, seguida por Rio de Janeiro e Curitiba.

Page 40: Revista França Brasil ED 310

40 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ câmara em destaque | notícias e eventos ]

JEAn-PIERRE RAFFARIn – Acompanhado por uma comitiva formada por presidentes e diretores-gerais de empresas francesas, o vice-presidente do Senado francês participou de um almoço, promovido em parceria com a UBIFRAnCE e a Embaixada Francesa, que contou com a presença de Eduarda de La Rocque, então secretária municipal da Fazenda do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Haddad, diretor executivo da Rio negócios, Thiago Silveira, da Rio

MáRCIO HOLLAnD – Durante almoço promovido, em outubro, pelo Comitê de Economia da CCFB, liderado por Octávio de Barros, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, disse a um grupo de empresários que o câmbio se manteria estável nos próximos meses, sendo um incentivo às taxas de investimento no mercado, que já superam os índices de consumo. Um sinal de que a inflação tão cedo não ameaçará os preços. Ele também afirmou que o processo de simplificação tributária deverá se acelerar, uma vez que a competitividade das empresas é uma prioridade governamental, além de destacar que a questão das reformas continua sendo prioritária na agenda do setor produtivo do país.

[ câmara em destaque ]

40 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

DELFIM nETTO – Convidado do almoço convival, em junho, em São Paulo, organizado em parceria com o Comitê de Economia da CCFB, o economista netto abordou em sua apresentação temas como exportação, democracia, taxa de juros, inflação e crescimento da economia.

almoçoS e encontroS no rIo de janeIro

almoçoS e encontroS em mInaS geraIS

MARIA SILVIA BASTOS MARQUES – A presidente da empresa Olímpica Municipal foi palestrante no almoço, realizado em abril no Hotel Sofitel, que abordou o tema Projeto Olímpico e a Cidade do Rio de Janeiro. O evento discutiu os novos rumos da cidade do Rio de Janeiro, ressaltando quais são as melhorias necessárias para sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

DELEGAçãO DO CAP BRéSIL – A comitiva foi recepcionada, em março, na Fiemg, e participou de uma apresentação sobre as oportunidades de negócios em Minas Gerais, juntamente com representantes do Centro Internacional de negócios (CIn). A CCFB organizou ainda um almoço para a delegação e uma visita técnica a um importador de produtos franceses de alimentação, para que todos conhecessem as particularidades do mercado mineiro.

negócios, além de Mauricio Moura Costa e Pedro Moura Costa, da Bolsa Verde Rio de Janeiro. Durante o evento, foram apresentadas oportunidades de negócios no estado.

Page 41: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 41 dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 41

almoçoS e encontroS no Paraná

ECO-TECnOLOGIA – Em outubro, empresários mineiros buscaram novos negócios na área ambiental com companhias francesas. Vinte e quatro indústrias do estado participaram do 1º Encontro de Negócios França-Minas Gerais: Eco-tecnologia, organizado pela Fiemg, por meio do Centro Internacional de negócios (CIn), pelo Governo de Minas, com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), e pela CCFB-MG. O encontro foi divido em duas partes. Pela manhã, representantes da Fiemg e do Governo de Minas fizeram uma apresentação sobre a economia do estado. Em seguida, os europeus falaram sobre a região de nord Pas de Calais e as atividades de cada companhia presente na comitiva. Reuniões de negócios foram realizadas à tarde. no total, foram 41 reuniões individuais com quatro empresas francesas, da região de nord Pas de Calais.

COMITIVA DAS EMBAIxATRIZES – Em maio, a CCFB-PR recebeu, na Maison de France, uma comitiva formada por esposas dos Embaixadores e diplomatas da União Europeia, recepcionadas por Joaquim Ferraz, presidente da CCFB-PR, Ivo Charvet, representante da CCFB-PR, Emilie Dely, Cônsul Honorária da França em Curitiba, e Christian Dejour, diretor da Aliança Francesa em Curitiba.

DOROTHEA WERnECK – A secretária de Desenvolvimento de Minas Gerais deu início às atividades da CCFB-MG com a palestra Parcerias Públicas Privadas – Novos Projetos, Oportunidades e Investimentos, falando sobre os projetos do estado para os próximos anos no setor de infraestrutura Representando o setor de Parcerias Públicas Privadas (PPPs) de Minas, Marcos Siqueira e Marcelo Faulhaber destacaram os benefícios dessa iniciativa a representantes de grandes empresas locais, como Aperam, ArcelorMittal e V&M.

REUnIãO ICLEI – Os congressos mundiais do ICLEI acontecem a cada três anos, permitindo que prefeitos, secretários e equipes dos governos locais, representantes de agências internacionais, governos nacionais, patrocinadores e outros parceiros compartilhem conhecimentos sobre políticas sustentáveis. Em 2012, a reunião ocorreu em Minas Gerais, contando com o apoio da CCFB-MG

PHILIPPE VUAILLAT – Gerente do grupo EGIS no Brasil, o executivo expôs a experiência da empresa em infraestrutura e o desenvolvimento de diferentes tecnologias em engenharia consultiva. A apresentação também destacou a recente parceria com a Vega – Engenharia e Transportes, no setor ferroviário, e a participação no consórcio vencedor da concessão para o aeroporto de Viracopos.

nORD PAS DE CALAIS – Em outubro, o governo de Minas Gerais e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em parceria com a CCFB-MG, promoveram um encontro com a delegação de nord Pas de Calais, dando continuidade às reuniões de cooperação,e aprofundaram as discussões de mobilidade e pesquisa acadêmicas. As relações entre Minas Gerais e nord Pas de Calais tiveram início em 2008, com a assinatura de um acordo de irmandade, posteriormente desdobrado em novos acordos que contemplam a promoção da ciência, tecnologia e ensino superior. A principal motivação dessa aproximaçãofoi a atividade mineradora comum nos dois territórios.

Page 42: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

42 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

Page 43: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 43

OS CAMINHOS para 2013DEPOIS DE UM ANO DE RETRAÇÃO, ESPECIALISTAS ACREDITAM NA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

MUNDIAL, MESMO DIANTE DE UM CENÁRIO REPLETO DE DESAFIOS. APESAR DA CAUTELA DE

INVESTIDORES E DO DESEMPENHO BEM ABAIXO DO ESPERADO EM 2012, O BRASIL SE MANTÉM

COMO UM DOS LOCAIS MAIS PROPENSOS A CAPTAR RECURSOS ESTRANGEIROS

NANCI DAINEZI E LIGIA MOLINA

D

Fonte: Ecomática

A América Latina, porém,foi destaque em atratividade:

mudança de cenÁRio Levantamento da empresa de análise financeira Ecomática mostra queda nos investimentos no Brasil em 2012:

8%América Latina e Caribe

5%África

-4%União Europeia

6%Países fora da União Europeia

-11%Ásia

-35%Estados Unidos

1,2%de recuo no investimento direto estrangeiro

76%de queda nas captacões de fundos dedicados ao Brasil

1%

a menos na taxa de investimento total na economia, que fecha o ano em 18,3%

esafiador. talvez seja esse o melhor termo para descrever o cenário econômico mundial em 2013, considerando-se o desempenho registrado no ano anterior. Não há dúvida de que, em 2012, os números ficaram bem abaixo das expectativas dos especialistas, impactados,

principalmente, pela crise nos países da Europa e nos Estados Unidos, que dá sinais de continuidade. O Brasil não ficou alheio a essa situação. Apesar do anunciado crescimento de 4% do PIB, no início do ano que passou, o índice chegou próximo a 1%. sinalizando cautela aos investidores, que reduziram a aplicação de capital em diversos setores. Na tentativa de reverter esse quadro, medidas foram adotadas pelo governo, gerando um leve crescimento na indústria no último semestre.

“Independentemente dos resultados, o Brasil não deixa de ser fascinante para os investidores, por se tratar de um país com grande extensão produtiva, com potencial elétrico e energético a ser explorado. ter uma classe C formada por 85 milhões de pessoas é outro fator que chama a atenção dos países da zona do euro”, afirma Baudouin Prot, presidente do Conselho de Administração do BNP Paribas da França, avaliando que a situação econômica global, no final de 2012, melhorou. “A Europa mostrou que o euro veio para ficar, sendo uma realidade histórica. As empresas que anunciaram a morte da moeda deveriam

Page 44: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

44 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

revisar os seus conceitos. Cada país membro hoje tem a consciência de que deve pagar suas dívidas e que o individualismo deve ser banido, dando espaço ao coletivo”, acrescenta.

Antecipando que o continente está disposto a se reerguer, Prot sinaliza que, em 2013, haverá uma redução econômica local, gerando uma reestruturação, especialmente do setor bancário. “O Banco Central Europeu fará uma supervisão severa das operações financeiras, que serão controladas a partir de sua base em Frankfurt. Uma medida aprovada no final de 2012 começa a vigorar em março, estipulando que os 200 maiores bancos da região trabalharão de forma contínua e diária”, adianta o executivo, reafirmando que os esforços coletivos agora são prioritários.

Quem concorda com a iniciativa europeia é o Fundo Monetário Internacional. Depois de anunciar “preocupação” com a crise na zona do euro – capaz de desencadear um processo de estagnação na economia mundial –, a instituição acredita que a solução da crise será encontrada por meio da união política.

Enquanto Grécia, Espanha e Irlanda somam esforços para se reerguer, a França demonstra mais dinamismo.

Em relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – referente a outubro de 2012 – o país não dava mais sinais de estagnação, mas sim de crescimento de 0,3%. A previsão, porém, é de que a França conquistará um patamar mais elevado somente em 2014. O desemprego, no entanto, se manterá em alta nos próximos anos, passando de 9,9% em 2012, para 10,7% em 2013, e alcançando 10,9% em 2014. “Para que a França saia fortalecida da crise, será necessário promover algumas mudanças. Uma é o controle dos gastos públicos, que devem ser colocados em ordem. Outra é promover a flexibilidade da carga de trabalho, além de reativar o pacto de crescimento e competitividade, que estava parado, mas por decisão do governo será retomado”, explica Prot.

PArA OCtAvIO DE BArrOs, economista-chefe do Bradesco e membro do Conselho da CCFB, o cenário europeu ainda inspira cuidados. “A retomada do crescimento acontecerá em 2014, ainda que as incertezas de caráter sistêmico tenham se reduzido bastante com a maior coesão da troika (FMI, Comissão Europeia e BCE) e a posição mais flexível da Alemanha. Quanto aos Estados Unidos, observa-se certo renascimento industrial e os empregos voltam a ser gerados. Há incertezas sobre o chamado “abismo fiscal”, mas, passada a eleição presidencial, parece-me que o entendimento sobre o ajuste fiscal de 2013 finalmente será encontrado”, analisa.

