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O Discipulado de Jesus Segundo Mateus - Parte III Por Reginaldo Corrêa de Carvalho 4. VOCÁBULOS E IDÉIAS QUE ACOMPANHAM O DISCIPULADO. Dentro do escopo do evangelho segundo Mateus, existem vários vocábulos e idéias que acompanham o termo discipulado. A preocupação principal do escritor deste evangelho é fornecer subsídios para o discipulado dos recém convertidos. Para tanto, é desenvolvido no todo do evangelho cinco grandes seções (5-7; 10; 13; 18; 23-25) as quais servem como material para o discipulado (WILKIAS, 1992, p. 183). Não apenas estas seções, mas o todo do livro pode ser entendido como um manual de discipulado (WILKIAS, 1992, p. 183). É daí, então, que conceitos e idéias florescem e emergem do livro como guia, direção e exemplificação do significado de ser discípulo. Nas palavras de Wilkias: Um número de fatores aponta para a intenção de Mateus para providenciar em seu evangelho recursos para o discipulado: 1) A maioria dos discursos são dirigidos, pelo menos em parte, aos discípulos; 2) A maioria das palavras dirigidas aos discípulos são, de fato, ensinamento sobre o discipulado; 3) Os discípulos são retratados numa positiva e ainda realística luz; e 4) Os discípulos são chamados, treinados e comissionados para realizar seu climático mandato para "fazer discípulos" (28.19) (WILKIAS, 1990, p. 183). Desta forma, então, é que se estará apresentando termos e expressões tais como: O chamado, o seguimento, entendimento/compreensão, vontade do Pai, fé amor e sofrimento. Todos estes termos e expressões estão ligados ao tema maior que é discipulado. Fica claro também que, ser discípulo é mais complexo e abrangente do que se imagina. Discipulado não é apenas conhecer ou receber instruções - as palavras de Jesus - mas implica, isto sim, num relacionamento pessoal com Jesus, seguindo os seus passos, olhando na direção em que ele estiver mirando. Enfim, viver com e para ele de maneira total.

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O Discipulado de Jesus Segundo Mateus - Parte IIIPor Reginaldo Corrêa de Carvalho

4. VOCÁBULOS E IDÉIAS QUE ACOMPANHAM O DISCIPULADO.

Dentro do escopo do evangelho segundo Mateus, existem vários vocábulos e idéias que acompanham o termo discipulado. A preocupação principal do escritor deste evangelho é fornecer subsídios para o discipulado dos recém convertidos. Para tanto, é desenvolvido no todo do evangelho cinco grandes seções (5-7; 10; 13; 18; 23-25) as quais servem como material para o discipulado (WILKIAS, 1992, p. 183).

Não apenas estas seções, mas o todo do livro pode ser entendido como um manual de discipulado (WILKIAS, 1992, p. 183). É daí, então, que conceitos e idéias florescem e emergem do livro como guia, direção e exemplificação do significado de ser discípulo. Nas palavras de Wilkias:

Um número de fatores aponta para a intenção de Mateus para providenciar em seu evangelho recursos para o discipulado: 1) A maioria dos discursos são dirigidos, pelo menos em parte, aos discípulos; 2) A maioria das palavras dirigidas aos discípulos são, de fato, ensinamento sobre o discipulado; 3) Os discípulos são retratados numa positiva e ainda realística luz; e 4) Os discípulos são chamados, treinados e comissionados para realizar seu climático mandato para "fazer discípulos" (28.19) (WILKIAS, 1990, p. 183).

Desta forma, então, é que se estará apresentando termos e expressões tais como: O chamado, o seguimento, entendimento/compreensão, vontade do Pai, fé amor e sofrimento. Todos estes termos e expressões estão ligados ao tema maior que é discipulado. Fica claro também que, ser discípulo é mais complexo e abrangente do que se imagina.

Discipulado não é apenas conhecer ou receber instruções - as palavras de Jesus - mas implica, isto sim, num relacionamento pessoal com Jesus, seguindo os seus passos, olhando na direção em que ele estiver mirando. Enfim, viver com e para ele de maneira total.

4.1. O chamado do discípulo.

No evangelho segundo Mateus, encontram-se três textos básicos que narram o chamado de Cristo aos que se tornariam os seus discípulos. A partir destes textos, vários princípios e ensinamentos são trazidos à lume. Os textos são:

Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, que lançavam rede ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes, e o seguiram. Mt 4.18-20.

Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco em companhia de seu Pai, consertando as redes; e chamou-os. Então eles, no mesmo instante, deixando o barco e seu pai, o seguiram. Mt 4.21-22.

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Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: segue-me! Ele se levantou e o seguiu. Mt 9.9.

Como se pode ver nos textos acima, a base do discipulado está no chamado de Cristo. Gerhard Barth assevera que sem o chamado não há discipulado (1963, p. 105). O início da longa trajetória do candidato a discípulo com o seu Senhor começa com o chamado.

O chamado para o discipulado é feito por Cristo. Esta ênfase está bem clara no evangelho. "Não é o discípulo que, espontaneamente resolve seguir a Cristo" (ZUMSTEIN, 1990, p. 62). Esta é a primeira conclusão a que se pode chegar numa leitura - que nem precisa ser detalhada - deste evangelho. Zumstein ainda observa que "a expressão 'Jesus viu' mostra que é Cristo quem toma a iniciativa do encontro. Os futuros convidados não conhecem Jesus, não sabem o que lhes viria acontecer" (ZUMSTEIN, 1990, p.62).

Neste chamado está aquilo que mais tarde o apóstolo Paulo designaria teologicamente de Graça (Rm 11.6; Fe 2.8-10). As pessoas que foram chamadas não fizeram nada de bom ou revelaram nada de extraordinário para que pudessem ser dignos e merecedores deste chamado. É mediante a graça, do favor imerecido, da generosidade do coração e da vontade de Cristo que estes se tornariam seus discípulos. os personagens alistados não pertenciam à elite de sua época. Não eram possuidores de inteligência ou bondade sobre-humanas. Prova deste fato está na verificação dos nomes alistados por Mateus, bem como na descrição dos ofícios que desenvolviam. "Pedro, André, Tiago e João pertenciam à camada modesta da Galiléia e desprezada pelas elites religiosas. Mateus exerce profissão de pária" (ZUMSTEIN, 1990, p. 62).

