UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
AMANDA AZEVEDO FLORES
IDENTIFICAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES E
NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA EM FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA DA
CIDADE DE SÃO LEOPOLDO/RS
São Leopoldo
2012
AMANDA AZEVEDO FLORES
IDENTIFICAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES E
NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA EM FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA DA
CIDADE DE SÃO LEOPOLDO/RS
Artigo apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Educação Física, pelo Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Orientador: Prof. Ms. Marcelo La Torre
São Leopoldo
2012
1
IDENTIFICAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES E
NÍVEL DE QUALIDADE DE VIDA EM FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA DA
CIDADE DE SÃO LEOPOLDO/RS
Amanda Azevedo Flores1
Marcelo La Torre2
Resumo: Os sintomas de distúrbios osteomusculares (SDO) caracterizam-se como uma síndrome relacionada ao ambiente laboral, ou seja, a ocorrência de sintomas constantes ou não em determinadas regiões do corpo humano. O desenvolvimento da DORT ocorre durante o exercício profissional, podendo esta ter uma evolução constante ou irregular a qual atinge o trabalhador de forma capciosa. A qualidade de vida é a percepção do ser humano com a proximidade de satisfação na vida como um todo. Na busca por uma melhor qualidade de vida as empresas vêm buscando alternativas e estratégias com o objetivo de, no ambiente laboral, fornecer maiores benefícios tanto para a empresa quanto para os funcionários. Dentro destas estratégias está a Ginástica Laboral (GL) que auxilia na minimização dos acidentes de trabalho, prevenção das doenças osteomusculares, maximização do trabalho e redução do absenteísmo. Com atividades físicas como alongamentos, exercícios e dinâmicas em grupo. O objetivo do presente estudo foi identificar a prevalência dos sintomas de distúrbios osteomusculares e o nível de qualidade de vida em funcionários da prefeitura da cidade de São Leopoldo/RS. À amostra foi composta por 28 voluntários sendo 15 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com faixa etária de 18 a 54 anos, funcionários da prefeitura da cidade de São Leopoldo/RS. Estes funcionários foram submetidos a dois questionários, um referente ao relato da prevalência de DORT, o questionário nórdico de sintomas questionário SF-36. O estudo contatou que 46,4% dos avaliados sentiram dor em algum momento durante os últimos 12 meses na região quadril e do pescoço e cervical. Considerando como referência os últimos sete dias, 42,9% dos avaliados sentiram dor em algum momento na região do quadril e 39,3 % na região lombar. As regiões corporais coluna lombar e quadril foram as que mais afastaram os indivíduos de suas atividades. Com referência ao nível de qualidade de vida, a partir da aplicação do questionário SF-36, foi constatado que os funcionários da prefeitura de São Leopoldo apresentaram maiores resultados nos domínios capacidade funcionais (84,3%) e limitação por aspectos físicos (83%). Os resultados obtidos são importantes para o desenvolvimento de estratégias de prevenção. Palavras chaves: distúrbios osteomusculares. qualidade de vida. ambiente laboral.
1 Aluna formanda do Curso de Educação Física da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, período
2012/2. E-mail: [email protected] 2 Professor Mestre. Docente do Curso de Educação Física da Universidade do Vale do Rio dos Sinos –
UNISINOS. Orientador. E-mail: [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas as relações de trabalho vêm sofrendo
gradativas e expressivas transformações. Essas transformações podem ocorrer
devido às alterações nas relações de troca geradas pelo mundo capitalista e
globalizado, as quais podem impactar na qualidade de vida dos indivíduos. Assim,
nesse contexto transformador o ser humano é direcionado a buscar de forma
incansável uma melhor qualidade de vida (LIMA, 2005, p.215).
A busca por uma vida melhor é marcada por intensas e aceleradas
mudanças na sociedade contemporânea, as quais influenciam a vida humana em
seus aspectos coletivos e individuais. Estas influências vêm ocorrendo com maior
ênfase no mundo do trabalho e sendo enfatizadas pelas inovações tecnológicas e
organizacionais (PRESSI; CANDOTTI, 2005).
