UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ- UVA
CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO- CFLE
Curso: Letras- Hab. Língua Portuguesa
Disciplina: Literatura Infanto-Juvenil 4º Período Noite
Acadêmicos: Carlos Krisney Morais
Martânia Alves de Morais
Simone Ximenes Linhares
Orientadora: Carla de Sales Oliveira (Monitora)
TÍTULO: RESGATANDO O CARÁTER MEMORIALISTA ATRAVÉS
DE POEMAS E NARRATIVAS ORAIS ANÔNIMOS
Palavras-Chave: Resgate. Poemas. Narrativas orais.
INTRODUÇÃO
Cientes que a história se constrói com as experiências de um povo, que mantém viva a
sua memória através de narrativas orais, a literatura infanto/juvenil desempenha um papel de
incentivador da arte de contar.
Toda história contada que ora ganha nome de “causo”, ora é tido como real se solidifica
no meio do povo que criou, tornando-se parte do acervo memorável da língua popular. É
importante de salientar que cada narrativa aborda de maneira implícita os vestígios da cultura,
da religiosidade, da sabedoria de um povo.
OBJETIVOS
Resgatar poemas e narrativas orais que se encontram no anonimato popular;
Conhecer através da oralidade fatos consagrados do imaginário coletivo;
Registrar os poemas e as narrativas orais coletas em um livro de memórias;
Despertar a curiosidade e o interesse pela literatura popular;
Elaborar perspectivas metodológicas envolvendo o aluno na prática de recitais de
narrativas poéticas e em prosa.
METODOLOGIA
Entre os dias 14 e 18 de novembro de 2011 foi coletado por diferentes acadêmicos do
curso de letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA, diversos poemas e narrativas
orais com a finalidade de resgatar, tornar conhecidos e registrar fatos consagrados do
imaginário coletivo que encontram-se no anonimato popular. As estórias contadas são
oriundas dos municípios de Bela Cruz, Forquilha, Graça, Itapajé e Tianguá, situados na região
Norte do Estado do Ceará. A faixa etária dos informantes pesquisados abrange entre 50-60
anos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Verifica-se que através da pesquisa concluída, cada município apresenta seu “baú de
memórias”, muitas vezes, desconhecidos do seu próprio povo. Cada estória desempenha o
papel de resgatar a originalidade do narrador. Para Nelly Novaes Coelho (1991), “ o ato de
re’latar casos fabulosos é muito antigo”.
Através dos textos em análise podemos destacar a importância de preservar o caráter
memorialista de um determinado povo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante a realização da pesquisa e da coleta do material já mencionado chegamos a
conclusão que todo município possui poemas e narrativas orais no anonimato. Torna-se
interessante que essa literatura popular, transmitida através da oralidade, seja resgatada e
tirada do anonimato para que todos tenham conhecimento desta que faz parte da memória
coletiva de um povo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Nelly Novaels. Panorama histórico da literatura infanto/juvenil. 4ª Ed. São Paulo:
Ática, 1991.
ZUEBERMAN, R. O Estaturo da Literatura Infantil. In A Literatura Infantil na Escola. 11.
Ed. Ver., atual. E ampl. – São Paulo: Global 2003.
ANEXOS
(ESTÓRIAS ORAIS COLHIDAS NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO
NORTE DO CEARÁ PELOS ACADÊMICOS CITADOS ACIMA)
Santa Luzia- A Santa dos Olhos
Santa Luzia era uma moça muito, muito linda que prometeu castidade e amor eterno a
Deus. Tinha uma vida humilde e sempre, desde pequena, gostara da vida religiosa. Mas havia
um moço que era muito apaixonado por ela, que a amava sem limites e a quem os pais da
moça prometeu em casamento. Ele amava seus olhos verdes, encantadores. Amava e desejava
não somente a jovem, mas, principalmente seus olhos, queria tê-los sempre por perto para
admirá-los. Seus pais a prometeram em casamento, ma sela recusou-se e sofreu muito por
isso, afinal antigamente os casamentos eram arranjados, e a noiva não podia se dar ao prazer
de escolher seu futuro marido.
Decidida a seguir com ávida religiosa e vendo o grande amor do pretendente aos seus
olhos, ela decide arrancá-los e dar a ele, dessa forma poderia seguir seu caminho e seu
propósito. Sua imagem a mostra em pé com a bandeja nas mãos e na bandeja, como em
oferecimento, seus olhos encantadores. Torna-se assim conhecida e adorada por muitos como
a santa protetora dos olhos.
