UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DA
APRENDIZAGEM: O CARÁTER PREVENTIVO
Por: Margareth dos Santos Gramacho
Orientador
Prof. Carol Kwee
Niterói
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DA
APRENDIZAGEM: O CARÁTER PREVENTIVO
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia.
Por: Margareth dos Santos Gramacho
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por
tudo que Ele é e representa pra mim.
A minha família que me ajudou no decorrer
desta pós-graduação.
A minha orientadora Ms. Carol Kwee, com
seu jeito extrovertido e animado,
demonstrou muita paciência e que muito
contribuiu na realização deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado ao meu esposo,
Alexsandre Barcelos, que sempre está ao
meu lado acreditando em meu potencial.
Aos meus filhos, Lucas e Leticia, o presente
mais valioso que Deus me deu.
Aos meus pais Valder (in memoriam) e
Arilda por terem me dado a vida.
Aos meus irmãos: Leonardo, Patrícia (que
muitas vezes foi mãe dos meus filhos) e a
Elizabeth (in memoriam) que trouxe
sobrinhos tão lindos e maravilhosos: Bruno e
Luiza, amados por mim como filhos.
5
“Todo pensamento, todo
comportamento humano, remete-nos à sua
estruturação inconsciente, como produção
inteligente e, simultaneamente, como
produção simbólica.”
(SARA PAÍN, 1990)
6
RESUMO
Esta monografia mostra a importância de se repensar as práticas educativas
e compreender que as dificuldades de aprendizagem não são uma situação isolada
e que muitas vezes, são necessários uma avaliação e um diagnóstico de
especialistas. Normalmente se elas são detectadas precocemente evita-se que se
intensifiquem, por isso, é necessário que o professor tenha algum conhecimento
nesta área onde possa observar os sinais que os alunos manifestam em sala de
aula. Muitos professores encontram-se carentes de conhecimento no aspecto
metodológico e relacionais necessários para o conhecimento do
ensino/aprendizagem. As atividades pedagógicas não podem se restringir à
aprendizagem de conteúdos escolares ou ao desenvolvimento de habilidades que
serão posteriormente úteis, elas não devem ser projetadas para o futuro e sim para
o presente. Esta pesquisa bibliográfica descreve a trajetória histórica do surgimento
da Psicopedagogia e seu campo de atuação, vem mostrar que a prática
psicopedagógica, na instituição escolar, tem um caráter preventivo, pois, abre um
espaço para discutir as questões voltadas para as dificuldades que podem surgir no
processo de ensino/aprendizagem de forma mais ampla, possibilitando aos
professores condições de incrementarem a sua prática, uma vez que são avaliados
os processos didático-metodológicos e a dinâmica que interferem no processo de
aprendizagem.
7
METODOLOGIA
Como metodologia essa pesquisa se amparou em uma abordagem qualitativa
e como técnica foi eleita a Pesquisa Bibliográfica através de dados coletados em
livros, artigos periódicos (revistas, jornais, e trabalhos apresentados em eventos
como palestras e seminários), pesquisas na Internet (documentos eletrônicos) e
outros.
Como referencial teórico foram usados inicialmente as idéias de BOSSA
(2007/2000/1994), FERNÁNDEZ (2001/1994), VISCA (1987), BARBOSA (1989),
ALMEIDA E SILVA (1998/1994/1989), SCOZ (2005), RELVAS (2010), entre outros.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - A PSICOPEDAGOGIA 12
1.1 – Sua História 13
1.2 – Definições 15
1.3 – Campo de Atuação 17
1.3.1 A Assessoria Psicopedagógica 18
1.3.2 O Psicopedagogo na Equipe (Contratado) 21
CAPÍTULO II - O PROFESSOR 23
2.1– A Profissão do Professor 23
2.2 – O Papel e a Atuação do Professor 26
2.3 – O processo de Aprendizagem 28
CAPÍTULO III – O PSICOPEDAGOGO 31
3.1 – Os Problemas Relacionados à Aprendizagem 32
3.2 – Técnicas e Dinâmicas Psicopedagógicas: Estratégias,
Brincadeiras e Jogos
36
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO
9
INTRODUÇÃO
A Psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem humana. Ela contribui a identificar, intervir e prevenir as
dificuldades de aprendizagem (BOSSA, 2000).
Scoz (2004) aponta que os fatores orgânicos eram responsabilizados pelas
dificuldades de aprendizagem na chamada época "patologizante" A criança ficava
rotulada, a escola e o sistema a que ela pertencia, se eximiam de suas
responsabilidades. E essas crianças eram encaminhados para profissionais de
diversas áreas, para tentarem diagnosticar o “problema” colocando o foco somente
no aluno, como coloca Patto (2000).
Assim não se obtinham respostas claras sobre as dificuldades de
aprendizagem das crianças, surge então à necessidade da formação de um
profissional que atendesse essa área, atuando de maneira objetiva e eficaz nos
problemas escolares e em sua prevenção. Este profissional facilitaria o vínculo do
aluno com o processo de aprendizagem, buscando o prazer de aprender, com isso,
a melhora do desempenho escolar.
Segundo Sampaio (2011), os vários profissionais envolvidos1 na questão da
aprendizagem foram percebendo que não bastava retirar o eixo da patologia para a
aprendizagem, que não era apenas um fator orgânico, mas era necessário conhecer
a criança e o seu meio, saber que sujeito era esse, de onde ele vinha e para onde
ele queria e podia ir. Conhecendo esse sujeito poderia determinar uma ação
reeducadora por meio de um plano de intervenção. A constatação que apenas uma
área do conhecimento não conseguiria respostas absolutas e definitivas para a
situação, deflagrou o que é hoje a Psicopedagogia.
1 Formação de equipes multidisciplinares por meio da união Psicologia – Psicanálise – Pedagogia.
10
"A Psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica pela
necessidade de atender as crianças com dificuldades na
aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e
psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi
uma ação subsidiária destas disciplinas, perfilou-se como um
conhecimento independente e complementar, possuidor de um
objeto de estudo (o processo aprendizagem) e de recursos
diagnósticos, corretores e preventivos próprios." (VISCA,1987,
p.7)
Assim nasceu a Psicopedagogia, cujo termo apresenta-se hoje com uma
característica especial. Devido à complexidade dos problemas de aprendizagem, a
Psicopedagogia se apresenta com um caráter multidisciplinar, pois, busca
conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, além da psicologia e da
pedagogia, como já foi dito anteriormente.
Desta forma, a Psicopedagogia se torna um campo com conhecimentos
amplos, onde se tem como objeto central de estudo o processo de aprendizagem
humana, seus padrões evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do
meio (família, escola, sociedade). As dificuldades escolares não podem ser
explicadas apenas de um fator, esteja ele na criança, no meio familiar ou escolar e
sim deve ser explicada pela interação de vários fatores (BOSSA, 2000)
Será abordado neste estudo a atuação psicopedagógica na instituição
escolar, de forma preventiva. Buscando a melhor maneira de conduzir a
aprendizagem das crianças, é importante entender o que acontece com elas. Assim,
pode-se criar condições e possibilidades para ajudá-las a desenvolver seus
processos de aprendizagens de maneira produtiva.
O surgimento da Psicopedagogia, sua história, sua definição e seu campo
de atuação, serão abordados no capitulo I.
O capítulo II será sobre o professor: a sua profissão, o seu papel e a sua
atuação.
11
A atuação psicopedagógica na escola e a importância da mediação do
psicopedagogo no processo de aprendizagem, junto ao professor, será o foco do
capitulo III, assim, apresentar técnicas e didáticas psicopedagógicas que possam
ser empregadas em diferentes situações educativas, onde o professor leve o aluno
a construção de seu conhecimento e ao desenvolvimento de suas potencialidades.
Na conclusão, reviso alguns pontos discutidos no transcorrer dessa
monografia, com o objetivo de reforçar a idéia principal deste trabalho, que é a
Psicopedagogia preventiva.