Na sociedade atual existe uma busca desenfreada pela produtividade e
qualidade a um baixo custo, onde o trabalho se tornou industrializado, mecanizado e
automatizado. Esse novo modelo de trabalho torna a atividade laboral na grande
maioria das vezes repetitiva e sedentária, com longas jornadas de trabalho, o que
vem de certa forma gerar circunstâncias insalubres e perniciosas à saúde do ser
humano. (CAÑETE, 1996, p.97). Nesse contexto, desenvolvem-se as Lesões por
Esforço Repetitivo – LER, que quando ocorridas no ambiente laboral tem sido
denominadas como Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho - DORT
(INSS, 1998). Segundo Gonçalves (2008) a partir da década de 70 até a atualidade
ocorreu um aumento exponencial dos casos de DORT, o que tornou este problema
uma questão de saúde pública no mundo inteiro.
De acordo com o Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS (1998) a
DORT é definida como uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica,
acompanhada ou não de alterações objetivas e que se manifesta principalmente no
pescoço, cintura escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho,
podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. A DORT é reconhecida
como uma síndrome relacionada ao trabalho, ou seja, caracteriza-se pela ocorrência
de sintomas constantes ou não em determinadas regiões do corpo humano. O
desenvolvimento da DORT ocorre durante o exercício profissional, podendo esta ter
uma evolução constante ou irregular a qual atinge o trabalhador de forma insidiosa
(GOLÇALVES, 2008).
3
A evolução da DORT está diretamente ligada às condições de realização
das tarefas laborais, tanto no que diz respeito a fatores individuais, quanto
organizacionais (MERLO; JACQUES; HOEFEL, 2003). Suas causas podem ser a
forma de realização da tarefa, bem como a ergonomia do posto de trabalho, a
adoção de posturas inadequadas do trabalhador, as quais geram trabalho muscular
estático ou excessivo. Além disso, o ritmo de trabalho, as horas extras, a
insatisfação no ambiente de trabalho e a irrelevância aos limites do corpo também
podem ocasionar os DORT’s. Dessa forma, os sintomas mais freqüentes são dor,
fadiga muscular, perda de força, dormência em determinadas regiões do corpo,
redução da sensibilidade e hipersensibilidade (MENDES, 2008).
Com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, bem como
prevenir os DORT’s algumas empresas proporcionam programas de qualidade de
vida com o objetivo de alcançar melhores condições de trabalho e proporcionar uma
realização plena em seus funcionários (MENDES, 2008). Entende-se como
qualidade de vida a percepção do ser humano com a proximidade de satisfação na
vida amorosa, familiar, social, ambiental e sua própria estética (MINAYO; HARTZ;
BUSS, 2000).
Como exemplo de programa de qualidade de vida que visa amenizar o
desenvolvimento dos DORT e melhorar a autoestima é o Lian Gong em 18 terapias,
que tem por finalidade tratar dores musculares, tendinosas, articulares e restaurar a
movimentação natural, sendo composta por duas partes, contendo em cada uma
delas 18 exercícios e três séries. Ling Gong combina Dao In (ginástica terapêutica
chinesa) e Tui-Na (manobras manuais de massagem terapêutica) tendo com
referência básica os princípios e teorias que fundamentam a prática corporal e
integram a Medicina Tradicional Chinesa (BETTARELLO; SAUT, 2006). Outro
programa que objetiva a diminuição do estresse e o relaxamento geral dos
trabalhadores a melhora do relacionamento interpessoal é a Ginástica Laboral (GL).
A GL auxilia também na diminuição dos acidentes de trabalho, prevenção das
doenças osteomusculares, maximização do trabalho e redução do absenteísmo.
(NESSI, 2003). Esses programas são estratégias utilizadas no ambiente laboral que
fornecem benefícios tanto para a empresa quanto para os funcionários (PRESSI;
CANDOTTI, 2005). Entretanto, para o correto planejamento dessas estratégias de
prevenção de distúrbios osteomusculares, bem como, de melhora da qualidade de
vida do trabalhador são necessárias informações iniciais do ambiente laboral, bem
4
como, dos próprios funcionários. Assim, o presente estudo tem como objetivo
identificar a prevalência de sintomas osteomusculares e o nível de qualidade de vida
em funcionários da prefeitura de São Leopoldo/RS.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo caracteriza-se por ser quantitativo do tipo ex post facto
com um corte transversal no modelo descritivo. Onde foram investigadas a
prevalência de sintomas de distúrbios osteomusculares e o nível de qualidade de
vida. A amostra foi intencional e não probabilística composta, por 28 funcionários que
trabalham no período diurno na prefeitura de São Leopoldo. Dos 28 funcionários 15
são do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com faixa etária de 18 a 54 anos.
Os procedimentos de coleta utilizados foram realizados em três etapas. Na
primeira etapa foi realizada a apresentação e esclarecimentos sobre o projeto aos
funcionários envolvidos e a entrega do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), sendo a participação no estudo voluntária, para posterior recolhimento do
mesmo devidamente assinado pelo responsável do projeto e pelos funcionários.
Durante a realização dos procedimentos de coleta de dados foram respeitadas as
normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
A segunda etapa foi realizada após retorno dos TCLE assinados pelos
responsáveis e da explicação de preenchimento dos questionários, desta forma, foi
iniciado individualmente pelos avaliados o preenchimento do questionário, sendo
que o pesquisador permanecia na sala para eventuais dúvidas. Sendo aplicado em
quadro dias não consecutivos, de acordo com os horários das aulas de GL o
Questionário nórdico de sintomas osteomusculares, Nordic Musculoskeletal
Questionnaire (NMQ), foi desenvolvido com a proposta de padronizar a mensuração
de relatos de sintomas osteomusculares e, assim facilitar a comparação dos
resultados entre os estudos. Este questionário não é indicado como base para
diagnostico clínico, mas para a identificação de distúrbios osteomusculares e, com
tal, pode constituir importante instrumento de diagnostico do ambiente ou do posto
de trabalho.
O questionário foi traduzido para o português e validado (PINHEIRO;
TRÓCCOLI; CARVALHO, 2002). O Questionário Nórdico de Sintomas
Osteomusculares (QNSO) é um instrumento dividido em 3 etapas: (1) questão 1
corresponde a ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses, em 9
5
regiões corporais: cervical/região cervical, ombros, braços, cotovelos, antebraços,
punhos/mãos/dedos. Região dorsal, região lombar e quadril/membros inferiores. (2)
questão 2 corresponde a ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 7
dias, nas 9 regiões corporais. (3) questão 3 corresponde ao impedimento de realizar
suas atividades rotineiras nos últimos 12 meses, nas 9 regiões corporais.
A análise dos resultados do instrumento QNSO, a questão 1 avalia o relato
de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses; a questão 2, avalia o relato de
sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias e a questão 3, avalia a limitação ou
não para realizar uma atividade, devido ao seu problema nos últimos 12 meses. Nas
questões 1 e 2 as alternativas de resposta são baseadas em um índice de
severidade da frequência de sintomas osteomuscular para cada uma das 9 regiões
corporais, variando entre 0 e 3, em que: 0 representa a “ausência de sintomas”, 1
representa “raramente”, 2 representa “com frequência” e 3 representa “sempre”
Na terceira etapa foi aplicado o Questionário SF-36 instrumento utilizado
para avaliação da Qualidade de Vida (CICONELLI et al, 1999). O SF-36 é composto
de 36 itens que avaliam oito domínios de saúde: capacidade funcional –
desempenho das atividades diárias (10 itens); aspectos físicos – impactos da saúde
física no desenvolvimento das atividades diárias ou profissionais (4 itens); dor – nível
de dor e o impacto no desenvolvimento das atividades diárias ou profissionais (2
itens); estado geral de saúde – percepção subjetiva do estado geral de saúde,
suscetibilidade a doenças e expectativa de saúde futura (5 itens); vitalidade –
percepção subjetiva do estado de saúde e de energia e fadiga (4 itens); aspectos
sociais – reflexos das condições de saúde física nas atividades sociais (2 itens);
aspectos emocionais – reflexos das condições emocionais no desempenho das
atividades diárias e ou profissional (3 itens); saúde mental – estado de humor e bem-
estar psicológico (5 itens); por fim, um único item, no qual a saúde atual é
comparada à de um ano. Cada domínio avaliado e classificado em um escore final
de 0 a 100, no qual 0 (zero) corresponde ao pior estado de saúde e 100 (cem), ao
melhor (CICONELLI et al., 1999). A partir da tabela de conversão proposta por
Ciconelli et al. (1999) os dados coletados foram utilizados para obtenção dos
valores de média e desvio padrão de cada um dos oito domínios avaliados pelo
questionário.
O tratamento estatístico dos dados coletados do SF-36 e do QNSO foi
submetido a procedimento estatístico descritivo utilizando o software SPSS 18.0. Os
6
procedimentos estatísticos realizados foram os seguintes: Estatística descritiva por
meio de tabelas de frequência para os dados de regiões de ocorrência, de sintomas
osteomusculares e nível de qualidade de vida.
3 RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta os resultados da questão 1 do QNSO, a qual avalia a
frequência de ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses nas 9
regiões corporais avaliadas pelo questionário. Na Tabela 1 é possível observar que a
região do cervical e quadril foram às regiões que apresentaram uma maior
ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses.
Tabela 1 - Frequência de ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 12 meses nas 9 regiões corporais avaliadas pelo QNSO.
Local de dor Frequência (n) (%)
Pescoço/cervical
Não 4 14,3 Raramente 8 28,6
Com frequência 13 46,4 Sempre 3 10,7
Ombro Não 7 25 Raramente 11 39,3 Com frequência 10 35,7 Sempre 0 0
Braço Não 11 39,3 Raramente 11 39,3 Com frequência 4 14,3 Sempre 2 7,1
Cotovelo Não 18 64,3 Raramente 8 28,6 Com frequência 2 7,1 Sempre 0 0
Antebraço Não 18 64,3 Raramente 9 32,1 Com frequência 0 0 Sempre 1 3,6
Punho/Mão/Dedos Não 14 50 Raramente 6 21,4 Com frequência 8 28,6 Sempre 0 0
Dorsal Não 7 25 Raramente 10 35,7 Com frequência 7 25 Sempre 4 14,3
Lombar Não 4 14,3 Raramente 12 42,9 Com frequência 9 32,1 Sempre 3 10,7
Quadril Não 5 17,9 Raramente 9 32,1 Com frequência 13 46,4 Sempre 1 3,6
Fonte: Elaborada pelo autor
7
A Tabela 2 apresenta os resultados da questão 2 do QNSO, a qual avalia a
frequência de ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias nas 9
regiões corporais avaliadas pelo questionário. Os dados apresentados na Tabela 2
caracterizam uma realidade na qual a articulação do cotovelo aparece como a região
com menor incidência de sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias, já a região
lombar e do quadril demonstram a maior incidência de SDO.
Tabela 2 - Frequência de ocorrência de sintomas osteomusculares nos últimos 7 dias nas 9 regiões corporais avaliadas pelo QNSO.
Local de dor Frequência (n) (%)
Pescoço/cervical
Não 9 32,1 Raramente 9 32,1
Com frequência 7 25 Sempre 3 10,7
Ombro Não 12 42,9 Raramente 9 32,1 Com frequência 6 21,4 Sempre 1 3,6
Braço Não 14 50 Raramente 11 39,3 Com frequência 2 7,1 Sempre 1 3,6
Cotovelo Não 20 71,4 Raramente 7 25 Com frequência 1 3,6 Sempre 0 0
Antebraço Não 18 64,3 Raramente 9 32,1 Com frequência 1 3,6 Sempre 0 0
Punho/Mão/Dedos Não 16 57,1 Raramente 8 28,6 Com frequência 4 14,3 Sempre 0 0
Dorsal Não 12 42,9 Raramente 9 32,1 Com frequência 6 21,4 Sempre 1 3,6
Lombar Não 5 17,9 Raramente 11 39,3 Com frequência 11 39,3 Sempre 1 3,6
Quadril Não 11 39,3 Raramente 3 10,7 Com frequência 12 42,9 Sempre 2 7,1
Fonte: Elaborada pelo autor
A Tabela 3 apresenta os resultados da questão 3 do QNSO, a qual avalia a
frequência de ocorrência de limitação ou não para realizar uma atividade nos últimos
12 meses nas 9 regiões corporais avaliadas pelo questionário. Na Tabela 3 é
possível observar que a região lombar e a região da articulação do quadril
8
apresentaram maior ocorrência de limitação para realização de atividades nos
últimos 12 meses.
Tabela 3 - Frequência de ocorrência de limitação ou não para realizar uma atividade nos últimos 12 meses nas 9 regiões corporais avaliadas pelo QNSO.
Local de dor Frequência (n) (%)
Pescoço/cervical Não 25 89,3 Sim 3 10,7
Ombro Não 25 89,3 Sim 3 10,7
Braço Não 25 89,3 Sim 3 10,7
Cotovelo Não 28 100 Sim 0 0
Antebraço Não 27 96,4 Sim 1 3,6
Punho/Mão/Dedos Não 25 89,3 Sim 3 10,7
Dorsal Não 25 89,3 Sim 3 10,7
Lombar Não 23 82,1 Sim 5 17,9
Quadril Não 22 78,6 Sim 6 21,4
Fonte: Elaborada pelo autor
Com relação ao nível de qualidade de vida dos funcionários avaliados por
meio do SF-36 (CICONELLI et al, 1999) é possível observar no Gráfico 1 que os
funcionários avaliados apresentaram maiores resultados nos domínios capacidade
funcional (84,3%) e limitação por aspectos físicos (83%).
9
Gráfico 1 – Média e desvio padrão dos 8 domínios da qualidade de vida avaliados segundo o questionário SF-36.
-
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
CAPACIDADE
FUNCIONAL
LIMITAÇÃO
POR ASPECTOS
FISICOS
DOR ESTADO GERAL
DA SAUDE
VITALIDADE ASPECTOS
SOCIAIS
LIMITAÇÃO
POR ASPECTOS
EMOCIONAIS
SAUDE MENTAL
Escore d
os d
om
ín
ios(%
)
Domínios do SF-36
Fonte: Elaborado pelo autor.
4 DISCUSSÃO
Os resultados obtidos a partir da avaliação de relatos de sintomas
osteomusculares, por meio do QNSO, em funcionários da prefeitura de São
Leopoldo demonstraram uma grande prevalência destes sintomas nas regiões da
coluna do pescoço e cervical, lombar e quadril. Na região do pescoço e cervical 46,4
% dos avaliados sentiram dor em algum momento durante os últimos 12 meses e na
região do quadril 46,4 % sentiram dor em algum momento durante os últimos 12
meses (Tabela 1). Considerando como referência os últimos sete dias, 42,9 % dos
avaliados sentiram dor em algum momento na região do quadril e na região lombar
39,3 % (Tabela 2).
Além da avaliação dos SDO nos últimos 12 meses e nos últimos 7 dias a
utilização do instrumento QNSO permitiu também a avaliação da frequência de
ocorrência de limitação ou não para realizar a atividade laboral nos últimos 12 meses
nas 9 regiões corporais avaliadas (Tabela 3). A análise da Tabela 3 permite a
observação das regiões corporais coluna lombar e quadril como as que mais
afastaram os indivíduos de suas atividades.
10
Outro resultado, que corrobora com o encontrado no presente estudo em
relação à alta prevalência de SDO na região lombar é apresentado por Carvalho e
Alexandre (2006) que averiguaram a incidência de sintomas osteomusculares em
professores do Ensino Fundamental. Nesse estudo Carvalho e Alexandre (2006)
avaliaram 150 professores da rede publica do Ensino Fundamental, e constataram
que 63,1% relataram dores lombares nos últimos 12 meses. Essa alta prevalência
de SDO na região lombar encontrada no presente estudo pode estar relacionada à
posição adotada durante a realização da atividade laboral. Segundo Moraes (2002) a
posição de realização da atividade laboral, bem como a realização de atividades
repetitivas, em uma condição ergonômica inadequada e grande parte da jornada de
trabalho realizada na posição sentada, podem vir a gerar distúrbios
osteomusculares. Segundo Rosa (2002) a permanência em posturas inadequadas
pode conduzir a alterações estruturais nos músculos, e no tecido conjuntivo como
um mecanismo de adaptação funcional.
Essas afirmações corroboram os resultados encontrados no presente estudo,
pois a amostra avaliada realiza funções administrativas passando grande parte da
jornada de trabalho na posição sentada. A adoção da postura sentada, por um tempo
prolongado tende a minimizar a circulação de retorno dos membros inferiores,
provocando assim edema nos pés e tornozelos, podendo promover desconfortos na
região da coluna vertebral lombar, na região do pescoço e nos membros superiores
(COURY, 1994).
Kendal et al. (2007) afirma, que a alta incidência de dores na região da coluna
lombar ,está relacionada ao sedentarismo, o qual somando com os maus hábitos
posturais realizados no ambiente laboral ou em atividades de vida diária podem
provocar processos degenerativos da coluna vertebral proporcionando ao indivíduo
maiores possibilidades de dores e desconfortos. Esse maiores desconfortos
segundo Kendal et al. (2007) também pode ser gerado pela manutenção por longos
períodos da posição sentada a qual, quando executada de forma incorreta têm sido
associada a uma alta prevalência e incidência de patologias na coluna vertebral.
A alta prevalência de SDO na região lombar nos funcionários da prefeitura de
São Leopoldo é preocupante e demonstra a necessidade do desenvolvimento de
estratégia de prevenção como a GL, palestras sobre a adoção de posturas
adequadas principalmente durante a jornada laboral. Está necessidade em adotar
medidas preventivas é algo muito complexo, pois exigem mudanças nas condições e
11
organização do trabalho, na visão da empresa sobre o assunto, o estilo de vida das
pessoas e o nível da prática atividade física regular. Segundo Golçalves (2008) se
formos levar em consideração todas estas condições qualquer ação desenvolvida
não atingirá resultados efetivos e sim paliativos. Para que está ação seja
desenvolvida com sucesso é importante que haja um controle constante do
acompanhamento dos programas de prevenção das DORTs.
Com relação à avaliação do nível qualidade de vida avaliado por meio da
aplicação do questionário SF-36, os funcionários da prefeitura de São Leopoldo
apresentaram os seguintes escores nos 8 domínios avaliados: Capacidade funcional
(84,3 ± 14,5); Limitação por aspecto físico (83 ± 27,3); Dor (59,3 ± 16,4); Estado
geral de saúde (62,8 ± 14); Vitalidade (60,5 ± 16,2); Aspecto social (79,9 ± 19,3);
Limitação por aspecto emocional (78,6 ± 30,4) e Saúde mental (71,8 ± 15) (Grafico
1). Martarello (2005) ao analisar a qualidade de vida e os sintomas osteomusculares
em trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar obteve os seguintes escores para
os indivíduos que não apresentaram nenhum problema de saúde no questionário
SF-36 nos 8 domínios avaliados: Capacidade funcional (89,1 ± 14,9); Limitação por
aspecto físico (86,1 ± 27,2); Dor (71,8 ± 22,2); Estado geral de saúde (53,2 ± 14,3);
Vitalidade (69, ± 16,2); Aspecto social (79,1 ± 23,9); Limitação por aspecto
emocional (80,9 ± 34,7); e Saúde mental (77,1 ± 15,8). Os resultados obtidos no
presente estudo são semelhantes aos obtidos por Martarello (2005) e exceto para o
domínio dor onde no presente estudo os funcionários da prefeitura de São
Leopoldo/RS apresentaram um pior escore neste domínio ou seja, um valor mais
próximo de 0.
No domínio capacidade funcional o qual representa a avaliação da presença e
extensão de restrições relacionadas às capacidades físicas dos indivíduos os
funcionários da prefeitura de São Leopoldo apresentaram um escore 84,3 ± 14,5.
Esse resultado esta próximo dos 100% o que significa um melhor estado de saúde
no domínio capacidade funcional (Gráfico 1). Teixeira, Fonseca e Máximo (2002),
avaliaram a qualidade de vida de estudantes de psicologia por meio do SF-36. Os
autores encontraram o maior escore no domínio Capacidade Funcional (78,8% a
95,17%), os resultados também se assemelham com o presente estudo.
Os resultados obtidos no presente estudo para limitação por aspecto físico (83
± 27,3%) comparado ao escore de Martarello (2005) (86,1 ± 27,2%) demonstram um
escore nesse domínio do que os funcionários da prefeitura de São Leopoldo/RS. No
12
presente estudo o domínio de dor (59,3 ± 16,4%) obteve o um pior escore quando
comparado ao dos trabalhadores de higiene e limpeza de um hospital avaliados por
Martarello (2005) que obtive um escore de 71,8 ± 22,2%.
Já o domínio referente ao estado geral de saúde (62,8 ± 14%) obteve um
escore maior que o obtido por Marterello (2005), o qual foi de 53,2 ± 14,3%. Os
resultados obtidos do presente estudo nos domínios vitalidade (60,5 ± 16,2), aspecto
social (79,9 ± 19,3); limitação por aspecto emocional (78,6 ± 30,4) e saúde mental
(71,8 ± 15) do presente estudo são semelhantes ao obtidos por Marterello (2005).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os funcionários do presente estudo apresentaram uma alta prevalência de
sintomas de distúrbios osteomusculares, sendo que as regiões mais afetadas foram
à coluna lombar, quadril e cervical independentemente da referência ser os últimos
12 meses ou os últimos 7 dias. Os resultados também mostraram que vários fatores
individuais e ocupacionais podem estar relacionados com sintomas
musculoesqueléticos nas diferentes regiões corporais. Em relação do nível de
qualidade de vida realizada no presente estudo obtido por meio do questionário SF-
36 demonstrou que os funcionários da prefeitura de São Leopoldo/RS estão com o
domínio das capacidades funcionais de 84,3% sendo assim, um melhor estado de
saúde. Porém o nível de dor corresponde a 59,3% um pior estado de saúde no
desenvolvimento das suas atividades diárias e profissionais.
Com base na apresentação dos resultados de dor e das alterações dos
domínios que compõem a qualidade de vida é reforçada a necessidade e a
importância da realização de estratégias de prevenção. Essas estratégias de
prevenção podem ser realizadas por meio de palestras relacionadas à importância
da qualidade de vida, adequação ergonômica, reorganização da jornada no
ambiente de trabalho, a implantação de um programa de ginástica laboral. Ainda
essas estratégias podem ser ferramentas para estimular à prática regular de
atividades físicas e uma melhor qualidade de vida.
13
IDENTIFY THE PREVALENCE OF SYMPTOMS OF MUSCULOSKELETAL
DISORDERS AND THE LEVEL OF QUALITY OF LIFE OF THE MUNICIPAL
EMPLOYEES OF THE CITY OF SÃO LEOPOLDO / RS.
Abstract: Symptoms of musculoskeletal disorders (MSD) is characterized as a
syndrome related to the working environment, in other words, the occurrence of
symptoms constants or not in certain regions of the human body. The development of
WMSD occurs during the work, which may have an irregular or constant evolution
which affects the employee in a misleading way. Quality of life is the perception of
human beings with the proximity of satisfaction in life as a whole. In search of a
better quality of life companies are seeking alternatives and strategies in order to, in
the work environment, provide more benefits for both the company and employees.
Within these strategies is the Labor Gymnastics (LG) which assists in reducing
accidents, prevention of musculoskeletal diseases, maximizing work and reducing
absenteeism. With activities like stretching, exercises and group dynamics. The aim
of this study was to identify the prevalence of symptoms of musculoskeletal disorders
and the level of quality of life of the municipal employees of the city of São Leopoldo /
RS. The sample consisted of 28 volunteers including 15 female and 13 male, aged
18-54 years, city employees in the city of São Leopoldo / RS. These employees were
subjected to two questionnaires, one for the account of the prevalence of MSDs, the
Nordic symptoms questionnaire SF-36. The study found that 46.4% of the sample felt
pain at some time during the past 12 months in the region of the hip, neck and
cervical. Taking as reference the last seven days, 42.9% of the sample felt pain at
some point in the hip region and 39.3% in the lumbar region. The lumbar spine and
hip were the principal reasons that have distanced the individuals of their activities.
With reference to the level of quality of life, from the application of the SF-36, it was
found that municipal employees of Sao Leopoldo/RS, had higher results in the
execution of their functional capacity (84.3%) and physical aspects limitation (83 %).
The results obtained are important for the development of prevention strategies.
Keywords: Symptoms of musculoskeletal disorders, quality of life, working
environment.
14
REFERÊNCIAS
BETTARELLO, P. de A.; SAUT, T. B. Análise dos resultados do questionário sobre
qualidade de vida SF-36, após aplicação do Lian Gong em 18 terapias e de
Ginástica laboral, em funcionários do setor de editoração do centro Universitário
Claretiano de Batatais –SP. Batatais – SP, 2006. p. 75.
CAÑETE, Ingrid. Humanização: desafio da empresa moderna; a ginástica laboral
como um caminho. – Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1996.
CARVALHO A J F P; ALEXANDRE N M C. Sintomas Osteomusculares em
Professores do Ensino Fundamental. Revista Brasileira de Fisioterapia. V. 10, N.
1, p. 35-41, 2006.