Estória contada por Cecília Carmelinda de Araújo, residente na cidade de Forquilha- CE
Zé da Luz
Contam os moradores mais antigos de um pequeno distrito de Ibiapina, que um rapaz
humilde que se chamava Zé da Luz, trazia gado do Piauí para o ceará. O comprador de gado
para quem Zé da Luz trabalhava vez ou outra trazia gado roubado.
Como o comprador era rico e poderoso, certos fazendeiros do Piauí resolveram acusar
Zé da Luz como ladrão de gado. Contrataram dois homens para matar o inocente. Os
criminosos saíram do Piauí e forma direto pra o Coreaú, onde Zé da Luz morava com a mãe.
Prenderam-no em casa, logo que o homem honesto e trabalhador, que chegará do roçado
muito cansado.
Os dois malfeitores, armados e a cavalo, traziam-no amarrado e a pé. Passaram com ele
por Ibiapina, que era apenas um povoado. Dirigiram-se para Cacimbas, onde Sé da Luz com
sede e fome foi assassinado com dois tiros.
Um viajante encontrou o corpo, já bastante deteriorado, sendo devorado pelos urubus.
Almas caridosas deram-no sepultura no mesmo lugar onde o corpo foi encontrado, na beira da
estrada.
O local onde foi sepultado o inocente, tem o nome de Jordão, popularmente conhecido
como “cemitério do Zé da Luz”. Vão conhecer o cemitério pessoas de regiões vizinhas que
fazem suas promessas, acendem velas e rezam por ele. Sempre que retornam, no dia de
finados, trazem consigo outros interessados pela historia do milagreiro.
Estória contada oralmente por Gonçalo Medino, morador de Cacimbas e vizinho de “Zé
da Luz”.
ALMAS DO CEMITÉRIO DA JUREMA
Conta-se que a mais ou menos cinco décadas a cidade de forquilha passou uma fase
muito difícil em decorrência de um seca e de uma gripe que levou diversas pessoas á óbito
em pouco tempo.
Acredita-se que devido ao enorme sofrimento com a seca e a doença assas almas se
tornaram santas.
Depois com a construção do açude de forquilha o cemitério foi coberto pelas águas
restando apenas túmulos aonde diversos pessoas iam para fazer orações.
Historia contada por Teresinha Ximenes de Vasconcelos residente na cidade de
Forquilha
O mistério da noiva do sabonete
No inicio da década de 80, a cidade de forquilha ,situada na zona norte do ceara,foi
surpreendida por uma tragédia matinal.
Em uma manhã após, o romper da aurora, um jovem que se dirigia ao trabalho foi,
tragicamente, colhido por uma carreta, tipo SCANIA. Filho de uma família tradicional; além
de trabalhador, era inteligente, educado, e, sobretudo belo. Alto possuidor de uma tez morena,
olhos verdes e dono de uma vasta cabeleira – uma ousadia para a época que o transformava
em um verdadeiro Apolo forquilhense.
Quinze dias se passaram... Parecia que a dor havia ido embora. Apenas, parecia, porque
em uma tarde de sábado a cidade foi tomada por mais uma tragédia: sua noiva se suicidou.
Tomara veneno. O que seria um ponto final tornou-se mistério.
O mistério inicia quando em uma noite, um transeunte chamado Francisco, vindo do seu
trabalho, afirma ter visto nitidamente, em sua frente, no trajeto que liga a fazenda sabonete à
cidade um jovem vestido de branco e, atrás uma jovem com vestes núpcias, ofegante, que
dizia em voz audível não poder alcança- lo por que havia-lhe calçados alto. De repente. A
jovem entrara no mínimo túmulo construído em sua memória e a jovem também desaparecerá
no meio da escuridão.
A historia ganha força através da oralidade popular que afirma ter muito outro
“Francisco” testemunhados esta experiência sobrenatural.
Eles chamavam-se Nonato; e ela, Lúcia.
Ambos tornaram-se personagens de uma galeria de fotos misteriosos que enriquecem a
cultura histórica e popular da cidade.