Desta forma, Zumstein finaliza sua observação verificando que "a iniciativa soberana de Jesus na escolha de seus colaboradores e o status social destes mostram que o chamado de Jesus, para que o sigam, é gesto da graça, totalmente imerecido e inesperado" (id., ibid., p. 63).

O segundo elemento que se pode extrair destes textos é a "obediência incondicional dos discípulos" (ZUMSTEIN, 1990, p. 63). Isto pode ser observado pela disposição que os chamados tiveram em largar tudo para seguir a Cristo.

Nota-se que, no mínimo eles largaram as suas ocupações, o seu meio de subsistência. Tiago e João foram além da simples renúncia da profissão, do ganha pão, eles deixaram o seu pai, ou mais propriamente a família.

A resposta que todos estes ouvintes deram a Cristo evidencia que nada é mais importante do que obedecer incondicionalmente ao convite feito para o discipulado (ZUMSTEIN, 1990, p. 63). Todas as outras realidades, quer sejam família, profissão ou até mesmo o próprio bem estar e vontade tornam-se secundárias.

No evangelho segundo Mateus podem-se encontrar pessoas dispostas a se tornarem discípulas de Cristo. Porém, quando estas não se dispõem a largar tudo, a colocar as realidades passadas em segundo plano, a cindir com o passado para poder obedecer ao chamado, não servem para ser discípulas de Jesus. No capítulo 8.18-22, podem-se ver algumas pessoas candidatando-se ao discipulado, porém, quando estas são postas em

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teste e prova de obediência incondicional ao chamado e a prontidão em segui-lo, falham (ZUMSTEIN 1990, p. 63). O texto diz o seguinte:

Vendo Jesus muita gente ao seu redor ordenou passar para a outra margem. Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: as raposas têm covis e as aves do céu, ninhos; mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe, porém, Jesus: segue-me, e deixa os mortos o sepultar os seus próprios mortos (Mt 8.18-22).

Não apenas devem estas pessoas estar dispostas a largar tudo para o seguir, como os textos que foram alistados acima mostram que deve haver uma ruptura com as realidades temporais a que estas estavam inteiramente ligadas.

Weder assim expressa este ponto: "O chamado de Jesus exige uma total quebra com o passado" (WEDER, 1992, p. 208). Isto porque conforme ainda assevera o autor, "o discipulado é caracterizado pelo estabelecimento de um relacionamento de vida para com a pessoa de Jesus - e não meramente com os seus ensinos" (id., ibid., p. 208).

Assim sendo, o chamado é o ponto de partida para o ingresso dos candidatos ao discipulado. As atitudes dos ouvintes do chamado devem ser de prontidão e obediência incondicional. O candidato a discípulo deve ter em mente que o chamado não se dá por causa de alguma virtude ética, mental, física ou espiritual que o ser humano tenha, mas sim devido à graça de Deus, graça esta que se manifesta como favor imerecido de Deus. Todavia, as exigências que este chamado traz consigo não são pequenas e devem ser levadas em consideração pelos candidatos a discípulos. 4.2 O verbo seguir e o discipulado.

O chamado de Cristo tem uma finalidade específica: convidar pessoas para segui-lo. O fato de que Cristo chamou pessoas para segui-lo é aceito pelos estudiosos, "controvertido, entretanto, é o sentido que Ele deu a este chamado (SCRAGE, 1994, p. 51).

Mas, qual é o sentido que o evangelho segundo Mateus atribui a este termo? Para se compreender, então, o sentido de "seguir a Cristo" deve-se fazer uma análise do termo "seguir" e das passagens bíblicas em que são encontrados tanto no judaísmo antigo quanto nas aparições do termo em o Novo Testamento (GOPPELT, 1988, p. 219; SCRAGE, 1994, p. 51). Para Goppelt e Scrage a compreensão e as idéias extraídas do termo devem emergir do estudo deste desde o Antigo Testamento. Scrage assim observa:

No N. T. "seguir", "ir atrás" e "ser discípulo" são , em geral, conceitos intercambiáveis. No A. T. "ir atrás de alguém" expressa subordinação, como a dos soldados do rei (Jz 9.49), do aprendiz do profeta Eliseu ao profeta Elias (1 Rs 19.21), etc. No âmbito religioso, a expressão é empregada sobretudo no tocante ao relacionamento de Israel com os deuses estrangeiros (Dt 4.3; 6.14; 8.19; 11.28; 13.2; 28.14; Jr 2.5; 7.6,9; 9.14; 11.10; 13.10) Do seguimento a Deus, porém, se fala mais raramente, não com referência à procissão cultual, e sim em sentido figurado (Os 11.10) , apesar da alternativa com relação aos baalins (1 Rs 18.21). Neste contexto, seguimento a Deus constitui um paralelo ao cumprimento de seus mandamentos (1 Rs 14.8; 2 Rs 23.3; Dt 13.5 LXX).

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No judaísmo, "seguir" significa sobretudo o ato concreto de caminhar atrás e o tratamento respeitoso por parte do aprendiz da Torá em relação ao mestre da lei, a quem o aluno ou discípulo segue, a determinada distância quando ele sai ou viaja. (SCRAGE, 1994, p.51).

Desta forma o autor observa que seguir "não deve ser confundido com imitatio e que no seguimento a idéia prevalecente é a da vinculação a Jesus e a sua causa" (Id., ibid., p. 51). Seguir Jesus, especificamente falando, refere-se à associação, ao envolvimento com a sua própria pessoa e suas idéias, ensinamentos e ética diante do mundo.

