UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO GESTOR NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
Por: Raquel Diniz Rodrigues
Orientador
Prof. Luiz Eduardo Chauvet
Rio de Janeiro
2012
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO GESTOR NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Gestão Pública.
Por: . Raquel Diniz Rodrigues
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AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida; aos meus pais
que sempre me incentivaram na busca do
conhecimento; aos meus amigos Lenita,
Armindo e Pedro Leonardo pela ajuda
incansável; às minha irmãs, cunhados e
sobrinhos pelos laços de amor e alegria; e
ao meu orientador pelo aprendizado e
auxílio.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao meu filho, João
Pedro R. Francisco, pela compreensão das
horas em que estive ausente e pelo amor
incondicional; aos Doutores Fernando
Avelino, presidente do DETRAN/RJ, e
Péricles Memória Filho, Coordenador, por
serem minha fonte de inspiração na
melhoria contínua do serviço público e
agregação de conhecimento sobre gestão
de servidores.
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RESUMO
A Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 3º indica
que o país tem como objetivo construir uma sociedade livre, justa e solidária;
garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e as desigualdades
sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
A Administração Pública, por intermédio de seus gestores públicos, tem o
dever de administrar os bens e recursos públicos bem como prestar serviços com
eficiência, economicidade, prontidão e excelência à coletividade.
Para tanto é necessário o conhecimento sobre a administração pública e
sobre o gestor. Só então se pode pontuar as características inerentes ao gestor
no desenvolvimento de suas atribuições.
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METODOLOGIA
Através de pesquisa bibliográfica e web gráfica este trabalho tem por
escopo estudar as características do gestor tendentes a um serviço público
eficiente e eficaz.
Atualmente está em voga no meio acadêmico o tema “Gestão Pública”. Há
diversas bibliografias impressas sobre o assunto e são elas que serviram de base
para este trabalho.
Primeiro procurou-se estudar sobre a administração pública, filtrando
principalmente os assuntos corelatos à atividade do gestor público.
Posteriormente estudou-se sobre o gestor e a fundamentação legal
relacionadas às principais atividades/atribuições deste.
Por fim, foram abordadas as características que um servidor precisa para
alcançar os objetivos do Estado em detrimento da coletividade.
Dentre a bibliografia pesquisada vale salientar o Manual do Gestor
publicado pela Controladoria-Geral no Estado do Rio de Janeiro, 2012.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - Administração Pública
1. Definição 10
2. O Estado Democrático de Direito 10
3. Organização da Administração Pública 11
4. Órgãos Públicos 12
5. Cargos, empregos e funções públicas 12
6. Princípios Fundamentais da Administração Pública 13
7. Princípios da Administração Pública 14
8. Princípios do Direito Administrativo 15
9. Agentes Públicos 16
9.1. Definição 16
9.2. Deveres, responsabilidades e Proibições 17
9.2.1. Deveres 17
9.2.2. Responsabilidades 19
9.2.3. Proibições 19
CAPÍTULO II - O Gestor Público 22
1. Definição 22
2. Atribuições 22
3. Considerações 24
4. Legislação correlata 24
5. Gestão de contratos administrativos 27
6. Bens patrimoniais 28
7. Prestação de contas 29
8. Orçamento público 29
8.1. Plano Plurianual – PPA 30
8.2. Lei de Diretrizes Orçamentária – LDA 30
8.3. Lei Orçamentária Anual – LOA 31
9. Exercício Financeiro 31
8
CAPÍTULO III – Características Fundamentais do Gestor Público
1. Introdução 33
2. Características Esperadas 33
3. Liderança 36
4. Motivação, Ética, Transparência e Responsabilidade 38
5. Transparência e Responsabilidade 39
6. Os 10 Pecados do Gestor Público 40
CONCLUSÃO 43
ANEXOS 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 48
FOLHA DE AVALIAÇÃO 50
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INTRODUÇÃO
Diante das mudanças que estão ocorrendo na economia e administração
mundial é necessário ao setor público adaptar-se no aspecto financeiro, social,
tecnológico, social, cultural, ambientais e principalmente, administrativos. Ao
encontro desta afirmação temos o dito por Matias-Pereira (2010):
“...o governo e a administração pública brasileira, na busca de cumprir adequadamente a sua função de promover a pessoa humana e o seu desenvolvimento integral em liberdade, necessitam adotar novos modelos de gestão para melhorar o seu desempenho, e dessa forma garantir adequadamente os direitos constitucionais dos cidadão.”
Uma das perguntas que se faz é quais as características principais que o
gestor público precisa ter para eficientemente e eficazmente administrar os
recursos públicos.
Na opinião de Idalberto CHIAVENATO (2008, p. 253), “a ética constitui
um elemento catalisador de ações socialmente responsáveis da organização por
meio de seus administradores. Administradores éticos alcançam sucesso a partir
de práticas administrativas caracterizadas por equidade e justiça”.
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CAPÍTULO I
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. DEFINIÇÃO
O conceito consagrado por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (1980),
diz a Administração Pública pode ser definida objetivamente como: “a atividade
concreta e imediata que o Estado desenvolve para assegurar os interesses
coletivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas as
quais a lei atribui o exercício da função do Estado”.
Já Marcio Fernando Elias Rosa (2006) indica que:
“A Administração Pública pode ser conceituada, em sentido amplo, como o conjunto de entidades e de órgãos incumbidos de realizar a atividade administrativa visando a satisfação das necessidades coletivas e segundo os fins desejados pelo Estado. Sob o enfoque material, o conceito de administração leva em conta a natureza da atividade administrativa exercida, e, sob o subjetivo ou orgânico, as pessoas físicas e jurídicas incumbidas das realizações daquela função.”
Todos os órgãos e agentes públicos de qualquer um dos poderes quando
estejam exercendo a função administrativa são integrantes da Administração
Pública.
2. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, ou
seja, cria o direito e ao mesmo tempo se sujeita a ele. Possui três poderes
independentes e harmônicos entre si. Ao Poder Legislativo compete, tipicamente,
a função normatizadora; ao Poder Executivo cabe primordialmente a função de
administrar; e ao judiciário cabe a função jurisdicional. Porém, cada poder possui
uma função típica, que são essas mencionadas, e outras funções atípicas. Por
11
exemplo, o Poder Legislativo realizando a função de gestão de pessoas, apesar
de tipicamente ser incumbido de legislar.
O país, após a Constituição de 1891, adotou o regime federativo, ou seja,
possui a descentralização como característica fundamental.
José dos Santos Carvalho Filho (2005) indica em seu livre que: “ No
Brasil há três círculos de poder, todos dotados de autonomia, o que permite às
entidades componentes a escolha de seus próprio dirigentes. Compõem a
federação brasileira a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.”
3. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública, segundo o Decreto-Lei 200 de 25 de janeiro de
1967, pode ser classificada em Administração Pública Direta e Administração
Pública Indireta.
Tem-se a Administração Pública Direta quando a execução do serviço é
prestada pelo próprio Estado com toda a sua estrutura – União, Estados, Distrito
Federal e Municípios.