Fato contado gentilmente por Cândida Maria de Jesus lima
Forquilha - CE
As Proezas de Zé Jorge
Zé Jorge comprou uma bela vaca gorda. Ela era tão “braba” que não havia curral que a
segura-se. A vaca emprenhou e desapareceu. Passaram-se cinco anos. Um dia se Zé, surpreso,
encontrou a vaca. Ela estava parindo e o bezerro nascia já com um grande boi de chifres.
Certa feita, seu Zé Jorge fez uma enorme farinhada. No fim da farinhada foram fazer o
beijú. Ele exigiu que gostaria de um “Senhor Beiju”. Dois empregados fizeram-lhe e o gosto.
Viraram o beiju com dois espertos. O beiju era tão grande que derrubou o forno. Toda a
população do lugar comeram o beiju e as sobras, seu Zé Jorge pode topar as paredes de sua
casa. Era da propriedade de seu Zé, na fazenda Meruoca, um belo e forte bode de raça. Um
dia faltou farinha para o almoço dos trabalhadores da fazenda. Sua mulher afligiu-se. Seu Zé
Jorge confortou-a.
-Pera ai muié, bota as panelas no fogo.
Selou bode ,botou dois caçuás,armou um rede nos chifres do animal,deitou-se e o bode
arrancou para a cidade. Lá comprou farrinha. O bode foi tão rápido que ao voltar o caldo e a
carne ainda fervia e deu pra escaldar o pirão.
Esta historia foi contada oralmente por Maria Soares
Moradora de Itapajé - CE
A Mulher Serpente do Açude Barragem
Há muitos anos atrás bem próximo á barragem, chamada “barragem do mel” em um
pequeno vilarejo que abrigava poucas famílias, três famílias para ser mais exata, viviam
normalmente antes de suceder o fato que ora se descreve. Acontece que aos poucos a
barragem começou a se expandir e alagar a vila, inclusive o cemitério daquela região. E os
peixes sumiram. Há muito tempo lá morreu uma mulher afogada e próximo à barragem foi
enterrado e desde então, passado alguns anos, com o pequeno vilarejo totalmente embaixo d
água, os pescadores começaram a perceber coisas estranhas do tipo vozes e imagens de uma
grande cobra com o rosto de uma mulher pedindo ajuda e em troca a abundância de peixes e
fartura irá voltar.
Será que é a mesma que lá morreu afogada há muito tempo atrás? Então os pescadores
se juntaram e foram até o rio na esperança de encontrá-la e fazer alguma coisa para salvar a
sua alma, pois segundo os mais velhos essa alma estava necessitando de reza, os pescadores,
foram atrás de um padre para ajudá-los.
O problema é que ela só aparece quando apenas um homem vai pescar em suas
redondezas. Certo João do Mel o que, segundo reza a lenda, foi o seu primeiro e único amor e,
por sua causa, ela afogou-se. Agora para salvá-la do fogo do inferno e trazer a fartura de volta
teriam que realizar o casamento e assim eles fizeram. Nesse dia a noiva desceu do céu com
um vestido de nuvem, um inesquecível perfume de flores de água-pés, pássaros vaziam a
sinfonia.
Foi a melhor festa da terra assim o amor venceu e a fartura voltou ao lugar e até hoje os casais
que se amam de verdade pode vê-los rindo e brincando na brisa da barragem em noites
enluarada.
Esta Estória foi contada oralmente por Raimunda Maria de Jesus Morais
Residente de Tianguá - CE
A história de uma boutije
Toda vez que conto essa história ela ganha algumas linhas, assim sai sempre de forma
diferente. Mais é verdade assim como é o fingimento dos poetas e trovadores da região onde
residem os contos de fada, as histórias de trancoso, esta é a minha única advertência, o resto é
mentira.
Aconteceu em um lugarejo chamado Furnas em uma época que não existia televisão,
internet, nem se fala, só os fazendeiros muito ricos possuíam um rádio de pilhas. Os barões
guardavam seu ouro, sua fortuna em casa, dentro de baús de madeiras nobres, ou em potes de
barro e os enterravam nas extremidades de suas terras ou embaixo de um juazeiro, árvore
símbolo de resistência à secas no Nordeste.
Lourdinha era uma jovem de quinze para dezesseis anos, em uma noite de lua cheia
sonhou com um coronel que há pouco tempo havia morrido. –Lourdinha acabei de morrer,
como todos sabem inclusive você, e somente ganharei a salvação se você como minha
escolhida desenterrar minha fortuna e dela se apossar. Ela se encontra em um pote de barro e
tampado com um pires de prata, enterrado nas extremidades de minhas terras com a fazenda
“Chifre Queimado”. Quando Lourdinha acordou muito assustada, contou ao irmão que logo
convidou um primo que também era padre e foram em busca da fortuna.
Passaram três noites e três dias cavando, o padre rezando e Lourdinha desmaiada com a mão
dentro do buraco aberto pelo irmão vendo algo parecido com o diabo querendo impedir que
nossa protagonista salvasse a alma do Barão de Furnas. Até que chegaram ao pote de barro
onde estava contido o ouro conforme descrito no sonho, tudo certo? Não, como vocês sabem
ou deveriam saber no resgate de uma boutije não pode haver discussões e foi isso que
aconteceu, quando o pires foi retirado, vendo tanto ouro e a pobreza saindo pela janela
começou uma partilha e a fortuna se encantou misteriosamente o buraco, do nada se fechou e
nunca mais nasceu nenhuma árvore no lugar.
E até hoje é possível sentir o forte cheiro de chifre queimado quando passando pelo
lugar; nós fazendo lembrar-se do acontecimento. Dessa história fica a lição: tudo que vem
com facilidade da mesma forma assim se vai.
.
Esta estória foi Contada por Francisca Firmino Pereira Residente na cidade de Bela Cruz-CE
POEMAS
Primeiro amor
Tudo começou com um olhar inocente
E foi crescendo com sorrisos incandescentes
Um friozinho na barriga foi rolando
E um grande sentimento brotando;
Começando a despertar
E no coração a se espalhar
Como folha ao vento
Estava a se espalhar no pensamento;
Só em lembrar
Começo sonhar
Não sabia como poderia sentir tanto gostar
Se nem ao menos sabia o que era amar;
Mas parei e pensei que para amar
Não era preciso entender
Pois o amor é um eterno questionar
E que a vida teria todas as respostas pra me dar.
Martânia Alves de Morais
Ficar
Ficar é tipo bisbilhotar
E começa com um simples olhar
Sabe aquele olhar quarenta e três
Aquele que basta olhar uma vez
Aí você chega junto e bate aquele papo
E Percebe que o garoto é mesmo um gato
Mas tem que disfarçar que é pra ele não começar
a se achar
Depois que o garoto ta na palma da mão
É só entregar seu coração
Mas cuidado pra não se machucar
O garoto é um gato mais pode maltratar
E você pensa é mas um fica vou nem ligar
Quando se dá conta está sentindo
uma grande sensação
O gatinho roubou mesmo seu coração
Martânia Alves de Morais
O Sonho Sonho que um dia irei amar
E eu te amo vou ouvir alguém falar
Direi sempre irei te amar
E escutarei te amarei ainda mais;
Amarei loucamente
Ou até mesmo eternamente
Louca por alguém serei
Ouvindo sussurros, como eu te amo e
pra sempre te amarei
E se eu estiver sonhando pedirei não me acorde
pois não quero acorda
deixe-me sonhar
Mesmo não sendo real
Sempre será especial
Mas pode ser que se torne uma realidade
Só queria ouvir um “Eu te amo” na verdade
Martânia Alves de Morais
Poesia
A poesia nasce no coração
A cada momento com uma nova emoção
Do sorriso da alegria da razão
Da alma da sedução
Poesia da alma do poeta que sabe a dor
De perder um grande amor
Explica em forma de poesia
Quão grande é essa agonia
Poesia está mesmo em qualquer lugar
Na paixão no luar
A cada amanhecer a encontrar anjos
feridos
Desiludidos mas a expressar
A dor que no meu peito está a machucar.
Martânia Alves de Morais
Noite de chuva
Em uma linda noite de chuva não sabia o
que fazer pra me acalmar
Então comecei imaginar
Peguei lápis e papel e comecei a criar
lindas poesias
Pedi ajuda para as mais lindas palavras
Para ajudar a expressar
O que preso estava a me machucar
Uma saudade no peito batia e dizia: Não te
preocupa vai ficar tudo bem ele te ama e
sempre irá te amar e alegrei-me em pensar
Que mesmo distante nunca iríamos nos
separar
Pois esse amor pra sempre esse amor
existirá
Martânia Alves de Morais