UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA
NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
MARIA NELCI DOS SANTOS
LUCIANO ROSA ALVES RUFINO DA SILVA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NOS MUNICÍPIOS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS- BAHIA
Salvador, Bahia 2004
MARIA NELCI DOS SANTOS
LUCIANO ROSA ALVES RUFINO DA SILVA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NOS
MUNICÍPIOS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS- BAHIA
Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 1º Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental Municipal, como requisito parcial para obtenção dos títulos de especialistas. Orientadora : Profa. Júlia Maria S. Salomão
Salvador, Bahia 2004
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SUMÁRIO
N° de Págs. 1 INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------05
2 TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL-------------------------------08
2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM NÍVEL MUNDIAL
2.1.1 CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO – 1972
2.1.2 CARTA DE BELGRADO – 1975---------------------------------------------10
2.1.3 CONFERÊNCIA DE TBILISI – 1977
2.1.4 CONGRESSO INTERNACIONAL DE MOSCOU – 1987--------------12
2.1.5 CONFERÊNCIA DE JOMTIEN – 1990-------------------------------------15
2.1.6 CONFERÊNCIA DO RIO – 1992---------------------------------------------16
2.1.7 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
CÚPULA DAS AMÉRICAS, CÚPULA DE BRASÍLIA – 1994 e 1996-------17
2.1.8 CONFERÊNCIA DE TESSALONICA – 1997----------------------------18
2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL--------------------------------------20
2.1.1 CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO - CFE
2.1.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ------------------------------------21
2.1.3 LEI DE DIR. E B. DA EDUCAÇÃO NACIONAL ( LDB) ---------------22
2.1.4 PROGRAMA NAC. DE EDUC. AMBIENTAL – PRONEA ------------23
2.1.5 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCNs-------------24
2.1.6 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL-----------------26
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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL-----------------------------------------28
3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA------29
3.2 A FORMAÇÃO DE PROFESSOR EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL
NO ENSINO FUNDAMENTAL-------------------------------------------------------32
4 DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS
MUNICIPAIS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS------------38
5 PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROF. EM
EDUCAÇÃO AMB. NO ENSINO FUNDAMENTAL----------------------42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES----------------------49
7 REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------52
ANEXO
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ANEXO 1º CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL. ALUNA : MARIA NELCI DOS SANTOS TEMA : EDUCAÇÃO AMBIENTAL PÚBLICO ALVO : PROFESSORES E COORDENADORES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA.
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA MONOGRÁFICA.
1- Como você define a Educação Ambiental ? R - 2- Você já tomou algum curso de educação ambiental? Qual ? R-
3- Qual dificuldade encontrada para ensinar aos alunos sobre Meio Ambiente no Ensino Fundamental?
R – 4 – Como você trabalha a educação ambiental sugerida nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN e na matriz curricular da sua Escola? Por quê? R - 5 – Você se sente capacitado para orientar os alunos sobre o Meio Ambiente? justifique. R - 6- A Secretaria de Educação e a Coordenação de Educação Ambiental dão suporte pedagógico aos professores para a execução de projetos ambientais? Justifique. R - 7- Que sugestão você daria para se trabalhar a Educação Ambiental nas Escolas do Ensino Fundamental do Município? R-
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RESUMO
Este trabalho apresenta a proposta de execução de um curso de formação em
Educação Ambiental no ensino fundamental para capacitar os profissionais dos
Municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis – Bahia, com base nos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs e no Programa Nacional de Educação Ambiental –
PRONEA. Para a obtenção da pesquisa, optou-se pela elaboração de um questionário,
que foi aplicado a todos os funcionários da educação de todas as unidades escolares
dos Municípios acima citado, ponto de partida para a investigação de como está sendo
trabalhado os temas transversais “Meio Ambiente e Saúde ( PCNs) em sala de aula.
Para viabilizar a inserção da Educação Ambiental nas escolas de forma transversal e
interdisciplinar, verifica-se a necessidade de capacitar os professores, os
coordenadores e diretores das escolas e os técnicos das Secretarias de Educação dos
Municípios, munindo-os de conhecimentos sobre a questão ambiental para que possam
efetuar suas atividades como agentes de mudanças e transformação.
O programa do Curso de Formação de Profissionais proposto pauta-se na reflexão
sobre a estrutura curricular, os procedimentos para a construção participativa do
projeto pedagógico e às condições objetivas de trabalho nas unidades escolares,
vinculando-os aos problemas ambientais vivenciados nas comunidades de forma
contextualizada, observando as diferenças socio-culturais e ambientais dos municípios.
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A metodologia baseia-se na teoria construtivista a partir da reflexão, participação e
resolução de problemas ambientais, partindo do pressuposto de uma prática social na
vertente educativa de: mobilização e sensibilização da comunidade escolar; planejando
em conjunto às ações; executando e implementando o curso com vídeo, textos,aulas
perceptivas, pesquisas e visitas, etc; avaliando as práticas vivenciadas com realizações
de trabalhos com a comunidade, bem como a sua divulgação pelos meios de
comunicações.
Ressalta-se que os estímulos para a formulação de novos valores sociais e culturais
são eficazes, para garantir a autonomia individual e coletiva dos alunos com o objetivo
de intensificar a inclusão da Educação Ambiental nas unidades escolares e nas
comunidades dos Municípios.
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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a literatura sobre educação e meio ambiente teve um crescimento
considerável com inúmeras publicações referentes ao tema, possibilitando assim uma
difusão maior de idéias, propostas e alternativas pedagógicas e contribuindo para a
consolidação da mudança na qualidade da educação ambiental brasileira.
Atualmente é bastante comum encontrar propostas e práticas extremamente criativas,
desafiadoras e pertinentes. A questão então passa a ser: como os profissionais da área
de educação concebem essas novas propostas e práticas educacionais?
Trabalhar as questões ambientais na escola, de forma transversal e interdisciplinar é
uma proposta interessante quando acompanhada de preceitos éticos, sociais, culturais
e ambientais voltados para o estudo e soluções de problemas vivenciados pela
comunidade e na busca de uma reflexão sócio-ambiental pela sociedade participativa.
As experiências dos últimos vinte anos colocam os obstáculos institucionais e os
interesses disciplinares que dificultam o avanço na formação ambiental. As resistências
teóricas e pedagógicas fizeram com que muitos programas que surgiram com a
pretensão interdisciplinar fracassassem perante a dificuldade de se integrar aos
paradigmas atuais de conhecimento. Essa realidade ainda predomina no que se refere
ao processo de formação dos professores devido à falta de orientação para o
desenvolvimento do trabalho com essas novas reconceitualizações.
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A Educação Ambiental requer a construção de novos objetos interdisciplinares de
estudo através da problematização dos paradigmas dominantes, da formação dos
docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas
curriculares.
O ensino interdisciplinar no campo ambiental implica na construção de novos saberes,
técnicas e conhecimentos e a sua incorporação como conteúdo integrado no processo
de formação. Ele requer um processo de autoformação e a formação coletiva da equipe
de professores, quanto à troca sobre diversas temáticas ambientais, de elaboração de
estratégias docentes e definição de novas estruturas curriculares.
Pode-se notar que os programas de formação ambiental não tiveram o êxito desejado,
o que se traduz em poucos profissionais capacitados a elaborar e executar políticas
educacionais ambientais eficazes. Ainda que se tenha dado mais ênfase ao
desenvolvimento do saber ambiental em várias temáticas das ciências naturais e
sociais, estes conhecimentos não se incorporaram plenamente aos conteúdos
curriculares dos novos programas educativo e muito menos à prática dos docentes.
Aos projetos de Educação Ambiental faltou o investimento necessário à formação da
massa crítica de professores, tanto em número como em qualidade, assim como uma
vigilância epistemológica na condução desses programas.
O presente estudo visa apresentar uma proposta de formação apropriada dos docentes,
coordenadores e técnicos lotados nas Secretarias Municipais de Educação nos
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municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis do Estado da Bahia, a partir de cursos
de educação ambiental, tendo como eixo o processo de construção e reconstrução de
conhecimentos e valores, reflexão de suas experiências pedagógicas anteriores e da
análise de seus valores éticos, sociais e ambientais.
Os PCNs são um instrumento básico, mais não suficiente para produzir as
transformações tão urgentes na educação fundamental. Considerar a educação
ambiental como eixo do conjunto dos temas transversais facilita sua inserção no
currículo escolar e atinge os objetivos propostos desde que o professor seja capacitado
adequadamente.
No intuito de conhecer o estágio de formação dos profissionais de educação do ensino
fundamental nos municípios acima referidos realizou-se um Diagnóstico da Educação
Ambiental nas unidades escolares. Questionados sobre a importância da Educação
Ambiental, a maioria dos profissionais da educação define como um tema de suma
importância para a sensibilização e conscientização da sociedade em relação ao meio
em que se vive, resgatando valores, procedimentos, cuidados, atitudes, habilidades e
competências voltadas para a preservação e conservação do meio ambiente.
Assim, esta monografia apresenta uma proposta de curso de formação que, além dos
conhecimentos teóricos a serem ministrados, das discussões dos conceitos complexos
que compõem o arsenal teórico da educação ambiental e dos debates éticos, o próprio
curso possa oportunizar a assimilação prática de metodologias participativas que
posteriormente poderão ser utilizadas nas escolas e na comunidade.
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2. A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
2. 1 A Educação Ambiental em Nível Mundial
A Educação Ambiental surgiu de muitos debates, oficinas, seminário, conferências e
documentos elaborados por organismos governamentais e não governamentais,
preocupados com a destruição dos recursos naturais renováveis e não renováveis da
natureza. Essa preocupação foi extensiva ao ser humano, devido a sua condição de
sobrevivência, por falta de sensibilização, informação e oportunidade de trabalho digno
e moradia.
Portanto, nasceu da tomada de consciência em nível mundial que, às atividades
praticadas na utilização dos recursos ambientais desencadeava uma série de
conseqüências desastrosas, colocando em perigo a sobrevivência da humanidade.
2.1.1 ESTOCOLMO-1972
Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972),
a Educação Ambiental passa a ser vista como uma área de ação pedagógica, atraindo
a atenção internacional. No seu princípio 19 ressalta: “É indispensável um trabalho de
educação em questões ambientais dirigido tanto às gerações jovens como aos
adultos, e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiada”.
(MMA, 2001, p.19).
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É primordial a difusão dessas informações de caráter educativo, na proteção e
melhoria do meio ambiente, para que o homem possa evoluir-se em todos os seus
aspectos.
Em 1974, a Comissão Nacional Finlandesa para a Unesco realiza um Seminário em
Tammi, onde os acordos são reunidos nos “Princípios de Educação Ambiental”.
Neste Seminário concluiu-se que a Educação Ambiental é a porta de entrada para se
alcançar os objetivos de proteção do meio ambiente, sem ser considerada um ramo da
ciência ou matéria, mas um marco de uma educação integrada e participativa.
As entidades públicas nacionais e internacionais (UNESCO) demonstraram suas
preocupações e, em 1975, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), criou o Programa Internacional de Educação Ambiental
(PIEA) com o objetivo de promover, a reflexão, a ação e a cooperação internacional.
O PIEA encontra-se hoje desativado. Mas foi um programa, que se destacou na
orientação de docentes durante vários anos, buscando alternativas específicas para a
educação ambiental, especialmente na área das Ciências Naturais (física, química e
biologia).
Observa-se que o programa prioriza o enfoque pedagógico tecnicista, e isso impede o
avanço em relação à integração dos aspectos sociais nas questões ambientais e o
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desenvolvimento de ações pedagógicas que permita entender a verdadeira
complexidade didática do trabalho em educação ambiental.
2.1.2 - CARTA DE BELGRADO - 1975
O Seminário Internacional de Educação Ambiental (1975), foi resultado de vários
seminários e oficinas em diversos países, que deu origem a Carta de Belgrado, neste
mesmo ano. A carta parte do pressuposto, que o desenvolvimento da educação
ambiental é um dos recursos vitais para um ataque geral à crise do meio ambiente
mundial, repousando sobre uma base em estreita harmonia com os princípios
fundamentais das Nações Unidas sobre a Nova Ordem Econômica Internacional.
Esse documento recomendou a necessidade de uma nova visão global, capaz de
promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição e da
exploração humana, buscando a reflexão de que sociedade e natureza formam o
ambiente. O seminário aponta questões relevantes para a construção do marco
histórico da Educação Ambiental.
2.1.3 CONFERÊNCIA DE TBILISI - 1977
A Conferência de Tbilisi (UNESCO 1977), realizada em Tbilisi, na Geórgia, ex-União
Soviética, foi a primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental.
Os pontos fundamentais discutidos na conferência foram os seguintes: pressupostos
da educação para contribuir na resolução dos problemas ambientais; principais
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problemas ambientais da sociedade contemporânea; atividades implementadas em
nível nacional e internacional com vistas ao desenvolvimento da Educação Ambiental;
estratégia de implementação da mesma em nível nacional; cooperação regional e
internacional de promover a educação Ambiental; necessidades e modalidades para a
implementação das ações.
A Conferência foi o marco histórico da Educação Ambiental, compreendendo o meio
ambiente não só como meio físico, mas, também como social e cultural, relacionando
os problemas ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.
O documento aprovado nesse congresso enfatiza que a Educação Ambiental deve:
“preparar o indivíduo mediante a compreensão dos principais problemas do mundo
contemporâneo, possibilitando-lhe conhecimentos técnicos e as qualidades
necessárias para desempenhar uma função produtiva com vistas a melhorar a vida e
proteger o meio ambiente considerando os valores éticos”. (MMA,2001,p.26).
A Conferência de Tbilisi convoca os Estados-Membros a incluírem em suas políticas
de educação, os conteúdos, as orientações e atividades ambientais baseadas nos
objetivos e características definidos para a Educação Ambiental. E, estimula a
promoção de intercâmbio de experiências, investigação, documentação e materiais,
colocando os serviços de formação a disposição do pessoal docente e dos
especialistas de outros países.
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As diretrizes postuladas em Tbilisi, adotam perspectivas interdisciplinares, convocando
a participação dos educando na organização de suas atividades e experiências na
tomada de decisões, com base em quatro grandes pressupostos: Totalidade do
ambiente, processo contínuo e permanente, interdisciplinaridade e participação. A
Educação Ambiental é instrumento de suma importância para a inter-relação da
natureza com o homem .
2.1.4 CONGRESSO INTERNACIONAL DE MOSCOU - 1987
Outro acontecimento importante na definição do marco da Educação Ambiental é o
documento “Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação e Formação
Ambiental para o Decênio de 90”, aprovado no Congresso Internacional sobre
Educação e Formação relativas ao meio ambiente, realizado em Moscou, l987,
promovido pela UNESCO e o PNUMA no marco do PIEA há 10 de Tbilisi.
Esse documento reforça a importância do fortalecimento das orientações
apresentadas pela Conferência de Tbilisi, ajustando-as às novas problemáticas,
mediante o estímulo da investigação e a aplicação de modelos eficazes de educação,
formação e informação em matéria de meio ambiente; consciência generalizada das
causas e efeitos dos problemas ambientais; da formação em diferentes níveis, dos
recursos humanos necessários para uma gestão racional do meio ambiente, com a
perspectiva de um desenvolvimento sustentável em níveis comunitários, nacionais,
regional e internacional.
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São nove seções abordadas no documento, cada uma com um aspecto importante da
educação e da formação ambiental: “1- acesso à informação; 2- investigação e
experimentação; 3- programas educacionais e materiais didáticos; 4- formação de
pessoal; 5- ensino técnico e profissionalizante; 6- educação e informação do público;
7- ensino universitário; 8- formação de especialista; 9- cooperação internacional e
regional.” (MMA,2001,p.32).
A Conferência de Moscou estabeleceu as seguintes prioridades de ação, com o
objetivo de promover a Educação Ambiental por meio do currículo escolar e materiais
didáticos:
1- Intercambio de informações sobre desenvolvimento do
currículo – fator essencial para concentrar e racionalizar as
atividades encaminhadas para generalizar a Educação Ambiental
em escala mundial;
2- Elaboração de um modelo curricular dinâmico e adequada
às transformações;
3- Intensificar a inclusão da educação Ambiental nos
diversos graus e categorias de ensino;
4- Capacitação de docentes;
5- Desenvolvimento de novos recursos didáticos – para
organizar os conhecimentos necessários de maneira que sejam
mais representativos nas questões ambientais;
6- Promoção da avaliação formativa dos currículos existentes
e de suas modificações;
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7- Produzir um inventário crítico de enfoque, métodos e
instrumentos de avaliação aplicados aos diferentes contextos,
prever os instrumentos de avaliação na aplicação de todos os
currículos e na utilização de material didático “. (MMA, 2001,
p.33)”.
Objetivando a promoção de capacitação de docentes em serviços, e os docentes em
processo de formação encarregados da Educação Ambiental Formal (Escolar) e não
formal (extra-escolar) foram recomendadas às ações de promoção de capacitação
para docentes em processo de formação visando à integração da dimensão ambiental
na formação inicial; bem como, a capacitação para docentes em serviço, como
prioridade para responder às necessidades imediatas da Educação Ambiental.
Todas essas posições vêm sendo difundidas numa proposta consensual de inclusão
de diferentes espaços no currículo, para localizar formas de articulação metodológica
que permita a convergência dos diversos aportes disciplinares, concretizando o
conceito da transversalidade nas reformas educativas.
Entretanto, tem dado a idéia de que não é suficiente incorporar as variáveis ambientais
como unidade de aprendizagem, área de conhecimento, ou disciplina nos planos e
programas escolares, pois isso impede a possibilidade de um tratamento mais integral
dos conteúdos.
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2.1.5 CONFERÊNCIA DE JOMTIEN, 1990
“Educação para Todos”, foi o tema da Conferência realizada em março de 1990, em
Jomtien, na Tailândia. Neste evento participaram governos, agências internacionais,
organismos não governamentais, associações profissionais e personalidades de
destaque no âmbito educacional, proveniente de todo o mundo.Os governos presentes
assinaram uma Declaração Mundial e um Marco de Ação comprometendo-se a
assegurar uma educação básica de qualidade a crianças, jovens e adultos.
Os organismos patrocinadores desse evento foram : UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância), PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) e Banco Mundial.
A Conferência “Educação para Todos” trabalha com conceitos-chave e potencialmente
transformadores de uma visão ampliada de educação básica, que é o reconhecimento
de que esta se realiza ao longo da vida, em múltiplos ambientes de aprendizagem,
através de diversos meios.Assim, reafirmou a centralidade do sistema escolar como o
sistema mais importante e a prioridade no ensino primário como a ponta de lança de
educação básica, enfatizando o papel insubstituível e complementar dos outros
sistemas educativos (família, comunidade, meios de comunicação), etc.
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2.1.6 CONFERÊNCIA RIO-92
Após, 20 anos da Conferência de Estocolmo (1972), acontece a Conferência
Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro,
Brasil (1992), discutindo temas ambientais fundamentais em nível global.
A AGENDA 21 surge como resultado da Conferência, propondo ser o texto-chave para
guiar governos e sociedades nas próximas décadas rumo ao estabelecimento de um
novo modelo de desenvolvimento. Esse documento possui a forma de um guia,
sugerindo ações, atores, metodologias para a obtenção de consensos, mecanismos
institucionais para a implementação e monitoramento de programas.
A Agenda 21 segue os pressupostos da Declaração da Conferência de Tbilisi, para a
Educação Ambiental, dando ênfase no desenvolvimento de valores na relação dos
homens com o meio ambiente, defendendo a necessidade de um conhecimento
integrado da realidade com procedimentos baseados na investigação dos problemas
ambientais, utilizando estratégias interdisciplinares.
Em várias partes do documento, a educação aparece como capacitação individual e
de grupos sociais, ressaltando a necessidade de ampliar os horizontes culturais e as
oportunidades para os jovens. Ela se manifesta também como construção de uma
nova sensibilidade e visão de mundo, que se deve ampliar a todos os segmentos da
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sociedade. Quanto à capacitação e formação do indivíduo, a Agenda 21 propõe um
amplo programa de desenvolvimento de recursos humanos.
Nesse sentido, a escola é uma agência social privilegiada na promoção dos novos
valores. O papel dos educadores e da educação ambiental em particular é, em
primeiro lugar, o de clarificar o conceito de sustentabilidade, que não é um conceito
óbvio, e constituir junto aos pais, alunos, professores e comunidade alternativa viáveis
de transformação.
Paralelamente a Rio-92, as ONGs realizam o Fórum Global, que permite a
participação da sociedade civil. Na área da Educação Ambiental, as diversas
organizações elaboraram e aprovaram o “Tratado de Educação Ambiental para
sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, que orienta as ações da
sociedade civil organizada.
2.1.7 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CÚPULA
DAS AMÉRICAS, CÚPULA DE BRASÍLIA – 1994 E 1996.
O vínculo entre a educação e o desenvolvimento sustentável foi considerado elemento
fundamental pela Primeira Cúpula das Américas, que teve lugar em Miami, EUA, em
1994 e em particular pela Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em
Santa Cruz de la Sierra, Bolívia em 1996. Os países chegaram ao consenso da
necessidade de trabalhar em estreita colaboração, dando ênfase aos aspectos-chave
da educação Ambiental para o desenvolvimento Sustentável.
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Uma educação para o desenvolvimento sustentável deve contribuir para formar todos
os seres humanos com valores éticos que nos permitem respeitar e apreciar, em toda
a sua dimensão, as múltiplas diversidades e construir, através do diálogo e do respeito
mútuo, uma relação de convivência mais harmoniosa entre os países, entre os
diferentes setores e atores sociais no interior de cada país, e entre os seres humanos
de e o ambiente do qual fazemos parte.
2.1.8 CONFERENCIA INTERNACIONAL DE TESSALONICA, 1997.
A Conferência Internacional sobre Ambiente e sociedade: educação e Conscientização
Pública para a Sustentabilidade, foi organizada pela Unesco e pelo governo da Grécia,
realizada em dezembro de 1997.
Em Tessalonica é reafirmadas a importância da Educação Ambiental e a
conscientização pública, para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, e
se declara que “devem ser consideradas os pilares da sustentabilidade, juntamente
com a legislação, economia e tecnologia”.
Elege a importância da educação ambiental em suas diferentes modalidades, visando
a necessidade de orientar a educação para os valores da sustentabilidade em todos os
níveis de ensino, assumindo que a sustentabilidade é, em última análise, um
imperativo moral e ético, que compreende o meio ambiente, a pobreza,
população,saúde,segurança alimentar, democracia,direitos humanos e paz.
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Voltar-se para a sustentabilidade requer uma abordagem holística, interdisciplinar e
transversal que opere junto com as diferentes disciplinas e instituições, mas ao mesmo
tempo, lhes permita conservar sua identidade
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2.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
2.2.1 CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO - CFE 10/86
Logo após a década de 70, quando as discussões sobre o meio ambiente passaram a
ser a preocupação geral, após a conferência de Tibilisi, o Conselho Federal de
Educação (CFE), através do Parecer nº 226/87 e a Portaria nº 678/91 começou a
receber uma série de demandas e conseqüentemente a elaborar pareceres e
indicações referentes à inclusão da Educação Ambiental nos currículos das escolas de
educação básica e das instituições de ensino superior.
O documento marco do CFE, de autoria do conselheiro Arnaldo Niskier, que considera
necessária a inclusão da Educação Ambiental nos currículos da educação básica dos
Sistemas de Ensino dentre outros aspectos recomenda:
a) A formação de uma equipe interdisciplinar e de um Centro Ambiental em cada
Unidade da Federação;
b) A integração escola-comunidade, como estratégia para a aprendizagem voltada para
a realidade próxima;
c) A elaboração de diagnósticos locais para a definição da abordagem relativa às
práticas ambientais; e
d) A incorporação de temas compatíveis com o desenvolvimento social e cognitivo da
clientela e com as necessidades do meio ambiente, considerando-se currículo como
um processo que se expressa em atividades e experiências dentro e fora da escola.
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Este documento inclui a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, bem como
incorpora em seus currículos, não mais a inserção dos temas ecológicos, mas amplia
esta abrangência para tratar dos temas ambientais, inserindo a conceituação da
Educação Ambiental, devendo ser esta tratada de modo interdisciplinar, ressaltando
ainda a necessidade de criação de equipes interdisciplinares e centros ambientais nos
Estados, conforme proposta na conferencia de Tibilisi.
2.2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988
A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, destaca no seu capitulo VI – do Meio
Ambiente – Art. 225: “Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações”.
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder publico, paralelamente,
no capítulo III, da Educação, da Cultura e do Desporto, seção I da Educação, no Art.
214 diz: “A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração Plurianual,
visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à
integração das ações do poder público, que conduzam à”:
I- erradicação do analfabetismo;
II- universalização do atendimento escolar;
III- melhoria da qualidade de ensino;
IV- formação para o trabalho;
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V- promoção humanística, científica e tecnológica do país.”
Dessa forma, o princípio fundamental estabelecido para o desenvolvimento de uma
política ambiental – Educação Ambiental em todos os níveis – é compatível com os
fins, objetivos e organização do sistema educativo, expresso na Carta Magna.
A inserção de um capítulo, que trata especificamente das questões ambientais, na
Constituição Federal é reflexo, já neste tempo, de uma série de compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil, em decorrência dos problemas ambientais
emergentes e das pressões populares, que se iniciam a partir da década de 70, com a
organização da sociedade civil brasileira.
2.2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) -
LEI 9394/96
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em 20 de dezembro de 1996,
traz inovações na amplitude dos processos educativos, tratando não apenas da
aquisição de conhecimentos, mas dos processos formativos do cidadão. Desta forma,
a LDB, ao introduzir estes novos elementos, abre espaço para um processo de
formação mais participativo, levando em consideração as inter-relações decorrentes
dos processos sociais e culturais.
Art. 1º “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.
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Art. 2º “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o desenvolvimento da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.(LDB,1996,p.17)
Os valores sociais de solidariedade e tolerância, condições indispensáveis para os
plenos exercícios da cidadania, somados aos valores expressos pela sociedade, como
as sua manifestações culturais, a sua religiosidade, são elementos que estão
embutidos nos processos formativos dos educandos, sendo esse processo parte da
realidade de cada um, assim como preconiza a educação ambiental.
2.2.4 O PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PRONEA
Anteriormente à aprovação da Lei 9795/99 e sentindo a necessidade de um
instrumento legal que respaldasse as associações da Educação Ambiental no Brasil e,
sobretudo, no âmbito governamental, foi proposto pelo Ministério da Educação e do
Desporto e pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia
Legal, com parceria dos Ministérios da Cultura e de Ciência e tecnologia, o Programa
Nacional de Educação Ambiental – PRONEA.
Este programa foi aprovado pelo Presidente da República em 22/12/94, a partir da
exposição de Motivos Interministerial. Embora se sinta a necessidade de reformar este
programa, ele continua valendo, e deve ser adequado à Lei 9795/99.
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Em 1996, foi estabelecido um Protocolo de Intenções entre o Ministério do Meio
Ambiente e o Ministério da Educação, cuja finalidade era, há esse tempo, firmar uma
cooperação técnica e institucional na área do Meio Ambiente. Em 1999, os ministros
do Meio Ambiente e da Educação, assinaram um termo aditivo ao convênio da
cooperação técnica.
Os princípios que inspiram o Programa de Educação Ambiental estão baseados no
fato da Educação Ambiental ser um dever constitucional do Poder Público, ela constitui
tarefa a integrar os esforços da União, dos Estados e dos Municípios.
2.2.5 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – MEIO AMBIENTE
O Ministério da Educação e do Desporto, em 1997, formulou os Parâmetros
Curriculares Nacionais referentes às quatro primeiras séries da educação fundamental,
objetivando apontar metas de qualidade que pudessem ajudar o aluno a enfrentar o
mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus
direitos e deveres. O volume refere-se ao tema Meio Ambiente e Saúde.
A secretaria de Educação Fundamental do MEC recomenda no tema Meio Ambiente
que na seleção de conteúdos presentes no documento, os educadores deverão
considerar sua natureza interligada às outras áreas do currículo e a necessidade de
serem tratadas de modo integrado, não só entre si, mas entre eles e o contexto
histórico e social em que as escolas estão inseridas; considerando que a perspectiva
ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações
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e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida.
Em termos de Educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de
um trabalho vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da
co-responsabilidade, da solidariedade e da equidade.
A opção pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de
conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um
trabalho adequado junto aos alunos. Esse trabalho deve ser desenvolvido a fim de
ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio
para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes a sua proteção
e melhoria. Para isso é importante atribuir significado àquilo que aprendem sobre a
questão ambiental.
Segundo SALOMÃO, (2001) o MEC recomenda aos educadores que na elaboração e
execução de um projeto educativo, o tema meio ambiente deve trazer uma visão
ampla que envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas também os
elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos.