Como visto acima nesta exposição de Scrage, há uma semelhança, uma identificação muito grande entre o sentido veterotestamentário do termo com a conotação e o sentido mais forte que Jesus atribui a este termo nos evangelhos (id., ibid., p.53).

Entretanto, existem certas peculiaridades no chamado ao seguimento feito por Cristo. Zumstein afirma que "o verbo 'seguir' tem sentido forte. Significa prender-se totalmente a Jesus, devotar-lhe obediência irrestrita, ouvi-lo, compartilhar o seu destino" (ZUMSTEIN, 1990, p. 63). No judaísmo antigo os discípulos estavam presos e vinculados aos seus mestres, porém, a intensidade da obediência e as exigências feitas por estes não têm a mesma força que a de Cristo. Seguir a Jesus implicou em muitos casos, o deixar família, bens, profissão e tudo o mais por amor a Ele. O seguir Jesus é singular.

Outro ponto característico do chamado para o seguimento de Jesus é a exigência que ele faz às pessoas para que estas se arrependam. O arrependimento é essencial para o ingresso ao Reino de Deus. Goppelt expressa assim este ponto: "nesse chamado (para o seguimento) está resumida a exigência de arrependimento total, imposta pelo reino de Deus que está irrompendo" (GOPPELT, 1988, p. 220).

Após o batismo e tentações de Jesus registrados no evangelho segundo Mateus, Ele inicia o seu ministério pregando o arrependimento. O texto de 4.17 assim diz: "daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus." E mais adiante o autor do evangelho confirma esta mesma verdade dizendo: "Ide, porém, e aprendei o que significa: misericórdia quero, e não holocaustos; porque não vim chamar justos, e, sim, pecadores ao arrependimento." (Mt 9.13).

A ausência de arrependimento, além de ser contestada por Jesus, é característica dos impenitentes e impede a entrada das pessoas no Reino dos céus. Dois textos falam sobre isto. São eles:

Passou, então, Jesus, a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido. (11.20).

Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que os publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele. (21.32).

Seguir Jesus é um convite para que as pessoas experimentem uma nova vida, vida diferente. Seguir importa na experiência de novas realidades na vida da pessoa que se propõe a esta empreitada. Este ato traz consigo a vinculação das idéias e,

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principalmente, à pessoa de Jesus. Nas palavras de Goppelt, por meio de Jesus não há um simples surgimento para uma nova escola , mas sim "uma comunhão totalmente diferente." (GOPPELT, 1988, p.220).

4.3. O entendimento/compreensão do discípulo.

Existe no evangelho segundo Mateus três grupos distintos, três personagens que ocupam lugares de destaque dentro do escopo deste evangelho. Estes três grupos são: 1) Classe religiosa - que é antagônica a Cristo e a sua mensagem; 2) a multidão - que é neutra e constitui-se em alvo para Jesus; e 3) os discípulos - aqueles que o seguem (WILKIAS, 1992, p. 182,183).

E, dentre estes três personagens, os discípulos são apresentados como aqueles que entendem. A característica fundamental dos seguidores de Cristo - de forma muito especial no evangelho segundo Mateus - é a capacidade que estes têm para compreender a Cristo e os seus ensinamentos ( ZUMSTEIN, 1990, p. 59).

Em contrapartida, a característica fundamental da multidão é a incapacidade que ela tem para compreender os ensinamentos de Cristo (ZUMSTEIN, 1990, p. 59). Para as multidões existe obscuridade; os ensinamentos do Mestre parecem difíceis, os seus preceitos, enigmáticos. A multidão não compreende a Cristo e aos seus ensinamentos.

Há, entretanto, quatro exceções em Mateus sobre a compreensão dos discípulos. As passagens são as seguintes: Mt 13.36; 15.16; 16.19; 17.13.

Nestes textos, à semelhança da multidão, os discípulos estão sem compreensão, como cegos. Como explicar? Zumstein observa que:

Com estas exceções, o evangelista quer mostrar que não é de imediato, nem por si próprios que os discípulos compreendem a Cristo. É, pelo contrário, através de seu ensinamento, incessantemente retomado, que Jesus faz com que seus companheiros passem da incompreensão à percepção. Conforme indica a declaração de 13.11: "porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos céus", a escuta compreensiva dos discípulos é dom. Não se trata, pois, nem de perspicácia particular, e sequer de recompensa a pretensas boas obras, mas sim da graça de Deus que não pode ser merecida nem reivindicada, mas somente aceita pela fé (cf. 16.17) (ZUMSTEIN, 1990, p.59).

Desta forma, tanto os discípulos continuam sendo aqueles que compreendem o sentido do convite de Cristo, como é verdadeiro que esta compreensão advém da revelação graciosa do Senhor a estes, ao seu pequeno grupo de discípulos.

Zumstein finaliza apresentando alguns argumentos textuais para definitivamente provar que o discípulo, em Mateus, é uma pessoa que, sem paralelo, compreende a Cristo e aos seus ensinamentos. Ele diz: Mateus usa 9 vezes o verbo "compreender". A comparação sinóptica indica que:

a. Em três casos, Mateus retoma o verbo "compreender" de sua fonte Marcos (Mt 13.13 par. Mc 4.12; Mt 15.10 par. Mc 7.14; Mt 16.12 par. Mc 8.21). b. Por seis vezes trata-se de adjunções redacionais (13.14,15,19,23,51; 17.13). c. Dos cinco empregos do verbo

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"compreender" por Marcos (4.12; 6.52; 7.14; 8.17,21), Mateus recusa dois (Mc 6.52 e 8.17); ora, estas duas passagens de Marcos descrevem precisamente a incompreensão dos discípulos: Mateus substitui Marcos 6.52 por uma confissão de fé (Mt 14.33, enquanto suprime pura e simplesmente Marcos 8.17b. As adjunções e supressões inscrevem-se num único e mesmo projeto: Para Mateus, trata-se de mostrar que "compreender" é a característica do discípulo e que, consequentemente, esta aptidão é negada às multidões (id., ibid., p. 59).

Neste evangelho, a compreensão por parte dos discípulos é definitiva. Quando Jesus terminou de proferir suas parábolas no capítulo 13, exatamente no versículo 51 ele pergunta: "entendestes todas estas cousas?" A resposta é categórica por parte dos discípulos: "sim".

4.4. O discípulo como aquele que faz a vontade do Pai.

No evangelho segundo Mateus, ficou evidenciado que é possível se ouvir a mensagem de Jesus sem contudo compreender o seu significado. Aos discípulos, porém, foi dado o dom de compreendê-la.

Todavia, o simples fato de compreender as palavras de Jesus, em momento algum constitui-se em base final e definitiva da autenticidade do discipulado.

Em Mateus é necessário não apenas compreender como também fazer, praticar. Zumstein assim se expressa sobre esta questão:

Se podemos escutar a palavra de Jesus sem compreendê-la, acontece também compreendê-la e, no entanto, não a pormos em prática. Esta dissociação entre compreender e fazer é fatal, porque, para Mateus, o fazer é de modo definitivo o ponto onde se constata a verdadeira fidelidade. A rápida cena a respeito da verdadeira família de Jesus (12.46-50) e a conclusão do Sermão da Montanha (7.13-27) permitem-nos pôr em evidência este ponto tão estimado pelo autor do primeiro evangelho (id., ibid., p.60).

Para este evangelista, como fica bem claro nas passagens de Mt 7.21-23; 24-27 e 12.46-50, o divisor de águas, o autenticador do verdadeiro discipulado está no fato dos discípulos ouvirem e praticarem as palavra de Jesus. No primeiro texto encontram-se as seguintes palavras:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus, Mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim os que praticais a iniquidade.

Assim, fica claro que, conquanto, nesta passagem, o Senhorio de Cristo seja evocado, Ele revela que nem sempre a prática da vontade de Deus é levada a sério. Mais ainda, aqueles que no dia do julgamento apresentarem-se diante do Senhor somente trazendo como evidência de discipulado, uma vida cheia de carismas, serão rechaçados como impostores. Carisma, para o Senhor, não é legitimador de verdadeiro discipulado. Jesus declara o seu desconhecimento de tais pessoas, pois as suas obras são más (v.23).

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Se este texto ainda não é suficiente para comprovar a necessidade de ser ouvinte e praticante, o texto seguinte, que vai dos versículos 24-27, dá a resposta final. Com respeito aos versículos 21-23, é verdade que à luz do contexto anterior, 15-20, esta severa exortação do Senhor está mais diretamente ligada à liderança do que aos liderados. São os lobos disfarçados de ovelhas e que não conhecem ao Senhor, que se utilizam dos carismas para proveito próprio. São os falsos profetas (v. 15) que sofrerão um duro juízo por parte do Senhor.

Porém, dos versículos 24-27, Jesus dirigi-se a "todo aquele" que ouve ou deixa de ouvir as palavras de Jesus (24,26). O término ou a conclusão do sermão da Montanha aponta para a importância de se ouvir e praticar os ensinamentos, os preceitos, os mandamentos de Cristo. Sem meias palavras, Jesus faz a associação entre ouvir e praticar. Quem ouve e pratica é comparado a um homem sensato (v.24). Quem ouve e não pratica, por sua vez, é insensato (v.26). Sem dúvida, a palavra a que Jesus se refere neste texto, "remete claramente ao conteúdo do sermão da Montanha" (ZUMSTEIN, 1990, p. 72). E, o conteúdo do sermão da Montanha é direcionado aos seus discípulos, em primeiro lugar, e a multidão que está ao seu redor (5.1). A multidão ouve e é ela que fica boquiaberta e admirada com a autoridade dos ensinamentos do Senhor (7.28-29).

O terceiro texto de Mateus 12.46-50 apresenta a importância do tema da obediência ética, traduzida nas palavras de Jesus como obediência à vontade do Pai. Nesta passagem, Jesus é avisado da chegada de seus irmãos e mãe que tentam falar-lhe. Comparado com o paralelo encontrado em Marcos (3.31-35), uma importante diferença salta aos olhos (ZUMSTEIN, 1990, p. 60). Em Marcos, Jesus chama de sua família aqueles que estavam sentados ao seu redor (2.33). Porém, em Mateus ele aponta para os discípulos com a mão e revela que estes é que são a sua família (12.49).

Somente aqueles que vivem agora numa nova realidade de vida, que são os discípulos de Jesus, passam a ser a sua verdadeira família. A família de Jesus é aquela que vive na prática da vontade do Pai. Zumstein acrescenta e esclarece dizendo que:

A verdadeira família de Jesus reúne, pois, os discípulos empenhados no caminho da obediência concreta à vontade de Deus, tal como o Mestre o interpretou. A relação de intimidade fraterna que se trava com o Senhor está ligada a comportamento ético. Esta fidelidade vivida, este modo de agir é a condição necessária para quem quer pertencer à comunidade de Jesus. Sem o "fazer", o discípulo deixa de existir. (id., ibid., p.61).

Se existir uma dicotomia entre o ouvir e o fazer, entre o entender e o praticar, aquele que se considera discípulo de Cristo pode estar se enganando, pois, como afirma Zumstein: "A obediência ética - e tão somente ela - atesta a fidelidade ao Cristo." (id., ibid., p. 61). Discípulo é aquele que faz a vontade do Pai.