12
CAPÍTULO I
A PSICOPEDAGOGIA
A Psicopedagogia surge para atender crianças, que por diferentes razões,
não conseguem aprender. É uma área de conhecimento e atuação junto à
aprendizagem humana. Seu objeto de estudo é o sujeito em processo de
aprendizagem. Como afirma Bossa:
“A Psicopedagogia nasceu de uma necessidade: contribuir na
busca de soluções para a difícil questão do problema de
aprendizagem. É complexa a rede de fatores que interferem no
processo de aprendizagem. A Psicopedagogia vem
caminhando no sentido de contribuir para a melhor
compreensão desse processo”. (2000, p. 13)
De acordo com Beauclair (2011) a Psicopedagogia no Brasil está se
consolidando, cada vez mais, em um movimento de busca concreta por respostas e
alternativas aos problemas vinculados ao aprender. A Psicopedagogia não é apenas
Psicologia aplicada a Pedagogia, não é uma Psicologia Escolar ou Educacional, é
um campo do conhecimento em construção sobre a articulação entre o psíquico e o
cognitivo e suas relações com as gêneses da aprendizagem.
Segundo Bossa (2000), o caminho da Psicopedagogia no Brasil é árduo, sua
história remete-se ao seu histórico na Argentina.
13
1.1 – Sua História
Segundo Bossa (2000) os primeiros passos da Psicopedagogia foram dados
nos séculos XIX e XX na França. No início, figuravam os testes psicológicos e
contava-se com a atuação de outros profissionais2. Mais tarde, essa área expandiu-
se e aprofundou-se. Somente a partir da década de 50 é que ela tomou forma na
Argentina.
Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000), a primeira
cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia, foi Buenos Aires, na Argentina. Na
década de 70 surgiram, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de
psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos
perceberam um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus
problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como
deslocamento de sintoma. Resolveram, então, incluir o olhar e a escuta clínica
psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino.
Jorge Visca foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil3, é considerado
pela literatura dos profissionais da área, como sendo ‘o pai da Psicopedagogia’
(criador do Instituto de Psicopedagogia da Argentina, na década de 60) e
responsável direto pela definição oficial da Psicopedagogia como área de
conhecimento. Nesse momento, iniciaram-se vários estudos em escolas públicas,
buscando se definir as atuações do psicopedagogo. Diferenciar os que não
aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma
deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época.
(TEKOA, 2003 e ROCHA, 2000-2005).
Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por
médicos na Europa no século XIX e no Brasil, segundo Bossa, ainda acontece nos
dias de hoje:
2 Psicólogo, pedagogo, fonoaudiólogo, neurologista, etc. 3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Visca, em 23/05/2011, ás 19h15min.
14
“Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no
consultório crianças que já foram examinadas por um médico,
por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família,
devido aos problemas que estão apresentando na escola”.
(2000, p. 50)
A Psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de
aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica
denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período,
servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.
“Em curto espaço de tempo e com relativa facilidade, pais e
professores também já adotaram o rótulo de DCM e, antes de
qualquer referência, este diagnóstico surgia como queixa na
consulta médica: - Doutor, meu filho tem DCM. A impressão
que se tinha era de que convivíamos como uma população de
anormais, pois esta cifra atingia 40% dos escolares”.
(CYPEL,1986, p.142)
Essa perspectiva patologizante dos problemas de aprendizagem foi
incorporada para proporcionar uma explicação mais ingênua do sistema de ensino.
Segundo Dorneles (1986) essa explicação para os fenômenos de evasão escolar e
repetência desempenhava uma importante função ideológica, pois “dissimulava a
verdadeira natureza do problema e, ao mesmo tempo, legitimava as situações de
desigualdades de oportunidades educacionais e seletividade escolar.”
Foram vários diagnósticos empregados para camuflar problemas
sociopedagógicos, o rótulo DCM, a dislexia, disritmia e outros.
Iniciou-se na década de 80, um trabalho na ação preventiva junto ao
professor. Assim, buscavam-se saídas para as impropriedades do ensino. Porém, a
Psicopedagogia começou a se estruturar com trabalhos de alguns autores
brasileiros, desde a década de 60. Nesta época, a preocupação estava voltada mais
15
às deficiências que geravam problemas de aprendizagem, do que a outros fatores.
Como diz Scoz:
“Esta nova visão oferecida pela Psicopedagogia vem
ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros e vem
despertando, cada vez mais, o interesse dos profissionais que
atuam nas escolas. Assim, embora a Psicopedagogia tenha
nascido com o objetivo de proporcionar uma reeducação das
crianças com problemas de aprendizagem, hoje, ela se
preocupa principalmente com a prevenção do fracasso
escolar”. (1990, p. 8)
Hoje a Psicopedagogia é marcada pela multiplicidade de pesquisas, muitas
delas de cunho interdisciplinar, estabelecendo a distinção entre fracasso escolar e
dificuldade de aprendizagem (SAMPAIO, 2011).
1.2 – Definições
O termo Psicopedagogia parece deixar claro que se trata de uma aplicação
da Psicologia à Pedagogia.
O conceito de Psicopedagogia no site da Wikipédia4 reforça esta idéia:
“Psicopedagogia é o campo do saber que se constrói a partir
de dois saberes e práticas: a pedagogia e a psicologia. O
campo dessa mediação recebe também influências da
psicanálise, da linguistica, da semiótica, da neuropsicologia, da
psicofisiologia, da filosofia humanista-existencial e da
medicina”.
4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicopedagogia, em 30/05/2011, ás 09h11min.
16
Mas a Psicopedagogia vai além, essa definição não reflete o verdadeiro
significado do termo. Os diversos autores que tratam da Psicopedagogia enfatizam
o seu caráter interdisciplinar.
“A Psicopedagogia vai além da aplicação da Psicologia à
Pedagogia, pois não pode ser vista sem o caráter
interdisciplinar, que implica a dependência da contribuição
teórica e prática de outras áreas de estudo para se constituir
como tal” (PORTO, 2011, p.77).
A Psicopedagogia é uma área de estudos, que busca conhecimento em
outros campos, cria o seu próprio objeto, condição essencial da interdisciplinaridade.
Barthes (1988) nos diz:
“O interdisciplinar, de que tanto se fala, não está em confrontar
disciplinas já constituídas das quais, na realidade, nenhuma
consente em abandonar-se. Para se fazer interdisciplinaridade,
não basta tornar um ‘assunto’ (um tema) e convocar em torno
duas ou três ciências. A interdisciplinaridade consiste em criar
um objeto novo que não pertença a ninguém” (apud BOSSA,
2011, p. 35)
A Psicopedagogia é uma descoberta/invenção, como área de conhecimento,
que alcançou sua especificidade (objeto, método, campos de aplicação, critérios de
formação, etc). Ela se reuniu e deu estatuto cientifico e profissional a conhecimentos
antes produzidos e disseminados em muitas áreas (MACEDO, 1992).
Como ressalta Bossa, “quanto mais se tenta definir o termo Psicopedagogia,
menos claro ele nos parece” (2011, p.19).
Vimos que a existência da Psicopedagogia parte da demanda dos problemas
de aprendizagem. Por isso, a necessidade de estudar os ‘processos de
aprendizagem’. Com esse estudo, podemos perceber a Psicopedagogia como área
de atuação preventiva e clínica.
17
1.3 – Campo de Atuação
O campo de atuação da Psicopedagogia é bem diversificado, o trabalho pode
ser clínico (clinica) ou institucional (escola, empresas, hospitais).
A Psicopedagogia clínica: se refere à ação de um sujeito que trata outro
sujeito, em uma relação na qual um procura conhecer o que impede o outro de
aprender. Por isso implica uma temática muito complexa, esse saber exige do
psicopedagogo a busca constante por muitas teorias que fundamentem a sua práxi.
É importante que saiba de que modo se dá a aprendizagem, as influências afetivas
e as representações inconscientes que o acompanham.
A prática clínica ocorre em um consultório com atendimento individual, grupal
ou familiar ou instituições educativas e sanitárias. Segundo Bossa:
"No trabalho clínico, conceber o sujeito que aprende como um
sujeito epistêmico-epistemofílico implica procedimentos
diagnósticos e terapêuticos que considerem tal concepção. Por
exemplo, no processo diagnóstico interessa-nos saber como e
o que o sujeito pode aprender, e perceber o interjogo entre
desejo de conhecer e o de ignorar. Para isso, é necessária
uma leitura clínica na qual, por meio da escuta
psicopedagógica, se possa decifrar os processos que dão
sentido ao observado e norteiam a intervenção". (2007 p.27)
Entende-se que a Psicopedagogia Institucional não está relacionada somente
a instituição escolar, pois pode ser pensada também na dimensão hospitalar e
empresarial. No entanto, o enfoque dado nesta pesquisa será o caráter escolar, mas
faremos um breve relato sobre a atuação hospitalar e empresarial.
A Psicopedagogia Institucional Hospitalar: no que se refere ao processo
ensino-aprendizagem, o Psicopedagogo não poderia ficar de fora do contexto
hospitalar, por se tratar de um profissional com formação interdisciplinar. A
importância de uma atuação mais articulada e comprometida dos envolvidos na área
18
de saúde e da educação irá possibilitar um caminho junto em prol da melhoria e
qualidade de vida do paciente pediátrico. O Psicopedagogo será o mediador e
possibilitar a aprendizagem, o lúdico e as oficinas Psicopedagógica com os internos,
evitando o afastamento total da aprendizagem de pessoas que estão
impossibilitadas do convívio escolar por período longo de tempo (MELLO, 2010)
A Psicopedagogia Institucional Empresarial: atua juntamente com o
profissional de RH, contribui para a manutenção de talentos, habilidades
profissionais, na busca do conhecimento, suprindo a necessidade de acordo com o
perfil de cada empresa, visando sempre melhoria para o resultado final. Amplia-se,
as formas de treinamento, resgatando a visão do todas as múltiplas inteligências,
trabalhando a criatividade e os diferentes caminhos para buscar saídas,
desenvolvendo o imaginário, a função humanística e dos sentimentos na empresa,
ao construir projetos e dialogar sobre eles (SILVA, 2010)
A Psicopedagogia na Instituição Escolar: a atuação psicopedagógica na
escola implica num trabalho de caráter preventivo e de assessoramento no contexto
educacional.
O trabalho da Psicopedagogia na Instituição Escolar apresenta duas
naturezas: uma refere-se à assessoria aos pedagogos, orientadores e professores
(o psicopedagogo, contratado pela instituição); a outra voltada para o grupo de
alunos que apresentam dificuldades na escola. Assim proporcionam novas
possibilidades para que a escola comece a reverter o quadro de exclusão social e
contribui para a redução do fracasso escolar.
1.3.1 – A Assessoria Psicopedagógica
O papel do Psicopedagogo assessor é o de orientar, apontar e,
principalmente, através de um olhar externo sugerir mudanças, acompanhar
processos e oferecer subsídios aos educadores durante o caminhar pedagógico.
19
Este trabalho deve ser encarado como uma parceria importante para que a
instituição de ensino possa, a partir de outro olhar, perceber a necessidade de
possíveis mudanças, assim como confirmar os aspectos positivos, valorizando-os
em relação à população discente.
Segundo Coll (1989), as tarefas e funções realizadas pelos psicopedagogos
que prestam assessoramento às escolas, podem ser organizadas em torno de
quatro eixos:
1º. Relativo à natureza dos objetivos da intervenção, cujos pólos caracterizam
respectivamente as tarefas que se centram, prioritariamente no sujeito e
aquelas que têm como finalidade incidir no contexto educacional. Assim, as
tarefas incluídas são tanto as que têm como objetivo prioritário o atendimento
a um aluno, quanto as que aprecem vinculadas a aspectos curriculares e
organizacionais.
2º. As modalidades de intervenção, que podem ser consideradas como
corretivas, ou preventivas e enriquecedoras. Qualquer intervenção realizada
na escola pode ser caracterizada, em um determinado momento, embora, em
um momento posterior, sua consideração se modifique.
3º. Modelos de intervenção, embora tenha como objetivo final o aluno, pode ter
diferenças consideráveis: enquanto alguns psicopedagogos trabalham
diretamente com o aluno, orientam-no e, inclusive, manejam tratamentos
educacionais individualizados, outros combinam momentos de intervenção
direta com intervenções indiretas, ( por exemplo, no caso de uma avaliação
psicopedagógica), centradas nos agentes educacionais que interagem com
ele (no próprio processo de avaliação psicopedagógica, na tomada de
decisões sobre o plano de trabalho mais adequado para esse aluno). São
freqüentes as consultas formuladas por um professor ao psicopedagogo em
relação a um aluno que não vai manter nenhum contato direto com esse
profissional.
20
4º. O lugar preferencial de intervenção, que entendemos como a diversidade
de níveis e contextos, inclusive quando circunscrita ao marco educacional
escolar. Este eixo inclui tanto as tarefas localizadas no nível de sala de aula,
em algum subsistema dentro da escola, na instituição em seu conjunto, ano,
série, assim como aquelas que se dirigem ao sistema familiar, à zona de
influência, etc.
Esses eixos podem auxiliar o trabalho do Psicopedagogo, mas não significa
que todos as executem em seu conjunto e nem as realizem da mesma forma.
Por não ter uma ligação direta com a escola, O Psicopedagogo assessor
pode realizar uma avaliação mais ampla, dos funcionários, do grupo e da rotina da
escola. Assim, levantar hipóteses diagnósticas com mais precisão naquilo que está
manifesto e conseqüentemente propor e executar o processo corretor.
Carlberg (1998) propõe ao Psicopedagogo Institucional Assessor um modelo
de diagnóstico semelhante à proposta de Jorge Visca:
• queixa, contrato, enquadramento;
• Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (E.O.C.A);
• primeiro sistema de hipóteses;
• seleção dos instrumentos de pesquisa;
• segundo sistema de hipóteses;
• seleção de instrumentos de pesquisa complementares (quando necessário);
• linha de pesquisa para anamnese;
• informações complementares;
• terceiro sistema de hipóteses ou hipótese diagnóstica com indicações e
prognóstico;
• devolutiva;
• informe psicopedagógico.
O modelo diagnóstico descrito anteriormente foi organizado para o trabalho
clínico sofrendo algumas adaptações para o diagnóstico institucional, aproxima o
profissional do seu objeto de estudo sem “contaminar-se”, pois a intenção não é a
pesquisa isolada mais sim a articulação e seu significado (CARLBERG,1998).
21
1.3.2 – O Psicopedagogo na Equipe (Contratado)
Com a participação do psicopedagogo na instituição escolar abre um espaço
para discutir essas questões de forma mais ampla, possibilitando aos professores
condições de incrementarem a sua prática em sala de aula, uma vez que são
avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica que interferem no
processo de aprendizagem.