Em relação aos Estados Unidos, as perspectivas são mais otimistas especialmente após a reeleição do presidente Barack Obama, que deve garantir a continuidade do programa de retomada da produção interna. O FMI espera uma ligeira redução na taxa

Estímulos ao desenvolvimento do setor de petróleo no Brasil é um dos pontos que devem ser retomados em 2013

Enquanto grécia, Espanha E irlanda somam Esforços para sE rEErguEr, a frança é mais dinâmica EconomicamEntE

Prot, do BNP Paribas: “Para que a França saia fortalecida da crise econômica que afeta toda a Europa, o governo terá de promover algumas mudanças internas”

Page 45: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 45

de crescimento do país, menor até do que a de 2012, ocasionada por ajustes econômicos. A previsão, porém, é de que o país cresça mais de 2%, já que o governo atual foi capaz de diminuir o índice de desemprego de 10%, em outubro de 2009, para 7,8%, em setembro do ano passado.

Especificamente entre os países do BrIC, a produção, antes voltada, principalmente, para a exportação, agora se preocupa em atender à demanda doméstica. Esse será uma das principais motivos do crescimento estimado em cerca de 8% na China, em 6% na Índia, em 3,8% na rússia, além dos 4% no Brasil. A China, inclusive, está estimulando as importações por meio de um processo de reavaliação de sua moeda oficial, o que tende a gerar uma economia mais equilibrada. Os governos dessas nações continuam incentivando o consumo e os investimentos em vários setores, com destaque para o de infraestrutura, o que tende a beneficiar os negócios mantidos por investidores estrangeiros.

Barros acrescenta que, ao contrário da realidade europeia, a economia brasileira já deu sinais de crescimento no terceiro trimestre de 2012. “Isso é resultado de um movimento cíclico da economia combinado com estímulos importantes que foram implementados pelo governo nos últimos meses. Os estoques voltaram ao normal e os investimentos dão sinais de retomada. Juros mais baixos e câmbio depreciado abrem perspectivas melhores para o crescimento”, avalia. Estrategista-chefe do Crédit Agricole DtvM, Wladimir do vale, concorda e prevê o desenvolvimento tanto das empresas nacionais quanto das estrangeiras presentes no país. “Nossa posição oficial com relação à taxa de crescimento está acima do previsto pelo mercado, superando os 4%. Isso somente é possível por meio do aumento do consumo das famílias brasileiras e dos investimentos que estão sendo realizados no país”, afirma.

segundo ele, um dos possíveis efeitos é uma ligeira alta da inflação, gerada pela aceleração do mercado de trabalho. “É provável que o Banco Central seja forçado a fazer reajustes na taxa selic. Essa ação

22%Petróleo e gás

16%Energia elétrica

10%Siderurgia e metalurgia

8%Telecomunicaçoes 7%

Alimentos e bebidas

7%Mineração

5%Comércio

4%Papel e celulose

21%Outros

Fonte: Ecomática

Alta de

62%

86,3bilhoes 2008

240bilhoes 2012

RecuRsos disponíveisEstudo realizado pela empresa de análise financeira Economática comprova que o menor interesse em investir no Brasil não é provocado pela falta de capital, considerando-se que 221 empresas com ações mais negociadas na bolsa fortaleceram o caixa nacional:

A divisão desses recursos por setor foi de:

Especialistas econômicos apontam o potencial energético brasileiro como um fatores que favorecem os investimentos no páis

foto

lia

e d

ivu

lga

çã

o

Page 46: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

46 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

que conquistou. Esse país conta com vários trunfos, a exemplo dos números obtidos com o consumo das classes B, C e D. Porém, é preciso ser administrado com bons olhos, ter uma boa gestão. Afinal, do que vale a ordem se não há progresso?”, indaga.

Empresas francesas presentes no país reconhecem que, em 2012, os resultados ficaram abaixo do esperado. O bom desempenho, no entanto, foi motivado por estratégias inovadoras, como investimentos em novos negócios ou em áreas mais oportunas. Alexis Duval, presidente do Conselho da tereos, uma das líderes globais na produção de adoçantes e bioenergia por meio do processamento de cana-de-açúcar e cereais, diz que o cenário da companhia em 2013 é de solidez e crescimento. “A

6,1%

1997

3,4%

0,3%

1,3% 1,1%

3,2% -0,3%2,7%

1,3%

3%

5%

3,5%

1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2012 2013 2014 2015

42%

38%

48%

36%

25%

20%

21%

18%

2007 2011

China

Índia

Chile

Brasil

13,4%

China

5,1%

Chile

4,8%

Índia

2,5%

Brasil

não é totalmente descartada, porém deve ser moderada, num patamar entre 9% e 9,25%. No câmbio, basicamente, não haverá tantas mudanças. A projeção é de que seja mantido abaixo de r$ 2 até o final de 2013”, analisa. Entre os setores mais bem posicionados na economia nacional, vale cita o de serviços, que hoje não disputa mercado com os competidores internacionais.

“Esse segmento é, e continuará sendo, um dos mais beneficiados, principalmente por conseguir repassar seus custos aos consumidores, diferentemente daqueles que competem internacionalmente e não têm como aumentar seus preços nem repassar seus custos, ou dependem de concessões públicas”, explica. sobre as ações do governo brasileiro, Octavio de Barros, por sua vez, ressalta que há uma opção preferencial pela recuperação do setor industrial, que tem recebido estímulos significativos. “As desonerações tributárias e o enfrentamento de temas característicos do ‘custo Brasil’ sugerem melhores perspectivas”, declara.

Mostrando-se otimista em relação ao futuro econômico do Brasil, Baudouin Prot diz que o país, assim como a China, não deve ser considerado um “eldorado”, pois enfrenta inúmeros problemas. “Há potencial energético, agrícola, entre outros, mas existem obstáculos internos. O Brasil, na realidade, deve ter atitude, economizar os recursos

oscilação de meRcadoVariação de índices, nos últimos anos, revela picos de aumento e redução, prejudicando a sustentabilidade do crescimento econômico do Brasil:

Esse movimento é resultado do baixo nível de investimento no país, comparado aos demais:(investimento como percentual do PIB)

Infraenstrutura é um dos setores que mais sofrem com a falta de recursos (investimento público e privado – % PIB, em 2010)

Fontes: Banco Central, Banco Mundial e FMI

Page 47: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 47

diversificação de nosso portfólio de produtos e a posição geográfica do país continuam a gerar resultados sólidos, ao mesmo tempo em que oferecem excelentes oportunidades de expansão de vendas a atuais clientes e beneficiam-se da demanda por nossas mercadorias em mercados emergentes”, justifica, ao citar que o crescimento da receita é reflexo dos maiores volumes de produtos nas principais unidades de negócios do grupo.

O AUMENtO na rentabilidade da tereos foi impulsionado pela melhora nos resultados das operações com cana-de-açúcar no Brasil. “O segmento registrou aumento de 8% na receita, em relação a 2011, apesar da queda nos preços, beneficiado pelo maior volume de vendas e um mix voltado para a produção de açúcar. Conseguimos recuperar grande parte do atraso da safra registrada no primeiro trimestre, e esperamos registrar moagem de cana-de-açúcar entre 18,2 e 18,4 milhões de toneladas na safra 2012/13, representando um aumento de 12%, também em comparação a 2011. No primeiro semestre de 2012, avançamos em diversos projetos. registramos aumento mundial em nossa capacidade de processamento de cana-de-açúcar e cogeração; estamos produzindo glúten na BENP Lillebonne e álcool potável em selby e esperamos atingir plena capacidade até

o final do ano. A produção de amido de milho no Brasil será iniciada no primeiro trimestre de 2013/14”, acrescenta o executivo.

As medidas de apoio do governo ao setor automotivo – estimulando a compra de carros – mantiveram as perspectivas de crescimento da renault-Nissan no Brasil em 2012. Em recente visita ao país, Carlos Ghosn, presidente mundial da empresa, reafirmou a importância do mercado brasileiro na estratégia de internacionalização do Grupo renault. No primeiro semestre de 2012, as vendas fora da Europa cresceram 14,3%, devido, principalmente, ao sucesso de vendas no Brasil e na rússia. No acumulado de janeiro a setembro, essa operação representou 55% das vendas totais, contra 43% em 2011 e 37% em 2010, na comparação com o mesmo período.

“Um ano após o anúncio de novos investimentos, o andamento do processo

Iribarne e Almeida, da Saint-Gobain: crescimento do setor imobiliário motiva investimentos nas subsidiárias da empresa, a exemplo da Placo, especializada em sistemas drywall

Produção agrícola nacional é outro segmento que merece a atenção dos empreendores, principalmente pela capacidade e variedade de produtos

foto

lia

e d

ivu

lga

çã

o

Page 48: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

48 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

de ampliação da capacidade produtiva do Complexo Ayrton senna, em são José dos Pinhais (Pr), segue dentro do previsto”, avalia o executivo. Iniciada em 2012, a obras será concluída ainda no início de 2013, aumentando a capacidade de produção da fábrica de automóveis para um carro por minuto. Além da reforma da unidade, a fábrica de motores da montadora também será reformulada, passando da atual produção de 400 mil para 500 mil motores/ano. Com isso, a capacidade total do Complexo Ayrton senna saltará de 280 mil para 380 mil carros/ano.

Com um crescimento acima da média do mercado nos últimos três anos – só nos primeiros 10 meses de 2012 a marca cresceu três vezes mais, alcançando um market share de 6,7% –, a renault espera elevar ainda mais a presença de sua marca em território nacional em 2013. “Esses investimentos garantirão o nosso plano de crescimento, e reafirmam também a nossa estratégia e a nossa confiança no mercado brasileiro”, diz Ghosn, destacando a importância do Brasil, que se consolida como o segundo maior mercado do grupo no

mundo pelo segundo ano consecutivo. Até 2016, o objetivo da empresa é alcançar 8% de participação no país.

Integrante do Grupo BNP Paribas, a Arval, companhia especializada na terceirização de frotas, também pretende ampliar seus índices de crescimento no Brasil em 2013. Arnault Leglaye, diretor-geral da empresa, diz que a proposta sempre foi trazer para o país o conceito de “full service”.

“Isso significa que a Arval cuida de todos os procedimentos relacionados à frota de veículos, além de prestar consultoria, apoiada no conceito tCO, que significa Custo total de Propriedade”, explica o executivo, detalhando que essa consultoria avalia todos os custos de uma frota, sejam eles tangíveis, como os custos de manutenção, depreciação do veículo e benefícios fiscais, ou intangíveis, a exemplo da produtividade, que pode ser representada pelo tempo em que o veículo fica em

48 FRANÇA BRASIL | FRANÇA BRASIL | FRANÇA BRASIL dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

ao contrário da rEalidadE EuropEia, a indÚstria brasilEira dEu sinais dE crEscimEnto no Último trimEstrE dE 2012

Em visita recente ao país, Ghosn reafirmou a importância do mercado nacional para os negócios do Grupo Renault-Nissan

Capacidade produtiva da fábrica de automóveis e de motores Renault no Brasil será ampliada nos próximos anos

foto

lia

e d

ivu

lga

çã

o

Page 49: Revista França Brasil ED 310
Page 50: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

50 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

manutenção, custos imobiliários e de pessoal, entre outros fatores. “Essa metodologia tem proporcionado para a empresa um crescimento consistente e importante. Em termos de volume, em 2008 nossa frota correspondia a 2.082 veículos. Encerramos o ano de 2012 com aproximadamente 12.400 veículos. Já nos tornamos um dos maiores players do mercado nacional”, revela Leglaye, ao adiantar que a meta para 2013 é atingir 14.700 veículos, e, em 2015, 20 mil. Afirmando que o cenário econômico do Brasil em 2013 será de crescimento, Leglaye menciona que o país teria atingido os índices estimados para 2012 se não tivesse sofrido com os impactos da crise mundial.

