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Pitching do Curso Bacharelado em Audiovisual
Turma - 3MA 01/2009
SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO Martin Buzolin, Carina Fernandes, Maria Clara Villas
São Paulo, Junho de 2009
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Índice
1. Sinopse __________________________________________ 2
2. Objetivo e Justificativa ______________________________ 3
3. Roteiro Interativo __________________________________ 6
4. Concepção visual e sonora ___________________________ 7
5. Análise Técnica ___________________________________ 8
6. Bibliografia e referências ____________________________ 10
7. Anexos___________________________________________12
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1. Sinopse
O projeto desta instalação foi elaborado durante o terceiro semestre do curso de
Bacharelado em Audiovisual na disciplina de Roteiro de Multimídia para ser desenvolvido
durante o quarto semestre.
Este, conta com o propósito de questionar o privado e o público e a veiculação de
imagens não autorizadas e privadas de nosso controle, dentro dos sistemas de vigilância.
Utilizaremos como experiência e aprofundamento tecnológico a alteração de uma das
imagens. Esta imagem estará sendo captada por uma câmera na vertical, posta dentro da
instalação e transmitida ao vivo para pessoa presente. Através da variação de ondas sonoras
captadas por um microfone (que estará suspenso na obra) ela poderá modificar sua imagem.
Para tal, serão gravados dez vídeos em diferentes formatos, dispostos em lugares
variados no Centro Universitário Senac, que serão dispostos em monitores dentro da
Instalação. Haverá também um microfone suspenso para que o interagente possa modificar
a sua própria imagem.
A instalação será construída por nós (ver: anexo 1) com o auxílio de alguns alunos
do curso de Design Industrial e de professores de tecnologia e multimídia e ficará
disponível para a experiência nos pátios de trás e da frente do Campus Santo Amaro.
Será elaborado paralelamente à instalação, um website para hospedar o Memorial
do projeto. Ele contará com todo o processo de produção, além do conceito da obra,
fotografias e vídeos.
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2. Objetivo e Justificativa
A escolha do formato do projeto se deu a partir de estudos sobre instalações artísticas
ligadas ao vídeo e à multimídia. Isto permitiu o aprofundamento das questões que serão
tratadas no projeto e qual o melhor formato para expô-las. Utilizaremos então a
vídeoinstalação em circuito fechado com intervenção sonora sobre uma das imagens - para
estimular a reflexão sobre o uso de câmeras de vigilância e a super exposição da imagem na
sociedade atual.
Sobre a instalação
Vivemos em uma sociedade fatigada pelo uso excessivo de imagens, muitas vezes
desprovidas de qualquer significado. Em decorrência do avanço tecnológico, a utilização de
imagens (independente de seu veículo) acaba sendo banalizada. Por outro lado, a exposição
diária ao “bombardeio” de informações visuais, resulta na dificuldade das pessoas em se
expressarem. Saber como as pessoas estão lidando com a própria imagem exposta
diariamente à vigilância, é um dos conceitos-chave para a nossa instalação.
A instalação vem sendo discutida no panorama artístico no século XX e XXI, tendo
como estopim obras de Michel Duchamp e Hélio Oiticica no Brasil que, além da criarem a
obra em si, apoiaram-se primordialmente na Arte Conceitual. Por seu princípio
experimental, a instalação busca, além da poética artística em si (que pode contar com a
integração multimídia e de diferentes linguagens), a valorização da idéia sobre o objeto
artístico. Inserido na Arte Contemporânea, as instalações questionam o espaço e o tempo da
obra e seu interagente, não mais passivo diante a obra. A opção por esse formato se deu
pela chance de se utilizar a tecnologia para colocar a pessoa diante de si mesma e, com isso,
causar uma experiência momentânea, individual e única.