Já a Administração Pública Indireta é quando os serviços são prestados
por entidades diversas das pessoas federativas, ou seja, pelas suas Autarquias,
Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista.
As Autarquias podem ser definidas como serviço autônomo criado por lei
específica, com personalidade jurídica própria, no intuito de executar atividades
típicas da Administração Pública, mas que requeiram, para seu melhor
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Já as Fundações Públicas são pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, criadas em virtude de autorização legislativa para desenvolvimento
de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito
público. Possui autonomia administrativa e tem patrimônio próprio. As Fundações
públicas para adquirir personalidade jurídica é necessária sua inscrição de
escritura pública junto ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
CHIAVENATO (2008) diz que as Empresas Públicas são:
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“Entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.”
4. ÓRGÃOS PÚBLICOS
O art. 1º, §2º, da Lei 9.784/99, define órgãos públicos como: “unidade
integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração
Indireta”.
Já ROSA (2006), indica que “órgãos são centro de competência, ou
unidades de atuação, pertencentes a uma unidade estatal, dotados de atribuições
próprias, porém não dotados de personalidade jurídica própria”.
Salienta-se que compondo os órgãos temos os agentes públicos, sendo
alguns destes, gestores públicos.
Os órgãos são criados e extintos por lei. Porém, sua transformação e
reengenharia, desde que não haja aumento de despesa, podem ser dadas
através de ato privativo do chefe do poder executivo.
5. CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÃO PÚBLICA.
Cargos públicos são criados e extintos por lei. Possuem denominação
própria e seu titular é o agente público. Podem ser classificados como cargos
efetivos, cargos em comissão e cargos vitalícios. (ROSA, 2006)
Emprego Público é usado para denominar àquele que presta serviço à
Administração Pública através de um contrato de trabalho regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Nesse aspecto têm-se, em regra, os
trabalhadores das Sociedades de Economia Mista e das Empresas Públicas.
Função Pública pode ser entendida como atribuição, encargo ou
competência para o exercício de determinada função. Seu exercício está
vinculado ao atendimento do interesse público coletivo.
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6. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O Decreto-Lei 200/67, indica como Princípios Fundamentais da
Administração Pública os abaixo relacionados.
Pelo Princípio do Planejamento entende-se que a ação governamental
obedecerá a planejamento que vise promover o desenvolvimento econômico-
social do país e a segurança nacional, norteando-se por planos e programas e
compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos:
plano geral de governo; programas gerais, setoriais e regionais de duração
plurianual; Orçamento programa anual; e programação financeira de desembolso.
O Princípio da Coordenação - diz que as atividades da Administração, em
especial a execução de planos e programas de governo, são objeto de
permanente coordenação que é exercida em todos os níveis de administração,
mediante a atuação das chefias individuais, a realização sistemática de reuniões
com a participação das chefias subordinadas além da instituição e o
funcionamento de comissões de coordenação em cada nível administrativo.
Cumpri ressaltar que os órgãos que operam na mesma área geográfica
serão submetidos à coordenação com o objetivo de assegurar a programação e
execução integrada dos serviços federais. Com órgãos estaduais e municipais
que exercem atividades idênticas, os órgãos federais buscarão com eles
coordenar-se, para evitar dispersão de esforços e de investimentos na mesma
área geográfica.
Princípio da Descentralização – A execução das atividades da
Administração deverá ser amplamente descentralizada. Esta descentralização
deve contemplar três planos principais: um dentro do quadro da administração
federal (distinguindo claramente o nível de direção e o de execução); outro da
Administração Federal para com a das unidades federadas, (quando estejam
devidamente aparelhadas mediante convênio); e por último, da Administração
Federal para com o setor privado, mediante contratos e concessões.
Princípios da Delegação de Competência – A delegação de competência
será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o
objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na
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proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender. É facultado a algumas
autoridades delegar competência para prática de atos administrativos, conforme
se dispuser em regulamento. O ato de delegação indicará com precisão a
autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de
delegação.
Princípio do Controle – O controle das atividades da Administração
Federal deverá exercer-se em todos os níveis e em todos os órgãos,
compreendendo, particularmente: o controle da execução de programas e da
observância das normas que governam a atividade específica do órgão
controlado; o controle pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das
normas gerais que regulam o exercício das atividades auxiliares; e o controle da
aplicação da verba pública e dos bens pelos órgãos próprios do sistema de
contabilidade e auditoria.
O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificação de
processo e supressão de controles que se evidenciarem como puramente formais
ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco.
7. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Está expresso no artigo 37 da Constituição Federal que “A administração
pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito
Federal e dos Municípios obedecerão aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
O Princípio da Legalidade significa que o agente público deverá agir
exatamente conforme a lei determina.
O Princípio da Impessoalidade diz que o agente público deve sempre
levar em consideração o interesse público em detrimento de interesses
particulares. O agente quando busca o interesse próprio ou alheio em seu ato
configura desvio de finalidade sendo, portanto, o ato nulo (CHIAVENATO, 2008).
Já o Princípio da Moralidade indica que o agente público deve tomar
decisões dentre opções que resulte em maior ganho para a coletividade. Nem
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todo ato legal tem por base a moralidade devido a não buscarem o interesse
público.
O Princípio da Publicidade traduz que os atos para ter eficácia e produzir
seus efeitos devem ser publicados, Essa é a regra. Porém, a exceção se dá
quando classificados como secretos ou reservados. Vale salientar que se
tratando principalmente de gestão de pessoas, contratos e obras no serviço
público devem ser publicadas na Imprensa Oficial.
O Princípio da Eficiência - “a eficiência tem a ver com o consumo
adequado dos insumos utilizados em determinado processo. Também
relacionado ao desempenho profissional que se espera dos servidores públicos”,
CHIAVENATO (2008).
8. PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Diversos são os princípios estabelecidos no Direito Administrativo.
Exploram-se, neste trabalho, os relacionados às funções dos gestores públicos.
O Princípio da Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado indica
que o interesse público traduz o interesse da coletividade e, por esta razão, tem
preferência sobre interesse individual ou privado. Isso não quer dizer que o pode
ser desrespeitado mas, em detrimento da coletividade, ele nem sempre
prevalece. É o caso da expropriação de um imóvel para construção de um
hospital público.
Para administrar os bens, direitos e interesses, o gestor está adstrito a
seus poderes e deveres do mumus público. Daí tem-se o Princípio da
Indisponibilidade.
A definição do Princípio da Autotutela é encontrada na Súmula 473 do
Supremo Tribunal Federal: “A Administração pode anular seus atos, quando
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los por motivo de conveniência e oportunidade, respeitando os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
O Princípio da Razoabilidade decorre do artigo 5º, LIV da Constituição
Federal, que prescreve o devido processo legal, ou seja, o gestor não pode atuar
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segundo seus valores pessoais e sim na perspectiva da concretização social e
anseios coletivos.