“Esse acontecimento reduziu os níveis de investimento no país e, consequentemente, causou uma redução significativa, em comparação aos anos anteriores. Mesmo assim, algumas situações e condições econômicas globais beneficiam indiretamente o segmento. Os incentivos no setor automobilístico, por exemplo, nos trazem alguns benefícios qualitativos, pois temos cada vez mais novos modelos e novas montadoras com força e qualidade, o que pode agregar muitos pontos positivos, aos olhos de nossos clientes”, declara.

LÍDEr MUNDIAL nos mercados de moradia e construção civil, a saint-Gobain também se destaca nos segmentos industrial e de distribuição brasileiros. As atividades do grupo no país estão relacionadas a materiais de construção, vidros, materiais abrasivos, cerâmicas industriais, tubulações, além de uma rede de distribuição de materiais de

construção. Brasilit, Carborundum, Isover, Norton, PAM, Placo, Quartzolit, sekurit e telhanorte são algumas das marcas da saint-Gobain no Brasil.

De acordo com Benoit d’Iribarne, delegado-geral da saint-Gobain para o Brasil, Argentina e Chile, a economia brasileira, apesar do momento difícil, tem fundamentos sólidos e perspectivas de crescimento. “Acredito que para um cenário mais otimista, merece atenção a defesa comercial dos negócios. O maior obstáculo hoje para o país é a concorrência chinesa. Outro ponto que precisa ser avaliado pelo governo é o custo da energia e do gás natural, insumos importantes para a indústria. A legislação trabalhista e a carga tributária são fatores que também precisam ser analisados criteriosamente, pois podem impulsionar a economia em 2013”, analisa, ao mencionar que o crescimento da economia da França pode demorar um pouco.

“A matriz da saint-Gobain entende perfeitamente as necessidades de

Vale, do Crédit Agricole: “Nossa previsão de crescimento da economia brasileira supera os 4% já anunciados”

Consumo e oferta de crédito devem permanecer aquecidos em 2013, ampliando as oportunidades de negócios das empresas francesas em diversos setores

foto

lia

e d

ivu

lga

çã

o

Page 51: Revista França Brasil ED 310

La référence depuis 1925

Page 52: Revista França Brasil ED 310

[ matéria de capa | Perspectivas econômicas ]

52 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

investimentos no âmbito da nossa região, uma vez que o mercado é promissor e a nossa estratégia é buscar soluções eficientes, com investimentos em inovação. tem sido assim nos últimos 75 anos de atuação no Brasil”, revela. Para o executivo, o desempenho econômico do país é considerado razoável, sendo necessário ainda superar desafios, como competitividade, taxas de câmbio e selic.

“A situação não é perfeita, mas no final do ano passado sentimos uma melhora no mercado. O ano de 2013 deverá ser melhor para os negócios, com algumas empresas registrando crescimento na casa de dois dígitos. vamos focar nossa estratégia na inovação, investindo em novas tecnologias, pesquisa e desenvolvimento para oferecer ao mercado soluções de construção para as casas do futuro, inovando permanentemente para que sejam econômicas e sustentáveis, e que respondam aos desafios da economia de energia, proteção ambiental e às

necessidades de crescimento mundial na área de novas habitações”, explica, citando o sistema de construção a seco, aplicado nas construções do programa Minha Casa, Minha vida, na cidade de Ponta Grossa (Pr), como um dos exemplos de inovação da empresa em 2012.

As oportunidades do setor de construção civil, aliás, têm motivado os investimentos da empresa no Brasil. Prova disso, são as operações da divisão Placo, especializada em sistemas drywall. O crescimento em negócios – estimulados pelo Minha Casa, Minha vida e o setor de imóveis em geral – motivou o grupo a investir r$ 125 milhões na construção de uma nova fábrica de drywall, em Feira de santana (BA), que tem o início das operações agendado para o segundo trimestre de 2014.

“O objetivo é atender à crescente demanda do mercado Nordeste, Centro-Oeste e Norte e ter maior acesso à gipsita – matéria-prima essencial para a produção das placas –, o que nos proporciona agilidade e eficiência no atendimento. Essa planta terá capacidade para produzir mais de 20 milhões de metros quadrados/ano, conferindo liderança à Placo em seu segmento de atuação”, diz stênio Almeida, diretor-geral da Placo do Brasil, ao adiantar que a nova unidade produtiva contará com equipamentos de última geração, operados com alto nível de automação, contribuindo com o desenvolvimento do parque industrial da Bahia.

EmprEsas francEsas prEsEntEs no brasil mantErão suas Estratégias dE invEstimEntos já prEvistas para o país durantE 2013

Para que o Brasil mantenha seus índices de desenvolvimento é preciso investir em infraestrutura, segundo os economistas

Duval, da Tereos: “O segmento de cana-de-açúcar registrou um aumento de 8% na receita da empresa em 2012”

Page 53: Revista França Brasil ED 310
Page 54: Revista França Brasil ED 310

54 FRANÇA BRASIL | DEZEMBRO 2012 / jANEIRO DE 2013

[ Entrevista | Marc Giget ]

União de valores

undado em 2003, na França, o Instituto Europeu de Estratégias Criativas e Inovação (IEECI) realiza uma análise contínua e criteriosa

dos processos de inovação aplicados em diversos países, contribuindo para a formação cultural de empresários, órgãos administrativos e universidades. Para isso, organiza seminários, conferências e programas de capacitação em cerca de 10 países, que contam com palestras de grandes especialistas da área. “Reunimos, todos os anos, mais de 200 experts no assunto, como CEOs, cientistas, profissionais de diferentes setores, criadores, artistas, entre outros, que compartilham suas experiências inovadoras”, conta Marc Giget, presidente do IEECI, ao explicar que o instituto promove uma abordagem global da inovação apoiado em quatro objetivos considerados fundamentais: a melhoria da condição humana, do relacionamento interpessoal, da vida nas cidades e da relação com o meio ambiente. “Em 2011 contabilizamos a presença de aproximadamente 10 mil executivos em nossos eventos. Nos últimos 20 anos, treinamos executivos de mais de 300 companhias e 50 universidades, em cerca de 20 nações”, completa. Um desses países é

F

Presidente do instituto euroPeu de estratégias

Criativas e inovação aCredita que a troCa de

informações entre Países estimulam a Criação

de ProCessos inovadores, Considerados Por ele a

PrinCiPal saída Para enfrentar os Períodos de Crise

POR Ligia MoLina cOlabORaçãO RaqueL RaiMundo

o Brasil, local que Giget recentemente visitou com o objetivo de transmitir conhecimento e trocar informações com dirigentes da Federação das Indústrias do Estado do Paraná e do Senai do Paraná. Em sua passagem por São Paulo, ele concedeu uma entrevista exclusiva para a revista França Brasil, ressaltando a importância da inovação para o desenvolvimento mundial:

“A inovação deve ser acessível a todos. Quando produtos e serviços diferenciados são destinados somente a alguns privilegiados, simplesmente não há progresso”, diz Giget

Page 55: Revista França Brasil ED 310

DEZEMBRO 2012 / jANEIRO 2013 | FRANÇA BRASIL 55

França Brasil – Em sua opinião, qual é o verdadeiro significado do conceito inovação?Marc GiGEt – Inovação significa melhorar substancialmente todos os sistemas e áreas de uma empresa, gerando progressos para o país. Hoje cada nação entende as vantagens em inovar, pois essa é uma ferramenta essencial para se obter vantagens competitivas no mercado. Se uma companhia atualmente descarta a possibilidade de investir em processos diferenciados – seja em produtos ou mesmo em procedimentos internos – ela para no tempo.

Não demorará muito para que a sociedade perceba esse fato e simplesmente a rejeite. Os consumidores, sem dúvida, estão muito mais conscientes dos benefícios promovidos pela inovação.

FB – De que forma a integração de diferentes países, por meio da tecnologia, tem contribuído para a troca de conhecimento e o desenvolvimento de processos, produtos ou serviços inovadores?MG – Inovar não é um conceito novo, mas resultado de um processo contínuo. O mundo globalizado ajuda a acelerar e

ampliar a divulgação de novas descobertas seja em pesquisas, produtos ou serviços. A integração de diferentes nações tem facilitado a integração de novos conceitos em uma mesma tecnologia. Um exemplo? O iPhone. Hoje temos disponível um equipamento que utiliza peças fabricadas em diferentes continentes, resultando na combinação do que há de melhor no mundo. A Apple, aliás, é um exemplo de que a pesquisa e o desenvolvimento são constantes. Isso permite que as companhias lancem seus produtos, os mantenham no mercado e retornem com uma versão aprimorada.

foto

lia

Page 56: Revista França Brasil ED 310

56 FRANÇA BRASIL | DEZEMBRO 2012 / jANEIRO DE 2013

[ Entrevista | Marc Giget ]

mundial em agricultura, biotecnologia e meio ambiente, enquanto a França é o principal ponto de contato do país com a Europa.

FB – E quais são os desafiospara os próximos anos?MG – O principal desafio da inovação é oferecer ao consumidor produtos mais baratos com o intuito de acelerar o desenvolvimento mundial. Quando o progresso é destinado somente a alguns privilegiados, simplesmente não tem validade. Ele deve ser acessível a todos.

as músicas em MP3, que provocaram a falência de várias fábricas de CDs. As ondas de destruição são violentas, mas é exatamente a inovação que nos permite superar as dificuldades. Ela caminha junto com a crise, que não posso considerar como boa. Porém, é possível identificar um progresso tecnológico na Alemanha, França, nos Estados Unidos, no Japão, entre outros.

FB – como o senhor avalia as trocas de experiência entre França e Brasil nas áreas de pesquisa e desenvolvimento?MG – Existem iniciativas inovadoras na França e no Brasil que são complementares. Percebemos que há muita tecnologia francesa disponível em território brasileiro, implantada pelas empresas que desembarcaram no país ao longo dos anos. Os principais objetivos da inovação são: melhorar as condições humanas, a relação entre pessoas, a vida nas cidades e contribuir com a preservação ambiental. E no Brasil não encontramos grandes conflitos que impeçam a busca por uma solução. Na saúde pública, por exemplo, é possível investir em acordos de cooperação que promovam mudanças positivas, assim como na educação e no urbanismo. A sustentabilidade e o meio ambiente já contam com investimentos de empresas francesas, como GDF Suez e Veolia. A tendência é que o Brasil se torne um líder

FB – Qual é o principal objetivo do instituto Europeu de Estratégias criativas e inovação?MG – O instituto tem o objetivo de formar empresas e profissionais inovadores, o que também inclui seus dirigentes. Buscamos ter acesso aos processos de inovação aplicados e promover a troca de conhecimento com outros mercados mundiais, com a finalidade de melhorar as práticas hoje existentes. A inovação resulta da mistura de vários departamentos, o que envolve desde engenheiros a químicos, sendo muito complexa. Mas não devemos nos esquecer que o consumidor, por sua vez, é único e cria várias expectativas sobre determinado produto. Nossa função, portanto, é levar um pouco da cultura das nações que visitamos a outros países, com o intuito de gerar novas ideias. É exatamente essa troca que faz toda a diferença. Nossa função é ser um órgão de disseminação dos processos inovadores.

