PODER JUDICIRIOSO PAULO
TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULOSEO DE DIREITO PBLICO
Nmero de Ordem Pauta No informadoRegistro: 2011.0000044895
ACRDO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelao / Reexame Necessrio
n 0006417-58.2010.8.26.0053, da Comarca de So Paulo, em que so
apelantes/apelados MARIA DE FARIA BARBOSA (JUSTIA GRATUITA),
BENEDICTO PEREIRA, GENY BELLINI, GERVASIO BARBOSA, ILIRIA CAMARGO
SOARES, IRACI ALVES DE OLIVEIRA, JOAQUINA APARECIDA DE SOUZA LEITE,
JOSEPHINA LIVI CAMACHO, JOSINA DA CRUZ DOS SANTOS, LAURINDA
CECARELLI PEREIRA LEITE, LEONOR FABBRI BROGGIAN, LOURDES PAULINO
RODRIGUES, NEIDE BRYAN MUNIZ, NOEMIA AGOSTINHO BLACO e SANTINA
NUNES PEREIRA e Apelante JUIZO EX OFFICIO sendo apelado/apelante FAZENDA
DO ESTADO DE SO PAULO.
ACORDAM, em 10 Cmara de Direito Pblico do Tribunal de Justia de So
Paulo, proferir a seguinte deciso: "deram provimento aos recursos oficial e
fazendrio para julgar o pedido improcedente, julgando prejudicado o recurso adesivo.
", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.
O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores URBANO
RUIZ (Presidente sem voto), TORRES DE CARVALHO E TERESA RAMOS
MARQUES.
So Paulo, 2 de maio de 2011.
Antonio Celso Aguilar CortezRELATOR
Assinatura Eletrnica
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Apelao / Reexame Necessrio n 0006417-58.2010.8.26.0053 . - So Paulo
APELAO / REEXAME NECESSRIO N 0006417-58.2010.8.26.0053NATUREZA: COMPLEMENTAO DE BENEFCIO/FERROVIRIOCOMARCA: SO PAULO - 11 VARA DE FAZENDA PBLICAAPELANTE: JUIZO EX OFFICIO APTES/APDOS: MARIA DE FARIA BARBOSA, BENEDICTO PEREIRA, GENY BELLINI, GERVASIO BARBOSA, ILIRIA CAMARGO SOARES, IRACI ALVES DE OLIVEIRA, JOAQUINA APARECIDA DE SOUZA LEITE, JOSEPHINA LIVI CAMACHO, JOSINA DA CRUZ DOS SANTOS, LAURINDA CECARELLI PEREIRA LEITE, LEONOR FABBRI BROGGIAN, LOURDES PAULINO RODRIGUES, NEIDE BRYAN MUNIZ, NOEMIA AGOSTINHO BLACO E SANTINA NUNES PEREIRA APELADO/APELANTE: FAZENDA DO ESTADO DE SO PAULO
VOTO N. 2003/11
Ao ordinria. Complementao de aposentadoria. Aposentados e pensionistas da antiga FEPASA. Pretenso percepo do benefcio da sexta-parte pago aos servidores pblicos. Impossibilidade. A Fazenda do Estado responsvel apenas pelas complementaes de proventos e penses de ex-empregados da rede ferroviria. Vantagem pretendida apenas devida aos servidores pblicos e no aos celetistas. Inexistncia de direito a equiparao, nos termos da Lei n. 10.410/71. Sentena reformada. Sucumbncia invertida. Recursos oficial e voluntrio da Fazenda do Estado providos, prejudicado o dos autores.
V I S T O S.
Contra sentena que julgou procedente ao ordinria para
efeito de reconhecimento, em favor de pensionistas e ex-ferrovirios aposentados da antiga
FEPASA Ferrovia Paulista S/A, do direito sexta-parte na forma do art. 129 da CE, e
condenando a Fazenda Pblica ao pagamento das diferenas atrasadas no atingidas pela
prescrio qinqenal, acrescidas de juros e atualizada na forma da Lei n. 11.960/09,
apostilando-se (fls. 258/261 e fl.270), ao recurso oficial somaram-se apelaes dos autores e da
Fazenda Pblica, alegando aqueles que a verba honorria deve ser fixada nos moldes do art.
20, 3, do CPC, no percentual de 10% a 20% do valor apurado na liquidao; j a Fazenda
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Apelao / Reexame Necessrio n 0006417-58.2010.8.26.0053 . - So Paulo
Pblica, por sua vez, arguiu, preliminarmente, a prescrio do fundo de direito; quanto ao
mrito, sustentou a inconstitucionalidade da pretenso, posto que afronta o art. 40, 13;
art.173, 1, inciso II; art. 2; art. 37, caput e inciso XIV; e art. 169, caput e 1, da CF, que o
vnculo dos autores com a estatal era celetista e que o artigo 129 da CE deve ser interpretado
luz da Constituio Federal; asseverou que no cabe ao Poder Judicirio aumentar
vencimentos de servidores sob o fundamento de isonomia e que atenta contra a
responsabilidade fiscal, a razoabilidade e o valor tico-jurdico da isonomia conferir aos autores
as vantagens reclamadas na presente demanda beneficiando-os com uma multiplicidade de
paradigmas; insurgiu-se, por fim, quanto regra estabelecida pela sentena no que tange aos
juros e correo monetria e fixao dos honorrios advocatcios sobre o valor da causa.
Foram oferecidas contra-razes por ambas as partes.
o relatrio.
Quanto preliminar suscitada, a relao de trato
sucessivo e de carter previdencirio e alimentar, sujeita apenas a prescrio qinqenal de
parcelas vencidas, inexistindo prescrio do fundo do direito.
No mrito, assiste razo Fazenda Pblica.
Os autores, aposentados e pensionistas da antiga FEPASA,
pediram aqui o pagamento da sexta-parte sobre os vencimentos integrais, desde que
completados vinte anos de servio, na forma do art. 129 da CE, c.c. art. 37, inciso XIV, da
Constituio Federal.
No entanto, os autores no fazem jus a tal direito. que o
mencionado benefcio aplica-se apenas aos servidores pblicos, qualidade no ostentada pelos
autores, aposentados e/ou pensionistas de ferrovirios que eram regidos pelo vnculo jurdico
trabalhista poca da aposentadoria.
De fato, cabe Fazenda do Estado de So Paulo pagar as
complementaes de proventos e penses em favor dos aposentados e pensionistas da antiga
FEPASA. Esse dever decorre da obrigao assumida pelo Estado por ocasio da transferncia
do controle acionrio da FEPASA para a Unio, de acordo com o artigo 4 e 1 e 2 da Lei
Estadual n. 9.343/96 c.c. Decreto Estadual n. 35.530 de 19.09.59, artigo 126, 4 da
Constituio do Estado e artigo 40, 8 da Constituio Federal na redao da Emenda
Constitucional n. 20/98.
A Lei n. 10.410/71, que criou a FEPASA, alm de impor o
regime celetista aos empregados, proibiu a aplicao, em favor deles, de leis estaduais de
complementao de proventos, penses ou outras vantagens. No tinham os autores direito
adquirido aos benefcios da complementao quando se vincularam FEPASA como celetista.
Logo, no poderiam ser beneficiados pela legislao acima mencionada para efeito de
complementao de proventos, penses ou outras vantagens.
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Apelao / Reexame Necessrio n 0006417-58.2010.8.26.0053 . - So Paulo
Neste sentido j decidiu esta Dcima Cmara de Direito
Pblico: O adicional da sexta-parte pago ao servidor pblico que complete vinte anos de
efetivo exerccio. O Estado no tem a obrigao de pagar esse adicional aos empregados de
empresas privadas, sociedades annimas, das quais tinha o controle acionrio, mesmo porque
os holerites anexados a inicial demonstram que nunca receberam esse adicional e, o 2 do
art. 40 da CF impede que o servidor inativo tenha remunerao maior que a percebida em
exerccio. O pensionista igualmente no pode receber quantia maior que a paga ao servidor do
qual beneficirio. No tinham as pensionistas, qualquer vnculo ou relao de emprego com
o Estado que permitisse questionar os valores pagos ao servidor. (Ap. Cvel n. 990.10.289197-
6, j. em 28.02.2011, Rel. Des. Urbano Ruiz).
Cumpre observar, ainda, que nem mesmo a Lei Estadual n.
9.343/96, art. 4, 2, assegura qualquer direito que no seja decorrente dos dissdios ou
acordos coletivos de trabalho.
Ademais a pretenso dos autores versa sobre concesso de
benefcio, e no complementao propriamente dita.
Como se v, a ao improcedente.
Diante da inverso do nus da sucumbncia, arcaro os
autores com as custas e despesas processuais, alm da verba honorria de R$ 200,00 para
cada um dos vencidos, atualizada at a efetiva liquidao pelo pagamento, fixada nos termo do
artigo 20, 4, do CPC, tendo em vista a singeleza da lide, o nmero de autores e a resistncia
oferecida. Entretanto, sua exigibilidade fica suspensa, nos termos do artigo 12 da Lei
n. 1060/50.
Ante o exposto, d-se provimento aos recursos oficial e
fazendrio para julgar o pedido improcedente, invertendo-se os nus sucumbenciais,
prejudicado o recurso dos autores.
ANTONIO CELSO AGUILAR CORTEZ RELATOR
2011-05-03T13:42:55+0000Not specified