A inserção da Educação Ambiental no ensino fundamental tem o objetivo de auxiliar o
educando a enfrentar desafios da vida de forma participativa, consciente de seu papel
na sociedade, refletindo sobre suas ações, direitos e deveres.
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2.2.6 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL LEI Nº 9795/99
Esta Lei tem o objetivo de promover educação Ambiental de forma participativa,
democrática e descentralizada, unindo as parcerias entre governo e sociedade civil
organizada para um relacionamento mais estreito e comprometido com o Meio
Ambiente.
A Lei nº 9795/99 em seu artigo 2º recomenda “a Educação Ambiental é um
componente permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal
e não formal”.
Com esta Lei o Ministério do Meio Ambiente desenvolveu métodos de incentivo à
criação de diversos órgãos e entidades, possibilitando a disponibilização de recursos
financeiros para a formação de Pólos Estaduais buscando construir canais para a
efetiva implantação desta política ambiental em todo o País.
As Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental – CIEAs , surgem
com o Decreto nº 4.281, de 25 de junho, que regulamenta a Lei nº 9.795, que define a
criação do Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA – Política Nacional de
Educação Ambiental. As Comissões são órgãos compostos por representantes de
instituições governamentais e não-governamentais, estaduais e municipais ,do setor
ambiental, educacional, empresarial e dos trabalhadores, com o objetivo de fortalecer
e democratizar as ações e atividades da Educação Ambiental. É uma entidade de
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coordenação das atividades de Educação Ambiental, no Estado, com poder
deliberativo para propor ações ao governo e aos seus componentes.
Elas se pautam pela PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental e pelo ProNEA
– Programa Nacional de Educação Ambiental para construir em seu estado um
Programa e uma Política de Educação Ambiental, de forma participativa, democrática
e descentralizada, envolvendo os parceiros do governo e da sociedade civil
organizada, relacionados à Educação Ambiental.
Uma das prioridades do Órgão Gestor Nacional de Educação Ambiental em 2004 é a
efetivação das CIEAs em todas as unidades da federação, potencializando as ações
daquelas que estão atuantes, e estimulando a criação ou o efetivo funcionamento das
demais, como espaço democrático e qualificado para a definição e implementação das
responsabilidades que caminha no sentido de sua integração com as Redes
Regionais, estaduais e Temáticas de Educação Ambiental.
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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL
A Educação Ambiental Formal é o conhecimento humano sistematizado, para
compreensão do processo permanente e participativo da sociedade na gestão
ambiental, visando a necessidade da conservação dos recursos naturais, por meio da
sensibilização social. Esse processo educativo integral visa , entre outras coisas, a
formação dos indivíduos, objetivando a qualidade de vida através do uso racional e
planejado do meio ambiente.
Como relata SALOMÃO (2001), apud SEARA (1992), a “especificidade da Educação
Ambiental em relação a outras formas de educação consiste no fato de que ela tem as
seguintes características: um enfoque voltado para a solução dos problemas; um
enfoque educativo interdisciplinar; uma integração da educação com a comunidade; e
uma educação permanente voltada para o futuro”.
A Educação Ambiental, no contexto escolar considerando a importância da temática
ambiental e a visão integrada de mundo, tanto no tempo como no espaço, se propõe
a oferecer suporte para que cada aluno entenda os fatos naturais e humanos,
desenvolvendo suas potencialidades, adotando posturas pessoais e comportamentos
sociais que lhe permitam conviver numa relação construtiva, colaborando para que a
sociedade seja ambientalmente sustentável e justa, de forma a proteger, conservar,
preservar e garantir a sua biodiversidade.
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A Educação Ambiental Formal tem diversas abordagens no aspecto teórico-prático da
educação, observando as metodologias e teorias pedagógicas, consideradas como
explicações históricas do fazer educacional na educação formal, tendo a relação ser
humano- natureza, sociedade e cultura como concepção do conhecimento e a
educação como eixo para o seu desenvolvimento social.
3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA
É necessário esclarecer que a Educação Ambiental é considerada uma abordagem da
educação formal com características específicas, não como teoria pedagógica, mas
uma abordagem onde a “pedagogia ambiental” está sendo construída, existindo em
algumas propostas de autores, como Maria Novo (1989). Essa abordagem se baseia
na Vertente ecológico-preservacionista e na vertente sócio ambiental.
Na Vertente Ecológico-preservacionista - refere-se às questões naturais,
esquecendo da importância das inter-relações dinâmicas que ao longo da história se
tem estabelecido entre sociedade e a natureza.
Não há uma concepção de currículo específica. São acrescidas atividades de
sensibilização quanto aos problemas ambientais e à preservação da natureza,
organizada em torno da Biologia e da Ecologia. Seu objetivo é a formação individual
nos aspectos éticos e estéticos para uma convivência harmônica com a natureza.
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Na Vertente Sócio Ambiental - Reintegra o homem e a natureza, dando ênfase nas
inter-relações dinâmicas, na transformação entre sociedade humana e os
ecossistemas, bem como, o conceito de desenvolvimento sustentável como eixo
central para a qualidade de vida, acrescendo os indicadores de desenvolvimento
humano.
A Educação Ambiental, na vertente sócio ambiental, não tem um currículo definido
previamente e integra-se nas diversas disciplinas escolares e no projeto político
pedagógico da unidade escolar. O princípio fundamental é favorecer uma educação
integral e integradora, atingindo as necessidades cognitivas, afetivas e de geração de
competências para uma atividade responsável e ética do indivíduo como agente social
comprometido com a melhor condição de sobrevivência humana.
Envolver a comunidade escolar, e ela ser capaz de olhar e agir perspectivamente para
a construção de um futuro, mais equilibrado em relação ao uso dos recursos naturais,
e justo, quanto às relações entre os seres humanos, eliminando as condições de
exploração e pobreza, será um passo importante para a Educação Ambiental no
contexto social.
A introdução da Educação Ambiental no currículo escolar desencadeia processos de
sensibilização em relação à questão ambiental, por meio de atividades planejadas que
permita a reflexão no educando de forma progressiva.
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O Ministério da Educação e do Desporto, criou os Parâmetros Curriculares Nacionais-
PCN, com o propósito de apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar
o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus
direitos e deveres, preocupados com o meio ambiente, com a saúde, com a
sexualidade e com as questões éticas relativas à igualdade social, à dignidade do ser
humano e à solidariedade.
A Constituição Federal dedica o capítulo VI ao Meio Ambiente, colocando novos
desafios políticos e organizacionais à Gestão Pública, obrigando Estados e Municípios
a promover a conscientização, assegurar a efetividade da educação ambiental em
todos os níveis de ensino, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras
gerações.
A Constituição Estadual da Bahia no seu artigo 214, determina aos Municípios através
de seus órgãos administrativos a promoção da conscientização para proteção do meio
ambiente, estabelecendo programa em todos os níveis de ensino e meios de
comunicação de massa, garantindo acesso às informações para a comunidade.
O Decreto Estadual nº 3845/90 – Programa Estadual de Educação Ambiental da Bahia
destina-se a preparar o desenvolvimento socioeconômico através da capacitação de
professores, a compatibilização dos objetivos econômicos e sociais, a disseminação
de conhecimentos da questão ambiental e a articulação com a comunidade
estimulando a sua participação no processo educativo.
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Fazendo uma breve reflexão, observamos que a Educação Ambiental ainda é algo
muito novo no setor educativo, apesar de ter leis que obrigue a sua execução nas
modalidades e níveis de ensino, falta comprometimento das autoridades e dos atores
sociais que dela participam, para disseminar uma Educação Ambiental participativa,
efetiva capaz de envolver toda a sociedade.
Para executar a Educação Ambiental nas escolas, além dos instrumentos legais
propostos o município precisa ter uma proposta curricular, implantar a Agenda 21
local, elaborar um Projeto Político Pedagógico Escolar contemplando os temas
transversais de Meio Ambiente.
3.2 EDUCAÇÃO FORMAL: FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ENSINO
FUNDAMENTAL
A Educação Ambiental tem diversas abordagens pedagógicas relatadas ao longo de
sua história, criando um campo de conhecimento com enfoque no fazer educacional,
que visa a cada dia a metodologia participativa da sociedade e comunidade escolar,
na resolução dos problemas ambientais, bem como, da compreensão dos seus
conceitos e desempenho das atividades para o desenvolvimento da qualidade de vida.
“Educação Ambiental como processo que consiste em propiciar as pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permita adotar uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. A Educação Ambiental visa a construção de relações sociais,
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econômica e cultural capaz de respeitar e incorporar as diferenças (minorias étnicas, populares tradicionais), a perspectiva da mulher, e a liberdade para decidir caminhos alternativos de desenvolvimento sustentável respeitando os limites dos ecossistemas, substrato da nossa própria possibilidade de sobrevivência como espécie”. (MEDINA,1998)
Diante desta perspectiva entendemos que há uma necessidade urgente de capacitar
os professores do Ensino Fundamental, pois, quanto mais cedo se inicia esta etapa de
educação ambiental, mais rápido teremos pessoas conscientes do seu papel na
sociedade, facilitando o trabalho de integração da comunidade com a escola na defesa
e na solução dos problemas ambientais.
A incorporação da Educação Ambiental ao currículo escolar de forma transversal ou por meio de projetos pedagógicos abertos, de modo a atingir a comunidade, com a finalidade de um maior conhecimento da realidade sócio ambiental dos alunos, perseguindo a intervenção e participação na solução de problemas locais e suas múltiplas interações e determinações a nível regional, nacional e global, exige muito do trabalho conjunto coletivo escolar, a fim de integrar esta visão no projeto pedagógico da Unidade Escolar. (MMA.2001, p. 87).
Execução de um Projeto envolvendo a comunidade
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O Professor é o principal ator das mudanças educativas, que é necessário mudar as
práticas de elaboração do currículo escolar, dando uma nova roupagem as
modalidades de atividades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs
em relação aos temas transversais.
Conta-se, portanto com as condições básicas legais para aprofundar os processos de
formação em Educação Ambiental, sendo que a Lei nº 9.795/99, destaca em seu
Capítulo II, seção I, a importância e a necessidade da capacitação de recursos
humanos na área, o desenvolvimento da investigação e experimentação, a produção e
divulgação de material didático, desenvolvimento de metodologias para a incorporação
interdisciplinar da educação Ambiental, nos diferentes níveis e modalidades de ensino.
Capacitar os professores do Ensino Fundamental implica fundamentalmente em fazer
com que eles vivam no curso de formação ambiental uma experiência, dando-lhes os
instrumentos necessários para ser o agente de sua própria formação.
A sociedade atual nos demanda uma formação permanente e uma atualização
profissional que alcança quase todos os âmbitos produtivos, como conseqüência, em
boa medida, de um mercado de trabalho complexo e exigente, junto a um acelerado
ritmo de transformações tecnológicas que nos desafia a encontrar novos caminhos
para a Educação Ambiental.
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Formar os educadores para trabalhar Educação Ambiental de forma transversal é um
desafio que abre espaço para a criatividade e a inovação, pois possibilita o fazer
pedagógico de forma integrada nos temas de relevância social.
O conceito de transversalidade é expresso nos PCN do meio ambiente como “Os
conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo através do que se chama
transversalidade, isto é, serão tratados nas áreas de conhecimento de modo a
impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e
abrangente da questão ambiental”.(MMA, 2001, p. 80)
A Educação Ambiental como tema transversal dentro de uma concepção de
construção interdisciplinar do conhecimento, visa a consolidação da cidadania com
conteúdos vinculados aos interesses da comunidade e a realidade social
contextualizada.
Os valores propostos nos diferentes temas transversais dos PCNs se sustentam com
base nos grandes valores da sociedade, e para a sua execução concreta na escola, os
professores necessitam de transformações nas próprias relações entre alunos,
educadores e todo o pessoal da Unidade escolar, buscando a integração entre escola
e comunidade e “A sociedade se depara com estruturas e procedimentos pouco
flexíveis para inaugurar novos processos de desenvolvimento na pessoa humana,
visando à (trans) formação de sujeito e cidadão consciente, capaz de se relacionar de
forma descentralizada , de exercer a democracia e implementar uma gestão
compartilhada” (LOUREIRO,2003,p 75).
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Consideramos que, para cumprir com os objetivos propostos para a educação
Ambiental, o percurso será longo, complexo e difícil, que serão necessários
investimentos importantes na capacitação e orientação dos professores, mas ao
mesmo tempo, reconhecemos que necessitamos estar à altura dos desafios que o
novo milênio nos coloca, para juntos construirmos os novos rumos da Educação
Ambiental na Educação Formal.
Os processos de aprendizagem são contínuos e interativos. Não é possível, hoje, fecha-los em níveis concretos ou em conteúdos específicos.Não é suficiente o conhecimento da área ou disciplina que se pretende ensinar, necessita-se também de uma visão global do processo educacional, uma compreensão dos diversos elementos e mecanismos que intervêm no currículo.Área e disciplina adquirem sentido enquanto são os meios para a consecução de objetivos gerais e para o desenvolvimento de uma série de capacidades, em contradição com a tendência a considerar somente seus conteúdos disciplinares.(MEDINA, 1999, p. 14)
O MEC nos anos de 1996 a 1998, realizou cursos de capacitação para técnicos das
secretarias de educação e professores dos estados, com a finalidade de orientar como
aplicar os novos Parâmetros Curriculares Nacionais.Esses cursos foram interrompidos,
pois os estados não tiveram interesse em dar continuidade ao processo.
Os professores por mais que queiram aplicar as diretrizes dos PCNs, não conseguem
porque sentem dificuldade em inter-relacionar a teoria com a prática, não possuindo
conhecimento e habilidade para o campo ambiental.
MEDINA (1999) ressalta para colocar em prática uma proposta pedagógica
emacipatória no espaço de gestão do meio ambiente, o educador além do seu
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compromisso com a causa ambiental e com a educação, deve ser detentor de
conhecimentos e habilidades...
Por isso torna-se necessário capacitar os profissionais da educação do Ensino
Fundamental de forma continuada e progressiva, apoiando as iniciativas e
experiências dos professores e comunidade que venham contribuir com a efetiva
incorporação da Educação Ambiental à educação formal incentivando a criatividade, a
participação na procura e solução dos problemas ambientais, o envolvimento
comunitário e a participação ativa e democrática da sociedade.
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4 DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS MUNICIPAIS
DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS – BAHIA
O município de Santa Cruz da Vitória possui um clima quente e úmido, com
temperatura de 23,8° C (graus centígrados) e localiza-se no Micro-região de Itabuna,
Meso-região do Sul Baiano, distante da capital da Bahia 728 Km. Limita-se ao Norte
com os municípios de Ibicuí, ao Sul com Itajú do Colônia; ao
Leste de Floresta Azul e Itapé e a Oeste com os municípios de Firmino Alves e Ibicuí.
Possui área de 198 Km2 (Quilômetros quadrados).
Segundo o CENSO 2000 IBGE, possui uma população de 7025 (sete mil, e vinte e
cinco) sendo 2.059 (dois mil, cinqüenta e nove) na Zona Rural e 4.966 (quatro mil,
novecentos e sessenta e seis); dessa população 3.585 (três mil, quinhentos e oitenta e
cinco) homens e 3.440 (três mil, quatrocentos e quarenta) mulheres.
A base de sua economia é a agricultura e a pecuária – bovinos e muares – Santa Cruz
da Vitória possui uma grande bacia leiteira, distribuindo seus produtos laticínios pela
região sul da Bahia. Na agricultura, destacam-se as plantações de milho, batata doce,
mandioca, cacau, frutas, legumes e hortigranjeiros para subsistência. Destaca-se na
área mineral, a extração de sodalita.
O município possui pequenas indústrias, cerca de 30 estabelecimentos comerciais e
vários órgãos públicos (Agência Bradesco, COELBA, EMBASA, CORREIOS, Delegacia
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de Polícia, etc.) que dão suporte às ações do governo municipal e presta serviços à
coletividade.
O Sistema Municipal de Educação é formado pelos órgãos: Conselho de Alimentação
Escolar – CAE, Conselho Municipal de Educação – CME, Conselho Municipal de
Controle e Acompanhamento do FUNDEF, 14 Unidades Escolares, sendo 07 na Sede e
07 na Zona Rural.Atendendo cerca de 2.000 alunos do Ensino Fundamental, Educação
Infantil e Ensino Médio, nos turnos: matutino, vespertino e noturno. No Ensino
Fundamental o Município conta com 90 professores de nível médio e superior e 5
coordenadores pedagógicos.
Reunião de Professores do Município de Santa Cruz da Vitória – Bahia/Brasil
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O município de Lençóis-BA está situado na Chapada Diamantina e possui 1.367 km² de
área, ficando a 410 km de Salvador, tendo a altitude de 400 m. do nível do mar, com
uma população de aproximadamente 12.000 habitantes, tendo como base econômica o
turismo. O setor educativo possui 22 escolas sendo que três destas se situam na sede
e as demais na zona Rural, totalizando 4.000 alunos, nas três modalidades de ensino,
73 professores e 5 coordenadores pedagógicos.
O diagnóstico foi aplicado através de um questionário de pesquisa em todas as escolas
dos municípios, sendo respondido por todos os professores do Ensino Fundamental,
nos turnos matutino e vespertino.
Na definição de Educação Ambiental 100% dos Professores define como um tema de
suma importância para a sensibilização e conscientização da sociedade em relação ao
meio em que vivemos, resgatando valores, procedimentos, cuidados, atitudes
habilidades e competências voltadas para a preservação e conservação do meio
ambiente.
O curso de capacitação em Educação Ambiental é desafiador, 80% dos profissionais
não tiveram a oportunidade de participar de nenhum. Por esse motivo a dificuldade é
enorme em executar o que orienta os PCNs, temas transversais : Meio Ambiente e
Saúde.
Porém, 20% dos educadores já tiveram curso de capacitação em Educação Ambiental,
como agentes multiplicadores, não dando continuidade, nem acompanhamento do
processo, o que prejudica seriamente o avanço da qualidade de formação do educador.
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Os Coordenadores e Secretarias Municipais de Educação procuram dar suporte aos
projetos que os professores e alunos elaboram, mas, sem o conhecimento adequado o
resultado não satisfaz as expectativas no final das atividades.
Escola Municipal de Lençóis – Bahia.
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5 PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL
Com base nos diagnósticos realizados nas Escolas do Ensino Fundamental, dos
Municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis, Bahia e, na Constituição Federal, art.
214 inciso IV; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Nº 9.394/96, art. 32 inciso II
e III, art. 35 inciso III; Lei da Política Nacional de Educação Ambiental nº 9795/99, que
institui a Educação Ambiental no Sistema Brasileiro de Ensino apresenta-se a
proposta de Curso de Formação de Profissionais em Educação Ambiental no Ensino
Fundamental, com o objetivo de capacitar a comunidade escolar, tendo como eixos
fundamentais os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, o Programa Nacional de
Educação Ambiental – PRONEA, a Lei da Política Nacional de Educação - PNEA,
regulamentada pelo Decreto nº 4.281/2002, envolvendo o Ministério do Meio Ambiente
– MMA e o Ministério da Educação – MEC.
A Proposta apresentada tem como público alvo os professores, coordenadores,
orientadores, diretores do Ensino Fundamental, bem como os técnicos da Secretaria
Municipal de Educação, com carga horária de 160 horas anuais, sendo executadas em
turno oposto ao das aulas dos cursistas sem prejudicar o calendário escolar. A
freqüência mínima de 75% dará direito ao cursista o Certificado que será aprovado pelo
Conselho Municipal de Educação ou Órgão Executor, como também avanço salarial de
10% sobre seus vencimentos mensais.
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O Curso será ministrado pelas Secretarias Municipais de Educação, com recursos da
quota salário-educação, FUNDEF - Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino
Fundamental, imposto municipal, doações, programas específicos do Governo Federal
e Estadual. Os Municípios poderão buscar também parcerias com o Ministério do Meio
Ambiente, o Ministério da Educação, a Secretaria Estadual de Educação, a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH, as Universidades Públicas
e Particulares, os Órgãos Executivos como o Centro de Recursos Ambientais – CRA,
através do Núcleo de Estudos Avançados do Meio Ambiente - NEAMA, o IBAMA,
dentre outros.
A proposta de formação dos profissionais deverá ser discutida e articulada tendo como
estratégia o planejamento pedagógico que é realizado nas unidades escolares, no mês
de fevereiro de cada ano, com vistas à inserção da temática ambiental nas redes
municipais de ensino.
Para viabilizar a inserção da Educação Ambiental nas escolas municipais de Santa
Cruz da Vitória e Lençóis de forma transversal e interdisciplinar, verifica-se a
necessidade de capacitar os professores, os coordenadores, diretores e os técnicos
lotados nas Secretarias Municipais de Educação, munindo-os de informações básicas
sobre a questão ambiental para que possam atuar como agentes de mudança na busca
da melhoria da qualidade de vida. (SALOMÃO, 2004)
Os conteúdos programáticos do curso de formação proposto deverão ser definidos à luz
da reflexão sobre a estrutura curricular, aos procedimentos utilizados para a construção
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participativa do projeto pedagógico e às condições objetivas de trabalho nas unidades
escolares, vinculando-o aos problemas ambientais de forma contextualizada e as
diferenças sócio-culturais de cada município. (LOUREIRO, 2004)
É necessário efetuar ações educativas plena, integral e articulada a outras esferas da
vida social para que se consolidem iniciativas capazes de mudar o modelo
contemporâneo de sociedades atuais, baseadas nos eixos temáticas definidos pelo
PCNs, que os reúnem em três blocos de conteúdos gerais, a saber: a) Os ciclos da
natureza; b) Sociedade e Meio Ambiente e c) Manejo e Conservação Ambiental.
Os blocos de conteúdos acima definidos deverão proporcionar aos professores uma
compreensão do tema de forma integral e favorecer a reflexão e ação a partir do
planejamento participativo do trabalho com as questões ambientais. Dentre os
conteúdos programáticos do curso destacam-se: o Histórico da
Legislação Ambiental Brasileira e Baiana; as Competências Normativas (União, Estado
e Município); a Política Nacional e Estadual de Meio Ambiente; a questão da Ética e
Cidadania Planetária; os Conceitos de Educação Ambiental e Ecologia; os fatores
bióticos e abióticos; o Ciclo de vida e os grandes ecossistemas e sua
representatividade no estado da Bahia; uma abordagem sistêmica do relacionamento
entre homem/natureza; a diversidade biológica e cultural; a trajetória da Educação
Ambiental (histórico, marco conceitual, objetivos, características e linhas de ação); os
pressupostos da Educação Ambiental e sua importância como instrumentos de
cidadania (Unidade Ecológica, Interdisciplinaridade Participação, Processo Contínuo e
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Permanente); Fundamentos legais da Educação Ambiental (Programa Nacional de
Educação Ambiental - PRONEA, Parâmetros Nacionais Curriculares – PCNs; Política
Nacional de Educação Ambiental); Metodologias Participativas em Educação Ambiental
e a Educação Ambiental Emancipatória como instrumento de viabilização da
sustentabilidade sócio ambiental.
A necessidade da capacitação em Educação Ambiental torna-se premente para que a
comunidade escolar possa desempenhar um papel protagonista na condução da
promoção de um novo paradigma, voltado à participação social oportunizando a
assimilação prática de metodologias participativas do cursista, nas decisões que
envolvem não apenas a comunidade contextualizada mais o futuro do país e do
planeta.
Aula de percepção com alunos.
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A metodologia para a elaboração e execução do curso baseia-se no modelo
construtivista a partir da reflexão, participação e resolução de problemas ambientais. A
organização básica parte do pressuposto de que se entende a metodologia proposta
não como uma seqüência rígida de procedimentos, mas como uma prática social. Em
sua vertente educativa e metodológica, a proposta compreende a seguinte
estruturação:
1a FASE: MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR
(Professores, Coordenadores, Diretores e os Técnicos lotados nas Secretarias
Municipais de Educação):
• Reuniões de discussão com os diretores, coordenadores e técnicos para
apresentação da proposta do curso e possibilidade de sua realização no
Planejamento Pedagógico em cada unidade escolar;
• Seminário de integração envolvendo os professores para apresentação da
proposta e sugestões para a execução do curso.
2ª FASE: PLANEJAMENTO DAS AÇÕES
• Elaboração do detalhamento do curso (conteúdos programáticos, carga horária
das disciplinas, trabalhos práticos).
3ª FASE: IMPLEMENTAÇÃO DA CAPACITAÇÃO
• Execução do curso. Nas aulas serão utilizados vídeos, textos, aulas de
percepção, pesquisa, visitas de campo em áreas que causam problemas ao
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município como: depósitos de lixos, esgotamentos sanitários, estações de
tratamentos, rios poluídos, destruição de matas ciliares, uso de agrotóxico,
desmatamentos, caça predatória; visitas a Unidades de Conservação se o
Município tiver e outros estudos, servirão de sustentáculos para o desempenho
dos participantes do curso.
4ª FASE: AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS VIVENCIADAS
• A elaboração e execução de um trabalho educativo no encerramento do curso
envolverão os professores, os alunos e a comunidade, tendo como referência os
temas ou idéias trabalhadas no desenvolvimento do curso.
• Realização do diagnóstico do ambiente de vida, que subsidiará a elaboração de
folhetos, cartilhas ou Manual de sensibilização e conscientização do uso dos
recursos renováveis; orientação para coleta seletiva nas residências; orientação
para a redução na compra de materiais de consumo descartável, coleta
seletiva,etc.
No final do curso todos os trabalhos dos participantes serão divulgados pelos meios de
comunicação de cada município para conhecimento da comunidade.
Educar para transformar é agir conscientemente em processos sociais que se
constituem conflitivamente por atores sociais que possuem trabalhos distintos de
sociedade, reconhecendo os sujeitos sociais com suas especificidades e seus
problemas.(LOUREIRO,2004).
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Finalmente, a metodologia para a formação de profissionais em Educação Ambiental
não deve acontecer abstratamente, mas na atividade coletiva humana, mediada pela
natureza, garantindo a autonomia individual e coletiva na formulação e resgate de
valores sociais e culturais, como também na busca da construção de alternativas e
estratégias que venham a transformar a comunidade escolar como um todo em agentes
de mudança.
Formação dos Professores em Educação Ambiental .
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
A educação, por ser uma prática social, expressa o modo como nos organizamos e
vivemos em sociedade, como nos comprometemos como ser da natureza e,
simultaneamente, manifesta e potencializa os questionamentos e reflexões sobre a
realidade, num processo de crítica e autocrítica, de ação política
coletiva.(LOUREIRO,2004).
Constata-se então, a real necessidade de um curso de formação dos profissionais em
Educação Ambiental no Ensino Fundamental tendo como eixo o contexto escolar, o
currículo como espaço de intervenção do professor, o ensino como tarefa e as
mudanças de atitudes e comportamentos como transformação do aluno.
Para tanto se recomenda a seguinte estratégia para o fortalecimento da inserção da
temática ambiental no âmbito das unidades escolares municipais:
a) Capacitar o Sistema Municipal de Ensino Fundamental em Educação Ambiental,
visando a formação de consciência do cidadão, a difusão do conhecimento
teórico e prático, voltados para a proteção, conservação do meio ambiente e dos
recursos naturais renováveis é um processo de fundamental importância para o
desenvolvimento sustentável dos Municípios;
b) Apoiar e incentivar a execução de projetos no âmbito escolar que integrem o
currículo do Ensino Fundamental, motivando para a aplicação de novas
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metodologias para o enriquecimento do ensino-aprendizagem entre discentes e
comunidade, dentro e fora da unidade escolar;
c) Propiciar condições de teoria e prática para que os responsáveis pelo
desenvolvimento do currículo possam fazer recomendações para o cumprimento
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, promovendo a confecção de material
educativo de Educação Ambiental parta divulgação e informação da sociedade
local;
d) Estimular a cooperação com os meios de comunicação, notadamente os Rádios
Comunitários, envolvendo os docentes e alunos na formação de valores e
atitudes dos cidadãos e da coletividade.
e) A consolidação e expansão dos encontros estaduais, regionais e nacionais de
Educação Ambiental, com ênfase no aprofundamento teórico, na articulação
teórico-prática e na definição de diretrizes para os educadores ambientais e o
poder público.
Em nível municipal, considera-se também de fundamental importância a realização de
campanhas de Educação Ambiental para os usuários dos recursos naturais,
objetivando a sensibilização para que os mesmos usem de forma responsável estes
recursos, garantindo a sustentabilidade, respeito, preservação e conservação da
natureza.
Finalmente, esta monografia poderá servir como subsídio para maior aproximação e
diálogo dos educadores ambientais nos aspectos metodológicos e reflexivos sobre a
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estrutura curricular existente, procedimentos utilizados para a contextualização social
da Educação Ambiental no âmbito escolar.
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REFERÊNCIAS
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