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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
LUZIA KELLY ALVES DA SILVA NASCIMENTO
Ensino do Processo de Enfermagem: visão dos discentes de graduação de Natal/RN
NATAL/RN 2011
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LUZIA KELLY ALVES DA SILVA NASCIMENTO
Ensino do Processo de Enfermagem: visão dos discentes de graduação de Natal/RN
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (Mestrado) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Tecnológico em Saúde e Enfermagem Grupo de Pesquisa: Laboratório Investigação do Cuidado, Segurança, Tecnologia em Saúde e Enfermagem. Orientadora: Profª. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
NATAL-RN
2011
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LUZIA KELLY ALVES DA SILVA NASCIMENTO
Ensino do Processo de Enfermagem: visão dos discentes de graduação de Natal/RN
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção de título de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em 13 de dezembro de 2011, pela banca examinadora:
_______________________________________________________________ Profa. Dra.Francis Solange Vieira Tourinho
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Miriam Lima da Nóbrega
Avaliadora Externa
Departamento de Enfermagem - UFPB
_______________________________________________________________
Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos
Avaliadora Interna
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Antônio Ferreira Júnior
Avaliador Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
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DEDICATÓRIA
Aos meus queridos e amados pais, João Marcelino da Silva e Maria das
Dores Alves da Silva (in memoriam), por seus ensinamentos e apoio nas diversas
etapas da minha vida, em especial pela conquista do mestrado.
Mãe, muito obrigada, sei que de onde a senhora está torce por mim e me
protege. Saudades eternas!
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AGRADECIMENTO ESPECIAL
À minha professora e orientadora, Francis Solange Vieira Tourinho, por fazer
parte desse meu sonho com sua inovada contribuição neste Departamento e na
Enfermagem com novas estratégias de ensino, em busca de estimular sempre a
construção do saber baseado em muita Ciência, Filosofia, Inovação e Tecnologia.
Agradeço pelo apoio, estímulo e paciência dispendidos no decorrer desse
estudo, principalmente por respeitar minhas limitações e acreditar no meu potencial.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me dado perseverança e permitido meu ingresso no curso de
Mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, um grande sonho
realizado.
Ao meu querido esposo, Adriano Costa por sua eterna paciência, dedicação,
carinho e amor no decorrer de nossas vidas e principalmente no trajeto que percorri
em busca do mestrado, desde o sonho de ser aprovada até sua conclusão, muito
obrigada, te amo muito!
Aos meus irmãos, Aida, Bely, Carlos, Dailto, Edna e Elba por me estimularem a
estudar, buscar sempre o melhor. Meus espelhos, de quem tenho muito orgulho!
Aos meus demais familiares, sogro, sogra, cunhados, cunhadas, tios, tias, primos,
primas e sobrinhos por torcerem pelo meu sucesso pessoal, acadêmico e
profissional.
À minha turma de mestrado, por ter dividido saberes, experiências profissionais e
pessoais, anseios, medos e pelos momentos de descontração e muitas amizades
que foram formadas.
Às amigas, Ana Dulce, Cecília, Mabel, Kallyane, Sâmara e Suênia colegas que se
tornaram amigas de mestrado, amizades construídas embasadas em conhecimentos
que foram compartilhados, estresse que passamos juntas e momentos de lazer que
tivemos e demos muitas risadas. Obrigada por tudo que vocês me proporcionaram e
espero que mesmo longe umas das outras, nossos corações estejam sempre em
sintonia.
Aos professores da Graduação e da Pós-Graduação do Departamento de
Enfermagem da UFRN, por colocarem em nossas mãos as ferramentas com as
quais abriremos novos horizontes, rumo à satisfação plena dos ideais humanos e
profissionais.
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Às professoras, Ana Luisa B. de C. Lira, Viviane Euzébia P. Santos, Maria Miriam L.
da Nóbrega pelas pertinentes contribuições no exame de qualificação.
Aos funcionários do Departamento de Enfermagem da UFRN que estão sempre
prontos a nos ajudar.
Aos integrantes do Grupo de Pesquisa Laboratório de Investigação do
Cuidado, Segurança, Tecnologia em Saúde e Enfermagem por terem
acompanhado e torcido pela conclusão desse estudo, em especial as professoras,
Viviane Euzébia Pereira Santos e Maria Teresa Cícero Laganá, e as bolsistas
Camila, Priscila, Joyce, Liva e Stephanie.
Ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN) pela aprovação desse estudo.
Às direções das Instituições de Ensino de Graduação em Enfermagem do
município de Natal, pela autorização para a realização da pesquisa.
Aos meus amigos, enfermeiros da Liga Contra o Câncer, que me acompanharam
e torceram pela conclusão desse estudo, principalmente a minha gerente Karina
pelo apoio e compreensão na fase final do estudo.
Aos discentes de enfermagem, por terem aceitado participar desse estudo.
Aos professores, Marcos Antônio Ferreira Júnior, Maria Miriam Lima da Nóbrega, e
Viviane Euzébia P. Santos pelo tempo e atenção dispensados na análise deste
trabalho para a participação na banca de defesa. Agradeço pelas importantes
contribuições para conclusão dessa dissertação.
A todos aqueles que, de alguma forma direta ou indiretamente contribuíram para a
realização desse trabalho.
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RESUMO
NASCIMENTO, Luzia Kelly Alves da Silva. Ensino do Processo de Enfermagem: visão dos discentes de graduação de Natal/RN. 2011. 105fls. Dissertação (mestrado) Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal-RN, 2011. O processo de enfermagem (PE) é o meio sistematizado de oferecer cuidados humanizados com o objetivo de atingir os resultados esperados. É crescente a preocupação das instituições de saúde e de ensino em elaborar estratégias de implementação do mesmo. O objetivo desta pesquisa foi conhecer a visão dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem de Natal/RN, sobre o ensino do PE. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório do tipo quanti-qualitativo, realizado em cinco instituições de ensino com o curso de graduação em enfermagem do município de Natal- RN em 2011. A amostra foi composta de 48 discentes dos penúltimos e últimos períodos dos cursos de enfermagem. A coleta dos dados foi realizada por meio de questionário “on line” com perguntas abertas e fechadas via SurveyMonkey. Foi utilizada para os dados quantitativos a estatística descritiva através do programa Microsoft Office Excel e para os dados qualitativos, a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados apontaram um predomínio de discentes do sexo feminino (81,25%) com idade entre 21- 39 anos (75,00%) e no último período do curso (62,50%). Quanto à opinião dos discentes sobre o PE surgiram duas categorias: 1)Processo de Enfermagem como método fundamentado em conhecimento científico e estabelecido por etapas; 2)Qualidade da Assistência de Enfermagem, com duas subcategorias: Processo de Enfermagem como Prática de Enfermagem e Processo de Enfermagem como instrumento de melhoria da qualidade da assistência e promoção do bem-estar. Em relação ao ensino do PE os discentes (45,83%) disseram que o conhecimento do docente sobre o tema é bom; 81,25% relataram que os professores utilizam uma metodologia de ensino tradicional com componentes problematizadores e 45,83% respondeu que é abordado em disciplinas específicas de forma isolada a partir do eixo profissional. A fase do PE que os discentes de enfermagem têm mais dificuldades de apreensão é a implementação, sendo citada 22 vezes (29,70%). Em relação às dificuldades dos discentes, nos campos de estágio supervisionados, em aplicar o PE foi relatado por 83,50% que os entraves estavam relacionados a não implementação na prática, sobrecarga de trabalho e falta de crença do enfermeiro no PE. As estratégias de integração docente-assistenciais descritas quanto aos campos de estágio foram: a capacitação dos enfermeiros para que possam contribuir com a Universidade na implementação no serviço e ensino; e a necessidade das universidades focarem, de forma contínua no decorrer do curso, o PE com o envolvimento e estímulo dos docentes nesse processo. Esses resultados mostram que o PE para os discentes de enfermagem é uma metodologia de trabalho da profissão que precisa ser implementada efetivamente na realidade prática para que o seu ensino se torne efetivo e os futuros profissionais possam trazer contribuições reais na realização de ações sistematizadas com vistas a melhoria da qualidade da assistência e das ações da enfermagem. Espera-se que esse estudo possa contribuir em trazer algumas estratégias para facilitar a integração entre teoria e prática no ensino do PE e estimular uma discussão sobre o tema nas Escolas de Enfermagem onde a pesquisa foi realizada junto aos coordenadores, docentes e discentes. Palavras-chaves: Enfermagem. Processos de Enfermagem. Educação em Enfermagem
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ABSTRACT
NASCIMENTO, Luzia Kelly Alves da Silva. Nursing Teaching Process: student’s vision of graduation of Natal/RN. 2011. 105fls. Thesis (master’s degree) Nursing Posgraduation Program. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal-RN, 2011. The nursing process (NP) it’s the systematized way of offering humanized care with the objective of reaching the expected results. The concern of the health and education institutions of elaborating implementation strategies of it is growing. The objective of this research was to know the vision of the senior students of the nursing graduation courses from Natal/RN, about the teaching of the NP. It’s about a descriptive and exploratory study of the qualitative and quantitative type, done in five teaching institutions of the undergraduate nursing course of the municipality of Natal- RN in 2011. The research was composed by 48 students of the last 2 years of the nursing course. The gathering of the data was done through an online survey with open and closed questions via SurveyMonkey. For the quantitative data it was used the descriptive statistics from Microsoft Office Excel and for the qualitative data the Content Analysis of Bardin. The results pointed a predominance of female students (81,25%) with an age between 21- 39 years old (75,00%) and in the last year of the course (62,50%). As the opinion of the students about the NP two categories emerged: 1) Nursing Process as grounded method in scientific knowledge and established in two stages; 2) Nursing Assistance Quality, with two subcategories: Nursing Process as Nursing Practice and Nursing Process as instrument of improvement of the aid quality and promotion of well-being. In relation to the tuition of the NP the students (45,83%) said that the knowledge on the subject of the instructor was good; 81,25% reported that the professors use a traditional teaching methodology with the problem solving components and 45,83% answered that is addressed in specific disciplines in an isolated way starting from the professional line. The phase of NP that the nursing students have more difficulties of learning and implementing, being mentioned 22 times (29,70%). In relation to the student’s difficulties, in the fields of supervised internships, in applying the NP it was stated for 83,50% that the barriers were related to the non implementation of the practice, overwork and the lack of trust of the nurse in the NP. The teaching-care strategies described as the internship fields were: the training of nurses to be able to contribute with the University in the implementation of the service and teaching; and the need of the universities to focus, continuously throughout the course, the NP with the involvement and incentive of the instructors in this process. These results show that the NP for the nursing students is a work methodology of the profession that needs to be implemented effectively in the practical reality for its teaching to turn effective and for the future professionals to be able to bring real contributions in the achievement of systematized actions trying to improve the assistance quality and the nursing actions. It is expected that this study could help bringing some strategies to facilitate the merging between theory and practice in teaching the NP and stimulate a discussion about the topic at the Nursing Schools where the research was held together with the coordinators, instructors and students. Key Words: Nursing. Nursing Process. Nursing Education
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Fases do Processo de Enfermagem, nas quais os discentes em
estudo têm dificuldades de apreensão. Natal/RN, 2011 ........................ 64
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Dados sociodemográficos dos discentes em estudo. Natal/RN, 2011 ...... 49
Tabela 2 Dados acadêmicos dos discentes em estudo. Natal/RN, 2011 ................. 51
Tabela 3 Opinião dos discentes em estudo quanto ao ensino do PE em relação
ao conhecimento e a metodologia dos docentes. Natal/RN, 2011 ........... 60
Tabela 4 Opinião dos discentes em estudo quanto às dificuldades nos campos
de estágio em aplicar o PE. Natal/RN, 2011 ............................................ 66
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEn: Associação Brasileira de Enfermagem
CEP- UFRN: Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte
CES: Câmara de Educação Superior
CIPE: Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem
CIPESC: Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde
Coletiva
COFEN: Conselho Federal de Enfermagem
CNE: Conselho Nacional de Educação
DCN: Diretrizes Curriculares Nacionais
LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MAE: Metodologia da Assistência de Enfermagem
MEC: Ministério da Educação
NANDA - I: North American Nurses Diagnosis Association- International
NIC: Nursing Interventions Classification
NOC: Nursing Outcomes Classification
PE: Processo de Enfermagem
PP: Projeto Pedagógico
SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem
SUS: Sistema Único de Saúde
TCC: Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
USP: Universidade de São Paulo
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 22
2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 23
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 23
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 24
3.1 O Processo de Enfermagem: aspectos históricos, conceituais, etapas e
regulamentação ....................................................................................................... 25
3.2 Diretrizes Curriculares Nacionais, Projetos Pedagógicos e aspectos legais
para o ensino na Graduação em Enfermagem ......................................................... 31
3.3 Crenças, valores e aspectos culturais que permeiam o processo de
enfermagem ............................................................................................................. 34
3.4 O Envolvimento do ensino de graduação com o processo de enfermagem ....... 37
4 MÉTODO .............................................................................................................. 40
4.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................ 41
4.2 Local da pesquisa .............................................................................................. 41
4.3 População e amostra ......................................................................................... 42
4.4 Técnica de coleta de dados ............................................................................... 43
4.4.1 Aspectos Éticos ............................................................................................... 43
4.4.2 Procedimentos de coleta de dados ................................................................. 44
4.5 Procedimentos para tratamento e análise dos dados ......................................... 46
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 48
5.1 Caracterizações sociodemográficas e acadêmicas dos discentes de
enfermagem ............................................................................................................. 49
5.2 Opinião dos discentes de enfermagem sobre o processo de enfermagem ........ 52
5.2.1 Processo de enfermagem como método fundamentado em conhecimento
científico e estabelecido por etapas ........................................................................ 52
5.2.2 Qualidade da Assistência de Enfermagem ...................................................... 54
5.2.2.1 Processo de Enfermagem como prática de enfermagem ............................. 55
5.2.2.2 Processo de Enfermagem como instrumento de melhoria da qualidade
da assistência e promoção do bem-estar ................................................................. 58
5.3 Opinião dos discentes de enfermagem sobre o ensino do processo de
enfermagem ............................................................................................................. 60
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5.3.1 Conhecimento e a metodologia utilizada pelos docentes no ensino do
processo de enfermagem......................................................................................... 60
5.3.2 Processo de Enfermagem nas disciplinas do curso ........................................ 62
5.3.3 Identificação das fases do processo de enfermagem que os discentes de
enfermagem têm dificuldades de apreensão. ........................................................... 63
5.3.4 Dificuldades dos discentes de enfermagem nos campos de estágio
supervisionados em aplicar o processo de enfermagem .......................................... 66
5.3.4.1 Aspectos da não implementação do processo de enfermagem .................... 67
5.4 Estratégias da academia e dos serviços de saúde para facilitar a apreensão
e aplicação do processo de enfermagem na prática profissional. ............................ 69
5.4.1 Estratégias de integração docente-assistencial. .............................................. 69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 75
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 80
APÊNDICES ............................................................................................................ 89
ANEXOS .................................................................................................................. 104
15
INTRODUÇÃO
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1. INTRODUÇÃO
A prática de enfermagem vem ao longo de sua história passou por mudanças
e evoluções, o que levou os profissionais a fazerem questionamentos e reflexões
sobre sua situação. A partir de então, construiu-se um método científico, que
redefiniu o papel do enfermeiro para um cuidado individualizado e sistematizado,
chamado de Processo de Enfermagem (PE), que contribuiu e contribui sobremaneira
na organização das ações de enfermagem.
Desde que surgiu, o processo de enfermagem preocupa-se com a melhoria
da qualidade da assistência prestada. Preocupação essa segundo Tannure e
Pinheira (2010) suscitada pioneiramente na metade do século passado (1820-1910),
com Florence Nightingale que defendia a idéia de que a enfermagem requeria de
conhecimentos distintos do médico, idealizou uma prática apoiada em teorias,
reflexões e questionamentos com enfoque nas pessoas como seres sociais e não
apenas na saúde das mesmas.
No Brasil, a introdução da sistematização das ações de enfermagem ocorreu
a partir da publicação da obra “Processo de Enfermagem” de Wanda de Aguiar
Horta, na década de 1970. A metodologia de trabalho foi fundamentada num método
científico, em que as ações são sistematizadas e inter-relacionadas direcionadas a
assistência ao ser humano, denominado processo de enfermagem (HORTA, 1979).
Para Alfaro-Lefreve (2005), o processo de enfermagem é o meio
sistematizado de oferecer cuidados humanizados para atingir resultados esperados.
É sistemático, pois segue cinco passos que ocorrem de forma concomitante e inter-
relacionados (investigação, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação);
e é humanizado, na medida em que, a prestação dos cuidados é baseada nas
necesidades do paciente.
Smeltzer e Bare (2002) consideram o processo de enfermagem como a
essência da enfermagem, onde identifica e resolve os problemas de saúde.
Na literatura evidenciam-se outras denominações para o processo de
enfermagem que são utilizadas como sinônimos, como Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), Sistema de Assistência de Enfermagem e
Metodologia da Assistência de Enfermagem (MAE). Ressalta-se que estes termos
referem-se a maneiras de organização da assistência tornando possível a
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operacionalização do processo de enfermagem, mas conceitualmente não são
sinônimos, o que leva a aplicação conflituosa desses conceitos na literatura
(DELL’ACQUA; MIYADAHIRA, 2002).
Neste Contexto, Fuly, Leite e Lima (2008) fizeram um estudo onde
analisaram a produção bibliográfica sobre sistematização da assistência de
enfermagem com o intuito de discutir conceitos ligados ao tema. Descreveram que
existem três correntes de pensamento sobre o emprego dos conceitos nas
literaturas consultadas. A primeira corrente reconhece que os termos Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE), Metodologia da Assistência de Enfermagem
(MAE) e Processo de Enfermagem (PE) como termos distintos. A segunda corrente
reconhece que Processo de Enfermagem e Metodologia da Assistência de
Enfermagem (MAE) como sinônimos. E a terceira corrente afirma que PE, SAE e
MAE são sinônimos. Afirmam também que há a necessidade de padronização da
linguagem utilizada em relação a SAE para contribuir no fortalecimento da
enfermagem.
Tannure e Pinheiro (2010) definem sistematização da assistência de
enfermagem como um importante instrumento norteador da prática, tendo em vista
que, sua implementação no processo de enfermagem como modelo assistencial
refletirá na melhoria da qualidade dos cuidados prestados e dá autonomia e
reconhecimento à profissão.
Para que isso ocorra deve ser fundamentado em modelos conceituais ou
teorias de enfermagem que se adequem a cada realidade de cuidado. O uso de
bases teórico-filosóficas no processo de enfermagem legitima o conhecimento, de
forma a melhor definir o trabalho e estabelecer o processo assistencial e gerencial
em todos os níveis de complexidade, o que pode promover o maior impacto sobre a
prática (CIANCIARULLO et. al., 2008).
Para Braga e Silva (2011) a enfermagem, através do uso e desenvolvimento
de teorias, passa a ser reconhecida como disciplina na área de saúde, e é um
importante instrumento a ser aplicado na prática, na academia e na pesquisa.
A implementação do PE como método científico de trabalho dá condições
para a continuidade e a integralidade do cuidado holístico, proporciona a valorização
e satisfação do enfermeiro e das demais categorias, solidifica o trabalho em equipe
e promove melhoria da qualidade na assistência.
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Neste contexto, é exigido dos profissionais capacidades técnicas,
intelectuais, cognitivas e interpessoais na execução do processo de enfermagem, é
na academia ao longo da formação teórico-filosófica e prática que essas habilidades
começam a ser desenvolvidas (LEADEBAL et.al., 2010).
Para Backes et. al. (2005) a implementação de ações sistematizadas em
instituições de saúde tem enfrentado paradigmas estruturais, culturais e políticos, e
tem que desmistificar crenças, desvendar temores e resistências intrínsecas ao
processo de mudança. É um processo cultural de início lento, dinâmico e gradual,
pressupõe-se que a superação desses problemas, promoverá uma mudança no
modo de ser e de compreender o papel do enfermeiro na prática assistencial.
A Resolução do Conselho Federal de enfermagem (COFEN) - 358/2009, de
15 de outubro de 2009, dispõe sobre a Sistematização da Assistência de
Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes
públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem e dá
outras providências (BRASIL, 2009). Tendo em vista a obrigatoriedade do
cumprimento da resolução, cresce a preocupação dos enfermeiros e das instituições
públicas e privadas de saúde brasileiras em adotar o quanto antes uma metodologia
sistematizada na prestação dos cuidados.
É importante ressaltar que para o processo de implantação da SAE no
Sistema Único de Saúde (SUS) nos níveis da atenção básica, média e alta
complexidade e no âmbito particular, deve acontecer em parceria com a diretoria
das referidas instituições, para que haja investimentos em treinamentos,
aperfeiçoamentos e motivação da equipe de enfermagem, afim de que bons
resultados sejam alcançados.
Na atenção básica no SUS para Saito (2008) as ações e práticas de saúde
realizadas por meio da estratégia de saúde da família (modelo de reorganização)
requerem equipes de saúde competentes para atuar nessa nova realidade.
Nesse quadro, o processo de enfermagem enquadra-se em corroboração
com a estratégia de saúde da família no sentido da prestação de cuidados por
profissionais competentes, baseados nas necessidades reais do usuário e na busca
da resolutividade dos problemas detectados. O enfermeiro como líder da equipe de
saúde é sujeito ativo no processo de enfermagem, atua de forma organizada na
promoção, proteção e recuperação da saúde do cliente em busca desta forma a
integralidade da atenção.
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Acrescenta Backes et. al. (2005) que o processo de enfermagem em
instituições de saúde confere qualificação do profissional, individualização e
humanização da assistência ao paciente. E como processo dinamizador e otimizador
da assistência, promove a continuidade do cuidado, visibilidade da profissão,
fornece dados para pesquisa, controle dos gastos institucionais e reforça a
responsabilidade profissional do enfermeiro na sua execução.
Tem-se notado a desarticulação da teoria com a prática (ausência de
referencial teórico e metodologia adequados) na operacionalização do PE e, até
mesmo, a falta de implementação do mesmo como prática de enfermagem; torna-se
dessa forma, um grande desafio, principalmente, para as lideranças dispostas a
desencadear essa prática.
Takahashi et. al. (2008) concluíram em seu estudo que apesar da maioria dos
enfermeiros afirmar ter estudado e realizado as fases do processo na graduação,
tinham dificuldades na prática. Mostraram com essa afirmação que há deficiências
no preparo teórico e prático do enfermeiro para executar a sistematização da
assistência de enfermagem.
Acredita-se que o uso do método científico sistematizado que objetiva o
cuidado individualizado, com foco na pessoa e não na doença, através da relação
interativa do enfermeiro-cliente/família/comunidade, é uma forma de garantir
reconhecimento profissional, racionalização e humanização da assistência. Destaca-
se a importância do ensino do processo de enfermagem na academia como forma
de proporcionar e estimular o desenvolvimento de competências e habilidades de
aplicação na prática de um método científico de organização das ações.
Diante do exposto a necessidade da realização desse estudo surgiu como
uma preocupação e inquietude como enfermeira da educação permanente de uma
instituição de saúde e docente da graduação de enfermagem. Tendo
responsabilidades na formação de futuros profissionais e, visto que, o ensino
oferece subsídios para a prática, surgiu o interesse em estudar o ensino do processo
de enfermagem na graduação.
Percebo na prática profissional a desarticulação teórico-prática no processo
de enfermagem, tanto pelos enfermeiros formados como pelos alunos da graduação.
Fato este apontado nos estudos científicos como resultado de falta de
conhecimento dos enfermeiros sobre o tema, evidenciado por lacunas existentes no
ensino. A deficiência de conhecimento durante o processo de formação reflete na
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prática profissional, evidenciada nas dificuldades de implementação do processo de
enfermagem e, até a não adesão ao mesmo (TAKAHASHI et. al., 2008).
Dell’Acqua e Miyadahira (2002) e Hermida e Araújo (2006) apontam para que
haja uma maior integração docente-assistencial, ou seja, da academia com os
serviços de saúde e estímulo à adesão ao processo de enfermagem pelos
enfermeiros dos campos de estágio, como uma das estratégias de aproximação da
teoria com a prática.
Nesse contexto surgiram diversas inquietações que merecem reflexões: Estão
os enfermeiros sendo preparados na academia para inovar e assumir as
responsabilidades legais de sua prática? O ensino do processo de enfermagem está
contextualizado com a realidade vivenciada pela enfermagem na prática cotidiana?
Qual o significado do processo de enfermagem para os graduandos? Qual o eixo
norteador no ensino do processo de enfermagem na percepção dos discentes?
Sabem os discentes o diferencial do trabalho do enfermeiro na utilização do
processo de enfermagem? Quais as dificuldades de executar o processo de
enfermagem nos estágios curriculares?
A integração ensino-assistência com relação ao processo de enfermagem tem
sido um grande desafio nas últimas décadas. Na assistência, a implementação do
processo de enfermagem esbarra em diversas dificuldades (organizacionais,
estruturais, burocráticas etc.), tornando-o muitas vezes um método desestimulador e
dificultador da prática. Na academia, a distância entre pensar e o fazer emerge nos
campos de estágio dando indicação de que o aluno não recebeu o devido preparo
para a aplicação do processo no cotidiano vivenciado.
Fato este tem sido motivo de reflexão dentro da academia. É grande a
responsabilidade dos docentes na formação de profissionais como atores ativos que
entendam e assumam suas responsabilidades e fazer com que os mesmos reflitam
que a valorização profissional se dá pela sua postura no enfrentamento dos
problemas da prática.
Destarte, é com a interlocução dos conhecimentos da prática com os
científicos na execução do processo de enfermagem que dará suporte para o
desenvolvimento de um trabalho legítimo, eficiente e sistemático o que culminará em
uma prática com resultados positivos e com maior capacidade de enfrentamento das
adversidades do cotidiano das instituições de saúde e de ensino.
21
Desta forma, sentiu-se a necessidade de estudar o ensino do processo de
enfermagem com destaque para a importância de saber e refletir sobre seus
entraves com os discentes, de forma a promover reflexões para reavaliação do
mesmo no campo teórico e reorganização das atividades práticas nos cursos de
graduação de enfermagem.
A temática deste estudo é relevante, pois levantará uma ampla discussão
sobre o tema nas Escolas de Enfermagem e contribuir para suscitar sugestões para
implementação de medidas, junto às instituições de ensino, de preenchimento das
lacunas existentes no ensino do processo de enfermagem. Contribuição essa que
em longo prazo poderá ser refletida na prática profissional, com o oferecimento de
subsídios para a implementação de um processo de enfermagem articulado com a
teoria e prática, cooperar para a definição clara das atividades do enfermeiro, o que
poderá trazer a melhoria da qualidade da assistência e consequente
reconhecimento, autonomia e satisfação profissional. E tendo em vista a importância
do tema para o ensino e assistência, o estudo contribuirá com a comunidade
científica e ajudará na aquisição do conhecimento técnico-científico com respeito à
identificação do contexto em que o ensino do processo de enfermagem está
inserido, na visão dos educandos de graduação de enfermagem do município de
Natal. As reflexões da pesquisa oferecerão subsídios para aprofundamento do tema
em estudo, contribuir para outras investigações e fortalecer os avanços do processo
ensino-aprendizagem, e, consequentemente da nossa prática imprimindo
cientificismo para a profissão.
Partindo desse contexto, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual a
opinião do discente quanto ao ensino do processo de enfermagem em sua formação
acadêmica?
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OBJETIVOS
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2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL:
Conhecer a visão dos discentes do último ano dos cursos de
graduação em enfermagem no município de Natal/RN sobre o ensino do Processo
de Enfermagem.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Identificar a opinião dos discentes sobre o conhecimento dos docentes
em relação ao ensino do processo de enfermagem e a metodologia de ensino
utilizada.
Descrever como o processo de enfermagem tem emergido nas
disciplinas do curso.
Identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do
processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares.
Investigar a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da
assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
24
REVISÃO DE LITERATURA
25
3. REVISÃO DE LITERATURA
Na primeira parte da revisão foi feito um breve histórico da evolução do
processo de enfermagem, definiram-se conceitos, etapas e sua regulamentação. A
seguir, foi feito uma abordagem das Diretrizes Curriculares Nacionais, do Projeto
Pedagógico de curso, nos aspectos legais para o ensino na Graduação em
Enfermagem. Foram contemplados, também, aspectos relativos às crenças, valores
e aspectos culturais que permeiam a implementação do PE. Por último, foram
abordados aspectos relativos ao envolvimento do ensino com o processo de
enfermagem, as dificuldades, incompatibilidades e dicotomias teórico-práticas no
ensino do processo de enfermagem nas instituições de formação superior.
3.1. O Processo de Enfermagem: aspectos históricos, conceituais, etapas e
regulamentação.
Por várias décadas a Enfermagem foi galgada pelo modelo biomédico
tradicionalmente aceito, no qual priorizava as doenças em detrimento das pessoas.
Nasce na segunda metade do século XIX a preocupação com relação à necessidade
de desenvolvimento pela enfermagem de conhecimentos teórico-científicos próprios
e distintos daqueles da medicina direcionado ao enfoque holístico do indivíduo
(NIGHTINGALE, 1989).
Para Souza (1984) apud Tannure e Pinheiro (2010), mesmo com a influência
de Florence, as ações de enfermagem por muito tempo foram voltadas para a
doença e com ações tecnicistas de forma não organizada e baseadas na crença do
modelo biomédico como método para o cuidar, através das ações direcionadas para
a doença e não para o indivíduo. A enfermagem, desta forma, permanece nesse
modelo por várias décadas.
As mudanças ocorridas na sociedade com a segunda guerra mundial, a
revolução feminista, as evoluções tecnológicas, educacionais, sociais e políticas
levaram os enfermeiros a questionar e refletir sobre suas ações práticas
(CIANCIARULLO et. al., 2008; TANNURE; PINHEIRO, 2010).
Confirma Souza (1984) apud Tannure e Pinheiro (2010), que surge assim a
necessidade de a enfermagem refletir sobre sua atividade profissional. Viu-se a
necessidade de construção de um corpo de conhecimentos específicos e
26
organizados. A melhoria na educação foi a estratégia pensada para a melhoria do
preparo dos profissionais para a promoção da melhoria da qualidade dos cuidados
oferecidos a comunidade.
Por volta da década de 1950 é dada a ênfase ao cuidado holístico, em que a
assistência de a enfermagem passa a ser voltada para as necessidades individuais
das pessoas, enfocando o ser humano e não somente a doença. Foi um período
marcado pela busca de identidade própria, por meio do desenvolvimento de
conhecimentos específicos e organizados para a enfermagem e discussões acerca
das necessidades e entraves da profissão (TANNURE; PINHEIRO, 2010).
Entendeu-se nesse contexto, por volta da década de 1960 e 1970, que a
construção de conhecimentos específicos se realizaria por meio de elaboração de
teorias ou modelos conceituais próprios, através da relação dos conceitos centrais
(seres humanos, o ambiente, a saúde e a enfermagem) em sua maioria
(CIANCIARULLO et. al., 2008).
As teorias compreendem um conjunto de conceitos e pressupostos,
relacionados entre si, com abrangência no campo da prática, do ensino e da
pesquisa. Tais teorias referem-se ao saber-fazer, fornece bases para prática o que
traz autonomia e identidade a profissão (LEOPARDI, 2006).
George (2000) afirma que teoria é um conjunto de conceitos inter-
relacionados, definições e proposições sistemáticas de ver os fatos/eventos pela
especificação das relações entre as variáveis.
O grande desafio da enfermagem contemporânea é a aproximação das
teorias de enfermagem com a prática no intuito de legitimar o conhecimento, de
forma a melhor definir o trabalho e estabelecer o processo assistencial e gerencial
em todos os níveis de complexidade, para promover o maior impacto sobre a
prática. Para Garcia e Nóbrega (2010) a escolha de uma teoria de enfermagem para
guiar a prática, não é fácil, é sabido que requer conhecimentos destas e dos
fenômenos das situações clínicas do indivíduo ou da comunidade a quem se presta
o cuidar.
No Brasil, na segunda metade da década de 1960, a enfermeira Wanda de
Aguiar Horta foi a pioneira em introduzir a teoria para a profissão. A Teoria das
Necessidades Humanas Básicas trouxe contribuição à prática assistencial de
enfermagem, onde propôs um referencial para uma assistência sistematizada, que
vislumbrou uma nova perspectiva para a Enfermagem (HORTA, 1979).
27
Com a expansão do conhecimento através das pesquisas na década de 1980
e 1990 as teorias passaram a avançar e serem mais utilizadas para subsidiar a
prática, com a criação um método científico específico e sistemático para o fazer do
enfermeiro, o processo de enfermagem (AMANTE; ROSSETTO; SCHNEIDER,
2009).
Ainda nessas décadas houve um importante avanço na metodologia da
assistência de enfermagem, que foi o desenvolvimento da taxonomia da North
American Nurses Diagnosis Association International (NANDA-I) e a Classificação
Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE), dentre outras. Destaca-se o
empenho da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) para o desenvolvimento
e a validação da Classificação Internacional da Prática de Enfermagem em Saúde
Coletiva (CIPESC), por ser uma taxonomia com contribuição brasileira para atender
às demandas da realidade do país na área da saúde coletiva, mais especificamente
(KLETEMBERG et. al., 2010).
O termo Processo de Enfermagem aparece pela primeira vez em 1955 em
uma conferência onde Linda Hall afirmou que a “Enfermagem é um processo”. E na
literatura surge em 1961 com Ida Orlando, com a perspectiva de sistematizar a
assistência de enfermagem com enfoque a relação enfermeiro-cliente e suas
respostas com vistas ao cuidado com qualidade (CAMPEDELLI, 1989).
Ainda, na década de 1950, o processo de enfermagem como um método
sistematizado, compreendeu três etapas: histórico, planejamento e evolução. Tal
processo baseava-se no método da observação e mensuração para reunião e
análise de dados. Nesse período essas metodologias foram inseridas como dentro
do referencial conceitual dos currículos de enfermagem no mundo. (DOENGES;
MOORHOUSE; GEISSLER, 2003 apud SILVA, 2006).
Para Tannure e Pinheiro (2010) e Garcia e Nóbrega (2000) o processo de
enfermagem é um método científico aplicado para se implementar na prática os
conceitos de uma teoria de enfermagem.
Ledesma-Delgado e Mendes (2009) afirmam que o processo de enfermagem
é uma metodologia que estimula o pensamento crítico e a criatividade na resolução
de problemas da realidade prática, que aproxima o trabalho de enfermagem nos
âmbitos atenção à saúde, da educação e da pesquisa.
O processo de enfermagem é a ferramenta do enfermeiro para pensar sobre
o cuidado de uma forma organizada e sistemática. É a essência da enfermagem que
28
estimula o pensamento crítico por ser intencional, organizado e sistemático onde
cada etapa tem um objetivo específico. Ser humanístico pelo enfoque holístico do
ser humano pois leva em conta o corpo, mente e o espírito; ser cíclico e dinâmico,
pois suas etapas se interrelacionam. Ser focalizado em resultados, o melhor
desfecho de forma mais eficiente e efetiva; ser pró-ativo no sentido de prevenção de
problemas com o controle dos fatores de risco. Ser baseado em evidências, onde as
decisões e julgamentos são determinadas pelos melhores achados. Ser intuitivo e
lógico onde as evidências apoiam a decisão. Ser reflexivo, criativo e direcionado
para a melhoria, sendo a avaliação constante e a reflexão importante na melhoria
dos cuidados prestados (ALFARO-LEFREVE, 2010).
É operacionalizado por etapas que se inter-relacionam, são interdependentes
e acontecem concomitantemente. Nos dias atuais, baseando-se na Resolução
COFEN-358/2009, o processo de enfermagem organiza-se em cinco etapas: a
coleta de dados ou histórico de enfermagem, o diagnóstico de enfermagem, o
planejamento de enfermagem, a implementação e a avaliação de enfermagem.
A primeira etapa é a investigação (anamnese e exame físico) ou coleta de
dados (ou histórico de enfermagem), em que ocorre a coleta de dados sobre o
estado de saúde do indivíduo, família ou comunidade e suas respostas através do
histórico de enfermagem. Tem o objetivo de identificar as necessidades, problemas,
preocupações e respostas humanas. Além de monitorar evidências de problemas de
saúde potenciais ou reais e fatores de risco que possam influenciar os problemas de
saúde. (TANNURE; PINHEIRO, 2010; ALFARO-LEFEVRE, 2010; BRASIL, 2009).
Para Alfaro-Lefreve (2005) a investigação ocorre em cinco etapas que são: a
coleta, a validação, o agrupamento, a identificação dos padrões e a comunicação e
registro dos dados. A investigação relaciona-se diretamente com o diagnóstico de
enfermagem, pois no decorrer da coleta de dados começa a interpretação do que os
mesmos significam, mostrando assim interrelação destas etapas.
A segunda etapa é o diagnóstico de enfermagem, na qual os dados coletados
são agrupados, analisados e interpretados criteriosamente, para promover a
identificação dos problemas de saúde reais ou potenciais e pontos fortes do cliente
que vão fornecer direcionamento para o plano de cuidados com a seleção das ações
ou intervenções, com as quais pretende-se alcançar os resultados esperados.
(TANNURE; PINHEIRO, 2010; ALFARO-LEFEVRE, 2010; BRASIL, 2009).
29
Os diagnósticos de enfermagem devem ser listados de acordo com as
prioridades e necessidades de bem-estar do cliente. Para a realização dos
diagnósticos são utilizadas taxonomias ou sistemas de classificação. Na atualidade
a mais utilizada no mundo é a Taxonomia da NANDA-I. Os componentes estruturais
dos diagnósticos de enfermagem são: o enunciado diagnósticos, que estabelece um
nome para o diagnóstico; os fatores relacionados que são as causas do problema;
as características definidoras, que são as manifestações clínicas; as evidências que
levaram a identificação do problema e os fatores de risco, que podem ser
ambientais, fisiológicos, psicológicos, genéticos ou químicos que aumentam as
chances de desenvolvimento de outro problema. Os diagnósticos podem ser reais
(ou atuais), de risco, de promoção da saúde e de bem-estar. (NANDA, 2010).
A terceira etapa é o planejamento de enfermagem, que é o estabelecimento
das prioridades das ações ou intervenções de enfermagem de acordo com os
diagnósticos traçados que serão implementados mediante as respostas do indivíduo,
família e coletividade e determinação dos resultados esperados para corrigir,
diminuir ou evitar problemas. (TANNURE; PINHEIRO, 2010; ALFARO-LEFEVRE,
2010; BRASIL, 2009).
É importante que na formulação de resultados esperados alguns itens sejam
levados em consideração. Deve ser claro e conciso, centrado no cliente, estar
relacionado ao título diagnóstico, ser alcançável, conter limite de tempo e ser
mensurável. A fase de planejamento está sobreposta à implementação na medida
em que o plano orienta as ações realizadas na fase de implementação (ALFARO-
LEFEVRE, 2005).
A quarta etapa, chamada de implementação consiste em colocar o plano em
ação. É realizada através das ações ou intervenções pontuadas na etapa de
planejamento. Ocorre a construção da prescrição de enfermagem embasada em
diagnóstico prévio, com vistas à obtenção dos resultados esperados. Ressalta-se
que as respostas do paciente e o desenvolvimento do profissional devem ser
avaliados permanentemente. A prescrição dos cuidados deve ser embasada nas
causas dos problemas e nos sinais e sintomas detectados no diagnóstico de
enfermagem (TANNURE; PINHEIRO, 2010; ALFARO-LEFEVRE, 2010; BRASIL,
2009).
30
Na redação de uma prescrição de enfermagem deve conter o que, como,
quando, onde, com que frequência e por quanto tempo fazer determinada ação de
enfermagem (ALFARO-LEFEVRE, 2005).
Para uma padronização das intervenções de enfermagem foi criada uma
taxonomia, a Nursing Intervention Classification (NIC). Ressalta-se que existe uma
associação entre um diagnóstico de enfermagem, da NANDA-I, a intervenção da
NIC e os resultados da Classificação dos resultados de enfermagem (Nursing
Outcomes Classification - NOC). Para cada diagnóstico da NANDA há uma lista de
resultados esperados de enfermagem. (TANNURE; PINHEIRO, 2010).
A quinta etapa é a avaliação de enfermagem ou evolução. Trata-se de um
processo contínuo onde as respostas do indivíduo, família ou coletividade às ações
prescritas e implementadas são acompanhadas, através de anotações nos
prontuários, da observação direta da reação do paciente às ações propostas e do
relato do cliente, com reorientação se necessário, caso os resultados esperados não
tenham sido alcançados. A avaliação é realizada em todas as etapas do processo
de enfermagem, que vão ser analisadas quanto à necessidade de mudanças ou
melhorias de acordo com os resultados alcançados (TANNURE; PINHEIRO, 2010;
ALFARO-LEFEVRE, 2010; BRASIL, 2009).
A aplicação da sistematização da assistência de enfermagem pelo processo
de enfermagem dá subsídios para o enfermeiro gerenciar e implementar o cuidado
de forma organizada, segura, dinâmica e competente (BACKES et. al., 2005).
Em virtude das Leis e resoluções que trazem a obrigatoriedade de algumas
funções privativas ao enfermeiro, cresce a preocupação das instituições de saúde e
de formação em elaborar estratégias de implementação e ensino do processo de
enfermagem.
Ressalta-se, a determinação da assistência sistematizada através da lei
7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da
Enfermagem. Nesse sentido, destaca-se no art. 11º, que, dentre as atividades
exclusivas do enfermeiro, estão suas responsabilidades no tocante ao planejamento,
organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de
enfermagem, bem como na consulta e na prescrição da assistência de enfermagem
(BRASIL, 1986).
A regulamentação da consulta e da prescrição de enfermagem marcou a
caminhada da metodologia da assistência de enfermagem iniciada na década de
31
1960. Foi um importante avanço em termos de autonomia profissional, definição
clara das funções dos membros da equipe de enfermagem e na aceitação da
sistematização da assistência de enfermagem como parte das atividades privativas
do enfermeiro o que levou ao entendimento da necessidade de busca de
conhecimento para implementação do método científico no processo de trabalho do
enfermeiro (KLETEMBERG et. al., 2010).
O uso do PE proporciona um trabalho intelectual, no qual o profissional tem a
oportunidade de crescer e transformar-se num ser crítico e reflexivo, capaz de
questionar suas próprias atitudes e, assim, participar de forma mais ativa no cuidado
do paciente. Contribui ainda, para a organização do trabalho do enfermeiro e para a
melhoria da qualidade e da credibilidade dos serviços prestados, o que permitirá
que a assistência seja planejada por meio de fundamentação científica e não
aleatória, e trará desta forma visibilidade e autonomia à profissão.
3.2. Diretrizes Curriculares Nacionais, Projetos Pedagógicos e aspectos legais
para o ensino da Graduação em enfermagem.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos de Graduação em
Enfermagem têm o objetivo de fornecer um direcionamento para a reconstrução,
implantação e implementação dos projetos pedagógicos (PP). Levam em conta o
contexto histórico, sócio, político, econômico, demográfico e epidemiológico
embasado nos princípios de integralidade, equidade e universalidade preconizados
pelo do Sistema Único de Saúde (SUS). Vieram para dinamizar a matriz dos cursos
de graduação sinalizando para a valorização do “aprender a aprender”, através do
“aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a ser” e do “aprender a viver
juntos” (BRASIL, 2001; SANTANA et. al., 2005).
Desta forma:
[...] A formação é entendida como um pensar/fazer processual, dialético, práxico e político, que não está centrado nem no educando, nem no educador, mas no contexto/processo ensino-aprendizagem, direcionado por um propósito político/ pedagógico (TIMOTEO; MONTEIRO, 2003, p. 269).
Segundo Dell’Acqua e Miyadahira (2002) com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (Lei nº 9394/96) houve uma alteração no currículo mínimo que trouxe,
mudanças com uma maior flexibilização à organização e à operacionalização do
32
currículo pleno de graduação, o que permite que as instituições de ensino superior
construam seu Projeto Pedagógico de acordo com a sua própria realidade.
O Projeto Pedagógico de curso é o instrumento político e técnico orientador
da ação do processo ensino-aprendizagem, deve ser construído coletivamente pelos
principais atores envolvidos nesse processo de formação como os docentes,
discentes, profissionais de saúde e comunidade no âmbito da instituição formadora,
sendo reconstruído e modificado constantemente para o alcance dos objetivos.
Assim: [...] Chamamos de político porque reflete as opções e escolhas de caminhos e prioridades na formação do cidadão, como membro ativo e transformador da sociedade. Chamamos de pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e didáticas que levam a escola a alcançar objetivos educacionais. (NÓBREGA-THERRIEN, et. al, 2010, p.681)
As Diretrizes Curriculares e o PP, no mundo contemporâneo em seus textos,
mostram a preocupação em articular a formação com as exigências do mercado de
trabalho que se modificam constantemente de acordo com as necessidades do
indivíduo e da coletividade. O grande desafio dos PP é formar atores críticos-
reflexivos que possam agir dentro do contexto da realidade, muitas vezes incerto,
que construam e reconstruam seus conhecimentos através da reflexão na ação,
através da aquisição de habilidades e competências para intervir e transformar a
realidade prática ( NÓBREGA-THERRIEN, et. al., 2010).
A Resolução Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior
(CNE/CES) de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Enfermagem, orienta a direção filosófica que as instituições
formadoras devem seguir e servem, também, de instrumento para mudança da
prática docente e da práxis dos recursos humanos gerados por ela.
Ribeiro et. al. (2005) fizeram uma análise das DCN e apontaram uma nova
perspectiva para uma dimensão humanística, ética e social da profissão, o que
relfete na melhoria da assistência. Salientaram que na resolução fica claro a
orientação para a formação do enfermeiro generalista, humanista, crítico e reflexivo
que deve se preocupar em atender através de interação viva cliente/profissional, as
necessidades sociais de saúde do indivíduo ou comunidade de acordo com as
designações do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na integralidade da
atenção com humanização e qualidade.
33
Os Projetos Pedagógicos dos cursos de graduação de Enfermagem devem
ser construídos para a formação de atores sustentados pelos princípios e diretrizes
do SUS. Devem ressaltar a importância da articulação academia-assistência-
produção de conhecimento; a questão técnica-científica e política-social da
profissão; a filosofia ético-humanista; objetivar acabar com a dicotomia teórico-
prática entre outros fatores, pelos quais os profissionais vivenciam na rotina dos
serviços de saúde (COSTA; MIRANDA, 2010).
As Diretrizes Curriculares de Graduação da área de Saúde são inter-
relacionadas com as políticas de saúde e objetivam a formação de profissionais com
competências gerais comuns, em que a interação ensino-assistência fica
subentendida como prática a ser desenvolvida, através de relações interdisciplinares
na academia e nos serviços de saúde (BRASIL, 2001).
Neste contexto, se insere como ilustração, a proposta curricular da Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) para o bacharelado em
enfermagem, que tráz em seu escopo as premissas da articulação do mercado de
trabalho e a educação, onde ressalta a importância da educação como bem comum
e a responsabilidade da instituição formadora com os futuros profissionais e com as
premissas da política pública de saúde. Articulação essa que possibilitará mudanças
da realidade, por meio de ações de reflexão, embasadas em elaboração e
reelaboração dos saberes, conforme proposta contida no texto das DCN (OLIVEIRA
et. al., 2007; BRASIL, 2001).
O currículo pleno de enfermagem aprovado em 1994, com a portaria nº
1.721/94- Ministério da Educação e Cultura (MEC), propôs a reorientação da prática
profissional voltada para a saúde coletiva, com enfoque holístico e humanizado da
assistência em oposição ao modelo biologicista e individualizado que influenciou a
assistência em saúde e a orientação dos cursos formadores da área através dos
tempos (TIMOTEO; MONTEIRO, 2003; RIBEIRO et. al., 2005).
Os projetos pedagógicos devem valorizar o aprendizado em detrimento do
ensino, com o uso de estratégias que possibilitem o raciocínio crítico e reflexivo dos
discentes, para que estes possam participar assim como sujeitos ativos do processo
ensino-aprendizagem na construção do conhecimento (FREIRE, 1996).
E, nesse contexto, ressalta-se a importância dos docentes conhecerem os
objetivos dos projetos pedagógicos das instituições de ensino, em vistas que estes
devem ser utilizados como instrumento norteador do processo ensino-
34
aprendizagem, com metodologias problematizadoras, numa relação de interatividade
com o discente para construção de raciocínio crítico, competências e habilidades da
prática profissional.
As DCN do Curso de Graduação de enfermagem, em seu art. 9º, ressalta
essa questão, em que o projeto pedagógico deve ser construído coletivamente,
centrado no discente como agente ativo do aprendizado e dar enfoque ao docente
como agente facilitador e mediador do processo ensino aprendizagem (BRASIL,
2001).
Nesse processo, a construção de competências técnicas, intelectuais,
cognitivas e inter-pessoais, de acordo com as Diretrizes Curriculares, para atuação
frente as diversas demandas nos campos de trabalho devem ser desenvolvidas no
campo de saberes da área. No processo de trabalho dos enfermeiros tais
competências são essenciais como instrumento metodológico de sistematização da
assistência. Desta forma, ressalta-se a importância de voltar o ensino teórico-prático
na graduação de enfermagem para a articulação das competências saber, fazer e
ser da profissão. (LEADEBAL, 2007).
O ensino do processo de enfermagem, nos cursos de graduação é permeado
por uma série de embates e a mudança de consciências individuais e institucionais
um grande desafio. É um processo lento e gradual, em que se deve superar
paradigmas, descrenças e temores, (re)aproximar o enfermeiro da sua verdadeira
prática, o cuidar.
Desta forma, parte-se do pressuposto que o ensino do processo de
enfermagem nas instituições de formação, como o PE é legalmente exigido com
base na Resolução do COFEN-358/2009 e na Lei do Exercício Profissional Nº-
7.498/86, deve estar inserido no processo ensino-aprendizagem das disciplinas que
buscam desenvolver nos discentes competências para executá-lo, em função de que
é um instrumento fundamental na prática da enfermagem.
3.3. Crenças, valores e aspectos culturais que permeiam o processo de enfer-magem
O processo de enfermagem é entendido por alguns profissionais, como um
trabalho a mais e um processo complicado e complexo, com negação e descrença
35
da sua aplicabilidade na prática. Fato este pode ser observado nos campos de
prática, onde não há a operacionalização do mesmo.
Neste contexto, em seu estudo, Backes et. al. (2008), objetivou compreender
o significado da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para os
profissionais da equipe multiprofissional à luz das relações, interações e
associações do pensamento complexo. Ressaltou-se a análise de duas das
categorias (fragmentação do cuidado em saúde e percepção da SAE como processo
mecanizado), nas quais refletiram que a sistematização da assistência de
enfermagem muitas vezes é entendida como uma atividade rotineira e mecanizada,
ocasionada por diversos fatores como: a quantidade insuficiente de profissionais de
enfermagem; a descontinuidade da assistência; informações divergentes e
burocratização do sistema de saúde.
As justificativas para a não aplicação na prática são as mais diversas: “não
dá” tempo de aplicar pela sobrecarga de trabalho e desvios de função do enfermeiro;
“não tem” recursos humanos suficientes pra executar; não tem importância para a
prática, pois é o preenchimento de papel sem “resultados” para o paciente, o que
leva ao afastamento do enfermeiro do cliente; é o cumprimento de tarefa
institucional; e, o desconhecimento na dimensão teórica, o pode ser reflexo de
lacunas no processo de formação.
Koerich et. al. (2007) em seu estudo, analisou a Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE) utilizada em dois hospitais de grande porte, um
público e um privado em Santa Catarina. Evidenciou com relação à sistematização
da assistência de enfermagem que há um distanciamento entre o saber, o fazer e
também uma desarticulação com a legislação profissional. Perceberam que apesar
de seu uso ser ressaltado pelos estudiosos e abordado no processo de formação, a
sua implementação ainda é tímida.
Carvalho et. al. (2009) apontam algumas estratégias que ajudariam na maior
utilização do processo de enfermagem no Brasil, tais como: o investimento em
informática nos serviços de saúde; a melhoria das condições de trabalho e
remuneração dos profissionais de enfermagem; instituição de educação permanente
pelos prestadores de assistência; a legislação que trata da obrigatoriedade do uso
do PE e a política de controle de qualidade da assistência, pelos indicadores de
resultados do PE.
36
O enfrentamento dos desafios para a implementação do PE deve ser uma
filosofia não só dos enfermeiros. É necessário engajamento político e institucional,
como também das outras equipes que prestam assistência. O envolvimento de
diferentes profissionais da saúde dá um enfoque de interatividade e
complementaridade e devido a complexidade das práticas de saúde torna-se
imprescindível essa interrelação, visto que, isolado nenhum profissional pode
responder, na totalidade, as diferentes dimensões do cuidado do ser humano como
um todo. (CARVALHO; KUSUMOTA, 2009; BACKES et al., 2008).
Na academia alguns fatores dificultam o ensino do processo de enfermagem.
Em estudo feito sobre o significado do processo de enfermagem para quem o
ministra, os docentes apontaram que o ensino do PE é um desafio. Abordaram a
questão de não ser focalizado em todas as disciplinas do curso; apontaram ainda
que há falta de conhecimentos de disciplinas básicas, por parte dos discentes e o
não uso do PE na prática assistencial dificulta a sua apreensão. Alertam para a
responsabilidade do professor em persistir no ensino com estratégias pedagógicas
que possibilitem a formação de profissionais com habilidades de empregar o
processo de enfermagem na prática (CARVALHO; MELO, 2008).
Para o discente o sentimento de não aplicabilidade na realidade da prática do
que é ensinado na formação também é presente, como visto num estudo realizado
em uma instituição Federal do Rio Grande do Sul. Apesar de reconhecerem a
importância do uso do processo de enfermagem através da sistematização da
assistência como ferramenta facilitadora, os mesmos têm vivenciado sentimentos de
desapontamento, descrença e frustração pelo não uso no serviço e pela dificuldade
de apreensão pela não uniformização do ensino entre os docentes e falta de
abordagem contínua e progressiva no decorrer da formação (DAMACENO et. al.,
2009).
Portanto, para o enfrentamento desses embates no ensino é necessário que
haja envolvimento dos atores sociais (docentes, discentes, instituições de saúde e
de formação, enfermeiros do campo), na aplicação e ensino eficaz do processo de
enfermagem, a articulação de suas práticas à teoria, e no conhecimento da
realidade do sistema de saúde da qual serão/estão inseridos.
37
3.4. O Envolvimento do ensino de graduação com o processo de enfermagem
O ensino do processo de enfermagem nos cursos de graduação deve ser
voltado para a articulação desse método com o desenvolvimento de competências, a
fim de atender às demandas da prática e os avanços políticos, sociais e científicos
contemporâneos (LEADEBAL, 2007).
É, neste contexto, que se tem questionado: até que ponto o processo de
formação tem contribuído na não operacionalização do processo de enfermagem, e
como a academia tenta superar esses obstáculos?
A maneira, muitas vezes, como é abordado o processo de enfermagem durante
a formação acadêmica demasiadamente detalhada, e supervalorizando o método no
lugar de enfatizar sua essência, naturalidade e espontaneidade do cuidar, tem
contribuído para sua desvalorização ou negação na prática assistencial (PAIM, 1979
apud GARCIA; NÓBREGA, 2000).
Em seu estudo, Carvalho et. al. (2007), apontou que o ensino da
Sistematização da Assistência de Enfermagem nas instituições é realizado por meio
de disciplinas fragmentadas sem que haja uma troca entre elas, o que tem
dificultado aos estudantes a apropriação dos conhecimentos e desenvolvimento das
habilidades para sua aplicação. Acrescenta Bittar, Pereira e Lemos (2006) que falta
uniformização do ensino das etapas do PE no decorrer da formação acadêmica.
Dell’Aqua e Miyadahira (2002) e Herminda (2004) indicam que existem
dificuldades e incompatibilidades dentro do próprio ensino do processo de
enfermagem nas escolas de graduação,que refletem na prática profissional futura.
As inquietações com a dicotomia teoria/prática fizeram com que o tema
interdisciplinaridade viesse à tona no ensino da Enfermagem, com a necessidade de
um diálogo entre as disciplinas com a promoção a integração curricular, com a
mudança da visão das partes por uma concepção holística do homem
(BERARDINELLI; SANTOS, 2005; SCHERER; SCHERER, 2007).
Sobre a dicotomia entre teoria e prática, problemas têm surgido no confronto
do enfermeiro recém-formado no mercado de trabalho. O que se exige nesse, difere
do que o profissional foi preparado para atender. O processo de enfermagem
enfocado no cuidar e não no gerenciamento do cuidar, também é fator dicotômico, e
o seu posicionamento nas ações planejadas, é o diferencial do trabalho do
enfermeiro. (TANAKA; LEITE, 2008).
38
Essa dicotomia é reforçada nos campos de prática quando é observado a não
incorporação do processo de enfermagem pelos enfermeiros do campo nas
instituições de saúde, que são locais de estágio, por dificuldades de implementação
ou pela recusa de adesão ao processo de enfermagem, mesmo que seja legalmente
obrigatório.
A integração docente-assistencial, ou seja, a parceria entre a universidade e
as instituições de saúde que são campos de estágio é apontada por vários autores
como sendo uma das saídas para uma efetiva implementação do processo de
enfermagem (DELL’ ACQUA; MIYADAHIRA, 2002; SANTOS; HERMINDA, 2004;
COLLISELLI, et al., 2009).
Neste ensejo, a articulação ensino/assistência é uma estratégia que
impulsiona o desenvolvimento do saber fazer, promove a análise e a transformação
da realidade e propõe a inseparabilidade entre ensino e assistência (OJEDA;
SANTOS; EIDT, 2004).
Portanto, é preciso efetivar meios de superar a lacuna prática, no âmbito
acadêmico, e a lacuna teórica, no âmbito assistencial, com o objetivo de construir
competências cognitivas, psicomotoras e afetivas exigidas na atuação profissional
competente, cuja responsabilização perpassa pelas instituições formadoras dos
profissionais desta área (LEADEBAL, 2007).
Colliselli et. al. (2009) corroboram com Leadebal (2007) no sentido de que
estratégias para promover a aproximação da teoria com a prática devem ser
implementadas como parcerias dos gestores, das instituições formadoras, dos
campos de prática e da comunidade. Afirmam ainda que o Estágio Curricular
Supervisionado é o momento ideal para consolidação dos saberes construídos no
decorrer do curso e que promove o desenvolvimento e aperfeiçoamento das
habilidades de cuidado, de educação, de gerência e de pesquisa através do contato
com a realidade prática e os problemas concretos do indivíduo, família e
comunidade.
Carvalho et. al. (2007) sugerem algumas estratégias para diminuir as
dificuldades no ensino do PE nos cursos de graduação, tais como: manter um
programa de educação permanente dos docentes; desenvolvimento de processos
cognitivos pelos discentes com o uso de modelos conceituais de enfermagem e
taxonomias; estimulação dos discentes com utilização de raciocínios hipotéticos
(observações, simulação, jogos, estudos de casos, situações-problema); a escolha
39
por serviços que já tenham o PE implantado, caso não tenha os docentes devem
estimular a crítica e a reflexão no processo de ensino-aprendizagem; e o estímulo à
troca de experiências e saberes entre a academia e a prática.
Diante desta realidade, destaca-se a importância do ensino do processo de
enfermagem na academia como forma de garantir competências e habilidades na
aplicação prática de um método científico de organização das ações.
40
MÉTODO
41
4. MÉTODO
4.1. Tipo de Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem quanti-
qualitativa. Conforme Cervo, Berviam e Silva (2006) o estudo descritivo observa,
registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los; e uma
pesquisa exploratória tem o objetivo de buscar mais informações sobre determinado
tema, com a familiarização com fenômeno ou obtenção novas concepções e idéias.
Segundo Rudio (2000), a pesquisa descritiva tem o objetivo de narrar o que
acontece descobrir e observar os fenômenos, descrevê-los e analisa-los.
De acordo com Polit, Beck e Hungler (2004), a integração das abordagens
quantitativa e qualitativa em uma mesma investigação ou em conjunto coordenados
de estudos é uma tendência emergente. As vantagens do uso de multimétodo são: a
complementação dos dados quantitativos e qualitativos, evitando possíveis
limitações de abordagens únicas; incrementação pela construção de elos entre
conhecimento entre áreas em desenvolvimento e já amadurecidas; maior validade
favorecida em função das hipóteses serem apoiadas em dados múltiplos e
complementares e a criação de novas fronteiras com as incongruências de um
estudo multimétodo que pode estender e explorar melhor a linha de investigação.
A escolha em utilizar a técnica da análise qualitativa pela contribuição de
Bardin (2002), de análise temática de conteúdo, foi pelo fato dessa conexão poder
complementar e dar suporte aos dados quantitativos. A experiência cada vez mais
frequente de utilização de multi-métodos, nos estudos da enfermagem, tem sido
fundamental para promover a prática de enfermagem baseada em evidência
(DREISSNACK; SOUSA, 2007).
4.2. Local da pesquisa
O estudo teve como cenários Instituições de Ensino Superior privadas e
pública em Natal-RN, autorizadas e reconhecidas pelo Ministério da Educação
(MEC), onde são ministrados cursos de Graduação em Enfermagem.
Atualmente existe em Natal uma Universidade particular, três Faculdades
particulares e uma universidade pública, identificadas como “A”, “B”, “C”, “D” e “E”.
As instituições selecionadas preencheram o pré-requisito de que no período
de 2011.1, período da coleta de dados, tinham alunos que estavam cursando o
42
período de estágio supervisionado, que correspondeu ao penúltimo e último período
letivo curricular. Para a universidade pública foram os oitavo e nono períodos e para
a universidade privada e as três faculdades privadas foram o sétimo e oitavo
períodos.
A escolha dos períodos de estágio foi justificada pelo fato de os alunos já
terem cursado todas as disciplinas teóricas que lhes dariam condições de fornecer
depoimentos em relação ao questionamento da pesquisa.
4.3. População e amostra
Para Polit, Beck e Hungler (2004), a população representa o conjunto de
todos os indivíduos ou objetos com alguma característica comum. A população alvo
representa todos os indivíduos que o pesquisador está interessado. E a população
acessível compreende os sujeitos da população-alvo que estão acessíveis ao
pesquisador. A amostra é um subgrupo da população. A amostragem é o processo
de escolha de uma parte da população
A população-alvo do estudo foi composta por discentes do penúltimo e último
período dos cursos de graduação de enfermagem de instituições que foi, estimada
em 2011.1 em aproximadamente 630 discentes. A população acessível foi
composta pelos discentes que forneceram seus emails para a pesquisadora a fim de
que a pesquisa fosse encaminhada. Foram excluídos deste total os sujeitos que
participaram da pré-testagem que correspondeu a uma turma de aproximadamente
50 discentes de uma das instituições de ensino que tinha o número maior de turmas
e aqueles que não quiseram fornecer seu email, num total de 430 participantes.
O plano de amostragem utilizado foi o de amostra de conveniência, que para
Polit, Beck e Hungler (2004), é o uso dos sujeitos mais convenientemente
disponíveis para participar do estudo. Os pesquisadores qualitativos estão mais
interessados em entender um fenômeno em estudo do que fazer generalizações,
portanto, os estudos qualitativos utilizam amostras pequenas e não-aleatórias. No
estudo foi utilizada para a amostra toda a população acessível.
Nos critérios de inclusão foram considerados os discentes dos cursos de
graduação de enfermagem do município de Natal-RN, dos penúltimos e últimos
períodos das instituições de ensino superior de graduação de enfermagem que
43
aceitaram participar da pesquisa mediante aceite do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
Foram excluídos os discentes dos cursos de graduação de enfermagem dos
penúltimos e últimos períodos das instituições de ensino superior de graduação de
enfermagem do município de Natal-RN e que por ventura decidiram
espontaneamente por não participar da pesquisa ou estavam afastados das
Universidades ou Faculdades por motivo de doença e/ou outros.
4.4. TÉCNICA DE COLETA DE DADOS
4.4.1. Aspectos Éticos
Após processo de qualificação do projeto pela banca examinadora do
Programa de Pós-Graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte foram enviados ofícios para as instituições pesquisadas (apêndices
C, E, G, I, K) com informação sobre os objetivos do estudo e solicitou-se autorização
para realizá-lo. Após autorização das instituições pelas assinaturas das cartas de
anuência (apêndices D, F, H, J, L) o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP- UFRN).
Os ofícios foram enviados a cada instituição de ensino superior de graduação
de enfermagem direcionado ao responsável pela análise do projeto e liberação da
anuência de acordo com as normas de cada Universidade ou Faculdade. Contato
prévio foi realizado com as instituições e os ofícios foram gerados pela Pós-
Graduação de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
entregues junto com a cópia do projeto pessoalmente pela mestranda
Com a aprovação do projeto pelo Comitê com o Parecer CEP/UFRN
Nº366/2010 e a CAAE nº 0197.0.051.000-10, a coleta de dados seguiu as
orientações da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta a
pesquisa com seres humanos.
Na coleta de dados foi utilizadO uma ferramenta online o SurveyMonkey, que
é um software com ferramentas de pesquisa na web, que oferece o serviço de
criação de questionários online, de forma confiável, rápida, com obtenção das
respostas por email, blog ou site e os resultados podem ser vistos e analisados em
tempo real. Os questionários podem ser utilizados em pesquisas de mercado, no
planejamento de eventos, em pesquisa de satisfação dos clientes, em planejamento
44
de produtos e em pesquisa envolvidas com a formação. É o líder global em
questionários online e oferece suporte ao cliente 24 horas por dia e sete dias por
semana (SURVEYMONKEY, 1999a; SURVEYMONKEY, 1999b).
A coleta de dados foi realizada mediante o envio por email e aceite do Termo
de Consentimento Livre e informado Esclarecido pelos participantes (apêndice B),
que continha informações sobre os objetivos e as perspectivas do estudo, sigilo e
anonimato, participação voluntária com liberdade para desistir a qualquer momento
e a ausência de prejuízos. Foi realizada no primeiro semestre de 2011, nos meses e
fevereiro a abril de 2011.
O conteúdo final do estudo estará disponível aos sujeitos da pesquisa, às
instituições envolvidas e aos demais interessados na temática.
4.4.2. Procedimentos de coleta de dados
A escolha por fazer a coleta com a tecnologia online deu-se ao fato de que os
sujeitos da pesquisa estavam, no período da coleta, em estágio supervisionado, ou
seja, nos campos de prática em instituições hospitalares ou unidades básicas e o
acesso aos mesmos nesses locais seria inviável, pelo fato de que as instituições de
estágio teriam que autorizar a coleta e aumentaria a dificuldade de acessibilidade
aos discentes visto que poderia acontecer das instituições não autorizarem o acesso
da pesquisadora nas mesmas e com isso a coleta seria prejudicada. Outra
justificativa vem do fato de que duas instituições de ensino tinham aulas teóricas a
cada sete ou quinze dias, ocasião quando o discente iria à sala de aula. Momento
tumultuado onde os sujeitos não se mostraram disponíveis em responder a pesquisa
após algumas tentativas. As outras três instituições tinham orientação de trabalho de
fim de curso (TCC) semanais ou a cada quinze dias, mas o dia e horário
especificado pela coordenação para essa atividade muitas vezes era modificado
pelo discente e seu orientador, sendo assim ficou difícil de saber dia e horário que
esses alunos estariam em orientação na instituição.
Foram realizadas visitas nas instituições de ensino nos dias de aulas teóricas
ou orientações de TCC para explicação dos objetivos da pesquisa aos discentes e
solicitação do email para envio do questionário, deixando clara a questão do
anonimato e da opção de quem não tivesse interesse em fornecer o email, assim
poderia fazê-lo. Foi fornecida uma folha para os interessados anotarem os emails
45
sendo recolhida ao final da aula pelo docente da instituição e entregue para a
pesquisadora em horário marcado.
A técnica utilizada para a coleta dos dados ocorreu através de um
questionário individualizado com perguntas abertas e fechadas (apêndice A) on line,
construído especialmente para esse estudo com a utilização o programa Survey
Monkey. A escolha da utilização desta ferramenta para coleta de dados foi pela
possibilidade de trazer uma inovação ao Programa de Pós-Graduação da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e por ser uma ferramenta globalmente
reconhecida de pesquisa por suas facilidades e confiabilidade. Tendo em vista o
contexto exposto de acessibilidade aos sujeitos de pesquisa, esse tipo de
ferramenta facilitou o contato com os mesmos e viabilizou a coleta dos dados.
O instrumento de coleta de dados especialmente construído através do
software SurveyMonkey para esta pesquisa foi composto de duas partes.
A primeira parte com dados de caracterização sóciodemográfica e acadêmica,
com as seguintes variáveis: sexo, idade, período letivo e instituição a qual ensino
que pertence. As informações das instituições foram codificadas para garantir o
anonimato na apresentação dos dados.
A segunda parte conteve questões com aspectos relacionados à opinião dos
discentes sobre o ensino do processo de enfermagem com relação: sobre o que é o
processo de enfermagem; ao conhecimento dos docentes sobre o PE; à
metodologia utilizada; a disciplina que aborda o PE; às dificuldades de apreensão do
processo de enfermagem; às dificuldades em executar as fases do processo
vivenciadas nos estágios supervisionados curriculares e quais às estratégias de
contribuição da academia e dos campos de prática no aprendizado e aplicação do
processo de enfermagem.
Para o conhecimento dos docentes tomou-se por referência a Escala de Likert
que é uma escala de respostas gradativas. As escalas podem ser de vários tipos,
ou seja, baseadas em diversos critérios, tais como: ocorrência, opinião, precisão
geral, grau de satisfação e atribuição de importância. Existem escalas de Likert que
variam de quatro a onze categorias, mas as escalas de quatro e cinco categorias
são mais utilizadas (ALEXANDRE et. al., 2003).
O TCLE e o questionário online foram enviados a todos os discentes da
população acessível, num total de 430 discentes de cinco intuições de ensino, para
seus emails em formato de links com uma mensagem inicial, onde havia um convite
46
para participar da pesquisa, com a explicação do objetivo e ressaltando que sua
identidade seria totalmente preservada, ressaltou-se que as respostas seriam
confidenciais e nem mesmo os pesquisadores terão acesso à identidade dos
respondentes. Após a mensagem, inicial como primeiro passo, foi solicitado que o
participante acessasse o link do TCLE e, em caso de aceite, teria acesso para o link
do questionário. Foi explicado que esses links estariam associados apenas a esse
inquérito e ao endereço de correio eletrônico dele e era solicitado para que a
presente mensagem não fosse reencaminhada. Por fim, um agradecimento pela
participação.
A aplicação de um pré-teste com 10% da amostra foi realizada em uma turma
de uma instituição de ensino particular, por haver apenas uma pública no município,
feito com o objetivo de interceptar falhas que poderiam vir a comprometer o estudo.
Os discentes da instituição onde foi realizada a pré-testagem foram excluídos da
população-alvo da coleta para evitar contaminação dos dados.
Ao final da coleta foi enviado um ofício de agradecimento às instituições com
ênfase nas suas contribuições no crescimento da Enfermagem como ciência e na
melhoria da prática cotidiana.
4.5. Procedimentos para tratamento e análise dos dados
Para Polit, Beck e Hungler (2004) a análise dos dados tem o objetivo de
organizar, fornecer estrutura e extrair significado dos dados da pesquisa.
Após a coleta os dados os dados quantitativos foram tratados através do
programa Excel e as informações qualitativas foram categorizadas para análise.
A análise das informações qualitativas seguiu os passos sugeridos por Bardin
(2002) de técnica de análise de conteúdo do tipo temática, baseada nas respostas
dos sujeitos e organizados em categorias de análise. Ocorreu em três etapas: a pré-
análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados (inferência e
interpretação). Na pré-análise os dados foram transcritos minuciosamente e
organizados através de leitura e releitura para identificação de temas principais. Na
segunda fase os dados brutos foram convertidos em núcleos de compreensão de
texto e foram construídas as categorias e subcategorias. E a terceira e última etapa
que correspondeu ao tratamento e interpretação dos resultados a partir do material
empírico organizado e literatura pertinente do tema em estudo.
47
Para garantir o anonimato e o sigilo dos discentes os seus nomes foram
substituídos na apresentação e análise dos dados por meio de um código
compostos pelas letras D, referindo-se a primeira letra do nome “discente”
agrupados a um número de um até o 48, ficou desta forma caracterizados de D1 até
D48.
48
RESULTADOS E DISCUSSÃO
49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo os dados são apresentamos e discutidos de acordo com os
objetivos propostos. Para um melhor entendimento dos resultados e discussão, os
dados estão dispostos em duas etapas. Inicialmente foi feita a caracterização
sociodemográfica e acadêmica dos discentes do curso de graduação de
enfermagem das instituições de ensino escolhidas, do município de Natal/RN.
Em seguida, expostos os resultados relacionados à opinião dos discentes
sobre o ensino do Processo de Enfermagem que foram analisados de acordo duas
categorias: Processo de Enfermagem como método fundamentado em
conhecimento científico e estabelecido por etapas; A outra categoria foi a Qualidade
da Assistência de Enfermagem, com duas subcategorias: Processo de Enfermagem
como Prática de Enfermagem e Processo de Enfermagem como instrumento de
melhoria da qualidade da assistência e promoção do bem-estar.
5.1 Caracterizações sociodemográficas e acadêmicas dos discentes de enfermagem
Tabela 1 – Dados sociodemográficos dos discentes em estudo. Natal/RN, 2011.
Variáveis N %
Sexo
Feminino 39 81, 25%
Masculino 9 18, 75%
Total 48 100%
Idade (anos)
21- 29 36 75%
30 - 39 10 20,83%
40 - 49 2 4,17%
Total 48 100%
50
A Tabela 1 demonstra que 39 (81,25%) dos pesquisados eram do sexo
feminino e apenas 9 (18,75%) do masculino. Verifica-se, destarte, uma maioria de
discentes do sexo feminino. Fato este justificado em função de que a enfermagem
foi uma profissão predominantemente feminina desde sua origem, por ser pautada
pelo cuidar e por essa ação ser socialmente e culturalmente das mulheres.
Continua, na atualidade em geral, no cenário brasileiro predominado por mulheres.
O ingresso do sexo masculino na profissão mantém-se estável em torno de 10% das
vagas oferecidas pelas universidades (LOPES; LEAL, 2005).
Entretanto, Wetterich e Melo (2007) apontam que cresceu nos últimos anos o
interesse do sexo masculino em ingressar na profissão. Ainda é um movimento
lento, mas constante em que os paradigmas são quebrados e novas concepções
construídas com relação à enfermagem não ser uma profissão majoritariamente
feminina. Fato este apresentado neste estudo onde a amostra do sexo masculino
representa quase o dobro do esperado.
A Tabela 1 ainda demonstra que 36 (75%) discentes investigados situavam-
se entre 20 e 29 anos, 10 (20,83%) entre 30 e 39 anos e 2 (4,17%) entre 40 e 49
anos. Ao analisar a tabela vê-se uma predominância de alunos jovens, mesma
realidade encontrada por Wetterich e Melo (2007) em seu estudo que constatou o
ingresso de jovens entre 17 e 21 anos na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-
USP. Ao considerar que os participantes desse estudo estão nos sétimo, oitavo ou
nono período, o seu ingresso se deu há pelo menos três anos, desta forma, a idade
de ingresso foi em média de 17 a 26 anos. Nota-se um aumento na faixa etária de
ingresso pelo fato do surgimento de universidades e faculdades privadas, com o
oferecimento de turnos de estudo matutino, vespertino e noturno o que oportuniza a
escolha de horários e favorecem, principalmente, àqueles que trabalham.
51
Tabela 2 – Dados acadêmicos dos discentes em estudo. Natal/RN, 2011.
Variáveis Acadêmicas N %
Instituição de ensino
A 12 25,50%
B 6 12,80%
C 16 34%
D 12 25,50%
E 2 2,20%
Total 48 100%
Período Letivo
Penúltimo 18 37,50%
Último 30 62,50%
Total 48 100%
A Tabela 2 apresenta as características acadêmicas dos discentes quanto à
instituição de ensino e período letivo. Revela que 16 (34%) são da instituição C, 12
(25,50%) da A e D respectivamente. Justifica-se uma maior quantidade de discentes
nessas instituições em função de oferecerem maior número de turmas. O período
que mais respondeu foi o último com 30 (62,50%) discentes; seguido do sétimo com
18 (37,50%). No período da coleta foi observado que havia uma diferença nas
quantidades de períodos letivos das instituições privadas e da pública que foram
selecionadas nesse estudo. As instituições de ensino privadas tem o curso de
graduação de enfermagem com oito períodos letivos, desta forma, o penúltimo e
último períodos do curso correspondem ao sétimo e oitavo períodos. Enquanto que
a instituição de ensino pública finaliza o curso com nove períodos letivos, com o
penúltimo e último referentes ao oitavo e nono períodos.
O processo de formação é um rico espaço de troca, de compartilhar
experiências e relacionamento, onde o decente é ativador das habilidades e
raciocínio crítico dos discentes (ZAGONEL, 2011). Nesse processo o enfermeiro
desenvolve ações de promoção, prevenção, proteção e reabilitação da saúde;
pesquisa e intervém sobre o processo saúde-doença do indivíduo, da família e da
comunidade. Sendo assim acreditamos que quanto maior tempo de inserção do
52
indivíduo que está se formando em uma instituição de ensino, que maiores
probabilidades teram em aprender e desenvolver tais ações, o que poderá ser o
diferencial na prática profissional futura. Como não foi objetivo desse estudo fazer
comparações entre as universidades em relação ao desenvolvimento acadêmico e a
quantidade de períodos letivos, sugere-se que pesquisas sejam realizadas sobre a
temática.
5.2. Opinião dos discentes de enfermagem sobre o processo de enfermagem
A partir da análise dos dados coletados com os discentes, com a contribuição
de Bardin (2002), surgiram duas categorias: Processo de Enfermagem como método
fundamentado em conhecimento científico e estabelecido por etapas. A outra
categoria foi a Qualidade da Assistência de Enfermagem, com duas subcategorias:
Processo de Enfermagem como Prática de Enfermagem e Processo de Enfermagem
como instrumento de melhoria da qualidade da assistência e promoção do bem-
estar.
5.2.1. Processo de enfermagem como método fundamentado em conhecimento
científico e estabelecido por etapas
Nessa primeira subcategoria, os discentes pontuaram sobre o que é o PE, e
disseram que se trata de um método, metodologia, instrumento metodológico e
organizacional no qual são realizadas ações sistematizadas em etapas ou fases
definidas. Como são observadas nas seguintes respostas:
O processo de enfermagem é um instrumento metodológico, o qual possibilita o enfermeiro agir de uma forma sistematizada. O ajuda a identificar como seus pacientes respondem aos problemas de saúde e determinar que aspectos dessas respostas necessitam de uma intervenção profissional. É dividido em 5 etapas, a saber: histórico (anamnese e exame físico), diagnósticos de enfermagem, planejamento (necessário para traçar as intervenções e os resultados a serem alcançados), implementação e avaliação (D5).
O processo de enfermagem é a metodologia utilizada pelo enfermeiro para organizar a sua assistência, é individualizado, baseado nos problemas apresentados por cada paciente. É dividido em fases: como o histórico do paciente, o diagnóstico de enfermagem, prescrição, implementação, e avaliação. Um exemplo é a Sistematização da Assistência de Enfermagem (D9)
Entendo como processo de enfermagem o modo sistemático de cuidar do paciente e de sua família. Ou seja, é identificar determinado problema,
53
diagnosticá-lo e, em seguida, intervir visando melhorias no paciente. Esta forma de cuidar, organizada e sistemática, na minha opinião, possibilita a enfermeira a avaliar não apenas a evolução do doente, mas também possíveis fragilidades no trabalho da equipe de enfermagem (D11). O processo de enfermagem e a dinâmica das ações sistematizadas e inter-relacionadas visando a assistência ao ser humano. Caracteriza-se pelo inter-relacionamento e dinamismo de suas fases ou passos (D29)
Para Horta (1979) o processo de enfermagem é a dinâmica das ações
sistematizadas e inter-relacionadas para o cuidado do individuo. É reconhecido
como método científico, instrumento metodológico e ferramenta para o cuidar. É um
método científico de resolução dos problemas do cliente (ALFARO-LEFEVRE, 2010;
TANNURE; PINHEIRO, 2010; NÓBREGA; SILVA, 2008/2009).
A organização do PE em etapas, Investigação, Diagnóstico, Planejamento,
Implementação e Avaliação, que se interrelacionam e se sobrepõem é que o torna
sistemático, dinâmico e dirigido para os resultados esperados de um plano de
cuidados de enfermagem (ALFARO- LEFEVRE, 2005; BRASIL, 2009; LEON;
FREITAS; NÓBREGA, 2009; CASTILHO; RIBEIRO; CHIRELLI, 2009).
Para Tannure e Pinheiro (2010) o PE é o meio científico de aplicar na prática
da profissão o teoricismo da ciência da enfermagem.
Com relação a importância do conhecimento científico e da teorias para
alicerçar o desenvolvimento do PE as respostas a seguir ilustram o conhecimento
dos discentes sobre esse tema:
O processo de enfermagem é a aplicação do método científico à profissão de enfermagem (D15). O processo de enfermagem é de suma importância para a autonomia da nossa categoria, posto que é através deste que as teorias de enfermagem são implantadas na prática. Dessa forma, nossas ações são embasadas e conseguimos uma assistência de enfermagem sistematizada e eficaz (D10).
O processo de enfermagem corresponde ao método de trabalho da equipe de enfermagem norteado por alguma teoria base que justifique as condutas tomadas, compreendendo a identificação, a resolução e avaliação de problemas e necessidades dos pacientes ou comunidade (D13).
O processo de enfermagem é o trabalho da profissão de enfermagem, fundamentado no conhecimento técnico científico (D1).
A utilização das teorias de enfermagem traz legitimidade e cientificidade para
subsidiar a prática, o que valoriza e consolida a profissão na área da saúde.
Configura-se num grande desafio, nos dias atuais, e por isso é discutida e estudada
54
no âmbito acadêmico. Fato este demonstrado nas falas acima, onde se observou o
conhecimento, por parte dos discentes, da necessidade do uso de teorias para
subsidiar a implementação do PE. Cabe destacar que em apenas duas falas
menciona-se a importância de se ter uma teoria.
Ressalta-se que no Brasil a primeira enfermeira a abordar sobre o uso de
teorias na enfermagem e a sua aplicabilidade na prática pelo PE foi Wanda de
Aguiar Horta com sua Teoria das Necessidades Humanas Básicas, marco
importante no conhecimento das teorias de enfermagem, nas pesquisas e na
realidade cotidiana da profissão (LEON; FREITAS; NÓBREGA, 2009).
As ações sistematizadas e guiadas por um corpo de conhecimentos
científicos próprios são importantes para organizar as condições necessárias para
que o cuidado humanizado seja realizado através do PE nos âmbitos individual e
coletivo.
Há décadas que a preocupação com a evolução dos conhecimentos e sua
aquisição pelos profissionais permeiam a enfermagem. A Sistematização da
Assistência de Enfermagem, através do PE, deve ser orientada por teorias ou
modelos conceituais de enfermagem pelos conhecimentos científicos e pelo
conhecimento empírico das experiências pessoais.
Neste contexto, destacam-se alguns desafios: o da escolha, entendimento e
aplicação do referencial teórico e a operacionalização do PE na prática
(CIANCIARULLO et al, 2008).
A falta de domínio no conhecimento que é exigido para realização do PE, leva
aos entraves de sua implementação. Cabe aos atores responsáveis pela promoção
das ações sistematizadas à aquisição dos saberes necessária a aplicação prática do
PE.
5.2.2 Qualidade da Assistência de Enfermagem
O processo de enfermagem, quando implementado eficazmente, proporciona
a possibilidade de o enfermeiro avaliar a qualidade da assistência prestada. Como
instrumento assistencial e gerencial do processo de trabalho do enfermeiro, procura
transformar e dar qualidade a assistência prestada (HAUSMANN; PEDUZZI, 2009).
Na medida em que é um processo com foco na atenção integral do ser
humano e direcionado para o atendimento das necessidades individuais nas quais
são continuamente avaliadas através do alcance ou não dos resultados esperados,
55
é essencial para a prática do enfermeiro no exercício do cuidado. Nesse contexto
emergiu essa categoria dos discursos dos discentes que apontou para o Processo
de Enfermagem enquanto prática e como instrumento de melhoria da qualidade da
assistência.
5.2.2.1 Processo de Enfermagem como prática da enfermagem
Nessa primeira subcategoria, os discentes discorreram sobre o PE como
conjunto de atividades ou ações que direcionam a assistência realizada pelo
enfermeiro e sua equipe de enfermagem, como trabalho e forma de estar apto para
exercer a profissão. Como descrito nas falas a seguir:
É o caminho a ser percorrido para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro (D33).
O processo de enfermagem é todo o ensino teórico e pratico que leva o/a estudante para a formação de um profissional em enfermagem, possibilitando este a estar apto em lhe dar com o processo saúde-doença, olhar para o ser humano de forma holística, contribuir para com a sociedade através de pesquisas cientificas e sendo este de total responsabilidade de suas competências (D2). O processo de enfermagem é fundamental para a prática da enfermagem, uma vez que se constitui como uma ferramenta para prestar uma assistência de enfermagem individualizada visando oferecer um cuidado de qualidade para o paciente durante seu processo de doença (D16). No meu ver, o processo de enfermagem é uma ferramenta essencial para o melhor funcionamento das diretrizes da enfermagem que vai do primeiro contato com o paciente até uma Sistematização da Assistência de enfermagem, levando até ao paciente e sua família ou até mesmo aos profissionais de saúde que fazem uso dos instrumentos necessário, uma melhor compreensão da assistência (D18). O processo de enfermagem é um conjunto de ações sistematizadas para padronizar e direcionar a assistência (D30).
A Resolução do COFEN-358/2009, define que a sistematização da
assistência de enfermagem é uma atribuição específica do enfermeiro e é o que os
diferencia dos outros membros da equipe (BRASIL, 2009). Sendo assim, Damaceno
et. al. (2010) afirmam que o uso dessa ferramenta metodológica requer a maior
presença e o envolvimento do enfermeiro nas ações de cuidado.
Apesar da resolução ressalta-se a discussão entre os profissionais que a
SAE, através do PE no cenário da prática assistencial, é mais uma ação burocrática,
rotineira, de preenchimento de papéis e que afasta o enfermeiro do paciente
56
(CARVALHO et. al., 2009), o que provoca um não reconhecimento do PE como uma
importante ferramenta para o planejamento dos cuidados. Neste contexto,
acrescenta-se que muitas vezes, o PE é realizado como “obrigatoriedade”, pois é
exigido por lei e o não cumprimento pode levar a punições pelo órgão fiscalizador.
Diante da opinião dos profissionais na prática muitas vezes de reprovação e
resistência ao PE os discentes nesse estudo entendem que o PE é uma forma de
proporcionar contato do enfermeiro com o paciente facilitando o processo do cuidar.
Quanto a ideia dos discentes do PE como trabalho dos profissionais da
equipe de enfermagem e, mais especificamente do enfermeiro, ressalta-se que esse
aspecto já foi apontado, de forma mais discreta, na primeira categoria (Processo de
Enfermagem como método fundamentado em conhecimento científico e
estabelecido por etapas). Ressalta-se a impressão de um discente sobre a
possibilidade do PE fornecer subsídios para o enfermeiro, não só avaliar a
assistência prestada, como também, o desempenho da equipe de enfermagem no
desenvolvimento de ações cuidativas. Para ilustrar segue o seguinte trecho:
[...] Essa forma de cuidar, organizada e sistemática, na minha opinião, possibilita a enfermeira a avaliar não apenas a evolução do doente, mas também possíveis fragilidades no trabalho da equipe de enfermagem. (D11).
Para Cruz e Almeida (2010) é importante que o enfermeiro, no planejamento
de suas ações, promova o estímulo aos técnicos de enfermagem, membros da
equipe de enfermagem, para que estes possam participar do planejamento da
assistência, visto que estão em contato direto com os pacientes e identificam os
problemas de saúde. Desta forma, o técnico de enfermagem pode contribuir na
organização e planejamento do cuidado, o que será refletido em uma equipe que
utiliza competências como iniciativa, raciocínio, pensamento crítico e reflexivo e
comprometida com a implementação das ações sistematizadas.
O enfermeiro enquanto líder e referência de sua equipe de trabalho deve
enfatizar a importância de uma assistência organizada, e ser um estimulador e
articulador junto aos técnicos e auxiliares de enfermagem para que estes possam
valorizar, participar e reconhecer o PE nos seus processo de trabalho e, desta
forma, também serem reconhecidos como agentes de transformação no processo de
cuidar.
57
Cabe ao enfermeiro a orientação dos demais membros da equipe, auxiliares e
técnicos quanto a execução e sua avaliação, ou seja, se os resultados planejados
são atingidos. A avaliação contínua permite que enfermeiro estreite seu contato com
a equipe e oportuniza que o mesmo faça novas orientações, tire dúvidas e intercepte
falhas sempre em busca da melhor prática clínica.
Neste contexto, destaca-se a Lei do Exercício Profissional 7.498/86 no seu
Art. 11º, inciso I, alínea c, que diz que cabe privativamente ao enfermeiro as
atividades de enfermagem de planejamento, organização, coordenação, execução e
avaliação dos serviços da assistência de enfermagem (BRASIL, 1986). Para Silva,
Meneghete e Fontana (2010) cabe ao enfermeiro a organização do gerenciamento
do cuidado e através de educação permanente, acompanhar as ações dos membros
da equipe de enfermagem. A prescrição de enfermagem realizada pelo enfermeiro
guia a prestação dos cuidados a serem realizados pela equipe de enfermagem.
Destaca-se, ainda, relatos nos quais os discentes afirmam que na realidade
da prática a sistematização não é realizada, e quando realizada não é registrada,
além de não haver referencial teórico pra guiar as ações, como visto nesses relatos:
Na nossa realidade ele não é realizado de maneira sistemática, com registro de todo o processo, ou aplicação definida de diagnósticos de enfermagem, além de não seguir uma teoria de enfermagem. São apenas identificados problemas e estes são resolvidos com procedimentos de enfermagem, muitas vezes não sendo registrado, o que impede a documentação do serviço da enfermagem (D32).
É o roteiro dos processos de enfermagem com relação quando se recebe o cliente/paciente seguindo todas as etapas e isso não acontece na realidade prática (D19).
Apesar da Resolução do COFEN-272, de 2002, revogada pela Resolução do
COFEN-358, de 2009, instituir a implementação da SAE pelo PE nas instituições
públicas e privadas de prestação de cuidados de saúde e do reconhecimento de
seus benefícios e da importância do uso do instrumento metodológico e científico
(PE) nas atividades de enfermagem, no contexto das práticas assistenciais, há uma
resistência em implementar essa metodologia de organização do trabalho
(HERMIDA, 2006; BRASIL, 2009).
A não implementação do PE em muitos ambientes de cuidado é justificado
pelas dificuldades apontadas pelos profissionais, docentes e acadêmicos, como falta
de conhecimento e habilidades, sobrecarga de trabalho, enfoque e cobrança das
58
instituições mais nas atividades burocráticas dos enfermeiros que nas de
assistência. O enfrentamento desses entraves tem sido um dos grandes desafios na
última década para toda a classe, o que tem levado a muitas reflexões sobre a
práxis e a excelência do cuidar (THOMAZ; GUIDARDELLO, 2002; HERMIDA, 2006).
Entende-se que o PE é uma metodologia de trabalho que subsidia a maneira
de fazer e pensar o processo de cuidar, onde o inter-relacionamento entre quem
cuida e quem é cuidado vai além da realização de procedimentos. É o entendimento
que o indivíduo é um ser com necessidades físicas, sociais e psicológicas e que a
prestação da assistência de maneira sistematizada não é apenas mais uma
atividade burocrática e normativa e sim, um instrumento metodológico e científico
para o desenvolvimento de uma prática integral e humanizada, além de fortalecer a
enfermagem enquanto profissão.
5.2.2.2 Processo de Enfermagem como instrumento de melhoria da qualidade da
assistência e promoção do bem-estar
A Qualidade da Assistência de Enfermagem agrupou a opinião dos discentes
sobre o PE enquanto instrumento de melhoria da qualidade da assistência e da
promoção do bem-estar ao indivíduo. Os discentes discorreram que:
É de suma importância para melhorar a assistência prestada nos diversos níveis de atenção ao paciente, com isto facilitando a sistematização e consequentemente favorecendo uma qualidade de vida melhor ao cliente (D7). Entendo que o processo de enfermagem é aplicado para uma assistência em melhor qualidade a qual se pode direcionar o cuidado prestado (D8). Na minha opinião o processo de enfermagem é um ciclo de cuidados que visa o bem estar do cliente,enfatizando cada vez mais a cooperação e co-relação enfermagem-ciência o que ajuda a enobrecer ainda mais essa arte do cuidar (D21). É muito importante, pois o enfermeiro passa por várias etapas (investigação, diagnóstico de enfermagem, planejamento, implementação da assistência de enfermagem e avaliação) para que o paciente tenha uma maior qualidade na assistência (D23).
Para Medeiros et al. (2010) a SAE contribui no processo de trabalho e na
melhoria da qualidade da assistência do enfermeiro, por ser uma maneira de
organizar os cuidados a partir do princípio da visão integral do ser humano com a
identificação, através dos reais problemas de saúde, das diferentes demandas de
59
cuidado físico, psicológico, social e espiritual nas diversas situações do processo
saúde-doença. Investigação que exige julgamento clínico e pensamento crítico para
a escolha e tomada da melhor decisão, imprescindíveis para a segurança e
qualidade do cuidado.
Lima e Kurcgant (2006), Pokorski et al. (2009) corroboram com Medeiros et
al. (2010) e afirmam que a utilização efetiva do processo de enfermagem leva a
melhoria da qualidade da assistência e incita o desenvolvimento de saberes teóricos
e científicos através das melhores práticas clínicas.
Andrade e Vieira (2005) em seu estudo concluíram que dentre os problemas
decorrentes da não sistematização da assistência um os mais citados foram o
comprometimento da qualidade da assistência, a desorganização do serviço e o
conflito de papéis.
Os discentes, através de suas falas, dão a entender que compreendem a
necessidade da implementação do PE como forma de contribuir com a melhoria da
qualidade da assistência, com aumento assim as expectativas de um futuro
promissor para a prática da enfermagem, com profissionais preocupados e
comprometidos com uma prestação de cuidados de qualidade.
60
5.3 Opinião dos discentes de enfermagem sobre o ensino do processo de
enfermagem
5.3.1 Conhecimento e metodologias utilizadas pelos docentes no ensino do
processo de enfermagem
Tabela 3 – Opinião dos discentes em estudo quanto ao ensino do PE em
relação ao conhecimento e a metodologia dos docentes. Natal/RN,
2011.
Conhecimento dos docentes
N %
Ótimo
14 29, 17%
Bom
22 45, 83%
Regular 12 25%
TOTAL 48 100%
Metodologia dos docentes
N %
Totalmente Tradicional
2 4, 17%
Tradicional com componentes
problematizadores
39 81,25%
Totalmente Problematizadora
7 14,58%
TOTAL 48 100%
A Tabela 3 mostra que o conhecimento dos docentes foi avaliado por 22
(45,83%) discentes como bom e por 14 (29,17%) como ótimo. E a metodologia
utilizada no ensino do processo de enfermagem pelos docentes, nas instituições de
ensino pesquisadas, foi descrita pela maioria dos discentes 39 (81,25%) como de
forma tradicional com componentes problematizadores.
Leadebal, Fontes e Silva (2010) em seu estudo, analisaram a abordagem do
ensino do PE nas matrizes curriculares em três instituições de uma capital e
encontrou que há prevalência de uma metodologia tradicional.
61
A metodologia de ensino tradicional é aquela em que o docente transmite ou
repassa os conhecimentos de forma passiva, com indução a uma baixa motivação
dos discentes no aprendizado dos conteúdos, segundo Freire (1996), uma
característica da educação bancária.
As práticas pedagógicas que utilizam a estratégia da problematização no
processo ensino-aprendizagem, estimulam a construção do conhecimento em um
processo dinâmico de uma relação dialógica do docente com o discente (FREIRE,
1996).
Para Dell’Acqua e Miyadahira (2002) o uso do processo de enfermagem pelos
docentes é uma temática que precisa ser lembrada quando no planejamento e
implementação de suas disciplinas.
A preparação dos docentes tem relação direta na qualidade de formação
profissional dos enfermeiros, entraves como despreparo dos professores é uma
realidade muitas vezes encontrada nas instituições de ensino. Andrade e Vieira
(2005) citam que devem ser elaboradas estratégias de capacitação e educação
permanente em Semiologia, Metodologias Assistenciais, Diagnóstico de
Enfermagem, dentre outra disciplinas, como forma de enfrentamento desta
problemática.
O uso da metodologia problematizadora é cada vez mais desenvolvida no
ensino da enfermagem como estratégia metodológica inovadora de ensino. Crossetti
et al. (2009) demonstraram que a utilização de situações problema da prática clínica
pelo professor, como um facilitador do processo ensino-aprendizagem, é uma
maneira de estimular o aluno a desenvolver habilidades de pensamento crítico e
raciocínio clínico, o que promove uma aprendizagem ativa com o desenvolvimento
do aprendizado autônomo, da competência da comunicação, da capacidade de
resolver problemas e tomar decisões mediante os diagnósticos das situações de
saúde e doença.
Parranhos e Mendes (2010), Colliselli et. al. (2009) e Brasil (2001) também
mostram a importância da utilização de metodologias ativas nos currículos, onde o
discente é o ator principal e sujeito ativo na construção dos conhecimentos do
processo ensino- aprendizagem e o docente é um agente facilitador e orientador,
estimulador do pensamento critico e da autonomia do aluno, num processo de trocas
recíprocas de saberes.
62
Sugere-se com os dados apresentados na Tabela 3 que as instituições de
ensino parecem estar preocupadas com a reformulação dos seus processos
pedagógicos, com a formação de profissionais envolvidos, críticos e reflexivos
através da aproximação os saberes da prática aos da teoria, através de
metodologias inovadoras que levam em conta os reais problemas dos cenários da
prática.
5.3.2 Processo de Enfermagem nas disciplinas do curso
Perguntou-se aos discentes como o processo de enfermagem tem emergido
nas disciplinas do curso. A maioria destes, 22 (45,83%), respondeu que é abordado
em disciplinas específicas, de forma isolada a partir do eixo profissional; seguida de
19 (39,59%), que disseram estar presente em todas as disciplinas como tema
transversal, ou seja, presente em todos os eixos no decorrer do curso; e, por último,
7 (14,58%) discentes responderam que é inserido em disciplinas específicas de
forma isolada a partir do eixo básico.
A abordagem do PE de forma isolada em disciplinas específicas do eixo
profissional foi relatada pela maioria dos discentes, fato este também descrito na
literatura, que aponta para a falta de interdisciplinaridade nas matrizes curriculares
(BERARDINELLI; SANTOS, 2005; DAMACENO et. al., 2009; FIGUEREIDO et. al.
2006). Aspecto este que gera preocupações e reflexões nos cenários de ensino que
reorienta para uma reorganização curricular, em vistas a (re)construção de novos
saberes e reorganização da assistência.
A interdisciplinaridade para Japiassú (1976) apud Berardinelli e Santos (2005,
p. 420) é entendida como “um ato de troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou
ciências, ou melhor, de áreas do conhecimento”. É o compromisso com o
entendimento da totalidade, através da troca entre as disciplinas e campos de
saberes que vislumbra a unidade de pensamento, para isso, necessário mudança
de consciências e atitudes (FAZENDA, 1994 apud BERARDINELLI; SANTOS,
2005).
Carvalho et al. (2007) em seu estudo sobre os obstáculos para a
implementação do PE no Brasil, trouxeram que as dificuldades para a utilização do
PE nos cenários de ensino estão relacionadas à falta de interdisciplinaridade, onde o
ensino do PE ainda é recente e abordado em disciplinas de forma isolada.
Ressaltam que o ensino do PE deveria ser realizado com uma abordagem contínua
63
durante o curso e levar em consideração a complexidade progressiva da atenção à
saúde, dentro das disciplinas. Aspecto este também descrito por Damaceno et. al.
(2009) e Figueiredo et. al. (2006), onde reforçam que a complexidade progressiva
deve ser lembrada nos processos de discussão dentro da academia e dos campos
de prática, no intuito de diminuir a lacuna entre o conhecimento adquirido e sua
aplicação na prática.
Destaca-se que apesar de não ter sido a maioria, foi visto que quase 40% da
amostra respondeu que o PE é abordado em todas as disciplinas do curso, fato que
aponta para processos de mudanças nos modelos curriculares, que começam a
abrir espaços de diálogos e interlocuções entre as disciplinas, aspecto que é exigido
pelas Diretrizes Curriculares.
Em corroboração com os autores Damaceno et. al. (2009), Figueiredo et al.
(2006) e Carvalho et al. (2007), ressalta-se que uma abordagem contínua e
progressiva de acordo com a complexidade do eixo curricular do ensino do processo
de enfermagem, durante o processo de formação, parece ser uma boa estratégia de
promoção à interdisciplinaridade nesse processo de ensino-aprendizagem.
Galindo e Goldenberg (2008) concluiram que em cursos de graduação de São
Paulo, que a incorporação da interdisciplinaridade nos cursos de graduação é um
processo em construção, em que os docentes são atores principais e têm a função
de desencadear essa mudança. Ressalta-se, entretanto, que há resistência por
parte dos professores em envolver-se na adoção do modelo de ensino
interdisciplinar por desconhecimento e despreparo.
Berardinelli e Santos (2005) apontam que os desafios da interdisciplinaridade
estão em relacionar as ciências naturais, da vida e humanas que subsidiam o
entendimento da complexidade do ser humano, levando a transformações no
processo de ensino do cuidar na enfermagem com redefinição de conceitos de
cuidado de enfermagem e humano.
5.3.3. Identificação das fases do processo de enfermagem que os discentes de
enfermagem têm dificuldade de apreensão
64
* as percentagens correspondem ao número de respostas e não de respondentes
Gráfico 1 - Fases do Processo de Enfermagem, nas quais os discentes em estudo
têm dificuldades de apreensão. Natal/RN, 2011.
O gráfico acima revela que dentre as fases do PE, a implementação e o
diagnóstico foram citadas como as fases de mais difícil apreensão por parte dos
discentes, com 22 (29,7%) e 17 (23%) das citações, respectivamente.
Em um estudo sobre o processo de implementação do diagnóstico de
enfermagem no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, os enfermeiros
indicaram dificuldades em todas as fases no desenvolvimento do processo de
enfermagem, bem como a necessidade de mudanças para agilizar o processo de
trabalho e melhorar a qualidade de ações no cuidado e educação (LIMA;
KURCGANT, 2006).
Em outro estudo, em um hospital geral de Porto Alegre/RS, foram revisados
prontuários de pacientes adultos admitidos em unidades cirúrgicas, clínicas e
unidade de terapia intensiva para identificar os passos do processo de enfermagem
realizados durante as primeiras 48 horas da admissão. Foram detectadas
deficiências na coleta de dados dos registros de enfermagem e ausência da etapa
do diagnóstico e as outras etapas eram realizadas, mas de forma incompleta.
Inferiram, então, que podia ter sido por falta de conhecimento em realizar o exame
físico e por não avaliar e registrar, corretamente, os dados clínicos na investigação
do paciente. Dados estes que dão embasamento para a realização da
65
sistematização. Concluiram que a falta de conhecimento teórico prático influencia na
implementação do PE nas unidades pesquisadas (POKORSKI et. al., 2009).
Silva, Meneghete e Fontana (2010) em estudo sobre implementação do PE
na prática clínica em uma experiência de aprendizado, realizado por discentes de
enfermagem de uma Universidade do Rio Grande do Sul, constataram que a
implementação do PE em um serviço de enfermagem clínica adulto de um hospital
do interior do Rio Grande do Sul, onde não havia a sistematização, teve poucos
entraves, em função da equipe estar disposta em contribuir com a sua realização.
Enquanto docente, percebe-se que as dificuldades dos discentes em realizar
a implementação do PE na prática, decorrem de: falta da presença efetiva nos
campos de prática, e de não acontecer a simulação realística da implementação na
academia, mesmo na existência de laboratórios em algumas instituições de ensino.
Ao contrário, por exemplo, do processo de elaboração de diagnóstico, que há como
fazer o julgamento crítico e o raciocínio clínico para a construção de um diagnóstico,
mediante problemas exemplificados em salas de aula de casos clínicos fictícios.
Ressalta-se que desafios, entraves e dificuldades vão estar sempre presentes
e que o envolvimento e motivação dos atores do cotidiano da prática é
imprescindível no enfrentamento desses problemas. A valorização de um método
sistematizado de trabalho contribuirá na aquisição de autonomia, no reconhecimento
da profissão e na prestação de um cuidado individualizado com segurança e
qualidade.
66
5.3.4 Dificuldades dos discentes de enfermagem nos campos de estágio
supervisionado em aplicar o processo de enfermagem
Tabela 4 – Opinião dos discentes em estudo quanto às dificuldades nos
campos de estágio em aplicar o PE. Natal/RN, 2011.
Dificuldades nos campos de
estágio em aplicar o PE
N %
Relacionar a teoria com a prática
4 8,30%
Não implementação do PE nos campos de prática
15 31,30%
Falta de estímulo e cobrança pela instituição de ensino (na pessoa no professor coordenador do estágio) em aplicação do processo de enfermagem nos campos de prática
4 8,30%
Resistência dos enfermeiros dos campos em aplicar o processo de enfermagem
8 16,70%
Sobrecarga de trabalho dos enfermeiros com prioridade para atividades burocráticas e gerenciais
15 31,30%
Descrença dos enfermeiros na operacionalização do processo de enfermagem
2 4,10%
TOTAL 48 100%
Na Tabela 4 observou-se que as dificuldades nos campos de estágio, em
aplicar o PE, mais relatadas pelos discentes foram a não implementação do PE nos
campos de prática apontadas por 15 (31,30%) discentes; a sobrecarga de trabalho
dos enfermeiros, com prioridade para atividades burocráticas e gerenciais por 15
(31,30%) discentes; seguido de resistência dos enfermeiros dos campos em aplicar
o PE relatada por 8 (16,70%) discentes.
A problemática da não implementação de ações sistematizadas através do
PE é presente em muitas instituições de saúde na contemporaneidade. Castilho,
Ribeiro e Chirelli (2009) enfatizam a questão de que o processo de implementação
da sistematização das ações de enfermagem depende substancialmente do
67
reconhecimento de sua importância e compromisso institucional em contribuir nesse
processo. A gestão participativa ou co-gestão, em que é estimulado o envolvimento
de toda a equipe na elaboração e aplicação de uma metodologia de assistência
sistematizada, é uma forma de enfrentamento dos desafios da não implementação
dessa metodologia na realidade prática. A adoção de um modelo de co-gestão gera
mudanças significativas dos atores envolvidos e transformação de práticas em
busca de qualidade no processo de cuidado em saúde alicerçados nos princípios e
diretrizes do SUS, principalmente no que se refere a integralidade.
Rossi e Casagrande (2008) compartilham com Castilho, Ribeiro e Chirelli
(2009), quanto ao envolvimento das instituições de saúde, onde os objetivos dos
serviços nem sempre estão focados na realização da real assistência de
enfermagem. Procuram atingir metas e valorizam mais os registros do PE do que
sua efetiva implementação.
5.3.4.1 Aspectos da não implementação do processo de enfermagem
Os discentes relataram o aspecto da não implantação do PE nos campos de
prática, em suas respostas sobre as estratégias que as universidades e os campos
de estágio poderiam adotar para facilitar a apreensão e aplicação do PE na
realidade da prática. No intuito de ilustrar e reforçar os dados apresentados na
Tabela 4, seguem partes de citações dos sujeitos da pesquisa dessa categoria:
[...] Não há a oportunidade de vermos na prática o PE sendo registrado e considerado [...] (D4). [...] A dificuldade maior em aplicar o processo de enfermagem está no fato das instituições de saúde não o utilizarem [...] (D12). [...] ao ponto do processo existir apenas mentalmente e sem a sistematização correta[...] (D2). [...] As instituições deveriam fornecer subsídios para que seja possível a implantação do processo de forma eficaz, sem dificultar sua operacionalização e o andamento das demais atividades do enfermeiro no serviço [..]( D9).
A não implementação do PE nas instituições de saúde é fato, e está refletido
na realidade prática das instituições de saúde do Município de Natal. Realidade
preocupante em função da necessidade urgente da enfermagem se organizar com
métodos científicos e metodologias de sistematização direcionadas para o cuidado,
na realização das práticas, deixando de usar só o conhecimento empírico e um
68
planejamento, muitas vezes, mais focados nas necessidades do profissional do que
nas dos usuários e com as metas mais direcionadas para a resolução de problemas
da instituição que dos problemas reais de saúde de seus clientes.
A visão dos discentes que a sobrecarga de trabalho dos enfermeiros faz com
que os últimos não implementem o PE nas instituições de saúde, tornando-os
resistentes e levando-os a não perceber a importância de sistematização dos
cuidados. Fato que incita reflexão sobre a necessidade de discussões nos campos
de prática junto aos gestores, coordenadores e equipe de enfermagem pra contribuir
na luta por melhorias de trabalho e consequentemente da assistência.
Segue alguns fragmentos das respostas dos discentes sobre as estratégias
que as universidades e os campos de estágio poderiam adotar para facilitar a
apreensão e aplicação do PE na realidade da prática, para reforçar a questão da
sobrecarga de trabalho e resistência dos enfermeiros da prática, em implementar o
PE. Pode-se perceber isso nas falas abaixo:
[...] além disso, a carga de trabalho destes profissionais é tão intensa, que pensar em executar o PE parece ser mais um afazer e sobrecarga de tarefas do que simplesmente realizar, de fato, o trabalho do enfermeiro[...] (D10). [...], os enfermeiros resistem em não realizá-lo, pois estão sobrecarregados com atividades administrativas[...] (D12) [...] o que pude ver enquanto estudante é que muitos Enfermeiros negligenciam a existência desses processos, por acreditarem que não é funcional, e acabam por tornar os alunos desacreditados a lutarem por um modelo cujo papel é exclusivamente do Enfermeiro, viciando muitas vezes os alunos a acreditarem em um modelo hospitalocêntrico, de forma submissa e dependente aos atos médicos, esquecendo que o papel da Enfermagem vai além de tudo isso[...] (D35). [...] o problema a meu ver é a sobrecarga do profissional de enfermagem[...] (D21).
Com o acúmulo de funções do enfermeiro e consequente desvios de suas
reais atribuições, vem a resistência em implementar o PE. Essa é a postura que é
tomada por muitos enfermeiros assistenciais. Aspecto este que para Andrade e
Vieira (2005) gera conflito de papéis nos profissionais, entre a legítima função de
prestar a assistência e as reais cobranças das instituições de saúde que favorecem
o afastamento dos enfermeiros das ações cuidativas, incumbindo-lhes muitas vezes
ações burocráticas.
69
Essa resistência dos profissionais pode ser explicada, como ressaltam Rosi e
Casagrande (2009) e Chaves (2009), por falta de preparo devido lacunas na
formação, falta de tempo e sobrecarga de trabalho por número insuficiente de
profissionais.
Chaves (2009) aponta ainda que a implementação da sistematização da
assistência de enfermagem tem sido realizada, nem que seja de forma incompleta.
Muitas vezes pelo fato de ser exigido por lei, o PE torna-se mais uma obrigação e
não é entendida por muitos profissionais como prática indispensável no auxílio da
tomada de decisão para resolução dos problemas dos indivíduos, família e
sociedade.
Carvalho et. al. (2007), Silva, Meneghete e Fontana (2010), Andrade e Vieira
(2005) abordam essa questão como uma das dificuldades de utilização do PE no
cenário da prática assistencial. E apontam para a necessidade dos gestores
promoverem o desenvolvimento de suas forças de trabalho para que as práticas
sejam revista e transformadas.
Com o entendimento e envolvimento das instituições com a implementação
do PE, espera-se que a questão recursos humanos seja também uma preocupação,
tendo em vista que a sobrecarga de trabalho é algo muito debatido em estudos e
nos contextos de prática, também foi destacado pelos discentes nesse estudo.
5.4 Estratégias da academia e dos serviços de saúde para facilitar a apreensão e
aplicação do processo de enfermagem na prática profissional
5.4.1Estratégias de integração docente-assistencial
Foram apontadas estratégias que as instituições de ensino e as de saúde
poderiam realizar para que ocorra integração do que é ensinado e o que é visto na
realidade prática. Para um melhor entendimento, abordaram-se primeiro as
estratégias com relação às instituições de ensino, como revelam as falas a seguir:
Durante o curso senti falta de exercitar um pouco o processo de enfermagem. Digo exercitar de forma simulada, com enfoque principalmente na elaboração do histórico, utilizando casos clínicos como base. Isto facilitaria a compreensão do aluno sobre o processo, pois haveria a possibilidade de sanar as muitas dúvidas que surgem e traria maior segurança e tranquilidade no momento de aplicação do processo durante os estágios (D24). Enfatizar a importância de se implementar esse processo como rotina do enfermeiro com seminários em diferentes temas assim amplia-se a visão do estudante diante do PE (D17).
70
Trazer para a sala de aula a SAE de uma maneira aplicada, com exemplos práticos da diferença que faz ter uma assistência planejada. Desta forma com certeza as Universidades estariam colocando no mercado profissionais melhores preparados, e quem sabe dessa forma poderíamos chegar mais perto de obtermos a tão sonhada AUTONOMIA (D25). O processo de enfermagem, em minha opinião, é complexo. Por que fazemos leituras, pesquisas, mas há uma dificuldade em relacionar a teoria com a prática. Talvez para as universidades, ter um laboratório para realizar atividades em consultas de enfermagem assim como nos campos, ter esse tipo de atendimento porém, a realidade é bem diferente(D22).
Nessas falas dos discentes observa-se a necessidade de problematizar a
realidade no contexto da teoria, do uso de laboratório para simulação, de casos
clínicos e de discussão em seminários sobre a importância do PE como cotidiano
do enfermeiro. Estes aspectos foram relatados pelos discentes como estratégias de
integração docente-assistencial no processo ensino-aprendizagem.
Com relação à integração teórico-prática, Ojeda, Santos e Eidt (2004)
abordaram em seu estudo que o que é ensinado nas escolas diverge do que as
instituições de saúde praticam, o que provoca um choque de realidade nos recém
graduandos em enfermagem. Silva et al. (2010) afirmam que em suas experiências
têm visto que os acadêmicos criticam a prática como está do modo eu é realizada,
mas quando são inseridos nesse mercado acabam por ter a mesma postura
daqueles que eles mesmos desaprovavam.
Silva, Meneghete e Fontana (2010), afirmaram que a experiência de
implementação prática do PE foi muito válida para o ensino do PE, pela troca de
saberes entre os discentes, enfermeiros, técnicos e pesquisadores e para a prática
com a sensibilização dos profissionais para a importância do uso. Neste ensejo, está
a integração docente-assistencial, maneira de propiciar transformações do cotidiano
do mundo de trabalho e do ensino.
Alerta-se desta forma, que o rompimento da dissociação entre a formação
teórica em relação às exigências da prática deve ser objeto de discussão para as
instituições de ensino e as prestadoras de cuidados. Para Figueiredo et. al. (2006)
os docentes sensibilizados criam espaços na academia e na prática de reflexão
sobre a lacuna entre o conhecimento adquirido da sistematização da assistência de
enfermagem e sua aplicação na prática.
Nessa categoria destacaram-se as falas de alguns discentes que trouxeram
algumas dificuldades de implementação do PE nos campos de prática:
71
A dificuldade maior em aplicar o processo de enfermagem está no fato das instituições de saúde não o utilizarem, consequentemente, os enfermeiros resistem em não realizá-lo, pois estão sobrecarregados com atividades administrativas. E como o processo de enfermagem ainda está distante da sua realidade estes não estão capacitados, e também não creem que ele poderá se aplicar as suas realidades (D12). Nos estágios, a estratégia principal é realmente implementar o PE nos campos de estágios, pois fica praticamente impraticável um simples estudante correr contra a maré num ambiente tão cheio de manias e costumes. Não há a oportunidade de vermos na prática o PE sendo registrado e considerado. Estamos cheios de ver prescrições médicas impondo prescrições intrinsecamente de enfermagem; o PE tem que ser problematizado nas instituições e os enfermeiros têm que perceber a sua importância e como seu trabalho ficará, de certa forma, mais organizado e pautado em teorias fundamentadas e não simplesmente embasada num saber empírico (D4). [...] Além disso, a carga de trabalho destes profissionais é tão intensa, que pensar em executar o PE parece ser mais um afazer e sobrecarga de tarefas do que simplesmente realizar, de fato, o trabalho do enfermeiro. Existem inúmero obstáculos estruturais nas instituições de saúde, como também dos próprios profissionais cansados em plantões que ultrapassam as 24h e que adotam diversas tarefas que não são de sua competência e que estão imersos em tanta burocracia que executar o processo de enfermagem parece algo que está apenas no papel e que não faz parte do seu cotidiano (D10). O problema ao meu ver é a sobrecarga do profissional de enfermagem, levando-o a dar prioridade as atividades burocráticas e gerencias consequentemente fazendo com que o processo não seja implementado(D21). Implementar o processo de enfermagem, já que é legal, mas ninguém aplica na prática! (D8).
Percebe-se com essas falas que os discentes em suas práticas puderam
perceber que o PE não é implementado nos campos de estágios, o que torna a sua
aplicação por eles uma realidade ainda distante, mesmo que seja exigência legal. A
resistência por parte dos enfermeiros, a sobrecarga de trabalho, a falta de crença no
método foram apontadas como dificuldades de utilização do PE na realidade da
prática. O acúmulo de atividades burocráticas é um fator importante no afastamento
dos enfermeiros de sua função primordial.
Damaceno et. al (2009) em seu estudo afirmaram que um dos problemas de
implementação da sistematização da assistência de enfermagem é a sobrecarga de
trabalho que promove, o desvio de funções do enfermeiro.
Aspecto também relatado em estudo realizado em um hospital universitário
de Sergipe, para subsidiar a implantação da sistematização da assistência de
Enfermagem, onde os enfermeiros afirmaram que suas atividades práticas diárias
72
eram baseadas no tecnicismo, devido ao modelo hegemônico biomédico, tanto do
serviço quanto da instituição formadora, o que leva à limitação da prática e desvia o
foco para a administração do serviço, onde as atividades burocráticas são inúmeras.
As atividades de ensino foram relatadas por uma minoria, as autoras analisaram que
mesmo que sejam atividades do enfermeiro, principalmente por ser um hospital
escola, notou-se uma resistência em realizar atividades educativas com os
pacientes, equipe e acadêmicos (ANDRADE; VIEIRA, 2005).
Silva, Meneghete e Fontana (2010) apontam entraves como falta de recursos
humanos para a implementação do PE no cenário da prática e estimula a realização
de pesquisas para reflexão, bem como, divulgação dos relatos de forma de
enfrentamento desses desafios para que sirva de exemplo e estímulo para aplicação
em outros espaços de prestação de cuidados.
Medeiros et. al. (2010) também relataram que a resistência em adotar o PE
como metodologia de trabalho, apesar dos conhecidos benefícios, está na grande
quantidade de atividades burocráticas que os enfermeiros têm que assumir, além da
falta de conhecimento e pouca habilidade em realizar o exame físico.
Silva et. al. (2010) investigaram as dificuldades enfrentadas por enfermeiros
no início da profissão e verificaram que os desafios estavam ligados ao
relacionamento com a equipe de trabalho e com a competência e habilidade técnica.
A deficiência na realização do exame físico e da consulta de enfermagem, como
também base teórica para embasar as tomadas de decisão, foi relatada pelos
enfermeiros como hiato no conhecimento. Os autores pressupõem que esses
problemas em sua maioria são decorrentes da lacuna existente entre a academia e
a realidade da prática da enfermagem. Sugeriu com os achados do estudo que a
integração de novas práticas de ensino, com enfoque no contexto subjetivo do
cotidiano da prática em parceria com a assistência, como uma forma de superar
esses desafios.
Em consonância com o estudo de Silva et al. (2010) as falas dos discentes
do presente estudo apontaram para lacunas na academia onde leva às divergências
entre o que se aprende na formação acadêmica e o que se faz na prática
profissional o que tem dificultado a implementação do PE. Aproximar docentes dos
profissionais da assistência possibilita troca de conhecimentos teóricos e práticos
facilitando o desenvolvimento de desenvolvimento de habilidades e competências do
saber-fazer-ser essenciais no processo de cuidar.
73
A resistência dos enfermeiros, a descrença no PE e as deficiências de
conhecimento, também apontadas pelos discentes como entraves do uso do PE na
prática, também foram descritos no estudo de Carvalho et. al. (2007), que
analisaram alguns fatores que têm dificultado a utilização do Processo de
Enfermagem em nosso país, ressaltaram ainda que em muitas instituições ainda é
seguido o modelo voltado para realização de atividades prescritas pelo profissional
médico e a falta de compromisso das instituições de saúde em treinar os seus
recursos humanos. Sugere uma mudança nesses modos de gestão para que o PE
seja implementado como modelo de assistências nos diversos espaços de cuidado.
Acredita-se que o acúmulo de atividades dos enfermeiros gera burocratização
das ações e mecanização da rotina; número insuficiente de profissionais; falta de
conhecimento científico sobre o processo, por lacunas no ensino e, atitudes como
indiferença e rejeição do PE pela equipe de enfermagem, são dificuldades
encontradas na implementação do PE na prática assistencial. Esses entraves devem
ser objeto de estudo para que sejam evidenciadas formas de enfrentamento, no
intuito de contribuir com a implementação de uma assistência sistematizada que
promoverá a (re)orientação das ações do enfermeiro e a (re)aproximação deste com
o cuidado direto ao cliente.
Especificamente, em relação às estratégias que serviços de saúde poderiam
adotar para facilitar a apreensão e aplicação do PE na prática profissional, os
discentes conforme as falas abaixo relataram:
Os campos de estágio ajudariam bastante se possuíssem os impressos de enfermagem que possibilitassem a aplicação do processo e se os profissionais não fossem tão sobrecarregados de atividades, ao ponto do processo existir apenas mentalmente e sem a sistematização correta (D2). Primeiramente, os profissionais mais antigos deveriam passar por uma capacitação em que fosse colocado sobre o processo de enfermagem e o real significado, vantagens e importância deste. As instituições deveriam fornecer subsídios para que seja possível a implantação do processo de forma eficaz, sem dificultar sua operacionalização e o andamento das demais atividades do enfermeiro no serviço (D9). Primeiramente reciclar os profissionais que recebem os alunos em campo de estágio, enfatizar a estes a importância do processo, concordo que um acompanhamento rigoroso na primeira semana em campo, nos ajudaria com certeza a trabalhar como tem que ser, e não como a maioria dos profissionais que encontramos trabalham (D27).
74
Desburocratizar a atividade do enfermeiro com implantação de um profissional burocrata, aumentar o número de auxiliares de enfermagem a fim de suprir a demanda gerada pelo setor. Isso garantiria ao profissional enfermeiro tempo para desenvolver seu trabalho (D13).
A necessidade de ensino, capacitação e treinamentos para os enfermeiros
dos campos de estágio foram aspectos citados pelos discentes como forma de
mostrar aos enfermeiros a importância da implementação do PE. A questão da
desburocratização das atividades dos enfermeiros, também foi citada como uma
forma de distanciar o enfermeiro das suas reais atividades. Foi relatada também a
necessidade de redimensionamento dos recursos humanos, para que a assistência
de enfermagem pudesse ser desenvolvida de forma mais eficaz.
Pokorski et. al. (2009) ressaltam a necessidade de treinamentos para
atualizar e desenvolver os enfermeiros da prática. Para que isso possa ser
viabilizado entende-se que os gestores devem se envolver para promover os
espaços de aprendizado, através de uma visão ampliada de que recursos humanos
qualificados, dentro de uma base metodológica, refletirão em assistência de
excelência e retorno nos âmbitos sociais, financeiros e políticos para o serviço.
Carvalho et. al. (2009) citam algumas estratégias para otimizar a utilização do
PE tais como: melhoria das condições de trabalho da equipe de enfermagem pela
mudança na gestão institucional; reorientação das reais atividades dos enfermeiros,
para promover a desburocratização de suas rotinas; o uso de recursos da
informática para otimizar o tempo; a promoção de educação permanente no serviços
de saúde, para melhoria nas habilidades e competências. Carvalho e Kusumota
(2009) acrescentam que o enfrentamento das adversidades na implementação do
PE não depende somente da vontade dos enfermeiros da prática assistencial, mas
também da iniciativa das instituições com seus gestores em promoverem meios de
estimular todos da equipe para melhoria da prática e dos processos cuidativos.
A maneira de como os profissionais são envolvidos influencia diretamente no
sucesso do planejamento e implantação do PE nas instituições de saúde. É urgente
a necessidade dos profissionais da enfermagem entenderem que o uso de uma
metodologia da assistência sistematizada como o PE, não deve fazer parte somente
dos seus discursos, mas deve estar presente efetivamente em suas práticas, em
vistas que é a essência da profissão.
75
CONSIDERAÇÕES FINAIS
76
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo conheceu a opinião dos discentes de enfermagem sobre o ensino
do PE. Os achados mostraram que os discentes entendem que o PE é um método
fundamentado em conhecimento científico e estabelecido por etapas; e que fornece
qualidade a assistência de enquanto instrumento prática de Enfermagem e na
promoção do bem-estar.
O entendimento dos discentes que o PE é um método estabelecido por
etapas que deve ser embasado em conhecimentos científicos e sustentado por
teorias, vem ao encontro dos conceitos e pressupostos abordados na literatura
sobre o tema. Mostra que os discentes têm o conhecimento teórico do significado do
PE e da necessidade de referencial teórico para sua implementação.
Houve também o reconhecimento do PE enquanto atividade e/ou trabalho
fundamental na prática do enfermeiro. Apontam o PE como uma forma de
organização e direcionamento para realização adequada da assistência. A aplicação
de ações sistematizadas de enfermagem, através do processo de enfermagem
como método cientifico, tem demonstrado relevância para as atividades da prática.
Além de contribuir para fornecer visibilidade, autonomia e reconhecimento para a
profissão.
Os discentes ainda relataram que o PE é um instrumento de melhoria da
qualidade da assistência e promoção do bem-estar daqueles que recebem os
cuidados. Para que isto aconteça o planejamento do cuidado deve ser direcionado
para atendimento das necessidades humanas individuais, através do julgamento
crítico e tomada da melhor decisão pelo enfermeiro, com o objetivo de atingir os
melhores resultados.
Os achados indicaram que os professores tem um bom conhecimento sobre o
ensino do processo de enfermagem, e empregam para isso pedagogias
problematizadoras, mas ainda com traços tradicionais. Esses dados nos faz pensar
que as mudanças do processo de ensino e aprendizagem ocorrem nas instituições
de ensino pesquisadas.
A forma como o PE está inserido, no decorrer do curso de graduação, ainda
apareceu nesse estudo, em disciplinas isoladas no eixo profissional, apesar de em
algumas instituições começarem a emergir em todas as disciplinas, desde o básico.
Nesse estudo, a continuidade do ensino do PE nas disciplinas foi fato relatado pelos
77
discentes como uma estratégia para melhorar a apreensão e aplicação do PE nos
campos de estágio.
A implementação do PE é a fase que os discentes têm mais dificuldades de
apreensão, justifica-se pelo fato do PE não ser implementado nos campos de prática
por sobrecarga de trabalho e resistência dos enfermeiros em utilizá-lo, aspectos
também apontados nesse estudo pelos alunos. Infelizmente, a implementação do
PE em muitos serviços de saúde ainda está muito distante do descrito pela teoria.
Entretanto, há uma tendência crescente na profissão pela busca de métodos de
organização da assistência que a torne mais humana, eficiente e de qualidade.
Os discentes descreveram que, estratégias de integração docente-
assistenciais relacionadas a uma melhor integração entre a academia e a
assistência, através da aproximação do que é ensinado nos bancos das instituições
de ensino com o cotidiano da prática são maneiras que a academia e os serviços de
saúde poderiam adotar para facilitar a apreensão e aplicação do processo de
enfermagem na prática.
É sabido que a forma como o discente entende o processo de enfermagem
depende de como os seus professores o entende e o utiliza em suas práticas de
ensino.
Desta forma, ressalta-se a necessidade emergente da utilização das
pedagogias inovadoras, em que é estimulada a construção do conhecimento através
da contextualização dos reais problemas do ambiente da prática assistencial e pelo
desenvolvimento ao raciocínio clínico e julgamento crítico. Essa é uma estratégia
para formar sujeitos que refletem no pensar-fazer-repensar das ações, aspectos
essenciais para responder às exigências e demandas do processo ensino-
aprendizagem nos cursos de graduação de Enfermagem e do mercado de trabalho
em saúde.
Destaca-se ainda a importância da continuidade entre as disciplinas na
abordagem do PE, para fornecer ao discente o entendimento e o desenvolvimento
crescente do julgamento crítico e raciocínio clínico, de acordo com o grau de
complexidade da atenção e assim possa implementar no cotidiano da sua prática
enquanto aluno nos seus estágios e depois, profissionalmente.
Entende-se que sensibilizar acadêmicos, docentes, enfermeiros e gestores é
uma importante estratégia para o enfrentamento de barreiras que entravam o ensino
e a implementação do processo de enfermagem. A reflexão dos atores envolvidos
78
nesse processo quanto à transformação de suas práticas favorecem o crescimento
científico na área com o desenvolvimento desta temática na prática e no contexto
acadêmico da enfermagem.
Deixa-se como colaboração deste estudo o conhecimento da opinião de
discentes de enfermagem de Natal/RN sobre o ensino do PE e com os resultados,
pretende-se elaborar um questionário e seguir com sua validação para que sirva de
instrumento para pesquisas futuras. É ressaltada, desta forma, a legitimidade de um
questionário validado e construído com as variáveis extraídas da realidade da
própria população a ser pesquisada, o que traz um maior rigor científico à pesquisa
e resultados mais fidedignos.
Espera-se que os resultados desse estudo também possam contribuir com
algumas estratégias para facilitar a integração entre teoria e prática, ou seja, entre a
academia e os campos de prática, na apreensão e aplicação do processo de
enfermagem. Pretende-se assim, estimular uma discussão junto aos coordenadores,
docentes e discentes sobre o tema, nas escolas de Enfermagem, onde a pesquisa
foi realizada.
As divergências entre o que se aprende na academia e prática profissional
têm dificultado a implementação do PE, na opinião dos discentes. A adoção de uma
metodologia, pelos docentes, que não contextualiza com os reais problemas da
prática também foi um fator relatado como dificultante no ensino do PE. A
aproximação dos enfermeiros dos campos de prática com as instituições de ensino e
vice-versa é uma estratégia importante para a troca dos saberes e fazeres
profissionais, o que leva a transformações do processo ensino-aprendizagem e das
práticas de saúde em seus diferentes âmbitos de atenção.
É neste contexto que docentes, discentes, enfermeiros e gestores das
instituições de saúde, atores envolvidos no processo ensino- aprendizagem, devem
se articular com o propósito de construir coletivamente saberes necessários para o
ensino do PE e para a sua implementação na prática.
No caminhar do estudo alguns entraves ocorreram como dificuldades de
acesso aos sujeitos da pesquisa e resistência dos discentes em responder ao
questionário desta pesquisa, por justificativas como falta de tempo, esquecimento ou
pelo fato de não quererem participar.
79
Outro desafio foi a busca de referências e o estudo de como realizar uma
análise qualitativa, nunca antes realizada. Destaca-se a contribuição de algumas
disciplinas oferecidas pelo programa
de mestrado da Pós-graduação em enfermagem da UFRN, que fizeram uma
aproximação da mestranda com a abordagem qualitativa, ajudando-a na busca,
estudo e escolha da técnica de análise por esse método.
Acredita-se que esse estudo trará subsídios para que possa sensibilizar os
enfermeiros da prática, através do Núcleo da Educação Permanente da instituição
de saúde na qual trabalho e sou responsável por receber e conduzir os estágios dos
discentes de enfermagem dos penúltimos e últimos períodos dos cursos de
graduação de enfermagem, quanto à importância da utilização do PE como maneira
de sistematizar as ações e assim, iniciar o processo de implementação no serviço, e
dessa forma contribuir de forma real na aplicação deste método pelos discentes nos
campos de prática e assim promover a articulação entre o que é ensinado na
academia e o que é feito na prática.
Desafios? Como enfrentá-los? Muitos surgirão e temos que enfrentá-los. É
necessário envolver todos os responsáveis pelo processo de formação e prestação
de cuidados, sempre baseados em evidências e com um único e principal objetivo, o
de contribuir com uma enfermagem cada vez mais organizada, sábia e humana.
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REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
90
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO ONLINE VIA SURVEYMONKEY
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Dados de caracterização sociodemográfica e acadêmica Questão 1 Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino. Idade:_______ anos. Questão 2 Instituição de ensino ( ) UFRN ( ) FACEX ( ) UNP ( ) FATERN ( ) FARN Período de ensino ( ) 7º ( )8º ( ) 9º Dados referentes ao ensino do Processo de Enfermagem Questão 3 Qual a sua opinião sobre o que é processo de Enfermagem?
Questão 4
Quanto ao ensino do processo de Enfermagem em sua instituição como você tem percebido o conhecimento dos docentes?
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo
Questão 5
Na sua opinião a metodologia utilizada pelos docentes em relação ao ensino do processo de Enfermagem é mais voltada pra ser: ( ) Totalmente tradicional ( ) Tradicional com componentes problematizadores ( ) Totalmente problematizadora Questão 6 Como o processo de Enfermagem tem emergido nas disciplinas do curso? ( ) Abordado em todas as disciplinas como tema transversal, ou seja, presente em todos os eixos no decorrer do curso desde o eixo básico até o profissional ( ) Abordado em disciplina(s) específicas de forma isolada a partir do eixo profissional. ( ) Abordado em disciplina(s) específicas de forma isolada a partir do eixo básico.
91
Questão 7 Em relação à questão anterior sobre o ensino do processo nas disciplinas do curso, você lembra em qual disciplina e período?
Questão 8 Você tem dificuldades de apreensão do processo de enfermagem? Caso positivo, quais as suas dificuldades de apreensão do processo de enfermagem?
( ) SIM ( )NÃO
( ) Todo o processo ( ) Investigação ( ) Diagnóstico ( ) Planejamento ( ) Implementação ( ) Avaliação Questão 9 Existem dificuldades nos campos estágios supervisionadas em aplicar o processo de enfermagem? Caso positivo, quais? (relacionados ao aprendizado e ao cenário da realidade prática encontrada).
( ) SIM ( ) NÃO
( ) Dificuldade em relacionar a teoria com a prática
( ) Não implementação do processo de enfermagem nos campos de prática
( ) Falta de estímulo e cobrança pela instituição de ensino ( na pessoa no professor
coordenador do estágio) em aplicação do processo de enfermagem nos campos de
prática
( ) Resistência dos enfermeiros dos campos em aplicar o processo de enfermagem
( ) Sobrecarga de trabalho dos enfermeiros com prioridade para atividades
burocráticas e gerenciais
( ) Descrença dos enfermeiros na operacionalização do processo de enfermagem
( ) Outra :________________________________
Questão 10 Em sua opinião que estratégias as Universidades e os campos de estágio podem adotar para facilitar a apreensão e aplicação do PE na realidade da prática profissional?
92
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ONLINE VIA SURVEYMONKEY
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Este é um convite para você participar da pesquisa “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN” que é coordenada e desenvolvida por Francis Solange Vieira Tourinho, juntamente com a mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga prejuízo ou penalidade. O objetivo geral é: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem. Caso decida aceitar o convite, você será submetido (a) ao (s) seguintes procedimentos: responderá a este questionário eletrônico sobre alguns dados pessoais e acadêmicos e também sobre sua opinião sobre o ensino do processo de enfermagem, que terá uma duração de aproximadamente vinte minutos. Solicito a permissão para apresentar os resultados da análise do questionário na minha dissertação de mestrado, em eventos científicos e periódicos na área de saúde e educação. Na divulgação dos resultados seu nome será mantido em sigilo absoluto. O estudo oferece riscos mínimos a sua integridade física, moral, social e econômica, uma vez que estarão asseguradas a confidencialidade e privacidade das informações, proteção da imagem e não estigmatização dos sujeitos e a não-utilização das informações em prejuízo das pessoas envolvidas. Caso concorde você apenas responderá este e não será identificado ou penalizado por nenhuma questão respondida. Caso não concorde em participar da pesquisa você não será retaliado ou prejudicado, sua participação é totalmente voluntária. Você não receberá nenhum benefício diretamente ao participar. No entanto, esta pesquisa, estará cooperará para o conhecimento da opinião dos discentes de graduação de enfermagem sobre o ensino do processo de enfermagem, e contribuirá para a identificação de estratégias para o ensino do processo de enfermagem e sua aplicação na prática . Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os participantes. Os pesquisadores assumem a responsabilidade de prestar assistência integral às complicações e danos decorrentes dos riscos previstos, assim como, os possíveis custos solicitados pelos sujeitos da pesquisa, desde que fique comprovado legalmente essa necessidade e você poderá solicitar em qualquer momento. Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será ressarcido, caso solicite. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda dúvida que você tiver, a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para Francis Solange Vieira Tourinho no endereço: Departamento de Enfermagem- Campus Universitário no bairro Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal/RN, ou pelo telefone 32153889.Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
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Pesquisa da UFRN no endereço Campus Universitário no bairro Lagoa Nova, Caixa Postal 1666, CEP 59072-970, Natal/RN, ou pelo telefone 32153135. Consentimento Livre e Esclarecido: Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”
( ) Aceito participar da pesquisa ( ) Não aceito participar da pesquisa
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APÊNDICE C
OFÍCIO À INSTITUIÇÃO PESQUISADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campos Universitário- Br 101- Lagoa Nova- Natal, RN
CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]
Oficio n.º 24/10 Pós-Graduação de Enfermagem - UFRN Natal, 19 de Outubro de 2010 Ilma Sra. Akemi Iwata Monteiro
Chefe do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
A Chefia,
O grupo de Pesquisa de Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem do Departamento de Enfermagem da UFRN conta atualmente, com diversos projetos de pesquisa em desenvolvimento, dentre os quais, aqui ressaltamos o trabalho intitulado “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”, desenvolvido pela mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento, do programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, tendo como orientadora a Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho. Este estudo tem por objetivo geral: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem, e como específicos: Conhecer a opinião dos discentes sobre a metodologia de ensino utilizada pelos docentes, e a existência de integralidade entre as disciplinas no ensino do processo de enfermagem; verificar a compreensão dos discentes relativa à atuação do enfermeiro no processo de enfermagem; identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares, e saber a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
Reconhecendo a importância do trabalho a ser desenvolvido, solicitamos a vossa aquiescência em permitir o acesso da mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento e das acadêmicas de enfermagem do grupo de pesquisa, nas dependências da instituição de ensino para a realização da coleta de dados junto aos discentes de graduação de enfermagem do penúltimos e últimos períodos. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta instituição possa constar no relatório final de pesquisa.
Outrossim, salientamos que a participação dos discentes será solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido a autonomia em participar ou não do estudo e de desistir a qualquer momento da pesquisa anterior à publicação dos resultados em eventos científicos da área, bem como os dados serão mantidos em sigilo. Esta pesquisa será conduzida de acordo com a Resolução do Ministério da Saúde 196/96 que trata da Pesquisa em Seres Humanos.
Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta direção e ou coordenação agradecemos antecipadamente e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem.
Enfa. Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento Mestranda do programa de pós-graduação do departamento de enfermagem da UFRN
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APÊNDICE D
TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA
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APÊNDICE E
OFÍCIO À INSTITUIÇÃO PESQUISADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campos Universitário- Br 101- Lagoa Nova- Natal, RN
CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]
Oficio n.º 25/10 Pós-Graduação de Enfermagem - UFRN Natal, 18 de Outubro de 2010 Ilma Sra. Brenda Mercedes Justiz Gonzáles
Coordenadora do Curso de Enfermagem da Universidade Potiguar
Senhora Coordenadora,
O grupo de Pesquisa de Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem do Departamento de Enfermagem da UFRN conta atualmente, com diversos projetos de pesquisa em desenvolvimento, dentre os quais, aqui ressaltamos o trabalho intitulado “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”, desenvolvido pela mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento, do programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, tendo como orientadora a Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho. Este estudo tem por objetivo geral: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem, e como específicos: Conhecer a opinião dos discentes sobre a metodologia de ensino utilizada pelos docentes, e a existência de integralidade entre as disciplinas no ensino do processo de enfermagem; verificar a compreensão dos discentes relativa à atuação do enfermeiro no processo de enfermagem; identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares, e saber a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
Reconhecendo a importância do trabalho a ser desenvolvido, solicitamos a vossa aquiescência em permitir o acesso da mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento e das acadêmicas de enfermagem do grupo de pesquisa, nas dependências da instituição de ensino para a realização da coleta de dados junto aos discentes de graduação de enfermagem do penúltimos e últimos períodos. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta Instituição possa constar no relatório final de pesquisa.
Outrossim, salientamos que a participação dos discentes será solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido a autonomia em participar ou não do estudo e de desistir a qualquer momento da pesquisa anterior à publicação dos resultados em eventos científicos da área, bem como os dados serão mantidos em sigilo. Esta pesquisa será conduzida de acordo com a Resolução do Ministério da Saúde 196/96 que trata da Pesquisa em Seres Humanos.
Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta direção e ou coordenação agradecemos antecipadamente e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem.
Enfa. Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento Mestranda do programa de pós-graduação do departamento de enfermagem da UFRN
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APÊNDICE F
TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA
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APÊNDICE G
OFÍCIO À INSTITUIÇÃO PESQUISADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campos Universitário- Br 101- Lagoa Nova- Natal, RN
CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]
Oficio n.º 26/10 Pós-Graduação de Enfermagem - UFRN Natal, 18 de Outubro de 2010 Ilmo Sr. Daladier Pessoa Cunha Lima
Diretor Geral da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do RN - FARN Senhor Diretor,
O grupo de Pesquisa de Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem do Departamento de Enfermagem da UFRN conta atualmente, com diversos projetos de pesquisa em desenvolvimento, dentre os quais, aqui ressaltamos o trabalho intitulado “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”, desenvolvido pela mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento, do programa de
Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, tendo como orientadora a Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho. Este estudo tem por objetivo geral: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem, e como específicos: Conhecer a opinião dos discentes sobre a metodologia de ensino utilizada pelos docentes, e a existência de integralidade entre as disciplinas no ensino do processo de enfermagem; verificar a compreensão dos discentes relativa à atuação do enfermeiro no processo de enfermagem; identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares, e saber a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
Reconhecendo a importância do trabalho a ser desenvolvido, solicitamos a vossa aquiescência em permitir o acesso da mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento e das acadêmicas de enfermagem do grupo de pesquisa , nas dependências da instituição de ensino para a realização da coleta de dados junto aos discentes de graduação de enfermagem do penúltimos e últimos períodos. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta Instituição possa constar no relatório final de pesquisa.
Outrossim, salientamos que a participação dos discentes será solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido a autonomia em participar ou não do estudo e de desistir a qualquer momento da pesquisa anterior à publicação dos resultados em eventos científicos da área, bem como os dados serão mantidos em sigilo. Esta pesquisa será conduzida de acordo com a Resolução do Ministério da Saúde 196/96 que trata da Pesquisa em Seres Humanos.
Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta direção e ou coordenação agradecemos antecipadamente e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem.
Enfa. Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento
Mestranda do programa de pós-graduação do departamento de enfermagem da UFRN
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APÊNDICE H
TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA
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APÊNDICE I
OFÍCIO À INSTITUIÇÃO PESQUISADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campos Universitário- Br 101- Lagoa Nova- Natal, RN
CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]
Oficio n.º 27/10 Pós-Graduação de Enfermagem - UFRN Natal, 18 de Outubro de 2010 Ilma. Sra. Isabel Cristina Amaral
Coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Cultura e Extensão do RN- FACEX Senhora Coordenadora,
O grupo de Pesquisa de Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem do Departamento de Enfermagem da UFRN conta atualmente, com diversos projetos de pesquisa em desenvolvimento, dentre os quais, aqui ressaltamos o trabalho intitulado “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”, desenvolvido pela mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento, do programa de Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, tendo como orientadora a Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho. Este estudo tem por objetivo geral: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem, e como específicos: Conhecer a opinião dos discentes sobre a metodologia de ensino utilizada pelos docentes, e a existência de integralidade entre as disciplinas no ensino do processo de enfermagem; verificar a compreensão dos discentes relativa à atuação do enfermeiro no processo de enfermagem; identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares, e saber a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
Reconhecendo a importância do trabalho a ser desenvolvido, solicitamos a vossa aquiescência em permitir o acesso da mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento e das acadêmicas de enfermagem do grupo de pesquisa, nas dependências da instituição de ensino para a realização da coleta de dados junto aos discentes de graduação de enfermagem do penúltimos e últimos períodos. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta Instituição possa constar no relatório final de pesquisa.
Outrossim, salientamos que a participação dos discentes será solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido a autonomia em participar ou não do estudo e de desistir a qualquer momento da pesquisa anterior à publicação dos resultados em eventos científicos da área, bem como os dados serão mantidos em sigilo. Esta pesquisa será conduzida de acordo com a Resolução do Ministério da Saúde 196/96 que trata da Pesquisa em Seres Humanos.
Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta direção e ou coordenação agradecemos antecipadamente e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem.
Enfa. Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento Mestranda do programa de pós-graduação do departamento de enfermagem da UFRN
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APÊNDICE J
TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA
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APÊNDICE K
OFÍCIO À INSTITUIÇÃO PESQUISADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
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DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Campos Universitário- Br 101- Lagoa Nova- Natal, RN
CEP: 59072-970. Fone/fax: (84) 3215-3196. E-mail: [email protected]
Oficio n.º 28/10 Pós-Graduação de Enfermagem - UFRN Natal, 18 de Outubro de 2010 Ilma Sra. Patrícia Cordeiros de Vasconcelos
Diretora Acadêmica da Faculdade de Excelência Educacional do RN – FATERN – Gama Filho. Senhora Diretora,
O grupo de Pesquisa de Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem do Departamento de Enfermagem da UFRN conta atualmente, com diversos projetos de pesquisa em desenvolvimento, dentre os quais, aqui ressaltamos o trabalho intitulado “ENSINO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM: VISÃO DOS DISCENTES DE GRADUAÇÃO DE NATAL-RN”, desenvolvido pela mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento, do programa de
Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da UFRN, tendo como orientadora a Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho. Este estudo tem por objetivo geral: Compreender a percepção dos discentes do último ano dos cursos de graduação de enfermagem no município de Natal/RN, sobre o ensino do processo de enfermagem, e como específicos: Conhecer a opinião dos discentes sobre a metodologia de ensino utilizada pelos docentes, e a existência de integralidade entre as disciplinas no ensino do processo de enfermagem; verificar a compreensão dos discentes relativa à atuação do enfermeiro no processo de enfermagem; identificar as dificuldades dos discentes em executar as fases do processo de enfermagem na prática acadêmica dos estágios curriculares, e saber a opinião dos discentes sobre estratégias da academia e da assistência para facilitar o aprendizado e aplicação do processo de enfermagem.
Reconhecendo a importância do trabalho a ser desenvolvido, solicitamos a vossa aquiescência em permitir o acesso da mestranda Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento e das acadêmicas de enfermagem do grupo de pesquisa, nas dependências da instituição de ensino para a realização da coleta de dados junto aos discentes de graduação de enfermagem do penúltimos e últimos períodos. Ao mesmo tempo, pedimos autorização para que o nome desta Instituição possa constar no relatório final de pesquisa.
Outrossim, salientamos que a participação dos discentes será solicitada por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido a autonomia em participar ou não do estudo e de desistir a qualquer momento da pesquisa anterior à publicação dos resultados em eventos científicos da área, bem como os dados serão mantidos em sigilo. Esta pesquisa será conduzida de acordo com a Resolução do Ministério da Saúde 196/96 que trata da Pesquisa em Seres Humanos.
Na certeza de contarmos com a colaboração e empenho desta direção e ou coordenação agradecemos antecipadamente e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
Profa. Dra. Francis Solange Vieira Tourinho
Coordenadora do Grupo de Pesquisa Laboratório de investigação do cuidado, segurança, tecnologias em saúde e enfermagem.
Enfa. Luzia Kelly Alves da Silva Nascimento Mestranda do programa de pós-graduação do departamento de enfermagem da UFRN
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APÊNDICE L
TERMO DE ANUÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA
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ANEXOS
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ANEXO A
PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA