UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Avaliação da produtividade de mão de obra na execução de revestimento de argamassa.
Fernando César Costa Oliveira
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos como parte dos requisitos para a conclusão da Graduação em Engenharia Civil Orientador: Dr. José Carlos Paliari
São Carlos 2009
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Donizete e Cecília que foram os pilares de minha
formação pessoal e profissional, aos meus irmãos Felipe, Fábio e
Victor pela força durante toda trajetória acadêmica. Obrigado
família pelo apoio nos momentos difíceis.
A minha querida Ana Lúcia, obrigado pela felicidade que
proporcionou nesses anos, sem você, não conseguiria.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos ao querido Professor
Orientador Dr. José Carlos Paliari, pela paciência, suporte, compreensão neste último
semestre de minha formação. Sou muito grato pelo conhecimento que proporcionou não só
neste trabalho de conclusão de curso, mas também pelas aulas ministradas em toda minha
formação.
Aos Engenheiros da Construcap, Fernando e Kamila que ajudaram com projetos,
conhecimento e desenvolvimento profissional. Ao técnico Kleber pelo tempo e apoio no
trabalho.
A todos os amigos que ajudaram e fizeram possível a realização deste trabalho.
A Deus por proporcionar todas as oportunidades durante os cinco anos de minha
formação.
RESUMO
Este trabalho é dedicado a análise da produtividade da mão-de-obra na execução do
revestimento de argamassa em uma obra localizada na cidade de Osasco, Estado de São
Paulo, nos meses de julho e agosto de 2009. O levantamento se deu apenas para as
paredes internas da edificação e são apresentados indicadores de produtividade da mão-de-
obra (RUP Diária, RUP Cumulativa e RUP Potencial) referentes à coleta de 36 dias.
Palavras-chave: produtividade da mão-de-obra, revestimento, argamassa
ABSTRACT
ABSTRACT This work is dedicated to analyzing the productivity of the labor force in the
performance of the covering of mortar on a construction site located in the city of Osasco,
São Paulo State, in the months of July and August 2009. The survey took was aplyed only to
the inner walls of the building and are shown to improve productivity of the labor force (RUP
Daily, RUP Cumulative, and RUP potential) for the collection of 36 days.
Key-words: productivity, covering, mortar.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Fluxograma de etapas. ................................................................................................3 Figura 2: Produtividade da mão-de-obra (SOUZA, 2001) .........................................................6 Figura 3: Representação gráfica do Modelo de Fatores (SOUZA, 1996) ..................................7 Figura 4: Classificação da mão-de-obra ...................................................................................10 Figura 5: Metodologia de dosagem das argamassas (SABBATINI et al., 1991).....................19 Figura 6: Camadas do revestimento de argamassa: emboço, reboco e massa única (MACIEL;
BARROS; SABBATINI, 1998) .......................................................................................22 Figura 7: Visão analítica dos processos....................................................................................25 Figura 8: Compromisso Empresarial CONSTRUCAP ............................................................30 Figura 9: Canteiro de obras (no fundo) ....................................................................................31 Figura 10: Centro Comunitário ................................................................................................31 Figura 11: Fluxo do processo construtivo ................................................................................32 Figura 12: Betoneira e aviso de atenção aos usuários ..............................................................33 Figura 13: Dosagem com padiola e areia média....................................................................33 Figura 14: Areia média .............................................................................................................34 Figura 15: Execução do chapisco no 1º Pavimento..................................................................35 Figura 16: Execução do enchimento de argamassa ..................................................................36 Figura 17: Tempo de espera para a argamassa .........................................................................36 Gráfico 18: RUP Oficial Chapisco (Equipe 1) .........................................................................39 Gráfico 19: RUP Oficial Massa Única Térreo (Equipe 2)........................................................40 Gráfico 20: RUP Oficial Massa Única Térreo (Equipe 1)........................................................41 Gráfico 21: RUP Oficial Massa Única 1º Pavimento (Equipe 1).............................................42 Gráfico 22: RUP Oficial Massa Única 2º Pavimento (Equipe 1).............................................43
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Exemplo de cálculo de produtividade dos Oficiais (RUP Oficial)...........................11 Tabela 2: Exemplo de cálculo de produtividade da Equipe Direta (RUP Direta)....................11 Tabela 3: Valores da produtividade da mão-de-obra do serviço de contrapiso (ARAÚJO;
SOUZA, 1999) .................................................................................................................13 Tabela 4: Valores da produtividade da mão-de-obra do serviço de revestimento de fachada
(ARAÚJO; SOUZA, 1999) ..............................................................................................14 Tabela 5: Valores de RUP cumulativa para o serviço de contrapiso. (ARAÚJO; SOUZA,
1999).................................................................................................................................14 Tabela 6: Valores de RUP cumulativa para o serviço de revestimento de fachada. (ARAÚJO;
SOUZA, 1999) .................................................................................................................15 Tabela 7: Valores da variação da RUP(cum-pot) para as obras estudadas (LIBRAIS, 2001) .16 Tabela 8: Aspectos a serem considerados na definição do traço da argamassa (MACIEL;
BARROS; SABBATINI, 1998) .......................................................................................18 Tabela 9: Exemplo de planilha para coleta de dados................................................................26 Tabela 10: Planilha auxiliar para quantidades de serviço ........................................................27 Tabela 11: Planilha diária auxiliar............................................................................................27 Tabela 12: Controle de qualidade (Fonte: Empresa Geoplano Engenharia S/C Ltda) .............34 Tabela 13: RUP Oficial Chapisco – Equipe 1 ..........................................................................38 Tabela 14: RUP Oficial Massa Única Térreo – Equipe 2.........................................................39 Tabela 15: RUP Oficial Massa Única Térreo – Equipe 1.........................................................40 Tabela 16: RUP Oficial Massa Única 1º Pavimento (Equipe 1) ..............................................41 Tabela 17: RUP Oficial Massa Única 2º Pavimento (Equipe 1) ..............................................42 Tabela 18: Valor para RUP Cumulativa para o serviço de chapisco........................................45 Tabela 19: Valor para RUP Cumulativa para o serviço de massa única ..................................45
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 Justificativa ...............................................................................................................2
1.2 Objetivo .....................................................................................................................2
1.3 Método de Trabalho .................................................................................................3
1.4 Estrutura do Trabalho .............................................................................................5
2. PRODUTIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA .......................................................................6
2.1 Definição....................................................................................................................6
2.2 Indicadores de Mensuração.....................................................................................8
2.3 Classificação da Mão-de-obra ...............................................................................10
2.4 Exemplo de Cálculo ................................................................................................11
2.5 Trabalhos Realizados .............................................................................................12 2.5.1 Araújo; Souza (1999) .......................................................................................12 2.5.2 Librais (2001) ...................................................................................................15
3. REVESTIMENTO DE ARGAMASSA...........................................................................17
3.1 Definição..................................................................................................................17 3.1.1 Trabalhabilidade ...............................................................................................20 3.1.2 Capacidade de Retenção de Água ....................................................................20 3.1.3 Capacidade de Absorver Deformações.............................................................20 3.1.4 Aderência Inicial...............................................................................................20 3.1.5 Retração ............................................................................................................21
3.2 Classificação............................................................................................................21
4. METODOLOGIA ............................................................................................................23
4.1 Quantidade de Serviço ...........................................................................................23
4.2 Homens-Hora..........................................................................................................24
4.3 Método de Coleta e Processamento de Dados ......................................................24
5. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................29
5.1 Definição da Empresa ............................................................................................29
5.2 Definição da Obra...................................................................................................30
5.3 Caracterização do Serviço .....................................................................................32 5.3.1 Equipamentos e Ferramentas de Produção.......................................................33 5.3.2 Dosagem e Controle de Qualidade ...................................................................33 5.3.3 Execução do Revestimento...............................................................................35
5.4 Organização das Equipes de Produção ................................................................37
5.5 Resultados ...............................................................................................................38
5.6 Análise de Resultados.............................................................................................43
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................46
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................47
8. APÊNDICE......................................................................................................................50
9. ANEXOS ..........................................................................................................................52
1
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a indústria da Construção Civil tem passado por um
desenvolvimento tecnológico em busca de qualidade nos seus produtos e
processos construtivos. As empresas de construção civil estão buscando trocar
o empirismo do processo construtivo pelos conceitos de base científica. Essa
evolução, atualmente, deve ser implementada através de ações
organizacionais e operacionais que objetivem aumentar os níveis de
produtividade e qualidade, conseqüentemente incrementando os níveis de
industrialização.
O estudo da produtividade de atividades voltadas a mão-de-obra,
equipamentos e materiais é cada vez mais importante para empresas de
grande porte e prestadores de serviços, um banco de dados próprio é de
extrema importância para o desenvolvimento de áreas como orçamentos e
compras.
Atualmente, a disputa de mercados está fundamentada em vantagens
competitivas de custos da cadeia produtiva, volumes comercializáveis e
qualidade, onde qualquer detalhe específico de produtividade e eficácia é um
diferencial significativo de grande valor para que a construtora obtenha bons
resultados e para a satisfação do cliente.