FB – De que forma a crise econômica está impactando o desenvolvimento da inovação mundialmente?MG – O fenômeno da inovação está relacionado aos períodos de crise. É o que chamamos de destruição criativa. Quando desenvolvemos uma nova câmera digital, por exemplo, sabemos que várias unidades da Kodak serão “destruídas”. Outro caso são

Oui à inOvaçãOiniciativa da Agência Francesa para Investimentos (AFII) e do Instituto Francês de Marcas e Patentes (INPI), a campanha Diga OUI à França. Diga OUI à inovação foi lançada recentemente com a proposta de promover as atividades da França em inovação e pesquisa mundialmente, garantindo aos empresários inovadores acompanhar cada etapa de seus investimentos no país. “Por meio dessa campanha oferecemos informações precisas, com a finalidade de tranquilizar os investidores durante esse período de incertezas econômicas na zona do euro”, considera David Appia, presidente da AFII, ao destacar que a ação concentra-se em áreas de excelência da França, que conta com um ambiente favorável para novos investimentos; um espírito inovador e empreendedor, além da liderança em setores de economia de ponta; e um comprometimento com a economia digital e com o desenvolvimento sustentável. “Diga OUI à França. Diga OUI à inovação ressalta o grande avanço francês em pesquisa e desenvolvimento. Poucos sabem, mas a França oferece o melhor sistema de crédito fiscal para pesquisas entre todas as nações membros da OCDE, o que favorece os investidores inovadores”, completa Appia.

foto

lia

Page 57: Revista França Brasil ED 310

Um país, um idioma.

Vários idiomas fazendo pontes ao redor de todo o mundo.

a Master!

• Examesinternacionaisinseridosnosprogramasdecadacurso;

• Imersãoepreparatóriosparaviagem:4,6ou8horas/aula;

• Business in English (BiE):otreinamentomaisprocuradodomomento;

• Help Master:aulamensalgratuitaparareforços/reposiçãodeaulas;

• Consultoriaparaavaliaçãodenível;

• InglêspreparatórioparaaCopadoMundo:taxistas,restaurantes,hotéis,aeroportos, recepcionistas,etc.;

• Programadeadaptaçãocultural;

• Intercâmbios;

• AulasporSkype;

• Materialdeapoioparaaperfeiçoamentodoidiomaemuitomais!

Fale com

Hámaisde25anos,aMasterLanguagesdedica-seaoensinodeidiomasdeformadiferenciadaeeficaz.

Nossosserviçossãooferecidosdentrodeumafilosofiabastantesimples:éprecisotercursosdiferenciados,umavezquenenhumclienteéigualaooutroouapresentaasmesmasnecessidades.

Oferecemoscursosin Companycommuitaqualidadeeexcelência.

• Adultos,jovens e empresas.

• Pessoascomnecessidadesespecíficasde comunicaçãoemumasegundalíngua.

Público

Cursos• Alemão

• Espanhol

• Francês

• Inglês

• Portuguêsparabrasileiros

• Portuguêsparaestrangeiros

Todososcursosnasmodalidades: VIP(individualougrupodeaté3alunos)STANDARD(gruposcom4a10alunos)

Outros serviços

Conheça também nossos programas de:Master Kids e TeensInglêsparacriançaseadolescentessãomarcasdeumnovotempo.

CertificaçõesExamesinternacionais:CELPE-BRAS, TOEIC,FCE,DELE,BULATSETFI.

Av. Nazaré 1139 | sala 206 – Ipiranga | CEP 04263-100 | São Paulo – SP E-mail: [email protected] Tel.: (55 11) 5575-5484 | Fax: (55 11) 5084-7700

www.masterlanguages.com.br

01 an_master pgi.indd 1 14/05/12 16:09

Page 58: Revista França Brasil ED 310

ISTO

CK

PH

OTO

58 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ negócios | turismo ]

Page 59: Revista França Brasil ED 310

desTino de miLHÕesEm 2012, a Organização Mundial do Turismo divulgou um ranking dos países mais visitados no ano anterior, com destaque para o número de visitantes:

Fonte: Organização Mundial do Turismo

1 | França 76,8 milhões

2 | Estados Unidos 59,8 milhões

3 | China 55,7 milhões

4 | Espanha 52,7 milhões

5 | Itália 43,6 milhões

6 | Grã-Bretanha 28,1 milhões

7 | Turquia 27 milhões

8 | Alemanha 26,9 milhões

9 | Malásia 24,6 milhões

10 | México 22,3 milhões

44 | Brasil 5,2 milhões

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 59

cenário de oportunidadesMAIS DE 600 MIL BRASILEIROS DESEMBARCARAM NA FRANÇA EM 2012, COMPENSANDO

NÃO APENAS O DECLÍNIO DO TURISMO INTERNO, MAS TAMBÉM CONTRIBUINDO PARA O

DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA LOCAL. CIENTES DESSA REALIDADE, EMPRESAS DO SETOR

INVESTEM EM PRODUTOS E SERVIÇOS COM O OBJETIVO DE ATRAIR NOVOS VISITANTES

NANCI DAINEZI

Page 60: Revista França Brasil ED 310

Paris, Nice, Lyon e Marselha lideram a lista das cidades francesas que mais atraem os visitantes brasileiros. A França é atualmente o país da Europa que mais recebe turistas do país, seja para as compras ou simplesmente para desfrutar o estilo de vida francês

e há um setor que não sofre com os impactos da econômica na Europa é o de turismo. Para comprovar

esse fato não são necessários números. Pelo menos na França. Durante uma simples caminhada ao redor de Paris já é possível perceber o grande movimento. Os responsáveis por esse vai e vêm são os turistas estrangeiros, principalmente os provenientes das nações emergentes – com destaque para o Brasil –, que a cada ano elegem o país como principal destino europeu. Além de compensar o declínio do turismo interno, esse interesse tem

S

60 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ negócios | turismo ]

Page 61: Revista França Brasil ED 310

contribuído com o desenvolvimento da economia local. Dados de uma pesquisa da Nielsen revelam o ranking dos locais preferidos pelos brasileiros nas viagens de negócios e lazer. A Argentina lidera as intenções (40% do total), seguida por Estados Unidos (32%) e França (17%).

O gasto médio corresponde a cerca de US$ 1.100,00, o que inclui passagem, hospedagem e seguros de viagem. Outro relatório, divulgado pela Direção Geral de Competitividade da Indústria e Serviços (DGCIS), mostra que a França, em 2011, bateu o recorde em desembarques internacionais, recebendo 81,4 milhões

de estrangeiros, equivalente a um crescimento de 4,8%, quando comparado ao ano anterior. O relatório destaca ainda que os mercados emergentes do Brasil, Rússia e China foram os principais emissores de turistas, registrando um aumento de 17%. O Ministério do Turismo do país reconhece a importância desse índice ao informar que os gastos individuais e o tempo de permanência dos visitantes dessas nações no país são bem superiores ao dos europeus.

Jean-Philippe Pérol, diretor da Atout France para as Américas, afirma que, em 2012, aproximadamente 620 mil turistas

brasileiros desembarcaram em território francês, registrando uma média mensal de 20 a 60 mil pessoas entre a baixa e alta temporada. “Diferentemente dos chineses, que não se importam em se hospedar em locais mais simples, os brasileiros tradicionalmente gostam de viajar bem, comer bem e se hospedar em hotéis com mais de três estrelas. Também consomem produtos e alimentos mais caros, o que é muito bom para a economia francesa, pois gastam três vezes mais que um turista europeu”, revela, ao mencionar que a França é o país da Europa que mais atrai brasileiros, antes mesmo da Itália e de

FOTO

LIA

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 61

Page 62: Revista França Brasil ED 310

Portugal. “Eles gostam de tudo o que está relacionado com cultura e gastronomia local. Entre as cidades mais procuradas estão Paris, Nice, Lyon, Marselha, Avignon, a região de Provence, além de Lourdes, por seu perfil religioso. Temos notado um interesse cada vez maior também pela região dos vinhedos”, acrescenta.

Estimativas da Atout France indicam que, em 2012, o crescimento do turismo na França foi de 5 e 6%, enquanto que em 2013 é previsto um aumento ainda maior, de cerca de 8 a 10%. “Nosso objetivo é alcançar a marca de 1,5 milhão de visitantes brasileiros até 2020”, acrescenta Pérol. Para isso, a entidade promove uma série de iniciativas de divulgação dos roteiros locais, o que inclui a publicação de revistas, dicas no site e nas redes sociais. Independentemente das previsões, um fato é certo: o interesse dos brasileiros pela França tem gerado bons

negócios. Lode Saliba Raffoul, diretora de Negócios da LodeConsultoria, diz que a procura pelos roteiros franceses crescem durante o verão europeu, entre os meses de maio e setembro.

“Os brasileiros dão preferência às temperaturas mais amenas. No final do ano, época de inverno, essa procura é menor”, explica, ao relatar que o destino mais atraente é Paris (90%), seguido por Nice, Bordeaux, Marselha e Lyon. “Contabilizamos desembarques praticamente diários de brasileiros na França, seja a negócios ou a passeio. As atrações mais visitadas em

Paris são a Torre Eiffel e a Galeria Lafayette. Esse movimento gera boas perspectivas para 2013”, adianta.

A ExECUTIvA TAMBéM destaca o grande potencial a ser explorado por França e Brasil nesse setor. “Paris é a porta de entrada do brasileiro na Europa. O turismo receptivo dos dois países, resultado de um trabalho incansável dos profissionais da área, será um marco em 2013. Depois de conhecer Buenos Aires, Miami, Disney e Nova York, o brasileiro elege a capital francesa como seu primeiro destino, o que abre oportunidades para

agências de turismo registram desembarques quase diários de brasileiros na frança, atraídos, principalmente, por lojas e monumentos locais

Restaurantes, hóteis e lojas de Paris planejam e implantam mudanças com o objetivo de melhor atender às exigências do turista brasileiro. A Le Bon Marché, que a acaba de completar 160 anos de fundação, dará início a uma campanha que valoriza a cultura do Brasil em 2013

62 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ negócios | turismo ]

Page 63: Revista França Brasil ED 310

Consumo aqueCidodados divulgados, em dezembro de 2012, pelo Banco Central revelam que os gastos dos brasileiros no exterior atingiram recorde no mês anterior. o total foi de us$ 1,819 bilhão, recorde para o mês de novembro de toda a série histórica. no mesmo período de 2011, o valor foi de us$ 1,578 bilhão. no acumulado do ano, as despesas do item viagens na conta de serviços já alcançam us$ 20,244 bilhões, também superior ao que foi gasto em 2011 (us$ 19,489 bilhões). Já os turistas estrangeiros deixaram no Brasil us$ 532 milhões em novembro, em relação aos us$ 570 milhões gastos no mesmo mês de 2011. no acumulado do ano até novembro, eles gastaram us$ 6,082 bilhões, enquanto no ano anterior o montante foi equivalente a us$ 5,920 bilhões.

Fonte: Banco Central

conhecer outras regiões do país”, enfatiza. Alípio Camanzano, CEO do site Decolar.com, concorda que Paris figura entre os dez destinos internacionais preferidos no Brasil.

“Estudos anuais, realizados pela equipe da empresa, apontam esse resultado. Se avaliarmos a Europa como um todo, a capital é a mais procurada. Entre as regiões francesas, porém, as dez cidades mais requisitadas são: Paris, Nice, Marselha, Lyon, Cannes, St. Tropez, Bordeaux, Estrasburgo, Tours e Toulouse”, completa. Em relação à representatividade do turismo, o executivo informa que, além do setor industrial, o segmento é um dos que mais movimenta a economia francesa. “O turismo francês conta com importantes representantes, entre eles, a Accor e a Air France”, declara, ao considerar que esse mercado permanece aquecido

Balliart, da Air France: companhia planeja inserir Brasília em suas conexões com Paris, devido ao aumento do fluxo anual

no Brasil. “Temos registrado índices anuais de crescimento. Nossas perspectivas para 2013 são extremamente positivas. Devemos ter um ano com grande fluxo de brasileiros viajando pelo país e para o exterior. E, dentro desse cenário, a França seguramente deve se destacar entre os destinos mais procurados”, considera. Ciente das oportunidades do setor, a Air France já planeja expandir suas operações no Brasil. Além dos dois voos diários – que partem de São Paulo e do Rio de Janeiro direto para Paris –, a companhia pretende inserir Brasília em sua conexão.

O motivo é simples. Atualmente, o Distrito Federal é o local que registra o maior número de turistas para a França em proporção à população, correspondendo a 15 mil pessoas/ano. “Brasília é prioritária por ser bem central, facilitando o acesso de clientes de outras regiões. A capital também tem um mercado muito bom: o quarto após São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre”, diz Marc Baillart, diretor-geral da Air France/ KLM para o Brasil.

Segundo ele, os investimentos da empresa não se resumem à ampliação da frota. Em 2013, será finalizado o processo de renovação da classe executiva dos aviões, que demandou mais de 100 milhões de euros. Em junho de 2012, os modelos 747 da rota Rio-Paris – que saíram de circulação para a remodelação na classe executiva – voltaram a operar, apresentando melhorias também na

FOTO

LIA

E D

IVU

LGA

ÇÃ

O

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 63

Page 64: Revista França Brasil ED 310

classe econômica. “O mercado do Rio está muito aquecido e a visão sobre a cidade está mudando, desde o anúncio da descoberta do pré-sal e da promoção de eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. O estado deixou de ser um destino turístico, para se tornar um grande mercado para os empresários estrangeiros” justifica, ao prever que 2013 será um ano bem mais dinâmico para a Air France no Brasil.

ASSIM COMO para as operadoras de turismo e as companhias aéreas, o movimento Brasil-França também desperta o interesse de pontos turísticos e galerias francesas, que hoje investem em ações que atraiam o turista brasileiro. Uma delas é a loja de departamentos Le Bon Marché, que acaba de completar 160 anos. Comprado pela gigante LvMH em 1984, o espaço conta atualmente com uma gestão 100% profissionalizada e quase metade de sua receita vem dos gastos de clientes estrangeiros.

De acordo com Patrice Wagner, CEO do Le Bon Marché, o número de brasileiros foi crescente nos últimos anos, mas a empresa nunca fez ações específicas para esse público. “Daremos início a esse projeto em 2013, com a organização de uma grande exposição cultural e comercial voltada para o Brasil. Esperamos que os clientes gostem”,

conta, ao adiantar que de abril a junho será exposta nas vitrines uma seleção de produtos criados com o apoio de marcas brasileiras, nos segmentos de moda, design, beleza e gastronomia. “Buscamos grifes que respeitam nossos critérios de exclusividade e qualidade”, ressalta Wagner.

A Torre Eiffel, por sua vez, parece não sentir os impactos da crise. A forte venda de ingressos e as licenças comerciais estimulam investimentos de 25 milhões de euros na construção de um piso de vidro no primeiro andar. Uma das razões é o aumento de visitantes estrangeiros, em um ranking liderado pelos norte-americanos (8,5%). “Notamos que em 2011 havia mais brasileiros do que alemães visitando o local”, diz Nicolas Lefebvre, executivo da empresa administradora da Torre Eiffel, ao reforçar que o número de turistas do Brasil tem crescido rapidamente, registrando mais de 5% do total de visitas.

Pérol, da Atout France: “Prevemos um crescimento de até 10% no turismo francês durante o ano de 2013”

Fonte: CVC

RoTa mundiaLem setembro de 2012, a agência de viagens CVC divulgou os cinco destinos internacionais mais procurados pelos turistas do Brasil e os motivos que mais atraem o seu interesse:

Buenos aires (Argentina) Clima agradável, cultura forte, gastronomia saborosa e arquitetura elegante.

orlando (Estados Unidos)atrações variadas e os parques mais famosos do mundo.

nova York (Estados Unidos)Possibilidade de compras e promoção de espetáculos.

Las Vegas (Estados Unidos) Cidade repleta de opções em entretenimento.

Paris (França) as mais belas paisagens da europa e também abriga parques temáticos, cafés, belas igrejas e muitos cenários românticos à margem do sena.

FOTO

LIA

E D

IVU

LGA

ÇÃ

O

[ negócios | turismo ]

Page 65: Revista França Brasil ED 310

A Editora Conteúdo é uma empresa especializada na criação de

publicações sob medida (impressas ou digitais, inclusive em plataforma

tablet/Ipad), em projetos de comunicação empresarial, produção de livros

comemorativos e de arte, no desenvolvimento de relatórios de atividades

e sustentabilidade, folders, assessoria de imprensa e mídia digital

(portais e newsletters). Nosso compromisso é o de oferecer soluções

editoriais personalizadas, desen volvidas a partir do conhecimento

das várias etapas de produção - da criação do projeto grá� co e editorial

à comercialização de publicidade e distribuição.

Transformando IDEIAS em PUBLICAÇÕES SOB MEDIDA

(55 11) 3898-0195 | conteudoeditora.com.br

Page 66: Revista França Brasil ED 310

66 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ cultura | exposições ]

PARCERIAS ENTRE MUSEUS DA FRANÇA E DO BRASIL REVELAM ACERVOS HISTÓRICOS

PRODUZIDOS POR PINTORES E ESCULTORES FRANCESES. ALÉM DE ATRAIR UM RECORDE DE

VISITANTES, EXPOSIÇÕES CONTRIBUEM PARA O CONTATO DO PÚBLICO COM O UNIVERSO ARTÍSTICO

ROSE CAMPOS

ARTE QUE SE RENOVA

Page 67: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeiro 2013 | FranÇa braSiL 67

FoTo

lia

ão foi somente o interesse do público que impressionou durante a exposição Impressionismo: Paris e a modernidade, que permanece em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do rio de Janeiro até janeiro, depois de ter passado pelo

CCBB de são Paulo. A capital paulista contabilizou a presença de mais de 320 mil pessoas, que permaneceram, em média, quatro horas na fila para apreciar de perto as 85 obras do Museu d’Orsay, de Paris. transportar esse acervo também exigiu uma grande demanda, correspondente a investimentos de r$ 11 milhões – o maior já feito pelo CCBB – e à mobilização de 200 profissionais, franceses e brasileiros, diretamente envolvidos na montagem da mostra.

Esse, porém, é apenas um dos exemplos da relação cultural entre França e Brasil, estabelecida há muitos anos. A Pinacoteca do Estado de são Paulo, por exemplo, conta com um histórico semelhante. A mostra Rodin, realizada em 1995, apresentou peças do Museu rodin, atraindo aproximadamente 200 mil visitantes na época. Mas esse intercâmbio começou muito antes. “temos uma longa história de colaborações com a França. Rodin foi um marco, sem dúvida, mas desde muito cedo privilegiamos a apresentação desta importante cena artística e realizamos parcerias com instituições para a concepção e realização de exposições inteiras ou empréstimos de obras”, afirma Natasha Barzaghi Geenen, Assessora para relações internacionais da Pinacoteca, ao mencionar que, em 1913, a Exposição de Arte Francesa de São Paulo, organizada pelo Comité France-Amérique foi apresentada no liceu de Artes e Ofícios, onde a Pinacoteca estava sediada, e causou impacto ao apresentar a produção francesa ao público brasileiro.

“Nos últimos dez anos, apenas para citar alguns exemplos, apresentamos A arte da tapeçaria, com a coleção do Petit Palais; Entre realidade e ficção, com obras do Fonds National d'Art

N

Page 68: Revista França Brasil ED 310

68 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ cultura | exposições ]

Contemporain; imagens do soberano, com o acervo do Palácio de Versalhes; além da intensa programação do Ano da França no Brasil: Fernand Léger: relações e amizades brasileiras, em colaboração com o Musée National Fernand léger; À procura de um olhar: fotógrafos franceses e brasileiros revelam o Brasil, um diálogo entre fotógrafos históricos e contemporâneos dos dois países; entre outras”, completa. Em 2012, o local mostrou a primeira grande retrospectiva dedicada ao artista Alberto Giacometti, em parceria com a Fondation Alberto et Annette Giacometti de Paris. “E neste ano abriremos uma importante e extensiva mostra realizada em colaboração com o Musée Cernuschi, de Paris, sobre os seis séculos de pintura chinesa, a partir de sua coleção”, revela Natasha.

O sucesso dessas iniciativas, no entanto, não depende apenas da parceria entre museus, mas também do apoio de instituições dos dois países e de empresas privadas. “sempre contamos com o auxílio da Embaixada da França no Brasil e do Consulado-Geral da França em são Paulo, e de companhias francesas, como Banco PsA Finance, BNP Paribas, Air France, grupo Accor, Guy degrenne,

entre outras”, conta a assessora. Assim como a Pinacoteca, museus brasileiros eventualmente são convidados a expor seus acervos na França.

“Obras de nossa coleção são solicitadas e emprestadas com muita frequência para o exterior, especialmente para reino unido, Alemanha, Bélgica, Áustria e Espanha. No caso específico da França, um destaque foi a presença de nossas obras em uma exposição no Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, no final da década de 1980. tivemos uma demanda significativa durante o Brésil, Brésils, o Ano do Brasil na França, em 2005”.