Já o Princípio da Proporcionalidade obriga o agente público adequar os
meios e os fins equitativamente para que não ocorram medidas abusivas ou com
interesse maior ao estritamente necessário.
O Princípio da Segurança Jurídica quer dizer que ao administrador não é
dado, aleatoriamente, invalidar atos administrativo tendentes a desfazer relações
ou situações jurídicas.
9. AGENTES PÚBLICOS
9.1. DEFINIÇÃO
À luz da Lei 8.429/92, o agente público é todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação, ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego, ou função na administração pública direta, indireta de qualquer dos
poderes e entidades que recebam ou tenham recebido subsídios públicos.
Em sua obra, ROSA (2007) descreve que “os agentes públicos, segundo
tradicional classificação, podem ser: políticos, administrativos, honoríficos,
delegados e credenciados”.
Agentes Políticos estão no mais alto governo e são investidos por eleição,
nomeação ou designação em concordância com a Constituição Federal. Como
exemplo pode ser citado: os chefes de governo, os ministros de Estado, os
promotores de justiça e os juízes de direito.
Agentes Administrativos são nomeados ou contratados não exercentes
de atividade política ou governamental. Os exemplos são os servidores públicos
efetivos, os temporários e os ocupantes de cargo em comissão.
Agentes Delegados são aqueles que, em nome próprio realiza função
específica de Estado. É o caso dos tabeliães de cartório extrajudicial.
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Já os Agentes Honoríficos exercem transitoriamente e a título gratuito
uma função pública. Os jurados do Tribunal do Júri, os mesários eleitorais
também são exemplos de agentes honoríficos.
Por fim, os Agentes Credenciados são aqueles que recebem poderes
para representar o ente em determinados atos. É o caso dos que executam
transações internacionais.
9.2. DEVERES, RESPONSABILIDADES E PROIBIÇÕES.
Tanto na Carta Magna quanto nas normas infraconstitucionais, têm-se
parâmetros a respeito dos deveres e responsabilidades aplicáveis aos agentes
públicos. ROSA (2007) cita que em regra geral, a doutrina anota os seguintes
deveres: Lealdade, Obediência e Conduta Ética.
Espera-se que os gestores públicos atuem com probidade em seus atos
zelando pelos fins do Estado em prol da coletividade. Em relação às penalidades,
a legislação diz que quem pratica ato de improbidade administrativa pode ser
quem, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do
ato ou dele se beneficie de qualquer forma.
No artigo 4º da Lei 8.429/92 encontra-se que todo agente público e os
equiparados de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estreita
observância dos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade e
Publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos.
9.2.1. DEVERES
Os deveres dos agentes públicos estão indicados em diversas
normatizações sendo os estatutos, Federal e Estadual, os mais conhecidos.
O artigo 285 do Decreto 2.979/79 indica que os deveres dos servidores
público pertencentes ao quadro de pessoal do Estado do Rio de Janeiro. Dentre
eles estão:
Ø Assiduidade;
Ø Pontualidade;
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Ø Urbanidade;
Ø Discrição;
Ø Boa conduta;
Ø Lealdade e respeito às instituições constitucionais e administrativas a
que servir;
Ø Observância das normas legais e regulamentares;
Ø Observância das ordens superiores, exceto quando manifestamente
ilegais;
Ø Levar ao conhecimento da autoridade superior irregularidade de que
tiver ciência em razão do cargo ou função;
Ø Zelar pela economia e conservação do material que lhe for confiado;
Ø Atender prontamente às requisições para a defesa da fazenda pública
e à expedição certidões para defesa de direitos;
Ø Guardar sigilo sobre documentação e os assuntos de natureza
reservada de que tenha conhecimento em razão do cargo ou função.
Já o art. 216 da Lei 8.112/90 diz que são deveres dos servidores públicos
federais, dentre outros:
Ø Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
Ø Manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
Ø Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder,
encaminhando pela via hierárquica.
O art. 13 da Lei 8.429/92 diz que é dever do agente público apresentar
declaração de bens e valores que componham seu patrimônio privado e deverá
anualmente atualizar as informações até que deixe o exercício de mandato,
cargo, emprego ou função pública.
9.2.2. RESPOSABILIDADES
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O servidor público possui responsabilidade civil, penal e administrativa e
deve exercer regularmente suas atribuições. No caso de transgressão, as
sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independente
entre si.
A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou
culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiro sendo que a obrigação de
reparar o dano estende-se aos seus sucessores e contra eles executada até o
limite do valor da herança recebida. Se o dano for causado a terceiros o agente
público responderá em ação regressiva, depois de transitada em julgado a ação
que condenar a Fazenda Pública.
Já a responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções
imputadas ao servidor nesta qualidade. E a responsabilidade civil-administrativa
resulta do ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
função, ou fora dele, quando comprometer a dignidade e o decoro da função
pública. A responsabilidade administrativa será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou da sua autoria.
O art. 288, §1º do Decreto Lei 2.479/ 79 indica que o prejuízo à Fazenda
do Estado do Rio de Janeiro pode ser ressarcido à frente da falta de outros bens
que respondam pela indenização mediante desconto em prestações mensais no
vencimento ou remuneração desde que não exceda a décima parte.
9.2.3. PROIBIÇÕES
Assim como os deveres e responsabilidades, as proibições também estão
previstas na Constituição Federal e em diversas legislações e estatutos. A Lei
8.112/90 traz em seu art. 117 um total de 29 (vinte e nove) proibições expressas
aos servidores públicos federais, dentre as quais:
ØÉ proibido ao servidor retirar, sem prévia anuência da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto da repartição;
Ø Recusar fé a documentos públicos;
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Ø Opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo
ou execução de serviço;
Ø Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em
lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
Ø Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político;
Ø Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
Ø Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública;
Ø Participar de gerência ou administração da sociedade privada,
personificada ou não personificada;
Ø Exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
comanditário;
Ø Receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer
espécie, em razão de suas atribuições;
Ø Praticar usura sob qualquer de suas formas;
Ø Proceder de forma desidiosa;
Ø Utilizar pessoal ou material da repartição em serviços ou atividades
particulares;
Ø Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias.
O art. 40 do Decreto-Lei 2.479/79 taxa como proibições ao servidor
estadual no Rio de Janeiro:
Ø Referir-se de modo depreciativo em informações, parecer ou despacho
às autoridades e atos da administração pública, ou censurá-los pela imprensa ou
qualquer outro órgão de divulgação pública, podendo, porém, em trabalho
assinado, criticá-los, do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço;
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Ø Retirar, modificar ou substituir livro ou documento com o fim de criar
direito ou obrigação, ou de alterar a verdade dos fatos, bem como apresentar
documento falso com a mesma finalidade;
Ø Fazer cobrança ou despesas em desacordo com o estabelecido na
legislação fiscal e financeira.
