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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI MARIA NELCI DOS SANTOS LUCIANO ROSA ALVES RUFINO DA SILVA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NOS MUNICÍPIOS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS- BAHIA Salvador, Bahia 2004

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS – SEMARH CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA

NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO MEIO AMBIENTE – NEAMA SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

MARIA NELCI DOS SANTOS

LUCIANO ROSA ALVES RUFINO DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NOS MUNICÍPIOS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS- BAHIA

Salvador, Bahia 2004

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MARIA NELCI DOS SANTOS

LUCIANO ROSA ALVES RUFINO DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL NOS

MUNICÍPIOS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS- BAHIA

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 1º Curso de Pós-Graduação em Gestão Ambiental Municipal, como requisito parcial para obtenção dos títulos de especialistas. Orientadora : Profa. Júlia Maria S. Salomão

Salvador, Bahia 2004

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SUMÁRIO

N° de Págs. 1 INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------05

2 TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL-------------------------------08

2.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM NÍVEL MUNDIAL

2.1.1 CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO – 1972

2.1.2 CARTA DE BELGRADO – 1975---------------------------------------------10

2.1.3 CONFERÊNCIA DE TBILISI – 1977

2.1.4 CONGRESSO INTERNACIONAL DE MOSCOU – 1987--------------12

2.1.5 CONFERÊNCIA DE JOMTIEN – 1990-------------------------------------15

2.1.6 CONFERÊNCIA DO RIO – 1992---------------------------------------------16

2.1.7 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:

CÚPULA DAS AMÉRICAS, CÚPULA DE BRASÍLIA – 1994 e 1996-------17

2.1.8 CONFERÊNCIA DE TESSALONICA – 1997----------------------------18

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL--------------------------------------20

2.1.1 CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO - CFE

2.1.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ------------------------------------21

2.1.3 LEI DE DIR. E B. DA EDUCAÇÃO NACIONAL ( LDB) ---------------22

2.1.4 PROGRAMA NAC. DE EDUC. AMBIENTAL – PRONEA ------------23

2.1.5 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – PCNs-------------24

2.1.6 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL-----------------26

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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL-----------------------------------------28

3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA------29

3.2 A FORMAÇÃO DE PROFESSOR EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

NO ENSINO FUNDAMENTAL-------------------------------------------------------32

4 DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS

MUNICIPAIS DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS------------38

5 PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROF. EM

EDUCAÇÃO AMB. NO ENSINO FUNDAMENTAL----------------------42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES----------------------49

7 REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------52

ANEXO

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ANEXO 1º CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL. ALUNA : MARIA NELCI DOS SANTOS TEMA : EDUCAÇÃO AMBIENTAL PÚBLICO ALVO : PROFESSORES E COORDENADORES DO ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA.

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA MONOGRÁFICA.

1- Como você define a Educação Ambiental ? R - 2- Você já tomou algum curso de educação ambiental? Qual ? R-

3- Qual dificuldade encontrada para ensinar aos alunos sobre Meio Ambiente no Ensino Fundamental?

R – 4 – Como você trabalha a educação ambiental sugerida nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN e na matriz curricular da sua Escola? Por quê? R - 5 – Você se sente capacitado para orientar os alunos sobre o Meio Ambiente? justifique. R - 6- A Secretaria de Educação e a Coordenação de Educação Ambiental dão suporte pedagógico aos professores para a execução de projetos ambientais? Justifique. R - 7- Que sugestão você daria para se trabalhar a Educação Ambiental nas Escolas do Ensino Fundamental do Município? R-

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RESUMO

Este trabalho apresenta a proposta de execução de um curso de formação em

Educação Ambiental no ensino fundamental para capacitar os profissionais dos

Municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis – Bahia, com base nos Parâmetros

Curriculares Nacionais – PCNs e no Programa Nacional de Educação Ambiental –

PRONEA. Para a obtenção da pesquisa, optou-se pela elaboração de um questionário,

que foi aplicado a todos os funcionários da educação de todas as unidades escolares

dos Municípios acima citado, ponto de partida para a investigação de como está sendo

trabalhado os temas transversais “Meio Ambiente e Saúde ( PCNs) em sala de aula.

Para viabilizar a inserção da Educação Ambiental nas escolas de forma transversal e

interdisciplinar, verifica-se a necessidade de capacitar os professores, os

coordenadores e diretores das escolas e os técnicos das Secretarias de Educação dos

Municípios, munindo-os de conhecimentos sobre a questão ambiental para que possam

efetuar suas atividades como agentes de mudanças e transformação.

O programa do Curso de Formação de Profissionais proposto pauta-se na reflexão

sobre a estrutura curricular, os procedimentos para a construção participativa do

projeto pedagógico e às condições objetivas de trabalho nas unidades escolares,

vinculando-os aos problemas ambientais vivenciados nas comunidades de forma

contextualizada, observando as diferenças socio-culturais e ambientais dos municípios.

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A metodologia baseia-se na teoria construtivista a partir da reflexão, participação e

resolução de problemas ambientais, partindo do pressuposto de uma prática social na

vertente educativa de: mobilização e sensibilização da comunidade escolar; planejando

em conjunto às ações; executando e implementando o curso com vídeo, textos,aulas

perceptivas, pesquisas e visitas, etc; avaliando as práticas vivenciadas com realizações

de trabalhos com a comunidade, bem como a sua divulgação pelos meios de

comunicações.

Ressalta-se que os estímulos para a formulação de novos valores sociais e culturais

são eficazes, para garantir a autonomia individual e coletiva dos alunos com o objetivo

de intensificar a inclusão da Educação Ambiental nas unidades escolares e nas

comunidades dos Municípios.

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos a literatura sobre educação e meio ambiente teve um crescimento

considerável com inúmeras publicações referentes ao tema, possibilitando assim uma

difusão maior de idéias, propostas e alternativas pedagógicas e contribuindo para a

consolidação da mudança na qualidade da educação ambiental brasileira.

Atualmente é bastante comum encontrar propostas e práticas extremamente criativas,

desafiadoras e pertinentes. A questão então passa a ser: como os profissionais da área

de educação concebem essas novas propostas e práticas educacionais?

Trabalhar as questões ambientais na escola, de forma transversal e interdisciplinar é

uma proposta interessante quando acompanhada de preceitos éticos, sociais, culturais

e ambientais voltados para o estudo e soluções de problemas vivenciados pela

comunidade e na busca de uma reflexão sócio-ambiental pela sociedade participativa.

As experiências dos últimos vinte anos colocam os obstáculos institucionais e os

interesses disciplinares que dificultam o avanço na formação ambiental. As resistências

teóricas e pedagógicas fizeram com que muitos programas que surgiram com a

pretensão interdisciplinar fracassassem perante a dificuldade de se integrar aos

paradigmas atuais de conhecimento. Essa realidade ainda predomina no que se refere

ao processo de formação dos professores devido à falta de orientação para o

desenvolvimento do trabalho com essas novas reconceitualizações.

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A Educação Ambiental requer a construção de novos objetos interdisciplinares de

estudo através da problematização dos paradigmas dominantes, da formação dos

docentes e da incorporação do saber ambiental emergente em novos programas

curriculares.

O ensino interdisciplinar no campo ambiental implica na construção de novos saberes,

técnicas e conhecimentos e a sua incorporação como conteúdo integrado no processo

de formação. Ele requer um processo de autoformação e a formação coletiva da equipe

de professores, quanto à troca sobre diversas temáticas ambientais, de elaboração de

estratégias docentes e definição de novas estruturas curriculares.

Pode-se notar que os programas de formação ambiental não tiveram o êxito desejado,

o que se traduz em poucos profissionais capacitados a elaborar e executar políticas

educacionais ambientais eficazes. Ainda que se tenha dado mais ênfase ao

desenvolvimento do saber ambiental em várias temáticas das ciências naturais e

sociais, estes conhecimentos não se incorporaram plenamente aos conteúdos

curriculares dos novos programas educativo e muito menos à prática dos docentes.

Aos projetos de Educação Ambiental faltou o investimento necessário à formação da

massa crítica de professores, tanto em número como em qualidade, assim como uma

vigilância epistemológica na condução desses programas.

O presente estudo visa apresentar uma proposta de formação apropriada dos docentes,

coordenadores e técnicos lotados nas Secretarias Municipais de Educação nos

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municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis do Estado da Bahia, a partir de cursos

de educação ambiental, tendo como eixo o processo de construção e reconstrução de

conhecimentos e valores, reflexão de suas experiências pedagógicas anteriores e da

análise de seus valores éticos, sociais e ambientais.

Os PCNs são um instrumento básico, mais não suficiente para produzir as

transformações tão urgentes na educação fundamental. Considerar a educação

ambiental como eixo do conjunto dos temas transversais facilita sua inserção no

currículo escolar e atinge os objetivos propostos desde que o professor seja capacitado

adequadamente.

No intuito de conhecer o estágio de formação dos profissionais de educação do ensino

fundamental nos municípios acima referidos realizou-se um Diagnóstico da Educação

Ambiental nas unidades escolares. Questionados sobre a importância da Educação

Ambiental, a maioria dos profissionais da educação define como um tema de suma

importância para a sensibilização e conscientização da sociedade em relação ao meio

em que se vive, resgatando valores, procedimentos, cuidados, atitudes, habilidades e

competências voltadas para a preservação e conservação do meio ambiente.

Assim, esta monografia apresenta uma proposta de curso de formação que, além dos

conhecimentos teóricos a serem ministrados, das discussões dos conceitos complexos

que compõem o arsenal teórico da educação ambiental e dos debates éticos, o próprio

curso possa oportunizar a assimilação prática de metodologias participativas que

posteriormente poderão ser utilizadas nas escolas e na comunidade.

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2. A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

2. 1 A Educação Ambiental em Nível Mundial

A Educação Ambiental surgiu de muitos debates, oficinas, seminário, conferências e

documentos elaborados por organismos governamentais e não governamentais,

preocupados com a destruição dos recursos naturais renováveis e não renováveis da

natureza. Essa preocupação foi extensiva ao ser humano, devido a sua condição de

sobrevivência, por falta de sensibilização, informação e oportunidade de trabalho digno

e moradia.

Portanto, nasceu da tomada de consciência em nível mundial que, às atividades

praticadas na utilização dos recursos ambientais desencadeava uma série de

conseqüências desastrosas, colocando em perigo a sobrevivência da humanidade.

2.1.1 ESTOCOLMO-1972

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972),

a Educação Ambiental passa a ser vista como uma área de ação pedagógica, atraindo

a atenção internacional. No seu princípio 19 ressalta: “É indispensável um trabalho de

educação em questões ambientais dirigido tanto às gerações jovens como aos

adultos, e que preste a devida atenção ao setor da população menos privilegiada”.

(MMA, 2001, p.19).

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É primordial a difusão dessas informações de caráter educativo, na proteção e

melhoria do meio ambiente, para que o homem possa evoluir-se em todos os seus

aspectos.

Em 1974, a Comissão Nacional Finlandesa para a Unesco realiza um Seminário em

Tammi, onde os acordos são reunidos nos “Princípios de Educação Ambiental”.

Neste Seminário concluiu-se que a Educação Ambiental é a porta de entrada para se

alcançar os objetivos de proteção do meio ambiente, sem ser considerada um ramo da

ciência ou matéria, mas um marco de uma educação integrada e participativa.

As entidades públicas nacionais e internacionais (UNESCO) demonstraram suas

preocupações e, em 1975, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA), criou o Programa Internacional de Educação Ambiental

(PIEA) com o objetivo de promover, a reflexão, a ação e a cooperação internacional.

O PIEA encontra-se hoje desativado. Mas foi um programa, que se destacou na

orientação de docentes durante vários anos, buscando alternativas específicas para a

educação ambiental, especialmente na área das Ciências Naturais (física, química e

biologia).

Observa-se que o programa prioriza o enfoque pedagógico tecnicista, e isso impede o

avanço em relação à integração dos aspectos sociais nas questões ambientais e o

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desenvolvimento de ações pedagógicas que permita entender a verdadeira

complexidade didática do trabalho em educação ambiental.

2.1.2 - CARTA DE BELGRADO - 1975

O Seminário Internacional de Educação Ambiental (1975), foi resultado de vários

seminários e oficinas em diversos países, que deu origem a Carta de Belgrado, neste

mesmo ano. A carta parte do pressuposto, que o desenvolvimento da educação

ambiental é um dos recursos vitais para um ataque geral à crise do meio ambiente

mundial, repousando sobre uma base em estreita harmonia com os princípios

fundamentais das Nações Unidas sobre a Nova Ordem Econômica Internacional.

Esse documento recomendou a necessidade de uma nova visão global, capaz de

promover a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição e da

exploração humana, buscando a reflexão de que sociedade e natureza formam o

ambiente. O seminário aponta questões relevantes para a construção do marco

histórico da Educação Ambiental.

2.1.3 CONFERÊNCIA DE TBILISI - 1977

A Conferência de Tbilisi (UNESCO 1977), realizada em Tbilisi, na Geórgia, ex-União

Soviética, foi a primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental.

Os pontos fundamentais discutidos na conferência foram os seguintes: pressupostos

da educação para contribuir na resolução dos problemas ambientais; principais

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problemas ambientais da sociedade contemporânea; atividades implementadas em

nível nacional e internacional com vistas ao desenvolvimento da Educação Ambiental;

estratégia de implementação da mesma em nível nacional; cooperação regional e

internacional de promover a educação Ambiental; necessidades e modalidades para a

implementação das ações.

A Conferência foi o marco histórico da Educação Ambiental, compreendendo o meio

ambiente não só como meio físico, mas, também como social e cultural, relacionando

os problemas ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.

O documento aprovado nesse congresso enfatiza que a Educação Ambiental deve:

“preparar o indivíduo mediante a compreensão dos principais problemas do mundo

contemporâneo, possibilitando-lhe conhecimentos técnicos e as qualidades

necessárias para desempenhar uma função produtiva com vistas a melhorar a vida e

proteger o meio ambiente considerando os valores éticos”. (MMA,2001,p.26).

A Conferência de Tbilisi convoca os Estados-Membros a incluírem em suas políticas

de educação, os conteúdos, as orientações e atividades ambientais baseadas nos

objetivos e características definidos para a Educação Ambiental. E, estimula a

promoção de intercâmbio de experiências, investigação, documentação e materiais,

colocando os serviços de formação a disposição do pessoal docente e dos

especialistas de outros países.

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As diretrizes postuladas em Tbilisi, adotam perspectivas interdisciplinares, convocando

a participação dos educando na organização de suas atividades e experiências na

tomada de decisões, com base em quatro grandes pressupostos: Totalidade do

ambiente, processo contínuo e permanente, interdisciplinaridade e participação. A

Educação Ambiental é instrumento de suma importância para a inter-relação da

natureza com o homem .

2.1.4 CONGRESSO INTERNACIONAL DE MOSCOU - 1987

Outro acontecimento importante na definição do marco da Educação Ambiental é o

documento “Estratégia Internacional de Ação em Matéria de Educação e Formação

Ambiental para o Decênio de 90”, aprovado no Congresso Internacional sobre

Educação e Formação relativas ao meio ambiente, realizado em Moscou, l987,

promovido pela UNESCO e o PNUMA no marco do PIEA há 10 de Tbilisi.

Esse documento reforça a importância do fortalecimento das orientações

apresentadas pela Conferência de Tbilisi, ajustando-as às novas problemáticas,

mediante o estímulo da investigação e a aplicação de modelos eficazes de educação,

formação e informação em matéria de meio ambiente; consciência generalizada das

causas e efeitos dos problemas ambientais; da formação em diferentes níveis, dos

recursos humanos necessários para uma gestão racional do meio ambiente, com a

perspectiva de um desenvolvimento sustentável em níveis comunitários, nacionais,

regional e internacional.

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São nove seções abordadas no documento, cada uma com um aspecto importante da

educação e da formação ambiental: “1- acesso à informação; 2- investigação e

experimentação; 3- programas educacionais e materiais didáticos; 4- formação de

pessoal; 5- ensino técnico e profissionalizante; 6- educação e informação do público;

7- ensino universitário; 8- formação de especialista; 9- cooperação internacional e

regional.” (MMA,2001,p.32).

A Conferência de Moscou estabeleceu as seguintes prioridades de ação, com o

objetivo de promover a Educação Ambiental por meio do currículo escolar e materiais

didáticos:

1- Intercambio de informações sobre desenvolvimento do

currículo – fator essencial para concentrar e racionalizar as

atividades encaminhadas para generalizar a Educação Ambiental

em escala mundial;

2- Elaboração de um modelo curricular dinâmico e adequada

às transformações;

3- Intensificar a inclusão da educação Ambiental nos

diversos graus e categorias de ensino;

4- Capacitação de docentes;

5- Desenvolvimento de novos recursos didáticos – para

organizar os conhecimentos necessários de maneira que sejam

mais representativos nas questões ambientais;

6- Promoção da avaliação formativa dos currículos existentes

e de suas modificações;

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7- Produzir um inventário crítico de enfoque, métodos e

instrumentos de avaliação aplicados aos diferentes contextos,

prever os instrumentos de avaliação na aplicação de todos os

currículos e na utilização de material didático “. (MMA, 2001,

p.33)”.

Objetivando a promoção de capacitação de docentes em serviços, e os docentes em

processo de formação encarregados da Educação Ambiental Formal (Escolar) e não

formal (extra-escolar) foram recomendadas às ações de promoção de capacitação

para docentes em processo de formação visando à integração da dimensão ambiental

na formação inicial; bem como, a capacitação para docentes em serviço, como

prioridade para responder às necessidades imediatas da Educação Ambiental.

Todas essas posições vêm sendo difundidas numa proposta consensual de inclusão

de diferentes espaços no currículo, para localizar formas de articulação metodológica

que permita a convergência dos diversos aportes disciplinares, concretizando o

conceito da transversalidade nas reformas educativas.

Entretanto, tem dado a idéia de que não é suficiente incorporar as variáveis ambientais

como unidade de aprendizagem, área de conhecimento, ou disciplina nos planos e

programas escolares, pois isso impede a possibilidade de um tratamento mais integral

dos conteúdos.

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2.1.5 CONFERÊNCIA DE JOMTIEN, 1990

“Educação para Todos”, foi o tema da Conferência realizada em março de 1990, em

Jomtien, na Tailândia. Neste evento participaram governos, agências internacionais,

organismos não governamentais, associações profissionais e personalidades de

destaque no âmbito educacional, proveniente de todo o mundo.Os governos presentes

assinaram uma Declaração Mundial e um Marco de Ação comprometendo-se a

assegurar uma educação básica de qualidade a crianças, jovens e adultos.

Os organismos patrocinadores desse evento foram : UNESCO (Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), UNICEF (Fundo das Nações

Unidas para a Infância), PNUD (Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento) e Banco Mundial.

A Conferência “Educação para Todos” trabalha com conceitos-chave e potencialmente

transformadores de uma visão ampliada de educação básica, que é o reconhecimento

de que esta se realiza ao longo da vida, em múltiplos ambientes de aprendizagem,

através de diversos meios.Assim, reafirmou a centralidade do sistema escolar como o

sistema mais importante e a prioridade no ensino primário como a ponta de lança de

educação básica, enfatizando o papel insubstituível e complementar dos outros

sistemas educativos (família, comunidade, meios de comunicação), etc.

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2.1.6 CONFERÊNCIA RIO-92

Após, 20 anos da Conferência de Estocolmo (1972), acontece a Conferência

Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro,

Brasil (1992), discutindo temas ambientais fundamentais em nível global.

A AGENDA 21 surge como resultado da Conferência, propondo ser o texto-chave para

guiar governos e sociedades nas próximas décadas rumo ao estabelecimento de um

novo modelo de desenvolvimento. Esse documento possui a forma de um guia,

sugerindo ações, atores, metodologias para a obtenção de consensos, mecanismos

institucionais para a implementação e monitoramento de programas.

A Agenda 21 segue os pressupostos da Declaração da Conferência de Tbilisi, para a

Educação Ambiental, dando ênfase no desenvolvimento de valores na relação dos

homens com o meio ambiente, defendendo a necessidade de um conhecimento

integrado da realidade com procedimentos baseados na investigação dos problemas

ambientais, utilizando estratégias interdisciplinares.

Em várias partes do documento, a educação aparece como capacitação individual e

de grupos sociais, ressaltando a necessidade de ampliar os horizontes culturais e as

oportunidades para os jovens. Ela se manifesta também como construção de uma

nova sensibilidade e visão de mundo, que se deve ampliar a todos os segmentos da

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sociedade. Quanto à capacitação e formação do indivíduo, a Agenda 21 propõe um

amplo programa de desenvolvimento de recursos humanos.

Nesse sentido, a escola é uma agência social privilegiada na promoção dos novos

valores. O papel dos educadores e da educação ambiental em particular é, em

primeiro lugar, o de clarificar o conceito de sustentabilidade, que não é um conceito

óbvio, e constituir junto aos pais, alunos, professores e comunidade alternativa viáveis

de transformação.

Paralelamente a Rio-92, as ONGs realizam o Fórum Global, que permite a

participação da sociedade civil. Na área da Educação Ambiental, as diversas

organizações elaboraram e aprovaram o “Tratado de Educação Ambiental para

sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, que orienta as ações da

sociedade civil organizada.

2.1.7 EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CÚPULA

DAS AMÉRICAS, CÚPULA DE BRASÍLIA – 1994 E 1996.

O vínculo entre a educação e o desenvolvimento sustentável foi considerado elemento

fundamental pela Primeira Cúpula das Américas, que teve lugar em Miami, EUA, em

1994 e em particular pela Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em

Santa Cruz de la Sierra, Bolívia em 1996. Os países chegaram ao consenso da

necessidade de trabalhar em estreita colaboração, dando ênfase aos aspectos-chave

da educação Ambiental para o desenvolvimento Sustentável.

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Uma educação para o desenvolvimento sustentável deve contribuir para formar todos

os seres humanos com valores éticos que nos permitem respeitar e apreciar, em toda

a sua dimensão, as múltiplas diversidades e construir, através do diálogo e do respeito

mútuo, uma relação de convivência mais harmoniosa entre os países, entre os

diferentes setores e atores sociais no interior de cada país, e entre os seres humanos

de e o ambiente do qual fazemos parte.

2.1.8 CONFERENCIA INTERNACIONAL DE TESSALONICA, 1997.

A Conferência Internacional sobre Ambiente e sociedade: educação e Conscientização

Pública para a Sustentabilidade, foi organizada pela Unesco e pelo governo da Grécia,

realizada em dezembro de 1997.

Em Tessalonica é reafirmadas a importância da Educação Ambiental e a

conscientização pública, para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, e

se declara que “devem ser consideradas os pilares da sustentabilidade, juntamente

com a legislação, economia e tecnologia”.

Elege a importância da educação ambiental em suas diferentes modalidades, visando

a necessidade de orientar a educação para os valores da sustentabilidade em todos os

níveis de ensino, assumindo que a sustentabilidade é, em última análise, um

imperativo moral e ético, que compreende o meio ambiente, a pobreza,

população,saúde,segurança alimentar, democracia,direitos humanos e paz.

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Voltar-se para a sustentabilidade requer uma abordagem holística, interdisciplinar e

transversal que opere junto com as diferentes disciplinas e instituições, mas ao mesmo

tempo, lhes permita conservar sua identidade

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2.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

2.2.1 CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO - CFE 10/86

Logo após a década de 70, quando as discussões sobre o meio ambiente passaram a

ser a preocupação geral, após a conferência de Tibilisi, o Conselho Federal de

Educação (CFE), através do Parecer nº 226/87 e a Portaria nº 678/91 começou a

receber uma série de demandas e conseqüentemente a elaborar pareceres e

indicações referentes à inclusão da Educação Ambiental nos currículos das escolas de

educação básica e das instituições de ensino superior.

O documento marco do CFE, de autoria do conselheiro Arnaldo Niskier, que considera

necessária a inclusão da Educação Ambiental nos currículos da educação básica dos

Sistemas de Ensino dentre outros aspectos recomenda:

a) A formação de uma equipe interdisciplinar e de um Centro Ambiental em cada

Unidade da Federação;

b) A integração escola-comunidade, como estratégia para a aprendizagem voltada para

a realidade próxima;

c) A elaboração de diagnósticos locais para a definição da abordagem relativa às

práticas ambientais; e

d) A incorporação de temas compatíveis com o desenvolvimento social e cognitivo da

clientela e com as necessidades do meio ambiente, considerando-se currículo como

um processo que se expressa em atividades e experiências dentro e fora da escola.

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Este documento inclui a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, bem como

incorpora em seus currículos, não mais a inserção dos temas ecológicos, mas amplia

esta abrangência para tratar dos temas ambientais, inserindo a conceituação da

Educação Ambiental, devendo ser esta tratada de modo interdisciplinar, ressaltando

ainda a necessidade de criação de equipes interdisciplinares e centros ambientais nos

Estados, conforme proposta na conferencia de Tibilisi.

2.2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988

A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, destaca no seu capitulo VI – do Meio

Ambiente – Art. 225: “Todos têm direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e

futuras gerações”.

Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder publico, paralelamente,

no capítulo III, da Educação, da Cultura e do Desporto, seção I da Educação, no Art.

214 diz: “A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração Plurianual,

visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à

integração das ações do poder público, que conduzam à”:

I- erradicação do analfabetismo;

II- universalização do atendimento escolar;

III- melhoria da qualidade de ensino;

IV- formação para o trabalho;

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V- promoção humanística, científica e tecnológica do país.”

Dessa forma, o princípio fundamental estabelecido para o desenvolvimento de uma

política ambiental – Educação Ambiental em todos os níveis – é compatível com os

fins, objetivos e organização do sistema educativo, expresso na Carta Magna.

A inserção de um capítulo, que trata especificamente das questões ambientais, na

Constituição Federal é reflexo, já neste tempo, de uma série de compromissos

internacionais assumidos pelo Brasil, em decorrência dos problemas ambientais

emergentes e das pressões populares, que se iniciam a partir da década de 70, com a

organização da sociedade civil brasileira.

2.2.3 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB) -

LEI 9394/96

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em 20 de dezembro de 1996,

traz inovações na amplitude dos processos educativos, tratando não apenas da

aquisição de conhecimentos, mas dos processos formativos do cidadão. Desta forma,

a LDB, ao introduzir estes novos elementos, abre espaço para um processo de

formação mais participativo, levando em consideração as inter-relações decorrentes

dos processos sociais e culturais.

Art. 1º “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

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Art. 2º “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o desenvolvimento da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.(LDB,1996,p.17)

Os valores sociais de solidariedade e tolerância, condições indispensáveis para os

plenos exercícios da cidadania, somados aos valores expressos pela sociedade, como

as sua manifestações culturais, a sua religiosidade, são elementos que estão

embutidos nos processos formativos dos educandos, sendo esse processo parte da

realidade de cada um, assim como preconiza a educação ambiental.

2.2.4 O PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PRONEA

Anteriormente à aprovação da Lei 9795/99 e sentindo a necessidade de um

instrumento legal que respaldasse as associações da Educação Ambiental no Brasil e,

sobretudo, no âmbito governamental, foi proposto pelo Ministério da Educação e do

Desporto e pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia

Legal, com parceria dos Ministérios da Cultura e de Ciência e tecnologia, o Programa

Nacional de Educação Ambiental – PRONEA.

Este programa foi aprovado pelo Presidente da República em 22/12/94, a partir da

exposição de Motivos Interministerial. Embora se sinta a necessidade de reformar este

programa, ele continua valendo, e deve ser adequado à Lei 9795/99.

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Em 1996, foi estabelecido um Protocolo de Intenções entre o Ministério do Meio

Ambiente e o Ministério da Educação, cuja finalidade era, há esse tempo, firmar uma

cooperação técnica e institucional na área do Meio Ambiente. Em 1999, os ministros

do Meio Ambiente e da Educação, assinaram um termo aditivo ao convênio da

cooperação técnica.

Os princípios que inspiram o Programa de Educação Ambiental estão baseados no

fato da Educação Ambiental ser um dever constitucional do Poder Público, ela constitui

tarefa a integrar os esforços da União, dos Estados e dos Municípios.

2.2.5 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – MEIO AMBIENTE

O Ministério da Educação e do Desporto, em 1997, formulou os Parâmetros

Curriculares Nacionais referentes às quatro primeiras séries da educação fundamental,

objetivando apontar metas de qualidade que pudessem ajudar o aluno a enfrentar o

mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus

direitos e deveres. O volume refere-se ao tema Meio Ambiente e Saúde.

A secretaria de Educação Fundamental do MEC recomenda no tema Meio Ambiente

que na seleção de conteúdos presentes no documento, os educadores deverão

considerar sua natureza interligada às outras áreas do currículo e a necessidade de

serem tratadas de modo integrado, não só entre si, mas entre eles e o contexto

histórico e social em que as escolas estão inseridas; considerando que a perspectiva

ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações

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e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida.

Em termos de Educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de

um trabalho vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da

co-responsabilidade, da solidariedade e da equidade.

A opção pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de

conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um

trabalho adequado junto aos alunos. Esse trabalho deve ser desenvolvido a fim de

ajudar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio

para que possam assumir posições afinadas com os valores referentes a sua proteção

e melhoria. Para isso é importante atribuir significado àquilo que aprendem sobre a

questão ambiental.

Segundo SALOMÃO, (2001) o MEC recomenda aos educadores que na elaboração e

execução de um projeto educativo, o tema meio ambiente deve trazer uma visão

ampla que envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas também os

elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos.

A inserção da Educação Ambiental no ensino fundamental tem o objetivo de auxiliar o

educando a enfrentar desafios da vida de forma participativa, consciente de seu papel

na sociedade, refletindo sobre suas ações, direitos e deveres.

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2.2.6 POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL LEI Nº 9795/99

Esta Lei tem o objetivo de promover educação Ambiental de forma participativa,

democrática e descentralizada, unindo as parcerias entre governo e sociedade civil

organizada para um relacionamento mais estreito e comprometido com o Meio

Ambiente.

A Lei nº 9795/99 em seu artigo 2º recomenda “a Educação Ambiental é um

componente permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma

articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal

e não formal”.

Com esta Lei o Ministério do Meio Ambiente desenvolveu métodos de incentivo à

criação de diversos órgãos e entidades, possibilitando a disponibilização de recursos

financeiros para a formação de Pólos Estaduais buscando construir canais para a

efetiva implantação desta política ambiental em todo o País.

As Comissões Interinstitucionais Estaduais de Educação Ambiental – CIEAs , surgem

com o Decreto nº 4.281, de 25 de junho, que regulamenta a Lei nº 9.795, que define a

criação do Comitê Assessor do Órgão Gestor da PNEA – Política Nacional de

Educação Ambiental. As Comissões são órgãos compostos por representantes de

instituições governamentais e não-governamentais, estaduais e municipais ,do setor

ambiental, educacional, empresarial e dos trabalhadores, com o objetivo de fortalecer

e democratizar as ações e atividades da Educação Ambiental. É uma entidade de

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coordenação das atividades de Educação Ambiental, no Estado, com poder

deliberativo para propor ações ao governo e aos seus componentes.

Elas se pautam pela PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental e pelo ProNEA

– Programa Nacional de Educação Ambiental para construir em seu estado um

Programa e uma Política de Educação Ambiental, de forma participativa, democrática

e descentralizada, envolvendo os parceiros do governo e da sociedade civil

organizada, relacionados à Educação Ambiental.

Uma das prioridades do Órgão Gestor Nacional de Educação Ambiental em 2004 é a

efetivação das CIEAs em todas as unidades da federação, potencializando as ações

daquelas que estão atuantes, e estimulando a criação ou o efetivo funcionamento das

demais, como espaço democrático e qualificado para a definição e implementação das

responsabilidades que caminha no sentido de sua integração com as Redes

Regionais, estaduais e Temáticas de Educação Ambiental.

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3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL

A Educação Ambiental Formal é o conhecimento humano sistematizado, para

compreensão do processo permanente e participativo da sociedade na gestão

ambiental, visando a necessidade da conservação dos recursos naturais, por meio da

sensibilização social. Esse processo educativo integral visa , entre outras coisas, a

formação dos indivíduos, objetivando a qualidade de vida através do uso racional e

planejado do meio ambiente.

Como relata SALOMÃO (2001), apud SEARA (1992), a “especificidade da Educação

Ambiental em relação a outras formas de educação consiste no fato de que ela tem as

seguintes características: um enfoque voltado para a solução dos problemas; um

enfoque educativo interdisciplinar; uma integração da educação com a comunidade; e

uma educação permanente voltada para o futuro”.

A Educação Ambiental, no contexto escolar considerando a importância da temática

ambiental e a visão integrada de mundo, tanto no tempo como no espaço, se propõe

a oferecer suporte para que cada aluno entenda os fatos naturais e humanos,

desenvolvendo suas potencialidades, adotando posturas pessoais e comportamentos

sociais que lhe permitam conviver numa relação construtiva, colaborando para que a

sociedade seja ambientalmente sustentável e justa, de forma a proteger, conservar,

preservar e garantir a sua biodiversidade.

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A Educação Ambiental Formal tem diversas abordagens no aspecto teórico-prático da

educação, observando as metodologias e teorias pedagógicas, consideradas como

explicações históricas do fazer educacional na educação formal, tendo a relação ser

humano- natureza, sociedade e cultura como concepção do conhecimento e a

educação como eixo para o seu desenvolvimento social.

3.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UMA ABORDAGEM PEDAGÓGICA

É necessário esclarecer que a Educação Ambiental é considerada uma abordagem da

educação formal com características específicas, não como teoria pedagógica, mas

uma abordagem onde a “pedagogia ambiental” está sendo construída, existindo em

algumas propostas de autores, como Maria Novo (1989). Essa abordagem se baseia

na Vertente ecológico-preservacionista e na vertente sócio ambiental.

Na Vertente Ecológico-preservacionista - refere-se às questões naturais,

esquecendo da importância das inter-relações dinâmicas que ao longo da história se

tem estabelecido entre sociedade e a natureza.

Não há uma concepção de currículo específica. São acrescidas atividades de

sensibilização quanto aos problemas ambientais e à preservação da natureza,

organizada em torno da Biologia e da Ecologia. Seu objetivo é a formação individual

nos aspectos éticos e estéticos para uma convivência harmônica com a natureza.

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Na Vertente Sócio Ambiental - Reintegra o homem e a natureza, dando ênfase nas

inter-relações dinâmicas, na transformação entre sociedade humana e os

ecossistemas, bem como, o conceito de desenvolvimento sustentável como eixo

central para a qualidade de vida, acrescendo os indicadores de desenvolvimento

humano.

A Educação Ambiental, na vertente sócio ambiental, não tem um currículo definido

previamente e integra-se nas diversas disciplinas escolares e no projeto político

pedagógico da unidade escolar. O princípio fundamental é favorecer uma educação

integral e integradora, atingindo as necessidades cognitivas, afetivas e de geração de

competências para uma atividade responsável e ética do indivíduo como agente social

comprometido com a melhor condição de sobrevivência humana.

Envolver a comunidade escolar, e ela ser capaz de olhar e agir perspectivamente para

a construção de um futuro, mais equilibrado em relação ao uso dos recursos naturais,

e justo, quanto às relações entre os seres humanos, eliminando as condições de

exploração e pobreza, será um passo importante para a Educação Ambiental no

contexto social.

A introdução da Educação Ambiental no currículo escolar desencadeia processos de

sensibilização em relação à questão ambiental, por meio de atividades planejadas que

permita a reflexão no educando de forma progressiva.

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O Ministério da Educação e do Desporto, criou os Parâmetros Curriculares Nacionais-

PCN, com o propósito de apontar metas de qualidade que ajudem o aluno a enfrentar

o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus

direitos e deveres, preocupados com o meio ambiente, com a saúde, com a

sexualidade e com as questões éticas relativas à igualdade social, à dignidade do ser

humano e à solidariedade.

A Constituição Federal dedica o capítulo VI ao Meio Ambiente, colocando novos

desafios políticos e organizacionais à Gestão Pública, obrigando Estados e Municípios

a promover a conscientização, assegurar a efetividade da educação ambiental em

todos os níveis de ensino, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras

gerações.

A Constituição Estadual da Bahia no seu artigo 214, determina aos Municípios através

de seus órgãos administrativos a promoção da conscientização para proteção do meio

ambiente, estabelecendo programa em todos os níveis de ensino e meios de

comunicação de massa, garantindo acesso às informações para a comunidade.

O Decreto Estadual nº 3845/90 – Programa Estadual de Educação Ambiental da Bahia

destina-se a preparar o desenvolvimento socioeconômico através da capacitação de

professores, a compatibilização dos objetivos econômicos e sociais, a disseminação

de conhecimentos da questão ambiental e a articulação com a comunidade

estimulando a sua participação no processo educativo.

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Fazendo uma breve reflexão, observamos que a Educação Ambiental ainda é algo

muito novo no setor educativo, apesar de ter leis que obrigue a sua execução nas

modalidades e níveis de ensino, falta comprometimento das autoridades e dos atores

sociais que dela participam, para disseminar uma Educação Ambiental participativa,

efetiva capaz de envolver toda a sociedade.

Para executar a Educação Ambiental nas escolas, além dos instrumentos legais

propostos o município precisa ter uma proposta curricular, implantar a Agenda 21

local, elaborar um Projeto Político Pedagógico Escolar contemplando os temas

transversais de Meio Ambiente.

3.2 EDUCAÇÃO FORMAL: FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO ENSINO

FUNDAMENTAL

A Educação Ambiental tem diversas abordagens pedagógicas relatadas ao longo de

sua história, criando um campo de conhecimento com enfoque no fazer educacional,

que visa a cada dia a metodologia participativa da sociedade e comunidade escolar,

na resolução dos problemas ambientais, bem como, da compreensão dos seus

conceitos e desempenho das atividades para o desenvolvimento da qualidade de vida.

“Educação Ambiental como processo que consiste em propiciar as pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permita adotar uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. A Educação Ambiental visa a construção de relações sociais,

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econômica e cultural capaz de respeitar e incorporar as diferenças (minorias étnicas, populares tradicionais), a perspectiva da mulher, e a liberdade para decidir caminhos alternativos de desenvolvimento sustentável respeitando os limites dos ecossistemas, substrato da nossa própria possibilidade de sobrevivência como espécie”. (MEDINA,1998)

Diante desta perspectiva entendemos que há uma necessidade urgente de capacitar

os professores do Ensino Fundamental, pois, quanto mais cedo se inicia esta etapa de

educação ambiental, mais rápido teremos pessoas conscientes do seu papel na

sociedade, facilitando o trabalho de integração da comunidade com a escola na defesa

e na solução dos problemas ambientais.

A incorporação da Educação Ambiental ao currículo escolar de forma transversal ou por meio de projetos pedagógicos abertos, de modo a atingir a comunidade, com a finalidade de um maior conhecimento da realidade sócio ambiental dos alunos, perseguindo a intervenção e participação na solução de problemas locais e suas múltiplas interações e determinações a nível regional, nacional e global, exige muito do trabalho conjunto coletivo escolar, a fim de integrar esta visão no projeto pedagógico da Unidade Escolar. (MMA.2001, p. 87).

Execução de um Projeto envolvendo a comunidade

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O Professor é o principal ator das mudanças educativas, que é necessário mudar as

práticas de elaboração do currículo escolar, dando uma nova roupagem as

modalidades de atividades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs

em relação aos temas transversais.

Conta-se, portanto com as condições básicas legais para aprofundar os processos de

formação em Educação Ambiental, sendo que a Lei nº 9.795/99, destaca em seu

Capítulo II, seção I, a importância e a necessidade da capacitação de recursos

humanos na área, o desenvolvimento da investigação e experimentação, a produção e

divulgação de material didático, desenvolvimento de metodologias para a incorporação

interdisciplinar da educação Ambiental, nos diferentes níveis e modalidades de ensino.

Capacitar os professores do Ensino Fundamental implica fundamentalmente em fazer

com que eles vivam no curso de formação ambiental uma experiência, dando-lhes os

instrumentos necessários para ser o agente de sua própria formação.

A sociedade atual nos demanda uma formação permanente e uma atualização

profissional que alcança quase todos os âmbitos produtivos, como conseqüência, em

boa medida, de um mercado de trabalho complexo e exigente, junto a um acelerado

ritmo de transformações tecnológicas que nos desafia a encontrar novos caminhos

para a Educação Ambiental.

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Formar os educadores para trabalhar Educação Ambiental de forma transversal é um

desafio que abre espaço para a criatividade e a inovação, pois possibilita o fazer

pedagógico de forma integrada nos temas de relevância social.

O conceito de transversalidade é expresso nos PCN do meio ambiente como “Os

conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo através do que se chama

transversalidade, isto é, serão tratados nas áreas de conhecimento de modo a

impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e

abrangente da questão ambiental”.(MMA, 2001, p. 80)

A Educação Ambiental como tema transversal dentro de uma concepção de

construção interdisciplinar do conhecimento, visa a consolidação da cidadania com

conteúdos vinculados aos interesses da comunidade e a realidade social

contextualizada.

Os valores propostos nos diferentes temas transversais dos PCNs se sustentam com

base nos grandes valores da sociedade, e para a sua execução concreta na escola, os

professores necessitam de transformações nas próprias relações entre alunos,

educadores e todo o pessoal da Unidade escolar, buscando a integração entre escola

e comunidade e “A sociedade se depara com estruturas e procedimentos pouco

flexíveis para inaugurar novos processos de desenvolvimento na pessoa humana,

visando à (trans) formação de sujeito e cidadão consciente, capaz de se relacionar de

forma descentralizada , de exercer a democracia e implementar uma gestão

compartilhada” (LOUREIRO,2003,p 75).

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Consideramos que, para cumprir com os objetivos propostos para a educação

Ambiental, o percurso será longo, complexo e difícil, que serão necessários

investimentos importantes na capacitação e orientação dos professores, mas ao

mesmo tempo, reconhecemos que necessitamos estar à altura dos desafios que o

novo milênio nos coloca, para juntos construirmos os novos rumos da Educação

Ambiental na Educação Formal.

Os processos de aprendizagem são contínuos e interativos. Não é possível, hoje, fecha-los em níveis concretos ou em conteúdos específicos.Não é suficiente o conhecimento da área ou disciplina que se pretende ensinar, necessita-se também de uma visão global do processo educacional, uma compreensão dos diversos elementos e mecanismos que intervêm no currículo.Área e disciplina adquirem sentido enquanto são os meios para a consecução de objetivos gerais e para o desenvolvimento de uma série de capacidades, em contradição com a tendência a considerar somente seus conteúdos disciplinares.(MEDINA, 1999, p. 14)

O MEC nos anos de 1996 a 1998, realizou cursos de capacitação para técnicos das

secretarias de educação e professores dos estados, com a finalidade de orientar como

aplicar os novos Parâmetros Curriculares Nacionais.Esses cursos foram interrompidos,

pois os estados não tiveram interesse em dar continuidade ao processo.

Os professores por mais que queiram aplicar as diretrizes dos PCNs, não conseguem

porque sentem dificuldade em inter-relacionar a teoria com a prática, não possuindo

conhecimento e habilidade para o campo ambiental.

MEDINA (1999) ressalta para colocar em prática uma proposta pedagógica

emacipatória no espaço de gestão do meio ambiente, o educador além do seu

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compromisso com a causa ambiental e com a educação, deve ser detentor de

conhecimentos e habilidades...

Por isso torna-se necessário capacitar os profissionais da educação do Ensino

Fundamental de forma continuada e progressiva, apoiando as iniciativas e

experiências dos professores e comunidade que venham contribuir com a efetiva

incorporação da Educação Ambiental à educação formal incentivando a criatividade, a

participação na procura e solução dos problemas ambientais, o envolvimento

comunitário e a participação ativa e democrática da sociedade.

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4 DIAGNÓSTICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS MUNICIPAIS

DE SANTA CRUZ DA VITÓRIA E LENÇÓIS – BAHIA

O município de Santa Cruz da Vitória possui um clima quente e úmido, com

temperatura de 23,8° C (graus centígrados) e localiza-se no Micro-região de Itabuna,

Meso-região do Sul Baiano, distante da capital da Bahia 728 Km. Limita-se ao Norte

com os municípios de Ibicuí, ao Sul com Itajú do Colônia; ao

Leste de Floresta Azul e Itapé e a Oeste com os municípios de Firmino Alves e Ibicuí.

Possui área de 198 Km2 (Quilômetros quadrados).

Segundo o CENSO 2000 IBGE, possui uma população de 7025 (sete mil, e vinte e

cinco) sendo 2.059 (dois mil, cinqüenta e nove) na Zona Rural e 4.966 (quatro mil,

novecentos e sessenta e seis); dessa população 3.585 (três mil, quinhentos e oitenta e

cinco) homens e 3.440 (três mil, quatrocentos e quarenta) mulheres.

A base de sua economia é a agricultura e a pecuária – bovinos e muares – Santa Cruz

da Vitória possui uma grande bacia leiteira, distribuindo seus produtos laticínios pela

região sul da Bahia. Na agricultura, destacam-se as plantações de milho, batata doce,

mandioca, cacau, frutas, legumes e hortigranjeiros para subsistência. Destaca-se na

área mineral, a extração de sodalita.

O município possui pequenas indústrias, cerca de 30 estabelecimentos comerciais e

vários órgãos públicos (Agência Bradesco, COELBA, EMBASA, CORREIOS, Delegacia

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de Polícia, etc.) que dão suporte às ações do governo municipal e presta serviços à

coletividade.

O Sistema Municipal de Educação é formado pelos órgãos: Conselho de Alimentação

Escolar – CAE, Conselho Municipal de Educação – CME, Conselho Municipal de

Controle e Acompanhamento do FUNDEF, 14 Unidades Escolares, sendo 07 na Sede e

07 na Zona Rural.Atendendo cerca de 2.000 alunos do Ensino Fundamental, Educação

Infantil e Ensino Médio, nos turnos: matutino, vespertino e noturno. No Ensino

Fundamental o Município conta com 90 professores de nível médio e superior e 5

coordenadores pedagógicos.

Reunião de Professores do Município de Santa Cruz da Vitória – Bahia/Brasil

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O município de Lençóis-BA está situado na Chapada Diamantina e possui 1.367 km² de

área, ficando a 410 km de Salvador, tendo a altitude de 400 m. do nível do mar, com

uma população de aproximadamente 12.000 habitantes, tendo como base econômica o

turismo. O setor educativo possui 22 escolas sendo que três destas se situam na sede

e as demais na zona Rural, totalizando 4.000 alunos, nas três modalidades de ensino,

73 professores e 5 coordenadores pedagógicos.

O diagnóstico foi aplicado através de um questionário de pesquisa em todas as escolas

dos municípios, sendo respondido por todos os professores do Ensino Fundamental,

nos turnos matutino e vespertino.

Na definição de Educação Ambiental 100% dos Professores define como um tema de

suma importância para a sensibilização e conscientização da sociedade em relação ao

meio em que vivemos, resgatando valores, procedimentos, cuidados, atitudes

habilidades e competências voltadas para a preservação e conservação do meio

ambiente.

O curso de capacitação em Educação Ambiental é desafiador, 80% dos profissionais

não tiveram a oportunidade de participar de nenhum. Por esse motivo a dificuldade é

enorme em executar o que orienta os PCNs, temas transversais : Meio Ambiente e

Saúde.

Porém, 20% dos educadores já tiveram curso de capacitação em Educação Ambiental,

como agentes multiplicadores, não dando continuidade, nem acompanhamento do

processo, o que prejudica seriamente o avanço da qualidade de formação do educador.

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Os Coordenadores e Secretarias Municipais de Educação procuram dar suporte aos

projetos que os professores e alunos elaboram, mas, sem o conhecimento adequado o

resultado não satisfaz as expectativas no final das atividades.

Escola Municipal de Lençóis – Bahia.

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5 PROPOSTA METODOLÓGICA DE FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS EM

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO FUNDAMENTAL

Com base nos diagnósticos realizados nas Escolas do Ensino Fundamental, dos

Municípios de Santa Cruz da Vitória e Lençóis, Bahia e, na Constituição Federal, art.

214 inciso IV; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Nº 9.394/96, art. 32 inciso II

e III, art. 35 inciso III; Lei da Política Nacional de Educação Ambiental nº 9795/99, que

institui a Educação Ambiental no Sistema Brasileiro de Ensino apresenta-se a

proposta de Curso de Formação de Profissionais em Educação Ambiental no Ensino

Fundamental, com o objetivo de capacitar a comunidade escolar, tendo como eixos

fundamentais os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, o Programa Nacional de

Educação Ambiental – PRONEA, a Lei da Política Nacional de Educação - PNEA,

regulamentada pelo Decreto nº 4.281/2002, envolvendo o Ministério do Meio Ambiente

– MMA e o Ministério da Educação – MEC.

A Proposta apresentada tem como público alvo os professores, coordenadores,

orientadores, diretores do Ensino Fundamental, bem como os técnicos da Secretaria

Municipal de Educação, com carga horária de 160 horas anuais, sendo executadas em

turno oposto ao das aulas dos cursistas sem prejudicar o calendário escolar. A

freqüência mínima de 75% dará direito ao cursista o Certificado que será aprovado pelo

Conselho Municipal de Educação ou Órgão Executor, como também avanço salarial de

10% sobre seus vencimentos mensais.

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O Curso será ministrado pelas Secretarias Municipais de Educação, com recursos da

quota salário-educação, FUNDEF - Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino

Fundamental, imposto municipal, doações, programas específicos do Governo Federal

e Estadual. Os Municípios poderão buscar também parcerias com o Ministério do Meio

Ambiente, o Ministério da Educação, a Secretaria Estadual de Educação, a Secretaria

Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH, as Universidades Públicas

e Particulares, os Órgãos Executivos como o Centro de Recursos Ambientais – CRA,

através do Núcleo de Estudos Avançados do Meio Ambiente - NEAMA, o IBAMA,

dentre outros.

A proposta de formação dos profissionais deverá ser discutida e articulada tendo como

estratégia o planejamento pedagógico que é realizado nas unidades escolares, no mês

de fevereiro de cada ano, com vistas à inserção da temática ambiental nas redes

municipais de ensino.

Para viabilizar a inserção da Educação Ambiental nas escolas municipais de Santa

Cruz da Vitória e Lençóis de forma transversal e interdisciplinar, verifica-se a

necessidade de capacitar os professores, os coordenadores, diretores e os técnicos

lotados nas Secretarias Municipais de Educação, munindo-os de informações básicas

sobre a questão ambiental para que possam atuar como agentes de mudança na busca

da melhoria da qualidade de vida. (SALOMÃO, 2004)

Os conteúdos programáticos do curso de formação proposto deverão ser definidos à luz

da reflexão sobre a estrutura curricular, aos procedimentos utilizados para a construção

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participativa do projeto pedagógico e às condições objetivas de trabalho nas unidades

escolares, vinculando-o aos problemas ambientais de forma contextualizada e as

diferenças sócio-culturais de cada município. (LOUREIRO, 2004)

É necessário efetuar ações educativas plena, integral e articulada a outras esferas da

vida social para que se consolidem iniciativas capazes de mudar o modelo

contemporâneo de sociedades atuais, baseadas nos eixos temáticas definidos pelo

PCNs, que os reúnem em três blocos de conteúdos gerais, a saber: a) Os ciclos da

natureza; b) Sociedade e Meio Ambiente e c) Manejo e Conservação Ambiental.

Os blocos de conteúdos acima definidos deverão proporcionar aos professores uma

compreensão do tema de forma integral e favorecer a reflexão e ação a partir do

planejamento participativo do trabalho com as questões ambientais. Dentre os

conteúdos programáticos do curso destacam-se: o Histórico da

Legislação Ambiental Brasileira e Baiana; as Competências Normativas (União, Estado

e Município); a Política Nacional e Estadual de Meio Ambiente; a questão da Ética e

Cidadania Planetária; os Conceitos de Educação Ambiental e Ecologia; os fatores

bióticos e abióticos; o Ciclo de vida e os grandes ecossistemas e sua

representatividade no estado da Bahia; uma abordagem sistêmica do relacionamento

entre homem/natureza; a diversidade biológica e cultural; a trajetória da Educação

Ambiental (histórico, marco conceitual, objetivos, características e linhas de ação); os

pressupostos da Educação Ambiental e sua importância como instrumentos de

cidadania (Unidade Ecológica, Interdisciplinaridade Participação, Processo Contínuo e

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Permanente); Fundamentos legais da Educação Ambiental (Programa Nacional de

Educação Ambiental - PRONEA, Parâmetros Nacionais Curriculares – PCNs; Política

Nacional de Educação Ambiental); Metodologias Participativas em Educação Ambiental

e a Educação Ambiental Emancipatória como instrumento de viabilização da

sustentabilidade sócio ambiental.

A necessidade da capacitação em Educação Ambiental torna-se premente para que a

comunidade escolar possa desempenhar um papel protagonista na condução da

promoção de um novo paradigma, voltado à participação social oportunizando a

assimilação prática de metodologias participativas do cursista, nas decisões que

envolvem não apenas a comunidade contextualizada mais o futuro do país e do

planeta.

Aula de percepção com alunos.

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A metodologia para a elaboração e execução do curso baseia-se no modelo

construtivista a partir da reflexão, participação e resolução de problemas ambientais. A

organização básica parte do pressuposto de que se entende a metodologia proposta

não como uma seqüência rígida de procedimentos, mas como uma prática social. Em

sua vertente educativa e metodológica, a proposta compreende a seguinte

estruturação:

1a FASE: MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR

(Professores, Coordenadores, Diretores e os Técnicos lotados nas Secretarias

Municipais de Educação):

• Reuniões de discussão com os diretores, coordenadores e técnicos para

apresentação da proposta do curso e possibilidade de sua realização no

Planejamento Pedagógico em cada unidade escolar;

• Seminário de integração envolvendo os professores para apresentação da

proposta e sugestões para a execução do curso.

2ª FASE: PLANEJAMENTO DAS AÇÕES

• Elaboração do detalhamento do curso (conteúdos programáticos, carga horária

das disciplinas, trabalhos práticos).

3ª FASE: IMPLEMENTAÇÃO DA CAPACITAÇÃO

• Execução do curso. Nas aulas serão utilizados vídeos, textos, aulas de

percepção, pesquisa, visitas de campo em áreas que causam problemas ao

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município como: depósitos de lixos, esgotamentos sanitários, estações de

tratamentos, rios poluídos, destruição de matas ciliares, uso de agrotóxico,

desmatamentos, caça predatória; visitas a Unidades de Conservação se o

Município tiver e outros estudos, servirão de sustentáculos para o desempenho

dos participantes do curso.

4ª FASE: AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS VIVENCIADAS

• A elaboração e execução de um trabalho educativo no encerramento do curso

envolverão os professores, os alunos e a comunidade, tendo como referência os

temas ou idéias trabalhadas no desenvolvimento do curso.

• Realização do diagnóstico do ambiente de vida, que subsidiará a elaboração de

folhetos, cartilhas ou Manual de sensibilização e conscientização do uso dos

recursos renováveis; orientação para coleta seletiva nas residências; orientação

para a redução na compra de materiais de consumo descartável, coleta

seletiva,etc.

No final do curso todos os trabalhos dos participantes serão divulgados pelos meios de

comunicação de cada município para conhecimento da comunidade.

Educar para transformar é agir conscientemente em processos sociais que se

constituem conflitivamente por atores sociais que possuem trabalhos distintos de

sociedade, reconhecendo os sujeitos sociais com suas especificidades e seus

problemas.(LOUREIRO,2004).

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Finalmente, a metodologia para a formação de profissionais em Educação Ambiental

não deve acontecer abstratamente, mas na atividade coletiva humana, mediada pela

natureza, garantindo a autonomia individual e coletiva na formulação e resgate de

valores sociais e culturais, como também na busca da construção de alternativas e

estratégias que venham a transformar a comunidade escolar como um todo em agentes

de mudança.

Formação dos Professores em Educação Ambiental .

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

A educação, por ser uma prática social, expressa o modo como nos organizamos e

vivemos em sociedade, como nos comprometemos como ser da natureza e,

simultaneamente, manifesta e potencializa os questionamentos e reflexões sobre a

realidade, num processo de crítica e autocrítica, de ação política

coletiva.(LOUREIRO,2004).

Constata-se então, a real necessidade de um curso de formação dos profissionais em

Educação Ambiental no Ensino Fundamental tendo como eixo o contexto escolar, o

currículo como espaço de intervenção do professor, o ensino como tarefa e as

mudanças de atitudes e comportamentos como transformação do aluno.

Para tanto se recomenda a seguinte estratégia para o fortalecimento da inserção da

temática ambiental no âmbito das unidades escolares municipais:

a) Capacitar o Sistema Municipal de Ensino Fundamental em Educação Ambiental,

visando a formação de consciência do cidadão, a difusão do conhecimento

teórico e prático, voltados para a proteção, conservação do meio ambiente e dos

recursos naturais renováveis é um processo de fundamental importância para o

desenvolvimento sustentável dos Municípios;

b) Apoiar e incentivar a execução de projetos no âmbito escolar que integrem o

currículo do Ensino Fundamental, motivando para a aplicação de novas

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metodologias para o enriquecimento do ensino-aprendizagem entre discentes e

comunidade, dentro e fora da unidade escolar;

c) Propiciar condições de teoria e prática para que os responsáveis pelo

desenvolvimento do currículo possam fazer recomendações para o cumprimento

dos Parâmetros Curriculares Nacionais, promovendo a confecção de material

educativo de Educação Ambiental parta divulgação e informação da sociedade

local;

d) Estimular a cooperação com os meios de comunicação, notadamente os Rádios

Comunitários, envolvendo os docentes e alunos na formação de valores e

atitudes dos cidadãos e da coletividade.

e) A consolidação e expansão dos encontros estaduais, regionais e nacionais de

Educação Ambiental, com ênfase no aprofundamento teórico, na articulação

teórico-prática e na definição de diretrizes para os educadores ambientais e o

poder público.

Em nível municipal, considera-se também de fundamental importância a realização de

campanhas de Educação Ambiental para os usuários dos recursos naturais,

objetivando a sensibilização para que os mesmos usem de forma responsável estes

recursos, garantindo a sustentabilidade, respeito, preservação e conservação da

natureza.

Finalmente, esta monografia poderá servir como subsídio para maior aproximação e

diálogo dos educadores ambientais nos aspectos metodológicos e reflexivos sobre a

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estrutura curricular existente, procedimentos utilizados para a contextualização social

da Educação Ambiental no âmbito escolar.

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Escolares – 1º ed.- Araraquara: JM editora, 1999.