No entanto, o relacionamento do espaço com a França ultrapassa o universo das exposições. A instituição já acolheu uma estudante do institut National du Patrimoine (iNP) em seu departamento de curadoria, e sempre que possível envia equipes para

Pinacoteca de São Paulo é uma das referências em arte francesa da cidade

iMa

gE

NS

div

ulg

ão

Page 69: Revista França Brasil ED 310

dezembro 2012 / janeiro 2013 | FranÇa braSiL 69

A mostrA queremos miles! exibiu objetos do ArtistA obtidos com A cité de lA musique de pAris

China. A arte imperial, a arte do cotidiano, a arte contemporânea reuniu um grande acervo pertencente a vários museus franceses

participar de seminários e colóquios em território francês. Outra forma de intercâmbio são as publicações feitas entre a sua biblioteca e a do Centre Pompidou e a promoção de palestras com especialistas franceses. Em setembro passado, Alfred Pacquement, diretor do Musée National d’Art Moderne / Centre Pompidou, realizou a palestra inaugural do Seminário Museus-satélite. Em 2013, o grande acontecimento será a exposição Seis séculos de pintura chinesa – Coleção do Musée Cernuschi, Paris.

O MusEu dE ArtE BrAsilEirA (MAB), mantido pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), é outro importante centro de cultura em são Paulo que conta com a cooperação de museus franceses. Essa parceria já resultou na mostra A arte egípcia no tempo dos faraós, com obras do Museu do louvre, em 2001, e China. A arte imperial, a arte do cotidiano, a arte contemporânea, em 2002, com obras de diversos locais, entre eles o Museu Guimet. No ano seguinte, o público teve acesso à exposição Napoleão, com obras da Fondation Napoléon, Musée de

l’Armée, Musée des Arts décoratifs, Musée Carnavalet, Musée de la Figurine Historique, Musée Galliera, Museu do louvre, Musée Massena, Musée National du Château de Fontainebleau, Musée National de la légion d’Honneur et des Ordres de Chevallerie, Musée National des Châteaux de Malmaison et Bois Préau, Musée national du Châteaux de Versailles et des trianon.

Lacroix trajes de cena, que trouxe peças da coleção do Centre National du Costume de scène de Moulins, atraiu não apenas os interessados em cultura, mas também em moda. O projeto de montagem visava recuperar o ambiente de palco em que os trajes foram criados, possibilitando circular entre as criações. “Foram exposições importantes, com curadoria cuidadosa e peças relevantes, que abordaram temas de interesse

e contaram com visitação muito expressiva”, diz Maria izabel Branco ribeiro, diretora do MAB. segundo ela, a FAAP tem uma política de exposições que abrange vários assuntos culturais, sempre sendo a arte a principal referência. “uma vez definida a mostra e sua abordagem, cabe ao curador selecionar as peças. O projeto resulta do trabalho em equipe da curadoria, arquiteto e equipe do museu, para que o conceito atraia o visitante e as peças comuniquem seu conteúdo. Em alguns casos acrescentamos textos, mapas, quadros cronológicos para estabelecer uma relação entre a obra e o público”, explica.

Promover o acesso à cultura é o principal objetivo dessas atividades, na opinião de Joël Girard, adido cultural do Consulado-Geral da França em são Paulo. “A França constituiu, no decorrer dos séculos, acervos que figuram

Page 70: Revista França Brasil ED 310

70 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ cultura | exposições ]

entre os mais importantes do mundo. Nossa missão é preservá-los, e também difundi-los em outros países. Van Gogh, Monet, Manet, seurat, Cézanne, assim como Mozart e debussy, pertencem à cultura universal. A imprensa brasileira destacou que inúmeros visitantes da exposição no CCBB não pertenciam ao público habituado a frequentar museus e muitos descobriam as obras e visitavam uma exposição pela primeira vez”, conta.

A atuação do Consulado também contribui para essa cooperação. “Em 2012, são Paulo recebeu, a partir da nossa iniciativa, a exposição Queremos Miles, dedicada a Miles davis, apresentada no sEsC Pinheiros e concebida pela Cité de la Musique de Paris; André Kertész, exibida no Mis em parceria com a Galerie Nationale du Jeu de Paume; a primeira retrospectiva da obra de Giacometti no Brasil, na Pinacoteca de são Paulo e no MAM rio de Janeiro; entre outras. sem contar a presença de artistas franceses na Bienal de são Paulo, devido ao apoio do Consulado e de uma empresa francesa, por meio da Fondation Art Norac. Foi a Airbus industries que promoveu a turnê da Orchestre National du Capitole de toulouse e a Mapfre seguros e Fundación Mapfre que tornaram possível a exposição do Musée d’Orsay”, enumera o adido.

MAs, AFiNAl, o que torna a França um país tão especial quando o assunto é arte? Girard acredita que o país se beneficia, principalmente, por ser eleito palco de criação de artistas franceses e de outros países, além de ser o precursor de vários movimentos. “O Museu do louvre é hoje o mais visitado do mundo, com mais de sete milhões de acessos, sendo o brasileiro o segundo maior visitante estrangeiro, atrás somente do norte-americano”, destaca. Por outro lado, a arte brasileira ainda não é suficientemente conhecida na França. A boa notícia é que a tendência é mudar essa realidade nos próximos anos. um marco é Magiciens de la

terre, que revelou Cildo Meireles para os franceses, em 1989, e o Ano do Brasil

na França. Algumas instituições tiveram

um papel essencial, com destaque para os Museus de strasbourg e de Marselha, com as exposições, na década de 1990, de obras

RETRATOS HISTÓRICOSUm dos principais apoios para a divulgação da arte francesa em território nacional vem da Aliança Francesa, que todos os anos conta com uma extensa programação relacionada não apenas a pintura e escultura, mas também à música, dança e outros movimentos provenientes do país. A mais recente é Harcourt, escultor de Luz, realizada no MuBE, durante o mês de janeiro. A mostra, apoiada pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB), exibe uma seleção de 99 retratos de personalidades da política, artes, cinema e esportes mundiais, produzidas pelo histórico Estúdio Harcourt, que desde 1934 registra personalidades em branco e preto, todas com o mesmo efeito de luz. “A iluminação permite sublinhar a intimidade para criar uma emoção, já que a Luz com “L” maiúsculo é a marca inconfundível do estúdio”, diz Yann Lorvo, diretor-geral da Aliança Francesa no Brasil e integrante da curadoria da exposição. Depois de São Paulo, a exposição segue para Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF).

As imagens de personalidades mundias em branco e preto e efeitos de luz caracterizam o trabalho do Estúdio Harcourt

Criações de Lacroix conquistaram o público brasileiro em uma das mostras realizadas pela FAAP em parceria com a França

iMa

gE

NS

div

ulg

ão

Page 71: Revista França Brasil ED 310
Page 72: Revista França Brasil ED 310

72 FranÇa braSiL | dezembro 2012 / janeiro 2013

[ cultura | exposições ]

de Cildo Meireles e lygia Clark; o Petit Palais à Paris, que apresentou o Brésil Baroque; a Fondation Cartier, que revelou Adriana Varejão, Claudia Andujar, Beatriz Milhazes; e ainda o Festival d'Automne, que contou com a presença de Ernesto Neto no Panthéon. Em 2013, Oscar Niemeyer e os irmãos Campana também terão suas criações expostas em Paris.

No Brasil, os CCBB do rio de Janeiro e de Brasília apresentarão Elles, que retrata as mulheres artistas do século 20, a partir de coleções do Centre Pompidou. O instituto Moreira salles trará uma exposição do fotógrafo Jacques-Henri lartigue; a mostra

Boulevard du crime da Cinémathèque Française será retomada e adaptada pelo Museu da imagem e do som (Mis); enquanto jovens artistas, como raphael Zarka, que terá uma exibição individual na Galeria luciana Brito, Philippe Parreno e dominique Gonzales Foerster realizarão uma criação na Casa de Vidro de lina Bo Bardi.

“Esses são apenas alguns dos projetos para 2013”, avisa Girard. segundo ele, o público brasileiro, especialmente o de são Paulo, reage muito positivamente às grandes mostras. são Paulo tem uma tradição cultural, com o MAsP, o MAC, o MAM e a Bienal fundada em 1951. sem esquecer as exposições dos 500 anos. “A cidade tende a ser uma das grandes capitais culturais do mundo e um polo das mostras internacionais, o que de fato contribui para a manutenção de sua posição de capital econômica e financeira. Para entrar na era pós-industrial, a promoção da cultura, da arte sem fronteiras e com perfeição é indispensável”, conclui.

O intercâmbio cultural, porém, não está restrito ao rio de Janeiro e são Paulo. Entre

os meses de outubro e novembro de 2012, Brasília recebeu a exposição A terra vista do céu, com 130 imagens do fotógrafo e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand, logo após uma temporada no rio de Janeiro e antes de seguir para Belo Horizonte e são Paulo. A proposta é de uma reflexão sobre a sua evolução 20 anos após a realização da Eco 92, ponto de partida para o trabalho do fotógrafo, que já trabalhou para revistas como National Geographic, Geo e Life.

A Bahia, por sua vez, conta com o Museu rodin Bahia, também conhecido como Palacete das Artes rodin Bahia. localizado em salvador, o espaço conta com dois andares dedicados a Auguste rodin, idealizado por Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca de são Paulo, e Jacques Vilain, diretor do Museu rodin. A parceria, iniciada em 2007, mas somente concluída dois anos depois, hoje contribui para o fortalecimento dos laços artísticos e culturais entre a França e a Bahia, além de se tornar uma das maiores referências das artes plásticas do estado.

Recorde de público em São Paulo e no Rio de Janeiro, mostra de obras impressionistas revela o crescente interesse dos brasileiros pela arte francesa

div

ulg

ão

Page 73: Revista França Brasil ED 310

A contribuição dos chefs da França na

criação de uma cozinha mestiça no Brasil

INFLUÊNCIA GASTRONÔMICA

Con� ra as dicas dos melhores restaurantes

franceses do Rio de Janeiro e de São Paulo

+ GUIA AONDE IR

ourmetG ESPECIALourmetG ESPECIAL

Page 74: Revista França Brasil ED 310

[ especial gourmet ]

74 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

Page 75: Revista França Brasil ED 310

Técnicas que serviram de base para a culinária

inTernacional e requinTe à mesa, além da valorização

e profissionalização dos chefs de cozinha pelo mundo,

foram algumas das conquisTas da frança nesse seTor

Por Kathlen ramos

mundialPatrimônio

iqueza e cuidado com os ingredientes, técnicas perfeitas na preparação dos menus e requinte ao servir. Essas são algumas das características da gastronomia francesa, que, em 2010, conquistou o status de Patrimônio Cultural imaterial pela Unesco. O país também é representado por mais de 24 restaurantes no

Guia Michelin – respeitada referência mundial de avaliação desses estabelecimentos. Para que a França alcançasse essa posição, foram anos de história, que tem seus primeiros registros na Idade Média. A mesa francesa medieval costumava ser farta, com a presença de peixes, tortas, pudim de ovos, queijos, castanhas, mostarda, peras, alho, cebolas, entre outras iguarias, conforme afirma Carlos Roberto Antunes dos Santos, professor de História do Brasil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com ênfase em História e Cultura da Alimentação, e doutor pela Universidade de Paris X - Nanterre. “A Idade Média se destacou na arte de mesa original e requintada”, resume o especialista.

Com o passar dos anos e a descoberta das Américas, o caminho marítimo para as Índias e a conquista espanhola da América Central, novos ingredientes passaram a ser utilizados pelos europeus. Mas, na França, a introdução dessas iguarias não foi imediata. “O uso desses alimentos se manteve mais restrito até o século 17, quando a nobreza e uma nova geração de cozinheiros demonstraram claramente seu distanciamento da cozinha gótica. Isso confirma que, na época, para os franceses, havia a certeza de que sua forma de se alimentar era superior a de todos os outros povos da Europa”, explica Santos.

No século 17, durante o reinado de Luis XIV, a superioridade da culinária da França ficou evidente, especialmente por conta do refinamento da corte. “Nada mais teatral que um banquete do Rei Sol. A ocasião envolvia apresentações de músicos, malabaristas, atores, fogos de artifício. Comer era apenas uma parte do espetáculo, que durava o dia inteiro ou até mais do que isso”, explica Sylvain Dalle, da Alain Ducasse Formation, em parceria com a Universidade Estácio de Sá (SP). Segundo ele, o cerimonial palaciano deixou uma marca na cultura no país. Para os franceses, qualquer refeição é sempre uma cerimônia, uma

R

Page 76: Revista França Brasil ED 310

[ especial gourmet ]

76 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

[ especial gourmet ]

comemoração especial. “Essa característica se espelha nos icônicos restaurantes que fazem a fama de Paris até os dias de hoje”, finaliza. Outro destaque desse período era a forma como os chefs privilegiavam o cozimento dos alimentos, deixando as carnes com o máximo de sabor. “Isso permitiu que se desenvolvesse, na França, uma produção da mais alta qualidade. Junto à carne de boi exigiram-se legumes e peixes frescos. Dessa forma, a grande novidade dessa cozinha do século 17 era manter os sabores naturais dos alimentos, algo inédito até então”, descreve o professor Santos, da UFPR.

O século 17 ficou marcado pela sofisticação no serviço de mesa. É nessa época que se inicia o uso de talheres individuais. “Foi ao longo desse período que surgiram os fundamentos da refeição

Conhecido como um dos mais famosos chefs palacianos da França, Vatel ganhou fama mundial com a criação do chantili

moderna, trazendo elegância à mesa, etiqueta e comportamento correto para comer e beber. A forma de dispor a comida foi fortemente influenciada pelos acompanhamentos.

Os temperos passaram a dar cores aos pratos, e a França começou a promover a substituição da cozinha do olfato pela cozinha visual”, explica Santos. Aliás, ao se realizar os famosos banquetes de Estado no Palácio de Versalhes, o objetivo era o de realçar e divulgar a grandeza da cozinha local. Foi também nessa época que os cozinheiros franceses ganharam

no rEinaDo DE LUis XiV, os BanQUEtEs Eram ConsiDEraDos VErDaDEiros EsPEtÁCULos, Por PromoVErEm VÁrias aPrEsEntaÇÕEs artÍstiCas

fama pelo mundo. “O berço da gastronomia ocidental remonta à Renascença, época em que reis e rainhas buscavam, por meio de chefs criativos, reavivar o prazer da comida.

Na era greco-romana e na França, a gastronomia encontrou uma estrutura palaciana que semeou a técnica e o refinamento. Após a Revolução Francesa, surgiram centenas de profissionais engajados em popularizar os conceitos aprendidos nos palácios. Assim, o mundo se espelhou no modelo francês de cultura”, justifica Dalle, da Estácio de Sá (SP).

Com o passar dos anos, a população francesa se concentrava mais nas cidades do que nos campos. No início do século 19, surgiu a necessidade de que os alimentos durassem mais tempo, fazendo com que fossem desenvolvidas novas técnicas. O

Page 77: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 77

cientista francês Nicolas Appert, por exemplo, criou a técnica de conservação em lata por congelamento. Um século depois, a culinária local foi marcada pela nouvelle cuisine, caracterizada pela leveza dos pratos. “Enquanto a cozinha clássica utilizava gordura nas receitas, a nouvelle cuisine reduziu essa quantidade, deixando os pratos mais suaves”, explica Cláudia Poffo, chef e professora do curso de gastronomia da Univali.

Depois desse movimento gastronômico surgiu a cozinha contemporânea, que privilegiou o aspecto visual dos pratos. “É a combinação de todos os sentidos nas refeições, misturando texturas, aromas e cores”, explica Cláudia, complementando que, hoje, as mais fortes tendências indicam o retorno ao clássico sabor da famosa “comida caseira”. Ludmila Fonseca, do Centro Universitário Senac, afirma que, desde a década de 1980, a França vive a influência da cuisine du terroir. “É considerada o retorno da cozinha regional, das receitas tradicionais adaptadas às novas tecnologias.”

Mas, seja qual for o movimento ou a tendência, as marcas da culinária francesa na sociedade serão eternas. “Ela sempre será

Os banquetes de Estado realizados no Palácio de Versalhes contribuíram para divulgar a grandeza da cozinha francesa

uma das melhores do mundo, pois representa a relação perfeita de uma grande cozinha, que é: produto, formação e execução”, considera o chef Laurent Suaudeau.

RECONHECIMENtO MUNDIAL No final do século 18, quando Napoleão chegou ao poder e invadiu a Europa e o Oriente, a civilização francesa se expandiu ao redor do mundo. Nessa época, um dos grandes nomes da gastronomia do país era o cozinheiro-chefe Carême. “Deve-se a ele a invenção do vol-au-vent, uma iguaria feita com massa folhada em formato de cestinha e recheada com misturas cremosas”, lembra Carlos Santos. Outro representante renomado é François Vatel, um dos mais importantes chefs de cozinha palaciana, eternizado pela criação do famoso creme de chantili. “Como naquela época o açúcar era uma especiaria, a preparação do chantili a partir do ingrediente o consagrou na história da gastronomia”, relembra Sylvain Dalle. Alguns restaurantes inaugurados

entre o final do século 17 e o início do século 18 resistiram ao tempo na França, como é o caso do café Le Procope. “A popularização do grão de café durante esse período encontrou uma Paris burguesa que descobriu o prazer em conversar. Centenas de cafés já existiam na década de 1700, confirmando que esse estilo se tornou uma espécie de fórum da burguesia”, argumenta Sylvain Dalle, da Alain Ducasse Formation da Estácio de Sá (SP). Segundo ele, o Le Procope mantém suas portas abertas até hoje, pois conseguiu se modernizar sem perder as características originais e a boa qualidade do atendimento. “O francês gosta de tradições”, reforça Ludmilla Fonseca, professora de gastronomia do Centro Universitário Senac. Aliás, existem, ainda hoje, diversos restaurantes, cafés e bistrôs históricos em funcionamento na capital francesa, como o Le Grand Véfour, o La Tour d’Argent, o Café de Flore, o Les Deux Magots (foto acima), o Lipp, o Le Train Bleu, o Maison Troigros, o Au Pied de Cochon e o La Petite Chaise.

SéCULOS DE hiSTóriA

Page 78: Revista França Brasil ED 310

[ especial gourmet ]

78 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013

Entre o final do século 19 e o início do século 20, o Brasil viveu momentos de grandes transformações. Cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo passaram a contar com eletricidade, lojas, hotéis e teatros. A população também começava a viajar para a Europa, de onde trazia novidades. O estilo francês de se viver servia de referência para a alta sociedade brasileira, em diferentes áreas, incluindo a culinária, conforme retrata o livro Gastronomia no Brasil e no Mundo, das

autoras Dolores Freitas e Guta Chaves.Elas explicam que, naquela época, a França ditava a moda no campo das artes, da arquitetura e da gastronomia. “Por influência francesa, as mulheres começaram a frequentar as confeitarias, os teatros e as casas de chá. Batizado de ‘Cidade Maravilhosa’, o Rio de Janeiro servia de modelo para as demais metrópoles do país, especialmente São Paulo e Belém.”

Na metade do século 19, já era possível encontrar, no Brasil, os primeiros hotéis

Por Kathlen ramos

a conTribuição dos

chefs franceses que

desembarcaram no

brasil e a criação de

um novo conceiTo

de culinária mesTiça

no país, preparada

especialmenTe com

ingredienTes locais

Gastronomia franco-brasileira

[ especial gourmet ]

Page 79: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 79FRANÇA BRASIL 79

com serviço de restaurante com base na gastronomia francesa, que ofereciam aos clientes serviço à la carte e adegas com vinhos de diferentes regiões. E foram nesses estabelecimentos que alguns chefs, recém-chegados da França, adaptaram as técnicas da culinária do país para criar receitas que conquistassem o paladar dos brasileiros.

Observando o sucesso dos restaurantes italianos da década de 1930, conforme relembram Dolores Freixa e Guta Chaves em sua obra, o artista Alfred Aurières inaugurou, em São Paulo, o bistrô parisiense Freddy. Em 1954, outros estabelecimentos seguiram o mesmo caminho, como o Marcel, famoso por seus suflês; e o La Casserole, comandado por Marie-France Henry.

No Rio de Janeiro, o proprietário do Hotel Copacabana Palace, Octávio Guinle, trouxe para a sua equipe o famoso chef francês Auguste Escoffier, que participou da inauguração dos principais hotéis de luxo do mundo. Os destaques do cardápio eram o steak tartare (carne e gema crua servidas com temperos) e o foie gras. A partir de 1975, as primeiras grandes redes de hotéis

internacionais abriram unidades no Brasil, entre elas as norte-americanas Hilton, Holiday Inn, Sheraton Mofarrej, Rio Palace Hotel e as francesas Novotel, Meridien e Club Mediterranée.

Para assumir a cozinha desses locais, foram selecionados chefs de outros países, com destaque para a França. O restaurante Le Saint-Honoré, do Hotel Méridien, por exemplo, contratou o experiente Laurent Suaudeau, e o Rio Palace Hotel trouxe Gaston Lenôtre e Claude troisgros. Mas como esses profissionais iriam preparar suas criações sem os ingredientes comuns da culinária francesa, como o foie gras, os aspargos, entre outras tantas matérias-primas necessárias?

A saída encontrada foi unir as técnicas trazidas da França aos ingredientes tipicamente nacionais. “Quando cheguei ao Brasil, trouxe a filosofia de cozinhar com produtos locais. também incentivei uma disciplina de trabalho. Isso acabou se traduzindo na execução de uma cozinha sofisticada com utilização de produtos brasileiros”, afirma Laurent Suaudeau, que hoje, entre outras atividades, é sócio da Vipiteno Gelato e Caffè e mantenedor da Escola das Artes Culinárias Laurent, em funcionamento na cidade de São Paulo. O menu do chef privilegia uma culinária franco-brasileira,

O chef Laurent foi um dos primeiros profissionais a adaptar ingredientes nacionais, provenientes de vários estados, em receitas originalmente francesas

SÃO PAULO

Chef Rouge

Rua Bela Cintra, 2238, Jardins Reservas: 11 3081-7539 (Shopping Morumbi) Avenida Roque Petroni Júnior, 51, piso Terraço, São PauloReservas: 11 5181-9749

L’Entrecôte de Paris

Rua Pedroso Alvarenga1135, Itaim BibiReservas: 11 3078-6942 www.lentrecotedeparis.com.br

Restaurante Marcel

Rua Hans Oersted 115, BrooklinReservas: 11 5505-2438www.restaurantemarcel.com.br

La Casserole

Largo do Arouche, 346, Centro Reservas: 11 3331-6283 e 3221-2899www.lacasserole.com.br

Allez, Allez!

Rua Wizard, 288Vila Madalena Reservas:11 3032-3325 www.allezallez.com.br

Restaurante Freddy

Rua Pedroso Alvarenga1170, Itaim Bibi Reservas: 11 3167-9977www.restaurantefreddy.com.br

Aquarelle Restaurant

Rua Sena Madureira, 1355Bloco 1, Ibirapuera Reservas: 11 3201-0800 www.mercure.com

La Brasserie Erick Jacquin

Rua Pedroso Alvarenga 1088, Itaim BibiReservas: 11 3826-5409www.brasserie.com.br

Page 80: Revista França Brasil ED 310

[ especial gourmet ]

80 FRANÇA BRASIL | dezemBRo 2012 / jANeIRo 201380 FRANÇA BRASIL

preparada com produtos frescos e regionais, como a mandioquinha, o molho de jabuticaba, o milho, o cupuaçu, o quiabo, o tucupi, o caqui, a graviola, entre outros, adquiridos em diferentes estados.

INGREDIENtES ALtERNAtIVOS Em 1979, Claude troigros desembarcou no Rio de Janeiro para inaugurar o restaurante Le Pré Catelan com um grande desafio: encontrar ingredientes que pudessem substituir as matérias-primas necessárias para a preparação das tradicionais receitas francesas. “Percorrendo os mercados locais, descobri produtos brasileiros incríveis, que as pessoas não tinham o hábito de consumir”, explica. Entre eles, troigros incorporou em suas criações o aipim, a batata-baroa, o maracujá, a pimenta dedo-de-moça e a jabuticaba. Atualmente, o chef é proprietário de quatro restaurantes e apresentador do programa Que Marravilha!, do canal GNt.

Natural da Borgonha, Emmanuel Bassoleil resolveu se instalar no Brasil em 1987 e, junto com troigros e Laurent, também ajudou na criação de uma culinária mestiça, preparando pratos genuinamente franceses adaptados ao paladar local.

E suas receitas foram bem aceitas por aqui. “Os brasileiros são muito curiosos e gostam de apreciar novidades” afirma Bassoleil, que hoje atua como chef executivo do Hotel Unique (SP). Com a base francesa, que trouxe qualificação aos cozinheiros, técnicas para elaboração dos pratos e a riqueza dos ingredientes nacionais, o Brasil começou a ser reconhecido pela sua gastronomia.

Um dos passos importantes para a profissionalização dessa área no país foi a criação da Associação Brasileira da Alta Gastronomia (Abaga). A entidade foi fundada, em 1995, por cinco chefs internacionais: Emmanuel Bassoleil

Troisgros incorporou em suas criações gastronômicas produtos locais, como a jabuticaba, o maracurjá, a mandioquinha, o aipim e a pimenta dedo-de-moça

riO DE JANEirO

Olympe

Rua Custódio Serrão62, Jardim BotânicoReservas: 21 2537-8582 www.claudetroisgros.com.br

Brasserie Rosário

Rua do Rosário34, CentroReservas: 21 2518-3033 www.brasserierosario.com.br

Térèze

Rua Felício dos Santos, s/n Santa TeresaReservas: 11 3380-0220www.santa-teresa-hotel.com

Lorenzo Bistrô

Rua Visconde de Carandaí 2, Jardim BotânicoReservas: 21 3114-0855 / 2294-7830www.lorenzobistro.com.br

Traiteurs de France

Av. Nossa Senhora de Copacabana, 386 lojas B e C, CopacabanaReservas: 21 2548-6440 www.traiteursdefrance.com.br www.philippebrye.com.br

Coccinelle Bistrô

Travessa do Comércio11, CentroReservas: 21 2224-8602 www.coccinellebistro.com.br

Le Pré Catelan

Avenida Atlântica 4240, CopacabanaReservas: 21 2525-1160www.leprecatelan.com.br

Le Vin Bistrô

Rua Barão da Torre490, Ipanema Reservas: 21 3502-1002Av. das Américas, 4666loja 152, Barra da TijucaReservas: 21 2431-8898 / 5898

[ especial gourmet ]

Page 81: Revista França Brasil ED 310

dezemBRo 2012 / jANeIRo 2013 | FRANÇA BRASIL 81

e Laurent Suaudeau (França), Jorge Monti (Argentina) e Luciano Boseggia (Itália). O objetivo da Abaga era o de incentivar, valorizar e trazer cada vez mais profissionalização à gastronomia do país. “Quando cheguei aqui, no início da década de 1980, o cenário nacional se restringia a algumas casas que apresentavam uma cozinha chamada de internacional e uma dezena de cantinas italianas. Eram poucas as matérias-primas de qualidade oferecidas nesses estabelecimentos”, resume Suaudeau.

Para Bassoleil, não havia valorização profissional. Grande parte dos restaurantes não se preocupava com o atendimento, com o cheiro que a cozinha podia levar aos salões, entre outros detalhes importantes. “Além disso, a profissão de cozinheiro era pouco reconhecida”, relembra o chef, ressaltando que a Abaga teve grande influência na imagem da gastronomia brasileira. “Aos poucos, o cenário foi mudando e a culinária começou a ganhar destaque em programas de televisão, revistas e jornais”, finaliza.

TrADiÇÃO iNTErNACiONALUm dos pontos de encontro da elite brasileira no século 19 era a Confeitaria Colombo, erguida em estilo art nouveau, retratando a Belle époque carioca, conforme descrevem Dolores Freitas e Guta Chaves, autoras do livro Gastronomia no Brasil e no Mundo. “Atual mente, uma das principais atrações turísticas do rio de Janeiro tornou-se um grande sucesso de público, com seus espelhos belgas, bancadas em mármore italiano, molduras e vitrines de jacarandá. No fim da tarde, as mulheres que retornavam das compras ali paravam para tomar um chá completo, com diversos tipos de infusões, cafés, salgados, como o camarão empanado, e doces, como o pastel de Belém e os casadinhos”. De sua inauguração até os dias de hoje, a Confeitaria Colombo conserva intacta a sua própria essência: a de cultivar, dia após dia, a qualidade de seus produdos e serviços, pre servando também a sua história. Foi assim que tornou-se, inclusive, patrimônio cultu-ral e artístico do Brasil. Quando foi aberta, em 1894, era considerada o mais elegante estabe lecimento comercial do rio de Janeiro, só com parável às confeitarias das cidades de Paris e Londres.Natural da região da Borgonha, Bassoleil contribuiu para a profissionalização dos restaurantes

e para a criação de uma culinária mestiça: “Os brasileiros são abertos a novidades”

Com a BasE FranCEsa, QUE troUXE QUaLiFiCaÇÃo aos CoZinHEiros, E a riQUEZa Dos aLimEntos rEGionais, a Gastronomia BrasiLEira PassoU a sEr rEConHECiDa

Page 82: Revista França Brasil ED 310

82 FRANÇA BRASIL | DEZEMBRO 2012 / JANEIRO 2013

[ registro de viagem | Leopoldo Pacheco ]

epois de uma primeira temporada com casa lotada e boas críticas, retornei ao palco do Auditório do MASP para reviver Camille & Rodin. Interessante é que propus promover a peça enquanto comemorava o aniversário de minha colega de palco, Melissa Vettore. O roteirista Franz Keppler não apenas aceitou como

conseguiu, em nove meses, descrever de forma primorosa e humana a história de amor, paixão e arte entre a dupla de escultores franceses. Mas, de certa forma, também posso dizer que esse espetáculo foi a realização de um sonho, que surgiu em minha primeira visita ao Museu Rodin, em Paris, em 1989.

Foi durante um período em que eu morei em Barcelona, na Espanha, e decidi viajar para conhecer outros lugares na Europa. A França foi minha primeira opção. Pretendia ficar alguns dias, mas acabei passando dois meses. Conheci o Vale do Loire, um lugar encantador, assim como a região da Borgonha, onde pude provar vinhos excepcionais, e a badalada Biarritz, entre outros locais igualmente sedutores. Mas a cidade realmente especial para mim é Paris. Porque é onde tudo acontece, o movimento, as artes, especialmente o teatro.

Naquela oportunidade, pude ver a atuação de Felipe Coubert, na época recém-saído do Théâtre du Soleil. Foi incrível. Mas houve várias outras surpresas. Certa noite me preparava para ver a grande Carline Calçon. Estava ansioso e, enquanto esperava, resolvi

fazer um lanche em uma barraquinha na rua. E ali, bem atrás de mim na fila, estava justamente ela. Não pude deixar de me apresentar, dizer que era ator e o quanto admirava seu trabalho. Paris é assim. É estar onde o mundo acontece.

Entrar no Museu Rodin foi uma emoção indescritível. Foi um lugar que me impressionou, por sua atmosfera humana. Uma das primeiras visões ao chegar é Balzac e, logo depois, O Pensador. Há uma sala com obras de Camille Claudel, além da coleção Van Gogh. Eu me senti como se estivesse realmente entrando na casa de Rodin, e mantenho lembranças muito boas dessa experiência. Encenar a peça Camille & Rodin é uma forma de retornar a Paris em cada apresentação. Depois que tive acesso a informações sobre o universo desses grandes artistas, pude constatar que tudo se reflete em sua arte: a paixão, o desamor, a loucura. Tudo está presente no local. Lembro-me exatamente da Porta do Inferno, uma peça impressionante. Como alguém consegue realizar uma viagem como essa? É algo tão grandioso como se fosse feito pelo próprio Dante Alighieri. É como se Rodin tivesse transformado as palavras em pedra. Ou feito a pedra falar.

POR LEOPOLDO PACHECO Ator de novelas, minisséries e teatro, atualmente em cartaz com a peça Camille & Rodin, no Grande Auditório do Masp

O MELHOR DA FRANÇA

D

DIV

ULG

AÇÃO

/ FO

TOLI

A

Museu Rodin e Théâtre du Soleil são atrações imperdíveis para quem pretende ter acesso ao melhor da arte e da cultura francesa tradicional e contemporânea

Page 83: Revista França Brasil ED 310
Page 84: Revista França Brasil ED 310