Este trabalho se insere na problemática da especificação do método
construtivo na execução de revestimento interno de argamassa, visando
buscar maior controle de execução utilizando indicadores de produtividade de
mão-de-obra reais e próximos da realidade construtiva da empresa.
2
1.1 JUSTIFICATIVA
Os revestimentos em geral representam uma parcela significativa do
custo de construção de edifícios e o estudo de sua produtividade é relevante
para melhoria tanto das condições de trabalho da mão-de-obra, quanto para
uma base de dados sólida e confiável.
A utilização da camada de revestimento da alvenaria no Brasil é muito
ampla, pois além do desempenho térmico/acústico, existe também o funcional,
voltado para a regularização e proteção da superfície das paredes.
O levantamento de produtividade é importante para empresas, pois é
possível identificar e analisar cada atividade desenvolvida, suprindo e definindo
propostas para superação dos problemas. Além disso, estes dados poderão
entrar para o banco de dados da empresa e ajudar a criar critérios de avaliação
de serviço.
O grau de produtividade de uma empresa é uma das melhores formas
de indicar seu desempenho: considerando a execução do revestimento interno
de argamassa uma atividade de extrema relevância no custo das obras, é
economicamente justificável descobrir seus fatores determinantes e estudar
esse tipo de caso.
1.2 OBJETIVO
O objetivo principal deste trabalho consiste na avaliação da produtividade
da mão-de-obra na execução do revestimento interno de argamassa levando-
se em consideração seus fatores potencialmente influenciadores tais como
equipamentos utilizados, acesso ao lugar de aplicação da demão, dependência
de outras frentes de serviço, condições de trabalho e coordenação da equipe.
3
1.3 MÉTODO DE TRABALHO
O delineamento do trabalho está exposto no fluxograma de etapas
proposto a seguir (figura 1).
Figura 1: Fluxograma de etapas.
A – Revisão Bibliográfica: como estrutura do trabalho a Revisão
Bibliográfica tem como objetivo consolidar informações sobre o método
construtivo para o revestimento de argamassa, abordando características da
argamassa e principais aspectos relacionados a produtividade da mão-de-obra.
B – Escolha da obra: o trabalho realizado desenvolve-se baseado na
coleta diária de dados de um determinado objeto de estudo: portanto a escolha
da obra teve uma grande importância para a obtenção dos dados. O estudo
realizado em obra nos meses de Julho e Agosto permitiu a escolha de um
4
objeto de estudo em função da disponibilidade e fácil acesso à atividade de
revestimento de argamassa que estava sendo desenvolvida neste período.
C – Elaboração do Método de Coleta de Dados: a elaboração do
método de coleta de dados foi baseada na literatura de autores como Araújo;
Souza(1999). Essa etapa é importante para a determinação considerações a
serem feitas na coleta dos dados e também para o planejamento de coleta.
D – Coleta de dados: essa etapa é compreendida pelo tempo passado
em obra coletando dados, e informações que possam justificar a produtividade
diariamente. A obra escolhida é determinante nessa etapa devido à
disponibilidade de tempo necessária para essa etapa.
E – Análise de produtividade e argamassa: O estudo da
produtividade e de argamassa estruturou o trabalho cientificamente, definindo
todos os métodos utilizados (tanto para coleta, como desenvolvimento) para o
trabalho. Essa análise possibilitou um melhor entendimento da pesquisa
através do embasamento teórico proporcionado por vários trabalhos realizados
com temas parecidos com o proposto.
F – Análise dos resultados: Esta etapa é dedicada à análise dos
dados coletados. Com o auxílio do programa Microsoft Excel ® os dados foram
desenvolvidos de forma a obter resultados que justificam o trabalho e também
comparar com as tabelas do TCPO, comentando as dificuldades encontradas.
G – Considerações finais: Como forma de comentar o trabalho
desenvolvido, as considerações finais, tem por objetivo finalizar o trabalho
relacionando os resultados no contexto acadêmico profissional.
5
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho é composto por mais 6 capítulos, além deste capítulo
introdutório. No capítulo 2 são abordados os conceitos de produtividade da
mão-de-obra que será apresentada a definição de produtividade e como será
aplicada neste trabalho, o objetivo é dar um maior embasamento para a
pesquisa, enquanto que no capítulo 3 são abordados trabalhos referentes ao
revestimento de argamassa, como definições de serviços e suas
classificações.
A metodologia é a explicação de todo o método utilizado para cálculo
dos dados, sendo abordada no capítulo 4 enquanto que o estudo de caso, que
explica os detalhes da obra, serviços e dados é abordado no capítulo 5. As
considerações finais serão apresentadas no capítulo 6.
Além destes capítulos, o trabalho apresenta também 4 apêndices e 3
anexos, a saber:
Apêndice A – Paredes internas do Térreo.
Apêndice B – Paredes internas do 1º Pavimento.
Apêndice C – Paredes internas do 2º Pavimento.
Apêndice D – Planilhas de produtividade (em CD-ROM)
Anexo A – Planta Térreo Centro Comunitário.
Anexo B – Planta 1º Pavimento Centro Comunitário.
Anexo C – Planta 2º Pavimento Centro Comunitário.
6
2. PRODUTIVIDADE DA MÃO-
DE-OBRA
2.1 DEFINIÇÃO
A produtividade é entendida como sendo um conjunto de atividades
desenvolvidas transformando um bem em outro com maior utilidade ou
eficácia.
O termo produtividade foi utilizado pela sua primeira vez em um artigo
de um economista francês chamado Quesnay em 1766, passado mais de um
século, em 1883, outro economista francês, Littre, usou o mesmo termo como
sendo uma capacidade de produzir, entretanto somente no começo deste
século o termo assumiu o significado da relação entre o produzido e os
recursos empregados para produzi-lo. (WIKIPÉDIA, 2009)
A produtividade, de uma forma geral, é a medição do nível de eficiência
ou eficácia de um agente/atividade, ou seja, o quão rápido ou eficiente a mão-
de-obra executa um serviço. Pode-se observar essa relação entre mão-de-obra
e serviço na figura 2.1 a seguir (SOUZA, 2001).
Figura 2: Produtividade da mão-de-obra (SOUZA, 2001)
7
Em função do grande uso do estudo de produtividade pela indústria da
Construção Civil, e da grande diferença em métodos de mensuração, neste
trabalho será adotado o “Método dos Fatores” baseado no modelo proposto por
THOMAS; YIAKOUMIS (1987), adaptado e aperfeiçoado para a situação
brasileira em diversas dissertações e teses elaboradas no âmbito do Programa
de Pós-Graduação de Engenharia de Construção Civil e Urbana da USP.
O Método de Fatores tem como suas principais características
apresentadas por Araújo; Souza (1999):
• o foco na produtividade da mão-de-obra em nível de equipe
(medida em homens-hora por unidade de serviço);
• a possibilidade de consideração dos efeitos da curva de
aprendizagem;
• a detecção de correlação de vários fatores, que podem ser
mensurados, com a produtividade.
Portanto, levando em consideração a produtividade em nível de equipe,
a sua mensuração pode sofrer interferências em relação a vários fatores como,
detalhes de projeto, características físicas do trabalho, ambiente de trabalho,
disponibilidade de materiais, aspectos organizacionais e gerenciais e
condições atmosféricas.
O Modelo de Fatores pode ser representado graficamente de acordo
com a Figura 2.2 (SOUZA, 1996).
Figura 3: Representação gráfica do Modelo de Fatores (SOUZA, 1996)
8
O gráfico do Modelo de Fatores representado leva em consideração a
curva real e a de referência. Segundo THOMAS; YIAKOUMIS (1987), na curva
real é levada em conta as interferências na produtividade diária exprimindo a
realidade, através do cálculo da produtividade cumulativa que define um
traçado irregular de difícil entendimento. A curva de referência representa o
desempenho básico do serviço avaliado, que leva em conta a melhoria da
execução do serviço (aprendizagem) com o passar do tempo.
O desenvolvimento do Modelo de Fatores assume a existência de uma
condição padrão de trabalho, onde a produtividade diária será a de referência
(pode-se ou não assumir a existência de aprendizado). Fatores de interferência
fazem a produtividade real variar em relação à ideal. O modelo relaciona a
produtividade real diária às características diárias de trabalho. Se as condições
de trabalho se mantivessem constantemente iguais a um padrão definido
(situação de referência), a produtividade somente variaria caso houvesse
aprendizado (SOUZA, 1996).
2.2 INDICADORES DE MENSURAÇÃO
A produtividade da mão-de-obra será mensurada através do indicador
denominado Razão Unitária de Produção (RUP) que relaciona as medidas de
entrada (homens-hora utilizados) à saída (quantidade de serviço executada). A
RUP é um termo introduzido no país através de trabalhos sobre o assunto
realizados por SOUZA (1996) e é expressa matematicamente pela equação a
seguir:
QS
HhRUP =
Onde:
Hh = Homens-hora utilizados para execução do serviço
QS = Quantidade de serviço executados nesse período
9
Em Araújo; Souza (1999) se relacionam dois tipos de RUP em função
do período de tempo ao qual se referem as medidas de entrada e saída. A
RUP diária e cumulativa, onde mostram respectivamente o efeito dos fatores
presentes no dia de trabalho sobre a produtividade e a tendência de
desempenho do serviço (útil para previsões em obra, ou para orçamentos de
futuras obras).