4.5. A fé e o discipulado.

Os discípulos de Cristo têm fé nele. Este é um fato importante e decisivo para a teologia desenvolvida por Mateus. Não apenas isto, mas o fato destes crerem, permite-lhes entrar em um novo relacionamento com Cristo e alija da nação judaica a manifestação da salvação que ele veio trazer a este povo. Zumstein, concluindo o comentário sobre a passagem do centurião de Cafarnaum (8. 5-13), afirma que:

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A história do centurião de Cafarnaum ilustra a importância constitutiva da fé para a Igreja. Antes de tudo, é portadora de promessa maravilhosa: se, daí por diante, a salvação depende exclusivamente da fé em Jesus, então ela é oferecida em plenitude a cada um, sejam quais forem a sua origem, seu passado, sua situação social ou sua educação. Mas, simultaneamente, o relato contém uma advertência. Se Abraão, Isaque e Jacó não vêm em auxílio de Israel empedernido em sua incredulidade, igualmente a pertença à Igreja não confere nenhuma segurança. (ZUMSTEIN, 1990, p. 69).

A fé é um elemento indispensável àqueles que estão no propósito de seguir a Jesus de Nazaré. Israel é rejeitado por não se achar nele fé. Portanto, qualquer tipo de arrogância que se possa encontrar entre os seguidores de Jesus é fatal, pois, o simples fato de se pertencer ao grupo de seguidores não é decisivo para legitimar a condição de discípulo de Jesus.

Mas, neste momento surge uma pergunta: como entender fé no contexto de Mateus? Barth, comentando este assunto traz a exame as passagens de 15.28, 8.13 e 9.29, e afirma que ' Pístis (fé) denota obediência ou alternativamente fidelidade à vontade de Deus, à Lei" (BARTH, 1963, p. 115). Não apenas isto, mas o mesmo autor assevera que Pístis "contém um forte elemento de vontade" (Id., ibid., p. 115).

Para Zumstein há algo mais. Ele assevera, comentando ainda a passagem do centurião de Cafarnaum que:

Esta fé que se apresenta como movimento em direção a Jesus , confiança absoluta em sua palavra libertadora, reconhecimento de sua identidade... recebe a aprovação do Cristo: é elogiada (v. 10) e atendida (v.13). Mas, além do seu valor exemplar, reveste-se de significação para a própria história da salvação. É o que mostram os versículos 11-12. (ZUMSTEIN, 1990, p. 68-69).

Ao contrário dos discípulos de Jesus, os judeus e demais líderes religiosos não apresentaram as características encontradas no centurião. Eles vão de encontro a Jesus, desconfiam de suas ações e palavras, desconhecem o poder e a autoridade com que efetua seu ministério e não enxergam a pobreza e a necessidade em que se encontram.

Há entretanto, um outro modo de entender fé dentro do contexto de Mateus. O mais importante nível de fé, foi apresentado acima, que é justamente aquele tipo de fé que leva à salvação escatológica. O outro tipo é a capacidade de crer no sobrenatural, na atividade insólita e extraordinária de atuação de Deus. É o tipo de fé que abre as portas da realização dos milagres de Deus entre os homens.

Neste sentido, os discípulos nem sempre demonstraram fé. A incredulidade no Deus da providência é motivo suficiente para que seja dado aos discípulos e à multidão que o ouve o título de "homens de pouca fé" (6.30). O medo dos discípulos diante de uma tempestade é motivo para a mesma observação (8.26). O andar por sobre as águas, interrompido pelo medo dos ventos e agitação do mar, confere a Pedro o título de "homem de pouca fé" (8.31).

Este tipo de fé é colocado de maneira surpreendente na passagem que narra o amaldiçoamento que Jesus proferiu a uma figueira (21.18-22). Os discípulos ficaram admirados do feito extraordinário que eles acabaram de presenciar (v. 20). Jesus

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aproveita o ensejo e declara-lhes que, se eles tivessem fé e não duvidassem, não apenas fariam a mesma coisa que ele fizera como também removeriam montanhas (v.21). Termina dizendo que tudo quanto for pedido em oração, crendo, eles receberiam (v. 22).

Deste modo, pode-se dizer que dos dois tipos de fé apresentados por Mateus, os discípulos possuem o primeiro (eles fazem a vontade de Deus, cumprem os mandamentos e estão ligados a Cristo), mas nem sempre revelam o segundo (capacidade de crer na manifestação do poder de Deus).

4.6 O amor e o discipulado.

O amor é um vocábulo muito forte dentro da teologia desenvolvida pelo evangelista Mateus. Porém, é verdade que o evangelho que mais trabalha com o conceito de amor ligado ao discipulado é o quarto evangelho, o evangelho segundo São João.

Todavia, nas duas primeiras seções do evangelho segundo Mateus (5-7 e 10), este vocábulo assume uma importância muito grande dentro da concepção do evangelista sobre a essência de ser discípulo.

Em Mateus, pode-se ver Jesus apresentando a essência da fé a um fariseu que queria colocá-lo em prova. No texto de Mt 22.34-40, um fariseu é designado pelo grupo deste para perguntar-lhe qual é o grande mandamento na Lei. Jesus fala claramente que é o amor expressado a Deus e ao próximo que se constituem o cerne da fé. Daí, então, Jesus conclui dizendo: "destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (v. 40).

O amor, conforme Jesus fala nesta perícope, é canalizado para duas dimensões: a Deus e ao próximo. A construção do texto aponta para a unicidade destas duas dimensões da fé. Não existe dicotomia ou menor importância de uma em comparação à outra. Para Jesus, o segundo mandamento é semelhante ao primeiro.

Esta visão completa do amor apresentado por Jesus, foi extraído do Antigo Testamento. Este texto é uma citação que Jesus faz de duas passagens, que são: Dt 6.5 e Lv 19.18. Deste modo, Jesus pega dois textos distintos e costura-os, unindo-os em um mesmo grau de importância. Em Mateus, amor a Deus e ao próximo são inseparáveis.

Qualquer tentativa de expressão de amor que priorize a dimensão verticalizada, a expressão de fé em Deus, e que prescinda do amor ao próximo é duramente rechaçada pelo Senhor e vista como fraudulenta e inoperante (Mt 9.10-13; 12.1-8; 15.1-6; 23.23). Para o Senhor, uma não vive sem a outra. Também, o verdadeiro amor a Deus deve sempre levar as pessoas a amar os seus semelhantes, pois o amor ao próximo é conseqüência do amor a Deus.

