TODD
APRÈS LA
DÉMOCRATIE
DEPOIS DA DEMOCRACIA
Emmanuel Todd1
• LIVRE TROCA E DEMOCRACIA
• A unificação dos mercados de trabalho e dos mercados de capital levam a introduzir em cada país o nível de desigualdade que existe na escala mundial.
• A livre troca tende a criar nos países desenvolvidos bolsões de miséria dignos do Terceiro Mundo.
• DUAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS
• Quando uma empresa produz essencialmente para o mercado global, ela começa a conceber logicamente a encarar os salários como puro custo e não como demanda numa economia nacional que a favorece.
• Se todas as empresas do mundo começarem a considerar os salários como um puro custo, no contexto de uma oferta massiva de trabalho a baixo preço, os salários tendem a ficarem comprimidos e a demanda fica atrasa em relação aos ganhos de produtividade.
• Estamos no mundo econômico real: as empresas vivem na obsessão da demanda, que elas procuram cada vez mais fora do território nacional, sem perceber que, se as empresas dos países estrangeiros fizerem a mesma coisa, a situação nunca vai ser consertada.
• A livre troca não regulada favorece tanto quanto a autarcia totalitária o ódio entre os povos.
• NARCISISTAS ECONÔMICOS
• Uma classe dirigente que procura livrar-se de suas obrigações fiscais e sociais é um grupo no caminho da perdição , mais exatamente um não-grupo, uma coleção de narcisistas econômicos perdidos na História.
• A diminuição dos impostos é hoje apresentada como uma reivindicação modernizadora. Se for conduzida a término, ela contribuirá para a desagregação do Estado e da estrutura social.
• O que está acontecendo é uma separação entre o capital educativo e o capital: não se chega mais à riqueza pelo diploma.
• Daqui para frente, se alguém quiser abrigar-se, ficar do lado dos mais fortes e desprezar a massa, ele precisa possuir capital: daí a necessidade de salários cada vez mais altos e de auto-distribuição de stock options e outros bonus.
• Uma verdadeira ética da não-redistribuição instalou-se: o homem está reduzido ao seu valor de mercado no instante t.
1 TODD, Emmanuel, Après la démocratie, Paris, Gallimard, 2008
• Estamos numa dinâmica de poder e não mais de eficácia econômica.
• EVOLUÇÃO DOS COMPORTAMENTOS
• O indivíduo que emerge nesses últimos quarenta anos sofre de um déficit de superego: tem muita dificuldade em pensar e agir no modo coletivo.
• As implicações políticas e econômicas são evidentes: se for proibido proibir, o mercado reina, o Estado entra em decomposição.
• Não é preciso buscar mais longe as causas de nosso desastre econômico.
• O individualismo foi uma crença coletiva, uma ideologia poderosa.
• O narcisismo designa um estado de atomização que corresponde a nenhuma doutrina específica, nenhum projeto social, nenhuma vontade de ação do grupo.