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Sobre o contexto teórico - videovigilância na sociedade atual
"A única via ontologicamente possível para o vídeo é aquela que se elabora a partir da
lógica da videovigilância - versão maneirista da instalação modernista. Eis aí o vídeo do
vazio: nada a filmar, ninguém para filmar, a filmagem se fazendo sozinha e sem traço. (...)
Com efeito, o que se passa no vídeo de vigilância, senão a mise-en-scéne e a
ficcionalização, por uma maquinação autárquica, do vazio que funda o próprio
dispositivo? Ou seja, ao mesmo tempo mostra que não há mais nada para se ver, não há
mais sujeito para olhar e, por outro lado, que o olhar hoje não é mais possível, não
constitui mais um ato criador, não é mais a marca de uma experiência humana." 1 -
Philippe Dubois
A videovigilância é um tema que vem sendo muito discutido nos últimos anos,
principalmente depois da popularização das câmeras de vídeo, já que qualquer um pode ter
e gravar imagens de forma portátil e rápida. A imagem passa a ser pública, não temos mais
o controle sobre ela. Está em todos os lugares, sendo reproduzida, capturada e modificada.
Com a nossa obra pretendemos estimular a reflexão - quando o interagente entrar na
instalação verá imagens gravadas de diversos momentos do cotidiano, em lugares
inusitados - é a consciência da exposição da imagem, da vigilância. Todos sabemos que
estamos sendo filmados, e isso é justificado pelo bem comum, pela segurança, mas em
nenhum momento temos a oportunidade de criticar e analisar isso, de pensar em suas
possibilidades. Pretendemos discutir e analisar a tecnologia usada para a captação dessas
imagens - seja ela videovigilância, câmeras de celulares, webcams - dentro de uma
sociedade essencialmente visual, na própria exposição, na manipulação e em um momento
em que reality shows são cada vez mais populares e analisados. A realidade, a câmera, a
vigilância.
"(…) Uma reorganização do visível e da vigilância, pois não é mais aquela que confunde
trabalhadores de uma fábrica com prisioneiros ou faz com que todas as instituições se
1 Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 172-173
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assemelhem a uma prisão panóptica, máquina ideal e universal do olhar disciplinar. A
similitude atravessa agora todos os espaços, indivíduos, imagens e revela a dificuldade, em
muitos casos, de diferenciar artistas, paparazzos, jornalistas, policiais, terroristas, turistas,
simples passantes com suas câmeras. (...) Todos podem ser potencialmente vigias e/ou
vigiados, assim como uma imagem de vigilância pode estar nos arquivos policiais, num
espetáculo televisivo, nos circuitos oficiais da arte, nos arquivos mortos das empresas
privadas de segurança, na Internet, no cinema. Livre circulação das imagens de vigilância:
dos aparatos policiais aos flagrantes sexuais de celebridades em praias paradisíacas, do
entretenimento à arte, das revistas de fofoca locais às conexões globais da Internet." 2
A teórica Consuelo Lins faz essa análise em seu artigo "Estética da Vigilância", onde
discute o fato de que todas as câmeras de vídeo, atualmente, são potencialmente vigilantes -
onde qualquer um pode ser protagonista: "Vigilância e espetáculo se entrecruzam e, tanto
em um quanto em outro, podemos reconhecer não apenas um método de controle, mas
também um repertório cultural multifacetado. Uma câmera pode muito bem ser um índice
de segurança e/ou de ameaça, de censura e/ou de exibicionismo, de controle e/ou de
prazer."
O objetivo da nossa instalação é traduzir e materializar essa análise teórica. Ao
vivenciar a experiência o público será incentivado a pensar no tema, a fazer sua própria
avaliação e, desta forma, tomar um posicionamento mais crítico. É a conceitualização da
comunicação sendo transformada em arte. Queremos levar para o cotidiano, a estética do
vídeo, a crítica à sociedade do espetáculo, tomada por imagens vazias, como o próprio
teórico Philippe Dubois descreveu ao dizer que a vigilância é a negatividade, a dissolução
de toda a consistência da estética e do vídeo.
"A potência artística e política das obras medindo-se menos por quem as criou,
seus “autores” ou circuitos de exibição, e mais pela dimensão transformadora do que é
proposto, pela possibilidade de deslocar imagens e dispositivos estabelecidos, criar novas
maneiras de ver e ser."3
2 Estéticas da Vigilância por Consuelo Lins e Fernanda Bruno 3 Estéticas da Vigilância por Consuelo Lins e Fernanda Bruno
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3. Roteiro interativo
Ao entrar pela porta a pessoa se posicionará no centro do octógono. Em cada parede
haverá dois monitores transmitindo as imagens captadas, sendo que em um deles estará a
imagem captada ao vivo de dentro da cápsula. Ao interagir com o microfone, a pessoa
perceberá uma alteração nesta última imagem.
Serão visualizadas nos monitores as seguintes imagens capturadas:
- câmera de vigilância I – corredor A do Centro Universitário SENAC
- câmera de vigilância II – cozinha da gastronomia do Centro Universitário SENAC
- câmera de vigilância III – teto da instalação (ao vivo – circuito fechado)
- câmera de vigilância IV – filmando a reação do público diante da câmera visível II
- câmera de vigilância V – na entrada da instalação (ao vivo – circuito fechado)
- webcam I – caixa da lanchonete “Giga”, do ponto de vista do atendente
- webcam II – escultura na entrada do SENAC
- webcam III – computador da sala de computadores do SENAC
- câmera de celular – sofás da biblioteca
- material cirúrgico – captado durante cirurgia laparoscópica
Além deste material, também teremos duas câmeras visíveis que servirão como material
para o website-memorial que será elaborado após a experiência da instalação:
- câmera visível I – na saída da instalação
- câmera visível II – no meio do pátio, para captar a reação das pessoas diante da câmera de
vigilância IV
Ao sair da instalação, a pessoa se deparará com uma câmera que a estará filmando.
A indicação para o memorial será entregue na saída pelos integrantes do grupo.
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4. Concepção visual e sonora
“A vigilância artística que surge desse estado do mundo adquire novas formas, sem excluir
elementos da estética clássica. Às imagens sombrias, de baixa qualidade, automáticas,
fixas, típicas dos circuitos fechados de controle e punição, somam-se todo tipo de imagem,
de diferentes qualidades, cores, formas, enquadramentos, movimentos etc. Esse novo
contexto não é, contudo, menos opressor do que o anterior. Em cada um deles surgem e se
confrontam liberações e submissões." - Consuelo Lins
Imagens capturadas
As imagens capturadas seguirão o mesmo padrão adotado por sistemas de vigilância. Isto é,
câmeras fixas, estrategicamente posicionadas para obterem um campo de visão mais
abrangente e com baixa resolução.
Edição
Não haverá manipulação na imagem em si, mas uma seleção de trechos aleatórios das
imagens capturadas.
A instalação
A instalação se assemelhará externamente a uma cápsula e internamente terá o formato
octogonal dispondo em dois monitores em cada parede. A câmera interna deverá estar na
parte superior envolta de hastes de arame.
(Ver: Anexo 1)
Estrutura: Madeira, hastes de arame, espuma, lycra, pregos, parafusos, grampeador de
tecido, suporte de ferro para os monitores.
Memorial
Fundamentado na experiência, será elaborado um website com as especificações técnicas e
teóricas do projeto e o material captado pela câmera visível I (que estará posicionado do
lado de fora da instalação). Na saída da obra serão entregues indicações para o mesmo.
Concepções Sonoras
O som em nossa instalação será utilizado para manipular a imagem vista pelo monitor 3
(câmera de vigilância III). Estará suspenso dentro do octógono um microfone onde
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esperamos que o interagente fale para que sua imagem seja modificada – cor, contraste,
velocidade. Isso se dará através da intensidade, velocidade e timbre de voz.
5. Análise Técnica
a) Equipamentos:
- Uma “câmera de vigilância” – câmera mini-dv em um suporte fechado, escondendo-a;
- Uma câmera de celular;
- uma webcam.
b) Diárias:
- Câmeras de vigilância - 5 diárias [um dia para cada local]
- Webcam - 3 diárias [um dia para cada local]
- Câmeras visíveis - 2 diárias [dia da instalação e dia da câmera de vigilância IV]
- Câmera de celular - 1 diária
TOTAL: 5 diárias [sendo 3 de câmeras de vigilância + webcam e duas de câmeras de
vigilância + celular)
c) Estimativa de horas de edição de imagem
- 16 horas
d) Programação do website memorial
- 32 horas
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e) Estimativa de orçamento da construção da instalação
Material Mts Mts2 Preço
Vergalhão 24 30
Lycra 23 230 Fora
Compensado 4 100
Cano de PVC 43 178 Dentro
Placa Madeirite 1.6 180
Total 718
f) Cronograma
10 de agosto até 30 de agosto – captação do material
31 de agosto até 13 de setembro – edição e preparação da instalação
14 de setembro até 27 de setembro – montagem da instalação e programação do
memorial
5 de outubro até 9 de outubro – Instalação exposta no pátio do Senac
9 de outubro até fim das aulas – entrega do relatório e finalização do memorial
g) Divisão e organização do trabalho
Nos dividiremos em três núcleos: Organização e preparação, que se encarregará de
organizar e produzir a compra de materiais e reserva de equipamentos. Gravações e
montagem da instalação, organizando as diárias e montagem da estrutura física da
obra e Memorial, que programará e atualizará o website com as informações
necessárias.
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6. Bibliografia e Referências estéticas e teóricas
Textos
- Estética da Vigilância
Disponível em:
http://www.robertobellini.com/2008/12/09/esteticas-da-vigilancia-por-consuelo-lins-e-
fernanda-bruno/
- A paixão, a dor e a graça: notas sobre o cinema e o vídeo dos anos 1977-1987
Philippe Dubois - Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004, p. 172-173
Filmes
- Trilogia Matrix (The Matrix – EUA) – direção: Andy e Larry Wachowski (Ver: anexo 2)
- Não Por Acaso (Brasil, 2007) – direção: Philippe Barcinski (Ver: anexo 3)
- O Céu de Lisboa (A Lisbon Story – Alemanha, 1995) – direção: Wim Wenders
- O Show de Truman (The Truman Show – EUA, 1998) – direção: Peter Weir
Websites
Memoriais
- Zoe Beloff
THE INFLUENCING MACHINE OF MISS NATALIJA A.
Disponível em: http://www.zoebeloff.com/influencing/
THE IDEOPLASTIC MATERIALIZATIONS OF EVA C.
Disponível em: http://www.zoebeloff.com/eva/
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Conceito
MAC
- Grupo Fluxus
Disponível em:
http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/fluxus.html
- Videoarte
Disponível em:
http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/videoarte/videoart
e.html
- Roberto Bellini
Disponível em:
http://www.robertobellini.com/2008/12/09/esteticas-da-vigilancia-por-consuelo-lins-e-
fernanda-bruno/
- Dispositivo de Visibilidade
Disponível em:
http://dispositivodevisibilidade.blogspot.com/2007/04/manifeste-se-e-revista-global.html
Vídeos
- Imagens do PCC capturadas por câmeras de celular
Disponível em: http://bambozzi.wordpress.com/tag/onibus/
- Teoria da Paisagem - Roberto Bellini
(Ver: anexo 4)
Disponível em:
http://www.robertobellini.com/trabalhos/teoria-da-paisagem-landscape-theory/
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ANEXO 1 – Projeto Instalação
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Esboços
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ANEXO 2 – Matrix Reloaded
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ANEXO 3 – Não Por Acaso
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ANEXO 4 – Teoria da Paisagem