UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Nair Madalena Saraiva de Oliveira
O ARTESANATO COMO FONTE DE RENDA E
INCLUSÃO SOCIAL
Corinto/ MG
Fevereiro/ 2014
NAIR MADALENA SARAIVA DE OLIVEIRA
O ARTESANATO COMO FONTE DE RENDA E INCLUSÃO
SOCIAL
Monografia a ser apresentada na disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso II do Curso de Graduação em Geografia/ Ensino à Distância da UFMG, como requisito parcial para obtenção de titulo de Bacharel. Orientador: José Antonio Souza de Deus.
Pólo Corinto – MG
2014
Dedico este trabalho aos meus pais João Herculano Saraiva (in
memorian) e Antônia de Oliveira Saraiva (in memorian) que
sempre nos incentivaram em continuar em meio a tantas
adversidades, aos meus queridos filhos Luís Gustavo de
Oliveira e Livingstone Luiz de Oliveira Júnior razão da minha
persistência em não desistir por achar necessário dar o
exemplo de que é através do estudo e do conhecimento que
poderemos vencer as nossas fraquezas.
Em primeiro lugar agradeço a Deus que iluminou o meu
caminho durante esta caminhada. Senhor, obrigada! Sei que
sem a tua mão a me guiar eu não chegaria tão longe. Agradeço
a minha família pela compreensão, pelos momentos que me
ausentei por estar correndo com os trabalhos, meus filhos que
muitas vezes só nos víamos pela manhã e agora no final, à
distância, minhas irmãs que me apoiaram para não desistir,
lembrando sempre que as dificuldades logo passariam, aos
companheiros de curso pela ajuda nos momentos de sufoco
em especial nesta última fase, Rosilene Pereira, Michele
Ribeiro, ao meu amigo Daniel de Souza pelo apoio técnico com
a máquina fotográfica e o computador quando tudo parava, ao
nosso técnico Thiago Matheus que foi de extrema importância
no início do curso, em que o conhecimento da informática era
pouco. À minha cunhada Tatiane que tem sido um grande
apoio nesta fase final, estando sempre em sua casa usando
seu computador e internet, com quem sei que posso contar,
enfim às minhas grandes amigas Luzia, Miriam, Marizinha,
companheiras de apoio Espiritual que estão sempre me dando
força. Que Deus possa abençoar a todos abundantemente, o
meu agradecimento. Aos artesãos associados da FEIRART, a
todos os artesãos, lapidadores e membros COOPERGAC pela
colaboração para a realização deste trabalho.
Aos nossos coordenadores, professores tutores, em especial a
Fabiane que muitas vezes é importunada nos seus momentos
de folga por meus pedidos de socorro, obrigada.
Ao meu orientador José Antonio Souza de Deus, pelos
esclarecimentos prestados oportunamente.
Agradeço a todas as colegas, amigos, minhas clientes pela
compreensão e mudanças de horário, todos que direta ou
indiretamente torceram por mim e por me conhecerem,
acreditaram que jamais desistiria.
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG/EAD
"Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo.
Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo.
Não viva de fotografias amareladas...
Continue, quando todos esperam que desistas.
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você.
Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você.
Quando não conseguir correr através dos anos, trote.
Quando não conseguir trotar, caminhe.
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala.
“Mas nunca se detenha.”
Madre Teresa de Calcutá
RESUMO
Este trabalho contém o registro de um processo investigativo relacionado ao
artesanato realizado na cidade de Corinto, com o objetivo de viabilizar o
conhecimento das atividades que envolvem procedimentos manuais desenvolvidos
por um grupo restrito de moradores. Os artesãos evidenciam propósitos que se
apresentam ora distintos, ora afins. A realidade apresenta, por um lado, a prática da
atividade artesanal como entretenimento ou mera satisfação pessoal, não como
aqueles que o exercem com lucrativos, como auxílio financeiro, já que se trata de
uma cidade interiorana, limitada de perspectivas de empregos formais. O artesanato,
além de se mostrar como uma forma de manifestação de artes e habilidades
promove a inserção social de pessoas que sempre estão expondo seu trabalho
publicamente, em contato com outros grupos sociais. Todavia, a criatividade, fator
preponderante no que se refere aos trabalhos manuais, esbarra na precariedade de
recursos e investimentos, fazendo com que os interessados tenham a iniciativa de
se associarem a uma associação denominada FEIRARTE, fundada com o objetivo
de assegurar o funcionamento organizado da atividade. Os relatos esclarecem que,
apesar das consideráveis dificuldades, os artesãos se mantêm firmes na expectativa
de ver reconhecido e valorizado o artesanato local, principalmente.
Palavras-Chave – Artesanato e Artesão, Desenvolvimento Local, Informalidade,
Valorização, Arte e Cultura, Produção Artesanal, Inclusão Produtiva.
ABSTRACT
This work contains the record of a related craft in the city of Corinto, with the goal of
enabling knowledge activities that involve manual procedures developed by a small
group of resident‟s investigative process. Artisans show purposes that have
sometimes distinct, sometimes related. Reality shows, on the one hand, the practice
of artisanal activity as mere entertainment or personal gratification at the expense of
those who exercise it for profit, as financial aid, since it is a provincial town, deprived
of formal employment prospects. Crafts, besides a manifestation of arts and skills
promote social inclusion of people who are always exhibiting his work publicly, in
contact with other group‟s socials. Although creativity, major factor as regards to
manual labor, collides with the limited resources and investment, so that the parties
have the initiative to establish links with an association called: FEIRART, founded
with the objective of ensuring the functioning of an organized institution. Our reports
state that, despite considerable difficulties, the artisans remain firm in anticipation of
seeing recognized and valued local crafts, mostly.
Keywords- Crafts and Craftsman, Local Development, Informality, Appreciation, Art
and Culture, Craft Production, Productive Inclusion.
LISTAS DE ILUSTRAÇÔES
Figura 01 – Trabalhos em MDF e EVA .................................................................. 37
Figura 02 – Processo de produção de geléia de mocotó ........................................ 37
Figura 03 – Requeijão e geléia de mocotó ............................................................. 38
Figura 04 – Artesanato em bambu .......................................................................... 38
Figura 05 – Peças em Cerâmica ............................................................................ 39
Figura 06 – Cristais Lapidados ............................................................................... 39
Figura 07 – Produção de doce de leite .................................................................... 40
Figura 08 – Bonecas de pano produzidas pela artesã da FEIRART ....................... 40
Figura 09 – Pintura em fralda .................................................................................. 41
Figura 10 – Tapetes de retalhos e fitas ................................................................... 41
Figura 11 – Cenário de Formatura de Educação Infantil ........................................ 41
Figura 12 – Peças em MDF ...................................................................................... 42
Figura 13 - Artesanatos Diversos, Associação FEIRART ........................................ 42
Figura 14 – Bainhas, cabides e panos de prato Associação FEIRART ................. 43
Figura 15 – Telhas e pedras pintadas ...................................................................... 43
Figura 16 – Produção artesanal de redes e tarrafas ................................................ 44
Figura 17– Produção Artesanal de Balaios Tapetes de fitas no bastidor ............... 45
Figura 18 - Pintura em tecido .................................................................................. 46
Gráfico 1 – Sexo Feminino e Masculino .................................................................. 25
Gráfico 2 – Única Renda .......................................................................................... 26
Gráfico 3 - Com quem aprendeu ............................................................................. 26
Gráfico 4 - Renda aproximada com o artesanato .................................................... 27
Gráfico 5 – Quanto tempo trabalha com artesanato ................................................ 27
Gráfico 6 – Nível de escolaridade ............................................................................ 28
Gráfico 7 – Motivação do trabalho artesanal ............................................................ 28
Gráfico 8- Formas de comercialização ..................................................................... 29
Gráfico 9 – Número de respostas diárias ................................................................. 29
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Relação dos respectivos trabalhos manuais ......................................... 32
Tabela 2 - Categorias e Fragmentos Ilustrativos .................................................... 33
ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIATURAS.
COOPERGAC – Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto. LTDA.
EVA – Ethil Vinil Acetat (em português: etileno acetato de vinila)
FEIRART – Feira de Artesanato
MDF – Medium Density Fiberboard (placa de fibra de média
densidade)
OCEMG – Organização das Cooperativas de Minas Gerais
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 14
3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 15
3.1. Objetivo Geral ....................................................................................................... 15
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 15
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 16
4.1- Coleta de dados .................................................................................................... 16
4.2- Análise de dados .................................................................................................. 17
4.3-Registro de Informações ........................................................................................ 19
5. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 20
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................................... 24
6.1 Respostas Questionário Monografia ...................................................................... 25
6.2 Analise de Resultados........................................................................................... 30
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 34
8. ANEXOS ................................................................................................................ 35
8.1 Questionário Monografia ........................................................................................ 35
8.2 Fotos dos Trabalhos dos Artesãos Entrevistados ................................................. 37
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 47
10 APÊNDICE............................................................................................................. 49
12
1. INTRODUÇÃO
O conceito de cultura aplicado ao artesanato está referenciado na arte, preferencialmente de natureza popular, criada por um povo de baixo poder aquisitivo, pertencente, em grande parte, aos estratos econômicos menos favorecidos (CHITI, 2003).
O município de Corinto, centro geográfico das Minas Gerais, habitado por
uma população de 23.914 habitantes (Censo/ 2010), agrega valores culturais
inestimáveis, quanto às habilidades aí consolidadas e expostas através do
artesanato. O artesanato aí desenvolvido pode ser classificado como Artesanato
Urbano, pois envolve, predominantemente, o uso de matéria-prima industrializada
como tecidos, tintas, linhas, arames, vidros, entre outros. Trata-se se uma “arte
cultural”, caracterizando-se por aspectos mais citadinos do que o artesanato
tradicional, que se vale quase por aspectos, exclusivamente, de materiais extraídos
diretamente da natureza, sem nenhum resquício de industrialização.
Como uma das raras exceções a esta regra observa-se, contudo, no
Município aí desenvolvido a extração de pedras de cristais, que são lapidadas e
transformadas em utensílios diversos, e que, em algumas situações são destinados
inclusive para exportação; perdendo, nestes casos particulares a condição de
produto artesanal, uma vez que as peças são produzidas em larga escala, com a
utilização de equipamentos específicos mesmo que sejam feitos com mão de obra
do homem. A única atividade artesanal aí desenvolvida é executada
predominantemente pela mão de obra masculina é a lapidação de cristal de 1quartzo
considerada uma das principais atividades econômicas da cidade, e que se destaca
por ser a região, dotada a propósito do privilégio de possuir um cristal genuinamente
puro. Corinto recebe visitantes estrangeiros durante todo o ano devido à qualidade
das pedras que possui. E ainda existe, na região, o manuseio de materiais como o
bambu, ervas, diretamente extraídas do meio natural, para a confecção de utensílios
variados e medicamentos.
1 Quartzo. O mineral das mil e uma utilidades e oportunidades. Ele está presente nos mais variados
objetos do dia a dia: do relógio ao computador. Versátil, é usado da indústria à ornamentação [...]. Em
Corinto, na região central de Minas Gerais, um dos maiores pólos produtores do mundo, a extração do
mineral é responsável por cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) da cidade. (E a atividade é uma
oportunidade de crescimento para 130 profissionais integrantes da Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto
(COOPERGAC). Revista Passo a Passo- Agosto/ Setembro- 2013 p.50
13
Em termos de objetividade e a praticidade, o artesanato corintiano se
apresenta como importante alternativa para a preservação de tradições culturais,
como forma de entretenimento e satisfação pessoal, e, paralelamente, como fonte
geradora de renda para a comunidade constituída de uma população que não tem
perspectivas de ingressar em um mercado formal de trabalho.
Vale ressaltar que a predominância de mão de obra envolvida com o
artesanato é do sexo feminino, mulheres que almejam de alguma forma
conquistarem a sua independência financeira; assumindo responsabilidades
orçamentárias que, não teriam como ser mantidas, se não houvesse o acréscimo de
rendimentos oriundo da venda dos objetos artesanais; e ainda como maneira de se
autoafirmar em exercício de uma profissão.
Um aspecto a ser destacado nessa realidade é a dificuldade em obtenção da
matéria-prima para a confecção do artesanato. A cidade possui um comércio
deficitário, ou seja, não oferece aos habitantes diversidade de mercadorias, e,
quando isto acontece, os preços são exorbitantes. Dessa maneira, muitos se vêem
obrigadas a adquirir produtos em cidades vizinhas, ou quando têm oportunidade,
fazem encomendas a conhecidos que acessam os grandes centros por algum
motivo.
Apesar de todas as dificuldades elencadas, os artesãos ainda confeccionam
os seus produtos, e, para consolidar um pouco mais a produção, organizaram uma
associação intitulada FEIRART, que, mesmo atuando aquém das perspectivas,
ainda é o único órgão que oferece algum suporte à clientela.
Evidenciou-se através do processo de investigação, que organizações
artesanais são uma alternativa para a geração de postos de ocupação e trabalho,
com a valorização do saber local e dos bens materiais e imateriais que formam a
cultura e a identidade territorial, uma vez que o produto confeccionado atenda à
procura, observando a origem e a necessidade populacional, fatores inerentes às
especificidades de cada território.
14
2- JUSTIFICATIVA
Eu escolhi este tema “artesanato” por ser uma atividade que sempre me
atraiu e praticava desde minha infância, adolescência com pequenos trabalhos em
crochê, bordados, pintura às vezes deixava um pouco de lado, mas sempre voltava
a fazer alguma peça, às vezes para uso próprio, para presentear e vendia algumas
peças e vi que cabia este assunto dentro da Geografia Cultural, Etnografia e sentia
necessidade de conhecer e mostrar o trabalho dos nossos artesãos e vi que este
seria o momento.
A produção artesanal já existe desde tempos remotos e se mantém até a
atualidade. Isso mostra a relevância que a sua prática exerce no meio social.
Por isso, faz-se necessário mostrar a realidade que permeia essa atividade e
dar apoio e valorizar do artesanato. Além disso, a prática artesanal pode ser
considerada como um processo de produção flexível. Isso significa que utilizar pode
assumir diferentes modos de organização, diferentes materiais, e, portanto, é capaz
de atender a demandas individuais dos clientes, o que seria impossível em produção
de larga escala.
Neste contexto, a proposta aqui colocada é a de estimular a atividade
artesanal como oportunidade de inclusão produtiva, favorecendo a ocupação do
mercado por um artesanato temático e que represente, através de objetos
”refletores” de criatividade, a identidade, a etnia e o contexto cultural em que o
artesão trabalha, mostrando sua inspiração.
Com o apoio efetivo à atividade que representa também uma fonte de renda,
os artesãos poderiam aprimorar a produção dinamizando-a, obter lucro, o que
incidiria também na estrutura econômica da cidade.
E, sendo Corinto uma cidade interiorana, limitada no que diz respeito à oferta
de empregos, essa seria uma iniciativa que certamente iria minimizar alguns
problemas sociais decorrentes da situação de carência da população em dimensões.
15
3. OBJETIVOS
3.1 - Objetivo Geral
Analisar o papel econômico, social e cultural exercido pelo artesanato no
desenvolvimento local do município mineiro de Corinto, utilizando categorias
conceituais de análise e paradigmas de interpretação da Geografia Humana.
3.2 - Objetivos Específicos
a) descrever e analisar como se desenvolve o artesanato in loco;
b) identificar os fatores que impulsionam ou limitam a atividade artesanal;
c) verificar o nível de organização, articulação e cooperação entre os atores
envolvidos com a atividade artesanal no município na ótica da Geografia Cultural.
d) apontar alternativas através do trabalho artesanal, a fim de promover o
desenvolvimento local, na perspectiva da sustentabilidade social e cultural regional.
16
4 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa é caracterizada como investigativa quantitativa, pois a intenção
do trabalho foi de fazer um levantamento sobre o artesanato do município e detectar
fatores que podem ser determinantes para o desenvolvimento local da região,
procurando perceber de que maneira instituições públicas e privadas estão inseridas
no processo. O trabalho teve início com uma pesquisa exploratória, objetivando
conhecer a diversidade do artesanato da cidade de Corinto e seus respectivos
artesãos. A partir dos resultados e de acordo com a realidade observada,
demarcando-se a relevância dos trabalhos artesanais desenvolvidos, foram
elaborados questionários condizentes com o perfil do profissional destas atividades
manuais. Foi efetivada posteriormente, a coleta de dados contemplando
especificidades, e aplicada através de um questionário. Procedeu-se, então a uma
análise e interpretação críticas da situação concernente a cada artesão, no que diz
respeito ao “motivo” que determina o exercício da atividade, e o que a prática do
artesanato significa para o município em termos financeiros e socioculturais.
Autores como Flick (2004) e Godoy (1995) observam, a propósito, que a
pesquisa qualitativa parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se
definindo a medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção dos dados
descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do
pesquisador com a situação estudada, procurando-se compreender os fenômenos
de acordo com a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em
estudo.
4.1- COLETAS DE DADOS
Como instrumentos de coleta de dados, inicialmente, foram realizadas
entrevistas, conversas informais, com os trabalhadores do artesanato, a fim de obter
informações e esclarecimentos sobre a realidade que envolve a produção artesanal
no município. Essas entrevistas aconteceram de maneira semi-estruturada, ou seja,
o aluno pesquisador seguiu um roteiro previamente estabelecido e as perguntas
foram predeterminadas, mas com flexibilidade de alterações no transcorrer da
17
aplicação. Os artesãos entrevistados foram indicados pela própria comunidade em
conversas informais.
Pesquisas foram executadas através de leituras, bem como de conversas
informais com artesãos a fim de que pudessem ser organizados os métodos e
melhores estratégias para concretização dos trabalhos.
Fatos curiosos aconteceram no ato da realização das entrevistas. Alguns
artesãos se mostraram intimidados para responder aos questionamentos. Foi
necessário um esclarecimento minucioso sobre o objetivo do trabalho, que tem teor
acadêmico, fazendo-os perceber que a entrevista e a pesquisa funcionam como
instrumentos de obtenção de dados para a efetivação dos registros documentados.
Em uma situação peculiar, uma artesã se absteve de mostrar o seu trabalho.
Isso comprova que a essência do artesanato, às vezes, não é percebida nem
mesmo pelos profissionais, pois o trabalho artesanal se diferencia do industrial,
justamente, pelas especificidades que atendem à preferência individual da sua
clientela.
4.2- ANÁLISES DE DADOS
Foi adotada a técnica de análise de conteúdo no tratamento dos dados
das entrevistas. Tal técnica consiste em:
[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, obterem indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2004, p. 37).
A análise do conteúdo foi conduzida seguindo etapas determinadas. A
primeira etapa correspondeu à elaboração da síntese das entrevistas gravadas,
priorizando-se aí especificação do tipo de artesanato realizado, a maneira como é
comercializado, a existência ou não de assistência pública à atividade, ou privada; a
motivação que os levou a se tornarem artesãos, sendo tudo condensado conforme
registro seguinte.
Existe uma diversidade considerável de trabalhos artesanais realizados em
Corinto como bonecas de pano, arcos, jogos de cozinha, utensílios de tricô e crochê;
18
caixas em madeira, pinturas em tela, costura, artefatos produzidos com material
reciclado, entre muitos outros. O artesanato também é utilizado na cidade como
atividade lúdica com alunos da APAE, portadores de deficiência intelectual,
comprovando a teoria das inteligências múltiplas e mostrando a importância do
artesanato como instrumento de procedimento terapêutico.
De maneira geral, todos os artesãos externaram imensa satisfação em
produzir. Percebe-se essa satisfação nitidamente quando descrevem a sensação
prazerosa de ver um trabalho pronto, e saber que um material sem forma
aparentemente definida como uma placa de madeira, um corte de tecido, um novelo
de linha, tintas e pincéis, ou, qualquer outro, venha a se transformar em cultura, em
arte, através de suas próprias mãos. O SEBRAE apresenta, em dois momentos,
definições que apontam a importância da produção artesanal relacionada à
individualidade:
“Atualmente, o fazer manual‟ está valorizado. O artesanato é a contrapartida à massificação e uniformização de produtos globalizados [...] Os consumidores têm buscado peças diferenciadas e originais em todos os segmentos” (2004) e “A relevância do artesanato também se dá na medida em que se apresenta como contrapartida à massificação e uniformização de produtos globalizados, promovendo o resgate cultural e o fortalecimento da identidade regional” (2010).
Todavia, em detrimento ao bem-estar provocado pelo talento para produzir,
surgem às dificuldades. Alguns artesãos entrevistados mostraram claramente que
exercem artesanato de subsistência. Gostam do que fazem, mas associam o prazer
à necessidade. Além disso, esbarram na falta de incentivo por parte do setor
administrativo e da própria comunidade, que não valorizam de forma efetiva ou
adequada as atividades manuais.
São vinculados a uma instituição denominada FEIRART, que deveria oferecer
total apoio aos artesãos, mas não o faz de maneira eficaz e satisfatória. Alguns
associados é que tentam se organizar de alguma forma, participando de feiras,
solicitando um espaço para a exposição do artesanato. O reconhecimento acontece
embora não existe uma efetiva união nesse processo de interlocução com os
trabalhadores artesanais.
E, finalmente sugestões e estratégias foram sendo apontadas como a
iniciativa de oportunizar cursos de aperfeiçoamento de reservar um dia específico da
19
semana para se fazer exposições, evitando que sejam restritas somente a ocasiões
de festejos.
4.3- FONTES e CONSISTENCIA DO REGISTRO DE INFORMAÇÕES
Para concluir a etapa investigativa, os artesãos receberam um questionário
impresso, para que pudessem registrar as respostas. As entrevistas, aos moldes de
uma boa “conversa informal”, foram apresentadas através da transcrição dos
depoimentos.
20
5. REFERENCIAL TEÓRICO
O QUE É O ARTESANATO?
Pode-se conceituar o Artesanato como a habilidade de transformar a matéria-
prima de maneira sensível e singular, mais relevante e original. De acordo com
Digby (2007), a principal e mais importante característica do trabalho artesanal é o
fato dele ser resultante de um trabalho executado pelas mãos, com sensibilidade,
perícia e cuidado. Sendo assim, caracterizado, sobretudo por constituir uma
atividade que depende da destreza manual de quem a executa.
Segundo Canclini (1983, p. 79), “[...] os produtos considerados artesanais
modificam-se ao se relacionarem com o mercado capitalista, o turismo, „a indústria
cultural‟ e com as „formas modernas‟ de arte, comunicação e lazer". E dessa forma,
o artesanato é uma atividade que pode ser analisada em suas dimensões histórica,
social, cultural. Em termos históricos, o artesão é responsável pela transformação da
matéria prima em produto acabado, usando as suas próprias mãos. Em termos
sociais, a partir do século XI, uma organização da atividade se formou, existindo aí o
mestre-artesão, dono de todo o conhecimento da técnica de um lado, e do outro,
seus aprendizes.
Ainda socialmente falando, é importante ressaltar que o artesanato é uma
forma de promover interações socioculturais, pois, os artesãos procuram aprimorar a
prática participando de associações e expondo publicamente o trabalho, além de
manter em contato direto com o consumidor. Já o resgate cultural, a preservação de
saberes, tradições, tecnologias, histórias e da arte de cada povo podem ser
visualizados como pontos de partida na busca da cidadania e na conquista dos
direitos humanos.
Nesse contexto, o artesanato, além de ser uma expressão da cultura de um
povo, tem considerável participação na economia de comunidades do país, quer
sejam elas litorâneas, ou interioranas, o que possibilita a geração de trabalho e de
renda para milhões de brasileiros (SEBRAE).
http://sersustentavelcomestilo.com.br/2011/03/19/a-origem-do-artesanato/
21
Comprova-se claramente esta afirmativa quando se observa as tradições
mantidas pelas famílias que vão repassando as “prendas domésticas” por
sucessivas gerações. As tradições de origem indígenas também ainda se fazem
presentes como, por exemplo, no ato de fazer um chazinho de ervas para aliviar
alguma enfermidade. Pesquisas vêm sendo realizadas no sentido de conceber o
artesanato quase que exclusivamente como estratégia de reprodução
socioeconômica. Contudo, poucos pesquisadores o percebem no sentido de seu
significado enquanto representação da arte, problematizando as semelhanças e
diferenças entre o trabalho do artesão e do artista.
Outra questão ainda em aberto relacionada ao artesanato é saber como
diferenciá-lo da arte. Para Gullar (1994), embora o trabalho artesanal seja concebido
como uma atividade de baixa importância desde a Antiguidade, a concreta distinção
entre arte e artesanato pode ser considerada um fenômeno atual, iniciado no
Renascimento. Período histórico na qual a divisão de tarefas feita entre artistas e
artesãos, que ocorria nas equipes de construção de igrejas medievais,
proporcionava condições ao surgimento do artista individual. O autor sintetiza suas
idéias explicitando que “uma das características do artesanato, em contraposição à
arte então nascente, é que esta se caracteriza pela busca de novas formas e estilos,
enquanto o artesanato é conservador e repetitivo” (GULLAR, 1994, p.8)
A palavra artesanato possui uma acepção original que:
Significa um fazer ou objeto que tem por origem o fazer ser, eminentemente manual. Isto é, são as mãos que executam o trabalho. São elas o principal, senão o único instrumento que o homem usa na confecção do objeto.O uso de ferramentas, inclusive máquinas,quando e se ocorre, se dá de forma apenas auxiliar,como um apêndice ou extensão das mãos,sem ameaça sua predominância. (LIMA, 2003:1)
Assim, o que caracteriza essencialmente a atividade artesanal é a habilidade
de trabalhar com as mãos, sendo em muitos casos, os únicos instrumentos de
trabalho utilizados. O uso de instrumentos técnicos no fazer artesanal, aliás, só é
admissível de maneira complementar. Isso significa que o uso das ferramentas não
pode superar o uso das mãos. E o tempo do artesanato não é o mesmo determinado
pelo mundo capitalista globalizado. No mundo da circulação e do consumo, a
produção é feita em grandes proporções e em tempo cada vez mais reduzido, para
que possa atender à demanda satisfatoriamente.
22
Mas o artesanato não está submetido a esse procedimento e nem sempre
estará disponível no tempo e na quantidade que o mercado exige, pois o produto
artesanal pode estar vinculado às leis da natureza e do bem-estar e aptidão dos
seres humanos que o produzem.
Outra característica que diferencia um produto industrial de um artesanal é o
fato de não existir artesanato perfeito e padronizado, uma vez que os utensílios são
moldados com as mãos, existem pessoas que utilizam pés, boca por serem em
alguns casos portadores de deficiência, ou por se tratar de trabalhos mediúnicos. A
propósito, Lima (2003:4) afirma que, contraditoriamente o produto artesanal é “um
objeto perfeitamente irregular”. Os moldes industriais impõem padrões perfeitos, o
que não é possível dentro do universo da criação artesanal.
Outros elos frágeis na cadeia de habilidades de produção artesanal estão
relacionados aos problemas de comercialização e mercado (PERALTA 2005). O
autor atribui os gargalos ao baixo controle do processo comercial, ao escasso
conhecimento do mercado e das tendências de consumo, e à falta de inovação dos
produtos. Certamente estes aspectos são impactados pelas dificuldades na
formação de preços, design inadequado, baixo volume de produção, resistência às
mudanças para ajustes nos processos de trabalho e falta de visão sistêmica de todo
o processo produtivo. Para atenuar estes entraves, é importante abandonar as duas
abordagens que mais têm caracterizado as instituições de fomento ao artesanato:
(1) investir em capacitações para tornar o artesão um empresário de si mesmo,
dominando todas as funções de produção e gestão do negócio; (2) considerar todas
as pessoas empreendedoras, logo, descartar que grande parte do contingente de
mão-de-obra fora do mercado de trabalho pode ter um pequeno negócio ou virar
artesão.
Lima (2003) já centraliza suas idéias acerca de cinco aspectos essenciais
relacionados à atividade artesanal. O primeiro aspecto apontado pelo autor é que o
artesanato traz intrínseco em se mesmo significados, uma essência que remete a,
valores, crenças e cultura. Como se trata de um produto, o artesanato deve ser
analisado dentro da realidade do mercado, mas é relevante assinalar que o seu
valor não está associado unicamente a padrões materiais ou estéticos, mas sim, e
principalmente, a valores culturais aí embutidos, revelando características,
singularidades, crenças tradições do lugar. E não é irrelevante que registre aqui
necessariamente corresponde em abordar uma categoria conceitual de análise
23
geográfica, aliás, bastante investigada hoje em dia tanto pela “Geografia Crítica”,
como pela Geografia da Percepção.
O segundo aspecto é relacionado ao caráter do produto, ou seja, em se
tratando de um trabalho manual, ele é sujeito à imperfeição, o que contraria a
sociedade moderno-industrial que valoriza a estética e a uniformidade. O terceiro
aspecto é a questão da mutação. O artesanato está sujeito a modificações nos
padrões de forma, de acordo com a intencionalidade do artesão em revelar marcas
do passado, recriando e/ou aprimorando repertórios para sua elaboração e
decoração.
O quarto aspecto envolve o ritmo, o tempo dedicado à produção do
artesanato. Muitas vezes, não é possível atender a continuidade da produção. Isso
significa que, em se tratando de um trabalho de caráter informal, outras atividades
do sujeito que produz o artesanato podem ser priorizadas, comprometendo a
produtividade no que diz respeito às peças artesanais. Até porque o profissional
envolvido com a atividade artesanal, em diversos casos se vê obrigados a se
dedicar a resolver situações de outra natureza, que ele considere prioritárias ou mais
urgentes. E, finalmente, o quinto aspecto pressupõe que o artesanato possui autoria
e agrega questões associadas com o direito do autor.
24
6- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O processo de análise dos questionários permitiu a caracterização dos
artesãos, viabilizando a inferência do conhecimento da realidade que envolve o
desenvolvimento econômico e cultural da cidade, associados ao artesanato.
Os entrevistados se caracterizam pela vida simples e pela satisfação que
demonstram ao apresentar os produtos artesanais, como resultado de um trabalho
criativo e habilidoso. O fato de transformar em matéria prima utensílios que traduzem
uma arte sensível e cuidadosa, que valorizam a cultura local, é sua justificativa para
a permanência no ramo, mesmo diante dos percalços que enfrentam. A exposição
dos motivos que os levaram à pratica dessa atividade revela experiências diversas.
Alguns exercem pelo prazer de fazer artigos artesanais, outros para melhorarem
seus rendimentos, mas existem aqueles que sobrevivem exclusivamente do trabalho
artesanal. A comercialização dos produtos é realizada em feiras locais e regionais,
com a venda direta em estabelecimentos comerciais e, logicamente, em casa.
Alguns são filiados a uma associação FEIRART (Feira de Artesanato), outros
desconhecem a associação e existem aqueles que se afastaram da entidade
alegando falta de tempo ou mesmo de compromisso dela em assumir as
responsabilidades perante aos integrantes. Vale ressaltar, a propósito, que
Para D‟ Ávila (1983), o artesanato está diretamente ligado à questão do
emprego, como solução de curto prazo para os países em desenvolvimento. O
estímulo à produção artesanal requer baixos investimentos, dando chances a uma
imensa parcela da população a participação econômica é efetiva. Para o autor a
importância do processo de produção artesanal reside ainda no resgate de valores
humanos habilidades pessoais, subjetividade, criatividade, liberdade de produção,
autonomia, beleza envolvida no desenvolvimento da atividade – em contraposição
aos processos industriais de mecanização e automação. O autor ressalta o alto valor
agregado do produto artesanal e sua capacidade de penetrar em países onde os
produtos manufaturados têm o melhor mercado (D ÁVILA, 1983).
25
6.1 - RESPOSTAS QUESTIONÁRIO MONOGRAFIA
Gráfico 1
Sexo
Feminino 14 (78%)
Masculino 4 (22%)
Faixa de Idade
35 41 87 85 67 76 58 57 56 55 61 48 45 47 53 54
Artesanato que pratica
Bambu, Bonecas em pano, pintura em tela, arranjos florais e reciclagem tapetes de
retalho, Cerâmica, salgados e crochê tapetes de retalho, azeite de mamona cestos e
balaios taquara bordado, pintura, almofadas coche e bordado requeijão e geléia de
mocotó, caixas em madeiras, painéis e murais pintura em tecido e crochê doce
redes e tarrafas bonecas em EVA, pinturas MDF bonecas de pano, pintura, bordado
painéis, trabalhos em EVA, pintura, pintura, tricô, bordado, crochê
26
É a única renda
Gráfico 2
Sim 3 (17%)
Não 15 (83%)
Com quem aprendeu
Gráfico 3
Com a família 1 (7%)
Com outro artesão 2 (13%)
Cursos 3 (20%)
Sozinho 8 (53%)
Outros 1 (7%)
27
Qual renda aproximada
Gráfico 4
Menos de 1 salário mínimo 7 (44%)
Aproximadamente 1 salário 6 (38%)
Entre 1 e 2 salários 2 (13%)
Mais de 2 salários 1 (6%)
Há quanto tempo você trabalha com o artesanato
Gráfico 5
Menos de 05 anos 2 (11%)
5 a 10 anos 2 (11%)
10 a 15 anos 3 (17%)
Mais de 15 anos 11 (61%)
28
Nível de escolaridade
Gráfico 6
Ensino básico 4 (22%)
Ensino básico incompleto 9 (50%)
Técnico 2 (11%)
Superior 3 (17%)
Qual a motivação para a pratica do artesanato
Gráfico 7
Satisfação pessoal 14 (78%)
Complementação de renda 4 (22%)
inalidade terapêutica 0 (0%)
29
Formas de comercialização
Gráfico 8
Casa 7 (39%)
Feira local 2 (11%)
Encomendas 2 (11%)
Distribuição no comercio 1 (6%)
Outros 6 (33%)
Pertence a alguma Associação
Sim 6 (33%)
Não 12 (67%)
Número de respostas diárias
Gráfico 9
30
6.2 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
Analisando as informações fornecidas quanto ao perfil dos entrevistados da
pesquisa de campo sobre artesanato no município de Corinto Minas Gerais
,constata se que o numero de artesãos do sexo feminino (78% ) é superior ao do
sexo masculino(22%).E que a faixa etária deste tipo de atividade varia entre 35 e 87
anos.
A grande variedade da categoria além de possuir uma riqueza de qualidade e
detalhes possibilitar aos artesãos criar arte dos mais inusitados produtos. O estilo do
artesão empresta originalidade a seus objetos, como que a marca pessoal, enquanto
o padrão é a marca do grupo. Cada artesão escolhe um estilo, mas não deixa de ser
influenciado pelo ambiente em que vive e pelos modos de vida própria da área
cultural que pertence. No município de Corinto a arte está na culinária ( produção de
doces, geléias, queijo e requeijão); e também nas formas tradicionais de produção
(bordado,crochê,pinturas, bonecas).
A renda com a produção dos produtos consiste mais em uma
complementação como revela os 83% dos entrevistados; do que uma questão de
garantia de subsistência (17%). O lucro desta atividade é bem desigual, sendo que
do total dos entrevistados 82% recebem valor correspondente a menos de um
salário(44%) e um salário(38%); e somente 18% destes admitiram receber até dois
salários com o oficio. Apesar de tudo isso 78% revelam uma grande satisfação
pessoal com o oficio e uma pequena parcela de 22% admitem que o trabalho é
meramente uma complementação da renda.
A aprendizagem de trabalho artesanal é adquirida de maneira prática e
formal, ele se da nas oficinas ou na vivencia do indivíduo com o meio artesanal onde
o aprendiz maneja a matéria-prima e as ferramentas e imita os mais entendidos no
ofício de sua preferência. Nesta perspectiva 53% dos entrevistados revelam que
aprenderam o oficio sozinhos, 20% em oficinas e 27% restante com outros artesãos
(13%), com a família (7%), e de outras forma que não quiseram revelar (7%).
A maioria dos artesãos se dedicam ao oficio a mais de 15 anos (61%), os
outros 39% exercem a atividade entre 5 e 15 anos.O nível de escolaridade é
bastante contrastante 50% dos entrevistado não chegaram a concluir nem o ensino
básico os 50% restantes concluíram o ensino básico(22%), fizeram curso
técnico(11%) e até mesmo superior(17%).
31
O artesanato possui um caráter bastante diversificado o que proporciona aos
seus produtos uma flexibilidade de comercialização. Há aqueles que por tão
tradicionais na produção de seus produtos os clientes já os procuram em casa,
como é o caso de 39% dos entrevistados. Os que se encontram vinculados a
alguma associação corresponde a 33% e os 28% restante comercializam seus
produtos na feira local (11%),nos comércios da região(6%) e os que possuem uma
grande oferta de encomendas (11%).
Sendo assim conclui se que o artesanato é uma ótima oportunidade para as
pessoas se expressarem e descobrirem suas aptidões, além de desenvolverem
habilidades manuais e a criatividade. Por meio de diferentes técnicas, o artesão
pode aprimorar idéias e descobrir um novo mundo que lhe proporciona satisfação e
prazer no convívio interativo.
32
Tabela – 1 Categorias e Fragmentos Ilustrativos
Categorias Categorias Fragmentos Ilustrativos
Tempo de trabalho
como artesão
[...] Trabalho há mais ou menos 04 ou 05 anos com o
artesanato. Tenho 56 anos, aprendi fazer artesanato através de
cursos particulares.
[...] Aprendi fazer artesanato com uma senhora do Pará e, o
azeite, aprendi fazer com uma vizinha.
[...] Aprendi por inspiração própria e fiz alguns cursos. Há mais
de 20 anos faço trabalhos artesanais.
Representação da
atividade artesanal
na renda
Fonte única de renda com um lucro aproximado de 02 salários
mínimos mensais. Única fonte de renda, com um lucro
aproximado de 01 salário mínimo.
Definição de
artesanato
Auxílio lucrativo e distração.
A maior expressão de cultura de um país, de um estado, de
uma região, que nasce no seio de uma nação e se faz gravar no
mural de nossa existência para todo sempre. Porque o grande
artista do Universo é Deus, e Ele nos empresta a sua a arte...
É a minha vida...
Artesanato é o prazer de transformar a matéria prima em algo
novo.
E uma maneira de inter-relacionar com outras pessoas,é
satisfação pessoal.
Associação de
Artesãos e
Dificuldades Aí
envolvidas
Gostaria de promover cursos através da associação e que
voltasse a Feira Livre na Praça.
Com a associação, melhoraram as vendas... [...] Falta união dos
associados, falta também a população valorizar as coisas do
lugar, que estamos esforçando bastante.
Local de
comercialização do
artesanato
Eventos, feiras, em casa.
Trabalho mais sob encomenda.
Comercializo para várias cidades e pessoas já levaram para fora
do Brasil.
33
Tabela 2 - Respectivos trabalhos manuais dos Artesãos Associados e
Autônomos
Salgados e crochê
Geléia de mocotó e requeijão
Objetos de bambu
Utensílios em cerâmica
Lapidação de cristais
Doce de leite e geléia de mocotó
Bonecas de pano, trabalhos com cabaças, pintura em tecido
Pinturas e bordados
Tapetes de fitas e retalhos e azeite de mamona
Caixas em madeira, painéis e murais
Pintura em tecido
Fuxico, trabalho com palitos, caixas de leite, papel reciclado e garrafas pet
Pintura, crochê e bordado
Arranjos florais, pintura em telha, bijuteria, pintura em tecidos e outros
34
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode se observar que, em muitas situações, o artesanato e os efeitos por ele
desencadeados em outros setores, proporcionou à comunidade e região, uma
alternativa no sentido de contribuir na resolução de dificuldades de geração de renda
e bem estar da comunidade. Em sintonia com o atual processo de
revitalização/revalorização da dimensão cultural nas investigações e práticas
geográficas (RODRIGUES et. al, 2012). A produção artesanal no município de
Corinto pode ser analisada como uma expressão cultural uma vez que a raiz dessa
produção está fincada na cultura local. Ressalta-se o fato da relação do artesanato
como instrumento de inserção social e inclusão produtiva. Isso significa que os
artesãos têm a oportunidade de trocar experiências cujo resultado é a produtividade.
Esta pesquisa teve como objeto de estudo o artesanato de retalhos de
tecidos, bambus, fitas, matéria prima industrializada, madeira, entre outros,
atividades que, embora apresentem poucas pessoas envolvidas, mostram
elementos representativos da cultura de Corinto. As características encontradas
neste artesanato demonstram que, além deste ser uma atividade de importância
econômica para a comunidade, reúne componentes culturais que lhe são próprios: o
aproveitamento de recursos disponíveis, tais como os retalhos de tecidos adquiridos
a baixo custo; a manifestação positiva sobre a beleza dos produtos que passa pela
visão criativa do artesão, etc.
Enfim, mostra o estudo e apresenta informações que podem levar a uma
reflexão sobre o papel relevante que o artesanato pode assumir no que diz respeito
ao auxílio orçamentário para muitas famílias e de satisfação pessoal que favorece a
convivência entre pessoas e grupos. Vale ressaltar a experiência de vida dos
artesãos mais velhos, que torna ainda mais belo o trabalho artesanal, atribuindo-lhe
estes atores, um valor ainda mais significativo, por encararem o seu artesanato
como uma maneira de fazer com que os dias vividos nunca deixem de ser
produtivos e gratificantes.
“ Eu faço rede todos os dias; assim não sobra tempo de “pensar besteira”.
35
8. ANEXOS
8.1 - Questionário monografia
Sexo
Feminino
Masculino Idade
Artesanato que pratica
É a única renda
Sim
Não
Com quem aprendeu
Com a família
Com outro artesão
Cursos
Sozinho
Outro:
Qual renda aproximada
Menos de 1 salário mínimo
Aproximadamente 1 salário
Entre 1 e 2 salários
Mais de 2 salários
36
Há quanto tempo você trabalha com o artesanato
Menos de 05 anos
5 a 10 anos
10 a 15 anos
Mais de 15 anos
Nível de escolaridade
Ensino básico
Ensino básico incompleto
Técnico
Superior
Qual a motivação para a prática do artesanato
Satisfação pessoal
Complementação de renda
Finalidade terapêutica
Formas de comercialização
Casa
Feira local
Encomendas
Distribuição no comercio
Outro:
Pertence a alguma Associação
Sim
Não
37
8.2 - FOTOS DOS TRABALHOS DOS ARTESÃOS ENTREVISTADOS
Figura 01: Trabalhos em MDF e EVA
Fonte: Albernaz, A.
Figura 02: Processo de produção da Geléia de Mocotó
Fonte: Saraiva N. M. O.
38
Figura 03: Requeijão e geléia de mocotó
Fonte: Saraiva N. M. O.
Figura 04: Artesanato em bambu
Fonte: Saraiva, N. M. O.
39
Figura 05 - Peças em Cerâmica –
Fonte: Saraiva, N M O
Figuras 06: Cristais lapidados associados COOPERGAC
Fonte: Saraiva, N. M. O.
40
Figura 07: Produção de doce de leite
Fonte: Saraiva, N. M. O.
Figura 08: Bonecas de pano produzidas pela artesã associada FEIRART
Fonte: Saraiva, N. M. O.
41
Figura 9: Pintura em fraldas
Fonte: Saraiva N.M.O.
Figura 10: Tapetes de retalhos e fitas
Fonte: Saraiva N. M. O.
Figura 11: Cenário para formatura da Educação Infantil
Foto: Saraiva N. M. O.
42
Figura 12: Peças em MDF
Foto: Saraiva, N.M.O.
Figura 13- Artesanatos Diversos- Associação FEIRART
Fonte: Saraiva N. M. O.
43
Figura 14: Bainhas, cabides e panos de prato feitos por Artesãs FEIRART
Fonte: Saraiva, N. M. O.
Figura 15: Telhas e pedras pintada Flores em tecido e tela
Fonte: Saraiva, N. M. O.
44
A seguir são apresentados a seguir alguns fragmentos da fala desses sujeitos
(depoimentos), divididos em diferentes categorias de análise.
Depoimentos registrados ao longo da Pesquisa com os artesãos e respectivas
fotos.
Sr. L, 87 anos de idade, serviu ao Exército, logo depois saiu e entrou para a Central
do Brasil. onde se aposentou aos 56 anos. “Tece redes e tarrafas e outros, sentado
à porta de sua residência, onde recebe os conhecidos para uma boa conversa e
relembrar dos bons tempos.” “Faço para ocupar o tempo manter a mente sã...” Não
comercializa seus trabalhos, presenteia os conhecidos.
.
Figura 16: Produção artesanal de redes e tarrafas,
Fonte: Saraiva, N. M. O.
45
Sr. A, 67 anos aposentado, residente em Corinto faz cestos e balaios em taquara,
matéria- prima da própria região. Faz por prazer e para aumentar a renda. Já
vendou em outras cidades, mas hoje em dia só comercializa em casa e na Praça da
Igreja Matriz, onde costuma aparecer outros vendedores ambulantes.
*******************************************************************************************
Senhora T, 85 anos de idade, aposentada, se dedica aos afazeres na igreja e faz
tapetes de fitas para preencher o tempo e ainda ganhar uns trocados, fica muito feliz
em vender seus tapetes.
Figura 17: Produção Artesanal de balaios –
Tapetes de fitas no bastidor.
Fonte: Saraiva, N. M. O.
46
N.M.S.O. Cursando Bacharelado em Geografia UFMG/ UAB, faço trabalhos
manuais porque aprendi a tecer com minha mãe, que nos incentivava a fazer
alguma atividade que preenchesse o tempo ocioso e ganhasse alguns trocados.
Assim, com os meus filhos ainda pequenos fazia bordados e crochê, tricô aprendi
pintura e sempre que tenho oportunidade de aprender algo novo aproveito, mas faço
principalmente por que gosto muito.
Figura 18- Pinturas em tecido, bordado, tricô. Fonte: Saraiva, N. M. O.
O artesanato para mim é amor, carinho, porque lucro é pouco (Depoimento. Artesã
76 anos ; FEIRART
T, Professora, painéis decorados, lembrancinhas para recém-nascidos em EVA,
pintura, adesivos de unha, ”Faço artesanato porque acho interessante a capacidade
criativa que o ser humano tem em transformar uma matéria–prima sem forma em
algo novo e agradável aos olhos”.
47
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004. 98 p.
CANCLINI, N. G. As culturas populares no capitalismo. São Paulo: Brasiliense,
1982. 171 p.
CHITI, Jorge Fernández. Artesania, Folklore y Arte Popular. Buenos Aires:
Ediciones Condorhuasi, 2003. 312 p.
COOPERGAC: Cooperativa Regional Garimpeira de Corinto Ltda. Uniquartz
WWW.uniquartz.coop.br
CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Trad. Viviane Ribeiro.
EDUSC, Bauru, 1999.
D‟AVILA, J. S.O artesão tradicional e seu papel na sociedade contemporânea. In
RIBEIRO, B. (Org.). O artesão tradicional e seu papel na sociedade
contemporânea. FUNART, Rio de Janeiro, 1984.
DIGBY,S. Export industries and handicraft production under the Sultans of
Kashmir. Indian Economic and Social History Review [S.I.], v. 44, n. 4, p. 407-
423, out. /dez. 2007
DINIZ, M. B.; DINIZ, M. J. T. Arranjo produtivo do artesanato na Região
Metropolitana de Belém: uma caracterização empírica. Novos Cadernos NAEA,
v.10, n. 2, 2007.
FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2004.
550 p.
48
FUNARTE. Rio de Janeiro, 1984. DIAS, M. E. B. Maria Esther Barbosa Dias. As
Areias Coloridas do Litoral Cearense Modeladas por Sábias Mãos. O público e o
privado, n. 2, 2003.
GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração
de Empresas, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 20-29, mai./jun. 1995.
GULLAR, F. O artesanato e a crise da arte. Revista de Cultura e Vozes, s. n., v. 88,
n. 4, p. 7-12, Petrópolis,1994.
http://sersustentavelcomestilo.com.br/2011/03/19/a-origem-do-artesanato/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Artesanato
KASHIMOTO, E.; MARINHO, M.; RUSSEF, I. Cultura, identidade e desenvolvimento
local: conceitos e perspectivas para regiões em desenvolvimento. Interações -
Revista Internacional de Desenvolvimento Local, Campo Grande, v. 4, n. 4, p. 35-42,
mar. 2002
PEREIRA, C. J. C. Artesanato: definições, evolução e ação do Ministério do
Trabalho; o programa nacional de desenvolvimento do artesanato. MTB, 153 p.
Brasília, 1979.
RODRIGUES et al. Abordagem Etnográfica do Uso de Saberes na Produção do
Artesanato em Comunidades Quilombola de Minas Novas e Chapada do Norte. In:
TUBALDINI, Maria Aparecida dos Santos. GIANASI, Lussandra Martins. Agricultura
Familiar, Cultura Camponesa e Novas Territorialidades no Vale do
Jequitinhonha: Gênero, Biodiversidade, Patrimônio Rural, Artesanato e
Agroecologia. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012, p.175- 193.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Termo de
Referência Comércio Justo. Brasília: SEBRAE, 2005, 64p.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Programa
SEBRAE de Artesanato: Termo de Referência. Brasília: SEBRAE, 2004, 77 p.
49
10. APÊNDICE
Aulas planejadas por professores e especialistas da APAE, mostrando o artesanato
como prático metodológico, que viabiliza o desenvolvimento cognitivo e motor.
50
ALTERNATIVAS DE TRABALHO E CIDADANIA PARA A COMUNIDADE DE
CORINTO
COORDENADORAS: ADRIANA NUNES DE LIMA & LUCIENE LEITE
Duração do projeto: A execução do projeto dar-se-á de forma contínua,
acompanhando o calendário escolar.
PÚBLICO ALVO: Alunos com deficiência intelectual e múltipla, matriculados e
freqüentes na Escola Especial de Corinto (APAE); familiares que convivem com os
alunos, e Corpo de Voluntários.
Apoio: Presidente, Diretora, Equipe Pedagógica, Assistente Social, e Profissionais
Clínicos
Ano: 2012
Justificativas
O exercício do artesanato oferece um vasto campo de atividades para todas as
pessoas, o que pode possibilitar a superação de dificuldades e limitações que, a
princípio, se mostrem desafiadores.
Baseado nessa importância é que justificamos a realização deste projeto para que,
dessa forma se possa observar o desenvolvimento das potencialidades dos alunos
participantes do mesmo, estimulando a criação e mostrando a capacidade de cada
um, visando assim a reflexão da importância do trabalho artesanal como alternativa
de crescimento e melhoria na qualidade de vida desses alunos.
Em conjunto, vemos a importância de estender este Projeto para as mães ou
responsáveis pelo aluno, já que sabemos o quanto é fundamental a participação da
família na vida do educando. Dessa forma também estamos paralelamente
oferecendo a profissionalização dos mesmos.
Buscando a Inclusão estaremos envolvendo voluntários da comunidade, que
participarão do Projeto, confeccionando tapeçarias, cartonagens, artes visuais,
51
decupagem, fuxico, e muitos outros durante o ano. Em distinta parceria com as
oficineiras da instituição como: Culinária, Terapêutica, e Papel Reciclado.
Todo o produto confeccionado será comercializado através de encomendas e
divulgação através da comunicação local, visitas em setores públicos oferecendo os
produtos e panfletos. Toda a renda obtida com a venda dos produtos será aplicada
na execução de novos Projetos. Hoje, já existem vários estudos que associam o
aumento da escolaridade a ganhos em produtividade e renda por parte dos
trabalhadores. Em razão disso, é crescente entre os empregadores o interesse em
aumentar os níveis educacionais de sua força de trabalho. Esse interesse, no
entanto, restringe-se ao ensino da linguagem da comunicação de forma prazerosa.
Objetivo geral
Possibilitar o aluno portador de deficiência intelectual e múltipla condições para o
trabalho e renda mostrando suas capacidades e potencialidades, já que a arte
significa a riqueza e inclusão da própria vida.
Objetivos específicos
Ativar um trabalho de excelência com a finalidade de promover melhor participação
da família na vida do aluno e buscar uma geração de renda para a oficina e os
alunos, além de profissionalizá-los;
Levar os alunos ao mundo das artes plásticas, desenvolvendo a sensibilidade,
percepção, criatividade, auto-estima, concentração e capacidade de transformação
(fazer e agir com autonomia na inteligência artística);
Envolver os alunos no processo de conhecimento dos produtos por eles
confeccionados, identificando-se a origem, a qualidade e a quantidade para
familiarizá-los com o mundo laboral real;
Estabelecer relação entre as artes e seu contexto histórico;
Contribuir no desenvolvimento sensório perceptivo visual quanto à forma de objetos.
Desenvolver autonomia, possibilitar independência e constituição da identidade do
educando.
Conscientizar sobre a importância do trabalho como grande fator da dignidade
humana;
Buscar integrar e envolver ainda mais a Escola e os alunos com a comunidade nos
trabalhos de artesanato;
52
Preparar os alunos para obter melhor qualidade de vida através das práticas diárias
durante a realização do projeto;
Levar os alunos a serem observantes das rotinas laborais;
Resgatar alguns valores que devem permear o trabalho dos profissionais na APAE;
Desenvolver e ampliar a criatividade e pensamento estético;
Desenvolver e ampliar habilidades motoras;
Conhecer e desenvolver técnicas de expressão dos sentimentos;
Obter conhecimentos relacionados a diferentes culturas e costumes;
Desenvolver habilidades que ampliem a satisfação e produtividade;
Preparar o educando para fazer a higienização do ambiente após o trabalho;
Conscientizar os alunos a preservação em acidentes e saúde;
Preparar o trabalho diário dos alunos respeitando a habilidade de cada;
Trabalhar diariamente c/ o educando:
Cuidados pessoais e com a saúde
Hábitos e atitudes
Habilidades para gerenciar tempo, quantidade e dinheiro
Habilidades para tomar decisões e fazer escolhas
Habilidades para resolver problemas
Planejamento pessoal
Comunicação
Linguagem
Meios de comunicação
Interação
Motricidade
Recreação/ Lazer
Estratégias
Naturalmente a escola deve tratar de assuntos acadêmicos.
Atividades acadêmicas é todo o conjunto de tipos de conhecimento tradicionalmente
ligados a escola (leitura, escrita, ciência, matemática etc.)
Enfatizar leitura e escrita sempre que possível (próprio nome, ônibus, rótulos e
signos. Relacionar o conteúdo acadêmico com a realidade vivida por cada aluno
para o desenvolvimento humano.
53
Na elaboração da oficina de artesanato ficou estabelecido como seus objetivos
norteadores a capacitação dos alunos para confecção de:
Cartonagem
Tapeçarias
Artes visuais
Decopagem
Fuxico
- METODOLOGIA UTILIZADA
O presente planejamento utilizará métodos e técnicas que possibilitem a
participação dos beneficiários do projeto, de forma que sejam valorizados as
experiências e conhecimentos dos mesmos, que somado às orientações técnicas,
construam um processo de mudança no que diz respeito à preservação do meio
ambiente e resulte em uma melhor qualidade de vida. Partiremos, de um conjunto de
princípios que permitirão o atendimento dos objetivos propostos, no sentido de:
Valorizar o potencial de cada indivíduo participante do projeto,
Definir e redefinir coletivamente os objetivos a alcançar,
Definir, avaliar e garantir um processo de cooperação mútua entre os participantes
do projeto;
Oportunizar um conhecimento profundo sobre a atividade principal (preservação do
meio ambiente);
Desenvolver habilidades de artesanato em cada indivíduo, respeitando suas
dificuldades.
Diante disso, definem-se como operações metodológicas: -
Encontros semanais com duração de uma hora, com os alunos;
Encontros bimestrais com duração de 1hs, com os familiares;
Reuniões bimestrais da equipe técnica para planejamento das atividades a serem
realizadas conforme o cronograma sugerido;
Atividades grupais objetivando definir regras de convivência coletiva. Essa
metodologia foi utilizada nas oficinas realizadas com os alunos e seus familiares no
ano de 2011 e demonstrou bons resultados;
54
Cronograma
ATIVIDADES A SEREM
DESENVOLVIDAS
PELA EQUIPE DO
PROJETO
FEV
2012
MAR
2012
ABR
2012
MAI
2012
JUN
2012
JUL
2012
AGO
2012
SET
2012
OUT
2012
NOV
2012
DEZ
2012
Elaboração o
planejamento
X
Organização da Oficina
Sócio educativa de
Artesanato na APAE de Corinto.
X
Apresentação e
explanação do projeto a
Equipe Técnica,
Pedagogos, diretoria da
Escola Especial, APAE e
alunos matriculados na
Escola.
X
Apresentação e
explanação do projeto aos
familiares dos alunos
matriculados na Escola
Especial
X
Realização de palestras
com os docentes, discentes do projeto
referente a
conscientização da
reutilização de materiais.
com os profissionais
especialistas.
X X X
Realização semanal de
atividades com os alunos
matriculados na Escola
Especial atividades de
artesanato na oficina sócio
educativa, utilizando materiais recicláveis
produzidas por empresas
situadas no município de
Corinto
X X X X X X X X
Realização mensal de
atividades com os
familiares dos alunos
matriculados na Escola
Especial atividades de
artesanato na oficina sócio
educativa, utilizando
materiais recicláveis produzidas por empresas
situadas no município de
Corinto
X X X X X X X X
Confecção de produtos
artesanais na oficina
sócio-educativa com
X X X X X X X X X X
55
papel reciclado, malharia,
garrafas pet, vasos de
barro usados para a preservação do meio
Elaboração e distribuição
do Informativo
X X X X
Avaliação do processo do
projeto através de
entrevistas e desenhos
com os participantes
X X X X X X X X
Avaliação escrita da
equipe técnica referente o
projeto
X
Relatório Final da Oficina
sócio educativa de
Artesanato na APAE de
Corinto
X
Orçamento da contrapartida da APAE em 2012
Quant. Descrição do produto Valor unit. Valor total
Doações em 2012
Quant. Data Descrição do Produto
Conclusões:
O trabalho de artesanato com alunos a partir dos 12 anos de idade, com dificuldade
de aprendizagem e de comportamento tem sido muito gratificante, pois eles ficam
ansiosos para participar da oficina. Através da Arte podemos observar os vários
tipos de potencialidades, as dificuldades de aprendizagem a expressão de seus
56
sentimentos. No início o comportamento inquieto de alguns, as atitudes impensadas
em palavra e atos de outros, a limitação, hoje tem se transformado em tranqüilidade,
docilidade, aceitam naturalmente os trabalhos proposto expressam suas opiniões.
Portanto a presença dos artesanatos é constante nos planejamentos sócio-
educativos, pois sinaliza a sua eficácia como meio capaz de possibilitar a
reconstrução pessoal e social, notou a carência nas discussões sobre os benefícios
da arte destinadas a contribuir no esclarecimento do assunto. Podemos afirmar do
seu modo de expressão através do universo lúdico e mágico que a arte pode
favorecer, os adolescentes e adultos a fim de projetar e redesenhar seu projeto
futuro como pessoa, com sonhos, confiança e com desejo de existir no mundo.
Recursos materiais
Papel reciclado, embalagens, retalhos, tesouras, agulhas, tinturas diversas,
material da escrita, cola (de acordo com o planejamento diário do professor)
Recursos humanos
Presidente, diretora, família, aluno, equipe pedagógica, secretário, coordenadora,
oficineiras, profissionais clínicos, merendeiras, higienistas e colaboradores
Avaliação multidimensional
Através da observação do (a) professor (a) em todas as atividades realizadas pelo
educando, não considerando apenas o produto final (pintura), mas todo o processo,
reconhecendo e valorizando o esforço de cada um em realizar as atividades e
superar suas dificuldades. Nas condições ambientais relacionadas ao bem estar, à
saúde, à segurança pessoal, ao conforto material, o estímulo ao desenvolvimento e
as condições de estabilidade no momento presente.
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Professora
Adriana Nunes Lima
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Professora
Luciene Leite
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Supervisora
Simone Aparecida Araújo
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Supervisora
Terezinha Cândida Pereira
"Todas as pessoas têm disposição para trabalhar criativamente, o que acontece é
que a maioria jamais se dá conta disso" (Truman Capote).
"Imaginar é mais importante do que saber, pois o conhecimento é limitado, enquanto
a imaginação abarca o universo" (Albert Einstein).
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PLANEJAMENTO
ARTE, CULTURA, EDUCAÇÃO E TRABALHO
Eu pedi Força...
e Deus me deu dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi Sabedoria...
e Deus me deu problemas para resolver.
Eu pedi Prosperidade...
e Deus me deu cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi Amor...
e Deus me deu pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi Favores...
e Deus me deu oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi...
Mas eu recebi tudo de que precisava.
Do texto: A Lição da Borboleta
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ESCOLA ESPECIAL OLGA ABREU NERY DE ALVARENGA
MANTENEDORA DA
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS EXCEPCIONAIS DE CORINTO
COORDENADORA DE ARTE: NEKA
COLABORADORES: GESTORES, EQUIPE PEDAGÓGICA,
PROFISSIONAIS CLÍNICOS, AMIGOS, FUNCIONÁRIOS E FAMÍLIA
TEMPO ESTIMADO: TODO O ANO DE 2012
PARCEIROS: PROFISSIONAIS DA DANÇA
PÚBLICO ALVO: ALUNOS DA APAE E FAMÍLIA
...o enchi com o meu Espírito. “Eu lhe dei inteligência, competência e habilidade
para fazer todo tipo de trabalho artístico; para fazer desenhos e trabalhar em ouro,
prata e bronze; lapidar e montar pedras preciosas; para entalhar madeira; e para
fazer todo tipo de artesanato.” Ex 31.3-5
I N T R O D U Ç Ã O
Quando pensamos em Arte pensamos em algo que, na verdade, não
conseguimos definir bem. Temos indicações imprecisas, exemplos duvidosos e um
gosto pessoal, uma espécie de identificação, que influencia nossos conceitos e os
juízos de valor que expressamos acerca das “coisas artísticas” e do repertório
cultural construído pelo homem desde os primórdios de sua existência. Imaginemos
um deficiente visual privado totalmente da capacidade de visão. Para suprir essa
deficiência ele desenvolve, além da média, outras capacidades. Dentre essas
habilidades encontra-se, por exemplo, o domínio da linguagem braile que permite ao
deficiente ter acesso ao repertório universal dos textos produzidos pela humanidade.
Essa habilidade lhe permitiu suprir parte das dificuldades provocadas pela falta
de visão, entretanto, não lhe permite desfrutar todas as possibilidades que uma
pessoa com a visão perfeita possui ao ler um texto. Neste caso falamos de uma
barreira física, uma impossibilidade genética ou provocada por algum fator externo.
Traçando um paralelo e saindo do campo físico em direção ao ato cognitivo
60
podemos falar em deficiências que impossibilitam/limitam, assim como a falta de
visão para o deficiente visual, a compreensão integral do fenômeno artístico por
parte dos professores de arte e artistas em geral. É mais ou menos assim que os
professores de arte se sentem quando são questionados sobre o que é arte. Alguns
possuem algumas habilidades adquiridas e aprimoradas com a experiência diária
que, por vezes, provoca a sensação de que conhecem o significado e o sentido do
que ensinam. Por outro lado, tudo o que está relacionado a arte parece por vezes
ser volátil, dissipar-se muito rápido, provocando muita incompreensão por parte de
que procura por respostas.
Um ato educativo que permita a participação do aluno de forma integral. Onde
possa pesquisar, analisar, experimentar, planejar, executar, refletir e apresentar
seus resultados. Mas, como conseguir essa educação em arte que envolva o aluno
a partir dos conceitos mais simples até a compreensão do fenômeno artístico como
um ato inerente a todos os seres humanos? Como fazê-lo compreender que o objeto
artístico não surge de iluminação divina ou é resultado de algum “dom” ou
capacidade especial que o artista possui, mais sim, fruto de longas horas de
trabalho, pesquisas, análises, experimentações, planejamento, execução, reflexão,
etc.
ARTES VISUAIS
O aluno trabalha com as mãos, aprendendo e apreendendo o mundo; vê
através delas, manipulando e modificando, destruindo e construindo, observando,
mas, sobretudo, criando. Através das atividades lúdicas os alunos conseguem se
exprimir; entretanto, também se torna necessário mostrar-lhe alternativas,
perspectivas e concepções: a Arte como co-autora da nossa sociedade - ampliando,
assim, sua visão de possibilidades, na experiência entre o real e o imaginário, do
comparativo e do demonstrativo da realidade humana.
Conteúdos O fazer artístico, Apreciação, Reflexão, Apreciação
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Procedimentos:
Criar vários mosaicos;
Confeccionar “Histórias em Quadrinhos” e Pinturas em Telas Implementar o
concurso de cartão e cartazes
- Observar e reproduzir fotos e paisagens;
- Criar desenhos, pinturas, colagens, modelagens a partir do seu repertório;
- Conhecer e utilizar vários materiais (pincéis, lápis, giz de cera, papéis, tintas,
álcool, etc.);
- Explorar espaços variados;
- Expressar-se livremente;
- Desenhar espontaneamente;
- Expressar vivências;
- Criar desenhos e expressões;
- Utilizar os elementos da linguagem das artes visuais ( ponto, linha, forma, cor,
volume, espaço, textura, etc.);
- Dominar técnicas, instrumentos e procedimentos expressivos nas artes;
- Reconhecer e expressar-se usando formas;
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ARTESANATO
Objetivos específicos
Propiciar momentos de descoberta;
Propiciar a descoberta de novas cores e tons;
Explorar a criatividade usando material reciclável ou reutilizável;
Apresentar o uso de figuras geométricas nas confecções das obras de arte;
Conhecer aspectos históricos e culturais do nosso povo;
Valorizar a arte como fator comercial;
Expressar vivências;
Explorar espaços variados;
Observar e reproduzir fotos e paisagens;
Criar desenhos e produtos artesanais;
Ampliar a sensibilidade a reflexão e a imaginação, apreciar e refletir sobre eles;
Atividades
Recortar tecidos para colar em objetos variados;
Pintar, colar, tecer, enrolar... na confecção de alguns produtos, dando-lhes vida;
Observar a natureza, imitá-la e conservá-la;
Usando a argila, sementes, folhas, farinhas, flores, cascas de madeira e outros. Para
confecção de sua imaginação;
Incentivar o diálogo para respeitar a diversidade do pensamento humano, mediando
conflitos e tomar decisões coletivas;
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Culminância
Ao longo dos trabalhos desenvolvidos, os produtos de grande valor estéticos, serão
apreciados nas escolas locais, festivais regionais, estaduais. Na própria instituição, e
na comunidade. As diversas linguagens artísticas são fontes de motivação para a
educação e cultura dos alunos em sua formação global.
Avaliação
Será feita através da observação sistemática e direta do aluno, agindo como
mediador de suas conquistas considerando a diversidade de interesses e
possibilidades de exploração do mundo por ele. Expressar sua criatividade e
sensibilidade. Se for capaz de improvisar e atuar nas situações e lugares diversos
explorando as capacidades do corpo e da voz.
“Reestruturar as aulas diante das necessidades dos alunos”
“Para educar não basta indicar um horizonte e um caminho para se chegar lá. É
preciso indicar como se chega e fazer o caminho JUNTO”
“SOMOS O QUE SOMOS, SOMOS O QUE SENTIMOS, SOMOS O QUE
DESEJAMOS, SOMOS O QUE FAZEMOS. MEDIADOS POR GESTOS E
MOVIMENTOS. SOMOS NOSSO CORPO.
CARREGAMOS EM NOSSO CORPO AS MARCAS DE NOSSOS SENTIMENTOS,
“CRISES, CONQUISTAS, IMPASSES, NOSSA HISTÓRIA” FREIRE