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EXAME DA LIQUIDEZ E SOLVIBILIDADE
CONCEITO DE LIQUIDEZ E SOLVIBILIDADE
A expressão Liquidez significa disponibilidade de dinheiro e possibilidade de o obter com facilidade
de modo a fazer face aos compromissos financeiros que se irão vencer.
Solvibilidade na linguagem corrente significa disposição de meios ou de fundos para satisfazer
compromissos pecuniários. Nos estudos de análise financeira fala-se de exames da solvibilidade no
sentido de se saber ou verificar se uma empresa tem valores activos que lhes possibilitem o
pagamento das suas dívidas e responsabilidades.
Esses exames podem particularizar-se ou ter em vista diversas finalidades: ou verificar se o activo é
suficiente para pagar todo o passivo no caso de liquidação da empresa; ou examina-se a
possibilidade de regularização de compromissos dentro dos anos mais próximos, no ano em
observação ou ainda num dado momento. Poder-se-á, portanto, consoante os casos, falar-se de
solvibilidade (imediata e) a curto prazo ou liquidez, de solvibilidade a longo prazo e de solvibilidade
final. O estudo de cada tipo particular de solvibilidade dependerá dos objectivos de cada análise
concreta.
SOLVIBILIDADE A CURTO PRAZO - LIQUIDEZ
Os exames desta natureza realizam-se especialmente através de comparações entre as diversas
disponibilidades e valores realizáveis e as exigibilidades a curto prazo.
Como indicadores ou caracterizadores da solvibilidade, usam-se vários elementos de síntese ou
painéis de cifras coordenadas. A destacar aqui o fundo de maneio, os quadros da liquidabilidade e
os rácios considerados apropriados.
FUNDO DE MANEIO
Esta expressão pode dizer-se que é usada por todos com um sentido comum, embora os significados
que particularmente lhe atribuem sejam menos precisos quanto ao conteúdo. Para uns, corresponde
ao total do activo circulante; para outros, a maioria talvez, ao cativo circulante líquido, isto é, ao
activo circulante deduzido do passivo a curto prazo; finalmente, outros não contam com os valores
de exploração (existências para fins de produção ou de venda imediata) ou, pelo menos, não contam
com o chamado “stock outil” e/ ou com os stocks de difícil mobilização, monos.
Essas possíveis variadas interpretações da noção de fundo de maneio implicam cautelas no uso da
expressão e daí utilizar-se para cada um dos casos citados, respectivamente, as seguintes
referenciacões: fundo de maneio bruto, fundo de maneio (propriamente dito), fundo de maneio de
tesouraria e fundo de maneio corrigido.
Fundo de Maneio Bruto = D+ Rsr
Fundo de Maneio (propriamente dito ) = Ac - Pc
Fundo de Maneio de Tesouraria = D+R - Ex - Ecp
Sendo R = Rsr + Ex
Fundo de Maneio Corrigido (deduzido o stock de difícil mobilização) = D + Rsr + Ex - Ecp
Fundo de Maneio Corrigido = Fm - Stock de difícil mobilização
Para nós o fundo de maneio (fundo de maneio propriamente dito) corresponde ao excedente do
activo circulante sobre o exigível a curto prazo.
FUNDO DE MANEIO = Ac - Pc
Fm sob o ponto de vista da liquidez da empresa
Da igualdade do balanço:
Ac + Ti + I = Ecp + Cp
Ac - Activo circulante
Ti - Temporariamente
I -Imobilizado
Ecp – Exigível a curto prazo
Elp - Exigível a longo prazo
Cp - Capital próprio
Fundo de maneio/CapitaisTeremos:
FM= Ac - Ecp = (Cp + Elp) - (Ti + I)
Capitais Activo
Permanentes fixo
Fundo de maneio sob ponto de vista de Capitais
Nesta conformidade o fundo de maneio sob o ponto de vista de capitais é o excedente dos capitais
próprios e alheios a longo prazo sobre o valor das imobilizações que esses capitais estão a financiar.
