TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
DA POESIA BRASILEIRA
Poesia CONCRETA É um tipo de poesia vanguardista, de caráter experimental, basicamente visual, que procura estruturar o texto poético escrito a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal. Surgiu na década de 1950 no Brasil e na Suíça, tendo sido primeiramente nomeada, tal qual a conhecemos, por Augusto de Campos na revista Noigandres de número 2, de 1955, publicada por um grupo de poetas homônimo à revista e que produziam uma poesia afins. Também é chamada de (ou confundida com) Poesia visual em algumas partes do mundo.
Pós-tudo
Poesia MARGINALA poesia marginal foi uma prática poética marcada pelo artesanal, por poetas que queriam se expressar livremente em época de ditadura, buscando caminhos alternativos para distribuir poesia e revelar novas vozes poéticas.
É um movimento cultural fundado nos anos 70 pelos poetas Ana Cristina César, Paulo Leminski, Ricardo Carvalho Duarte (Chacal), Francisco Alvim e Cacaso. As poesias eram distribuídas em livretos artesanais mimeografados e grampeados, ou simplesmente dobrados.
Poetas, universitários e cabeludos eram caras que imprimiam no álcool do mimeógrafo as suas poesias originais. Foram poemas instigantes, carregados de coloquialidade e objetividade.
AS APARÊNCIAS REVELAM- Cacaso
Afirma uma Firma que o Brasil
confirma: “Vamos substituir o
Café pelo Aço”.
Vai ser duríssimo descondicionar
o paladar.
Não há na violência
que a linguagem imita
algo da violência
propriamente dita?
JOGOS FLORAIS- Cacaso
I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.
II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.
(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)
Podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano
Leminsk
De ouvido
di vidi doentreover&ovidrodu vi do.
Leminsk
Poesia PRÁXISEssa poesia no começo foi uma ruptura polêmica e agressiva com o grupo concretista. Retomando assim a contratação histórica e a linguagem verbal, a palavra.
Seu autor e principal representante, o poeta Mário Chamie, assim explica as características desse movimento: "opõe à palavra-coisa, do Concretismo à palavra energia; não considera o poema como um 'objeto' estático e fechado e sim como um 'produto' dinâmico, passível de transformação pela influência ou manipulação do leitor".
Ligando a palavra e o contexto extralinguístico, a poesia Práxis estabelece uma ponte entre o poeta e a vida social e prega que o poeta, ao elaborar um poema, não deve prender-se a esquemas formais predeterminados.
O TOLO E O SÁBIO
O sábio que há em vocênão sabe o que sabeo tolo que não se vê.
Sabe que não se vêo tolo que não sabeo que há de sábio em você.
Mas do tolo que há em vocênão sabe o sábio que você vê.
AGIOTAGEM
umdoistrêso juro:o prazoo pôr / o cento / o mês / o ágiop o r c e n t a g i o.
dez cem milo lucro:o dízimoo ágio / a mora / a monta em péssimo
e m p r é s t i m o.
muitonadatudoa quebra:a sobraa monta / o pé / o cento / a quota
h a j a n o t aagiota.