A RUP diária é calculada com os valores de homens-hora e
quantidade de serviço relativos ao dia de trabalho em análise. A RUP
cumulativa é calculada a partir dos valores de homens-hora e quantidade de
serviço, relativos ao período que vai do primeiro dia em que se estudou a
produtividade até o dia em questão.
Além dessas RUP´s calcula-se também a RUP Potencial que
corresponde a mediana dos valores da RUP Diária menores ou iguais à RUP
Cumulativa final. Segundo Souza (2001), a RUP Potencial é equivalente a “um
valor de RUP Diária associado à sensação de bom desempenho e que, ao
mesmo tempo, mostra-se factível em função dos valores de RUP Diária
detectados”.
Para a coleta de dados é evidenciada a necessidade de padronização
de medições tantos para entradas quanto para saídas.
Thomas (1991)1 faz algumas recomendações prescritas em um manual
elaborado na Pennsylvania State University, e que foram adotas por Souza
(1996), como sendo as principais regras de padronização para mensuração da
mão-de-obra:
PADRONIZAÇÃO PARA ENTRADAS
• deve-se calcular as horas de trabalho despendidas por uma
equipe, que consiste de um encarregado e os membros da
equipe sob seu comando;
• não são contadas horas dos trabalhadores por falta ou atraso;
• os ajudantes (trabalho de suporte) somente são considerados
quando seu trabalho é devotado exclusivamente à equipe em
estudo.
1 THOMAS, H.R., HORNER, R.M.W. & SMITH, G.R. Procedures manual for collecting productivity and related data of labor-intensive activities on commercial construction projects: concrete formwork. State College. PTI Report, 1991. 63p.
10
PADRONIZAÇÃO PARA SAÍDAS
• não são considerados os vãos de aberturas;
• não são computados requadros dos caixilhos e portas;
• diferentes camadas do revestimento (ex: chapisco, emboço) são
quantificadas em separado.
2.3 CLASSIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA
Segundo Souza (2001), a mão-de-obra deve ser classificada de acordo
com sua abrangência ou tipo de mão-de-obra analisada. A figura 2.3 evidencia
esta classificação:
Figura 4: Classificação da mão-de-obra
Na RUP Oficial é considerada a mão-de-obra dos oficiais envolvidos
diretamente na produção.
11
Na RUP Direta são considerados, além dos homem-hora
correspondentes aos oficiais, as horas correspondentes aos ajudantes
envolvidos diretamente com a produção.
A RUP Global envolve toda a mão-de-obra relacionada com o serviço
em análise (ex: ajudante do fornecimento de materiais, encarregado).
2.4 EXEMPLO DE CÁLCULO
Neste item é apresentado um exemplo de cálculo de produtividade de
revestimento de argamassa, mostrando as classificações introduzidas para
melhor entendimento.
Para efeito de exemplo, na Tabela 2.1 será calculada RUP Oficial, no
caso, aplicada somente a mão-de-obra dos oficiais envolvidos diretamente na
execução do revestimento, e na Tabela 2.2 a RUP Direta, incluindo-se as horas
correspondentes dos ajudantes envolvidos diretamente na produção.
Tabela 1: Exemplo de cálculo de produtividade dos Oficiais (RUP Oficial)
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of.
Hh Diária
Hh Cum.
QS Diária
QS Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤
RUP Cum.
RUP Pot.
1 2 17 17 23 23 0,74 0,74 2 2 17 34 20 43 0,85 0,79 3 2 17 51 15 58 0,68 0,88 0,68 4 2 14 65 25 83 0,93 0,78 5 2 14 79 20 103 0,7 0,77 0,70 6 2 17 96 23 126 0,68 0,76 0,68
0,68
Tabela 2: Exemplo de cálculo de produtividade da Equipe Direta (RUP Direta)
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Ajud.
Hh Diária
Hh Cum.
QS Diária
QS Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤
RUP Cum.
RUP Pot.
1 2 1 26 26 23 23 1,13 1,13 1,13 2 2 1 26 52 20 43 1,30 1,21 3 2 1 26 78 25 68 1,04 1,15 1,04 4 2 1 23 101 15 83 1,53 1,22 5 2 1 23 124 20 103 1,15 1,20 1,15 6 2 1 26 150 25 128 1,04 1,17 1,04
1,09
12
2.5 TRABALHOS REALIZADOS
Neste item serão apresentados estudos de produtividade de
revestimentos de argamassa, seus resultados e conclusões.
2.5.1 ARAÚJO; SOUZA (1999)
Em Araújo; Souza (1999), são desenvolvidos estudos referentes à
análise da produtividade na execução de contrapiso e revestimento de
fachada, a partir do levantamento de informações em 5 canteiros de obras. É
feita a comparação da produtividade diária e cumulativa das obras para
definição do nível de desempenho atual dos serviços que foram avaliados e
determinar os fatores que fazem tal desempenho variar.
13
Tabela 3: Valores da produtividade da mão-de-obra do serviço de contrapiso (ARAÚJO; SOUZA, 1999)
OBRA A OBRA B OBRA C DIA
RUP
Diária
(Hh/m²)
RUP
cumulativa
(Hh/m²)
RUP
Diária
(Hh/m²)
RUP
cumulativa
(Hh/m²)
RUP
Diária
(Hh/m²)
RUP
cumulativa
(Hh/m²)
1 0,42 0,42 1,06 1,06 1,02 1,02
2 0,41 0,42 1,45 1,23 1,01 1,01
3 0,41 0,41 0,90 1,10 0,98 1,00
4 0,38 0,41 1,20 1,12 1,00 1,00
5 0,41 0,41 1,18 1,13 0,83 0,96
6 0,43 0,41 1,12 1,13 2,31 1,04
7 0,44 0,42 1,75 1,18 1,09 1,05
8 0,40 0,41 1,21 1,18 0,99 1,04
9 0,44 0,42 1,12 1,18 0,92 1,02
10 0,38 0,41 1,06 1,16 1,07 1,03
11 1,02 0,44 1,39 1,18 - -
12 0,46 0,44 1,47 1,20 - -
13 0,41 0,44 1,39 1,20 - -
14 0,38 0,43 - - - -
15 0,48 0,43 - - - -
16 0,51 0,44 - - - -
17 1,90 0,46 - - - -
14
Tabela 4: Valores da produtividade da mão-de-obra do serviço de revestimento de fachada (ARAÚJO; SOUZA, 1999)
Tabela 5: Valores de RUP cumulativa para o serviço de contrapiso. (ARAÚJO; SOUZA, 1999)
FONTE RUP cumulativa (Hh/m2)
Obra A 0,46
Obra B 1,20
Obra C 1,03
TCPO* 0,50
OBRA D OBRA E DIA
RUP
Diária
(Hh/m²)
RUP
cumulativa
(Hh/m²)
RUP
Diária
(Hh/m²)
RUP
cumulativa
(Hh/m²)
1 2,33 2,33 1,65 1,65
2 1,30 1,67 1,47 1,53
3 4,16 2,08 3,95 2,01
4 13,96 2,82 1,95 2,00
5 3,24 2,96 4,59 2,28
6 2,37 2,75 1,85 2,23
7 1,66 2,38 - -
8 2,11 2,32 - -
9 2,01 2,27 - -
10 1,85 2,21 - -
11 2,86 2,26 - -
12 1,72 2,22 - -
13 1,70 2,17 - -
14 1,40 2,09 - -
15
*contrapiso com espessura de 3,0 cm executado com argamassa de cimento e areia no traço 1:5 em volume de materiais secos (a mão-de-obra para o preparo e transporte de argamassa até o andar em execução não está incluída).
Tabela 6: Valores de RUP cumulativa para o serviço de revestimento de fachada. (ARAÚJO; SOUZA, 1999)
FONTE RUP cumulativa (Hh/m2)
Obra D 2,09
Obra E 2,23
TCPO* 1,20
* valores relativos a emboço áspero de 2,0 cm de espessura para receber reboco (a mão-de-obra para o preparo e transporte de argamassa até o andar em execução não está incluída).
Como resultados foi observado que apenas a obra A apresentou valor
similar ao preconizado pelo TCPO. Detecta-se uma tendência de os valores
reais observados serem maiores que os orçados. Nota-se, no entanto, que o
TCPO faz suas previsões relativas a um contrapiso de 3,0 cm de espessura,
quando os valores reais observados foram, em dois casos, superiores (alguns
pavimentos com 3,9 cm e outros com 6,4 cm na obra A; 4,0 cm em média na
obra B; e 2,5 cm como média geral na obra C).
As obras D e E estavam com um desempenho pior do que o
potencialmente alcançável (nota-se que existem alguns valores de RUP diária
bem menores que o da RUP cumulativa).
Como considerações finais avaliaram que muito há que se estudar
ainda quanto à produtividade da mão-de-obra na execução de revestimentos
de argamassa. Tal estudo é importante, seja enquanto instrumento para a
melhoria da gestão ou como parâmetro para auxiliar o desenvolvimento
tecnológico do serviço.
2.5.2 LIBRAIS (2001)
Este trabalho apresenta um método prático para estudar a
produtividade da mão-de-obra no serviço de revestimento interno de paredes e
pisos com placas cerâmicas. Inicialmente foram apresentados conceitos
relativos ao estudo da produtividade, sendo adotados os fundamentos do
Modelo dos Fatores como embasamento teórico. São discutidas diretrizes para
o desenvolvimento do método prático.
16
Tabela 7: Valores da variação da RUP(cum-pot) para as obras estudadas (LIBRAIS, 2001)
Nas comparações das RUP cumulativas e potenciais, foram
encontrados resultados satisfatórios, como é visto na tabela 8, foi observado
que o valor da obra SP19 é exageradamente alto e não serve de
referência,pois, foi uma obra onde a equipe ficou totalmente inativa por 3 dias
num total de 8 dias trabalhados.
Como considerações finais, Librais (2001), comenta que o método
prático apresentado foi de fácil execução, reconhecido pelas pessoas
responsáveis pela sua aplicação e facilidade de uso das planilhas para a
quantificação de serviço executado e de homem-hora. Quanto à inserção deste
trabalho no setor privado, espera ter criado referências para orçamento,
programação e controle de obras, possibilitando também a obtenção de
indicadores que podem auxiliar a definição de equipes de trabalho e a
constatação, em canteiro, dos valores de produtividade realmente ocorrido.
Obra
RUP(cum-
pot)
(Hh/m2)
SP20a 0,02
SP20b 0,01
SP19 0,57
SP16a 0,08
SP16b 0,02
SP15a 0,00
SP15b 0,00
SP15c 0,00
SP15d 0,00
SP15e 0,00
SP66 0,05
17
3. REVESTIMENTO DE
ARGAMASSA
3.1 DEFINIÇÃO
A NBR 13529 (ABNT, 1995) define a argamassa para revestimento
como sendo “uma mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerantes
(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou adições, com
propriedades de aderência e endurecimento”.
Já o revestimento, englobando a definição de argamassa, pode se dizer
como sendo o recobrimento de uma superfície lisa ou áspera com uma ou mais
camadas sobrepostas de argamassa, em espessura normalmente uniforme,
apta para receber um acabamento final.
Assim como, a NBR 13529 (ABNT, 1995) refere-se ao sistema de
revestimento como um elemento formado pelo revestimento de argamassa e
acabamento decorativo, compatível com a natureza da base, condições de
exposição, acabamento final e desempenho, previstos em projeto.
Segundo Sabbatini (1984), os revestimentos de argamassa têm, em
geral, as seguintes funções: proteger as vedações e a estrutura contra a ação
de agentes agressivos e, por conseqüência, evitar a degradação precoce das
mesmas, aumentar a durabilidade e reduzir os custos de manutenção dos
edifícios; auxiliar as vedações a cumprirem com as suas funções, tais como:
isolamento termo-acústico, estanqueidade à água e aos gases e segurança ao
fogo; estéticas, de acabamento e aquelas relacionadas com a valorização da
construção ou determinação do padrão do edifício.
Nos últimos anos a indústria da construção civil tem passado por um
desenvolvimento tecnológico em busca de qualidade nos seus produtos e
processos construtivos. As empresas de construção civil estão buscando trocar
o empirismo do processo construtivo pelos conceitos de base científica,
visando elevar o índice de produtividade e qualidade.
A argamassa a ser empregada pode ser preparada na obra,
industrializada ou fornecida em silos. Portanto, além do custo x beneficio, a
18
escolha da argamassa a ser utilizada depende da cultura de produção, como o
espaço disponível em canteiro.
Segundo Maciel; Melhado (1999), no caso da argamassa prepara em
canteiro de obra, sua dosagem deve ser definida de acordo com o grau de
solicitação do revestimento, as propriedades a serem obtidas, o tipo e as
características da base, a disponibilidade de materiais no local, e o tipo de
controle efetuado durante sua produção. Já as industrializadas e as fornecidas
em silos deve-se avaliar suas características e comportamento em sua
utilização para a adequação às condições solicitantes, dispensando a
dosagem.
Muitos canteiros de obra utilizam a argamassa de revestimento sem a
prévia dosagem e definição de qual seria o melhor traço a ser empregado,
portanto Maciel; Barros; Sabbatini (1998) propõe uma tabela resumo para
caracterização de materiais empregados na argamassa.
Tabela 8: Aspectos a serem considerados na definição do traço da argamassa (MACIEL; BARROS; SABBATINI, 1998)
MATERIAIS ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA COMPOSIÇÃO E
DOSAGEM
Cimento • tipo de cimento (características) e classe de resistência
• disponibilidade e custo
• comportamento da argamassa produzida com o cimento
Cal • tipo de cal (características)
• forma de produção
• massa unitária
• disponibilidade e custo
• comportamento da argamassa produzida com a cal
Areia • composição mineralógica e granulométrica
• dimensões do agregado
• forma e rugosidade superficial dos grãos
• massa unitária
• inchamento
• comportamento da argamassa produzida com a areia
• manutenção das características da areia
Água • características dos componentes da água, quando não for potável
19
Aditivos • uso de aditivos acrescentados à argamassa no momento da mistura ou da argamassa aditivada
• tipo de aditivo (características)
• finalidade
• disponibilidade e custo
• comportamento da argamassa produzida com o aditivo
Adições • tipo de adição (características)
• finalidade
• comportamento da argamassa produzida com a adição
• disponibilidade, manutenção das características e custo
Porém, normalmente, em canteiros de obra esses aspectos não são
considerados e determinados empiricamente, para tanto Sabbatini et al.(1991)
defini alguns parâmetros a serem seguidos, a figura 5 ilustra uma metodologia
de dosagem racional.
Figura 5: Metodologia de dosagem das argamassas (SABBATINI et al., 1991)
20
Para que os revestimentos de argamassa possam cumprir
adequadamente as suas funções, eles precisam apresentar um conjunto de
propriedades específicas, relativas à argamassa nos estados fresco e
endurecido. O entendimento dessas propriedades e dos fatores que
influenciam a sua obtenção permite prever o comportamento do revestimento
nas diferentes situações de uso.
3.1.1 TRABALHABILIDADE
A trabalhabilidade é uma propriedade de extrema importância para o
revestimento de argamassa, pois pode afetar o resultado do serviço.
Para Yoshida; Barros (1995) a trabalhabilidade é o resultado das
características de plasticidade, coesão, consistência, viscosidade, adesão e
densidade. Interferindo diretamente no trabalho do operário, na aderência da
argamassa ao bloco e nas propriedades da argamassa no estado endurecido,
podendo alterar-se completamente em função da relação água/aglomerante,
da relação aglomerante/areia, da granulometria do agregado e da natureza e
qualidade do aglomerante.
3.1.2 CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA
A capacidade de retenção de água está relacionada com a superfície
específica de seus constituintes. Segundo Yoshida; Barros (1995) uma
argamassa deve possuir capacidade de reter água necessária para molhar a
superfície dos grãos e do aglomerante. Para tanto, melhorar a capacidade de
retenção de água é recomendável o uso da cal, pois, possui alta capacidade
adsortiva e elevada superfície específica. Para a mesma função outros
materiais podem ser utilizados, como aditivos derivados da celulose.
3.1.3 CAPACIDADE DE ABSORVER DEFORMAÇÕES
A capacidade de absorver deformações é uma propriedade do
revestimento que está sob tensão, mas sofrendo deformação sem ruptura ou
através de fissuras não prejudiciais.
3.1.4 ADERÊNCIA INICIAL
A aderência inicial pode ser entendida como sendo a ancoragem da
argamassa em sua base, seguido do endurecimento progressivo da mesma. A
aderência inicial depende das outras propriedades da argamassa no estado
fresco, e também das características da base de aplicação, como: porosidade,
rugosidade, condições de limpeza da superfície de contato entre a argamassa
e a base.
21
3.1.5 RETRAÇÃO
A retração na secagem ocorre em função da evaporação da água de
amassamento da argamassa e, também, pelas reações de hidratação e
carbonatação dos aglomerantes. A retração pode acabar causando a formação
de fissuras no revestimento. As camadas de argamassa que são aplicadas em
espessuras maiores, superiores a 25 mm, estão mais sujeitas a sofrerem
retração na secagem e apresentarem fissuras.
3.2 CLASSIFICAÇÃO
Os revestimentos à base de argamassa são compostos, basicamente,
pelas camadas de emboço e reboco ou pelos revestimentos em camada única.
O emboço, conforme a NBR 13529 (1995), “é a camada de
revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base ou
chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra camada, de
reboco ou de revestimento decorativo, ou se constitua no acabamento final”.
Neste último caso, se o próprio emboço se torna o acabamento final, o
revestimento é considerado de camada única.
O reboco conforme a mesma norma é a última camada dos
revestimentos constituídos por múltiplas camadas, servindo como acabamento
dos revestimentos de argamassa. Como esta camada confere a textura final
aos revestimentos de múltiplas camadas, ela não deve apresentar fissuras,
principalmente em situações de aplicação externa. Portanto, a argamassa
constituinte desta camada deve apresentar alta capacidade de absorver
deformações.
O emboço é o corpo do revestimento, por ser a camada principal, mais
espessa e ancoradora dos materiais subseqüentes do revestimento, como
reboco, pinturas, cerâmicas, mármore, granito, placas laminadas,
revestimentos têxteis, papel de parede, dentre outros (CORTEZ, 1999).
Nos revestimentos constituídos por duas camadas, emboço e reboco,
cada uma delas cumpre funções específicas, sendo o emboço uma camada de
regularização da base e o reboco, uma camada de acabamento. Já os
revestimentos constituídos por uma única camada, a mesma cumpre as duas
funções de regularização da base e acabamento. (MACIEL; BARROS;
SABBATINI, 1998)
22
Cada uma das camadas do revestimento é constituída por argamassas
com propriedades diferenciadas, adequadas ao cumprimento das funções
específicas.
A Figura 6 ilustra o revestimento da vedação vertical do tipo emboço e
reboco e do tipo massa única. Esses dois tipos de revestimento podem ser
aplicados sobre uma camada de preparo da base, denominada chapisco e
podem receber sobre a sua superfície uma camada de acabamento decorativo.
Figura 6: Camadas do revestimento de argamassa: emboço, reboco e massa única (MACIEL; BARROS; SABBATINI, 1998)
23
4. METODOLOGIA
É imprescindível a elaboração de um planejamento de coleta de dados
para ter uma maior confiabilidade de resultados, para tanto, deve-se dividir o
serviço em etapas. A medição será separada por pavimentos executados, uma
vez que envolvem grande número de tarefas e subtarefas, além do fato de
haver várias frentes de trabalho acontecendo ao mesmo tempo em pavimentos
distintos.
Toda elaboração de instrumentos de coleta interfere diretamente nos
resultados, portanto este capítulo é dedicado a apresentação deste método de
coleta e processamento de dados inerentes à obtenção dos indicadores de
produtividade na execução de revestimento de argamassa.
4.1 QUANTIDADE DE SERVIÇO
Para a quantificação de serviço executada pela mão-de-obra é
previamente estudada a equipe de trabalho que estará executando em
determinado período. Para isso deve-se levar em conta ajuda do mestre, ou
encarregado do empreendimento.
Todo serviço é medido no período da manhã (de preferência na
primeira hora do dia), apresentando as quantidades diárias executadas do dia
anterior, pois é comum encontrar trechos incompletos pela impossibilidade de
se finalizar o serviço até o final do expediente. As anormalidades de
quantidade de serviço devem ser computadas e divididas nos dias de trabalho
que foram executadas.
Segue de Paliari (2008), “Os instrumentos de coleta de dados devem
ser elaborados de tal forma a permitir ao pesquisador coletar os dados relativos
à quantidade de serviço diretamente nos pavimentos/ambientes cujos serviços
foram executados no dia anterior.”
24
Por fim deve-se também determinar a unidade de mensuração de
serviço, no caso do revestimento de argamassa será o m² (metro quadrado) de
parede.
4.2 HOMENS-HORA
Em Paliari (2008) adota-se uma definição importante, “No início dos
trabalhos de campo, ou previamente aos mesmos, deve-se conhecer a equipe
construtora e saber o respectivo cargo de cada integrante de tal forma a poder
relacioná-los aos indicadores de produtividade de mão-de-obra.”
Portanto, a melhor forma de saber a equipe (encarregado, oficial,
servente) seria com o auxílio do engenheiro ou mestre responsável pelo
empreendimento. Essa determinação de executores é importante para o
dimensionamento da equipe, e poder determinar a influência das
características da equipe no trabalho.
Em relação ao tempo de trabalho na execução do serviço, não serão
considerados o tempo referente às refeições e outros eventos de diversas
naturezas (reuniões de segurança ou qualidade, entre outras), uma postura
única deve ser adotada, de forma a considerar todo o tempo disponível para o
serviço.
Adota-se uma diretriz dissertada em Paliari (2008), “Considera-se, para
o cômputo da produtividade da mão-de-obra, o tempo no qual o operário ficou
disponível para execução do serviço, excluindo-se deste montante o tempo
dedicado a atividades previamente programadas, como: refeições, reuniões
técnicas e outras situações de mesma natureza.”
4.3 MÉTODO DE COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS
Para obtenção dos dados com planejamento de coleta é importante
existir um bom conhecimento do projeto a ser executado, e a forma de
organização da mão-de-obra executora, além disso, a elaboração das planilhas
de processamento para facilitar o entendimento e posterior análise.
25
Figura 7: Visão analítica dos processos
De acordo com a figura 7, pode-se dividir o serviço de revestimento de
argamassa em suas fases de desenvolvimento, identificando suas tarefas e
sub-tarefas. Identificar todas as etapas do processo produtivo é importante
para definir a atividade de estudo, pois a produtividade medida no chapisco é
diferente da medida na aplicação da massa única.
O estudo desenvolvido neste trabalho será relacionado ao chapisco e à
massa única em separado, embutindo o serviço da produção das taliscas à
massa única, pois, como observado em obra, os executores não separavam a
tarefa de taliscamento, desenvolvendo este serviço previamente ao de massa
única, como se fizesse parte do mesmo processo. Portanto nos resultados de
produtividade de massa única estão embutidos o tempo de execução das
taliscas.
No que diz respeito à quantidade de homens-hora demandados na
execução do revestimento, o acompanhamento diário da obra é crucial, pois,
REVESTIMENTO DE ARGAMASSA
CHAPISCO
TALISCAS
MASSA ÚNICA
Limpeza da base Medição e marcação (prumo e esquadro)
Assentamento das Taliscas
Produção da Argamassa
Chapar Molhar Parede
Aplicação Sarrafear
Desempenar
Passa espuma
TAREFAS
SERVIÇO
SUB-TAREFAS
26
pode existir uma estratégia de execução diferente que varie com o tempo. Por
exemplo, o encarregado planeja o serviço do pavimento térreo para três oficiais
e três serventes, porém durante o período de execução, podem surgir
atividades (como assentamento de alvenaria) em outros pavimentos que
necessitem da ajuda de um desses oficiais, diminuindo a mão-de-obra prevista,
por outro lado, o encarregado poderia inicialmente planejar a atividade para
dois oficiais, e durante a execução, precisar de um número maior de
executores.
Para a execução revestimento de argamassa em paredes internas o
encarregado designa diariamente o operário ou a equipe, a realizar uma única
tarefa durante o dia de trabalho (determinadas paredes com chapisco ou
massa única), podendo facilitar a coleta, fixando a necessidade de
comunicação intensa com o mandante dos serviços.
A coleta diária de dados é desenvolvida a partir de uma planilha que
disponibiliza colunas como: a data da execução de determinado serviço, a
atividade executada (chapisco, massa única), o número das paredes
executadas no período, os funcionários demandados, a quantidade de serviço
(em metros quadrados), o período da atividade (tempo) e um campo para
observações.
Tabela 9: Exemplo de planilha para coleta de dados
Data Atividade Paredes Eq. QS(m²) Período Obs.
Manhã Tarde
22/jul Chapisco 1,2,3,4,5,
21
2 of,
2
ajud.
81,34 7:30 12:00 13:00 17:00
Equipe
terceirizada
(trabalham
por hora)
Manhã Tarde
23/jul Chapisco
19,20,22,
23,24,25,
26,27,28,
29
2 of,
2
ajud.
125,31 7:30 12:00 13:00 17:00
Equipe
Construcap
... ... ... ... ... ... ... ...
A idéia é fazer a coleta de dados e assim atualizar a planilha
diariamente, como se fosse uma agenda de dados.
Um problema considerado na quantificação dos serviços executados é
a diferença da quantidade real executada, e a prevista em projeto. Para um
controle melhor de quantidades de serviço e complemento para planilha de
27
coleta de dados utilizam-se duas planilhas auxiliares que relacionadas facilitam
o processamento de dados.
Tabela 10: Planilha auxiliar para quantidades de serviço
Paredes - Térreo
Número Comp.(m) Esquadrias (m²) Atura parede(m) área (m²)
1 4,00 2,70 10,80
2 3,60 0,72 2,15 7,02
3 5,10 2,15 10,97
4 3,20 2,15 6,88
5 1,80 1,68 2,70 3,18
6 1,80 2,70 4,86
7 3,40 2,70 9,18
8 3,40 2,70 9,18
9 1,75 2,70 4,73
10 3,40 2,15 7,31
11 3,40 2,15 7,31
12 1,60 0,72 2,70 3,60
13 3,20 2,70 8,64
Tabela 11: Planilha diária auxiliar
13/jul
CHAPISCO 1° PAV
NÚMERO ÁREA (m²) 1 3,87
2 17,10
3 21,93
4 17,10
5 10,54
21 10,80
TOTAL 81,34
Em um dia de trabalho a equipe poderá executar mais de uma parede,
portanto as tabelas 5 e 6 combinadas podem facilitar a contagem da
quantidade de serviço total executada naquele dia, isso ocorre com mais
freqüência no chapisco da parede, pois é serviço desenvolvido com mais
rapidez que o emboço.
As planilhas são combinadas pela formula “SOMASE” (ferramenta do
programa Microsoft Excel ®), onde primeiramente são numeradas todas as
paredes do pavimento estudado, assim como dados relativos para o cálculo da
área de aplicação da argamassa. Na tabela 5 observa-se o comprimento das
paredes vezes sua altura, menos as áreas de aberturas (portas e janelas).
28
Existindo uma planilha diária auxiliar (tabela 6) para cada dia de trabalho, o
pesquisador poderá digitar as paredes que foram executadas nesse dia, e
automaticamente obterá sua área, a somatória das áreas seria a quantidade de
serviço executada no dia, que por sua vez está ligada à quantidade serviço da
tabela 4.
Por exemplo, no dia 13 de julho foram executados chapisco nas
paredes 1, 2, 3, 4, 5 e 21, então como a área de execução de cada uma
dessas paredes já foram calculadas na tabela 5, precisaria somente digitá-las
na tabela 6, por conseqüência, a quantidade de serviço do dia 13 de julho já
estará na planilha de coleta de dados (tabela 4).
Esse processo facilita o cálculo para um número grande de paredes,
pois após calculá-las individualmente, o pesquisador precisará somente digitar
seus números para a obtenção da área de execução total daquele dia.
No Apêndice D são apresentadas as planilhas mencionadas
anteriormente, assim como a planilha de cálculo das RUP´s sendo o motivo do
trabalho.
29
5. ESTUDO DE CASO
5.1 DEFINIÇÃO DA EMPRESA
A Empresa a qual foi feita a coleta de dados é a CONSTRUCAP CCPS
Engenharia e Comércio S.A. que se destaca pela qualidade do seu
desempenho e, atualmente, se situa entre as dez maiores construtoras
brasileiras. Sua trajetória foi iniciada em 1944, e seu sucesso foi alcançado
através do seu desenvolvimento contínuo de processos e inovações
tecnológicas, e também com constante preocupação com a responsabilidade
social e respeito pelo meio ambiente.
O amplo espectro de obras e serviços que executa como: obras
comerciais, industriais, rodoviárias, ferroviárias, aeroviárias, portuárias e de
infra-estrutura, de edificações comerciais ou industriais são controladas pelo
Sistema Integrado de Gestão – SIG e com contínua observância das normas
ISO 9001/2000, OHSAS 18001/1999 e ISO 14001/2004.
A empresa Construcap, foi resultado da fusão das empresas Cia.
Construtora Pereira de Souza, constituída em julho de 1944 pelos engenheiros
Caio Luiz Pereira de Souza e Henrique Pegado; Construcap S/A Engenharia e
Comércio, constituída em março de 1955, pelos engenheiros Júlio Capobianco,
José Mandacaru Guerra, John Ulic Burke Jr., José Ribeiro do Valle e Iório
Adami. Além delas, em agosto de 1975 foi incorporada a empresa Imogeral
S/A Imobiliária e Incorporadora, constituída em abril de 1958, pelos
engenheiros Júlio Capobianco, José Mandacaru e Iório Adami.
Atualmente, uma nova empresa de prestígio foi incorporada a empresa,
a Construtora Ferreira Guedes S.A..
O Grupo Construcap é composto pelas empresas: Construcap CCPS
Engenharia e Comércio S/A, Territorial São Paulo Ltda., Sociedade Agrícola
J.C. Ltda., Goiasa Goiatuba Álcool Ltda. e é acionista da Concer.
A CONTRUCAP possui uma política empresarial muito presente em seu
dia a dia, onde qualidade e segurança sempre estão em primeiro lugar. A
seguir apresenta-se o compromisso empresarial representado pelo presidente,
30
Julio Capobianco e vice-presidentes: Roberto Ribeiro Capobianco, Eduardo
Ribeiro Capobianco e Julio Capobianco Filho.
Figura 8: Compromisso Empresarial CONSTRUCAP
5.2 DEFINIÇÃO DA OBRA
A obra da construtora Construcap onde foi realizada a coleta de dados
é a R1204 P.M. de Osasco – Revitalização e Reurbanização da favela.
Localizada no endereço:
Rua Doutor Edgar Magalhães Noronha, s/n
Bairro: Morro do Socó CEP 06263-170
Cidade: Osasco – S.P.
31
Figura 9: Canteiro de obras (no fundo)
A obra R1204 é marcada principalmente por atividades de infra-
estrutura desenvolvidas na área da favela, a prefeitura de Osasco juntamente
com o Governo Estadual são os atuais clientes. A obra é subdividida em 2
partes, onde a Construcap é responsável pela maior parte da obra,
compreendida pela canalização de um córrego, construção da EMEF (Escola
Municipal de Ensino Fundamental) e do CCO (Centro Comunitário), e também
de unidades habitacionais. Enquanto a outra empresa que participa da obra,
estaria desenvolvendo somente mais unidades habitacionais.
A coleta de dados deu-se no período dos meses de Julho e Agosto de
2009, nas paredes internas do CCO (Centro Comunitário) que possui 2
pavimentos e o piso térreo.
Figura 10: Centro Comunitário
32
5.3 CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO
A coleta de dados foi realizada com a permissão dos engenheiros
responsáveis pela obra:
Engenheiro de produção: Fernando Franzoi Fernandes
Engenheira de planejamento: Kamila Bressan de Lima
As principais características do revestimento de paredes internas do
Centro Comunitário são:
• argamassa produzida no canteiro (central de produção);
• material estocado em contêineres (proteção contra intempéries);
• transporte horizontal feito por equipamentos;
• transporte vertical por meio de corda e polia;
• aplicação manual;
• taliscamento e mestras executadas junto a massa única;
• revestimento como base para a pintura;
• acabamento sarrafeado e com espuma;
• limpeza realizada diariamente pelos ajudantes.
Considerando o processo construtivo em geral (figura 11), a etapa onde
se concentra o desenvolvimento do estudo é basicamente em produção,
desconsiderando aspectos relativos ao recebimento do material, estocagem e
transporte. Por exemplo, a mão-de-obra da central de produção de argamassa
e transporte até o pavimento de execução é desconsiderada.
Figura 11: Fluxo do processo construtivo
Recebimento Estocagem Transporte interno
Produção
33
5.3.1 EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE PRODUÇÃO
Os equipamentos que foram utilizados na produção de argamassa são:
equipamento de mistura (betoneira), recipientes para dosagem dos materiais
(padiola de dimensões 35x35x38cm), pás, peneiras para eliminar torrões e
balde graduado (adição de água).
Figura 12: Betoneira e aviso de atenção aos usuários
Figura 13: Dosagem com padiola e areia média
Nas figuras 12, 13, 14, 15 observa-se a central de produção de
argamassa onde estão localizados os equipamentos e ferramentas necessários
para sua confecção.
É interessante apontar o fato de que somente dois colaboradores
podem operar a betoneira e todos os envolvidos no serviço estão usando os
EPI´s necessários para atividade (luvas, capacete, óculos de proteção e
máscara).
5.3.2 DOSAGEM E CONTROLE DE QUALIDADE
A dosagem da argamassa é definida em função de algumas
características e facilidades da obra. Foi observado que durante a execução do
revestimento de argamassa no Centro Comunitário, outras atividades que
envolviam argamassa estavam sendo desenvolvidas, como por exemplo, o
34
assentamento de blocos em unidades habitacionais, sendo um dos fatores que
levaram ao engenheiro a utilizar uma argamassa com o mesmo traço para as
duas atividades.
Figura 14: Areia média
A figura 16 mostra as informações necessárias para a produção da
argamassa desejada, o traço utilizado é 1 : 3, ou seja, para a adição de um
saco de cimento de 50 Kg na betoneira, deve-se colocar três padiolas de areia
média e no máximo 43 litros de água de acordo com a trabalhabilidade
desejada (a quantidade de água é controlada pelo balde graduado que tinham
volume de 12 litros ou 16 litros).
Para garantir que a argamassa utilizada para o revestimento fosse de
uma resistência de 4,5 MPa eram feitos ensaios de resistência, na tabela 7
pode-se observar alguns dos resultados obtidos, fornecidos pela empresa
responsável para o controle de qualidade.
Tabela 12: Controle de qualidade (Fonte: Empresa Geoplano Engenharia S/C Ltda)
Resistência a Compressão
Idade Ruptura Carga Tensão (MPa)
410 2.1
Fator A/C Obtido
3 DIAS 12/06/2009 400 2.0 680 3.5 7 DIAS 16/06/2009 720 3.7 920 4.7 14 DIAS 23/06/2009 990 5.0 1110 5.7
0,86
28 DIAS 06/07/2009 1150 5.9
35
5.3.3 EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO
Como norma da empresa, os funcionários executores passam por um
Treinamento Diário de Segurança (TDS) no primeiro horário do dia. O
encarregado de cada equipe deve apresentar informações de segurança
relativas às atividades que serão desenvolvidas, assim como os EPI´s
necessários. A reunião de segurança leva em torno de 30 minutos diários.
Além do TDS todas as quintas-feiras o Gerente da obra, junto aos
Engenheiros, fazem um Treinamento Geral, que visa discutir problemas e
melhorias para obra, que consome em torno do 1 hora do dia. Todo o tempo
relativo aos treinamentos e reuniões de segurança é descontado no cálculo da
produtividade.
A execução do revestimento de argamassa foi iniciada no dia 13 de
julho, no 1º Pavimento do Centro Comunitário, as atividades não seguiram uma
ordem de pavimentos, pois a alvenaria no Térreo e no 2º Pavimento estava
incompleta.
O revestimento do empreendimento é constituído pelo chapisco da
alvenaria em todo pavimento e posterior aplicação da massa única, sendo essa
a responsável pelo recebimento do acabamento.
Figura 15: Execução do chapisco no 1º Pavimento
Na figura 17 pode-se observar que o chapisco ainda não havia sido
aplicado na parte superior das paredes, cada oficial executa o chapisco que
está a sua altura de aplicação, nesse período os ajudantes montam os
andaimes para o término do chapisco.
Quanto a aplicação da massa única, os oficiais no primeiro horário do
dia, os oficiais esperavam a argamassa chegar (função dos ajudantes) para
começar o serviço. Tiveram dias em que faltou areia para produção e
atrasaram as atividades, esse tempo em que os funcionários ficaram parados,
36
foi computado como sendo horário de trabalho, entrando no cálculo da
produtividade.
Figura 16: Execução do enchimento de argamassa
Uma característica importante da aplicação da argamassa no chapisco
é o tempo de espera da argamassa chapada na parede, de acordo com os
oficiais, depois de aplicar a argamassa, é necessário esperar em torno de 2
horas para ser sarrafeada, pois dessa forma melhorava-se a trabalhabilidade
diminuindo a quantidade de água e evitava o retrabalho. Ouve casos em que a
argamassa depois de sarrafeada, não aderiu à parede, causando assim seu
retrabalho. Nos dias mais úmidos usaram holofotes para ajudar na umidade da
argamassa, como se pode observar na figura 19.
Figura 17: Tempo de espera para a argamassa
37
5.4 ORGANIZAÇÃO DAS EQUIPES DE PRODUÇÃO
Durante o período de execução do revestimento de argamassa no
Centro Comunitário, duas equipes foram responsáveis pelo desenvolvimento
das atividades.
Equipe direta 1:
• de 1 a 3 oficiais;
• de 1 a 3 ajudantes.
Equipe direta 2:
• de 1 a 2 oficiais;
• de 1 a 2 ajudantes.
Equipe de apoio:
• 2 ajudantes na Central de produção;
• 1 ajudante geral transportando o material para o andar.
A equipe direta 1 é constituída por funcionários da Construcap,
trabalhavam sob ordens do encarregado Mangabeira e ganhavam salário por
hora trabalhada. A Equipe direta 2 é composta executores subempreitados,
que eram pagos por tarefa, seus membros eram originados do Sergipe e eram
chamados por esse nome na obra.
Durante o período de execução do Térreo (participação da equipe 2), o
encarregado resolveu retirar a equipe do Sergipe, pois não estava feliz com o
resultado do trabalho deles, e foram realizar outras atividades no canteiro.
A argamassa era transportada por um equipamento chamado
Manipulador Telescópico, que transportava a argamassa da Central de
Produção até o Térreo, que por sua vez era içada por cordas até o pavimento
de execução.
No desenvolver dos serviços alguns oficiais foram remanejados para
outras atividades com necessidade maior, o encarregado enviava os oficiais
para assentamento de blocos em outros pavimentos, ou até mesmo para
atividades fora do Centro Comunitário.
38
5.5 RESULTADOS
Serão apresentados nesse item os resultados obtidos da Razão Unitária
de Produção (RUP) Diária, Cumulativa e Potencial dos Oficiais responsáveis
pela execução do revestimento das paredes internas, referente à coleta de 36
dias no Centro Comunitário.
Como forma de avaliar o quanto a produtividade está diferente do valor
esperado, será calculado também o rendimento da produtividade diário, obtido
pela equação a seguir:
100*(%)Pr
dimRe
−=
RUPpot
RUPpotRUPcumeodutividad
enton
Os resultados foram divididos em 5 partes, onde a primeira é referente
ao chapisco em todas as paredes do empreendimento, enquanto que as outras
4 estão divididas entre as produtividades da execução da massa única nos
pavimentos:
• Equipe 1 – térreo, 1º pavimento e 2º pavimento.
• Equipe 2 – térreo.
Tabela 13: RUP Oficial Chapisco – Equipe 1
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Hh
Diária Hh
Cum. QS
Diária QS
Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤ RUP Cum.
RUP Pot.
Rend. da Produt.(%)
1 3 25,50 25,50 84,78 84,78 0,30 0,30 0,30 58,30 2 3 25,50 51,00 84,56 169,34 0,30 0,30 58,51 3 1 5,50 56,50 28,53 197,87 0,19 0,29 0,19 50,28 4 2 17,00 73,50 109,26 307,13 0,16 0,24 0,16 25,95 5 2 16,00 89,50 125,31 432,44 0,13 0,21 0,13 8,93 6 2 17,00 106,50 62,17 494,61 0,27 0,22 13,33 7 2 13,00 119,50 51,60 546,21 0,25 0,22 15,15 8 2 17,00 136,50 39,73 585,94 0,43 0,23 22,61
9 1 8,50 145,00 27,95 613,89 0,30 0,24 24,32
10 1 8,50 153,50 20,20 634,09 0,42 0,24 27,41 11 1 8,00 161,50 26,95 661,04 0,30 0,24 28,59 12 1 8,50 170,00 36,54 697,58 0,23 0,24 0,23
0,19
28,26
39
RUP Oficial - Chapisco (Equipe 1)
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Dias
Pro
du
tivi
dad
e
RUP Diária RUP Cumulativa RUP Potencial
Gráfico 18: RUP Oficial Chapisco (Equipe 1)
Tabela 14: RUP Oficial Massa Única Térreo – Equipe 2
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Hh
Diária Hh
Cum. QS
Diária QS
Cum. Diária Cum
RUP Diária ≤ RUP Cum.
RUP Pot.
Rend. da
Produt(%)
1 2 17,00 17,00 19,66 19,66 0,86 0,86 0,86 5,48
2 2 13,00 30,00 14,74 34,40 0,88 0,87 6,37
3 1 8,50 38,50 7,31 41,71 1,16 0,92 12,58
4 2 17,00 55,50 21,78 63,49 0,78 0,87 0,78 6,61
5 2 17,00 72,50 17,99 81,47 0,95 0,89 8,52
6 2 16,00 88,50 16,06 97,53 1,00 0,91
0,82
10,66
40
RUP Oficial Térreo - Massa Única (Equipe 2)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1 2 3 4 5 6
Dias
Pro
du
tivi
dad
e
RUP Diária RUP Cumulativa RUP Potencial
Gráfico 19: RUP Oficial Massa Única Térreo (Equipe 2)
Tabela 15: RUP Oficial Massa Única Térreo – Equipe 1
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Hh
Diária Hh
Cum. QS
Diária QS
Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤ RUP Cum.
RUP Pot.
Rend. da
Produt (%)
1 3 22,50 22,50 20,48 20,48 1,10 1,10 1,10 23,47 2 3 25,50 48,00 20,48 40,95 1,25 1,17 31,70 3 1 8,50 56,50 9,12 50,07 0,93 1,13 0,93 26,79 4 3 25,50 82,00 26,23 76,30 0,97 1,07 0,97 20,75 5 3 24,00 106,00 21,95 98,25 1,09 1,08 21,23 6 1 8,50 114,50 10,91 109,16 0,78 1,05 0,78 17,86 7 1 8,50 123,00 11,07 120,23 0,77 1,02 0,77 14,95 8 3 25,50 148,50 30,00 150,23 0,85 0,99 0,85 11,07 9 3 25,50 174,00 19,60 169,83 1,30 1,02 15,12 10 3 25,50 199,50 21,91 191,74 1,16 1,04 16,91 11 2 16,00 215,50 14,04 205,78 1,14 1,05
0,89
17,67
41
RUP Oficial Massa Única - Térreo(Equipe 1)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
DIAS
PR
OD
UT
IVID
AD
E
RUP Diária RUP Cumulativa RUP Potencial
Gráfico 20: RUP Oficial Massa Única Térreo (Equipe 1)
Tabela 16: RUP Oficial Massa Única 1º Pavimento (Equipe 1)
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Hh
Diária Hh
Cum. QS
Diária QS
Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤ RUP Cum.
RUP Pot.
Rend. da Produt(%)
1 3 25,50 25,50 24,39 24,39 1,05 1,05 1,05 7,78 2 3 25,50 51,00 21,03 45,42 1,21 1,12 15,77 3 3 25,50 76,50 17,64 63,06 1,45 1,21 25,07 4 3 24,00 100,50 16,99 80,04 1,41 1,26 29,45 5 3 25,50 126,00 26,20 106,24 0,97 1,19 0,97 22,27 6 2 13,00 139,00 16,35 122,59 0,80 1,13 0,80 16,90 7 3 25,50 164,50 26,31 148,90 0,97 1,10 0,97
0,97
13,90
42
RUP Oficial Massa Única - 1º Pavimento (Equipe 1)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1 2 3 4 5 6 7
Dias
Pro
du
tivi
dad
e
RUP Diária RUP Cumulativa RUP Portencial
Gráfico 21: RUP Oficial Massa Única 1º Pavimento (Equipe 1)
Tabela 17: RUP Oficial Massa Única 2º Pavimento (Equipe 1)
Eq. RUP (Hh/m2 )
Dia Of. Hh
Diária Hh
Cum. QS
Diária QS
Cum. Diária Cum.
RUP Diária ≤
RUP Cum.
RUP Pot.
Rend. da Produt.(%)
1 3 25,50 25,50 23,03 23,03 1,11 1,11 1,11 15,35
2 1 6,50 32,00 9,95 32,97 0,65 0,97 0,65 1,09
3 3 25,50 57,50 19,91 52,88 1,28 1,09 13,27
4 3 25,50 83,00 27,73 80,60 0,92 1,03 0,92 7,27
5 3 25,50 108,50 26,51 107,11 0,96 1,01 0,96 5,52
6 3 24,00 132,50 17,85 124,96 1,34 1,06 10,45
7 3 25,50 158,00 26,42 151,37 0,97 1,04 0,97
0,96
8,73
43
RUP Oficial Massa Única - 2º Pavimento (Equipe 1)
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1 2 3 4 5 6 7
Dias
Pro
du
tivi
dad
e
RUP Diária RUP Cumulativa RUP Potencial
Gráfico 22: RUP Oficial Massa Única 2º Pavimento (Equipe 1)
5.6 ANÁLISE DE RESULTADOS
De um modo geral a produtividade na execução de revestimento de
argamassa é bastante variável. A situação ideal seria encontrar a curva de
aprendizagem nos resultados obtidos, como é proposto pelo Modelo de
Fatores. Com a repetição dos serviços, os executores apresentarem uma
melhoria na produtividade, indicando que seu trabalho teve melhorias durante
toda atividade.
No caso do Chapisco (Gráfico 20), pode-se observar que a RUP Diária
tem uma grande variação, sendo a RUP Diária de 0,43 e 0,42 Hh/m² nos dias 8
e 10 respectivamente, isso ocorreu primeiramente porque foram os primeiros
dias de serviço no 2º pavimento, a equipe de execução foi alterada, o
encarregado trouxe dois oficiais que estavam em outra obra (na escola, obra
desenvolvida pela mesma construtora) para executar o chapisco no Centro
Comunitário, e no dia 10, ouve falta de areia média para produção de
argamassa, que atrasou o início das atividades.
44
De uma forma geral na execução do chapisco, observa-se uma
aprendizagem com a curva da RUP Cumulativa, existindo uma melhora do
rendimento da produtividade com o passar do tempo (começou com 58% e
terminou com 28%, aproximadamente).
Na execução da massa única no térreo, o serviço foi dividido em duas
equipes, a Equipe 1 com oficiais da Construcap, e a Equipe 2 com oficiais
terceirizados.
No gráfico 21 observa-se que a Equipe 2 não teve um desempenho
satisfatório, confirmando o que o encarregado previa, o rendimento da
produtividade da equipe caiu com o passar do tempo, o encarregado tirou a
equipe do Centro Comunitário pois não estava feliz com o serviço que eles
estavam apresentando.
Com relação à equipe 1 na execução de massa única no térreo, tiveram
um desempenho regular, não existindo uma curva de aprendizagem clara, nos
dias 9, 10, 11 tiveram um valor não esperado (aumento do rendimento da
produtividade). De acordo com a coleta de dados, os oficiais não tiveram
nenhum fator que fizessem esses valores alterarem. Comparando as equipes
de produção 1 e 2, no diz respeito à execução do pavimento térreo, não
tiveram grandes diferenças, o que faz pensar que provavelmente o
encarregado tinha algum preconceito com a equipe 2, por eles não serem
funcionários da Construcap ou um motivo pessoal, fato esse que levou a saída
da equipe 2 da execução do Centro Comunitário.
A execução da massa única no 1º Pavimento foi feita somente pela
equipe 1, observa-se no gráfico 23 que ouve um pico da produtividade no 4º
dia de trabalho, isso ocorreu devido um forte chuva que ocorreu depois do
almoço, impossibilitando a equipe de continuar o serviço com a falta de
fornecimento de argamassa, pois a central de produção se localizava fora do
Centro Comunitário. Os dias posteriores foram marcados por grande umidade
do tempo, que fez com que a produtividade também caísse, tendo em vista o
tempo necessário para sarrafeamento da argamassa aplicada na parede.
Os resultados da execução do revestimento no 2º Pavimento tem uma
grande variação como a do chapisco, porém a RUP Potencial está mais
próxima dos valores da RUP Cumulativa, o que leva a concluir que o
rendimento da produtividade no 2º Pavimento é alta, os valores variam de 1 a
15%. O valores de RUP Diária do 3º e 6º dias estão altas, como foram dias
45
normais de trabalho, a explicação para a diferença de valores está no
comportamento/ relação de cada oficial, pode ser que neste dia um executor
teve algum problema familiar, ou até problemas com o encarregado.
A tabela 18 reúne o resultado obtido para o serviço de chapisco junto
com os valores preconizados por um doa manuais de orçamento mais
utilizados no país (TCPO). O mesmo acontece com a tabela 19 quanto ao
serviço de massa única.
Tabela 18: Valor para RUP Cumulativa para o serviço de chapisco
Fonte RUP Cumulativa (Hh/m²)
Chapisco no CCO 0,24
TCPO* 0,10
*Chapisco para parede interna ou externa, empregando argamassa de cimento e areia média ou grossa sem peneirar no traço 1:3, e=5mm.
Nota-se que o valor da obra estudada está bem superior ao indicado
pelo TCPO. Possíveis explicações para tal fato podem ser:
• o TCPO orça um chapisco com espessura de 5mm, quando na
obra as espessuras de chapisco não eram controladas, podendo
ser superior a esse valor;
• os valores orçados no TCPO são para obras imobiliárias, onde
existe a repetição das paredes na maioria dos pavimentos, e
isso não ocorre nessa obra, onde as paredes são de áreas
diferentes e variam em cada pavimento.
Tabela 19: Valor para RUP Cumulativa para o serviço de massa única
Fonte RUP Cumulativa (Hh/m²)
Massa Única Térreo (equipe 2) 0,91
Massa Única Térreo (equipe 1) 1,05
Massa Única 1º Pav. (equipe 1) 1,10
Massa Única 2º Pav. (equipe 1) 1,04
TCPO* 0,60
*Emboço para parede interna, acabamento liso, empregando argamassa de cimento e areia média ou grossa sem peneirar no traço 1:3, e=20mm.
46
Em nenhum dos pavimentos ouve um desempenho satisfatório,
comparado ao preconizado pelo TCPO. Nota-se uma tendência dos valores
reais observados serem maiores que os orçados pelo manual usualmente
utilizado no mercado. No entanto, além de ser uma obra não usual no
mercado, os valores das espessuras do revestimento eram maiores que os 20
mm. Além disso, no manual é orçado o emboço como base para posterior
reboco, e nessa obra tem-se a execução de massa única com maiores
preocupações com o acabamento para o recebimento do acabamento.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como considerações finais pode-se dizer que há muito que se estudar
ainda quanto a produtividade da mão-de-obra na execução de revestimentos
de argamassa. Tal estudo é importante, seja como instrumento para a melhoria
da gestão ou como parâmetro para auxiliar o desenvolvimento tecnológico do
serviço. Além de complementar o banco de dados da empresa melhorando os
cálculos de orçamento para essa atividade, baseada nas características da
obra e ambiente de trabalho, pois más estimativas podem levar a perdas
financeiras quando são usados dados que são inferiores aos reais.
Um banco de dados mais elaborado pode facilitar também o
relacionamento entre construtora e subempreiteiro, negociando e definindo
parâmetros do serviço, uma vez que os problemas ocorrem durante a
realização do serviço, e muitas vezes não estão previstos em contrato.
O estudo realizado nesta obra poderia ser feito em várias obras desta
construtora visando sempre a melhoria contínua do serviço estudado, e a
qualidade nos resultados obtidos.
47
7. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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de Tecnologia das Argamassas, 1º, Goiânia, 1995. Artigo técnico.
51
Apêndice B: Paredes do 1º pavimento
Apêndice C: Paredes do 2º pavimento
Apêndice D: Planilhas utilizadas para coleta de dados e cálculo das RUP´s