Disciplina: Sistemas de Informao Gerencial
Prof.: rico Oda
Aula 11
Tema: Questes ticas e Sociais em Sistemas de Informaes
Se voc quer uma imagem do futuro, imagine uma bota
prensando um rosto humano para sempre"
George Orwell, 1903/1950
(pseudnimo de Eric Arthur Blair)
SUMRIO
1. O que tica .............................................................................................................. 1 2. A tica na Sociedade do Conhecimento .................................................................... 2
2.1. Privacidade: Direitos e deveres sobre as informaes ....................................... 3 2.2. Preciso de Informaes e de qualidade de sistemas ......................................... 4 2.3. Propriedade e direitos sobre as informaes ...................................................... 4 2.4. Acessibilidade s informaes e seus usos ........................................................ 5
3. As questes sociais das empresas e suas tecnologias de informao ........................ 6 3.1. Desperdcios relacionados a Tecnologias da Informao .................................. 7
3.2. Erros relacionados a sistemas e computadores .................................................. 7 3.3. Respeito ao Meio Ambiente .............................................................................. 7
3.4. Impactos nos profissionais e no trabalho .......................................................... 8 4. Qualidade de vida: valores na Sociedade do Conhecimento..................................... 8 5. Prticas culturais: o poder e a resistncia a mudanas .............................................. 9
George Orwell, pseudnimo de escritor indiano de origem inglesa Eric Arthur
Blair, publicou em 1949 o livro 1984 (Nineteen eight four), onde retrata um mundo
dominado por um regime totalitrio, onde os habitantes so controlados e comandados
por um poder central que a todos vigiava (e que na poca deu origem expresso Big
Brother - Grande Irmo), mediante o domnio de informaes e conhecimentos sobre tudo e sobre todos.
Trata-se de uma metfora sobre o que ocorreria com a sociedade humana, caso
algum obtivesse o domnio pleno e total das informaes a respeito de todos os eventos
ocorridos e de todas as peculiaridades de cada cidado. Com base neste conhecimento,
subjugaria todos s ordens e vontades de um estado totalitrio central, cerceando todas
as liberdades individuais das pessoas, assegurados pela privacidade das informaes
pessoais dos direitos humanos bsicos.
1. O que tica
A palavra tica originria do vocbulo grego ethiks ("modo de ser") que se
refere ao comportamento humano pelo seu valor moral, para determina o juzo do que
certo ou errado na vida em sociedade.
Segundo Rosini e Palmisano (2006, p.144) a tica a justia e inclui princpios que todas as pessoas racionais escolhem para reger o seu comportamento,
cientes que tambm a eles sero aplicados, argumentando que o tema controvertido, pois o que certo para uma pessoa pode ser errado para outra. Pode-se afirmar que uma
pessoa tica quando o seu comportamento pessoal, social e profissional se baseia em
princpios como eqidade, justia e confiana.
Como as empresas so organizaes constitudas de pessoas e fornecem
produtos e/ou prestam servios a outras pessoas, este contexto se aplica diretamente s
mesmas. O comportamento dos dirigentes e componentes de uma empresa
responsvel pela formao e transmisso de princpios que constroem a imagem da
organizao perante os mercados onde atua e que, seguindo a tica, garante a sua maior
aceitao perante a sociedade, o que reflete diretamente em seu desempenho
empresarial.
A tica nos negcios diz respeito s numerosas questes ticas que os gerentes das empresas devem enfrentar como parte de suas decises cotidianas (OBrien, 2004, p.377), como as questes relativas privacidade das informaes e
registros confidenciais, segurana e ambiente adequado de trabalho, devendo ser
decididas observando-se os valores fundamentais da sociedade onde a empresa atua.
Estes valores podem ser interpretados e praticados sob ticas e importncias diversas
nas diferentes sociedades, mas compartilhando os seguintes valores fundamentais e
comuns a todas:
Respeito pelos direitos bsicos do ser humano: com o direito vida com sade, igualdade de direitos, liberdade de pensamento e de ao, esta ltima
limitadas pelos direitos dos outros;
Respeito pela dignidade humana: com as pessoas sendo tratadas como o fim e no como meio para se atingir os fins e objetivos, respeitando-se as liberdades
individuais e trabalhando em conjunto para o bem comum;
Utilitarismo: so corretas as aes que produzem o bem mximo para o maior numero de pessoas.
2. A tica na Sociedade do Conhecimento
A disseminao do uso das TIs Tecnologias da informao tem requisitado da sociedade global um novo enfoque sobre as questes ticas, principalmente aos
relativos aos impactos que estas tecnologias ocasionaram no equilbrio social anterior
sua interferncia, atuando diretamente na Economia mundial mediante influncia nos
comportamentos de indivduos e organizaes. Esta interferncia vem provocando
grandes alteraes no relacionamento entre pessoas e entre empresas, com a
disponibilizao de novos dados e informaes, e de novos equipamentos, responsveis
ocasionando evolues radicais nos processos de negcio.
A anlise tica de informaes e de seus conflitos, segundo Laudon & Laudon
(2007, pags.378 e 370) compreende cinco estgios:
a) Identificao e descrio clara dos fatos b) Definio do conflito e identificao dos valores mais elevados envolvidos c) Identificao dos interessados e envolvidos no evento d) Identificao das alternativas razoveis a adotar e) Identificar as potenciais conseqncias de cada opo
E os princpios ou regras ticas a seguir para tomar a deciso mais acertada,, sero:
a) Faa aos outros o que gostaria que fizessem a voc a regra de ouro b) Se uma ao no correta para todos ento no correta para ningum
o imperativo categrico de Immanuel Kant
a. Se uma ao no puder ser realizada repetidamente, ento no deve ser realizada nunca regra da mudana de Renee Descartes
c) Realizar a ao que produza o maior valor princpio utilitrio d) Realize a ao que cause o menor dano ou que tenho o menor custo
potencial princpio da averso ao risco e) Pressuponha que todos os objetos tangveis e intangveis pertenam a
algum, salvo declarao em contrrio regra tica o almoo nunca de graa
Segundo Turban et alii (2003, pgs.503 e 504), empresas e organizaes
estruturam e estabelecem seus prprios cdigos de tica, que se compe de um conjunto
de princpios que servem como balizadores da conduta e aes de seus profissionais
quando lidarem com as informaes e suas tecnologias. Estabelecem polticas e
classificam a tica em uma estrutura composta de quatro categorias, com a elaborao
de seu cdigo de tica mediante respostas s questes delicadas que envolvam estas
dimenses:
:
Questes de Privacidade cuidados e limites nas coletas, armazenamentos e disseminaes de informaes relacionadas a indivduos nas empresas,
estabelecendo que tipo de informaes pessoais podem ser exigidas
sobre algum.
Questes de Preciso as informaes coletadas e as obtidas por processamento devem ser autnticas, fidedignas e precisas;
Questes de Propriedade respeito propriedade e valor das informaes, definindo o preo de seu domnio e usufruto;
Questes de Acessibilidade que trata do direito e privilgios de obter, de acessar e de utilizar as informaes valiosas e/ou confidenciais;
2.1. Privacidade: Direitos e deveres sobre as informaes
Indivduos e empresas tm que ter cuidados e precaues relativas a restries
das informaes referentes sua natureza e s suas atividades, tanto profissionais como
pessoais. Os riscos aumentam consideravelmente com o advento e utilizao intensiva
das facilidades propiciadas pelos SIGs, amplificada pela Internet e pelo uso das novas
tecnologias de gerao e transmisso de imagens, vdeos, sons e voz.
Surgem questes tais como:
Qual o grau de segurana dos bancos de dados pessoais da empresa? Em que locais da empresa podem ser instaladas cmeras de vigilncia? Quais doenas psicolgicas o candidato de emprego j teve e se curou? tico e justo denunciar a omisso proposital de um funcionrio em uma situao
de crise que leve a empresa uma situao delicada e de prejuzo significativo ?
lcita a divulgao informal de salrios de funcionrios que impliquem em alteraes no clima motivacional, e que resultem em uma queda de desempenho
da organizao como um todo?
Estas so situaes fictcias que exploram os limites pessoais de indivduos em
seu cotidiano, cujas decises e respectivos comportamentos sero ditados pelas crenas
e valores individuais construdos e formatados pelos antecedentes culturais herdados e
vivenciados, com a flexibilidade ditada pelo maior ou menor rigor intelectual adotado
na interpretao dos mesmos.
2.2. Preciso de Informaes e de qualidade de sistemas
Os usurios de produtos e servios de uma empresa, inclusive de seus sistemas
de informaes, hoje dotados de conexes diretas via Internet, podem e devem exigir
condies e padres que assegurem o mximo possvel de preciso, confiabilidade e de
segurana na utilizao dos mesmos.
Devem ser respondidas questes como:
Se o cliente de um banco detectar um saque em sua conta, que comprovadamente no foi de sua autoria, pode exigir do banco o ressarcimento imediato do
prejuzo?
Como garantir que os processamentos dos rendimentos da aplicao financeira esto corretos e precisos?
Como garantir que o sangue examinado se refere a um determinado paciente de um hospital com centenas de atendimentos?
Como assegurar a no ocorrncia de troca de bebs quando transitam para exames em uma maternidade com 200 leitos
Os indivduos e empresas podem exigir que estes padres garantam que no
sero lesados nem prejudicados por uma eventual ocorrncia, que se comprove ser por
falta desta preciso, confiabilidade e segurana.
2.3. Propriedade e direitos sobre as informaes
Como traduzir os tradicionais direitos de propriedade sobre bens tangveis para
a propriedade e direitos intangveis sobre a informao e conhecimentos? Obras
intelectuais, idias e projetos de produtos com pequenas diferenas e alteraes podem
ser considerados distintos?
A quem pertence a frmula de um remdio obtido pelo aprimoramento
significativo de outros j existentes ? tica e civilizada uma empresa, que detm a
propriedade da frmula de um remdio, deixar seres humanos morrer por no terem
como pagar o valor requerido pela empresa proprietria? Caso negativo, como financiar
esta empresa para continuar as pesquisas que determinaro novas descobertas que
podero salvar ainda mais vidas?
So questes ainda no totalmente nem definitivamente resolvidas pela
sociedade como um todo, pois diferem de interpretaes nas diferentes culturas
(ocidentais e orientais) e nos prprios contextos em permanente evoluo, gerando
novas situaes antes de esgotar as discusses e debates sobre os procedimentos a
adotar nas anteriores.
Em termos de sistemas de informao de uma organizao, segundo os
princpios universais da tica e da maioria das legislaes vigentes, a propriedade e os
direitos sobre as informaes contidas em seus arquivos, compreendendo-se os dados
cadastrais ou de operaes/eventos sobre indivduos e empresas com que esta
organizao se relacione, so confidenciais e s podem ser utilizadas nos
relacionamentos entre as partes envolvidas, salvo consentimento explicito a outro uso.
Ex: Os dados cadastrais e extratos de movimentaes dos clientes de um banco s
podem ser de conhecimento do cliente e do banco; os dados cadastrais do cliente
(endereo, p.ex) s podem ser usados pelo banco nos seus relacionamentos comerciais
com o cliente, no podendo ser disponibilizados para outra finalidade (propaganda
poltica, p.ex.)
Com relao a produtos e servios resultantes de esforos de pesquisa e
desenvolvimento e em projetos financiados por uma organizao, os benefcios
revertero a favor da empresa financiadora, respeitados os direitos comprovados de
propriedade intelectual dos autores (registros de autoria).
Exs: As obras projetadas e construdas por arquitetos e engenheiros so de propriedade
da empresa em que trabalham, mas a autoria e responsabilidade sobre os mesmos fazem
parte dos acervos tcnicos dos profissionais, que os elaboraram, no CREA (Conselhos
Regionais de Engenharia e Arquitetura); As frmulas de remdios e produtos
desenvolvidos por bilogos e farmacuticos so de propriedade dos laboratrios onde
trabalham, mas a autoria e responsabilidade so do(s) tcnico(s) responsvel(is) pelo seu
desenvolvimento.
2.4. Acessibilidade s informaes e seus usos
Esta dimenso da tica relacionada s informaes trata do direito e privilgios
de obter, de acessar e de utilizar as informaes valiosas e/ou confidenciais.
Informao poder e sistemas so ferramentas para utiliz-la, na medida em
que possibilitam o planejamento e controle de organizaes e pessoas, mediante o
registro e conhecimento de seus comportamentos frente ao meio e s condies em que
atuam. Sistemas possibilitando a preciso e agilidade em decises e aes que
antecipem ou contribuam para construir uma realidade futura desejada.
Os domnios de projetos de produtos e processos inovadores e diferenciais,
acrescidos do amplo conhecimento do mercado, tambm so matrias-prima para
estratgias vencedoras de profissionais e empresas.
A confidencialidade destas informaes e destes conhecimentos bem como a
sua utilizao concreta, deve ser determinada pela limitao e controle de seus acessos e
estabelecida sob a tica de responsabilidade, de valor e da tica.
A utilizao de sistemas de informao gerencial possibilita ampliar a
abrangncia de tratamento de informaes e, efetuando seus relacionamentos, obter
quantidades imensas de novos conhecimentos, a respeito de pessoas, coisas, eventos e
contextos, que necessitam de controles e limites estabelecidos, para que no firam os
princpios da tica e da segurana que possam prejudicar os envolvidos nesta
manipulao.
Em sistemas de informao empresarial o acesso e uso dos dados e
informaes referentes aos indivduos e organizaes contidos em seu banco de dados
devem ser restritos por barreiras seletivas e por termos de compromisso de uso correto e
divulgao controlada, por parte dos profissionais autorizados a acess-los.
Figura 1: Controle de Acessos
Fonte: o autor
3. As questes sociais das empresas e suas tecnologias de informao
Na sociedade moderna, onde as informaes e os conhecimentos se
configuram como ativos e patrimnios intelectuais cada vez mais preciosos dos
indivduos e organizaes e que esto sendo produzidos, tratados e replicados por
tecnologias digitais que propiciam velocidades cada vez mais aceleradas e acumulando-
se em volumes crescentes. Devem ser estabelecidos princpios e valores, que orientem
os comportamentos e posturas, quanto s operaes que envolvam as origens das
informaes e conhecimentos, suas utilizaes e seus destinos.
Devero ser previstas e prevenidas aes e suas conseqncias, referentes a:
Acervo Individual ou empresarial
Sistemas de Informao
Tratamentos
Dados
Informaes
Relacionamentos
Conhecimentos
Obteno
Origem de
dados
ACESSOS
ACESSOS
CO
NT
RO
LE
S
3.1. Desperdcios relacionados a Tecnologias da Informao
As tecnologias digitais evoluem em velocidade superior sua depreciao
econmica, o que faz com que a obsolescncia tecnolgica e funcional leve ao descarte
equipamentos e sistemas ainda teis e confiveis. Novas tecnologias permitem o
desenvolvimento de utilidades e facilidades que, antes de serem totalmente utilizadas,
so descartadas e esquecidas.
Segundo Stair (2006, pag. 562), pelo lado dos usurios, as tarefas ficam
facilitadas de tal forma que sobra tempo para estes efetuarem tarefas no produtivas
para a empresa, tais como ler e enviar e-mails pessoais, navegar na internet.
Profissionais recebem diariamente propagandas e servios no requisitados que tambm
desperdiam tempo e recursos. Em sistemas relatrios, textos, planilhas so facilmente
impressos em diferentes verses e quantidades, desperdiando tempo, papel e recursos
computacionais.
Estes desperdcios podem e devem ser regulamentados por normas de
procedimentos que limitem e minimizem perdas desnecessrias.
3.2. Erros relacionados a sistemas e computadores
Como produtos da criatividade e da engenhosidade humana, sistemas e
computadores so sujeitos a erros e defeitos involuntrios, tal quais seus criadores.
Freqentemente sistemas ficam inoperantes devido a problemas relacionados sua
concepo, desenvolvimento e/ou operao, causando prejuzos e transtornos seus
usurios, tanto em termos financeiros como de perda de tempo, dados, recursos etc.
algumas vezes irreparveis.
Ex: Sistemas e sites fora do ar, erros de horrios de compromissos, vos, falta de uma informao estratgica etc, perda de um banco de dados sem cpias de segurana.
Em sistemas de informao empresarial, recomenda-se a adoo de medidas
preventivas de testes exaustivos e simulaes de situaes crticas, em conjunto com
auditorias sistemticas e peridicas de sistemas e procedimentos de segurana, para a
verificao e constatao dos riscos e planejamento de cntingncias.
3.3. Respeito ao Meio Ambiente
O funcionamento dos aparelhos eletro-eletrnicos depende da energia eltrica,
cuja gerao, transmisso e utilizao interfere de forma significativa no meio ambiente,
e tem aumentado gradativamente com a maior utilizao de novos equipamentos
eletrnicos de computao, de telecomunicao, de som e de imagens.
A gerao e uso da eletricidade, em suas diversas modalidades diesel, hidroeltrica, nuclear - gera efeitos poluentes do meio ambiente, alterando o frgil
equilbrio da natureza, seja com o aumento da temperatura, resduos poluidores e outros
impactos ambientais diversos.
Os circuitos e componentes eletrnicos, desde os chips at as baterias de
dispositivos portteis, utilizam materiais contaminadores e de difcil degradao, como
metais pesados e plsticos. A indstria eletrnica tem procurado pesquisar meios e
produtos para diminuir estes efeitos, com componentes de menor consumo de energia,
menos poluentes e com a reciclagem de metais pesados.
Resultante da escalada e disseminao do uso, somadas rapidez da
obsolescncia tecnolgica destes equipamentos eletrnicos, o volume de lixo
tecnolgico aumenta a cada dia, com velocidade muitas vezes superior capacidade de
reciclagem natural dos mesmos. Este fato despertou a conscincia para o problema
ambiental e obrigou a sociedade a estabelecer obrigaes aos responsveis quanto aos
destinos finais, prevendo penalidades nas omisses, cujo nus viabilizem a reciclagem e
reaproveitamento dos mesmos, para livrar a natureza deste encargo.
3.4. Impactos nos profissionais e no trabalho
A evoluo das novas tecnologias aplicadas nas atividades pessoais,
profissionais, produtivas e de lazer dos indivduos e da sociedade como um todo,
provocou alteraes radicais nos produtos, servios e, principalmente, no trabalho das
pessoas.
As empresas passaram a exigir trabalhadores com novos perfis de
competncias e habilidades profissionais, bem como de novas atitudes abertas ao
aprendizado e reciclagem constantes, para atuar utilizando as novas tecnologias e
sistemas de informao com novos parmetros de velocidade de deciso e ao, em
contextos de constante evoluo.
A possibilidade de disponibilizao e acessos, de/em qualquer lugar e a
qualquer tempo, aos recursos utilizados por estes trabalhadores em suas tarefas, alterou
drasticamente as possibilidades de jornadas de trabalho flexveis e de acmulo de
funes.
Estas jornadas e extenso de responsabilidades tendem a ser alm dos limites
aceitos como adequados e salutares aos indivduos e que, somadas amplificao do
stress da premncia e urgncia imposta pela competitividade dos negcios e s novas
relaes entre o Capital e o Trabalho de remunerao por resultados obtidos, deterioram
a qualidade de vida dos profissionais.
4. Qualidade de vida: valores na Sociedade do Conhecimento
As TIs podem transformar o ser humano em um meio e no em um fim, pois
na sociedade do conhecimento, uma significativa parcela dos relacionamentos humanos
passou a ser estabelecida e cultivada por meios eletrnicos, alterando os valores
tradicionais de interaes humanas, antes pessoais e presenciais, para novos protocolos
digitais que primam pela frieza da impessoalidade adicionada objetividade e rapidez
impostas pelas tecnologias envolvidas.
Perdeu-se a riqueza de informaes contidas nas sutilezas da linguagem
corporal quando eram expressas em gestos e olhares, transmitidas em relacionamentos
pessoais e mesmo em conversas e negociaes comerciais. Foram trocadas por
conversas e mensagens curtas e objetivas, via conversao eletrnica (chats,
messengers) ou correspondncia eletrnica (e-mails). Com isto os relacionamentos
humanos se empobreceram em qualidade e profundidade e ganharam em quantidade e
amplitude superficial.
Atualmente qualquer profissional pode ser rapidamente localizado e acionado,
a qualquer tempo e em qualquer lugar, com a utilizao de telefonia mvel, pagers ou
outro meio eletrnico (GPS, p.ex.), sacrificando grande parcela de sua privacidade e
aumentando em muito a requisio de velocidade de atuao e volume de resultados,
sem concesses quanto ao nvel de qualidade necessria de produtos e servios.
Com este cenrio e devido a estes novos requisitos de desempenho
profissional, a qualidade de vida social, psicolgica e at biolgica dos indivduos tem
sido sacrificada.
Mas a tecnologia pode ocasionar tambm um impacto oposto: a automao
dos trabalhos tambm pode disponibilizar mais tempo aos profissionais, pela rapidez
com que as tarefas passam a ser concretizada pelos sistemas e computadores. Cabe a
cada profissional desenvolver as suas habilidades no uso de TIs para obter este tempo,
que pode ser utilizado para reflexes e anlises que o aprimorem como profissional e
pessoa.
Alm de uma preocupao pessoal de cada um, a utilizao de TIs de forma
positiva qualidade de vida dos colaboradores de uma empresa deve ser um objetivo
organizacional, pois h uma causalidade obvia e natural entre a satisfao dos
funcionrios, o seu melhor desempenho intelectual e os resultados finais da empresa no
mercado.
5. Prticas culturais: o poder e a resistncia a mudanas
Indivduos, grupos, organizaes, comunidades e naes esto sempre em
busca de poder e o perseguem e exercem de diversas maneiras e com diferentes
objetivos. Em busca deste poder, a sociedade humana atua baseada em paradigmas
estabelecidos por valores e princpios sedimentados gradativamente, com os indivduos
que a compes apresentando resistncias naturais mudana do equilbrio de um estado
de coisas. Esta resistncia natural a mudanas devida necessidade de aceitar e
absorver estes novos paradigmas, pois qualquer alterao demanda tempo e esforo de
aprendizagem e de formao e aceitao de novos princpios e valores.
Poderes foram e so obtidos, em diferentes pocas e locais, por diversos
caminhos e formas:
Poder fsico: pelo desenvolvimento de dons naturais ou talentos fsicos. Exs: guerreiros, atletas, artistas;
Poder religioso: pela explorao do medo do desconhecido, do misticismo e do sobrenatural. Ex: Igrejas e seitas;
Poder poltico: pelo convencimento ideolgico e/ou emocional em torno de um objetivo ou ideal. Ex: lideres comunitrios, partidos polticos;
Poder financeiro: obtido e utilizado pelos indivduos e organizaes que detm capital. Ex: pessoas ricas, grupos financeiros, corporaes,;
Poder do conhecimento: obtido pelo uso da razo, pelos indivduos por meio de criatividade e estudo e aprendizagem terico e/ou emprico, e pelas empresas,
mediante inovaes resultantes de pesquisa e desenvolvimento e uso
produtivo da inteligncia de seus componentes. Ex: cientistas,
empreendedores, dirigentes, empresas de tecnologia, desenvolvedores de
softwares.
Os poderes originrios de uma fonte possibilitam a ampliao dos mesmos
pelo acesso e utilizao das outras fontes, todas normalmente convergindo para o poder
financeiro. Ex: artistas e atletas com contratos milionrios, novas igrejas arrecadando
dzimos, polticos enriquecendo mediante uso de suas relaes, ricos ficando mais ricos
e o surgimento e crescimento de empresas inovadoras, com empreendedores criativos.
A fonte mais profcua de poder na sociedade atual do domnio de novos
conhecimentos e de suas aplicaes em atividades produtivas. Ex: Microsoft, Google,
franquias de servios.
Com o aumento da disponibilidade e da velocidade de aplicao das
tecnologias digitais provocando e mudanas evolutivas permanentes, ou mesmo
revolues que exterminam determinado segmento de negcios, as empresas e
organizaes se vem frente ao problema de adaptao de sua estrutura humana a estas
novas realidades mutantes.
Algumas organizaes j implementaram mudanas e apresentam estas
adaptaes nova realidade, tais como (Turbam et alli, 2003,p.509):
Hierarquias horizontais: como a TI permite maior produtividade dos gerentes e aumenta sua maior amplitude de controle, estes podero ser em menor nmero,
diminundo os nveis de gerncia intermediria;
Mudanas de superviso: a agilidade da superviso eletrnica, em qualquer lugar e a qualquer tempo alterou a superviso dos trabalhos, antes baseada em
cumprimentos de horrios e de tarefas fragmentadas, para resultados finais de
projetos/processos;
Alterao da estrutura de poder: como conhecimento poder, os profissionais que o exerciam por este meio perdem poder porque passaram a ser substitudos por
sistemas especialistas, que absorvem e utilizam o conhecimento explicito de
forma mais rpida e abrangente.
Como ferramentas e instrumentos de conquista e exerccio do poder, o
controle dos sistemas, tecnologias da informao e recursos informacionais alvo de
disputas e conflitos visveis entre grupos profissionais dentro de empresas e de
organizaes, sejam elas pblicas ou privadas.
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