CICONELLI, R. M.; FERRAZ, M. B.; SANTOS, W.; MEINÃO, I.; QUARESMA, M. R.
Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de
avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36. Rev. Brás. Reumatol. 39(3): p.
143-150, mai/jun, 1999.
COURY, H. J. C. G. Programa auto-instrucional para o controle de desconfortos
posturais em indivíduos que trabalham sentados. 1994. 128f. Tese (Doutorado
em Educação). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 1994.
GAYA, Adroaldo. Ciência do Movimento Humano: introdução à metodologia da
pesquisa. / Adroaldo Gaya (org.) ; Daniel Garlipp...[ et al.]. – Porto Alegre: Artmed,
2008.
GONÇALVES, Marcos Maciel. Ginástica Laboral e Instrumento de Produtividade e
Saúde nas empresas – Rio de Janeiro: Shape, 2008.
KENDAL, F. P.; MCCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G; RODGERS, M. M.;
ROMANI, W.A. Músculos: Provas e Funções. Barueri: Manole, v. 5: p. 528, 2007.
15
INSS. Ordem de serviço INSS/DSS Nº 606, de 5 agosto de 1998. Disponível em:
<http://www.edmilsonbarros.adv.br/intra/mensagens/ORDEM%20DE%20SERVI%C3
%87O%20INSS%20-%20DORT2.doc> acesso em 08/10/2011
LIMA, Valquíria de. Ginástica Laboral: Atividade Física no Ambiente de Trabalho. –
2.ed. – São Paulo: Phorte, 2005.
MARTARELLO, N. de A. Qualidade de vida e sintomas osteomusculares em
trabalhadores de higiene e limpeza hospitalar. Campinas – SP, 2005 p. 120.
MATTOS, Mauro Gomes de, 1964 - Metodologia da pesquisa em educação física:
construindo sua monografia, artigos e projetos/ Mauro Gomes de Mattos, Adriano
José Rossetto Júnior, Shelly Blecher. – 3.ed.rev. e ampl. – São Paulo: Prorte, 2008.
MENDES, Ricardo Alves. Ginástica Laboral: princípios e aplicações práticas. – 2. ed.
rev. e ampl. – Barueri, SP: Manole, 2008.
MERLO, Álvaro Roberto Crespo; JACQUES, Maria da Graça Corrêa; HOEFEL,
Maria da Graça Luderitz. Trabalho de Grupo com Portadores de Ler/Dort: Relato de
Experiência. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 14, n.1, p. 253-258, 2001.
MINAYO, Maria Cecilia de Souza; HARTZ, Zulmira Maria de Araújo; BUSS, Paulo
Marchiori. Qualidade de Vida e Saúde: um debate necessário. Ciência e Saúde
Coletiva, V. 5, n. 1, p. 7-18, 2000.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saber LER para prevenir DORT. Brasília; Janeiro, 2001.
MORAES, L. F. S. Os princípios das cadeias musculares na avaliação dos
desconfortos corporais em motoristas do transporte coletivo. 2002. 133 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação
em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
SC, 2002.
16
NESSI, A. Massagem Antiestresse. Uma abordagem teórica e prática para o bem-
estar. São Paulo: Phote e Editora, 2003.
PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Questionário
Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Rev. Saúde
Púb; 36(3): p. 307-312, 2002
PRESSI, A. M. S.; CANDOTTI, C. T. Ginástica laboral. São Leopoldo: UNISINOS,
2005. 130 p.
ROSA, G. M. M. V., GABAN, G. A., PINTO, L. D. P. Adaptações morfofuncionais do
músculo estriado esquelético relacionadas à postura e o exercício físico. Fisioterapia
Brasil, ano 3, n.2, março / abril, 2002.
SAMPAIO, Adelar Aparecido. OLIVEIRA, João Ricardo Gabriel de. A ginástica laboral
na promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida no trabalho. – Marechal
Cândido Rondon, v.7, n.13, p.71-79, 2. sem. 2008.
TEIXEIRA, A. C. P.; FONSECA, A. R. da; MAXIMO, I. M. N. da S. Inventário SF36:
avaliação da qualidade de vida dos alunos do Curso de Psicologia do Centro
UNISAL – U.E. de Lorena (SP). Revista de Psicologia da Vetor Editora; Vol. 3, nº
1, p. 16-27, 2002