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CAPÍTULO II
O GETOR PÚBLICO
1. DEFINIÇÃO
Segundo o Manual do Gestor Público do Estado do Rio Grande do Sul
(Ref.1)
“Pode-se definir o Gestor Público ou Administrador Público como aquele que é designado, eleito ou nomeado formalmente, conforme previsto na lei ou regulamento específico, para exercer administração superior de órgão ou entidade integrante da Administração Pública. Salienta-se que a administração superior compreende todas as atividades relacionadas à definição de políticas e metas de atuação do ente público, bem como à tomada de decisões visando ao atendimento dos objetivos e das finalidades definidas nas normas legais reguladoras de sua atuação”.
2. ATRIBUIÇÕES
As atribuições dos Gestores Públicos estão elencadas difusamente no
ordenamento jurídico e primordialmente na Constituição Federal.
Alguns estados do país vêm normatizando administrativamente a atuação
dos seus gestores. Um exemplo é o Estado do Rio de Janeiro que publicou,
através da sua Controladoria Geral, o “Manual do Gestor” em janeiro de 2012.
Também o Estado do Rio Grande do Sul vem empenhando esforços no tocante
ao assunto e para isso sua Secretaria de Fazenda publicou o seu “Manual do
Gestor Público”, em 2009.
Este último manual indica como atribuições dos gestores públicos:
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Ø Exercer a administração superior do ente público, definindo as suas
diretrizes e metas de atuação, bem como proceder à tomada de decisões
voltadas ao atendimento de suas finalidades;
Ø Prestar contas da sua gestão;
Ø Autorizar realização da despesa pública. Quando se tratar da
administração pública direta e suas autarquias e fundações, a realização da
despesa está condicionada à devida autorização do Gestor e ao prévio empenho,
onde é reservada dotação consignada em lei orçamentária para o pagamento de
obrigações decorrentes de lei, contrato ou ajuste firmado pelo ente público;
Ø Ordenar o pagamento da despesa pública, que, no caso da
Administração Pública Direta, suas Autarquias e Fundações, deverá ser
precedido do devido gravame de empenho e da liquidação da despesa,
consistindo esta na verificação do efetivo direito do credor, tendo como base os
documentos comprobatórios do respectivo crédito;
Ø Exercer, na condição de Administrador, o acompanhamento e o controle
da execução do orçamento e dos programas de trabalho, em termos físicos e
financeiros, do ente público, verificando diretamente, ou por suas chefias de
confiança, a legalidade dos atos de gestão praticados e o cumprimento das
metas e regras estabelecidas;
Ø Responsabilizar-se por uma gestão fiscal que assegure o equilíbrio das
contas do ente público, prevenindo riscos ou evitando desvios que resultem em
déficit de natureza orçamentária, financeira ou de resultado;
Ø Zelar pela salvaguarda e proteção dos bens, direitos e valores de
propriedade do ente público;
Ø Autorizar a celebração de contratos, convênios e ajustes congêneres,
atendendo aos interesses e as finalidades do ente público, bem como homologar
processos licitatórios realizados e prestações de contas de convênios;
Ø Determinar, quando da ocorrência de dano ao erário ou prática de
infração funcional, a instauração, conforme o caso, de sindicância, inquérito,
processo administrativo-disciplinar ou Tomada de Contas Especial, esta a ser
encaminhada ao Tribunal de Contas;
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Ø Promover a administração de pessoal, autorizando, se previsto em
norma legal ou regulamento, a contratação, nomeação, designação, demissão ou
exoneração de servidores, e atestando a efetividade dos servidores, bem como
sendo o responsável pela aplicação de penalidades previstas em norma, em
razão da prática, pelo servidor, de infrações funcionais.
3. CONSIDERAÇÕES
Segundo MATIAS-PEREIRA (2010),
“a função principal do Estado-nação no mundo contemporâneo – realizada por meio do governo e da administração pública – é a de ampliar de forma sistemática as oportunidades individuais, institucionais e regionais. Deve preocupar-se, também, em gerar estímulos para facilitar a incorporação de novas tecnologias e inovações no setor público que proporcionem as condições exigidas para atender às demandas da sociedade contemporânea”.
A prioridade política de um país deve ser a reforma e a modernização do
Estado. Os governantes devem se esforçar para atuar com maior transparência,
eficiência eficácia e efetividade na gestão pública buscando cada vez mais a
quantidade dos serviços públicos ofertados à população, criando um ambiente
favorável para a inclusão social e o fortalecimento da capacidade de formulação e
interpretação de políticas públicas.
4. LEGISLAÇÃO CORRELATA
No que tocante à normatização federal correlacionada à Gestão Pública e
ao Gestor Público, pode ser citado:
a) Constituição da República Federativa do Brasil – 1988;
b) Lei Complementar Federal nº101, de 04 de maio de 2000 –
estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade
na gestão fiscal e dá outras providências;
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c) Lei Federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992 – dispõe sobre as
sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento
ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras
providências;
d) Lei Federal nº 9.504, de 30 de setembro de 1997 – estabelece
normas para as eleições;
e) Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967 – dispõe sobre a
organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a
Reforma Administrativa e dá outras providências;
f) Lei 9.784, de 29 de janeiro de 1999 – regula o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal;
g) Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990 – dispõe sobre o regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das
fundações públicas federais.
h) Lei 8.666, de 21 de junho de 1993 – regulamenta o art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, através da instituição de normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
i) Lei 10.520/02, de 17 de julho de 2002 – Institui no âmbito da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, modalidade de licitação
denominado pregão, para aquisição de bens e serviços comuns.
Dentre a legislação do Estado do Rio de Janeiro relacionadas ao tema
Gestão Pública temos:
a) Constituição do Estado do Rio de Janeiro, promulgada em 05 de
outubro de 1989;
b) Decreto-Lei 220, de 18 de julho de 1975 – Dispõe sobre o Estatuto
dos Funcionários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de
Janeiro;
26
c) Decreto 2.479, de 08 de março de 1979 – Aprova o regulamento do
Estatuto dos funcionários públicos civis do poder executivo do Estado do
Rio de Janeiro.
d) Lei 08, de 25 de outubro de 1977 – dispõe sobre o regime jurídico
dos bens imóveis do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.
e) Decreto-Lei 298/1979 – Normas para levantamento e certificação
das Tomadas de Contas da Administração Direta e Indireta;
f) Lei 3.148, de 28 de abril de 1980 – Regulamenta o Capítulo II do
Título X do Código de administração financeira e contabilidade pública,
aprovado pela Lei 287, de 04 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o
controle interno;
g) Decreto 3.147/1980 – Concessão, aplicação e comprovação de
adiantamentos;
h) Deliberação nº049, de 21 de novembro de 1982 do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro;
i) Lei Complementar 63/1990 – Código de Administração Financeira e
Contabilidade Pública;
j) Decreto 31.896/2002 – Dispõe sobre a uniformização dos atos
oficiais, estabelece normas sobre a categoria dos documentos oficiais, e
regula o processo administrativo no âmbito da administração pública do
Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências;
k) Lei 4.103/2003 – Dispõe sobre a disponibilização, na Internet, de
informações relativas aos atos, contratos e licitações, no âmbito do Poder
Público do Estado do Rio de Janeiro;
l) Decreto 42.063, de 2009 – Regulamenta o tratamento favorecido,
simplificado e diferenciado para microempresas e empresas de pequeno
porte nas contratações públicas, no âmbito do poder executivo, e dá
outras providências;
m) Lei 6053/2011 – Dispõe sobre a simplificação do atendimento
público, ratifica a dispensa de reconhecimento de firma e a autenticação
de documentos produzidos no Brasil, institui a “carta de serviços ao
27
cidadão” e a “pesquisa de satisfação do usuário de serviços públicos” e
dá outras providencias.
5. GESTÃO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2000),
“A expressão contrato da Administração é utilizada, em sentido amplo, para abranger todos os contratos celebrados pela Administração Pública, seja sob o regime de direito público, seja sob o regime de direito privado. E a expressão contrato administrativo é reservada para designar tão somente os ajustes que a Administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público. Costuma-se dizer que, nos contratos de direito privado, a Administração se nivela ao particular, caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da horizontalidade e que, nos contratos administrativos, a Administração age como poder público, com todo o seu império sobre o particular, caracterizando-se a relação jurídica pelo traço da verticalidade”.
Nos contratos administrativos há obrigatoriedade de cláusulas essências
que são previstas no art. 55 da Lei Federal 8.666/1993. Esses contratos
administrativos, em regra, iniciam-se com a assinatura da autoridade e com a
publicação resumida na imprensa oficial.
Toda a execução do contrato deve ser acompanhada e fiscalizada pelo
gestor público sendo plenamente cabível o assessoramento por terceiros para
assisti-los e subsidiá-los de informações pertinentes às suas atribuições.
Cabe ao gestor público anotar, em registro próprio, todas as ocorrências
relacionadas com a execução do contrato por ele responsável. Deve inclusive
determinar o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados
e todos os atos e providências que ultrapassem a sua deverão ser encaminhados
à autoridade competente em tempo hábil para adoção das medidas pertinente.
Vale salientar que o gestor público responde em âmbito administrativo,
judicial e penal por atos ou omissões relacionados às suas atribuições.
Em relação à duração dos contratos ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários sendo que a prorrogação no prazo deve ser
28
justificada por escrito e autorizada pela autoridade competente sendo inaceitável
contrato por prazo indeterminado.
Qualquer alteração deverá ser providenciada através do Termo Aditivo
dentro do próprio contrato.
.
6. BENS PATRIMONIAIS
Segundo consta no Código Civil Brasileiro, art. 98, “são públicos os bens
do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno;
todos os outros são bens particulares, seja qual for à pessoa a que pertencerem”.
Os que são comuns do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação; e também não são sujeitos à
usucapião. O uso comum dos bens público pode ser gratuito ou retribuído,
conforme estabelecido por normatização do ente público ao qual pertença.
O Código Civil indica como bens públicos:
a) Os bens de uso especial, tais como edifícios ou terrenos
destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,
estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
b) Os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas
jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada
uma dessas entidades. E não dispondo lei em contrário, consideram-se
dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a
que se tenha dado estrutura de direito privado.
Os bens públicos devem ser registrados e inventariados. Cabe ao gestor
público zelar pela conservação dos bens públicos bem como manter o controle e
organização destes. Ele tem o dever de prestar conta quando do término de sua
gestão bem como anualmente conforme determinação legal.
29
7. PRESTAÇÃO DE CONTAS
No Manual do Gestor elaborado pela Controladoria Geral do Estado do
Rio de Janeiro (2012) está descrito que:
“a prestação de contas é um meio transparente de fornecer informações ao Governo para controlar os bens públicos e administrar despesa e dívidas públicas, cabendo aos responsáveis por valores públicos, bens patrimoniais, bens em almoxarifado e tesouraria, prestarem contas por término de exercício financeiro ou por final de gestão do responsável”.
É fato que o gestor público deve prestar conta e para isso há um sistema
coordenado e integrado de fiscalização que se dá por meio do Poder Legislativo,
Tribunal de Contas e Órgão de Controle interno de cada órgão ou entidade.
Já Manual do Gestor Público do Rio Grande do Sul encontramos que:
“O gestor Público tem a obrigação, perante o cidadão, de divulgar e dar publicidade, de forma ampla e transparente, às ações e políticas governamentais adotadas e em desenvolvimento, garantindo também, uma maior efetividade ao instituto da prestação de contas, bem como ao controle social da gestão pública”.
No Estado do Rio de Janeiro as Deliberações 049 e 248 do Tribunal de
Contas criou o módulo “Término de Mandato” no Sistema Integrado de Gestão
Fiscal (SIGFIS), com a finalidade de definir e padronizar o registro e envio,
através de meio eletrônico, das informações, dos atos e fatos praticados pelos
agentes públicos no último ano e mandato.
8. ORÇAMENTO PÚBLICO
A fundamentação do orçamento público está nos artigos 165 a 169 da
Constituição Federal; nos artigos 209 a 213 da Constituição do Estado do Rio de
Janeiro; na Lei Federal 4.320 de 17 de março de 1964; a Lei 287 de 04 de
dezembro de 1979 do Estado do Rio de Janeiro.
30
O manual do gestor público da controladoria geral do Estado do Rio de
Janeiro (2012) indica que:
“Orçamento é o processo de planejamento contínuo e dinâmico do qual o Estado se utiliza para demonstrar seus planos de trabalho, para determinado período, obedecidos os princípios da unidade, universalidade, anualidade e exclusividade”.
Este conceito está correlacionado à previsão das Receitas e à fixação
das Despesas Públicas. É na elaboração e aprovação do orçamento que cada
sociedade define suas prioridades em termos de utilização dos recursos públicos
e os meios para alcançar os objetivos definidos.
É com base na Lei 4.320,/64 e da Lei Complementar 101/00 (Lei de
Responsabilidade Fiscal) que o Orçamento Público ganhou maior status com a
implementação do orçamento-programa integrado aos sistemas de contabilidade
pública.
8.1. Plano Plurianual (PPA)
No art. 209, §1º, Inciso II da Constituição do Estado do Rio de Janeiro
indica que “a lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública estadual
para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada”.
8.2. Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO)
Fundamentada na Constituição Federal e no art. 209, §2º, III da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro. Indica que: “A lei de diretrizes
orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública
estadual, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
subseqüente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as
31
alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento”.
8.2. Lei Orçamentária Anual (LOA)
Esta Lei compreenderá:
a) O orçamento Fiscal referente aos entes, seus fundos, órgãos e
entidades da administração direta e indireta, inclusive as fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público;
b) O orçamento de investimento das empresas em que o Estado, direta
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
c) O Orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos
e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
O orçamento fiscal e o orçamento de investimentos supracitados terá a
função de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional,
dentre outras.