Fundo de Maneio Normal
Não é possível precisar quantitativamente qual será o fundo de maneio normal ou ideal para as
empresas.
Diz-se geralmente que o fundo de maneio normal deverá corresponder a cerca de metade do activo
circulante, mas tal regra comporta inúmeras excepções, sucedendo muitas vezes não haver fundo de
maneio sem que daí resulte perigo de insolvibilidade. Isso sucederá quando o prazo de crédito
concedido aos clientes for muito curto ou nulo (vendas a contado), a rotação dos stocks for muito
grande e os fornecedores concederem sistematicamente longos períodos para o pagamento.
De facto, o fundo de maneio vária consoante as características funcionais de cada empresa,
designadamente a rotação dos stocks, as condições de prazo das compras e vendas, a natureza da
exploração, etc.
FM=Ac-Ecp
PC PC AC AC Fm Elp Elp CP CPAF AF
A existência de um fundo de maneio normal adequado traz vantagens à empresa:
Permite o cumprimento dos compromissos nos vencimentos, evitando o recurso a atitudes
equívocas e prejudiciais ou a medidas de emergência custosas;
Possibilita compras em melhores condições, na medida em que permite contratar a pronto
pagamento, aproveitando bónus de quantidades, etc.
Deixa aberta a possibilidade de concessão de condições especiais de prazo a determinados
clientes o que por vezes é essencial para a conservação de bons níveis de vendas.
Inexistência do Fundo de maneio
Não existe fundo de maneio em hipóteses como as configuradas nos seguintes gráficos:
I II
Ac Ecp Ac Ecp
Ti+I
Elp+Cp
Ti+I
Elp+Cp
No gráfico I, o activo circulante está totalmente afecto à liquidação do passivo a curto prazo, o que
poderá ocasionar dificuldades de tesouraria em consequência de desencontros entre as realizações do
activo e os vencimentos do passivo.
O caso do gráfico II é de insuficiência de tesouraria. A persistência de tal situação sem tomadas de
providências, conduz a situações insustentáveis ao fim de pouco tempo, ficando-se à mercê dos
credores. Todavia, convém advertir que poderão funcionar em tais termos empresas em que os
prazos do “exigível” sejam sistematicamente superiores aos de realização do activo circulante.
Fundo de maneio excessivo
Em hipóteses como as dos gráficos seguintes o fundo de maneio reputar-se-á excessivo:
Ac Ac Elp
Cp
Ti
Ti+I ICp
Tanto no gráfico I como no gráfico II:
F.M. = A.C.; visto E.c.p = O
Também nestes casos se estará, por via de regra, perante situações anómalas e economicamente
desfavoráveis. Os empresários devem procurar aumentar a rendibilidade de cada unidade do seu
capital e para isso têm de aproveitar, no máximo conveniente, o capital alheio que lhes estiver
acessível em taxa de juro e demais conduções. Será, normalmente, patológico o caso de inexistência
de capital alheio pois, na prática comercial, haverá pelo menos o crédito concedido pelos
fornecedores que, mesmo em casos de venda a pronto pagamento, aceitam que os seus clientes
procedam aos pagamentos dentro de prazos curtos que vão geralmente de uma semana a cerca de um
mês e alguns dias.
Na medida que puderem utilizar capitais alheios gratuitamente ou em boas condições de juro ou sem
outros ónus inconvenientes, os empresários ampliam a sua actividade e aumentam o seu “Chifre d!
affaires” com dado volume de capital próprio. Nalguns casos conseguem assim libertar capitais para
actividades inorgânicas, ocasionais ou acessórias, particularmente rendosas. Observa-se ainda que a
retribuição a cada unidade de capital próprio tem para a empresa ónus fiscais (impostos sobre os
lucros) que não existem para as retribuições de capital alheio, pois os juros pagos são custos do
exercício dedutíveis para efeitos da determinação dos lucros tributáveis.
Os excessos de fundo de maneio revelam-se assim inconvenientes, se não de um ponto de vista
estritamente económicos como seja o da rendibilidade do capital.
A persistência de um fundo de maneio excessivo não é pois, sintoma de boa eficiência
administrativa. Poderá também resultar porventura de vendas forçadas ou de retracções sucessivas
operadas em negócios.
Fundo de maneio Previsional
Importa aqui acentuar de novo que não interessa apenas a análise estática do fundo de maneio em
determinada data, na qual, aliás, o mesmo pode até apresentar um montante meramente acidental e
excepcional. Importará antes a verificação do comportamento do fundo de maneio ao longo de um
período suficientemente expressivo.
Os gestores de empresas (financeiros) deverão inclusive mandar determinar os valores futuros do
fundo de maneio; o que ficará favorecido caso a empresa elabore os competentes orçamentos ou
disponha do sistema dito de controlo orçamental. Partindo do fundo de maneio efectivo em certa
data, estabelecem-se as previsões das suas variações ao longo de um período considerado,
determinando o fundo de maneio previsional no decorrer ou pelo menos no fim desse período.
Para calcular o fundo de maneio previsional é óbvio que terá de dispor-se não só de previsões dos
montantes das vendas (a contado e a prazo) e demais receitas (sistemáticas e ocasionais), mas
também de previsões dos montantes das compras (a contas e a prazo) de matérias e mercadorias, dos
gastos com o pessoal, aquisições de serviços, encargos diversos, tomando na devida atenção a
possibilidade de se processarem eventos condicionados a determinadas circunstâncias e até
acontecimentos imprevistos.
QUADROS DE LIQUIDABILIDADES
A analsie da solvibiidade de uma empresa encarada a curto prazo fica incompleta se consistir na
averiguacao, em dado momento, do funod de maneio ou de outros excedentes do activo em relacao a
certas categorias do passivo. Importa igualmente averiguar a convertibilidade gradual dos diferentes
elementos patrimoniais activos em disponibilidades, exmplo, a liquidez do activo, comparando-a
com as exibibilidades do passivo, o estudo da liquidez de uma empresa consiste efectivamente na
verificacao particular das suas possibilidades de realizar dinheiro
Na verdade, estas análises não podem ser vistas em termos meramente estáticos, isto é, em relação aos dados de
um só balanço. É certo que para um observador externo, preocupado apenas com a ideia da análise do crédito a
conceder a curto prazo, tal perspectiva pode bastar, mas para os gestores financeiros o que importará será olhar
sistematicamente para a evolução -das fontes dos fundos, verificando se as mesmas assegüram o perfeito equilíbrio
financeiro da empresa para o que muito contam as previsões e o conhecimento dos prazos e dos índices do
rotação dos valores actuais
_-... existência de normal solvibilidade a curto, a longo prazo e final exige, pelo menos, ~.::~-~:-:o entre os diversos graus de solvibilidade e de exigibilidade, ou, preferentemente, com ':-2. 2. . enção de certa margem de segurança, à verificação de diferenças favoráveis ao activo, -:.: -:-:"-:le ros graus.
_ ~os estudos de solvibilidade a curto prazo não interessa a observação de todos os graus -". • idez, mas já é imprescindível a confrcntanção da liquidei do activo corrente com a exig - ilidade do passivo corrente.
Vimos que um fundo de maneio normal era geralmente condição favorecedora de uma ~ solvibilidade. Não é contudo suficiente ou necessário, sendo antes conveniente, que o activo rc ante seguintes condições:
- A parte não formado por disponibilidades poder transformar-se em tal na sequência da ex loração; - Essa transformação em disponibilidades operar-se pelo menos num ritmo correspondente 2.0 do
vencimento das dívidas.