Mas, é importante analisar o que Jesus fala sobre estas duas dimensões do amor. Começando pelo amor a Deus, podem-se ver as seguintes idéias:

O amor a Deus não admite rivais. Esta idéia é muito bem colocada por Jesus quando, no sermão do Monte ele assevera que: "ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e as riquezas" (6.24).

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O amor a Deus exige das pessoas a integridade do seu ser. Ninguém pode amar a Deus apenas com os seus sentimentos, ou, então, apenas com a sua razão, ou com as suas atitudes e comportamentos. Este amor a Deus necessita abarcar a integridade do ser. Jesus diz que este amor deve ser expressado com "todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (22.37).

No discipulado proposto por Jesus, estas duas idéias se repetem. O discipulado que Jesus propõe não admite rivais e concorrentes. Jesus expressou isto dizendo que "quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim" (10.37). A pessoa que o discípulo mais deve amar é o próprio Senhor Jesus.

O discípulo de Jesus tem uma incumbência ainda maior com relação ao próximo. O discípulo não pode amar apenas aqueles que o amam. Ele não pode viver na dimensão do olho por olho, dente por dente (5.38). Ele não pode simplesmente amar o próximo e odiar aqueles que se constituem seus inimigos (5.43). O verdadeiro discípulo deve amar os seus inimigos e orar pelos que o perseguem (5.44). Porque, se é discípulo de Jesus, a dimensão de fé e amor ao próximo devem estar acima da dimensão dos publicanos e gentios (5.46 e 47).

Por fim, Jesus orienta aos seus discípulos quanto às realidades finais que precederão a sua vinda dizendo que o amor se esfriará de quase todos (24.12). Não deixar o amor arrefecer-se é um dos grandes desafios que os discípulos têm que superar. Nas palavras de Barbaglio: "A grande prova à qual se encontra exposta no presente a Igreja é pois de arrefecer na obediência e no amor" (BARBAGLIO, 1990, p. 353).

O discipulado proposto por Jesus é um discipulado de perseverança no amor a Ele, de fidelidade completa a Ele. Quem não ama não pode ser seu discípulo. Quem ama apenas numa dimensão, preterindo a outra, não ama de verdade.

4.7 O sofrimento e o discipulado.

Uma das descrições mais dramáticas de Jesus apresenta-o como um "homem de dores que sabe o que é padecer." (Is 53.3). Em todo o capítulo 53 do profeta Isaías, o Messias de Deus é um homem estigmatizado pela dor e pelo sofrimento.

Jesus de Nazaré, enquanto verbo encarnado de Deus, experimentou as vicissitudes humanas; padeceu imensamente pelos pecados do ser humano para que pudesse enfim, trazer o dom precioso da salvação (Is 53.10-11).

No seu ministério, conforme apresentado pelo evangelista Mateus, ele passa pelo jardim do Getsêmani, lugar de dor, angústia de alma e sofrimento inigualável (26.36-46). Ali, naquele lugar, o autor narra as experiências vividas por Jesus. Ele se entristece e se angustia (v. 36). O sofrimento se intensifica e o Senhor declara que sua alma está triste até a morte (v.38). Por duas vezes pede ao Pai que seja retirado dele aquele cálice (vv. 39,42).

E mais ainda: Jesus é preso (26.47-56); acusado injustamente (26. 57-67) e apresentado diante de Pôncio Pilatos como malfeitor (27.11-26). Depois ele é escarnecido e humilhado pelos militares (27.27-31) e por fim é crucificado (27.33-44).

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À semelhança do que aconteceu com o Senhor Jesus, os seus discípulos têm um caminho de sofrimento a percorrer. A Palavra de Jesus aos seus discípulos é muito clara a este respeito. A sua afirmação categórica lhes mostram que a vida destes não seria diferente. Ele afirma: "O discípulo não está acima do Mestre, nem o servo acima do seu Senhor. Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e o servo como o seu Senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos." (Mt 10.24-25).

A temática do sofrimento está espalhada por todo o evangelho. À luz do texto acima citado, pode-se saber que o sofrimento é certo. Porém, é necessário percorrer as páginas deste evangelho para descortinar quais os tipos de sofrimento que o evangelista apresenta. Eles são os seguintes:

O sofrimento proporcionado pelas renúncias afetivas e emocionais feitas. Discipulado, conforme dito anteriormente, é quebra com o passado e seus laços afetivos e emocionais (WEBER, 1992, p. 208). A exigência feita por Cristo àqueles que estão sendo chamados é que os antigos laços afetivos sejam quebrados e um novo direcionamento do amor seja dado pelo novo discípulo. Desta forma, Cristo afirma: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim" (Mt 10.37). Com esta exigência, o discipulando deve saber que, se tiver de fazer uma escolha entre Cristo e os seus familiares, Cristo deve ter a proeminência.

O sofrimento proporcionado pela transformação dos parentes em inimigos mordazes. A família normal, via de regra, é instituição em que o amor, a compreensão, o afeto, a cumplicidade e o respeito imperam. Porém, Jesus assevera que "os inimigos do homem serão os da sua própria casa" (Mt 10.36). O discipulado trará sobre os seguidores de Cristo a inimizade dos familiares.

O sofrimento proporcionado pelas perseguições engendradas pelos homens. Em quatro momentos dentro do Evangelho segundo Mateus, O Senhor fala acerca das perseguições que seus discípulos sofreriam. Os textos são Mt 5.11,12; 5.44; 10.23.

No primeiro deles (5.11), a perseguição acontece por causa da Justiça dos discípulos. No versículo posterior ela se dá simplesmente por causa do ódio incontido dos homens que mentem e inventam com o fito de trazer males aos discípulos.

No terceiro texto (5.44), a atitude dos discípulos perseguidos injustamente, deve ser a manifestação do amor. Eles são perseguidos, mas devem amar aos seus perseguidores. Devem ser perfeitos (5.48), revelando um comportamento diferente dos demais religiosos da época de Jesus.

No último texto, a perseguição é fruto da retaliação das cidades a quem os discípulos são enviados para a proclamação do evangelho. As cidades são impenitentes. Elas não aceitam a proclamação do evangelho e perseguem os discípulos missionários.

O sofrimento proporcionado pelos castigos físicos. Alguns discípulos poderiam esperar não apenas perseguições, como também castigos físicos. Em 10.17 Jesus revela aos seus discípulos que estes seriam "entregues nos tribunais e açoitados nas sinagogas." Mas adiante, em 23.34, os Judeus rejeitariam veementemente os enviados de Jesus (profetas, sábios e escribas) e os açoitariam.

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O sofrimento final: a morte dos discípulos. Para muitos, a última conseqüência do discipulado de Cristo, que é levado a sério, é a morte, conforme mostram as seguintes passagens: 10.21, 23.34 e 24.9. No primeiro dos textos, um irmão entregaria o outro para ser morto. No segundo, a ira e dureza de coração dos líderes religiosos judeus levariam os discípulos enviados por Cristo à crucificação e à morte. No terceiro texto, a perseguição e morte dos discípulos é fruto do nome de Jesus que pesa sobre seus ombros.

Não é só passar pelo sofrimento que importa ou se faz necessário ao discípulo. O saber passar por ele é fundamental. O requisito básico para quem passa é a perseverança. Se, ao ser perseguido, odiado, injuriado, maltratado pelos familiares e desprezado pelos homens de um modo geral, o discípulo negar o mestre ou fugir, não será verdadeiro discípulo.

O sofrimento, na verdade, funciona como provador da fé e do discipulado daqueles que foram chamados para o seguimento de Cristo. Em 10.22 e 24.13, Jesus afirma que o autenticador do discipulado é a capacidade que estes têm de perseverar. Os dois textos estão inseridos dentro do contexto de sofrimento dos discípulos e dentro do contexto do caos que será estabelecido quanto à vinda de Jesus. Nestes dois versículos, só é arremetido à glória quem persevera.

4.8 À guisa de conclusão.

Ser discípulo é tarefa complexa. Viver o discipulado proposto por Jesus é mais difícil ainda. "Ser salvo através do discipulado não é uma possibilidade ao alcance do homem, mas para Deus tudo é possível" (BONHOEFFER, 1980, p. 41).

A dificuldade no discipulado reside no fato de que as exigências de Cristo são sérias e pesadas. Contudo, a graça manifestada aos discípulos os ajudam na realização destas exigências.

Acima de tudo, "discipulado é comprometimento com Cristo". (BONHOEFFER, 1980, p. 21). Este comprometimento se efetua a partir do chamado do Senhor. É ele quem chama para o discipulado. É a partir deste comprometimento com Cristo que o Discípulo pode entender as suas palavras.

É deste envolvimento com Cristo que o discípulo encontrará forças para sofrer e até mesmo morrer por Ele. O discípulo é capaz de se tornar mártir.

Mais ainda, o discípulo tem as condições necessárias para "fazer a vontade do Pai". Todos os mandamentos, toda à Lei, são executáveis a partir do discipulado de Cristo.

Por Jesus é que o discípulo entrega-se a um amor maior do que qualquer outro. O discípulo ama mais a Jesus do que pai, mãe, filho e filha. Sua vida é dedicada a um amor exclusivo a Cristo. Ninguém é mais amado pelo discípulo do que Jesus.

O discípulo é um ser que possui fé. Não simplesmente para crer no sobrenatural, nos impossíveis de Deus, na manifestação do extraordinário, mas possui fé que o permite entregar-se a Jesus e a reconhecer a sua pobreza e carência de Deus.

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Todos estes conceitos e idéias são apresentados no evangelho segundo Mateus. O discipulado proposto por Cristo tem itens importantes a serem observados. A essência de ser discípulo comporta todas estas realidades acima mencionadas.

Falou-se bastante das exigências e das dificuldades do discipulado. Todavia, estes itens foram mencionadas para que todos saibam que este caminho é excelente. Para aqueles que estão nele, é sabido que "o discipulado é alegria" (BONHOEFFER, 1980, p. 5). E, como disse um autor, "seguir Jesus é o mais fascinante projeto de vida" com o qual qualquer ser humano pode se envolver (Caio Fábio D'Araújo Filho).

Feliz é o discípulo de Jesus.

CONCLUSÃO

Ao chegar-se ao término deste trabalho, alguns pontos tornam-se salientes dentro da proposta desta dissertação.

O evangelho de Mateus foi escolhido por ser este o que, por razões teológicas, históricas e gramaticais, oferece o melhor meio de pesquisa e aprendizagem deste tema. Na verdade, nenhum outro evangelho possui uma estrutura ou organização tão voltadas para o discipulado quanto este evangelho

No capítulo um, viu-se que o ponto central do texto de Mateus 28.16-20 é a tarefa de fazer discípulos de todas as nações. O modo pelo qual se farão discípulos é: indo, batizando e ensinando estes novos discípulos a guardarem todas as coisas que Jesus ensinou aos seus primeiros discípulos. Os antigos discípulos obtiveram sucesso nesta tarefa, porque eles contaram com a autoridade do Jesus Ressurrecto e a presença sempre constante dEle.

Neste mesmo capítulo, foi constatado que a perícope central do evangelho recai sobre este texto. Tudo o mais gira em torno dele. Desta forma, a ênfase no discipulado também deveria fazer parte da estratégia de alcance das vidas que andam perdidas e vagando sem Cristo e sem esperança. A missão fundamental da Igreja em Mateus é fazer discípulos de todas as etnias, de todos os grupos humanos, inserindo-os no contexto dos salvos e ensinando-os nos preceitos do Reino de Deus.

Neste capítulo, o que de mais importante se pode aprender é que nenhuma outra atividade é mais necessária à Igreja do que discipular. Toda a força, tempo e disponibilidade devem ser gastos nesta tarefa. A Igreja deve entender que não são os eventos, os supertemplos, as grandes personalidades evangélicas que poderão levar a cabo a tarefa de transformar vidas. É o Espírito Santo, capacitando os seus servos que, por meio do discipulado, fará a obra. O discipulado é o método de Deus para o alcance de todos os povos e nações deste mundo.

No capítulo dois, o ensino de Jesus é posto como paradigma para as atividades de ensino no discipulado, pois Jesus foi quem teve um ministério de ministração profunda. Ele ensinou e valeu-se do ensino para transformar vidas. O lugar, a posição do ensino no ministério discipulador de Jesus é central. Nenhum outro ministério foi tão significativo e expressivo do que o ensino.

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Não apenas isto, mas pode-se constatar que Jesus teve uma metodologia de ensino peculiar. Seu ensino era atraente e diversificado. Valeu-se, não poucas vezes, de metáforas e objetos concretos e tangíveis para ministrar conceitos por vezes abstratos e difíceis de se entender. Jesus fez uso de todas estas ferramentas para ensinar o Reino de Deus aos seus ouvintes e em particular para discipular os seus doze apóstolos.

A atitude de Jesus com os seus ouvintes foi sempre a de ministrar o ensino das palavras do Pai aos seus seguidores. Num tempo como o de hoje, quando em alguns grupos o ensino tem sido deixado de lado, tomando o lugar, "shows", festivais de músicas sem fim, ênfases em determinados assuntos (prosperidade, quebra de maldição, batalha espiritual), deveria a Igreja entender que é necessário ministrar todo o desígnio de Deus, e não apenas alguns pontos, e deixar de lado todo o divertimento frívolo e inoperante.

No capítulo três, o discipulado de Jesus como visto no evangelho segundo Mateus é integral. Jesus não deu ênfase a apenas um aspecto da vida do ser humano. Jesus ministrou de forma completa e profunda. Nenhuma faceta do ser foi esquecida. Tanto Jesus ministrou ao intelecto, quanto às emoções, como incentivou aos seus seguidores a cumprirem toda a vontade de Deus.

No ensino de Jesus não existe superênfase quanto ao aspecto do ser que será ministrado. Assim, nem a razão, nem a emoção, nem a volição têm primazia sobre as outras áreas. Existe um equilíbrio na ministração de Jesus.

A Igreja tem muito o que aprender, na prática e na teoria, com esta forma de ministrar de Jesus. O ser humano, naturalmente tem a tendência de supervalorizar uma área do ser. A Igreja durante muito tempo priorizou a razão, achando inadequado toda e qualquer expressão de emocionalidade nos cultos e no ensino. Em contrapartida, para alguns segmentos da Igreja, particularmente das Igrejas Pentecostais, a emoção tem primazia, ficando o bom senso, a razão e a lógica em segundo plano, ou mesmo, esquecidos.

O ensino que a Igreja deve ministrar, atinge não só o intelecto, a emoção, mas também leva o discipulando a viver na prática, na operosidade de uma vida cristã comprometida com a palavra, com a mensagem aprendida. No quarto capítulo, são estudados os conceitos e idéias que acompanham o termo "discipulado". Viu-se ali que o discipulado começa com um chamado, feito por Cristo. O ato de seguir é a resposta imediata que o convidado precisa dar. Também foi observado que no evangelho segundo Mateus, o discípulo é aquele que entende e compreende as palavras de Jesus, bem como "faz a vontade do Pai". Discípulo tem fé no Cristo manifestado a ele, mas também é chamado para amá-lO acima de todas as coisas. Por fim, o discípulo é aquele que necessita compreender que o sofrimento até mesmo que o leve à morte, algumas vezes pode fazer parte do discipulado.

A análise destes pontos, encontrados no discipulado proposto por Jesus no evangelho segundo Mateus, é, no mínimo, desafiador. Numa época em que tantos "Vips" e famosos têm, arrogantemente se intitulado cristãos, a mensagem evangélica diz que tais pessoas estão enganadas. Estão enganadas não pelo fato de serem ricos ou famosos, mas sim, por não atenderem às exigências do discipulado que são traduzidas em renúncia, arrependimento, auto-negação, supremo amor a Deus e disponibilidade de abandonar suas velhas vidas para servirem a Cristo de uma maneira totalmente nova.

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O modelo de discipulado visto nestes dias em muitas comunidades ditas "evangélicas" é o de facilidades e mordomias. Tais Igrejas possuem - se é que possuem - um discipulado sem compromisso com Deus e sua Palavra. Não há lugar no discipulado destas Igrejas para o sofrer por Cristo, para a interiorização de valores e virtudes evangélicas, para a sublimidade do conhecimento de Cristo, para o abrir mão das coisas velhas, pelas maravilhosas novidades que Cristo quer realizar.

Resumidamente, de tudo o que foi dito até aqui, o que se pode concluir é que:

1) O discipulado é essencial para a vida da Igreja;

2) Jesus, na grande comissão, não deixou outra atividade, outra tarefa para a Igreja, senão a de sua Igreja comprometer-se com o discipulado;

3) a Igreja de hoje necessita, à luz do exemplo de discipulado praticado por Jesus, rever toda a sua atividade discipuladora, para averiguar se está ou não em sintonia com o exemplo de Jesus.

Originalmente publicado sob o título O Discipulado de Acordo com o Exemplo e Ensino de Jesus Registrados no Evangelho Segundo Mateus.

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Reginaldo Corrêa de Carvalho é Pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração em Santos - São Paulo. Tem Mestrado em Educação Cristã pelo Centro de Pós-graduação "Andrew Jumper" da Igreja Presbiteriana.

Fonte: mensagem de correio eletrônico.