A lei orçamentária anual não pode conter assuntos estranhos à previsão
da receita e à fixação da despesa. Nesta proibição não se inclui a autorização
para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito,
ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo
regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas decorrentes de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e
creditícia. (Art. 209, §6º, III, da Constituição Estadual).
9. EXERCÍCIO FINANCEIRO
Pode ser entendido como o período durante o qual será executado o
orçamento público, ou seja, o período em que são arrecadadas as receitas
previstas e despendidos os recursos fixados no orçamento. O exercício financeiro
32
coincidirá com o ano civil, iniciando-se em 1º de janeiro e encerrando-se em 31
de dezembro.
No regime orçamentário, o registro das receitas obedecerá ao regime de
caixa, sendo consideradas pertencentes ao exercício, as receitas arrecadadas e
as despesas nele legalmente empenhadas. As receitas e as despesas devem ser
incluídas na apuração do resultado em que ocorrerem, sempre simultaneamente
quando se correlacionarem, independente de recebimento ou pagamento. O
registro das despesas obedecerá ao regime de competência, sendo consideradas
pertencentes ao exercício as despesas nele legalmente empenhadas. (Art. 10, II
da Lei Estadual nº287/79).
Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas, mas não pagas
até 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.
33
CAPÍTULO III
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS
DO GESTOR PÚBLICO
1. INTRODUÇÃO
O Gestor público lida com os recursos públicos: bens, verbas públicas,
pessoas, processos, dentre outras. Para isso se faz necessário não só o
conhecimento técnico das normas que regem seu trabalho como também
precisam possuir algumas características que auxiliarão na administração
responsável, produtiva e econômica. Não, não basta ser um mero gestor, mas
sim um profissional com determinados valores e responsabilidades.
Muitas são as qualidades que se pode indicar no servidor empenhado em
atingir os objetivos do governo bem como no desenvolvimento dos planos e
projetos governamentais.
Esta monografia, porém, preocupou-se com as características
fundamentais inerentes ao gestor público.
2. CARACTERÍSTICAS ESPERADAS DO GESTOR PÚBLICO
De acordo com PASCHOAL et alii (2010), um bom profissional tem que ter
um conjunto mínimo de qualidades. Dentre as quais:
• Visão de sucesso ligada ao sucesso da organização;
• Integridade pessoal e profissional;
• Otimismo e confiança;
• Iniciativa e espírito de equipe;
• Clareza e objetividade;
• Visão de carreira;
34
• Controle emocional;
• Coragem para assumir novos desafios;
• Vontade de produzir excelentes resultados;
• Disposição para as tarefas;
• Interesse em estudar e aprender;
• Atitude de compartilhar conhecimentos;
• Aparência condizente com o meio profissional.
Para os autores, as características esperadas podem ser divididas em
cinco grandes grupos: o primeiro está relacionado à conduta pessoal apropriada;
o segundo está o relacionamento com outras pessoas; o terceiro grupo
fundamenta-se no comprometimento com o trabalho que o profissional possui;
outro é o comprometimento do gestor com a organização; e por fim, o
comprometimento com a carreira em si. Donde:
• Conduta Pessoal do Profissional - espera-se que o gestor tenha
autocontrole, retidão de caráter, proatividade, autoconfiança,
motivação, interesse pelo que faz e possui disciplina pessoal;
• Relacionamento com outras pessoas – Deve-se ter espírito de equipe,
ou seja: ser comunicativo; exercer a liderança pelo exemplo; contribuir
para o ambiente de trabalho;
• Comprometimento com o trabalho – A busca pelo conhecimento e
atualização é primordial. A atuação profissional deve ser pautada na
disciplina e a maneira de produtividade. Vale lembrar que a
criatividade faz parte desse grupo.
• Comprometimento com a Organização – A busca por compreender as
relações de trabalho: tem conhecimento da instituição (missão, visão,
objetivo), aceitar desafios e mudanças almejando o bem coletivo;
• Comprometimento com a Carreira – Tem visão da carreira, busca o
autodesenvolvimento e é disciplinado.
35
A Liderança e a motivação são as características do gestor mais
comumente estudadas no meio acadêmico. Vale frisar que o gestor na sua
atividade terá que administrar conflitos, sejam eles organizacionais, pessoais,
legais e burocráticos.
AUTRY (2010) indica cinco maneiras de ser espirituoso em atitudes e
decisões: ser autêntico, ser vulnerável, ser tolerante, ser presente e ser útil.
Quando o gestor é sempre a mesma pessoa em qualquer circunstância e
permanece fiel aos seus valores independente da função que desempenha diz
que é autentico. A vulnerabilidade não é defeito e sim a qualidade de admitir
erros, levantar dúvidas e compartilhar preocupações. Ser tolerante é ter
serenidade nas suas palavras e atitudes diante de uma situação complexa. Deve
estar presente sempre junto com a equipe em todos os momentos, até naqueles
de dificuldade.
No artigo escrito por Fátima Bayma de Oliveira, Anderson de Souza
Sant’Anna e Samir Lofti Vaz (Ref. 6) encontra-se dois quadros resumos que
indicam as competências/características requeridas do gestor público
contemporâneo (Anexo 1 e Anexo 2).
Pode ser encontrado no endereço eletrônico da “brasilprofissões” (Ref. 9)
outras características inerentes ao gestor público: capacidade de organização,
capacidade de observação, capacidade de liderança e de gerência,
responsabilidade, honestidade, visão de projeto, metodologia, dinamismo,
facilidade de lidar com situações inesperadas, flexibilidade, agilidade,
objetividade, pró-atividade, capacidade de trabalhar sobre pressão.
Para Edinaldo Afonso Marques de Mélo (Ref. 10), o perfil ideal do gestor
público começa pelo caráter e passa pela simplicidade, humildade, honestidade,
coragem, empatia social, dentre outras. Elas independem de diplomas ou títulos
pois estão associadas à personalidade de cada pessoa. Há habilidades que o
gestor precisa dominar como: liderança, comunicação, capacidade de
organização, planejamento, visão empreendedora e estratégia, gestão do tempo,
gestão de pessoas e inteligência emocional. A escolha do método de trabalho do
gestor deve ser pautada em celeridade e sustentabilidade.
36
“Se alguém quiser ser um bom gestor, antes precisa ser um grande idealista, fixar objetivos e se comprometer com eles”. (Edinaldo A.M. de Mélo)
Ressalta-se neste trabalho que algumas características podem ser
lapidadas e até acrescentada ao perfil profissional do gestor. Não é casualística
que a administração pública direta e indireta está cada vez mais investindo no
treinamento e desenvolvimento de seus servidores e gestores. Afinal, eles são os
“potenciais intelectuais”, um recurso importantíssimo para alcance dos objetivos e
o sucesso dos programas de governo.
3. LIDERANÇA
A liderança é sem dúvida uma das características básicas do gestor
público e é no meio acadêmico a mais abordada.
Na opinião de AUTRY (2010): “a liderança, ou gestão... é um chamado.
Não apenas um trabalho, mas uma vocação”. E acrescenta que se o gestor
encara sua atividade como um chamado a serviço das pessoas pelas quais ela é
responsável, então já transcendeu o rótulo de “gestor” e se tornou um líder.
Liderança a serviço dos outros requer grande dose de coragem.
No mundo contemporâneo a liderança se diferencia da chefia. Esta última
traduz o administrador enquanto na execução rotineira e simplista de uma
atividade. Já o líder é aquele que influencia outros funcionários de modo a
motivar todos na busca dos objetivos da organização. Além do mais ele é
reconhecido por todos pela sua conduta profissional.
A liderança deve ser entendida como uma relação funcional na qual uma
pessoa tem o poder de influenciar outra de maneira intencional. Deve-se lembrar
do poder e da autoridade que normalmente investem o gestor público.
A autoridade é pautada no papel que o gestor exerce através de seu cargo
de direção, chefia ou assessoramento. Já o poder é a capacidade de
influenciação sobre as pessoas.
37
Segundo CHIAVENATO (2008) existem vários graus de influência, que vão
desde a coação, a persuasão, a sugestão até a emulação conforme pode ser
visualizado na figura abaixo.
CHIAVENATO, Idalbeto. Administração Pública. 2ªed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p.130.
O líder-gestor, além de suas características, deve estar em estreita sintonia
com o grupo para que a comunicação seja estabelecida de forma eficaz. Nesse
enfoque o profissional busca atingir os objetivos pré-estabelecidos ou a satisfazer
as necessidades almejadas pelo grupo.
Para o autor supra,
“a definição de liderança envolve dois aspectos importantes:
o primeiro é a capacidade presumida de motivar as pessoas
a fazerem aquilo que precisa ser feito. Segundo é a
tendência dos liderados de seguirem aqueles que percebem
38
como instrumentais para satisfazerem os seus objetivos e
necessidades pessoais”.
Ou seja, a liderança é uma questão de diminuição das incertezas do grupo.
Vale ressaltar alguns estilos conceituados de liderança. CHIAVENATO cita
WHITE e Lippitt no qual estes classificam em três os estilos básicos de liderança:
a autocrática, a liberal (laissez-faire) e a democrática. Diante dos estilos vale a
pena ressaltar que a liderança autocrática enfatiza o papel do líder; e a liderança
democrática vislumbra tanto no líder como nos subordinados. E nesse contexto o
gestor público normalmente utilizar os três estilos de acordo com a tarefa, com as
circunstâncias e com os colaboradores.
A liderança pode estar pautada na tarefa ou nas pessoas. Quando o líder
orientado para as tarefas, denomina-se “job centered”, ou seja: planeja e define
como o trabalho será feito; atribui responsabilidades pela tarefa; define
claramente os padrões de trabalho; busca meios de completar a tarefa; monitora
os resultados do desempenho; focaliza a produtividade e a qualidade; preocupa-
se com métodos de trabalho.
Já o líder orientado para as pessoas é dito “employee-centered”: atua
como apoio e retaguarda para as pessoas; procura ensinar e desenvolver
pessoas; mostra os objetivos do trabalho para as pessoas; desenvolver relações
sociais com as pessoas; é sensitivo quanto às necessidades das pessoas;
respeita os sentimentos delas.
Para AUTRY (2010) a “Liderança Servidora” não é meramente gentileza.
Ela está vinculada ao compromisso no alcance de metas em prol da sociedade.
Ele vê oportunidade de crescimento pessoal e espiritual de todos os
comandados.
39
4. MOTIVAÇÃO, ÉTICA, TRANSPARENCIA E
RESPONSABILIDADE.
Segundo o conceituado dicionário de Aurélio Buarque de Holanda,
MOTIVAÇÃO é o “conjunto de fatores psicológicos de ordem fisiológica,
intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta de um
indivíduo”.
Diante das várias mudanças que podem ocorrer no local de trabalho, é
comum encontrar sinais de conflitos, desentusiasmo, burocracia e a baixa
motivação. Cabe ao gestor administrar para equitativamente manter o rumo da
equipe ou da tarefa.
Alguns autores descrevem o que chamam de “conectores do ambiente de
trabalho”. Ou seja, dinâmicas de grupo e comemorações são exemplos de
conectores positivos. Já as decepções, as dificuldades, as incertezas, os
fracassos são conectores negativos. O administrador busca equilibrar a harmonia
do grupo.
A palavra ÉTICA vem do grego “ethos” e significa morada; costume. Ou
seja, é o conjunto de elementos que é intrínseco do ser humano. A maneira pela
qual o homem manifesta seu caráter é por meio de seu comportamento.
Segundo Francisco de Salle A.M. Filho (Ref. 5): “A ética deve ser
eminentemente positiva e não proibitiva. Por exemplo, é mais importante respeitar
a vida do que não matar”.
Em relação à TRANSPARÊNCIA do gestor público, a Presidência da
República, através da sua Controladoria Geral da União, empenha esforços na
transparência da execução dos serviços públicos e de seus gestores. Tanto é que
foi criado um site acessível a todos as pessoas interessadas sobre os gastos e a
administração dos recursos que a União transfere para os Estados e Municípios
(Ref. 12).
O gestor precisa ter como norte a RESPONSABILIDADE SOCIAL e
AMBIENTAL, afinal, ela tem que ser fundamentadora básica das decisões e
condutas do administrador público uma vez que todo serviço público é executado
em nome da coletividade.
40
5. OS 10 PECADOS DO GESTOR PÚBLICO
Segundo Sergio Roberto Bacury de Lira (Ref. 12), existem dez pecados que os
gestores públicos não devem cometer. São eles:
1º) Não programação de suas ações de forma planejada. Elas devem ser
concebidas dia-a-dia, conforme a urgência de cada situação. Isso é
importante porque as demandas da sociedade em geral são maiores do
que a capacidade de atendimento do Estado. Em consonância com a
normatização do planejamento temos, como já foi dito, o Plano Plurianual
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária
Anual (LOA).
2º) Não dar importância ao orçamento público, concebendo-o como entrave
burocrático à sua administração. A legislação sobre orçamento no Brasil
exige que para cada despesa a ser realizada ela esteja programada no
orçamento. A despesa deve percorrer a sequencia empenho-liquidação-
pagamento e não na ordem inversa.
3º) Não descentralizar decisões com medo de perder o cargo ou o poder
político. A ação governamental deve ser coletiva, da equipe de trabalho. O
gestor não deve concentrar decisões técnicas que dificulte a eficácia
operacional da administração.
4º) Não investir em capacitação. O gestor necessita tem uma equipe formada
por pessoas que vão lhe ajudar tecnicamente da forma melhor possível.
Geralmente os gestores públicos procuram formar a sua equipe a partir de
um critério político e não técnico, procurando abrigar nos cargos existentes
pessoas que fazem parte do seu grupo político e não os profissionais
preparados. Além do mais não procuram investir em capacitação e
reciclagem profissional, por entenderem que isto se constitui em despesa
41
(desnecessária) e não em investimento para a melhoria do atendimento
do setor público. Como conseqüência, a administração pública evidencia-
se ineficiente e sem compromisso com a qualidade dos serviços prestados
à sociedade.
5º) Não ser transparente temendo ser questionado sobre as suas ações pelo
segmento organizado da sociedade. Verifica-se que raros os casos de
divulgação das informações fiscais por parte da administração pública. Em
geral, os gestores não se esforçam para serem transparentes no trato da
coisa pública.
6º) Não ter hábito de socializar informações e de utilizá-las em sua estratégia
de ação. A informação é a base do conhecimento humano e serve de base
para a tomada de decisões. Do ponto de vista técnico, tomar uma decisão
sem que esta esteja balizada por informações acerca da situação,
resultará em uma ação ineficaz. As vezes em decorrência da deficiência
técnica da equipe de trabalho, não são produzidas informações para a
tomada de decisões na gestão pública. Em geral, não se produzem
indicadores de avaliação e desempenho e isto dificulta o acompanhamento
da gestão administrativa por parte da sociedade, pois as informações não
são disponibilizadas nem tampouco socializadas para todos.
7º) Não inovar. A demanda da sociedade por ações concretas do setor
público em prol da melhoria da qualidade de vida exige, sobretudo,
criatividade. A inovação e o aperfeiçoamento tecnológico são vitais no
setor privado e deveria ser no público. Mas os gestores não buscam
conhecer e adequar para a sua realidade baseada em situações ou ações
já tenham sido implementadas em outros lugares que tiveram êxito. Ou
então, quando conhecem essas experiências, procuram não copiá-las ou
adotá-las em sua administração, visto que isto poderia significar falta de
iniciativa política.
42
8º) Não acreditar que será punido se cometer erros ou prejuízos à sociedade.
A Lei de Responsabilidade Fiscal introduziu novos conceitos no que diz
respeito ao binômio probidade/eficiência e introduziu também mecanismos
de punição para os maus gestores ou gestores ineficazes do ponto de vista
administrativo. Pelo simples fato de que cometer erros ou prejuízos à
sociedade não leva ninguém para a cadeia, faz com que o gestor não se
preocupe com a justiça, nem mesmo com os Tribunais de Contas.
9º) Não administrar com impessoalidade, ou seja, administrar a coisa pública
como se fosse uma administração doméstica. A ausência de planejamento
na gestão pública, assim como de decisões descentralizadas, de trabalho
em equipe e de outros procedimentos basilares de qualquer administração
faz com que o gerenciamento da coisa pública ocorra de forma ineficaz. A
falta de planejamento e controle nas despesas públicas pode, na
contabilidade pública, interferir de forma negativa pois, tudo que entra de
receita sai automaticamente como despesa.
10º) Não ser responsável do ponto de vista legal, mas sim em ser eficiente
do ponto de vista político. A lei supra indicada só permite que o gestor
público não cumpra as determinações impostas para a contagem de
prazos, os valores mínimos a serem investidos, o pagamento da dívida
pública, o valor máximo permitido com a folha de pagamento de pessoal, o
atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho, quando
ocorrer uma calamidade pública, estado de defesa ou de sítio. Não
existindo essas situações, é dever do gestor administrar a coisa púbica
com probidade, seriedade, competência e eficiência.
43
CONCLUSÃO
Vive-se num mundo cada vez mais globalizado. A Administração Pública
passa por um processo de adaptação às novas exigências da sociedade, que se
preocupa cada vez mais com a responsabilidade social e ambiental dos recursos,
uma vez que eles estão cada vez mais escassos.
As tecnologias evoluem, o conhecimento se especializa, e o modo de
administrar precisa se adequar às mudanças. É notório que à frente das
organizações públicas devem-se ter gestores que possuam características
ímpares no desenvolvimento de suas atribuições em prol da coletividade, que é o
fundamento do país.
Normalmente são os cargos políticos e os de direção, chefia e
assessoramento que possuem maior responsabilidade no gerenciamento dos
recursos.
Neste pensamento agrega-se a necessidade não só do conhecimento da
estrutura organizacional da Administração pública, como também o conhecimento
técnico-científico relacionado à tarefa a ser executada. Assim, o gestor em prol da
coletividade desenvolve seus trabalhos em sincronia com os objetivos e missão
da República e da organização na qual serve.
Nesta monografia se concluiu que há necessidade que os gestores
possuam características positivas em seu perfil pessoal e profissional, sendo que
algumas delas podem ser desenvolvidas, acrescentadas e até moldadas através
projetos e treinamentos de desenvolvimento funcional.
Afinal, habilidades e conhecimentos devem ser ampliados e não
reduzidos. A gestão do “potencial intelectual” dos servidores, principalmente os
efetivos é crucial para o sucesso da organização.
44
ANEXO 1
Disponível em http://scielo.br/img/revistas/rap/v44n6/a09qdr01.jpg
45
ANEXO 2
Disponível em http://www.scielo.br/img/revistas/rap/v44n6/a09qdr01.jpg
46
BIBLIOGRAFIA
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5. http://www.sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/etica.pdf - por
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12. http://www.fenecon.org.br/informe/0018-pecados.htm, por Sergio Roberto
Bacury. Acessado em 10 de março de 2012.
48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - Administração Pública
1. Definição 10
2. O Estado Democrático de Direito 10
3. Organização da Administração Pública 11
4. Órgãos Públicos 12
5. Cargos, empregos e funções públicas 12
6. Princípios Fundamentais da Administração Pública 13
7. Princípios da Administração Pública 14
8. Princípios do Direito Administrativo 15
9. Agentes Públicos 16
9.1. Definição 16
9.2. Deveres, responsabilidades e Proibições 17
9.2.1. Deveres 17
9.2.2. Responsabilidades 19
9.2.3. Proibições 19
49
CAPÍTULO II - O Gestor Público 22
1. Definição 22
2. Atribuições 22
3. Considerações 24
4. Legislação correlata 24
5. Gestão de contratos administrativos 27
6. Bens patrimoniais 28
7. Prestação de contas 29
8. Orçamento público 29
8.4. Plano Plurianual – PPA 30
8.5. Lei de Diretrizes Orçamentária – LDA 30
8.6. Lei Orçamentária Anual – LOA 31
9. Exercício Financeiro 31
CAPÍTULO III – Características Fundamentais do Gestor Público
1. Introdução 33
2. Características Esperadas 33
3. Liderança 36
4. Motivação, Ética, Transparência e Responsabilidade 38
5. Transparência e Responsabilidade 39
6. Os 10 Pecados do Gestor Público 40
CONCLUSÃO 43
ANEXOS 44
BIBLIOGRAFIA 46
ÍNDICE 48
FOLHA DE AVALIAÇÃO 50
50
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Universidade Cândido Mendes
AVM Faculdade Integrada
Título da Monografia:
“CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO GESTOR NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CONTEMPORÂNEA”
Autora:
Raquel Diniz Rodrigues
Data da Entrega:
31 de Março de 2012.
Avaliada por: Conceito: