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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ LUCAS ALCIR DE OLIVEIRA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO PALOTINA 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

LUCAS ALCIR DE OLIVEIRA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE AQUÁTICA EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO

PALOTINA

2019

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LUCAS ALCIR DE OLIVEIRA

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE AQUÁTICA EM UMA TURMA DO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada como requisito parcial

à obtenção do título de Licenciado em

Ciências Biológicas, Setor Palotina,

Universidade Federal do Paraná.

Orientadora: Profª Drª Valéria Ghisloti Iared

Palotina

2019

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Dedico este trabalho a meus pais Júlio e Marivone e também a meus irmãos

Júlio Cesar e Mateus por serem exemplos de educação, coragem e

determinação. Espero ser merecedor de tudo o que fizeram por mim.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por minha vida, família e amigos e pela

oportunidade de realizar este trabalho.

A minha orientadora Valéria Ghisloti Iared pela paciência, apoio,

amizade, confiança e principalmente pelos conhecimentos a mim passados

durante a realização deste trabalho. Serei eternamente grato.

A todos os professores que tive ao longo da graduação que foram

importantes para minha vida acadêmica e formação profissional.

Ao meu pai Júlio e minha mãe Marivone que me deram apoio e amor

incondicionalmente e que não mediram esforços para que eu concluísse esta

etapa da minha vida. Sei o quanto vocês se doaram para a realização deste

sonho.

Aos meus irmãos Júlio Cesar e Mateus que sempre estiveram comigo

me apoiando e dando alegria aos meus dias.

As minhas sobrinhas Luiza, Júlia e Ana Clara por todo o carinho e amor

que me proporcionam.

Aos meus familiares que entenderam minha ausência nos momentos

importantes e torceram por mim.

Aos amigos e amigas que fiz durante a graduação, que dividiram comigo

todas as dificuldades e conquistas, que me apoiaram e ajudaram ao longo

destes anos. Em especial a Larissa e Arthur, por todos os momentos ce

conselhos compartilhados. Jamais esquecerei.

Aos membros que compõe a banca examinadora deste trabalho Profª

Valéria Ghisloti Iared, Profº Leandro Portz, Profº José Fernandes Silva e Profª

Jéssica Paula Vescovi por aceitarem o convite e analisar este trabalho.

E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para minha

jornada acadêmica, meu muito obrigado.

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“A educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas

transformam o mundo.”

Paulo Freire

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RESUMO

O presente trabalho representa uma monografia realizada para obtenção do título de licenciatura do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Considerando o atual contexto de alterações ambientais causados pela ação humana, principalmente em ambientes aquáticos, os quais são drasticamente afetados por distúrbios de ordem biótica e abiótica, a realização de intervenções que propiciem espaços de discussões no contexto escolar (educação ambiental formal) podem contribuir para o desenvolvimento social aliado aos princípios da sustentabilidade e de respeito às outras formas de vida. Desta forma, as atividades de educação ambiental, por meio do processo participativo, podem oferecer oportunidades de aprendizagem e transformação. Este trabalho teve como objetivo analisar uma interação educativa que tratou da biodiversidade aquática em um grupo de alunos do ensino médio de uma escola pública de Palotina no oeste do Paraná por meio de diversos recursos didáticos. Como técnica de coleta de dados, realizamos a observação participante, registros em diário de campo e análise de alguns materiais produzidos durante os encontros. Por meio da triangulação dos dados, foram possíveis identificar três aspectos emergentes, sendo: 1) percepção da biodiversidade local; 2) sensibilização e 3) apropriação do conhecimento. Desse modo, observa-se que os resultados obtidos com as intervenções perpassam por três dimensões da educação ambiental, sendo: conhecimentos (percepção da biodiversidade local), valores (sensibilização e afetividade) e participação( apropriação do conhecimento), os quais, geraram uma percepção crítica nos alunos em relação a essa problemática ambiental. Dois autores foram de fundamental importância para a discussão e compreensão dos dados produzidos por este trabalho, sendo: Timothy Ingold com a noção de “educação da atenção” que é entendida como processo de afinação do sistema perceptivo e Paulo Freire ao discutir a potencialidade da curiosidade ingênua e epistemológica.

Palavras-chave: Educação escolar. Educação da atenção. Curiosidade ingênua e epistemológica.

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ABSTRACT

The present work represents a monograph made to obtain the degree in Biological Sciences at the Federal University of Paraná. Considering the current context of environmental changes caused by human action, especially in aquatic environments, which are drastically affected by biotic and abiotic disorders, the implementation of interventions that provide spaces for discussion in the school context (formal environmental education) may contribute to social development combined with the principles of sustainability and respect for other life forms. Thus, environmental education activities, through the participatory process, can offer opportunities for learning and transformation. This work aimed to analyze an educational interaction that dealt with aquatic biodiversity in a group of high school students from a Palotina public school in western Paraná through various didactic resources. As a data collection technique, we performed participant observation, field journaling and analysis of some materials produced during the meetings. Through data triangulation, it was possible to identify three emerging aspects, as follows: 1) perception of local biodiversity; 2) sensitization and 3) knowledge appropriation. Thus, it is observed that the results obtained from the interventions go through three dimensions of environmental education, namely: knowledge (perception of local biodiversity), values (awareness and affection) and participation (appropriation of knowledge), which generated a critical perception in students regarding this environmental problem. Two authors were of fundamental importance for the discussion and understanding of the data produced by this work, being: Timothy Ingold with the notion of "attention education" which is understood as a process of tuning the perceptual system and Paulo Freire when discussing the potentiality of curiosity. naive and epistemological.

Keywords: School education. Education of attention. Naive and epistemological curiosity.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL.................................................................................................

24

FIGURA 2 – AQUÁRIO INSTALADO NA SALA DE AULA DO

COLÉGIO.....................................................................................................

48

FIGURA 3 – AMOSTRAS BIOLÓGICAS E LUPA UTILIZADOS EM

AULA............................................................................................................

50

FIGURA 4 – ESQUEMA DOS PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS.....................................................................................

52

FIGURA 5 – INTERVENÇÃO REALIZADA NA

ESCOLA.......................................................................................................

56

FIGURA 6 – ATIVIDADE DE INTERVENÇÃO DESENVOLVIDA PELOS

ALUNOS COM TURMAS DO ENSINO

FUNDAMENTAL..........................................................................................

61

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – PRINCIPAIS CORRENTES DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL.................................................................................................

20

QUADRO 2 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS MODALIDADES

CONSERVADORA E CRÍTICA DA EDUCAÇÃO

AMBIENTAL.................................................................................................

28

QUADRO 3. ARTIGOS ENCONTRADOS QUE UTILIZARAM AQUÁRIOS

COMO RECURSO MOBILIZADOR DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL.................................................................................................

43

QUADRO 4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE AS AULAS

MINISTRADAS.............................................................................................

47

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 10

1.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO........ 10

1.2 CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRINCIPAIS CORRENTES..... 18

1.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA E CONSERVADORA............................. 26

1.4 CONTEXTO DO PROBLEMA.......................................................................... 29

1.5 CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA E SEUS REFLEXOS NA

QUALIDADE DA ÁGUA..........................................................................................

35

1.6 PANORAMA GERAL DA DISPONIBILIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA NO

BRASIL E NO MUNDO..........................................................................................

38

1.7 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 42

1.8 OBJETIVOS..................................................................................................... 44

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................... 45

2.1 PESQUISA QUALITATIVA............................................................................... 45

2.2 LOCAL DE ESTUDO........................................................................................ 46

2.3 ENCONTROS................................................................................................... 46

2.4 RECURSOS DIDÁTICOS................................................................................. 47

2.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS.................................................................... 50

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 53

3.1 PERCEPÇÃO DA BIODIVERSIDADE LOCAL................................................. 53

3.2 SENSIBILIZAÇÃO E AFETIVIDADE................................................................ 56

3.3 APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO.......................................................... 60

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 62

REFERÊNCIAS........................................................................................... 63

APÊNDICE 1 – TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. 70

APÊNDICE 2 – DIÁRIO DE CAMPO.......................................................... 71

APÊNDICE 3 – PLANOS DE AULA........................................................... 80

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1 INTRODUÇÃO

1.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL E NO MUNDO.

A ação antrópica vem alterando as paisagens naturais e afetando a

dinâmica populacional de muitos organismos e ciclos ecológicos. Tal

exploração foi amplamente intensificada com a Revolução Industrial nos século

XVIII e XIX, onde a busca por recursos e os meios de produção evoluíram,

causando sérias agressões ao meio ambiente (DIAS, 2004).

Desta forma, nos deparamos com uma urgente necessidade de

transformações para a superação das injustiças ambientais, da desigualdade

social e da apropriação da natureza de forma inadequada (Henriques et al,

2007). Nas ultimas décadas, podemos perceber um crescente interesse das

pessoas por medidas relacionadas às mudanças ambientais e a educação

ambiental tem sido apontada como um dos principais pilares para a mudança

deste atual paradigma.

De acordo com Tannous e Garcia, (2008), educação ambiental é um

componente essencial para a construção de conhecimentos de modo a

possibilitar a constituição de uma sociedade sustentável. Desta forma, de

acordo com os autores, um dos objetivos da educação ambiental é motivar

novas visões de mundo, sugerindo uma formação voltada para o conhecimento

e a importância dos direitos e deveres de cada um, refazendo as falhas

cometidas no passado e observando a importância da condição de cidadania.

A educação ambiental tem seu surgimento a partir das preocupações de

ambientalistas em chamar a atenção da população para os problemas

ambientais causados pela ação humana e destruição das florestas, e com isso

envolver a sociedade em ações ambientalmente corretas (SILVA, 2017). Desta

forma, o que se tem observado nas últimas décadas, são crescentes eventos e

medidas relacionadas às mudanças ambientais, principalmente no campo da

educação ambiental, obtendo significativos avanços, conquistando a cada dia

mais espaço no campo educacional.

Até a conferência de Estocolmo, poucos avanços significativos foram

realizados em prol da educação ambiental. Para Marcatto (2002), o livro

“Primavera Silenciosa” escrito por Raquel Carson em 1962, representava uma

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das primeiras críticas mundialmente conhecida relacionados aos efeitos

ecológicos da utilização generalizada de insumos químicos na produção e do

despejo de dejetos industriais no ambiente de modo desenfreado. A partir da

publicação deste livro, a temática ambiental passou a fazer parte das

inquietações políticas internacionais e o movimento ambientalista tomou novos

rumos, promovendo uma série de eventos e debates com o passar dos anos

(DIAS, 2004).

De acordo com Henriques et al. (2007), apesar de primeiros registros da

utilização do termo “educação ambiental” datem do ano de 1948, em um

encontro promovido pela União Internacional para a Conservação da Natureza

(UICN) em Paris, os rumos da Educação Ambiental começam a ser realmente

definidos a partir da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, onde se

atribui a inserção da temática da Educação Ambiental na agenda internacional.

De acordo com Ramos (2001), diante da preocupação e reconhecimento

dos problemas ambientais atuais, a educação ambiental passou a fazer parte

não apenas do ideário político, mas também ocupou destaque no contexto

pedagógico desde os anos 70. Nos últimos anos, a vinculação da educação

ambiental a obtenção de determinados valores, habilidades e atitudes é

conhecida desde a conferência de Estocolmo, evocando a necessidade de uma

mudança da maneira como nos relacionamos com a natureza para sua

preservação e conservação (RAMOS, 2001)

De acordo com Dias (2004), o ano de 1972 testemunhou um dos

eventos mais decisivos para evolução da abordagem ambiental no mundo.

Motivados pela repercussão do relatório do Clube de Roma, publicado no

mesmo ano, o qual denunciava a busca incessante busca por crescimento

econômico das nações sem levar em conta os impactos ambientais gerados, a

Organização das Nações Unidas (ONU), promoveu a “Conferência da ONU

sobre o meio ambiente, ou Conferência de Estocolmo, como ficou conhecida

(DIAS, 2004). Durante a Conferência de Estocolmo, além de propor diversos

outros documentos, de forma inédita, se atribuiu a inserção da temática da

educação ambiental na agenda internacional no combate a crise ambiental, por

meio da recomendação nº96 (HENRIQUES, et al, 2007; DIAS, 2004).

A partir da conferência de Estocolmo, surge o conceito de “educação

ambiental”, como sendo um processo educacional capaz de contribuir

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efetivamente com o enfrentamento dos problemas ambientais (DIAS, 2004).

Desta forma, pode-se afirmar que este foi o primeiro pronunciamento oficial

sobre a necessidade do desenvolvimento da educação ambiental em escala

global, resultando numa comoção mundial com a propagação de inúmeros

projetos e programas para a sua implementação (RAMOS, 2001).

Como reflexo ao evento de Estocolmo, em 1975 a UNESCO

(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura),

promoveu em Belgrado o Encontro Internacional de Educação Ambiental, no

qual foi elaborado a Carta de Belgrado, um dos mais importantes documentos

da década por destacar a importância de uma nova ética ambiental. Dentre

outros temas, este documento definiu a educação ambiental como um tema

multidisciplinar, continuado e integrado às diferenças regionais, voltado para os

interesses nacionais (TANNOUS; GARCIA, 2008). Participaram da conferência

especialistas de 65 países, os quais se comprometeram com a realização de

um novo evento no período de dois anos com o objetivo de estabelecer as

bases conceituais e metodológicas para o desenvolvimento da educação

ambiental em nível mundial (DIAS, 2004). De acordo com a carta de Belgrado

(UNESCO, 1975), a educação ambiental tem como meta:

Desenvolver uma população mundial que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhes são associados e que tenha conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos.

No Brasil, não se observava ações de apoio a educação ambiental na

época, seja pelo desinteresse do tema pelos governantes, seja pela ausência

de uma política educacional bem estruturada. O Brasil estava sob o regime

militar nesse período e como reflexo do momento político que atravessava, o

país foi responsável por inúmeras atividades com geração de impactos

ambientais negativos (DIAS, 2004).

Apesar de a Carta de Belgrado ser um marco histórico na evolução da

consciência ambiental (TANNOUS; GARCIA, 2008), foi em Tbilisi na Geórgia,

no ano de 1977, onde ocorreu o evento mais marcante da história da educação

ambiental, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental. O

evento foi organizado a partir de uma parceria entre a UNESCO (Organização

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das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e o então recente

Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma), ficando conhecida também

como a Conferência de Tbilisi.

A conferência reuniu diversos especialistas na área de todo o mundo de

modo a definir a natureza da educação ambiental, seus princípios e objetivos,

formulando também recomendações e estratégias pertinentes ao plano

regional e internacional (DIAS, 2004), as recomendações e definições

produzidas neste documento tiveram grande importância no campo

educacional e são utilizados em políticas educacionais na área ambiental até

hoje. De acordo com a declaração do acordo de Tbilisi (UNESCO, 1977):

A educação ambiental deve atingir pessoas de todas as idades, todos os níveis e âmbitos, tanto na educação formal quanto da não formal [...]. Essa educação deverá preparar o indivíduo, através da compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo, proporcionando-lhes os conhecimentos técnicos e as qualidades necessárias para desempenhar uma função produtiva que vise melhorar a vida e proteger o ambiente, valorizando os aspectos éticos.

Desta forma, de acordo com Tannous e Garcia (2008), a declaração

publicada durante o evento define como tarefa da educação ambiental propiciar

condições aos indivíduos de modo a desenvolver uma consciência e

compreensão dos problemas ambientais causados pela ação humana e

estimular a formação de comportamentos positivos de modo a agir criticamente

e atuar na busca de soluções de problemas ambientais. Os autores ainda

afirmam que as preocupações pedagógicas expressas no documento valorizam

a participação e o contato direto dos alunos com os elementos da natureza, de

modo a orientar os processos cognitivos para a solução dos problemas

ambientais, valorizando a utilização de recursos interdisciplinares de ensino

tendo como base as ciências naturais, sociais e o contato com a natureza.

De acordo com Dias (2004), a educação ambiental estabeleceu neste

período um conjunto de elementos capazes de compor processos por meio dos

quais o homem, de forma crítica e reflexiva, pudesse perceber os mecanismos

sociais, políticos e econômicos que estabeleceram uma nova dinâmica global,

preparando-os para o exercício pleno dos seus direitos de cidadão, por meio da

participação comunitária, em prol da melhoria da sua qualidade de vida e, em

ultima análise, da experiência humana.

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Apesar das intensas manifestações na década de 70 e do crescente

interesse, os maiores avanços da Educação Ambiental e da consciência

ambiental foram realmente intensificados e se tornaram mais conhecidos

particularmente nas décadas de 80 e 90 (DIAS, 2004).

No entanto, no Brasil poucas medidas foram tomadas de modo a

fortalecer a educação ambiental. Somente em 1981, o governo promulgou a Lei

nº 6939, dispondo da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), a qual trazia

em seu artigo 2º a obrigatoriedade do desenvolvimento de educação ambiental,

abrindo espaço para o desenvolvimento de uma política ambiental mais efetiva

no país (BRASIL, 1981).

Enquanto isso, no cenário internacional, a educação ambiental

continuava a ganhar espaço e se fortalecer nas grandes nações. Em 1987,

como havia sido acordado em Tbilisi, foi realizado na cidade de Moscou o

Congresso Internacional sobre Educação e Formação Ambiental, promovido

pela Unesco (SOUZA, 2011). Durante o evento, foram avaliadas as conquistas

e as dificuldades enfrentadas pela área da educação ambiental, além de

discutir a importância de sua inserção nos sistemas educacionais mundiais

(TANNOUS; GARCIA, 2008).

No Brasil, apesar da pouca importância dada ao tema, no ano de 1987,

alguns avanços significativos na área foram registrados. O governo federal

aprovou o parecer 226/87, no qual considerava necessária a inclusão da

educação ambiental dentre os conteúdos a serem explorados nos currículos

escolares, representando o primeiro documento oficial elaborado pelo

Ministério da Educação (MEC) a tratar dos assuntos levantados em eventos

anteriores (DIAS, 2004).

Porém, o avanço mais significativo viria no ano de 1988, onde a

educação ambiental passou a ser exigência constitucional e seria

responsabilidade de todas as esferas de governo (federal, estadual e

municipal). Por meio do inciso IV do artigo 225, tal processo educativo deve ser

conduzido em todos os níveis de ensino, formal e não formal sob

responsabilidade do poder público, de modo a defender e preservar o meio

ambiente para as gerações futuras (BRASIL, 1988). Após a promulgação da

Constituição de 1988, inúmeras outras leis ambientais foram surgindo e a

incorporação da educação ambiental é transversal a todas elas.

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No mesmo ano de 1988, a Assembleia Geral das Nações Unidas

aprovou a realização de uma conferência sobre o meio ambiente e

desenvolvimento a fim de avaliar o progresso dos países com relação a

proteção ambiental e educação voltada a conservação. Na oportunidade, o

Brasil se ofereceu para sediar o evento que futuramente ficaria conhecido

como Rio-92. Desta forma, em 1989 a ONU, por meio da Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD),

também conhecida como “Cúpula da Terra”, marcou a realização do evento

para o mês de junho de 1992 (TANNOUS; GARCIA, 2008).

Em 1991, as premissas da educação ambiental ainda não tinham

chegado a sociedade brasileira (DIAS, 2004). Sendo assim, nos próximos

anos, uma intensa força tarefa seria desenvolvida pelo governo, de modo a

divulgar as premissas da Educação ambiental direcionada a professores e

educadores da rede pública, buscando prepará-los e dar subsídios na

realização dos trabalhos educativos, investindo na formação continuada e

treinamento dos profissionais.

Em 1992, no Rio de Janeiro, foi promovido pela ONU um encontro para

elaboração de um plano de ações para o século XXI chamado de Conferência

das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também

conhecido como Rio 92. Dentre outros temas, a conferência abordou os

assuntos propostos em Tbilisi, ressaltando, que a partir de agora a educação

ambiental deve dar ênfase ao desenvolvimento sustentável, dando um novo

sentido a atividade (TANNOUS; GARCIA, 2008; RAMOS, 2001).

Participaram do evento representantes de 172 países, além de diversos

especialistas da área ambiental e de educação. Vários documentos foram

elaborados durante e após o evento, tais como: Agenda 21, Declaração do Rio

de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, entre diversos outros

que revolucionaram a luta por proteção ambiental no Brasil e no mundo

(SILVA, 2010). A Rio 92 corroboraria as premissas elaboradas em Tbilisi e

Moscou e acrescentaria a necessidade de centrar esforços na erradicação do

analfabetismo ambiental e atividades de capacitação de recursos humanos

para a área (DIAS, 2004).

Deste acordo com Silva (2010), ainda na Rio 92, foi produzido o Tratado

de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade

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Global, direcionando a educação ambiental para uma perspectiva mais

holística e sistêmica, reconhecendo o papel dela na formação de valores e

construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Este foi um evento

paralelo, idealizado por ambientalistas de todo o mundo de maneira

participativa e já vinha sendo construído desde conferências anteriores e

representa a maior referência para quem quer trabalhar com educação

ambiental em vários países do mundo (DIAS, 2004)

De acordo com Henriques et al. (2007), o documento estabelece

princípios fundamentais da educação para sociedades sustentáveis, além de

destacar a necessidade de formação de um pensamento crítico. Estabelece,

ainda, uma relação entre as políticas públicas de educação ambiental e a

constituição de uma sociedade sustentável, apontando princípios e um plano

de ação para educadores ambientais. Sendo assim, o Tratado tem uma grande

importância por ter sido elaborado no âmbito da sociedade civil e por

reconhecer a educação ambiental como um processo político, dinâmico e em

permanente construção.

No Brasil, objetivando concretizar as recomendações aprovadas na Rio

92, o MEC instituiu um grupo de trabalho de caráter permanente de modo a

orientar ações e estratégias para a implantação da educação ambiental nas

redes de ensino de todos os níveis e modalidades, realizando encontros em

todo o território nacional (DIAS, 2004).

Dois anos após a conclusão da Conferência do Rio, em 1994, por meio

dos compromissos assumidos durante o evento e com base na Constituição

Federal de 1988, foi criado o Programa Nacional de Educação Ambiental

(PRONEA), o qual era coordenado pelo MEC em parceria com o Ministério do

Meio Ambiente (MMA), prevendo: a capacitação de gestores e educadores,

além de promover uma formação continuada; o desenvolvimento de ações

educativas visando a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento de

instrumentos e metodologias visando promover a educação ambiental nos

meios formais e não formais de ensino, além de integrar membros da

sociedade neste processo (BRASIL, 2005)

O ano de 1997, para muitos autores, representa o ano mais marcante

para a educação ambiental no Brasil, pois remete a um período de intensa

discussão e produção, que instigaram pesquisadores e educadores a participar

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de diferentes eventos nacionais e internacionais (DIAS, 2004). Além disso,

inúmeros debates foram promovidos em torno em uma futura lei para

estabelecer a Política Nacional de Educação Ambiental (DIAS, 2004), os quais

obtiveram intensa participação da sociedade civil na sistematização dos

princípios da educação ambiental no Brasil (SOUZA, 2011).

Ainda neste ano, o MEC elabora uma nova proposta curricular, as PCNs

(Parâmetros Curriculares Nacionais), por meio da qual torna-se obrigatório a

inclusão de temas relacionados ao meio ambiente como tema transversal nos

currículos básicos do ensino fundamental (SILVA, 2017). De acordo com

Henriques et al. (2007), os PCN são um subsídio para apoiar as escolas na

elaboração do projeto educativo, inserindo valores e atitudes no convívio

escolar, bem como a maneira de tratar alguns temas sociais urgentes de

relevância nacional, chamados de temas transversais, sendo: meio ambiente,

ética, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, além de a

possibilidade de as escolas elegerem outros de relevância, conforme o

contexto local.

Dois anos após, sob influência da formulação do PRONEA, houve a

elaboração de um projeto de lei intitulado a Política Nacional de Educação

Ambiental (BRASIL, 1999), em vigor desde 1999, porém, esta só passou a ser

regulamentada em 2002. A partir daí, tem-se os instrumentos necessários para

impor um ritmo mais intenso ao desenvolvimento do processo de educação

ambiental no Brasil, representando um período muito fértil para o tema visto as

dificuldades enfrentadas até então (DIAS, 2004). De acordo com Marcatto

(2002), essa representa a mais recente e mais importante lei para a educação

ambiental nacional, na qual estão definidos os princípios relativos à área que

deverão ser seguidos em todo o País, seja no âmbito formal e informal.

Voltando ao cenário internacional, em 2002, acontecia em

Johanesburgo, na África, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável, que também ficou conhecida por Conferência Rio+10, sendo uma

tentativa da ONU de reavaliar e implementar as conclusões e diretrizes obtidas

na Rio-92, buscando, principalmente, avançar nas discussões sobre alguns dos

principais problemas ambientais de ordem global, tais como crescimento da

pobreza e escassez de recursos hídricos (TANNOUS E GARCIA, 2008).

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A convenção terminou com poucos avanços, obtendo a aprovação de

dois documentos, sendo a Carta de Johanesburgo e o Plano de

Implementação, com novas propostas práticas para a promoção do

desenvolvimento sustentável, sem que exista exigências ou meios de cobrar a

implementação das medidas aprovadas.

Segundo Tannous e Garcia, (2008), em 2007, aconteceu em

Ahmadabad na Índia, a IV Conferência Internacional de Educação Ambiental,

que buscou avaliar os avanços e debater novos temas para a área da

educação desde a conferência de Tbilisi em 1977. Por esse motivo, também é

conhecida como Tbilisi+30. Participaram do evento representantes de 78

países que juntos aprovaram a "Declaração de Ahmadabad 2007: uma

chamada para ação. Educação para a vida: a vida pela Educação”. Dentre os

temas abordados na ocasião, as mudanças climáticas e seus desafios para a

educação ambiental foram os principais temas debatidos.

Apesar dos significativos avanços em décadas anteriores, atualmente, a

educação ambiental está enfrentando diversos desafios como, por exemplo, a

criação da Base Nacional Curricular Comum (que não faz referência à

educação ambiental ou ao meio ambiente) e a extinção do órgão gestor da

educação ambiental em nível federal. Isto é, não há mais nenhuma

coordenadoria ou diretoria dentro do MEC ou MMA responsáveis pela

educação ambiental no Brasil na esfera federal, o que seria obrigatório pela

Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999), este representa um

dos mais significativos retrocessos na política ambiental nacional.

1.2 CONCEITO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PRINCIPAIS CORRENTES.

Como abordado no tópico anterior, a educação ambiental começou a

ganhar visibilidade no contexto mundial há cerca de 40 anos, desde a

realização da conferência de Estocolmo. Apesar de todos os avanços e

evolução da área nos últimos anos, perdura a ideia de que, na prática, a

educação ambiental se resume na distribuição de panfletos e realização de

campanhas de conscientização (BARBOSA, et al. 2014).

No entanto, educadores ambientais vêm pontuando a riqueza de um

projeto educativo que o meio ambiente não como um simples objeto de estudo.

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Nesse sentido, a educação ambiental não é uma “maneira” de educação ou

uma “ferramenta” entre tantas outras, mas sim, representa uma dimensão

essencial da educação voltada ao desenvolvimento pessoal e social, além de

nossa relação com o meio em que vivemos (SAUVÉ, 2005).

A educação ambiental está prevista no artigo 225 da constituição

federal, onde, no inciso VI, estabelece a obrigatoriedade do estado de

“promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL,

1988), seja no contexto formal e não formal. Em consonância com a

Constituição Brasileira, a Política Nacional de Educação Ambiental define que:

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por

meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

Sendo assim, para Sorrentino et al. (2005), a educação ambiental surge

como um processo educativo que direciona para um saber ambiental infundado

nos valores éticos e no convívio social, que entre outros fatores, aborda a

questão entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da natureza.

Desta forma, deve ser direcionada para o exercício da cidadania, considerando

seu sentido de pertencimento e corresponsabilidade por meio da ação coletiva,

buscando a compreensão e a superação das causas estruturais e conjunturais

dos problemas ambientais.

De acordo com Sauvé (2005), a educação ambiental tem como objetivo

motivar dinâmicas sociais na comunidade local e, posteriormente, em redes

mais amplas, visando promover a abordagem colaborativa e crítica das

realidades socioambientais, além de uma visão autônoma e solidária dos

problemas e soluções em seu entorno.

A educação ambiental diz respeito a nossa relação com o meio

ambiente, sendo assim, para intervir de modo mais apropriado o educador

deve levar em conta as múltiplas facetas dessa relação e das diferentes

maneiras de compreender e apreender o meio ambiente (SAUVÉ, 2005). Ao

longo da história, a educação ambiental recebeu várias denominações e

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diferentes vertentes podem ser identificadas, as quais se diferenciam

principalmente por seus objetivos com relação ao meio ambiente e a sociedade

(SANTOS; TOSCHI, 2015).

De acordo com Sauvé (2008), ao abordarmos a educação ambiental,

apesar de sua preocupação comum com o meio ambiente e a relação do ser

humano com estes, diferentes autores adotam diferentes concepções do tema

ao praticar a ação educativa nesse campo. A autora identifica ainda 15

correntes de educação ambiental, onde algumas representam pensamentos

dominantes das décadas de 70 e 80, além de concepções mais recentes,

recorrentes dos problemas ambientais contemporâneos.

Dentre as correntes historicamente mais “antigas”, cabe destacar: a

corrente naturalista; conservacionista; resolutiva; sistêmica; científica e

humanista; moral/ética. Já nas visões mais recentes para o tema, chama a

atenção para as correntes: holística; biorregionalista; práxica; crítica; feminista;

etnográfica; da ecoeducação e da sustentabilidade (SAUVÉ, 2008). No Quadro

1, podemos identificar algumas características que diferem uma corrente da

outra, tais como: objetivos da educação ambiental, enfoques dominantes e qual

a concepção do meio ambiente considerado em cada abordagem.

QUADRO 1 – PRINCIPAIS CORRENTES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CORRENTES CONCEPÇÕES DO MEIO AMBIENTE

OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

ENFOQUES DOMINANTES

Naturalista

Natureza

Tem como objetivo reconstruir uma relação com a natureza, Este tipo de educação reconhece o valor da natureza, acima e além dos recursos que ela proporciona e do saber que se possa obter dela. Busca criar um vínculo do educando com a natureza em busca da compreensão de que também fazemos parte dela. Exemplos de estratégias: atividades sensoriais, de imersão e de descoberta.

Sensorial Experiencial Afetivo Cognitivo Criativo/estético

Conservacionista/

Recursista

Recurso

Adotar comportamentos de conservação. Desenvolver habilidades relativas à gestão ambiental. esta centrada na conservação dos recursos (água, biodiversidade, solo, ar, etc.), tanto em quantidade, quanto em qualidade, tendo grande preocupação com a gestão adequada deste. Exemplos de estratégias: desenvolvimento de projetos de

Cognitivo Pragmático

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gestão/conservação.

Resolutiva

Problema

Desenvolver habilidades de resolução de problemas: do diagnóstico à ação. Trata-se de informar ou de levar as pessoas a se informarem sobre problemáticas ambientais, assim como a desenvolver habilidades voltadas para resolvê-las e produzir mudanças de comportamento nas pessoas. Educação centrada no estudo de problemáticas ambientais. Exemplos de estratégias: estudos de caso, análise e resolução de situações problema.

Cognitivo Pragmático

Sistêmica

Sistema

Desenvolver o pensamento sistêmico: análise e síntese para uma visão global.. conhecer e compreender adequadamente as realidades e as problemáticas ambientais e reunir esforços na busca de soluções menos prejudiciais ou mais desejáveis em relação ao meio ambiente.. Busca conhecer os componentes de sistemas ambientais e suas relações. Exemplos de estratégias: saídas de campo, análise de sistemas ambientais e estudos de caso.

Cognitivo

Científica

Objeto de estudos

Adquirir conhecimentos em ciências ambientais. Desenvolver habilidades relativas à experiência científica. abordar com rigor as realidades e problemáticas ambientais e de compreendê-las melhor, identificando mais especificamente as relações de causa e efeito, refletindo e pesquisando soluções apropriadas. Exemplos de estratégias: observação, experimentação, atividades de pesquisa.

Cognitivo Experimental

Humanista

Meio de vida

Conhecer seu meio de vida e conhecer-se melhor em relação a ele, já que esta possui diferentes dimensões sendo históricas, políticas, culturais e sociais, desta forma, deve-se levar em consideração seu valor simbólico. Desenvolver um sentimento de pertença. Exemplos de estratégias: observação de paisagens, estudo do meio em que se vive.

Sensorial Cognitivo Afetivo Experimental Criativo/Estético

Moral/Ética

Objeto de valores

Dar prova de ecocivismo. Desenvolver um sistema de valores ambientais morais e éticos, adotando um código de comportamentos socialmente desejáveis. Exemplos de estratégias: análise e definição de valores sociais.

Cognitivo Afetivo Moral Sensibilidade Criativo/Estético

Desenvolver as múltiplas dimensões de seu ser em interação com o conjunto de dimensões do meio

Holístico Orgânico Intuitivo

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Holística Totalidade ambiente. Desenvolver um conhecimento “orgânico” do mundo e um atuar participativo em e com o meio ambiente. refere-se a totalidade de cada indivíduo e a realidade a qual este pertence, além de levar em consideração a rede de relações que une os seres em conjuntos e lhes atribui sentido. Busca oferecer ao educando uma diversidade de enfoques de uma mesma situação. Exemplos de estratégias: visualização, oficinas de criação, uso de estratégias e abordagens complementares, imersão.

Criativo Psicopedagógico

Biorregionalista

Lugar de pertença Projeto comunitário

Desenvolver competências em ecodesenvolvimento comunitário, local ou regional. delimita-se por uma região geográfica definida por suas características naturais, buscando causar um sentimento de identidade da comunidade que ali vive, a relação que tem com o meio e a busca de maneiras para valorizar a comunidade natural da região. Exemplos de estratégias: desenvolvimento de projetos coletivos com a comunidade na busca de soluções conjuntas para problemas regionais, criação de ecoempresas.

Cognitivo Afetivo Experiencial Pragmático Criativo Participativo comunicativo

Práxica

Gerador de ação/reflexão

Aprender em, para e pela ação. Desenvolver competências de reflexão. objetivo essencial é o de operar uma mudança num meio e cuja dinâmica é participativa, envolvendo os diferentes atores de uma situação por transformar, podendo ser estas mudanças de ordem socioambiental ou educacional. Exemplos de estratégias: projetos de pesquisa –ação, ações participativas comunitárias.

Práxico

Crítica social

Objeto de transformação, Lugar de emancipação

Desconstruir as realidades sócioambientais visando a transformar o que causa problemas. Baseia-se na análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades e problemáticas ambientais, bem como as tomadas de decisões e ações empreendidas na solução destes. Exemplos de estratégias: debates, estudos de caso, projetos de pesquisa-ação.

Práxico Reflexivo Dialogístico

Feminista

Objeto de solicitude

Integrar os valores feministas à relação com o meio ambiente. trabalhar para restabelecer relações harmônicas com a natureza é indissociável de um projeto social que aponta para a harmonização das

Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético

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relações entre os humanos, mais especificamente entre os homens e as mulheres Exemplos de estratégias: imersão, oficinas de criação, estudos de caso

Etnográfica Território Lugar de identidade Natureza/Cultura

Reconhecer a estreita ligação entre natureza e cultura. Aclarar sua própria cosmologia. Valorizar a dimensão cultural de sua relação com o meio ambiente. Leva em consideração a cultura da população e comunidade envolvidas nas ações educativas, bem como busca inspiração em diferentes visões da natureza, fundando-se no sentimento de pertença dos cidadãos para com a natureza. Exemplos de estratégias: estudos de caso, trabalhos colaborativos, imersão, contos/narrações.

Experiencial Intuitivo Afetivo Simbólico Espiritual Criativo/Estético

da Ecoeducação

Esfera de interação para a formação pessoal; Gerador de identidade.

Experimentar o meio ambiente para experimentar-se e formar-se em e pelo meio ambiente. Construir sua relação com o mundo, com outros seres que não sejam humanos, sendo assim, buscar a relação com a natureza como fundamento para atuação responsável. interessa-se pelas relações de cada um e aprendizados a partir do meio ambiente físico, adaptando suas práticas educativas de acordo com o público alvo. Exemplos de estratégias: escuta sensível, exploração, imersão, brincadeiras, observação, relato de vida, estudos de caso.

Experiencial Sensorial Intuitivo Afetivo Simbólico Criativo

da Sustentabilidade

Recursos para o desenvolvimento econômico; Recursos compartilhados.

Promover um desenvolvimento econômico respeitoso dos aspectos sociais e do meio ambiente. Contribuir para esse desenvolvimento, pensando na manutenção destes recursos para as gerações futuras, levando em consideração os processos sociais atuais ligados ao fenômeno da globalização. Exemplos de estratégias: estudos de caso, resolução de problemas, projetos de desenvolvimento de sustentação e sustentável.

Pragmático Cognitivo Naturalista

FONTE: Adaptado de Sauvé (2008).

Apesar do grande número de correntes e do enfoque dado a cada uma,

ambas se relacionam de alguma forma em alguns aspectos, conforme

podemos observar no quadro. Desta forma, estas correntes não podem ser

classificadas como superiores ou inferiores as demais, devendo estas ser

analisadas como um contexto de complementariedade.

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De acordo com Mello e Trivelato (1999), essa diversidade de ideias e

concepções de educação ambiental é reflexo da própria natureza histórica da

área, que se deu e se dá pela interligação de diferentes áreas, configurando

como um indicador da história deste campo.

Apesar das diferentes concepções e abordagens, Carvalho (2006)

caracteriza a prática educativa e a relação do homem com o ambiente em três

dimensões centrais, que devem fazer parte da formação do educador. Desta

forma, o autor destaca as dimensões: relacionadas a natureza do

conhecimento; relacionadas aos valores éticos e estéticos e a participação do

indivíduo. Todas as dimensões estão relacionadas aos aspectos políticos,

como mostra o diagrama elaborado pelo autor (Figura 1):

FIGURA 1- DIMENSÕES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FONTE: Carvalho (2006).

Na primeira dimensão, a do conhecimento, o autor refere-se a maneira

como sistematizamos informações, acontecimentos e fenômenos em relação

aos aspectos da natureza e da cultura, essenciais no processo de construção

da nossa existência. Por meio desta dimensão que cada cidadão conhece o

mundo e a complexidade social e ambiental que este abriga, bem como

aprende seu papel perante a sociedade contemporânea. O autor enfatiza ainda

a necessidade de associar esta dimensão às diferentes realidades e contextos,

valorizando as diferentes interações sociais e culturais proporcionadas por este

em cada realidade distinta.

A segunda dimensão diz respeito aos valores éticos e estéticos.

Segundo carvalho (2006), os valores são referências para a ação intencional

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de cada cidadão, ou seja, o comportamento e a relação de cada um entre si e

com o ambiente, sendo estes processos de uma construção social e histórica.

A dimensão ética reflete na aquisição da responsabilidade social de cada ser

humano, o qual se expressa na cooperação, solidariedade e respeito a

diversidade.

As dimensões éticas da educação vão muito além de compreender as

problemáticas ambientais, mas são fundamentais na construção de novos

padrões de relação com o meio natural, por meio da sensibilização e

construção coletiva do pensamento crítico (CARVALHO, 2006).

Por fim, a terceira dimensão diz respeito a participação e cidadania. Nela

o autor afirma que é apenas por meio da educação e da participação social,

que os indivíduos trabalham de forma coletiva na construção de um ideal de

cidadania e de uma sociedade democrática (CARVALHO, 2006). Esta última

dimensão, reflete diretamente na capacidade do indivíduo de fazer escolhas,

desta forma, espera-se que os indivíduos trabalhem juntos na busca de

solução de problemas sociais e ambientais de sua região, contribuindo para o

avanço e desenvolvimento da sociedade.

O autor refere-se também ao caráter político da educação ambiental, ou

seja, o compromisso em garantir processo de sociabilidade e construir, tanto

entre sociedade e natureza como entre os diferentes seres humanos, relações

que valorizem as diferentes formas de vida, tornando-se assim humanizadoras,

sempre considerando a dimensão política como central Por meio da relação

destas dimensões, aliando teoria e prática que se é possível adquirir um

caráter transformador, fazendo-se cumprir assim a perspectiva crítica e

emancipatória, em uma relação de reciprocidade de diferentes dimensões da

prática educativa.

A educação tem por finalidade primordial preparar os cidadãos para

intervir no mundo e transformá-lo, exigindo a reciprocidade e aproximação das

dimensões propostas, tendo todas a mesma importância dentro do processo

educativo, valorizando neste processo as diferentes formas de saber e a

interdisciplinaridade como sendo fundamental para o êxito na prática educativa

(CARVALHO, 2006).

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1.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA E CONSERVADORA.

De acordo com Valenti e Iared (2016), a educação ambiental tem como

uma de suas principais funções o desvelamento da complexidade da realidade

em que vivemos, em especial, no que diz respeito às questões ambientais. À

medida que o cidadão vai construindo conhecimentos, valores e habilidades ao

longo da sua formação, estes podem despertar o potencial transformador do

indivíduo para a construção de uma sociedade mais ética e sustentável

(PADUA; TABANEZ; SOUZA, 2006).

Partindo desta perspectiva, nos últimos 30 anos, com os grandes

avanços metodológicos no campo da educação ambiental, como supracitado,

surgiram diferentes vertentes e classificações das atividades, conforme os

objetivos esperados para cada uma. Diante disto, duas abordagens ganham

força no Brasil, sendo a conservadora e a crítica. A seguir pretende-se

diferenciar uma da outra e posicionar-se quanto ao foco dado neste trabalho.

Partindo da abordagem conservadora, de acordo com Barbosa; et al.

(2014), esta corrente possui um discurso que não remete ao que se relaciona

com a estrutura da sociedade, ou seja, não busca realizar um questionamento

da origem dos problemas, tampouco transformar a realidade vivida em uma

comunidade. Sendo assim, esta concepção possui algumas características,

como classifica o autor, tais como:

Conservacionismo: postula a noção de natureza intocada, buscando a

preservação de áreas naturais, sem levar em consideração os conflitos

socioambientais da criação de áreas de conservação ou como

solucionar conflitos originários desta.

Comportamentalismo: foca nas mudanças de atitudes dos indivíduos,

sem levar em conta características políticas e socioeconômicas que

cada um está inserido.

Ecoeficiência: busca propiciar soluções tecnológicas para as

problemáticas ambientais, sem alterar a lógica insustentável de

consumo,

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Desta forma, priorizar tais aspectos sem problematizá-los frente a realidade

e problemática ambiental, agindo na mitigação de danos ambientais,

diferentemente da educação ambiental de cunho crítico, como veremos a

seguir.

Para Barbosa et al (2014), a educação ambiental de viés crítico busca

transformar a sociedade em um ambiente democrático. Desta forma, utiliza-se

das zonas de conflito socioambientais para a formação do pensamento crítico e

construção de pensamentos coletivos em prol de solucionais problemas

vigentes, refletindo e compreendendo sobre a origem destes e suas

consequências, bem como propor formas de intervenção nessa realidade.

Também conhecida como educação ambiental transformadora ou

emancipatória, parte da premissa da visão holística, ou seja, quando o cidadão

se vê como parte do todo e não um ser isolado dos demais, focalizando assim

suas ações em grupos de pessoas. Assim como a educação ambiental

conservadora, a crítica também possui algumas características, tais como:

Ambiente como bem comum: entende o ambiente como um local

onde vivemos, desta forma, temos a responsabilidade, tanto pelo que

é produzido e consumido, quanto pelo que é descartado. Sendo

assim, compreende que todos têm direito a um ambiente equilibrado

e com condições essenciais a boa qualidade de vida, sendo dever de

todos preservar sua integridade.

Historicidade: busca compreender o contexto histórico do problema

enfrentado, incluindo aspectos econômicos, culturais, sociais e

políticos em escala local ou global.

Práxis: representa um princípio educativo onde a reflexão e estudo

são fundamentais na promoção de práticas transformadoras no

sentido daquilo que se deseja praticar, contribuindo para seu avanço.

Totalidade: busca soluções reais para problemas socioambientais

reais como um todo, buscando analisa-lo na totalidade de seus

aspectos envolvidos, tais como: origem e consequências.

Emancipação: busca criar no cidadão a capacidade de livre

pensamento e agir criticamente na tomada de decisões e solução de

problemas sem ajuda de terceiros.

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O quadro a seguir (QUADRO 2), desenvolvido por Barbosa et al. (2014),

busca elencar as principais características e diferenças teóricas e

metodológicas em cada modalidade.

QUADRO 2 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS MODALIDADES CONSERVADORA E

CRÍTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Educação ambiental

Conservadora Crítica

Aspectos teóricos

I - Manutenção das condições vigentes, com adaptações pontuais; II - Crise ambiental; III - Responsabilização da humanidade como um todo homogêneo; IV - Abordagem pontual; V - Negação dos conflitos; VI - Conservação e ecoeficiência; VII - Abordagem técnica.

I - Transformação da realidade com mudanças estruturais; II - Crise econômica, sociopolítica e ambiental; III - Responsabilização de sujeitos em condições sociais específicas; IV - Abordagem sistêmica; V - Explicitação dos conflitos; VI - Justiça ambiental; VII - Abordagem sociopolítica.

Aspectos metodológicos

I - Ênfase na conscientização individual; II - Ensino do funcionamento dos sistemas ecológicos; III - Dependência de agentes externos para a continuidade das ações; IV - Priorização de ações pontuais.

I - Ênfase na mobilização coletiva; II - Reflexão sobre o funcionamento dos sistemas sociais; III - Visa à autonomia dos sujeitos para a continuidade das ações; IV - Priorização de processos de formação contínuos.

FONTE: Barbosa, et al. (2014).

Sendo assim, para este trabalho, buscou-se utilizar da abordagem

apresentada pela educação ambiental crítica, frente aos objetivos que se

deseja construir e frente ao contexto da problemática ambiental enfrentada nos

dias atuais. De acordo com Valenti e Iared (2016), a educação ambiental deve

propiciar ao educando diferentes perspectivas de vários aspectos sejam eles

culturais, sociais, políticos e econômicos, de modo a construir um novo

posicionamento ético para a conservação da biodiversidade.

A educação ambiental crítica tem suas bases nos ideais democráticos e

emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação, devendo esta

assumir papel de mediadora na construção social de conhecimentos na vida

dos sujeitos, de modo a formar cidadãos atuantes em seu meio (CARVALHO,

2004). A autora ainda trabalha na ideia de que a educação crítica é base para

uma mudança de valores e atitudes, contribuindo para a formação de um

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“sujeito ecológico”, ou seja, formar indivíduos ou grupos sociais capazes de

identificar, problematizar e agir com relação a questões ambientais.

Desta forma, Carvalho (2004), define algumas das finalidades que a

abordagem crítica da educação ambiental poderá promover, sendo:

Compreender as múltiplas dimensões da problemática ambiental,

considerando as interrelações entre natureza e sociedade, mediado

por diferentes saberes (tradicionais, científicos e locais);

Transformar os padrões de uso dos recursos ambientais de modo a

estabelecer relações mais sustentáveis, éticas e justas;

Implicar e preparar os cidadãos a solucionarem problemas e conflitos

que afetam o ambiente em que vivemos por meio do ensino-

aprendizagem, que impliquem na construção significativa de

conhecimentos e promoção de uma cidadania ambiental;

Atuar no dia a dia escolar e não escolar, provocando novas situações

de aprendizagem;

Situar o educador como um mediador deste processo, promovendo

situações que oportunizem aprendizagens sociais, individuais e

institucionais.

De acordo com Guimarães (2004), a educação crítica visa promover

ambientes educativos que mobilizem o processo de intervenção social sobre a

realidade e os problemas enfrentados, na promoção de um processo educativo,

onde, educadores e educandos, contribuem para o exercício da cidadania.

Desta forma, visto a indissociabilidade dos aspectos políticos, sociais e

ambientais que permeiam o contexto histórico vivido por um cidadão em sua

comunidade, acredita-se que a educação ambiental crítica possa contribuir ao

desenvolvimento desta visão do meio como um todo e na necessidade de

manutenção da integridade destes.

1.4 CONTEXTO DO PROBLEMA.

O Brasil possui uma das maiores biodiversidades do mundo, possuindo

em seus territórios uma parcela considerável e rica de organismos dos mais

diferentes táxons. Porém, podemos perceber a pouca valoração deste

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patrimônio natural, com os crescentes impactos antrópicos causados, os quais

tem alterado as características naturais dos ecossistemas e causando grandes

perdas desta diversidade biológica. A perda da diversidade biológica, portanto,

compromete o equilíbrio ecológico e a saúde dos ecossistemas (MOSSRI,

2012). Os ambientes aquáticos encontram-se entre os mais impactados pela

ação humana, visto que diversos impactos afetam drasticamente as qualidades

das águas e dificultam a manutenção de alguns organismos, apresentando

impactos diretos nestes ecossistemas.

Frente a este contexto, medidas devem ser tomadas de modo a

minimizar estes impactos e melhorar nossa relação com o meio ao qual

estamos inseridos. Desta forma, as atividades de educação ambiental,

decorrentes do processo participativo, podem oferecer oportunidades de

aprendizagem e mudança, potencializando ganhos mútuos por meio das

interações, na medida em que nos diálogos os diferentes atores envolvidos

aprofundam o conhecimento sobre os aspectos que mais os afetam e têm a

possibilidade de novas aprendizagens e instrumentos de ação (JACOBI;

GRANDISOLI, 2017).

No ensino formal, nos últimos anos, tem se perpetuado a hierarquização

das áreas de matemática e língua portuguesa, negligenciando, muitas vezes, a

área de ciências, bem como outros campos do conhecimento que podem

contribuir significativamente para a formação de um cidadão crítico e

consciente (SILVA, 2000), surgindo neste contexto de extrema importância a

educação ambiental.

Um dos métodos de ensino mais utilizados na mediação de

conhecimentos em sala de aula (o qual continua em evidência até os dias de

hoje) é o método tradicional, o qual vêm sendo alvo de críticas por diversos

autores da área de educação pelo seu caráter cumulativo e por não estimular o

pensamento crítico por parte do aluno, que apenas “recebe” os conhecimentos

que lhe são apresentados de forma estática e sem reflexão.

A pedagogia tradicional enfatiza na transmissão de conhecimentos, os

quais são armazenados em livros e acumulados historicamente. Nesta

metodologia, o ensino é centrado no professor, o qual é o sujeito ativo no

processo de ensino-aprendizagem, repassando seus conhecimentos aos

alunos, desconsiderando o aprendizado do aluno como um ser individual

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(GONZATTO, 2016; KRUGER; ENSSLIN, 2013). O papel do indivíduo no

processo de aprendizagem é basicamente de passividade (LEÃO, 1999), além

de este ser desconexo com a realidade de cada cidadão, geralmente

abordando temáticas e informações distantes do contexto local.

Tais informações, quase sempre, não se relacionam aos conhecimentos

prévios que os estudantes construíram ao longo de sua vida. E quando não há

relação entre o que o aluno já sabe e aquilo que ele está aprendendo, a

aprendizagem não é significativa (GUIMARÃES, 2009). A aprendizagem neutra

e que não faz o cidadão pensar e agir sobre o conhecimento e que apenas

reproduz o que estão lhe passando ocorre pela preservação do modelo de

ensino centrado na transmissão-recepção de conteúdos tidos como

verdadeiros e incontestáveis (SILVA; ZANON, 2000).

Tal maneira de ver a educação nos remete a ideia do que Freire (1996)

define como sendo a educação bancária, onde o aluno apenas vai acumulando

conhecimentos de forma passiva e decorada, sem ver neste um sentido ou

aplicação prática.

A narração, de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transforma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto mais vai “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. Desta maneira, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante (FREIRE, 1996, p.80).

Entre os principais desafios do ensino de ciências está a superação da

institucionalização e estabilização autoritária do conhecimento, onde os

conhecimentos são tratados de forma dissociada da realidade concreta do

aluno, o que mantém o exercício de poder alienador no âmbito escolar (SILVA,

2000). Desenvolver estratégias de ensino-aprendizagem que busquem aliar

conhecimentos teóricos e práticos à vivência dos alunos é necessário para que

a ciência deixe de ser vista como um pacote de conteúdos a ser aprendido de

forma mecânica (SILVA; ZANON, 2000).

De acordo com Thiemann et al. (2016), é fundamental que propiciemos

aos nossos educandos experiências positivas em ambientes naturais e

utilizando espécies da nossa fauna e flora. Diferentes situações podem

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propiciar diferentes experiências com a biodiversidade, podendo oportunizar a

educação para conservação das espécies que compartilham do mesmo local.

Apenas informar ou transmitir conhecimentos ambientais não atende as

demandas da problemática desencadeada pelos processos de

desenvolvimento exploratórios, exigindo a adoção de uma nova postura. Para

tanto, práticas educativas que motivem a reflexão ou que sensibilizem em

relação a problemática ambiental, podem estimular a criatividade e habilidades

para o enfrentamento da questão. (PADUA; TABANEZ; SOUZA, 2006).

De acordo com Freire (1967), existe a necessidade de uma educação

corajosa, ou seja:

Uma educação que levasse o homem a uma nova postura dos problemas do seu tempo e do seu espaço. A da intimidade com eles. A da pesquisa em vez da mera, perigosa e enfadonha repetição de trechos e de afirmações desconectadas de suas condições mesmas de vida. A educação do “eu me maravilho” e não apenas do “eu fabrico” (FREIRE, 1967, p.122)

Desta forma, Freire (1967), nos faz pensar como devemos trabalhar em

uma perspectiva de uma educação para a liberdade, que instigue os alunos a

participarem, que evite a memorização passiva de conteúdos programados

sem que haja uma reflexão, sempre vinculada à vida e às experiências de cada

indivíduo.

Dentro desta perspectiva, a biodiversidade surge como um dos

principais temas a serem abordados no ensino formal, devendo este ser não

ser apenas relacionado ao sentido de apenas aprender nomes e memorizar

conteúdos, mas também buscar compreender as dimensões culturais,

econômicas, sociais e ambientais envolvidos neste contexto. Tal temática não

deve se prender apenas à dimensão preservacionista, devendo a escola e

demais espaços educacionais colaborar nesta perspectiva, contribuindo para

uma visão mais holística da biodiversidade no processo de educação

(MAGALHÃES; SILVA; TERÁN, 2012; MARANDINO; SELLES; FERREIRA,

2009). A abordagem histórica e complexa do assunto (res)significa a visão de

que a sociedade está aquém da natureza, ou seja, os seres humanos devem

ser compreendidos como parte dela em uma abordagem inclusiva e

contextualizada com a realidade local.

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33

No contexto escolar, são recorrentes as abordagens desconexas com a

realidade do aluno, com exemplos incomuns do seu cotidiano, o que, na

maioria dos casos, dificulta o aprendizado e compreensão acerca da

biodiversidade e importância da conservação. O conhecimento das espécies

locais representa grande valor para a formação de um sujeito crítico e que se

identifique com a realidade a qual pertence. De acordo com Magalhães, Silva e

Terán (2012), é preferível combinar conceitos de diferentes áreas para o ensino

de biodiversidade, buscando oferecer oportunidades para desenvolvimento do

senso estético, ético e participativo, de tal modo que os sentidos estimulem o

processo de ensino aprendizagem.

Dentro deste princípio, a escola deve sensibilizar os alunos a buscar

valores que conduzam a construção de conhecimentos e respeito a

biodiversidade, na tentativa de gerar relações mais harmoniosas com as

demais espécies, visto que a grande riqueza biodiversidade abrigada em nosso

país e os inúmeros impactos gerados a estas. O que vemos diariamente são

abordagens superficiais sobre o tema, onde apenas são expostos conceitos de

modo que os alunos devem memorizar os conteúdos de maneira mecânica e

superficial, tendo assim a necessidade de mudar esta postura para uma

abordagem mais abrangente e voltada para o contexto local de cada cidadão.

De acordo com a PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2000),

antigo documento ao qual estava em vigor e determinava todos os conteúdos e

abordagens educacionais, esta temática deve ser desenvolvida visando

proporcionar ao aluno uma grande diversidade de experiências e ensinar

maneiras de participar para que ampliem a consciência e assumir de forma

independente uma postura voltada a proteção ambiental.

Atualmente, os currículos escolares são definidos com base na BNCC

(Base Nacional Comum Curricular), este representa um documento de cunho

normativo, o qual define o conjunto de aprendizagens essenciais que os alunos

devem desenvolver durante as etapas da educação básica, tendo assegurados

seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento (BRASIL, 2017). Como já

salientado, a BNCC não inclui a temática ambiental e isso vem sendo motivo

de muitos questionamentos por parte dos educadores ambientais no Brasil.

Diversos autores, como Behrend, Cousin e Galiazzi (2018) propuseram

algumas críticas ao documento, compreendendo que este representa um

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retrocesso na educação, principalmente para assuntos relacionados a

educação ambiental, negligenciando as políticas públicas que garantem sua

aplicação no ensino formal. Além disso, os autores afirmam que o documento

direciona os interesses de aprendizagem para atender o mercado de trabalho,

além de limitar a autonomia das escolas e, consequentemente, a atuação dos

professores da rede de ensino, além de desconsiderar o contexto socioespacial

ao qual a escola está inserida.

Andrade e Piccinini (2017), também teceram algumas críticas ao novo

documento base da educação nacional, que assim como outros autores

corroboram a opinião de este ser um retrocesso para a educação ambiental no

contexto formal. Em sua abordagem, os autores verificaram a perda de espaço

da temática, sendo compartimentalizado em disciplinas, fugindo da perspectiva

de interdisciplinaridade do tema, implicando assim no descumprimento da

legislação em vigor e na supressão de um entre outros debates controversos

necessários à educação nacional, de forma a debater diferentes realidades e

contextos ambientais, necessário ao desenvolvimento do cidadão crítico.

O presente trabalho está inserido dentro da perspectiva da educação

ambiental formal, o qual é amparado pela Política Nacional de Educação

Ambiental, que, em seu artigo 3º, diz como ser de obrigatoriedade do governo

promover ações voltadas a este tipo de educação, como afirma:

II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem. (BRASIL, 1999)

Esta modalidade educativa consiste na realização de ações educativas

voltadas a conservação da biodiversidade em espaços educacionais formais,

compreendendo escolas e universidades públicas ou privadas, visando a

sensibilização e mudança de hábitos dos indivíduos com relação ao meio

ambiente e seus componentes como um todo.

De acordo com Lipai, Layrargues e Pedro (2007), a educação ambiental

voltada para o contexto escolar, deve ser desenvolvida em instituições de

ensino já vigentes e em futuras instituições, em todos os seus níveis de ensino.

Para Barbosa et al. (2014), a inserção da educação ambiental na escola

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permite que os alunos percebam a importância da participação na comunidade,

assim como suas responsabilidades e relações que estabelecem com o meio.

Dias (2004) afirma que a inserção da educação ambiental no contexto

escolar promove a emergência de um novo olhar para a compreensão da

relação do homem com o ambiente, pois, dispões da possibilidade de interferir

na tomada de decisões do indivíduo com relação a melhoria das condições

ambientais. A seguir, abordaremos os motivos pelos quais motivaram esta

pesquisa de modo a esclarecer alguns aspectos importantes do delineamento

do trabalho em questão.

1.5 CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA E SEUS REFLEXOS NA

QUALIDADE DA ÁGUA.

O bioma Mata Atlântica é formado por um conjunto de formações

florestais e suas variações (Florestas: Ombrófila Densa, Ombrófila Mista,

Estacional Semidecidual, Estacional Decidual e Ombrófila Aberta) além de

ecossistemas associados como as restingas, manguezais e campos de

altitude. De acordo com Arruda (2001), a Mata Atlântica pode ser vista como

um mosaico diversificado de ecossistemas, com estruturas e composições

florísticas diferenciadas, em função do clima, relevo e tipo de solo ao longo da

ampla extensão deste bioma.

Este bioma ocupa cerca de 12,97% do território brasileiro, originalmente

compreendendo a uma superfície de 110.723.611 hectares distribuídas ao

longo de 17 estados brasileiros. A Mata Atlântica ocorre desde a costa do Rio

Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, possuindo extensões para o interior e,

cobrindo a quase totalidade dos estados do Espirito Santo, Rio de Janeiro, São

Paulo, Paraná e Santa Catarina, contemplando diferentes formações florestais

e ecossistemas associados regulados por diversos fatores bióticos e abióticos,

dentre eles fatores climáticos e geográficos de cada região (ARRUDA, 2001;

CAMPANILI; CHÄFFER, 2010).

O desmatamento da Floresta Atlântica teve início a partir do século XVI,

inicialmente sendo explorada para extração de madeiras nobres. Porém, a

maior parte do desmatamento ocorreu nos últimos cem anos, acompanhada à

expansão das cidades e desenvolvimento agropecuário. (RIZINI; FILHO, 1988).

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Atualmente, restam aproximadamente 12,5% da cobertura original deste

ecossistema, do qual apenas 7% se encontram em estado avançado de

conservação, distribuídas em fragmentos com área territorial acima de 1000

hectares. O restante se encontra na forma de pequenos fragmentos florestais

isolados (menores que 100 ha) em meio a paisagens altamente influenciadas

pela ação humana sendo considerado um dos biomas mais ameaçados do

planeta. Mesmo assim, é uma das áreas mais ricas em espécies endêmicas no

mundo. Tal característica fez com que a partir do ano 2000, passasse a ser

considerado um “hotspots” de biodiversidade da Terra e a maior Reserva da

Biosfera designada pela UNESCO, representando uma das regiões prioritárias

para conservação a nível mundial (ZWIENER, et al., 2017; MITTERMEIER et

al., 2011; RIBEIRO, et al., 2009). As florestas têm desempenhado um papel

fundamental na história da humanidade (provendo recursos e fontes de

alimento essenciais à manutenção da vida) e, ao mesmo tempo, têm sido

impactada de diferentes formas em nome do progresso e do crescimento

econômico das nações. (JACOBI; GRANDISOLI, 2017).

Com o avanço da urbanização e derrubada de florestas para expansão

agrícola, além de afetar a dinâmica e ocasionar grandes perdas em ambientes

terrestres, a degradação da floresta afeta drasticamente a qualidade das águas

de cursos hídricos continentais. O desmatamento e a perda de grandes áreas

de floresta nativa, recorrente das mais diferentes influências antrópicas,

agravam os problemas de disponibilidade e escassez da água, por isso sua

conservação e restauração são fundamentais para gestão desse recurso

(RIBEIRO, 2019).

Nos últimos anos, a Fundação SOS Mata Atlântica vem realizando

esforços de modo a conhecer a qualidade das águas dos rios do Bioma Mata

atlântica e eventualmente o estado de conservação dos corpos hídricos deste.

De acordo com Ribeiro (2019), dos 220 corpos d’água do bioma analisados no

período de março de 2018 a fevereiro de 2019, 74,5% dos locais amostrados

apresentam qualidade regular, 17,6%, a qualidade é ruim e, em 1,4% dos

pontos a qualidade foi classificada como péssima. Apenas 6,5% dos pontos

amostrados apresentaram qualidade boa na média do ciclo e nenhum dos rios

e corpos d’água tem qualidade ótima.

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A Mata Atlântica é responsável pela manutenção do ciclo hidrológico, do

clima e de uma enorme diversidade de espécies, além de ser provedora de

serviços e recursos ecossistêmicos essenciais ao equilíbrio da vida de mais de

70% da população brasileira que vive neste bioma (RIBEIRO, 2019). As

formações vegetais influenciam diretamente a quantidade e qualidade de água

disponível além de regular o fluxo superficial e subterrâneo deste recurso

(JACOBI; GRANDISOLI, 2017). Para os autores, assim como o restante das

florestas, as áreas de mata ciliar têm extrema importância na proteção das

margens dos rios, lagos e nascentes e sua perda pode provocar sérios

problemas de assoreamento dos corpos d’água e carregamento de resíduos

que comprometem a qualidade das águas, assim como a disposição e oferta

deste recurso.

Pode-se observar que a floresta desempenha importante papel na

distribuição, manutenção e qualidade da água presente na superfície,

influenciando nos processos de interceptação, infiltração, escoamento

superficial e erosão (BALBINOT, et al, 2008). Bacias hidrográficas que mantêm

sua cobertura vegetal são responsáveis pelo fornecimento de uma alta

porcentagem de toda a água utilizada na agricultura, indústria e uso doméstico

(JACOBI; GRANDISOLI, 2017). Porém, apesar da grande importância de áreas

florestais e matas ciliares para manutenção dos ciclos hidrológicos e qualidade

das águas, ano após ano vemos aumentar a degradação de extensas áreas de

vegetação nativa de modo a dar lugar para o desenvolvimento econômico.

A remoção da cobertura vegetal pode causar diversos impactos

ambientais, tais como: exposição de solos, produção de sedimentos,

diminuição de áreas de infiltração de chuvas, aumento do escoamento

superficial de água e da temperatura, entre outros (JACOBI; GRANDISOLI,

2017), fato este que, além de prejudicar o desenvolvimento das atividades

humanas, afeta drasticamente a biodiversidade, principalmente em ambientes

aquáticos. A contaminação hídrica enfraquece ou destrói os ecossistemas

naturais, dos quais dependem a saúde humana, a produção de alimentos e a

biodiversidade (RIBEIRO, 2019; AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS; 2013).

Os corpos hídricos são vulneráveis a qualquer alteração na vegetação

de seus entornos, pois essas alterações interferem na qualidade do solo,

refletindo nas propriedades da água dos rios, ou seja, a presença ou não de

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vegetação pode influenciar nas características da água e no ciclo hidrológico

em um manancial, sendo de fundamental importância para a sustentabilidade

do ambiente e manutenção da integridade ambiental (BALBINOT et al, 2008).

De acordo com a Agência Nacional das Águas (2013), ecossistemas

saudáveis e em condições de integridade ecológica desempenham funções

importantes para a manutenção da qualidade da água, por filtrar e limpar a

água contaminada, retirando impurezas. Ao proteger e restaurar os

ecossistemas naturais, amplas melhorias podem ser conseguidas na qualidade

da água e bem-estar econômico (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2013).

Desta forma, medidas mitigatórias que visem preservar as vegetações ripárias

e consequente manutenção da qualidade de água devem ser tomadas,

principalmente no campo educacional.

1.6 PANORAMA GERAL DA DISPONIBILIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA NO

BRASIL E NO MUNDO

A água é um dos elementos físicos mais importantes na composição da

paisagem terrestre, interferindo na fauna e flora, e interagindo com os demais

elementos da natureza e seu meio (BALBINOT, et al, 2008). Além disso, é

elemento essencial no desenvolvimento de inúmeras atividades humanas,

possuindo diferentes usos, tais como na agricultura, na indústria ou mesmo no

uso doméstico para desempenhar as atividades cotidianas.

De acordo com a Agência Nacional das Águas (2013), apesar da maior

parte da superfície da terra ser coberta por água, 97,5% deste montante

encontra-se nos mares e oceanos e não se prestam para a maioria das

atividades agrícolas e dessedentação humana e animal pela elevada

quantidade de sais. Sendo assim, a água doce disponível representa apenas

2,5% do total, dos quais 68,9% estão em formato de geleiras e calotas polares

situadas em regiões montanhosas, sendo indisponíveis ao uso; 29,9% são

águas subterrâneas representadas pelos aquíferos; 0,9% estão presentes na

umidade do solo e pântanos e apenas 0,3% constitui a água doce armazenada

nos rios e lagos, efetivamente disponível para uso em diferentes atividades.

O Brasil reúne uma grande rede de rios e mananciais de água doce

superficial. Este rico recurso está intimamente ligado aos biomas brasileiros,

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aos ecossistemas, à geografia, ao uso do solo e às diferentes características

do território nacional (RIBEIRO, 2019). O Brasil é um país privilegiado com

relação aos seus recursos naturais e, entre estes, os recursos hídricos

superficiais e subterrâneos têm relevante papel ecológico, econômico,

estratégico e social. O país figura como um dos países com a maior

disponibilidade hídrica do mundo, contando com cerca de 13,7% de toda água

doce disponível, além de contar com uma das maiores biodiversidades do

planeta (BICUDO; TUNDISI; SCHEUENSTUHL, 2010; JACOBI; GRANDISOLI,

2017; VIEIRA, 2006;).

Uma grande parcela da biodiversidade brasileira vive, ou depende

diretamente dos ambientes de água doce. O número de espécies nos

ecossistemas aquáticos continentais ainda é impreciso e difícil de ser estimado

pela grande quantidade de mananciais e os poucos estudos realizados de

modo a conhecer mais sobre as formas de vida existentes. As águas

continentais brasileiras são extraordinariamente ricas para alguns grupos, tais

como algas, contendo cerca de 25% de todas as espécies conhecidas no

mundo, Porifera, com cerca de 33%, Annelida (12%), Rotifera (25%),

Cladocera (20%) e diversos invertebrados aquáticos chegando a mais de 3134

espécies, já registradas nas águas doces brasileiras. O Brasil também possui

uma ampla biodiversidade de peixes dulcícolas, obtendo cerca 2.122 espécies

catalogadas, representando a maior biodiversidade do grupo do planeta

(AGOSTINHO; THOMAZ; GOMES 2005; ROCHA, 2003).

Desta forma, a água limpa e de qualidade esta intimamente associada a

sobrevivência de todas as formas de vida que conhecemos, bem como para o

funcionamento adequado de ecossistemas, comunidades e economias

(AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS; 2013; JACOBI; GRANDISOLI, 2017).

Contudo, apesar da importância socioeconômica, as bacias hidrográficas

sofrem constantes antrópicos (ABREU; CUNHA 2014).

De acordo com Vieira (2006), apesar de o Brasil ser um país privilegiado

quanto a disponibilidade e qualidade das águas, os recursos hídricos não vêm

sendo utilizados de forma sustentável e responsável, havendo assim uma má

gestão destes. Super exploração, má distribuição, poluição, desmatamento e

desperdício são fatores que revelam a falta de cuidado com este bem valioso,

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pondo em risco a sobrevivência de todos os seres vivos e de diversas

atividades humanas.

Os rios e mananciais refletem diretamente os impactos do clima e de

todas as políticas públicas que interferem direta ou indiretamente na qualidade

e na disponibilidade da água (RIBEIRO, 2019). Monitorar e preservar a

qualidade destes recursos se tornam atividades de grande importância, visto os

diversos usos dados à água pelas sociedades contemporâneas, seja para

consumo direto, irrigação, uso industrial, entre outros.

A qualidade dos ecossistemas aquáticos tem sido alterada em diferentes

escalas nos últimos anos. Fator este causado pelos usos múltiplos da água

pela sociedade, os quais acarretaram em degradação ambiental significativa e

diminuição considerável na disponibilidade de água de qualidade, produzindo

inúmeros problemas ao seu aproveitamento, além de afetar grandemente a

biodiversidade, a qual está intimamente relacionada aos parâmetros ambientais

e manutenção dos ciclos (PEREIRA, 2004).

Diversas atividades humanas têm impacto sobre a qualidade da água

(AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2013). A expansão das fronteiras

agrícolas e urbanas, a, tem agravado a crise hídrica, e afetado as

características biológicas, químicas e físicas da água, impactando assim sua

qualidade. Como consequência, tem-se observado uma redução da quantidade

e da qualidade das águas continentais, bem como uma expressiva perda da

biodiversidade aquática, fator que vem se agravando ainda mais com o passar

dos anos (AMARAL; ALVES, 2018; AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2013).

Dentre as principais razões para o declínio da biodiversidade nos

ecossistemas aquáticos continentais brasileiros estão: poluição e eutrofização,

assoreamento, construção de represas e controle do regime de cheias, pesca e

introduções de espécies (AGOSTINHO; THOMAZ; GOMES, 2005).Os

ecossistemas de água doce estão entre os mais degradados do planeta, já que

estes ambientes são frequentemente influenciados pela intensificação de

degradação ambiental causada pela atividade humana, tendo sofrido perdas

proporcionalmente maiores de espécies e de habitat que quaisquer outros

ecossistemas terrestres ou marinhos. (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS,

2013; ABREU; CUNHA, 2014).

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A água é um dos mais importantes recursos ambientais e sua adequada

gestão é componente fundamental da política ambiental, sendo de grande

importância para a conservação da biodiversidade e sobrevivência humana

(JACOBI; GRANDISOLI, 2017). Entretanto, o Brasil apresenta sérios

problemas de diagnóstico, avaliação, estratégia e gestão de seus recursos

hídricos (BICUDO; TUNDISI; SCHEUENSTUHL, 2010), principalmente no que

diz respeito a Mata Atlântica, cujo bioma abriga mais de 70% da população

brasileira, e, está entre os ambientes mais degradados do mundo, tendo reflexo

direto na qualidade da água.

Sendo assim, este retrato da qualidade da água dos principais rios das

bacias da Mata Atlântica aponta para a fragilidade da condição ambiental

destes locais, essenciais para o desenvolvimento das atividades humanas e

manutenção do equilíbrio dos ecossistemas. Esse cenário é um alerta de

segurança hídrica no Brasil e reforça a necessidade de ações e investimentos

em saneamento, conservação e recuperação ambiental, além de atividades

que promovam a governança local e a educação ambiental, (RIBEIRO 2019).

Cada vez mais, comunidades e gestores de água têm encontrado na proteção

de seus mananciais a principal forma de melhorar a qualidade da água e

reduzir os custos de tratamento (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS, 2013)

A educação e a comunicação são as maneiras mais importantes para a

solução de problemas relacionados à qualidade da água (AGÊNCIA

NACIONAL DAS ÁGUAS, 2013). Para a educação ambiental, a água

representa um tema que funciona como uma ponte de passagem entre os

registros da natureza e da cultura local (JACOBI; GRANDISOLI 2017).

Dentro deste contexto, de acordo com Silva (2016), desenvolver

atividades educativas voltadas ao ambiente escolar devem trazer informações

que auxiliem os indivíduos a perceberem os impactos sobre os recursos

hídricos e estabelecer inter-relações entre a exploração de recursos e a

preservação ambiental de modo a manutenção da biodiversidade e dos

recursos necessários a sobrevivência. Neste trabalho, buscaremos realizar um

apanhado geral das condições de conservação dos recursos hídricos voltados

a realidade local do município, de modo a conhecer os aspectos presentes na

biodiversidade destes ambientes.

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1.7 JUSTIFICATIVA

Frente ao atual contexto de alterações ambientais causados pela ação

humana, principalmente em ambientes aquáticos, os quais são drasticamente

afetados por distúrbios de ordem biótica e abiótica, a realização de

intervenções que propiciem espaços de discussões no contexto escolar

(educação ambiental formal) que possam contribuir para o desenvolvimento

social aliado aos princípios da sustentabilidade e de respeito às outras formas

de vida.

Atualmente, grande parcela da população vive diariamente e passa

maior parte do seu tempo em ambientes urbanos, tendo assim pouco contato

com áreas naturais e com organismos da biodiversidade nativos da região, em

muitos casos conhecendo poucos aspectos naturais do seu entorno

(THIEMANN et al, 2016). Nos ambientes aquáticos a problemática é

semelhante, visto que, ao nos aproximarmos de um rio, raramente

conseguimos visualizar a biodiversidade presente nestes locais, exceto em

atividades de mergulho ou pesca, onde podemos observar e conhecer alguns

destes componentes da ampla riqueza de organismos que ali habitam.

Muitas vezes, o que podemos observar a dificuldade de educadores

ambientais em encontrar metodologias ou recursos didáticos eficientes para a

realização das atividades de modo a gerar aprendizagens significativas por

parte dos alunos e contribuir para seu desenvolvimento. Frente esta

problemática, os aquários surgem como ferramentas de grande valor de modo

a proporcionar momentos ricos para o desenvolvimento dos alunos.

Durante o mês de outubro de 2018, foi realizada uma busca em revistas

eletrônicas de educação ambiental, utilizando como descritores os termos

“aquários” e “biodiversidade aquática”, de modo a inventariar as contribuições e

utilização de aquários como metodologia didática, bem como ações voltadas a

educação sobre a biodiversidade aquática. Foram selecionadas revistas como:

Revista Pesquisa em Educação Ambiental; Revista Brasileira de Educação

Ambiental; Revista Educação Ambiental em Ação; Revista Brasileira de

Educação e Saúde; Revista Cidadania & Meio Ambiente e Revista Ciência em

Extensão e Anais do Encontro Pesquisa em Educação Ambiental. Após a

busca, pode-se evidenciar a escassez de trabalhos voltados para a temática

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abordada neste estudo, como podemos observar no QUADRO 3. Outros

trabalhos foram encontrados utilizando os mesmos descritores, porém não

estavam voltados às práticas da educação ambiental e, portanto, não foram

elencados no Quadro.

QUADRO 3. ARTIGOS ENCONTRADOS QUE UTILIZARAM AQUÁRIOS COMO RECURSO MOBILIZADOR DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Titulo do artigo Autores e ano de publicação Periódico

Educação ambiental para a conservação dos recursos hídricos por meio de atividade de ensino com pesquisa em uma escola pública no Pará

Jonas da Paz Aguiar; Rubem Silvaney Maia Silva; Adenilson Nogueira Carvalho; laís Soares dos Santos; cláudia silva de castro, 2015

Revista brasileira de educação ambiental

Percepção de estudantes do ensino médio sobre peixes ornamentais

Welloyane Páttila Barros de Souza Gomes; Fabio de Jesus Castro, 2016

Revista educação ambiental em ação

O método da lembrança estimulada como uma ferramenta de investigação sobre a visita escolar no museu de biodiversidade do cerrado

Lidiane Martins de Oliveira, 2017

Revista ciência em extensão e anais do encontro pesquisa

em educação ambiental

FONTE: O Autor, 2019.

Do ponto de vista científico, este trabalho possui grande relevância visto

o pouco número de pesquisas voltadas para a utilização de aquários na

educação formal, associado às escassas contribuições disponíveis na literatura

referente a educação ambiental relacionada aos ambientes aquáticos. Além

disso, contribui para a elaboração de novas metodologias de ensino na

educação ambiental de modo a produzir resultados mais eficientes e mudanças

significativas no contexto local.

De acordo com Oliveira, Chagas e Teixeira (2013), o uso de uso de

diferentes metodologias de ensino tem auxiliado no aprendizado de

determinados conteúdos pelos alunos visto que formas diferenciadas de

abordar um assunto podem desenvolver nos alunos potencialidades no que se

refere à motivação, interesse e participação nas aulas de Ciências.

O presente estudo tratou da temática da biodiversidade nos ambientes

aquáticos com alunos do ensino médio em uma escola estadual no oeste do

Paraná. A investigação buscou criar recursos didáticos coerentes com os

princípios da educação ambiental crítica ao mesmo tempo que implementou

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44

instrumentos de técnicas de coleta de dados para análise desta interação

educativa.

1.8 OBJETIVOS

Objetivo geral:

Analisar uma interação educativa que tratou da biodiversidade aquática

em um grupo de alunos do ensino médio de uma escola pública de Palotina,

município do oeste do Paraná.

Objetivos específicos:

Sensibilizar quanto a necessidade de conservação da biodiversidade

aquática para a manutenção da qualidade ambiental.

Propiciar o conhecimento dos diferentes rios e/ou outros corpos hídricos

por meio de diferentes recursos didáticos.

Discutir os principais mecanismos de poluição e buscar maneiras de

solucioná-los.

Analisar a importância desta interação e dos diferentes recursos

didáticos como temas geradores de reflexão e desenvolvimento do

pensamento crítico.

Page 46: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A CONSERVAÇÃO DA …€¦ · FIGURA 4 – ESQUEMA DOS PROCEDIMENTOS ... promoveu em Belgrado o Encontro Internacional de Educação Ambiental, no qual

45

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 PESQUISA QUALITATIVA

Dentro da pesquisa científica, podemos identificar diferentes métodos

investigativos conforme o objetivo do trabalho e o objeto de estudo em questão.

Ao se realizar pesquisas voltadas a analisar a sociedade e suas relações,

devemos levar em conta que o ser humano não é um ser passivo, desta forma,

este representa um indivíduo que está em constante exercício de reflexão e

interpretação do mundo em que vive, compreendendo que as pessoas, ao

longo de suas vidas, interagem, interpretam e constroem sentidos (OLIVEIRA,

2008).

De acordo com Godoy (1995), os estudos qualitativos ocupam uma

posição privilegiada e de grande reconhecimento quando relacionados a

estudos voltados aos fenômenos que envolvem o ser humano e suas relações

sociais estabelecidas em diversos ambientes. Desta forma, o pesquisador vai a

campo de modo a compreender o fenômeno em estudo e buscar

características a partir das perspectivas das pessoas envolvidas, coletando

vários tipos de dados que serão analisados.

Para Yin (2016), os estudos qualitativos permitem analisar alguns

aspectos que fogem da realidade abordada em outros tipos de estudo,

possuindo assim cinco características determinantes, sendo: busca estudar o

significado da vida das pessoas no contexto onde vivem; levanta e analisa as

opiniões e perspectivas dos participantes de um estudo; abrange a realidade

vivida por cada cidadão em seu contexto social, cultural, ambiental e

econômico, os quais podem influenciar nos eventos de desenvolvimento

humanos; ajuda a explicar comportamentos sociais humanos ou revelar

características sociais emergentes e por fim, busca integrar dados provenientes

de diversas fontes e meios de análise, sendo que as conclusões dos estudos

tendem a se basear na triangulação de dados, o que aumenta a credibilidade e

confiabilidade do estudo.

Ainda de acordo com Yin (2016), a observação participante é um dos

métodos mais utilizados em estudos qualitativos, o qual também será um

instrumento de coleta de dados para este trabalho uma vez que o pesquisador

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é inserido no contexto onde está se desenvolvendo a temática. Desta forma, a

observação pode ser uma forma valiosa de coleta de dados, visto que, o autor

participa e percebe com seus sentidos o que acontece ao seu redor (YIN,

2016).

2.2 LOCAL DE ESTUDO

O presente estudo foi realizado com duas turmas de terceiro ano do

ensino médio de uma escola estadual do município de Palotina, oeste

paranaense. Uma das turmas estudava no turno matutino, contendo cerca de

40 alunos, e a segunda turma, a qual desempenha as atividades durante o

turno vespertino, possuía 17 alunos. Ambas as turmas estavam sob regência

de um professor efetivo nas aulas de |Biologia, o qual acompanhou as

atividades desenvolvidas. A coleta e análise dos dados compreenderam as

duas turmas e serão apresentadas sem distinção entre uma e outra.

Para o desenvolvimento desta investigação foi utilizado a aplicação do

Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 1), de modo que os

alunos estivessem cientes de que faziam parte de uma pesquisa científica.

Para Yin (2016), ao envolvermos humanos como objeto de pesquisas

qualitativas, faz se necessário a apresentação das disposições por parte do

pesquisador, de modo a esclarecer do que se trata e obter consentimento

informado do participante, além de criar oportunidade para que façam

questionamentos.

2.3 ENCONTROS

Durante o desenvolvimento deste trabalho, foram realizados quatro

encontros em ambas as turmas (QUADRO 4). As atividades foram

desenvolvidas durante os meses de outubro e novembro de 2019, onde nas

quartas-feiras de manhã obtivemos uma turma, a qual continha 40 alunos e,

durante a tarde buscamos atender outra turma com 17 alunos. Cada

intervenção teve duração de 2 horas, totalizando 8 horas de atividade

desenvolvida em cada uma das turmas.

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QUADRO 4 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE AS AULAS MINISTRADAS

DATA DO ENCONTRO ATIVIDADES REALIZADAS RECURSOS DIDÁTICOS

11/10 (tarde) e 16/10/ 2019 (manhã)

Montagem do aquário, aula sobre rios e riachos de Palotina, desenvolvimento de atividades de conhecimento das microbacias presentes no município.

Projetor de slide multimídia, folhas de papel sulfite, canetas, mapas aéreos do município contendo os principais rios locais, aquário com peixes nativos.

17/10 (tarde) e 23/10/2019 (manhã)

Aula teórica sobre biodiversidade aquática dos rios do município, importância das matas ciliares na manutenção da biodiversidade e teoria do rio contínuo; atividade prática envolvendo manuseio e observação de material biológico.

Aquário com peixes nativos; projetor de slide; material biológico de peixes e invertebrados do município; bandejas; pinças; projetor de slide; lupa estereoscópica; placas de petri.

24/10 (tarde) e 30/10/2019 (manhã)

Aula sobre poluição aquática e impactos na biodiversidade e experimentação referente a limpeza de um corpo hídrico degradado.

Projetor de slides; vídeos; bandeja; óleo de soja; algodão; papel toalha; água; pipeta; aquário contendo peixes nativos.

31/10 (tarde) e 07/11 (manhã)

Atividade avaliativa utilizando apresentação de trabalhos por meio do sistema de rotação por estação, onde os alunos realizaram intervenções com outras turmas da escola.

Projetor de slide; mapas; tapete teoria do rio contínuo; aquário contendo peixes nativos.

FONTE: O autor (2019)

Após o desenvolvimento das atividades e fim de cada encontro, os

registros dos momentos importantes de cada intervenção e das observações

realizadas, a fim de identificar pontos e acontecimentos relevantes das

abordagens, foram registrados em forma de diário de campo (o qual pode ser

consultado no Apêndice 2). De acordo com Yin (2016), a observação e

anotação em diário de campo de atividades pode ser um dos principais

métodos de coleta de dados em um estudo qualitativo, contribuindo

grandemente para a obtenção de resultados significativos a serem analisados.

2.4 RECURSOS DIDÁTICOS

Durante os encontros, foram empregados diversos recursos didáticos

diferentes, de modo a enriquecer as aulas e criar situações e oportunidades de

aprendizagem diferenciadas de modo a estimular os alunos e trazer sua

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atenção para o assunto a ser abordado, no intuito de promover aprendizagens

significativas.

Como mencionado anteriormente, a poluição dos recursos hídricos e sua

consequente perda da biodiversidade estão entre um dos mais importantes

problemas ambientais. Frente a isso, medidas educativas devem ser realizadas

de modo a problematizar para os alunos essa temática com o intuito engajá-los

na busca da conservação da biodiversidade. A utilização de diferentes

metodologias e recursos didáticos visa proporcionar ao aluno diferentes

situações e experiências que têm como objetivo contribuir para o processo de

aprendizagem dos alunos.

Um dos recursos empregados, o qual foi utilizado durante todas as

interações educativas, sendo considerado o principal recurso didático deste

estudo, foi o aquário contendo espécies nativas dos rios do entorno de Palotina

(município do oeste do Paraná), sendo: curimba, lambari, cascudo e bagres as

espécies selecionadas, visto seu hábitos pacíficos e de boa sociabilidade no

ambiente.

FIGURA 2 – AQUÁRIO INSTALADO NA SALA DE AULA DO COLÉGIO

FONTE: O Autor, 2019

Além do aquário, outros recursos foram empregados, como já

mencionado anteriormente, tais como: vídeos, experimentação e materiais

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biológicos, os quais representam grande relevância para atividades de

educação ambiental, visto as grandes possibilidades de abordagens que estes

proporcionam ao educador.

Um dos aparatos tecnológicos que tem surgido como sendo um recurso

de grandes possibilidades tanto para o educador quanto para a promoção da

aprendizagem significativa são os vídeos, os quais podem apresentar grane

importância na educação ambiental e contribuir para a sensibilização dos

alunos a problemáticas ambientais se comparados a textos por exemplo

(BONZANINI; NUNES, 2015). De acordo com Bonzanini e Nunes (2015), os

vídeos apresentam potencialidades didáticas na aprendizagem de conteúdos e

apropriação de saberes de maneira prazerosa, por meio de sons e imagens

que se relacionam com os aspectos do cotidiano.

Outro recurso utilizado durante as aulas foram as experimentações. Para

Silva e Zanon (2000), a experimentação é, por vezes, uma forma de atrair a

atenção dos alunos para o ensino de Ciências, tendo em vista que desperta

seu interesse e desenvolvendo a curiosidade, mas para isso, é necessário que

estejam estimulados cognitivamente. Em contrapartida, é necessário que o

professor perceba esse interesse e o direcione para refletir sobre os eventos

que ocorrem na atividade experimental, tornando-a significativa e relevante

para o processo de ensino aprendizagem.

O terceiro recurso utilizado foram os materiais biológicos de peixes e

invertebrados aquáticos da região, por meio dos quais buscou-se aproximar os

alunos da fauna local e sensibilizá-los quanto a biodiversidade que os rodeia

em seus cotidianos, que muitas vezes os alunos os desconhecem. De acordo

com Rodrigues, et al. (2008), a utilização destes materiais biológicos no

processo de ensino, tem o potencial de tornar a atividade de aprendizagem

mais prazerosa e significativa, tendo grande significado para os discentes.

Sendo assim, foram utilizados amostras de animais conservados em álcool

representando alguns peixes, tais como: traíra; piau-três-pintas,; cascudo;

morenita; tuvira; pintado, além disso, foram utilizados alguns exemplares de

macro invertebrados bentônicos, representado em sua maioria por fases larvais

de insetos pertencentes as ordens Diptera, Odonata, Coleoptera e

Megaloptera, alguns exemplares de moluscos e anelídeos. Todos os planos de

aula estão no Apêndice 3.

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FIGURA 3 – AMOSTRAS BIOLÓGICAS E LUPA UTILIZADOS EM AULA

FONTE: O Autor, 2019.

2.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

De acordo com os diversos objetivos de pesquisas qualitativas,

diferentes instrumentos de coleta de dados são empregados de modo a obter

informações significativas ao desenvolvimento das atividades relacionadas e

descobertas que se deseja obter. Dentre as ferramentas mais aplicadas, a

observação participante e os registros diários produzidos durante as práticas

educativas foram os métodos selecionados para esta pesquisa, por tratar-se da

análise da implementação de uma interação educativa na qual o pesquisador

também era o mediador.

De acordo com Yin (2016), a observação pode ser uma importante

ferramenta de coleta de dados pelo fato de o autor estar inserido no contexto

da pesquisa, tendo as vivências do que realmente está acontecendo no

ambiente analisado. Fernandes (2011) afirma que esta técnica pressupõe

convívio e intercambio de experiências por meio de sentidos entre o

pesquisador, os participantes e o contexto local vivido. Cabe ressaltar a

participação ativa dos alunos durante o processo de aprendizagem, o que

contribui para o desenvolvimento da educação ambiental crítica.

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Nesta perspectiva, os resultados obtidos das observações, foram

formalmente registrados em diário de campo (APÊNDICE 2), sendo este uma

importante ferramenta de pesquisa, na qual o pesquisador registra suas

impressões para análise posterior (FERNANDES, 2011).

Ao longo das intervenções realizadas, foram produzidos alguns

documentos e atividades juntamente com os alunos de modo a avaliar a

aprendizagem conforme estas se desenvolviam, sendo em sua maioria

relacionadas a atividades de escrita de texto, solução de questões, estudos de

caso e experimentação.

De acordo com Yin (2016), estes objetos e documentos podem ser

valiosos em estudos qualitativos, frente às grandes informações que podem ser

apreendidas, principalmente no que diz respeito a compreender o conteúdo da

educação que ocorre em sala de aula.

Uma vez coletados, os dados foram submetidos a um sistema de

análise, de modo a responder os objetivos da pesquisa. De acordo com Yin

(2016), a análise de dados qualitativos ocorre em 5 fases. A primeira etapa diz

respeito a compilação e classificação dos dados reunidos durante a coleta das

informações, ou seja, ordenar os dados obtidos em uma base de dados. A

segunda fase, chamada de decomposição, compreende a fragmentação dos

dados obtidos em fragmentos menores, buscando novos códigos aos

elementos obtidos. Segue-se então para a terceira fase, a da recomposição

dos dados, de modo a reorganizar e obter sequências diferentes das originais,

de modo a identificar os padrões da pesquisa. A quarta fase busca-se realizar a

interpretação de modo a criar uma narrativa e descrever os fatos obtidos. Por

fim, a quinta fase, a qual é denominada de conclusão, onde o autor realiza todo

o fechamento do estudo com base no que foi produzido na quarta fase do

estudo e fases anteriores.

Desta forma, por meio da triangulação dos dados, com base nos

registros do diário e outros documentos empregados na análise deste trabalho,

foram possíveis identificar três aspectos emergentes, sendo: 1) percepção da

biodiversidade local; 2) sensibilização e 3) apropriação do conhecimento. Os

aspectos levantados não representam categorias isoladas sendo

complementares, inter-relacionados e sobrepostos entre si. A Figura 4

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sistematiza o delineamento da pesquisa. Com base nestes três tópicos

realizaremos a análise e discussão dos resultados a seguir.

FIGURA 4 – ESQUEMA DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

FONTE: O Autor, 2019.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como pudemos perceber ao longo das atividades, os resultados obtidos

com as intervenções perpassam por três dimensões da educação ambiental, a

saber: conhecimentos (percepção da biodiversidade local), valores

(sensibilização e afetividade) e participação (apropriação de conhecimento).

Em seu trabalho, Carvalho (2006) realiza uma sistematização destas três

dimensões como fundamentais na promoção da educação ambiental,

sustentando a possibilidade de intencionalizarmos nossas ações para a

formação de cidadãos participantes e críticos. Em seguida, cada uma das

dimensões será discutida mais a fundo de modo a embasarmos nossos

resultados.

3.1 PERCEPÇÃO DA BIODIVERSIDADE LOCAL

Durante o desenvolvimento das atividades, foi possível identificar a

dimensão de percepção do conhecimento local por parte dos alunos, os quais

relatavam aspectos da biodiversidade que conheciam por meio de suas

experiências, seja em atividades de lazer ou trabalho familiar. Ao serem

questionados sobre quais aspectos da biodiversidade conheciam, os alunos

listavam diversas espécies de peixes, em comentário um aluno afirma que:

Conhecemos várias espécies de peixes, pintado, traíra, tilápia, lambari e mais algumas que pescamos quando vamos ao rio (ALUNO A, 2019). Também tem a capivara, lontra, jacaré e sapo que estão no rio (ALUNO B, 2019).

Percebeu-se que os alunos desconsideravam outros grupos de

organismos tais como alguns grupos de insetos ali presentes. Após a

exposição, os alunos lembraram histórias com estes grupos ou outros

invertebrados:

Tem bastante destes bichinhos no rio perto de casa (ALUNO C, 2019)

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Referindo-se as libélulas e seu hábito de vida de estas próximos aos

rios, ou alguns afirmavam que desconheciam a existência destes organismos

ou não sabiam o nome popular.

Oliveira (2017) realizou uma sistematização da relação do ser humano

com a natureza e de acordo com o autor, a percepção ambiental da

biodiversidade está relacionada a uma grande combinação de diferentes

aspectos de valores e informações, os quais podem ter várias origens e

explicações. Algumas estão diretamente ligadas aos aparatos sensoriais dos

indivíduos, desta forma, o autor afirma que é impossível o aluno perceber

sensorialmente um elemento ao qual não esteja atento a percebê-lo.

Ao perceber o ambiente ao qual está inserido, o ser humano passa a

cultivar o sentimento de pertencimento ao meio e passa a fazer esforços de

modo a conhecê-lo e reconhecer mudanças na estrutura da biodiversidade

local, bem como os elementos que a compõe.

Ainda em seu estudo, Oliveira (2017) discute esta questão relacionada a

maioria das citações dos alunos estarem relacionadas aos vertebrados, em

especial peixes. Como mencionado anteriormente, esse grupo é o mais

atrativo, revelando a falta de percepção relação a invertebrados, fungos,

vegetais e outros organismos. Desta forma, o autor destaca para a

problemática do tema, visto que a biodiversidade representa um tema

centralizador para o funcionamento dos ecossistemas e função dos

organismos.

Ao serem questionados sobre a importância da biodiversidade, os

alunos elencaram, principalmente, relações tróficas dos organismos e uso na

alimentação, além da importância na manutenção da integridade ambiental e

manutenção da qualidade das águas. De acordo com Oliveira (2017), ao

educarmos nossos cidadãos referente à biodiversidade estamos preparando-o

para o uso sustentável e respeito mútuo a vida. Motivar relações mais

respeitosas e éticas com a natureza, de modo a preservar e manter as

condições adequadas aos demais indivíduos estão entre os princípios do

Tratado de Educação Ambiental (RIO DE JANEIRO, 1992).

Ao longo das intervenções, o aquário e os demais recursos didáticos

aplicados instigaram ados alunos, motivando-os a estarem mais atentos às

suas experiências nos corpos hídricos da região. Ao trazer amostras biológicas

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de diferentes peixes e invertebrados para a sala de aula, pode-se avaliar que

os alunos conheciam muitos dos organismos apresentados, porém, em muitos

casos não haviam se dado conta de que animal se tratava, ou não possuíam tal

concepção presente em suas estruturas cognitivas. A interação educativa

oportunizou a percepção das existências desses outros modos de vida em uma

relação ética e cuidadosa.

Ingold (2010) chama este processo de redescobrimento dirigido e

educação da atenção, onde, por meio do contato com alguma estrutura ou ao

observarmos alguém realizando uma ação, fazemos com que isso se torne

presente ao sujeito que está em processo de aprendizagem por meio dos

sentidos. Sendo assim, ao propormos a vivência com tais organismos, seja por

meio do aquário, seja por meio das amostras biológicas, criou-se uma situação

onde os alunos passaram a observar mais atentamente essas experiências

cotidianas.

Logo, seguindo a postulação da educação da atenção de Ingold (2010),

sugerimos que conforme passamos a apreender e identificar os aspectos da

biodiversidade presentes em nossos cotidianos favorecemos a criação de um

pensamento ecológico. De acordo com o autor, o aprendizado está centrado

em uma relação cognitiva com as experiências vividas na prática por cada

indivíduo. Para Carvalho (2004), o ambiente que nos cerca está

constantemente sendo analisado por nós, determinado por relações históricas

e culturais locais de cada cidadão, ou seja, pelo contexto ao qual está inserido,

atribuindo sentidos a natureza e trazendo-a para o campo da compreensão

humana.

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FIGURA 5 – INTERVENÇÃO REALIZADA NA ESCOLA

FONTE: O Autor, 2019.

3.2 SENSIBILIZAÇÃO E AFETIVIDADE

Durante as atividades desenvolvidas, foram realizadas práticas que

permitiram aos alunos sensibilizarem-se com relação às problemáticas

ambientais vividas no contexto local, por meio das quais emergiram situações

emotivas e afetivas. De acordo com Ingold (2012), é essencial trabalharmos

nas experiências e relações do ser humano com a natureza de modo a produzir

uma educação da atenção por meio dos sentidos e desenvolvimento de

afetividade e responsabilidade com o meio. Desta forma, de acordo com o

autor, a emoção, afetividade e experiências com o meio representam os pilares

centrais na busca de uma educação que fuja das psicologias convencionais e

crie situações de aprendizagem significativas.

A percepção da natureza e os laços que criamos com esta estão

intimamente relacionados ao nosso contato com o mundo a nossa volta, ou

seja, as relações e concepções que criamos com a natureza ao longo de

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nossas vidas. Ao aplicar processos educativos com diferentes recursos

didáticos, buscou-se realizar a aproximação dos alunos aos ambientes

aquáticos e desenvolver laços de pertencimento, ou seja, motivar a percepção

de que os educandos são integrados àquele ambiente e responsáveis pela

manutenção de suas características abióticas necessárias a sobrevivência dos

organismos que dependem deste local.

Bonotto (2008) aponta para a importância da realização de atividades

voltadas para a valoração da vida, não só humana, mas também de todos os

seres do planeta. Isso compreende envolver a diversidade cultural e das

diferentes formas de conhecimento de modo a promover uma sociedade

sustentável, justa e saudável, mantendo relações respeitosas com a natureza e

todos os seres que nos rodeiam, reorientando-nos assim para uma visão da

dimensão estética da natureza na construção de uma nova relação com o

ambiente.

O aquário revelou-se como de grande importância na promoção de um

ambiente de aprendizagem ao propiciar discussões críticas, instrumentalizando

a vivência do estudante no mundo (SCOPEL, et al; 2019). Para o autor

supracitado, a inserção da temática da problemática ambiental relacionada aos

recursos hídricos no contexto escolar aliado por meio do aquário, motiva a

sensibilização e a construção de uma consciência ambiental. A construção de

valores éticos e estéticos é um dos pilares nas interações em educação

ambiental e vem sendo postulada por diversos autores do campo (BONOTTO,

2008; CARVALHO, 2006; CARVALHO, 2012)

Bonotto (2008) destaca que para a promoção e desenvolvimento de

valores éticos, devemos realizar uma articulação entre cognição e afetividade

de modo a orientar a ação educativa. Na interação educativa descrita, os

alunos em sala vivenciaram o cuidado com o aquário contendo animais nativos,

além de amostras de materiais biológicos e discussões referentes às

problemáticas ambientais vividas no município, como mostra os planos de aula

anexos a este trabalho (APÊNDICE 3). Em seus relatos por texto, os alunos

discorreram suas impressões e sensações conforme orientado na atividade:

Pude perceber como estão os rios do Município e que devemos tomar mais cuidado com o descarte do lixo. Me senti mais sensibilizado

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quanto a necessidade de preservação dos recursos hídricos no município (ALUNO D, 2019). Ao longo das aulas conseguimos entender o quão é importante a preservação desses recursos. Além dos conteúdos passados e da parte prática, tivemos uma interação entre todos e pudemos compartilhar nossos conhecimentos (ALUNO E, 2019). Algumas das formas que podemos fazer para amenizar isso é não jogar lixo em ruas e bueiros, denunciar qualquer ato de desmatamento, principalmente da mata ciliar e ajudar a preservá-las (ALUNO F, 2019). Os impactos ambientais também podem causar danos a espécie humana ao ingerirmos animais contaminados ou até o contato direto com a água. Para evitar isso devemos conscientizar a população, realizar o tratamento de água e restauração florestal das nascentes (ALUNO G, 2019).

Os trechos revelam que após as interações educativas, os alunos

mostraram-se mais preocupados com a temática ambiental ao qual estavam

inseridos, visto que o sentimento de pertencimento e responsabilidade pela

manutenção destes locais estão presentes nos relatos. Conforme registrado no

diário de campo:

Os alunos relataram suas experiências com o local, relatando alguns problemas que identificaram durante contato que tiveram no ambiente. Após isto, estes foram convidados a pensar ações que podem ser realizadas de modo a manter o ambiente integro e saudável, sendo suas águas passiveis de utilização humana e por outros organismos. Este momento foi bastante produtivo, visto que os alunos em conjunto apresentaram inúmeras ações, incluindo a recuperação de matas ciliares, ampliação de redes de tratamento de esgoto e efluentes industriais, utilização de resíduos animais na produção de energia e adubo prevenir a introdução de espécies exóticas, entre outros. Os alunos apresentaram um bom desempenho durante o que foi exposto. (ALUNO G, 2019)

De acordo com Freire (1995), espera-se que o amor e afetividade pelo

local e seu contexto em que estão inseridos sirvam como um ponto de partida

de modo a entender nossas complexas relações com o meio e as

desigualdades sociais existentes, buscando, por meio do sentimento,

transformar as realidades e solucionar os problemas vigentes. Pautados em

Freire e outros autores supracitados, acreditamos que criamos um espaço de

aprendizagem que também representa um local de reflexão e de um novo olhar

para a biodiversidade.

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Com isto, buscamos desenvolver nesta prática uma postura democrática

da educação, na qual é fundamental a postura participativa e curiosa dos

alunos de modo a promover situações de aprendizagem significativas.

Novamente recorrendo ao diário:

Os alunos apresentaram-se bastante atentos e curiosos, participando das abordagens quando solicitado e perguntando curiosidades de seu interesse, o que enriqueceu ainda mais a intervenção, visto que as experiências dos alunos com o ambiente contribuíram para o desenvolvimento das práticas seguintes.

Para Freire (1996), a reflexão que surge a partir da curiosidade, que

inicialmente é considerada ingênua pode tornar-se uma curiosidade

epistemológica, construída pelo senso crítico e a capacidade de perceber as

relações sociais, econômicas e políticas implícitas nos debates. Por meio da

curiosidade, aguçamos nossos sentidos a solucionar algo que nos chama a

atenção.

Um aquário instalado em sala de aula é uma importante estratégia para

o estudo das interações entre os organismos viventes em ambientes aquáticos,

uma vez que tem o potencial de sensibilizar e propiciar discussões e reflexões.

Para Rocha (2014), o aquário utilizado como recurso para propiciar a

aprendizagem pode possibilitar aos alunos uma maior interação com o

conteúdo estudado já que o conceito é apresentado e vivenciado, propiciando

uma reflexão e, uma postura mais crítica diante do que está sendo exposto.

A observação de ecossistemas artificiais durante as aulas pode

favorecer nos alunos a construção do conhecimento com relação ao meio

ambiente, bem como a aprendizagem dos conteúdos de maneira prática e

lúdica (OLIVEIRA, 2017). Ou seja, um aquário instalado em sala de aula tem a

potencialidade de favorecer o estudo das interações entre os organismos

viventes em ambientes aquáticos, além de ser um tema gerador para uma

discussão sobre a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos e

sensibilizar os alunos sobre a importância destes ambientes.

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3.3 APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO.

Foi possível identificar uma terceira dimensão com base na análise dos

resultados obtidos, a qual diz respeito a apropriação do conhecimento

apresentado por parte dos alunos. Ao longo das atividades desenvolvidas,

como forma avaliativa, os alunos participantes desta pesquisa foram

convidados a realizar uma exposição sobre o tema abordado para os demais

alunos da escola. Como colocado pelo diário de campo:

Pudemos perceber que os alunos utilizaram diversos elementos apresentados durante as exposições ao longo das aulas, de modo a explicar aos demais alunos da escola os temas abordados por meio de uma dinâmica, na qual realizavam uma conversa com as demais turmas da instituição.

Para Freire (1996), este processo de apropriação de conhecimento ocorre pela

interação não neutra entre o sujeito e o contexto de estudo, mediatizado pelo

mundo. Ao serem apresentados aos “problemas” a serem enfrentados, os

educandos, conscientes de suas responsabilidades como sujeitos ativos na

aprendizagem, terão as condições necessárias de buscar formas de enfrentar a

situação e de realizar as devidas transformações em seu contexto social.

Sendo assim, a efetivação do processo educativo configura-se como

mediadora deste processo e como promotora desta transformação.

De acordo com Tratado de educação ambiental (RIO DE JANEIRO,

1992), somos todos aprendizes e potenciais transformadores da nossa

realidade e contexto de vida. Os alunos perceberam que podem ser sujeitos no

mundo, que podem transformar e agir em prol de relações mais respeitosas

entre si e com os demais organismos que habitam o planeta. A educação

ambiental para a sustentabilidade é um constante processo de aprendizagem

baseado no respeito a todas as formas de vida, com base em nossas

experiências e sentimentos para com a natureza a nossa volta. Desta forma, a

educação ambiental tem como propósito a formação de cidadãos críticos e

conscientes da realidade local e planetária.

A dimensão de conhecimento proposta por Carvalho (2006) contempla a

cidadania ativa, ou seja, perceber-se como responsável e sujeito ativo, capaz

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de transformar nossa realidade. Potencializar essa possibilidade é um pilar

fundamental para uma educação ambiental transformadora, já que os seres

humanos, ao compreenderem sua potência de ação (capacidade de afetar e

ser afetado), apreendem que são uma parte ativa (e não passiva) da

sociedade.

FIGURA 6 – ATIVIDADE DE INTERVENÇÃO DESENVOLVIDA PELOS ALUNOS COM

TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

FONTE: O Autor, 2019.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, percebe-se por meio deste trabalho a escassez de estudos

relacionados à educação ambiental e a temática biodiversidade aquática,

podendo estes ser considerados excelentes temas geradores para a prática

educativa, principalmente quando se deseja despertar a sensibilização dos

educandos para a conservação da biodiversidade, seja local, regional ou

global. O estudo revela o quanto estas práticas são significativas para o

aprendizado dos alunos e desenvolvimento do pensamento crítico, devendo

esta temática fazer parte dos currículos de instituições formais e não formais de

ensino.

Em relação à efetividade e aplicabilidade deste projeto, deve se ressaltar

a dificuldade de relacionar a temática às referências pedagógicas

estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular uma vez que meio

ambiente não é tema transversal nesse documento. Além disso, o tempo de

aplicação das atividades foi dificultado pelo curto período de tempo para

aplicação do estudo e a pouca quantidade das aulas de Biologia no Ensino

Médio.

O que podemos perceber ao longo deste trabalho, foi a grande

importância do desenvolvimento de atividades voltadas a educação ambiental e

o potencial de diferentes ferramentas didáticas na sensibilização e

desenvolvimento da afetividade relacionada aos corpos hídricos regionais,

criando e desenvolvendo o pensamento crítico dos alunos em prol da

conservação.

Este trabalho representa grande importância para a formação acadêmica

docente, visto o papel da educação em formar cidadãos críticos e participativos

frente ao contexto social e ambiental, contribuindo ativamente para a melhora

de seu contexto sócio-histórico-cultural. O estudo propiciou vivenciar o

ambiente da sala de aula e desenvolver pesquisas que possam colaborar a

articulação entre teoria e prática e, consequentemente, subsidiar a formulação

de políticas públicas em educação ambiental.

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REFERÊNCIA

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APÊNDICE 1

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do Projeto: Aquários como recurso didático no contexto da Educação Ambiental para a conservação da biodiversidade Pesquisadores Responsáveis: Lucas Alcir de Oliveira e Valéria Ghisloti Iared Local da Pesquisa: Colégio Estadual Barão do Rio Branco Endereço: Rua 05 de Julho, 1280, Centro da cidade de Palotina/Paraná, CEP 85950-000.

Assentimento significa que você, adolescente, concorda em fazer parte de uma pesquisa. Você terá seus direitos respeitados e receberá todas as informações sobre o estudo, por mais simples que possam parecer.

Pode ser que este documento denominado TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO contenha palavras que você não entenda. Por favor, peça aos responsáveis pela pesquisa para explicar qualquer palavra ou informação que você não entenda claramente.

Você está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa, com o objetivo de analisar os usos de aquários no ensino de biologia destacando as interações na relação com saber voltados para educação ambiental e conservação da biodiversidade local.

Os benefícios esperados com essa pesquisa são conhecer os principais rios do município de Palotina, bem como sua biodiversidade, relações ecológicas e principais impactos ambientais gerados e maneiras de mitigar estes danos.

O estudo será desenvolvido durantes algumas aulas de biologia, analisado por meio do material confeccionado e perguntas respondidas. Se qualquer informação for divulgada em relatório ou publicação, isto será feito sob forma codificada, para que a sua identidade seja preservada e mantida sua confidencialidade.

Caso você participe da pesquisa, será necessário participar das atividades relacionadas ao aquário no contexto de educação ambiental nas aulas de biologia.

A sua participação é voluntária. Caso você opte por não participar não terá nenhum prejuízo na sua disciplina ou colégio.

Contato para dúvidas Os pesquisadores Lucas e Valéria responsáveis por este estudo poderão ser

localizados na Rua Pioneiro, 2153, Dallas, UFPR – Palotina, Bloco Didático V, tel (44) 3211-8500 entre 13h30 às 17h30 para esclarecer eventuais dúvidas que o(a) senhor(a) possa ter e fornecer-lhe as informações que queira, antes, durante ou depois de encerrado o estudo. Eu _______________________________ li e discuti com o pesquisador responsável pelo presente estudo os detalhes descritos neste documento. Entendo que eu sou livre para aceitar ou recusar e que posso interromper a minha participação a qualquer momento sem dar uma razão. Eu concordo que os dados coletados para o estudo sejam usados para o propósito acima descrito.

Eu entendi a informação apresentada neste TERMO DE ASSENTIMENTO. Eu tive a oportunidade para fazer perguntas e todas as minhas perguntas foram respondidas.

Eu receberei uma cópia assinada e datada deste documento. [Palotina, 03 de abril de 2019]

_________________________________________________________ [Assinatura do Adolescente]

_________________________________________________________

[Assinatura do Pesquisador Responsável ou quem aplicou o TALE]

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APÊNDICE 2

DIÁRIO DE CAMPO

Docência dia 11/10/2019

Turma: 3º ano B

Durante esta aula, realizou-se uma intervenção com alunos do terceiro

ano B do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, de modo a apresentar aos

alunos conceitos relacionados a Bacias hidrográficas e suas influências na

Biodiversidade, principalmente na biodiversidade do município de Palotina.

Para a realização desta atividade e outras ao longo das aulas seguintes,

realizou-se a montagem de um aquário ao fundo da sala, contendo exemplares

de animais e plantas presentes nos rios do município, de modo a exemplificar

um ambiente aquático, bem como a comunidade de peixes e plantas que nele

vivem. Deste modo, a partir deste modelo deu-se inicio a explicação de alguns

conceitos importantes relacionados a hidrografia local.

Pode-se perceber que os alunos ficaram muito entusiasmados com a

montagem da estrutura na sala, participando e auxiliando na organização do

mesmo, bem como buscando informar-se sobre as espécies de animais que

estavam presentes no modelo.

Desta forma, utilizou-se de uma aula expositiva dialogada e do aquário

para realizar a explicação dos conceitos, buscando a todo momento manter um

diálogo com os alunos conforme as informações iam sendo repassadas,

iniciou-se com o conceito de ambientes aquáticos (lóticos, lênticos e marinhos),

passando ao conceito de Bacias hidrográficas, trazendo informações

relacionadas ao número de Bacias hidrográficas existentes no Brasil e no

bioma Mata Atlântica, sendo este bioma ao qual o município de Palotina esta

inserido.

Os alunos participaram bem da atividade, questionando sobre a qual

bacia hidrográfica o município pertencia, além de responder alguns

questionamentos referentes aos conceitos abordados na sala de aula.

Ao término dessa explicação, com o auxílio de Mapas aéreos do

município, Obtidos do livro “Sistema de Informação Geográfica na Aquicultura:

Município de Palotina”, os alunos foram organizados em grupo para a

realização de uma atividade, a qual consistia na localização das microbacias

hidrográficas do município de Palotina, bem como seus afluentes, além de

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buscar identificar o estado de conservação destes mananciais e quais aspectos

da biodiversidade local estavam associadas a estes ambientes.

Pode-se perceber que os alunos tiveram um pouco de dificuldade ao

desenvolver a atividade, visto o pouco conhecimento acerca da geografia do

município, bem como das espécies de animais existentes no local e estado de

conservação dos mananciais da região. Ao término da atividade, realizou-se

outra breve exposição de modo a esclarecer quais os principais rios presentes

no município e seus afluentes, assim como a importância dos ambientes

aquáticos para a manutenção da biodiversidade local.

Por fim, após uma breve conversa com o professor responsável pela

turma, chegou-se a conclusão que a utilização do aquário como ferramenta

didática de ensino foi eficaz e significante no aprendizado dos alunos, de modo

a aliar conceito e prática na construção de conceitos muitas vezes complexos e

de difícil compreensão dos alunos devido a estes serem muito abstratos.

Após finalizar a atividade os alunos foram orientados a alguns cuidados

relacionados ao aquário, tais como alimentação dos peixes e cuidados com a

iluminação do ambiente. Tal ação cria a sensação de pertencimento e

responsabilidade dos alunos para a adequada gestão do ambiente de modo a

garantir uma qualidade de água e sobrevivência dos organismos ali presentes.

Docência dia 16/10/2019

Turma: 3º ano A

Durante esta data foram realizadas algumas atividades relacionadas ao

conhecimento dos principais rios da região, bem como analisados a

importância destes ambientes para a manutenção da biodiversidade do

município.

A aula deu-se início com alguns questionamentos aos alunos de modo a

estes definirem alguns termos, por meio de seus conhecimento e observações

ao aquário presente na sala, termos como: Ambientes aquáticos,

ecossistemas, bacias hidrográficas, entre outros termos de grande importância

para o decorrer das atividades.

Utilizando o modelo do aquário, e apresentação de slides, deu-se início

a explicação dos conceitos de bacias hidrográficas bem como a diferenciação

de ambientes lênticos e lóticos, buscando utilizar o aquário para facilitar o

entendimento do tema.

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Os alunos mostraram-se bastante interessados, questionando e

buscando entender o tema, bem como relatando suas experiências e exemplos

de cada um dos ambientes aquáticos presentes.

Desta forma, deu-se continuidade a aula repassando algumas

informações aos alunos, tais como: bacia hidrográfica ao qual o município

pertence, entre outras informações relevantes, bem como a importância de

existirem diversos nichos dentro de um curso hídrico para a manutenção da

biodiversidade, bem como os efeitos das alterações destes locais para a vida

aquática local.

Por fim, como forma de avaliação, foi solicitado aos alunos que

realizassem uma atividade com a utilização de mapas e de seus

conhecimentos de modo a localizar as principais microbacias do município,

seus principais afluentes, aspectos da biodiversidade conhecidos e estado de

conservação de cada ambiente. A atividade não pode ser finalizada pelo

término da aula a qual será dada continuidade durante a próxima aula.

O que pode-se perceber ao longo das atividades foi uma grande

interatividade dos alunos com o professor e com a ferramenta do aquário

presente na sala, de modo que este recurso pode facilitar o aprendizado dos

alunos com o tema, além de aproxima-los diretamente da abordagem, dando-

lhes a sensação de pertencimento do ambiente e da responsabilidade da

gestão adequada do aquário de modo a manter condições adequadas para a

sobrevivência dos animais presentes na estrutura.

Ao término da aula solicitou-se aos alunos que realizassem uma

entrevista com seus familiares, de modo a conhecer um pouco da

biodiversidade aquática do município no passado, questionando como era o

clima local e quais animais aquáticos eram de seu conhecimento.

Docência dia 17/10/2019

Turma: 3º ano B

Para esta aula, buscou-se realizar uma conversa com os alunos de

mudo a conhecer os principais aspectos da biodiversidade existentes no

município e como os diferentes grupos se relacionam de modo a manter a

qualidade da água e os ciclos existentes nestes ambientes.

De início, os alunos foram questionados sobre quais formas de vida

conheciam que estavam presentes nos rios do município, com base nos

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organismos presentes no aquário, a resposta mais frequente a ser ouvida foi

relacionada a ictiofauna local, onde os alunos mencionaram diversas espécies

de peixes além daquelas já presentes no aquário da sala de aula.

Após esta problematização inicial, com auxílio do aquário e

apresentação de slide, buscou-se demonstrar aos alunos a existência de zonas

dentro dos rios (nécton, bentos e plâncton), demonstrando quais grupos de

organismos habitavam cada região, com base nos animais e microbiologia

existentes no aquário.

Durante a aula, buscou-se explicar a importância da microbiologia do

aquário para a manutenção da qualidade da água e disponibilização de

nutrientes para as plantas, demonstrando que as relações ecológicas

existentes dentro de um curso d’água, além da interdependência destes no

desempenho de funções primordiais para a integridade do ecossistema.

Foram realizadas também algumas explicações junto aos alunos sobre a

importância dos peixes e macroinvertebrados para os rios da região, assim

como as adaptações anatômicas destes animais para suportar as condições

abióticas destes. Além disso, foi demonstrado a importância dos bioindicadores

para o monitoramento da qualidade da água.

Por fim, as espécies foram relacionadas por meio da teoria do rio

contínuo, na qual buscou-se demonstrar o fluxo de energia ao longo dos rios,

bem como as diferenças na biodiversidade e importância destes organismos na

manutenção de cadeias tróficas e da qualidade da água.

Ao final da aula, realizou-se uma atividade prática onde os alunos

tiveram a oportunidade de observar e manusear alguns dos animais presentes

no município, chamando a atenção para a observação das variações

anatômicas, questionando também, com auxílio do aquário, qual local estes

animais colonizam nos rios e sua importância para os rios, além disso

questionou-se a importância dos rios de Palotina para a manutenção da vida

aquática da bacia do rio Piquiri.

Docência dia 23/10/2019

Turma: 3º ano A

Durante esta data, foram realizadas duas aulas com os alunos do

terceiro ano do ensino médio do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, na

qual, com auxílio do aquário e amostras biológicas, foram realizadas

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intervenções e conversas com os alunos acerca da biodiversidade aquática do

município e da região.

Dentre os temas abordados e trabalhados na aula, buscou-se conhecer

e demonstrar os principais grupos de animais existentes nos rios de Palotina,

bem como as plantas e microbiologia aquática presentes. Além da função

ecológica dos organismos, seja para manutenção da qualidade de água, ou no

âmbito de integridade ecológica em relações tróficas e funções ecossistêmicas.

Inicialmente, foram direcionados questionamentos aos alunos de modo a

fazê-los refletir sobre a situação de conservação dos rios locais, bem como as

espécies conhecidas, além dos organismos já presentes no aquário. Pode-se

observar que os alunos obtiveram um desempenho bom, citando alguns

animais, conforme seus conhecimentos e experiências nas regiões.

Ao finalizar está atividade inicial, utilizou-se do aquário de modo a

desenvolver conceitos relacionados aos hábitos de vida dos animais e zonas

que vivem dentro do ambiente aquático (nécton, plâncton e bentos), buscando

a todo momento fazer com que os alunos participassem e interagissem com o

tema abordado por meio de questionamentos e curiosidades. Desta forma, por

ser uma pequena amostra de um ecossistema aquático e por apresentar

diversas relações ecológicas e ciclos ambientais, o aquário representou uma

ferramenta pedagógica de grande valor quando se trata em criar condições de

aprendizagem, visto a ampla variedade de temas ao qual este possibilita

trabalhar, além de aproximar os alunos ao ambiente sem a necessidade de sair

de visitar outros ambientes.

Os alunos apresentaram-se bastante atentos e curiosos, participando

das abordagens quando solicitado e perguntando curiosidades de seu

interesse, o que enriqueceu ainda mais a intervenção, visto que as

experiências dos alunos com o ambiente contribuíram para o desenvolvimento

das práticas seguintes.

Após expor todos os grupos da fauna, flora e microbiologia de interesse,

deu-se início a explicação de uma teoria, por meio da qual, todos os aspectos

da biodiversidade se inter-relacionam de modo a manter a integridade biótica e

ecológica de um rio, representando uma relação de dependência em um ciclo

complexo de fluxo e transferência de energia.

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Ao término da atividade expositiva dialogada, deu-se início a uma

atividade prática, onde, por meio de amostras e material biológico, objetivou-se

mostrar sãos alunos alguns exemplares de animais vertebrados e

invertebrados encontrados nos rios e riachos da região de modo a registrar e

exemplificar o que foi abordado. Os experimentos práticos possuem grande

valor na aprendizagem, visto que demonstram na prática aplicada o que foi

observado em teoria, proporcionando situações de grande valor para os

alunos.

Docência dia 24/10/2019

Turma: 3º ano B

Nesta data foi realizada uma atividade referente a poluição das águas e

importância das matas ciliares para os rios.

Inicialmente, foi realizada uma atividade de reflexão juntamente com os

alunos. Utilizando o aquário, os alunos foram convidados a imaginar que a

estrutura representava uma parte do ecossistema do rio pioneiro, importante rio

que cruza o município. Desta forma, realizou-se a leitura de um breve texto

referente a alguns impactos ambientais sofridos ao longo da extensão do corpo

hídrico e foi solicitado aos alunos que registrassem suas impressões e

discutidos os efeitos de tais ações para a qualidade ambiental das águas do

corpo d’água.

Os alunos relataram suas experiências com o local, relatando alguns

problemas que identificaram durante contato que tiveram no ambiente. Após

isto, estes foram convidados a pensar ações que podem ser realizadas de

modo a manter o ambiente integro e saudável, sendo suas águas passiveis de

utilização humana e por outros organismos. Este momento foi bastante

produtivo, visto que os alunos em conjunto apresentaram inúmeras ações,

incluindo a recuperação de matas ciliares, ampliação de redes de tratamento

de esgoto e efluentes industriais, utilização de resíduos animais na produção

de energia e adubo, entre outros. Os alunos apresentaram um bom

desempenho durante o que foi exposto.

Após esta atividade, deu-se início a passagem de um vídeo, proveniente

de uma campanha de conscientização, sendo este uma animação brasileira, na

qual animais cantam a musica “I Dreamed a Dream”, enquanto sofrem com a

própria extinção causada por ações humanas de caça e poluição. Os alunos

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apresentaram expressões de tristeza e compaixão, discutindo alguns aspectos

do vídeo e a necessidade de mudança de hábitos do homem para com a

natureza e outros organismos que dela fazem parte.

Seguindo a aula, os alunos realizaram uma atividade prática, na qual

estes eram responsáveis por limpar uma mancha de óleo proveniente de um

derramamento fictício. Pode-se perceber que estes buscaram de diferentes

materiais ofertados na tentativa de realizar a limpeza da água, além de

discutirem entre si de modo a encontrar a melhor maneira de realizar a

limpeza. O objetivo da atividade era demonstrar as dificuldades encontradas na

limpeza de rios e oceanos quando estes são afetados por algum poluente,

assim como os impactos destes conforme o tempo que demora para serem

solucionados, além de exemplifica que, uma vez alterados, os rios demoram

muito tempo para adquirir suas características naturais novamente.

De modo a exemplificar o processo de despoluição, foi passado aos

alunos um documentário referente ao processo de despoluição do rio Tietê em

São Paulo, no qual contém algumas informações sobre as dificuldades de

limpeza e quais medidas devem ser tomadas, sendo um dos principais focos

desta a educação.

A atividade foi bastante produtiva, onde os alunos tiveram vários

momentos de aprendizagem diferenciados por meio de diferentes veículos e

ferramentas. Além disso, pode-se observar que estes participaram bastante

das aulas, desenvolvendo discussões e questionamentos sobre o tema.

Docência 30/10/2019

Turma 3º ano B

Durante este encontro, foi trabalhado com os alunos a temática poluição

de corpos hídricos e impactos da atividade humana na biodiversidade, bem

como sua relação para a vida humana, visto que o homem utiliza alguns

aspectos da biodiversidade aquática, seja como fonte alimentar ou matéria

prima na cadeia produtiva.

Inicialmente, realizou-se uma dinâmica com os alunos, de modo a

sensibiliza-los sobre os impactos ambientais gerados nos rios locais. Utilizando

o aquário como modelo de ecossistema saudável, os alunos foram convidados

a imaginar e anotar diversas situações relacionadas a poluição dos corpos d-

água do município.

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O que se pode perceber, foi que os alunos mostraram-se comovidos

com as situações exposta, buscando questionar ou agregar informações e

exemplos do cotidiano ao tema, em especial alunos que possuem suas

habitações próximos a rios e riachos.

Em um segundo momento, os alunos foram convidados a encontrar

possíveis soluções para cada problema enfrentado, de modo a desenvolver

seu pensamento crítico em prol da necessidade de preservação do local.

Após esta atividade, deu-se início a passagem de um vídeo, proveniente

de uma campanha de conscientização, sendo este uma animação brasileira, na

qual animais cantam a musica “I Dreamed a Dream”, enquanto sofrem com a

própria extinção causada por ações humanas de caça e poluição. Os alunos

apresentaram bastante impactados com a situação e a capacidade humana em

alterar ambientes de acordo com seus interesses.

Por fim, os alunos realizaram um processo experimental no qual

deveriam limpar a água de uma bacia utilizando alguns utensílios fornecidos. O

objetivo da atividade era demonstrar a dificuldade em realizar o processo de

limpeza, sendo preferível prevenir a causa do que solucioná-la após uma

catástrofe ambiental ocorrer, de modo a fixar o tema, em seguida trabalhamos

com um documentário no qual demonstrava o processo de limpeza do rio tietê.

As atividades citadas foram bastante significativas, pois geraram

inúmeras situações que permitiram aos alunos desenvolver seu pensamento

crítico e afetividade para o tema em questão.

Docência dia 31/10/2019

Turma 3º ano B

Durante esta aula, foram realizadas algumas atividades avaliativas com

os alunos com o objetivo de compreender o nível de aprendizagem destes em

relação as aulas anteriores abordadas.

A atividade consistia na realização do sistema de ensino de rotação por

estação, onde cada grupo de alunos era responsável por algum dos temas

debatidos ao longo das aulas, tais como: Biodiversidade de Palotina; bacias

hidrográficas; teoria do Rio Contínuo; poluição e macroinvertebrados

bentônicos. Desta forma, cada grupo foi orientado a realizar uma pequena

exposição aos demais alunos de turmas do ensino fundamental da escola.

Cada apresentação teve duração de, em média, 5 min., ao término de cada

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apresentação os alunos ouvintes eram direcionados a outras apresentações,

até que todos perpassassem em todas as estações.

O que pode-se perceber com esta intervenção, foi que os alunos

apropriaram-se do conhecimento apresentado durante as aulas, visto que se

mostraram curiosos e atentos as atividades propostas, esta atitude demonstra

o interesse apresentado na prática, transmitindo assim as informações aos

demais colegas da instituição de ensino.

Docência dia 07/11/2019

Turma 3º ano A

Do mesmo modo que os alunos do 3º ano B realizaram a atividade

acima descrita, os estudantes desta turma em questão também desenvolveram

a atividade mencionada de modo a avaliar seus conhecimentos e aprendizados

sobre o tema proposto.

Pudemos perceber que os alunos utilizaram diversos elementos

apresentados durante as exposições ao longo das aulas, de modo a explicar

aos demais alunos da escola os temas abordados por meio de uma dinâmica,

na qual realizavam uma conversa com as demais turmas da instituição. As

atividades foram bastante produtivas e os alunos conseguiram administrar bem

e repassar o que foi proposto.

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APÊNDICE 3

PLANO DE AULA

Nome da Instituição: Colégio Estadual Barão do Rio Branco

Área de conhecimento:___________________________ Componente

Curricular/disciplina Ciências

( ) Ensino Fundamental (X) Ensino

Médio ano/série: 3º ano

Docente responsável: Lucas Alcir de

Oliveira. duração 2 hora-aula

TEMA: Rios e riachos de Palotina

OBJETIVOS

a) Objetivo(s) geral(is):

Conhecer os principais rios de Palotina e sua importância para a

biodiversidade.

b) Objetivo(s) específico(s): Analisar as propriedades físicas da água;

Compreender a importância dos ambientes aquáticos;

entender conceitos de bacias hidrográficas e ambientes aquáticos;

Analisar o estado de conservação dos rios da Mata Atlântica e do

Município;

Localizar os principais rios de Palotina;

Avaliar o estado de conservação dos rios da região.

CONTEÚDOS

Bacias hidrográficas;

Rios da Mata Atlântica (com destaque para os rios presente no

município)

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Ecologia

MATERIAIS OU RECURSOS NECESSÁRIOS

Projetor;

slide;

caixa de som;

vídeo;

mapa geográfico de Palotina

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

1º PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL: A aula iniciará com a montagem de um

aquário na sala de aula com auxílio dos alunos, o qual terá como objetivo

exemplificar aos alunos um ambiente aquático em uma escala menor,

buscando explicar por meio deste alguns conceitos relacionados aos

ambientes aquáticos locais, além disso, será realizada uma problematização

do conhecimento dos alunos por meio de questionamentos suas concepções

prévias referente aos rios da Mata atlântica e a importância destes para a

manutenção da biodiversidade, em seguida, os alunos serão questionados a

fim de saber quais rios do município conhecem, assim como o estado de

conservação destes.

2º ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO: Em seguida, a partir das

respostas obtidas, será realizada uma breve exposição referente aos rios da

mata atlântica, a fim de expor alguns números importantes referentes aos rios

deste bioma e estado de conservação destes, assim como a importância dos

ambientes aquáticos para a biodiversidade, assim como buscar focar a

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atenção dos alunos para os rios e bacias hidrográficas da região.

Ao término da apresentação, com auxílio de mapas da geografia do

município, os alunos realizarão uma atividade de busca relacionada aos rios

presentes no município, devendo informar se conhecem ou não o local, assim

como o estado de conservação deste, espécies de animais e plantas

presentes, dentre outras informações.

Ao término da atividade será realizada uma nova exposição a fim de

apresentar aos alunos informações referentes a estes ambientes.

3º APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO: Por fim, os alunos realizarão uma

atividade, na qual deverão realizar uma entrevista com familiares e

conhecidos, de modo a saber como eram os rios do município em épocas

passadas (estado de conservação, espécies presentes, etc). atividade esta

que será utilizada no decorrer das próximas atividades

AVALIAÇÃO

a) Instrumentos de avaliação: A aprendizagem será mensurada através da

atividade de busca de rios de Palotina, assim como a participação dos alunos

durante a aula.

______________________________________________________________

________________

b) Critérios de avaliação : Espera-se que o aluno conheça os principais rios da

região, além de compreender a importância e estado de conservação destes.

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PLANO DE AULA

Nome da Instituição: Colégio Estadual Barão do Rio Branco

Área de conhecimento:___________________________ Componente

Curricular/disciplina Ciências

( ) Ensino Fundamental (X) Ensino

Médio ano/série: 3º ano

Docente responsável: Lucas Alcir de

Oliveira. duração 2 hora-aula

TEMA: Biodiversidade aquática dos rios do município

OBJETIVOS

a) Objetivo(s) geral(is):

Conhecer as espécies da fauna aquática presentes em Palotina e

compreender a função ecológica desempenhada por cada grupo para a

qualidade da água

b) Objetivo(s) específico(s): Analisar as propriedades físicas da água;

Compreender a importância da manutenção da biodiversidade aquática;

Conhecer os organismos da fauna e flora aquática local;

Entender a função ecológica desempenhada por cada grupo de

organismos.

Analisar o grau de conservação das espécies nativas da região.

CONTEÚDOS

Biodiversidade aquática (ictiofauna e fauna de invertebrados);

Microbiologia aquática;

Hábitos de vida e comportamentos das espécies;

Ecologia;

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MATERIAIS OU RECURSOS NECESSÁRIOS

Projetor;

slide;

Aquário com peixes e plantas nativos.

Amostras biológicas de peixes e macroinvertebrados;

Lupa;

Bandejas.

Kit Monitoramento de qualidade de água.

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

1º PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL: Inicialmente, os alunos serão convidados a

observar o aquário presente na sala, buscando reconhecer as espécies

presentes e os hábitos que estas possuem (se habitam o fundo do aquário,

zonas pelágicas, etc), e, a pensar sobre quais espécies de animais presentes

no ambiente conhecem, em seguida, deverão construir uma pequena lista

referente a quais espécies conhecem, devendo anotar também as funções

que cada animal desempenha na natureza.

2º ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO: Após finalizar a atividade inicial,

será dado início a uma pequena exposição referente os principais

componentes da biodiversidade aquática da região, utilizando como modelo o

aquário presente na sala, chamando atenção para diversos aspectos ao

longo da aula, tais como espécies de peixe e seus hábitos de vida,

importância dos macroinvertebrados (representados por camarões) e da

importância da microbiologia na manutenção da qualidade ambiental.

A importância da Microbiologia será evidenciada através de testes de amônia

realizadas no aquário, por meio de kits que serão fornecidos aos alunos,

devendo estes monitorar a qualidade de água do microhabitat por em média

uma semana.

Ao término da apresentação, os alunos poderão visualizar, com auxílio de

lupas alguns exemplares de macroinvertebrados, tais como peixes da fauna

palotinense, de modo a exemplificar a grande diversidade existente na

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região, com base em estudos desenvolvidos pela Universidade Federal do

Paraná.

3º APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO: Por fim, será desenvolvido um

questionário com os alunos, de modo a avaliar suas percepções ao longo da

aula, além de relacionar qual a importância da Biodiversidade aquática.

AVALIAÇÃO

a) Instrumentos de avaliação: A aprendizagem será mensurada através de

questionários desenvolvidos pelos alunos ao longo da aula, bem como a

participação destes durante as atividades desenvolvidas.

______________________________________________________________

________________

b) Critérios de avaliação : Espera-se que o aluno conheçam as principais

espécies da biodiversidade presentes na região, bem como suas interações e

modos

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PLANO DE AULA

Nome da Instituição: Colégio Estadual Barão do Rio Branco

Área de conhecimento:___________________________ Componente

Curricular/disciplina Ciências

( ) Ensino Fundamental (X) Ensino

Médio ano/série: 3º ano

Docente responsável: Lucas Alcir de

Oliveira. duração 2 hora-aula

TEMA: Poluição aquática e impactos na biodiversidade

OBJETIVOS

a) Objetivo(s) geral(is):

Conhecer as principais fontes de poluição e seus impactos diretos na

biodiversidade

b) Objetivo(s) específico(s): Analisar as propriedades físicas da água;

Conhecer as fontes de poluição antrópica;

Compreender seus impactos para a biodiversidade;

Entender a importância das matas ciliares;

Refletir sobre como evitar a poluição dos rios;

Buscar formas de reduzir o despejo de poluentes na Natureza.

CONTEÚDOS

Poluição dos rios e seus impactos na biodiversidade;

Ecologia.

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MATERIAIS OU RECURSOS NECESSÁRIOS

Projetor;

slide;

caixa de som;

vídeo;

Aquário com peixes e plantas nativos;

Aquário ou vasilha de vidro;

Papel;

Água;

Terra;

Areia;

Detergente líquido;

Óleo de cozinha;

Pó de café.

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

1º PROBLEMATIZAÇÃO INICIAL: Inicialmente, será transmitido um vídeo

aos alunos (https://www.youtube.com/watch?v=RjMzXykfbm8), de modo a

realizar uma problematização inicial sobre o tema poluição e discutir alguns

aspectos e como podemos relacioná-lo aos ambientes hídricos, fazendo os

alunos refletirem suas relações com a natureza, após será realizada uma

dinâmica com os alunos, na qual consiste na observação do aquário e

utilização dos demais recursos propostos de modo a contar uma narrativa

(Anexo 1) aos alunos, a fim de sensibilizá-los sobre o tema poluição das

água, orientando-os para que anotem suas impressões e opiniões sobre o

assunto e sentimentos.

Obs: o texto utilizado foi adaptado de Sabino, Amaral e Chaves (2017)

(DISPONÍVEL EM:

<http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID373/v12_n4_a2017.pdf>).

2º ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO: Após finalizar a atividade inicial,

será realizada uma explicação sobre os principais tipos de poluentes

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encontrados na natureza por meio de uma aula expositiva dialogada, de

modo a exemplificar as principais formas de poluir e como estes impactos

podem chegar aos recursos hídricos.

Além disso, serão discutidos aspectos relacionados à importância das matas

ciliares e das florestas para manutenção dos ciclos hidrológicos, buscando

explicar a teoria dos rios voadores, e demonstrar exemplos de recuperação

de áreas de nascentes por meio de reflorestamento, tais como Floresta da

Tijuca e outros projetos de recuperação de Matas Ciliares.

Em seguida, será realizado um experimento prático, na qual será simulado

com os alunos a contaminação de um ambiente aquático por meio de um

derramamento de óleo, na qual eles deverão ser responsáveis por realizar a

limpeza do corpo hídrico, de modo a exemplificar que uma vez realizado o

impacto, raramente se conseguirá realizar totalmente a limpeza do ambiente,

estes deverão anotar as medidas tomadas e dificuldades encontradas

durante o processo. (https://aulanapratica.wordpress.com/2015/06/11/aula-

pratica-limpando-uma-mancha-de-oleo/)

3º APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO: Por fim, será demonstrado alguns

exemplos práticos de atitudes que podemos tomar em nosso dia-a-dia de

modo a reduzir os impactos ambientais e auxiliar na preservação de

qualidade de água dos rios, visando a manutenção da biodiversidade, onde

os alunos deverão comentar sobre o que as atividades auxiliaram na

mudança de hábitos.

AVALIAÇÃO

a) Instrumentos de avaliação: A aprendizagem será mensurada através de

questionários desenvolvidos pelos alunos ao longo da aula, bem como a

participação destes durante as atividades desenvolvidas, assim como pelas

observações e apontamentos por eles levantadas.

______________________________________________________________

b) Critérios de avaliação : Espera-se que o aluno compreendam as formas de

poluição que podem afetar a qualidade das águas, bem como possuam

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maneiras de mudar o comportamento de modo a preservação deste recurso.

ANEXO PLANO DE AULA

Excursão pelo Rio ___________

Imagine um rio atravessando o município de Palotina, passando pelos campos

e fazenda e seguindo atravessando a cidade e desaguando no formoso rio

Piquiri. No rio que se chamava ------------- ,habitavam diversos peixes e outros

animais aquáticos. Peixes como as curimbas, lambaris, cascudos e bagres.

Mostre os peixes na água limpa do aquário . Pergunte: Como os animais

devem se sentir agora? Esta pergunta deve ser repetida várias vezes durante a

história e deve gerar uma resposta entusiasmada. Deixe os alunos

responderem em voz alta.

Descendo rio abaixo e passamos por um barranco que havia desmoronado por

causa da erosão. Muitas vezes a erosão ocorre porque as pessoas cortam a

mata ciliar das margens do rio deixando a terra do barranco expostas e sem

proteção. Quando chove a água causa a erosão, carregando sedimentos para

o leito do rio. Pergunte: Que acontece com o barranco quando chove? O que

poderá acontecer se chover muito? Peça a um aluno que coloque terra no

aquário. Pergunte: Como os animais do rio devem se sentir agora?

Imagine que parte da terra que caiu no rio veio de uma fazenda proxima. O

fazendeiro havia colocado fertilizante nos campos para aumentar a

produtividade da cultura de soja, muito comum na região. O fertilizante é usado

para ajudar o crescimento das plantas. Quando o barranco caiu acabou

levando junto fertilizante para o rio. Peça a um aluno que jogue areia no

aquário para simular terra com fertilizante. Qual será o efeito do fertilizante nas

plantas do rio? Os fertilizantes podem fazer que as plantas e algas aquáticas

crescessem muito depressa de forma que o rio não consegue sustentá-las e

elas morrem, vão para o fundo do rio onde são decompostas e apodrecem, ou,

em alguns casos, podem causar florações tóxicas (citar exemplo). A

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decomposição consome o oxigênio dissolvido na água. O quem mais no rio

precisa de oxigênio? As plantas e o peixe. Pergunte: Como os animais devem

se sentir agora?

A fazenda não é a única fonte de poluição por fertilizantes no rio, dejetos

advindos da criação de suínos e frangos para o abate, muitas vezes são

despejados sem o devido tratamento nos corpos d’água.

As casas também poluem. No momento em que o rio atravessa pela cidade,

talvez o esgoto doméstico esteja sendo lançado no rio levando detergente,

sabão e outros produtos de limpeza, além de resíduos orgânicos e dejetos

(fezes e urina). Peça a um aluno que adicione detergente ao aquário para

representar esgoto doméstico. Também na cidade as atividades das pessoas

podem afetar a qualidade das águas. Você já viu um carro vazando óleo? Para

onde a enxurrada leva este óleo que vazou? Peça a um aluno que coloque pó

de café misturado com óleo de cozinha no aquário para representar o óleo.

Pergunte: como os organismos aquáticos estão agora?

Perto do rio na cidade tem um campo de futebol. As pessoas que vão assistir

ao jogo e deixam lixo no chão e este lixo acaba indo para o rio. Peça a um

aluno que coloque papel picado no aquário para simular o lixo. Pergunte: Como

os animais se sentem agora?

Depois da cidade existem várias fábricas ao longo do rio. Embora exista

legislação que proíbe a poluição do rio, alguns equipamentos não funcionam

bem, outros estão muito velhos e produtos químicos e calor estão sendo

perdidos para o rio. Peça a um aluno que jogue sabão em pó no aquário para

simular produtos químicos. Pergunte: como os Peixes se sentem agora?

Questões

O que acontece com os seres aquáticos quando as águas são contaminadas?

O que acontece conosco se pescamos e comemos peixes que vivem em águas

contaminadas?

Pedir que façam uma lista do que pode contaminar um rio.