Dois irmãos contra amordaça da ditadura
● História
Artigo
Governo quer flexibilizarjornada de domésticas
Orçamento federalterá corte de R$ 27 bi
Bolsa Família: Cardozoadmite ato planejado
Marinha é acusadade mentir em 1993sobre a repressão
SP tem 90% das mortespor gripe H1N1 no País
A liberdade,antes de tudo
Morre Ruy Mesquita
Tempo na capital
24˚ Máx.17˚ Mín.
Aberturas de sole pancadas de chuva
JULIO MESQUITA1891 - 1927
RUY MESQUITADiretor
Fundado por abolicionistas e republi-canos, desde seus tempos iniciais,quando tinha no cabeçalho o título AProvíncia de São Paulo, este diário nun-ca abandonou a trincheira da guerrapelos princípios democráticos, quese baseiam no primado da liberdadede agir, empreender, trabalhar, sereunir e se manifestar. PÁG. H10
METRÓPOLE / PÁG. A11
ECONOMIA / PÁG. B1
POLÍTICA / PÁG. A5
1H15
Receitas de bolos e doces no Jornal daTarde, poemas de Luís de Camõesno Estado. O jornalista Ruy Mesqui-ta e seu irmão Julio de Mesquita Netodriblaram a censura com obstinaçãoe criatividade durante o regime mili-tar, quando a ditadura proibiu, após aedição do Ato Institucional n.º 5(AI-5), em dezembro de 1968, a publi-cação de espaços em branco no lugardo material cortado. Por orientaçãodo pai, Julio de Mesquita Filho, nãose faria autocensura e, sendo assim, aordem era apurar os fatos e escreveras reportagens como se tudo estives-se normal. PÁG. H4
SILVIO RIBEIRO/ESTADÃO - 06/09/1996
PRIMEIRO CADERNOOpinião A2 e A3 Metrópole A11 a A17
Política A4 a A7 Esportes A18 a A20
Internacional A8 a A10
ECONOMIA & NEGÓCIOS B1 a B12
CADERNO2 C1 a C10
ESPECIAL RUY MESQUITA H1 a H10
HOJE: JORNAL DO CARRO
O governo propôs ontem no Congres-so a criação de três alternativas de jor-nada para os trabalhadores domésti-cos. A primeira opção seria de 8 horasdiárias e 44 semanais, com até maisquatrohorasextras.Asegunda,umsis-tema de revezamento, com 12 horastrabalhadas por 36 de descanso. A ter-
ceiracontemplariaumbancodehoras,em que patrão e empregado definem acargadetrabalho.OPlanaltoquerman-ter para as domésticas os mesmos di-reitos de outros empregados com car-teira assinada: multa de 40% do FGTSe mesmas alíquotas de contribuição àPrevidência. ECONOMIA / PÁG. B4
“Ruy Mesquita foi um homemde convicções. Criador doinovador Jornal da Tarde, Dr.Ruy foi símbolo de uma geraçãoda imprensa. Neste momento dedor, presto minha solidariedadeà família e amigos.”Dilma Rousseff, PRESIDENTE
“Com a morte de Ruy Mesquita,o Brasil perde um de seushomens públicos maisindispensáveis. Dr. Ruy lutou aolongo de décadas por um paísverdadeiramente livre erepublicano.”Geraldo Alckmin, GOVERNADOR DE SP
“São Paulo e o Brasil se enlutampela morte de um notáveljornalista, que promoveu oembate franco de ideias e quefará falta ao País.”Fernando Haddad, PREFEITO DE SP
“Ruy sempre se definiu como oque era: um jornalista. Lia tudoque lhe caía às mãos sobrepolítica e relações internacionais.Cultivava com denodo oconhecimento rigoroso dos fatos.Mas tinha a coragem dainterpretação. Tomava posição.Imprensa noticiosa, mascombativa.”Fernando Henrique Cardoso,EX-PRESIDENTE
“Pessoalmente, guardo uma boalembrança de Ruy Mesquita. Em1978, no início da minha trajetóriacomo líder sindical, Ruy Mesquitame entrevistou por 4 horas. Nãorevelou preconceito e conduziu aentrevista com o espírito abertode um bom repórter. Prestominha solidariedade à famíliae a seus amigos.”Luiz Inácio Lula da Silva, EX-PRESIDENTE
“Ruy Mesquita permanecerápara sempre um dos fiossecretos do meu destino.Mesmo que tenhamos usadofios de cores diferentes, foi namesma profissão que criamosnossos tecidos.”Gilles Lapouge, JORNALISTA E ESCRITOR
“A figura que vai ficar é a dogrande jornalista e cidadãoexemplar. Mas gosto de lembrardo amigo, com quem dividi opalco do Municipal.”Lygia Fagundes Telles, ESCRITORA
“Era, sobretudo, um romântico,que acreditava ser possívelconstruir um Brasil melhor,em que os defensores daliberdade teriam condiçõesde fazer, deste, um paísbom de viver.”Oliveiros S. Ferreira, JORNALISTA
Índice
1925 2013
A Comissão Nacional da Verdadeacusou a Marinha de mentir, em1993, sobre o destino de perseguidospolíticos e de sonegar 12 mil páginasde documentos sobre o período darepressão. Estudo mostra que ses-sões de tortura já existiam entre 1964e 1968, antes do AI-5. POLÍTICA/PÁG.A4
★ ✝
Exemplo.Uma vidadedicada aojornalismo
PÁG. A16
● Depoimentos
●✽ Ruy Mesquita, escrito em 1998
O jornalista Ruy Mesquita, diretor deO Estado de S. Paulo, morreu ontemàs 20h40. Estava internado desde o dia25 de abril para tratamento de um cân-cer na base da língua. Seguindo a tradi-ção da família, Ruy Mesquita foi um de-
fensor da liberdade, da democracia e dalivre-iniciativa, princípios que semprenortearam a linha editorial do Estado.Aolongo de seus88 anos, teve participa-çãoativa em momentos importantes dahistória do Brasil e da América Latina.
Presenciou o início da revolução emCuba, nos anos 50, e foi homenageadopelos irmãos Castro. Depois tornou-secrítico contumaz do regime. Reuniu-secom militares antes do golpe de 1964,que apoiou, em nome da defesa da de-
mocracia, mas, assim como seu pai eseu irmão, também passou a criticar aditadura. Os três lideraram uma emble-mática resistência à censura prévia,substituindo as reportagens cortadaspor poemas e receitas. Responsável pe-
la opinião do Estado desde a morte deseu irmão Julio de Mesquita Neto, em1996, se reunia diariamente com os edi-torialistas. Deixa a mulher, Laura, os fi-lhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 ne-tos e um bisneto. CADERNO ESPECIAL
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Quarta-feira 22 DE MAIO DE 2013 R$ 3,00 ANO 134. Nº 43681 EDIÇÃO DE estadão.com.br
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