Segundo Bossa,
“... cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações
no processo aprendizagem, participar da dinâmica da
comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo
orientações metodológicas de acordo com as características e
particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos
de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo
participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e
projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais,
fazendo com que os professores, diretores e coordenadores
possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às
necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da
própria ensinagem”. (1994, p.23)
Assim, quando contratado, entende-se que suas tarefas segundo Noffs
(1995) são:
• administrar ansiedade e conflitos;
• trabalhar com grupos – grupo escolar é uma unidade em funcionamento;
• identificar sintomas de dificuldades no processo ensino-aprendizagem;
• organizar projetos de prevenção;
• clarear papéis e tarefas nos grupos;
• ocupar um papel no grupo;
• criar estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendida segundo a teoria
de Piaget: cooperação e respeito mútuo);
22
• fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem
(pais, professores, alunos, funcionários);
• transformar “queixas em pensamentos” (Alicia Fernandéz)
• criar espaços de escuta;
• levantar hipóteses;
• observar, entrevistar e fazer devolutivas;
• utilizar-se de metodologia Clínica e pedagógica, “olhar clínico”;
• estabelecer um vínculo psicopedagógico;
• não fazer avaliação psicopedagógica clínica individual clínica dentro da instituição
escolar, porém, pode fazer sondagens;
• fazer encaminhamentos e orientações;
• compor a equipe técnica-pedagógica;
• para tanto, necessita de supervisão e formação pessoal
Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num
processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e
enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas nas suas
disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva. Também é muito
importante a sua participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento
dos seus filhos; em conselhos de classe, avaliando o processo metodológico; na
escola como um todo, acompanhando a relação professor e aluno, aluno e aluno,
aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio
(FELDMANN,2006)5.
5 A Importância Do Psicopedagogo publicado 14/06/2006 por Juliane Feldmann em http://www.webartigos.com – Consultado em 02/05/2011 às 21h52min
23
CAPÍTULO II
O PROFESSOR
Pimenta (2000), afirma que quando os alunos chegam ao curso de
Pedagogia, já têm sua opinião formada sobre o que é o professor, com sua
experiência na convivência com os diferentes professores durante toda sua vivencia
de aluno. Experiência essa que lhes possibilita dizer quais foram os bons
professores, quais eram bons em conteúdo, mas não em didática, isto é não sabiam
ensinar. Quais contribuíram para sua formação humana. Também sabem sobre o
que é ser professor, a experiência socialmente acumulada, a mudança histórica da
profissão, o exercício profissional em diferentes escolas, a não valorização social e
financeira. A dificuldade encontrada com escolas precárias, violência, falta de
recursos, etc.
Diante de tantos saberes, o desafio então, posto nos cursos de formação de
professores/Pedagogia, é o de colaborar no processo de passagem de aluno tendo
uma visão do que é ser um professor, para o aluno que será um professor. Isto é
ajudar o aluno a construir sua identidade de professor.
Compreender a identidade profissional do professor está diretamente ligado à
interpretação social da sua profissão.
2.1 – A Profissão de Professor
“Professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por
amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E
toda uma vocação nasce de um grande amor, de uma grande
esperança” (RUBENS ALVES, apud FERACINE 1998, p. 50).
24
Qual a profissão mais antiga do mundo? Quando ouvimos esta pergunta, logo
pensamos em outras profissões, mas na verdade qualquer outra profissão precisa
de um ensinamento. Pode-se dizer, então, que tenha sido o ensino.
“Professor é uma pessoa que ensina uma ciência, arte,
técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa
profissão, requer-se qualificações academicas e pedagógicas,
para que consiga transmitir/ensinar a matéria de estudo da
melhor forma possível ao aluno.
É uma das profissões mais antigas e mais importantes, tendo
em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela” 6
(grifo do site).
As práticas pedagógicas, no Brasil, derivam das vertentes da pedagogia
burguesa, pois nasceu no século XVI para atender às necessidades de educar as
crianças da burguesia. Assim as famílias burguesas deixaram a cargo das escolas o
preparo de seus filhos para a vida adulta (GUIRALDELLI, 1988).
“Educar na escola significa ao mesmo tempo preparar as
crianças e os jovens para se elevarem ao nível da civilização
atual – da sua riqueza e dos seus problemas – para aí
atuarem” (PIMENTA, 2000, p.23)
Essas vertentes, segundo Alves (2009), definiram-se como Pedagogia
Tradicional (a escola é tida como o ambiente onde os alunos recebem
ensinamentos intelectual e moral e o ensino é centrado na atividade do professor),
Pedagogia Nova (a escola deveria imitar a vida, fornecendo estímulos adequando
as necessidades do aluno à vida real e satisfazendo as exigências da sociedade. O
professor deixa de ser o centro da verdade e passa a colaborar com o
desenvolvimento do aluno), e Pedagogia Tecnicista (a escola é uma moderadora do
comportamento humano por técnicas especificas, uma organização capaz de
produzir elementos que se adaptem ao mercado de trabalho. Cabe ao professor
transmitir a matéria de acordo com o estabelecido pelo programa educacional).
25
Desta forma, acreditava-se que a informação era um dos elementos mais
importantes na escola. Quando transmitida ao individuo, funcionaria como
conhecimento e saber pelo resto da vida. Valorizando somente o aspecto
informativo e não o transformador.
O professor é o profissional que ministra aulas ou cursos em todos os níveis
educacionais: Educação infantil, Educação fundamental, Ensino médio e superior,
além do Ensino profissionalizante e técnico.
Diz os artigo 62 e 63 da LDB:
"A formação de docentes para atuar na educação básica far-
se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação
plena, em universidades e institutos superiores de educação,
admitida, como formação mínima para o exercício do
magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade normal.
O curso Normal Superior, destinado à formação de docentes
para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino
fundamental” (Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996)7.
Davis (2003) aponta que o professor atual deve desenvolver conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores que lhe tragam a possibilidade de construir saberes e
fazeres, partindo da prática social que lhe é empregada no dia a dia. Ele deve ser
um profissional da educação que elabora com criatividade conhecimentos teórico e
críticos sobre a realidade.
Então, a função do professor deveria ser a de ensinar, transmitir
conhecimentos, preparar o aluno para a vida propiciando-lhe mecanismos que o
façam pensar, fazer considerações e, de forma inteligente, escolher o melhor
caminho a ser seguido.
6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Professor, consultado em 02/07/11 às 18h59min 7 http://www.domtotal.com/direito/pagina/detalhe/22714/formacao-dos-docentes, consultado em 27/06/2011 às 16h06min.
26
2.2 – O Papel e a Atuação do Professor
A educação escolar está assentada no trabalho dos professores e dos alunos
com a finalidade de contribuir com o processo de humanização pelo trabalho
coletivo e interdisciplinar destes com o conhecimento, numa perspectiva de inserção
social critica e transformadora.
“Educar visa influenciar a aprendizagem de alguém buscando a
formação de indivíduos para uma sociedade. O ato educativo é
um procedimento cuja intenção envolve o desenvolvimento de
uma personalidade integrada, na qual o indivíduo é visto como
uma totalidade, por seu processo os traços afetivos, os
cognitivos e os volitivos”. (FALCÃO, 2003, p.95)
Para ser um bom professor não basta somente a sua formação, mas sim que
ele tenha uma formação continuada, onde possa atualizar-se e aperfeiçoar-se. O
bom professor deve entender não só da sua disciplina. Ele precisa entender todo
um contexto, psicologia, pedagogia, linguagem, sexualidade, infância/adolescência,
sonhos, afeto, família, pois tudo que diz respeito ao aluno deve ser de interesse do
professor.
O professor prepara e organiza o espaço de atuação das crianças. Sua
postura deve manifestar-se na percepção e na sensibilidade nos interesses do
aluno, de como esta criança senti o mundo, com isso a sua atuação será para
encorajar a criança a descobrir e inventar, o seu próprio conhecimento (PORTO,
2011).
Freire (1996) diz que o professor tem um papel muito além de formar
indivíduos tecnicamente capazes de atuar na sociedade. Para ele seu papel
constitui também em um ato de amor, no desejo de despertar os valores nobres e
universais que nos conduzem a nossa própria autoria.
Segundo a LDB8:
8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm, 27/06/2011 às 16h40min.
27
Artigo 13 - Os docentes incumbir-se-ão de:
I. Participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
II. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino;
III. Zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV. Estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de
menor rendimento;
V. Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI. Colaborar com as atividades de articulação da escola com
as famílias e a comunidade.
Vimos então, que o papel do professor está muito além da simples
transmissão de conhecimentos, pois o professor é figura essencial para o
estabelecimento de ensino, já que deve estar presente na elaboração das propostas
pedagógicas e fazer cumprir esse planejamento (Incisos I e II); que cabe ao
professor levar o aluno ao desenvolvimento das habilidades e competências
relacionadas aos conteúdos curriculares em prol da aprendizagem (Inciso III); e
também se o aluno não estiver aprendendo, o professor deve elaborar estratégias
para a recuperação deste aluno (Inciso IV); o professor deve ser responsável em
comparecer em seu compromisso com o estabelecimento de ensino e com o seu
aluno (Inciso V), e para finalizar o artigo 13 da LDB, o professor deve realizar
atividades para envolver toda a comunidade, na conscientização de dividir o
processo de educação do aluno. Ou seja, o professor é o mediador entre escola,
família e sociedade/cultura (Inciso VI).
Desta forma, o trabalho do professor é realmente muito “valioso”, mas precisa
ser encarado com mais respeito pelas autoridades. A crise profissional que o
magistério enfrenta é o reflexo de um país que ainda se preocupa pouco com a
educação de seu povo.
28
O verdadeiro professor, o que tem vocação, não deve desistir, tem que
investir e prosseguir, abraçar esta missão com orgulho e amor certamente estará
contribuindo com a construção de um país com mais educação e melhor de se viver.
Mesmo com toda burocracia que o professor brasileiro enfrenta em sala de
aula, como: diários, planos de aula, fichas avaliativas, formulários, entre outros.
Incluindo ainda a imensa quantidade de trabalho que o professor leva para casa,
tais como: plano de aula, elaboração de atividades, provas, trabalhos, correções,
testes, projetos etc. Esses não são os únicos agravantes, o professor tem que
enfrentar o problema da indisciplina escolar difundida na maioria das escolas
brasileiras, como exemplo, o excesso de conversa e bagunça.
Mas para desempenhar na sociedade o papel de um bom profissional, de um
bom professor faz-se necessário compreender que é essencial conhecer como
acontece a aprendizagem, ou seja, como se dá o desenvolvimento humano e como
deveria ser o processo educativo.
2.3 – O Processo da Aprendizagem
Como se aprende? Claxton (2005), diria que viver é aprender e aprender é
viver. Estamos em constante aprendizagem. O humano nasce potencialmente
inclinado a aprender, necessitando de estímulos externos e internos. Visca (1987),
diz que aprendemos desde a idade tenra, nas trocas que se faz com a mãe, desta
forma, a criança já está realizando aprendizagem, construindo, assim, o seu estilo
de aprender.
Campos nos diz:
“A aprendizagem é, afinal, um processo fundamental da
vida. Todo indivíduo aprende e, por meio da
aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o
possibilitam viver. Todas as atividades e realizações
29
humanas exibem os resultados da aprendizagem.” (apud
PORTO, 2009, p.40)
A aprendizagem não é algo simples, é algo muito complexo, que envolve
aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicológicos, sociais e culturais.
Para entender o processo de aprendizagem, é preciso saber um pouco, sobre
o funcionamento do sistema nervoso central, o organizador dos nossos
comportamentos.
Relvas (2007) descreve o caminho percorrido pelos estímulos (SNC) no
processo de aprendizagem da seguinte forma:
• O córtex cerebral, nas áreas do lobo temporal, recebe, integra e
organiza as percepções auditivas.
• Nas áreas do lobo occipital, o córtex recebe, integra e organiza as
percepções visuais.
• As áreas temporais e occipital se ligam ás áreas do lobo frontal,
situadas na terceira circunvolução frontal, responsável pela articulação
das palavras. A articulação frontal ascendente é responsável pela
expressão escrita (grafia).
• A área parietotemporoccipital é responsável pela interação gnósica, e
as áreas pré-frontais, pela integração práxica, desde que essas
funções sejam moduladas pelo afeto e pelas condições cognitivas de
cada um.
Nesse processo, são ativadas as funções perceptivas e motoras, além das
funções cognitivas do ato de aprender, produzindo modificações no SNC. O ato ou a
vontade de aprender é uma característica essencial do psiquismo humano
Ainda que o sujeito tenha capacidades ou inteligências para aprender, é
necessário que o ambiente brinde oportunidades ao desenvolvimento de tais
capacidades e inteligências, chamando da atenção principalmente a relação
pedagógica entre aluno e professor (PORTILHO, 2009).
30
Segundo Relvas (2011a) o cérebro divide-se em dois hemisférios e que o
temperamento de cada pessoa tem relação direta com a utilização desses
hemisférios. As pessoas que apresentam o lado esquerdo mais desenvolvido são
tendentes a usarem de forma adequada à lógica, a matemática possuindo
habilidades para planejar e organizar suas ações. Já que é o lado mais intuitivo do
homem. Por isso são introspectivas, amorosas, delicadas e mais racionais. O lado
direito do cérebro é responsável pela imaginação criativa, a serenidade, a
capacidade de síntese, a facilidade de memorizar. As pessoas que utilizam mais
esse lado do cérebro possuem habilidades para analisar esquemas e técnicas em
oratórias.
O professor em sala de aula precisa enxergar cada aluno de maneira
diferente, pois cada aluno é único, e que até o seu tempo de aprendizagem é
diferente, tanto na elaboração quanto na compreensão das informações que
passam pelos sentidos biológicos e chegam até o cérebro. Desta forma,
conhecendo o funcionamento cerebral, o professor pode adotar práticas
pedagógicas para uma didática que atinja a forma cognitiva e sensório-motora. Pois
como aponta Visca (1987), a aprendizagem depende de uma estrutura onde envolva
o cognitivo/afetivo/social, nas quais estas sejam indissociavelmente ligadas a alguns
aspectos desses três elementos. Sendo assim, a inteligência vai se construindo a
partir da interação do sujeito e as circunstâncias do meio social.
31
CAPÍTULO III
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Como já foi mencionado no capítulo anterior, cabe ao professor tornar o
processo de aprendizagem incentivador. Assim sendo, o professor junto às
instituições, devem elaborar estratégias de ação para a promoção e a condução do
desenvolvimento educativo.
A intervenção psicopedagógica, de acordo com Almeida (2011)9, exercida por
um profissional habilitado na área da Psicopedagogia institucional fará um trabalho
de prevenção a fim de perceber possíveis falhas no sistema educativo que dificulta a
aprendizagem dos alunos participando do processo de reorientação metodológica
da escola. Esta intervenção psicopedagógica precisa mostrar-se através de uma
mediação adequada podendo contribuir para que o aprendiz consiga refletir sobre
sua ação e possa, portanto, modificá-la.
É na função preventiva que o psicopedagogo pode atuar nas escolas,
esclarecendo sobre o processo ensino-aprendizagem, auxiliando na organização de
condições de aprendizagem e relacionamento interpessoal. Por isso, a importâncias
das várias ciências ligadas à Educação e à Psicologia para um bom rendimento na
intervenção psicopedagógica.
A atuação deste especialista na instituição escolar acontece de várias formas
(BOSSA, 2007):
9 ALMEIDA, Sanzia Geiny Paulo de. Contribuição da Psicopedagogia no contexto escolar. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/26599/1/CONTRIBUICOES-DA-PSICOPEDAGOGIA-NO-CONTEXTO-ESCOLAR/pagina1.html. Acessado em 11 de julho de 2011, às 23h13min.
32
− No assessoramento a pais, diretores e professores para que possam,
de forma concreta, atuar em diversas situações, inferindo com suas
decisões pessoais.
− Atua na motivação do aluno, para sensibilizá-lo na questão do
conhecimento, levando em consideração o desejo do mesmo.
− Intervém nas relações entre alunos, professor, fazendo com que a
indisciplina gerada dentro da escola seja um pouco amenizada.
Também faz parte das atribuições do psicopedagogo, trabalhar a ansiedade
dos alunos, dos pais, de todos que fazem à escola. Seu trabalho possibilita
reflexões e mudanças, através da observação de diferentes modos de
comportamento.
A Psicopedagogia institucional escolar deve atuar de forma que possa
introduzir novos conhecimentos. Através de assessoramento cursos, treinamentos,
intervenções periódicas ou qualquer outra forma que a escola achar conveniente.
De fato o trabalho psicopedagógico na instituição é essencialmente
preventivo, pois é na escola que se manifesta e tornam-se visíveis as chamadas
dificuldades de aprendizagem.
3.1 – Os Problemas Relacionados à Aprendizagem
Distúrbios, dificuldades, discapacidades, problemas, transtornos, enfim, são
muitos os termos utilizados em nosso dia a dia, mas podem estar sendo usados de
formas inadequadas. É importante estabelecer diferenças entre dificuldades e
transtornos de aprendizagem.
A presença de uma dificuldade de aprendizagem não significa
necessariamente um transtorno, que segundo Relvas (2010b), traduz em um
conjunto de sinais sintomatológicos que provocam uma série de perturbações no
aprender da criança, interferindo no processo de aquisição e manutenção de
informações de uma forma acentuada. Elas não estão ligadas somente a fatores
biológicos cerebrais, mas podem ser causadas por problemas passageiros, como
33
um conteúdo escolar em que nem sempre a criança tem condições de obter
sucessos. Outro fator temporário que podem levar a dificuldade de aprendizagem é
a separação dos pais, a perda de alguém, trazendo então problemas
psicológicas/comportamental, falta de motivação e baixa autoestima.
Existem vários fatores que podem desencadear problemas ou distúrbios de
aprendizagem, conforme relata José & Coelho (2002):
“- fatores orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade
neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação
inadequada, etc
- fatores psicológicos – inibição, fantasia, ansiedade, angustia,
inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição,
etc.
- fatores ambientais – o tipo de educação familiar, o grau de
estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de
vida, a influencia dos meios de comunicação, etc.” (apud
SAMPAIO, 2011, p. 28)
Para Taya (2003, apud Sampaio 2011), as dificuldades de aprendizagem
também podem se apresentar como fatores secundários, para outros quadros
avaliados, como: da depressão, de transtorno do Deficit de Atenção/hiperatividade,
de deficiência mental, de transtornos da conduta, do déficit cultural, de problemas
neurológicos, de deficiência sensorial.
Vejamos a seguir algumas das dificuldades de aprendizagem:
− TDAH (Síndrome de Déficit de Atenção/Hiperatividade): Está entre os mais
citados, no ambiente escolar. Podemos encontrar o Deficit de Atenção de
vários tipos: predominantemente desatento, predominantemente
hiperativo/impulsivo e do tipo combinado. Esta avaliação é feita com os
critérios diagnósticos do DSM IV. É apontado como um dos mais trabalhosos
para se lidar em sala de aula, em casa e em locais públicos pela sua própria
inquietação, agitação, impulsividade e dificuldade de concentração
(SAMPAIO, 2011).
34
− Deficiencia Mental: (oligofrenia – Grego: Pouca Mente) constitui uma
condição permanente, embora não imutável. Por isso, é correto incluir a
deficiência mental na seção das necessidades educativas especiais de
caráter permanente, ainda que o desafio do educador consista justamente
em tratar de mudar para melhor o grau de capacidade do seu aluno10.
− Transtornos da Conduta: Basicamente consiste numa série de
comportamentos que perturbam quem está próximo, com atividades
perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens e crianças não se importam
com os sentimentos dos outros nem apresentam sofrimento psíquico por atos
moralmente reprováveis. Assim o comportamento desses pacientes
apresenta maior impacto nos outros do que nos próprios. O transtorno de
conduta é uma espécie de personalidade anti-social na juventude. Como a
personalidade não está completa, antes dos dezoito anos não se pode dar o
diagnóstico de personalidade patológica para menores, mas a
correspondência que existe entre a personalidade anti-social e o transtorno
de conduta é muito próxima11.
− Distúrbios emocionais: A angústia e depressão podem aparecer desde a
infância, à sensação de insegurança é a que mais perturba a criança. Os
sentimentos podem ser causados pela própria família ou pela escola. Escolas
rígidas e pais severos ou ansiosos e podem deixar a criança com medo dos
professores, fobia da escola ou insegurança (PORTO, 2011).
Já os transtornos de aprendizagem compreendem uma inabilidade específica,
como leitura, escrita ou matemática em pessoas que apresentam resultados bem
abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolaridade e
capacidade intelectual (RELVAS, 2010b).
A descrição desses transtornos encontra-se nos manuais internacionais de
diagnósticos: CID 10 (CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL E PROBLEMAS DE
SAÚDE) e no DSM-IV (MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE
10 KWEE, Carol. Slides da disciplina: Psicopedagogia na Escola Inclusiva: As deficiências mentais. 11 http://www.psicosite.com.br/tra/inf/conduta.htm. Consultado em 14 de julho de 2011 Às 09h59min.
35
TRANSTORNOS MENTAIS), organizados pela OMS (ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE
SAÚDE).
Os principais transtornos de aprendizagem são:
− Da Leitura/Dislexia: A característica essencial do Transtorno da Leitura
consiste em um rendimento da leitura substancialmente inferior ao esperado
para a idade cronológica. A perturbação da leitura interfere significativamente
no rendimento escolar ou em atividades da vida cotidiana que exigem
habilidades de leitura. Em indivíduos com Transtorno da Leitura/dislexia, a
leitura oral caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões; tanto a
leitura em voz alta quanto a silenciosa caracterizam-se por lentidão e erros na
compreensão (SAMPAIO, 2011).
− Da Escrita: Segundo DSM IV o Transtorno da Expressão Escrita tem como
característica diagnóstica: habilidades de escrita acentuadamente abaixo do
nível esperado, considerando a idade cronológica, o nível de inteligência e a
escolaridade apropriada à idade do indivíduo.
ü Disgrafia: é um transtorno da escrita que afeta a forma ou o
significado e é do tipo funcional. Aparecem em crianças com
capacidade intelectual normal, com estimulação adequada e
sem transtornos neurológicos, sensoriais, motores ou afetivos
intensos. A escrita, nesse caso envolve problemas de
motricidade fina, coordenação visuo-motora e compreende a
fase de execução ou fase gráfica (Guerra, 2002).
ü Disortografia: É uma alteração na planificação da linguagem
escrita, que causa transtornos na aprendizagem da ortografia,
gramática e redação, apesar do sujeito possuir uma inteligência
normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, bem como instrução
adequada. Ocorre quando a escrita envolve a formulação e
codificação (fator semântico e sintático) que antecede a ato de
36
escrever, compreendendo a fase de planificação ou fase
ortográfica (Guerra, 2002).
− Da Matemática/Discalculia: É um distúrbio neurológico que afeta a
habilidade com números. É um problema associado à dislexia. Tal distúrbio
faz com que a pessoa se confunda em operações e conceitos matemáticos,
geométricas, ao realizar contagens, sinais numéricos e até na utilização da
Matemática no dia a dia. (PORTO, 2011)
A partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão
do processo de aprendizagem, a criança que não está conseguindo aprender é
entendida e trabalhada, não como alguém que possui um déficit ou um problema,
mas como um aprendiz que possui um estilo de aprender diferente, que está
diretamente relacionado ao estilo de família e da comunidade a que pertence.
3.2 – Técnicas e Dinâmicas Psicopedagógicas: Estratégias, Brincadeiras e
Jogos
Por mais que o professor saiba que o aprendiz precisa construir o seu saber,
ficam muitas vezes tentados a utilizar métodos e técnicas mais diretivos, por
julgarem mais rápidos e mais eficientes, presos ainda a um resultado aparente, que
nem sempre significa um aprender de fato. Pozo (2000) define técnicas como um
procedimento que se aplicam de modo controlado, não planificado e rotineiro. (apud
PORTILHO, p.82)
O Psicopedagogo na instituição vem intervir neste processo de aprendizagem
reprodutiva, de forma que o aprendiz possa ser sujeito de sua aprendizagem e o
profissional, responsável para que isto aconteça. Utilizando estratégias que facilitem
o seu dia a dia.
Portilho (2009) define estratégia como uma palavra oriunda do oficio militar e
faz referencia a arte de dirigir as operações militares, políticas, econômicas e morais
37
implicadas na condução de um conflito. Ou seja, um conjunto de regras que
assegura uma decisão adequada em cada momento. Sendo assim, as estratégias
psicopedagógicas requerem planificação e controle da execução, como diz Carrasco
“estratégia é o modo de atuar que facilita a aprendizagem” (2004, p. 29).
Pozo (2000, apud PORTILHO, p. 83) apresenta as estratégias de
aprendizagem em três blocos:
1. De revisão: apóia-se em uma aprendizagem associativa e serve para
reproduzir mais eficazmente um material, normalmente uma
informação verbal ou técnica rotineira (repetir, marcar, destacar, copiar,
etc).
2. De elaboração: é uma estratégia dirigida à construção de significado.
O uso de metáforas e analogias é pertinentes porque alteram o próprio
significado do aprendido (palavra-chava, imagem, rimas e abreviaturas,
códigos, analogias e interpretação de texto).
3. De organização: é uma estratégia que produz estruturas conceituais a
partir da construção das relações de significados (formar categorias,
formar redes de conceitos, identificar estruturas e fazer mapas
conceituais).
A aquisição das estratégias de aprendizagem acontece mediante um
processo de interiorização muito próximo ao conceito vygotskyano de zona do
desenvolvimento proximal, quer dizer que o sujeito desenvolve o seu processo de
aprendizagem, baseando-se em estratégias cada vez mais especificas conforme a
tarefa que está realizando. (PORTILHO, 2009)
Para Vygotsky, a brincadeira pode ter papel fundamental no desenvolvimento
da criança. Seguindo a idéia de que o aprendizado se dá por interações, o jogo
lúdico e o jogo de papéis, como brincar de “mamãe e filhinha” permite que haja uma
atuação na zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, ou seja, criam-se
condições para que determinados conhecimentos e/ou valores sejam consolidados
ao exercitar no plano imaginativo, capacidades de imaginar situações, representar
38
papéis, seguir regras de conduta de sua cultura (só a mamãe que pode colocar a
filhinha de castigo), etc.
"No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenham um
papel de primeira importância. Põem em evidência as
qualidades especificamente humanas do cérebro e conduzem
a criança a atingir novos níveis de desenvolvimento. A criança
fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em
cooperação. Por conseguinte, o único tipo correto de
pedagogia é aquele que segue em avanço relativamente ao
desenvolvimento e o guia; deve ter por objetivo não as funções
maduras, mas as funções em vias de maturação". (Vygotsky,
1979, p.138)
O brincar, uma forma de comportamento característica da infância, pertence
a um conjunto de atividades que compõe a noção de jogo. Já a palavra jogar é
extensiva tanto às definições do brincar, quanto a várias outras atividades como, por
exemplo, os passatempos e divertimentos sujeito a regras.
Segundo Abed (1996), o jogo de regras, tem ocupado um lugar de vital
importância no atendimento psicopedagógico, uma vez que há uma estreita relação
entre a situação de jogos e a situação de aprendizagem.
A estrutura do jogo configura o campo de transferência que instala nas
relações pessoais por ele mediadas. Compreender a estrutura do jogo ajuda-nos,
portanto, a compreender a dinâmica das relações vinculares que ali se estabelecem.
Para as crianças que são agitadas, que dão respostas impulsivas, crianças
que tentam resolver seus exercícios escolares rapidamente, sem refletir. Existem os
jogos que requerem uma precisão de movimentos, um controle muscular refinado,
como: pega varetas, Cai-não-cai (Estrela), Aí vem o Lobo (Grow), Jogo de botão,
Vire a mesa (Estrela), etc. Para Abed (1996) os jogos de controle têm um efeito
relaxante, eles exigem que movimentos corporais sejam calmos, suaves e
delicados.
39
Os jogos Tapa certo (Estrela), no Lince (Grow), no Diga logo (Coluna), esses
jogos de rapidez e de reflexos, beneficiam crianças que se distraem facilmente e
que precisam, desenvolver a concentração; crianças que são muito lentas, que
necessitam tornar-se mais rápidas e mais ágeis em suas tarefas; crianças retraídas,
que ganham oportunidade de expandirem-se ao vivenciar situações excitantes; e
crianças muitos excitáveis, pois o jogo implica canalizar a energia direcionada para
um objetivo. (ABED. 1996)
Quando utilizamos jogos de expressão, como Mímica, Jogo do Gugu
(TVGame), Imagem &Ação (Grow), etc, cria-se uma situação em que há a exigência
para que o simbólico e o dramático aparecem, integrados ao jogo. A maioria das
crianças demonstra constrangimento em expor-se, ficam inibidas para se
expressarem através da mímica. O jogo traz a oportunidade de vivenciar situações
lúdicas que as levam a se defrontar com este constrangimento, favorecendo-as a
ultrapassá-lo.
O jogo impõe uma problematização cognitiva através da necessidade de
contextualizar a mensagem para que o outro possa compreendê-la. A atividade
lúdica é uma forma de o indivíduo relacionar-se com a coletividade e consigo mesmo.
Objetos, sons, movimentos, espaços, cores, figuras, pessoas, tudo pode virar
brinquedo através de um processo de interação em que funcionam como alimentos
que nutrem a atividade lúdica, enriquecendo-a.
40
CONCLUSÃO
Apontamos neste trabalho a trajetória da Psicopedagogia. Que teve inicio na
França, mas foi na Argentina que praticamente ela se consagrou. Tanto que
podemos dizer que fomos influenciados pelos teóricos argentinos. Bossa em seu
livro ‘A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática’
(1994/2000/2007), relata toda a história da Psicopedagogia. Que foi umas das
referencias utilizadas para embasar esta parte histórica neste estudo.
A Psicopedagogia, fruto da interdisciplinaridade, desenvolveu seus estudos,
no sentido de construir um olhar e uma escuta diferenciada, voltada para o processo
de ensinar/aprender, que possibilitam o conhecimento de sintomas, a análise dos
mesmos e a busca de soluções para os problemas de aprendizagem. A
Psicopedagogia não se limita à aprendizagem da criança, mas abrande todo o
processo de aprendizagem. (PORTO, 2009)
O objeto de estudo da Psicopedagogia é a aprendizagem humana. Para
Visca (1987), a aprendizagem depende de uma estrutura onde envolva o
cognitivo/afetivo/social, nas quais estas sejam indissociavelmente ligadas a alguns
aspectos desses três elementos. Sendo assim, a inteligência vai se construindo a
partir da interação do sujeito e as circunstâncias do meio social.
Portanto a Psicopedagogia não lida diretamente com o problema de
aprendizagem, os problemas de dificuldades de aprendizagem ora estão no
professor, ora estão no aluno, ora estão na família ou no ambiente no qual se insere
o aluno. Lida com as crianças, com os familiares e com os professores, levando em
conta aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.
Vimos que o espaço para a Psicopedagogia se amplia. Cresce o número de
instituições escolares, hospitais e empresas que contam com a atuação do
psicopedagogo. A Psicopedagogia escolar tem como objetivo ampliar as
41
possibilidades de aprendizagem de todas as pessoas da escola. Como assessor ou
membro da equipe, o Psicopedagogo ouve e discute os assuntos da escola, propõe
mudanças, elabora propostas educativas, faz mediação entre os diferentes grupos
envolvidos na relação ensino-aprendizagem (alunos, professores, famílias,
funcionários), aprimora e cria metodologias e estratégias que garantem melhor
aprendizagem; colaboram na formação dos professores, possibilitando a ampliação
de seus conhecimentos sobre o aluno, metodologias e estratégias de ensino
adequadas; trabalha com grupos específicos dentro da escola.
Sendo assim, para finalizar esse trabalho ouso dizer, que o conhecimento é
de fundamental importância, pois é através dele que os profissionais de uma
instituição escolar poderão conscientemente trabalhar com as indagações que
sobrecarregam a sua prática cotidiana, alicerçando os seus fazeres pedagógicos,
com teorias sólidas que lhes possibilitarão atuar com segurança e competência,
afastando a idéia de que a criança deve ser adestrada, e passar a enxergar o seu
aluno como ser único, com condições de aprendizagens diferentes uns dos outros.
Ou seja, estimular e valorizar a produção da criança deve levá-la a descobrir prazer
no processo de planejar, se auto-avaliar, compartilhando idéias entre adultos e
outras crianças.
E a Psicopedagogia, vem para fazer a mediação entre esse conhecimento,
junto à escola, os profissionais e seus educandos.
42
BIBLIOGRAFIA
− ABED, Anita Lilian Zuppo. O jogo de regras na Psicopedagogia Clinica:
Explorando suas possibilidades de uso. PUC. São Paulo. 1996.
− ALMEIDA E SILVA, Maria Cecília. Psicopedagogia: em busca de uma
fundamentação teórica. 2ª impressão. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1998.
− ALVES, Maria Dolores Fortes. De professor a educador – contribuições da
Psicopedagogia: ressignificar os valores e despertar autorias. 2ª ed. Rio de
Janeiro. Wak Editora, 2009.
− AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de diagnóstico e estatística
das perturbações mentais (DSM IV) - Washington DC; 1994. Available from:
http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/ (acessado em 14 de julho de
2011).
− BARBOSA, L. M. S. O projeto de trabalho. Curitiba: Mont, 1998.
− BEAUCLER, João. Trabalhando competências, criando habilidades. 4ª ed. Rio
de Janeiro. Wak Editora, 2011.
− BOSSA Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.
Porto Alegre: Artes Médicas; 1994
− BOSSA Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.
Porto Alegre, Artes Médicas, 2000.
− BOSSA Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.
Porto Alegre, Artes Médicas, 2007.
43
− BOSSA Nadia A. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? Como tratá-las?
Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 2000b.
− CARLBERG, Simone. Síntese do trabalho apresentado no VIII Encontro de
Psicopedagogos. A Psicopedagogia: desafios na formação e atuação
profissional. Modalidade: mesa redonda – O Estágio Supervisionado na
Psicopedagogia Institucional. São Paulo, julho/1998.
− CENTRO DE ESTUDOS DA APRENDIZAGEM – TEKOA, Rio de Janeiro. Brasil.
www.tekoa-aprendizagem.com.br/index.htm, 2003
− CYPEL, S. Reflexões sobre alguns aspectos neurológicos do aprendizado
escolar. In: Isto se aprende com o ciclo básico. São Paulo: Secretaria da
Educação. Coordenadoria de Estudo e Normas Pedagógicas (CENP), 1986.
− DORNELES, B. V. Uma breve discussão sobre o normal e o patológico no
processo de aprendizagem. In: Boletim da Associação Brasileira de
Psicopedagogia, ano 9, n. 20, dezembro de 1990.
− FALCÃO, Gerson Marinho. Distúrbios da aprendizagem. 2ª edição. São Paulo:
Ática, 1995.
− FERACINE, Luiz. O professor como agente de mudança social. São Paulo: EPU,
1990.
− FERNÁNDEZ, Alicia. A mulher escondida na professora: uma leitura
psicopedagógica do ser mulher, da corporeidade e da aprendizagem. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1994.
− FERNÁNDEZ, Alicia. O saber em jogo. Porto Alegre: Artmed, 2001.
− GOLBERT, C. S. Considerações sobre as atividades profissionais em
Psicopedagogia na região de Porto Alegre. In: Boletim da Associação Brasileira
de Psicopedagogia, ano 4, n. agosto de 1985.
− GUERRA L B. A criança com dificuldades de aprendizagem. Enelivros, 2002
44
− LAROSA, Marcos Antônio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma
monografia. passo a passo... siga o mapa da mina. 7ª ed. Rio de Janeiro. Wak
Editora, 2008.
− MACEDO, Lino. In: SCOZ et. al. (Orgs) Psicopedagogia: contextualização,
formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
− MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. 9ª reimpressão. São
Paulo: EPU, 1986 (Temas básicos da educação)
− NOFFS, Neide de Aquino. Entrevista: Palavra de Presidente. Revista
Psicopedagogia 14 (32): 5-9, 1995
− OLIVIER, Lou de. Distúrbios de aprendizagem e de comportamento. 5ª ed. Rio
de Janeiro. Wak Editora, 2010.
− PIMENTA, Selma Garrido. Saberes Pedagógicos e atividade docente. 2ª ed. São
Paulo. Cortez Editora, 2000.
− PORTILHO, Evelise. Como se aprende? Estratégias, estilos e metacognição. 1ª
ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2009.
− PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia – Diagnóstico e Intervenção nos
problemas de aprendizagem. 5ª ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2011.
− PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional – teoria, prática e assessoramento
psicopedagógico. 3ªed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2009.
− RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da educação: despertando
inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro. WAK
Editora, 2005.
− RELVAS, Marta Pires. Neurociência e educação – potencialidades dos gêneros
humanos na sala de aula. 2ª ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2010a.
45
− RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem – as
múltiplaseficiencias para uma educação inclusiva. 4ª ed. Rio de Janeiro. Wak
Editora, 2010b.
− ROCHA, Nina. Trajetória da Psicopedagogia no Brasil. Revista da Associação
Brasileira de Psicopedagogia, n° 18 e 19, Partes, São Paulo.
www.partes.com.br/educacao/trajetoria_da_psicopedagogia.asp, 2000-2005.
− SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia na relação
sujeito, família e escola. 2ª ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2011.
− SCOZ, B. J. L. et. al. Psicopedagogia: o caráter interdisciplinar na formação e
atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
− SILVA, M. C. A. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
− SISTO, F. F. Aprendizagem e mudanças cognitivas em crianças. Petrópolis,
Vozes, 1997.
− VISCA, Jorge. Artigo: Os Caminhos da Psicopedagogia no terceiro Milênio, 1999
− VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica – Epistemologia Convergente, Porto
Alegre, Artes Médicas, 1987.
− VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Buenos
Aires: 1994
− VISCA, Jorge. Psicopedagógica: Novas Contribuições: Nova Fronteira, 1991.
− VYGOTSKY, L. S. (1979) - Pensamento e linguagem. Lisboa: Edições Antídoto.
46
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
EPÍGRAFE 05
RESUMO 06
METODOLOGIA 07
SUMÁRIO 08
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - A PSICOPEDAGOGIA 12
1.1 – Sua História 13
1.2 – Definições 15
1.3 – Campo de Atuação 17
1.3.1 A Assessoria Psicopedagógica 18
1.3.2 O Psicopedagogo na Equipe (Contratado) 21
CAPÍTULO II - O PROFESSOR 23
2.1– A Profissão do Professor 23
2.2 – O Papel e a Atuação do Professor 26
2.3 – O processo de Aprendizagem 28
CAPÍTULO III – O PSICOPEDAGOGO 31
3.1 – Os Problemas Relacionados à Aprendizagem 32
3.2 – Técnicas e Dinâmicas Psicopedagógicas: Estratégias,
Brincadeiras e Jogos
36
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO