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               Mestrado em Economia e Administração de Empresas Políticas Económicas     Análise do cenário macroeconómico e das opções de política macroeconómica presentes no Orçamento de Estado para 2014      Cláudio Carvalho ‐ n.º mecanográfico 200500442 Pedro Leitão ‐ n.º mecanográfico 200601504       Porto, novembro de 2013   

Análise do cenário macroeconómico e das opções de política macroeconómica presentes no Orçamento de Estado para 2014 (relatório)

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Novembro de 2013 | “Análise do cenário macroeconómico e das opções de política macroeconómica presentes no Orçamento de Estado para 2014″, no âmbito da unidade curricular de Políticas Económicas do Mestrado em Economia e Administração de Empresas da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Autores: Cláudio Carvalho; Pedro Leitão. Avaliação: 15 em 20 valores.

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Mestrado em Economia e Administração de Empresas Políticas Económicas 

   

 Análise do cenário macroeconómico e das opções de 

política macroeconómica presentes no Orçamento de Estado para 2014 

     

Cláudio Carvalho ‐ n.º mecanográfico 200500442 Pedro Leitão ‐ n.º mecanográfico 200601504 

      

Porto, novembro de 2013    

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Introdução No âmbito da unidade curricular de Políticas Económicas do Mestrado em Economia e 

Administração  de  Empresas  da  Faculdade  de  Economia  da Universidade  do  Porto,  é  nossa responsabilidade apresentar este trabalho com o intuito de, sumariamente, analisar o cenário macroeconómico e as opções de política delineadas na proposta de Orçamento de Estado para 2014  (POE2014)1.  Assim,  apresenta‐se  neste  documento  a  evolução  do  cenário macroeconómico  dos  últimos  anos  e  as  perspetivas  futuras  a  dois  níveis,  internacional  e nacional. São estes e outros dados que ilustram o contexto em que se esboça o andamento da economia portuguesa e das finanças públicas no próximo ano. Seguir‐se‐á uma análise crítica à POE2014,  nas  vertentes  associadas  às  expectativas  das  finanças  públicas  e  às  opções  de política orçamental. Finalizamos este trabalho com a apresentação de algumas considerações que não  foram  tecidas no  restante documento. Como pretendemos uma  reflexão crítica e o mais  completa  possível,  invocaremos  várias  fontes  e  relatórios  de  entidades  com  posição pertinente sobre este assunto, numa tentativa de organicamente representar o debate sobre o Orçamento  do  Estado  que  atualmente  decorre  na  sociedade  portuguesa.  Faremos,  assim, várias  referências  aos  relatórios  da  Unidade  Técnica  de  Apoio  Orçamental  (UTAO),  do Conselho de Finanças Públicas (CFP), do Conselho Económico e Social (CES), dos relatórios das principais  empresas  de  consultoria  (Deloitte,  PricewaterhouseCoopers,  Ernest  &  Young)  e outros  documentos  relevantes.  Por  último,  queremos  frisar  que,  não  obstante  a  ótica  de análise  necessariamente  económico‐financeira  que  consubstanciou  o  nosso  método  de trabalho,  importa  realçar  que  as  matérias  aqui  expostas  não  podem  ser  dissociadas  de questões pertencentes a outros domínios do saber como, por exemplo, o direito e a sociologia. O  bom  e  aconselhado  governo  das  finanças  públicas  requer  uma  análise  sempre  atenta  e multidisciplinar, sob o risco de reduzir a simplificações artificiais o comportamento dos agentes e da sociedade. 

 

Análise do cenário macroeconómico: evolução e perspetivas Enquadramento internacional  

A  POE  2014  faz  assentar  a  sua  análise  do  contexto macroeconómico  internacional, substancialmente nas previsões avançadas pelo FMI e pelo BCE2. Estes organismos adiantam‐nos as seguintes estimativas e previsões. Conta‐se que, até ao final deste ano, o PIB Mundial registe um  crescimento médio  inferior  ao  verificado no  ano passado: 3,2%  contra 2,9%  em 2012. Já para 2014 a perspetiva é mais otimista, com 3,6% como valor apontado. O FMI vem agora  corrigir as previsões  feitas há alguns meses atrás, em virtude da  revisão em baixa do crescimento das principais economias emergentes em 2014, em particular os casos da  Índia, da  Rússia  e  da  China.  Contrabalançando  esta  tendência,  é  esperada  uma  recuperação  das principais economias avançadas, nomeadamente, os EUA, o Japão e a Europa. Relativamente a esta  última  zona  económica,  é  de  esperar  a  persistência  de  um  grande  diferencial  de crescimento  no  seu  seio,  com  economias  relativamente  dinâmicas  (como  as  dos  países 

                                                            1 Doravante, para efeitos de facilitação da exposição, designaremos indistintamente a expressão OE2014 quando nos quisermos referir quer ao Orçamento de Estado quer à proposta inicialmente apresentada pelo governo. 

2 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 1‐16. 

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bálticos) a contrastar com a morna evolução dos países sujeitos a programas de ajustamento económico. Na Área do Euro (AE), o crescimento da economia deverá registar um valor muito modesto (1%), representando, no entanto uma inversão da tendência da variação negativa do PIB que  já se  regista, em  termos  trimestrais, em cadeia, desde o último quartil de 2011. Em 2013,  a  inflação mundial  deve  situar‐se  nos  1,4%,  o mesmo  valor  registado  pelos  EUA  e ligeiramente  inferior ao da AE (1,5%). Em relação às taxas de juro de referência, os principais bancos centrais mantinham‐nas, até ao final de setembro último, em níveis próximos dos 0%. A taxa de refinanciamento do BCE encontra‐se, desde maio último, nos 0,5%.   

 

Enquadramento nacional Produto  e  as  suas  componentes: A  economia  portuguesa  cresceu  a  uma média  de 

1,4%/ano entre 1996 e 2012, e de 0,2%/ano desde o  início da década passada, enquanto os países que constituem a AE cresceram a uma média de 1,0%/ano desde a mesma altura. Nos países da atual Europa a 28 (UE28) o ritmo de crescimento foi de 1,3%/ano. Esta discrepância revela  enormes  fragilidades  estruturais,  sobretudo  se  considerarmos  a  adoção  de  políticas orçamentais expansionistas em períodos não  recessivos ao  longo das últimas décadas. Entre 2011 e 2015, as previsões3 (vd. gráfico  I nos anexos) apontam para uma contração média do produto  de  0,8%/ano  em  Portugal,  contrastando  com  o  crescimento  da  UE28  e  da  AE, respetivamente 0,9%/ano e 0,4%/ano. As previsões, constantes da POE20144, apontam para um  crescimento  do  produto  interno  bruto  real  de  0,8%,  marcando  uma  alteração relativamente a 2013  (‐1,3%) e expectativas mais positivas em comparação com a Comissão Europeia (CE) (0,6%), o Banco de Portugal (BdP) (0,3%) e, ainda, relativamente ao Documento de Estratégia Orçamental 2013‐20175 (DEO2013‐2017) (0,6%) apresentado em abril passado6. Nas componentes do produto, destacam‐se a contração de ‐2,8% no consumo público e uma inversão  do  paradigma  de  contração  do  consumo  privado  e  do  investimento.  O  consumo privado que se espera que varie negativamente, na ordem dos 2,5%, em 2013, projeta‐se, no entanto, que  conheça um  tímido  crescimento de 0,1%,  algo que não  acontecia desde 2010 (2,5%). Já o investimento terá, segundo a POE2014, um crescimento de 1,2% — algo que não 

                                                            3 Série estatística «Produto interno bruto a preços de mercado». Eurostat. Acedida a 7 de novembro de 2013. 

4 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 17‐18. 

5 «Documento de Estratégia Orçamental: 2013‐2017». Ministério das Finanças. Lisboa, Abril de 2013. 6  A OCDE, num  breve sumário de previsões divulgado durante o presente mês de Novembro, subscreve o  cenário macroeconómico  desenhado  na  POE2014:  «as  global  conditions  improve  and  domestic demand recovers, growth should resume slowly, with marginally positive growth projected for 2014. Following recent positive improvements in the labour market, the unemployment rate is expected to continue a gradual decline  throughout  the  forecasting horizon. As economic  slack  remains  sizeable, inflation  is  set  to  remain  very  low.  The  current  account  has moved  into  surplus,  reflecting  in  part improvements  in  competitiveness, but  also  very weak domestic demand».  in «Portugal  ‐  Economic forecast  summary  (November  2013)».  OCDE.  Disponível  on‐line  em: <http://www.oecd.org/eco/outlook/portugaleconomicforecastsummary.htm>.  Consulta  realizada  em 26.11.2013. 

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ocorria desde 2007  (2,6%) —, em  contraste  com a  contração esperada de  ‐8,5% em 20137. Destaque‐se, porém, os alertas do Conselho de Finanças Públicas, que sublinham os riscos: 

i. de reversibilidade das medidas de consolidação orçamental; ii. de difícil avaliação do impacto efetivo das políticas contracionistas no consumo 

privado; iii. de o Ministério das Finanças não ter fundamentado cabalmente a previsão de 

crescimento do investimento, sendo que, como pode ler‐se no relatório desta entidade, a POE2014 «não  inclui qualquer ponto específico sobre a evolução do  Investimento ou dos  seus determinantes, embora  se  trate duma  variável chave  para  a  sustentabilidade  do  crescimento  potencial  da  economia  e  um motor  da  sua  transformação  estrutural»8.  Conforme  já  foi  apresentado  (vd. nota  4),  esta  estimativa  poderá  não  se  verificar  e  comprometer  as  metas traçadas para o próximo ano.  

Na  própria  POE2014,  os  riscos  de  desvio  em  relação  às  previsões  apontadas  são igualmente  enumerados  e  repartem‐se  por  três  tipos  1)  a  intensificação  da  crise  da  dívida soberana e a deterioração da confiança dos agentes, favorecendo a continuação da contração da procura  interna; 2) a fragilidade do sistema bancário europeu, ainda sujeita a medidas de recapitalização e de testes de solidez; 3) no mercado  interno, como repercussão da situação anterior,  o  escasso  financiamento  disponível  aos  agentes  pode  minar  as  perspetivas  de investimento9. Curiosamente, o investimento, uma das componentes do PIB que é desde logo apontada  pelo Governo  como  particularmente  sensível  e  propensa  a  variações  adversas da conjuntura,  surge  na  POE2014  com  previsões  que  várias  entidades  consideram  otimistas  e infundadas. 

Taxa de desemprego: Quanto à taxa de desemprego, a previsão é de que ocorra um ligeiro aumento, de 17,4%,  respeitante a 2013, para 17,7% em 2014. Contudo, estes valores são mais otimistas face a abril, quando se apontava para uma taxa de desemprego de 18,5%10. Concomitantemente,  a  verificar‐se,  tal  representará  a  manutenção  da  desaceleração  da tendência  de  aumento  do  desemprego  (i.e.  aumentos  contínuos  verificados  na  taxa  de desemprego nos últimos anos: +3,0 p.p. 2011‐2012, +1,7 p.p. em 2012‐2013 e +0,3 p.p. em 2013‐2014). Ainda assim, tal facto não deve deixar de ser enquadrado com a evidência de que estes «níveis historicamente elevados do desemprego (...) continuarão a pressionar as contas 

                                                            7  Esta  estimativa  é  seriamente  questionada  nos  relatórios  da  UTAO,  do  CFP  e  do  CES.  Este  último fundamenta  as  suas  reversas  tendo  em  conta  que  «o  OE  2014  não  cria  condições  propícias  ao aumento  do  investimento  que  permitam  tal  evolução,  e  atendendo  às  dificuldades  de  acesso  ao financiamento  que  deverão  continuar  a  persistir,  em  especial  pelas  PME,  cujo  peso  no  total  da concessão de crédito tem vindo a diminuir desde o início da crise. Para além disso, esta previsão está envolvida em  grande  incerteza devido  à  continuação da política  condutora  à  contração da procura interna»  (e ao abrandamento do crescimento da procura externa, acrescentamos). «Parecer sobre a Proposta do Orçamento do Estado para 2014». Conselho Económico e Social. Lisboa, 4 de novembro de 2013. p. 20. 

8 «Análise da Proposta de Orçamento do Estado –  relatório do CFP». Conselho das Finanças Públicas. Lisboa, Novembro de 2013. p. 28. 

9 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 20‐21. 

10 «Documento de Estratégia Orçamental: 2013‐2017». Ministério das Finanças. Lisboa, Abril de 2013. p. 6. 

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das  administrações  públicas»  como  regista  o  CFP11  e,  simultaneamente,  poderão  agravar substancialmente as condições de vida e as desigualdades sociais, assim como criar um nível de  desemprego  estrutural  com  diretas  consequências  para  a  competitividade  nacional. Importa,  igualmente, acompanhar a evolução da população ativa e  inativa. A variação entre 2012 e 2013  reforça essa preocupação, visto que o país  tem mais 30 mil pessoas  inativas e menos de 135 mil pessoas ativas  (‐0,8 p.p. entre 2012 e 2013)12. A população  total  ter‐se‐á reduzido  em  105  mil,  pelo  que  importa  acompanhar  os  fluxos  migratórios  e  perceber, sobretudo, se são os recursos mais qualificados que estão a emigrar, resultando numa perda acrescida de capital humano e de recursos públicos investidos, nomeadamente em educação. 

Preços: Ao  longo de  2013,  a  variação dos preços, medida  pelo  Índice de  Preços no Consumidor em termos homólogos, deverá registar‐se nos 0,6%, um valor bem abaixo daquele fixado  pelos  tratados  europeus  como missão  de  política  monetária  na  AE  (implementada através  do  seu  braço  oficial,  o  BCE)  de  2%.  A  economia  portuguesa  esteve mais  perto  da deflação este ano do que propriamente sujeita a tensões inflacionistas, evoluindo os preços a um ritmo  inferior ao registado na AE  (1,2%), 0,8 p.p. acima da média europeia13. Em  termos setoriais, a categoria de produtos que mais viu os seus preços aumentar foi o setor alimentar (2,5%), em contraponto com o setor de bens energéticos, que reduziu os seus preços em 1,3%.  

Competitividade  e  produtividade:  Portugal  tem  vindo  a  perder  posição  quanto  à competitividade  global  relativamente  aos  demais  países,  como  demonstram  os  sucessivos relatórios do Fórum Económico Mundial’14: em 2006‐2007, Portugal assumia o 43º  lugar em 122  países;  em  2007‐2008,  ocupava  o  40º  em  131  países;  em  2008‐2009  e  em  2009‐2010, ocupava o 43º posto; em 2010‐2011, o 46º em 139 países; em 2011‐2012, o 45º; 2012‐2013, 49º em 144 países; e, agora, em 2013‐2014, ocupa o 51º em 148 países. O desenvolvimento do mercado  financeiro,  o  ambiente  macroeconómico,  a  eficiência  do  mercado  laboral  e  a inovação são os fatores menos cotados do nosso país (vd. gráfico II nos anexos). Registou‐se, no entanto, uma evolução positiva da  taxa de  câmbio efetiva  real no  segundo  trimestre de 2013  (0,3%,  em  termos  homólogos),  indicador  da  ligeira  melhoria  da  competitividade  da economia  portuguesa15. O  relatório  do  CFP  destaca  também  esta  preocupação,  vincando  a correção  dos  desequilíbrios macroeconómicos  estruturais  e  o  fomento  da  competitividade como objetivos dos Orçamentos do Estado e  reformas estruturais promovidas pelo Governo no período de vigência daquele programa. Os membros do Conselho veem um sinal positivo na melhoria das expectativas e níveis de confiança quer dos agentes nacionais quer estrangeiros, que,  dizem,  «constituem  um  importante  capital  de  suporte  à  sustentação  da  trajetória  de crescimento que a POE/2014 prevê  ir ter  início e do qual uma manifestação relevante será a recuperação do  investimento produtivo privado»16. Ainda neste âmbito, o Conselho Europeu tem vindo a  recomendar a Portugal a prossecução de medidas estruturais que, em paralelo, promovam  a  competitividade  da  economia  portuguesa  e  a  sustentabilidade  das  finanças 

                                                            11 Op. cit. Conselho das Finanças Públicas, p.26. 12 «Árvore do Emprego – Estatísticas do Emprego – 3º Trimestre de 2013». Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e do Emprego. 2013. 

13 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 8‐9. 

14 «The Global Competitiveness Index 2013–2014». FEM ‐ Fórum Económico Mundial. 2013. 15 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 9. 16 Op. cit. Conselho das Finanças Públicas, p. 1‐2, 10‐11. 

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públicas. Com vista ao cumprimento das metas de 5,5% do défice em 2013 e de 4% em 2014, em  junho  deste  ano  aquele  órgão  recomendara  ao  governo  português  a  racionalização  e modernização  da  administração  pública,  a  eliminação  da  duplicação  de  funções  e  de organismos  no  setor  público,  o  aumento  da  sustentabilidade  do  sistema  de  pensões  e prossecução de economias financeiras específicas em diferentes ministérios setoriais17. 

Saldo  orçamental  e  dívida  pública:  Depois  de,  em  2012,  Portugal  ter  registado  o terceiro maior défice orçamental da União Europeia (ex aequo com o Chipre),  isto é 6,4% do PIB, o Governo espera que este ano o défice se situe em 5,9% do PIB, e em 4,0% em 2014, de acordo com a POE201418. Naquele ano, Portugal era, ainda, o terceiro país da União Europeia com maior valor de dívida pública relativamente ao PIB, só sendo superado pela Grécia e pela Itália. No  cenário base esboçado na POE2014, o Ministério das Finanças prevê que a dívida pública  inverta  a  sua  tendência  constantemente  crescente  e,  no  próximo  ano,  inicie  uma engrenagem  que  leve  a  uma  amortização  gradual mas  contínua  do  seu  peso  na  economia portuguesa.  A  POE2014  aponta  para  um  valor  de  126,7%  do  PIB,  o  que  representa  um diferencial de +3,0 p.p. face ao DEO2013‐2017 e uma melhoria face ao valor esperado para o final de 2013 (127,8% do PIB) 19. Esta melhoria reflete a possibilidade de se alcançar um saldo primário positivo (0,3% do PIB) mas este objetivo de redução residual da dívida pública relativa pode  ser ameaçado em virtude de um mau desempenho económico e, por  conseguinte, da capacidade de pagamento da dívida ou, por exemplo, por mais  reclassificações de empresas públicas, como alerta o CFP20. O mesmo raciocínio é aplicado ao saldo orçamental e ao saldo orçamental  para  efeito  da  avaliação  do  PAEF.  Ao  nível  destes  riscos,  importa  salientar  os levantados  pelo  relatório  do  CFP  (2013):  (i)  o  risco  de  reversibilidade  das  medidas  de consolidação  orçamental  ausente  de  um  «programa  estruturado  e  consensualizado  de consolidação e gestão orçamental»;  (ii) a hipotética sobrestimação do consumo privado e do investimento (o CFP chega mesmo a afirmar que «a fundamentação apresentada é insuficiente para  suportar a previsão de crescimento da FBCF»); e, ainda, o  risco de  sustentabilidade do contributo  da  procura  externa  para  o  crescimento21.  O  CES  apresenta‐se  mais  cético  em relação ao aliviamento do peso da dívida no PIB por esta via, vincando ser este fator o principal travão da recuperação económica do país e, por sua vez, a consolidação das finanças públicas: «o  CES  regista  que  os  juros  e  encargos  com  a  dívida  pública  continuam  a  ser  os  principais impulsionadores  do  aumento  da  dívida  pública,  em  torno  dos  4,4  p.p..  Esta  situação fundamenta  em  parte  as  recomendações  do  CES  em  pareceres  anteriores  no  sentido  da renegociação  do  PAEF,  sobretudo  em  matéria  de  juros  e  de  maturidades».  De  todos  os relatórios  estudados,  este  é  aquele  que  de  forma  mais  audível  defende  a  posição  de renegociação de Portugal com os seus credores, de forma a libertar os agentes produtivos do peso asfixiante do  serviço da dívida e permitir que  se  retome a  trajetória de crescimento, a única capaz de fazer Portugal honrar os seus compromissos com o exterior22. 

 

                                                            17 Op. cit. Unidade Técnica de Apoio Orçamental, p. 21. 18 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 89‐93. 

19 Idem, p. 40. 20 Op. cit. Conselho das Finanças Públicas, p. 12. 21 Idem, p. 27. 22 Op. cit. Conselho Económico e Social. Lisboa, 4 de novembro de 2013. p. 13‐15. 

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Perspetivas quanto às finanças públicas para 2014 Numa perspetiva de análise das finanças públicas em ótica da contabilidade nacional, 

espera‐se, de acordo com a POE2014, uma diminuição da receita de 43,2% do PIB (2013) para 42,8%  (2014)  e  uma  diminuição  da  despesa  de  49,1%  para  46,8%,  alcançando‐se  um  saldo orçamental  de  ‐4,0%  do  PIB23,  como  mencionado  anteriormente24.  Em  2013  a  despesa corrente  primária  será  de  40,4%,  a  despesa  primária  42,5%,  o  saldo  orçamental  corrente primário de 1,3% e o saldo orçamental primário deverá situar‐se nos 0,3% do PIB. O CFP  faz um ajuste de valores que  reflete «a classificação de medidas  temporais e não  recorrentes», cifrando‐se o saldo orçamental em  ‐0,3 p.p. (i.e.  ‐4,3% do PIB) e o saldo orçamental primário em  ‐0,2  p.p.  (i.e.  0,1%  do  PIB)25.  Considerando  as  medidas  de  consolidação  orçamental propostas, nomeadamente o quadro disposto na página 47 da POE2014, tivemos necessidade de  verificar  as  operações  aritméticas  e  efetuar  algumas  correções26.  Concomitantemente, tivemos que  realizar um  ajuste para  assegurar  a  inclusão, que não  estava  contemplada, do pagamento das compensações ao abrigo da execução de programas de  rescisões por mútuo acordo. Tal necessidade de ajuste foi, também, identificada pelos técnicos da Unidade Técnica de  Apoio  Orçamental  da  (UTAO)  no  parecer  técnico  preliminar27.  Assim,  sob  a  perspetiva governamental,  mas  tendo  em  conta  as  devidas  atualizações  e  ajustes,  as  medidas  de consolidação orçamental terão um impacto de 3675 milhões de euros, ou seja de 2,2% do PIB. Este valor  inclui o efeito das medidas pontuais na ordem dos 183 milhões de euros (0,1% do PIB). Como podemos ver pela tabela 1, a consolidação do lado da despesa será de 76,2% (3184 milhões de euros em 4178 milhões  referentes às medidas  consideradas  como permanentes pelo executivo governamental e excetuando‐se a totalidade de ajustes) e do lado da receita de 23,8% (994 milhões de euros em 4178 milhões). 

Tabela 1: Medidas de consolidação orçamental Valor 

(milhões de euros) % do PIB 

[A]  Total de medidas do lado da despesa  3184  1,9 

[B]  Total de medidas do lado da receita  994  0,5 

[C] Ajuste: Perda de receita fiscal com medidas em despesas com pessoal e prestações sociais 

‐314  ‐0,2 

[D] Ajuste: Perda de receita contributiva do empregado das medidas em despesas com pessoal 

‐145  ‐0,1 

[E]=[C]+[D] Ajuste: Perdas de receita fiscal e contributiva causadas pelos efeitos da consolidação orçamental 

‐459  ‐0,3 

[F] Ajuste: Compensações no âmbito do programa de rescisão por mútuo acordo 

‐227  ‐0,1 

[G]=[E]+[F]  Total de ajustes  ‐686  ‐0,4 

[H]=[A]+[B]+[G]  Total de medidas permanentes  3492  2,2 

[I]  Total de medidas pontuais  183  0,1 

[J]=[H]+[I]  Total  3675  2,1 

Fonte: «Orçamento do Estado para 2014 – Relatório», Ministério das Finanças, 2013. Os ajustes são da nossa responsabilidade. 

                                                            23 Ou próximo deste valor, considerando os ajustes referenciados mais adiante neste documento. 24 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 90. 

25 Op. cit. Conselho das Finanças Públicas. p. 14‐15. 26  Tais  diferenças  entre  valores,  poderão,  eventualmente,  dever‐se  a  questões  associadas  a arredondamentos e/ou formatação de texto ou outras que não conseguimos decifrar. 

27 Op. cit. Unidade Técnica de Apoio Orçamental. p. 24, 29. 

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Também  a  UTAO  faz menção  a  diversos  aspetos  identificados  pelo Ministério  das Finanças que fogem ao controlo do Governo e que, num cenário económico mais desfavorável, poderão  comprometer  as metas  traçadas  para  2014,  levando  ao  acréscimo  da  despesa  no valor de 1,0 p.p. do PIB. São eles: «o acréscimo dos encargos com as parcerias público‐privadas face  a 2013, o  aumento do número de pensionistas e  reformados, em  termos  líquidos, e  a necessidade de  constituir uma dotação provisional  como definido na  lei de enquadramento orçamental»28. Por conseguinte, tal gera preocupações quanto à fiabilidade das expectativas e à capacidade de cumprir os compromissos internacionais ao abrigo do PAEF. 

A diferenciação das opções de política orçamental tem especial  importância no atual contexto  económico‐financeiro  nacional,  nomeadamente  se  tivermos  em  consideração  a questão associada ao impacto dos multiplicadores orçamentais no curto prazo. Não obstante a discussão, sobretudo académica e científica, em torno do funcionamento dos multiplicadores orçamentais não ser propriamente nova, a questão ganhou relevo mediático a nível nacional com  a  publicação  do World  Economic Outlook  do  Fundo Monetário  Internacional  (FMI)  em outubro  de  2012  em  que  é  referido  que  os  «os  resultados  sugerem  que  os  atuais multiplicadores orçamentais  [usados para previsões de cenários macroeconómicos pelo FMI] são maiores do que o assumido pelos analistas», que o efeito negativo acentua‐se em períodos recessivos e que os multiplicadores deverão rondar 0,9 e 1,7 e não 0,529.  

Posteriormente outros estudos30 vieram reforçar a discussão em torno desta temática e  tendo  sido assumida que ocorreu uma  subestimação por parte de  técnicos ou analistas e autoridades e, também, a UTAO destaca esta matéria. Esta unidade técnica da Assembleia da República  releva o  impacto médio de diversas medidas de  consolidação orçamental no PIB, isto é, o  impacto no PIB de alterações na ordem de 1% do PIB de cada uma das tipologias de medidas consideradas31. Assim, é  tido que as medidas  induzidas nas  remunerações do  setor público afetam mais o PIB e as medidas que induzidas no consumo de bens e serviços afetam menos.  Ora,  como  se  verá  no  capítulo  «principais medidas  de  política  orçamental»  deste documento, o governo optou, em grande parte, por medidas vocacionadas para a redução da despesa com pessoal.  

Assim,  ainda  que  não  haja  plena  concordância  científica  quanto  a  esta matéria32  e ainda que outras opções alternativas, provavelmente, não se afigurassem como positivas para 

                                                            28  «Análise  à  Proposta  de  Orçamento  do  Estado  para  2014  –  Parecer  Técnico  nº  6/2013  [versão preliminar]». Unidade Técnica de Apoio Orçamental. Lisboa, 22 de Outubro de 2013. p. 24. 

29 «World Economic Outlook, October 2012». FMI ‐ Fundo Monetário Internacional, 2012. p. 41‐43. 30 Destacam‐se os seguintes estudos:  (i) BAUM, A.; POPLAWSKI‐RIBEIRO, M.; WEBER, A. (dezembro de 2012): «Fiscal Multipliers and  the State of  the Economy». FMI  ‐ Fundo Monetário  Internacional.  (ii) BLANCHARD, O.; LEIGH, D.  (janeiro de 2013): «Growth Forecast Errors and Fiscal Multipliers». FMI  ‐ Fundo Monetário  Internacional.  (iii)  CASTRO, G.,  FÉLIX,  R. M.; MARIA,  J.R.  (julho  de  2013).  «Fiscal multipliers  in  a  small  euro  area  economy:  How  big  can  they  get  in  the  crisis  times?».  Banco  de Portugal. 

31 O gráfico 5 «impacto médio no PIB de diversas medidas de consolidação orçamental» que consta do parecer  técnico  da  UTAO  apresenta  as  seguintes  tipologias:  consumo  de  bens  e  serviços, transferências  sociais,  impostos  diretos,  impostos  indiretos,  consumo  público,  impostos  diretos, impostos  (modelo  narrativo)  e  remunerações  no  setor  público. Op.  cit. Unidade  Técnica  de  Apoio Orçamental. p. 12‐15. 

32 «European Economic Forecast, Autumn 2012». DGECFIN ‐ Direção‐Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia, 2012. p. 41‐44. 

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os  agentes  económicos  (por  exemplo,  eventuais  aumentos  de  impostos),  deve  ver‐se  com cautela  os  efeitos  desta  proposta  de  consolidação  tendo  em  conta  os  impactos  em  outras variáveis macroeconómicas, como o consumo e, por conseguinte, sobre a procura interna e o PIB.  

Adicionalmente, deverá atender‐se ao facto de «consolidações orçamentais baseadas na  despesa  tenderem  a  piorar  significativamente  a  desigualdade,  relativamente  às consolidações  baseadas  em  impostos»,  tal  como  consolidações  de  grande  envergadura,  i.e. «aquelas  superiores  a  1,5%  do  PIB»,  que  é  precisamente  o  caso  nacional  para  201433.  O mesmo estudo de Woo, J., Kinda, T. et al. (2013) infere que consolidações na ordem de 1% do PIB  tendem  a  aumentar  o  coeficiente  de  Gini  (após  transferências  sociais)  em  0,4  a  0,7% durante os primeiros dois anos34. Tal toma particular relevo, se atendermos que Portugal é um dos  três  países  com maior  desigualdade  social  (medida  pelo  coeficiente  de Gini)  da União Europeia35, sendo só ultrapassado pela Espanha e Letónia. 

Importa,  ainda,  fazer  referência  à  evolução  da  despesa  por  classificação  orgânica  e funcional e,  ainda,  referenciar  a despesa por programas da  administração  central  (Estado  e serviços e fundos autónomos), em ótica de contabilidade pública. Pereira, P. T. (2012a) refere que  a  classificação  orgânica  da  despesa  pública  efetua  uma  discriminação  desta  por departamentos da administração pública, habitualmente os ministérios do governo. O mesmo autor  refere que  a  classificação  funcional  é  aquela que discrimina  a despesa por  funções  e subfunções, vigorando, desde 1995, o esquema de classificação proposto pelo FMI. 

O  Ministério  das  Finanças  prevê  que  a  maior  diminuição  da  despesa  se  dê  na designação orgânica das finanças, no valor de 13129 milhões de euros, do qual 6774 milhões dizem respeito a despesas excecionais e 6277 milhões a gestão da dívida e tesouraria pública36.  

Quanto à classificação funcional, prevê‐se uma variação de ‐2174 milhões de euros nas funções  gerais  de  soberania,  ‐1016 milhões  nas  funções  sociais  do  Estado,  dos  quais  ‐467 milhões  são  respeitantes  à  educação,  ‐271 milhões  à  saúde  e  ‐234 mil milhões  de  euros  à segurança e ação sociais, ‐4965 milhões de euros nas funções económicas37.  

«Em termos não consolidados, a previsão para 2014 tem subjacente uma redução da despesa  total  dos  programas  que  ascende  a  22045 milhões  de  euros»38,  dos  quais  11022 milhões  são do programa  respeitante  às  finanças e administração pública, 8220 milhões do programa de gestão da dívida pública, 2464 milhões à economia, 1541 milhões ao ambiente, ordenamento  de  território  e  energia  e  1500 milhões  à  agricultura  e mar.  Por  outro  lado, quanto  ao  programa  relativo  à  solidariedade,  emprego  e  segurança  social,  prevê‐se  uma variação de +1094 milhões de euros. Considerando as alterações ocorridas na classificação dos programas, a comparabilidade não pode ser efetuada de forma imediata e, portanto, de forma insensata como alerta a UTAO.39 

                                                            33 WOO,  J.; BOVA, E.; KINDA, T.; e ZHANG, Y. S.: «Distributional Consequences of Fiscal Consolidation and the Role of Fiscal Policy: What Do the Data Say?». FMI ‐ Fundo Monetário Internacional, 2013. 

34 Idem. 35 Série estatística «Coeficiente de Gini do rendimento disponível  igualizado». Eurostat/SILC. Acedida a 30 de novembro de 2013. 

36 Op. cit. Unidade Técnica de Apoio Orçamental, p. 38. 37 Idem, p. 40. 38 Ibidem, p.42. 39 Ibidem, p. 41. 

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Principais medidas de política orçamental 

Medidas por via da despesa 

Considerando a proporção entre a  consolidação por  setores e a  consolidação global pelo  lado da despesa,  verifica‐se que  41,5% da  consolidação  se  faz  através da  redução das despesas  com pessoal  e 28,0% por medidas  ao nível das prestações  sociais,  seguindo‐se os consumos  intermédios  com  14,4%  (vd.  gráfico  III  nos  anexos).  De  todas  as  medidas  a convergência da fórmula de cálculo das pensões da caixa geral de aposentações (CGA) com as da segurança social (SS) é a que o Governo prevê que tenha maiores efeitos na consolidação orçamental,  com  um  impacto  de  728 milhões  de  euros  ou  0,4%  do  PIB  (vd.  tabela  I  nos anexos), seguindo‐se a alteração da política de  rendimentos da administração pública  (AP) e do setor empresarial do Estado (SEE).  

A lógica de redimensionamento da administração pública em termos de despesas com pessoal  resulta  de  uma  clara  intenção  de  aproximar  esta  realidade  à  do  setor  privado, promovendo «a  recomposição  funcional dos  trabalhadores  face às exigências de um  serviço público mais moderno e de qualidade»40. A POE2014 prevê, assim, um conjunto de propostas legislativas  que  terão  como  objetivo  reforçar  a  eficiência  da  gestão  de  efetivos  na  função pública, através, entre outras medidas, da afetação de trabalhadores a setores/estruturas mais carentes e através também da aplicação de boas práticas de gestão em uso no setor privado. 

As  reduções  no  investimento  público  (290  milhões  de  euros)  e  as  reformas estruturantes  no  sistema  educativo  (215  milhões  de  euros),  também,  terão  um  efeito significativo  no  processo  de  consolidação  das  finanças  públicas  durante  2014,  segundo  o governo. Destaque particular para a  redução  com maior  impacto na  redução dos  consumos intermédios: a reforma hospital e a otimização de custos na área da saúde é expectável que tenha um impacto de redução nas contas públicas na ordem dos 207 milhões de euros. 

 

Medidas por via da receita     Do  lado da receita, destaca‐se o setor "outras receitas" das demais, com 41,9%. Este 

valor aparece destacado pelo enviesamento causado pela agregação da medida de otimização do  uso  de  fundos  europeus  no  emprego  e  na  segurança  social  (vd.  gráfico  IV  nos  anexos). Numa análise mais individualizada das medidas (vd. tabela II nos anexos), o destaque vai para os impostos sobre o rendimento e património, com uma consolidação de cerca de 240 milhões de euros. Ainda assim, com um efeito de apenas 0,1% do PIB. A otimização do uso de fundos nos setores do emprego e da SS promoverá um aumento da receita na ordem dos 199 milhões de  euros  e  a  consolidação  através  de  impostos  sobre  a  produção  e  a  importação  terá  um impacto de 170 milhões de euros. Por via das contribuições sociais, por sua vez, a consolidação será de 168 milhões de euros e a contribuição extraordinária sobre o fator energético, excluída do  valor destinado à  redução da dívida  tarifária do  setor elétrico e a medidas de eficiência energética, tem um impacto previsto para as finanças públicas de 100 milhões de euros.  

Quanto à receita fiscal, o IVA e o IRS continuam a ser os impostos que mais contribuem para o “bolo  fiscal” do Estado, cada um  representando cerca de um  terço do  seu montante 

                                                            40 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 48. 

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total previsto para 2014  (35.650,7 milhões de euros). Segue‐se o  IRC e outros  impostos que incidem  sobre produtos e  setores particulares  (sendo o mais  relevante dos quais o  Imposto sobre os Produtos Petrolíferos  e  Energéticos, que  representa 5% da  receita  fiscal  total). Ao nível dos  impostos diretos, prevê‐se em 2014 um acréscimo da receita de 2,8% nesta rubrica em relação a 2013, sobretudo motivado pela variação prevista de 3,5% do  IRS. Esta previsão tem  por  base  a  esperada  evolução  favorável  da  procura  interna,  como  consta  dos pressupostos macroeconómicos que servem de cenário base à POE2014. Esta assunção serve ainda de base  à  variação  ligeiramente positiva esperada no  IRC, não obstante  a diminuição anunciada de 2 p.p. na taxa daquele imposto em vigor já no próximo ano41. 

Relativamente aos  impostos  indiretos, projeta‐se uma  ligeira queda na receita do IVA em  relação  ao  ano  corrente  (‐0,2%), mas  uma  forte  variação  positiva  em  todas  as  outras rubricas tributárias. Destas, destaca‐se o  Imposto Único de Circulação  (23,2%), o  Imposto do Consumo  de  Tabaco  (9,5%)  e  o  Imposto  sobre  o Álcool  e  Bebidas  Alcoólicas  (7%). Os  dois últimos  casos  são  justificados  no  POE2014  por  se  esperar  um  aumento  do  consumo  dos produtos  sobre  os  quais  aqueles  impostos  incidem,  enquanto  o  primeiro  se  entende  pelo aumento da tributação se incide sobre a frota automóvel das empresas42. 

Refira‐se ainda a manutenção do apertado controlo quanto à despesa fiscal, seguindo a política de limite dos benefícios e deduções na base tributável do IRS e a reestruturação do regime de taxas do IVA – ambas  implementadas em 2012 e desde então asseguradas – entre outras medidas43. 

No  que  toca  a  receitas  não  fiscais,  excluindo  variações  de  âmbito  puramente contabilístico, destaque‐se a diminuição de várias fontes de receita, entre as quais: as rubricas “rendimentos  de  propriedade”;  as  transferências  comunitárias  e  a  limitação  de  novas candidaturas a projetos  com este  tipo de  financiamento; e da diminuição das  contribuições para a Caixa Geral de Aposentações e da ADSE. Pela positiva, refira‐se o aumento nas rubricas “venda  de  bens  de  investimento”  («justificado  com  o  aumento  de  receita  nos  Serviços Integrados [do Estado] e com a alienação de bens afetos ao Ministério da Defesa Nacional») e na rubrica “Taxas, multas e outras penalidades”44. 

Para além destes ajustes fiscais, estão ainda previstos outros de grande particularidade e  detalhe  técnico,  e  que  se  revelam  novas  fontes  de  encargos  para  as  empresas45.  É 

                                                            41 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 96. 

42 Idem, p. 97‐98. 43 Idem, p. 100‐101. 44 Idem, p. 103. 45  Paulo  Mendonça,  Tax  Partner  da  Ernest  &  Young,  enumera‐as  sucintamente:  «aumentada dramaticamente a tributação autónoma incidente sobre as viaturas, as empresas vão ter que rever os seus planos de renovação de frotas. O limite máximo de incidência contributiva de 12 vezes do valor do  IAS dos membros dos órgãos estatutários deixa de existir, materializando‐se num custo adicional para as empresas. Passa a prever‐se a aplicação da  taxa de 1% de  Imposto do Selo a  terrenos para construção cujo valor patrimonial tributário seja igual ou superior a um milhão de euros, o que obriga a considerar, no mínimo, um custo adicional para os proprietários respetivos que não beneficiem de alguma  isenção, de 10 mil euros por ano. A  imposição de uma nova taxa para o setor energético de 0,85% ou 0,425%  incidente sobre o ativo  fixo  tangível e  intangível afeto a determinadas atividades, poderá ter um custo de dezenas de milhões de euros. Este custo será necessariamente deduzido ao plano  de  investimentos  para  os  próximos  anos,  já  que  não  é  passível  de  repercussão  nas  tarifas 

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precisamente  esta  a  principal  crítica  que  as  empresas  de  consultoria  e  auditoria  financeira fazem ao orçamento. Apesar de unânimes no louvor que dirigido à reforma do IRC (a principal medida  fiscal  analisada),  denunciam  o  impacto  que  a  volatilidade  e  arbitrariedade  das inúmeras  alterações  no  domínio  da  fiscalidade  –  avaliadas  como  “más  práticas”  fiscais  – poderão ter no crescimento estrutural da economia. Os agentes criam fracas expectativas em relação  ao  futuro,  que  emergem  do  grande  grau  de  incerteza  e  insegurança  quanto  à estabilidade da política fiscal46. Paulo Mendonça, da empresa de consultoria Ernest and Young, relaciona  claramente  os  dois  domínios,  incerteza  fiscal  e  atrofiamento  do  dinamismo empresarial:  «a  capacidade  de  adaptação  das  empresas  a  tantas  alterações  em  tão  pouco tempo é um verdadeiro testemunho de paciência dos contribuintes portugueses. O problema é  que  as  energias  despendidas  por  uma  estrutura  empresarial  a  responder  a  todas  estas alterações  são  desviadas  do  seu  propósito  essencial  que  é  o  de  criar  riqueza  através  dos negócios»47.  

 A reforma do IRC: Uma medida a que se tem dado particular destaque prende‐se com 

a reforma do IRC. Quer positiva quer negativamente, a reformulação deste  imposto tem sido longamente explorada por vários agentes: Governo, analistas, empresários e vozes críticas a este  Orçamento.  Na  proposta  apresentada,  diz‐se  a  reforma  do  IRC  ser  uma  medida fundamental para a promoção do crescimento sustentado e da competitividade da economia portuguesa, quer pelo  incentivo ao  investimento privado doméstico, quer através da atração de IDE, quer ainda pela ajuda à internacionalização de empresas48.  

Da atual taxa genérica de 25% passar‐se‐á gradualmente, a par e passo, para uma taxa que, em 2016, se deverá situar entre 17% e 19%. Decide‐se, ainda, pela abolição da Derrama Municipal e Derrama Estadual, que  incidem sobre o  lucro  tributável das empresas com mais avultados resultados com taxas suplementares que vão dos 1,5% aos 5%. Será ainda criado um regime  simplificado  para  as  pequenas  e  médias  empresas,  entre  outras  medidas  de ajustamento da legislação ao mundo empresarial.  

Como  notou  o  professor  Álvaro  Almeida  (FEP)  ao  Diário  Económico,  as  PME portuguesas não serão particularmente beneficiadas com esta medida,  já que não costumam declarar grandes resultados  líquidos. O  impacto sobre as decisões de  investimento, defende, será «insignificante». Por outro  lado, para contrabalançar esta quebra na receita, o Governo terá que tributar outra classe de agentes. É  isto que o professor Álvaro Almeida denuncia ser «na prática, uma transferência de quase 300 milhões de euros dos pensionistas e servidores do  Estado  para  os  acionistas  das  grandes  empresas,  em  especial  as  que  beneficiam  de mercados domésticos pouco  concorrenciais»49. A este  respeito,  importa  relembrar Saldanha Sanches, J. L. (2010a): «a distribuição da carga fiscal é um jogo de soma zero,  isto é, um jogo 

                                                                                                                                                                              praticadas por estes operadores.» «Cinco visões sobre o OE/2014», Diário Económico, 17 de Outubro de 2013. 

46 O  CFP  chega  a  afirmar  que  sem  a  «criação  de  um  quadro  fiscal  estável  e  simples,  num  contexto orçamental previsível» o choque fiscal previsto com a reforma do IRC pode não ter qualquer impacto sobre o investimento nacional ou direto estrangeiro. Op. cit. Conselho das Finanças Públicas, p.31. 

47 Cinco visões sobre o OE/2014», Diário Económico, 17 de Outubro de 2013. 48 «Orçamento de Estado para 2014 – Relatório». Ministério das Finanças. Lisboa, Outubro de 2013. p. 65‐66. 

49 «Cinco visões sobre o OE/2014», Diário Económico, 17 de Outubro de 2013. 

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em que aquilo que um jogador recebe é diretamente proporcional aos que os demais perdem. A menor tributação de alguns contribuintes (...) conduz sempre a uma tributação adicional de outros».  Também  o  CFP  considera  que  o  impacto  desta  reforma  não  será  «determinante», pelo menos a curto prazo. Por seu lado, o CES defende um choque fiscal mais ambicioso, que potencie  a  redinamização  do  consumo  e  do  investimento,  estendendo  o  aliviamento  na tributação ao IRS e ao IVA, «alavancando», assim, os efeitos da reforma do IRC50. 

Considerações finais 

Se  considerarmos  as  três  funções  do  setor  público  afetação,  distribuição  e estabilização,  por  Pereira,  P.  T.  (2012b),  constatamos  que  a  preocupação  plasmada  na POE2014  está  assente  sobretudo  na  função  estabilização,  nomeadamente  no  equilíbrio  das contas  públicas  e  externas,  descaracterizando‐se  um  pouco  a  função  distribuição,  como  é paradigmático  pelo  que  referimos  anteriormente  quanto  à  reforma  do  IRC.  Importa,  ainda, referir que  excetuando  esta  reforma  fiscal do  IRC,  serão poucos os  exemplos das  reformas estruturais previstas, o que é preocupante se tivermos em conta uma análise de longo prazo. Assim,  sob uma análise normativa,  consideramos que poderia  ser útil atentar‐se  com maior preocupação a reformas supply‐side, nomeadamente em setores como a educação, ciência e tecnologia,  independentemente  de  se  compreender  a  preocupação  particular  com  o  curto‐prazo, particularmente ao nível das condições de financiamento das administrações públicas e da economia em geral. 

É  importante  voltar  a  incidir  sobre  as questões  fiscais para duas últimas notas, que julgamos  pertinentes.  A  primeira  nota  já  foi  de  certa  forma  implicitamente  referida  e  é respeitante  à  crescente  perceção  pública  quanto  à  (pretensa?)  falta  de  justiça  ou  de distribuição equitativa dos sacrifícios, o que pode ser acentuado pela reforma do IRC. Ora, «o sacrifício  sentido  por  cada  um  dos  contribuintes  deverá  ser  tendencialmente  o  mesmo» (Saldanha Sanches,  J.  L. 2010b). Quanto à  segunda nota, não  se pode deixar de atender ao facto que o aumento da carga fiscal dos últimos anos tem vindo a ser acompanhado por uma diminuição da provisão de  serviços públicos e que  continuará em  finais de 2013 e em 2014 (e.g.  privatização  dos  CTT  ‐  Correios  de  Portugal,  S.  A.,  aprovada  pelo  Decreto‐Lei  n.º 129/2013,  de  6  de  setembro)  e,  também,  pelo  aumento  dos  custos  para  os  beneficiários diretos de alguns serviços públicos (e.g. custos de tarifas de transportes públicos). Assim, deve atender‐se à legitimidade para a manutenção de impostos ou de cortes de rendimentos (mais ou menos pontuais) sem benefícios correspondentes. 

Finalizando  como  abrimos  este  trabalho,  ressalvaremos  a  importância  que  tem  um estudo bem fundamentado e transdisciplinar, assim como a persistência de um rumo claro e estável na política orçamental, para um saudável e sustentado equilíbrio nas finanças públicas que promova o crescimento e a competitividade da economia.  

   

                                                            50 Op. cit. Conselho Económico e Social, p. 21. 

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Referências bibliográficas 

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"Árvore do  Emprego  ‐  Estatísticas do  Emprego  ‐  3º  Trimestre  de  2013". GEE/MEE  ‐ Gabiente de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e do Emprego. 

"European  Economic  Forecast,  Autumn  2012"  (2012).  DGECFIN  ‐  Direção‐Geral  dos Assuntos Económicos e Financeiros da Comissão Europeia. p. 41‐44. 

"Orçamento do Estado para 2014 ‐ Relatório" (2013). MF ‐ Ministério das Finanças.  PEREIRA,  P.  T.;  AFONSO,  A.;  ARCANJO, M.;  SANTOS,  J.  C.  G.  (2012a):  "Economia  e 

Finanças Públicas". p.425‐427. 4ª ed.: Escolar Editora.   PEREIRA,  P.  T.;  AFONSO,  A.;  ARCANJO, M.;  SANTOS,  J.  C.  G.  (2012b):  "Economia  e 

Finanças Públicas". p.12‐14. 4ª ed.: Escolar Editora.   SALDANHA  SANCHES,  J.  L.  (2010a):  "Justiça  Fiscal".  Fundação  Francisco Manuel  dos 

Santos. p.48.  SALDANHA  SANCHES,  J.  L.  (2010b):  "Justiça  Fiscal".  Fundação  Francisco Manuel  dos 

Santos. p.32.  "The  Global  Competitiveness  Index  2013–2014"  (2013).  FEM  ‐  Fórum  Económico 

Mundial.  Versão preliminar do parecer técnico n.º 6/2013 "Análise à proposta do Orçamento do 

Estado para 2014" (2013). UTAO ‐ Unidade Técnica de Apoio Orçamental. p. 12‐15.  WOO, J.; BOVA, E.; KINDA, T.; e ZHANG, Y. S. (2013): "Distributional Consequences of 

Fiscal Consolidation and the Role of Fiscal Policy: What Do the Data Say?”. FMI ‐ Fundo Monetário Internacional. 

"World  Economic  Outlook,  October  2012"  (2012).  FMI  ‐  Fundo  Monetário Internacional. p. 41‐43. 

Bibliografia 

BAUM,  A.;  POPLAWSKI‐RIBEIRO, M.; WEBER,  A.  (2012):  "Fiscal Multipliers  and  the State of the Economy". FMI ‐ Fundo Monetário Internacional.  

BLANCHARD, O.; LEIGH, D. (2013): "Growth Forecast Errors and Fiscal Multipliers". FMI ‐ Fundo Monetário Internacional.  

CASTRO, G., FÉLIX, R. M.; MARIA,  J.R.  (2013). “Fiscal multipliers  in a  small euro area economy: How big can they get in the crisis times?”. Banco de Portugal. 

PEREIRA,  P.  T.;  AFONSO,  A.;  ARCANJO, M.;  SANTOS,  J.  C.  G.  (2012):  "Economia  e Finanças Públicas". 4ª ed.: Escolar Editora.  

   

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Anexos 

Gráfico I: Evolução nacional das componentes do produto  

 Fonte: «Produto interno bruto a preços de mercado». Eurostat. 2013. 

Gráfico II: Pontuação portuguesa por setores no "The Global Competitiveness Index 2013–2014" do Fórum Económico Mundial  

 

‐15,0

‐10,0

‐5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

Gráfico I: Evolução nacional das componentes do produto 

PIBpm C G I Ex Im

4,35,5

3,8

6,3

5,1

4,33,8

3,5

5,2

4,3

4,2

3,9

0

1

2

3

4

5

6

7Instituições

Infraestruturas

Ambientemacroeconómico

Saúde e educaçãoprimária

Ensino superior eformação

Eficiência do mercado debens

Eficiência do mercado

Desenvolvimento domercado financeiro

Prontidão tecnológica

Tamanho do mercado

Sofisticação dos negócios

Inovação

Gráfico II: Pontuação portuguesa por setores no "The Global Competitiveness Index 2013–2014" do Fórum Económico Mundial

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Gráfico  III: Proporção da  consolidação por  setores no  total de medidas do  lado da despesa 

 

Gráfico  IV: Proporção da consolidação por  setores no  total de medidas do  lado da receita 

 

Despesas com o pessoal41,5%

Prestações sociais28,0%

Prestações sociais em espécie

0,7%

Consumo Intermédio

14,4%

Subsídios4,8%

Investimento9,1%

Outra despesa corrente1,5%

Gráfico III: Proporção da consolidação por setores no total de medidas do lado da despesa

Impostos sobre a produção e a importação

17,1%

Impostos sobre o rendimento e o património

24,1%

Contribuições sociais16,9%

Outras receitas41,9%

Gráfico IV: Proporção da consolidação por setores no total de medidas do lado da receita

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Tabela I: Agregado de medidas (do lado da despesa) 

Tab. I: Medida / Agregado de medidas (do lado da despesa) Valor da medida (milhões de 

euros) 

% do PIB 

Peso 

Alteração da política de rendimentos da AP e do SEE  643  0,4 2

0,2% 

Redução de efetivos por aposentação, aplicação do horário semanal de trabalho de 40h e redução do trabalho suplementar 

153  0,1  4,8% 

Execução de Programas de Rescisões por Mútuo Acordo  102  0,1  3,2% 

Utilização do Sistema de Requalificação de trabalhadores  59  0,0  1,9% 

Reformas estruturantes no sistema educativo  215  0,1  6,8% 

Outras medidas setoriais  148  0,1  4,6% 

Despesas com o pessoal  1320  0,8  41,5% 

Convergência da fórmula de cálculo das pensões da CGA com as da SS 

728  0,4  22,9% 

Não‐acumulação dos efeitos da convergência das pensões da CGA com a CES 

‐340  ‐0,2  ‐10,7% 

Ajuste da idade de acesso à pensão de velhice com base no fator de sustentabilidade 

205  0,1  6,4% 

Introdução de condição de recursos nas pensões de sobrevivência  100  0,1  3,1% 

Outras medidas setoriais  198  0,1  6,2% 

Prestações sociais  891  0,5  28,0% 

Prestações sociais em espécie  21  0,0  0,7% 

Reforma Hospitalar e otimização de custos na área da Saúde  207  0,1  6,5% 

Racionalização de custos e redefinição de processos nas áreas da Segurança e Defesa 

124  0,1  3,9% 

Outras medidas setoriais  129  0,1  4,1% 

Consumo Intermédio  460  0,3  14,4% 

Redução das indemnizações compensatórias para o Setor Empresarial do Estado 

90  0,1  2,8% 

Outras medidas setoriais  64  0,0  2,0% 

Subsídios  154  0,1  4,8% 

Investimento  290  0,2  9,1% 

Outra despesa corrente  48  0,0  1,5% 

Total de medidas do lado da despesa  3184  1,9 

Tabela II: Agregado de medidas (do lado da receita)  

Page 18: Análise do cenário macroeconómico e das opções de política macroeconómica presentes no Orçamento de Estado para 2014 (relatório)

 

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Tab. II: Medida / Agregado de medidas (do lado da receita) 

Valor da medida 

(milhões de euros) 

% do PIB 

Peso 

Impostos sobre a produção e a importação  170  0,1  7,1% 

Impostos sobre o rendimento e o património  240  0,1  4,1% 

Alteração nas contribuições para ADSE, SAD e ADM  132  0,1  3,3% 

Ações de fiscalização e cobrança coerciva da SS  31  0,0  ,1% 

Outras medidas com efeito em contribuições sociais  5  0,0  ,5% 

Contribuições sociais  168  0,1  6,9% 

Otimização do uso de fundos europeus no Emprego e SS  199  0,1  0,0% 

Contribuição extraordinária sobre o fator energético (excluída do valor destinado à redução da dívida tarifária do setor elétrico e a medidas de eficiência energética) 

100  0,1  0,1% 

Aumento da contribuição para o setor bancário  50  0,0  ,0% 

Outras medidas  67  0,0  ,7% 

Outras receitas  416  0,2  1,9% 

Total de medidas do lado da receita  994  0,5